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ASSAS EM DEFESA DA REVOLUÇÃO E DITADURA PROLETÁRIAS ÓRGÃO BISSEMANAL DO PARTIDO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIO MEMBRO DO COMITÊ DE ENLACE PELA RECONSTRUÇÃO DA IV INTERNACIONAL ANO 19 - Nº 345 - DE 10 a 24 DE SETEMBRO DE 2007 - R$ 2,00 A crise política e as tendências da economia mundial Bolívia: Crise interburguesa na Constituinte As massas não devem apoiar seus algozes PT julgado politicamente por se afundar na corrupção Governo Lula livra os milicos de julgamento pelos assassinatos da ditadura Congresso do PT: submisso ao governo, à sua coalizão e às pressões da burguesia Metalúrgicos-ABC: Burocracia fecha acordo com montadoras e divide os metalúrgicos

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ASSAS

EM DEFESA DA REVOLUÇÃO E DITADURA PROLETÁRIAS

ÓRGÃO BISSEMANAL DO PARTIDO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIOMEMBRO DO COMITÊ DE ENLACE PELA RECONSTRUÇÃO DA IV INTERNACIONAL

ANO 19 - Nº 345 - DE 10 a 24 DE SETEMBRO DE 2007 - R$ 2,00

A crise política e as tendênciasda economia mundial

Bolívia:

Crise interburguesa

na Constituinte

As massas não devem

apoiar seus algozes

PT julgadopoliticamentepor se afundarna corrupção

Governo Lulalivra os milicosde julgamentopelos assassinatosda ditadura

Congresso do PT:submisso ao governo,à sua coalizão e àspressões da burguesia

Metalúrgicos-ABC: Burocracia fecha acordocom montadoras e divide os metalúrgicos

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2 – MASSAS – de 10 a 24 de setembro de 2007

Crise capitalista e crise políticaCrise econômica

A crise capitalista desencadeada pelas perdas no mercadoimobiliário nos EUA e que atingiu os mercados financeiros daEuropa e Ásia teve um recuo momentâneo, causado pelaintervenção direta do governo norte-americano. O subsídio aosbancos foi dado indiretamente, através de refinanciamentosdos devedores imobiliários de mais de 90 dias e com amanipulação das taxas de juros pelo Banco Central ianque. Asperdas de centenas de bilhões de dólares em alguns dias foramparcialmente compensadas pelo despejo de centenas de bilhõesde dólares pelos bancos centrais europeus e asiáticos. Poucosdias depois, divulgaram-se os dados sobre o emprego nos EUAe as bolsas voltaram a cair. Esperavam-se 125 mil novos postosde trabalho em agosto, mas verificou-se que de fato forameliminados 4 mil. O mais grave: a maior parte dos cortesocorreu nos setores industrial e de construção civil. O querevela elementos recessivos presentes na maior economia doplaneta. Preservam-se, portanto, as contradições que serviramde base à crise: os balanços fraudulentos de multinacionais,para encobrir seus prejuízos de bilhões de dólares; a tendênciaà desvalorização das matérias-primas e das commoditiesligadas a elas, cujos preços são sustentados artificialmentepelos governos; o excesso de liquidez (dinheiro disponível) nomercado mundial, que tem sido canalizado em grande medidapara investimentos de aquisição e fusões de empresas; aimpossibilidade de retorno de altos investimentos, necessáriospara conter a crise energética, mas inviáveis pela demora darentabilidade. Os capitalistas contornam a crise econômicaatual da mesma forma que fizeram nas demais crises, desde ade 1987, passando pela do México, Argentina, Leste Asiáticoetc. Utilizam mecanismos artificiais (como o desligamento dasbolsas em queda livre, liberação de recursos pelos bancoscentrais) para frear os repiques que afetam as bolsas de valorese os negócios internacionais. As perdas são despejadas sobre asmassas, através de medidas de ataque aos salários, direitos etc.As necessidades capitalistas movem os governos a se lançarema ofensivas violentas contra os assalariados e demaisoprimidos.

Corrupção e disputa interburguesa

Os escândalos de corrupção têm se ampliado e agravado acrise política do governo Lula. As denúncias contra o principalaliado de Lula no PMDB, Renan Calheiros, ultrapassam aComissão de Ética e devem ir à votação em plenário. Fracassoua última tentativa de encobrir o caso da denúncia de benefícioàs aventuras extraconjugais do senador pela construtora. Aexposição do voto aberto sobre a decisão indica que não serápossível jogar a pá de cal sobre o escândalo. Evidenciou-se aincapacidade do governo em impedir que seu homem forte noSenado seja levado a julgamento. Incapacidade que foiconfrontada pelos generais do alto comando do exército, que senegaram a acatar a ordem do Ministro Jobim de não semanifestar sobre o lançamento do dossiê dos assassinatos daditadura militar. Incapacidade que foi reafirmada com a

votação pelo STF de levar a julgamento os 40 envolvidos noescândalo do mensalão, há dois anos. O governo haviapressionado os ministros do Tribunal a deixarem os cabeças doesquema de fora do julgamento, principalmente José Dirceu,José Genoino, Luiz Gushken e João Paulo. Ofereceu vantagens,que não foram explicitadas, mas que foram constatadas nasconversas eletrônicas entre dois juízes em plena sessão do STF,flagrados por uma câmera do jornal O Globo. As manobras dogoverno para livrar a cara dos membros da cúpula petistaacabaram como um tiro pela culatra: a exposição da negociataobrigou os juízes a votarem pela abertura de processo contratodos os envolvidos, já que a inocência a priori seriaconsiderada venda de veredicto. Um dos juízes foi flagrado emconversa telefônica na qual confessa que votou, assim como osdemais ministros, com a faca no pescoço: ou todos iam ajulgamento ou quem teria sua sentença seria o próprio tribunal.A sessão do STF concluiu pela abertura dos processos, quepodem levar anos para serem resolvidos. Mas o que importa éque já houve um julgamento político e histórico do PT:politicamente, a burguesia procura colocar o PT no seu devidolugar. Um partido que não tem origem na burguesia é como umfilho bastardo dos capitalistas dirigindo seu Estado. O PT foicolocado no banco dos réus, e será socado até o ponto em que aburguesia deseje. No momento, esse desejo está em desgastá-loeleitoralmente. Quando não puder mais servir comoinstrumento, será descartado, um partido genuinamenteburguês assumirá as rédeas do governo. O julgamentohistórico está no fato do PT ser julgado não por ter tomadoalguma medida em favor das massas, ainda que limitada, maspor se enlamaçar todo em meio à corrupção, politicagem efisiologismo burguês justamente para realizar os negócios daburguesia em seu Estado, para favorecer os capitalistas. Ouseja, ao realizar a estratégia de poder, chegar ao poder doEstado pela via eleitoral, o PT fracassou historicamente em seuobjetivo de democratizá-lo, foi o Estado burguês que otransformou, o reformismo concluiu como pró-imperialista ese adaptou completamente aos interesses da burguesiacriminosa.

Congresso do PT submisso

A imprensa festejou a decisão: a oposição burguesaestampou nas manchetes que os principais dirigentes do PT emembros da cúpula governamental do primeiro mandato deLula seriam julgados pelo mensalão. Não disfarçaram que setrata da disputa eleitoral em curso. A conquista de postos nasmunicipalidades servirá de base para a disputa presidencial eestadual de 2010. O governo entendeu a mensagem. Lula aapontou ao PT, que preparava um ato de desagravo a JoséDirceu e sua gangue na abretura do 3º Congresso do partido, ecancelou seu discurso a ser feito na abertura; não compareceupara evitar qualquer constrangimento com a imprensa (quecertamente faria mais estardalhaço ao mostrá-lo lado a ladocom os mensaleiros e metido num ato de desagravo aosbandidos). A cúpula petista desmarcou o desagravo, a pedidodo próprio José Dirceu. Lula advertiu que o PT estaria acatando

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MASSAS – de 10 a 24 de setembro de 2007 – 3

a pauta lançada pela oposição para a disputa. O Congressopetista mostrou como o PT assimilou todo o fisiologismo daburguesia, condição indispensável para assumir o posto dedireção do Estado capitalista. Aprovou um código de ética for-mal, que jamais será avaliado o quanto foi posto em prática,porque a corrente lulista inviabilizou qualquer medida depunição aos corruptos. Nem mesmo uma corregedoria, umverniz para acobertar o neobanditismo, foi permitida. Ocongresso farsante ainda aprovou a resolução de candidaturaprópria para 2010 (na verdade, um ponto a barganhar com oPMDB), e a redução do mandato da direção, para tornar maisfácil o remendo às crises internas. O congresso do PT revelouque se realiza subordinado e em dependência do governo e suaaliança governamental. Não tem autonomia sequer paraelaborar sua pauta: o ato em desagravo a Dirceu e sua ganguefoi desmarcado pelas pressões de Lula e aliados, receosos dasconseqüências eleitorais do mesmo.

Violência capitalista contra as massas

O governo do PMDB/PT expressa a violência capitalistacontra as massas, assim como os governos estaduais e municipa-is, de situação e oposição burguesas. Os movimentos sociais têmsido reprimidos duramente em suas manifestações. A desocupa-ção da Faculdade de Direito da USP e prisão de mais de 200 estu-dantes, a repressão aos camelôs, o uso da tropa de choque contrao protesto de moradores de uma favela urbanizada em São Pau-lo, as campanhas contra as greves do funcionalismo, as desocu-pações contra os sem-terra, o assassinato de moradores nas

favelas do Rio de Janeiro, tudo isso mostra a violência dos gover-nos contra as massas. Os fatos mostraram na prática uma aliançade Serra do PSDB com o governo de Lula e os do PMDB: estãotodos juntos na ofensiva repressiva contra os movimentos socia-is. Essa violência se expressa de diversas formas: as reformas ne-oliberais contra os serviços sociais, as reformas trabalhista esindical, e estatização dos sindicatos e organizações de massas, aelaboração da lei antigreve, a criminalização dos movimentossociais. Reforça-se o caráter policial do Estado capitalista, com ofortalecimento da repressão em todas as esferas. A situação em-purra os capitalistas e seu Estado contra as massas, que têm de sedefender, mas esbarram nas direções de suas organizações gera-is, que se encontram estatizadas, burocratizadas. As direções emsua grande maioria são governistas. Rebaixam as reivindicaçõesdas massas a migalhas desprezíveis, de forma a atingir a concili-ação com os governos que apóiam ou não. Ainda assim, os go-vernos rejeitam qualquer concessão e agravam a repressão.Todos os dias, comprova-se que o rebaixamento das reivindica-ções e o corporativismo só enfraquecem os movimentos e facili-tam a repressão. A única possibilidade das massas ganharem aforça necessária para se defenderem dos ataques capitalistas é aunificação, generalização e centralização das lutas. Combater afundo a burocracia que impede que as bandeiras das massas sechoquem contra o governo. Para se alcançar isso, é preciso mu-dar as bandeiras, empunhar a defesa das necessidades mais sen-tidas, aquelas que se chocam contra os governos, os capitalistas esuas políticas. As bandeiras mais sentidas pelas massas permi-tem unificar as lutas, ultrapassar os limites impostos pelas dire-ções corporativistas e desenvolver a luta de classes.

PSTU adere à política da Auditoria da Dívida ExternaO programa eleitoral na TV do PSTU teve como centro o

plebiscito da Vale. Ao começar, anunciam-se sumariamente asreformas neoliberais e a repressão (lei de greve) que executa ogoverno Lula. Qual a resposta? Plebiscito da Vale.

Apresenta-se a primeira pergunta. Acusa-se o governoFernando Henrique pela privatização a preço de banana.Defende-se que Lula poderia reestatizá-la numa canetada. Eque se trata de patrimônio do povo brasileiro.

O PSTU segue o PCdoB, CUT e UNE quanto à primeirapergunta do plebiscito, destinada a fazer crítica eleitoral aogoverno do PSDB. Ataca o governo FHC por essa privatização,descolando-a de todas as outras realizadas pelos três últimosgovernos, incluídos Itamar e Lula. Ressalta o baixo valor deprivatização (como se estivesse tudo bem se o valor fosse o de90 bilhões e não de 3). Não critica Lula pelas privatizações querealizou e está realizando. Apenas pelo fato de não dar acanetada que reestatizaria a Vale (como se um governoburguês pudesse fazê-lo). E conclui que se trata de patrimôniodo povo brasileiro, seguindo o nacionalismo burguês. Naverdade, as estatais são patrimônio do estado burguês. Só serãopropriedade de todos, propriedade coletiva, com aexpropriação revolucionária, parte do programa da revoluçãoproletária, socialista. Assim como a estatização de todas asempresas só será possível na revolução proletária, não seráobra de uma canetada de um governo burguês.

A segunda pergunta diz respeito à dívida externa e interna.

Seu conteúdo é o de não priorizá-la, o que ainda significapagá-la, mas não em primeiro lugar. Esta questão, rejeitadapela CUT, UNE e PCdoB, serve para o ataque eleitoral do PSTUa Lula. O PSTU não diz que priorizar é continuar pagando, masde forma “secundária”. Mas também não diz que se trata donão pagamento: chama a atenção o fato do PSTU ter assimiladoa bandeira reformista da auditoria da dívida externa. Ou seja,de que se deve verificar a parte que se paga e a que não se paga.

A terceira pergunta se refere ao alto valor pago nas contasde energia elétrica. O motivo é a privatização. Novamente, oPSTU não se refere ao conjunto das privatizações e ànecessidade de luta pela reestatização de todas elas.

A quarta pergunta é sobre a reforma da previdência. OPSTU aponta as conseqüências para os trabalhadores: aposen-tadoria aos 67 anos, 40 anos de contribuição, fim da aposenta-doria agrária. Defende que se barre essa reforma, mas não a ligaàs demais reformas em andamento: educação, trabalhista, sin-dical etc. Na conclusão, convoca para a manifestação em Brasí-lia, contra a reforma da previdência.

Tendo à sua disposição alguns minutos no horário nobre da tele-visão, o PSTU gasta praticamente todo ele na defesa do plebiscito daVale, voltado à campanha eleitoral. Apesar de anunciar a repressãono início do programa, não se dá nem alguns segundos para denun-ciá-la e defender a resposta nas ruas, com a mobilização.

O programa eleitoral do PSTU está à caça de votos. Chegaao cinismo concluí-lo com o Hino da Internacional Comunista.

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Julgamento político de Lula e do PTA grande imprensa exultou com as

manchetes – “Cúpula do PT no prime-iro governo Lula vira ré por formaçãode quadrilha” e “STF vai julgar ‘qua-drilha’ que operou no primeiro man-dato de Lula”. Indicam o sentido doacatamento pelo STF do processo mo-vido pelo Ministério Público. O julga-mento político foi realizado comgigantesca publicidade. Os 40 acusa-dos de inúmeros crimes do escândalodo mensalão não comparecem na con-dição de réus, mas sim de condenadospela imprensa. Esse era o objetivo fun-damental.

É bem possível que ocorra a prescri-ção do processo encaminhado peloSTF, como prevêem juristas e comenta-ristas. A quantidade de crimes cometi-dos por todos os partidos da burguesiaé incomensurável. Nunca se fez umainvestigação tão ampla para revelarcada caso e as quadrilhas formadas porgovernos e parlamentares.

Nesse momento, estamos diante doescandaloso caso de corrupçãopraticado pelo Presidente do Senado,Renan Calheiros. As ramificações docrime de compra e venda de projetos noCongresso Nacional, envolvendoautoridades e grupos econômicos, sãoencobertas. Mas no caso do governoLula e do PT não poderiam permanecernos porões da criminalidade dospolíticos.

Lula e PT não nasceram do seio daclasse burguesa. São seus filhosbastardos. Traíram a confiança da classeoperária, dos pobres e oprimidos. Luladirige o Estado voltado inteiramente aosinteresses dos capitalistas. O PT serve aessa política. No entanto, não teve e nãotem como deixar de ser o filho bastardo.

A derrota eleitoral do PSDB/PFLsempre significará um golpe aos filhosnaturais da burguesia. Lula e PTconseguiram arrastar as massasbarbaramente pisoteadas pela classecapitalista com a promessa de um

governo democrático e popular queexpulsaria a oligarquia reacionária ecolocaria o Estado a serviço dosmiseráveis. Para fazê-lo, Lula e o PTusaram o movimento sindical,camponês e popular, bem comocapitalistas que doaram milhões dereais. Com os pés, se apoiaram nascostas dos explorados; com as mãos seagarram nos braços dos exploradores.Puderam agir assim porque se abriuuma grande crise na política burguesa eporque a classe operária necessitava deum partido que não fosse aqueles dosseus algozes.

Chegar ao Estado é uma façanha,governá-lo a serviço da burguesia é ou-tra. Como o filho bastardo poderia to-mar o lugar dos filhos legítimos? Ogoverno Lula estreante e o PT precisa-ram usar os mesmos recursos quadri-lheiros vigentes na política burguesa,tanto é que o PT herdou o conduto mon-tado pelo PSDB, com o ex-governadorde Minas Eduardo Azeredo. FernandoH. Cardoso comprou parlamentarespara aprovar a emenda constitucionalque permitia a reeleição. Foi um escân-dalo, não foi? Mas o aparato burguêsnão o colocou no banco dos réus. Mascom Lula e o PT tinha de ser diferente.

Foram pegos no galinheiro dos podero-sos. Lula e PT poderiam copiar a políti-ca econômica do PSDB e ampliar oassistencialismo, mas não poderiamusar os mesmos métodos dos quadri-lheiros do Estado para governar e sefortalecer partidariamente.

Embusteiro, Jefferson denunciou asfalcatruas de seus próprios aliados. Foi osuficiente para que o polvo burguêsmovimentasse seus tentáculos e pusesseLula/PT à execração pública. A CPI domensalão consumiu a vida do governoLula e entrou no cotidiano da populaçãocom show. Os petistas praticaram o quetodos praticam, mas com a diferença queé o ladrão que entrou pela janela.Deveriam ser punidos, quebrados edesmoralizados como lição por teremtido a pretensão histórica de substituiros velhos partidos com apoio dosoprimidos.

Depois da CPI, veio o espetáculodo Supremo Tribunal Federal, que éparte do aparato burguês. Foi elevadoa órgão independente. Falso. O gover-no Lula é que é fraco perante o apara-to. O STF respondeu às pressões doPSDB/PFL, da imprensa e grupos eco-nômicos. Essa instituição nunca assu-miu a tarefa de condenar políticos daburguesia. Mas, agora, insurge como aguardiã da ética, da moral e da demo-cracia. Eis o que diz o jornal O Estadode São Paulo de 30 de agosto: “ A mes-ma instituição que, em 116 anos deexistência, jamais mandou para a ca-deia um político ou administrador pú-blico acusado de corrupção começou ase redimir numa escala também semprecedentes”. Mentira!

O STF está apenas punindo os filhosbastardos. Para os trabalhadores, o maisimportante é o julgamento histórico doPT e de Lula. O STF não está execrando oPT e Lula porque ousaram defender osinteresses da classe operária, mas simporque pretenderam construir suaprópria quadrilha no seio do Estado.

Milite no POR, um partido de quadros, marxista-leninista-trotskista.Discuta nosso programa.

CAIXA POSTAL Nº 01171 - CEP 01059-970 - SÃO PAULO

Zé Dirceu: ih, fedeu...

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Direito à Memória e à Verdade?Com esse título, menos a

interrogação, que é nossa, ogoverno Lula lançou um livroque pretende passar a limpo osassassinatos de militantes deesquerda e trabalhadores peladitadura militar. A publicaçãoresultou de um trabalhorealizado pela Comissão Espe-cial sobre Mortos eDesaparecidos (CEMDP),vinculada à Secretaria Especialdos Direitos Humanos daPresidência da República.

Há cerca de 11 anos, aCEMDP vem fazendolevantamento sobre os crimesdos governos militares, que seinstalaram no poder com ogolpe de 1964. Chegaram acerca de 500 casos deassassinatos, desaparecimentode corpos e torturas.

A ditadura enfrentou a lutaarmada de organizações comoALN, VPR, MR-8, COLINA,PCdoB na década de 70. Até68, combateu o movimento so-cial, operário, camponês eestudantil. Desvinculados dasmassas, que refluíram a partirde 68, tais organizaçõesassumiram o método foquista da luta ar-mada. Constituíam focos militares epraticaram o terrorismo individual, comatentados, seqüestros, assaltos a bancoetc.

O objetivo estratégico era o dederrotar a ditadura e retomar ademocracia parlamentar. Sob tinturasocialista, os foquistas eram de fatonacionalistas. Por não terem o programada revolução proletária, ALN, VPR etcnão poderiam trabalhar no seio dasmassas, construindo o partido e cavandotrincheiras contra a burguesia, que nomomento se valia da ditadura contra omovimento operário e camponês. Aditadura sucumbiu em fins de 79 com re-torno das lutas operárias e estudantis.

Desse período, restaram-nos as liçõessobre a função contra-revolucionária daditadura militar voltada a assegurar aestabilidade do Estado e a sufocar comarmas a luta de classes, que no períodopré-64 crescia no campo e na cidade.

Ligado a esse fenômeno político,ficou-nos a demonstração daimpossibilidade do nacionalismoburguês realizar reformas nocapitalismo e se opor ao domínio doimperialismo. É parte também dessesensinamentos os erros de método de lutaisolado da classe operária, praticadopelas organizações guerrilheiras (nocaso, foquistas), que foram incapazes dese livrarem do nacionalismo e doestalinismo (PCdoB), que é uma variantedo nacionalismo.

Na época o PCdoB se apoiava nomaoísmo e se pôs a aplicar a estratégiade começar a revolução com oscamponeses – trágica experiência daguerrilha do Araguaia.

Correntes que procuravam sediferenciar do estalinismo e que sediziam trotskistas também foramarrastadas para o foco. Devem serconsideradas, ainda que não tiveram aimportância de uma ALN, VPR. Foram

os casos do POC e da POLOP,de tendênciapablista-mandelista. A únicacorrente que se reivindicavada IV Internacional e quecontrapôs ao foco foi oagrupamento 1º de Maio.

O PCB não aderiu ao foco.Mesmo assim, os estrategistasda repressão decidiram queera momento propício paraimpor-lhe baixas físicas. Oseqüestro de Capistrano e seuassassinato marcou aperseguição a sangue do PCB.Capistrano esteve do lado dosestalinistas na RevoluçãoEspanhola (lembremos que oestalinismo ajudou a reação aexecutar trotskistas) e integroua Resistência Francesa àocupação nazista.

É importante retomar asituação histórica em que sederam os embates entre onacionalismo foquista e asforças de repressão do Estado.A ditadura expurgou o Estadodos nacionalistas vinculados avargo-janguismo (GetúlioVargas/João Goulart), inclu-sive no corpo do exército e da

polícia. Exilou lideranças burguesas,como Leonel Brizola, Miguel Arraes,Almino Alfonso e figuras comoFernando H. Cardoso, José Serra etc. Eestabeleceu um cerco de ferro e fogo àsesquerdas, visando a esmagar aresistência foquista.

Estava claro que, sem as massas, aluta de pequenos grupos armados nãooferecia qualquer perigo à ditadura. E amaior parte da burguesia logo se uniuem torno do governo militar, isto já em1964. Passada a possibilidade deresistência de massa, que se esgotou em1968, com a prisão das lideranças domovimento estudantil, a luta armadaurbana e rural estava fadada a rápidofracasso.

A ditadura fixou o objetivo derealizar uma operação cirúrgica e selançou ao terror de Estado. Liquidarfisicamente os militantes,principalmente as lideranças. CarlosMarighella (ALN) e Carlos Lamarca

Vítimas da ditadura:milicos sem punição

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(VPR) foram executados, já sempossibilidade de defesa. No DOI-COD,OBAN e dependências militares, ostorturadores praticaram barbaridadesindescritíveis. Em Petrópolis, a políciapolítica montou a denominada “Casa daMorte” – torturava-se, matava-se,esquarteja-se e desaparecia-se com oscorpos. Foi o que os carrascos daburguesia fizeram com DavidCapistrano da Costa, com Ana RosaKucinski Silva.

A cada assassinato por tortura,militares e policiais simulavam fugasseguidas de morte ou suicídio.Escondiam-se nos porões com osprisioneiros e à luz do dia compareciamcomo pobres vítimas de atentados.Centenas de militantes da esquerda ar-mada foram executados e enterradosclandestinamente, como testemunha oCemitério Dom Bosco, de Perus.

Vem a crise da ditadura militar. Aburguesia necessitava retomar ofuncionamento parlamentar do Estado eexpressar suas frações em partidospolíticos, que não mais podiam sereduzir à Arena e MDB, constituídos sobo regime militar. As forças burguesasiniciaram em fins de 70 a transição.Negociaram a anistia com liderançasexiladas.

1979, o ditador Geisel promulga a Leida Anistia. Com esse recurso, estariamanistiados os participantes da luta ar-mada, os torturadores, os generaismandantes e as personalidadesnacionalistas. As execuções eassassinatos nas câmaras de torturadeveriam cair no esquecimento. Osarquivos deveriam permanecer sigilosos(parte foi destruída).

Tratou-se de um acordointerburguês, realizado no cume doEstado. A esta monstruosidade sedenominou “democratização”.

O trabalho da CEMP, que contoucom um representante das Forças Ar-madas, o coronel João Batista Fagundes,e o livro divulgado solenemente porLula não traz toda a memória e toda averdade. Qual é a verdade? Os crimes daditadura são os crimes da burguesia.

Os torturadores do DOI-COD, osgenerais mandantes e os governosmilitares foram instrumentos doscapitalistas – de industriais, banqueiros,grandes comerciantes e latifundiários –

foram também agentes do imperialismo,que auxiliaram a reação a derrotarmilitarmente os nacionalistas. Está aí osentido da Lei da Anistia.

A burguesia não tem como julgar oscrimes de seus agentes, porque são seuspróprios crimes – não tem como,portanto, julgar a si mesma. Quando osgenerais e seus ideólogos dizem que nãose pode desrespeitar a Anistia porqueesta atendeu aos militantes da luta ar-mada tanto quanto aos agentes doEstado envolvido na repressão,mostram bem o quanto se obscurece amemória e a verdade.

A Anistia não serviu aos queresistiram à ditadura com armas nasmãos, estes já estavam derrotados e suaslideranças assassinadas. A Anistiaserviu tão-somente para os militares,policiais, governos militares e a classecapitalista obscurecerem a memória e averdade de seus crimes. Esse apagar daverdade ocorreu com os 30 mil mortosna Argentina, os 10 mil no Chile, outrostanto no Uruguai, Paraguai, Bolívia.

Nosso partido – Partido OperárioRevolucionário (POR) – entende quesomente a classe operária e demaisexplorados poderão estabelecer a direitoà memória e à verdade sobre os crimesda burguesia. Não reivindicamos a Leida Anistia e lutamos para acabar com aditadura de classe da burguesia pelarevolução proletária, socialista.

Aqueles que tombaram bravamentecom as armas nas mãos deixaram a liçãode seus erros. Resguardamos suasmemórias contra a burguesia e seus

torturadores, lutando para que a classeoperária tome o poder do Estado etransforme a grande propriedade dosmeios de produção em propriedadecoletiva. Somente assim, com arevolução, faremos jus aos que sofreramo martírio da tortura e aos que foramcovardemente executados pelasemboscadas.

Ministro da Defesa contestado

O livro Direito à Memória e àVerdade incomodou aos generais, nãoporque o governo objetivasse “abrir aferida” e iniciar um processo contraaqueles que torturaram, mataram eocultaram cadáveres. Toda investigaçãotem se resumido a reconhecer vítimas e aindenizar familiares.

O Estado tem muito recurso paracomprar a memória e a verdade, assimcomo muitos familiares têm voluptuosavontade para vendê-las em nome dareparação.

Os militares que fizerem a obra desangue e o serviço sujo nos porões doDOI-CODI não aceitam nenhum tipo deacusação. Tentaram minimizar adivulgação do livro. Contrapuseram-seao governo que realizasse um ato solene.Não compareceram àsolenidade.Contestaram o discurso doMinistro da Defesa Nelson Jobim,mesmo sendo inócuo. Decidiram soltaruma nota do Alto Comando. 15 generaisse reuniram sem a presença do governoe contra sua orientação. Enfim,mostraram insubordinação.

Movimento de familiares dos mortos pela ditadura

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Grito dos excluídos a serviço do plebiscito da ValeO Grito dos Excluídos, ato

promovido pela Igreja Católica eapoiado pelos movimentos sociais, foirealizado no dia 07 de setembro e reuniuaproximadamente 6 mil pessoas em SãoPaulo.

Com o lema “Isto não Vale,queremos participação no destino danação”, a manifestação teve como eixo oplebiscito popular sobre a anulação doleilão da Vale do Rio Doce, encampadopor várias organizações e movimentosde “esquerda”. Participaram damanifestação o MST, MTST, Educafro,Pastorais da igreja, Conlutas,Intersindical, PSTU e PSOL .

O ato reafirmou seu conteúdo re-formista de inclusão dos trabalhado-res no sistema capitalista,

levantando a bandeira da participa-ção popular e da construção de umprojeto popular para o país. O gritodos excluídos se limitou às reivindi-cações democrático burguesas. Nãose colocou contra as privatizaçõesem geral. Foi uma manifestação fes-tiva-religiosa, ao gosto da burguesiae não representou o enfrentamentocontra o governo.

A intervenção do PSTU/Conlutasrefletiu sua adaptação às posições dosreformistas se limitando a defender oplebiscito como uma forma de lutacontra as medidas do governo e a con-vocar para a marcha à Brasília em ou-tubro.

Um ato como este, que contou com apresença massiva da juventude e dos

trabalhadores, deveria se colocar pelaestratégia da classe operária. Ao invésde exigir o poder popular nos marcos docapitalismo, deveria se colocar peladestruição do Estado burguês. Deveriaser um grito das massas contra aexploração e em defesa dasreivindicações elementares dostrabalhadores.

O POR interveio no ato por meio dadivulgação do jornal Massas e de umpanfleto que defendia no Grito dosExcluídos a ação direta e o programa deum governo operario e camponês .Levantou a faixa da Revolução editadura proletária e da defesa dasreivindicações vitais dos trabalhadores,para derrotar o capitalismo e construir osocialismo.

A essência da nota: as Forças Ar-madas são uma só. Ou seja, as Forças Ar-madas da época da ditadura e estas daépoca da democracia são as mesmas, nãohá como mexer em seu passado semmexer no seu presente.

Os militares desautorizaram aCMDP, a Secretaria Especial de DireitosHumanos, o Ministro da Defesa e aoPresidente da República. Nelson Jobimsentiu a desmoralização de perto.

Político considerado centralizador eautorizado, o Ministro ameaçou demitiro comandante do Exército, Enzo Peri, etodos aqueles que com se solidarizassemno Alto Comando. Palavreado. Osoficiais fizeram uma nota que contesta ogoverno. Lula pediu a Jobim paracontemporizar.

Governo algum mexe com militares.É o que ensina a história da burguesiaem relação ao seu Estado. O exército é oguardião da grande propriedadecapitalista. Não é possível que aburguesia exerça a sua ditadura declasse sobre as massas famintas sem oseu braço armado. Foi isso que disse anota do Alto Comando. As Forças Ar-madas são uma só criação histórica daburguesia, que lhe serve tanto naditadura quanto na democracia.

O golpe de 1964, a instalação daditadura militar e a liquidação física dos

oponentes ocorreram em razão dadefesa da grande propriedade e dosnegócios dos capitalistas. Mesmoestando claro que o livro sobre os fatosque cobrem o período de 1964 a 1985 nãová além de reconhecimentos, osmilitares não podem aceitar qualquersombra de acusação. Estão fora dequalquer julgamento por parte doEstado e dos governos. Afinal, as armasdeles fazem parte.

PT e abertura dos arquivos

O 3º Congresso petista aprovou umamoção defendendo a publicação dorelato Direito à Memória e a Verdade ecriticando a reação contrária do AltoComando. A moção deixa transparecerque as Forças Armadas se impõe aogoverno e não o governo aelas.Enquanto Lula concluía ainvestigação estabelecida por FHC, queinstituiu em 1995 a Lei 9140 dereconhecimento da responsabilidade doEstado em nome da democracia, oexército saia em defesa da ditadura.

A decisão judicial em favor daabertura dos arquivos militaressimplesmente é desconhecida. De nadaadianta o 3º Congresso apelar para alegalidade, pedindo que Lula faça osmilitares cumprirem a lei.

A moção reconhece que “Lulacomprometeu-se a abrir tais arquivos,mas até agora não o fez”. Não fez e nãofará, enquanto os militares vetarem. E oque propõe o PT para seu própriogoverno incapaz de sequer abrir osarquivos, passados cerca de 22 anos dachamada “democratização”. Diz: “O PTentende ser uma tarefa urgente iniciarum processo de democratização dasForças Armadas, que precisam sertransformadas em instituições dapopulação e da democracia”.

Conversa fiada de quem é serviçal deLula, que por sua vez é serviçal daburguesia, que de fato é quem comandaa força militar e policial. O exército nãose subordina ao governo. É um aparatocom grande independência. É o queconstatamos em nossa história. Quererum exército democrático a serviço dopovo é completamente absurdo eridículo.

A única democracia possível queexpressa o poder das massas é ademocracia proletária. Para alcançá-la,os explorados terão de derrotar aburguesia, e, portanto, seu exército.Enquanto não conquistarmos o poder doEstado, as Forças Armadas cumprirãoseu papel de assegurar a ditadura declasse da minoria burguesa contra agrande maioria explorada.

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8 – MASSAS – de 10 a 24 de setembro de 2007

Manifesto do POR ao Grito dos Excluídos

Combater a miséria e a fome

Unidade na luta direta dos exploradosSete de setembro. Dia da Pátria. Independência do Bra-

sil. É com esta bandeira que a burguesia comemora o seu

dia. E como se fosse de todos os brasileiros. Governo, exérci-

to, imprensa querem que a data seja de todos. Que exalte os

valores cívicos e nacionais.

Deve existir esta união patriótica? Não! Não é possível

que exploradores e explorados tenham a mesma pátria. Ca-

pitalistas e operários, latifundiários e camponeses, ricos e

pobres das cidades vivem no mesmo Brasil. Mas não na

mesma pátria. Esta está dividida entre riqueza, fartura e

luxo da minoria e pobreza, miséria e privação da maioria.

Não há sentimento pátrio comum verdadeiro entre es-

cravizadores e escravos. É preciso acabar com exploradores

e explorados para se ter a união de todos. Uma pátria em

que as fábricas, as terras, as escolas – toda economia – sejam

propriedade coletiva. Mas então já não temos a pátria que a

burguesia criou, com interesses capitalistas particulares,

que concorre com os demais paises e que faz parte da explo-

ração mundial da burguesia contra as massas. Temos o in-

ternacionalismo proletário. Fim das fronteiras nacionais,

fim da estreiteza dos interesses privados, fim da mesqui-

nhez pátria da burguesia, fim das opressões nacionais!

O que quer o Grito dos Excluídos? Proclamar o naciona-

lismo dos explorados? Exortar à burguesia que lhes confira

cidadania? Exigir participação popular nas decisões do

Estado? Unir-se a setores burgueses para anular o leilão da

Vale do Rio Doce? Se for para isso, o Grito do Excluído esta-

rá procurando um lugar ao sol no 7 de setembro dos esfome-

adores do povo.

Ou pode ser o contrário disso. Grito dos Excluídos contra

a exploração, pelo emprego a todos, pelo salário mínimo vi-

tal, pela terra aos camponeses com o fim do latifúndio, recu-

peração de todas as estatais, controle coletivo da produção,

defesa da juventude oprimida, fim de toda discriminação

social. Grito dos excluídos antiimperialista, de expropriação

do grande capital, não pagamento da dívida externa, auto-

determinação das nações, derrota da ofensiva econômica e

bélica das potências contra os povos oprimidos.

Não à pátria burguesa de fome e miséria! Sim ao interna-

cionalismo proletário!

Excluídos? Pedimos aos capitalistas que nos incluam em

seu Estado, em sua democracia e em sua economia? Seria

ilusão, uma mentira para os explorados e famintos. Acabar

com o capitalismo e edificar o socialismo – eis o objetivo ver-

dadeiro.

É preciso que o Grito dos Excluídos se manifeste sob a

bandeira da luta por um governo operário e camponês, pela

revolução e ditadura proletárias. As reivindicações mais

elementares contra a fome se choca com a exploração e os

exploradores. As massas só se unirão, ganharão força e ar-

rancarão da burguesia vitórias parciais se estiverem lutando

por um governo próprio – o governo operário e camponês.

Conquistaremos terreno na luta de classe e imporemos der-

rotas à burguesia, se operários e camponeses se unirem sob

o programa da revolução socialista.

Enquanto os explorados seguirem os partidos burgue-

ses e tiverem ilusão na sua inclusão social, continuarão di-

vididos, fracos e submissos. É o que aconteceu com o apoio

ao PT/Lula. Nenhum governo burguês acabará com a mi-

séria e a fome da imensa maioria. È o que a experiência nos

mostra.

Sob o governo patronal de Lula, os sem-terra continuam

açoitados pelo latifúndio, os desempregados crônicos são

milhões, metade da juventude não tem emprego, a discrimi-

nação e o racismo mal são disfarçados pelas chamadas ações

afirmativas e o assistencialismo perpetua a miséria. Os capi-

talistas concentram mais riquezas. As multinacionais e ban-

queiros comandam a economia contra a vida das massas.

Não será com eleição que quebraremos a resistência de

ferro dos exploradores. Não será com o uso eleitoral das

bandeiras antiimperialistas que enfrentaremos o entreguis-

mo burguês. Não será com pressão de esquerda eleitoral

que imporemos ao governo nossas reivindicações contra a

fome. E não será com plebiscito deslocado da luta de classe e

com bandeiras nacionalistas que derrotaremos a política an-

tinacional da burguesia.

Será com o programa de um governo operário e campo-

nês, com as reivindicações das massas e com a luta direta

nas fábricas, bancos, repartições, escolas, bairros e no campo

que enfrentaremos a grande propriedade capitalista e seu

governo. Será construindo o partido da revolução proletária

que abriremos a sepultura dos explorados, no Brasil e no

mundo.

Derrotar a fome e a miséria!

Por um governo operário e camponês!

Viva a unidade operária e camponesa!

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MASSAS – de 10 a 24 de setembro de 2007 – 9

Congresso do PT: ServilismoNos dias 1 e 2 de setembro, o PT re-

alizou seu terceiro Congresso. Os dele-gados petistas estiveram reunidosbem no momento em que o STF acatoua denúncia do procurador-geral da Re-pública contra 40 integrantes do cha-mado mensalão.

José Dirceu, homem forte do PT, foiconsiderado pelo relator do STF chefede quadrilha e agente de corrupçãoativa. O processo abrange praticamen-te a cúpula histórica do PT.

Dirceu alegou inocência desde oinício do escândalo, que resultou naCPI do Mensalão, no seu afastamentodo Ministério e na cassação de seumandato parlamentar. Os envolvidosalegam que não existiu mensalão, ouseja, pagamento a parlamentares dabase aliada para apoiar no Congressoo governo, e que houve apenas utiliza-ção de empréstimos do BMG e BancoRural para pagar dívidas de campa-nha eleitoral, cuja ilegalidade não pas-saria de caixa 2, praticada por todos ospartidos.

Independente de ser assim ou não,a STF fez um julgamento político doPT e de Lula, de acordo com as exigên-cias do PSDB/PFL etc e da grande im-prensa que serve aos interesses daoposição.

Por que damos importância aesse relato? Porque o 3º Congressose mostrou acuado e acovardado di-ante da campanha em favor da exe-cração do partido. Estava previstoum ato de desagravo aos réus petis-tas. Lula se contrapôs. Não compa-receu na abertura e no encerramentofez o discurso de que os que erraramvão pagar de acordo com a justiça eque não há partido mais ético do queo PT (ou seja, entre as quadrilhasburguesas que comandam o Estado,eles, os petistas, são os mais éticos).Assim, o 3º Congresso admitiu o re-sultado do STF, como se tratasseapenas da decisão de acatar as de-núncias dos Autos preparados pelo

procurador-geral Antonio Fernandode Sousa.

Os congressistas aceitaram de ca-beça baixa a farsa de que o STF agiucom independência e que sua deci-são deve ser respeitada, cabendoagora os réus se defenderem contra aausência de provas materiais. Atitu-de miserável! O relator, bem comooutros juízes, trataram o caso comocerto de que José Dirceu chefiou aquadrilha do mensalão.

Lula escondeu sua responsabilida-de, mostrou-se emparedado e incapazde exigir do Ministério Público Fede-ral e do STF que mostrassem as provasdo mensalão. Já havia se protegido noprimeiro mandato com a explicação deque foi traído. Agora, louva a indepen-dência do STF e a justiça.

Isso resume o 3º Congresso do PT.Espelha que se tornou um partido daordem burguesa, por ela corrompido epor ela vergastado.

As discussões sobre a Constituinteexclusiva para se fazer uma reformapolítica, o apoio ao plebiscito sobre aanulação do leilão da Vale do RioDoce, a descriminalização do aborto,tudo isso faz parte da integração do PTna política burguesa.

Há um outro aspecto do Congresso

que revelou o PT diminuído e submis-so. Trata-se da discussão sobre as pró-ximas eleições presidenciais. A aliançade Lula com oPMDB/PSB/PDT/PCdoB etc pressu-põe que o PT apóie uma candidaturaestranha ao partido. Lula está conven-cido de que assim deve ser.

O 3º Congresso esboçou uma rea-ção, colocando em discussão a defesade uma candidatura própria. Luladeu um basta, Ricardo Berzoini, pre-sidente do partido, fez uma resolu-ção em favor de “uma candidaturaconstruída com outros partidos” e ocongresso enterrou a defesa de can-didatura própria. José Dirceu – ar-quiteto das amplas alianças,promotor da expulsão das correntesde esquerda do PT- é favorável a umcandidato não petista, basta-lhe a vi-ce-presidência.

Lembremos que o 1º Congresso doPT foi convocado com pompa paracondenar o marxismo, rechaçar a revo-lução proletária, defender a “Glas-nost” (abertura) de Gorbachev pararestaurar o capitalismo na União So-viética e expulsar opositores de es-querda. O 3º se realizou acanhado,desmoralizado e sob a pecha de aco-bertar ladrões.

3º Congresso do PT: submetido ao governo, à coalizão e `s pressões da oposição burguesa

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10 – MASSAS – de 10 a 24 de setembro de 2007

Fortaleza-CE

Por uma nova direção aos trabalhadores da educaçãoO governo Cid/PSDB/PT está de mãos livres para tirar e di-

reitos e arrochar salários dos servidores públicos estaduais,pois conta com o apoio e aval das direções governistas e pele-gas do Fórum Unificado dos Servidores Estaduais – APEOC (amafiosa família Penha e Jayme Alencar, PT, PCdoB e PCB),CUT (PT e PCdoB) e MOVA-SE que inclusive fizeram campa-nha eleitoral para Cid Gomes em 2006, e se silencia diante de to-das as medidas até agora implementada por este governo.

No início do mandato, o governo atrasou os salários dofuncionalismo. O que vimos foi uma pequena encenação dasdireções sindicais APEOC/CUT e do Fórum Unificado dosServidores Estaduais, que no final de contas deram um voto deconfiança ao governo até o dia oficializado do possívelpagamento. Em fevereiro, foi instalado a Mesa de NegociaçãoPermanente (mesa de enganação e enrolação) entre o governoCid e o Fórum Unificado dos Servidores Estaduais, lideradapela CUT. Depois disso, o governo fechou 4 escolas emunicipalizou 13 escolas. Qual foi a resposta dessas direções aessa ofensiva do governo? Paralisia e silêncio.

A campanha salarial de 2007 foi sabotada pelasentidades

A campanha salarial de 2007 foi sabotada pelas direções do Fó-rum Unificado dos Servidores Estaduais/CUT/APEOC, inclusivepela direção do SINDIUTE (direção majoritária – O Trabalho/PT).As mesmas direções governistas colocaram um índice de reajustede 12% sem submeter à aprovação da em assembléias, com objeti-vo de não se chocar e desgastar o seu governo Cid/PSDB/PT.Também já a minoria do SINDIUTE (CONLUTAS/PSTU) virou acosta para os servidores estaduais, ou seja, abandonou a luta e a

construção de qualquer resistência ao governo estadual, só atuan-do exclusivamente no município de Fortaleza.

A direção da APEOC tem se transformado numa sucursaldos governos Lula/PT/Luzianne Lins/PT e Cid/PSDB/PT noseio do magistério. A nossa categoria tem de enfrentar essadireção traidora da APEOC que, diante das propostas feitaspelos professores, não encaminha nenhuma das deliberaçõesaprovadas se estas se chocam com os interesses desta castaburocrática. O resultado dessa conduta: vários educadores nãoquerem mais participar de atividades convocadas por essadireção, porque acham que estão sendo tratados comopalhaços ou massa de manobra.

A burocracia da APEOC vive falando que o sindicato somosnós, mas o que se observa na prática é outra coisa. Por que não en-caminha as propostas da base? Como por exemplo: a realizaçãodo congresso estadual da categoria, que foi aprovado nos últimostrês zonais e assembléias e a prestação de contas dessa diretoria àcategoria. Essa entidade é a que mais arrecada dinheiro dos seussócios. Perguntamos: cadê os recursos financeiros para alugarônibus para que possa levar a categoria participar das atividadese a infra-estrutura necessária dos “atos e assembléias”?.

A Corrente Proletária na Educação/POR coloca que épreciso novas eleições, limpas e que a base possa participar defato do processo e se envolver, para que tenhamos uma direçãono sindicato combativo e de luta e independente dos governos.Não basta só enfrentar os governos burgueses de Lula/PT,Luzianne Lins/PT e Cid/PSDB/PT, mas irmos é necessárioavançar na compreensão do programa revolucionário, que temcom estratégia a luta contra o capitalismo e construir o regimesocialista (sem explorados e exploradores) através darevolução social (ditadura do proletariado).

Bahia

Governo petista ataca educaçãoA situação dos docentes das universidades estaduais, em todo

o país, expressa a profunda crise pelo qual os estados estão sub-mersos. A prolongada greve representou a manifestação conse-qüente dos educadores que há muito tempo estavam reprimidospelos ataques dos governos anteriores, resultantes da oligarquiacarlista. A greve também expressou a luta contra a ofensiva do go-verno Wagner. Os professores depositaram confiança no gover-no petista, mas este não cumpria as promessas eleitorais.

As direções reformistas e estalinistas, que estão à frente dosprincipais sindicatos, avaliaram inicialmente como precipitadae intempestiva a greve dos professores da educação básica,bem como a dos professores do ensino superior. Diziam que setratava de um governo recém empossado e que era necessáriobom senso. Apelavam com a justificativa de que a grevepoderia enfraquecer e fragilizar o mandato de Jaques Wagner.Vários lobbys parlamentares foram feitos em defesa do atualgovernador, pela burocracia sindical.

A greve foi deflagrada. O governador petista suspendeu ossalários dos docentes das estaduais por três meses,

aprofundando a situação dramática já vivenciada pelosgrevistas. Tentou iludir por meio da criação das mesassetoriais, marcando e desmarcando reuniões sem responder àsreivindicações mínimas dos servidores públicos. Emdeterminado momento das manifestações, a comissão queapostava nas negociações foi recebida pela polícia e segurançana porta da Secretaria de Educação quanto na governadoria.

A greve esteve circunscrita às exigências legais como: revogaçãoda lei 7176/97 e mudanças no estatuto do magistério superior; incor-poração de uma gratificação (GEAA) de 27,2% do salário-base e oaumento do orçamentos para as 4 estaduais (UEBA). Portanto, as re-ivindicações estavam dentro dos marcos da legalidade burguesa,mas mesmo assim o governo se manteve intransigente.

O governador petista age como qualquer administrador deum estado burguês. Coloca-se contra a educação pública e emfavor da privada. Não atende às reivindicações dos grevistas eaplica a lei anti-greve para punir os manifestantes. Ostrabalhadores da Bahia, para arrancar as reivindicações, terãode enfrentar nas ruas o governo Jaques Wagner.

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MASSAS – de 10 a 24 de setembro de 2007 – 11

PSTU e seus aliados favorecem a ArticulaçãoA Apeoesp fará os Encontros Regio-

nais para a eleição dos delegados ao con-gresso. Nada difere de anos anteriores.A burocracia do PT e PCdoB controlam,centralizam e manipulam as atas de elei-ção dos pré-delegados nas escolas. Envi-am atas para a eleição onde lhes convém.No interior, a fraude é descarada. Os de-legados só vão ao congresso se votaremna tese da diretoria. Com isso, a diretoriafaz a maioria dos delegados e garante acontinuidade de sua política de traiçãoaos professores.

A reunião do Conselho estadual derepresentantes (CER), no mês de agosto,aprovou a proposta da burocracia de darum prazo de uma semana para que ascorrentes políticas apresentassem suasteses. O que chamou a atenção foi que oPSTU e FOS, que fazem parte dadiretoria, não questionaram. Sópodemos interpretar essa atitudepassiva, de quem, certamente, já tinhaconhecimento de que o prazo de entregadas teses se espirava no final de agosto.Mas também chamou a atenção o fato denão criticarem o método da burocraciade numerar as atas e enviá-lasdiretamente para as escolas. Sabiam quenas escolas de oposição, essas atas nuncachegam. Isso vem mostrando o quanto oPSTU e seus aliados, que compõem a

diretoria, vêm assimilando as práticasda burocracia.

Há dois fatos que devem serdenunciados:

1)Na reunião da Subsede deItaquera, que preparava a organizaçãodo Encontro Regional, a Conlutasassumiu com unhas e dentes a propostada Articulação. Ou seja, eleição dedelegados com base nas teses eobedecendo o critério de cortedeterminado pela CUT (20% no caso deduas teses e 10% no caso de três teses). AConlutas, que rompeu com a CUTachincalhando-a de governista de nãorepresentar a base (casca vazia), defendeo mesmo critério de exclusão dosoposicionistas. O que mostra que nodiscurso são radicais, mas na prática sãotão burocratas quanto os traidores daCUT.

2)Na reunião da Subsede da Lapa,que discutia a distribuição das ataspara a eleição de pré-delegados nas es-colas, o POR defendeu a divisão iguali-tária entre as correntes políticas. Emprincípio, não houve desacordo. Mas oPSTU de repente resolveu pedir seopor. Propôs que a divisão das atas fos-se de acordo com a proporcionalidadedos eleitos para o Conselho Regionalda Apeoesp. Mesmo sabendo de todas

as falcatruas que a Articulação fez paraeleger seus candidatos e mesmo saben-do das listas que o PSTU fez de seuscandidatos (desprezando a campanhaunitária em torno da chapa de oposi-ção), a FOS pediu um minuto da fala doPSTU para voltar atrás de sua posição eo apoiar. Fez discurso em nome da de-mocracia operária e da proporcionali-dade. Houve a votação, a Articulaçãose absteve, o POR teve oito votos e adobradinha PSTU/FOS, 19 votos. Re-sultado: a Articulação que ficaria com27 atas pela proposta do POR, acaboulevando 50. E a FOS que teria 27, pas-sou para 19, portanto cedendo ataspara a Articulação. Deram as nossas eas deles para a burocracia que já tem asatas ao se bel prazer. O PSTU conse-guiu 50, portanto também tirando daoposição. Conclusão: o PSTU saiu ga-nhando de 27 para 50, retirando daoposição, mas para isso teve de ajudara Articulação que, por sua vez, tambémtirou da oposição. Bela democraciaoperária! A burocracia adorou a demo-cracia do PSTU/FOS. Na realidade, háuma intenção clara da Conlutas(PSTU/FOS) eliminar seus opositoresrevolucionários da região, que são osmilitantes do POR. Para isso, ajudam aburocracia.

Dados sobre emprego e juventude na América Latinamostram necessidade de lutar por trabalho e escola!

A OIT (Organização Internacional doTrabalho) divulgou dados em04/09/2007 mostrando que o desempre-go e informalidade ameaçam os jovenslatino-americanos. Até este órgão do im-perialismo mostra o quanto o capitalis-mo ataca a vida dos trabalhadores, emgeral, e descarrega seu peso maior sobrea juventude.

Existem 106 milhões de jovens. Maisda metade faz parte da força de trabalho,dos quais 10 milhões estãodesempregados, o que equivale a 16% daforça de trabalho entre 15 e 24 anos. Eestes dados ainda são camuflados, poiscontam apenas os que estão ativamenteprocurando trabalho.

30 milhões estão na economia infor-mal, trabalhando muito para receber

salários de fome e sem direitos sociais.22 milhões não estudam nem trabalham.Cerca de 49 milhões estudam. Destes, 13milhões estudam e trabalham e 4milhões querem trabalhar, mas nãoconseguem.

A OIT firmou um acordo com ospaíses da região para “promover otrabalho decente”, mas sob a batuta doimperialismo isto não passa de umapiada de mau gosto, a partir dasburguesias latino-americanas não sepode esperar nenhum alívio para asituação. Pelo contrário, eles usam estesdados para justificar a destruição dedireitos, como se a culpa dainformalidade e desemprego fosse dostrabalhadores “privilegiados” que têmcarteira assinada.

Dizem que o problema é o “modelode desenvolvimento” quando a análiseda situação mundial dos trabalhadoresdemonstra que não há modelo decapitalismo que não ataque a vida dasmassas. O problema está no própriocapitalismo. O desemprego não é uma“anomalia” neste sistema, é partefuncional, pois cria a competição entretrabalhadores e é estrutural, poisdecorre da aplicação da tecnologia, quenas mãos da burguesia, em vez de serusada em benefício da maioria dapopulação, atende apenas ao aumentoda exploração.

A OIT aplaude as medidas dogoverno Lula, como o Prouni, como umaforma de “inserção” pois garantiria aformação, quando sabemos que esta é só

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12 – MASSAS – de 10 a 24 de setembro de 2007

Boletim da Corrente Proletária na Educação de Presidente Prudente

Balanço do Movimento Estudantil no 1° Semestrede 2007

O governo Serra iniciou o ano de2007 atacando as universidadespúblicas. Baixou decretos queaumentavam o controle do Estado sobreas universidades e criou a Secretaria doEnsino Superior. Mediante estasecretaria o governo passaria a controlaras verbas destinadas ao Ensino Superior,ferindo a “autonomia” da Burocraciauniversitária, o que fez os reitores dastrês estaduais paulistas questionarem.

Os alunos da USP marcaram umaaudiência com a reitora, que nãocompareceu. Isto levou os estudantes aocuparem o prédio da reitoria. Emboraesta ocupação não tenha se iniciado con-tra os decretos, mas devido àprepotência da reitora, esta mobilizaçãopassou a ser trincheira da luta contra aofensiva privatista do governo Serra. Oenfrentamento mostrou aos estudantes anecessidade de defender a Revogação dos

Decretos, visto que a bandeira “reitoria,

posicione-se” já não fazia sentido. Foiassim que se espalhou a luta para todo oEstado de São Paulo, inclusive em nossocampus, FCT-Presidente Prudente:

No dia 23/05 houve paralisação dasaulas com piquetes e barricadas,reivindicando a construção doRestaurante Universitário,com gestãopública.

A assembléia estudantil do dia 29/05deliberou ocupação e paralisação dossetores administrativos da faculdade,em apoio aos demais campi da Unesp,Usp e Unicamp contra os decretos doSerra e pelo atendimento dereivindicações locais como contrataçãode professores e construção doRestaurante Universitário. A direçãoameaçou criminalizar membros domovimento estudantil por invasão deprédio público, o que demonstrou aquem serve a burocracia universitária,cumprindo o papel de repressores.

A ocupação da diretoria comparalisação dos setores administrativosse manteve devido a greve dos cursos dePedagogia, Geografia e Educação Física,que aderiram ao movimento contra osdecretos e por problemas específicos.

O movimento refluiu comoconseqüência da divisão corporativa dosprofessores e devido ao improviso naestruturação de um programa paraenfrentar o governo. Este programadeve ser construído pelo movimentoestudantil, mas para isso, precisarenovar suas direções de modo a evitar oaparelhamento eleitoreiro que desvia aluta dos estudantes.

É necessário também que esteprograma expresse a vinculação da lutados estudantes à luta mais geral daclasse operária e demais classesoprimidas. Esta é a tarefa que osestudantes da UNESP/P. Prudenteprecisamos resolver.

A importância de participarmos do CEUF

Nos dias 28, 29 e 30 de setembroacontecerá o CEUF (CongressoEstudantil Unesp e Fatec) em Bauru.Será discutido a reestruturação do DCE(Diretório Central dos Estudantes) quefaz dois anos que está desativado.

No congresso teremos aoportunidade de conhecer a realidadedos demais campi da Unesp e das Fatecs.Analisaremos as reivindicações comunse as formas de organização queprecisamos para consegui-las. Mas,principalmente, o congresso deverá

servir para levantar o instrumento deluta que atuará em nível estadual, oDCE.

O diretório central dos estudantesdeve ser discutido levantando-se abandeira de defesa do ensino público.Não há como lutar pela universidadepública admitindo o ensino privado,pois isso favorece a mercantilizão.Assim vemos o governo atrofiando asuniversidades públicas e facilitando aexpansão da rede privada, congelandoas verbas públicas e criando mecanismode subsídios aos empresários e às

Igrejas, a exemplo do Pró Uni.A criação de Fundações dentro das

universidades públicas tem servido aosinteresses privatistas. A denominadaparceria público-privado promove essemesmo fim. A recente intervenção do es-tado, por meio da criação da secretaria deEnsino superior, objetiva implantar aparceria, fortalecer as fundações e limitaro caráter público do ensino universitário.

Portanto vemos que os problemas queenfrentamos aqui no campus de Presiden-te Prudente é uma ofensiva que faz partedo ataque às universidades públicas.

uma forma de beneficiar os capitalistasque vendem educação. Além disso, oproblema não é falta de qualificação.

Para combater o desemprego, énecessário lutar para que todo jovemestude e trabalhe, com jornadacondizente com sua capacidade,recebendo um salário que supra suasnecessidades.

É necessário unir trabalhadores de

todas as idades, empregados oudesempregados, para que se criemcomitês que empunhem a bandeira deEscala Móvel de Horas de Trabalho(divisão das horas de trabalho pelonúmero de trabalhadores) e SalárioMínimo Vital (hoje calculado emR$2.500).

Para arrancar estas reivindicaçõesdos capitalistas é necessário que as pró-

prias massas, por meio de uma luta emdefesa de suas vidas, acreditem em suasforças e deixem de esperar migalhas. Seo capitalismo não consegue resolver osproblemas que cria, que morra o capita-lismo e não os trabalhadores! A luta con-seqüente pelas reivindicações passa pelofortalecimento do Partido Operário Re-volucionário.

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MASSAS – de 10 a 24 de setembro de 2007 – 13

Extraído do boletim da Regional do Ceará

Jornada de lutas no Ceará não consegue combateconsequente contra governos e burocracia estudantil

A jornada nacional de lutas em de-fesa da educação pública ocorrida de20 a 24 de agosto foi convocada conjun-tamente por vários setores do movi-mento, entre eles entidades estudantiscomo a UNE e a CONLUTE, do movi-mento popular como o MST o MABalém de sindicatos importantes como aAndes-SN e a Apeoesp. No Ceará esta-vam marcadas atividades para os dias21, 22 e 23/08 sendo que o eixo das mo-bilizações convergiria para a UECE,que editou a Resolução 199, via gover-no, legalizando as fundações privadasnas universidades estaduais.

Embora tenham sido acordadas 18pautas, de comum acordo com as entida-des que construíram a Jornada, entreelas a defesa o Passe livre estudantil, estanão se colocou contra a Reforma Univer-sitária do governo. No Ceará as pautas

se ampliaram para as reivindicações es-pecificas dos cursos além das lutas maisgerais dos campi.

Uma jornada semmobilizações

É importante assinalar a importân-cia de uma Jornada de lutas frente aatual conjuntura que é de ofensiva dosgovernos sobre o ensino superior pú-blico, porém uma jornada não se cons-trói apenas com bandeiras, emboraaparentemente avançadas, mas expri-mindo as reivindicações mais sentidasdos estudantes, o que não ocorreu. Ajornada não pôde, por isso, fazer umcombate conseqüente. Dessa maneiradenunciamos a ação da burocracia quemobilizou os estudantes para estesatos de fachada.

No Ceará, a mobilização da UFCcontou apenas com as burocracias daUNE sendo bastante esvaziada. NaUECE mesmo com um ataque aberto àUniversidade, via resolução 199, nãohouve uma mobilização massiva dosestudantes, embora estes tenham ocu-pado a Reitoria (que nunca ofereceu re-sistência). Nesta universidade, amobilização contou com um numeroreduzido de estudantes do campus doItaperi. A tarefa do próximo períodoconsiste em organizar os estudantesem torno de suas reivindicações cen-trais e avançar na defesa da Universi-dade Pública. Tal tarefa coloca naordem do dia, a partir da crítica dasatuais direções estudantis, avançar naconstrução da Corrente ProletáriaEstudantil, como fração revolucionárianas universidades.

Centro Acadêmico XI de Agosto (Direito-USP):golpe do diretor da Faculdade contra os estudantes

A Faculdade de Direito da USP foi ocupada durante a Jor-nada de Lutas da UNE. Centros Acadêmicos e membros doMST organizaram um movimento simbólico, que não impediua continuidade das aulas ou funcionamento administrativo eacadêmico. Uma ocupação de apoio às políticas governamen-tais de Lula, com poucas propostas de arremedo. Mas o diretordireitista da Faculdade de Direito não admitiu que os sem-terrae estudantes se instalassem no prédio: em poucas horas, trouxea tropa de choque para realizar a desocupação e prisão dos ma-nifestantes.

A seguir, proibiu uma manifestação de protesto nas instala-ções da Faculdade: o ato de repúdio à repressão, marcado parao dia 24/08 na Sala dos Estudantes, foi impedido de se realizarno prédio.

Não se deteve por aí: insuflou a antiga corrente que dirigia oCA (grupo Escória) para que realizasse a destituição da atualdireção do CA, que tinha cometido o crime de trazer sem-terraspara o interior da “nobre” instituição, sujando-a e bagunçan-do-a. Concedeu gratuitamente o uso do auditório da Faculdadepara a realização de uma assembléia “fria” que depusesse aatual gestão. Para se ter uma idéia, essa sala é usualmente alu-gada por 5 mil reais, e pelo menos mil reais aos estudantes. Mu-itas aulas foram suspensas no horário da votação. Mesas comlistas para serem preenchidas fora da assembléia foram instala-das no pátio da faculdade. A “assembléia” se realizou sob aguarda de seguranças da faculdade cedidos pelo diretor, que

agiam sob as ordens do grupo Escória.O resultado da deposição do atual presidente do CA, acusa-

do de trazer os sem-terra para dentro da faculdade, é respondi-do de forma administrativa: a atual gestão se apóia nasmedidas excepcionais, em nomes repetidos nas listas, enfim, nailegitimidade estatutária da ação golpista.

O movimento estudantil em seu conjunto deve repudiar aintervenção golpista do diretor da faculdade de direito da USPe as atitudes do grupo Escória. Trata-se de defender a autono-mia dos estudantes sobre suas organizações e seu espaço.

Mas é preciso notar que a atual direção se mostrou incapazde trabalhar baseada na ação coletiva dos estudantes. A chama-da frente de esquerda participou da Jornada da UNE sem seapoiar na ação coletiva dos estudantes. A ocupação não foi or-ganizada entre as bases da Faculdade de Direito, mas princi-palmente nas relações entre as direções e o MST. Essa fraquezapermitiu que o diretor fascista atacasse o movimento sem que oconjunto dos estudantes estivesse preparado para respondê-locom a mobilização.

Não será o estatuto que poderá defender o CA XI de Agostodos golpistas e do diretor fascista. Somente a ação coletiva dosestudantes, que terão de superar as debilidades da atual dire-ção, será capaz de restabelecer a autonomia da organização es-tudantil diante da burocracia corrupta que dirige a faculdade ea universidade.

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14 – MASSAS – de 10 a 24 de setembro de 2007

Metalúrgicos - ABC:

Campanha salarial: por um piso salarial deR$ 2.500,00 (salário mínimo vital)

Na reunião de mobilização, queaconteceu dia 29 de agosto, a direção dosindicato informou que até então os pa-trões não haviam apresentado uma pro-posta “decente” de reajuste. Na reunião,a direção definiu o dia 05 de setembrocomo prazo final para a conclusão dasnegociações com todos os grupos. Se-gundo a direção, se até o dia 5 de setem-bro os patrões não apresentassem umaproposta de reajuste, no dia 8 seria de-cretada a greve.

Após esse encaminhamento feitopela direção do sindicato, um compa-nheiro do Nossa Classe (POR) que par-ticipou da reunião de mobilização pediua palavra e disse que concordava plena-mente com a greve, pois é a única formade arrancar as reivindicações dos pa-trões. Porém, o companheiro do Nossa

Classe chamou a atenção para um pontofundamental que a direção não havia fa-lado. Ou seja, se vamos fazer uma grevetemos que ter uma reivindicação. Em se-guida perguntou: Qual é a proposta que

a direção do sindicato está exigindo dos

patrões? Isso deixou a direção numa si-tuação difícil, pois, ao invés de definiruma proposta para exigir dos patrões, ospelegos estão há várias reuniões implo-rando para que os patrões apresentemuma proposta. O que é inaceitável, pois aprimeira coisa que deveriam ter feito eradebater e aprovar com os trabalhadoresuma proposta para reivindicar dos pa-trões.

A força dos trabalhadoresestá na sua unidade, na

assembléia geral, naparalisação da produção

Como a direção do sindicato não têmuma proposta, um companheiro do Nos-sa Classe apresentou na reunião de mo-bilização a proposta de piso salarial deR$ 2.500,00 (salário mínimo vital) a to-dos os trabalhadores, 10% de reajustepara quem ganha acima desse valor, arenovação e ampliação das cláusulas so-ciais.

Como era de se esperar, membros dadireção do sindicato falaram em seguida

e colocaram-se contra a proposta do Nos-sa Classe, usando argumentos patronais.Um pelego da direção disse: “os traba-lhadores não têm força para conseguirum piso de R$ 2.500,00”. Nós dizemos:

Esse pelego está totalmente enganado.Primeiro, porque a classe operária é a

força que move, que produz toda a ri-

queza da sociedade. O que os patrõesmais temem é a greve, a paralisação daprodução. Sem produção, o patrão nãoproduz e conseqüentemente não tem lu-cro. Portanto, os trabalhadores têm for-

ça. A força dos trabalhadores está na sua

unidade, na assembléia geral, na greve,

na paralisação da produção.

A direção do sindicato defende a ex-ploração capitalista e o lucro dos pa-trões, por isso fazem de tudo paraimpedir que os trabalhadores usem suaforça, que é a greve para defender suasreivindicações e combater a exploraçãocapitalista.

No final da reunião de “mobiliza-ção”, o presidente do sindicato, Feijóo,que participa das negociações com ospatrões, disse que não era preciso definiruma proposta, pois eles são bons negoci-adores e conseguirão fazer um bomacordo.

Os trabalhadores da Volks sabemmuito bem que tipo de negociador é oFeijóo. Ano passado, ele (Feijóo), em as-sembléia na Volks, disse aos trabalhado-res que não aceitaria nenhum acordo dedemissão ou retirada de direitos. Dois

dias depois, o Feijóo, como bom repre-

sentante do capital, negociou, defen-

deu e aprovou um acordo que permitiu

a Volks demitir 3600 trabalhadores, au-

mentar a jornada de 40 para 42 horas e

uma tabela salarial menor de R$

1.030,00 para novos contratados. Ne-nhuma confiança na direção pelega. Ostrabalhadores devem acreditar apenasem seu método próprio de luta que é aação direta.

Crescimento nas vendas decarros só beneficiou a

burguesia

A própria burguesia divulgou seu re-

corde de vendas e o crescimento de seuslucros. A industria automobilística iráproduzir três milhões de veículos. O me-lhor ano desde 1997, quando foram pro-duzidos 1,7 milhões de automóveis. AVolkswagen terá um lucro de 5,1 bilhõesde euros em 2007, 25% a mais que 2006.Na Mercedes, o lucro será de 1,2 bilhões.As vendas da GM cresceram 19,8% entrejaneiro e julho de 2007. O faturamentodas Autopeças será de 62 bilhões. NaFundição o faturamento será de 34 bi-lhões etc.

E a situação dostrabalhadores?

Enquanto a burguesia aumenta seuslucros, os trabalhadores sofrem com odesemprego, salários de miséria e reti-rada de direitos. Todas as empresas,com apoio da burocracia sindical, estãoeliminando postos de trabalho com aterceirização, demitindo trabalhadoresque ganham mais e contratando outrosganhando menos (rotatividade demão-deobra), contratos temporários,redução de salários, aumento de jorna-da etc.

6% ou 7% de reajuste nãoresolve em nada a vida dos

trabalhadores

A única reivindicação que unifica egarante a vida dos trabalhadores é adefesa de um piso salarial de R$2.500,00 (salário mínimo vital) a todosos trabalhadores, independentementeda fábrica ou da função que exerça.Um reajuste de 6% ou 7% não resolve asituação de miséria que vive a maioriados trabalhadores. Nos metalúrgicosdo ABC, por exemplo, a maioria dostrabalhadores das autopeças, fundi-ção, grupo 9, trabalhadores de empre-sas terceiras que prestam serviço nasmontadoras, ganham em média R$600, R$ 800. Uma miséria, que não per-mite aos trabalhadores manterem suasfamílias.

A campanha salarial é o momento dedefendermos a vida dos trabalhadores

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MASSAS – de 10 a 24 de setembro de 2007 – 15

contra a exploração capitalista.Por isso, chamamos todos os traba-

lhadores a participarem da assembléiado dia 08 de setembro no sindicato parajuntos rejeitarmos a proposta de reajustemiserável dos patrões e defendermos:

1.Piso salarial de R$ 2.500,00 (sa-

lário mínimo vital e móvel) a todos

os trabalhadores, 10% de reajuste

para quem ganha acima desse valor,

a renovação e ampliação das cláusu-

las sociais.

2.Emprego a todos por meio da esca-

la móvel das horas de trabalho, que sig-

nifica a divisão das horas necessárias

para produzir entre todos os trabalha-

dores empregados e desempregados,

sem redução nos salários.

Burocracia fecha acordo com as montadoras edivide os metalúrgicos do ABC

Na assembléia do dia 08 de setem-bro, marcada para votar as propostasda campanha salarial, a direção dosindicato dos metalúrgicos do ABCinformou que apenas as montadorashaviam apresentado uma propostade reajuste aceitável. A proposta ofe-recida pelas montadoras é o reajusteda inflação (4,82%) + aumento realde (2,5%). Total de 7,44%. Informa-ram que não houve acordo com o se-tor de autopeças, grupo 9, 10,fundição etc. Disseram também queesses grupos terão até o dia 11 de se-tembro para que concedam a mesmaproposta das montadoras. Se issonão acontecer, será realizada parali-

sação nesses grupos.No final da assembléia, o presidente

do sindicato Feijóo, depois de defender aproposta das montadoras (uma migalhade reajuste), colocou em votação e a pro-posta do patrão foi aprovada.

Conclusão. Confirmou-se tudo quehavíamos denunciado.

1. A direção do sindicato, para impe-

dir qualquer luta dos trabalhadores,

não levou uma proposta para exigir dos

patrões.

2. Apresentou e defendeu a propos-

ta dos patrões.

3. Fechou acordo primeiro com as

montadoras, para dividir e deixar iso-

lados os trabalhadores dos outros se-

tores.

4. Continuarão implorando que os

patrões dos outros grupos apresentem

uma proposta para colocar fim de vez à

campanha salarial.

A direção do sindicato mais uma vezfez o jogo dos patrões.

Os trabalhadores devem expulsar osdirigentes sindicais pelegos do sindica-to. Para isso é preciso construir em to-das as fábricas as comissões de fábricasrevolucionárias. Só assim será possívelorganizar uma campanha salarial unifi-cada, assembléia geral que aprove umapauta única de reivindicação e o méto-do da ação como única forma de con-quistar as reivindicações.

Há 67 anos da morte de Leon Trotsky:

Viva a Revolução Proletária!Neste mês de agosto completaram 67 anos da morte de Leon

Trotsky. Em 21/08 de 1940, o Líder da Revolução Russa de 1917, ao

lado de Lênin, faleceu vitimado por um golpe na cabeça perpetrado

pelo agente stalinista Ramón Mercader a mando de Stálin. Trotsky

dedicou sua vida à causa revolucionária do proletariado; participou

do movimento operário russo e do partido social democrata. Foi por

duas vezes presidente do Soviet de Petrogrado, tendo um papel

destacado na organização da insurreição de outubro, à frente do Co-

mitê Militar Revolucionário que tomou o poder na Rússia dos Tzares

na madrugada de 6 para 7 de novembro. Foi Comissário da Guerra e

fundador do Exército Vermelho. Diante da crescente burocratização

do primeiro estado operário (URSS) organizou a oposição de es-

querda em 1923 contra a degeneração stalinista e denunciou a polí-

tica do socialismo em um só país e da coexistência pacífica com o

imperialismo. Após a morte de Lênin, foi excluído do CC, do Politbu-

ro e finalmente do partido, em 1927, sendo confinado em Alma-Ata,

onde veio a escrever A Revolução Permanente. Expulso do país em

1929 se lança a construir a oposição de esquerda internacional. Em

1933, a capitulação da III Internacional ao Nazismo de Hitler, coloca

definitivamente a tarefa de erguer a IV Internacional, tendo por base

o Programa de Transição. Passados 67 anos do assassinato de

Trotsky, o trotskismo, como o marxismo de nossa época, continua

mais vivo que nunca. Por isso o Partido Operário Revolucionário

conclama os trabalhadores conscientes a abraçarem a causa maior

de Trotsky: construir o Partido Mundial da Revolução Socialista para

sepultar o capitalismo apodrecido

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16 – MASSAS – de 10 a 24 de setembro de 2007

Nesta edição:• Agora é o momento de consolidar a

independência política e ideológicadas organizações sindicais

• Salvar a constituinte para quê? Comitê de Enlacepela Reconstruçãoda IV Internacional

Artigos do Cerqui

O conflito entre a burguesia da região da meia lua e o governo é alheioaos interesses dos explorados

Agora é o momento de consolidar a independênciapolítica e ideológica das organizações sindicais

Temos mostrado, em diversas vezes,que tanto a burguesia da região da meialua quanto o MAS desenvolvem a mes-ma política burguesa. Em última instân-cia, ambos defendem, com todas suasforças, a propriedade privada em todasas suas formas, e os interesses da empre-sa privada nacional e das multinaciona-is. As disputas entre eles, camufladaspelas autonomias e a pela localização daCapital da República, reivindicada pelaburguesia de Sucre, não se dão em tornodo destino da propriedade privada, masem torno de interesses absolutamentemesquinhos e secundários. A direita ori-ental e os empresários privados defen-dem palmo a palmo sua condição dechupa-sangue. Já os masistas pretendemque o Estado fiscalize os negócios e lu-cros da burguesia, mas sem tocar na pro-priedade.

No cenário está ausente a política re-

volucionária do proletariado. A buro-cracia sindical, no caso das autonomias,dizendo que luta contra a direita, se so-mou abertamente ao governo. E, no con-flito sobre a capital, se dividiram e sealinharam algumas atrás de Sucre e ou-tras de La Paz, segundo o espaço geográ-fico onde atuam. Os dirigentes da COB eas confederações dos diferentes setoresfecharam hermeticamente a boca frenteà paralisação cívica dos seis departa-mentos e abandonaram as bases paraque atuem instintivamente em qualquersentido. Praticamente, os explorados bo-livianos não têm nenhuma direção; esta-mos vivendo a total queda da COB e dasconfederações setoriais.

Nestas condições, agravadas pela qua-se ausência do Partido Revolucionáriocomo uma claríssima referência política noseio das massas, se torna difícil desenvol-ver a independência política e ideológica

dos explorados bolivianos. Por outro lado,o processo de emancipação das massas docontrole governamental se encontra seria-mente obstaculizado e as massas, em sualuta diária para resolver seus problemasvitais, como conseqüência do agravamen-to das condições de vida, atuam instintiva-mente sem direção alguma e quasegeralmente terminam em frustrações.

É a tarefa do momento potenciar políti-ca e organizativamente o partido revoluci-onário atuando no seio das massas eexpulsar os dirigentes traidores grudadosnas organizações sindicais que fazem o pa-pel sujo de quinta-coluna do governo deplantão. Este é o momento de elaborar aconsigna da independência política e ideo-lógica dos explorados frente à política con-fusionista da direita reacionária e dogoverno masista.

Extraído do jornal “Masas” bolivianonº 2052 de 07/09/2007

Salvar a constituinte para quê?Nós explorados não obteremos nada da Constituinte que sem

dúvida demonstrou que não serve para nada, que reúne uma corjade politiqueiros, manejados pelos opressores.

Masistas e opositores são ambos defensores da ordem burgue-sa, da grande propriedade privada. Uns são reformistas, os outrosreacionários, mas ambos adoradores do regime de exploração eopressão burguesas.

Setores camponeses, dirigidos pelo MAS, anunciam que irão semobilizar sobre Sucre para salvar a agonizante Constituinte, es-trangulada pela luta entre oficialistas e opositores.

Salva-la para que redija una nova constituição burguesa queproteja e garanta a propriedade privada dos ricos sobre os meiosde produção, como propunha o MAS, com um verniz fictício deplurinacionalidade?

Ao inferno com a Constituinte e seus palhaços. Enquanto a pro-priedade privada se mantiver, nós explorados seguiremos comoescravos e os camponeses indígenas atolados na miséria como pá-

rias da sociedade. Se a estrutura não muda, a sociedade continuasendo a mesma, ainda que lhe ponham alguns remendos na Cons-tituição.

De uma vez por todas, nós explorados devemos defender quenosso objetivo não é marchar como bêbados atrás das brigas de co-madre entre opositores e oficialistas, que não nos levam a nada.

Buscamos pulverizar e sepultar a propriedade privada dos ex-ploradores e opressores, para convertê-la em propriedade socialdo conjunto do povo trabalhador.

Se não libertamos a sociedade da ditadura dos donos dos mei-os de produção (empresários, multinacionais), se não impedirmosde continuarem nos explorando, se não transformamos esta socie-dade realizando a revolução social (de todos os explorados encabe-çados pela classe operária), que imponha a propriedade social (osocialismo), nosso futuro será afundar na barbárie burguesa, naeterna escravidão.

Extraído do jornal “Massas” boliviano nº 2052 de 07/09/2007