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RICARDO CAMACHO CAMPELLO ANÁLISE MULTICRITÉRIO APLICADA À CLASSIFICAÇÃO DA SOLVÊNCIA DE OPERADORAS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia de Produção. Área de Concentração: Estratégia, Gestão e Finanças Empresariais. Orientador: Prof. HELDER GOMES COSTA Niteroi 2005

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RICARDO CAMACHO CAMPELLO

ANÁLISE MULTICRITÉRIO APLICADA À CLASSIFICAÇÃO DA SOLVÊNCIA DE

OPERADORAS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

em Engenharia de Produção da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre em Engenharia de

Produção. Área de Concentração: Estratégia,

Gestão e Finanças Empresariais.

Orientador: Prof. HELDER GOMES COSTA

Niteroi

2005

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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF

C193 Campello, Ricardo Camacho

Análise multicritério aplicada à classificação da solvência de operadoras de assistência à saúde / Ricardo Camacho Campello. – Niterói, RJ: [s.n.], 2005.

92 f. Orientador: Helder Gomes Costa. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) -

Universidade Federal Fluminense, 2005.

1. Apoio multicritério à decisão. 2. Solvência. 3. ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). I. Título.

CDD 658.403

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RICARDO CAMACHO CAMPELLO

ANÁLISE MULTICRITÉRIO APLICADA À CLASSIFICAÇÃO DA SOLVÊNCIA DE

OPERADORAS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

em Engenharia de Produção da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre em Engenharia de

Produção. Área de Concentração: Estratégia,

Gestão e Finanças Empresariais.

Aprovada em junho de 2005

BANCA EXAMINADORA

Prof. Helder Gomes Costa, D. Sc. – Orientador

Universidade Federal Fluminense

Prof. Assed Naked Haddad, D. Sc.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D. Sc.

Universidade Federal Fluminense

Niterói

2005

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Helder, por sua orientação inteligente e paciente ao longo

deste trabalho.

Aos meus pais, Ilza Camacho Campello e Marcos José Paes Campello,

que sempre me apoiaram em todos os momentos.

Aos amigos da ANS que muito contribuíram na elaboração deste

trabalho: Vinicius Santos Soares, Sonia Maria das Neves Ribeiro, Sandro

Leal Alves e Luiz Carlos Schiavo.

Ao corpo gerencial da DIOPE, em especial ao Carlos Alexandre

Nogueira, Fernando dos Santos Ferreira e César Cardim, que gentilmente

cederam a base de dados para elaboração deste estudo.

Aos meus gerentes Antônio Carlos Rosa de Oliveira Junior, Cristiana

Vidigal Lopes e Mônica Nigri Ollivier que, com sua compreensão,

flexibilizaram o meu horário de trabalho, permitindo que eu completasse

este mestrado com um aproveitamento máximo.

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RESUMO

O presente trabalho busca desenvolver uma classificação de solvência das operadoras que

operam planos de assistência à saúde. Esta abordagem está fundamentada na integração de

conceitos do Auxílio Multicritério à Decisão (AMD) ao conjunto de indicadores adotados

pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Os conceitos do AMD (conhecido na

língua inglesa por Multiple Criteria Decision Aid, MCDA) vêm sendo desenvolvidos para

lidar com problemas que envolvam múltiplos critérios (ou indicadores) e análises subjetivas.

Além da modelagem proposta, um caso de aplicação da mesma é apresentado e analisado ao

final do estudo.

Palavras-chave: Apoio multicritério à decisão, solvência, ANS (Agência Nacional de Saúde

Suplementar).

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ABSTRACT

The present work look for developing a solvency classification of Health Maintenance

Organizations. This approach is based on integration of Multiple Criteria Decision Aid

(MCDA) concepts to a group of ratios adopted by the National Health Agency (ANS). The

concepts of MCDA have being developed to take care with problems that involve multiple

criteria (or ratios) and subjective analyses. Besides of the proposed modeling, an application

case is showed and analyzed at the end of the study.

Keywords: Multiple Criteria Decision Aid, solvency, ANS (National Health Agency).

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA TÍTULO Página

Figura 1.1 Problemas de Classificação 13

Figura 2.1 Deferimento das garantias financeiras 36

Figura 3.1 Problemas de Escolha 39

Figura 3.2 Problemas de Ordenação 40

Figura 3.3 Problemas de Classificação 41

Figura 3.4 Classes ordenadas definidas por limites 46

Figura 4.1 Fluxograma das etapas da metodologia proposta 58

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LISTA DE TABELAS

TABELA TÍTULO Página

Tabela 4.1 Classificação, descrição e codificação dos critérios 60

Tabela 4.2 Pesos atribuídos aos critérios 62

Tabela 4.3 Definição das classes à luz de cada critério 63

Tabela 4.4 Classificação mais exigente das operadoras com λ = 0,7 65

Tabela 4.5 Classificação mais exigente das operadoras com λ = 0,8 66

Tabela 4.6 Classificação menos exigente das operadoras com λ = 0,7 67

Tabela 4.7 Classificação menos exigente das operadoras com λ = 0,8 68

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMD Auxílio Multicritério à Decisão

ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar

BACEN Banco Central do Brasil

CEE Comunidade Econômica Européia

CNSP Conselho Nacional de Seguros Privados

DIOPE Diretoria de Normas e Habilitação das Operadoras

DIOPS Documento de Informações Periódicas das Operadoras de Planos de

Assistência à Saúde

ELECTRE ELimination Et Choice Traidusaint la REalitè

EUC Unidade Monetária da CEE

FAST Financial Analysis and Solvency Tracking

FAWG Financial Analysis Working Group

IRIS Insurance Regulatory Information System

MCDA Multiple Criteria Decision Aid

NAIC National Association of Insurance Commissioners

OPS Operadora de Plano de Saúde

RBC Risk Based Capital

RDC Resolução de Diretoria Colegiada

RN Resolução Normativa

RO Resolução Operacional

SUSEP Superintendência de Seguros Privados

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SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO 11

1.1 OBJETIVO 13

1.2 JUSTIFICATIVA 13

1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO 14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 16

2.1 O RISCO E O SEGURO 16

2.2 O CONCEITO DE SOLVÊNCIA 18

2.3 A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE SOLVÊNCIA 19

2.4 MODELOS DE CONTROLE DE SOLVÊNCIA 20

2.4.1 Modelo Europeu 20

2.4.1.1 Provisões Técnicas 21

2.4.1.2 Margem de Solvência 22

2.4.2 Modelo Norte-Americano 24

2.4.2.1 Reservas técnicas 25

2.4.2.2 Insurance Regulatory Information System (IRIS) 25

2.4.2.3 Risk Based Capital (RBC) 28

2.4.2.4 Financial Analysis and Solvency Tracking (FAST) 28

2.4.3 Modelos Brasileiros 29

2.4.3.1 Mercado Segurador 29

2.4.3.1.1 Margem de Solvência 30

2.4.3.1.2 Monitoramento por indicadores 31

2.4.3.2 Mercado de Assistência à Saúde Suplementar 31

2.4.3.2.1 Seguradoras de Saúde 32

2.4.3.2.2 Demais Operadoras de Saúde 33

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 38

3.1 O PROBLEMA DE DECISÃO 38

3.1.1 Modelando a Preferência 41

3.1.2 Os Métodos de Subordinação e Síntese 43

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3.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO ELECTRE TRI 45

3.2.1 Apresentação geral 45

3.2.2 A relação de subordinação no ELECTRE TRI 47

3.2.2.1 Índice de concordância parcial 48

3.2.2.2 Índice de concordância global 48

3.2.2.3 Índice de discordância 49

3.2.2.4 Grau de credibilidade na relação de subordinação 49

3.2.2.5 A relação de subordinação resultante 50

3.2.2.6 A classificação dos procedimentos 51

3.2.2.7 Consistência na definição das categorias 52

4. ABORDAGEM PROPOSTA E EXPERIMENTO DE APLICAÇÃO 54

4.1 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA 54

4.2 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA 59

4.2.1 Identificação das operadoras que se deseja avaliar 59

4.2.2 Identificação da classificação a qual pertencem as operadoras 59

4.2.3 Especificação dos indicadores que serão considerados 59

4.2.4 Atribuição dos pesos para cada indicador 62

4.2.5 Identificação das classes de equivalência para cada indicador 62

4.2.6 Estabelecer o limite de preferência (p) e de indiferença (q) 62

4.2.7 Cálculo do desempenho das operadoras à luz dos indicadores 63

4.2.8 Executar o algoritmo de classificação do ELECTRE TRI 64

4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS 64

4.3.1 Aprofundamento da análise dos resultados obtidos 69

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES 71

5.1 CONCLUSÕES 71

5.2 SUGESTÕES 74

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 76

7. ANEXO I - CÁLCULO DO DESEMPENHO DOS INDICADORES 83

8. ANEXO II - RESULTADOS DO ELECTRE TRI 88

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1. INTRODUÇÃO O mercado segurador é caracterizado por uma reversão do ciclo operacional

convencional: seguradoras e operadoras de planos de saúde recebem remuneração por

serviços antes de fornecer qualquer benefício em função de perdas que venham a ocorrer aos

seus beneficiários. Assim, enquanto essas empresas investem as receitas, os segurados ou

beneficiários sofrem certos riscos em função da depreciação, liquidez, créditos, entre outros.

Além desses riscos, que são comuns a todas as instituições financeiras, existem os exclusivos

desta indústria: prêmios (contraprestações pecuniárias) insuficientes; cálculos incorretos das

reservas técnicas; mudanças adversas na freqüência de sinistros (eventos); perdas

catastróficas; e, risco de resseguro, dentre outros. Ademais, devem ser considerados os riscos

decorrentes de gerenciamentos incompetentes e desonestos.

A função principal destas empresas é o gerenciamento de todos esses riscos de modo a

estarem aptas a qualquer tempo para cumprir os compromissos com os segurados e

beneficiários. Desta forma, neste tipo de negócio, manter a solvência destas empresas é de

fundamental importância, uma vez que a solvência significa a capacidade da empresa em

honrar os seus compromissos futuros.

Conforme Westenberger (1995A) a solvência é um atributo de fundamental

importância para uma empresa de seguros, podendo comparar a relevância da solvência para

uma seguradora com a da boa saúde para um ser humano. Com efeito, a solvência, tida como

a saúde financeira de uma seguradora, é um fator que tem reflexos amplos em toda a

sociedade, uma vez que o mecanismo de seguro, enquanto viabilizador do empreendimento

produtivo, baseia-se fundamentalmente na credibilidade de que perdas acidentais serão

efetivamente indenizadas quando cobertas por uma apólice de seguros.

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12

Entretanto, segundo a OECD (2002), devido à estrutura, tamanho e complexidade

desta indústria é muito difícil para o segurado ou beneficiário avaliar a solvência do negócio

contratado. Assim, com o propósito de proteger consumidores, países possuem buscam

estabelecer sistemas para a supervisão da solvência de seguradoras. No caso dos planos de

saúde, estes sistemas objetivam garantir a continuidade da prestação da assistência à saúde.

Ademais, países da União Européia, os Estados Unidos, Brasil, dentre outros possuem

desde a década de 70 diretrizes para o monitoramento da solvência de seguradoras. No caso

do Brasil, a partir de 1971, o órgão regulador do mercado segurador, Superintendência de

Seguros Privados – SUSEP, fixou parâmetros para controle da solvência das seguradoras,

estabelecendo critérios para constituição de provisões técnicas, margem de solvência e de

capital mínimo. Os parâmetros utilizados pelo órgão regulador brasileiro, para o controle da

solvência, foram estruturados com base no modelo adotado pelo mercado europeu. Apesar de

ser um modelo mais simples que o norte-americano, algumas empresas não resistiram ao nível

de exigibilidade e foram liquidadas.

A SUSEP, assim como a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, que

fiscaliza o mercado dos planos de saúde, adotaram um conjunto de indicadores, calculados a

partir das demonstrações financeiras das empresas, objetivando avaliar suas situações

econômico-financeiras.

Esses indicadores adotados pelos órgãos reguladores brasileiros foram estabelecidos

com base na experiência do Banco Central do Brasil (BACEN) e no sistema norte americano

IRIS (Insurance Regulatory Information System), desenvolvido pela National Association of

Insurance Commissioners (NAIC) e que vem sendo utilizado desde o início da década de 70

(Gaver e Paterson, 2004). Este sistema avalia determinados índices das empresas e se propõe

a identificar seguradoras que estejam ou possam vir a estar em pouco tempo em dificuldades

financeiras. O controle é feito através das análises desses índices, e, caso alguma empresa

esteja com quatro ou mais destes índices fora dos intervalos pré-estabelecidos, merecerá uma

atenção especial.

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1.1 OBJETIVO Com base no exposto, este trabalho tem por objetivo desenvolver uma classificação de

solvência das operadoras que operam planos de assistência à saúde, conforme demonstrado na

figura 1.1. Esta abordagem está fundamentada na integração de conceitos do Auxílio

Multicritério à Decisão (AMD) ao conjunto de indicadores adotados pela ANS. Os conceitos

do AMD (conhecido na língua inglesa por Multiple Criteria Decision Aid – MCDA) vêm

sendo desenvolvidos para lidar com problemas que envolvam múltiplos critérios (ou

indicadores) e análises subjetivas.

Figura 1.1 – Problemas de Classificação.

[Fonte: Adaptada de MOUSSEAU, (1999)].

1.2 JUSTIFICATIVA

A escolha do tema se deu a partir da experiência profissional do autor na área de

regulação do mercado de saúde suplementar. Tendo trabalhado por mais de três anos na

Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, em duas distintas diretorias, permitiu o

contato com o acompanhamento econômico-financeiro de operadoras de assistência à saúde.

O estudo da solvência dessas empresas sob o ponto de vista desta dissertação, se

justifica a partir da importância de se unir técnicas de Engenharia de Produção, que tratem de

Classe 1 Classe 2

. .......... .......... ..........

Classe k

X X

X

X X X

X X

X

X X

X X X X

X X X

X X X X X

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14

interpretar a subjetividade, a processos administrativos que buscam não só a análise

econômico-financeiro das empresas, como também caminhos que possam ajudar na melhora

da situação dessas empresas. A busca de tais caminhos está diretamente ligada à experiência e

à preferência dos decisores que precisam interligar suas análise à prováveis soluções de modo

a preservar o interesse dos segurados e beneficiários, assim como de outras partes que estejam

diretamente ligadas às perdas que venham ocorrer com insolvência dessas entidades.

1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO Este trabalho é composto por cinco capítulos, referências bibliográficas e dois anexos.

O capítulo 1 apresenta uma breve introdução ao assunto tratado, o objetivo deste

trabalho, juntamente com sua justificativa e estruturação.

O capítulo 2 expõe a Revisão Bibliográfica através das diversas técnicas utilizadas

para o monitoramento da solvência de entidades como seguradoras e operadoras de planos de

assistência à saúde.

No capítulo 3, são apresentados os conceitos sobre multicritério seguido da explicação

de como se desenvolve e aplica o Método ELECTRE TRI, ferramenta utilizada neste trabalho.

No capítulo 4, apresenta-se a metodologia proposta por este trabalho para o auxílio ao

monitoramento da situação econômico-financeira das empresas participantes da industria que

esta sendo estudada, além da modelagem da metodologia para um caso prático, desenvolve-se

uma aplicação da mesma a fim de experimentar sua aplicação.

Já no capítulo 5, apresentam-se as conclusões do presente trabalho e, também,

sugestões para trabalhos futuros.

As referências bibliográficas que deram suporte ao desenvolvimento da presente

dissertação encontram-se na sexta parte, contribuindo com uma coletânea de autores sobre o

processo de monitoramento da solvência dos mercados, assim como, as fontes bibliográficas

sobre Análise Multicritério à Decisão.

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15

No anexo I, são reportados os desempenhos de cada operadora, adotada na aplicação

da metodologia, à luz de cada critério (indicador econômico-financeiro).

O anexo II exibe as classificações, otimista e pessimista, obtidas para as operadoras,

em função das duas credibilidades escolhidas para a simulação.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Existem diversas técnicas que buscam realizar um controle da solvência de entidades

seguradoras. Neste capítulo, é apresentada a importância do monitoramento do risco de

insolvência destas empresas, além de apresentar algumas técnicas utilizadas nesta importante

tarefa.

2.1 O RISCO E O SEGURO

Gonçalves (1992) diz que o seguro como nós atualmente o conhecemos, nada mais é

do que um mecanismo de transferência de riscos, podendo ser definido como um arranjo

contratual onde uma das partes (o segurador) concorda em compensar a outra em condições

pré-estabelecidas. Risco, por sua vez, é um conceito de difícil definição formal.

Williams e Heins (1989) definem risco como a variação nos possíveis acontecimentos

que podem ter lugar em um dado período, em determinadas situações, distinguindo este

conceito do de probabilidade ao postular que o risco é uma característica da distribuição de

probabilidade com um todo. O conceito estatístico de variância se aproxima desta definição

de risco.

Adams (1987), em um enfoque extremamente atuarial, defini o risco como uma

variável aleatória que representa o montante total das indenizações a serem pagas pelo

segurador em virtude de ocorrência do evento desfavorável, também chamado de sinistro.

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17

Larramendi et al (1985) apresenta o risco como a possibilidade de ocorrência de um

evento incerto, fortuito e de conseqüências negativas, ou seja, é uma probabilidade de perda

futura.

Vale ressaltar que a definição adotada no presente texto para o termo risco pode ser

enquadrada na definição de risco puro ou risco não especulativo. Uma outra vertente, também

associada à palavra risco, considera o risco especulativo no qual as conseqüências de

ocorrência de um evento podem ser positivas. Alguns autores da área econômica utilizam,

neste último caso, a palavra risco como sinônimo da palavra chance.

Segundo Gonçalves (1992) o seguro, tal como é conhecido hoje, surgiu nas cidades de

mercadores da região que atualmente é a Itália, por volta do final do século XIII e inicio do

século XIV. Ligado ao comércio e à navegação, ele foi se desenvolvendo e se espalhando pela

Europa, chegando à Inglaterra, que teve grande importância na história do seu

desenvolvimento.

O seguro desempenha um papel fundamental no mundo de hoje e sua importância

pode ser avaliada confrontado seus custos e benefícios sociais. Os custos pagos pela

sociedade são principalmente aqueles relativos aos recursos usados para a operação do

negócio e às possíveis perdas decorrentes de fraudes, estas relacionadas ao risco moral. Os

benefícios consistem principalmente em:

i. Estabilidade proporcionada aos negócios e à família, constituindo um meio de

proteção mais eficaz que a constituição de reservas individuais para fazer frente a

futuras perdas;

ii. Liberação de capital para investimentos. As seguradoras recolhem dinheiro dos

clientes e o torna disponível para investimentos vultosos;

iii. Custos de capital reduzido. Como existe mais capital para investimento, seu preço

tende a ficar mais barato;

iv. Desenvolvimento de atividades de prevenção e controle de perdas. As companhias

seguradoras costumam patrocinar pesquisas e campanhas de diminuição de perdas,

uma vez que isto reflete diretamente nos seus resultados, e desta forma, contribui

para o bem-estar de toda a sociedade;

v. Facilidade para contratos de créditos. Com as pessoas e propriedades sendo

seguradas, o credor reduz o seu nível de incerteza, uma vez que suas garantias não

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18

desaparecerão pela ocorrência de um evento desfavorável, reduzindo custos ou

mesmo possibilitando os contratos em questão.

2.2 O CONCEITO DE SOLVÊNCIA

Simplificadamente, a solvência de uma seguradora, assim como de uma operadora de

assistência à saúde, pode ser definida como a capacidade de uma empresa fazer frente a todas

as suas obrigações futuras.

Conforme Salles & Santos (2004), uma seguradora é solvente se ela é capaz de

cumprir suas obrigações em todos os seus contratos, em todas as circunstâncias razoavelmente

previsíveis. Para tanto devem ser mantidos ativos ou capital em excesso ao montante do

passivo. A natureza do negócio implica na formação de provisões técnicas e investimento em

ativos para a cobertura dessas provisões. Estes ativos devem ser gerenciados levando em

conta o perfil do passivo e o perfil de risco/retorno da empresa. O ativo deve ser de natureza,

termo e liquidez apropriados para garantir o pagamento do passivo. Aliás, uma política

saudável é combinar a adequação de capital e solvência com um sistema de gerenciamento de

risco.

Segundo Westenberger (1995A), a rigor a solvência de uma seguradora só pode ser

efetivamente verificada se, ao término de suas operações (voluntariamente ou não), ela tiver

honrado todas as suas obrigações, seja com seus segurados, fornecedores, empregados,

acionistas ou qualquer entidade que tenha adquirido qualquer tipo de direito com respeito à

empresa.

A avaliação da solvência de uma seguradora ou operadora de saúde possui natureza

probabilística, haja vista o sinistro ou evento representar uma variável aleatória. Para aferição

desta solvência, é necessário investigar uma série de fatores como constituição correta das

provisões técnicas, gestão adequada dos ativos dados como cobertura das provisões,

necessidade de capital para cobrir eventuais perdas, gestão da transferência de risco, entre

outros.

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19

A avaliação da probabilidade de ruína de uma dessas entidades consiste em uma

ferramenta muito utilizada pelas seguradoras para calcular alguns dos parâmetros de

solvência, tais como: limites de retenção e necessidade de capital. Contudo, não é suficiente

para análise completa. O correto dimensionamento das provisões e a gestão dos ativos

também representam parâmetros relevantes para solvência.

2.3 A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE SOLVÊNCIA

Conforme relatado em Westenberger (1995B), o problema da solvência de uma

seguradora adquire uma importância e complexidade peculiares, já que o produto que se

vende agora ainda vai ser fabricado. Com efeito, a empresa, baseada em estimativas e

alocando uma margem para lucro e possíveis erros e variações nesta estimativa, estabelece a

priori o preço a ser cobrado pelo contrato de seguro, que terá vigência em um período

posterior ao pagamento efetuado.

Ainda, a regulação do Estado deve proteger aqueles que têm algum tipo de crédito

com seguradoras, especialmente os segurados. Desta forma, o este controle também cumpre a

função de preservar a imagem deste mercado, visto que no contrato de seguro, o cliente

compra resultados previsíveis, confiando no fato de que a empresa virá em seu socorro no

caso de ocorrer o sinistro, pagando antecipadamente por esta proteção. Assim, como a

confiança é um ponto fundamental no negócio, o órgão regulador dessa indústria deve se

encarregar de avaliar a solvência de todas as empresas através de uma regulamentação

adequada ao seu controle, zelando para que para que permaneça em níveis aceitáveis e que os

contratos possam ser honrados, viabilizando assim o mercado securitário como um todo.

Segundo Nogueira (2004), o conhecimento do nível de solvência das empresas é de

fundamental importância para o consumidor exercer suas escolhas de forma eficiente. A

assimetria de informação, nesse caso, dá-se no conhecimento privilegiado das empresas sobre

sua real situação financeira em comparação aos consumidores. A presença do órgão regulador

está em estabelecer critérios mínimos de garantia de solvência dessas empresas e de

transparência dessas informações, a fim de proporcionar segurança aos consumidores,

reduzindo o custo necessário para obter informação a respeito das condições financeiras das

empresas.

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20

Embora a finalidade básica da regulação da solvência esteja na proteção do

consumidor, os benefícios desse tipo de ação reguladora se estendem aos demais agentes do

mercado. A não-regulação da solvência das empresas aumenta o risco sistêmico do mercado

de saúde suplementar, dada a estrutura altamente interligada da oferta de serviços de saúde. A

quebra de empresas impõe custos sobre todos os agentes direta e indiretamente envolvidos na

prestação, e não apenas sobre os consumidores.

Por outro lado, conforme Lamm-Tennant et al (1996), os custos de tal monitoração,

entretanto, devem ser considerados em função dos benefícios. Isto é, os reguladores do

seguro devem otimizar o número de instituições postas sob a extensiva vigilância da

solvência. Se os reguladores falharem em fornecer uma conclusão antecipada de um

segurador financeiramente insolvente, uma sobrecarga eventualmente será passada aos

segurados. Além disso, os custos sociais serão proporcionalmente mais elevados. Na outra

mão, uma conclusão prematura de seguradores financeiramente afligidos pode resultar em

ineficiência do mercado de seguro, também tendo por resultado custos sociais mais elevados.

Assim, os reguladores estatais devem considerar a política de vigilância da solvência dentro

desta estrutura de concessão.

2.4 MODELOS DE CONTROLE DE SOLVÊNCIA

Em virtude da importância do controle da solvência das entidades seguradoras, foram

desenvolvidos em diversos países mecanismos para auxiliar os órgãos reguladores nesta

tarefa. Nesta seção são apresentadas algumas metodologias adotas nos principais países e no

Brasil.

2.4.1 Modelo Europeu

Conforme relatado em OECD (2002), as regras de solvência na União Européia foram

introduzidas pela primeira Diretiva de seguro não-vida, em 1973, e pela primeira Diretiva de

seguro de vida, em 1979. Estas Diretivas foram emendadas subseqüentemente, e os

regulamentos do setor do seguro na união européia são baseados agora essencialmente na

terceira geração das Diretivas orientadoras de 1992. Em 1998, estas Diretivas foram

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suplementadas por uma diretriz orientadora nos grupos de seguro. Estes regulamentos

aplicam-se obviamente aos quinze Estados Membros da União Européia.

As diretrizes nesse continente definem alguns parâmetros para o acompanhamento da

solvência. Dentre estes parâmetros destacam-se a definição da margem de solvência e do

correto provisionamento das provisões técnicas.

2.4.1.1 Provisões Técnicas

As provisões técnicas são contas do passivo contábil de uma seguradora que têm como

objetivo garantir que obrigações financeiras para com os segurados sejam cumpridas.

Portanto, o seu correto dimensionamento possibilitará avaliar, adequadamente, as

responsabilidades reais das seguradoras.

Pode-se dividir as provisões técnicas em dois grupos, diferenciados pela existência ou

não de um fato gerador, ou seja, existência ou não de evento coberto pelo contrato celebrado

entre as partes.

O primeiro grupo envolve conceitos contábeis e atuariais. Podemos identificá-lo pela

ausência de fato gerador, ou seja, o evento ainda não ocorreu. O conceito contábil existente

diz respeito à forma de apropriação do prêmio em regimes financeiros de repartição simples,

em que parte do prêmio emitido deverá ser provisionada no passivo (provisão de riscos não-

expirados). À medida que o tempo de vigência do contrato vai terminando, parte desta

provisão vai sendo apropriada como receita da operadora. Já o conceito atuarial envolvido diz

respeito a financiamento dos eventos ocorridos por parte dos prêmios. Ainda no regime de

repartição e, observando este conceito, deverá ser constituída provisão de insuficiência de

prêmios, também chamada de oscilação de riscos, que tem por objetivo garantir qualquer

desvio ocasional na carteira.

No caso de estruturação do plano por regime de capitalização, deverá ser formada, no

passivo, provisão de benefícios a conceder. Neste caso, sua reversão será para outra provisão

característica do outro grupo, descrito a seguir.

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O segundo grupo basicamente é representado pelas provisões de sinistros, e se

caracteriza pela existência do fato gerador, devendo ser constituídas para todos os eventos

ocorridos, porém não-pagos, de contratos vigentes das seguradoras. Deste modo, fica claro

que o conceito atuarial está intimamente relacionado.

Segundo Wiser (1989), as provisões de sinistros deveriam ser compostas de cinco

elementos:

1. provisão para futuros desenvolvimentos em sinistros conhecidos;

2. provisão para sinistros que foram reabertos após terem sido liquidados;

3. provisão para sinistros que ocorreram, porém ainda não foram avisados;

4. provisão para sinistros que já foram avisados, porém ainda não foram registrados; e

5. provisão de sinistros a liquidar.

Para contratos estruturados sob regime de capitalização, deverá ser constituída

provisão de benefícios concedidos, a partir da reversão de provisão de benefícios a conceder,

quando da concessão do benefício para o segurado.

As provisões técnicas deverão ser aplicadas de modo a preservar a segurança, a

rentabilidade e a liquidez das seguradoras. A composição da carteira de investimento dos

ativos contábeis para a cobertura das provisões, denominados ativos garantidores, deverá ser

acompanhadas pelo órgão regulador.

2.4.1.2 Margem de Solvência

A margem de solvência pode ser definida como uma reserva suplementar às provisões

técnicas que a seguradora deverá dispor para suportar oscilações das suas operações. Este

conceito não garantirá que uma seguradora manter-se-á solvente, haja vista desconsiderar uma

série de fatores que são relevantes para sua operação como, por exemplo, ativos que

compõem a carteira de investimentos.

Benjamin (1977) sugere que a Margem de Solvência tem cinco finalidades básicas:

i. Equalizar flutuações randômicas nos sinistros em adição a alguma provisão feita

nas reservas técnicas;

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ii. Agir como um colchão contra flutuações ou tendências adversas nas probabilidades

básicas dos sinistros, tais como o efeito das condições climáticas nos sinistros de

incêndio e mudanças legislativas nos sinistros de responsabilidade civil;

iii. Agir como um colchão contra perdas em investimentos;

iv. Cobrir riscos diversos, como: catástrofes naturais, falhas de resseguros, fraudes ou

outros desfalques, etc;

v. Fornecer um colchão para perdas potenciais surgidas de falhas na administração,

como inabilidade para cortar despesas, formar reservas adequadamente ou controlar

a expansão de forma apropriada.

Segundo Gonçalves (1992) o padrão definido pela CEE – Comunidade Econômica

Européia visa estabelecer a margem de solvência mínima exigida para cada empresa e

determinar se ela está solvente ou não, comparando este valor mínimo com a margem

efetivamente apresentada pela companhia.

De acordo com as Diretivas da União Européia (OECD 2002), se a margem de

solvência ficar abaixo de um valor mínimo estabelecido pelo órgão regulador (que pode variar

dependendo do tipo de negócio), a autoridade supervisionária do Estado Membro competente

deverá requerer que a companhia de seguro submeta um plano de recuperação das finanças a

curto prazo para sua aprovação. Um arranjo similar contemplado na maioria dos países da

OECD: a companhia deve informar a autoridade supervisionária a natureza, a quantidade e o

planejamento dos novos fundos que pretende levantar para restaurar sua solvência.

De acordo com o artigo 16 da Diretiva 73/239/CEE de 24/07/1973 da CEE (Ministere,

1991) estabelece-se que a margem de solvência mínima exigida para seguradoras não-vida é o

maior valor resultante de dois cálculos:

a) 18% dos prêmios brutos recebidos no último ano fiscal até 10 milhões de EUC

(unidade montaria da CEE), mais 16 % dos prêmios brutos recebidos no último ano

fiscal a partir deste valor.

b) 26% dos sinistros brutos médios nos últimos três anos fiscais até 7 milhões de

EUC, mais 23% dos sinistros brutos médios nos últimos três anos fiscais a partir

deste valor.

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Ademais, deve-se acrescentar que os prêmios são líquidos de cancelamentos e incluem

resseguros aceitos. Um fator de ajuste para levar em conta os resseguros cedidos é permitido

para a aplicação sobre a margem mínima obtida. Isto é feito multiplicando o valor encontrado

para esta margem pelo percentual equivalente aos sinistros pagos pela seguradora sobre os

sinistros totais. O fator é permitido até um valor mínimo de 50%.

Nesta resolução, a margem de solvência de uma seguradora corresponde ao seu

patrimônio livre de quaisquer obrigações. Seus componentes principais são o capital social,

reservas não correspondentes à obrigações com os clientes, reservas de lucros que possam ser

usadas por lei para cobrir perdas e, sujeitas a certas restrições, as chamadas reservas ocultas,

resultantes de ativos subestimados e passivos superestimados.

O cálculo com base nos sinistros permite um ajuste para os casos onde o prêmio se

mostra inadequado com a sinistralidade (razão entre sinistros anuais por prêmios anuais)

excedendo 70%. Este número é obtido através da comparação dos coeficientes de a) e b):

tomando o volume de prêmios anuais iguais a P e de sinistros anuais igual a S, para uma

sinistralidade de 70% ou mais a regra b) passa a ser preponderantemente, pois:

0,26 S > 0,18 P, para PS > 0,7 aproximadamente.

2.4.2 Modelo Norte-Americano

A partir de 1971, a NAIC começou a desenvolver um sistema, denominado de IRIS,

que consistia na avaliação de algumas variáveis, estabelecendo intervalos, que poderiam ser

alterados anualmente, para definir se uma operadora encontrava-se solvente. Além disso, era

exigida auditoria atuarial nas reservas de sinistros. Já em 1991, a NAIC instituiria o sistema

de Risk Based Capital (RBC), que procurava corrigir distorções apresentadas no método

anterior.

Posteriormente, mais precisamente em 1993, o NAIC implementou um novo modelo

de classificação de solvência e um processo analítico, denominado Financial Analysis and

Solvency Tracking (FAST), para facilitar a revisão do regulamento domiciliar de seguradores

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"nacionalmente significativos". Assim, nesta seção serão discutidos os modelos de

acompanhamento de solvência utilizado nos Estados Unidos, além da descrição dar reservas

técnicas adotadas neste mercado.

2.4.2.1 Reservas técnicas

No mercado americano, o model act da NAIC, que apresentou modelo de

regulamentação das reservas de seguradoras de saúde, estabeleceu três categorias de reservas:

reservas de sinistros, de prêmios e de contratos. Todas são consideradas como reservas

mínimas que a seguradora deverá manter para garantia das transações relacionadas com a

operação fim da empresa.

A reserva de prêmios é muito similar à provisão de prêmios não-ganhos adotada no

Brasil. As reservas de contratos são requeridas para todo contrato grupal ou individual,

precificado com base em prêmio nivelado, ou seja, similar à provisão de benefícios a

conceder. Também é considerada como reserva de contrato uma provisão similar à de

insuficiência de prêmios. A NAIC determinou que as reservas de sinistros e as de contrato

devam ser atestadas por atuários.

2.4.2.2 Insurance Regulatory Information System (IRIS)

Conforme Brockett, L. P. et al (2004), a NAIC desenvolveu o sistema IRIS com o

objetivo de fornecer um sistema de advertência adiantado para insolvência de empresas

seguradoras. Assim, desta forma, auxiliando os departamentos estaduais de seguros na

execução de suas funções estatutárias de fiscalizar as condições financeiras das companhias

seguradoras.

Segundo Martins (1994), cabe observar que nenhum estado tem condições de avaliar a

situação financeira de todas as empresas, imediatamente após os recebimentos das respectivas

demonstrações financeiras. Assim sendo, o IRIS auxilia a selecionar as companhias de

seguros que merecem maior prioridade na alocação dos recursos dos órgãos oficiais nas

atividades de finalização.

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Ademais, convém frisar que o IRIS não se propõe a substituir as análises financeiras

dos departamentos estaduais de seguros norte-americanos. O sistema visa apenas auxiliar

esses departamentos em suas funções fiscalizadoras.

O sistema IRIS é composto de duas fases: estatística e analítica. Abaixo são descritas

estas duas fases:

a) Fase estatística

Nesta fase são calculados os diversos índices financeiros a partir das informações

obtidas do balanço anual e do demonstrativo de resultados das empresas seguradoras. Os

índices financeiros são considerados a espinha dorsal do IRIS, uma vez que todos os

resultados obtidos nesta fase serão utilizados na fase analítica que se segue.

Conforme relatado em NAIC (1993, p.2), diversos estudos mostram que o IRIS tem

sido bastante eficaz em identificar companhias com problemas. Entretanto, uma vez que as

condições econômicas não são estáticas, os componentes de cada índice são revistos

anualmente e alterados sempre que se faz necessário.

As faixas recomendadas para os resultados de cada índice têm sido estabelecidas a

partir de estudos de empresas que ficaram insolventes, ou que enfrentaram sérios problemas

financeiros nos últimos anos. Caso um determinado índice não fique fora da faixa não

necessariamente significa que a companhia esteja enfrentando dificuldades, apenas sinaliza

que deve ser verificado o que está acontecendo.

b) Fase analítica

Após a fase estatística, o método IRIS recomenda que seja formada uma equipe de

analistas financeiros com o objetivo de identificar quais empresas merecem imediata atenção

dos órgãos fiscalizadores.

Até 1988, os analistas financeiros se dedicavam a estudar, nesta fase, os resultados

das seguradoras que tivessem obtido na fase estatística quatro ou mais índices fora das faixas

recomendadas e também daquelas que mereceram atenção imediata não ano anterior. Caso

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houvesse tempo, eram analisados os índices das seguradoras com três resultados fora das

faixas e assim por diante. Após as análises os especialistas emitiam relatórios informando que

companhias requeriam atenção fiscalizadora imediata, assim como as causas dessa conclusão.

Esses relatórios também informavam os motivos pelos quais uma empresa não ter sido

classificada para a atenção fiscalizadora imediata, apesar desta ter apresentado quatro ou mais

índices fora da faixa recomendada.

A partir de 1989, a equipe de analistas passou a estudar os resultados da fase estatística

de todas as companhias, para depois então classifica-las da seguinte forma:

Primeira prioridade – para empresas que necessitem de atenção imediata;

Segunda prioridade – para empresas que exibem uma tendência adversa de

solvência;

Terceira prioridade – para empresas que apresentem algum tipo de variação muito

brusca em seus índices durante o ano e que necessitam ser analisadas, ainda que

não demonstrem tendência adversa de solvência;

Nenhuma prioridade – para empresas que não apresentam nenhuma indicação de

necessidade de análise.

Ademais, juntamente à designação de prioridade em que cada companhia é incluída, a

equipe de analistas fornece também as razões que levaram a tal classificação.

Estudo recente (Gaver e Paterson, 2004) relata que empresas de seguro gerenciam as

reservas de sinistro a fim de evitar que alguns indicadores utilizados no sistema IRIS violem

as faixas recomendadas na avaliação da solvência. Em uma amostra utilizada neste estudo,

quase dois terços das empresas que violariam quatro ou mais indicadores do IRIS ajustaram

com sucesso as reservas para reduzir o número de violações destes indicadores para menos de

quatro.

Outrossim, maiores detalhes sobre esta metodologia, além dos índices utilizados,

podem ser encontrados em Gaver e Paterson (2004), Martins (1994), além das publicações da

NAIC.

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2.4.2.3 Risk Based Capital (RBC)

Em 1989, após estudo sobre problemas na regulamentação estadual, detectou-se uma

série de inconsistências neste tipo de avaliação. Conseqüentemente, a NAIC fixou, a partir de

1990, comissão para estudar melhor a política de solvência. Deste estudo, surgiu a fórmula de

RBC que estabeleceu, em linhas gerais, o capital que a entidade seguradora deveria possuir,

de tal forma que o déficit esperado do segurado fosse um percentual da perda provável.

A fórmula de RBC tem como objetivo determinar a quantidade mínima de capital de

uma seguradora para evitar uma ação direta do órgão regulador. Esta fórmula classifica todos

os riscos em quatro categorias maiores:

a) Riscos dos Ativos;

b) Riscos Operacionais;

c) Riscos de Taxas de Juros;

d) Todos os outros riscos do negócio.

Metade da quantidade determinada pela fórmula de RBC ajustada pela covariância,

“Authorized Control Level Risk-Based Capital”, deverá ser comparada com o que, nos

Estados Unidos, é chamado de “Total Adjusted Capital” (similar ao conceito de Ativo

Líquido adotado no Brasil). Se a razão entre este valor e aquele for superior a 2,5, não haverá

necessidade de intervenção da NAIC. Caso contrário, uma série de ações serão tomadas junto

à operadora.

A metodologia do RBC começou, em 1994, a ser utilizado como alternativa à

avaliação de solvência. Entretanto, pesquisas iniciais sugerem que a aproximação do RBC é

inferior a do IRIS e da FAST em identificar problemas potenciais de solvência (Bratton, 1994;

Grace et al, 1993).

2.4.2.4 Financial Analysis and Solvency Tracking (FAST)

Conforme relatado em OECD (2001), o objetivo da revisão do processo de avaliação

de solvência da NAIC, conforme executado através de seu Financial Analysis Working Group

(FAWG) foi assegurar-se de que os reguladores internos estivessem tomando ações eficazes

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com respeito aos seguradores "nacionalmente significativos" que estejam em dificuldade

financeira.

A divisão financeira de reportagem e análise da NAIC sujeita os relatórios financeiros

destes seguradores a uma rotina analítica computadorizada, FAST Scoring, e outras análises

de vinte indicadores que são usadas para priorizar companhias para uma análise mais adiante.

FAWG revê estas análises e identifica aqueles seguradores que se sujeitarão a uma revisão.

Para aqueles seguradores, o FAWG faz perguntas ao regulador estadual em vários aspectos da

condição financeira dos seguradores e ações reguladoras a respeito daqueles seguradores. Se

a FAWG determinar que o regulador estadual tem tomado ações apropriadas então FAWG

pode fechar o arquivo ou continuar monitorando a companhia. Se o FAWG determinar que

algumas medidas adicionais são desejáveis, recomendará a ação corretiva apropriada ao

regulador estadual. Se o regulador estadual falhar em seguir as recomendações do FAWG,

este irá alertar outros estados conseqüentemente e coordenará suas ações de encontro à

companhia com problemas.

A NAIC realiza avaliações dos índices do IRIS e do FAST para todos os reguladores

dos estados e os disponibiliza pelo Internet-State Interface Technology Enhancement, I-SITE

aos estados associados. Os usuários podem procurar neste site pela informação específica

atualizada do perfil da companhia ou uma variedade de indicadores financeiros. Isto fornece

uma ferramenta detalhada para a análise regulatória de solvência e a evidência sugere que os

reguladores estaduais estão fazendo o uso extensivo dele.

2.4.3 Modelos Brasileiros

As diretrizes adotadas no Brasil para o monitoramento da solvência de entidade

seguradoras e operadoras de assistências à saúde sofreram uma grande influência dos modelos

europeu e norte-americano. Nesta seção serão descritos os modelos adotados no País.

2.4.3.1 Mercado Segurador

As seguradoras possuem regulamentação desde a década de 60, disciplinadas pelas

regras do Decreto-lei nº 73/66 e com toda uma regulamentação há anos definida e estruturada.

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2.4.3.1.1 Margem de Solvência

Em 1989, o Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP publicou a Resolução N°

008/89, onde foi definido que todas as sociedades seguradoras que operem no país devem

apresentar, por ocasião do encerramento das demonstrações financeiras de junho e dezembro,

uma Margem de Solvência satisfatória, que consiste na existência de um ativo líquido no

mínimo igual ao maior dos seguintes valores:

a) vinte por cento da média anual do total da receita líquida de prêmios emitidos nos

últimos trinta e seis meses;

b) um terço da média anual do total dos sinistros ocorridos e avisados nos últimos

sessenta meses.

Recentemente, em 2001, foi publicada a Resolução CNSP Nº 55/01 que alterou a

nomenclatura da conta de sinistro e reduziu os períodos de cálculo da margem de solvência

para:

a) 0,20 vezes do total da receita líquida de prêmios emitidos dos últimos doze meses;

b) 0,33 vezes a média anual do total dos sinistros retidos dos últimos trinta e seis

meses.

Para este cálculo devem ser computadas as operações de todos os ramos com exceção

de vida individual, contribuição de previdência privada aberta e capitalização. Os valores

serão calculados a preços constantes, incluindo prêmios e sinistros das operações de

retrocessão e sendo líquidos de resseguro e cosseguro cedidos, restituições, ressarcimentos,

anulações, cancelamentos e salvados.

O ativo líquido conforme definido nesta resolução corresponde ao valor contábil

representado pelo Patrimônio Líquido, com os seguintes ajustes, quando for o caso:

a) adições:

1. lucros não-realizados da carteira de ações e quotas de fundos de

investimentos em ações;

2. receitas de exercícios futuros efetivamente recebidas;

b) deduções:

1. destaque de capital para Departamento de Previdência Privada;

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2. participações diretas ou indiretas em sociedades congêneres e/ou entidades

de previdência privada de fins lucrativos, atualizadas pela efetiva

equivalência patrimonial;

3. despesas antecipadas;

4. despesas de exercícios futuros efetivamente incorridas;

O Limite de Margem é definido como 50% do montante correspondente à Margem de

Solvência e corresponde a um sinal vermelho, mostrando que medidas mais imediatas devem

ser tomada, no caso do ativo líquido se tornar inferior a este valor.

Conforme Gonçalves (1992), analogamente, ao padrão da CEE, o cálculo com base

nos sinistros tem a função de prevenir margens subestimadas no caso de sinistralidades

médias muito altas. Até o limite de 60% de sinistralidade média, a regra dos prêmios

predomina, e, a partir daí, passa a vigorar a regra de um terço dos sinistros.

2.4.3.1.2 Monitoramento por indicadores

Mais recentemente a SUSEP elaborou alguns indicadores econômico-financeiros, com

base no sistema IRIS. Estes indicadores, assim como nos Estados Unidos, vem sendo

utilizado como um sistema de alerta antecipado no monitoramento da solvência das entidades

seguradoras, juntamente com o cálculo da margem de solvência.

2.4.3.2 Mercado de Assistência à Saúde Suplementar

Cabe ressaltar que o mercado de saúde suplementar já existia no Brasil há algumas

décadas, porém a Lei n° 9.656, de 3 de junho de 1998, veio trazer a primeira normatização

para esse mercado, trazendo uma clara preocupação em regular os aspectos financeiros e

patrimoniais das operadoras, por entender que a solvência de uma operadora é um elemento

que impacta diretamente na manutenção e qualidade da prestação dos serviços de assistência à

saúde aos consumidores.

Conforme Nogueira (2004), o mercado de saúde suplementar é composto de diferentes

espécies de operadoras, possuindo cada uma características específicas em diversos aspectos:

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porte, fisionomia jurídica, finalidade lucrativa ou não, com ou sem rede hospitalar própria etc.

Essas peculiaridades devem ser levadas em consideração na regulação setorial.

No campo econômico-financeiro, é de se entender por interesse público a garantia de

continuidade da prestação da assistência à saúde, sendo que essa garantia está vinculada à

situação econômico-financeira das operadoras, em particular à manutenção da solvência.

Nesse sentido, a regulação prudencial desenvolvida pela ANS (criada pela lei

9.961/00) visa monitorar a solvência do mercado, por ser este fator fundamental quando se

gerencia riscos e capital de terceiros. No caso do mercado de saúde suplementar há, ainda, o

diferencial do risco social envolvido – a vida humana, aliado ao fato de os custos da

assistência à saúde serem peculiarmente elevados.

Ainda, pela legislação de saúde suplementar todas as entidades que operam planos de

assistência à saúde são consideradas operadoras. Porém, a seguir trataremos das seguradoras

que operam neste mercado separadamente das demais operadoras pelo fato das regras de

solvência diferirem entre elas.

2.4.3.2.1 Seguradoras de Saúde

No contexto da assistência à saúde suplementar as seguradoras eram as únicas

entidades que estavam sujeitas a uma regulamentação anteriormente a Lei N° 9.656/98.

Porém, a partir da edição da Lei nº 10.185/01, a atuação das seguradoras no setor saúde ficou

condicionada à criação de empresa específica, as Seguradoras Especializadas em saúde,

devendo, para tanto, realizar essa atividade com exclusividade, isto é, sem atuar em outros

ramos do seguro.

Segundo Nogueira (2004), a fim de evitar solução de continuidade no processo

regulatório dessas seguradoras, optou-se, na RDC nº 65, de 16 de abril de 2001, por

recepcionar todas as normas editadas pelo CNSP e SUSEP para regular os aspectos

econômico-financeiros das sociedades seguradoras especializadas em saúde, até

regulamentação em sentido diverso pela ANS. Significa dizer que os normativos vigentes, do

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mercado segurador, até dezembro de 2000, permanecem aplicáveis às seguradoras

especializadas em saúde.

Desta forma, as regras definidas pela SUSEP em relação ao controle da solvência

dessas entidades continuaram em vigência, assim como os critérios de constituição das

provisões técnicas. Ademais, os monitoramentos da margem de solvência e dos indicadores

econômico-financeiros passaram a ser exercidos pela ANS.

2.4.3.2.2 Demais Operadoras de Saúde

Por outro lado, conforme dito anteriormente, o mercado de operadoras de assistência à

saúde somente foi regulamentado com o advento da Lei N° 9.656/98. Ademais, a partir da

criação da ANS realizaram-se estudos para definir regras a fim de transformar um mercado

que até então era extremamente insolvente e descapitalizado para um patamar que trouxesse

mais credibilidade.

Assim, após esses estudos e a discussão com o mercado de operadoras através de um

instrumento chamado de câmara técnica foi publicada a RDC N° 77/2001 que dispõe sobre os

critérios de constituição de garantias financeiras a serem observados pelas operadoras de

planos de assistência à saúde, exceto sociedades seguradoras e autogestões patrocinadas.

Ainda, as regras definidas na RDC N° 77/2001 para o cálculo do capital mínimo e das

provisões técnicas deve observar a segmentação e a região de atuação das operadoras.

a) Capital mínimo

Capital mínimo corresponde ao valor mínimo, em complementação às provisões, que a

operadora deverá dispor a qualquer tempo para garantir suas operações. Quando do início das

suas atividades, serve de balizamento da capacidade da operadora em assumir novos riscos.

O valor do capital mínimo possui duas funções:

i. fixar parâmetro mínimo de capital suficiente para as empresas em início de

operação; e

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ii. fixar parâmetro mínimo que a operadora deverá ter como ativo líquido a qualquer

tempo.

Com base no que foi definido na RDC N° 77/01, para as operadoras com fins

lucrativos será exigido Capital Mínimo, calculado a partir da multiplicação de um fator

variável K, obtido na Tabela A do Anexo I da referida resolução, pelo capital base de R$

3.100.000,00 (três milhões e cem mil reais), conforme a seguinte formulação:

Capital Mínimo = K x R$ 3.100.000,00

Ademais, estas operadoras deverão, a qualquer tempo, manter o Patrimônio Líquido

igual ou superior ao Capital Mínimo.

No caso das operadoras sem fins lucrativos será exigida Provisão para Operação com

valor, no mínimo, igual ao calculado segundo a formulação prevista para o Capital Mínimo.

E, estas operadoras deverão, a qualquer tempo, manter o Patrimônio maior ou igual a zero.

Ainda, para as operadoras classificadas como Cooperativa Médica e Cooperativa

Odontológica, a parcela variável K será reduzida do percentual das transferências em co-

responsabilidade das contraprestações pecuniárias na modalidade de pré-pagamento.

b) Provisões técnicas

Conforme Nogueira (2004), a regulamentação das provisões técnicas visa preservar a

segurança e liquidez das operadoras e correspondem a montantes a serem contabilizados em

contas do passivo contábil da operadora com o objetivo de garantir que as obrigações

financeiras para com os seus beneficiários sejam cumpridas. Seu correto dimensionamento

visa permitir uma avaliação adequada das responsabilidades reais das operadoras.

A RDC nº 77/2001 determina que as operadoras constituirão, mensalmente, a provisão

de risco e a provisão para eventos ocorridos e não-avisados (IBNR), esta última apenas para

as operadoras registradas após a publicação dessa norma.

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A provisão de risco busca garantir as obrigações contratuais, tendo por base o conceito

de apropriação e insuficiência da contraprestação, enquanto que a provisão para eventos

ocorridos e não-avisados tem por objetivo avaliar o montante dos pagamentos futuros de

eventos ocorridos no passado, que ainda não são de conhecimento das operadoras.

Esta norma define que as operadoras deverão constituir, mensalmente, Provisão de

Risco para garantia de suas obrigações contratuais, correspondente ao maior dos valores entre

as seguintes hipóteses:

i. cinqüenta por cento das contraprestações líquidas emitidas na modalidade de pré-

pagamento;

ii. a média dos eventos indenizáveis líquidos conhecidos na modalidade de pré-

pagamento nos últimos doze meses, multiplicando o resultado pelo fator Y da

Tabela B do Anexo I.

Outrossim, a diversificação dos ativos garantidores das Provisões dispostas na referida

resolução deverá atender aos critérios estabelecidos na RN N° 67, de 4 de fevereiro de 2004.

Em relação aos critérios mencionados no parágrafo anterior, as operadoras deverão

observar, adicionalmente, para Provisão de Risco, o limite máximo de noventa por cento em

investimentos permanentes em rede hospitalar própria e de trinta por cento em imóveis que

não representem rede hospitalar própria.

c) Regra de transição

Devido à extrema descapitalização das operadoras de saúde, foi colocado um elemento

importante na norma definindo que as operadoras que iniciaram suas atividades em data

anterior à vigência da RDC nº 77/2001 tivessem a prerrogativa de constituir as garantias

financeiras (Capital Mínimo – CM e Provisão de Risco – PR) diferidas em até seis anos,

contados da data de publicação da Resolução, como demonstra a Figura 2.1:

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36

Figura 2.1 - Deferimento das garantias financeiras.

[Fonte: Adaptada de Nogueira (2004)]

d) Monitoramento econômico-financeiro

O processo de regulação econômica do mercado de saúde suplementar demanda a

adoção de rotinas e mecanismos para promover o acompanhamento dos aspectos econômico-

financeiros e de solvência do mercado de saúde suplementar.

Para tanto, a ANS se inspirou no modelo de acompanhamento nos modelos já

utilizados no Sistema Financeiro Nacional, notadamente a partir da experiência do Banco

Central do Brasil e da SUSEP. Essa medida se justificou pela dificuldade inerente à

inexistência de qualquer estrutura anterior.

O modelo adotado pela ANS se baseou na análise de indicadores econômico-

financeiros extraídos das demonstrações contábeis das operadoras. O primeiro critério

adotado pela ANS para a seleção das operadoras a serem avaliadas é o número de

beneficiários ativos, neste sentido são selecionadas primeiramente as operadoras que possuem

mais beneficiários, uma vez que a quebra dessas operadoras iria afetar muitos consumidores.

Em um segundo momento, a ANS seleciona as operadoras que estão com passivo a

descoberto (Patrimônio Líquido negativo), depois, as que estão com o índice de liquidez fora

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do limite considerado adequado, selecionando com base no índice de endividamento e assim

sucessivamente, conforme a importância dos indicadores.

Ademais, outros fatores importantes que são considerados na escolha das operadoras a

serem avaliadas são:

O não atendimento das operadoras às regras impostas na RDC 77/2001;

Operadoras que estejam em plano de recuperação;

Operadoras que foram denunciadas por prestadores de serviços ou beneficiários,

diretamente a ANS ou através do ministério publico;

Operadoras que na fiscalização efetuada pela ANS apresentaram algum tipo de

problema.

No capítulo IV serão detalhados alguns dos indicadores, assim como o valor limite

para o qual o índice é considerado normal para uma classificação de operadora adotada neste

estudo. Vale ressaltar que apenas o primeiro limite descrito para estes indicadores neste

capitulo é considerado pela ANS, os demais foram criados de modo a viabilizar este estudo.

Maiores detalhes sobre alguns desses indicadores podem ser encontrados em Silva (1999).

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, são apresentados os conceitos de Auxílio Multicritério à Decisão, com

foco no método ELECTRE TRI. Este método foi adotado por ser um algoritmo bastante

eficiente para tratar problemas de classificação ordenada, objetivo fundamental desta

dissertação.

3.1 O problema de decisão

Segundo Baasch (1995), uma situação de escolha de alternativa ou curso de ação

viável que uma unidade de decisão (ou decisor) tem que realizar, dentre um conjunto de

soluções viáveis, é denominada como problema de decisão. Uma alternativa viável é também

caracterizada como uma alternativa de decisão.

Borenstein (1997) diz que o processo de decisão solicita instrumentos que, além de

apresentarem formalismo matemático, devem auxiliar os decisores por meio da flexibilidade

na descrição dos problemas. Esses instrumentos devem oferecer facilidade de análise e

entendimento dos componentes do processo de decisão; facilidade na comunicação e na

explanação dos possíveis resultados; e, habilidade em captar e manipular as preferências do

decisor.

Um importante instrumento para tratar problemas de decisão é o Auxílio Multicritério

à Decisão (AMD). Segundo Vincke (1992) e Freitas (1997), a finalidade do AMD é

classificar e priorizar as alternativas de decisão considerando o desempenho destas à luz de

múltiplos critérios e reconhecendo a inexistência, de modo geral, de uma alternativa que seja

a melhor em todos os critérios. Portanto, pode-se dizer que a solução de um problema de

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decisão multicritério passa pela classificação de um conjunto A = {a1, a2, ..., aj} de

alternativas avaliado à luz de n critérios g1, g2, ..., gn em uma das classes pré-definidas, de

acordo com o desempenho destas alternativas em um critério em particular.

Para Corner e Buchanan (1997) as duas principais características do AMD são:

• Análise dos problemas de decisão à luz de vários critérios.

• Reconhecimento e abordagem da subjetividade relativa aos problemas de decisão.

Para Yu (1992) há três formulações diferentes (escolha, ordenação e classificação)

que podem servir de orientação para o analista na estruturação do problema numa dada

situação de decisão. Porém, uma outra formulação, não considerada em Yu, compreende os

problemas de priorização, como aqueles tratados pelo Método de Análise Hierárquica (AHP).

Conforme reportado em Freitas (1997), no que se refere ao problema de escolha, as

alternativas são diretamente comparadas umas com as outras e os resultados são informados a

partir da noção comparativa: melhor e pior. A escolha, seleção de um subgrupo A* das

melhores alternativas de A, é um exemplo típico de julgamento comparativo.

A presença (ou ausência) de uma alternativa ak no grupo das melhores alternativas A*

resulta da comparação de ak com outras alternativas. Similarmente, a posição de uma

alternativa na ordem preferencial depende da comparação desta com as outras.

A’ : alternativas

selecionadas

A – A’ :

alternativas rejeitadas

Figura 3.1 – Problemas de Escolha.

[Fonte: Mousseau e Slowvinski 1998 apud Freitas 2001]

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

X

X X

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

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40

No que se refere ao problema de ordenação, as alternativas são consideradas

independentemente umas das outras, a fim de determinar seu valor individual partindo de

comparações entre as referências; os resultados são informados através de noções absolutas de

“pertencente” ou “não-pertencente” a uma classe, “similar” ou “não-similar” a um

desempenho de referência, “adequado” ou “não-adequado” a alguns limites. Tanto o problema

de escolha, como o problema de ordenação (definição de uma ordem preferencial em A),

compreende um exemplo de julgamento comparativo.

A

Figura 3.2 – Problemas de Ordenação.

[Fonte: Mousseau e Slowvinski (1998) apud Freitas 2001]

Já o problema de classificação se refere ao julgamento absoluto, que consiste em

classificar as alternativas dentro de uma das classes pré-existentes (classe padrão) definidas

por limites ou elementos típicos da classe. A classificação de uma alternativa ak é resultado da

avaliação intrínseca de ak à luz dos critérios e dos limites definidores das classes (a

classificação de ak em uma classe específica não influencia a classe para que outra alternativa

seja classificada).

Conforme reportado em Azevedo (2001) a composição das classes pode exercer

influência na estrutura das classes, tratando-se de um caso padrão de “problemas de

A

X X x X X X X X X X x X X X X x X X X X X X X X X X x

X X

X X X

X

X X X

x x x x

X X

X X

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41

classificação multicritério” (Multiple Criteria Sorting Problems – MCSP). O MCSP se

diferencia da abordagem padrão de classificação, pois as classes consideradas aqui são

definidas preliminarmente e não são resultados das análises. Estas classes são normalmente

criadas de forma que as alternativas classificadas em uma mesma classe sejam tratadas

igualmente. O Método ELECTRE TRI utilizado neste trabalho trata deste tipo de problema.

Figura 3.3 – Problemas de Classificação.

[Fonte: Mousseau et al (1999)]

3.1.1 Modelando a Preferência

De modo geral, os estudos que auxiliam nas decisões incluem a inter-comparação de

alternativas pertencentes ao conjunto A (ou a comparação de alternativas pertencentes a A

com um conjunto de padrões também contido em A) à luz de diferentes critérios pertencentes

ao conjunto F.

Utiliza-se então o conceito de critério – uma função g de real valor avaliada a partir de

um ponto de vista específico (agrupando uma classe de conseqüências homogêneas).

Mais precisamente, a um critério genérico gj ∈ F associa-se uma função de valor real gj

( ) que projeta os elementos de A em ℜ , tal que a comparação de qualquer par de alternativas

a e b ∈ A possa ser analisada através da comparação de dois valores gj (a) e gj (b).

Classe 1 Classe 2 ............. Classe k

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

X X X

X X X X X

X X X X

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Para que se possa comparar qualquer par de alternativas a e b em A, a função gj ( )

deve ser construída tal como:

gj (a) = gj (b) ⇒ aI gj b (1)

gj (a) > gj (b) ⇒ aP gj b (2)

onde Ig e Pg denotam as relações de indiferença e de preferência relativas ao critério g.

A primeira relação (1) define que, quando o desempenho da alternativa “a” no critério

“g” for igual ao desempenho da alternativa “b” no mesmo critério, “a” é indiferente à “b”.

A segunda relação (2) define que quando o desempenho da alternativa “a” no critério

“g” for maior que o desempenho da alternativa “b” no mesmo critério, “a” é preferível à “b”.

Na prática, a avaliação de alternativas à luz de critérios subjetivos é invariavelmente

sujeita à imprecisões e à incertezas, difíceis de serem determinadas. Portanto, uma pequena

diferença de avaliação gj(a) - gj(b) pode resultar em situações de indiferença. Ademais,

quando esta diferença não parece interferir, nem sempre reflete uma situação de preferência.

Com isso, é mais razoável e prudente considerar um modelo de critério mais geral em

que a função g deve ser construída, tal como: gj(a) ≥ gj(b) ⇒ a S gj b, que significa “a é ao

menos tão boa quanto b” (ou a subordina b) no que se refere ao critério gj.

Desta forma, para avaliar a imprecisão, a incerteza e a difícil determinação, é comum

o uso de limites de discriminação que identificam os limites entre situações de indiferença e

preferência.

Neste caso, dois valores q e p são introduzidos, tal como:

gj(a) - gj(b) ≤ q ⇒ aI gj b

q < gj(a) - gj(b) ≤ p ⇒ aQ gj b

gj(a) - gj(b) > p ⇒ aP gj b

onde Qg denota a relação de preferência fraca relativa ao critério g.

Uma relação de preferência fraca é uma situação intermediária que avalia uma

hesitação entre as situações de indiferença e de preferência q e p são chamados limites de

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indiferença e de preferência, respectivamente. Em casos gerais, estes limites podem variar

com as avaliações.

O modelo de verdadeiro-critério foi definido no caso onde p = q = 0. O modelo geral

(q ≥ 0 e p ≥ 0) é chamado pseudocritério; dois casos específicos interessantes são os semi-

critério onde q = p e o pré-critério onde q = 0.

Determinar um valor para estes limites é um problema difícil. Tais valores podem ser

ambos determinados depois da análise da imprecisão dos dados, ou deduzi-los utilizando as

funções do ELECTRE TRI. Estes limites devem ser “valores razoáveis” em que os impactos

sejam estudados através de uma análise robusta. Esta análise consiste em explorar o impacto

das variações dos parâmetros em resultados conclusivos.

3.1.2 Os Métodos de Subordinação e Síntese

Conforme Freitas e Costa (1998) existem vários métodos de AMD desenvolvidos

atualmente por duas grandes escolas que se dedicam aos estudos de problemas multicritério: a

escola americana e a escola francesa ou européia.

Erlich (1996) completa a colocação anterior explicando que os especialistas em AMD

também subdividem os métodos multicritério em três grandes famílias, que são:

• Teoria da Utilidade Multicritério.

• Métodos de Subordinação e Síntese.

• Métodos Interativos.

A mais conhecida família de métodos da Escola Francesa é a família ELECTRE

(ELimination Et Choice Traidusaint la REalitè). Estes métodos são também conhecidos por

Métodos de Subordinação e Síntese ou de Superclassificação (Gomes, 1995). A família

ELECTRE é composta dos seguintes métodos:

• ELECTRE I.

• ELECTRE II.

• ELECTRE III.

• ELECTRE IV.

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• ELECTRE IS.

• ELECTRE TRI.

Freitas e Costa (1996) relatam que para um dado conjunto finito de alternativas/ações

(A), valoradas sobre uma família/vetor de critérios (F), estes métodos constróem uma relação

de subordinação, que representa as preferências estabelecidas pelo decisor. A exploração

desta relação visa auxiliar o decisor a resolver o problema.

O ELECTRE I, de acordo com Goicoechea et al (1982), estabelece uma ordenação

parcial do conjunto das ações consideradas, tal que satisfaça:

• teste de concordância (isto é, se a medida de concordância está acima do nível

mínimo aceitável).

• teste da discordância (isto é, se a medida de discordância está abaixo do nível

máximo de discordância permissível).

Ainda segundo Goicoechea et al (op. cit.), o ELECTRE II estabelece uma ordenação

completa do conjunto de ações considerado, devendo também satisfazer às condições de

concordância e discordância. Entretanto, as definições dessas condições diferem daquelas do

ELECTRE I.

O procedimento de subordinação consiste na construção de duas relações extremas –

uma forte e outra fraca. A classificação final, denominada classificação mediana, é obtida pela

composição das duas classificações originadas das relações de subordinação forte e fraca.

Estes dois primeiros métodos tratam de problemas onde ocorrem critérios verdadeiros,

caracterizados por não admitir imprecisão e incerteza na avaliação de cada ação.

Os Métodos ELECTRE III e IV, conforme reportado por Vallée e Zielniewicz (1994)

utilizam o conceito de pseudocritério, que permite integrar explicitamente elementos mal

definidos ou conhecidos com uma margem de imprecisão.

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45

Estes métodos buscam construir uma ou várias relações de subordinação, tal que, para

cada par de alternativas valoradas, seja possível identificar o quanto uma alternativa é ao

menos tão boa quanto a outra.

No ELECTRE III, utiliza-se um conjunto de pesos para agregar as preferências

parciais sob cada critério. Já no ELECTRE IV, o decisor não pode ou não deseja avaliar a

importância relativa de cada pseudocritério.

Segundo Roy e Skalka (1984), o ELECTRE IS é uma generalização do ELECTRE I,

porém, permitindo o emprego do conceito de pseudocritério.

Este trabalho utiliza o Método ELECTRE TRI como ferramenta, por isso o mesmo

será descrito com mais detalhes no próximo tópico.

3.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO ELECTRE TRI 3.2.1 Apresentação geral

O Método ELECTRE TRI, reportado em Yu (1992), Roy (1993) e Mousseau et al

(1999) também pertence a família ELECTRE e caracteriza-se por tratar de problemas

específicos de classificação ordenada (COSTA et al, 2004). Ou seja: dado um conjunto A de

alternativas, classificá-las em subconjuntos específicos de classes ordenadas A1, A2, ....... An.

Esta classificação é feita considerando:

• A análise do desempenho das alternativas à luz de um conjunto de critérios F.

• A avaliação da importância dos critérios pertencentes a F.

• Classes de equivalência, definidas por limites superiores e inferiores de

desempenho das alternativas em cada critério. Estes limites são denominados

limites das classes.

O ELECTRE TRI integra funções específicas que dão suporte ao decisor no processo

de preferência. Estas funções agrupadas no ELECTRE TRI ajudam a reduzir o esforço

cognitivo requerido do decisor na fase de estruturação do modelo. A principal característica

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do ELECTRE TRI é a inferência de parâmetros preferenciais na determinação de exemplos

fornecidos pelo decisor.

O ELECTRE TRI classifica alternativas em classes pré-definidas (padrão). A

classificação de uma alternativa a resulta da comparação com os desempenhos que definem os

limites das classes padrão.

F denota o conjunto de índices dos critérios F = {g1, g2, ..., gm} e B denota o conjunto

de índices dos desempenhos que definem a classe p+1, bh é o limite superior da classe Ch e o

limite inferior da classe Ch+1, h = 1, 2, ..., p.

O ELECTRE TRI classifica as alternativas seguindo dois passos consecutivos:

• Construção de uma relação de subordinação S, que caracteriza como as

alternativas são comparadas aos limites das classes.

• Exploração (através de procedimentos de classificação) da relação S para

classificar cada alternativa em uma classe padrão.

Figura 3.4 – Classes ordenadas definidas por limites.

[Fonte: MOUSSEAU e SLOWINSKI (1998)].

O ELECTRE TRI constrói uma relação de subordinação S, confirmando, ou não, a

afirmação de que aSbh, que significa que “a é ao menos tão boa quanto bh”. As preferências

b1 b2 bp gm gm-1 g3

g2

g1 C1 C2 C3 Cp Cp+1

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restritas em cada critério são definidas através de pseudocritérios detalhados na representação

de preferência de limites inferiores e superiores. Os limites de indiferença e de preferência

(qj(bh) e pj(bh)) constituem a informação preferencial sobre o critério. Eles analisam a

natureza imprecisa das avaliações gj(a). Enquanto, qj(bh) especifica a maior diferença

gj(a) - gj(bh) que preserva a indiferença entre a e bh no critério gj; pj(bh) representa a menor

diferença gj(a) - gj(bh) compatível com a preferência a favor de a no critério gj.

Na análise das preferências, a validação da afirmação aSbh (ou bhSa), deve verificar

duas condições:

• Concordância: para que uma ordenação onde aSbh (ou bhSa) seja aceita, uma

maioria suficiente de critérios deve ser a favor desta afirmação.

• Não-discordância: quando na condição de concordância esperada, nenhum dos

critérios na minoria deve se opor a afirmação aSbh (ou bhSa).

Dois tipos de parâmetros preferenciais de critérios intervêem na construção de S:

• O conjunto de coeficientes dos pesos-importância (k1, k2, ..., km) é usado no teste

de concordância quando computam a importância relativa da união dos critérios

que são a favor da afirmação aSbh.

• O conjunto de limites de veto (v1(bh), v2(bh), ..., vm(bh)), ∀ h∈ B, é usado no teste de

discordância. vj(bh) representa a menor diferença gj(bh) - gj(a) incompatível com a

afirmação aSbh.

3.2.2 – A relação de subordinação no ELECTRE TRI

No método ELECTRE TRI, uma relação de subordinação é construída para tornar

possível a comparação de uma alternativa a com um limite padrão bh. Esta relação de

subordinação é construída através dos seguintes passos:

• Computar o índice de concordância parcial cj(a, bh) e cj(bh, a),

• Computar o índice de concordância global c(a, bh),

• Computar o índice de discordância parcial dj(a, bh) e dj(bh, a),

• Computar a relação de subordinação fuzzy conforme o índice de credibilidade

σ(a, bh),

• Determinar um corte-λ da relação fuzzy para obter uma relação de subordinação.

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3.2.2.1 Índice de concordância parcial

O índice de concordância parcial cj(a, bh) expressa até que ponto a afirmação “a é ao

menos tão boa quanto bh considerando o critério “gj” é válida.

Quando gj tem uma direção de preferência crescente, cj(a, bh) é computado como:

Se gj(a) ≤ gj(bh) – pj (bh), então cj(a, bh) = 0

Se gj(bh) – pj (bh) < gj(a) ≤ gj(bh) – qj (bh),

então cj(a, bh) = [gj(a) - gj(bh) + pj (bh)]

[pj (bh) - qj (bh)]

Se gj(bh) – qj (bh) < gj(a), então cj(a, bh) = 1

Quando gj tem uma direção de preferência decrescente, cj(a, bh) é computado como:

Se gj(a) ≥ gj(bh) + pj (bh), então cj(a, bh) = 0

Se gj(bh) + qj (bh) ≤ gj(a) ≤ gj(bh) + pj (bh),

então cj(a, bh) = [gj(bh) - gj(a) + pj (bh)]

[pj (bh) - qj (bh)]

Se gj(bh) + qj (bh) > gj(a), então cj(a, bh) = 1

3.2.2.2 Índice de concordância global

O índice de concordância global cj(bh, a) expressa até que ponto as avaliações de a e bh

em todos os critérios estão de acordo com a afirmação “a subordina bh“:

cj(a, bh) = Σj∈ F kj cj(a, bh)

Σj∈ F kj

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3.2.2.3 Índice de discordância

O índice de discordância parcial dj(a, bh) expressa até que ponto o critério gj se opõe à

afirmação “a é ao menos tão boa quanto bh”, isto é, “a subordina bh” . Um critério gj é

considerado discordante com a afirmação “a subordina bh“ se, neste critério, bh é preferida à a

. Neste caso de preferência crescente, o critério gj se opõe a um veto quando a diferença gj(bh)

- gj(a) excede ao limite de veto vj(bh).

Quando gj tem uma direção de preferência crescente, dj(a, bh) é computado como:

Se gj(a) > gj(bh) - pj (bh), então dj(a, bh) = 0

Se gj(bh) - vj (bh) < gj(a) ≤ gj(bh) - pj (bh),

então dj(a, bh) = [gj(bh) - gj(a) - pj (bh)]

[vj (bh) - pj (bh)]

Se gj(bh) - vj(bh) ≥ qj (a), então dj(a, bh) = 1

Quando gj tem uma direção de preferência decrescente, dj(a, bh) é computado como:

Se gj(a) ≤ gj(bh) + pj (bh), então dj(a, bh) = 0

Se gj(bh) + pj (bh) < gj(a) ≤ gj(bh) + vj (bh),

então dj(a, bh) = [gj(a) - gj(bh) - pj (bh)]

[vj (bh) - pj (bh)]

Se gj(bh) + vj(bh) < gj (a), então dj(bh, a) = 1

3.2.2.4 Grau de credibilidade na relação de subordinação

O grau de credibilidade da relação de subordinação σ(a, bh) expressa até que ponto “a

subordina bh“ de acordo com o índice de concordância global cj(a, bh) e com o índice de

discordância dj(a, bh), ∀ j∈ F. Calcula-se o índice de credibilidade σ(a, bh) e σ(bh, a) somando-

se os valores estabelecidos na relação de subordinação.

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O cálculo do índice de credibilidade σ(a, bh) é de acordo com os seguintes princípios:

1. quando nenhum critério for discordante, a credibilidade da relação de subordinação

σ(a, bh) é igual ao índice de concordância σ(a, bh).

2. quando um critério discordante se opõe ao veto para a afirmação “a subordina bh“

(i. é, dj(a, bh) = 1), então o índice de credibilidade σ(a, bh) torna-se nulo (a

afirmação “a subordina bh“ não é totalmente acreditável).

3. quando um critério discordante é tal como c(a, bh) < dj(a, bh) < 1, o índice de

credibilidade σ(a, bh) torna-se mais baixo do que o índice de concordância c(a, bh),

sendo justo o efeito de oposição deste critério.

A conclusão destes princípios é de que o índice de credibilidade σ(a, bh) corresponde

ao índice de concordância fraca por um eventual efeito de veto. Mais precisamente, o valor

σ(a, bh) é calculado como se segue (σ(bh, a) é calculado similarmente):

σ(a, bh) = c(a, bh) Π j∈ F 1 - dj(a, bh), onde F = {j∈ F/ dj(a, bh) > c(a, bh)}

1 – c(a, bh)

3.2.2.5 A relação de subordinação resultante

A tradução de uma relação de subordinação fuzzy obtida entre uma relação de

subordinação S é feita sobre o significado de um corte λ, (λ é chamado de nível de corte). λ é

considerado como o menor valor do índice de credibilidade compatível com a afirmação de

que “a subordina bh”, i. é, σ(a, bh) ≥ λ ⇒ aSbh. Assim, são definidas relações binárias >

(preferência), I (indiferença) e R (incomparabilidade) como se segue:

• aIbh ⇔ aSbh e bhSa

• a > bh ⇔ aSbh e não bhSa

• a < bh ⇔ não aSbh e bhSa

• aRbh ⇔ não aSbh e não bhSa

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51

3.2.2.6 A classificação dos procedimentos

A regra do procedimento de exploração é realizada para analisar o modo em que uma

alternativa “a” é comparada com os limites padrões determinados para a classe na qual “a”

deve ser enquadrada. Dois procedimentos de classificação são avaliados:

1º) O procedimento de classificação pessimista (ou conjuntivo) é descrito a seguir:

1. Comparar a sucessivamente com bi, para i = p, p – 1, ..., 0.

2. Que bh seja o primeiro limite padrão tal que aSbh, classificando a para a classe

Ch+1 (a → Ch+1).

Se bh–1 e bh denotam o limite superior e inferior da classe Ch, o procedimento

pessimista classifica a alternativa a para a mais alta classe Ch tal que a subordine bh-1, isto é,

aSbh-1. Quando se utiliza este procedimento com λ=1, uma alternativa a pode ser enquadrada

na classe Ch somente se gj(a) for igual ou exceder gj(bh-1) (pela soma dos limites) para cada

critério (regra conjuntiva). Quando λ decresce, o caráter conjuntivo desta regra é fraco.

2º) O procedimento de classificação otimista (ou disjuntivo) é descrito a seguir:

1. Comparar a sucessivamente com bi, i=1, 2, ..., p.

2. Que bh seja o primeiro limite padrão tal que bh > a, classificando a na classe Ch

(a → Ch).

O procedimento otimista (ou disjuntivo) classifica a para a mais baixa classe Ch para a

qual o limite superior de bh é preferível a a, i. é, bh > a. Quando se utiliza este procedimento

com λ=1, uma alternativa a pode ser classificada na classe Ch quando gj(bh) exceder gj(a)

(pela soma dos limites) ao menos para um critério (regra disjuntiva). Quando λ decresce, o

caráter disjuntivo desta regra é fraco.

3o) Comparação entre os dois procedimentos de classificação:

Sendo estes dois procedimentos diferentes, conseqüentemente, pode ocorrer a

classificação de algumas alternativas em diferentes classes. O exemplo seguinte explica, num

nível teórico, a razão da possibilidade de divergência dos resultados de classificação.

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52

Suponha-se que uma alternativa a é classificada em Ci e Cj pelas regras de

classificação pessimista e otimista, respectivamente. Espera-se:

• Que Ci seja inferior ou igual a Cj (i≤j).

• Que Ci seja inferior a Cj quando a é incomparável com todos os limites entre Ci e

Cj (aRbf, ∀ f, tal que i<f≤j).

Mais detalhadamente:

• Quando as avaliações de uma alternativa forem entre os dois limites de uma classe

em cada critério, então, ambos os procedimentos classificam esta alternativa para

esta classe.

• Uma divergência existe entre os resultados dos dois procedimentos de

classificação somente quando uma alternativa é incomparável para um ou vários

limites; em tais casos, a regra de classificação pessimista classifica a alternativa na

classe mais inferior que a otimista o faz.

3.2.2.7 Consistência na definição das categorias

As classes ordenadas p+1 C1, C2, ..., Cp+1 são definidas no ELECTRE TRI por p

limites b1, b2, ..., bp, sendo bh o limite superior da classe Ch e o limite inferior da classe Ch+1,

h=1, 2, ..., p. Para definir as classes consistentemente, os limites devem respeitar as duas

seguintes condições:

Condição 1: ∀ j∈ F, ∀ h=1...p-1, gj(bh+1) ≥ gj(bh)

Esta condição estabelece que as classes devem ser ordenadas. Como o ELECTRE TRI

considera classes ordenadas, não é possível usar o método se esta condição não for

cumprida.

Condição 2: ∀ j∈ F, ∀ h=1...p-1, gj(bh+1) - pj(bh+1) ≥ gj(bh) + pj(bh)

Para definir as classes “distingüíveis”, é razoável impor que nenhuma alternativa possa

ser indiferente a mais de um limite, i. é, ∀ a∈ A, ∀ h=1...p-1, aIbh ⇒ [não aIbh+1 e não

aIbh-1] (uma situação em que aIbh e aIbh+1 significarão implicitamente que a classe que

foi delimitada pelos limites bh e bh+1 é ”insuficientemente grande”. Esta condição

assegura o preceito de prosperidade na utilização do método. Em outras palavras, é

possível aplicar o ELECTRE TRI com limites que não cumpram a condição 2, mas

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53

nestes casos, algumas alternativas podem ser indiferentes para dois limites

consecutivos.

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4. ABORDAGEM PROPOSTA E EXPERIMENTO DE APLICAÇÃO

Neste capítulo, é apresentada a abordagem proposta neste trabalho para a classificação

do grau de solvência das operadoras.

O presente trabalho não tem a pretensão de apresentar um modelo de classificação

definitiva da solvência das operadoras de assistência à saúde. O que se faz aqui é apresentar

uma proposta alternativa de aprimoramento na avaliação do risco de insolvência destas

empresas, investigando a aplicação do Método ELECTRE TRI à modelagem e solução deste

problema.

4.1 DESCRIÇÃO DA ABORDAGEM PROPOSTA

A abordagem proposta no presente trabalho fundamenta-se na integração do Método

ELECTRE TRI (YU, 1992 e Mousseau et al, 1999) e aos indicadores econômico-financeiros,

elaborados com base na experiência do BACEN e da SUSEP, para o monitoramento das

operadoras de planos de saúde, objetivando a classificação destas operadoras em classes de

risco de solvência. A seguir são descritas as etapas da modelagem:

a) Identificar a(s) operadora(s), cujo(s) grau(s) de solvência deseja-se avaliar.

Listar as operadoras que participarão da análise. As operadoras que serão comparadas

e analisadas deverão fazer parte de uma mesma classificação definida na Resolução de

Diretoria Colegiada – RDC/ANS N° 39, de 27 de outubro de 2000. Esta condição possibilitará

a realização da análise, já que seus respectivos desempenhos poderão ser comparados, assim

como poderá auxiliar na escolha dos pesos e perfis para os critérios que serão considerados.

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55

b) Especificar os critérios ou indicadores que devem ser considerados na

avaliação do grau de solvência.

Selecionar e listar os indicadores econômico-financeiros referentes à classificação de

operadora que devem ser destacados na análise. Estes Indicadores são selecionados em função

de sua representatividade no processo de monitoramento da solvência das operadoras. Este

processo consiste em uma análise situacional, posicionando a(s) operadora(s) analisada(s)

quanto aos fatores que mais influenciarão seu desempenho.

A percepção destes indicadores que se encontra num contexto ambiental, é um

processo permanentemente evolutivo, assim a escolha de indicadores mais representativos

deve levar em consideração as peculiaridades do segmento que se está avaliando. Neste

contexto, os indicadores de sucesso podem ser diferentemente percebidos por cada analista.

Os indicadores são classificados em três grupos descritos a seguir, conforme Da Silva

(1997):

- Índices de estrutura – mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em

termos de obtenção de recursos. Esses índices são relacionados à composição de

capitais (próprios e de terceiros), que medem os níveis de imobilização de recurso e

que buscam diversas relações na estrutura da dívida da empresa. De certa forma,

estes índices estão ligados às decisões financeiras de financiamento e de

investimento;

- Índices de liquidez – mostram a base da situação financeira da empresa. Os índices

de liquidez visam fornecer uma medida, ou melhor, um indicador da capacidade da

empresa de pagar suas dívidas, a partir da comparação entre os direitos realizáveis e

as exigibilidades. Uma empresa com bons índices de liquidez tem condições de ter

boa capacidade de pagar suas dívidas, mas dependerá ainda de outras variáveis

como prazos de recebimento e de pagamento, giro dos estoques, renovação de

dívida, etc;

- Índices de rentabilidade – mostram quanto renderam os investimentos e, portanto,

qual o grau de êxito da empresa. Os índices de rentabilidade, também conhecidos

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56

por índices de lucratividade ou mesmo de retorno, indicam qual o retorno que o

empreendimento está propiciando. Pode-se obter através da análise das

demonstrações financeiras, os indicadores sobre o investimento, retorno sobre as

vendas e retorno sobre o capital próprio, entre outros.

Obs: Conforme reportado em Herrera (2000), a determinação dos critérios de avaliação é

especialmente importante dentro do enfoque da metodologia, porque terá uma grande

influência no resultado final. É fortemente recomendável que estes critérios sejam definidos

por especialista(s) na indústria em questão, pois parcela considerável do sucesso da

abordagem proposta está associada à escolha adequada dos critérios e de seus pesos.

c) Atribuir pesos para cada critério.

Nesta etapa, estabelecem-se os pesos associados a cada indicador. Estes pesos são

obtidos através de julgamentos de valor, coletados junto a especialistas, com o auxílio de uma

escala de julgamentos definida no tópico anterior.

d) Estabelecer os limites de preferência (p) e de indiferença (q) para cada

critério.

Os limites de preferência e de indiferença “p” e “q” permitem considerar a natureza

imprecisa intrínseca às avaliações do desempenho das organizações à luz do critério

considerado.

e) Identificar as classes de equivalência juntamente com seus respectivos limites.

Neste ponto, se estabelece as classes de solvência que servirão de padrões para

classificar as operadoras sob análise. As “n” classes de equivalência são estabelecidas através

da definição de “n-1” perfis que serão considerados no estudo. Neste contexto, cada perfil

denota um limite padrão para cada classe, assim, o primeiro perfil corresponde ao limite

inferior da primeira classe e o limite superior da segunda classe, e assim sucessivamente.

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57

f) Calcular os valores de cada indicador, nos quais se avalie o desempenho das

operadoras à luz de cada critério, com base na escala definida no tópico “g”.

Nesta etapa, com base nas informações contábeis que as operadoras encaminharam à

ANS, trimestralmente, através do DIOPS – Documento de Informações Periódicas das

Operadoras de Planos de Assistência à Saúde, calcula-se os índices econômico-financeiros

que servirão como os critérios neste estudo.

g) Executar o algoritmo de classificação do ELECTRE TRI.

Nesta etapa obtém-se a Classificação das Operadoras (CO) analisadas. São obtidas

duas classificações:

• Classificação mais exigente: obtida através de um procedimento Pessimista; e

• Classificação menos exigente: obtida através de um procedimento Otimista.

Maiores informações sobre o Método ELECTRE TRI estão detalhadas no capitulo III

deste trabalho e também em Yu (1992), Mousseau et al (1999) e Freitas (1997, 2001).

h) Analisar e interpretar os resultados obtidos pela classificação.

De posse dos resultados individuais de cada operadora à luz dos critérios

considerados, avalia-se o grau de solvência de cada alternativa, analisando, inclusive, o grau

de credibilidade destes resultados.

A representação do fluxo das etapas adotadas na abordagem proposta está ilustrada na

Figura 4.1, apresentada a seguir:

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58

Figura 4.1 – Fluxograma das etapas da metodologia proposta.

[Fonte: Adaptada de Azevedo (2001)]

A Fim

Identificar classes de

equivalência

Especificar critérios que

serão considerados

Atribuir pesos para cada critério

considerado

Estabelecer limites de

preferência e indiferença

Calcular o desempenho das operadoras em cada critério

Início

Identificar as operadoras que serão avaliadas

no estudo

A

Executar ELECTRE TRI

para as operadoras

Analisar resultados das classificações

obtidas

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59

4.2 EXPERIMENTO DE APLICAÇÃO DA ABORDAGEM PROPOSTA

Nesta seção, apresenta-se uma aplicação da metodologia proposta as informações

contábeis das operadoras de planos de saúde, considerando os dados referentes ao de 2003.

Esta aplicação foi desenvolvida com o objetivo de experimentar a aplicação da proposta a

uma situação real. A seguir, descrevem-se as etapas desta simulação.

4.2.1 Identificação das operadoras que se deseja avaliar

Foram avaliadas 113 operadoras consideradas de médio e grande porte, ou seja,

operadoras que possuem entre 20.000 e 100.000 beneficiários e operadoras com mais de

100.000 beneficiários, respectivamente. A escolha de operadoras com uma massa de

beneficiários acima de 20.000 foi adotada por serem empresas que possuem uma

profissionalização maior da operação, desta forma, acreditando-se que as informações

contábeis apresentem um menor número de erros. Isto porque a ANS só introduziu o Plano de

Contas Padrão (Resolução da Diretoria Colegiada – RDC N° 38/2000) para as operadoras em

outubro de 2000.

4.2.2 Identificação da classificação a qual pertencem as operadoras

As operadoras consideradas serão as classificadas pela ANS como de medicina de

grupo, conforme RDC N° 39/2000, por serem o grupo mais significativo em termos de

número de operadoras e de beneficiários ativo (Nogueira, 2004). Um fato importante a ser

destacado é que a classificação das operadoras em medicina de grupo foi realizada por

exclusão, ou seja, pertencem as estas classificação empresas ou entidades que operam no

segmento médico-hospitalar, excetuando-se aquelas classificadas como administradora,

cooperativa médica, autogestão ou filantropia. Deste modo, infere-se que este não é um grupo

com características homogêneas.

4.2.3 Especificação dos indicadores que serão considerados

Foram considerados os indicadores econômico-financeiros ilustrados na Tabela 4.1,

que são atualmente utilizados pela ANS na avaliação das operadoras que apresentam esta

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60

classificação. Ainda, alguns destes indicadores foram selecionados para a avaliação

econômico-financeira das operadoras no atual programa de qualificação do mercado de saúde

suplementar, lançado em abril de 2005, pela ANS.

Indicadores

Descrição Código

Índice de Liquidez Geral ILG

Índice de Liquidez Corrente ILC

Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido IImob.

Índice de Grau de Endividamento IEndiv.

Índice de Retorno Líquido IRet.Líq.

Índice de Retorno Financeiro IRet.Fin.

Índice de Despesas Médicas Assistenciais IDM

Índice de Despesa Administrativa IDA

Índice de Despesa Comercial IDC

Índice Combinado Icomb.

Tabela 4.1 – Classificação, descrição e codificação dos critérios.

O detalhamento destes critérios é apresentado a seguir, conforme Silva (1999) e

Programa de Qualificação (2005):

i. Índice de Liquidez Geral - representa o quanto a operadora possui de aplicações

de recursos no ativo circulante, mais o realizável a longo prazo para cada $1 de

endividamento total (passivo circulante + exigível a longo prazo). Este quociente

indica a situação financeira da sociedade “a longo prazo”, medindo a capacidade

da empresa em cumprir seus compromissos perante terceiros, “exigível a longo

prazo”. Cálculo:

ILG =Prazo Longo a Exigível Circulante PassivoPrazo Longo a Realizável Circulante Ativo

++

ii. Índice de Liquidez Corrente - representa o quanto a operadora possui de

aplicações de recursos no ativo circulante para cada unidade monetária de fonte de

recursos do passivo circulante. Este índice é utilizado para medir a capacidade da

empresa em saldar seus compromissos a curto prazo. Cálculo:

ILC =Circulante Passivo

Circulante Ativo

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61

iii. Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido - Representa o quanto a empresa

aplicou no ativo permanente para cada $1 de capital próprio. Cálculo:

IImob. = Líquido PatrimônioPermanente Ativo

iv. Índice de Grau de Endividamento (Participação de Capital de Terceiros) -

representa o quanto a empresa tomou de capital de terceiros para cada $1 de

capital próprio. Cálculo:

IEndiv. = Líquido Patrimônio

Terceiros de Capital

v. Índice de Retorno Líquido - representa o quanto a operadora obteve de retorno

líquido operacional para cada $1 de capital próprio investido. Cálculo:

IRet.Líq. = Líquido PatrimônioLíquido Resultado

vi. Índice de Retorno Financeiro - representa o quanto a operadora obteve de retorno

financeiro para cada $1 de capital próprio investido. Cálculo:

IRet.Fin. = Líquido Patrimônio

Financeiro Resultado

vii. Índice de Despesas Médicas Assistenciais - representa o quanto a operadora

incorreu em despesas assistenciais expressas na forma de eventos indenizáveis em

relação ao faturamento da operadora. É o principal índice de custo da operadora.

Cálculo:

IDM = sPecuniária taçõesContrapres

Líquidos isIndenizáve Eventos

viii. Índice de Despesa Administrativa - representa o quanto a operadora incorreu em

despesas administrativa em relação ao faturamento da operadora. Cálculo:

IDA = sPecuniária taçõesContrapres

tivaAdministra Despesa

ix. Índice de Despesa Comercial - representa o quanto a operadora incorreu em

despesas comercial em relação ao faturamento da operadora. Cálculo:

IDC = sPecuniária taçõesContrapres

Comercial Despesa

x. Índice Combinado - representa a relação entre o total de despesas da operadora e o

total de contraprestações (receitas com venda de planos de saúde), ou seja, a

relação entre a receita e a despesa da operadora de natureza exclusivamente

operacional. Cálculo:

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62

Icomb. = sPecuniária taçõesContrapres

Comercial Despesa tivaAdministra Despesa Líquidos isIndenizáve Eventos ++

4.2.4 Atribuição dos pesos para cada indicador

No presente trabalho, estes pesos foram arbitrados por uma comissão de especialistas

com grande experiência na análise econômico-financeira das operadoras adotadas neste

estudo. A tabela 4.2 ilustra os pesos adotados para cada critério.

Critérios Pesos

ILG 4

ILC 5

IImob. 3

IEndiv. 5

IRet.Líq. 5

IRet.Fin. 3

IDM 4

IDA 3

IDC 2

Icomb. 4

Tabela 4.2 – Pesos atribuídos aos critérios.

4.2.5 Identificação das classes de equivalência para cada indicador

Conforme descrito em Yu (1992), Mousseau et al (1999), as classes de equivalência

são definidas por limites inferiores e superiores. Considerando consulta a especialistas que

atuam no problema em questão, foram definidas cinco classes de referência, as quais estão

reportadas na tabela 4.3.

4.2.6 Estabelecer o limite de preferência (p) e de indiferença (q)

Considerando que estas classes possuem uma amplitude de escala pequena, adotou-se

p=q = 0, em cada critério.

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63

Classes

Critérios Limites A B C D E

Inferior 1,00 0,85 0,70 0,55 --- ILG

Superior --- 1,00 0,85 0,70 0,55

Inferior 1,00 0,85 0,70 0,55 --- ILC

Superior --- 1,00 0,85 0,70 0,55

Inferior 1,0 1,5 2,0 2,5 --- IImob.

Superior --- 1,0 1,5 2,0 2,5

Inferior 2,5 2,9 3,3 3,7 --- IEndiv.

Superior --- 2,5 2,9 3,3 3,7

Inferior 0,12 0,09 0,06 0,03 --- IRet.Líq.

Superior --- 0,12 0,09 0,06 0,03

Inferior 0,000 -0,025 -0,050 -0,075 --- IRet.Fin.

Superior --- 0,000 -0,025 -0,050 -0,075

Inferior 0,70 0,75 0,82 0,85 --- IDM

Superior --- 0,70 0,75 0,82 0,85

Inferior 0,20 0,25 0,32 0,35 --- IDA

Superior --- 0,20 0,25 0,32 0,35

Inferior 0,10 0,15 0,22 0,25 --- IDC

Superior --- 0,10 0,15 0,22 0,25

Inferior 1,10 1,15 1,22 1,25 --- Icomb.

Superior --- 1,10 1,15 1,22 1,25

Tabela 4.3 – Definição das classes à luz de cada critério.

4.2.7 Cálculo do desempenho das operadoras à luz dos indicadores

O anexo I apresenta os desempenhos que foram calculados para cada uma das

operadoras à luz de cada um dos critérios considerados. Estes desempenhos foram extraídos

da base de dados da ANS, do ano de 2003, fornecido pela DIOPE – Diretoria de Normas e

Habilitação das Operadoras. Com o intuito de preservar o sigilo das informações das

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64

operadoras adotou-se por chamá-las de alternativa OPSi (Operadora de Plano de Saúde), onde

i=1, 2,..., 113.

4.2.8 Executar o algoritmo de classificação do ELECTRE TRI

O Anexo II ilustra as classificações obtidas pela aplicação do método ELECTRE TRI,

adotando o parâmetro de corte (grau de credibilidade mínima aceitável) λ = 0,7 e λ = 0,8.

O Método ELECTRE TRI fornece duas classificações obtidas através de dois

procedimentos: um mais exigente (pessimista) e outro menos exigente (otimista). Quando

ocorre divergência entre estas duas classificações, o classificador deve adotar uma das duas

classificações de acordo com o seu perfil: mais exigente ou menos exigente. Este

procedimento também é adotado em outras situações de decisão em que se classifica o perfil

do decisor em otimista ou pessimista, como na Teoria dos Jogos.

Geralmente, uma divergência entre os resultados da classificação otimista e da

pessimista vem acompanhada por uma incomparabilidade. A incomparabilidade identifica

uma incapacidade do sistema (composto pelo modelo subsistema de coleta de julgamentos)

estabelecer uma comparação entre o(s) elemento(s) a ser(em) classificados em pelo menos

uma classe de equivalência. Conforme reportado em Costa et al (2004), esta incapacidade

pode ser causada pelo avaliador, pelo modelo de classificação ou pelo sistema de coleta de

dados. Costa (2005) argumenta incomparabilidades podem ser causadas por um desempenho

não homogêneo do objeto sob análise à luz do conjunto de critérios considerados.

4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Analisando os dados do anexo II, observa-se que existem algumas operadoras que

foram classificadas na mesma classe pelos dois procedimentos. Isto significa que o sistema

classificador não hesita em, de fato, classificá-las, nesta classe.

Por outro lado, as demais operadoras foram classificadas em classes diferentes pelos

procedimentos otimista e pessimista. Isto ocorre pelo fato do desempenho destas operadoras

não ser homogêneo ao longo dos critérios, apresentando uma flutuação ao longo destes. Por

exemplo: para a operadora OPS3, existe um conjunto de critérios no qual o seu desempenho se

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65

concentra na classe E; e, uma outra concentração de critérios na qual o seu desempenho é

classe A. Neste caso o sistema hesita em definir uma classificação final, sendo necessária uma

regra adicional para se definir a classificação final.

Devido ao fato do problema em foco estar avaliando uma classificação de “risco” de

insolvência, optou-se em adotar a classificação mais conservadora (pessimista) como

classificação final.

Assim, adotando o procedimento descrito acima, obteve-se a classificação final de

solvência das operadoras, a qual é reportada nas tabelas 4.4 e 4.5, apresentadas a seguir:

Classificação Pessimista (λ = 0,7)

Classe Operadoras

A

OPS1, OPS5, OPS7, OPS8, OPS12, OPS14, OPS17,

OPS21, OPS27, OPS29, OPS35, OPS36, OPS42, OPS49,

OPS52, OPS59, OPS63, OPS64, OPS70, OPS73, OPS78,

OPS80, OPS82, OPS88, OPS90, OPS92, OPS94, OPS96,

OPS98, OPS99, OPS101, OPS102, OPS104, OPS106,

OPS107, OPS112.

B

OPS2, OPS4, OPS9, OPS19, OPS32, OPS33, OPS41,

OPS50, OPS51, OPS56, OPS58, OPS62, OPS93, OPS97,

OPS103, OPS110, OPS113.

C

OPS15, OPS16, OPS22, OPS24, OPS26, OPS28, OPS37,

OPS40, OPS43, OPS44, OPS45, OPS47, OPS48, OPS53,

OPS61, OPS71, OPS72, OPS74, OPS75, OPS84, OPS91.

D OPS6, OPS20, OPS38, OPS55, OPS60, OPS66, OPS87,

OPS105, OPS108, OPS109.

E

OPS3, OPS10, OPS11, OPS13, OPS18, OPS23, OPS25,

OPS30, OPS31, OPS34, OPS39, OPS46, OPS54, OPS57,

OPS65, OPS67, OPS68, OPS69, OPS76, OPS77, OPS79,

OPS81, OPS83, OPS85, OPS86, OPS89, OPS95, OPS100,

OPS111.

Tabela 4.4 – Classificação mais exigente das operadoras com λ = 0,7.

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66

Classificação Pessimista (λ = 0,8)

Classe Operadoras

A

OPS1, OPS8, OPS12, OPS17, OPS29, OPS36, OPS42,

OPS49, OPS59, OPS63, OPS70, OPS73, OPS82, OPS90,

OPS99, OPS101, OPS102, OPS104.

B OPS2, OPS7, OPS21, OPS27, OPS41, OPS56, OPS78,

OPS92, OPS98, OPS103, OPS113.

C OPS5, OPS22, OPS35, OPS45, OPS47, OPS50, OPS52,

OPS62, OPS74, OPS75, OPS84, OPS88, OPS94.

D OPS4, OPS9, OPS26, OPS28, OPS32, OPS60, OPS71,

OPS87, OPS97, OPS105, OPS106, OPS107, OPS108.

E

OPS3, OPS6, OPS10, OPS11, OPS13, OPS14, OPS15,

OPS16, OPS18, OPS19, OPS20, OPS23, OPS24, OPS25,

OPS30, OPS31, OPS33, OPS34, OPS37, OPS38, OPS39,

OPS40, OPS43, OPS44, OPS46, OPS48, OPS51, OPS53,

OPS54, OPS55, OPS57, OPS58, OPS61, OPS64, OPS65,

OPS66, OPS67, OPS68, OPS69, OPS72, OPS76, OPS77,

OPS79, OPS80, OPS81, OPS83, OPS85, OPS86, OPS89,

OPS91, OPS93, OPS95, OPS96, OPS100, OPS109,

OPS110, OPS111, OPS112.

Tabela 4.5 – Classificação mais exigente das operadoras com λ = 0,8.

Uma análise sobre as tabelas 4.4 e 4.5 indica que conforme seja aumentado o grau de

credibilidade do modelo pessimista, as operadoras tendem as sofrer um rebaixamento em suas

classificações. Ou seja: o sistema classificador fica mais exigente.

Por outro lado, as operadoras OPS3, OPS10, OPS11, OPS13, OPS18, OPS23, OPS25,

OPS30, OPS31, OPS34, OPS39, OPS46, OPS54, OPS57, OPS65, OPS67, OPS68, OPS69, OPS76,

OPS77, OPS79, OPS81, OPS83, OPS85, OPS86, OPS89, OPS95, OPS100, OPS111, foram

classificadas na classe E, na tabela 4.4. Estas operadoras estariam com um maior grau de

insolvência e deveriam receber uma atenção maior por parte do órgão regulamentador.

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67

A tabela 4.6 ilustra a classificação menos exigente (otimista) para as operadoras

considerando um grau de credibilidade igual a 0,7.

Classificação Otimista (λ = 0,7)

Classe Operadoras

A

OPS1, OPS2, OPS3, OPS4, OPS5, OPS7, OPS8, OPS9,

OPS10, OPS12, OPS14, OPS15, OPS16, OPS17, OPS19,

OPS20, OPS21, OPS22, OPS24, OPS25, OPS26, OPS27,

OPS28, OPS29, OPS30, OPS31, OPS32, OPS33, OPS35,

OPS36, OPS37, OPS38, OPS40, OPS41, OPS42, OPS43,

OPS45, OPS46, OPS47, OPS48, OPS49, OPS50, OPS51,

OPS52, OPS54, OPS55, OPS56, OPS58, OPS59, OPS60,

OPS61, OPS62, OPS63, OPS64, OPS66, OPS67, OPS68,

OPS70, OPS71, OPS72, OPS73, OPS74, OPS75, OPS76,

OPS78, OPS79, OPS80, OPS81, OPS82, OPS84, OPS85,

OPS87, OPS88, OPS89, OPS90, OPS91, OPS92, OPS93,

OPS94, OPS96, OPS97, OPS98, OPS99, OPS100,

OPS101, OPS102, OPS103, OPS104, OPS105, OPS106,

OPS107, OPS108, OPS109, OPS110, OPS112, OPS113.

B OPS6, OPS13, OPS23, OPS39, OPS44, OPS53, OPS83,

OPS111.

C OPS11, OPS65, OPS69, OPS77, OPS86, OPS95.

D OPS18, OPS34.

E OPS57.

Tabela 4.6 – Classificação menos exigente das operadoras com λ = 0,7.

Analisando esta tabela, é possível registrar que, dentre as operadoras que estão na

Classe E no procedimento pessimista (tabela 4.4), as operadoras que são classificadas no nível

mais baixo (com maior insolvência) do procedimento otimista, são as operadoras: OPS57

(classe E); OPS18 e OPS34 (Classe D); e, OPS11, OPS65, OPS69, OPS77, OPS86 e OPS95

(Classe C).

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68

Mais ainda, para o caso da operadora OPS57 que ficou na classe E, tanto pela

classificação pessimista quanto a otimista, a ANS deve dar uma atenção urgente a mesma,

tendo em vista que esta operadora está em um quadro de insolvência extremamente

acentuado.

Por fim, a tabela 4.7 ilustra a classificação menos exigente (otimista) para as

operadoras, considerando um grau de credibilidade igual a 0,8. Neste caso, podemos notar um

predomínio das operadoras na classe A, ficando apenas a OPS95 e a OPS111 classificadas na

classe B.

Classificação Otimista (λ = 0,8)

Classe Operadoras

A

OPS1, OPS2, OPS3, OPS4, OPS5, OPS6, OPS7, OPS8,

OPS9, OPS10, OPS11, OPS12, OPS13, OPS14, OPS15,

OPS16, OPS17, OPS18, OPS19, OPS20, OPS21, OPS22,

OPS23, OPS24, OPS25, OPS26, OPS27, OPS28, OPS29,

OPS30, OPS31, OPS32, OPS33, OPS34, OPS35, OPS36,

OPS37, OPS38, OPS39, OPS40, OPS41, OPS42, OPS43,

OPS44, OPS45, OPS46, OPS47, OPS48, OPS49, OPS50,

OPS51, OPS52, OPS53, OPS54, OPS55, OPS56, OPS57,

OPS58, OPS59, OPS60, OPS61, OPS62, OPS63, OPS64,

OPS65, OPS66, OPS67, OPS68, OPS69, OPS70, OPS71,

OPS72, OPS73, OPS74, OPS75, OPS76, OPS77, OPS78,

OPS79, OPS80, OPS81, OPS82, OPS83, OPS84, OPS85,

OPS86, OPS87, OPS88, OPS89, OPS90, OPS91, OPS92,

OPS93, OPS94, OPS96, OPS97, OPS98, OPS99, OPS100,

OPS101, OPS102, OPS103, OPS104, OPS105, OPS106,

OPS107, OPS108, OPS109, OPS110, OPS112, OPS113.

B OPS95, OPS111.

Tabela 4.7 – Classificação menos exigente das operadoras com λ = 0,8.

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69

4.3.1 Aprofundamento da análise dos resultados obtidos

Analisando o outro extremo da questão, ao se adotar um grau de credibilidade igual a

1,0 (situação em que operadora teria tido um desempenho acima de A em todos os critérios

considerados) obteve-se apenas a operadora OPS82 classificada na Classe A. Neste caso, esta

operadora poderia ser utilizada como referência em um processo de benchmarking para a

melhoria do nível de solvência do sistema como um todo.

Ademais, fora comparado às operadoras classificadas na classe E, da tabela 4.5, com

as publicações das normas de regimes especiais (RO - Resolução Operacional e RDC). Os

resultados obtidos estão descritos a seguir:

i. As operadoras OPS6 e OPS61 tinham sofrido processo de direção fiscal que se

encerrou em 2002, porém, como se pode notar por este estudo, esta intervenção do

órgão regulador não conseguiu tirar tais operadoras de uma situação de risco de

insolvência;

ii. A operadora OPS11 entrou em regime de direção fiscal no ano de 2004 e antes do

final deste mesmo ano foi liquidada extrajudicialmente;

iii. Na operadora OPS46 foi instaurado o regime de direção fiscal no ano de 2004 e em

2005 foi realizada a liquidação extrajudicial dessa;

iv. A operadora OPS64 passou por um regime de direção técnica entre o final de 2003 e

o inicio de 2005;

v. Na operadora OPS68 foram instaurados dois regimes especiais: direção fiscal entre

2002 e 2003, e direção técnica durante aproximadamente três meses do ano de

2003. Como esses regimes vigoram até quase o final do ano de 2003, não se pode

avaliar com esse estudo se houveram resultados positivos para essa operadora.

Neste caso, seria necessário avaliar as informações contábeis de 2004;

vi. A operadora OPS77, recentemente em 2005, foi submetida a um regime de direção

fiscal;

vii. Ao final de 2003, a operadora OPS89 entrou em regime de direção fiscal e no início

de 2005, ela foi liquidada extrajudicialmente.

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Ainda, com relação à tabela 4.5 a comparação das operadoras classificadas nas classes

C e D com as referidas normas de regimes especiais apontaram as seguintes informações:

viii. A operadora OPS60 foi submetida a um regime de direção fiscal a partir do inicio de

2005;

ix. Na operadora OPS75, recentemente em 2005, sofreu uma instauração de uma

direção fiscal.

x. Ao final de 2004, foi instaurado um processo de direção fiscal na operadora OPS106.

O experimento apresentado serviu para ilustrar a aplicação da metodologia proposta,

podendo-se observar através dele a utilidade da mesma. Os resultados obtidos representam a

situação em 2003 das organizações analisadas. A escolha desta amostra de dados foi efetuada

para permitir o contraste entre a classificação das mesmas e a situação de fato evidenciada

pelas mesmas após um ano desta coleta de dados.

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5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES 5.1 CONCLUSÕES

Pelo que foi observado ao longo desta pesquisa, em geral, o processo de análise de

solvência de operadoras de planos de saúde envolve variáveis objetivas e também análise

qualitativas baseadas em julgamentos de valor. Julgamentos dependem da avaliação de diversas

variáveis simultaneamente e de interpretações pessoais múltiplas, que variam de acordo com a

experiência/preferência do avaliador.

Outra observação que pode ser extraída desta pesquisa é que o processo de análise de

riscos de solvência não incorpora métodos desenvolvidos para tratar a subjetividade inerente a

problemas desta natureza - como os métodos de Auxílio Multicritério à Decisão, por exemplo.

A metodologia proposta por este trabalho integra os conceitos de análise multicritério

aos conceitos de análise de solvência de operadoras de assistência à saúde. Isto é feito

considerando o apoio de decisores (analistas financeiros) e objetivando obter informações

consistentes sobre o grau de insolvência da operadora, identificando a incidência de

inconsistências na sua tomada de decisão.

Desta forma, a metodologia aqui apresentada é uma contribuição à necessidade de

adaptação constante dos métodos de análise de solvência, partindo da premissa de que o órgão

fiscalizador deve possuir as informações consistentes para escolher as ações mais adequadas

em sua tomada de decisão. Neste sentido, esta metodologia poderá ser adotada para a escolha

das empresas que deverão ser preferencialmente avaliadas.

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72

A proposta de investigação da aplicação de um método de classificação da solvência

das operadoras de assistência à saúde do Brasil foi atingida, não tendo sido identificada

restrições que inviabilizassem a integração do ELECTRE TRI aos indicadores utilizados pela

ANS. Assim, esta abordagem integrada constitui-se um mecanismo de alerta no sentido de

identificar operadoras que atravessam ou que possam vir a atravessar, em um futuro próximo,

problemas de insolvência.

A abordagem proposta classifica as operadoras em classes ordenadas de referência,

classificando em classes mais altas aquelas que tem um melhor desempenho em um maior

número de critérios. Isto traz uma grande vantagem relativa ao método da média ponderada

que utiliza um sistema compensatório.

Conforme exposto em Costa et al (2004), para se estabelecer bem a diferença entre o

emprego da média ponderada e dos métodos de superação, pode-se fazer uma analogia com o

que acontece em uma partida de voleibol no confronto entre os times A e B. Se no primeiro

‘set’, B ganha de A por 25 a 0; porém, nos demais três ‘sets’, A ganha de B por 25 a 20,

podemos ter duas análises:

a) Usar a média ponderada para obter o resultado final. Neste caso B seria o vencedor

da partida por 85 a 75.

b) Usar o número de ‘sets’ para definir o vencedor. Neste caso A seria o vencedor por

3 a 1. O princípio fundamental dos métodos de superação pode ser considerado

semelhante a esta 2ª abordagem, se considerarmos que cada ‘set’ equivale a um dos

critérios da análise multicritério.

Ademais, o ELECTRE TRI permite identificar incomparabilidades ou inconsistências

não detectáveis pelos métodos que se baseiam em médias ponderadas. No contexto do tema

abordado no presente texto, estas incomparabilidades indicam comportamento não homogêneo

das operadoras à luz do conjunto de critérios.

Esta abordagem também permite avaliar o grau de credibilidade da classificação obtida.

Embora, não tenha sido destacado este fato ao longo do presente texto, é possível avaliar a

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73

credibilidade de cada classificação obtida. A credibilidade está associada aos conceitos de

concordância e discordância da classificação.

Outrossim, apesar da aplicação desta metodologia depender do uso de um método não

muito difundido no âmbito empresarial (o método ELECTRE TRI) este não é um fator

prejudicial a sua aplicabilidade. Isto porque a modelagem do problema não implica em grande

dificuldade de entendimento da metodologia aqui proposta.

Cabe ressaltar que a introdução de uma contabilidade padronizada para as operadoras

se de planos de assistência à saúde foi introduzida somente em outubro de 2000 e o sistema de

envio dos dados contábeis em fevereiro de 2001. Desta forma, ainda nos dados de 2003,

encontram-se muitos erros de preenchimento no envio destas informações, fato que pode ter

ajudado na detecção de incomparabilidades. Em suma: os resultados aqui apresentados

precisam ser considerados com cautela, para que não se extraiam conclusões precipitadas, com

base em dados que podem apresentar erros de preenchimentos.

Com base no exposto, o método proposto pode ser utilizado no sentido de auxiliar o

órgão fiscalizador no controle de solvência das operadoras de assistência a saúde em atividade

no Brasil.

Ainda, cabe lembrar que os resultados encontrados no ELECTRE TRI devem servir

apenas para a orientação a ANS quanto à priorização de suas atividades de acompanhamento

das operações das empresas. Logo, qualquer conclusão definitiva somente deverá ser tomada

após uma análise criteriosa dos resultados encontrados.

Outrossim, a utilização do método proposto pode ser de grande valia não apenas para o

órgão oficial de controle da solvência no país, mas também para os corretores de planos de

saúde em geral, que podem avaliar o desempenho das diversas operadoras em atividade, de

modo a indicar aos seus clientes aquelas empresas que apresentam as melhores classificações

pelo método proposto.

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74

5.2 SUGESTÕES

O modelo aqui apresentado tem o objetivo central de investigar a aplicação da

metodologia proposta, porém não tendo a pretensão de substituir qualquer outra metodologia

utilizada neste tipo de problema, mas apenas em aprimorar o sistema atual de análise de

solvência utilizado pela ANS.

O presente trabalho visou a utilização do método ELECTRE TRI com os indicadores

da ANS, apenas para as operadoras classificadas como medicina de grupo. Porém, como cabe

a ANS fiscalizar todas as operadoras do segmento em atividade, sugere-se a utilização desta

metodologia para a análise das demais empresas, inclusive as medicinas de grupo com menos

de 20.000 beneficiários, com os respectivos grupos de indicadores e os devidos ajustes nos

pesos e intervalos de classes.

Ademais, vale ressaltar que a adoção da metodologia proposta pode possibilitar a

criação de um “ranking” de operadoras, onde estas seriam classificadas conforme seus

desempenhos nos testes ao longo dos anos, indicando tendências de desempenhos ascendentes

e descendentes, considerando também os pareceres dos analistas financeiros especializados em

cada segmento de operadora. Esta é uma realidade encontrada em diversos países estrangeiros,

existindo também companhias independentes especializadas na elaboração destes “rankings”,

que são utilizados como suporte pelos corretores e pelas próprias empresas do mercado.

Ainda, uma reavaliação dos intervalos definidos para os indicadores adotados assim

como a reavaliação dos pesos destes, entra como uma sugestão que poderá reduzir as

incomparabilidades detectadas entre as classificações mais exigente e a menos exigente.

Como desafios para o futuro, recomenda-se a integração desta metodologia à Teoria

dos Conjuntos Granulares (Rough Sets Theory, RST), também conhecida como Teoria dos

Conjuntos Aproximativos. A RST permite avaliar o grau de qualidade de um sistema de

informação.

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75

Ainda, deve-se avaliar a possibilidade da utilização da técnica estatística denominada

análise descriminante múltipla para este problema, onde seria calculado um parâmetro de

solvência para cada seguradora através de uma combinação linear ou quadrática dos resultados

encontrados para os diversos índices. Técnica que pode ser encontrada em Altman et al (1977)

e Kasznar (1987).

Também, sugere-se investigar as possibilidades de integração desta metodologia às

metodologias tradicionais de análise estatística de dados, além de investigar a modelagem deste

problema também por Redes de Neurônios Artificiais (NNW), Conjuntos Aproximativos

(ROUGH SETS) e Lógica Nebulosa (Fuzzy Logic), Análise Fatorial. Um estudo desta

natureza pode permitir uma intercomparação de resultados, destacando as peculiaridades de

aplicação de cada uma destas abordagens.

Por fim, outra sugestão é o desenvolvimento de um sistema computacional dedicado à

operacionalização da metodologia proposta.

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7. ANEXO I - CÁLCULO DO DESEMPENHO DOS INDICADORES

Índices Econômico-financeiros

OPSi ILG ILC IImob. IEndiv. IRet.Líq. IRet.Fin. IDM IDA IDC Icomb.

OPS1 0,882 1,067 1,823 2,163 1,145 0,132 0,691 0,143 0,036 0,870

OPS2 1,009 1,227 1,050 0,308 0,102 0,013 0,738 0,245 0,021 1,004

OPS3 0,549 0,650 3,127 3,950 0,470 -0,063 0,719 0,128 0,067 0,914

OPS4 0,920 2,001 1,185 1,728 0,007 0,089 0,831 0,148 0,064 1,043

OPS5 1,260 1,689 0,871 0,958 0,033 0,096 0,790 0,153 0,035 0,978

OPS6 0,913 0,821 2,220 10,437 0,044 -0,608 0,622 0,212 0,081 0,915

OPS7 2,745 3,040 0,679 0,235 0,111 0,076 0,694 0,267 0,067 1,029

OPS8 3,133 4,039 0,461 0,253 0,220 -0,028 0,930 0,031 0,000 0,961

OPS9 1,138 1,309 0,674 3,956 0,031 -0,004 0,647 0,182 0,045 0,874

OPS10 0,522 0,535 1,610 1,093 -0,283 -0,219 0,740 0,147 0,077 0,963

OPS11 0,835 0,335 2,770 7,788 -0,550 -1,190 0,820 0,103 0,027 0,950

OPS12 1,341 1,346 0,161 3,750 0,287 0,816 0,640 0,126 0,075 0,841

OPS13 0,596 0,639 5,802 10,026 -1,940 -2,364 0,683 0,234 0,035 0,952

OPS14 1,093 1,093 0,448 5,941 0,429 0,183 0,920 0,052 0,001 0,973

OPS15 0,793 0,792 7,207 17,079 0,341 -2,161 0,707 0,151 0,078 0,936

OPS16 0,989 1,005 1,591 5,155 0,302 0,349 0,865 0,144 0,014 1,024

OPS17 1,269 1,214 0,779 2,309 0,552 -0,112 0,720 0,184 0,011 0,915

OPS18 0,585 0,482 32,762 70,521 -2,334 -4,653 0,818 0,105 0,040 0,963

OPS19 1,129 1,433 0,441 10,415 0,011 0,067 0,636 0,163 0,144 0,943

OPS20 0,369 0,447 2,089 1,465 0,470 0,080 0,491 0,305 0,064 0,860

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84

Índices Econômico-financeiros

OPSi ILG ILC IImob. IEndiv. IRet.Líq. IRet.Fin. IDM IDA IDC Icomb.

OPS21 1,484 1,504 0,867 1,430 0,109 0,227 0,640 0,259 0,039 0,937

OPS22 0,594 0,776 2,382 2,478 0,156 -0,044 0,698 0,196 0,036 0,930

OPS23 0,341 0,605 3,559 3,472 -0,590 0,058 0,710 0,272 0,021 1,003

OPS24 0,797 0,797 2,765 4,236 0,264 -0,517 0,741 0,179 0,038 0,958

OPS25 0,843 0,704 3,851 11,329 -0,728 1,119 0,913 0,142 0,013 1,068

OPS26 0,834 1,186 1,955 4,205 0,659 0,958 0,833 0,215 0,007 1,056

OPS27 0,992 1,031 1,102 0,628 0,343 0,034 0,712 0,195 0,059 0,966

OPS28 0,900 1,000 1,740 3,003 -0,229 0,181 0,831 0,145 0,000 0,976

OPS29 2,617 2,142 0,342 0,476 0,235 0,211 0,762 0,149 0,018 0,929

OPS30 0,434 0,459 2,441 2,253 -0,092 -0,155 0,765 0,180 0,014 0,959

OPS31 0,350 0,539 1,802 1,041 -0,427 -0,027 0,953 0,053 0,008 1,015

OPS32 0,670 0,670 1,410 0,756 0,501 0,014 0,666 0,235 0,024 0,925

OPS33 1,029 1,029 0,776 11,815 0,371 -0,092 0,741 0,173 0,000 0,914

OPS34 0,233 0,635 9,983 11,389 -1,028 -1,000 0,825 0,180 0,000 1,005

OPS35 1,772 1,878 0,806 0,305 0,065 0,055 0,387 0,639 0,008 1,035

OPS36 1,247 1,724 0,552 1,818 0,600 0,077 1,000 0,018 0,000 1,018

OPS37 0,868 1,160 1,084 0,365 -0,051 -0,005 0,898 0,254 0,019 1,171

OPS38 0,682 1,308 13,916 38,450 0,346 -1,097 0,643 0,178 0,032 0,853

OPS39 0,325 0,473 1,357 0,458 0,007 -0,071 0,790 0,270 0,019 1,078

OPS40 0,701 0,701 7,992 16,503 0,229 -0,420 0,689 0,157 0,135 0,981

OPS41 1,420 1,491 0,642 2,817 0,188 -0,193 0,715 0,207 0,048 0,970

OPS42 2,939 2,939 0,163 1,029 0,704 0,320 0,758 0,124 0,075 0,957

OPS43 0,466 1,059 -2,039 -5,465 -0,174 0,121 0,594 0,287 0,040 0,922

OPS44 0,776 0,998 2,174 2,919 0,015 -0,130 0,762 0,157 0,056 0,975

OPS45 1,357 1,269 0,433 3,099 0,169 -0,422 0,867 0,094 0,003 0,964

OPS46 0,040 0,050 -0,169 -1,183 0,397 0,082 0,900 0,150 0,045 1,094

OPS47 1,335 1,336 0,040 3,274 -0,102 -0,040 0,675 0,188 0,052 0,915

OPS48 0,998 0,932 13,433 448,477 27,336 -13,565 0,628 0,290 0,001 0,920

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85

Índices Econômico-financeiros

OPSi ILG ILC IImob. IEndiv. IRet.Líq. IRet.Fin. IDM IDA IDC Icomb.

OPS49 1,721 1,721 0,942 0,842 0,177 0,096 0,810 0,132 0,000 0,942

OPS50 1,061 0,802 1,043 2,186 0,287 0,012 0,782 0,134 0,016 0,932

OPS51 0,955 0,932 1,390 2,603 -0,501 1,089 0,522 0,486 0,012 1,020

OPS52 2,567 2,567 0,185 0,831 0,072 0,212 0,893 0,087 0,014 0,993

OPS53 0,751 0,944 7,516 21,415 0,110 -0,283 0,699 0,222 0,058 0,978

OPS54 0,352 0,361 0,795 2,908 0,402 -0,086 0,715 0,154 0,016 0,884

OPS55 0,870 1,242 3,051 9,681 0,099 -0,553 0,810 0,145 0,024 0,979

OPS56 1,351 1,626 0,578 2,691 0,365 -0,227 0,845 0,149 0,020 1,014

OPS57 0,042 0,059 5,778 4,673 -0,564 -0,393 0,484 0,506 0,045 1,036

OPS58 1,105 1,201 0,369 12,246 0,370 -0,571 0,713 0,229 0,009 0,951

OPS59 1,270 1,881 0,680 2,429 0,371 -0,088 0,649 0,264 0,020 0,933

OPS60 0,601 1,105 -5,233 -14,598 -0,387 0,523 0,418 0,308 0,029 0,755

OPS61 0,764 1,088 5,513 14,189 0,272 -0,004 0,724 0,202 0,046 0,972

OPS62 0,907 0,906 1,120 0,562 0,082 0,000 0,840 0,231 0,001 1,072

OPS63 1,838 1,835 0,000 1,595 0,483 -0,249 0,850 0,021 0,026 0,897

OPS64 1,616 1,746 0,903 0,285 -0,098 0,028 0,867 0,103 0,013 0,984

OPS65 0,478 0,813 28,199 46,166 -3,301 -2,595 0,690 0,368 0,030 1,087

OPS66 0,635 0,926 6,064 12,599 0,282 -0,615 0,612 0,276 0,044 0,932

OPS67 1,273 1,284 1,266 18,726 -0,528 0,903 0,850 0,092 0,053 0,995

OPS68 0,293 0,323 -0,888 -2,331 0,583 0,085 0,976 0,078 0,001 1,054

OPS69 0,841 0,849 3,422 11,005 -4,158 -0,658 0,856 0,172 0,022 1,051

OPS70 3,449 3,850 0,468 0,296 0,352 0,038 0,451 0,350 0,035 0,837

OPS71 0,740 0,792 1,850 2,383 -0,076 -0,069 0,441 0,102 0,003 0,546

OPS72 0,958 0,750 1,509 2,648 -0,026 0,393 0,874 0,144 0,004 1,021

OPS73 1,193 1,418 0,908 3,291 0,314 0,096 0,594 0,165 0,170 0,929

OPS74 0,844 1,143 1,529 2,130 0,089 -0,240 0,603 0,339 0,026 0,968

OPS75 1,412 0,815 0,000 2,426 0,380 -0,135 0,800 0,062 0,084 0,946

OPS76 1,178 1,178 1,245 4,671 -1,524 -0,343 0,835 0,109 0,016 0,960

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86

Índices Econômico-financeiros

OPSi ILG ILC IImob. IEndiv. IRet.Líq. IRet.Fin. IDM IDA IDC Icomb.

OPS77 0,296 0,455 3,141 2,938 -0,148 -0,397 0,575 0,366 0,011 0,953

OPS78 1,193 1,186 0,760 2,872 0,122 0,324 0,806 0,130 0,023 0,959

OPS79 0,423 0,843 11,382 16,736 0,351 -1,225 0,777 0,071 0,006 0,854

OPS80 2,744 1,223 1,101 1,766 0,015 -0,102 0,684 0,169 0,076 0,928

OPS81 1,023 0,385 0,801 26,988 0,575 -0,559 0,693 0,215 0,046 0,954

OPS82 2,327 2,096 0,602 0,425 0,378 0,153 0,688 0,180 0,033 0,900

OPS83 0,934 0,934 7,199 31,240 -0,839 -4,797 0,771 0,103 0,077 0,950

OPS84 1,131 1,131 1,031 3,068 -0,125 -0,045 0,753 0,151 0,083 0,987

OPS85 0,630 0,813 3,806 6,270 -0,358 -1,025 0,415 0,095 0,005 0,515

OPS86 0,749 0,727 3,800 6,823 -2,265 -0,236 0,938 0,095 0,011 1,044

OPS87 1,150 1,321 1,803 4,866 0,279 -0,057 0,850 0,109 0,007 0,966

OPS88 1,246 1,448 0,794 1,316 0,195 0,113 0,966 0,196 0,007 1,169

OPS89 0,358 0,457 4,534 5,163 0,272 -0,441 0,495 0,275 0,001 0,771

OPS90 2,205 1,754 0,529 0,491 0,265 -0,246 0,753 0,147 0,009 0,909

OPS91 1,107 1,741 1,304 4,532 0,496 -1,062 0,771 0,149 0,029 0,950

OPS92 1,497 1,497 0,341 2,749 0,480 0,452 0,805 0,191 0,016 1,012

OPS93 0,945 1,156 2,852 9,402 0,539 -0,531 0,702 0,206 0,034 0,941

OPS94 3,508 3,183 0,100 0,663 -0,189 0,018 0,775 0,189 0,038 1,001

OPS95 0,331 0,477 5,937 6,574 -0,311 0,279 0,768 0,343 0,015 1,126

OPS96 1,355 1,355 0,237 2,152 -0,016 -0,053 0,000 0,637 0,000 0,637

OPS97 2,491 2,460 0,492 0,392 -0,209 -0,018 0,839 0,070 0,027 0,936

OPS98 1,211 1,211 0,602 1,888 0,281 -0,002 0,722 0,200 0,000 0,922

OPS99 1,980 2,350 0,150 1,091 0,292 0,273 0,800 0,159 0,007 0,965

OPS100 0,949 0,949 18,627 41,066 1,277 0,249 0,867 0,073 0,016 0,956

OPS101 1,353 1,353 0,894 0,855 0,200 0,046 0,626 0,297 0,027 0,950

OPS102 2,778 2,778 0,084 0,612 0,487 0,059 0,700 0,115 0,024 0,840

OPS103 0,894 0,559 -0,397 -6,502 0,289 0,374 0,740 0,129 0,070 0,940

OPS104 2,199 2,199 0,085 1,045 0,152 0,043 0,840 0,036 0,008 0,884

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Índices Econômico-financeiros

OPSi ILG ILC IImob. IEndiv. IRet.Líq. IRet.Fin. IDM IDA IDC Icomb.

OPS105 1,230 1,228 0,597 3,463 0,168 -0,400 0,802 0,139 0,015 0,956

OPS106 1,068 1,014 -3,874 -84,230 -15,782 1,013 0,825 0,090 0,028 0,944

OPS107 1,222 1,355 0,823 1,102 0,148 -0,065 0,542 0,842 0,027 1,411

OPS108 1,310 1,291 0,420 2,082 -0,011 0,093 0,801 0,308 0,048 1,157

OPS109 0,676 0,951 2,342 2,367 -0,045 -0,710 0,489 0,309 0,066 0,864

OPS110 1,584 0,853 0,631 1,150 -0,245 0,151 0,956 0,083 0,003 1,041

OPS111 0,543 0,660 5,446 8,786 -1,465 -0,935 0,718 0,221 0,072 1,012

OPS112 1,361 1,317 0,000 3,809 0,811 -0,102 0,665 0,000 -0,001 0,664

OPS113 1,456 1,423 0,868 0,799 0,083 -0,010 0,701 0,232 0,019 0,952

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8. ANEXO II - RESULTADOS DO ELECTRE TRI

Classificação para λ = 7,0 Classificação para λ = 8,0

Operadora Pessimista Otimista Operadora Pessimista Otimista

OPS1 A A OPS1 A A

OPS2 B A OPS2 B A

OPS3 E A OPS3 E A

OPS4 B A OPS4 D A

OPS5 A A OPS5 C A

OPS6 D B OPS6 E A

OPS7 A A OPS7 B A

OPS8 A A OPS8 A A

OPS9 B A OPS9 D A

OPS10 E A OPS10 E A

OPS11 E C OPS11 E A

OPS12 A A OPS12 A A

OPS13 E B OPS13 E A

OPS14 A A OPS14 E A

OPS15 C A OPS15 E A

OPS16 C A OPS16 E A

OPS17 A A OPS17 A A

OPS18 E D OPS18 E A

OPS19 B A OPS19 E A

OPS20 D A OPS20 E A

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89

Classificação para λ = 7,0 Classificação para λ = 8,0

Alternativas Pessimista Otimista Alternativas Pessimista Otimista

OPS21 A A OPS21 B A

OPS22 C A OPS22 C A

OPS23 E B OPS23 E A

OPS24 C A OPS24 E A

OPS25 E A OPS25 E A

OPS26 C A OPS26 D A

OPS27 A A OPS27 B A

OPS28 C A OPS28 D A

OPS29 A A OPS29 A A

OPS30 E A OPS30 E A

OPS31 E A OPS31 E A

OPS32 B A OPS32 D A

OPS33 B A OPS33 E A

OPS34 E D OPS34 E A

OPS35 A A OPS35 C A

OPS36 A A OPS36 A A

OPS37 C A OPS37 E A

OPS38 D A OPS38 E A

OPS39 E B OPS39 E A

OPS40 C A OPS40 E A

OPS41 B A OPS41 B A

OPS42 A A OPS42 A A

OPS43 C A OPS43 E A

OPS44 C B OPS44 E A

OPS45 C A OPS45 C A

OPS46 E A OPS46 E A

OPS47 C A OPS47 C A

OPS48 C A OPS48 E A

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90

Classificação para λ = 7,0 Classificação para λ = 8,0

Alternativas Pessimista Otimista Alternativas Pessimista Otimista

OPS49 A A OPS49 A A

OPS50 B A OPS50 C A

OPS51 B A OPS51 E A

OPS52 A A OPS52 C A

OPS53 C B OPS53 E A

OPS54 E A OPS54 E A

OPS55 D A OPS55 E A

OPS56 B A OPS56 B A

OPS57 E E OPS57 E A

OPS58 B A OPS58 E A

OPS59 A A OPS59 A A

OPS60 D A OPS60 D A

OPS61 C A OPS61 E A

OPS62 B A OPS62 C A

OPS63 A A OPS63 A A

OPS64 A A OPS64 E A

OPS65 E C OPS65 E A

OPS66 D A OPS66 E A

OPS67 E A OPS67 E A

OPS68 E A OPS68 E A

OPS69 E C OPS69 E A

OPS70 A A OPS70 A A

OPS71 C A OPS71 D A

OPS72 C A OPS72 E A

OPS73 A A OPS73 A A

OPS74 C A OPS74 C A

OPS75 C A OPS75 C A

OPS76 E A OPS76 E A

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Classificação para λ = 7,0 Classificação para λ = 8,0

Alternativas Pessimista Otimista Alternativas Pessimista Otimista

OPS77 E C OPS77 E A

OPS78 A A OPS78 B A

OPS79 E A OPS79 E A

OPS80 A A OPS80 E A

OPS81 E A OPS81 E A

OPS82 A A OPS82 A A

OPS83 E B OPS83 E A

OPS84 C A OPS84 C A

OPS85 E A OPS85 E A

OPS86 E C OPS86 E A

OPS87 D A OPS87 D A

OPS88 A A OPS88 C A

OPS89 E A OPS89 E A

OPS90 A A OPS90 A A

OPS91 C A OPS91 E A

OPS92 A A OPS92 B A

OPS93 B A OPS93 E A

OPS94 A A OPS94 C A

OPS95 E C OPS95 E B

OPS96 A A OPS96 E A

OPS97 B A OPS97 D A

OPS98 A A OPS98 B A

OPS99 A A OPS99 A A

OPS100 E A OPS100 E A

OPS101 A A OPS101 A A

OPS102 A A OPS102 A A

OPS103 B A OPS103 B A

OPS104 A A OPS104 A A

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Classificação para λ = 7,0 Classificação para λ = 8,0

Alternativas Pessimista Otimista Alternativas Pessimista Otimista

OPS105 D A OPS105 D A

OPS106 A A OPS106 D A

OPS107 A A OPS107 D A

OPS108 D A OPS108 D A

OPS109 D A OPS109 E A

OPS110 B A OPS110 E A

OPS111 E B OPS111 E B

OPS112 A A OPS112 E A

OPS113 B A OPS113 B A