Rhetorica ad Herennium livro IV anotações

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Rhetorica ad C. Herennium De Ratione Dicendi Liber IV

Sobre a elocuo (11)Trs gneros (figurae) de discurso: grave (grauis), medocre (mediocris), tnue (extenuata) - grave palavras graves (uerba grauia) em construo leve e ornada (leuis et ornata constructio) - mdio - uma categoria de palavras mais humilde, todavia absolutamente baixa e comum (ex humiliore neque tamen ex infima et peruulgatissima uerborum dignitate). - atenuado desce ao costume mais usual da simples conversa (quae demissa est usque ad usitatissimam puri consuetudinem sermonis). (12)Discurso em figura grave com palavras muito ornadas, prprias ou no (extranea); com uso de sentenas graves na amplificao e na comiserao; com ornatos de sentena e de palavras que possuam gravidade. (13)Discurso em figura mdia mais baixo que o grave, sem chegar ao nfimo. (14)Discurso em figura tnue desce a conversa nfima e cotidiana. (15)Vcios do discurso discursos prximos aos das figuras referidas mas que devem ser evitados - discurso inflado (figura sufflata) discurso empolado, cheio de neologismos e arcasmos, e translados grosseiros. (16)Discurso frouxo (genus dissolutum) - faltam-lhe nervos e articulaes, flutuante, pois deriva para l e para c e no consegue deslanchar com firmeza e virilidade. No consegue manter os ouvintes atentos, dispersa-se e no se fixa. - Discurso rido e exangue (), podendo ser ser chamado de mirrado (exilis) - frvolo e ignbil, e no condiz com o que caracteriza a figura tnue: um discurso bem composto com palavras simples e escolhidas. - os ornatos conferem dignidade aos gneros do discurso - alternncia de gneros - a variedade evitar o fastio.

17-69 Comodidades da elocuo (17)Elegncia - trs caractersticas necessrias para uma elocuo cmoda e perfeita: elegncia, composio e dignidade (elegantiam, conpositionem, dignitatem). - elegncia: faz com que cada tpico parea ser dito correta e claramente (est, quae facit, ut locus unus quisque pure et aperte dici uideatur). Vernaculidade (Latinitatem) e explanao (explanationem). - vernaculidade conserva a fala pura e evita os vcios de solecismo e barbarismo. - explanao - torna o discurso claro e inteligvel (quae reddit apertam et dilucidam orationem). Dois meios: termos comuns (uerba usitata), presentes na fala cotidiana; termos especializados (uerba propria), especficos do assunto. (18)Composio arranjo de palavras que torna todas as partes do discurso igualmente bem polidas. - evitar: excesso de hiatos, repetio de letras, repetio de palavras, excesso de rimas, excesso de palavras transpostas (de outra lngua). 19-69 Dignidade o que torna o discurso ornado, fazendo-o distinto pela variedade. -- Ornato de palavras e de sentenas. (19)Repetio (repetitio; epanaphor, epibol) iniciao com mesma palavra de vrias sentensas seguidas. Ornato com encanto, gravidade e acrimnia, usado para ornar e elevar o discurso. - Converso (conuersio; antistroph, epiphor) repetio de uma mesma palavra no final

das oraes. (20)Complexo (complexio; symploch, kointes) juno da converso com a repetio. - Transposio (traductio; antimetthesis, synchrisis, antstasis) - permite que usemos seguidamente a mesma palavra sem ferir o bom senso e at tornando mais harmonioso. Consiste no uso da mesma palavra repetidas vezes, variando o caso dela. (21)Classifica como da mesma figura o uso de homnimos, palavas iguais com significados diferentes. - Conteno (contentio; antthesis, anttheton) construo do discurso a partir de contrrios faz o discurso grave e ornado. (22)Exclamao (exclamatio; apostroph, ekphnesis) - forja a expresso de dor ou indignao de algum na invocao de um homem, de uma cidade, de um lugar ou do que aprouver induz o ouvinte a indignao; uso raro, apenas onde e quando a (importncia da) matria exigir. - Interrogao (interrogatio; ertema) s grave e harmoniosa quando, aps a enumerao das coisas prejudiciais causa do adversrio, confirma o que foi dito antes. (23)Arrazoado (ratiocinatio; aitiologia, exetasms) - perguntamos a razo de cada coisa que dizemos pedindo continuamente a ns mesmos a explicao de cada uma das proposies. Ornato adequado s conversaes; retm a ateno dos ouvintes pelo encanto da conversa e pela expectativa das razes. (24)Sentena (sententia; gnme) fraseado tirado da experincia (da vida) que mostra brevemente algo que acontece ou deveria acontecer na vida. (25)Contrrio (contrarium; enthymema) - com a oposio de duas coisas, confirma uma delas rapida e facilmente. Comprova com mais veemncia e resolve o dbio a partir do indubitvel. (26)Membro (membrum; klon) - segmento breve e completo que no expe toda a sentena. Esse ter continuidade em outro membro. - Articulao (articulus; kmma) - separa com pausas cada palavra, num discurso entrecortado. (27)Continuidade (continuatio; perodos) - freqncia densa e ininterrupta de palavras encerrando um pensamento completo. - Paridade (compar; isoklon, parson, parsosis) membros com igual nmero de slabas. (28)Semelhana de desinncia casual (similiter cadens exornatio; homoiptoton) - quando, na mesma construo, duas ou mais palavras apresentam-se com a mesma desinncia. - Semelhana de terminao (similiter desinens; homoiotleuton) - apesar de as palavras serem indeclinveis, seus finais so iguais. (29)Agnominao (adnominatio; paronomasia) - quando a uma palavra ou nome se aproxima outra igual a no ser pela alterao de algum som ou letra de modo que palavras semelhantes se acomodem a coisas diferentes: 1. por subtrao ou contrao da mesma letra; 2. ao contrrio, por aumento; 3. pelo alongamento da mesma letra; 4. por abreviao da mesma letra; 5. acrescentando letras; 6. retirando letras; 7. permutando letras; 8. trocando letras. (30)Com palavras parecidas. (31)Com troca de caso. (32)Devem ser usadas raramente as semelhanas e agnominao, uma vez que so mais adequadas ao deleite que verdade. O acmulo desses ornamentos prejudica a f a gravidade e a severidade do discurso. Ofendem a autoridade do discurso, por substituir dignidade e beleza por lepidez e festividade. O que grandioso e belo agrada por mais

tempo, o que lpido e harmnico satura muito rpido o ouvido, sentido que to fcil se entedia (Quare, quae sunt ampla atque pulchra, diu placere possunt; quae lepida et concinna, cito satietate adficiunt aurium sensum fastidiosissimum). (33)Subjeo (subiectio; hypophor, antypophor) pergunta sobre o que pode ser dito em favor do adversrio ou contra a prpria parte, refutando a possibilidade de favor do adversrio (34) -- H muita acrimnia e gravidade neste ornamento, pois, ao perguntar o que convm ocorrer, subentende-se que aquilo no aconteceu. Assim, conseguimos com muito mais facilidade aumentar a indignidade das aes (Multum inest acrimoniae et grauitatis in hac exornatione, propterea quod, cum quaesitum est, quid oporteat, subicitur id non esse factum. Quare facillime fit, ut exaugeatur indignitas negotii) -- ou de que, na prpria parte, algo seria prefervel ao que, de fato, se fez -- Dessa sucesso de subjees resulta parecer evidente que nada do que foi indagado teria sido prefervel ao que, de fato, se fez. (34)Gradao (gradatio; klmax, epiploch) no passar palavra seguinte sem antes voltar a anterior. Possui certa lepidez a constante repetio da palavra anterior que prpria desse ornamento. (35)Definio (definitio; horisms) - abarca, de modo breve e complexo, as caractersticas prpiras de certas coisas (est, quae rei alicuius proprias amplectitur potestas breuiter et absolute) isto ...; no isto, mas aquilo, porque isto ... e aquilo ...-- Esse ornamento considerado cmodo, porque apresenta to claramente e explica to brevemente a natureza e as propriedades das coisas, que acrescentar qualquer palavra pareceria desnecessrio e dizlo com maior brevidade, impossvel. - Transio (transitio; anamnsis, procthesis) mostra brevemente o que foi dito e enuncia, com igual brevidade, o que se seguir. -- Esse ornamento proveitoso de dois modos: relembra ao ouvinte o que foi dito e prepara-o para o que se seguir. (36)Correo (correctio; epidirthosis, epanrthosis, metnoia) corrige o que foi dito com algo mais idneo procura uma palavra mais adequada que um termo que acaba de ser empregado. -- O nimo do ouvinte comove-se com esse tipo de ornamento, pois algo que, expresso com uma palavra comum, pareceria dito sem nfase, aps a correo do prprio orador, torna-se mais notvel pela pronunciao adequada. (37)Ocultamento (occultatio; paraleipsis, antphrasis) dizer que no vai falar, que ignora ou que no quer dizer exatamente aquilo que j se est falando. -- Esse ornamento til se algo, que no pertinente expor aos outros, puder trazer vantagem quando referido dissimuladamente, ou quando a exposio tenha sido demasiado longa ou ignbil, ou no possa ser demonstrada, ou possa ser facilmente contestada, de modo que levantar a suspeita, indiretamente, seja mais proveitoso do que insistir num discurso que seria refutado. - Disjuno (disiunctum; diezeugmnon, txis) quando dois ou mais membros terminam com verbos com sentido prximo. (38)Conjuno (coniunctio; sinezeugmnon) quando dois membros compartilham de um mesmo verbo, colocado entre os dois. - Adjuno (adiunctio; epezeugmnon) quando, ao dois membros compartilharem de um mesmo verbo, este colocado no incio ou no final. A disjuno presta-se festividade, por isso a empregamos mais raramente para no causar fastio; a conjuno, brevidade, por isso admitida com mais freqncia. - Reduplicao (conduplicatio; anadiplosis, palillogia, epanlepsis) repetio de uma ou mais palavras tendo em vista amplificao ou comiserao. - Interpretao (interpretatio; synonymia) no reitera a mesma palavra com a repetio, mas substitui a que foi usada por outra de igual valor. -- O nimo dos ouvintes necessariamente se comove quando a fora do que foi dito antes renova-se pela interpretao das palavras. (39)Comutao (commutatio; antimetabol, ploch, antimetthesis, synkrisis) - dois pensamentos discrepantes entre si so expressos por meio de uma transposio, de tal modo

que o segundo derive do primeiro contradizendo-o: esse oportet, ut uiuas, non uiuere, ut edas. - Permisso (permissio; epitrop) - mostramos, ao discursar, que confiamos e submetemos alguma coisa inteiramente vontade de algum -- Esse tipo de ornamento, embora tambm possa ser usado em outras ocasies, adequado para provocar a misericrdia com muita veemncia. (40)Dubitao (dubitatio; apora, diapresis) busca-se entre duas ou mais opes o que prefervel dizer. - Expedincia (expeditio) - depois de enumeradas as razes pelas quais algo poderia ter sido feito ou no, exclumos todas, com exceo daquela que intencionamos. (41) Esse ornamento ser de muita ajuda nas argumentaes conjecturais, mas, na maioria dos casos, no poderemos us-lo quando quisermos, apenas quando a natureza do assunto facultar. (41)Desligamento (dissolutum; asyndeton, dilysis) - produz partes separadas, pois suprime as conjunes que unem as palavras, a no coordenao de membros. -- Este tipo de ornamento tem em si acrimnia e veemncia, alm de ser adequado brevidade. - Resciso (praecisio; aposipesis) - depois de dizer algumas coisas, deixa-se inacabado o restante do que se comeou a dizer -- Aqui, a suspeita, calada, consegue ser mais atroz do que a exposio loquaz. - Concluso (conclusio) - com uma breve argumentao, produz o que necessrio que se deduza a partir das coisas ditas ou feitas anteriormente. 42-46 TROPOI - o discurso afasta-se do domnio usual das palavras e, com certo encanto, levado a outro plano (ut ab usitata uerborum potestate recedatur atque in aliam rationem cum quadam uenustate oratio conferatur). (42)Nomeao (nominatio; onomatopoia) - desde que uma coisa no tenha nome ou no o tenha bastante adequado, a nome-la pela imitao ou pela significao com a palavra apropriada. -- Esse ornamento deve ser utilizado raramente para evitar que a freqncia de palavras novas cause averso. Usado com adequao e parcimnia, a novidade no ofende o discurso, adorna-o. - Pronominao (pronominatio; antonomasa) colocar um cognomen no lugar do nome exato - demonstra, com auxlio de um emprstimo, aquilo que o nome prprio no consegue designar. (43)Transnominao (denominatio; metonyma) - tira de elementos prximos ou vizinhos uma expresso pela qual se pode compreender algo que no chamado por seu prprio nome. - a partir do nome da coisa descoberta; - a partir do nome do inventor; - o dono pelo instrumento; - o efeito pela causa; - a causa pelo efeito; - o contedo pelo continente; - o continete pelo contedo. mais difcil fazer a diviso de todas essas transnominaes ao ensinar do que as encontrar quando buscamos, porque so de pleno uso, no s entre poetas e oradores, mas at mesmo na fala cotidiana. - Circunlquio (circumitio; perphrasis) - o discurso que toma uma coisa simples e fazlhe um rodeio na elocuo -- razo de ornar (ornandi ratio) (44)Transgresso (transgressio; hyperbatn) perturba a ordem das palavras por deslocamento ou transposio. -- Uma transposio como essa, que no torna a matria obscura, muito til s continuidades, de que j se falou, nas quais necessrio dispor as palavras de modo a obter certo ritmo potico, para que possam ter um arremate perfeito e muito polido. - Superlao (superlatio; hyperbol) - um discurso que vai alm da verdade para aumentar ou diminuir alguma coisa. Emprega-se separadamente ou com comparao. [...]

Com comparao, a superlao feita pela igualdade ou pela superioridade. - Inteleco (intellectio; synedoch) - quando se compreende o todo por uma pequena parte ou a parte, pelo todo.; (45) plural pelo singular e singular pelo plural: diminuio a fim de festividade, aumento em prol da gravidade. (45)Abuso (abusio; katchresis) - uso de uma palavra semelhante e aproximada em lugar do termo exato e prprio. - Translao (translatio; metaphor) quando a palavra transferida de uma coisa a outra, porque, dada a semelhana, parece possvel transport-la com acerto. Usos: - para por algo diante dos olhos; - para abreviar; - para evitar uma obscenidade; - para amplificar; - para minimizar; - para ornamentar. Sabe-se que a translao tem de ser comedida, de modo que passe coisa semelhante com uma razo, e no parea derivar para algo dissmile temerria e avidamente, sem haver seleo. (46)Permutao (permutatio; allegora) - o discurso cujas palavras demonstram uma coisa, o pensamento outra. Divide-se em trs partes: semelhana, argumento e contrrio. - Faz-se por semelhana quando se acumulam muitas translaes trazidas de um mesmo discurso; - tratada como argumento quando se busca a semelhana de uma pessoa, de um lugar ou de outra coisa, com o fito de aumentar ou diminuir; - tirada do contrrio, como quando algum diz, escarnecendo, que um homem prdigo e esbanjador econmico e parcimonioso. 47-68 Ornamentos de pensamento (sententiarum exornationes) (47)Distribuio (distributio; diiresis, merisms) quando algumas atribuies especficas so designadas a muitas coisas ou pessoas. -- Esse ornamento fecundo, pois condensa muita coisa com brevidade e, ao atribuir a cada qual o seu dever, divide em partes o que vrio. (48)Licena (licentia; parresa) - quando, mesmo perante aqueles a que devemos respeitar ou temer, fazemos uso de nosso direito de dizer algo, porque nos parece justo repreender alguma falta deles ou daqueles que lhes so caros. (49)Se a licena parecer demasiado dura (acrimoniae, pungente), h vrias formas de mitigao para alivi-las: - pelo elogio, que afasta a ira e o desgosto (ab iracundia et molestia remoueat), quando a licena desvia o erro (ab errato deterreat). -- Tanto na amizade como no discurso, esse recurso, se oportuno, muito contribui para que os ouvintes se abstenham do erro, e tambm para que ns, que discursamos, pareamos amigos seus e da verdade. - licena quando repreendemos os ouvintes de modo como gostariam de ser repreendidos (ita obiurgamus eos, qui audiunt, quomodo ipsi se cupiunt obiurgari) a estes se repreende com brandura; - licena quando dizemos, de algo que sabemos ser bem recebido por todos, que tememos como o recebero, mas, ainda assim, a verdade nos obriga a diz-lo (id, quod scimus facile omnes audituros, dicimus nos timere, quomodo accipiant, sed tamen ueritate commoueri, ut nihilosetius dicamus) usa-se de captatio beneuolentiae, e indica estar temeroso da forma como iro receber o que est sendo dito. (50) Duas formas de usar o ornamento da licena: com acrimnia, que, se muito spera, ser mitigada pelo elogio, ou com simulao, que se acomoda ao nimo do ouvinte. (50)Diminuio (deminutio; antenantosis, littes) - quando dizemos que, por natureza, pela fortuna ou pelo empenho h em ns ou em quem defendemos algo de notvel, que

minorado e atenuado no discurso para no parecer uma ostentao arrogante. Usado para evitar inveja e averso: como na vida o comedimento evita a inveja, assim, no discurso, a prudncia evita a averso (Quare quemadmodum ratione in uiuendo fugitur inuidia, sic in dicendo consilio uitatur odium). (51)Descrio (descriptio; diatyposis, hypotyposis) o ornamento que contm uma exposio perspcua, clara e grave das conseqncias das aes. -- Com esse gnero de ornamento, pode-se suscitar indignao ou misericrdia quando todas as conseqncias reunidas se exprimem brevemente num discurso perspcuo. (52)Diviso (diuisio; prosapdosis, dilmmaton) separa uma possibilidade da outra e desenvolve ambas aduzindo uma razo. Esta diviso, diferente da colocada logo aps a narrao, que enumera ou expe as coisas que sero debatidas no decorrer do discurso, apresenta coisas de imediato, apresentando as razes de duas ou mais possibilidades. - Freqentao (frequentatio; synathroisms) aquilo que est disperso por toda a causa reunido num mesmo lugar, para tornar o discurso mais grave, contundente ou incriminatrio. (53)Freqentao nas causas conjecturais, em que as suspeitas, que eram pequenas e fracas ditas separadamente, reunidas num mesmo lugar parecem tornar a coisa perspcua, no apenas suspeitvel. -- Esse ornamento veemente e quase sempre necessrio na constituio de causa conjectural; nos demais gneros de causa e nos discursos em geral pode ser empregado ocasionalmente. (54)Expolio (expolitio; chrea) falar de um mesmo ponto parecendo que se diz a respeito de coisas diferentes: falando exatamente a mesma coisa; falando a respeito da mesma coisa. VOLTAR AQUI. (58)Delonga (commoratio; epimon, parstasis, diatrib) a permanncia morosa e o retorno freqente ao lugar mais seguro, que sustenta toda a causa. muito conveniente utiliz-la e seu uso a marca principal do bom orador. Com efeito, no deixa ao ouvinte a chance de desviar a ateno do ponto mais firme. - Conteno (contentio; antthesis, anttheton) refere coisas contrrias. Encontra-se tanto entre os ornamentos de palavras como entre os ornamentos de sentenas. A diferena entre esses dois tipos de conteno a seguinte: na primeira as palavras relacionam-se prontamente; na ltima, preciso aproximar sentenas contrrias por meio da comparao. (59)Similitude (similitudo; parabol, eikn, eikasa) o discurso que extrai alguma semelhana de coisas distintas. adotada ou para ornamentar, ou para provar, ou para falar mais claramente, ou para colocar algo diante de nossos olhos. E como tomada com esses quatro propsitos, tambm dita de quatro maneiras: usando o contrrio, a negao, o paralelo e a brevidade. Cada um dos motivos de emprego da similitude ser acomodado a um modo especfico de pronunciao. Com o intento de ornar, emprega-se por meio do contrrio. com o objetivo de ornamentar que aqui usamos o smile, de modo que acrescentamos certa dignidade ao discurso. Com o intento de provar se faz por negao. (60)Ser empregado tambm para falar mais claramente chamado, ento, smile por brevidade. Usaremos a similitude com o objetivo de colocar o caso diante dos olhos por meio do paralelo. (61)Nas semelhanas deve-se observar cuidadosamente que, ao apresentar aquilo que foi o motivo de produzir um smile, usemos palavras acomodadas similitude [...] Encontrar os smiles ser fcil se pudermos com freqncia fazer passar diante de nossos olhos todas as coisas, animadas e inanimadas; dotadas ou no da fala; selvagens e domadas; terrestres, celestes e martimas; feitas pela arte, pelo acaso, pela natureza; usuais e inusitadas; e delas

apreender alguma semelhana que possa ou ornar, ou ensinar, ou esclarecer, ou colocar diante dos olhos. No necessrio que a semelhana entre as coisas seja completa, mas preciso que o exato ponto cotejado sustente a similitude. (62)Exemplo (exemplum; pardeigma) o relato de algo feito ou dito no passado com a segurana do nome do autor. usado pelos mesmos motivos que usamos a similitude. Torna as coisas mais ornadas quando empregado apenas em razo da dignidade; mais claras, quando ilumina aquilo que parecia obscuro; mais provveis, quando as faz mais verossmeis; coloca-as diante dos olhos, quando expressa tudo de modo to perspcuo que eu diria ser quase possvel tocar com a mo. - Imagem (imago; eikn) o paralelo entre duas formas com alguma similitude. empregada para elogiar ou vituperar. -- O vituprio para levar averso, inveja ou ao desprezo. (63)Efgie (effictio; characterisms, eikonisms) exprime-se e forja-se com palavras a forma do corpo de algum, o suficiente para que seja reconhecido. -- Este ornamento proveitoso quando se quer designar algum e, encantador, se isso for feito com brevidade e clareza. - Notao (notatio; ephopoia) a descrio da natureza de algum pelos sinais distintivos que, como marcas, so atribudos daquela natureza. (65)Caracterizaes desse tipo, que descrevem o que conforme natureza de cada um, trazem, forosamente, muito deleite, pois do a ver tudo o que caracterstico de algum, seja um vanglorioso [...], um invejoso, um soberbo, um cobioso, um adulador, um amante, um dissoluto, um ladro, um delator, enfim, com a notao, as inclinaes de quem quer que seja podem ser exibidas aos olhos de todos. Sermocinao (sermocinatio; dilogoi) atribui-se a uma pessoa fala que se expe conforme sua dignidade. Sermocinao inferida: acaso no usaro todos destas palavras... (66)Personificao (conformatio; prosopopeia) consiste em configurar uma pessoa ausente como se estivesse presente, tambm em fazer falar uma coisa muda ou informe atribuindolhe ou forma e discurso ou uma ao adequados a sua dignidade. -- especialmente til nas partes da amplificao e da comiserao. (67)Significao (significatio; mphasis) o que deixa a suspeitar mais do que est posto no discurso. Pode ser produzida por exagero, ambigidade, conseqncia, reticncia e similitude. Faz-se por exagero quando se diz mais do que a verdade comporta, para ampliar uma suspeita. Por ambigidade, quando uma palavra pode remeter a duas ou mais sentenas, embora seja tomada na acepo que deseja o orador. -- Ambigidades que tornam o discurso obscuro devem ser evitadas, ao passo que devem ser buscadas as que forjam esse tipo de significao. Sero encontradas facilmente, se conhecermos e observarmos os duplos ou mltiplos valores das palavras. A significao d-se pela conseqncia quando se contam coisas que resultam de outras, colocando tudo sob suspeita. Por reticncia, se interrompermos algo que comeamos a dizer, e o que j tivermos dito for suficiente para lanar suspeitas. Por similitude, quando apresentamos uma semelhana sem nada acrescentar, mas a partir dela significamos o que pensamos.

(68)Brevidade (breuitas; brachyloga, syntoma, epitrochasms) expe algo com o mnimo necessrio de palavras. -- A brevidade expressa muitas coisas condensadas em poucas palavras. Por isso h de ser adotada amide, quando a matria no exige um longo discurso, ou quando o tempo no permite demorar-se. - Demonstrao (demonstratio; enrgeia, hypotyposis, diatyposis) exprimimos um acontecimento com palavras tais que as aes parecem estar transcorrendo e as coisas parecem estar diante dos olhos. Pode-se fazer isso reunindo aquilo que houve antes, depois e na ocasio do ato, ou atendendo-se a suas conseqncias e circunstncias. (69) Esse ornamento muito til para amplificar e apelar misericrdia, pois, com uma narrativa desse tipo, expe todo o ocorrido e coloca-o como que diante dos olhos.