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Ricardo Bruno: história, processos sociais e práticas de saúde (José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres)

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Este ensaio tem como objetivo revisitara produção intelectual de Ricardo Bruno Mendes-Gonçalves (1946-1996), professor do Departamentode Medicina Preventiva da Faculdadede Medicina da Universidade de São Paulo e umdos teóricos que participou da construção do campoda Saúde Coletiva brasileira nos anos 1970-1990. Partindo de breves informações biográficase bibliográficas, assim como de aspectos relevantesacerca do contexto histórico no qual se situa suaprodução, examina-se os principais trabalhos doautor, seus desdobramentos nas linhas de investigaçãode seus alunos e seu legado de contribuiçõese desafios para a Saúde Coletiva. Destaca-se a gênesee o desenvolvimento de sua Teoria do Processode Trabalho em Saúde e seus aportes para a compreensãoe a investigação empírica das dimensõessócio-históricas das práticas de saúde e para a reconstruçãode saberes e tecnologias no âmbito daReforma Sanitária Brasileira. Ressalta-se, ainda,sua preocupação com a perspectiva ética da práxisacadêmica e, nesse sentido, com a esperança comovalor humano historicamente objetivado e intersubjetivamenteconstruído.

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    1 Departamento de Medicina Preventiva, Universidade de So Paulo. Av. Doutor Arnaldo 455, Cerqueira Csar. 01246-903 So Paulo SP Brasil. [email protected]

    ricardo Bruno: histria, processos sociais e prticas de sade

    Ricardo Bruno: history, social processes and health practices

    resumo Este ensaio tem como objetivo revisitar a produo intelectual de Ricardo Bruno Men-des-Gonalves (1946-1996), professor do Depar-tamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo e um dos tericos que participou da construo do cam-po da Sade Coletiva brasileira nos anos 1970-1990. Partindo de breves informaes biogrficas e bibliogrficas, assim como de aspectos relevantes acerca do contexto histrico no qual se situa sua produo, examina-se os principais trabalhos do autor, seus desdobramentos nas linhas de investi-gao de seus alunos e seu legado de contribuies e desafios para a Sade Coletiva. Destaca-se a g-nese e o desenvolvimento de sua Teoria do Processo de Trabalho em Sade e seus aportes para a com-preenso e a investigao emprica das dimenses scio-histricas das prticas de sade e para a re-construo de saberes e tecnologias no mbito da Reforma Sanitria Brasileira. Ressalta-se, ainda, sua preocupao com a perspectiva tica da prxis acadmica e, nesse sentido, com a esperana como valor humano historicamente objetivado e inter-subjetivamente construdo. Palavras-chave Sade coletiva, Medicina social, Medicina/histria, Cincias da sade, Ateno sade

    abstract This essay has the objective of revisiting the intellectual output of Ricardo Bruno Mendes-Gonalves (1946-1996), Professor of the Depart-ment of Preventive Medicine of the Faculty of Medicine of the University of So Paulo and one of the theoreticians who participated in the con-struction of the field of Brazilian Collective Health during the years 1970-1990. On the basis of brief biographical and bibliographical information, as well as relevant aspects regarding the historical context in which his output is located, I examine the principal works of the author, their effects on the lines of investigation of his pupils and his leg-acy of contributions and challenges for Collective Health. I highlight the genesis and development of his Theory of the Health Work Process and his contributions to the understanding and empirical investigation of the socio-historical dimensions of health practices and for the reconstruction of knowledge and technologies in the context of the Brazilian Health Sector Reform. In particular, I highlight his concern with the ethical perspective of academic praxis and in this sense, with hope as a human value which is historically objectified and intersubjectively constructed.Keywords Collective health, Social medicine, Medicine/History, Health sciences, Attention to health

    Jos Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres 1

    DOI: 10.1590/1413-81232015203.00112015

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    angelus novus

    Quando Paul Klee (1879-1940) criou o seu Angelus Novus, em 1920, certamente no poderia imaginar que essa imagem se tornaria mundial-mente conhecida como smbolo da histria. Essa identidade, que imortalizaria o desenho como o Anjo da Histria, decorreu do fascnio que a obra produziu em Walter Benjamin (1892-1940) e da interpretao que o filsofo e escritor ale-mo daria a ela nas suas Teses sobre o Conceito de Histria, redigidas 20 anos depois1. Esse pro-fundo pensador leu nos olhos escancarados, na boca dilatada e nas asas abertas e imobilizadas do Anjo o horror de um progredir incessante e implacvel, que, como um vento forte que sopra desde o passado, empurra-o, de costas para o fu-turo, fazendo-o testemunhar a barbrie que se acumula e impedindo-o de resgatar aqueles que vo sucumbindo sob seus destroos.

    No posso deixar de me remeter a essa for-te imagem de Klee e sua inspiradora interpreta-o por Benjamin no momento em que revisito a obra de Ricardo Bruno Mendes Gonalves, ou simplesmente Ricardo Bruno, como era conheci-do na Sade Coletiva brasileira. Esta associao decorre menos de lastros conceituais da tradio intelectual de Benjamin na produo de Ricardo Bruno que de uma vinculao esttica e tica.

    Na contemplao da imagem do Anjo, ao contrrio do que se poderia supor em um pri-meiro momento, experimenta-se um sentimento que no o do horror imobilista frente viso da barbrie, muito menos o da indiferena. No mero detalhe o fato de ser um anjo aquele que nos revela a histria. O Anjo encarna a histria, ele a torna visvel para ns. Embora suas asas es-tejam paralisadas pela fora do vento, elas esto assim mesmo porque opem resistncia ao ven-to; o anjo no se deixa levar dando as costas para o passado. O Anjo caminha para o futuro me-dida mesma que vai experimentando a fora do passado em suas asas. Como anjo, ele mensagei-ro, ele encarna a mensagem. E no h como no ver nas feies quase pueris do Anjo de Klee/Ben-jamin um frescor de renovao, uma esperana de superar a barbrie, sem dar as costas histria, ou exatamente por no dar as costas histria.

    H, assim, um compromisso com o Bem no Anjo da Histria. Mas um Bem que no uma ideia abstrata, nem uma vivncia individual, e sim uma construo contraftica ao mal que se materializa no sofrimento do outro, no padeci-mento das pessoas de carne e osso atingidas pelas violncias e negligncias de aes concretas acu-muladas na e pela histria. O que nos une, com

    a mediao do Anjo, na preocupao em resgatar essas pessoas dos destroos da barbrie, no ou-tra coisa que a comunidade de origem e destino que nos vincula a elas como humanos, que nos identifica como gnero humano, de onde vem a esperana de superao do mal.

    Eis aqui as afinidades com a contribuio de Ricardo Bruno construo do campo da Sade Coletiva no Brasil. De um lado, por seu esforo de trazer a histria, em sua materialidade radi-cal, para dentro do pensamento social em sade. De outro lado, sua determinao de faz-lo sem nunca perder de vista o sentido tico desse resga-te histrico e da prxis cientfica de modo geral. Historicidade, materialismo, sade como valor concreto para o gnero humano, a esperana como virtude a ser perseguida na prxis cientfica da Sade Coletiva: essas so as ideias que me pa-recem caracterizar mais fortemente o legado de Ricardo Bruno escola2 que ele ajudou a cons-truir na Sade Coletiva.

    Embora, pela natureza deste ensaio, seja man-datrio trazer ao leitor alguns dados biogrficos e notcias sobre o conjunto de sua obra, no tenho a pretenso de percorrer aqui a totalidade da pro-duo e esgotar a pluralidade das contribuies de Ricardo Bruno. O leitor perceber que a nfase recair sobre alguns trabalhos considerados mais expressivos e sobre determinados constructos te-ricos ali difundidos. Espero que essas escolhas no enviesem demasiadamente a leitura de sua obra, empobrecendo a compreenso do seu sen-tido geral, mas, ao contrrio, que sejam um es-tmulo a que novas leituras e releituras venham imprimir renovadas potncias ao dilogo a que no nos cessa de convidar a poderosa construo intelectual desse saudoso mestre.

    Breves notas biogrficas e bibliogrficas

    Ricardo Bruno nasceu em 2 de agosto de 1946, na cidade de So Paulo. Aluno destacado em to-das as fases de sua formao, ingressou na Facul-dade de Medicina da Universidade de So Paulo (FMUSP) entre os primeiros lugares, posio que manteve durante toda sua graduao. Formou-se em Medicina em 1971 e, durante os anos de 1972 a 1974, cursou a Residncia Mdica em Medicina Preventiva e Social no Departamento de Medici-na Preventiva da FMUSP (DMP). Integrou a esta formao o Curso de Especializao em Sade Pblica, ministrado, em 1977, pela Faculdade de Sade Pblica da USP.

    J no ano de 1975, ingressou na carreira do-cente no DMP, vindo a trabalhar com importantes docentes desse Departamento e figuras de grande

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    importncia na construo acadmica da Sade Coletiva brasileira, como o Professor Guilherme Rodrigues da Silva (1928-2006) e a Professora Maria Ceclia Ferro Donnangelo (1940-1983)3.

    Foi Donnangelo, sem dvida, a principal interlocutora em sua trajetria acadmica, no apenas pelos laos institucionais estabelecidos por sua condio de mais prximo colaborador intelectual, mas, especialmente, por ter estabe-lecido com sua obra principal4 um dilogo te-rico que jamais abandonaria: a investigao da consubstacialidade tecnossocial das prticas de sade e a busca da apreenso e manejo desta nos saberes aplicados s aes tcnicas e polticas vol-tadas sade coletiva.

    Ricardo Bruno defendeu seu mestrado em 19795, publicado em livro alguns anos depois6, e em 1986 seu doutorado7, tambm publicado pos-teriormente8.

    Ao longo de sua carreira docente, teve ativa atuao em diversos fruns de construo aca-dmica e poltica do campo da Sade Coletiva, junto Associao Brasileira de Sade Coletiva (Abrasco). Conduziu regularmente grupos de es-tudo com a Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto e desenvolveu tambm intercmbios im-portantes com a Universidade Federal da Bahia e a Escola Nacional de Sade Pblica. Contribuiu significativamente para a formao de quadros, internamente Universidade e em atividades de extenso. Especialmente relevante, nesse aspecto, foram suas atuaes junto ao Curso de Aperfei-oamento e Desenvolvimento de Recursos Hu-manos (CADRHU), elaborado em 1987 a partir de parceria entre a Organizao Pan-americana de Sade, o Ministrio da Sade e diversas insti-tuies acadmicas, e ao Centro de Formao de Recursos Humanos da Secretaria Municipal de Sade de So Paulo (CEFOR), durante o governo de Luiza Erundina frente da Prefeitura do Mu-nicpio de So Paulo (1989-1993).

    Ricardo faleceu por aids em 1996, mesmo ano em que chegava ao Brasil a terapia antirre-troviral combinada, o chamado coquetel, infe-lizmente no a tempo de benefici-lo. Por ironia do destino, o elaborador da Teoria do Processo de Trabalho em Sade deixou-nos justamente no dia 1 de maio, em que se comemora no Brasil o Dia do Trabalho.

    A obra escrita que Ricardo Bruno deixou no muito volumosa e alguns materiais so de difcil acesso uma compilao desta produo encontra-se no Quadro 1. Sua influncia foi, no obstante, muito expressiva e se faz sentir at hoje, com seus trabalhos sendo ainda citados quase 20

    anos aps sua morte. Partindo da consubstancia-lidade tecno-social das prticas de sade, Ricardo desenvolveu sua Teoria do Processo de Trabalho em Sade, quadro conceitual que, a partir de premissas do materialismo histrico e do estru-turalismo gentico, forneceu bases consistentes e profcuas para uma ampla gama de estudos no campo da sade.

    teoria do Processo de trabalho em sade

    Para melhor compreender a produo inte-lectual de Ricardo Bruno, cabe lembrar, especial-mente aos leitores das novas geraes, o contexto em que foi produzida. Como o prprio movi-mento da Reforma Sanitria Brasileira (RSB), Ricardo iniciou seu desenvolvimento acadmico no perodo da ditadura militar, juntando-se a um conjunto de intelectuais e profissionais da sade que criticavam a situao de exceo, de cercea-mento das liberdades democrticas e perseguio poltica, e as repercusses dessa situao sobre o quadro sanitrio do pas, marcado por profundas desigualdades e dificuldades. Neste contexto, no de se estranhar que a tradio discursiva da Me-dicina Social9, originada na Europa revolucion-ria do incio do sculo XIX, tenha se tornado uma forte influncia na sade pblica brasileira. Deste movimento de ideias, atualizado em terras brasi-leiras pelos desenvolvimentos tericos vindos do marxismo e do estruturalismo da primeira meta-de do sculo XX, pela experincia local de pobre-za e desigualdade social e pela resistncia poltica ao regime militar, reteve-se a firme percepo das relaes entre as condies de sade da populao e a organizao da vida social (poltica, econmi-ca, cultural) e a convico de que no se poderia alterar a primeira sem transformar a segunda.

    Nesse sentido, a Medicina e suas tecno-cincias precisavam ser despidas de sua aura de neutralidade e o fazer dos mdicos (e de outros profissionais de sade) de seu carter quase sa-cerdotal, para serem entendidos como prticas sociais que eram. Eles precisavam ser compre-endidos como elementos estruturados historica-mente no mbito de interesses de sujeitos concre-tos, temporal e geograficamente localizados, que os construram segundo possibilidades material e ideologicamente delimitadas. Somente esta apropriao crtica poderia trazer luz seus vie-ses polticos e limites prticos, criando condies para sua reconstruo de forma consubstanciada reconstruo da vida social de modo mais geral.

    Os trabalhos de Srgio Arouca10 e Ceclia Donnangelo4 foram paradigmticos desse mo-

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    Quadro 1. Bibliografia de Ricardo Bruno Mendes Gonalves (1979-1996).

    1979. Mendes-Gonalves, R. B. Medicina e histria: razes sociais do trabalho mdico. So Paulo [Dissertao de Mestrado Fa-culdade de Medicina da USP], 209 p.1984. Mendes-Gonalves, R. B. Medicina y histria: races sociales del trabajo mdico. Mxico D.F.: Siglo Veintiuno, 1984 (publi-cao em espanhol da dissertao de mestrado de 1979), 204 p.1985. Mendes-Gonalves, R. B. Reflexo sobre a articulao entre a investigao epidemiolgica e a prtica mdica a propsito das doenas crnicas degenerativas. In: Carvalheiro, J. R. (Org.). Textos de Apoio Epidemiologia I. Rio de Janeiro: ABRASCO, PEC/ENSP, p. 31-881986. Mendes-Gonalves, R. B. Tecnologia e organizao social das prticas de sade: caractersticas tecnolgicas do processo de trabalho da rede estadual de Centros de Sade de So Paulo. So Paulo [Tese de Doutorado Faculdade de Medicina da USP], 416 p.1986. Pellegrini Fo., A. et al. Pesquisa em Sade Coletiva. Estudos de Sade Coletiva 4: 41-52.1986. Silva, J. A.; Mendes-Gonalves, R. B.; Goldbaum, M. Ateno primria em sade: avaliao da experincia do Vale do Ri-beira. Braslia: Ministrio da Sade, 173 p.1987. Mendes-Gonalves, R. B. O campo de atuao do mdico sanitarista. In: Formao, aperfeioamento e campo de atuao do mdico sanitarista (VI Encontro de Mdicos Sanitaristas). So Paulo: Associao dos Mdicos Sanitaristas do Estado de So Paulo.Associao dos Mdicos Sanitarista, p. 5-9. 1987. Mendes-Gonalves, R. B., Elias, P. E. M.; Marsiglia, R. G. Contribuio para o debate sobre residncia em Medicina Preven-tiva e Social. Estudos de Sade Coletiva 5: 41-52.1988. Mendes-Gonalves, R. B. Prticas de sade e tecnologia: contribuio para a reflexo terica. Braslia: Organizao Pana-mericana de Sade (Srie Desenvolvimento de Sistemas de Sade No. 6), 68 p.1988. Mendes-Gonalves, R. B. Processo de trabalho em sade. So Paulo: Departamento de Medicina Preventiva (Texto de apoio ao CADRHU). [mimeo] 22 p.1988. Mendes-Gonalves, R. B. Trabalho em sade e pesquisa: reflexo a propsito das possibilidades e limites da prtica de enfermagem. In: Anais do V Seminrio Nacional de Pesquisa em Enfermagem. Belo Horizonte: Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem, p. 27-39.1989. Mendes-Gonalves, R. B. Prefcio. In: Almeida Fo., N. A. Epidemiologia sem nmeros: uma introduo crtica cincia epidemiolgica. Rio de Janeiro: Campus. 1989. Mendes-Gonalves, R. B.; Schraiber, L. B.; Nemes, M. I. B. Seis teses sobre a ao programtica em sade. Espao para a Sade. 1(1): 34-43. 1990. Mendes-Gonalves, R. B. Reflexo sobre a articulao entre a investigao epidemiolgica e a prtica mdica a propsito das doenas crnicas degenerativas. In: Costa, D. C. (Org.) Epidemiologia: teoria e objeto. So Paulo: HUCITEC, p. 39-86 (ree-dio do texto publicado em Textos de Apoio Epidemiologia I, em 1985).1990. Mendes-Gonalves, R. B.; Schraiber, L. B.; Nemes, M. I. B. Seis teses sobre a ao programtica em sade. In: Schraiber, L. B. (Org.). Programao em sade hoje. So Paulo: HUCITEC, p. 37-63 (tambm editado em Espao para a Sade 1(1), em 1989).1991. Mendes-Gonalves, R.B. A sade no Brasil: algumas caractersticas do processo histrico nos anos 80. So Paulo Em Pers-pectiva. 5(1):99-106.1991. Mendes-Gonalves, R. B. O processo tecnolgico do trabalho em sade. Divulgao em Sade para Debate. 4:97-1021991. Marsiglia, R. G.; Mendes-Gonalves, R. B.; Carvalho, E. A. A produo do conhecimento e das prticas. Terapia Ocupacio-nal. 2(2/3): 114-126. 1992. Mendes-Gonalves, R. B. Ceclia Donnangelo hoje. Sade e sociedade 1(1):3-5.1992. Mendes-Gonalves, R. B. Prticas de sade: processos de trabalho e necessidades. So Paulo: CEFOR (Cadernos CEFOR Textos 1), 53 p. (verso ampliada do texto de apoio produzido para o CADHRU em 1988).1994. Schraiber, L. B.; Mdici, L. B. Mendes-Gonalves, R. B. El reto de la educacin mdica frente a los nuevos paradigmas eco-nmicos y tecnolgicos. Educacin Mdica y Salud 28(1): 20-521994. Mendes-Gonalves, R. B. Tecnologia e organizao social das prticas de sade: caractersticas tecnolgicas do processo de trabalho em sade na rede estadual de centros de sade de So Paulo. So Paulo: HUCITEC-ABRASCO. 278 p.1995. Mendes-Gonalves, R. B. Prefcio. In: Ayres, J. R. C. M. Epidemiologia e emancipao. So Paulo: HUCITEC, 1995, p. 13-20.1995. Mendes-Gonalves, R. B. Epidemiologia e emancipao (Resenha). Histria, Cincias, Sade - Manguinhos, 2(2): 138-141. (reproduo parcial do Prefcio a Epidemiologia e Emancipao).1995. Mendes-Gonalves, R. B. Seres humanos e prticas de sade: comentrios sobre Razo e Planejamento. In: Gallo, E. (Org.) Razo e planejamento: reflexes sobre poltica, estratgia e liberdade. So Paulo: HUCITEC, p. 13-31.1996. Schraiber, L. B.; Nemes, M. I. B.; Mendes-Gonalves, R. B. (Orgs.) Sade do Adulto: aes e programas na unidade bsica. So Paulo: HUCITEC, 1996.1996. Schraiber, L. B.; Nemes, M. I. B.; Mendes-Gonalves, R. B. Apresentao. In: Schraiber, L. B.; Nemes, M. I. B.; Mendes-Gon-alves, R. B. (Orgs.) Sade do Adulto: aes e programas na unidade bsica. So Paulo: HUCITEC, p. 23-28.1996. Schraiber, L. B.; Mendes-Gonalves, R. B. Necessidades de sade e ateno primria. In: Schraiber, L. B.; Nemes, M. I. B.; Mendes-Gonalves, R. B. (Orgs.) Sade do Adulto: aes e programas na unidade bsica. So Paulo: HUCITEC, p. 29-47.

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    vimento no Brasil, e so considerados cannicos de um conjunto de estudos tericos e aplicados que foram se desenvolvendo no contexto da RSB. Na trilha destes estudos, Ricardo Bruno produziu seu mestrado sobre Medicina e Histria5, a que nos referiremos, a partir de agora, pela sigla MH.

    Apesar de, na maior parte das vezes, o dou-torado marcar a contribuio particular de um autor para seu campo de atuao e, no caso de Ricardo Bruno, ter sido, talvez, seu trabalho mais difundido e impactante, julgo que MH tem um papel central no conjunto de sua obra. Embora relativamente pouco lido e citado, sem MH no haveria a Teoria do Processo de trabalho em Sa-de e toda a derivada gama de investigaes dela desdobrada.

    Essa afirmao pode ser conflitante com a impresso causada por uma primeira leitura (ou releitura) desse estudo hoje. Ao percorrermos as pginas de MH ele parece um estudo datado. A filosofia marxiana que lhe sustenta est bastan-te presa leitura estruturalista dos anos 1970, sem sinais, ainda, das reconstrues metacrti-cas que iriam lhe dar novas feies nos anos 80 e 90 inclusive na produo do prprio autor. As relaes entre infraestrutura e superestrutura so interpretadas de forma ainda algo mecni-ca, determinista, pouco sensvel a outras fontes de normatividade social; pouco atenta aos pro-cessos comunicativos dinmicos e tensionadores das instituies, especialmente facilitados pelos rpidos e capilares meios de comunicao da era digital. H, por fim, uma grande preocupao com a definio do carter produtivo (ou impro-dutivo) do trabalho em sade (foco de um deba-te com Arouca) que hoje parece completamente ociosa frente s transformaes pelas quais passa a vida social no capitalismo tardio no qual a progressiva e ilimitada incorporao de tecnolo-gia material aos processos de trabalho, a extensi-va mediao institucional das relaes de produ-o e a mercadorizao da noo de bem-estar social, entre outros aspectos, tornam cada vez mais imbricados e interdependentes os diversos momentos da reproduo material das socieda-des contemporneas.

    No entanto, no deixa de impressionar at hoje o rigor terico e a competncia com que Ri-cardo desconstri a imagem do mdico (e, com ele, do trabalhador da sade de modo geral) como algum colocado margem da histria, produ-zindo e usando saberes racionais, objetivos e ver-dadeiros em prol de um bem universal e abstrato chamado sade. Rigor e competncia que, por outro lado, mantm sua argumentao a salvo de

    qualquer deslize panfletrio ou maniquesta, que precise reduzir o mdico a um mero intelectual orgnico da burguesia ou a Medicina a uma cons-truo ideolgica estritamente voltada ao controle da fora de trabalho e legitimao de sua domi-nao (sem, contudo, deixarem de s-lo tambm).

    Talvez essa caracterstica tenha custado a MH a pouca popularidade que alcanou poca de sua publicao, em um tempo to polarizado politicamente. Mas o fato que, com a pacincia histrica do trabalho terico, a perspectiva con-ceitual alcanada por Ricardo Bruno contribuiu para a construo de aproximaes ao estudo das prticas de sade no Brasil nas quais o materialis-mo e a histria passaram a ser no apenas formas de expressar uma tomada de posio poltica, de denncia crtica, mas configurou positivamente possibilidades de pesquisa terica e aplicada de carter reconstrutivo. A influncia de autores como Antonio Gramsci (1891-1937), inicialmen-te, e Gyrgy Lukcs (1895-1971) e Lucin Gold-mann (1913-1970), mais adiante, talvez explique sua sensibilidade ao devir histrico e ao papel dos sujeitos e suas interaes nesse devir, permitindo no apenas escapar de dogmatismos marxistas como apostar nas possibilidades reconstrutivas pelo interior mesmo das prticas de sade.

    De forma brilhante, Ricardo Bruno desen-volve em MH a caracterizao da dupla posio dos mdicos nas sociedades capitalistas. De um lado, pertencem elite intelectual que formula os projetos sociais hegemnicos, baseados na legiti-midade e poder prtico das cincias mdicas. De outro lado, so trabalhadores que produzem ser-vios e, enquanto tal, so dominados no apenas pelas relaes de produo que progressivamente definem seus modos de trabalho e de vida (por regimes de formao e emprego, remunerao, status social, etc.), mas tambm pelo progressi-vo poder da tecnologia em determinar o valor das cincias (das quais os mdicos seriam os su-postos senhores) e o lugar dos profissionais nos processos de trabalho em sade concretamente operados. Ora, exatamente nesta situao con-traditria que Ricardo Bruno enxerga as poten-cialidades emancipadoras de uma prtica terica que se dedique a explorar o modo como as tec-nologias se relacionam com as cincias da sade e seus sujeitos. Apostar em uma compreenso cientificamente slida e politicamente consciente destas tecnologias pode tensionar e transformar posies de sujeitos, relaes de poder e, portan-to, projetos coletivos de sade e de sociedade.

    Com isso, MH termina deixando aberta mais que uma linha, um verdadeiro programa de in-

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    vestigaes, capaz de estimular e subsidiar diver-sas escolas dentro da Sade Coletiva brasileira e latino-americana. Em um breve e no exaustivo inventrio dessas investigaes em sua prpria escola, vale destacar, alm de seu prprio douto-rado7, estudos de colegas, colaboradores e alunos sobre trabalho mdico11, tecnologias mdicas12, avaliao de tecnologias de ateno bsica13, pla-nejamento em sade14, aspectos epistemolgicos e filosficos das prticas de sade15-18 e os diver-sos estudos aplicados ao servio experimental de ateno primria que Ricardo ajudou a implantar e desenvolver, o Centro de Sade Escola Samuel Barnsley Pessoa, ou Centro de Sade Escola do Butant19,20, onde a experimentao de modelos tecnolgicos alternativos segue em seu propsi-to de colaborar para a construo de prticas de sade inclusivas e emancipadoras21.

    No seu doutorado8, sobre a Organizao Tecnolgica do Trabalho nas unidades bsicas do Estado de So Paulo, que abreviaremos por OT, o quadro conceitual construdo no mestra-do foi amadurecido a ponto de configurar uma Teoria do Processo de Trabalho em Sade. Alm do desenvolvimento conceitual, um estudo em-prico qualitativo, que combinou a observao de servios com entrevistas a profissionais, buscou apreender a materialidade e a historicidade das prticas de sade no contexto concreto da sa-de pblica paulista. O quadro terico foi, ento, posto prova, e de modo bem sucedido. Ricardo Bruno identificou nesse estudo a polarizao dos saberes operados concretamente nas unidades de sade em torno de duas modalidades-tipo de ra-cionalidade aplicada: a clnica e a epidemiologia. Demonstrou como esses polos abstratos esto relacionados a processos de trabalho que impli-cam objetos, instrumentos e finalidades estrutu-ralmente interdependentes, mas diversos o sufi-ciente para sancionar ou obstaculizar diferentes perspectivas subjetivas e projetos tecnopolticos em confronto na organizao da ateno sade em construo no pas.

    Nesse sentido, OT constitui-se como potente crtica tanto ao empobrecimento da incorpora-o da racionalidade epidemiolgica ateno bsica, onde ela teria um papel fundamental a cumprir, quanto proposio de aes voltadas sade coletiva insensveis importncia da racionalidade clnica na construo de prticas efetivamente capazes de dialogar com as popu-laes e suas necessidades de sade. Em outras palavras, descontruiu o tecnicismo conservador que autonomiza e polariza essas duas esferas de saber e apontou para a integrao clnico-epide-

    miolgica como um horizonte de superao de compreenses individualistas, naturalizadoras e tecnocrticas da organizao tecnolgica da ateno primria.

    Desnecessrio enfatizar as aberturas trazidas por OT ao campo da Sade Coletiva, que se es-tende, como apontado nos trabalhos acima cita-dos, das possibilidades de revisita histrico-epis-temolgica aos saberes da sade proposio de novos arranjos entre saberes e tecnologias (e seus sujeitos) nos servios de sade. Mas dessas aberturas surgiram tambm as evidncias de fra-gilidades, lacunas e insuficincias da Teoria do Processo de Trabalho em Sade. Infelizmente Ri-cardo no viveu o suficiente para trabalhar sobre elas, mas chegou a nos deixar alguns indcios do modo como as interpretava e os caminhos pelos quais poderiam ser elaboradas.

    de necessidades e esperana

    medida em que se foi aplicando, criticando e desenvolvendo a Teoria do Processo de Trabalho em Sade, e medida em que, simultaneamente, foi-se modificando o contexto social, poltico e acadmico no seu entorno, Ricardo Bruno foi se interessando cada vez mais pelo que se poderia chamar do momento do consumo nas relaes de produo. Ou seja, mais e mais a dimenso das necessidades de sade e suas implicaes sobre a demanda por ateno e respostas dos servios de sade, mais que os aspectos estruturais dos pro-cessos de produo em si mesmos, foram domi-nando o seu interesse. Este movimento fica claro quando comparamos seu primeiro texto sistem-tico de difuso da Teoria do Processo de Trabalho em Sade22 com sua verso ampliada, reeditada alguns anos depois23.

    A influncia terica mais importante nesse movimento foi, sem dvida, o trabalho da filsofa neomarxista, discpula de Lukcs, Agnes Heller24. Na revisita que a autora faz s obras filosficas de Marx, em uma busca dos sentidos a encontrados para a noo de necessidades humanas, Ricardo Bruno enxerga uma produtiva atualizao da on-tologia marxiana, de certa forma depurando-a da rigidez das leituras estruturalistas. A recuperao por Heller de um sentido forte de histria como devir e a abertura que dava presena positiva dos valores e sua construo intersubjetiva, sus-tentada na dialtica entre necessidades necess-rias e necessidades radicais, parece ter respon-dido autocrtica que Ricardo fazia, ento, ao que chamou de concepo negativa de historicidade, funcionalismo a contragosto e insuficincias

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    oletiva, 20(3):905-912, 2015

    do conceito de estrutura nos estudos da Teoria do Processo de Trabalho em Sade2. Apreender a organizao tecnolgica das aes de sade pela via das necessidades, tais como enxergadas pelos profissionais e pelos seus potenciais beneficirios, mostrava-se um caminho fecundo para dar po-sitividade presena inexorvel do sentido tico, do valor normativo enquanto tal, sempre em disputa na concretude das relaes sociais de qualquer construo cientfica sobre as bases ma-teriais e histricas das prticas de sade25.

    Ricardo Bruno tambm chegou a entrar em contato, por intermdio da produo de seus alunos, com outras propostas reconstrutivas do materialismo histrico, especialmente a produ-o da Escola de Frankfurt e da Teoria da Ao Comunicativa, de Habermas, e chegou a se po-sicionar positivamente em relao a elas2,26. Viu nestas proposies uma efetiva tomada de po-sio em relao a valores e, ao mesmo tempo, a fortes potencialidades para resistir a atitudes totalitrias e messinicas na defesa de posies normativas, por conta de seu forte embasamen-to na relao dialgica de abertura ao outro. No deixou de demonstrar um certo ceticismo, contudo, em relao ao carter algo abstrato da ideia reguladora de uma comunidade ideal de

    comunicao implcita no conceito de razo co-municativa. Mas formulou esta crtica no como desqualificao, seno como um desafio, quase um convite a que se buscasse encontrar as bases concretas para a construo de processos comu-nicativos efetivos26.

    Nos dois textos acima citados, que so comen-trios sobre trabalhos de alunos seus e, ao mesmo tempo, uma espcie de balano de sua prpria obra, o que fica como principal legado, porm, no nenhum tipo de cobrana ou prescrio, mas uma espcie de confidncia. como se, de toda sua trajetria, Ricardo quisesse compartilhar uma descoberta em especial, que ele entendeu de-ver acompanhar toda a prtica terica e tcnica da Sade Coletiva: a esperana. Esperana que ele v como virtude, que julga provir no de um preceito moral abstrato, como um tipo de f, mas como valor histrico objetivo para os seres huma-nos. a mesma esperana, diria eu, que lemos no Anjo de Klee/Benjamin e que surge transparente das palavras de Ricardo: A Esperana no um es-tado de esprito dogmtico do qual partimos para a vida, mas um ponto de chegada em permanente fuga... a condio ideal na qual os seres humanos podem ter motivaes reais ao se dirigirem comuni-cativamente aos outros seres humanos26.

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    yres

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    Artigo apresentado em 29/10/2014Aprovado em 24/11/2014Verso final apresentada em 13/12/2014

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