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lntro uçao ao controle lcibliográf ic ..: Seg unda edição

campello, bernadete - introdução ao controle bibliográfico

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lntro uçaoao controlelcibliográf ic

..:

Seg unda edição

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INTRODUÇÃO AO CONTROLE BIBLIOGRÁFICO

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Bernadete Campello

Introdução ao controlebibliográfico

Segunda ediçáo

@irusmJR8.I-EMos

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O Beúàdete campellô 2006

DiÌeild .lesta edição adqúiridos Por ldos l.fÕnnâção e ComúDicação Ltda

Todos os diÉilos reseúãdos. De a@,llo com a lei n.' I 610 de 19/2/1998,nenhlüm pdle dste lim pode ser foio.oPÈda. gravâda, rcprütúida ouâìÌenada nun sistda de recupeÌação d€ idomação ou târsÌÌtÜdaeb qu.lquer lomâ ou Por quâlqúd nÌcio eletrônlco ou mc.ãÌÍco sem o

Previo consfllútÍto do autor e do editor'

Re\dsão: Mdia Lucia Vllar de L€mos

Capa: Fomatos Design Grá6co Ltdâ PÍeservâÌ paÌa acessarConboÌe Bibliográfico UniveÌsaìBibiiotecas nacionaisDepósito legalBibliograÍìa nacionaÌPadronização da descrição bibÌiográficaCatalogação cooperâtiva, catalogação na fonte ecatalogaçào na pubÌicaçãoSistemas de identifìcação numéricâ dedocumentos

Índice

Sumáriosesêês6@s&

Apresentaçãot-ista de siglas

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viiix

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20324357

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78

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Dados hlcrnâ.io.ais dê catâlogaqão na Füblicação (cÌPl

(C;Ìrãra BÍàslleira do l-nÍo. s:iÒ I'ãúlo. sr, B.asill

Ìnrroduqão ão.onlrcìe bibliogin.o / Bemãd€te cdnpclÌo. 2.

ed. Erâsilla. DÊ: Briquet do Lcmos / Liros. 2006

1 Bibüo4ànâ nactonal 2. conlrol. brbìiogr;nco r"titulo

06-A795 .DD 025 3

2006

Brtquet de r:mós / LlwsL.nos Ittormâçào e Comuntcâção Ltda.SRarS Ouadra 70Ì - Bloco K Sala 83Ì

EdlÍìcio Embassy TowerBrâsíia, DF 70340 000TeÌelone (6r) 3322 9806

Fd (6Ì) 3323 Ì725wv.briquetdelernos..orn.bi

editoÌ[email protected]ìr

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Apresentaçáo

&ss*6s**s€

IìSTE I,I\''RO DESCRE\E OS INSTRUMENTOS DE CONTROLE BIBLIO'gráfico propostos por organizaçôes internacionais, que têmsido utilizados por diversos paÍses nos últimos 25 anos,com ênfase na maÍÌefa como o Brasil vem aplicando essesirìstrumentos. Cada capÍtulo descreve a origem, o desen-voìümento e ãs caÌacterísticas de determinado instrumentocle controle bibliográÍìco, e termina com a descricão de comotem sido empregâdo aqui. Com isso, visualiza-se, de forrnaiulpla, a trajetória dâ biblioteconomla na busca de umâ or-ganização bibliografica que per'Ìnitã concretizar o ideal da, lií-áciâ no acesso à inlormaçào.

Este texto foi elaborado tendo em üsta, em princípio' adisciplina Organização e Controle BibÌiográfico da Inforrnaçáo, ministrada na EscoÌa de Ciência da Informaçáo daUniversidade Federal de Minas Gerais. O obietivo foi reuniriÌÌfoÍmações básicas que permitârÌì aos alunos conhecer os

I)rincipais conceitos que integram a noçáo de controÌe bibliogr áfico.

Esta segrrnda ediçáo de IntroduÇco ao cofttroLe biblíqrAfmvcm com algumas modificações. Dois capÍtulos constantes(la primeira edição [DisponibilÍdade de Pub]icações e Con-trole Bibliográfico EspeciaÌizado) forarn rettados, e o capitulosoble agência bibliograíica nãcional foi incorporado ao del)iblioteca nacional. Foi incluído um capítulo sobre o conceitor lc preservação da memória, em l,irtude da necessidàde quesentimos de proporcionar embasamento conceitual que ori( Ììte o estudo dos diversos instrumeÌìtos de controle bibliotráfico, de forma que eles não sejam trabalhados apenas('ln uma perspectiva operacional.

As modiÍìcaçoes efetuadas visaram a peÌmitir que se

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enfocassem instrumentos de controle bibliográlico que' em-

bora inventados há muito lempo no ámbilo da biblioleco-

nomia, continuam pel1inenles no universo informacionalEspero que o texto constitua apenas um referencial que

fundamente outras pesquisas mais abrangentes a serem

efetuadas no âmbito da; disciplinas em que for utilizado'

Assim, a j.déia é que o li\To sirva como ponto de partida

pâfa estuclos qua Èu.* u discussóes e inlerprelaçóes mais

àprofundadas. e partj.r das informações aqrÌi reunidas' os

aiunos poderão èxplorar e aprofundâr idéias que thes

possibilitem refletir criticamente sobre questões pertinentes

ao controle bibliográfi co.Agradeço a Maria Helena de Andrade Magâlhães' co-

autoìa da primefâ edição e que, embora não mais parti-

cipando deste trabalho, teve contribuição importante' e a

Isis Paim, que, acompanhando há muito tempo minha tra-

i.rO.iu ptotittional. colaborou com várias ideias e tem sido-uma

força para o meu â perfei(oamen Lo'

Lista de siglas

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Anglo-American Cataloguing RulesAssociação Brasileirâ de Normas TécnicasAmerican Library AssociationAssoí-jaçáo Pau lista de BibliolecáriosCatalogação Legível por ComputadorControle Bibliográlìco UniversalCôdjgo de Catalogacão Anglo-AmericanoCatâlogo Coletivo Nacionaì de Publicaçòes Seria-dasClassificação Decimal de DeweyConference of Directors of National LibrariesClassiÍìcação Decimal UniversalCataloging In PublicationDepadamento Administrativo do Serviço PúblicoDigital Object IdentifierEuropean Article NumberingEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Federação B[asileira de Associaçoes de Bibliote-cários, Cientistas da Inlormaqão e Instituiçoes

Fundação Getúlio VargasFederação Internacional de Informação e Docu-mentaqáoFunctional Requircments for Bibliographic RecordsInstituto Brasiìeirc de BibliogÌa-Êa e DocumentaçãoInstitlrto Brasileiro de Geografia e EstatísticaInstituto Brasileirc de IÌÌformação em Ciência e TecnologiaInternational Council on ArchivesIFLÀ CDNL Alliance for Bibliographic StandardsConselho Internacional de Unioes CientificasInternationaÌ Federation of the Phonographic In-dustryInstituto Nacional do Li\.roInternâtionâÌ PübÌishers Associâtiôn

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International Standard Audiovisual Numbertntemational StaÍÌdard Bìbliographic Descriptionlnternational Standard Book NumberInteÌ'national Sedals Data SystemInternational Standard Music NumberInternational Organizaliol-t for StandaÌdizationInternational Standard Recording CodeMachine Reêìdable CataloguingNational Documentation. Library and ArchivesInfrastructuresOnline Co!Ìputer Library Center(Adobe) Portable Document ForÌnatGeneral Information Progranln]ePlâno Nâcional de Bibliotecas UniveÍsitáriasPrograma Nacional de Bibliotecas deInstituições de Ensino SuperiorRequest for CommentsResearch Libraries Infonnation NetivorkServiqo de lnrcrcambio de CataÌogaÇàoSerial ltem and Contribution ÌdentiÍìerSindicato Nacional de Editores de Li\''ÌosUniversal Bibliographic Control ancl Internatiol-lalMAIì( ]

Uniform Code CouncilOrganizaÇâo das NaQoes Unidas para a EdlrcaQáo,Ciência e CulturaUniversal MARC l,ì)rmatUniform Resoutce IdentiÍìerUnifomr Resource l,ocatorUniversity of ToÌ-onto Library Automation SystemVirtual International AuthoÌity File

I&&&&s#6*&&

Antecedentes

Ii srcr'rrFrcATlve A côN'r'RIBUIÇÃo DA tsIBI-torEcoNoMLA PARA oircesso amplo e democrático à informação. Na Perspectivarnrrndial, essa contribuição é representada por mecanismos<1ue, adotados poÍ diversos paises, permitem o intercâmbio( rìtfe sistemas de inforrnação do mundo inteiro e faciìiiamo acesso de qualquer cidadão ao conjunto da ProdrÌção biblio-tráfica universal.

Os requisitos para esse acesso são organizaçáo e controÌe,rìo sentido de que a produção bibÌiográfica esteja deúda-rÌìente estruturada em s'istemas de informacão coerentes,(lrÌe perrnitãm a identificação e a Ìocalização dos itens dese

iiìdos pelos usuários. Esses sistemas cor-ìstituem basicamen-tc as bibliografias nacionais e catálogos de grandes bibliote( as que, utilizando registros catalográficos padronizados,

Ilossibilitam o acesso às publicacóes.É impoftante observar qlÌe. nesse sentido, a contribìJição

(la biblioteconomiâ começa muito ântes até da invenção dairÌìprensa e pode ser percebida na organizacão de bibliotecasrìa Antiguidacte. Exemplo disso é o trabalho de Calímaco(3IO ac-235 ac), poeta. que trabalhou na biblioteca de Aìexandria,* onde compÌlou o Pinakes, um dos primeiros ins-lrumentos de organlzaQão bibliográlìca de que se tem notícia.

O PirÌírkes era di\ridido por assuntos: retórica, direito,lì1erãtura épica, tragédia. comédia, poesia, medicina, mate-r ÌÌática. ciências naturais e miscelâr'ìea. Bm cada uma dessas(livisóes os autoÌes eram arranjados em ordem alfabética e

' Iistimâ se que a bibliotecâ dc Alexândria teiÌha coÌecioÌÌado mais de,too 000 rolos de pâpiro. podendo teÍ clÌegacio a 700 O00. Sobre ela contamsr nÌÌÌitas Ìendâs. pois poÌrco se sabe sobre s!Ìâ história e coÌllo ocorreus( rì desapârecimento- É provável que, situaclâ enl região sujeita a telle-nr(ilos e guerras, sua existência haja estâclo sempre sob Ìisco- E gcraÌmente,r'('iio que Ììo sécu1o vtt dâ cra crislã e1a não mais existiâ.

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sobre cada um havia breve nota biográfica e uma anáÌisedo seu trabaÌho, O Pinakes foi muito importante para apoiaro trabalho dos intelectuais da época e se torr-rou um modeloparã catálogos eÌaborados posteÍionnente. Tinhã iníclo atradição catalográfica que continuou na ldade Média e pros-segue até o presente (veÍ capitulo 7).

A partir da década de 1970, o esforço da biblioteconomiaem diÍeção ao aperfeiçoamento do acesso à produçãobibl.iográfica mundial é representado pelo desenvolúmentodas redes de inforÌrrâção, resultantes da aplicaçáo da ir-rfor-mática aos processos de organização bibliográfica.

A partir da década de Ì980 acentua-se o processo deconversão de antigos registros catalográficos, de consultamanual, para registros eletrônicos processáveis por compu-tador. Era a chamada conversão retrospectiva de catálogos,ou RECON, do inglês retrospectíue conDersílJn.

Esse trabaìho de conveÍsão de catálogos, aliado aoaparecimento de sistemas de catalogação cooperativa e, nâdécada de Ì99O, ao advento da internet, permitiu a dispo-nibilizâcão universaÌ dos catálogos das bibliotecas e possi-bititou o idea1, sempre presente na biblioteconomia, deampliar mundialmente o acesso à inforrnação, peÌ:rnitindoa cada cidadão encontÍar a publicaçáo de que necessita.

O conceito de Controle Bibliográfico Universal (cBU) foiformaÌizado com a criaçáo, em 1974, do International Officefor uBc luniversal BibliogÍaphic Controlì da Federação ln-ten-racional de Associaçoes e Instituicoes Blbliotecárias (IFLA),

que teve origem na Reunião Interrracional de Especialistasem Catalogação, ocorrida em 1969.

Nessa reunião. um docurnento preparado por SuzanneHonoré. da biblioteca nacional francesa. delìniu as basesde um sistema de intercâmbio internacional de inforn.raçãoque, por intermédio de agências nacionais, distribuiria osregistros bibliográficos padronizados de todas as publica-eoes. A eficiência do sistema clepcnderia, porlanto. da máxi-ma padronizaqão da íorma e do conteitdo cla descúcãobibliográlìca.

A idéia do cBU constituiu a base do rnodclo de orgaÌÌizaçãol)iltiográfica que predominou a paftir da década de ì970 e( lr rc fbi sistematizado em congresso organizado pela UNESCocr r r colaboração com a IFI,A. Realizado ern 1977 , em Paris, o( 'ongresso Internacionâl sobre Bibliografias Nacionais pÌopi-( iou a oportunidade para que Í'ossem debatidas em profundi(liìde diversas questões relativas ao controÌe bibliográfico,rrrDr enfoque na bibliografia nacional, considerada o instrurrr, nlo-chave para Lal conlrole.

Os resultados das discussões, qne se embasaram emtlocumentos previamente preparados por especialistas,loram reunidos em The no.tíono.l bíbltographg: present roLet u rdJrtfitre deuelopments. Esta publicação incoryoÍa as reco-rrrcndaçóes aprovadas pelo congresso, que representam orrrodelo de controle bibliográfico proposto pela UNESCO e rFLA..

Muitos países assimilaram esse modeÌo e abraçaram oitlcal do cBU, estrlrturando seus sistemas bibliográficosscgundo as recomendacoes emanadas desse congresso.

Entretânto, as mudanças no universo bibliográfico, ocor-rirlas a partir da segunda metade da década de 1990, vêmlorcando a reúsão desse modelo. A comunidade bibliotecária( (nÌìeça a questionar a estrutura vigente e a buscar novos|irminhos para continuar a prover com eÍìciência o ãcessorì inforÌnação, atendendo às necessidades infor-rnacionaisr lrr sociedade como um todo.

Referênciasr\Nl)ERSoN. D. ÌFLA'S progranme ofuniversal bibliographic control:

origins and early year s. Internatiotlql CaLqloguing and BíbLiogrct-pllic Control, v. 29, n. 2, p.23-26,2OOO.

lloNoRE, S. Reportofthe]MCE.Ubrí"v.20. n. Ì,p. 115- 116. ì970.rN lìTRNATIONAL coNcRrìss oN NATIONAL BIBLIoCRAPHIES. The no,t]f.no,t

I tíbLí<41raphg : pre sent role andJtlir'Lre del,elopments. Paris: UNESCO/rÍ,ì-A- 1997.

1.,\w, D. Access to the world's literature: the global stlateg. LibrcLnlReuíeúr, v. 47, n. 5/6, p. 296 30O, 1998.

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Preservar para acessar

As PESSoAS SUEREM'rErì ACESSo À IN!'ORMAÇÃO poR vÁRrosmotivos, e a funçáo dos bibliotecários é possibilitar esseacesso. Eles são mediadores entre os usuários e os registrosdo conhecimento e, mediante seu trabalho, buscam pro-porcionar ao maior número de pessoas o acesso à informação da forn'ra mais eficaz. Para ser'acessada', a informa-ção precisa estar organizada. isto é, disposta de forma apoder ser recuperada (bibliográfica e Íìsicamente) e, ao mes-mo tempo, precisa ser preservada, isto é, conseÌvada e man-tida para que possa ser continuamente utiÌizada.

Assim, os bibliotecários se tornam responsáveis pela pre-servaçáo de um patrimônio documental amplo e variado.Esse tem sido o papel desempenhado por esses profissionaishá milênios, desde a época em que os registros documentaisconstituiam objetos raros e valiosos. Mesmo atuâImente,quândo a situação é bastante diferente, a preocupação coma preservação persiste, envolvendo aspectos complexos dosquais um dos mais importâÌìtes refere se a'o que preservar?'Mas, altes de definir 'o que preservar', é necessário entender'por que preserwar?' E, se os bibliotecários quiserem atenderà legitima vontade dos usuários de ter ãcesso a inforrnaçõese aos documentos de todas as épocas, inclusive as maisremotas, é pÍeciso compreender esse processo.

Identidade coletivaA noção de identidade coletiva e o desejo de dâr continuidade a essa identidade parecem ser os principais pontosem que se apóia o conceito de preservação da memória. Amernória, seja de uma naçào ou de uma pequena comunidade, contíbui paÌ:a a constituiÇão de sua identidade cultu-rãl e testemunha um passado que rcpresenta umâ etapa

r li r sua vida social. A perpetuaçáo dessa etapa possibilitarárrrudanças. permitindo a evolução cuÌtural contínua daqueÌar riìÇão ou comunidade.

A busca e a mâr-ìutenção dessa identidade parecem ter, omeçado quando as sociedades se preocuparam em preser-var, por meio de ritos e comemoraçoes, seus mitos de origem,su:r sacralidade. Os depositários dessa memória. principalrrrente oral, eÍam os sacerdotes, pajés e xamãs, que deti-nham, em razâo de seu papel, grande prestigio e poder.

Poste or-Ínente, as sociedades tentaram garantir sì-Ìa< ontinuidade por n.ìeio de marcas das posições e relações(le indiúduos que ocuparam um lugar de destaque ou dorni-nação. Essas marcas são os monumentos comemorativos eas geneâlogias, por exemplo.

A consewaçáo da memória supre, portânto, a necessidadede tradição, de meios de transmissão de modelos qr-Ìe irãogarantir a continuidade da sociedade, afastando o medo daperda de memória, medo de amnésla coÌetiva.

Pod.er

Outro aspecto que pode explicar o desejo que as sociedadesdemonstram de preservar sua memória é a questão do poder,da necessidade que os diversos grupos sociais têm de obtera coesão social que permi.tirá o alcance de seus objetivos e

a manuteneão de seus interesses. Apoderar-se da memória(ou do esquecimento) tem sido umã preocupaçáo de indiú-duos, grupos ou cÌasses dominantes. Não é coincidência ofato de várias bibliotecas nacionais terenÌ se originado decoleções reais, acervos riquissimos, reunidos por monarcase outros governantes,

Assim, a memória coletiva tÍansforma-se em patrimÔniocultural. Esse patrimônio não é forrnado necessariâÌnentepor qualquer legado do passado, mas Íepresenta a escolhafeita pelos gr-upos dominantes, e as coÌeções presewadasrefletem o processo de manipulação da memória coletiva.Conseqüentemente, o patrimônio cultural pode selvir paraproduzir diferenças entre os grupos socials, considerando-

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se que os grupos hegemônicos detêm o poder de definir quebens devem ser preservados e quais os que podem ser esque-cidos. Percebe-se que existe disputa constante pela domina-çáo da memória e da tradiçáo e, assim, o campo da preserva-ção do patrimônio cultural constitui espaço conflituoso.

Educação e transmissáo de conhecimentoEducação e transmissão de conhecimento são também ques-tões que explicaÌn o interesse das sociedades pela preser-vaçáo da memória coletiva.

Desde o surgimento da educação formal, foi necessáriopreservar os te{os que embasavam o ensino: as escrituras,os textos sagrâdos e filosóficos [o conhecimento sagrado e oprofano), e durante muito tempo o ensino se baseou na me-morização compulsóía desses textos.

Os atuais métodos pedâgógicos, baseados não mais namemorização, mas no pressuposto de que o aluno deveconstruir seu próprio conhecimento, têm levado os educadores a propor estratégias de aprendizagem que exigem ocontâto do estudante com variados estoques de informação.Assim, os estudantes delram a sala de aula e estáo cadâvez mâis presentes em museus, arquivos, bibliotecas, cen-l ros cullurais e de documentaçào.

FoÍmas de preservação da memóriaNas sociedades que utilizam tecnologia, seja esta a lingua-gem escritâ ou a informática, as formas de preservaçáo damemória variam em função da diversidade dos grupos en-volvidos, dos diferentes usos que fazem da memória e, final-mente, do valor social conferido à atividade de preservaçáo.

PaÌa os arquivistas, por exemplo, a preservaçáo dos docu-mentos se impõe não só pela importância que têm para asatividades dos historiadores, mas também, e até por exigên-ciâs legais, para a comprovação de atos e decisões de natu-rezâ administrativa na vida das instituições.

Pesquisâdores e cientistas são outro grupo para o qual apreservação da memóriâ constitui um valor, qÌre é inerenteà sua prática.

A produção do saber científico, desde os primórdios daciência ex?erimental, apóia se na bibliografia que representâo conhecimento científico consolidado. Para fazer avançâriì ciêncla, os pesquisadores necessitam ter acesso constanteà literatura, ao conhecimento registrâdo por seus anteces-sores. É a partir das idéias, hipóteses e descriçóes de experi-ências contidas nesses registros que os cientistas de hojeampliam, aprimoram, revêem, modificam ou corrigem osresultados alcançados, elaboram novas hipóteses e partempara novos experimentos. A continuidade proporcionadapela memória cientÍfica é fundamental para o avanço daciência. As grandes bibliotecas de pesquisa, mantidas poÍuniversidades e instituições profissionais, e as redes de cita-(ìoes presentes nos trâbalhos cientificos atestam o valor dadoir essa memória.

Os diversos usos que os grupos sociais fazem do patri-ÌÌÌônio cultural, bem como os diferentes niveis de capacidadedesses grupos para apropriar-se do conhecimento propor-cionâdo por instituições que presewam esse patrimônio,indicam que estamos em terïeno onde há questões comple-

O discurso sobre a preservaçáo do patrimônio apresentanuances que contemplam inúmeras possibilidades e, porianto, é necessário compreender ã retórica, o que esse dis-curso enceÍTa, especialmente se os autores forem políticosclue pretendam apoiaÍ projetos públicos de preservaçãocultural.

As dlversas disciplinas envolvidas nesse terreno devemconsiderar os conflitos e a multiplicidade de usos dados aopatrimônio cultural. Assim, estãrão aptas a desenvolveremaeoes que contemplem os múltiplos modos de abordar oartefato cultural e a construirem novos patrimônios e novaspossibiLidades de acesso e de apropdaçáo dos saberes, queiÌlinjam os mais diversos grupos sociais.

A biblioteconomia vem dando sua contribuicão pâra aorgaÍÌização da inforrnação, e o conceito de cBU, desenvolüdono âmbito dessa disciplina, incorpora a idéiâ de preservar opatrimônio cultural, no que conceme aos documentos publi-

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(:r(l{)s. ir lìrn de proporcionar a todos os cidadãos o acessor ll'rrÍrcrittit:O ao conhecimento.

ReferênciasIJIÌÀur]I, J.-R. A biblioteca nacional do futuro: algumas reflexões

impertinentes. PerspectÍuas emcÍêÍlcis dalryfir'nrlaçao, Beìo Horizonte, v. 3, n. Ì. p. 61-66. ì998.

CANCI-INI. N.G. O patrimônio cultural e a construçáo imagináriado nacional. ReDist(a do Patrímônio HÌstórico e Artístí.o Nacio-t'Lctl, i. 23, p.94-115. Ì994.

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VIANNA, A.; LrssovsKy, M.; SÁ, P.S.M. Avontade de guardar: lógicada acumulação em arquivos privados. Arqutuo & AdmínÍstrc..çAo, Rio de Janeiro, v. 1OlÌ4, n. 2, p. 62 76, 1986.

Controle BibliográlicoUniversal

&*gêê #*s*&

o rDEAL Do coN1RoLE BtBLIocRÁFtco UNTVERSAL, EMBoRÀ olermo só tenha sido usado formalmente a partir de Ì974'nâo é novo na biblioteconomia e tem permeado o trabalhode indiüduos que buscavam orgãnizar o conhecimento.

Até a invençáo da imprensa, em meados do século xv, aproduçáo de liwos era limitada, e seu controle constitrÌÍaatividade relativamente simples. As bibliotecas podiamalmejâr reunir tudo que se produzia, como Íoi o caso da bi-blioteca de Alexandria, fundada por Ptolomeu I (367/366ou 364 283 /282 ac), cujo objetìvo era âdquirir livros domundo inteiro.

As bibliotecas foram as primelras instituições a sepreocuparem com o controle blbliográfico e durante algumtempo seus catálogos constituÍram os únicos instrlrmentospara esse íim.

Corn o aumento da produção de ììwos, surgiraÌll âs bibÌio-grafias, elaboradas por indivÍduos interessados na orga-nização do conhecimento e por instituiçÓes voltadas paradeterminados ramos do saber, como as sociedades cientÍficasou âssociações profisslonais. Embora elaboradas, na maioriaclos casos dentro de grandes bibliotecas, as bibliografias,diferentemente dos catálogos, que representavam o acervode determinada biblioteca, pretendiam ultrapassaÌ esse

objetivo localizado, pois incluiriam materiais de qualquerorigem institucional ou geográfica.

Nas primeiÍas décadas após a invenção da imprensa, ohomem podia sonhar em produzir bibliografias universaisque registrassem a totalidade dos documentos publicadosno mrrndo. em todos os clominios do saber. Foi o caso de

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Conrad Gesner (Ì516-1565), zoólogo e bibliógrafo suiço quepublicou, em 1545, quando ainda não havia decorrido umséculo da invençào dâ imprensa, a Bíblíotheca uniuersdÌis,marco da históÍia da bibliografia e do controle bibliográfico,que arrolava obras publicadas em lâtim, grego e hebraico.Apesar de ser uma bibliograÍìa geraÌ, por abranger todos osramos do conhecimento e de pretender ser universaÌ, nãochegou a tanto, pois os quinze mil titulos de cerca de trêsmil autores que arrolou, se se considerar tarnbém o apêndicede 1555, correspondem, segundo se supòe, a mais ou menosuma quinta parte da produção blbliográÍìca européia de ateentão. Como se pode observar, o empreendimento biblio-gráfico exaustivo já era uma tarefa árdua mesmo na épocaem que o número de lir,ros publicados era pequeno.

Outras tentativas de produzir bibliografias universaisforam feitas, no seculo xr,'rn, pelo inglês Michaeì Maittaire(166a 1747) e pelo alemão Johann cottlieb Georgi [1729-l8O2) e, no século xx, pelo francês Jacques ChâÌles Brunet[1780-f 867), cuja obra MantLeL du Líbraire et d.e L'amctteurdes liures, publicada inicialrnente em 1803, foi suplementadapor Johallrr Georg Theodor Graesse ( t 8 I 4- Ì 885) com o Tlésorde Líures rares et précíeux ou tlouueou dictíonnaíre bÍblío- _

graphíque.Todos se limitaram a incluir em suas obras li\,.rospublicados na Europa ocidental.

Houve também trabaÌhos especializados, como o Inúema-türnaL catalogrE of scientifr.c Literature, iniciado em 190 I pelaRoyal Society (instituição que, desde 166O, congrega os cien-tistas britânicos), com a pletensão de arrolar a literaturacientífica em geral. Entretanto, a Royãl Society suspendeusua pÌÌblicação em 1914, deúdo aos conflitos que antece-deram a Primeira Guerra Mundial.

O projeto mais ambicioso foi, provaveÌmente, o estabele-cimento do Instituto Internacionâl de BibliograÍa, em Bn_rxelas, pelos advogados belgas Paul Otlet (1868-1944) e HenriL,a Fontaine (f85tf-1943), com o objetivo de reunir toda âprodução bibliográfica mundial, na forrna de catálogo emfichas, que indicaria também a lo càliza:çâo das obras. Essecatalogo, conhecido como Répertoíre Bíbliographique (Jnfuer-

sel, chegou a acumular cerca de 20 milhões de fichas até ofinal da década de 1930, representândo acetvos de biblio-tecas européias e norte-americanas, mas foi interrompidodeüdo a dificuldades Íìnanceiras. O instituto manteve outrasãtividades no campo dâ documentação, ündo â transformarse na Federação Internâcionâl de Informação e Documentação (FID), que existiu até a década de 199O.

Essâs primeiras tentativas de controle bibliográfico formavam um conjunto desestruturado de iniciativas indiü-duais e trabalho voluntário, e careciam de planejamentoque levasse em conta as necessidades dos usuários e osrecursos necessários.

Ao longo do tempo, aumentou a complexidade do ambi-ente iníormacional, fator que âfeta diretamente o controlebibliográfico. Essa complexidade envolveu não só o cresci-mento do volume de publicações, mas também o aparecimento de grarde variedade de tipos de publicações.

Até o século xr'Ìr, o conhecimento registrado era disseminado somente na forrna de liwos. A paftil daí, com ocrescimento da ciência experimentâl, foi criado novo meiopâra a disseminação do conhecimento: o periódico científico.O JournaL des Sçauans (mais taÌde Journal des Sannnts,devido à grafia ter sido atualizada no começo do século xx)é geralmente citado como o primeiro periódico cientílìco.Seu primeiro fascículo foi publicado em janeiro de i665.Poucos meses depois surgiu o periódico Philosophical Tlans-actúcns, da Royal Sociefr, inglesa, que é publicado até hoje.Desde entáo, o número de periódicos tem crescido ininter-ruptâmente, como pode ser obsewado pela quantidade demais de um milháo de números rssN atribuídos desde acriâção do sistema internacional de numeração de periÓdicosna década de 1970. Desse total, mais de 100 mil seriamperiódicos científicos.

Depois do periódico, surgiÍam oÌrtros tipos de publicaçáo:relãtórios técnicos, anãis de eventos, documentos governamentais, vãriadas formas de materiais não-bibliográficos e

eletrônicos e, mais recentemente, as publicações elehônicas.Essa diversldade de formas de registros fez emergir novas

io lt

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questões e tomoÌÌ mais compÌexo o controle da produçãointelectual. A conseqúência natural foi a institucion alizaçàodo controle bibliográfico.

A partir da década de 1970, aÌgumas organizaçoes inter-nacionais começaram a desenvolver progÍamãs que visãvamà consecução do controÌe bibliogrâfico em âmbito nâcior'ìal,isto é, de cada paÍs que desejasse aprimorar suas atividadesde organizaÇão bibliográfica.

O conceito de National Doclrmentation, Library and Ar-chives lnfÍastrlrctures (NATIS). elaborado pela uursco. emconferência sobre sisLemas nacionais de informacão realizadâ em seternbro de I974, Iòi um desses programas. Reco-mendava que os países-membros desenvolvessem infra,estrutrÌras integradas para bibliotecas, arqlrivos e serviçosde documentação. Urn dos argumentos era que tais infra-estruturas servìriam para apoiar os planos de desenvoÌúmento, econômico e social, de cada paÍs.

Poucos anos durou o NAflS, que, em 1977. foi fundidocom o Unisist. Este surgira ern 1972. com a finalidade depromover a coordenação de ações de cooperaÇão no campoda informação científica e tecnológica, o que levaria a urnarede flexivel de sistemas e seÌviços de informaÇão. baseadaem cooperação voluntária. cuja metã seria a li\,'l-e circulaçãoda inforrraçào em ciência e tecnologia.

Da fusão do NATts corn o Unisist resultou o Programa-Geral de InÍormâçáo (r,cr), que passou a focalizar, por meiode diversos projetos, qucstões voltadas para o acesso àinformaçáo, treináìrnento de proÍìssionais da inforrnaçào easpectos éticos da informação.

Em 1977 , a uNESco, juntamente com a rFr-A, propôs diretrizes para o pÍograma então denominado Controle Biblio-gráfico Universal (CBU.), cujo objetivo era reunir e tornardisponÍveis os registros da produção bibliográfica de todosos países, concretizando assim o ideãÌ do acesso de todosos cidadãos ao conjunto do conhecimento Lrniversal.

No congresso promovido pelas duas instituiçóes, oCongresso Internacional sobre Bibliografias Nacionais. reali-zado em 1977, na sede da uNESCo. definiu-se umâ série de

I ( ( omendações, Íeunidas no documento ?he naÍional bíbLío

r y tlthg: present role ond Juture deueLopments. Essas reco-rÌì('ndaçoes consolidavam o modelo de controle bibliográlìcoiÌlllalmente existente na maioria dos países. O modelo se

:ìl)oiava em um conjunto de mecanismos ou instrlrmentos{ lr lrì. postos em prática pelos pâises, resultariarÌl na orgaÌÍzacrro bibliográfica nacional que constitlÌiria a base paÍa sus-l( ntação do cBU. Assim, cada pais seria responsável pela(loscrição bibliográfica padronizada e pela di\,'ulgaçâo, porrrreio da bibliogralia nacional, das publicações ali editadas.

Ao estabelecê-lo, UNESCo e IFLA. preúâÌn que seria umt)rojeto de longo prazo, no qual cada pãÍs buscaliâ progres-sivamente fazer uso das novas tecnologias de inforrrração

l)iìra apeÍfeiçoar o controle bibliográfico no seu âmbito de

:rção. Sendo diíerentes os estágios de desenvolúmento det irda pais, taÍnbém seriam diferentes os patermares de orga-rÌizaçáo bibliográfica e de contribuiçáo de cada um' emboraisso não significasse diíerenças na qualidade dos registrosbibÌiográficos. As diretrizes propostas no congresso de 1977constituiram, portanto, parâmetros que os paises deveriamlentar alcançar em determlnado prazo.

Periodicarnente, novos encontros têm permitido o aperleiçoamento das recomendaçÔes. O Seminário sobre ControletlibliográÍìco Universal, em 1992, no Rio de Janeiro' reforQou

a importâÍÌcia, paÍa o sucesso do controle bibliogÍáÍìco naciona1, dos elos cooperativos entre bìbllotecas, agências biblio-gráficas nacionais e indústía e comércio li\Teiros.

A ConfeÍência IntemacionaÌ sobre Serviços BibllográlicosNacionais, que ocorreu em Copenhague' em 1998, teve comoobjetlvo avaliar e atualizar as recomendações do CongressoInternacional sobre Bibliografiãs Nacionai.s de 7977 à \uzdos desenvolvimentos ocorridos nos 2l anos que sepaÍaramos dois eventos. Entretânto, devido provaveÌmente aos inúmeros fatoÍes que atualmente afetam o panorama infor-rna-cional, especialmente aqueles relacionados com as publica-

ções eletrônicas, a conferência se limitou a reforçar as

recomendacões de 1977, acÍescentando poucos elementosnovos e mantendo o modelo proposto naquela época.

)"2 13

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Em 1990, o pl-ograma cBtJ, já entáo sob a responsabilidade da n't-A, Íìrndiu se com o projeto Internatiorlál rraance recebeu o notne de Universal Bibiiographic Conrrol aldInternational MARC (rJBCÌM), refletindo a importância fundamental da padronização da descrição bibìiográfica para osobjetivos do cBU.

Em 2003, esse programa foi substituido pelo rFL\_CDNLAlliance Íbr Bibliographic Standards (rcaes). Siis bibliotecasnacionais for.lnâÌn atuaìrlente a aliança, cujos objetivos sáoa coordenacão e o lomento de àtiüdades nas áreasde contro_le bibÌiográfico de todos os tipos de recursos e formatos re_lacionados e de protocolos padronizados. Constitui uma açãoestratégica que busca, de maneira prática, estabelecer e coor_denar atiúdades nessas áreas. Os objetivos especÍficos sáo:

1) coordenar atiüdades voltadas para o desenvolümen,to de normas e de práticas de controle bibliográfico e derecursos, inclusive metadados, identificadores persistentese norÍnas de interoperabilidade;

2) apoiar o intercârnbio intemacional de recursos bibli-ográficos, promovendo, desenvolvendo e testando a manutenção de metadados e de formatos padronizados:

3) assegurar a promoção de novos padrões;4) [uncionar como cenlro referencial para infon-naçòes

sobre todas as aqoes da rnra nessa área;5) organizar seminários e oficinas de trabalho;6) aperfeiçoar a comunicãçâo dentro da comunidade.

As metas para que tais objetivos sejam âlcanÇados são:. manter, promover e harmonizar norraas existentes e

conceitos relacionados com controÌe bibliográíico e controlede recursos:

. desenvolver estratégias para controle bibliográÍìco econtrole de recursos e asseguÍâr a promocão de convençõesnovas e recomendadas:

. aumentar a compreensão de questões relacionadasao arquivamento de longo prazo de recursos eletrônicos.Nesse sentido a lFtÁ se propÕe manter e desenvolver estudosÌigados aos seguintes projetos: Intemational Standard Bibli

ographic Descripuon (lsBD), Functional Requirements forilibliographic Records (r'ngo), Universal N4,cRc Format (uNl

N,LA.RC), MARC 21 Concise ForÌrìats, 239.50 e 239.50 Inter-nãtional (referentes à norna ISo 23950 Information Retrieval: Applicatlon Seruice Deflnition and Protocol Specifica-tion), Virtuâl International Alrthority File (r,.IAr.), além de vá-rios esquemas de identificadores perslstentes. Essas âtiüdades são desenvolvidas de forma cooperãtivâ com diversasinstituiçÕes, tais como CDNL, uNESco, ISo, InternationalCouncil on Archives (tcÂ), Online ComputeÍ Library Center(ocLC) e outras organizaçoes de normalização na área decontlole bibliográfico.

Paralelamente aos seus programas voltados para ques-toes específicas de controÌe bibliográfico, como os men-cionados acima, a IFL{ se preocupa com questões mais am-plas de preservação e de acesso à informacão. Em colabo-ração com a Internâtlonal Publishers Association (IPA) a IFLA

gerou o documento Presen)Íng the mernory oJ the tuorld inpetpetuíüJ: ajoínt statement on the archiuíng and preseruingoJ dígital informattrn.

Nesse documento as duas instituições estabeÌecem prin-cipios para um trabalho conjÌÌnto, no sentido de preser-vardocumentos digitais. Declaram inicialmente a imPortânciadesses materiais e a necessidade de garantir sua disponi-bilidade por longo prazo. IFI-A e iPÂ se dispóem a trabalharcoduntamente no desenvolümento de norrnas e sistemasque possibilitem o aÍquivamento e a preservaQão da memóriadigitãl do mundo. Nessa declaração conjunta, reconhecemque as bibliotecas são as instituiçÔes adequadas para seresponsabilizar por essas tarefas, devendo as bibliotecasnacionâis, em colaboração com outras instituições interes-sadas, assumir a funçào de colecionar e Preservar para asgerâções futuras a memória digitâI.

Essâ preocupação também é demonstrada pela UNESCo,

que coordena o projeto Memória do Mundo, criado em 1992,a partir dâ constatacão de que muitos acervos docrìmentaisque representam parte da memória cultural da humanidadeencontram se em situação precária, taÍìto no que diz respeito

14 l5

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à sua preservação como ao acesso. Assim, o programa pre-tende:

l) facilitar a preservação da memória cÌocumental da humanidade, mediante o uso de técnicas apropriadas;

2) colaborar no acesso à herança documental, medianteo uso de lecnicas de digiLalizaçào:

3) aumentar a consciência global sobre a existencia e aimportância dos acervos documentais.Também a FrD, desde sua criação em l8gb, desenvolveudiversas ações ligadas ao cBU, sendo a última delas a GlobalInforrrration Alliance, acordo inforrrral firmado em 1995_ âpartir de uma resolução (a chamada Tokyo Resolution onStategic AÌliance of International Non-GoverÌtÌnental Organizations in Ìnformation to Serve Better the World Commu-nity) assinada por várias organizações intemacionais não,govemamentais. Um dos itens aprovados pela resoluçáo foique "todas as pessoas devem ter acesso total e irresüito àinformâQão, de acordo com a proteção de dlreitos indiúdu-ais, de incentivos econômicos apropdados e com as preo-clrpaçoes dos povos e das nações segundo suas circuns-tâncias peculiares". Assim, os objetivos da Global Ìnforma-tion Alliance diziam respeito a aspectos tais como, monito-ração de tendências na sociedade da informação, éticaproÍìssional e aspectos sociâis da informação digital. serviçosde informaçào para pequenas e médias empresâs, liberdadede expÍessão e de acesso à informaÇão, direitos autorais eforÍnaçáo de profissionais da informação, representandopontos importantes para se atingir o CBU.

A FID encer-rou suas atiüdades em meados da década de1990, tendo completado um sécuÌo de vicla apoiando edesenvolvendo açoes que tlveram grande influência nopanorama da organizaçáo bibliográfica mundial.

Projetos de digitâlização com vista a permitir o acessodireto a_milhÒes de liwos pela internet também começam asurgir. E o caso do projeto The Universal Libmry, da CâmegieMellon Universiry (e un). que prcrende dieitaliar. na primeirafase, um milhão de liwos. chegando a l0 miÌhôes em dez

anos. É um projeto seletivo, que pode ser enquadrado noconceito de controle bibliográfico, dada a sua perspectivade acesso amplo a uma quantidade de livros que ã maioriadas bibliotecas não abriga.

Percebe-se que o ideal do controle bibliográfico permanece,e diversas instituiçÕes enúdârn esforços, tanto no âmbitopolÍtico mais amplo, divulgando suas posições com relaçãoà preservaçào da memória documental e ao acesso à informaeão, quarÌto no âmbito técnico, voltândo-se para aspectosde normalizaçáo e padronização, que se tornaÌn cruciais noâmbito da inforÌnação eletrônica. Por meio de parcerias, otrabalho dessas instituições, parece estar apontando parânovo modelo de controle bibliográfico, que exigirá esforçoscoletivos para seu sucesso, em úrtude da complexidade doâmbiente informacional na sociedade contempoÍânea.

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Bibliotecas nacionais

Nos úLTrMos 150 ÁNos AS BIBLIo'IECAS NAcloNArs 'rÈM sIDo

instituições presentes na maioria dos países, destacando-se geralmente pelâ imponência de seu ediÍicio e pela riquezade sua coleção. Suas origens refletem o desejo de reis emandatários de reunir e preservar os regishos do saber'razão pela qual muitas delas foram originalmente criadascomo bibllotecas reais, passando, com o tempo' por umprocesso de democÍatização, em que foram abertas ao públi-co e se tornaìÌam instituições de preservação do patrimôniointelectual das nações.

Exist€m bibliotecas nacÌonals fundadas há séculos, como

as da França e da Áustria, criadas respectivamente nosséculos xv c xt't. O desenvolümento das bibliotecâs nacio-nais. com as caracteristicas que lhe são próprias atual-mente, resultolt da derrr'rbada de monarquias absolutistasou do surgimento de novos Estados e, conseqúentemente,dos esforços feitos para a consolidação da ciênciâ e da cul-trìra naclonais. Esse processo teve inÍcio na França, em

1791, quardo ã bibìioteca real francesa foi declarada pro-priedade nacional.

No sécuLo xIX. novas bibliotecas nâcionais foram criadasem mais de duas dezenas de países. Só na América Latina,assinale se o surgimento das bibliotecas da Argentina(1810), Venezuela (1810), Chile (18r3) e MéxÍco (1867)'

reflexo do processo de emancipação polÍtica e do nacionalis-mo emergente dâ época, marcada também peÌa criação de

arquivos. museLls e Ìe.rtros nacionais.No século )o<, foram fundadas cerca de 30 bibliotecas

nacionais, como, por exemplo, em Cuba (1901), Panamá(1942) e Jamaica (1979)

Atualmente, embora seja generalizado o reconhecimento

do papel importante que a blbliotecâ nacional pode desem-penhar na preservação do patrimônio cultural. no fomentoà criação de bibliotecas públicas e no controle bibliográfico,nã.o se pode dizer que a esse reconhecimento correspondauma reaÌidade de bibìiotecas dinâmicas e eficientes. Principalmente nos paÍses subdesenvolvidos.

EstruturaNa maioria dos paises, a bibliotecâ nacional é um órgáomantido pelo poder púb1ico e subordinado a uma das ins-tânciâs adminiskativas de mais alta hierarquia do goveÌnocentral ou federal, geralmente o minlstério da cultura ouseu equivaÌente. Existem outras formas de estruturação quedependem das tradições cuÌturâis e da história de cada paÍs.

Em alguns casos, biblÌotecas especializâdas, universi-tárias ou públicas, acabam assumindo o papel de bibliotecanacionaÌ, em virtude de sua lideranç4. Nos eua, por exemplo,a Library of Congress, que é uma biblioteca parlamentar'desempenha a função de biblioteca nacionaL. Em outros,como Finlândia e Israel. a biblioteca nacional funciona tam-bém como bibÌioteca universitária. O mesmo ocorre na DiÍìa-marca, onde a bibLioteca nacional é também a bibliotecacentral da universidade de Copenhague. Esta última é tam-bérn biblioteca nacional especializada, atendendo a consul-tas de todo o paÍs nas áreas de humalidades, teologia e

ciências sociais.Em alguns paises a biblioteca nacional integra diversas

instituições, como nâ Indonésia, onde ela é formada porquaho órgáos: pela biblioteca do museu nacional, por umabiblioteca especializada em ciênciâs sociais' politica e

história, pela biblioteca regional de Dakar, e por uma diüsãobibliográÍìca.

A denomlnação 'selviço nacional de biblioteca' começoua ser usada quando algumas bibliotecas nacionais passarama desempenhar funções de atendimento à população emgeraì, ampliando ou afastando-se da função badicionâl dedepositária da produção intelectual do paÍs. Por exemplo,no Quênia, a função da biblioteca nacional é exercida por

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um desses serviços (o Kenya National Library SeÍvice), quefunciona como Llma rede, e que integra as bibliotecas dasdiversas proúncias do pais, estando mais voltado para asquestões de estÍmulo à leitura.

No Panâmá, a Fundación Biblioteca Nacionaì administranão só a própria biblioteca nacional, mas também as biblio-tecas públicas ligadas ao ministério da educação.

Existem países, como os EUA, que, aìém da bibliotecanacionaì geraÌ, possuem bibliotecas nacionais que abrangemdeterminada especialidade, como é o caso da NationalLibrary of Medicine e da National Agricultural Library.

Na AÌemanha, há bibliotecas nãcionais nas áreas demedicina, ciência e tecnologia, agricuìtura e ciências sociais,embora não incluam o ãdjetivo nacional em sua deno-minâção.

Na ltália, há duas bibliotecas nacionais distintas, umaem Roma e outra em Florença, do mesmo modo que noCanadá, que possui uma em Montreal e outra no guébec.

Agência bibliográÍìca nacionalSegundo o modelo de controle blbliográfico proposto pelauNESco em 1977, biblioteca nacional é aquela que, indepen- .

dentemente de outras funções, tem a responsabilidade decontrolar o depósito legal e de produzf a bibliografiâ naclonal. Nessa concepçâo, a biblioteca nacionaL desempenhariao papel de agência bibliográfica nacional (ae^Ì), desenvol-vendo diversas atiúdades qrÌe gârantissem o gerenciamentoeficaz do conftole bibliográfico nacional. Essa agência teriâsustentação legal que pennitisse a captação da produçâobibliográfica do paÍs, da maneira mais compLeta possível.Isso seria feito através da Ìegislaçáo de depósito legal.

O conceito de aelt foi proposto para reforçar as açóes decontrole bibliográfico nacionâl e foi disseminado no con-gresso de 1977, quando a UNESCo recomendou que cãdapaís criasse sua 'agência bibliográlìca nacional', de forrna agarantir a sustentaçáo das atiüdades de controle bibliográ-fico, reunindo-se estmturalÍnente todas as ações e processosa ele reÌacionados. Segundo a uNEscÕ, a ABN seria esta-

belecida no âmbito do sistemâ de bibÌiotecas de cada país,com duas funcões primáriâs:

. preparar os registros oficiais e completos de cada novapublicação editâda, de acordo com normas catalográficâsinterrìacionais;

. dir'rrlgar esses registros, com a maior rapidez possível,na bibìiografia nacional.Essa concepçáo foi baseada nos modelos de administraçãoexistentes nas instituiçoes que realizavam tarefas de controlebibliográfico, geralmente as bibliotecas nacionais. Caberiaaos pãises deffnir a estr-utura que mais se adaptasse à suarealidade, embora ficasse claro que a aeru deveriâ estaÌ forte-mente ligada ao sistema de bibliotecas. A uNESco sugeriaque a ABN funcionasse como um setor da blblioteca nâcionaÌ,tendo em üsta qÌÌe, na maioria dos países, essa bibliotecajá assumia a maior parte das funções ligadas ao controlebibliográfico.

Além de suas funções primárias, anteriormente descritas,a ABN deveria encaÍïegar-se de outras tarefas, como, porexemplo, a produção de bibliografias retrospectivas. Ao res-saltar a importância do resgate dos registros antigos daprodução editorial dos paÍses, a UNESco pretendia, por oca-sião do congresso de 1977 , detalhar recomendâções para aelaboração desse tipo de bibliografia. Tais recomendaçõesnáo chegaram a ser deflnidas até hoje.

Outrâs funções propostas para a ABN estavâm relacionadas às diversas açÕes ligadas à produção da bibliografianacional e inclrríam:

. controlar o depósito legal e o cumprimento da respectiva lei:

. manler calálogos coìetivos nacionais:

. atuar como agência centrâl de catalogação, encarre-gando se de: manter a lista padronizada de nomes de autoresdo país (pessoas fisicas, entidades coletivas, nomes geográficos); definir regras catalográficas a serem utilúadas nabibliograÍa nacionaÌ, em cataìogos coletivos e nas bibliotecasdo paÍs, seguindo padroes internâcionalmente aceitos;

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. manter o programa de catalogação nâ publicaQão:

. manter cónús de atribuiÇão de números padroni-

zados para documentos: ISBN, IssN, etc';. Ëoordenar o intercâmbio de registros bibliográÍìcos

com ABNS de outros PaÍses;. assessorar sislemas de inforÌÍÌação especializada na

incorporãQão de seus registros bibliográficos em sistemas

inteÌnacionais.O papel da ABN incluiria' portanto, responsabilidades nacio-

násì internacionais. Por um lado, estaria comprometidacom a satisfação dãs necessidades de inforrnaçáo dos usuá-

tio.t po, outio, deveria contribuir' como centro nacional'para a consecução do cBU.

Examinando as funçoes da 'tetl, pode-se constatar que

as relacionadas com a captação do materiâl bibliográfico do

pais por mej.o do depósito legal e com a preserva.ção. desse

material sao funcões tradlcionalmente desempenhadas por

muitas bibliotecas nâcionâis. A biblioteca nacional seria'

portanto, o órgão mais adequado para acolher as atiúdades

da egn em deterÌninado PaÍs.

A criação de um setor que se encarregasse das duas fun-

ções básìcas da ,qsn na estr-utura da biblioteca nacional

existente constituiria a forma mais adequada para estru-

turar o processo de conüole bibliográÍìco' evitando-se gastos

ex.essi.ros e duplicação de esforços e deveria ser adotada

por paises que 1á possuÍssem srÌa biblioteca nacional E

èssaa estrutura u.tilizada por diversos paÍses' como' por

exemplo, o Reino Unido, onde a BritÌsh Library (a biblioteca

nacional do pais) possui a Bibliographlc Selwices Diüsion'que funcionâ como ABN. Na França, igualmente' o CentÌe

eibliographique Nationale' Iigado à Bibliothèque Nationale'

Íúnciona como ABN.

Em alguns paÍses as funçÓes da AÌlN náo se concentramtodas na-blblioteca nacional: são desempenhadas por diver-

sãs organizaçóes (órgãos públicos ou da iniciativa privadaì

que, p"or moiivos hlJtÓricos, tenham assumido em algum

-o-àtlto aquela função. E o que acontece no BrasiÌ' onde'

embora a Biblioteca Nacional assuma as pdncipais lrrnçõesda aeru, outras organizações desenvolvem atividades decontrole bibliográfico, como, por exemplo, o Instituto Brasi-leiro de Informação em Ciência e Tecnologia {tBÌcT), que éresponsável pelo Catálogo Coletivo Nacional de PublicaçõesSeriadas (ccN), além de sediar a agência brasileira do ISSN,

e a Câmara Brasileirã do Liwo (cBL) que opera. juntamentecom o Sindicato Nacional dos Editores de Lir,ros (SNEL), oprograma de catalogação na publicação rnais antigo do paÍs.

Nos EUA há paÍticipação de empresâs ligadas à indústriae ao comércio editorial nas atiüdades de controle biblio-gráfico. É o caso das editoras Bowker e Wilson, que publicam, respectivamente, o Books tn pint e o Cttmulatiue bookindex, que funcionam como bibllografias nacionais, divulgando os últimos lançamentos. A Bowker é responsável pelaatdbuição do rsBN a publicaçoes norte-americãnas.

A UNESCo sempre insistir-l na necessidade de cooperaçãoentre aABN e os diversos componentes da indústria e comér-cio editorial (editorâs, livrarias e distribuidoras), além daclasse bibliotecâria, â fim de que a tarefa de controle bibliográfico seja desenvoÌ\'ida de forma a atender a dlferentesnecebsidades de mâneira eleliva,

Atualmentc [2005), a denominação 'agência bibliogÍáffcanacional' está em desuso. conforme se nota em documentosproduzidos pela tm.r e a uNESCo.

o novo perfil das bibliotecas nacionaisMuitos debates sobre o papel atual das bibliotecas nacionaisocorreralTì em reunioes da IFLA e da uNESCo. tendo em \.istaas mudanças ocorridãs no panorama socioculturaÌ, nasdécadas de 1980 e 1990. especialmente no que tange àtecnologia da informação. As diferenças entre paises tambéminfluenciaram essas discLrssoes. no sentido de buscar umpapel mais eficaz para a biblioteca nacional nos paÍses emdesenvolvimento.

Em relrnião realizada na Rírssia, em 1991, sobre os objetivos da bibÌioteca nâcional no novo anìbiente informacional.com ênfase nos paises em desenvolúmento. discutiu se a

zc24

Page 20: campello, bernadete - introdução ao controle bibliográfico

mudança de função da biblioteca nacional, afastando-seda abordagem voltada para o acer-vo e enfatizando o acesso.

Um ponto importante foi â concordância de que deveria ha-veÍ intensificação no papel de liderânça da biblioteca nacio-na1 sobre o sistema de bibliotecas do país.

As bibliotecas nacionais, especialmente as de paises emdesenvolvimento, deveÍiam definir as funçoes que atende-riam mais adequadamente às necessidades de informaçãodo pais e, a paftir daí, estabelecer suas prioridades. Na reu-nião mencionada houve concordância quanto a recomendaràs bibliotecas nacionais que enfatizassem as funçÕes de:

. liderar o desenvolvimento e mânutenção de um siste-ma integrado de bibliotecas:

. responsabilizar-se pela melhoria de programas de edu-cação continuada;

. prestar serviços às demais bibliotecas do paísi

. atuar como depositária da coleQão recebida medianteo depósito legal e como agênciâ bibliográfica nacional.

Ampliam-se as funçÕes da biblioteca nacional. Além de man-ter a herança cultural da nação, para uso de pesquisadorese estudiosos (parcela reduzida da populaçáo), ela estarávoltada para o atendimento a todos os cidadãos, por meioda ação que irá beneficiar a rede de bibliotecas do país,

atingindo principalmente as camadas menos favorecidas.

Verifica se mudança expressiva na concepção da funçáoda biblioteca nacionaÌ. A função depositária e de preservacãoda nemória intelectual preponderou por muito tempo e

permitiu às bibliotecas nacionais acumularem um patrimô-nio de milhões de documentos. Não apenas li\Tos' mas também os mais variados materiais, dependendo da definiçáo,mais restritâ ou mais ampla, adotada nâ legislação dedepósito legal de cada país. A biblioteca nacional da França,por exemplo, coleciona, além de documentos tradicionâisimpressos, estampas, desenhos, caftazes, postais, fotogra-fìas, moedas, medalhas, discos e oì-Ìtros supoÍtes sonoros e

até mesmo trajes e maquetes, em raz ão da concepção amplade 'documento' constante na sua 1ei de depósito legal.

Atualmente, observam-se três orientações distintas nas[unçóes das bibliolecas nacionais:

1 . Funçáo depositária: ênfase na preservação da heran-ca cultural do paÍs, representada por extensa coleção demâteriais. As que seguem essa orientaeáo sáo, geralmente.as mais antigas ('clássicas') e srÌas atiüdades voltam,se pre-dominantemente pâra a conservação do acervo.

2. Função de infra estr-uturâ: ênfase na coordenação,liderança e serviço às bibliotecas do país. As que seguemessa orienlaçào sào. em geral. mais novas.

3. Função de servlÇo nacional abrangente: nesse caso,estão as bibliotecas nacionais que direcionam seus servieos para o usuário final, atendendo a pessoas do pâÍs intei-ro, mediante o sistema de bibìiotecas pÍlblicas. Esse tipo deorientaçáo é encontrado em bibliotecas nâcionais de paÍsesem desenvolúmento.O quadro abaúo sintetiza essas três orientaçoes:

lroDte: LoR. P.J.: SoNNE({rs. E.A.S. GJi.l.lür,s./or le.riskltían [or naâÕnaL LibnPs r!_r^. Ì997. DisporiveÌ em: <lÌttp: / /Mw.rìncs.o.ore/\rebwond/nÕrÌinalions/guidclincs Ì h.ht'Ì> A.csso cÌì: Ì ljlti/2005

Se, por um lado, as blbliotecas nãcionais tornaram selepositórios de riquíssimos acervos, por outro, defrontam-se com graves probÌemas para armazená-los e conserwá

Dímensõesdo coftceíto debíbliotecanc"cíano'l

EstAgÍo dedesenDolDimetTto

UsudriospríncipíJ.ís

ÊnJase Tipo debiblioteca

Depositária daherança cultu-raÌ do pais

InfÍa estruturâ

Sewiço nacìo-nal abrangente

Cì:issico(paises desenvolúdos)

ModeÌ'no(paises desenvolvidos)

Pâíses emdesenvol-

Pesquisâ-

dêmicos

Bibliotecas

PopuÌaçáo

Liderançânacional

Servieopara usuá-rios lìnais

Convencio-naÌ ou trâdicional

ModeIÌ1a

Servico Ììacional c1e

bibliotecâ

26 27

Page 21: campello, bernadete - introdução ao controle bibliográfico

los. São obrigadas a investir pesados recursos em processos

de conservaçao que se tornam mais onerosos à medida que

sáo mais varlados os tipos de materiais a serem preservados'

exigindo processos diversilicados de consewação e de restau-

ração.Deve-se lenÌbrar ainda que, corno agência bibliográfica

,r^"j.on^I, responsável pelo iontlole bibliográfico nacional'

a biblioteca ìacional assume a tarefa de compartilharinternacionalmente os Íegistos bibliográíicos do pais' o que

lhe acareta mais encâÍgos. As novas funções propostas

para ela, por outro lado' exigirão mais recursos e a institui-

çao te.a q,re bt,scar mei.os para cumpri-las de forma efica.7 '

Uma p'ossibilidade. que vem senclo apontada' seriâ a ad-o-

çao de pôhucas de seleÇão, que possibilitassem a diminuição

da quantidade cle mdterial caplado Outra seria a definiçào

de criterios de preservacáo relaLivos ao sllporte originaÌ dos

clocumentos. .1ã que a tecnologia dispor-rive1 pennite o uso

de srÌportes ãe reposlçao' eÌÌì meio eletÍônico ou vftuaÌ'que pàderiarn diminuir os problemas de arrnazenamento e

à.r".*tçao. A tercreira alternativa seria a descentrâLização

das atividades de controle bibliográfico' com outras institui-

ções similares. que assumiriam deteÌrninadas tarefas' gâ'

rantindo-se, a coerência do sisterna, de forrna que o objetlvo

final do cBU seja mantido.

A biblioteca nacional no BÍasilA Biblioteca Nãcional teve origem na Real Biblioteca daAju-da, pertencente à corte portuguesa e pâra cá tazida por'

o"."ião d^ trun"ferência da sede do império poftuguês para

o Brasil. em 18O8.A Real Biblioteca c1a Ajuda foi organizada por iniciativa

do rei D. José I (1714-1777)' para substitrÌir a que foi des-

truida pelo incênclio ocorrido após o terremoto de Lisboa'

em 1255. Era rica em obras não só portÌÌguesas' mas tam-

béÌÌ.Ì de outros paises elrropeus AÌém de liwos' possuia

estampas, mapa;' manuscritos, moedas e medalhas Fazia

parte àa Rcai Biblioteca a coleQão chamada Livraria do

infantaclo. qLre reLrnia preciosos manuscÍ-itos e impÍessos'

Ao longo do tempo, outros acervos a ela foram acrescidos.formando, assim, riquissimâ coÌeção.

Chegando ao Rio de JaneiÍo, em meados de Ì810, acoleçáo, que possuÍa cerca de 60 mil peQas, foi instalada noHospital da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo,nãs proximidades do Paço Imperial. Em 29 de outubro deI8lO, considerada a data oficial de fundação da Reãl Biblio-teca no Brasil, foi assinado o decreto qì.Ìe âutorizava suainstalação nos poroes do hospitâl, transferindo-a do andarsuperior onde flcara guaÌdada desde sua chegada. Em 18Ì2,a biblioteca passou a ocupar todo o prédio da OrdemTerceirado Carmo, onde permaneceu até âgosto de 1858, quandofoi transferida para o prédio número 48 da rua do Passeio,que fora adqulrido e adaptado pelo governo imperial paratal fim.

Em 1824, a Real BÌblioteca passou a chamar-se BibliotecaImperial e Pública, refletÌndo o fato de que haviâ sidofranqueada ao púb1ico pelo Príncipe Regente, desde 1814.Essa denominação foi mantlda até 1876, quando um decretoimperial mudou seu nome paÍa Biblioteca Nacional e hiblicado Rio de Janefo.

trm 1910, foi inaugurado o prédio que abriga âté hoje aRiblioteca Nacional. na área central da cidade do fuo deJaneiro. Em 1987, a estrutura da Biblioteca Nacional foimodificada pela lci n." 7.624, cle 5/ ll / l9a7, quardo passoua integrar, juntamente com o Instituto Nacional do Livro(INL), a Fundaçáo Nacional Pró-l,eitlrra.

Nova modificação ocoÌTeu na sua estrutura organiza-cional em Ì990, quando foi instituída, no âmbito do Ministério da Cultura, a Fundação Biblloteca Nacionãl e extintoso rNL e a Fundação Nacional Pró Leitura (ki n." 8.029, de12/ 4/ 1990, e Decreto n.o 99.492, de 3/9 / 1990). Pelo atualestatuto (aprovado pelo Decreto n.' 5.038, de 7 /4/2OA4, aBiblioteca Nacional é o órgáo responsável pela execução dapolÍtica governamental de recolhimento, guarda e preservação da produção intelectual do pais, com as seguintesfinalidades:

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. adquirir, preseÌïar e difrÌndir os registros da memóriabibliográficã e documental nacional;

. promover a difusáo do liwo' incentivando a criaçãoliterária nacional, no pais e no exterior' em colaboraçáocom as instituiçoes que a isto se dedlquem:

. atuãr como centro referencial de inforrnações bibliográficas;

. registIar obras intelectuais e averbar a cessão dos di-reitos patrimoniais do autor;

. ;ssegurar o cumprimento da legislação relativa ao

depósito legal;.

"oord.tut, orientar e apoiar o Programa Nacional de

Incentivo à Leitura de que trata o Decreto n." 5Ì9, de 13/5 / 1992:

. coordenar o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicasde que trata o Decreto n.' 52O, de 13/5/ 1992:

. elaborar e divtllgâr a bibliografia nacionall e

. subsidiar a formulação de politicas e diretrizes volta-das para a producão e o amplo acesso âo ìir''ro'

A história da Biblioteca Nacional é típica das mais antigasbibliotecas nacionais. OÍiglnando se de uma biblioteca real'transformou-se em depositária da produçáo intelectual do

pais, reunindo rico e variado acervo, Írnico em muitos aspec-

ios. Tem sustentação legal e é formalmente responsávelpe1odesenvolvimento dos mals variados serviços bibliotecáriosque, se postos efetivamente em prática, a toÌnarão umabibhotecã nacional dentro dos moldes recomendados pelas

instituições inteÍnacionais.

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30 31

Page 23: campello, bernadete - introdução ao controle bibliográfico

b

es&ee#sê&&

Depósito legal

DEPÓSITo LEGÀL É A E)üGÈNCIA, DEFINIDA POR LEI, DE SE EFEfUAR

a entrega a um órgão púb1ico (gerâlÌnente a bibLioteca nacio-nal) de um ou nlais exemplares de toda publicaçâo editadaem um pais, considerando seus limites geográlìcos. Constituiuma das forrnas mais utilizadas para captar material paraa elaboração da bibliogrâfia nacionaì e formar a coleção quepropiciará a preservaçáo da herança cultural do paÍs.

A forrnação de coleQões nacionais foi, comojá üsto ante-riormente, ação levada a cabo, de inicio, por governantesque, valendo se das prerrogativas de seus cargos' desen-volveram modos de obteÍ os li\,'ros e documentos que forma-ram os acelos das bibliotecas reais. Transformadas depoisem bibliotecâs nacionais, possuem dquissimas coleções.

A história da legislação de depósito legal teve início em1537, quando o rei Francisco I, da França aprovot a Ordonnance de Montpellier, decreto que proibia a venda de qual:quer lil,ro sem que primeiro houvesse sido depositado umexemplar na biblioteca reaì.

Esse decreto estabeleceu o conceito de depÓsito 1ega1,

posterioÌ'mente adotado por outÍos paises' como a Alemanha(1624), a Grã-Bretanha (1610), a Suécia ( 1661)' a Dinamarcã(1697), a Finìândia (Ì702). Atuaìmente, muitos paises pos-suem legislaçâo de depósito 1egâl que gaÌante a preservaçàode grande parte de suâs pubìicacóes.

Corn a invençào da imprensa na segunda metade doséculo x/, muitos monarcas que se haúam dedicado a cole-cionar livros perceberam que o depósito legal era uma forrnade enriquecer suas coleções e, ao mesmo tempo' mantercontrole sobre o novo e revolucionário meio de comunicaçáo:o livro. A censura foi, portanto, unl objetivo dos primeirosatos que regularam o depósito legal nos séculos xVI e x\41, e

era tão marcante naquela época que alguns países, coÌnoã Bélgica, por exemplo, incluÍram na slrã legislaÇão a decla-raçâo expressâ de que nenhuma idéia de censura estariarelacionada ao depósito legal, a fim de enfatizar a moderni-zação do conceito.

O desenvolvimento da imprensa desencadeou outra ques-táo: a proteção dos direitos do autor. Os governos de algunspaises se propunham a oferecer algum tipo de proteçãocontla pirataria intelectual, mas, para fazê-lo, tinham desaber exatamente o que estãvam protegendo. Assim, ocopAright ot direito de autor era garantido sob a condiçãode que um ou mais exemplares do trabalho em questãofossem depositados em determinado órgão público.

Por volta do século xvÌtt, vários paÍses, como França,Bélgica e Holanda, tinham leis de depósito legaÌ únculadasao direito autorâÌ. Em 1908, quando da revisão da convençáode Berna para a proteção das obras literárias e arústicas, aquestão dos diÌ'eitos autorais foi desvinculada do depósitolegal. Os paÍses signãtáÌ:ios, na maioria elrropeus, secomprometeram a modificar suas leis de forma que as duasquestões fossem tratadas de maneira distinta. Atualmente,os EUA são um dos poucos países cuja lei de depósito legalalnda se úncula ao direito âutoral, mas várias propostastêm sido apresentadas parâ que seja modificada.

Utilizado inlcialmente para garantir privilégios paradeterrninadas bibliotecas. foi somente nos últimos 50 anosque o depósito legal teve seu objetivo claramente associadoà elaboração da bibliografia nacional, embora ainda hajaargumentos de que ele constitui forma discriminatória deconfisco de bens privados. Enftetanto, não se pode negarque o depósito legal tem contribuÍdo para a preservaçáo deurna herança cultural significativa em muitos paÍses.

Poucos paÍses mantêm suas bibliotecas e bibliografiasnacionais por meio de depósito voluntário, mediante acordosentre a agência bibliográíica nacional e a associação deeditores. Levando se em consideração que a maioria dospaíses não está eÌrr condlÇões de garantir um controle biblio-gráfico eficiente com base no depósito voluntáÌio. a reco

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mendaeão da uNESco, no congresso de 1977, foi a de que ospaises estabelecessem leis de depósito legâl.

Os princÍpios básicos das recomendações são:. o depósito deve ser obrigatório, nâo se recomendando

esquemas voluntários de caPtaçào:. deve constituir responsabilidade nacional, sem impe-

dir que outras iurisdições tenham suas próprias leis;. a coleção forrnada em decorência do depósito legal

deve ser de propriedade do Estado e a instituição depositáriaa responsável por sua manutelìçào e preservação:

. deve abranger todos os materiais produzidos. comexceçâo daqueles explicitâmente excluídos da Ìei:

. os depositantes nào devem receber pagamento ouqualquer outra compensação pelo depósito:

. o acesso à coleção deve ser gratuito, sendo que taxasadministrativas razoáveis podem ser cobradas em determinadas circunstancias.

O texto da lei deve ser claro, preciso, bem-estruturado e

conciso. eütando-se sentidos ambigúos e vagos, incluindodefiniçôes precisas dos termos utilizados, de forma a deixarclara a inlençào do legislador.

No congresso de 1977, definiram-se os elementos básicosparâ a legislacão de depósito legal, a saber, objetivos, insti-tuição depositária, material a ser depositado, número deexemplares, prazo para depósito, depositantes e métodosde controle, e foram feitas recomendações concernentes acada um desses elementos.

As recomendâções basearam-se em práticas de depósitolegal existentes, na época, em vários países. Ao longo dotempo, o assunto foi objeto de inúmeras discussões queocoÍTerann em encontros organizados pela InL\ e novas sugestões foram feitas para aprimorar as leis existentes.

Com relaçáo ao depósito de documentos que circulamna internet náo há consenso. deüdo às características próprias desses documentos e ao fato de que só recentementealguns pâises passaram a desenvolver práticas para suacoleta e preservãção,

As recomendaçÒes a seguir Íbram feitas pela uNESCo em1977 íque continuam válidas para documentos então existentes), acrescidas de sugestões sobre clocumentos ürtuaise outros aspectos que podem influenciar o depósito legal.

Objetlvos. Em termos gerais. o depósito legal deve cons_tituir-se em instrumento para polÍticas nacionais de livreexpressão e âcesso à informação, pois, ao se reunir e preservar toda a produção intelectual do pais, garantir-se-áã aces_so ao patrimônio cultural, sem qualquer juÌgamento, sejade ordem moral, politica. artistica ou Ìiterária, sobre o valárintrinseco dos materiais.

O depósito legal deve ter como objetivos:. assegurar a formaçào de uma coleção de materiais

produzidos em váÍos formatos:. permitir â compilação da bibliograÍìa nacional, âssegu-

rando o controle bibliográfico da coìeçào;. proporcionaÌ aos cidadãos, do pais e do exterior, acessoàs publicações nacionais.Esses objetivos devem estar claramente expÌicitos no textoda lei,já que ela estará impondo um dever para certas pes,soas [os depositantes), que têm o direito de compreendir afinalidade do seu ato.

Depositária. A instituição depositária é o órgão definidopor lei para receber os materiais oriundos do depósito legal.Como o ob.ietivo do depósito legal é, além da fõrmaçáúacoleção nacional, a elaboração da bibliografiâ nacional, aUNESco recomenda que a lei defina como depositária a ins,tituiçào encãrregada de elaborar a bibliografia.

O depósito pode ser descentralizado em mais de uma ins_tituição, no caso, por exemplo, de materiais que exijârn tra,tamento especializado, como filmes, ou para atendei a usuá_rios com necessidades especiais, como deficientes visuais.por exemplo. Nesses casos, é preciso estabelecer mecarÌismosde coordenação entre as várias agôncias depositárias.

Material a ser depositado. eualquer lei de depósito legalsó poderá âbranger as publicações produzidas nò pais, póis

34 35

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só se aplica dentro de seus limites geográficos. Se houverinteresse em captar materiaÌ publicado no exterior (porexemplo, documentos sobre o paÍs) é preciso utilizâr outrosmeios, como compra ou permuta. Para publicações online,o pais onde se dá a publicação deve ser identificado pelalocalizâção geográfica do Uniform Resource Locator (uRL).

A definição dos materiais qlre serão objeto de depósitolegal é questão bastante complexâ e parece que nenhumpaís atingiu solução ideal. Um dos aspectos da questáo refe-Íe-se à exaustividade, ou sejâ, à idéia de que tudo o queseja produzido deva ser depositado, para gaÌantir â isençãode julgamento que está associada ao depósito legal. Desseponto de vista, todo material deveria ser captado, pois, pormais insignificante que possa pârecer, pode apresentar valorpara determinados segmenlos sociais.

Razões de ordem prática, como espaço, recursos huma-nos e tecnológicos, podem levar à definição de limites na cap-tação de documentos e, segundo as recomendações, esseslimites nunca devem incidir sobre o conteúdo da publicação.

Alguns critérios de exclusão recomendados são: númeroreduádo de páginas, tiragem e tipo de mâterial (por exemplo,manuais de instruçào, listas de preços, listas de horários.de meios de trânsporte, liwos de colorir e recortar para cri-anças, boletins e relatórios de empresas, prospectos), enÍìm.materiais de duraçáo efêmera. A recomendaÇão, entretanto,é que paises de produçào editorial pequena não incluamtâis limitações na legislaçào de depósito legal.

Os dois critérios básicos para inclusão na lei seriam: I )material disponibilizado para o público, e 2) prodllzido emmúltiplos exemplâres parâ distdbuiçào ao público.

Segundo recomendação da uNESco, â legislação de depó-sito legal deveria incluf todos os objetos fisicos, em qualquerformato, que tivessem conteúdo informacional e fossem pro-duzidos em múÌtiplos exemplares para distribuição ao pribli-co. Outra recomendação é no sentido de serem adotadasna legislaÇão terminologiâ e linguâgem abrangentes, de for-ma a possibilitâr a inclusão de tipos de materiais já exis-tentes e outros que rnais tarde venham a existir- Variações

no conteúdo e na forma (ÌeediçÕes e ediçoes em formatos eencademacões diferentes, por exemploj deveriam ser nre_vistas na Iei. Assim, a abrangência é eslimuladu "

u O"n rï*udo materiaì a ser deposilado deve ser a mais ampla possiuet,de forma a incluir todos os tipos de registro Oe info'Àaçao,independentemente do seu formato.

Entretanto, cadâ tipo de material apresenta questoesespecificas, ta-nto no que diz respeito à àaptação quanto àpreservação. O advento da intemet e das-puúlicaçoes emlinha{online) suscita novas questoes (legais, ìé";i;;J; org;:íi:l?1.*Ì para as insüruições depositárias, extginAo aïadministradores e dos segmenlos envolüdos decisõËs difíceise muitas vezes polemicas.

O-primeiro aspecto que reflete a diferença com relação àpublicação em linha e que ela não se enquadra no princìoiooe_ multiptos exempìares.. estabelecido para maleriais bibl]o_gráficos e nào-bibliogÉficos tradicionàis. Ofa e proOurã-aem uma única cópia que é armazenada na rede munaiA àecomputadores {a internet). A noQão de exempÌar é. po.trrO,substituida pela de disponibÍlização.

No âmbito do depósito legal, publicação é um documentoque consiste em um texto seqúencial (e, eventuaìmente,outros dados üsuais), estrutuiado, organizado

" "àrtãà.como uma unidade independente. Existe em suporte fÍsicoque é distribuÍdo para o público em múttiplos exe*pt.r"" .que.pode ser adquirido por qualquer pesóoa.No ambiente digitalem linha, publicaçào e o documento

produzido, armazenado e distribuido eletioni""_".rt", "o__posto de conteúdo informacional flexível e soytu.rore q"; p;

sibiUia uso diferenle do que ocorre com publicacòes imDres_sas, por exemplo. Existem publicaçôes em linha q,..,"

". à"""_metham âs impressas. que incluem conteúdo de natureza

permanente, estruturados e editados como unidades inde_pendentes. Exemplos desse tipo são os periódicos etetrónlcos disponibilizados em certôs formatós, --. .-eá"U"}Portable Document Format (pDF). Sâo geralmente _à;ìid;por instituiçòes e têm acesso controlãdo. Há consenso áeque essas publicações devam ser depositadas.

36

Page 26: campello, bernadete - introdução ao controle bibliográfico

OutÍa categoria refere se às publicaçoes 'dinâÍnicas' cujoconteúdo muda continuamente, apresentando atrÌalizaçõesa intervalos variados ou em tempo real. Há posições diver-gentes no que concerne ao seu depósito. Há aqueles que

õonsideram que a versão válida é â que está disponÍvel nomomento e, portanto, a agência depositária deve garantirsimplesmente o acesso àquela versâo. A posição oposta, de

que todas as versões devam ser preservadas, encontra sérios

obstácu1os, pois se toma praticãmente inviável manteÍ todaselas. A solução sugerida, nesse caso' é a de se captarem al-gumas versões em periodos regulares. Para publicações di-nâmicas que deixam de ser acessíveis, a soÌução pode ser a

de se manter a primeira e a última vercão.Com relação a materiais como listas de discussáo e outros

de natureza efêmera, há consenso de que não são editados,não podendo ser considerados 'publicaçào' e' portanto, não

devem set objeto de depósito. Publicaçoes em linha com-postas de dados não-estrutlrrados. tais como bases estatís-ticâs ou geográficas, náo seriam objeto de depósito

Apesar cle reconhecer as dificuldades para captação e

presãrvação da pubÌicacão em linha a recomendaçâo final é

que sejam incluidas na legi.slação de depóslto legal' Essa

inclÌÌsão, entretanto, diz respeito apenas a publicaçÓes que

constituam unidade intelectual estruturadaÉ necessário que a instituiÇáo depositária possibilite não

só acesso aos documentos em linha, mas desenvolvacondições para mantê-los em bases permanentes' não

deixando essa responsabilidâde para o produtor/proprietárioque normalmente náo tem interesse em manter por longo

tempo seu produto disponÍvel para o público.Na questão do acesso, deve-se levar em conta a neces-

sldade do depósito de soitruare e outros itens indispensáveispara consulia aos materiais depositados e da garantia de

permissáo para converter o material pâra novos formatosou para migraçáo paÍa novos ambientes operacionais'

Número de exemplares. Pelo menos dois exemplaresdevem ser depositados: um para preservação e outro para

uso. Alguns países definem o nírmero de exemplares combase na tiragem ou no custo do matedal. A legislaÇào develevar em conta a capacidade da instituicão depositária paraabrigar e tratar adequãdaÌÍìente o material captado.

No caso da publicaçâo em Ìinha a questâo do número deexemplares é imaterial. A questão diz respeito à amplitudedo acesso ao material depositado. Da mesma forma que onúmero de exemplares do material impresso tem um limite,também o número de uslÌários do rnaterial em linha deveser limitado paÍa respeitar os direitos comerciais dosprodutores. Assim, a legislação deve definiÍ a utilização pordeterminado número de usuários, garântindo apenas o usosem fins comerciais dos materiais depositados.

Prazo para depósito. A recomendação ó quc o dcpósitoseja feito o mais rapidamente possível após a publicação,de preferencia dentro de uma semana e. no mírimo. ummês. Esse prazo leva em consideracão o objetivo primáriodo depósito legal, que é a compilação da bibliografia nacional,com a finaLidade de dir'.ulgar a produção intelectual do paise, cuja distribuição, portanto, não deve ser atrasada.

Depositantes. Historicamente, a responsabilidade temsido atribuida a diferentes agentes, passando pelo impressor,editor, autor e distribuidor (no caso de a legislação cobrirmaterial importado), dependendo do paÍs e de slÌa tadicãoeditoriãI. Atualmente, as leis de depósito legal tendem adefinir como responsável o editor. Nesse caso, é necessáriodefinir de fol1lla ampla o editor, para que não se restrinja aeditoras comerciais, mas inclua aquelas ligadas a insti-tuições acadêmicas e governamentais, ãlém dos produtoresde materiais nào-bibliográficos, eletrôÌÌicos e em linha.

A recomendação é que os respoÌìsáveis pelo depósitosejam as organizaçÕes e indivÍduos que publicam, produzeme disponibilizam o material ou sejam seus proprietários olrdistribuidores.

Métodos de controle. Para ser efetiva, a legislação devecstabeìecer método adeqrÌado de controle de seu cr-lmpri

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Page 27: campello, bernadete - introdução ao controle bibliográfico

mento, com preüsáo de penalidade' que varia nos diferentes

paises. A cobrança de multa aos depositantes omissos- tem

sido o método usual' mas raramente tem-se mostrado eficaz'

Àameaça de náo concessáo do direito autoral é outra forrna

de oarantir o depósito. embora náo recomendada Há tam'

beri a possibilidãde de inrpedir a distribuiçáo do documento

;iJ q;; . depósito seia fáito. o método recomendado pela

r rNES;o. em tgzz, foi ^

't-lt-t"r-,1açáo do depÓsito ão forneci-

mento dos números ISBN e ISSN.

A multa, segundo a uNESco, embora necessária' deveria

constituir o ú1iimo recurso. Campanhas de esclarecimento

sobre as vantagens do depósito legal para os editores sáo

recomendadas, considerando-se que eles devem compreen-

à". à i-po.tatt"ia da üsibilidade dada a seus produtos pela

üibliog.áÍì. tt^"ional, além da preservação desses produtos

em longo Prazo.

Depósito legal no BrasilA preocupaçáo com o depósito legal data da época do Império

t f 'AZZ-

f SS it, a partir de quando foram bal'€dos vários atos

lue oUrigavam à enúega de exemplares de todas as publicaçoes iãpressas naTipografia Nacional à Biblioteca Impe-

rial e Pública da Corte.Esses atos legais foram consolidados no Decreto n ' 1 825

de 20 / \2 / 1gO7 , acompanhado por legislação complementar(as chamadas 'instruçoes'), em 1922 e 1930 4legislação'que ügorou zltê 2OO4, centralizoÌÌ o depósito na Biblioteca

ú^"ioãu, obrigando-a a registraÍ as obras dePositadas em

um boletim bibliográfico, cflando, assjm, formalmente' a

bibliografia nacional brasileira'A Bïhoteca Nacional desenvolveu essa atiüdade de forma

bastãnte iffegular, tendo o Boletim BtbLiogrâfico sofrido

inúmeras interrupções (ver capitulo 6)'Em 1967. o tNL iniciou a publicação da EibliqgrafnBrasí-

Ieírc.MensaL, tealizando, na prática, o controle bibliográÍìco'

Essa foi, provavelmente, a causa de ter sjdo o INL contem-

plado coÁo órgão depositáÍio das publicações pelo Decreto-

Leinj824, de 5/9/Ì969. ficando o Brasil na posição peculiar de possuidor de duas leis de depósito legal, desde 1969até â extinqào do lNL em 1987.

A úgência de rÌma legislação de dePósito legal, que datado início do século )Õ(, obrigou a Biblioteca Nacional a resol-ver o problema da defasagem do Decreto n." 1.825, Ìistandona sua página na internet os materiãis que deveráo serdeposltados. Esclarece que, por forÇa de interpretacão da1ei, material não-impresso deve ser depositado, explicitandoalguns desses materiais como fitas-cassete, discos de longaduração (eÌepês), fitas de údeo, filmes, cns de áudio ou üdeo.

Define também os materiais que náo devem ser deposi-tados, como propaganda comercial ou politica, conütes paravisita a templos, brindes, como agendas e marcadores deli\Tos, recortes de jornais, com exceção de publicaçÓes dotipo clrpping, publicaçóes fotocopiadas, obras inéditas e tesesuniversitárias, esclarecendo ser de competência das univer-sidades de origem sua guarda e tratamento.

Vários projetos foram apresentados para a reformuJ.açãodo Decreto n." Ì.825. Um deles foi o projeto de lei n.' 5.529,de 1985, que incluia, conforrne recomenda a uNESco, adeclaÌacão explicita do objetlvo do depósito (ausente no Decreto n.' 1.825): assegurar o regisho e a guarda da produçáointelectual do paÍs, além de possibilitar elaboraçáo e di!'lll-gação da blbliograÍia brasileira e das obras estrangeiras disponiveis no Brasiì. O mencionado projeto tramitou noCongresso Nacional até 1989, quando foi arquivado.

Em 1989, foi apresentado ao Congresso Nâcional o projetode lei n." 3.803, sobre a mesma questão. Finalrnente, depoisde Ì5 anos de tramitaçáo, foi aprovado, transformando-sena Iri n.' 10 994 de 14/ 12 /2OO4."

* Atuâlmente, aÌém da ìegisÌação federaÌ, existeÌÌì duas Ìeis estaduais sobÌedepósito Ìegal: a de PeÍnambrÌco (l,ei n.' 12.435, de 6/Ì012003) e â deSanta Câtârina (L€i n." lÌ.074, de ì116/1999J No Pará e no Ceârá. hâprojetos em traÌÌìitaçâo nas assembléias legisÌativas. EncoÍÌtÌàn-se dispositivos com igual finalidade em aÌguns municipios e em certas

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Do projeto aprovado no Congresso o presidente dâ Repú-blica vetou os incisos rr, ür e \1r, do artigo 2.., que diziamrespeito à pdncipal questào: o que deve ser depositado. Ajustilìcativa dos vetos foi que as definições de 'publicaçóes'e 'pubìicaçoes novas' eram muito abrangentes, englobandomateriais quejá eram ou seriam objeto de depósito em outrasinstituições públicas, náo se justificando duplicaçáo. Alémdisso, argumentava se que a amplltude das referidas defi-niçÕes resuìtâria na captação de uma grande variedade detipos de materiais que demandariam espaços enorÍnes paraseu armazenamento, sem clara justificativa quânto aointeresse público.

Até que seja regulaÍnentada, esta lei náo propiciârá mu,danças efetivas no processo atual de captação de material.

A Bibliotecâ Naclonal procura esclarecer as vantãgensdo cumprimento do depósito ìegal para os depositantes, Íìatentativa de conscientizá-los sobre sua importância. Buscâ,assim, apesâr da defasagem da legislaçáo, constitÌrir umpatrimônio intelectual dentro das possibilidades existentes.

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LELLIS, V.L.M. Controle da produção editorial brasileira. Reuústqde Bíblic,teconomia de Brosíia, Brasília, v. 17, n. 2, p. BZ 2O4,1989.

6

e&&&s&&**s

BibliograÍìa nacional

A EXPR.ESSÃo .BIBLIoGRAFIA NACIONÂL' FOI DEFINIDA PRIMEI

ramente em 1896 por Frank Campbelì (1862-1906) no textoem que o autor inglês apontava a necessidade de se reuÍÌirernsistematicamente os registros bibliográficos dâ pÍodueãoeditorial do paÍs. Isso seria feito a partir dos registros elabo-rados peÌa biblioteca nacionâl qrÌe, idealmente, receberiaos materlais, via depósito legal, e seria a depositária daspublicações. Os novos registros seriam periodicamentepublicados, formando, assim, a bibliografia nacional.

Essa concepção de bibliografia nacional diferia daqueÌadas anügas bibÌiograÍias, que eram obras fechadas, no sen-tido de que não havia perspectiva de continuidade reguÌarde sua publicação. Algumas dessas obras possuiam suple-mentos, mas estes constituiam complementações espo-rádicas, que dependiam da vontade dos seus compiladores.

trlaboradas pelo esforço individÌÌal, com base em colecõesde bibliotecas pârticulares ou públicas, embora tivessem oobjetivo de reunir e preservar a memó a do paÍs, não pos-suíam o alcance de uma bibliogrâíia corrente. Nas palavrasde Augusto Vitorino Alves do Sacramento Blake (1827- 1903),que compilou o Dtccbnarío bíbL@raphÍ ) braziLeiïo, irlspiÍàdonas obras dos grandes bibliógrafos portugueses DiogoBârbosa Machado í7642-1772) e Inocêncio Francisco daSilva (18ÌO-1876), esse tipo de bibliograíia seria

[...ì um liwo onde se registrassem as obras de tantos brasileirosdesde os tempos coloniais até hoje, muitos dos quais delxaramobras do mais alto valor sem que, entretanto, sejarn seus nomesconhecidos; onde se pusessem em relevo os méritos literáriosde tantos brasileiros. distintos nos diversos ramos dos conhe-cimentos humanos - nenhum brasileiro, que preze as letras,dei-{aria de contribuir com seu óbulo. com os esclarecimentos

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relativos a si, ou a outros patficios. para um cometimento que'

se dá a quem o toma a glória do trabalho' dá também ao pais

a glória àe perpetuar-se a memoria de tantas illustrações' já

"aïdu., oa, q..a.,ao tombarrdo na vala obscura do esquecimento'

. aos estuáiosos a conveniência de acharem num só livro o

que, a custo, só poderão encontrar disperso'

outro exemplo brasÌleiro dessa fase artesanal da compilação

e publicaçáo de bibliograíias é o de Antônio Simões dos Reis

(i'Ag9'lg... ), que compllou e publi cou a BibliogroinnacíonaL'Dara os anos de 1942 e Ì943.' O ,rouo conceito de bibliugrafia nacional proposLo por

Campbe11, além de reforçar a base nacional dos registros'pr"oôrlparr^-"a em mantê-los correntes, transformando a

Èibliografia nacional em instnrmento dinâmico'prri tgo f , o bibliotecário francês charles-Victor l'aÌìglois

(1863-1929) definiu bibliogra{ìa nacional como o repertório

Èibllogratico que relaciona Iivros de todos os assuntos'publJados dentro de determinado país' Ao longo do- temp^o''diversos autores manifestâÌam sua concepção de bÌbliograÍìa

nacional. definindo a de diferentes formas:. lista de materiais bibliográficos produzidos em deter-

minado país:. lisia de materiais escrÌtos na lÍngua' ou línguas' do

paÍs;. Iista de mâleriais sobre o Pais:o lista de materiais cujos direitos autorais tenham sido

obtidos no Pais.Como se pode obselvar' o conceito' aparentemeÌìte simples'

pode aprèsentar perspectivâs diferenciadas que influencia-

iâo no planeiamento de sewiços bibliográficos nacionais'

Enfim, o surgimento do conceito apontâva para a necessl

dade. sentidã nessa época' de reunir sistematicamente os

registros da produçáo bibliográfica nacional, geralmente a

pirtr aa tegiÀiação de depósito legal que existia em diversos

paises.Começaram a surgir com maior freqüêncla' em meados

do século >or, as bibliografias nacionais correntes: em 1931'

surgiu a Deutsche NolionaLbíblíographíe" em 1950' a BriÍish

Nrrtionrrl bíblbgraphy: em 1953, a BibttogroJio Cubana; emI95A, à BtbL@rarta Nazíonale ltcLLícLnct; em 1959, a Bibliografa Espcntola; em 1980. a BibLiograJia ChíLenat em 1982,a BiblíografaVenezoLana. Note-se que várias dessas obrasjá existiam com outros títu1os. O que queremos ressaltar é

a sistematização na aplicação do conceito de bibliografianacional corrente e a tendência dos PaÍses em se adequarernao modelo da época. Atualmente, a maioria dos países possuibibliografias nacionais correrÌtes.

A bibliografia nacional prestâ se a várias funçÓes. Emprlmeiro lugar, a acumulaçáo dos registros faz com que elafuncione como instmmento de pesquisa para historiadorese outros estudiosos. interessados em identificar tendências,progressos e interesses do paÍs, possibilitando visualizar-se a evolução cultural da nação ao Ìongo do tempo.

Outra funçáo da bibliografia nacional, numa perspectivâoperacional, é que ela pode servir como instnìmento deseleçáo e aquisição para as bibliotecas do país, além de mo-delo de cataìogação. Parã a indústria editorial funciona comoregisúo estatÍstico de sua produção. Finalmente, a biblio-grafia pode servir como base para a compilação de bibliogra-fiãs retrospectivas variadas, que podem ser geradas a partirdos registlos acumulados ao longo do tempo.

O modelo de bibliografia nacional Proposto pela uNDscoe pela rFr,a

Segundo o modelo proposto em 1977, a bibliografia nacionaldeve ter bâse geográfica, incluindo registros de publicaçÕeseditadas dentro das fronteirâs do paÍs. Isso eúta que ummesmo li\.ro seja registrado em mais de um paÍs, com variação de dados que prejudicaria a consistência do controlebibliográfico, além de poupar gastos com duplicação dacatalogação.

Esse modelo considerou a bibìiograliâ nacionaÌ comoprìncipal instrumento para se alcançar o cBU, e o princípioque o fundamentou foi o de responsabilidade nacional, quesignifica que cada pais deveria registrar e di\'ìrlgar sua pro-

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dução editorial. A sisteÌÌÌatização de pÍocedimentos paraelaboração das bibliografias nacionais foi, portanto' umponto importante nas recomendaçÕes que as instituiçÕespropuseram no congresso de 1977. Nesse evento, foram esta-belecidas as bases do conceito de bibliograíia nacional quepredominou nos últimos 25 anos. O encontro teve comoobjetivos:

. alcancar consenso a respeito de padrão minimo paraa cobertura, o conteirdo e a foma da bibliografia nacional,de modo que os registros dos diversos paÍses pudessem serintercambiados:

. obter consenso sobre a apresentacão, arranjo e fre-qüência da bibliografia nacional impressa;

. discutir e propor diretflzes parã o compartilhamentode recursos que auxiliassem os paÍses a alcançar o controlebibliográfico mediante a pÍodução da bibliografia nacional.

Recomendaçóes da urvosco para as bibliograÍias nacionais

As recomendaçoes feitas em 1977 consideraram qlre a pro-dução intelectual vâriava em tamanho e compleÍdade nosdiferentes países e que. poÌtanto. müitos aspectos da bibliografia nacional seriam de difícil padronizacão internacional:Por isso, o modeìo não era dgido e as recomendacões funcionavan.ì como parâmetros a serem alcançados pelos paísesque se propunham a aprimorâr seu contlole bibliogÍáfico'

As recomendaçoes foram estabelecidas com base nos e1e-

mentos comuns encontrados em aìgumas bibliografiâs na-cionais existentes e pretendiam constituir diretrizes para oplanejamento de sistemas bibliográflcos nacionais.

A conferência de ì998 reforçou as recomendaçoes fej.taseÍn 1977 , a começar pelo fato de que a bibliografia nacionalaÌnda é considerada o melhor instnÌmento para concretizâro cBU. Assim, a bibliograÍìa nacional que constitui o conjuntodos registros catalográficos das publicações correntes deLrm país é a base do cBU.

Alguns resultados do congresso de Ì977 foram obsewa-dos: muitas bibliografias foram criadas com base nas reco-

mendações feitas na época, embora. em países menosdesen volvidos algumas tenham desapãrecido e outrastenham tido dificuldade em manteÍ â regularidade depublicação. Observou-se também, como resultado docompartilhamento da responsabilidade pelo depósito 1ega1,

a tendência de des-centÍalização da produção da bibliografianacionâl, assu-mindo a agência bibìiográficâ nacional opapel de coorde-nadora.

Hoje é comum a disponibilizaçáo em linha das bibliografias ÌÌacionais em paises onde estão consolidadas. Emoutros, verifica-se que as versões impÍessas das biblio-gra-fìas tendem a desaparecer, geralmente por câusa de linritações financeiÍas.

Material a ser incluído. A ampla abrangência recomen-dada para a captacão dos materiais via depósito legal serepete com relação à sua inclusão na bibliografia nacional.Recomendou-se que se incÌuÍssem materiais impressos, aÌémde mâterlais não-bibliográÍìcos, como mapas, publicâeõesmusicais e audioúsuais. MaJìtem se o mesmo princÍpio pârâa inclusão de documentos eletronicos e em linha. Para osúltimos será necessário abardonar o modelo tradicional debibliografia nacional, buscando soluçoes técnicas adequa-das, baseadas na natureza peculiar desses materiais. Em1977, reconhecendo as dìficlrldades que nuitos paÍses te-riam para produzir uma bibliografia nacional abrangente,a uNESco sugeriu como pâÌâmetro mÍÍÌimo que se incluÍssemmonografias e primeiros fascicuÌos de periódicos.

Ao longo do tempo, observa-se mudança na forma derecomendar que materials a bibliograíia deve incluir. Em1982, sugerirâm-se níueis de inclusão, propondo se umesforço para aumentar os patamares de cobertura dabibÌiografia. Os níveis recomendados foram:

Nivel l:MonografiasPeriódicos (primeiros fascículos e títulos alterados)Publicações goveÌÌÌâmentais

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NÍvel 2:Música impressaMateriaÌ cartográficoNormasPatentesTesesAnaisReìatórios técnicos

Nivel 3:ArtigosIlustraçõesReproduçoes de ârteCartazesLiteratura comercialPublicações estrangeiras da coleçáo nacionalFitas de árrdioDiscosRegistros em údeoFilmesPublicações em brailleMicroformasDiapositivosOutros materiais audioüsuais e legÍveis por máquina.

Embora a exaustividade constitua um dos princípios do cBU,no sentido de não hâverjulgamento sobre o valor intrínsecodos documentos, percebe-se que, mesmo no que diz respeitoaos materiais tradicionâis. a manutenção dâ exaustividadena captaçào e na preservação torïÌou-se praticâmente in-viável.

Atualmente com a proliferaçáo de materiais, especial-mente de documentos em linha, propõe-se a exaustiüdadeÍazoive\. isto é, baseadã no estabelecimento de critérios deseleção, como, por exemplo, priorizando a captação de mate-riais que, tendo sido substituÍdos por versões em linha, jáeram incluÍdos na bibliografia nacional na sua versão ante-rior, garantindo, assim, a continuidade de sua preservaçãoe eütando que o acesso a esse material seja interrompido.

Outro aspecto a considerar quanto à inclusáo de docu-mentos em linha refere-se a certas caracteristicas que osdistinguem dos documentos estáticos. O registro bibliográ-fico permanente destes últimos náo constitui problema, poisqualquer modificação que sofram implica que serão tratadoscomo novos documentos a serem de novo registrados. Os siüosda intemet são dinâmicos, mudam constantemente, e podemser fragmentados em ambiente onde todo ele, ou parte, existeapenas como resultado de utilizaçào especÍfica, como as buscasrápidas, por exempÌo. Por causa dessa imperrnanência evolatilidade é o sÍtio como um todo que representâ o melhorequivalente a uma unidade fisica para fins de identificâçào.Portanto, apenas o sÍtio seria catalogado e listado na biblio-grafia. Maior especificidade na recuperação da informaçáoseria gaÌantida corn o uso de mecanismos de busca.

Em resumo, há consenso de que os documentos em linharepresentam parte da herança culturaì do pais. É recomen-dável, portanto, que sejam captados, identificados e preser-vados pelas bibliotecas nacionais. Disso resultarão modificaçoes na bibliogralìa nacionâÌ, que precisará adaptar-se àvolatilidâde caracterÍstica desses materiais.

Formato. O formato impresso para a bibliograffa nacionalfoi recomendado em 1977 e novamente em lgg2, pois aUNESCo e, posteriormente, a IFI-A, reconheceram-no comoadequado e possivel na época para a maioria dos paÍses.

Na conferència de lgg8, tendo em ústã que os formatoseÌetrônicos e a disponibilização de informaçáo via internetjá eram uma realidade em muitos paises, recomendou-seque a blbÌiografia nacional fosse apresentada em um oumais formatos. de acordo com âs necessidades de seususuários, garantindo sua preservação e acesso permanente.

Conteúdo e arranjo dos registros catalogfáflcos. Osregistros que formam a bibliografia nacional são conside,rados dados 'oficiais' de identificaeão das publicações, edevem. portanto, servir de base para a elaboração dosca1âlogos das bibliotecas do paÍs.

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rSegundo as recolìcÌlclaçÕcs de Ì977. os registros, além

de r-o116;65. d.vc.11 r.r ,.r-O1"tO\. scguindo pddróc5 inlemaciOnais de descri, ao cataloAralica. especjalmetìle As l5hDs.Os nomes dos autores (pesso:ús e et-Ìticlades coletivasl devemser normalizados de acordo coÌÌì o sistclna adotãdo peÌaaaencia Ìribl joAràlica nacionaL.

Hojc' alguns arÌ1ores questionalìì a neaìessidade de registros complctos para todos os nliÌtedais, argumentandoque a bibliogralìa nzrcional pocleria reduzir o nivel dedescriçào. o que reslrltaria cm maior rapidez de divulgação.aO mesmo lcmpL, ortr qt tc Clirn in I tiriü u problcma dos recursosÍinanceito:' ql re í'\tãu cada clia ma js escasso\. êm olosi( áoao volume de material publicado. que \rcm alÌmentando{i\lemalicünrenro Rcgislros conÌplclos seriam lornecidoçpoI oìllras Ío ln\. r.umo etnpresas ollorgcniZilcóe\ bibliôgrali' rs especializadas e cer-vjcos em Iinha. A bjbliuqralianacionrl funcionariíì como lonle inií-iaì. a piìrtir da luâloutros selviços bibÌiogl'áficos procìrÌziriarn sens registros.

Entende-se que o valor cla bibliograÍìa nacional repousaránl srrir |lrìrl('irlad(. de cohertltriì rclrosp.t.tir.r. islo e. deinlormar para a posteridade sítios qrÌe até n.ìcsno hajamsido indisponibiÌÌzacìos por seus prodLrtores.

BibliograÍias coÌneÌciaisAs recomendaçòes da UNESCO e da ÌFL{ pr-essupõem a clabo-raçào da bibliogralia ÌÌacional colll base no depósito legal e.poÌtanto. sob responsabiÌidacle govenanental, existindo Lrmórgào especilico encarregado dè sua proclrrção. Entretanto,em aÌgulÌs paises, geralÌnente naqueÌes em que a atividadceclitodal possui Ìonga tradição. os própdos editores encarre-garam-sc de produiir instrumerìtos bibliográficos qrre. conÌo passar do Ien ì Ìro. acilharatrr arsr rminrlo ilgr rma. da- hrrrcões da bibliogralìa nacional. São as bibliograÍias comerciais,criadas com a firÌaìidade de di\,.1lgar a produção bibìiogÌáIicajunlo a dislribìriclores. livrejros e oÌ ltfos inÍeressâclos. EssasbibliograÍlas não se preocuparn com a função de preservâçáoda hcrança cuìtural clo país. pois se restringeÌÌì aos títulos

qlle podenÌ ser adquiridos pclos canais comerciais non]lais.Não incllrem certos documentos, conro teses e dissertaçòes.relatórios técnicos e publicaçoes goveÍnamentais e outrosqLre, em geral, náo são comerciaÌizados peÌos meios LrsuiÌis.

A ofigem das bibliografias cìoÌ]ìerciais é antcrior à inv(]n-ção da impreÌlsa. quando os copistas elaboravam cartazespara divulgar os textos que produziam. Os cartazes erarnallxados em portas de igrejàs. universidades, tavcrnas eoutros locais freqüentados pcÌos 'Ìivreiros' da época.

Após a invenção cla imprensa, os cartazes passararn aser impressos. mas sua distribuiçào continuou igual. Maistarde. com o desenvohrirnento do comércio livreiro. foramsllbstituidos por Ìistas distribuÍdas de mào em mão ou inseridas em lir'ros comercialÌzados nas larnosas feiras elrropéiâs.

CatáÌogos mais completos e sofisticados - conseqüêncianâtural da pÍofissionaÌização da atir.idade livreira surgiram a partir cle 1564. quiìndo Gcorg wiÌler (1515- 1594).livreiro dc Augsburgo (AÌemanha) lanqou um catálogo querelacionava e descrevia 256 lir.ros por eÌe comercializados.Até 1592, Willer continuoì.l editando o dlras vezes por ano.

Essas pubÌicaçoes foram consideradas um avanço nocomércio li\Teiro. pois atingianì unl público potencial beÌnÌnaior do que o priblico que freqÌrentava as livrarias.

Buscando di\.Lllgar com maior presteza os tÍtulos lancadosr-ro mercado, surgiram as bÌbliografias comerciais propria-ÌÌlente ditas, que se deser-ìvolveram em países onde haviacomércio li\.reiro lorte e bibliotecas clue possuÍam polÍticasde aquisição estáveis. além de recursos Iinarìcciros que ascolocavam na posição de grandes consr-rmidoras dc Ìivros.

E o câso dos EUA, onde Íoram Ìançadas as bibliografiascomerciais de rnaior suaìesso. que continuam a suprir a ne-cressidâde de iderìtÌÍìcação de livros novos em inglês: o CumuIcttíue hook índex, desde lBgB, da editora wilson. e o Boolcsinpruìt, desde 1948, da Bowker. AÌnbos são cmpreendimen-ios bibliogúficos de grande envergadura, que utilizaÍn avançadas tecnologias de produçào e distribuição e assumem,pode-se dizer, funçoes de unra bibÌiografia nãcional.

50 5Ì

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rl

TerceiúzaçáoA terceirizacão é outr.ì forrna de publicaçào da bibliografianacional e começoì.l a ser Lrtilizarlã na DinamaÍca' cujabibliografia é elaborarla por en.Ìpresa pdvada, mediantecontrato com o ministório da cultura, responsável Ìegal pelatâreÍa. Esse aranjo comeqou em Ì 991. quando o ministériorcpassou a uma erupresa dc propriedade da editora Gylden-da1 a tarefa de produziÍ a bibliografia nacional O contratoprevia requisitos concretos e mensuráYeis para a prodllçãodn bibliografia: critérios de inclLrsão. Íorma e nível dos re-gistros bibliogÉficos. prazo para publicacão, formas de colaboração. pÍeço e direitos de propriedade dos registÍos. O

contato peÌ'Ìrìitia o controle e avaìiaçào dc desempenho daempresa e sua renovação era Íèita por nÌeio de concorrênciapública em que as iÌìstituiçÕes interessadas eram obrigadasa comprovar que tiÌÌham condiçÕes de realizar o trabalho.

Bibliogrâfia nacional no BÍasilA origem da bibliogr:Ìfia Ì.ìacional está no Bol€tim das AcquÍ'sicões maÍ-s hÍLportontes Feítas pelo tsíblíotheco lVacional.organizado, a partir de Ì886, peÌo bibliotecário João de Saldanha da Ganre tlB35 1889).

Esse boletim, qlle precedeu a fase fomral de nossa biblio-grafia, era ordenado de acordo com as secÕes em que estavaorganizada a Biblioteca Nacional: impressos' nanuscritos,estampas e nunÌismática. A seçâo de impÍessos era classificada pelo sistema de Jacqr.res-Charles Bmnet, indicando,portanto, um avanço técnico para a época. A publicação doboletim foi interrompida dois anos depois de iniciado.

A promlÌlgação do Decreto n.'' 1.825. de 2A/12/)9O7,sobÍe o depósito legaÌ de obras na Biblioteca Nacional, deuensejo ao aparecimento da bibliograflà nacional brasileirapropdamente dita, pois previã a prtblicaÇào regular de um'boletim bibliográfico'. com a finalidade de registrar aspublicações recebidas en ürtude desse decreto.

A criação do boletim só ocorreu en] Ì918. Corn o tituÌode Boletim BíbLíograJíco dq BtbLioteco ÌVacionol marcolr o

inicio da produção oficial cla bibtiografia nãcional, cuja iraje-tória foi pontilhada por interrupcões. atrasos e alteracões.Embora sustentada pela legislação de depósito legal, a Bi-blioteca Nacional nào conseguiu manter a produÇão reguÌare atualizada do Boletim. Com mlritos pcrcalços, sobrevivelraté 1982, quando seu título mr.rdou para BibLícgrajaBrasíleira.

Com essc título se manteve durânte Ì0 anos. até 1993.quando foi interrompida, interrupçâo que persiste até hoje.E possiveÌ que essa suspensão da publicaçâo confirme atendência de desaparecimento da versão impressa de muitasdas bibliografias nacionais.

No caso do Brasil, embora a BibliÕteca Nacional ressaltesua função de depositária e preserwadora da memória inte-lectual nacional ela não parece considerar importante amanutencão da bibliografia como registro dessa memória.A divulgação sistemática e corrente da produção editoriaÌdo país continua sem poìítica clara. pois a Biblioteca Nacional não se preocupou ern informar a seLrs usuários sobre âinterrupção da BíbLíograJìa BrasíIeíra. que já completa ÌOanos de ansênciâ.

A falta persistente de um projeto solidamente estruturadoqlre garanta a produçào da bibliografia nacional ensejou oapareciÌnento de inúmeras iniciativas desenvolvidas porórgãos governamentais e editoras comeÌciais que tentaramrealizar, de modo improúsado e desconexo. a tarefa deinventariar a produção editorial brasiÌeira.

O resultado é qrre temos um panoramã biblioeráfico caótico, marcado por probÌemas como interr-upçào, irregula-ridade, atraso de publicaeão e coberlura inslrÍìciente. Poroutro lado, veriÍìcaÍâm-se casos de duplicação, revelandopouca preocupaçáo em reunir esforços para produzir umtrabalho de controle bibliográfico planejado e consistente.

O ìNL foi uma dessas instituiçoes. Publicou. a partir de1938, a BíbLíogrofaBrasiletra, que durou até 1966. De Ì956a 1964 publicou a BibLÍograJìa Bro.stleírc Corrente, conl'oapêndice da Reuista do LtL,ro. Passou em seguida (1967) apublicar a BÍbliografa BrasíLeíro Mensal suspensa em 1972.Assim, em 34 anos, a atividade bibliográfica do rNL duplicou

52 JJ

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ll

o lrabalho da Bibliotcca Nacionâl' relletindo a fâÌta de

planejamento e coopcração que sempre marcolr o panorarna

àa búüografia nâcionaì no Brasil. Casualmente, o trabalhodo rNI- coáplenentou o trabalho da BibÌioteca Nacional em

alguns perioclos em que o Roleiim BibliográÊco não circulouNo que diz respeito às bibliografias com lìnalidade comer-

ciaÌ. houve várias teÌìtativas de produÇão' tanto por iniciauva

de uma associaq:ão de editores, como por editoras indiüdua1mcnte. Essa atuaçào teve inÍcio a partir de Ì963' quando o

SNEI- iniciou a prodr-lçào de Ediçóes Brcrsileiras' que se mante

ve até Ì966, substituÍcla cn ì.968 pela Resenha BtbLiogrâJiccu

pubÌicada até 7972 Esta foi seguidã pelo Resumo Búlio'graJico. queencerÌ'ou publicaçáo definitivamente-em 1977"

vati.À "ditu.as

irÌvestiram na produção de bibliografias'A Estante Publicaçòes, crom o apoio do SNEL publicou o Bo-

Ietím BíbLiograJLCo BrC'síLeíro' de 1952 a Ì964 Aeditoravozese a J. Heyd"ecÈer pLrbliciìram resPectivamente a BiblíograioCLasslfiictclct (cle 1968 a 1969) e Liuros

^Iouos íde 1972 a

1981). O CatALogo BtosÍLeíro de Publícações' dâ Editora No-

bel, tevc início em Ì98O e toi Lrma bibÌiografia comercial

disponibilizacla amplartente eÌn cliversos forrnatos Teve a

políuca de public:rção modificada e, atualmente' é d:irecio-

nada apenaì ao mercâdo liweiro. Observa se' pela sua dura

ção, clue esses empreendimentos não foram bem-sucedidos'Foi assim que o conceito de bibliografia nacional foi sendo

assimilaclo nò Brasll. com resultaclos muiLo distantes do

que seria de se esperar dacla a Ìonga história de nossa

produçao editorial ã d'r existência da Bibìioteca Nacional'

Do ponto de vista técnico. as Lentativas encetadas ao

longo áe mais de um século mostram que os bibÌiotecáriosesti-veram sempre empenhados cm trabalhar com os instrumentos mais modernos disponÍveis em cada momento' As

causas dos problemas se concentram nas questoes PolÍticas'que envolvern rlestinaçào de verbas [o que traz problemas

áe interrupção, irregularidade e atrâso de publicaçáo) e as

q.," .t-,.uolt "- continuidade administrativa e liaqueza

institucional, que dificultam o cumprimento da mlssão da

instituição.

Até hoje o Brasil carece de projeto que defina com clarezacomo será concretizada a divulgaqào da men.rória biblio-gráfica nacional. A Biblioteca NacionaÌ. que exerceu papeÌimportante c1e liderança no controle bibliográfico nacional.parece nâo possuir os recursos necessários para manteressa função. e o rnodelo Ìlroposto pela uNltsco parece estaresgotado no que diz respeito a essáì questão.

O nor.o modelo edgiria Ìnaior integração e colaboraçãoentre a ABN e o setor editoriaÌ, bem como olrtros serviÇosbibliográficos que surgem no cenârio inÍbrmacional comfunçoes semelhantes. como o Bibliodata. Assim. a ABN nãoconstitui a Írnica organizaeão de fornecimento de registrosbibliográficos, devendo, em alguns países competir com osetor privãdo. ql.re mostra maioÍ agilidade na produção des-ses registros.

A busca de modelos alternativos para o controle bibliográfico e especificamente para a bibliografia nacional inclufáo envoìvimento de outras institlriçòes interessadas na pre-ser-vação da cultura do país, representadas pelos arquivos,mllseus, centros de memória, centros de referência, enfim.uma gama de instituicÕes que \'êm desenvolvendo tarefassemelhantes. embora não idênticas às rla asrv.

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5554

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T

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Padronizaçáo dadescriçáo bibliográfica

&&&&ês#&*s

A DEScfuÇÃo DAS CARACTERiSTICAS DoS DOCjTJMENTOS QUEformam as coleçoes das bibliotecas e bascs de dadosprocesso que na biblioteconomia é denominado catalogaeAo

- tem sido a maneira mais tradicional para identificá-los.Conjugado com outros processos biblioteconômicos, pennitea recuperação precisa dos clocumentos.

Os calálogos de bibliotecas existiram desde a Antiguidade.Como úmos, o PÍnakes é consideÍado o primeiro catálogode biblioteca. Eram 120 volumes em ordem alfabética denomes de autores, com unìa breve biografia de cada um.

O conteúdo e forma das descrições variaram durantemuito tempo c as Íìchas ou registros catalográficos eramelaborados de acordo com o ponto de üsta do catalogadorou do bibliógrafo.

Tentativas de uniformizar a descriçáo dos lir'ros tiveraminicio quando Andrew Maunsen (? 1596). o livreiro que é

considerado o primeiro bibliógrafo inglês, publicou em 1595,o CataLogue oJEftglíshprtntedbooks. no qual procurou reuniros Ìi\.ros publicados em inglês, especialnìente os religiosos.

Nessa obra. MaunselÌ incluiu várias regrâs piìrâ descriçãodas obras: definirÌ a entrada dos autores pessoais pelo sobrenome, estabeleceu pdncipios de entrada unil'orrne para aBÍblia. defendeu a idéia de que um liwo seja encontradotanto pelo sobrenome do autor como pclo tÍtuÌo, tradutor eassunto, incluiu como elementos de descriçào o tradutor. oimpressor ou a pessoa para a qual o livro foi impresso, datae nÍrmero do volume. Fi-xou. portanto, as primeiras regrasde catalogação.

A partir de então, ficolr evidente a necessidade de regrasqlre gamntissem a unilbnnidade do processo de catalogação.

7

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Page 36: campello, bernadete - introdução ao controle bibliográfico

A prin.Ìeira tcÌìtati\.a cle ì-Ìniformizaqão, de alcar-ìce nacionaÌ'ocorreì.I clr 179 I . quando surgilÌ o primciro código francês'

Outra tendência à uniÍbrmÌzação loi o aparecjmento de

catálogos implessos de grandes bibliotecas. que dudarama consoÌidar os procedimentos de descriÇão bibliográfica'

Importante contribuição paÌra o aì\ranqo na PadronizaÇãocla caialogação loi clada por Anthony Panrzzj' [1797 1897),

Charlcs Jewett (1816-1868), e Charlcs Ami Cuttcr (1837-

I903). Panizzi, bibÌiotccário do então British Muselrm' corÌì

pilou, em 1841, els chamadas '9 Ì regras', baseadas no prin-òÍpio d" q.," .

"otalogaçào deveria ser 1èita considetando se

a obra (unidade literária) e não o liwo (unidade fisica)' Jewett.bibliotccário da Smithsonian Institlrtlon, adotou e apelfei-

çoorr as regras de Panizzi, estabelecendo padroes paÌa entrada de alltor, Ctltter publicou' em Ì876, as Rrtles-/íìlr a

'liction-arg catalogue, q].re consolidaram o conhecinlento práticosobre catalogação e estabeleceram as llÌnçoes a serem de

serrrpenhadas pelos catálogosO papcÌ de algumas instituiçoes também deve ser lembra

do. Por exempìo, a AmericìaÌ] Library Associãtion 0\Lc) e ã

Library Association (cìo Reino Unido) empreenderam esforços

conjuntos para a criação de regras de descriçào bibliográica'que resultaram no nais conhecido e utiÌizado código de cata-logação: o AngLo-Attericart ccLtalogutlg rules (ancn)'

A LibÍary of Congress com seu sen'iço de Íornecimentocle l'ichas catalográfic:rs, que tcve inicio em Ì9OÌ' tambémcxerceu influência no desenvolvirnento da padronizaçào dacatalogação, tendo contribuído de forma prática para a con-solidação clas regras.

Essa ênfase Prática da catalogação era criticada poralguns autores que percebiam a necessidade dc atribuirdimer-rsão teórica às regras catalográficas. Isso foi l'eito es-

pecialmente graças aos estudos de Seymour Lubetzky (1898-

2O03), o pdnciÌral teórico da catalogacão. Seu traballÌo Cato

Iogtríng rules crr.d prínctples, publicado em 1953, seÍviu de

base para as discLrssões que ocorreram na ConferênciaInternacional sobre PrincÍpios de Catalogação' qlre marcouo inÍcio da padronização iÌrternacionaÌ da catâlogação'

A Library of Congress também foi Ìesponsável pelaintrodução de foÌ'Ìnatos bibliográÍìcos para uso em bases dedados eletrônicas. por meio do desenvolvimento do N{,{RC

na década de 1960.o Íbmato MARC teve grande aceitaçào. havendo possi

bilitado a rápida inÍbrmatização de catálogos com Ìnilhòesde registros. Foi adàptado para uso en] divcrsos paises: IìeirìoUnido (uK N4-{tÌcì, Espanha (lber-lrrrnc), Cânadá (canacliaÌìMARC) e Brasil [cALCo - Catalogação l,egivcl por Conputador).O cALCo Íbi adaptado da versão N4-ÀRC Ìr pela bibliotecáriiìAlice Príncipe Barbosa. Disponibilizado eln 1973, foi .ìdotadopeìo projeto de cãtalogação cooperati\.a Bibliodata/cAÌ.uo.hoje denominado rede Bibliodata, coordenada pelar FundaqiÌoGetúlio Vargas. O formato cAÌ-co está passando por nodifica-çoes que levarão ao foÌ-Ìnato BR-NLARC.

As discussões visando à padronizaçào internacional dadescrição bibliográficã tiveram início rÌa década de Ì 960. oqrÌe coincidiu com o começo da apÌicação da infoìTnáticaaos processos biblioteconômicos.

A citada Conferência Internacional sobre Princípios deCâtâlogacão, organizada pela IFÌ-A e patrocinada pela uNDSco,reuniu em Paris, em 1961, especiallstas que prodlrziran.Ì odocumento conhecido como Stoternenl o/ pÌincüJles. NeleÍbi estabelecido um conjÌìnto de pdncipios que propiciaramque Íbsse alcançado uÌr consenso qüe possibilitou a cornpatibilização dos códigos catalográficos de diversos paises.

Outro marco na evollÌçào da padronização da descriçãobibliográfica foi a Reuniào lnternacioÌral de Especialistasem Catalogacão llnternational MeetÍng oí CatâìoguingExpertsl, tambén orgânizada pela tnla, que ocorrelr cmCopenhague. em Ì969. c que resuÌtou em propostâ para oestabelecimento de normâs inteÍÌlacionais para a lbrma e

conteúdo da descrição bibliográfica.Uma das questÕes mais discutidas foi a duplicacào de

trabalho na catalogação de publicasoes corrcntes. As cìiscussÕes se basearam em dois documentos: uma ediçãocomentada do SÍateÌnent o-f pt:itlciples, de A.H. Chaplin e

Dorothy Anderson, e estudo de Michael Gorman, da British

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Library. que comparava dados de oito bibliografias nacionais,considerando conteúdo, estrutura e pontuaçâo dosregistros, ficando palente sua diversidade.

Como resultado das disclrssÕes de 1969, chegou-se aoconsenso com relação aos seguintes pontos:

. cada paÍs deveÍia possuir uma bibiiografia nacionalou serviço de cataÌogação que se resPonsabilizaria pelacãtalogacâo de todâs as obras nele publicadas;

. todos os países deveriam col-lcordar com deterrninadopâdrão de descrição bibliográfica, concordância que seÌirnitava à parie descritiva, sem incluir as formas de entrada;

. considerando que o intercâmbio de dados poderia serfeito em forrnato legível por conputador. a adoÇão de pon-tuaçáo padronizada. que tornasse cìaramente deÌimitadosos campos de dados da descrição. eÌ'a necessária para esse

Processo.Foi criado uÌn grupo de trabalho, com Participantes de diversos paises, qlle redigiram uIn documento base, discutidoexaustivamentc em sucessivas reLrniões, até tornar-se umtexto passível cle aceitaqào intemacional. A pÍirneira normaÌesultal.ìtc foi a Internatiorìal SLândard Bibliogrâphic Des-cription for Monographic Publications, a ISBI)(M]. PrÌblicada em Ì971, qlre foi logo adotãda pelas bibliografias rìacio-neÌis da Ale manha e do ReirÌo Unido.

Em 1976 Íbi criada a Gencral International StandârdBibliograpÌìic Descdption, a ÌsBD(cl, que constituiu a basepara a elaboração de normas aplicáveis a diversos tipos dedocnme ntos. A partir dai. forarrn elaltoradas normas para:

. pubÌicaçoes sefiadas - ISBD{S). substitlrÍda pela ISBD

(cR) para periódicos e oulros rcctlrsos continuos;. naterial cartográ1ìco - ISBD (cNt:. materiais não-bibliográficos - ISBD (NIIM);. mÍÌsica impressâ - rsBD (PM);

. obras rarâs tsBD (À):

. recursos eletrônicos - ISrtD (ER):

. arquivos dc computador ISBD (cF).

Passados quase 5O anos, percebe se mudança signilìcativa

no contexto da atividade catalográÍìca. represen[.ìdiì priÌÌcipalmente pelo desenvolümento c1e sel1 içtos informaljzardosde criação e processarnento de dados billliográficos e pcloaparecimento dc grandes llases de dados, nacioneìis e iÌlter-r-ìacionais, de catalogação cooperativa. Essas tendências sãomoüdas não apenas pelas nor.'as oporlunidacles 1écÌ.ÌjcasdisponÍveis. mas tanbém por qrÌestoes ligiìdas zlo clrslo cìtì

catalogaeâo. Embora sejâ pr€ocrrpação aniigâ dos biblÌotecáíos [percebidajá no séc]-rlo )üx. com os printeiros eslor-ços para criação de serviços dc cataÌogação na fonte e catalogação cooperativa). toÌnou se hojc fundamental.

O rcsultado disso tem sido a simpli.ficaqão da catakrg:rçào.com a utilização de nÍveis Ìninirììos de descricào por nÌuitasbibliotecas. Entretanto, ainda peÌ'siste a prcocupaçaro coÌna qLralidade e com a padroÌrizaçào da descricão bii)liográfica.e a Iplq vem desenvolvendo estttcios para gaÌantir essiì qualidade. Nesse sentido, promoveu a elaboração dos F-unc-tional Reqrrirements for BibÌiographic Ììecorcls {RnenJ. cofiro objetivo de propor um nÍvel bâsico de Iüncionalidade paraos registros criaclos pelas agências bibliográficas naci(,nais.

Os I.'RLR nào são fonrratos para catalogaçaÌo. nÌâs. sinl.um relèrencial teórico atuaÌiz:Ìdo para oricntar a eÌaboraçàode Íbrmatos cie clescrição que sejaÌn ruâis riteis para asdiversas catcgorias de usuárjcls dos catáÌogos. Utiliza umaabordagem baseada no usuário para analisar os requisitosda descrÍçáo bibliogr:áfica e. a partir da:rnzrlise. riefinc delbnna si'lemálica o\ eÌernrnlus rl e o lrsuiÌrirì c:-perir encontrar no registro bibliográÍico.

Os FIìRIì pern.titem iderrtilicar t om cìareza os eÌententosda descriçào bibÌiogrâfica que possaÌn ser de iÍtteresse ÌlariÌos Ìlsnários. Utilizâm técnica de anáÌise rlue isol:r os elementos e identilica as caracteristicas ou atributos de cacl:t umdeles, br:n como as relaqÕes erÌtre os qtìe sejarÌ nÌais itÌ.lporlantes para os usuários na formuÌação der buscas.

Desde o surgimento dâ internet. os bibliotecários vêrnpercebendo a necessidaclc cle se encoÌltraÌ'em oÌltl'os meios.:rlém daquelcs Íbrnecidos pelos mecanismos cle busc:t cl:tRede, para reclrperar conl mais eficáci:ì os (locr]tnetltos :ÌÌi

60 6ì

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disponibilizados. SurgeÌÌ]. cntão, lbnnatos que possibilitama descrição cle clocuÌÌìentos digitais. baseados nos chamadosmetadados, ou seja, dados sobre dados ou infonnação sobreuma ÍnfoÌ'rnaqào, qlre constituern os elementos de identificação dos documentos.

Várias propostas de catalogaçào de docLrÌnentos dã inter-net estáo sendo desenvolvidas c começam a ser irlplantadâs por sistemas de infonnação. Sua utilização Permitirâque os registros de docuÌnentos em ÌiÌÌha sejam cornpatíveiscom bases de dados já existcntes e nÌais üsíveis pelos me-canismos de busca da rede.

O conjunto de metâdados Ìnais conhecido é o Dublin Core,

desenvolvido por um cronsórcio de instituiçoes produtoras de

informacão, cuja diretoria está sediada no setor de pesquisas do Online Computcr l-ibrary Center (ocLcì. O programareúne divcrsas categorias dc profissionais como bibliote-cários, analistas, lingiiistas. mtlseólogos e outros O DublinCore bascia-se no prir-rcipio dc que a descricão do documentodeve ser elaboracltr pelo sert plodlrtor oì.Ì cfiador. E' de fato'ã estruturâ do Dublin Core é srÌficienteÌnente siÌnples paraque a descrição seja íeita por pessoas scn.t conhecimento decatalogação. A versiìo originãl incllri 15 elementos:

1. TÍtulo: nome pelo clttal o docttmento é formalmenteconhecido.

2. Criador: enLidaclc responsável pela criaçào do conteúdo do documento, que pode ser uma Pessoa' uma organi-zação ou um seÌviço.

3. Assunto: expresso geralrtente por palavras chave,frases ou um cócligo de classificação clue descreve c) assuntodo documento: deve scr extr:rido de uÌn vocabulário controlado ou de uÌfÌ sisteÌna fornral de classificiÌÇão.

4. Descriçào: inlbrnìação sobre o conteúdo do documento, que pode ser representada por reslrÌno. sumário'ilustraçào gráfica oLr oÌ1tra.

5. Produtor: entidade responsável pela disponibilizacãodo documento: pode ser uma pessoa, Lrma organização olrum seÌviço.

6. Coìaborador: entidade responsável por contribuiço(]sao documento: umâ pessoa, LrÌna organizaçâo oì.r um serviço.

7 , Daia relacionada a unì cvento no ciclo de vida dodoclÌmento: geralmente corresponde à data de criação oudisponibilizaeão.

8. Tipo: natureza ou gênero do conteirdo do docurnento;inclui teÌ-rnos qLÌe desctevem a categoria, o gênero ou o nivelde agregação de valor do conteúdo. Deve ser extraido devocabì-r1ário controlado.

9. FoÌ-ÌÌÌato: maniÍèstação física ou digital do documento;pode incluir o tipo de mÍdia ou dimensões do documento,como. por exenplo. tânanho e duraqão. Pode ser usadopara descrever o sqfduare, o haÌ'dlDare oll outro equipamentonecessário para eÍbir ou operar o documento. Deve seÍextraÍdo de vocabulário controlado. conÌo por cxcmplo. oInteÍnet Midiã 'I)pes.

10. IdentiÍìcador: símbolo que identilica o documento semambigüidade; deve ser e\.trãido de um sistema forrlal, comouRr. que inclui o uRL, DoÌ ou ISBN.

Ì Ì. Fonte: relerência ao docuurento do qual aqueÌe docu-mento deriva: deve se referenciar a Íbnte usando códigoidentificador forrnal.

12. Idioma: lingua em que está o conteúdo intelectuaÌ dodoclrmento; deve-se ì.1sar o RFC 1766 (Tags for the identification of languages) que consiste num código de linguafonrrado por duas letras, retirado da norma ISo 639. Os RFCs

são uma série de docurnentos técnicos e operacionais sobreo funcionaÌnento da internet. Surgiram em 1969, com afinalidade de discutir diversas qì.ÌestÕcs sobre a rede, taiscomo, protocolos. procedimcntos, pÌogramas e conceitos.

13. ReÌação: referência a documentos relacionados: devem-se usâÌ códigos retirados de sistemas de identificação forrrral.

Ì4. Cobertura: extensão ou ârnbito do documento, queinclui a Ìocalizâção espacial (norne de um ÌrÌgar ou coorde-nadas geográÍìcas). o periodo temporal fdata ou periodocoberlo). a jurisdição (entidade adninistrãtiva). Os dadosdevem ser retirados de um vocabulário controÌado, como,por exemplo, o ?hesaunrs oJ geogrophíc names.

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15. Direitos: inl-orrlaçoes sobre os direitos alrtorais dodocrÌÍnento; consiste geralmente numa declaração sobre odetentor dos diI eitos.

O nÍrmero de elenentos da descrição é variáveÌ, a depender do nível de solìsticação desejado. A Empresa Bra-sileira de Pesquisa Agropecuária [Embrapa)' por exenpìo,no seu Banco de ImageÌn-Rural Mirlia. utiliza o Dublin Coreao qual acrescerìtã três eìenìentos: categoÍia (número declassificação), identificador (sistema de identificaÇâo numérica) e contato (nome e endereço de e-mail da pessoa ouinstituicão à qual o recrÌrso está úncuìado).

Outros metadados semelhantes ao Dubìin Core' mas comfinalidades espccificas encontram se em Government ÌnÍbr-mation Locator Sewice [pâra inÍ'orrnaçÕes governamentais) 'Fecìeral Data Geographic CoÌrÌnìittee (para cìados geoes-

pãciais). ConsoÍtium fol' the Interchange of Museum Infor-úÌation (para inforÌÌÌaÇoes mr.ÌseoÌógicas).

Nos últimos anos. Ìnodificou-se racìicalrnentc o contextoda cáÌtâlogação. EÌÌì prilÌleiro lugar, houve o apal:ecimento.principalmerÌte nos paises desenvoÌúdos' de grandes em-presas comerciais prestadoras desse serviço, que, nâ buscade meios para diÌ.Ìlinuir. adotarÌì a süÌrplificação do registro.Em segundo lugar, as rnudanqas dizem respeÌto ao apareci-menlo dc novas formas de registro do conhecimento, ìigadasao ambiente digiLal. qLÌe precisam ser incluidas nos cÓdigosde catalogacào. Finalmente, há o consenso de que as regrascatalográficas devem considerar principaÌmente a formacomo o usuário blr\( â a inÍortn,lçáo.

Percebe-se quc tudo isso tenì sido lcvado em consideraçãonos esLudos que a comr-lnidade bibÌioteconôn.ìica vem empre-endendo. O desafio consiste em encontrar foÌ'Ì-ÌÌas mais cria-tivas de rcgistro da inforrnacão que alendam às diferentesnecessidades de busca e, ao mesÌÌ.ìo tempo. resolvarn asquestões econômicas.

A catalogaqão traclicionaljá mostrou que é adequada paraidentiÍicaÌ materiais de biblioteca. Agora, ela tem de procuraro seu espaço entre olttrâs formas c1e recuperâqão da inforÌnaÇão qrìe surgem ou se modificatn no ambiente digital

Tais formas sáo basicamentc; a) os mecanismos de buscada internet, que oPeran corn base nas paÌavras do texto' e

b) processos tais con]o resenhas literárias, índices de citação.sugestÕes de leitura. listas clos mais vendidos, comentáriosde leitores. que relacionarrr o documento a diversos contextose que, no formato digitaì. adquirem novâ perspectiva'

É evidente que, cada vez mais. â catalogaÇão terá deoperar em arnbiente mais amplo do que o cl.ì biblioteca tradi-cional. Os câtalogadores deverão coÌnpreender a ir-ìfra es-

trutura tecnológica que inÍìuencia o desenvolvimento denovos processos sociais e, ao mesmo ternpo, oferecer suacontribuj.ção bascada en séculos de experiência com usuá-rios de billliotcca.

Padronizaçáo da catalogação no BrasilA questâo das regras catâlográíicãs tem estado na pautados bibliotecârios ltrasileiros desdc a década de 1920 Doiscódigos estrangeiros influenciaram a catalogação, bem comoa Iormaçáo dos bibliol rca rios.

O código da ru-À. que posterionnente se transformariano ÀA.cIì2, foi intÍoduzido por influênciâ da bibliotecária nor-te americana Dorothy Muriel Geddes (postedormente'Gropp), qr-re adotou. em 1929. na recén.ì-irìauguradâ biblio-tcca do Colégio (l.roje Universidadel Mackenzie. de Sâo Paulo'as normas de catalogaLlào praticadas nos E{JA. O código dâALA teve uÌna ediçáo brasiÌeira, traduzida por Astério Campose Abner Lelìis Cor-rôa Vlcentini, em 1969 O AACR2 tene suaprimeira etiição no Brasil eÌn Ì983/f985 e a segunda em2005. com o titulo de Códígo de ccttctLogacao anglo'omerÍcanoíccÁAl, sob a responsabilidade da !'cs,q.s

As lúormas poro cotaLogaçAo de ínpressos. no originalNorrne per iL ccLtalcgo de,gLi sta npatl conlìecidas como o 'códi

go da Vaticana'. srÌrgiÍam no âmbilo de um projeto de cola-boração do Carnegie Endowment for InteÌnationâl Peace,

dos EUA. cujo olljetivo era tnodernizar a Riblioteca Vaticana.O principal responsável pelo trabalho de catalogação foi obibliotecário norueguês John Ansteinsson (1893 1961)' que

estudara bibÌioteconomia nos EUA. e que se inspiÍou no

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código mais moderno então existente, que era o da ArA.Ansteinsson é tido con.ìo o autor de fato das -Ày'or-ne. A pri-meira edicão brasileira foi pubÌicada pela editora InstitutoProgresso Editorial (rpFr). em 1949. A segunda edição brasi-leira lbi publicada em 1962 peÌo IBBD.

O código da Vaticana era usado na Biblioteca Nacional eno antigo Departamento Administr.ìtivo do Serviço PúbÌico(DASP). que mantinha o Serviço de Intercâmbio de Catalogaçào (sic).

Houve várias tentativas para a elaboração de um códigobrasileiro. A primeira ocorreu quando, ern Ì943, o DASP,juntanente com a tsiblioteca Nacional e o Instituto Nacionaldo Li\/Io, prodlrziu o documento Norm,.s parcl organízacaode urn catoLogo dícíoníno de liDÌos e pertódícos (projeto deum códÍgo de catírlogaÇao). Ao longo do tempo. outras iniciativas foram tomadas no âmbito da comunidade bibliotecáía.mas sem sucesso.

A utillzaçào clos códigos estrangcirosjá rnencionados foi-se consolidando e sua tÍaduÇão para o português tornouirrelevantes outras iniciativâs para elaborar urìì códigobrasileiro. Aos polrcos. o código da Biblioteca Vaticâna foisendo substituido pclo ,r-a.cn2. que atualmente é utiÌizadopela maior parte das bibliotecas brasileiras, estando definiti-vamente eliminadas as possibilidades de o paÍs possuir Lrmcodigo de í-a raìogacao proprio.

O Brasll esteve presente em todos os eventos que maÌca-ram a busca peÌa padÍonização mundial da descriçâo bibÌiográfica, desde a conferência de Paris, em Ì96Ì. divulgãndopaÍâ a comlrnidade locraÌ as inovações introduzidas no àmbi-to internacionaÌ. Vários doctunentos produzidos pcla t!-t \sobre as TSBDS foram traduzidos para o porttÌglÌês. por ini-ciativã da ApB e pela FEBAB. A Biblioteca Nacional começoua adotar as rSBDs em sua BÍblÍo.qralia Brastleira em 1984,seguida da Ojcína de Liuros (CBt,) e BibliogÌqfia de PttbLtca-

çóes Ojciois Brasilei-as (Câmara dos Deputados).Com relaÇão aos formatos para inÍbr'Ìnatizacão, pode-se

dizer que o MARC tem ampla aceitaçàol muitas bibÌiotecas outilizan e vádas publicaCões em portLrguôs tôm permilido

sua introdução em dlscÌplinas de cursos de graduacão embiblioteconomiã.

Algumas ex?eriôncias de catalogaçào de doclrmeÌÌtos emlinha, utilizando o Dublin Core, comcçam a ser reÌatadaspor bibliotecários brasileiros.

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VI Catalogação cooperativa,

catalogação na fonte eca1 alogaçào na publicaçào

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O PIìoCESSo DD CAfT\LoCìACÂO E A I,]I,AIsORACÃO DE CÂTAJ-OGOS

de bibliotecas constitLri, há muito tempo. tareÍa central daatividade bibliotecária e mujtos esÍbrços têrn sido feitos paraaperfeiçoá lo. A prr:ocupação conÌ a eficácia e com a quali-dade do processo este\re scmpre presente. A pârtir dai surgem os conceitos de catalogação cooperativa, catalogacãona fonte e catalogação na publicaçào, baseados no princÍpiode que um livro Ìloderia scr catalogado uma única vez e

essa catalogacão ser ia utilizada por todas as bibÌiotecas interessadas. com economia de recursos humanos e financeiros.

Catalogação coopeÌativaO pioneiro da catalogaqáo cooperativa foi o bibliotccárioCharles Jewett (18Ì6-1868). que, em ì 850, em um encontroda AÌÌìerican Association for the Advancement of Sciencepropos que a biblioteca da Smithsonian Institution [EUA),onde ele trabaÌhzrva. ftrncionasse como biblioteca nacional.Ela receberia dados cataÌográficos de bibliotecas do país e

coordenaria um seÌ-\'ico de catalogação cooperativa qlÌe Ì'esultaria em un] catalogo colelivo das bibliotccas cooperântes.AÌém de funcionar como centraÌ de catalogação, o ser-viçoforneceria um instrlÌÍÌento de acesso às coleçoes.

Por falta de apoio da própria instiluiÇão, o projeto deJewett nào se realizou, mas, anos depois, em l9O 1. a LibraryofCongÍess, tendo assumido a posição de bibìioteca nâcionaldos EU^, iniciou o sclviço de distribuição de fichas catalográ-ficas de selr acervo. No ano seguintc. o seÌf ico passou a receber registros dc outras bibliotecas e deixou de ser cen-

tralizado para se tolxar cooperativo, Estava assim concre-tizada a idéia que Jewctt ìancara cinqüenta anos ântes.

O serviço da Library of Congress teve grande sllcesso.SeLr pioneirismo foi reaÍìrmado. na década de 196O, quandopassou a usar o complrtador na produção de registrosbibliográficos. Foi criado. enlao. o íormalo r4AR-..ollro pa-drão para registÌo e intercâmbio de dados catalográficos. O

fornlato MARC deu novo impulso ao processo de catalogaçáo,tendo sido adaptado para uso em vários paises.

A ãutomação possibilitou o apareciÌnento de cor-rsórcios,redes de bibliotecas Lrnidas por interesses colì.ìllns, comoas bibliotecas Lrniversitárias. Exemplos disso são: ResearchLibraries lnforrnation Network (ÌìÌ.iN). University of 'lorontoLibrary Automation System (urLAS). o Western LibraryNetwork e o entáo Ohio College Library Centcr (ocLC).

Essas redes tinham âmbito de aqão Ìestrito. Qe ralmer-ìteas universidacles ou a região geográfica em qlre se inseriam.PosteriormeÌ-Ìte , aÌglrmas se expandiram. como foi o casodo ocr-c, qlre se tornou, em 1981. o Onìine Computer LibratyCenter. Atualmente lbrnece seÌviÇos para mãis de 50 miÌbibliotecas em 84 paises.

Esses serviÇos têm tido enorme inlluência nâ catâlogação,pois seus obletivos visam à soluçào de probÌemas que hán.ìuito teÌnpo preocupanÌ a comunidade b:ibliotecária, asaber, rapidez de processamento e diminuição de custos.

catalogâção cooperativa no BÍasilA atividade de catalogação coopeÍativa teve inicio Ììo Brasilquando, em Ì942, a bibliotecâria Lydia de Queiroz Sambaquy, implantou, n:L biblioteca do DASP, o Serviço de Inter-câmbio de Catalogacão (slc). O slc, qlre atuava em colaboração com o Departamento de lmprensa Nacional, foi umainiciativa pioneira, pois üsava a fazer avançar a qualidadedos serr.icos bibliográficos numa época em qLÌe erâ reduzidoo número de proíissionais bibliotecários no país.

Qualquer biblioteca poderiã participar do sÌc, a e1e enüando suas fichas catalográficas. Ali elas eram revistas,

696tì

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Vimpressas e distribuÍdas às bibliotecas coopcrantes O

po;co conhecimento de cãtalogação por paÌte das bibliotecasào opelantes irnplicou maioÍ cuidado na rcvisão das fichasantes da impressão. numa tarefa lenta e trabalhosã Isso

constituiu grancle entrave para o sucesso do SIC'

O prográma continuou nesscs ÌÍìoldes até que' em Ì 947'a Fr-rnclação GetliÌio Vargâs (pcr') dele passou a participar,com cursos de treinan.Ìento para catalogadores do stc e

responsabiÌizando-se pela venda e rlistribrÌiÇão das fichas'Em Ì954, o slc lbi iÌìtegrado ao recém-criado Instituto

Brasiìeiro de BibÌiografiâ e Documentaçào (teno) As di{ìculdades na operzÌciotìaìlizacão desse seÌviço :rcabaram resul-tando na slra intertrpcão em 1972. Nessa época, o tratamento catalográfico matru:rl já se mostrava inviá\'el c o IBBD,

agora sob suã no.to dcÌìominação [lnstituto Brasileiro de

Inforrnacão eÌn Ciêrìcia e Tecnologia) perccbeu a necessi

dade de buscar me ios para a infoÍmeÌtização do seÍviço'O desenvolvimento do M,qRC ofereceu a oportlrnidade para

o encontro de uma sohlçãÌo. Esse formato foi adaptado para

o Brasil. graças iìo Pr(ìeto cAl-clo, elaborado pela bibliotecáriaAlice Príncipe Lìtrrbos:r e divulgado cm 1973'

O cALCo con.Ìcçou a ser usado pel.Ì Bibliotcca NacionaÌ e'

posterioÍmente, por LÌÌll grlrpo pequeno de bibliotecas AFcv'junto com a Biblioteca Nacional' asslln-Ìiu a tarefa de coor-

âenar o grupo de bibliotecas usuárias. criando oportunidadepara o surgimento da rede Biblioclata/cAl-co, que se tornouòperacional em Ì98O. O projeto náo tcve grande aceitaçáoe só em meados da década de 1980. com a implementãçãodo Plano Nacional d(] I3ibliotecas Universitárias IPNBU) que

recomendou à participação das billliotecas Lrniversitáfl as

na rede Biblio.ìata, é que houve maior expansão O PNBU foi

substituido, em Ì986, pelo Programa Nacionaì de Bibliotecasde lnstituiçÕes de Ensino Superior (PRoBlB). que deixou de

existiÍ em 1995.

Catalogação na fonte e catalogaçáo na publicaçáo

A icléia de catalogação na pubÌicação surgiu em 1853. com

o nome de cataÌogacão na fonte (cataLoguing in source' em

inglêsJ quando alguÌìs bjbìiotecários ÌÌorte-americallos,entre eles Charles Jewett {t8Ì6 1868). bibliotecario daSmith-sonian Institution e um dos maiores defensores dacatalo gação coopcrativa. perccbcram as vantagens de secatalogar um liwo Lrmâ Ílnica vez e âÌìtes de suâ publicaqào.evitando que centenas de bibliotecárìos executassem anesma tareÍã, corn despcrdicio dc ten.rpo e de recursos.

Proposta concreta sobre o assunto surgiu mais tarde,en Ì876, quando Justin Winsor (183Ì ì897), bibliotecáÌ'ioda Boston Public Library e da Harvard University e um dosfundadores da eLt. apresentolr um projeto para que fosseimpressa no próprio lilro a lìcha catalográfica. Interessanteobservar qLre a idéiã fora proposta na mesma época, no Rei-no Unido, por Ma-x Muller (Ì823 f 9O0), curador da BoclleianLibrary, da Oxlord University.

Eln 1877. durante a conferência anual da,qlq.. formou-seuma comissão, composta por Richard Rogers Bowker (editore fundador da n.n. Bowker), Justin Winsor e Melül Dewey(Ì85I Ì93Ì), para estudar a üabilidade do programa decâtalogacão na fonte nos EUA. No ano seglrinte, a comissãoapresentolr o projeto. segundo o qual as editoras interes-sadas en\.iariam a prova de seus Ìivros para que fossemcatâlogâdos, ao preco de um dólar cada, por bibliotecárioscla Harvard University e do Boston Athenaeum. A cataÌoga-ção seria apresentada em três subprocÌutos:

. impÌessão dos registros catalográficos no 1ivÍo:

. impressão de uma ficha catalográfica a ser enviada aassinântes do sen'iço:

. pLrbÌicacrão dã lìcha nâs revistas LÍbrary Journol ePttblishers Weekly,1.

O Ìrrograma foi irnplenrentado, ìlÌas tcve curta drìração, poisnão foì financeiramente viável. devido. principalmente, aol)equeno número de assinantcs. Muitos anos dcpois, cm Ì958,ÌÌova tentativa foi feita. agora peJa Library of Congress, quercaliz-ou estudo filranciado pelo Colrncil on Library Resources.piìra analisar a viabilidadc íinanccira c tócnica da précatalogação, bem como sua utilicÌarde para as bibliotecas.

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TErnbora os bibliotecários considerassem que o serviço

seria úrtil, os editores consuìtados. em número de aproximadâmente 3O0, mostraram se bastante céticos. O resultadofoi que pouco mais dã metade deles aderiu ao programa,que tinha como Lrma de suas cilracterísticas a agilidade; aidéiâ erã que a ficha catalográfica fosse elaborada em 24horas. Apesar de todo o esíorço ernpreendido, concluiu seque o progrãma era financeilamente inviável.

Em Ì 97 Ì , a Library of Congress retomou o projeto, destavez com o noÌ]Ìe de catalogação na pr-rblicação, em inglêscatalogíng-ín-publicatlon, crüa sigla CÌp identificâ âtualmenteos programas de catalogação prévia na maioria dos paÍsesque a adotam. AtualnLente, o programa norte-americanofunciona de formâ seletiva, catalogzÌrìdo âpenas Ìivros commaior possibilidade de aquisição pelas bibliotecas do pais.As editoras enviam um exemplar da prova do li\,To e, casoesta não esteja disponível, algumas partes como, frente everso da folha de rosto, sumário e Lrm capitulo. A catalogaçáoé feita em oito dias e enúada para o editor paÌa ser impressano livro. Ao mesrno tempo, a versão eletrônica do registro édistribuida para outras bibliotecas, serviços bibliográficose liweiros em todo o mundo.

As editorâs participantes do programa são responsáveispor fortrecer um exemplar da edição final do lir,ro catalogadopara elaboração da catalogação definitiva, que é entãonovamente incluÍda nos registros MARC.

Ocorren problerÌras. principalmente por causa das datasde publicacão e outros elementos que são aÌterados na ediçãodefinitiva. Há tarnbém reclamaÇões relaiivas à demora nadivrÌlgãção da ficha completa. ApesaÍ disso, o serviço temcrescido e os responsáveis buscam formas mais eficàzes degerenciãmento, principalmente no que diz respeito ao seucusto-benefício.

Atualmente, nota-se. nos livros publicados nos EUA eReino Unido, tendência em restringir, ou mesmo em nãoincluir os dados da câtalogação na publicação, substituindo-os por umã nota que infoÌ'Ìna a existência de um registroinformatizado do livro em bases de dados do pais. No caso

do tsrasil, isso nào ocorre. e os dados catalográficos sãogeralmente completos, incluindo até informaçoes sobÍe adescrição física do livro.

Recomendações da uNDsco relativâs aos progÌamas decatalogação na publicaçãoO programa norte-ânericano, acima descrito, serve dc modeJo para a cataìogação antecìpada. que constitui um dosmecanismos de controle bibliográfico.

A UNESCo recomenda que os progrzlmas de catalogacãona publicação sejaÍì vinclrlados à bibliograÍìa nacional paramaior racionalização de esforços. Nesse câso a ABN, respon-sável pela bibliogÍafia nacional, se encaregària da cataktgação na publicãção, em estreita colaboracão corn as editoras que. por sua vez, devcm enviar as informações biblio-gráficas em tempo hábil para que o processâmento catalográfico seja efetivado. A UNESco considera que os clados dacatalogação na publicação nào devem substituir o registrocompleto e oficial dos dor:un]entos e faz as seguintes reconìendaCões:

. que sejarn identificâdos claramente os registros decatalogação prévia incluÍdos na bibliogrãfia nacional, utili-zando-se para isso números de controlc, códigos ou símboÌos, de modo a diferenciãr a catalogação provisória dadefinitiva:

. que se inclua esclarecimeÌ-Ìto sobre a substitlriqão dosregistros da catâlogação prévia pela definitiva;

. qlìe se utilizent as tSBDs pâra a descrição bibliográfica;

. que sejam incluidos o Isnu, no caso de livros, e o tssN.r-ìo caso de publicaçoes seriaclas;

. que sejaÌn utjlizados sistemas interrìacionais de cÌassi-ficação como a cDU ou a CDD para identificação do assunlodo documento.Alguns países desenvolvem prograÌnas de catalogacào napublicação vinculados à bibliografia nacionâI, como, porexemplo, Alemanha, Canadá, Austrália, Nova Zelândia. Asbibliotecas nacionais desses países mantêm serviços de

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catalogacão na pubìicaçào e elaboram os registros grâtuita-rnente. Os registros sâo incluÍdos nas bases de dados dasbibliotecas e funciÕnàm taÌnbém como forma de divuÌgar osìivros antes de sua publicação.

No Reino Unido, o seÌ-viço de catalogaçào na publicaçãodâ llritlsh Library é terceirizado (atualmente feito pela em-presa Bibliographic Data Services Limited) e sua principalfunção é a divulgaÇão prévia dos Ìivros a serem pubÌicados.Por isso, os editores devem enviaÌ os dâdos com quatro mesesde antecedência. O foÌ'Ìlecimento do registro catalográficopâra publicaçáo no próprio liwo é 1èito apenas para liwosque serão distribuÍdos em paises menos desenvolüdos. Nosoutros casos, a British Library sugere aos edltores queincluam no veÍso da ÍbÌÌ'ra de rosto apenâs a informação deque o Íegistro daquele livro está disponÍ\'el nas bases dedados da biblioteca nacional.

Há, portaÌìto. diferenças marcantes nos programas decatalogacão na pubÌicaÇão dos diversos paises. Alguns sãomais voltados para a divulgação antecipada dos livros,funcionando como instÍumcntos de seleÇão, quando dir,'ul-gados ern bibÌiogralìas. Outros ftrncionam como modeìo decatalogação. quando os registros são impressos no li\.ro. Adisponibiìidade de servicos de fornecimento de registroscataìográ1ìcos, que sejam acessiveis às bibliotecas, provavel-mente levará à elininaçáo da iÌÌìpressão do registro no 1ivro,que é o que ocorÌe coÌr livros norte-aÌnericanos e britânicos.Em paises onde o acesso a seÌviços desse tipo é mais difÍcil,como é o caso do Brâsil. a catalogação na publicação aindapersistirá na sna Íbrma tradicional. impÍessa no li\.ro.

Processos desenvolüdos há longo tempo pela comunidadebibliotecária vào evoluindo e se adaptando ao novo ambienteinformacional e tecrìológico. A catalogação cooperativa é hojeprática con-eÌÌte, qrÌe possibilita a reduçào de custos. preocu-paçào constante clos seÌwiços que desejam olerecer registrosde boa qualidade lnas a cuslo razoável.

A catalogaçào na fonte também é um conceito que retornano âmbito da informaçào virtual, exemplificado pelâ idéiaque embasa o processo de descrição de recursos da inteÌ-net,

ou seja. que o produtor ou criador do recurso é o Ìnaisindicado para elaborar sua descricáo.

Catalogaçeo na publicação no BrasilA catalogação na fonte chegou ao BrasiÌ no inicio da décadade 1970, por ìniciativa de editores e com o apoio de bibLiotecários.

A Câmara Brasileira do Li\.ro (cBI-) e o SNEL iniciaramum programa conjunto de catalogâÇão em suas sedes, res-pectivamente em Sáo Paulo e no Rio de Janeiro, que consistiana elaboraçáo do registro catalográfico para inclusão napublicação. Paralelamente, era editado um volume, que con-tinha o conjlrnto dessas fichas, intitulado Ojcína de Líúros:Nouírlades Catalogadas na Fonte, que visava a contribuirpara a divulgaçào mais rápida das novas publicaçoes. Oprograma brasileiro foi concebido, portanto, com duplaíinaÌidade: como modelo de registro catalográfico e comoinstrumento de seleção e aqulsição, tendo sido baseado nomodelo norte-americano.

ApesaÌ de pioneiro (na época de seu apaÌecimento apenasquatro países mantinham programas de cataÌogação nafonte), o programa brasileiro nào conseguilr Ìnanter se. Apublicação da O/rcinc cle Liuros nunca chegou a ser regular.Projetada para ser bimestral, passou a anual no periodo de1979 â 1984, sendo suspensa temporariãmente em 1987.Buscando superar o problema. a cBL começou a incluir. ãpartir de 1988, os dados de catalogaeão no ser-Ì boletim cBLInforma, Continuaram, entretanto, os problemas de atrasoe do nÍrmero pouco signilìcativo de lir'.ros catalogados.

Atuâ1mente, as duas instituiçoes continr-Ìam oferecendoo seÍviço, que se restringe à elaboração do registro catalo-gráfico para impressão no liwo. Ao mesmo tempo, muitaseditoras proúdenciam, elas próprias, a catalogaçào de seusli\.ros, contribuindo parã a falta de padronização e tornandoos registros por-rco conlìáveis.

Em I998, a Biblioteca Nacional, por intermédio da Agên-cia Brasileira do rstsN, iniciolr o serviço de catalogação napublicaçáo, alegando "diferenÇas detectadas nos procedi-

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Ymentos de catalogação na fonte utilizados pelos editoresbrasileiros". A idéia era reunir em uÌIr único serviço asoperaÇões de fornecimento de IStsN e de catalogação napublicação. O seruiço, pago, como os da cBL e do slel. pre-tendia atender âos pedidos de clp num prazo de cinco diasúteis. Em 2003, esse seÌviço foi cancelado. sem maioresexplicaçÕes para os usuários.

Em 1993, a catalogação na publicaÇão foi incoÌporadâao conjunto de norrnas brasileiras, por decisáo daAssociaçãoBrasileira de Normas'lécnicas (ABNT), que aprovorÌ a NBR12899, Catalogação-na-Publicação de Monogrâfiãs.

Tentativa de tornar obrigatória a iÌÌclusão do Íegisbocatalográfico nos liwos publicados no Brasil foi feita em1975, em projeto de lei apresentado na Câmara dos Deputados. Essa tentativa não foi bem sucedidâ e o projeto foirejeitado em Ì979, após quato anos de trâmitação.

Em 2OO3, com a aprovação da l,ei n." Ì0. 753, de 30/ lO/2003, que instituiu a Politlca Nâcional do Li\.ro, tornou-seobrigatória a iÌìclusáo da ficha catalográfica: "Nâ edltoraçãodo Ìi\,:ro. é obrigatória a adoção do Número InternacionalPadronizado, bem como a ficha de catãlogaçáo paÌâ publica-cào' (an igo 6."ì.

Na verdade, instrumentos de controle bibliográfico, con-forme a concepção da uNESCo, devem ser implantados apâftÌr da conscientização da comunidade envolúda, quereconhece sua importância e utilidade. A única situaçãopara a qual se recomenda uma base legal ó a captaÇão domaterial. que seria feita por meio de depósito legal.

A recomendação da UNESCO em relação aos programasde catalogaçào na publicaçáo está mais voltada para a buscade cooperação entre editoras e a agência bibliográficanacional e não para sobrecarregar os editores com leglslaçãoimpositiva. Nesse sentido, sugere a ünculaçào de progranâscom finalidades semelhântes (como a catalogação na publi-cação e a bibliogralìa nacional) na busca de um instÌïmentoeficiente para identificação e seleeão de pr-Ìblicaçoes e queatenda, ao mesmo tempo. aos requisitos de registro da me-mória intelectual do país. Programas consolidados de cata-

logaçáo na publicação (mesmo que não estejam vinclrladosà bibliografia nacior-ral) devem ser mantidos e a ABN devebuscar meios de apoiá-los, sem duplicar o trabalho.

ReferênciasBAXER. B.B. Cooperatú)e cataloguingj pasÍ, preseni ancl.I.ture. New

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NEVüLDN, R.R. Read the fine print: the power ofClP. Library JoÚrnctl,v. 116, n.2, p.38 42, 1991.

76 77

Page 46: campello, bernadete - introdução ao controle bibliográfico

V

9 Sistemas de identificaçãonumérica de documentos

&**s&&&&&s

A IDENTIFICAÇÁo DE DoCUMEN'IoS A PARTIR DE SUA DESCRIÇÃobibliografica é prática milenar na biblioteconomia, ocorrendodesde a Antiglridade. quando os bibliotecários inscreúamnas paredes das bibliotecas dados sobre os li\':ros do acelvo.Atualmente, as bases de dados bibliográlicos, com registrosde descrição altamente padronizados, bem como os sistemasde metadados para identificar e permitir a recuperação dedocumentos digitais, continuam sendo importantes instru-mentos de identificação e acesso às publicacoes.

Outra tendência na identificação de documentos podeser obsewada a partir da década de 1960, ou seja, os sistemas numéricos que surgem a paÌtir das possibilidades ofere-cidas pela iníormática. Criados inicialmente para identilìcardocumentos tradlcionais, como li\,Tos e periódicos, essessistemas vêm se expandindo para incluir os vários tipos dedocumentos gerados pela tecnologia atual.

Embora planejados geralmente com perspecüva comercial, esses sistemas têm sido considerados pela uNESco epela tm-a como mecânismos de controle bibliográ{ico e, nomodelo proposto por essas instituições, a agência biblio-gráfica nacional assumida a função de órgão responsávelpelo gerenciamento dos sistemâs que viessem a ser implântados no paÍs.

International Standard Book Number (rsBN)

O ISBN foi o sistema pioneiro de identifìcação numérica dedocumentos. Sua origem está ligada à necessldade sentidapelas grandes li\.rarias de esquema eficaz para gerenciarseus estoques de livros.

Em Ì967, aempresaw.H. SüÌitÌ1. a nÌaior cadeia de livra-rias do Reino Unido, que estava inl'onnatizando seus pro-cressos gerenciâis, comecolr a utilizar o Standard BookNumbering, desenvolüdo sob a superuisão da Bdtish Publishers' Association para peÌ'mitiÌ' a identificaeão precisâ decadã ediçào de um li\.ro.

Percebendo o potencial dcssc sistcma. a iso, por meio deseu comitê de documentaqão (ISo/rc/46), estabeleceu umgr-upo de trabaÌho para estudar a possibilidade de adaptaro sistema para uso internacionàI. Como resultado dosestudos, foi proposto o sistema denominado InternationalStandard Book Number (tsnN). aprovado, ern Ì97O. comonormâ ISo 2108/ 1972. Essa norma [enì siclo reüsta periodi-camente, para permitir a apljcação a materiais não biblio-gráficos, mas sua estnrtura original não se rnodificou.

O sistema funciona com LÌÌrÌa agência internacional e

agências nacionais cm cada paÍs mcmbro. A agência inter-nacional está sediada em Berlim, na Staâtsbibliothek, e éassessorada por um comitê lbrmado por representantes dalso. Ip{. - L"c c agÍ-ncias rcqionais.

As pflncipais funÇões da agênciiì internacional são:promover e supervisionar o uso do sislema em àmbito mundial; aprovaÌ: a estrutura das agências nacionais e alocargrupos de identificadores para essas agências.

As agências nacionais ou de gmpos de paises têm comoprincipal frÌnÇão atribuir os digilos identificadores às edi-toras de seu pais. Essas agências mantêm contato com aagência inter-rìacional e contÍolaÌn o clrmprimento das nor-mas estabelecidas pelo sistena, alén de divuÌgá-las. A últi-ma ediçáo (30.") do Publisher-s' írúematíonal ISBN directorylista 628 795 editoras. de 218 pâÍses e teì-ritórios.

No modeìo de controle bibliográfico proposto pela UNESCoe a rFL\, é recomendado que a agência bibliográfica nâcionalassuma a funcão de agência nacional do ISBN.

O rsB,v users manual considera livro como publicação,ou seja â manifestação de um conteúdo, independentementedo formato em que seja publicado. Por isso, o ISBN pode seratribuído aos seguintes tipos de publicaçÕes: liwos e folhetos

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vimpressos, matedal em bÍaille, mapas, vÍdeos e transparências educativos. livros em câssete ou CD-RoM. microfor-Ìnas. publicaÇoes eletrônÌcas (fitas legiveis por máquina,disquetes. cD-RoMs , publicações da internet), publicaçõesmllltimídia. Não se deve atribuir rsBN a publicaeoes efêmeras,mâterial publicitário, impressos e prospectos que não con-tenham folha de rosto, gravaçoes sonoras, periódicos epartitlÌras musicais impr:essas, considerando que esses trêsÍlltimos tipos de materiais possuem sistemas próprios deidentilìcação.

O número identificador de cada livro é formado por novedigitos, acrescidos de um dígito de controÌe, separados porhifens em qllatro segmentos.

O dígito (ou dígitos) do primeiro segmento é deter-Ìninadopela agência internacional e identifica o paÍs ou grupo depàÍses, rerÌnidos por língua ou por região. Por exemplo, ogrupo de Ìingua aìemã é identificado no primeiro segmentopelo dígito 3 e a região do Pacífico Sul é identificada pelonúmero 982. A quantidade de dígitos que compoem o pri-nleiro segmento varia, portanto, de acordo com a produçãoeditorial do pais ou do grupo, ou seja, quanto maior aprodução menor o número de dÍgitos.

O grupo lingiiÍstìco ou de ár'ea pode incluir mais de umâagência nacionâI. Cada país que forma. por exemplo, o grupode língua inglesâ (Alrstrália, Canadá, Gibraltar. Nova Zelân-dia, África do Sr-rl, Suaziìândia. Reino Unido, Estados Unidose Zimbábue) tem sua própria agência nacional.

O segundo segmento é composto pelos digitos identificadores da editora. A quantidade de dígitos desse segmentotambém varia conforme o volume da producão edìtoriãl:quanto maior o voÌume de lirros produzidos por uma editora,ÍÌenor o número de digitos identificadores dessâ editora.

O terceiro segmento é formado pelos digitos identificadores do titulo, que permite a individualização precisâ decada edição de um liwo. O número de dígitos vãÌiâ de acordocom o segmento anterior: quanto menor for o número dedigitos identificadores de uma editora, maior o de identi-ficadores de tÍtulos. O último segmento é o digito de controle,

que pennite a verificacão automática da exatidão dos dígitosque compõem o número integral.

Para aumentar a capacidade de mrmeração do sistema,quejá começa a mostrar sinais de esgotalnento, está sendoÍèita uma revisào que resultará no aumento da quantidadede dÍgitos que de 10 passará pala Ì 3, erÌr 2OO7 .

O ÌsBN apresenta-se da seguinte forrla:rstsN 0-00-65 Ì254-2

Criado para identificar cada edição de determinado lir'ro oISBN é, portanto, diferente em cada urna delas. O livro ManLIoIpero nonncLlizcLção de publícaçoes têcnícô-cíentílLcas. porexemplo, publicado pela Editora u!-MG aprcsenta os se-guintes ISBNS em suas dlferentes ecliçoes:

3." ed.4." ed.5.'ed.6.. ed.7 ." ed.

1996 rsBN 85 704ì 077-81998 rsBN85 7041 153 72ool rsnN85-7041-260-62003 rsBN 85 704Ì 357-22oO4 rsBN 85-7041-43I 5

O segmento 85 r'epresenta o Brasil; o segundo segmento(7041) identificâ a Editora UFMG e o terceiro segmentocorresponde a cada uma das edieões do livro.

São atriblridos ISeNs diferentes aos diversos foÌ'ÌÍìatos emque o lir'ro é produzido (impresso, ern linha, em cD-RoM,etc.) e às encader-naçoes [brochura, encaderrrado, etc.). Todaedição ou reedição que âpresente mudança de folrlato, deconteúdo e/ou ilustração deve receber um novo ISBN. Emse tratando de obÍa em mais de um volume. o tsBN deve serâtribuido à obra no todo e a cada um dos voìumes indiü-dualmente. Um Ìir'ro em co-edição receberá dois númerosde ISBN, cada um corespondendo a uma das editoras.

Segundo o lsBtú users' manual o nÍrmero deve aparecer:no verso da página de rosto, na parte inleÌjor da quafta câpa,na parte in1èrior da lombada fno caso de livros de bolso),nas etiquetas do produto fquando o livro é editado comofita-cassete, disquete ou cD-RoM), jrÌnto com o titulo (no

caso de publicaÇões da interxet), nos créditos (em filmes orÌvideos). A aeNr. pela norma NBR 1052f/f988 recomenda

80 81

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-Tque o ISI]N acompanhe os registros bibliográficos do li\.ro(bibliografias, catátogos de editoras, registros de catalogaçãoÌìa publicação e resenhas).

A partir de acÕrdos entre a agência intet.Ìlacional do ÌSBN,a EAN International. que havia substitLrido, em 1992, oEuropean Article Numbering, e o Unilorm Code Council (ucc)o tsBN pode ser associado ao código de bârras, o sistema deidentificação de produtos mais ampÌamente Lrsãdo nomundo. Nesse caso, o número sofre uma ampìiação, com oacréscimo do prefixo 978, apresentando-se da seguinte ma-neira:

rsBN no BrasilA implãntação do sistema no Brasil ocorreu por iniciativadas editoras, que dele tomarEÌÌn conhecimento em 1971,durante o 4.' Encontro de Editores de Lir.ros, realizado emSão Lourenço, Mc. Reconhecendo as vantagens do sistemaos editores decidiram solicitar à agência inten-racional áinstalaÇão de un] centro nacÌonâl no Brasil. A proposta foielaborada por representantes do SNEL, da BibliotecaNacional, do reno (atual tBtcT), do Instituto Brasileiro deGeogrâlìa e Estatísticâ (ÌBGE) e da ÂBN-r.

Aceita a proposta, a Bibliotecâ Nacional foi escolhida pâÌaser a agência brasileira. dando inicio, em 1978. à operacionalização do sistema. AABN-Ì'apoiou a iniciativa e aprovoua NBR 10521/ 1988, que flxa condiçÕes para a atdbuiÇão deISITNS aos li\,Tos no Brasil e a Lei n." 10 753, de 30/ lO/2003, que institui a PoìÍtica Nacional do Lir..ro, obriga â in-clusão do tsBN nos livros publicados no Brasil.

O potencial do sistema depende da quantidade de editoraspaflicipantes. Para essas editoras, pode funcionar comomecanismo de gerenciâmento de estoques, de atendimentode pedidos e análise de vendas, facilitando o processamento

automático dessas operações, princiPalÌÌÌ(ÌÌì t (' ( orrì iì

utilização de ISBNS vinculados ao código de barras. No ittttlril()das bibliotecas, o ISISN pode facilitar a âutorlìiì.('a(, (l()s

processos de ãqÌìisicão, pode ser utilizado ctlt t'ltllilogoscoletivos e em atividades de empréstimo entrt: lrilrliolt t its,potencializando, assiÌÌì, sì-râ atuaÇâo como inslI-tttttt t tI() tlIcontrole bibliográfico.

International Standard SeÍial Number (rssN)

A idéia de um sistema de numeraçào padrottiz;ttlrt Prtt rt

identificação de periódicos slrrglu ern 1967. clttlitrtlr' ;r líiConferência Geral da uNESco e da Assemblciir (ìr'trtl rlrr

Conselho Internacional de UniÕes Cientificas (l('lili).Nessâ ocasiáo, foi discutido o Projeto dc llr)l sislclrlir

mundial de informaçáo cientÍfica, que veio iÌ s(' lt)r rrirr ('Unisist. A proposta desse projeto nasceu por Irtt'io t l trr11r

ciaçáo entre o Icsu e a uNESco. A finalidade rltt pt ojclo t t rt

estimular ações voluntárias e cooperativas qtl(: lì tt illir trfrct r r

o acesso irrestrito e a troca de informaCão < icttttll|rr r'

tecnológica entre pesquisadores de todos os pitÍst s.

Sendo o periódico a forma de publicação Irtitls ttllllz;rrlrrna comunicaÇão cientifica, a preocupaçáo dos I)ir I llt ll,i I I rlr':,do encontro [oi encolÌtrar mFios para Lllrl r'\ílll.lÌl.r rlll'possibilitasse o cadastramento uniforme dos lx t lorllr ,,r',possibilitando sua identificação em âmbito mrttxllrtl. l'r(.rl.rse a diÍìcuÌdade de se manter base de dados exitl i t c cot r t; r| 1, r.

por se tratar de materiais complexos e heterogt't t(.or I, rrrtlrmetidos a mudanÇâs de tÍtulo, formato e pcrio(li< lt lirt l( . ;tlltttde orÌtros pÍoblemas. Mas, apesar das dificÌrlcl: tt lt s lrt , r'lr.l r',o projeto íoi elaborado e, em Ì972, mediiìÌÌl(' rttotrll, rl.rUNESCO com o governo francês, foi criado o IttI|ttt.tI|l'rr.rISerials Data System (ISDS), organização intcrÍ.|(,v( r r ll rlr lfr rl r I

com sede em Paris.A função principal do sistema era o cad:ìsiri r ll lct r lo r l,',

periódicos e a atriblriçâo de número paclroltlz:ttlrt .t r.rrl,rtítulo, que passaria a ter código de identifi caqi to t t t r l|o.,r't rr l,'distingllido de modo ineqllÍvoco de outras llttlrllr';tt ,u ,

Na década de 1990, o ISDS oÌganizotl s<t t'ttt tcr lr'. r .trr , ,

85-85637-27-7

lil[il[lil[ililil

82 83

Page 49: campello, bernadete - introdução ao controle bibliográfico

non.Ìc de ÌssN Network. quc relrne atualn.ìeÌìte 76 centrosnacionais. Esscs ceÌìtros têm a responsabilirlade de atribuiro ISSN aos periódicos publicados no paÍs e rnanter os registroscorrespondentes.

O centlo internacionaÌ rcsponsabiliza-se peÌo cadastramcnto e atribuição de rSSN :r periódicos prrblicados porol(Jniza( òcs itìlcrtìilfiurriìiq r' Iror lr;risr-s'lìle n.lo Ì)rjisltt-mcentro naclorÌal. Delìne padrocs e dissenina as illÍbÍrnaçÕessobre .ìs ati\.idades da rede. E também atribuiqào do centrointernacional a conferência dos nriÌÌ]eros atribuÍdos. bcmcomo das infornac'òes cadastrais enviiÌdas pelos centrosnacionâis, que forrnarn aÌ brìse de cÌacìos do sistema, o ÌSs,\rI<e!,lister. que iÌÌclì.li ÌliÌra cadël periódico os segllintcs dados:titlrlo chave, tituÌo chave àbreviuÌdo. ISSN, peÍiodicidade.lingua, local de publicaçào. editor. outras veÌ'sÕes do tÍtuÌo,títulos anteriores, formatos cle publicação, etc.

Até hoje, foram atribuiclos nais de um milhito de rssr,ts,e a expansão da ÌssN Network [4O a 60 mit tituÌos por ano)indica que mlritos países estào conscientes da necessidadedo controle bibÌiográlìco de periódicos. Essa rede constituinÌecanismo para o cBli. A LJNESCo tem recomendado que ospaÍses estabeleçarn selrs centros nacionais de tsSN, depreferência no âmbi1o d.Ì agêÌrcia bibliográfica nacior-raÌ.

A ISo decidir-l considerar o ISSN LlÌlla norma. ao aprovar,pelo seu comitê de docuÌÌtentaçào, a ÌSo 3297 1975. queflxa diretrizes para o LÌso padroÌÌizado do Issll. .Essa nornadeÍìne periódico corno publicação editada em partes suces-sivas, numeradas elÌ.Ì seqúência cronológica e prevista paracontinuar indefinidânìeÌÌte. Essa deÍinição excìÌLÌi. portanto,obras em série coÌn nrimero previsto cle partes.

Cada periódico recebe o titulo padronizado. o 'tÍtulo-cha,ve'. formado pelo tÍtub. local dc publicaçào e datas de inicioe firn da publicaçào (rìo caso de periódicos interrornpidos).O titulo-chave individuiìliza o periódico e o distinglre de ou,tros corìì o ÌÌìesÌÌro tÍtuÌo, cotÌto moslÍa o exernplo a scguir:

ISSN :litttlo châve P;ris, rl,rl r ,l, trrt' i r""ISSN ll40 3853 tsabel {AÌ1es) {FlrÌ'rt;r l'rrtrr I

rssN I Ì05-0748 Babel (Atenas) (Gr( ( lir I ' Ìlr I I

rssN 0521-97?t4 Babel (Bonn) (ll()IlÌll'1.' l'r,r, I

ÌSSN0327,641rt Babcl (Buerìos Ailes) (Arr! r'llr',' I'r"' l

ISSN OOOS 3503 BabeÌ (Melbournc) (Arr:tlr'rll,r lrrri', I

ISSN lÌ47-8306 Babel (Paris) [l''r:rrrr,r l'r'rl' I

O lssN é fornÌado por sete dÍgitos [dilì:r'r'trlcrrr, rrl, ,l,,r 'i"esses dígitos não tenÌ signillcado) acrcs( i(ll'i ,l' trrrr ,lt, rt

de controle, sendo esses oito dígitos stllrittrrrlr, , p"t llr' "em dois segmentos de quatro dÍgitos. coÌÌÌ() ( rìr I I I I lt 'r I

0829 qrre identifica a ReDisttl.lo -EscoIQ (k ltll'lt"t,,'\1""" '

daLlFMG. Quando esse periódico mudou (l( ll(ìllrr ' rrr Irr:rrpara PerspecÍÍDals em Cíêt'Lcía da lnJorÍnalÇ(lí, o I i rÌ lr'1: ri

a ser rssN 1413-9936.O iSSN é útil em processos inforrnatiz:rtk rr; rltr r trr "1 "r"

atualização e conexões de bases de clados { lr'r rrl,' r'rr =- ì !

transmìssão de informaçoes. Em bibÌiottllls. ltr"lr 'rrr 'lli ri

nos processos de aquisici'ro de peritidicos. t orrlr,r| rl' 'r ' 'lrr I

turas. empréstimos entre bibliotecas e lrsr) (lr r,rl'il"l" '

coletivos.A agência internacional do ISSN slÌgerc (lll( rrt l,r.rlrrr 'r'l'

na parte superior direita da capa e no verso tlrr lí'llr'r,lr r"'to de cada fascÍclllo, juntanente com as illlì)t rrrirl iri ri ltr r:ìl '

sobre o Periódico. Em versÕcs em Ìinha dcvt llr"tt lrrrrlI rlì'titulo ou na páginâiniciaÌ e, no caso devers;t,, ( rrr' r' r';r'i: t

na etiqueta de identificação.SegÌÌndo a NBR 105257/1988. o ISSN dev('iìlt,rr r L I r:rtrr

bém junto ao registro de catalogaçào na Ptrl)li(;r' 'rrr' 'l rrl'ìda legenda bibliográfica na folha de rosto

A atribuição do IssN é 1êita corÌì base nos s('Ar IiI Il', |,,,ì tI','. a cada publicacãÌo seriada se atribui llrrr rrrrlí " !

que está ligado à fonna padronizada do titrrIr r lr'rt '

. urll 1SSN só pode ser aloceldo urna ultit :r I r .' ' , ""periódico encenar slra publicaçào. seu ISSN s( trr:rrtli'r ' lrI

culado a ele, sem ser reutilizado:. no casode mudanca de titlÌlo. um 1Ìo\() ll;l"l ',r t,t tlri

buÍdo ao periódico:

84 85

Page 50: campello, bernadete - introdução ao controle bibliográfico

=vr

. o ISSN pode ser alribuído zÌ li\,'Íos publicados em colc-çòes; nesse caso os livros receberão o ISSN que identifica acoleçào como um todo. alérn do lsBN que identificaria cadavolume individuaÌmeÌìtr':

. suplementos. seçaxìs. subséries. ediçoes em outrosidiornas podem r-t ceber rs:\ pt'óprios:

. mrÌdanças dc editora, lugâr de prrblicação, periodi-cidade e política editorial não reqllererÌÌ a atribuiqào de novoISSN, mas devem ser conlrnicaclâs ao centÍo nacional paraatualizaçáo do cadastro rlo periódico.

Desde 1984. o ISSN está iÌrtegrado ao ÌtAN-Ì3, o sistema decódigo de barras mais amplamerìte usado no mundo. Paraa conslrução da sinrboliztrçào em barras utiliza-se o prefixo977, que indica a categoria da publicâção, anteposto aoISSN. São acrescentados o rìÍrmero correspondente ao códigode preço e dois dÍgil'rs variávejs.

ISSN no BrasilO controle bibliográfico de periódicos no Brasil tem sido,desde muito tempo. uma das funções do Instituto Brasileirode Informâção em Ciênciâ e Tecnologia (latcT) que, a partirda década de 1950, produziu listas de periódicos, a últimadas quais foi o Guia de publícclçoes seriadas brasúleiras, em1987. Outra âlribuiçào do lBrcf è a organizaçào e manu-tenção do Catálogo Coletivo Nacionâl de Publicacões Seria-das. Essa institlrição apresentavâ-se, portanto, como oespâço natural para abrigar o centro brasileiro do ISSN.

criado eÌn 1975.

AABr{r tem participaclo da consolidaçào desse mecanismode controle bibliográíico de periódicos. Aprovou â NeRlO525 /1988, que flxa diretrizes para deÍinir e promover o uso doISSN.

Em face do aparecinerìto de sistemas que úsam a iden-tificar partes especÍficas de publicaÇões, como o DigitalObject ldentifier (ooD e o Serial Item and Conbibution lden-tifier (SICD, o ISSN. qlre ider-Ìtificâ o periódico no todo, buscaencontrar novas verterìtes paÍa continuar contdbuindo para

a organização e estruturação dã internet' cttt lr:tst s:r('llrl't"que"gaÌantâm qualidâde às informações da lltrlt"

outÍos slstemas de identiÍicaçáo numérica

O volume e a complexidade crescentes de publi< irr;t x's' I I L t tt

da utillzação corrónte de processos informáticos llo I ll llvll lltittiogtaii"o, têm conduiido à criaQão de sistemrts tl<'Il'tttificação numérica paÌa outros tipos de materiais

.

À èxperiencia obtida com identificadores nun.ì(Ìì'i(l)s (k'

liwos e'periódicos tem sido aproveitada'- com fre<litcttt l '

em inici;tivas Íelativas a materiais náo bibliogrffìcos c rììiìlsrecentemente, a publicações em linha'

International Standard Music Number (ISMN)

Foi o qÌÌe ocorreu. por exemplo' com as publicaçõ€s musi'

cais, que podem possuir agora o lnternational Standarcl

ú,-,.i"'ll"*U". (làrrrn), criaão em 1993' para identificar

editores e obras musicais. O ISMN funciona de forma seme-

lhante ao ISBN, tanto no que diz respeito ao gerenciamento

ão sistema, quanto à estrutura do código utilizado' ,cujasregras estão iistematizadas na norrna lso fO957/ 1993'

O sistema é administrado por uma agência intemacional

que promove, coordena e supervisiona os procedimentos

para utilizaçao do código e suâs aplicaçÕes Ela aprova a

àscoìha e a estruturâ de agências nacionais e regionais e

lhes fornece séúes de prefixos dos editores' As agências

nacionais ou regionais' por sua vez' são encarregadas de

airibuir o" pr.úo" aoJ editores sob sua jurisdiçáo' Os

editores ficain responsáveis por administrar as quotas de

códigos que recebem.

A agência internacional do lsMN, que funciona na

Staatsbïliothek, de Berlim, publica o MusÍcpublishers' ínLer'

iattonat IIMN directory e aáministra a base de dados de

"àito.." de partituras musicais, que inclui cerca- de- 909r'i

dos produtores de música impressa em todo o mundo',Atuarl-

me;te, o trabaÌho da agência intemacional está voltado para

a di\'ìrlgacão do sistema, a fim de sensibilizaÌ os editorcs

86 a7

Page 51: campello, bernadete - introdução ao controle bibliográfico

-q

pâra sua importância e utilidade. Até agora, 4l pâises ouregÍõesjá aderiram, no total de 17O0 ediiores cadãstrados.

Podem receber o rSMN os seguintes tipos de documentos:. partiturasl. pârtituras paÌâ estudo ou de bolso:. partituras vocais;. conjuntos de partes;. partes individuais, se disponiveis separadamente;. folhas de música popular;. antologias;. produtos multimidia quando constituirem parte

integrante de uma publicação musical (por exemplo, umafita gravacla que constitua parte de uma^composiçãoj;o comentários ou letras de cançoes, quando publicadosjuntamente corÌì a música impressa (se estiverem ãisponíveisseparadamente);

. cancioneiros (song books) (opcional);

. pubÌicaçoes musicais em microformas:. publicações musicais em braille:. publicaçoesmusicaiseletrônicas.Não recebem o rSMN: liwos sobre música, gravações isolâdasde áudio ou údeo e periódicos e séries nã todo. Em algunscasos taìvez seja diíicil decidir se um material constitui p;bh_caqão musicaJ, passivel de receber o ISMN. ou é üwá, queterá o tsBN, Nesses casos, o material pode receber ambos,

O código é formado por dez dígitos, separados em quatrosegmentos. O primeiro é â letra M que o distingue de óutrossistemas de identificaqão numérica; o segunão é o prefixodo editor: o terceiro corresponde ao tÍtulo que idàuficadetermìnada pubÌicação e, por último, o dÍgito áe verÍficação,que valida o número. como por exemplo: n,l Z3OO_Zt f g_2.

OISMN pode ser integrado ao sistema de código de barrasEAN- 13, com o prefixo 979, como no seguinte eiemplo:

lStr{N:M2306I1B7

llllrilillt riltil IilililtIlilI rrl90230ró7'i 1g7rl

No Brasil, o centro nacional do IsMN cslir rrrll,rrlrr rr,r

Biblioteca NacionâÌ, que pubìicou enì l1)1,{i rrrrrrll lrrr'lorientar os editores na solicitação do nrilÌr(:rrr rrrrr rrrrrlll,lIr

Internationãl Standard Audiovisual NumbeÍ (tg^NlProdutores de trabaÌhos audioüsuais tambénr IXX k'll r r rl lll/r rlum sistema de código numérico cujo objetivo a'kl('llllllr,rÌma obra audiovisual com um nttmero único e ìl(Ìr'uril| r't tlr',de modo a permitir que seja reconhecida sem anÌl)lAiìklrrLe internacionalmente,

O International Standard Audiovisual Number {tsAN) l('ldesenvolvido pelo comitê de documentação da IS() c l)iìl11)cinado pela lnternational Association for the Collcctivr'Management ofAudioúsualWorks, IntemationaÌ Federaliotrof Film Producers' Associâtion e InternationaÌ Confederal ior t

of Authors' and Composers' Societies.O sistema é administrado peÌa ISAN International Agen(y

que coordena e mantém o registro centraL dos números [or-necidos. além de ser a responsável por supervisionar o tra-balho das regístraüon agencies (agências de registo) do ISAN,

que serão encarregadas de receber e processar os pedidosde registro, fornecendo os respectivos códigos para ossoìicitantes. O rsAN está no inicio de sua fase operacional e

do cadastramcnlo das agências nacionais.Na perspectivâ do sistema, audiovisual é um trabalho

que consiste numa seqúência de imagens relacionadas, comou sem acompanhamento sonoro, preústa para ser úsua-lizadâ como imagem móvel. por meio de mecanismos, independentemente do meio da gravaqão originaÌ ou subseqüente.

O número lsAN pode, portanto, ser atribuido a todos ostipos de trabalhos audioüsuais, sejam filmes, curtas-me-tragens. trcÍl,ers, produções para televisáo, inclusive episó-dios isolados de séries teleüsivâs. Íìhnes educâtivos e comerciais, eventos esportivos, noticiários, além de trabalhosmultimÍdia que contenham qualquer componente audioú-sual significativo.

O código utilizado assemelha-se ao do tssr'l: não é umdescrilor de conleúdo. mas um núlnero'cego'. orÌ seja. náo

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contém códigos ou elementos significauvos, ao contráriodo ISBN, cujos segmentos representam o país ou região ondeo li\To foi pubìicado, sua editora e o título da obra, como, porexemplo: ISAN 006 Â- 15FA,OO2B-C95!- À.

E importante salientar outra caracteristica peculiar doISAN: ele não identifica a publicaÇão ou material audioüsual.mas a obra. Isso significa que, ao contrário do rSBN, quealoca um número diferente para cada forrrrato de um Ìivro,o ISAM fornece um único número para a obra independente-mente dos vários formatos em que seja produzÌda.

Um sistema suplementar está sendo desenvolúdo emcolaboraÇão com a Society of Motion Picture and TeleúsionEngineers, dos EUA, e outras organizações, para permitir aidentificacão das várias versões da obra audioúsual, utili-zando o ts,qt como base.

As funções do rSAN, além da de identificação, são perrnitira autores, produtores e distribuidores de obras audioüsuaisacomparúar a utilização de seus produtos; verificar registrosde tituios e possibilitar ações contra a piratâÌia, além deauxiliar as associações controÌadoras de direitos âutoraisno gerenciamento de seus processos,

Essas agências, por sua vez, também mantêm sistemasde numeração p a identificação de mateíais, como é ocaso da International Federation ofthe phonographic Indus-try (IFPI) que criou e mantém o International StandardRecording Code (rSRcì. Destinado â identificar gravacoes desom e üdeogravaçòes de música, o rSRC foi criado paragarantir o controle de pagamentos de direitos autorais pelouso desses materiais. A Mpt representa atual[rente I45Omembros da indústria fonográíica de 75 paises e associâQõesafiliadâs à indúslria em 45 paises.

Digital Object ldentiÍier (Dor)

Atualmente, comeqam a surgir sistemas destinados a iden-tificar pllblicaçoes da internet. O Digital Obiect Identifier(Dor) é um sistema numérico que permite a identificaçãoÍlnica e precisa de informação veiculada na interrìet, faci-litando as transaçÕes entre usuários e produtores.

AcÌnìinistrado pela lnternational Dol Foulì(l:rlll)tr' (r

sistema foi lançado ern Ì 997' na Feira Internacion:rl t l I l'lvt o,

em Frankfurt. e. até o momento' milhões de números lirliÌrrrfornecidos pelas Dol Reglstration Agencies nos lisl:ttloriUnidos, Europa, Ásia e Austrália. Tendo suÍgido no Iltttttl.editorial. o sistema atuâlmente é mais utilizado por edilorrrstradicionais qlre trabalhavam com mateÍiais impressos ('

hoje oferecem paralelamente seus Produtos na interne(O ool pocìe ser atribuido a artigos de periódicos, verbctcs

de enciclopédias, imagens, lil,'ros eletrÔnicos, enfirn, qual-quer conteúdo intelectual que prccise ter seus direitos dc

propriedade protegidos. trssa é' Portanto' a flrnção originaldo DoI que, ao lado da função identificadora, permite aos

produtores de documentos digitais gerenciar suas transa-

çÕes com maior eficácia.O DoI é formado por dois componentes: um prefúo e um

suf*o. Os prefixos são forrÌecidos pelas agências de registroe identiÍìcarão as organizações produtoras. O suflxo, sepa

rado do prefixo por um travessão' é definido pela própriaprodutora e irá identficar determinado obieto dlgital' A orga-

nização produtora deve certificar se de que esteja atribuindoum número único e permanente para cada objeto digital,ou parte dele, cle forma a permitir sua identificação precisa'Esse número pode ser, por exemplo, um código ISBN que o

documento já possua. Esse procedimento üsa a evitar acentralização no fornecimento dos nÍtmeros, tornando o

sistema Dol mais ágil.A indústria editodal vem percebendo a importânciâ de

manter a inlernet como plataforrna de informacão orga-nizada e de qualidade, a1ém da necessidade de gaÍantirtransaeões mais eficazes CÓdigos de identilìcaçáo numéricapodem ser instrumentos úteis para tal fim.

Desenvolvidos inicialmente no mundo da publicaçãoimpressa, os identificadores numéricos, quando aplicadosao mundo digitaÌ, cumprem a funcão originaÌ de identiÍìcaçãoe ampliam suas possibilidades. ao permitir também o

controle de direitos autorais.

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I

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T

ReferênciasDAIGLE. L.L. 1SS,^,Ì JutÌlres: an Internet perspective. ISSN

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application. IÍrtellj.(ltioncll Cataloguíng & Bibliogrclphíc Control.v. 24, n. 1, p. t2 Ì5. 1995. Disponível em: http://www.ismn-internatior.Ìal.orglindex.html Acesso em:. 24/ 6 /2OO5.

âcesso à informação 4. 7agêncià bibliogÌ'áÍicâ nacioÌìal 22-

25conceito 22-23fuÌrções 23-25

Ì\ìgìo An-Ìerican Cataloguing Rules58.65

Bibliodata uer rede BibliodatabibÌiogÌafiâs

coÌÌerciais 50 5Ìnâcionâis 43 56

delinição 43, 44fom-Ìato 49funções 45mateÌiâl â ser incluÍdo 47 49no BrâsiÌ 52 55Ìegistros cètalográIicos 52-53terceirizâçáo 52univeÍsâis 9 Ì Ì

biblioteca de AÌexandria I,If]iblioteca Vaticana 65bibliotecas nâcionâis 20-30

estÌ1ltura 21 22evoìuçào 26-28funções 26-28ÌÌo Brâsil 28 30oÌigem 20 2I

câtaÌogação cooperativâ 68-70no BrâsiÌ 69 70

catâlogação nâ foÌÌte 70 77catalogação na publicacáo 70 77

no Prãsil75 77código da Vâlìcana 65 66Conferênciâ InteÌnacionaì sobre

Princípìos de CâtâIogação 59Controle BibÌiográíico UniversaÌ

I, t7conceito 2-3evolução 14origem 2, 12-Ì3

Indice

conversão retrospectiva 2

clepósìio Ìegal 32-42bibÌjotecâ depositáÍia 35cielìnìção 32depositântes 39história 32-33legisÌação 34-40mateÍiâÌ a seÌ depositado 35 38métodos de controÌe 39 lLO

no BrasiÌ 40 42número de exemplâres ár serem

depositados 38-39objetivos 35prazo pâra depósito 39princípios 34

descriçào bibliográíica uer pâdro-ÌÌização da descrição bibliográlicâ

DigìtaÌ Object ldentiÍìeÌ 90 9ÌcstnÌLura do númeÍo 9lofigem 9Ì

digitalização de livÌos 16 17The UniversaÌ Librâry 16- 17

Dublin Core 62 64Federâção Internâcional de Iníor-

maqão e Documentâção lÌ, Ì6Functional Requirements lor

Bibliogrâphic Records 61

IFLA-CDNL Alliance for Bibliogra-phic Stândards 14 15

Instit!Ìto InteÌrÌacional de BibÌiogrâfiâ Ì0-l I

Internationâl Standard Audioú-sual Number 89 90estrutrÌra do número 90lunções 90origeÌn 89

lnteÌnâtionâI Standard BibliogÍaphic Description 60

9392

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ÌÌrteÌrational Siârr(laÌ (l li()okNunrlrer 78 83âgência brasileira 82agôncia últcrnacional 79estrutlrra do núDero E0 81localizaçã() d() nirÌneÌo 8 Ì fì2no Brâsil 82-83origenÌ 78'79

InLfl'nationaÌ 51aìrd:ìrrl MusicNunber 87 89âgência brasileira 89agôÌìcia internacrional 87 BBestluiÌrrâ do nÍüÌ-Ìeì o slJ

IÌìiefilationâl Stândard ScÌ ÌalNumbcr 83-87agêÌlcia brasiÌeira 86agêÌrcia jnteÌllacionâl 84eslÌ'LÌtura do nÌinero 85ÌocaÌizaçào do nrimero 85Ììo ljÌ'asil 86 87origerìì 83

MARC] 59NN|IS Ì2

pâclronizâção da clescrÍlào bibÌio-gráíica 57-67

peÌiócìico cientifico I IorigcÍì Ì Ì

Pürakes l-2ÌrreseÌaraqiìo do patrirnònio d(x u

menlal 4 8progrâÌnâs 15 16razões par:ì ÌrreseÌvar 4 6

Progrârìr:ì Gerâl de Informâção 12

rccle Bibliodâta 70Rerü ào lnternacionaÌ de Especia

Ìistas enì Catalogâção 59SeÌf iço clc lntcrcãÌnbìo clc Catalo-

gaqào 59sisterÌas de icleÌrtilicâção nrÌméri

câ de doauÌìentos 78 92Dor 90 9lrs^N 89-90rsrJN 78 83rsMN 87 89rssN 83-87

Unisisi l2Universal Bibliographìc Control

and ìnlernationaÌ MARC 1,1

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