RIBEIRO, Wagner Costa. A ordem ambiental internacional. São Paulo- Contexto, 2005

Embed Size (px)

DESCRIPTION

ordem ambiental

Citation preview

Bibliografia indicada para: Geografia.Acho importante a leitura desta obra. Sugerida na listagem de "leituras adicionais", o livro de Wagner Costa Ribeiro, apesar de compacto (apenas 176 pgs.), trata de temas que no podero ser desconhecidos pelo candidato. claro que este fichamento, pessoal at por definio, no esgotar o livro, assim como o livro, estejamos certos, no esgota o assunto, porm aponta caminhos, aborda conceitos. Sugiro a leitura na ntegra desse livro.RIBEIRO, Wagner Costa. A ordem ambiental internacional. So Paulo: Contexto, 2005.Introduo:Ao iniciar a escrita desta obra, Wagner Costa Ribeiro encontrava-se munido da certeza: a conscincia da escassez de recursos e da impossibilidade de prover a toda populao mundial de bens materiais, segundo os padres de consumo das camadas de renda mdia alta e alta, no suficiente para mudar a atitude dos pases em que a capacidade de consumo maior., o que o envolvia nos seguintes questionamentos- assistir a uma mudana no modo de vida de populaes dominantes no sistema internacional uma utopia ou algo que ser imposto pelas restries que a base natural do planeta impe?;- e se ela ocorrer? Seria entendida como um capitulao por parte dos grupos dominantes ou como uma atitude humanitria?;- Estamos diante da possibilidade de estabelecer um sistema de gesto planetrio adequado gesto de recursos vitais existncia humana para perpetuar a reproduo da vida?Com um sumrio de perguntas dessa ordem, problemtica inserida na pauta da ordem ambiental internacional, ordem que se encontra em construo, com seus avanos e retrocessos, o autor opta pela filiao terica com as idias expressadas por Hans Morgenthau em A poltica entre as naes, por entender que h uma predominncia do realismo poltico nas rodadas da ordem ambiental internacional, porm utiliza-se ainda da teoria da interdependncia proposta por Nye e Keohane.A tradio e os novos paradigmas:Hans Morgenthau apontado como um dos responsveis pela afirmao do realismo poltico entre as teorias de interpretao das relaes internacionais. O autor, alemo emigrado para os EUA poca da II GM destaca em sua obra mais conhecida (A poltica entre as naes, de 1948) algumas premissas como a afirmao do poder como fundamental na ao dos Estados e na salvaguarda da soberania, que significa a autoridade suprema de uma nao [...] que independe da autoridade de qualquer outra nao e igualmente de leis internacionais. Outra das premissas seria o interesse nacional. As premissas das idias de Morgonthau podem ser buscadas em dois clssicos do pensamento poltico: Maquiavel e Hobbes. Em Maquiavel fica destacada a abordagem da moral como submetida ao interesse particular, de onde deve o poder a ser mau, e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade. Quanto a Hobbes, sua contribuio mais significativa teoria do realismo de Morgenthau encontra por ponto de partida o imaginrio do medo, pois o poder natural dos seres humanos dotam-nos de um potencial igualitrio que pode vir a ser exercido de todos contra todos. Necessrio ento torna-se construir uma ordem superior que regule as aes humanas a fim de evitar a instalao da barbrie. Influncia de Maquiavel em seu pensamento, Morgenthau considera como premissas da natureza humana, seu desejo de atingir o poder, de governar. Esse impulso levaria os Estados representaes de diversas sociedades humanas a buscar seus interesses em termos de poder no sistema internacional e a influenciar os demais, de modo a fazer valer seus interesses particulares. Para Wagner Ribeiro, este impulso a principal premissa do realismo poltico.O Realismo poltico sintetizado por Morgenthau em seis princpios:1. O realismo poltico governado por leis objetivas que tem razes na natureza humana.2. O conceito de interesse, definido em termos de poder, o principal elemento das anlises do realismo poltico.3. O realismo admite que a idia de interesse realmente a essncia da poltica e que no afetada pelas circunstncias de tempo e de lugar.4. O realismo poltico est atento ao significado moral da ao poltica.5. O realismo poltico recusa identificar as aspiraes morais de uma nao particular como uma lei moral que governa o universo.6. As diferenas entre o realismo poltico e outras escolas de pensamento so reais e profundas. Entretanto, muitas teorias do realismo poltico tem sido mal interpretadas e mal entendidas. Isso no deve ser contraditrio com sua distino intelectual e atitude moral em matria de poltica.Wagner Costa Ribeiro frisa a importncia da contribuio de Morgenthau aos estudos contemporneos que buscam o entendimento da ordem ambiental internacional, pois para cada documento acordado inmeras reunies foram realizadas at que se acomodassem as diferenas entre as partes, apesar disso, alguns governos no assinaram ou no ratificaram os documentos na salvaguarda do interesse nacional, que par Morgenthau o objetivo da poltica internacional que deve ser sustentada para esse autor, pelo poder militar. Morgenthau faz consideraes sobre a geografia e a geopoltica em relao ao poder nacional; considera ento o poder nacional como o fator que habilita um Estado a inserir-se na Ordem Internacional. Suas idias em termos de Geografia encontram-se fundadas no pensamento do gegrafo alemo Ratzel, sendo que para Morgenthau a Geografia o primeiro elemento que compe o poder nacional, para ele, o fator mais estvel do qual depende o poder de uma nao. Apesar de inspirar-se nos escritos de Ratzel, no entanto em Morgenthau estas idias no refletem uma simples assimilao do determinismo geogrfico alemo, simpatizante das formulaes do gegrafo alemo, Morgenthau opta por uma exposio estratgica das virtudes geogrficas de um pas, quais sejam sua localizao, posio, configurao territorial e elementos naturais que facilitam a defesa ou a consignao de objetivos estratgicos. Quanto Geopoltica, Hans Morgenthau evidencia as concepes do gegrafo ingls Mackinder. Morgenthau entendia a Geopoltica como separada da Geografia, no que valorizava a Geografia como posio estratgica e como base fsica ( a ambiente) que fornece recursos, ao mesmo tempo que condiciona as aspiraes das comunidades humanas. Geopoltica estaria reservada uma viso que considerada parcial pelo autor, poderia conduzir ao uso ideolgico do conhecimento, em especial ao expansionismo germnico.Do ponto de vista de Wagner Costa Ribeiro, no basta compreender o papel da geopoltica no mundo contemporneo, mas ir alm, buscando a compreenso dos mecanismos e dos agentes que a fazem permanentes. Do ponto de vista militar, por exemplo, existe uma ordem internacional que no vai, necessariamente, ser reafirmada quando estudarmos a ordem ambiental internacional ou mesmo a ordem econmica. O autor afirma a existncia de uma ordem ambiental internacional. Seus atores so unidades polticas, ONGs e grupos transnacionais, os quais constroem arranjos diversos para cada situao que se envolvem. A regulao da temtica ambiental depara-se com incertezas cientficas e interesses diversos, configurando um quadro rico e amplo.Wagner Ribeiro julga que as contribuies tericas melhor capacitadas para explicar a ordem ambiental internacional , ordem classificada por ele como um subsistema especfico do sistema internacional com caractersticas de um sistema heterogneo e multipolar, seriam o realismo poltico de Morgenthau, combinado com o conceito de subsistema de Aron e a Teoria da interdependncia. Os pases no estariam to dispostos a cooperar, item sempre presente em convenes internacionais sobre o ambiente, mas sim em aproveitar as novas oportunidades para obter vantagens.Periodizao e GeografiaPeriodizar significa para o autor o estabelecimento de intervalos temporais artificiais para facilitar a compreenso de processos pretritos; no caso da Geografia, Wagner Costa Ribeiro aponta que a importncia reside na identificao de espaos produzidos ao longo do tempo, indicando os projetos que ganharam materialidade a partir do trabalho.O autor adota a periodizao que compreende dos primeiros tratados internacionais at o final da Segunda Guerra Mundial (poca do predomnio das grandes potncias imperialistas); a poca da Guerra Fria (abarcando os tratados referentes Antrtida e Conferncia de Estocolmo, e o perodo ps-Guerra Fria, desde a dcada de 1990.A preocupao em periodizar, nos explica Wagner Ribeiro, partiu da percepo de que os eventos no se sucedem em uma ordem que lhes inata. Ao contrrio, ocorrem engendrados desde o seu nascimento, mesmo que sua articulao ocorra de maneira indeterminada. Na verdade, a indeterminao da histria no sentido das descontinuidades que movem o processo marca as possibilidades que os agrupamentos sociais, voltados implantao de seu projeto, construram. O autor parte do pressuposto que a histria no apenas uma sucesso de fatos, mas produto da articulao dos agentes envolvidos, ganhando a forma de construo humana a partir de projetos que vo se politizando ao longo de sua realizao. A utilizao da periodizao, se explica, segundo o autor, fazendo uso das idias de Milton Santos, pela necessidade de apreenso dos mecanismos que repercutem na produo do espao geogrfico, onde empiricizamos o tempo, tornando-o material, e desse modo torna-se possvel assimil-lo ao espao. Periodizar na acepo de Wagner Ribeiro, rearranjar o tempo, estabelecendo uma escala temporal, de modo a construir fatos histricos relevantes que justifiquem rupturas, reformas e at mesmo continuidades disfaradas de novidades; e neste ltimo caso, destaca o autor, a ideologia assume um papel fundamental.O autor objetiva demonstrar a ordem ambiental internacional e seus atores diante dos desafios e restries apresentados pelos parmetros ambientais, tendo por argumento central que a teoria da interdependncia, apesar de difundida como a mais significativa para pautar a ao das unidades polticas na ordem ambiental internacional, no pode ser assumida integralmente para explicar o que ocorre nas discusses entre os pases-membro nas diversas etapas que integram a ordem ambiental internacional.Wagner Ribeito adverte que apesar dos problemas ambientais repercutirem em escala mais ampla que a delimitada pelas fronteiras dos pases, assiste-se predominncia do paradigma do realismo poltico, sustentador dos interesses nacionais, apesar de alguns autores empregarem uma anlise interdepente. Ao adentrar ao campo da diplomacia, territrio no qual so elaborados os tratados internacionais sobre o ambiente, so percebidos pases que aproveitam para fazer valer seus interesses nacionais, em que pese o fato de no disporem de equipamento militar em nveis competitivos suficientes para intimidar seus oponentes, o que vale para o autor como reafirmao do realismo poltico que sem armas, mas com argumentos e capacidade para promover alianas at mesmo com setores no-estatais, como o caso do movimento ambientalista e de suas numerosas e ativas organizaes e para impor sua premissa bsica que a consignao dos interesses nacionais. Na ordem ambiental internacional, defende Wagner Ribeiro, as alianas so eventuais e variam para cada documento acordado. Muitas vezes um pas assina uma conveno, mas demora anos para ratific-la, e quando o faz, constitui uma outra evidncia de que os interesses nacionais precisam ser contemplados nas negociaes.Dos primeiros tratados Confercia de EstocolmoAs primeiras tentativas de se estabelecer tratados internacionais que regulassem a ao humana sobre o ambiente remontam a 1900, quando a Coroa inglesa realizou em Londres uma reunio internacional para discutir a caa indiscriminada nas colnias africanas. Participaram pases que possuam terras no continente africano: Alemanha, Blgica, Frana, Inglaterra, Itlia e Portugal. Seu resultado foi a Conveno para a Preservao de Animais, Pssaros e Peixes da frica, que visava a conter o mpeto dos caadores e manter animais vivos para a prtica da caa no futuro. Elaborou-se um calendrio para a prtica da caa, documento inovador por prever a proteo de animais, pssaros e peixes. Foram signatrios da Conveno: Alemanha, Congo Belga, Frana, Inglaterra, Itlia e Portugal.A este encontro seguiu-se a Conveno para a Proteo de Pssaros teis Agricultura, acordo firmado em 1902 por 12 pases europeus, protegendo das espingardas de caa os pssaros que de acordo com o conhecimento da poca, eram teis s prticas agrcolas, transportando sementes. Desse acordo, a Inglaterra recusou-se a participar. Em 1933, a Conveno para a preservao da Fauna e da Flora convocada pela Inglaterra, almejava preservar no os animais individualmente, mas a fauna e a flora em seu conjunto. Assinado pelas potncias que mantinham territrios na frica, procurou estabelecer mecanismos de preservao de ambientes naturais na forma de parques, conforme o modelo adotado nos Estados Unidos. Outro momento de destaque, foi o I Congresso Internacional para a Proteo da Natureza, realizado em Paris em 1923, ocasio na qual a preservao ambiental foi discutida.O Tratado Antrtico, firmado em 1 de dezembro de 1959. Esse Tratado, analisado pelo autor a partir da perspectiva da Guerra Fria, tratando-se de um momento em que as superpotncias conseguiram entrar no grupo de pases que discutem o futuro do continente gelado, marginalizando os principais pases que reivindicavam a soberania sobre o territrio da Antrtida: Argentina e Chile. O princpio da Defrontao ou dos Setores Polares foi deixado de lado por interferncia dos pases do Hemisfrio Norte. Por ocasio do ano geofsico internacional agi, criado para nomear os trabalhos sobre as exploses solares (1957-1958), os EUA propuseram em abril de 1958 um tratado para regularizar as aes entrpicas no continente branco, apresentando a necessidade de realizar mais pesquisas para entender melhor a dinmica natural da Antrtida. O Tratado Antrtico foi ratificado pelos pases fundadores: frica do Sul, Argentina, Austrlia, Blgica, Chile, Estados Unidos, Frana, Inglaterra, Japo, Noruega, Nova Zelndia, e URSS, denominados membros consultivos.Alm desse pases, foram incorporados na qualidade de membros consultivos, a Alemanha Ocidental, Alemanha Oriental, o Brasil, a China, a ndia, a Itlia, a Polnia e o Uruguai. Mais tarde outros pases foram admitidos sem o status de membros consultivos, sendo eles: ustria, Bulgria, Coria do Norte, Coria do Sul, Cuba, Dinamarca, Equador, Espanha, Finlndia, Grcia, Holanda, Hungria, Nova Guin, Papua, Peru, Romnia, Tchecoslovquia e Sucia.Com a assinatura em 1 de janeiro de 1942, da Declarao das Naes Unidas em Washington, EUA, assinada por 26 pases aliados, emergia um organismo que em breve evidenciaria preocupaes com a questo ambiental. Quando a ONU foi criada, suas principais aes visavam minimizar os aspectos capazes de criar conflitos entre pases, como a falta de alimentos ou o acesso aos recursos naturais. Criou-se a FAO (Food and Agriculture Organization) voltada para a alimentao e a agricultura com sede em Roma, Itlia. O embrio das discusses ambientais da ONU, surgiram na FAO. oportuno lembrar que o Conselho de Segurana o principal rgo da ONU (composto por 15 pases, sendo cinco permanentes EUA, Rssia, Reino Unido, Frana e China e dez escolhidos a cada dois anos pela Assemblia Geral, que trata-se de outra esfera de deciso da ONU).A UNESCO, criada em 1946, foi at a dcada de 1970, o principal organismo da ONU a abordar a questo ambiental. A meta desse organismo promover o intercmbio cientfico e tecnolgico entre os pases-membro e implementar programas de educao. A UNESCO passou a encaminhar as demandas de organismos mistos, compostos por estados, grupos privados e ongs, apoiando financeiramente as iniciativas da IUPN (International Union for the Protection of Nature) Unio Internacional para Proteo da Natureza uma das mais antigas organizaes conservacionistas do mundo, criada em Fontainebleau, Frana. O Conservacionismo uma das vertentes do ambientalismo. Seus seguidores atuam na busca do uso racional dos elementos dos ambientes naturais da terra. Embasados no conhecimento cientfico e tecnolgico dos sistemas naturais, eles defendem uma apropriao humana cautelosa dos recursos naturais, no que se deve respeitar a capacidade de reproduo e/ou reposio natural das fontes de recursos.Os Preservacionistas radicalizam, propondo a intocabilidade dos sistemas naturais. Essa vertente do ambientalismo tem conseguido implantar reservas ecolgicas, defendendo a retirada de populaes que nelas vive, como ribeirinhos e indgenas, e a moratria da pesca da baleia.As reunies internacionais de tema ambientalista de maior destaque organizadas pela UNESCO foram: A Conferncia das Naes Unidas para a Conservao e Utilizao dos Recursos (1949), A Conferncia da Biosfera (1968), e a Conferncia de Ramsar (1971).A Conferncia das Naes Unidas para a Conservao e Utilizao dos Recursos (1949), levada a efeito em Lake Success, EUA, contou com a participao de 49 pases, sendo a grande ausente, a URSS. No se tinha a expectativa de elaborar durante esta Conferncia, recomendaes e exigncias aos pases-membro da ONU, mas criar um ambiente de discusso acadmica que pudesse indicar a direo a ser seguida pelos atores internacionais, dotando-os de um racionalismo conservacionista embasado no conhecimento cientfico disponvel at aquele momento. A premissa cientfica como norteadora das diretrizes e polticas ambientais uma referncia que passar a ser freqente nas reunies internacionais da ONU sobre o ambiente.A Conferncia Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Cientficas para Uso e Conservao Racionais dos Recursos da Biosfera, conhecida por Conferncia da Biosfera (1968), ocorrida em Paris,Frana, reuniu 64 pases, 14 organizaes intergovernamentais e 13 ongs. Nela foram discutidos os impactos ambientais causados na biosfera pela ao humana. O discurso cientificista dominou a reunio na qual os temas sociais e polticos ficaram em segundo plano, e seu produto mais importante foi o programa interdisciplinar O Homem e a Biosfera (1970), que procurou reunir estudiosos dos sistemas naturais, a fim de estudarem as conseqncias das demandas econmicas em tais ambientes. Wagner Costa Ribeiro destaca dentre os objetivos do Comit de Coordenao (os membros da UNESCO deveriam criar comits nacionais que coordenariam os trabalhos em cada pas e propor temas de pesquisa), alguns objetivos, os quais foram: ....d) Desenvolver sistemas e meios para medir as mudanas qualitativas e quantitativas no ambiente para estabelecer critrios cientficos que sirvam de base para uma gesto racional dos recursos naturais, incluindo a proteo da natureza e para o estabelecimento de fatores de qualidade ambiental; e) Ajudar a obter uma maior coerncia global na investigao ambiental mediante: 1. o estabelecimento de mtodos comparveis, compatveis e normatizados, para a aquisio e o processamento de dados ambientais; 2. A promoo de intercmbio e transferncia de conhecimentos sobre problemas ambientais. f) promover o desenvolvimento e aplicao da simulao e outras tcnicas para a elaborao de ferramentas de gesto ambiental; g) promover a educao ambiental em seu mais amplo sentido por meio de 1. desenvolvimento de material de base, incluindo livros e complementos de ensino, para os programas educativos em todos os nveis; 2. promoo do treinamento de especialistas das disciplinas apropriadas; 3. Acentuao da natureza interdisciplinar dos problemas ambientais; 4. Estmulo ao conhecimento global dos problemas ambientais atravs de meios pblicos e outros meios de informao; 5. promoo da idia da realizao pessoal do homem e sua associao com a natureza e de sua responsabilidade para com a mesma.O autor aponta no item d) a emergncia da cincia como provedora da soluo para os problemas ambientais. A racionalidade seria o elemento central na busca de alternativas de desenvolvimento que permitissem a proteo do ambiente natural. Acreditando que o conhecimento cientfico poderia resolver os problemas da espcie humana, os cientistas envolveram-se na investigao da natureza, buscando criar uma nova medida para a ao antrpica na Terra. Essa medida passaria pelos conhecimento da dinmica de um sistema natural, gerando teorias e tecnologias que embasariam a instrumentalizao dos recursos naturais. Tornadas tambm um recurso para a reproduo ampliada do capital, a cincia e a tecnologia serviram como legitimadoras da explorao dos ambientes naturais, isto , foram transformadas em uma ideologia que embasaria outro tipo de ambientalismo, o ecocapitalismo. Quanto ao item e), o autor aponta para a evidncia de que as premissas cientficas adotadas vieram dos pases centrais, mais avanados no conhecimento dos ambientes naturais e que acabaram tendo sua viso de cincia e de natureza predominando em relao dos demais integrantes dos sistema internacional. Aps a Conferncia da Biosfera uma srie de reunies internacionais foram organizadas para a discusso de aspectos distintos envolvendo a temtica ambiental, em busca da integrao da ordem ambiental internacional.A Conveno sobre Zonas midas de Importncia Internacional especialmente como hbitat de aves aquticas, conhecida como Conveno de Ramsar (1971), ocorrida em Ramsar, Ir, tinha por objetivo central proteger os ambientes em que vivem os pssaros ecologicamente dependentes das zonas midas. Cada parte contratante indicou reas do seu territrio que atendiam ao artigo 1 da Conveno (definio de zonas midas). Reconhecia-se que as aves aquticas, em suas peridicas migraes, podem atravessar fronteiras, devendo ser consideradas um recurso internacional. Aceitava-se a explorao racional da populao migrante, desde que no viesse a afetar a reproduo das espcies. Wagner Costa Ribeiro adverte que o texto final da Conveno de Ramsar encontra-se embasado na tradio do realismo poltico, reconhecendo um objetivo comum s partes, a conveno mantm a soberania como preceito vital do dilogo entre os acordantes, evidncia de que a ordem ambiental internacional complexa e permeada de interesses. Na ordem ambiental internacional, a complexidade dos temas, entremeados pela controvrsia cientfica, amparam interesses e alianas as mais diversas, indicando que as anlises devem ser especficas, dirigidas a cada caso.Digno de nota ainda, seriam as Conferncias sobre educao ambiental, ocorrendo a primeira em Belgrado, Iugoslvia, em 1975, recebendo o nome de Encontro de Belgrado, onde foi elaborada a Carta de Belgrado, a segunda em Tbilisi, Gergia, (1977), denominada como Primeira Conferncia Intergovernamental em Educao Ambiental. Passados dez anos de Tbilisi, ocorreu por iniciativa conjunta da UNESCO, Do PNUMA e da IUCN, o Congresso Internacional de Educao e Formao Ambientais, em Moscou, Rssia, de onde saram as estratgias internacionais para aes no campo da educao ambiental para a dcada de 1990.A Conferncia de EstocolmoA Conferncia sobre Meio Ambiente Humano, conhecida como a Conferncia de Estocolmo, ocorrida na capital sueca em 1972, foi a primeira grande referncia da ordem ambiental internacional, tendo surgido a idia de realiz-la a partir da indicao do Conselho Econmico Social das Naes Unidas ou United Nations Economic and Social Council (ECOSOC), de onde surgiu a idia de organizar-se um encontro de pases para criar formas de controlar a poluio do ar e a chuva cida, dois dos problemas ambientais que mais inquietavam a populao dos pases centrais. Enviada Assemblia Geral da ONU, a indicao foi aprovada em dezembro de 1968. Esta Conferncia marcaria o ambientalismo internacional, inaugurando um novo ciclo de estudos das relaes internacionais. Para organiz-la foi constituda uma Comisso Preparatria formada por 27 pases, da qual o Brasil participou. Apesar desta Comisso, outras mobilizaes ocorreram, como a divulgao do relatrio do Clube de Roma, e a Mesa Redonda de Especialistas em Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizada em Founex, Sua, entre 4 e 12 de junho de 1971. Em Founex, foram lanadas as bases do conceito de desenvolvimento sustentvel. Decorrente da necessidade de discutir temas ambientais que poderiam gerar conflitos internacionais, e apesar de reunir 113 pases, 19 rgos intergovernamentais e 400 outras organizaes intragovernamentais e no governamentais, apenas dois chefes de Estado compareceram reunio: Olaf Palme (Sucia) e Indira Gandhi (ndia). Alm da poluio atmosfrica, foram tratadas a poluio da gua e a do solo provenientes da industrializao, que avanava nos pases at ento fora do circuito da economia internacional. Outro tema abordado foi a presso que o crescimento demogrfico exerce sobre os recursos naturais da Terra. O fim das reservas de petrleo, ponto central quando se aborda esse problema, era um fato j conhecido que s foi massificado com a crise de 1973. Novos atores participaram da Conferncia de 1972: as ONGs, e os grupos ambientalistas mais radicais usaram o frum para protestar contra a pauta definida na reunio oficial, que restringia bastante a participao das ONGs, s quais foram proibidas de assistir s sesses, ficando margem das discusses. Esses grupos alegavam tambm que temas que diziam respeito segurana ambiental do planeta no estavam presentes no debate. Este argumento apoiava uma leitura conservadora do ambientalismo que continuava influenciando, segundo Wagner Ribeiro, parte do movimento ambientalista. Esse segmento, tambm estava influenciado pelas idias difundidas pelo Clube de Roma. O Clube de Roma nasceu da idia de Aurlio Peccei, industrial italiano que reuniu em 1968 um grupo de trinta pessoas de dez pases cientistas, educadores, economistas, humanistas, industriais e funcionrios pblicos de nvel nacional e internacional, propondo-se a discutir os dilemas atuais e futuros do homem, estando entre seus objetivos produzir um diagnstico da situao mundial e apontar alternativas para os lderes mundiais. O maior problema ambiental decorre do aumento da populao, no que parte das ONGs aderiu s teses do crescimento zero. Os pases da periferia insurgiram-se contra esse argumento, pedindo o desenvolvimento, ainda que com ele viesse a poluio. A posio desenvolvimentista saiu vencedora, e os pases perifricos puderam receber investimentos diretos. Suas conseqncias ao ambiente vieram corroborar a diviso internacional dos riscos tcnicos do trabalho, que consiste na propagao de subsidirias poluidoras de empresas transnacionais em pases cuja legislao ambiental no impe restries. Os pases do Leste Europeu, ento integrantes do bloco socialista, e sua regio mais industrializada, negaram-se a participar, sob o argumento de no ter sido dado voto Alemanha Oriental. A no participao os livrava da adeso s normas de controle da poluio do ar. O realismos poltico predominou, e a China tratou de ampliar sua influncia sobre o cenrio internacional, apoiando a posio dos pases perifricos, acusando os pases centrais de neomalthusianismo e sugerindo que se apontasse como principal responsvel pela degradao ambiental sua poltica neocolonialista. Em Estocolmo a soberania dos pases foi salvaguardada e venceu a tese de no-controle externo em relao s polticas desenvolvimentistas que poderiam vir a ser praticadas em cada pas. Alguns dos resultados da Conferncia, foi a Declarao de Estocolmo e o Plano de Ao, o qual deveria ser implementado com o objetivo de operacionalizar os princpio contidos na Declarao, neste plano foram listadas 109 recomendaes para os pases membros das Naes Unidas, versando sobre temas como poluio, avaliao ambiental, manejo dos recursos naturais e os impactos do modelo de desenvolvimento no ambiente humano. O plano acusado de, por sua amplitude, ter ficado no plano das intenes.O Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) foi estabelecido em dezembro de 1972 pela Assemblia Geral da ONU, passando a funcionar em 1973. apontado por Wagner Ribeiro como a maior realizao da Conferncia de Estocolmo, pois passou a catalisar as demandas da rea, sendo alvo de duras crticas, promovidas sobretudo pelas ONGs, que acusaram seus dirigentes de inoperantes politicamente, tendo em vista no conseguirem angariar recursos humanos e financeiros em quantidade necessria para implementar o Plano de Ao. Em um primeiro momento o PNUMA operava como um programa de ao voltado para a temtica ambiental e ganhou aos poucos um peso institucional maior na ONU, embora ainda no possua o prestgio de organismos como a UNESCO ou a FAO. O PNUMA coordena ainda o Fundo Mundial para o Meio Ambiente, o qual conta com a contribuio dos pases filiados, sendo muitas vezes confundido com ele. Aps muita polmica, a sedo do PNUMA foi fixada em Nairbi, Qunia, onze anos depois de sua escolha em 1973. Seu primeiro diretor executivo foi Maurice Strong. Para aplicar o Plano de Ao definido em Estocolmo foram criados: 1) O Programa de Avaliao Ambiental Global, constante de uma rede de informaes destinadas a acompanhar o desenvolvimento de programas ambientais internacionais e nacionais; 2) O Programa de Administrao Ambiental, baseado na falta de determinao dos pases em adotar medidas de conservao ambiental, o PNUMA buscaria implementar convenes e normas que os obrigassem a atuar buscando a conservao ambiental; e, 3) Medidas de Apoio, um amplo programa de capacitao de tcnicos e professores com o objetivo de preparar pessoal para as prticas conservacionistas.Outra iniciativa do PNUMA foi o Programa Earthwatch, que visava a coletar e divulgar informaes sobre o ambiente. Cada pas faria um relatrio informando a situao nacional, para que se pudesse montar um Sistema de Monitoramento Global do Ambiente (SMGA), que acabou sendo criado em 1975, como parte do Earthwatch. Tambm constam das realizaes da Earthwatch o Registro Internacional de Substncias Qumicas Potencialmente Txicas e o Sistema Internacional de Referncia. O primeiro foi um levantamento das situaes que poriam em risco o ambiente a partir da contaminao qumica e o segundo procurou organizar uma rede de informaes ambientais entre pases.A Conferncia de Nairbi, em maio de 1982 teve por objetivo avaliar a atuao do PNUMA. Foi elaborado um novo diagnstico da situao ambiental, tendo-se Estocolmo como referncia; o mundo estava pior que em 1972. Foi avaliado o que foi implementado a partir do Plano de Ao, e constatado que o mesmo fora transformado em exerccio retrico. A mxima de que a pobreza a maior fonte de degradao ambiental, divulgada em Estocolmo, foi reafirmada. Os pobres e seu estilo de vida eram responsabilizados pela devastao de ambientes naturais. Segundo essa viso, em pases perifricos o crescimento populacional ocorre principalmente em reas rurais, o que leva os novos habitantes a ocuparem os ambientes naturais protegidos sua devastao. Mais uma vez poupava-se de crticas o estilo de vida opulento e consumista da sociedade de consumo. Pouco foi dito sobre o excesso de consumo de combustveis fsseis pela populao dos pases centrais e sobre as conseqncias ambientais deste fato para o planeta. Em 1982 a discusso ambiental internacional ainda estava voltada para a poluio e suas conseqncias para a sade da populao. Temas como as mudanas climticas globais seriam introduzidos na pauta internacional mais adiante.O esvaziamento do PNUMA creditado pelo autor por tratar-se de um organismo multilateral constitudo de poder e de condies de atuar em relao a seus afiliados, o que leva a uma perde de autonomia e de soberania, pondo em risco a salvaguarda dos interesses nacionais. O PNUMA, paradigma da Guerra Fria, foi criado para atender uma presso emergente, principalmente de algumas ONGs, e acabou no conseguindo exercer a funo que poderia e que dele se esperava por deciso dos gestores do sistema das Naes Unidas, ou seja, pelos membros com poder de veto do Conselho de Segurana, que atuam a partir de seus prprios interesses, baseados no realismo poltico. Com o passar dos anos, tomou emprestados postulados da teoria da interdependncia, o que melhorou parcialmente seu desempenho. Foi construdo para no funcionar como uma instncia supranacional. Apesar das dificuldades, escreve Wagner Ribeiro, o PNUMA sobrevive e conseguiu reunir um volume de recursos e de atores que no pode ser desprezado. Participa do Global Environmental Facility (GEF) fonte de cobia~de inmeras ONGs e pases com problemas e potenciais ambientais em parceria com o Banco Mundial e o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento.. A Agenda 21, um dos documentos provenientes do CNUMAD, teve sua importncia ampliada, pois foi designado mais uma vez como o responsvel pela implementao das aes que nela constam.De Estocolmo Rio-92Com a criao do PNUMA, foi incrementada a ordem ambiental internacional com um desenvolvimento da abordagem de temas ambientais, no entanto para se explicar a srie de novas reunies em virtude do aumento do conhecimento cientfico sobre as alteraes na atmosfera, em especial sobre a camada de oznio, alm da ao mais contundente das ONGs, que mobilizaram a opinio pblica internacional para os temas ambientais.A Conveno sobre Comrcio Internacional de Espcies de Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extino, realizada em Washington, EUA (1973), passou a vigorar a partir de julho de 1975. A CITES est voltada para uma ampla gama de seres vivos, as espcies esto agrupadas em fauna e flora. A reunio das partes, que ocorre a cada dois anos, tem garantido agilidade a esta conveno. Desse modo, explica Wagner Ribeiro, to logo os estudos gerados por uma comisso especial designada pelas partes indiquem a possibilidade de uma espcie ser extinta, ela torna-se passvel de ser includa na lista de proibio de comrcio. Ocorre uma acalorada discusso entre os pases perifricos e os pases ricos. Os primeiros por se recusarem a aceitar as normas de controle de venda de produtos derivados de animais e/ou plantas que constam dos anexos da CITES. Esse grupo de pases ficou impossibilitado de exercer sua soberania, em funo dos interesses mais amplos da coletividade ambientalista. Por seu lado, os pases ricos no mostram disposio a cooperar, quanto reduo da emisso de gases que intensificam o efeito estufa, quando eles so os maiores responsveis, o que constitui, nas palavras de Laymert Garcia dos Santos, citado por Wagner Ribeiro, uma das encruzilhadas da ordem ambiental internacional.Constam ainda como eventos importantes como estruturadores da sistema internacional, no tocante temtica ambiental temos ainda Conveno sobre Poluio Transfronteiria de Longo Alcance (CPT), a Conveno de Viena para a Proteo da Camada de Oznio (CV), o Protocolo de Montreal sobre Substncias que Destroem a Camada de Oznio (PM) e a Conveno da Basilia sobre o Controle de Movimentos Transfronteirios de Resduos Perigosos e seu Depsito (CTR). Os vrios acordos internacionais listados indicam, segundo o autor, a matriz realista como base das formulaes contidas nos textos finais das convenes, sendo possvel neles identificar a soberania das partes, o que salvaguarda a manuteno dos interesses nacionais. Quanto eficcia desse instrumentos, aponta Ribeiro, no tocante funcionalidade da ordem ambiental internacional, pode se dizer que at antes da CNUMAD ela foi articulada de maneira gradual e conduzida de maneira favorvel aos pases perifricos, discriminados de maneira positiva em vrios documentos. Alm disso, os instrumentos de regulao das relaes internacionais propostos no levaram a um choque de interesses entre os principais pases. Eles simplesmente recusaram-se a participar quando seus interesses no foram contemplados.A Conferncia da Naes Unidas para o Meio Ambiente e o DesenvolvimentoLevada a efeito no Rio de Janeiro, Brasil (1992), a Conferncia da Naes Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento teve por objetivo o estabelecimento de acordos internacionais que mediassem as aes antrpicas no ambiente. A posio do Governo Brasileiro nesta reunio foi publicada na obra O desafio do desenvolvimento sustentvel, na qual encontra-se uma descrio dos problemas ambientais do pas e um balisamento das posies externas do governo nas negociaes preparatrias. Tratou-se nesta Conferncia das mudanas climticas globais e do acesso e manuteno da biodiversidade, na forma de Convenes internacionais. Tambm foram elaboradas duas declaraes: a do Rio, uma carta de princpios pela preservao da vida na Terra e a Declarao de Florestas, que estabelece a inteno de manter as florestas. A Agenda XXI, um plano de ao para a virada do sculo, visando a minimizar os problemas ambientais mundiais, tambm resultado daquela reunio. Outro dado importante foi a participao da sociedade civil organizada por meio de ONGs, pela primeira vez na histria da ONU em uma reunio envolvendo Chefes de Estado. A presso das ONGs resultou na incluso de alguns temas na pauta de negociaes. Na CNUMAD buscava-se a conciliao do binmio conservao ambiental e desenvolvimento, pautado na conferncia a partir do conceito de desenvolvimento sustentvel. O conceito de segurana ambiental global tambm foi destacado no Rio de Janeiro. Dois conceitos centrais ficaram estabelecidos para tratar a ordem ambiental internacional: segurana ambiental global e desenvolvimento sustentvel. Segurana ambiental global faz refletir sobre a necessidade de manter as condies da reproduo da vida humana na Terra, posto que ainda no se tem notcia da existncia de outro planeta com condies naturais semelhantes ao que habitamos, no deixando outra alternativa seno aqui vivermos. A Terra a morada da espcie humana, ao menos por enquanto. O conceito de desenvolvimento sustentvel procura regular o uso dos recursos naturais por meio do emprego de tcnicas de manejo ambiental, de combate ao desperdcio e poluio. O conceito est dirigido portanto para as aes humanas quanto produo das coisas necessrias reproduo da vida, devendo-se evitar que nestas aes ocorra a destruio do planeta.Os participantes da CNUMAD estiveram envolvidos em diversas frentes de discusso, como: a conservao da biodiversidade biolgica, as mudanas climticas e os instrumentos de financiamento para projetos de recuperao ambiental. O que no foi discutido porm, foi o modelo de desenvolvimento que gerou os problemas ambientais listados. Os produtos da CNUMAD como a Conveno sobre Mudanas Climticas (CMC), a Conveno sobre a diversidade Biolgica (CB), a Declarao do Rio, a Declarao sobre Florestas e a Agenda XXI, tornaram-se referncias na Ordem Ambiental Internacional. Wagner Costa Ribeiro defendeu que a anlise dos protocolos firmado mostra alianas polticas bastante particulares. Elas foram articuladas ao longo do processo de negociao pr-reunio, nos Prepcons. Para cada documento produzido, uma dinmica nova se apresentava. Os pases marcavam posies de forma unilateral ou como blocos de pases. A Ordem Ambiental Internacional Aps a CNUMADAps a CNUMAD, outros organismos para a regulao de relaes internacionais sobre o ambiente foram propostos, intervindo diretamente na construo da Ordem ambiental internacional. Exemplos seriam a reunio que resultou na criao da Organizao Mundial do Comrcio OMC, s Reunies das Partes da CB e da CMC e instalao de um sistema de qualidade ambiental, institudo por meio da srie ISSO 14000. Outro ponto de destaque foi a realizao da Conveno para o Combate Desertificao, surgida da Conferncia das Naes Unidas para combater a Desertificao nos pases seriamente Afetados pela Seca e/ou Desertificao, em especial na frica CD, em Paris, em 1994. A OMC, originria das rodadas de negociao do GATT, foi gestada paralelamente s reunies da CNUMAD. Esse organismo multilateral tem como objetivo estabelecer mecanismos que facilitem o comrcio internacional. Diversos interesses porm, fizeram com que ela abrigasse, entre suas atribuies, o controle sobre servios e, principalmente, sobre a propriedade industrial, na forma de patente e copyright. O aumento da vende de tecnologia levou regulamentao das relaes comerciais em escala internacional. evidente que os pases mais interessados em estabelecer um ajuste no comrcio eram os produtores de conhecimento aplicado, como os Estados Unidos, que tiveram um papel decisivo no concerto das naes envolvidas nas rodadas do GATT. Os EUA envolveram pases na adoo de leis internas de propriedade intelectual. Como forma de pressionar os pases a adotarem leis brandas que servissem aos seus interesses, os EUA ameaavam utilizar um dispositivo interno que impe sanes a parceiros comerciais. Trata-se da Omnibus Trade and Competitiveness Act, conhecida mundialmente como Lei Special 301, de 1988. Com esse mecanismo, os EUA estabeleceram a possibilidade de instituir medidas, com o bloqueio de importao ou exgncias tcnicas impossveis de serem alcanadas, aos seus parceiros comerciais. Ao contrrio da experincia da CNUMAD, na OMC o peso dos pases perifricos nas decises foi bastante reduzido. Disso resultou o reconhecimento do patenteamento de microorganismos, posio contrria da CB e aos interesses dos pases detentores de grande estoque gentico, como o Brasil. Quanto srie ISO 14000, trata-se de outra referncia multilateral. um sistema de qualidade e gesto ambiental que na verdade, trata-se da implementao de uma das resolues da Agenda XXI, que criou o grupo de trabalho TC-207. Este grupo, composto por diversos pases, passou a se reunir para estabelecer normas de certificao de qualidade ambiental para grupos empresariais.A Conferncia das Partes das Convenes da CNUMAD: em 1997, chefes de Estado, reunidos em Nova York realizaram uma avaliao das decises da CNUMAD, procurando quantificar o que havia sido implementado. Os resultados foram desanimadores. Quase nada havia sido realizado e as perspectivas eram ainda piores. O Earth Summit, como ficou conhecido, resolveu intensificar as aes na rea ambiental e implementar novos financiamentos para os pases sem recursos para aplicar um manejo sustentado em suas reservas.Aps a CNUMAD, uma srie de reunies alteraram as negociaes internacionais sobre as mudanas climticas. A primeira Conferncia das Partes da CMC ocorreu em Berlim, em 1994. A segunda teve lugar em Genebra, em 1996, a terceira em Kyoto, em 1997, quando se estabeleceu o Protocolo de Kyoto (PK), a quarta em Buenos Aires e a quinta em Bonn. Em Berlin, aprovou-se que, para o ano 2000 fossem mantidos pelos pases desenvolvidos os mesmos nveis de emisso de CO2 medidos em 1990. Instituiu-se um grupo de trabalho para elaborar um plano de controle efetivo das fontes que contribuem para o aquecimento global. A discusso do relatrio final deste grupo ocorreu em Kyoto, no Japo, na Quarta Conferncia das Partes da CMC, em 1997. Em Genebra, as negociaes foram ainda piores do que em Berlin. A deciso de maior destaque foi a aceitao de Kyoto como sede da Terceira Conferncia das Partes da OMC. Decidiu-se ainda, fortalecer e ampliar o prazo para que o grupo de trabalho realizasse a tarefa de aprofundar as pesquisas sobre as mudanas climticas.Em Kyoto assistiu-se a uma das mais importantes rodadas da ordem ambiental internacional. Os dados divulgados pelo IPCC eram preocupantes. O Canad e os Estados Unidos aumentaram as emisses de gases estufas cerca de quatro vezes mais que todos os pases da Amrica Latina. O mundo capitalista passava por mais uma das suas crises cclicas, e diminuir a emisso significava reduzir a atividade econmica, e gerar desemprego. Duas idias ganharam destaque: 1) Transformar a emisso de gases estufa em um negcio (proposta pelos EUA). 2)A criao de um fundo para pesquisas ambientais, tendo como parmetro os ndices de poluio dos pases desenvolvidos (proposta pelo Brasil). Se a proposta norte-americana propunha abrir mais uma frente de negcios, chamados negcios cinza, se implementada, nos informa Wagner Ribeiro, implicaria no direito de poluir, no contribuindo com a mudana do modo de vida, primeira razo a ser ponderada na diminuio dos efeitos da devastao ambiental. A proposta brasileira tinha como base evidncias cientficas: os gases estufa permanecem na atmosfera por cerca de 140 a 150 anos, segundo indicam as pesquisas. Se confirmadas as especulaes de que elas tm como causa a emisso de gases estufa na atmosfera so resultado das emisses pretritas. Sendo assim, o Brasil propunha que os pases emissores de gases no passado, aqueles que realizaram a 1 Revoluo Industrial, fossem responsabilizados pelas mudanas climticas e pagassem pelos danos. O princpio do poluidor pagador era sugerido como medida para regular as relaes sobre as mudanas climticas. Os poluidores deveriam pagar uma taxa que iria para um fundo - o qual recebeu o nome de Fundo para o Desenvolvimento Limpo com o objetivo de financiar o desenvolvimento de tcnicas capazes de reduzir a emisso de gases estufa e de criar maneiras de absorver aqueles que esto na atmosfera.