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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO RICARDO LUÍS ALVES DA SILVA ESTUDO SOBRE OS PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE CONTROLE DE EMERGÊNCIA NA INDÚSTRIA QUÍMICA JOÃO PESSOA - PB 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

RICARDO LUÍS ALVES DA SILVA

ESTUDO SOBRE OS PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE CONTROLE DE EMERGÊNCIA NA

INDÚSTRIA QUÍMICA

JOÃO PESSOA - PB 2006

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RICARDO LUÍS ALVES DA SILVA

ESTUDO SOBRE OS PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE CONTROLE DE EMERGÊNCIA NA

INDÚSTRIA QUÍMICA

Dissertação submetida a apreciação da banca examinadora do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção.

Área de concentração: Gestão da Produção

Subárea: Tecnologia, Trabalho e Organizações.

Professor orientador: Paulo José Adissi

JOÃO PESSOA - PB 2006

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S586r Silva, Ricardo Luís Alves

Estudo sobre os procedimentos para elaboração de um plano de controle de emergência na industria química / Ricardo Luís Alves da Silva - João Pessoa, 2006.

114f. il.: Orientador: Prof. Dr. Paulo José Adissi Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)

UFPB/CT/PPGEP 1. O plano de controle de emergência 2. Acidentes industriais 3.

Industria química I.Título.

CDU 614.8:67(043)

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RICARDO LUÍS ALVES DA SILVA

ESTUDO SOBRE OS PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE CONTROLE DE EMERGÊNCIA NA

INDÚSTRIA QUÍMICA

Dissertação julgada e aprovada em 31 de agosto de 2006 como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba.

Área de concentração: Gestão da Produção Subárea: Tecnologia, Trabalho e Organizações.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Prof. Paulo José Adissi - DSc.

Universidade Federal da Paraíba Orientador

___________________________________________ Prof. Celso Luiz Pereira Rodrigues Universidade Federal da Paraíba

Examinador

___________________________________________ Prof. Anísio José da Silva Araújo – DSc.

Universidade Federal da Paraíba Examinador

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“A minha esposa, minha filha e minha

mãe, personagens de extrema importância no

apoio moral, afetivo e espiritual, para

concepção deste trabalho”.

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AGRADECIMENTOS

• Em primeiro lugar a Deus por toda saúde física e mental e pela quebra das barreiras que

porventura poderiam travar o desenrolar deste processo;

• A meus pais por todo suporte que me foi proporcionado, e que me permitiu galgar mais

esta etapa da minha vida;

• A Flaviana Gomes, minha namorada, que se tornou noiva e esposa no decorrer deste

processo e com a qual compartilho um lar e um grande amor. Pelo seu carinho, atenção,

dedicação, paciência, pela sua capacidade de compreender e perdoar, pelos momentos de

incentivo e inspiração, pelo amor que sente por mim, enfim por tudo, pois este espaço seria

insuficiente para detalhar tudo;

• A Ayane Lucia, minha filha, com a qual aprendo e ensino, vivo momentos de alegria e

satisfação. Pelo seu carinho, vitalidade, inteligência e pela motivação e inspiração que me

transmite;

• A toda minha família: irmão, irmãs, cunhados, cunhada, sobrinhos, sobrinhas, tios, tias,

que participaram de variadas formas no meu processo de formação pessoal e acadêmico;

• A Paulo Adissi, meu orientador, pela paciência, segurança, apoio, tranqüilidade e

sabedoria que sempre me transmitiu nas sessões de orientação;

• A todos os professores e funcionários do programa de pós-graduação em engenharia de

produção da UFPB, pela competência e dedicação no exercício de suas funções;

• A todos os pesquisadores e amigos que fazem parte do Grupo de Pesquisa em Ergonomia,

Segurança e Saúde no Trabalho – GESST do CEFET-PE, em especial ao Prof. Ricardo Matos

pelo apoio e orientação durante a pesquisa;

• Aos oito alunos bolsistas do PIBIC-Júnior que fazem parte do projeto que oriento sobre

acidentes industriais ampliados, por todas as contribuições que forneceram durante a

realização deste trabalho;

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• Aos meus colegas de trabalho, professores o curso de técnico de segurança do trabalho do

CEFET-PE, pelo apoio que me forneceram assumindo a minha carga-horária durante o

período em que fiquei afastado;

• Ao professor Robson Passos do CEFET-PE pela motivação, orientação e por ter,

inicialmente, me acompanhado nesta jornada;

• Ao todos que fazem parte do setor de Segurança, meio ambiente e saúde da empresa

(Edgar, Mônica, Jacó, Mesquita, Fábio Schimit, Robson) onde realizei a pesquisa, e a todos os

funcionários entrevistados que fazem parte dos diversos setores da empresa, e em especial ao

senhor Edison Fernandes, técnico de Segurança do trabalho e o senhor Ricardo Matte,

engenheiro de segurança do trabalho, que se demonstraram totalmente receptíveis e

viabilizaram o meu trabalho.

• Ao prof. Anísio Araújo da UFPB, por toda bibliografia que colocou a minha disposição,

enriquecendo muito este trabalho e pelas orientações enquanto componente da banca

examinadora;

• Ao prof. Celso Luiz do PPGEP da UFPB, por todas as orientações durante suas aulas e

enquanto componente da banca examinadora.

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RESUMO

Esta dissertação, tomando-se por base as conseqüências dos acidentes industriais ampliados

ocorridos, parte da idéia de que estes tipos de acidentes poderiam ser mitigados com maior

eficiência, caso as indústrias tivessem planos de controle de emergências mais eficientes. Por

isso, resolveu-se desenvolver um estudo dos procedimentos prescritos existentes e

recomendados para a elaboração de um plano de controle de emergência destinado à

indústria química, onde estes acidentes são bem mais característicos. De forma

complementar, realizou-se um estudo de caso numa indústria química localizada na grande

Recife, onde se avaliou o plano de controle de emergência existente e se constatou que o

nível de atendimento deste plano em relação aos requisitos identificados no levantamento

bibliográfico realizado foi de setenta e nove vírgula oitenta e dois pontos percentuais.

Objetiva-se, com este trabalho, apresentar um conjunto de orientações e procedimentos que

devem ser levados em conta no momento da elaboração de um plano de controle de

emergência para uma planta industrial.

Palavras-chave: plano de controle de emergência, acidentes industriais ampliados, indústria

química.

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ABSTRACT

This work, based on the reports about the consequences of extended (major) industrial

accidents, defends the idea that these types of accidents could be mitigated with bigger

efficiency if the industries had developed efficient Emergencies Control Plans-ECP.

Therefore, it is presented a theoretical study of existing and recommended prescribed

procedures that are used on the developing of an emergency control plan for chemical

industries. It is also related the case study which refers to a chemical industry, located at the

metropolitan region of Recife city. Then, it is shown the analysis about the actual ECP of

this industry in particular and several results like this one that says that seventy nine comma

eighty two percent of the identified requirements were in according with all those points

related by the researched bybliography. Finally, it is presented a set of orientations and

procedures that could be taken in account at the moment of the elaboration of an ECP-

Emergency Control Plan for an industrial plant.

Key-words: Emergencies Control Plans, extended industrial accidents, chemical industry

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Número de catástrofes tecnológicas de 1969 a 1993 por continente............... 12

Tabela 2 - Nível de atendimento da empresa em relação ao quadro normativo.............. 63

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LISTAS DE QUADROS

Quadro 1 - Mudanças que ocorreram nos princípios de negócios e na melhoria das legislações no mundo em função dos acidentes ocorridos............................................... 14

Quadro 2 - Exemplos de explosões industriais................................................................ 16

Quadro 3 - Exemplos de incêndios graves....................................................................... 17

Quadro 4- Exemplos de emissões graves......................................................................... 17

Quadro 5 - Procedimentos adotados para efetivação dos objetivos................................. 47

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - Total de acidentes ampliados com mais de 50 óbitos, ou mais de 100 lesionados, ou mais de 50 milhões de dólares em prejuízo, fazendo uma comparação entre países de economia periférica e de economia central, entre 1974 e 1987.............. 8

Figura 2 - Síntese da concepção interdisciplinar sobre as causas dos acidentes................ 20

Figura 3 - Resumo do processo produtivo de borracha sintética........................................ 50

Figura 4 – Sistema de spray em bomba hidráulica............................................................. 55

Figura 5 – Sistema de spray acionado, provocando forte neblina d’água ao redor de vaso de reação..................................................................................................................... 55

Figura 6 – Hidrante dotado de canhão monitor.................................................................. 55

Figura 7 – Resfriamento de vaso com suposto vazamento de produto inflamável............ 57

Figura 8 – Atendimento a vítimas em simulado de emergência....................................... 57

Figura 9 – Localização do cenário do acidente.................................................................. 58

Figura 10 – Ponto de encontro de funcionários em caso de evacuação de área................ 58

Figura 11 – Simulação de vazamento de polímero de borracha, devido a rompimento de junta de união..................................................................................................................... 59

Figura 12 – Contenção de vazamento de polímero de borracha utilizando cortina de água..................................................................................................................................... 59

Figura 13 – Cenário do rompimento da dutovia de 1,3 butadieno..................................... 62

Figura 14 – Cenário de colisão entre veículos com vítimas............................................... 62

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AAF – Análise de Árvore de Falhas

AAE – Análise de Árvore de Eventos

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIPA – Análise Interdisciplinar de Prevenção de Acidentes

AMFE – Análise de Modos de Falhas e Efeitos

APELL - Awareness and Preparedness for Emergencies at Local Level

APP – Análise Preliminar de Perigo

ART – Análise de Riscos de Trabalho

CEE – Comunidade Econômica Européia

CEFIC – Conselho Europeu das Federações das Indústrias Químicas

CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica

CMA – Associação das Indústrias Químicas dos Estados Unidos

CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa

CNQ – Confederação Nacional dos Químicos

COE – Centro de Operações de emergências

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

CUT – Central Única dos Trabalhadores

FACEPE – Fundação de Apoio a Ciência do Estado de Pernambuco

FIAS - Fichas de Impactos Ambientais Significativos

GLP – Gás Liquefeito do Petróleo

HAZOP – Análise de Perigo e Operabilidade

ISO – International standard organisation

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

NBR – Norma Brasileira

OECD – Organisation for Economic Co-operation and Development

OIT – Organização Internacional do Trabalho

OHSAS - Occupational Healt and Safety Assessment Series

OSHA - Occupational Safety and Health Administration

PAM – Plano de Auxílio Mútuo

PCE – Plano de Controle de Emergência

PCP – Planejamento e Controle de Produção

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PIBIC – Programa de Bolsas de Iniciação Cientifica

PSM - Process Safety Management of Highly Hazardous Chemicals

PT – Permissão para Trabalhos

P2R2 - Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais

com Produtos Químicos Perigosos

UNEP - Programa Ambiental das Nações Unidas

UFPB – Universidade Federal da Paraíba

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ÍNDICE Introdução....................................................................................................................... 1

Interesse Sobre o Tema................................................................................................ 1

Natureza do Problema de Pesquisa............................................................................... 4

Justificativas................................................................................................................. 6

Objetivos...................................................................................................................... 10

Capítulo 1 - Fundamentação Teórica........................................................................... 11

1.1 Desastres Tecnológicos e as Lições de Preparação e Resposta............................. 11

1.2 Acidentes Industriais Ampliados........................................................................... 15

1.2.1 Definição............................................................................................................. 15

1.2.2 Tipos................................................................................................................... 16

1.2.3 Causas................................................................................................................. 18

1.2.4 Conseqüências..................................................................................................... 21

1.3 A indústria de Processamento Contínuo................................................................ 22

1.4 Análise de Riscos................................................................................................... 25

1.5 Plano de Controle de Emergência – PCE............................................................... 29

1.5.1 Considerações Iniciais......................................................................................... 29

1.5.2 Definições e Objetivos........................................................................................ 35

1.5.3 Quadro normativo............................................................................................... 38

1.6 Proposição de um instrumento de verificação........................................................ 45

Capítulo 2 – Metodologia.............................................................................................. 47

2.1 Tipo e natureza da pesquisa................................................................................... 47

2.2 Variáveis da pesquisa............................................................................................. 47

2.3 Instrumentos da pesquisa....................................................................................... 47

2.4 Sujeitos da pesquisa............................................................................................... 48

Capítulo 3 – Estudo de caso.......................................................................................... 50

3.1 Considerações iniciais........................................................................................... 50

3.2 A empresa – Histórico.......................................................................................... 50

3.3 Porte da empresa e produtos................................................................................. 51

3.4 Processo produtivo................................................................................................ 52

3.5 Segurança, saúde e meio ambiente....................................................................... 53

3.6 Análises de risco.................................................................................................... 53

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3.7 PCE interno........................................................................................................... 54

3.7.1 Plano de fuga...................................................................................................... 56

3.7.2 Equipamentos..................................................................................................... 56

3.7.3 Simulados do PCE interno.................................................................................. 57

3.7.3.1 Primeiro cenário.............................................................................................. 58

3.7.3.2 Segundo cenário.............................................................................................. 59

3.7..3.3 Terceiro cenário.............................................................................................. 60

3.8 PCE externo........................................................................................................... 61

3.8.1 O grupo coordenador.......................................................................................... 61

3.8.2 Comunicações.................................................................................................... 61

3.8.3 Simulados do PCE externo................................................................................. 62

3.9 Síntese da avaliação do nível de atendimento ...................................................... 64

3.10 Recomendações para uma melhor elaboração de um PCE................................. 66

Capítulo 4 – Conclusões................................................................................................. 68

4.1 Dificuldades......................................................................................................... 69

4.2 Novos estudos...................................................................................................... 70

Referências Bibliográficas.............................................................................................. 71

Anexo I – Planilha de analise preliminar de perigos – APP............................................. 77

Anexo II – Planilha de Analise de riscos e operabilidade – HAZOP.............................. 78

Anexo III – Exemplar do convite entregue as comunidades para participação na palestra de sensibilização do simulado externo................................................................ 79

Apêndice – Lista de verificação aplicada na empresa e roteiro de entrevista.................. 80

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INTRODUÇÃO

É primordial preparar-se para uma eventual catástrofe, sempre possível, apesar de

todos os esforços feitos para evitá-la. Numa indústria é necessário prever e planejar as ações

numa emergência e poder enfrentá-la da maneira mais adequada, evitando-se improvisações.

Em caso de acidente ou perigo, será muito tarde para estabelecer uma estratégia de

ação levando-se em consideração todas as conseqüências possíveis. Isto significa, portanto

que indústrias devem possuir “planos de controle de emergência”. Este trabalho é fruto de

uma trajetória de pesquisa científica realizada no campo da indústria química,

especificamente no tocante ao estudo do processo de elaboração, implantação e

implementação do plano de controle de emergência em uma indústria de borracha sintética

na região metropolitana da cidade do Recife no estado de Pernambuco.

Interesse sobre o tema

Desde da década de 70 que a ocorrência de acidentes tecnológicos vem aumentando

nos países de economia periférica, principalmente na América Latina e Ásia, devido ao

processo acelerado de industrialização. Podemos citar como exemplos de grandes acidentes:

Vila Socó (Brasil), onde ocorreu uma explosão de um oleoduto, resultando no registro de 508

óbitos, em San Juan de Ixhuatepec (México) onde um vazamento de Gás Liquefeito do

Petróleo (GLP) de um tanque de estocagem causou vários incêndios, explosões e resultando

em 550 mortos. E por fim, o mais grave acidente tecnológico já registrado ocorrido na cidade

de Bhopal na Índia, onde aconteceu um vazamento de uma substância altamente tóxica,

denominada Metil-isocianato, em uma fábrica localizada nas redondezas da cidade, com 2500

óbitos (FREITAS, C.M; PORTO, M. F. S; & MINAYO GOMEZ, 1995). O Cenário existente

nestes países na época retrata muito bem as causas dos acidentes ocorridos: um processo de

industrialização desordenado e um intenso e incontrolado processo de urbanização,

acompanhado de um grande fluxo migratório do campo e regiões pobres para os grandes

centros urbanos, cenários estes seguidos de um processo de exportação de perigos através das

transferências de tecnologias de países de economia central para os de economia periférica

(WISNER, 1994). Porto (2000) assinala que essas transferências de tecnologias ocorrem, na

maioria das vezes, com um duplo padrão, onde multinacionais adotam padrões inferiores de

segurança industrial e proteção do meio ambiente, em relação a suas matrizes, afetando assim

a saúde dos trabalhadores e as comunidades expostas nos países de economia periférica.

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Após a ocorrência dos acidentes em Flixborough - Inglaterra e Seveso-Itália,

que trouxeram como conseqüência várias mortes e uma grande agressão ao meio ambiente. A

Comunidade Econômica Européia – CEE adotou uma série de providências com vista à

prevenção de acidentes tecnológicos ou industriais. Em 24/06/1982, foi publicada

oficialmente a “Diretiva de Seveso”, sendo o primeiro grande acordo internacional sobre o

tema. Segundo a diretiva, os países membros da CEE comprometeram-se em implementar

programas preventivos junto às unidades industriais que manipulassem substâncias químicas

perigosas de modo a prevenir a ocorrência de acidentes maiores (diretiva 96/82/CE, diretiva

de Seveso, 1982). Em outubro de 1996 essa diretiva foi alterada para Diretiva de Seveso II

(CEE, 1996), passando a mesma a tratar de outros itens tais como: substâncias ecotóxicas,

planos internos e externos, sistemas de gestão e relatórios de segurança.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), na 80º sessão da sua conferência

geral, realizada em Genebra, em 02/08/1993, aprovou a convenção 174 (FUNDACENTRO,

2002-B), que trata da prevenção de acidentes industriais maiores, cujos principais objetivos

são: prevenir a ocorrência de acidentes maiores e minimizar os riscos dos acidentes maiores e

seus efeitos. A convenção traz uma série de recomendações para implementação de

programas de prevenção de acidentes maiores em instalações industriais, contemplando ações

a serem adotadas pelos governos, indústrias e trabalhadores. Na década de 80 o

Departamento de Indústria e Meio ambiente (IEO) do Programa Ambiental das Nações

Unidas (UNEP) em cooperação com a Associação das Indústrias Químicas dos Estados

Unidos (CMA) e o Conselho Europeu das Federações das Indústrias Químicas (CEFIC),

criaram o APELL – Awareness and Preparedness for Emergencies at Local Level (alerta e

preparação de comunidades para emergências locais). O APELL é direcionado aos perigos

industriais e à movimentação de materiais de risco na comunidade local, e divide-se em duas

partes: a conscientização da comunidade e o plano de atendimento a situações de emergência

(REGO, 2002). A norma de especificação para sistemas de gestão da segurança e saúde no

trabalho (OHSAS-18001), bem como a norma de sistemas de gestão ambiental, a NBR ISO

14001, apresentam, na seção 4.4.7, a necessidade de preparação e atendimento a emergências.

A NBR 14004, que trata das diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de

apoio do sistema de gestão ambiental, na seção 4.3.3.4 específica as ações de apoio

necessárias para a preparação e o atendimento a emergência. A Organização Internacional do

Trabalho – OIT em 2001 publicou a ILO-OSH 2001(Guidelines on Occupational Safety and

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Health Management Systems) sobre diretrizes de sistemas de gestão da segurança e saúde no

trabalho. A mesma, no item 3.10.3, apresenta recomendações para prevenção, preparação e

atendimento a situações de emergências que devem ser adotadas e mantidas. Essas medidas

devem identificar o potencial de ocorrência de acidentes e situações de emergências, e

direcionar a prevenção dos riscos de Saúde e Segurança do Trabalho a eles associados

(FUNDACENTRO, 2005). Segundo Serpa e Prado-Monje (2000), na Conferência das

Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no rio de Janeiro em

1992, o tema foi amplamente discutido pelos países presentes, tendo sido previsto no capítulo

19 da Agenda 21 ações diretamente relacionadas com problemas decorrentes dos produtos

químicos perigosos, merecendo destaque os programas para redução de riscos. Para que os

governos, com apoio das organizações internacionais elaborem políticas nacionais e

estabeleçam as regulamentações necessárias à prevenção e preparação para casos de

acidentes e as respectivas medidas de respostas para fazer frente a esses episódios.

No Brasil a Convenção OIT 174 foi ratificada pelo Congresso Nacional, por

intermédio do Decreto Legislativo nº 246/2001, e sancionada pela Presidência da República

por meio do Decreto 4.085, de 15.01.02, e entrou em vigor no país a partir de 02 de agosto de

2002. Em 1998, o Ministério do Trabalho e Emprego formou uma comissão tripartite,

ampliada em 2000, composta por representantes de organizações governamentais, de

empregadores e de trabalhadores para acompanhar a implantação dessa Convenção no Brasil

e divulgar os seus principais aspectos para a comunidade envolvida e/ou interessada no tema,

que na verdade é mais conhecido no país como “Acidentes Industriais Ampliados”, com o

intuito de não rebaixar os acidentes de trabalho ou de trânsito a acidentes menores. Pois os

mesmos causam muito mais vítimas (Porto, 2000). A legislação nacional através da lei 6514

/77, e portaria 3214/78, especificamente nas normas reguladoras 22, 23 e 29 (MANUAL DE

LEGISLAÇÃO, 2006), não são omissas. Nota-se que há uma preocupação com os aspectos

emergenciais nas diversas atividades industriais, principalmente em relação aos recursos

materiais e formação de pessoal para combate a incêndio e primeiros socorros, uso de

sistemas de alerta e alarmes, como também elaboração do plano de controle de emergência –

PCE.

Os trabalhadores, através do Seminário Nacional de Riscos de Acidentes Maiores,

ocorrido no município de Atibaia, no estado de São Paulo, em dezembro de 1995, sob a

coordenação da Confederação Nacional dos Químicos da Central Única dos Trabalhadores

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(CNQ/CUT), também contribuíram com recomendações para o controle e preparação, através

de um documento denominado “Carta de Atibaia sobre Acidentes Industriais Ampliados – A

Visão dos Trabalhadores”, constituindo-se um marco sobre a evolução do assunto no Brasil

(CNQ/CUT, 2000). Após o acidente da Indústria Cataguazes de papel, onde o rio Pomba

(MG) foi muito contaminado por resíduos químicos, causando um impacto ambiental de

grandes proporções, o Ministério do Meio Ambiente criou em 3 de junho de 2004 o Plano

Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com

Produtos Químicos Perigosos – P2R2. O objetivo do plano é prevenir a ocorrência de

acidentes com produtos químicos perigosos e aprimorar o sistema de preparação e resposta a

emergências químicas no País. O P2R2 será constituído de ações, atividades e projetos a

serem formulados e executados de forma participativa e integrada pelos governos federal,

distrital, estadual, municipal e pela sociedade civil (P2R2, 2004).

É clara a preocupação dos principais órgãos que lidam com os trabalhadores e com a

produção industrial, com a proteção das pessoas, do patrimônio da empresa e do meio

ambiente. Essa proteção se traduz não somente pelas medidas preventivas adotadas na

implantação, concepção, construção, exploração e manutenção das unidades industriais e seus

equipamentos, mas também através de um planejamento prévio para o domínio das

conseqüências de situações acidentais. Pois, se apesar de todas as precauções tomadas a

emergência ocorrer, a obrigação de proteger o pessoal e o meio ambiente subsiste.

Neste contexto, surgiu o interesse por desenvolver esta dissertação de mestrado, com

o propósito de contribuir com o entendimento do que é um Plano de Controle de Emergência,

e facilitar a sua elaboração através de um estudo de roteiro de atividades.

Natureza do problema de pesquisa

A nível internacional existem vários programas que justificam a necessidade da

elaboração e implementação dos planos de controle de emergência em indústrias, os quais

indicam teoricamente quais os passos a serem seguidos para efetivação dessas etapas.

Baseado nisso, estudou-se um caso real com o intuito de descobrir os procedimentos

utilizados por uma indústria química da região, para a efetivação desses planos, como

também descobrir se o roteiro utilizado atende a algum dos programas existentes sobre o

tema.

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Considera-se Acidentes Industriais Ampliados eventos agudos, como uma emissão,

incêndio ou explosão nas atividades de produção, isolados ou combinados, envolvendo uma

ou mais substâncias químicas perigosas com potencial para causar simultaneamente

múltiplos danos: sociais, ambientais e à saúde física e mental dos seres humanos expostos

(MINAYO, 2000). Estes tipos de acidentes têm a capacidade de causar múltiplos danos em

um único evento, possuindo, também, o potencial de provocarem efeitos que se estendem

para além dos locais e momentos de sua ocorrência, ultrapassando os limites da indústria e

atingindo comunidades vizinhas, trazendo conseqüências muitas vezes que se perduram por

tempo indeterminado, afetando gerações.

Segundo a norma americana OSHA 3088 (2001), uma emergência num local de

trabalho é uma situação de imprevisto que ameaça seus empregados, fregueses, ou o público,

causa interrupções ou encerramento de operações e pode trazer danos físicos ao meio.

Um Plano de Controle de Emergências eficazmente implementado poderá reduzir a

zero o número de mortes por um acidente industrial ampliado, como também reduzir

significativamente os danos materiais. Por isso fez-se necessário identificar quais os

procedimentos que mas facilitam e que também dificultam a operacionalização desses

planos, esperando-se recomendar, através de erros e acertos, passos importantes que ajudem

na elaboração do mesmo. Assim, um plano de controle de emergência constitui um

instrumento simultaneamente preventivo e de gestão operacional, uma vez que ao

identificar os riscos, estabelece os meios para agir face ao acidente.

Segundo Cardella (1999), um controle de emergência é o conjunto de ações que

visam obter o controle das situações nas quais os fatores do risco emergem como fatos atuais,

ameaçando produzir danos e perdas, enquanto que, o sistema de gestão da função controle de

emergência é o conjunto de instrumentos que a organização utiliza para planejar, operar e

controlar suas atividades no exercício da função controle de emergência.

Procedimentos são processos, métodos ou modo de portar-se, enquanto que

elaboração é preparar gradualmente e com trabalho, formar, organizar, tornar assimilável

(FERREIRA, 1988).

Nesse sentido, ao delimitar as fronteiras desta pesquisa, definiu-se como unidade de

análise a indústria química, verificando-se que nesse campo o conhecimento produzido sobre

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os planos de controle de emergências deve ser uma constante, devido às atividades e

produtos utilizados apresentarem alto grau de periculosidade. Segundo Freitas (1996), em

1990 comercializou-se 300 milhões de toneladas de químicos orgânicos no mundo, número

relativamente grande em relação ao ano de 1950 que foi de 7 milhões. Este aumento de

consumo levou ao crescimento das atividades de produção, armazenamento e transporte de

substâncias químicas, que em nível global provocou um aumento no número de seres

humanos expostos aos seus riscos, tanto em seus processos, como no transporte, consumo e

descarte ao longo do ciclo produtivo. As estatísticas comprovam que é nesse ramo de

atividade que mais ocorre acidentes industriais ampliados, e que, são nos países de economia

emergente que se registram o maior número de eventos. Países como: Brasil, Índia e México,

foram palcos de grandes acidentes.

Levando em consideração que na década de 90 a expansão industrial no estado de

Pernambuco foi retomada, devido às políticas públicas e principalmente após a inauguração

do porto de Suape, localizado na cidade do Cabo de Santo Agostinho, delimitou-se a

pesquisa, à Região Metropolitana do Recife. Assim sendo, essa preocupação constitui o

limite de definição desta proposta de estudo, cujo problema a ser pesquisado pode ser

definido como:

Em que medida os procedimentos utilizados para efetivação de um plano de controle de

emergência em uma indústria química, refletem as orientações oriundas do quadro

normativo internacional?

Justificativas

A partir da II Guerra Mundial, o surgimento de novos produtos químicos aumentou

sensivelmente, principalmente devido à mudança da base de carvão para o petróleo,

acarretando no desenvolvimento e expansão do complexo industrial químico. Na década de

80, plantas para produção de etileno e propileno ultrapassaram a escala de um milhão de

toneladas e o transporte e armazenamento seguiram o mesmo ritmo. Para se ter uma idéia, a

capacidade dos petroleiros no pós-guerra cresceu de 40.000 toneladas para 500.000, e a

capacidade de armazenamento de gás de 10.000 m3 para 150.000 m3 (FREITAS, C.M;

PORTO, M. F. S; & MINAYO GOMEZ, 1995).

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Devido ao crescimento das atividades de produção, armazenamento e transporte de

substâncias químicas em termos mundiais, ocorreu um aumento no número de seres humanos

expostos a estes riscos. Estas substâncias possuem características de: toxidez,

inflamabilidade, corrosibilidade, e com propriedades de provocar danos ambientais e a saúde

humana como câncer e outras doenças. Este fato também foi otimizado pelo não

acompanhamento do desenvolvimento da sociedade, na mesma velocidade, para o controle

dos riscos inerentes a estas atividades.

Paralelamente observa-se um aumento na freqüência e gravidade dos acidentes

químicos nessas atividades. E de acordo com um estudo sobre grandes acidentes no mundo,

onde foram levantados aqueles com mais de cinco óbitos ocorridos no período entre 1945 e

1989, divulgou um total de 293, dos quais 135 (47%) ocorreram no transporte de produtos

perigosos, 118 (40%) na produção industrial, 33 (11%) em tubulações e 7 (2%) em atividades

de ocorrência desconhecida. Caracterizando assim a produção industrial como o segmento

que mais contribuiu com óbitos por acidentes ampliados, Levando em consideração que as

tubulações em sua maioria se encontram dentro da indústria química e o transporte

geralmente é em função da produção industrial (FREITAS, C.M; PORTO, M. F. S; &

MINAYO GOMEZ, 1995).

Dados estatísticos demonstram que países de economia periférica estão

despreparados. A figura 1 mostra um gráfico com o total de acidentes químicos ampliados

com mais de 50 óbitos, ou mais de 100 lesionados, ou mais de 50 milhões de dólares em

prejuízo, fazendo uma comparação em termos de óbitos, lesões e acidentes entre países de

economia periférica e de economia central, entre 1974 e 1987. Pode-se observar que nos

países de economia central o número de acidentes foi bem maior (63), isso devido ao nível de

industrialização dos mesmos. Mas, em contra partida, o número de óbitos e lesionados foi

muito maior nos países de economia periférica, mesmo com o número de acidentes inferior.

Isso se deve a um nível elevado de preparo para emergências dos países de economia central,

evitando assim danos físicos aos trabalhadores e comunidades.

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Figura 1 - Total de acidentes ampliados com mais de 50 óbitos, ou mais de 100 lesionados, ou mais de 50 milhões de dólares em prejuízo, fazendo uma comparação entre países de economia periférica e de economia central, entre 1974 e 1987.

29 634601

636

72920

4718

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

Acidentes Óbitos Lesões

Países Econ.PeriféricaPaíses Econ.Central

Fonte: OMS apud FREITAS, C.M; PORTO, M. F. S; & MINAYO GOMEZ,1995

Diante dos exemplos citados a seguir é claro observar que as indústrias que se

preparam para emergência obtém melhores resultados de mitigação

“Bhopal, Ìndia, 1984. Em uma fábrica ocorre um vazamento tóxico, que mata 2500 pessoas,

nenhum plano de emergência foi acionado, nem informações sobre a toxicidade do produto

foram fornecidas à população & Mississagua, Canadá, 1979. Um trem carregado de

produtos tóxicos e explosivos descarrilha dentro de uma área urbana, cerca de 250 mil

pessoas são evacuadas seguindo um plano de emergência cuidadosamente elaborado,

nenhuma vida é perdida e poucos são os danos sofridos (SOUZA & SOUZA, 2000).”

Comparando as conseqüências desses dois acidentes de grandes proporções, ocorridos

em circunstâncias absolutamente distintas em termos de planejamento de emergências e das

ações de respostas executadas, percebemos a necessidade e a eficácia de um plano de

controle de emergência.

A proposta de estudar os procedimentos para elaboração de um plano de controle de

emergências surgiu da necessidade de se encontrar caminhos que facilitem as indústrias que

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não dispõem de planos de ação para emergência ou que dispõem de planos pouco eficazes.

Neste último caso, são vários os fatores que podem interferir na eficácia dos planos (SILVA

et al, 2004):

a) Políticas e programas de segurança abstratos, que percebem o acidente desvinculado da

atividade de trabalho, descontextualizado;

b) Planos que são elaborados sem a participação dos protagonistas das atividades de trabalho,

os operadores, que deveriam validá-los;

c) Planos que não dão conta dos aspectos integrados relativos à tecnologia (variabilidade

técnica), à organização (variabilidade organizacional, treinamento, capacitação,

dimensionamento de efetivos, organização temporal do trabalho) e às pessoas (competências,

variabilidade humana);

d) Planos que não evoluem com a evolução sociotécnica da organização (organização

autoaprendente implicaria em planos de emergência autoaprendente);

e) Planos que não evoluem com a evolução sociotécnica das indústrias do mesmo ramo e de

ramos diferentes, que poderiam se constituir como situações de referência para os contínuos

ajustes e adaptações;

f) Planos que não são acionados permanentemente em formas de simulação situada, que

considerem, também, os terceirizados da companhia.

Levando-se em consideração que a convenção 174-OIT (FUNDACENTRO, 2002-B)

que trata da prevenção de acidentes maiores, já tenha sido ratificada pelo congresso nacional,

existindo expectativa que esta seja regulamentada, tornando-se assim objeto de fiscalização.

Pretendeu-se, com este trabalho, contribuir com um melhor entendimento e interpretração da

norma, para sua efetiva implementação nas indústrias químicas, já que a mesma foi estudada

no presente trabalho.

Este trabalho também procurou atender ao item 7 da carta de Atibaia sobre os

acidentes industriais ampliados (CNQ/CUT, 2000), que recomenda às Universidades e

Instituições públicas, que articuladas com a sociedade civil organizada, contribuam

ativamente no desenvolvimento de pesquisas voltadas à análise e controle das causas e

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conseqüências dos acidentes industriais ampliados, inclusive, através de programas de

formação e informação para os trabalhadores e comunidades próximas às áreas de riscos.

Acredita-se também que a formação do pesquisador e proponente do estudo facilitou a

realização deste trabalho. Essa afirmação fundamenta-se na experiência do mesmo em

realização de atividades correlacionadas com o tema em indústrias químicas e petroquímicas,

como também em atividades de ensino do curso técnico de segurança do trabalho do Centro

Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco (CEFET-PE).

Objetivos

Objetivo Geral

Identificar, com base no quadro normativo internacional, os procedimentos relativos

ao plano de controle de emergência, posto em prática por uma industria química da região

metropolitana do Recife.

Objetivos Específicos

• Levantar o quadro normativo nacional e internacional sobre planos de controles de emergência;

• Elaborar um instrumento de verificação do nível de atendimento de um PCE em relação ao quadro

normativo internacional;

3) Levantamento e estudo dos procedimentos de elaboração de planos de controle de

emergência na indústria química;

4) Aplicar o instrumento de verificação desenvolvido em uma indústria química

situada na região metropolitana do Recife.

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CAPÍTULO 1 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 Desastres tecnológicos a as lições para preparação e resposta

O acelerado processo de desenvolvimento tecnológico criou um meio ambiente no

qual a vida se tornou física e mentalmente doente. Poluição do ar, poluentes químicos, ruídos,

riscos de radiação e outras fontes de doenças psicológicas e físicas passaram a fazer parte do

cotidiano das pessoas. Malefícios que não são só conseqüências de um crescimento

tecnológico, mas também de uma economia obcecada pelo crescimento e expansão, que usa a

alta tecnologia para aumentar ainda mais a produtividade.

Segundo Capra (1997), além dos riscos para a saúde que se pode ver, ouvir e cheirar,

existem outras ameaças ao bem-estar que podem ser muito mais perigosas, porque afetarão a

humanidade numa escala muito maior, no espaço e no tempo. A tecnologia humana está

desintegrando e perturbando seriamente os processos ecológicos que sustentam o meio

ambiente natural e que são a própria base da existência da raça humana.

Outra conseqüência dessa corrida sem freios em busca do aumento da produtividade e

crescimento foi o surgimento dos desastres tecnológicos, provenientes em sua maioria de

falhas humanas no gerenciamento de plantas industriais.

Para a enciclopédia de saúde e segurança da Organização Internacional do Trabalho –

OIT (2001) o termo Desastre é definido como: “Um transtorno do ecossistema humano que

impede a comunidade de continuar com seu funcionamento normal”

Inicialmente os desastres tecnológicos afetavam, sobretudo as pessoas de

determinadas profissões, mas a partir da 2º Guerra Mundial, com o rápido crescimento e

expansão da industria química e o uso da energia nuclear, esses acontecimentos passaram a

afetar pessoas situadas fora da área de produção e o meio ambiente em geral.

A freqüência desses acontecimentos, também conhecidos como desastres industriais,

aumentaram à medida que ocorria a expansão industrial. Alguns acidentes entraram para a

história da humanidade, como os que aconteceram em Seveso (Itália), Bhopal (Índia) e

Chernobyl (URSS). Inicialmente, esses acidentes começaram ocorrendo em regiões

desenvolvidas industrialmente, principalmente na Europa, onde temos, por exemplo, os

acidentes da Sandoz (Suíça), Flixborough (Reino Unido), e Seveso (Itália). Com o processo

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de desenvolvimento de países de economia emergente, ocorreu um grande fluxo de

transferência de tecnologia proveniente dos países desenvolvidos, seguido de um processo de

exportação de perigos, pois nesses países, as medidas legais de proteção do meio ambiente e

saúde pública eram muito menos rigorosas. Levando-se em consideração também que os

processos transferidos eram adaptados a contextos muito distintos para o qual estes foram

previstos inicialmente, um processo de funcionamento degradado iniciou-se, acarretando no

acontecimento de uma série de acidentes industriais, dos quais pode citar como exemplo os

da cidade de Bhopal, Cidade do México e Vila Socó (Brasil). Os acontecimentos foram de

vários tipos: emissões químicas, explosões e incêndios. A TABELA 1 mostra o número de

catástrofes tecnológicas de 1969 a 1993 por continente.

Tabela 1 - Desastres tecnológicos de 1969 a 1993 por continente.

África América Ásia Europa Oceania Total

Acid. De transporte 213 321 676 274 18 1502

Acidentes industriais 24 97 97 88 4 310

Incêndios 37 115 236 166 29 583

Fonte: Walker, 1995 apud OIT, 2001, pág. 04.

Apesar da variedade e freqüência dos desastres tecnológicos pode-se extrair algumas

lições comuns sobre como prevenir suas aparições e como mitigar seus efeitos sobre a

população, com ações de preparação e resposta.

Para a Enciclopédia de Segurança e Saúde do Trabalho da OIT (2001) pode-se

relacionar cinco lições em particular:

1) É conveniente que vários especialistas trabalhem em estreita coordenação, em

geral deveriam considerar aspectos relacionados com as conseqüências ambientais dos

agentes químicos, suas propriedades tóxicas para os seres vivos, a flora e a fauna, a

medicina clínica e patológica, a bioestatística e epidemiologia;

2) Tomando como base dados preexistentes que podem ser obtidos nas fases iniciais,

deve-se elaborar o antes possível um plano global, para que sejam determinados

objetivos, problemas, e recursos necessários;

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3) As primeiras fases da atividade influem em toda atuação posterior, devido a isso é

conveniente prever efeitos em longo prazo em caso de desastres industriais, deve-se

prestar uma grande atenção para garantir a disponibilidade das informações

necessárias para estudos posteriores;

4) Ao planejar-se estudos em longo prazo, deve-se dar forte importância na

viabilização das ações, para facilitar as conquistas científicas e de saúde pública e a

clareza de informações;

5) Sobretudo por razões de validação e eficácia é aconselhável basear-se em

informações sólidas, sempre que possível na hora de escolher e enumerar a população

de estudo, estimar o grau de exposição e eleger os critérios de valor.

Zeballos (1993, apud OIT, 2001) recomenda as seguintes diretrizes, para evitar

ocorrências desta natureza, com o objetivo de proteger os trabalhadores e a população em

geral:

• Escolher a tecnologia adequada e estudar alternativas;

• Localizar adequadamente as plantas industriais;

• Controlar os assentamentos nas mediações das industrias;

• Considerar segurança nos processos de transferência de tecnologia;

• Inspeção sistemática das plantas por parte das autoridades locais;

• Aquisição de conhecimentos e experiências de agências especializadas;

• Observar o papel dos trabalhadores na observância das normas de

segurança, Rigor na legislação;

• Catalogação dos materiais perigosos e supervisão de sua utilização;

• Educação da população e formação dos trabalhadores;

• Estabelecimento de mecanismos de resposta em caso de emergências.

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Araújo (2004) apresenta no QUADRO 1 uma relação das mudanças que ocorreram

nos princípios de negócios e na melhoria das legislações no mundo em função dos acidentes

ocorridos:

Quadro 1 - Mudanças que ocorreram nos princípios de negócios e na melhoria das legislações no mundo em função dos acidentes ocorridos.

ANO LOCAL EMPRESA CONSEQÜÊNCIAS PRODUTO EVENTO MUDANÇAS

1974 Flixborough Inglaterra Ind. Química

28 mortos 89 feridos

US$ 150 milhões em prejuízos

Ciclohexano Incêndio Explosão

Exigências legais para licenciamento de

instalações na Inglaterra

1976 Seveso Itália

ICMESA CHEMICAL

250 lesões 600 pessoas retiradas

Tetraclorodibenzeno

paradioxina Vazamento

Aprimoramento das analises de risco, Exigências legais

para licenciamento deinstalações, Criada a Diretiva de Seveso.

1982 Rio de

janeiro/Brasil

Transportador 6 mortes Pentaclorofenato de sodio Intoxicação

1º lei para o transp. prod. perigosos no

Brasil (dec. 88821/83)

1984 Bhopal/Ìndia Union Carbide 2500 mortes

50.000 lesões Isocianato de

Metila Vazamento

Rigor na legislação, pressões dos

acionistas em relação a Seg. e Meio

Ambiente, altas indenizações, criado o programa APELL

1984 Cubatão/SP Petrobras 98 Mortes Nafta Incêndio/ Explosão

A ONU incentiva projetos envolvendo industria, governos e

comunidade.

1986 Chernobil Usina Nuclear Estatal

300 mortes 300.000 pessoas

retiradas, impactos econômicos em países

da Europa.

Plutônio e outros

Vazamento Radioativo

Pressão mundial para regulamentar

aspectos de seg. mais rigorosos,

aperfeiçoamentos dos PCE.

1989 Alasca Exxon petroleiro

Impactos ambientais e econômicos Petróleo Incêndio/

Explosão

Alteração dos projetos dos

petroleiros com a obrigação de casco

duplo.

2001 Campos -RJ Petrobrás – P36

11 mortes, prejuízos de US$ 45 milhões Petróleo Incêndio/

Explosão

Reavaliação dos riscos envolvendo

plataformas. Fonte: ARAÚJO, 2004, pág. 95.

1.2 Acidentes industriais ampliados

1.2.1 Definições

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O termo “Acidente Industrial Ampliado” foi desenvolvido por pesquisadores

brasileiros em análise crítica ao termo Acidente Industrial Maior, mais utilizado nos países do

continente europeu. A Justificativa para o termo é que a palavra “ampliado” tem o potencial

de expressar, de uma forma mais apropriada, as características de ampliação no espaço e no

tempo das conseqüências desses acidentes sobre a sociedade, a saúde e o meio ambiente, sem

incorrer na desqualificação de outros tipos de acidentes, como relatado na introdução deste

trabalho.

Além da definição já citada, pode-se relacionar mais algumas definições de autores e

entidades especializadas. Alguns autores utilizam a denominação “Acidente Ampliado” ou

“Acidente Químico Ampliado” baseados no fato de que o maior número de ocorrências são

na indústria química. O termo “Acidente Industrial Ampliado” parece ser mais adequado, pois

abrange todos os ramos industriais podendo, sendo definido como:

“Eventos agudos, como uma emissão, incêndio ou explosão nas atividades de

produção, isolados ou combinados, envolvendo uma ou mais substâncias químicas perigosas

com potencial para causar simultaneamente múltiplos danos, sociais, ambientais e à saúde

física e mental dos seres humanos expostos (FREITAS, C. M., PORTO, M. F. S; &

MACHADO, J. M. H, 2000)”.

Segundo a Diretiva de Seveso de 1982 das comunidades européias o termo usado são

“Acidentes Maiores”, sendo definido como:

“Uma ocorrência, tal como uma emissão, incêndio ou explosão envolvendo uma ou

mais substâncias químicas perigosas, resultando de um desenvolvimento incontrolável no

curso da atividade industrial, conduzindo a sérios perigos para o homem e o meio ambiente,

imediatos ou em longo prazo, internamente e externamente ao estabelecimento.”

A convenção 174-OIT (FUNDACENTRO, 2002-B) define Acidente maior como:

“Todo acontecimento subitâneo, como uma emissão, um incêndio ou uma explosão

com magnitude, no curso de uma atividade em instalação sujeita a riscos de acidentes

maiores, envolvendo uma ou várias substâncias perigosas e que implicam em grave perigo

,imediato ou retardado, para os trabalhadores, a população ou o meio ambiente”.

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Observando as definições, pode-se concluir que apesar das pequenas diferenças ou

especificidades de cada uma, é clara a preocupação com a preservação do homem e do meio

ambiente em que ele vive.

1.2.2 Tipos

O Acidente Industrial Ampliado pode ser dividido do ponto de vista qualitativo em

(FREITAS, C. M., PORTO, M. F. S; & MACHADO, J. M. H, 2000):

• Explosões – A súbita liberação de energia provocada pelas explosões pode tomar

diversas formas. Os efeitos das explosões físicas tendem a ser locais, porém as explosões

químicas chegam a ter amplas repercussões, uma vez que podem resultar em incêndios e

emissões de substâncias tóxicas perigosas. O QUADRO 2 mostra alguns exemplos de

explosões industriais

Quadro 2 – Exemplos de grandes explosões industriais.

CONSEQÜÊNCIAS SUBSTÂNCIA

QUÍMICA MORTOS FERIDOS

LUGAR E ANO DA OCORRÊNCIA

Éter dimetílico 245 3.800 Ludwigshafen, República Federal da Alemanha, 1948

Querosene 32 16 Bitburg, República Federal da Alemanha, 1948

Isobutano 7 13 Lake Charles, Lousiana, Estados Unidos, 1967

Resíduos petrolíferos 2 85 Pernis, Países Baixos, 1968

Propileno - 230 East Saint Louis, Ilinois, E. U.A., 1972

Propano 7 152 Decatur, Ilinois, E.U.A.., 1974

Ciclohexano 28 86 Flixborough, Reino Unido,1974

Propileno 14 107 Beek, Países Baixos, 1975

Pólvora 7 80 Pontezinha, Pernambuco, Brasil, 1995 Fonte: OIT, 2001, pág. 7.

• Incêndios – No caso dos incêndios, além da radiação de calor e dos possíveis

incêndios e explosões adicionais, existem ainda os riscos associados à própria combustão

dos químicos envolvidos, resultando na emissão de múltiplos gases e fumaças tóxicas e

atingindo áreas distantes. O QUADRO 3 mostra exemplos de incêndios graves.

Quadro 3 – Exemplos de Incêndios Graves.

SUBSTÂNCIA QUÍMICA CONSEQÜÊNCIAS LUGAR E ANO DA OCORRÊNCIA

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MORTOS FERIDOS

Metano 136 77 Cleveland, Ohio, Estados Unidos, 1944

Gás Liquefeito do Petróleo 18 90 Feyzin, França, 1966

Gás Natural 40 - Staten Island, Nova York, Estados Unidos, 1

Metano 52 - Santa Cruz, México, 1978

Gás Liquefeito do Petróleo 650 2500 México DF, México.1985 Fonte: OIT, 2001, pág. 8.

• Emissões – As características físico-química das emissões acidentais são

determinadas de sua toxidade, vias de exposição e extensão atingidas. A forma sólida

tem menor capacidade de se estender além dos limites da zona afetada, sendo mais

freqüente em casos de armazenamento ou disposição inadequada de resíduos. O

QUADRO 4 mostra exemplos de emissões graves.

Quadro 4 - Exemplos de emissões graves.

CONSEQÜÊNCIAS SUBSTÂNCIA

QUÍMICA MORTOS FERIDOS

LUGAR E ANO DA OCORRÊNCIA

Fosgênio 10 - Poza Rica, México, 1950

Cloro 7 - Wilson, República Federal da Alemanha, 1952

Dioxina/TCDD - 193 Seveso, Itália,1976

Amoníaco 30 25 Cartagena, Colômbia,1977

Dióxido de azufre - 100 Baltimore, Maryland,, E. U.A.,

1978

Sulfeto de hidrogênio 8 29 Chicago, Ilinois, E.U.A., 1978

Isocianato de metila 2.500 200.000 Bhopal, Índia ,1984 Fonte: OIT, 2001, pág. 8.

O código de práticas da OIT (FUNDACENTRO, 2002-A) categoriza os acidentes

maiores de uma maneira geral pela natureza e quantidade de substância presente nas instalações,

dividindo-se nas seguintes categorias:

a) Emissão, em toneladas, de substâncias tóxicas letais ou nocivas, mesmo a distâncias

consideráveis do local da emissão;

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b) Emissão, em quilogramas, de substâncias extremamente tóxicas, letais ou nocivas,

mesmo a consideráveis distâncias do local da emissão;

c) Emissão, em toneladas, de líquidos ou gases inflamáveis que, ao se inflamarem,

podem produzir altos níveis de radiação térmica ou formar nuvens de vapor explosivo;

d) Explosão de materiais instáveis ou reativos.

1.2.3 Causas

Geralmente, a investigação das causas de acidentes se limitam aos muros da fábrica,

com metodologias e disciplinas específicas, havendo sempre o predomínio das engenharias e

quase sempre sem uma efetiva integração entre as mesmas. Mas, para os Acidentes

Industriais Ampliados sente-se uma necessidade de investigá-los de uma maneira mais

apurada, pois seus efeitos extrapolam os limites da fábrica e ampliam-se no tempo e no

espaço, fazendo assim com que a análise de suas causas não se restrinja somente ao que se

encontra no âmbito das empresas.

A prevenção de acidentes é fundamental em qualquer indústria, e sua importância é

crescente à medida que os riscos existentes podem provocar graves conseqüências, como nos

acidentes industriais ampliados. No caso das indústrias químicas e petroquímicas,

freqüentemente esses acidentes têm o potencial de afetar simultaneamente a saúde dos

trabalhadores, da população ao redor das fábricas e o meio ambiente, além de acarretar

grandes perdas econômicas (FREITAS, C.M; PORTO, M. F. S; & MINAYO GOMEZ,

1995).

Na investigação do acidente o método mais empregado pelas empresas do país segue

o modelo tradicional, que resume as causas em ato e condição insegura, sendo pouco os

casos em que as causas básicas, de origem gerencial e organizacional, são levadas em

consideração. Nesse contexto superar as concepções monocausais torna-se essencial, pois as

mesmas limitam o aprendizado das organizações com suas falhas e tendem a culpar os

trabalhadores pelos acidentes.

Nessas indústrias, os processos de trabalho envolvem uma complexidade tecnológica

bastante sofisticada, sistemas complexos fortemente interligados, em que disfunções em

certos subsistemas podem, por meio do chamado “efeito dominó”, levar a Acidentes

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Sistêmicos, nos quais todo o sistema ou grande parte, é destruído, implicando prejuízos de

enorme valor (PERROW, 1984 apud MACHADO, 2000)

No caso dos Acidentes Industriais Ampliados considera-se o risco relacionado à

natureza do processo produtivo, pressupõe a existência contínua, eventual ou extraordinária

de energia ou substâncias materializadas normalmente nas tecnologias utilizadas e com

potencial de gerar danos à saúde. Esses danos podem ser provocados, por exemplo, pela

presença de temperaturas elevadas, de máquinas perigosas, de processos e substâncias

tóxicas, inflamáveis ou explosivos, fazendo com que certas instalações, processos e

substâncias possam ser classificados de acordo com o potencial de gerar prejuízos à saúde

(MACHADO, J. M. H, FREITAS, C. M. & PORTO, M. F. S, 2000).

Segundo a Análise Interdisciplinar e Participativa de Acidentes – AIPA as fases de

prevenção podem ser resumidas em estrutural, operacional e mitigadora (MACHADO, J. M.

H, FREITAS, C. M. & PORTO, M. F. S, 2000).

A fase estrutural se caracteriza por um tipo de prevenção que extrapola o nível da

empresa e envolve as características da sociedade no qual determinado processo produtivo se

insere, expressando a interação social com as situações de trabalho, o território, as

instituições, a legislação, os movimentos sociais, o nível de organização social e cidadania da

população em geral e dos trabalhadores envolvidos em situações de risco.

A fase operacional pode ser dividida em dois grandes grupos. O primeiro constitui-se

em uma etapa essencial ao controle dos riscos e diz respeito às principais características que

definem a concepção do projeto tecnológico, o sistema organizacional e de gerenciamento

das empresas, bem como a localização de uma planta industrial. A segunda fase da prevenção

operacional se realiza quando a empresa encontra-se em operação. É o principal momento na

monitoração contínua dos riscos presentes nos processos de trabalho, por intermédio do

cumprimento e do aperfeiçoamento das medidas de segurança previstas, até mesmo porque

muitos dos riscos e da eficiência das medidas preventivas adotadas não podem ser

amplamente avaliados antes do início efetivo da operação da planta industrial, principalmente

com relação às novas tecnologias de processos e produtos.

A fase mitigadora refere-se aos acontecimentos internos e externos às fronteiras do

local de trabalho posteriores aos eventos de risco, de caráter técnico, médico e jurídico-

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institucional, com implicações econômicas e políticas. A figura 2 tenta sintetizar a concepção

interdisciplinar sobre as causas dos acidentes, relacionando-as com as diferentes fases

preventivas no processo de geração das situações e eventos de risco.

Figura 2 – Síntese da concepção interdisciplinar sobre as causas dos acidentes.

Condicionantes Macroestruturais Falhas Gerenciais Efeitos

Falhas Técnicas e Fatores Humanos Afetados População Ciências sociais e humanas Meio Ambiente Trabalhadores Disciplinas Tecnológicas

Epidemiologia, Psicologia, Clínica Médica, Toxicologia, Ecologia Aplicada.

Fonte: MACHADO, J. M. H, FREITAS, C. M. & PORTO, M. F. S, 2000, pág. 66.

É do ponto de vista da AIPA que se pode observar as causas subjacentes

caracterizadas pelas omissões gerenciais e organizacionais, incluindo a ausência de uma

cultura de segurança, falta de treinamento, inobservância dos procedimentos de segurança,

entre outros, e as causas imediatas caracterizadas pelos fatores humanos, falhas de

componentes e de manutenção.

Dentro dos processos de transferência de tecnologia pode-se identificar como agentes

causadores de Acidentes Industriais Ampliados a inadequação antropotecnológica e o modo

degradado de funcionamento. A antropotecnologia ou adaptação da tecnologia à realidade

PREVENÇÃO PREVENÇÃO PREVENÇÃO

Causas Subjacentes Causas Imediatas Situações de risco

Eventos de risco/ Acidente

Nível

Global da

Nível do

Setor Nível da

Empresa

Nível do

Setor/Local

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do país comprador, busca estudar e resolver as dificuldades de origem geográfica, econômica

e antropológica (WISNER, 1994).

As dificuldades de origem geográfica e econômica podem ser caracterizadas pelas

condições do clima local, má qualidade e insuficiência de água, falha no fornecimento de

energia elétrica, transporte e comunicações. Do ponto de vista da antropologia, existem as

limitações físicas e culturais dos que vivem na região e são recrutados para adequar-se a

máquinas e instrumentos quase sempre antropotecnologicamente inadequados, como também

a regimes de trabalho a que estão pouco adaptados.

Como conseqüências de tais fatores aparece o “Funcionamento em Modo

Degradado” que em geral significa um processo de deteriorização gradual dos equipamentos

e dispositivo técnicos de uma instalação ou situação de trabalho caracterizado por um estado

de disfuncionamento e de incidentes constantes (DUARTE & VIDAL, 2000).

Outra causa com grande potencial gerador de Acidentes Industriais Ampliados é o

“Duplo Padrão” que diz respeito às indústrias multinacionais que adotam altos padrões de

segurança e controle de suas instalações e pessoal em seus países de origem, devido ao grau

de desenvolvimento da legislação. Mas, de maneira contrária, nos países de economia

periférica onde instalam suas filiais constata-se, muitas vezes, a não introdução ou até

eliminação de medidas de segurança por motivos de custo, além do não investimento na

qualificação dos seus empregados, na manutenção e modernização das instalações e no

treinamento dos operadores (PORTO, 2000).

1.2.4 Conseqüências

Por possuir características inerentemente inesperadas, instantâneas e brutais, os

Acidentes Industriais Ampliados podem trazer conseqüências mediatas aos seres humanos,

como intoxicações, fraturas, queimaduras e até a morte, bem como ao meio ambiente,

atingindo o solo, ar, água, fauna e flora.

Pela natureza dos eventos (incêndios, emissões, explosões), podem ainda ocorrer as

conseqüências espaciais, onde os danos ultrapassam os limites da indústria agredindo

comunidades vizinhas e meio ambiente de bairros e cidades próximas. As conseqüências

temporais são caracterizadas por impactos ambientais que se perduram por muito tempo

originando doenças (carcinogênese, mutagênese, teratogênese) em órgãos-alvo específicos

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nos seres humanos e às vegetações e aos seres vivos no meio ambiente futuro (FREITAS,

C.M; PORTO, M. F. S; & MINAYO GOMEZ, 1995).

Outras modalidades de conseqüências provenientes desses acidentes são as

psicológicas e sociais. O grande barulho originado de uma explosão, mesmo que na ausência

de conseqüências provocadas pelo intenso e subseqüente deslocamento de ar, que poderiam

causar danos físicos, poderá implicar nesse tipo de conseqüências para aqueles que ouviram e

vivenciaram. O mesmo acontece quando se pode visualizar chamas de um grande incêndio,

ou mesmo apenas ouvir notícias de um grande acidente pelos meios de comunicação, como o

ocorrido nos acidentes de Seveso e Chernobyl.

Além dos aspectos políticos e legais, deve-se considerar a preocupação que a

indústria passou a manifestar com relação à própria sobrevivência financeira e á ameaça de

perda de mercado que a exposição ao marketing negativo de um acidente com sérias

repercussões externas pode significar (ROMANOW & GARCIA, 1996 apud SOUZA &

SOUZA, 2000).

São conseqüências que podem afetar a vida individual, famílias, grupos,

comunidades, instituições públicas e privadas, credibilidade de cientistas, economia de uma

região. Isso porque o espaço físico e o meio ambiente em que ocorre um acidente é

simultaneamente um espaço social e um meio ambiente social (FREITAS et al, 1995).

1.3 A Indústria de processamento contínuo

Para Menezes (1985, apud PORTO, 1994) as indústrias químicas podem se classificar

em quatro categorias de geração, tomando-se como referência o início da cadeia produtiva.

As indústrias de primeira geração representam a base da cadeia de produção, são

representadas pelos ramos de extração e refino do petróleo e petroquímicas. As indústrias de

segunda geração são as que transformam os produtos básicos em intermediários,

representados pelas produtoras de substâncias químicas orgânicas e inorgânicas. Estes

produtos constituem a matéria prima das indústrias de terceira geração, que produzem, entre

outros: plásticos, agrotóxicos, óleos, tintas e detergentes. Os produtos da indústria de terceira

geração poderão ser disponibilizados diretamente aos consumidores ou servir de insumos

para outras empresas do ramo químico, que são caracterizadas como empresas de quarta

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geração, produzindo artefatos mais específicos para os consumidores, como embalagens

plásticas e outros.

De uma maneira mais simples pode-se definir as indústrias químicas de processo

como sendo as que produzem substâncias químicas como produto final, através de um

processamento que, em suas operações principais, realiza uma série de transformações de

natureza química ou físico-química, das diversas substâncias químicas, matérias-primas e/ou

intermediárias (PORTO, 1994).

Para Souza (2000) o termo contínuo se refere ao fato de que as transformações

ocorrem em sistemas fechados, com reagentes, catalizadores, matérias-primas e produtos

finais, circulando continuamente em diversos equipamentos e por diversas unidades de

produção. Para atender a este regime contínuo o sistema de trabalho se dá durante as 24 horas

do dia, todos os dias do ano, exigindo para isso várias turmas de trabalho em regime de

revezamento exercendo operações que consistem basicamente em monitorar e controlar os

equipamentos, através de variáveis do tipo temperatura, pressão, níveis, fluxos, vazões,

tensão, corrente, potência, velocidade, rotação, entre outras, mantendo-as o mais próximo

possível dos valores considerados ideais e fazendo com que interajam da melhor forma

(CRIVELLARI E TEIXEIRA, 1990 apud ARAÚJO, 2001). A atividade de vigilância e

controle dos instrumentos tem por objetivo intervir rapidamente frente à ocorrência de

anormalidades. Aliás, os imprevistos marcam a rotina nessas plantas industriais e as medidas

que tem sido aplicadas para minimizar os seus efeitos envolvem tanto o investimento no

aperfeiçoamento da instrumentação, como na capacitação da mão-de-obra envolvida

(ARAÚJO, 2001).

O trabalho nas indústrias de processo contínuo pode ser compreendido a partir de

quatro aspectos que se inter-relacionam e o caracterizam. Além de contínuo é complexo,

coletivo e perigoso (FERREIRA & IGUTI, 1996).

Quanto à complexidade a mesma caracteriza-se devido aos sistemas apresentarem

muitos modos de conexão entre seus componentes, que estão altamente acoplados resultando

em múltiplas e inesperadas interações não lineares que não podem ser totalmente controladas

(PERROW, 1984 apud SOUZA, 2000). Evidentemente as anormalidades possuem graus

variados de complexidade. Algumas são mais corriqueiras e, portanto, de mais fácil

superação, outras, entretanto, são inéditas, estando, inclusive, o seu domínio condicionado a

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uma intervenção coletiva. Por outro lado, a freqüência das anormalidades depende das

características da organização e das instalações, em especial do nível de degradação dos

equipamentos (ARAÚJO, 2001).

As atividades na indústria de processamento contínuo se caracterizam como coletiva

por necessitarem de equipes de funcionários trabalhando de maneira integrada, distribuídos

nas diversas unidades da fábrica e em constante comunicação.

Para Sevá Filho (2000) o trabalho é perigoso porque está relacionado ao

processamento de grandes volumes, em altas vazões, temperaturas e pressões, de substâncias

químicas que evaporam, se incendeiam ou explodem, ao uso de compostos químicos tóxicos

para os homens e para o meio ambiente e à operação de máquinas e equipamentos que podem

desencadear acidentes poderosos, com o potencial de causar múltiplos óbitos e lesões.

Duarte (2002) afirma que o surgimento de novas usinas e os projetos de modernização

tecnológica nas indústrias de processo contínuo tem apresentado freqüentemente resultados

insatisfatórios e criadas dificuldades importantes tanto para os operadores quanto para as

empresas. Pode-se citar alguns exemplos:

• Problemas de saúde e fadiga decorrentes da não adaptação dos meios de

trabalho á atividade;

• Riscos de acidente relacionados a dificuldades de representação do estado real

das instalações, sobretudo durante os períodos iniciais de operação;

• Insuficiência de formação dos membros das equipes de operação;

• Disfuncionamento quando da partida das instalações e longo tempo até a

estabilização do funcionamento do processo;

• Impossibilidade de fazer com que a carga efetivamente processada se

aproxime da capacidade nominal definida em projeto e

• Dificuldades, por todos esses fatores, em assegurar a qualidade prevista.

Os danos causados por grandes acidentes provenientes deste tipo de atividade são

visíveis, e na maioria das vezes desastrosos, sofrendo um paradoxo em relação ao processo

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produtivo que se reveste de um caráter simbólico. Pois os trabalhadores não vêem e não têm

contato com o produto, apenas manipulando-o através de instrumentos que comandam o

processo a distância, muitas vezes não conseguindo perceber os perigos, aos quais estão

expostos, em toda sua dimensão.

1.4 Análises de riscos

A primeira etapa para prevenção de Acidentes Industriais Ampliados é a utilização da

“Análise e Gerenciamento de Riscos”. É utilizando esta ferramenta que se consegue

identificar, quantificar, estimar conseqüências e controlar perigos com potenciais para gerar

acidentes.

Os estudos de análise de riscos podem ser considerados como importantes

ferramentas de gerenciamento, tanto sob o ponto de vista ambiental, como de segurança de

processos, em instalações e atividades perigosas, uma vez que esses estudos fornecem, entre

outros, os seguintes resultados:

• Conhecimento detalhado da instalação e de seus perigos;

• Avaliação dos possíveis danos às instalações, aos trabalhadores, à população externa

e ao meio ambiente;

• Subsídios para a implementação de medidas visando a redução e gerenciamento dos

riscos existentes na instalação.

Gerenciamento de riscos é um termo normalmente utilizado para caracterizar o

processo de identificação, avaliação e controle de riscos. Assim, de um modo geral, o

gerenciamento de riscos pode ser definido como sendo “A formulação e a implantação de

medidas e procedimentos, técnicos e administrativos, que têm por objetivo prevenir, reduzir e

controlar os riscos; e ainda, manter uma instalação operando dentro de padrões de

segurança considerados toleráveis ao longo de sua vida útil (FANTAZZINE & SERPA,

2002)”.

Os dados e informações que norteiam um programa de gerenciamento de riscos são

resultados dos estudos de análise de riscos; porém ao longo do tempo, esses estudos devem

ser revisados a atualizados, uma vez que os processos, materiais e equipamentos, ou mesmo a

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vizinhança ao redor da instalação tem suas características alteradas. Assim, periodicamente,

ou sempre que julgado necessário, os estudos de análise de riscos devem ser revistos para

propiciar os subsídios necessários á atualização e ao aperfeiçoamento do programa

(FANTAZZINE & SERPA, 2002).

Análise de Riscos é o estudo detalhado de um objeto com finalidade de identificar

perigos e avaliar riscos associados. O objeto pode ser organização, área, sistema, processo,

atividade, intervenção (CARDELLA, 1999).

Considera-se importante destacar a existência dos termos em inglês hazard e risk,

ambos associados à idéia de risco trabalhada pela análise de risco. O termo hazard representa

as características físicas, químicas, biológicas, mecânicas, ergonômicas e mesmo

organizacionais ou psicossociais, de produtos ou processos, com potencial de provocar danos

ou que estejam diretamente relacionadas à ocorrência de acidentes e doenças do trabalho. O

uso do termo risk aparece vinculado a uma expressão quantitativa do risco como produto

entre a probabilidade ou freqüência de ocorrência de eventos ou falhas e as conseqüências ou

danos relacionados aos mesmos (PORTO, 1990 apud SOUZA, 2000).

Segundo Souza (2000) a análise de risco aparece como uma resposta científica às

demandas sociais relacionadas ao aumento da preocupação pública com o controle dos riscos

tecnológicos, na mesma proporção em que a ocorrência de grandes acidentes industriais nos

setores químico e nuclear nas décadas de 1970 e 1980 revelou a possibilidade acentuada de

geração de vítimas não só entre os trabalhadores, ameaçando também a população em geral.

A análise de risco estuda a produção de riscos, o que inclui, em sua faceta mais técnica, a

utilização de métodos desenvolvidos pela segurança sistêmica ou direcionados por esta

abordagem.

A Segurança Sistêmica compreende as concepções de gerenciamento que almejam a

redução dos riscos de acidentes ou falhas a um mínimo possível, a ser atingido por intermédio

do detalhado estudo, planejamento e projeto dos sistemas de produção, reforçando a

confiabilidade dos mesmos (DWYER, 1991, apud SOUZA, 2000).

A seguir apresenta-se uma sinopse das principais técnicas de análise de riscos de

acidentes recomendadas pelo código de práticas da OIT, as mais aplicadas em indústrias,

principalmente as químicas de processo.

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• Análise Preliminar de Perigos (APP) – Consiste no estudo, durante as fases de

projeto e/ou operacional, com o fim de se determinar os perigos que poderão estar

presentes. Trata-se de um procedimento que possui especial importância nos casos em

que o sistema a ser analisado possui pouca similaridade com quaisquer outros existentes,

seja pela suas características de inovação, ou pioneirismo, o que vale dizer, quando a

experiência em perigos na sua operação é carente ou deficiente. A APP é uma análise

qualitativa, não voltada para um aprofundamento, uma vez que existem técnicas de

análise mais apuradas. Possui a capacidade de identificar as principais situações de perigo

e de estabelecer linhas de ação de controle, desde o início do ciclo de vida do sistema. É

usada para que seus benefícios sejam relacionados no sentido de proporcionar uma maior

segurança ao meio ambiente e à comunidade (FANTAZZINE & SERPA, 2002).

• Estudos de Identificação de Perigos e Operabilidade (HAZOP) – A técnica de

identificação de perigos e operabilidade que consiste em detectar desvios de variáveis de

processo em relação a valores estabelecidos como normais. O objeto do HAZOP são

sistemas, e o foco são desvios das variáveis de processo. O estado normal é caracterizado

por variáveis, como vazão, pressão, temperatura, viscosidade, composição e

componentes. Desvio é a diferença entre o valor de uma variável em dado instante e o

valor normal, como, por exemplo, maior vazão e menor pressão. O conjunto de desvios

possíveis contém o subconjunto dos desvios perigosos. Os desvios possíveis podem atuar

como agentes de ruptura ou promotores de capacidade agressiva. Assim, a pressão maior

pode romper uma tubulação. A técnica utiliza palavras guias que estimulam a criatividade

para detectar desvios. As palavras guia são seis: nenhum, reverso, mais, menos,

componente a mais, mudança na composição e outra condição operacional. As palavras

guia são aplicadas às variáveis de processo. Nenhum e reverso aplicam-se somente a

variáveis que podem ter mais de um sentido, como fluxo e diferença de pressão. Outras

condições operacionais referem-se a partidas, paradas, finais de campanha etc. O Hazop

pode ser aplicado tanto a processos contínuos como descontínuos (CARDELLA, 1999).

• Análise de Árvore de Falhas (AAF) – Consiste de um modelo gráfico que

representa as várias combinações de falhas de equipamentos e erros humanos que podem

resultar em um acidente. A construção da árvore parte do evento topo (acidente) e,

através de ramificações ligadas por chaves lógicas booleanas “e/ou”, chega às suas raízes.

O estabelecimento de probabilidades de ocorrência para cada uma das falhas permite a

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quantificação da probabilidade de ocorrência do evento topo para cada uma das cadeias

de falhas (SOUZA, 2000).

• Análise de Árvore de Eventos (AAE) – Também conhecida como Série de Riscos

(SR), é uma técnica de identificação de perigos e análise de riscos que identifica

seqüências de eventos que podem suceder em evento iniciador. A AAE pode ser

qualitativa ou quantitativa. Os objetos da AAE são áreas e sistemas de controle de

emergência nela contidos. Os focos são os eventos iniciadores e as séries de eventos

decorrentes. Ao contrário da árvore de falhas que é dedutiva, a AAE é indutiva,

caminhando em frente, identificando eventos que podem decorrer do evento iniciador

(CARDELLA, 1999).

• Análise de Conseqüências de Acidentes – Como ponto final da análise de uma

situação de risco, deve-se proceder à analise das conseqüências de um acidente maior

para determinar as conseqüências de um possível acidente para a instalação, os

trabalhadores, a vizinhança e o meio ambiente. A análise deve conter a descrição do

possível acidente, estimativa de emissão de produtos tóxicos e inflamáveis, cálculo de

dispersão do material liberado, quando necessário, avaliação dos efeitos nocivos. Os

resultados da análise devem ser usados para determinar que medidas de proteção se

fazem necessárias como sistemas de combate a incêndio, sistemas de alarme ou sistemas

de redução de pressão (OIT, 2002).

• Análise dos Modos de Falha e Efeitos (AMFE) – É uma técnica de análise que

consiste em identificar os modos de falha dos componentes de um sistema, os efeitos

dessas falhas para o sistema, para o meio ambiente e para o próprio componente. Os

objetos da AMFE são os sistemas. Os focos são os componentes e suas falhas. As etapas

da AMFE são: selecionar um sistema, dividir o sistema em componentes, descrever as

funções dos componentes, aplicar a lista de modos de falha aos componentes, verificando

falhas possíveis, verificar os efeitos das falhas para o sistema, o ambiente e o próprio

componente, verificar se há meios de tomar conhecimento de que a falha está ocorrendo

ou tenha ocorrido, estabelecer medidas de controle de risco e de controle de emergências

(CARDELLA, 1999).

• Lista de Verificação (Check-List) – Consiste em abordar o objeto de estudo,

verificando a conformidade de seus atributos com padrões. O objeto do check-list pode

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ser área, sistema, instalação, processo, equipamento. O check-list pode ter subdivisões

por especialidade de trabalho ou qualquer outra que se julgar conveniente. Os focos são

os desvios em relação aos padrões da lista. Quando os atributos são funções ou

desempenho de funções, a lista é constituída de testes e respectivas respostas-padrão. O

check-list é útil e eficaz nos trabalhos repetitivos cujos riscos são conhecidos e os padrões

bem estabelecidos (CARDELLA, 1999).

Observando as características das técnicas de análise de riscos apresentadas, pode-se

verificar que as mesmas conseguem identificar fatores básicos de causas relacionadas ao

gerenciamento da produção e organização do trabalho. Porém, a utilização dessas técnicas

pelos serviços de segurança existentes dentro das indústrias ainda se encontra bastante

deficiente, precisando de incentivos e investimentos em capacitação.

1.5 Planos de controle de emergências - PCE

1.5.1 Considerações Iniciais

O investimento na formulação e na implantação de um plano de emergência sofre as

conseqüências de um paradoxo comum a boa parte do que se faz com o objetivo de tornar

mais segura qualquer atividade humana: investe-se em algo com o profundo desejo de que

jamais venha ser necessária a sua utilização. A baixa probabilidade de ocorrência de grandes

acidentes, com resultados catastróficos torna ainda mais difícil a colocação de tais

preocupações no rol de prioridades dos governos. Principalmente em países onde se

enfrentam, ainda, problemas básicos ligados à própria sobrevivência cotidiana de boa parte

da população.

Segundo a avaliação de um especialista estima-se em US$ 40 bilhões a perda mundial

devido a acidentes ampliados e um investimento de 10% deste valor em ações de preparação

contra esses acidentes ocasionaria a eliminação de 75% daquelas perdas. Porém, se o

argumento financeiro não é suficientemente convincente, tragédias como o acidente de

Bhopal, tornam eticamente condenável a recusa de atenção ao assunto (SOUZA & SOUZA,

2000).

Um aspecto importante para aumentar a eficiência de um PCE é que nas fases de

elaboração ocorra a participação dos trabalhadores e das comunidades, peças chaves para o

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fornecimento de informações precisas que tornem o plano executável e não apenas um plano

escrito.

Freitas (1996) relata que durante as fases de preparação e resposta a emergências

industriais surgem três tipos de incertezas, estruturais, institucionais e situacionais. As de

ordem estrutural são consideradas aquelas derivadas do conhecimento científico incompleto

para uma previsão suficientemente precisa de todo o processo envolvido. As incertezas

institucionais são consideradas aquelas que por conta dos conflitos de interesses entre as

diversas instituições envolvidas em uma emergência, acabam por resultar no bloqueio e na

troca incompleta de informações entre elas, ainda que estejam disponíveis para uma ou

algumas. As incertezas situacionais são aquelas geradas pela ausência de informações para

controlar as emergências, particularmente em sua fase aguda, podendo ser derivadas das

incertezas estruturais e institucionais.

Estes tipos de incertezas estão em constante inter-relação, são inerentes à emergência

industrial e aos planejamentos das respostas, combinando simultaneamente elementos

técnicos e sociais como forma de enfrentar problemas ambientais.

Emergências Industriais apresentam características particulares, por serem eventos

inesperados e abruptos, deixando um tempo curto para tomada de consciência do problema,

identificação do perigo, avaliação dos riscos e tomada de decisões sobre as medidas de

emergência a serem adotadas.

Perrow (1984, apud SOUZA, 2000) cita como exemplo o caso das indústrias

químicas, que durante sua operação rotineira boa parte do comportamento do processo é

errático e não bem entendido, o que constitui mais um fator de incompreensão que dificulta

uma ação eficiente dos operadores em situações de anormalidades e emergência, pois a

possibilidade de falhas inesperadas é grande, exigindo um preparo da organização, de

maneira que a mesma tenha uma estrutura descentralizada, em que haja flexibilidade para

que as decisões sejam tomadas e as ações executadas pelas pessoas mais próximas do nível

de ação, de acordo com cada situação, tendo como referência acumulada no dia a dia da

produção.

Para Perrow (1984, apud SOUZA, 2000) a opção pela utilização de sistemas

computadorizados para o controle do processo nas indústrias químicas compartilha dessa

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contradição, pois a formatação desses sistemas limita as opções de atuação por parte dos

operadores e desfavorece uma compreensão mais ampliada do processo, exatamente a

condição necessária para uma intervenção precisa em uma situação de emergência.

Cardella (1999) apresenta três princípios básicos que devem ser levados em

consideração para gestão de emergências, são eles:

• A velocidade de propagação da série de eventos perigosos é maior que a velocidade

com que o homem detecta, analisa e toma decisões;

• Em situação de emergência, o homem apresenta uma elevada probabilidade de

cometer falhas. Essa probabilidade diminui se ele estiver adequadamente treinado;

• Não é possível elevar a confiabilidade dos sistemas a cem por cento. Quando o último

recurso mecânico falha, o controle passa a depender totalmente da intervenção humana.

Decorrendo desses princípios conclui-se que para o planejamento de controle de

emergências deve-se levar em consideração que: 1) As emergências devem ser analisadas

previamente para que decisões sejam incorporadas ao plano de ação e as ações sejam

executadas de modo automático no momento da ocorrência; 2) As ações de controle devem

ser executadas preferencialmente por equipamentos, pois eles atuam muito mais rapidamente

e com muito maior confiabilidade do que o homem; 3) As pessoas que atuam no controle de

emergências devem ser treinadas em detecção de falhas.

Quarantelli (2000) enumera dez critérios para uma boa gestão de emergências devido

a desastres, incluindo os de origem tecnológica, são eles:

1) Reconhecer corretamente a diferença entre necessidades e demandas geradas pelo

agente e pela reação – O agente é o causador do desastre e a reação são as ações realizadas

pelas organizações envolvidas no controle.

2) Empreender funções genéricas de forma adequada – As funções genéricas são

ações ou atividades que podem ser úteis em diversos eventos desastrosos. Essas funções se

dividem em seis: alertas, evacuação, abrigo, assistência médica, busca e resgate e proteção da

propriedade.

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3) Mobilizar pessoal e recursos de forma eficiente – A boa gestão de desastres não

envolve a mobilização de pessoal e recursos, isto ocorrerá de qualquer forma. O importante

reside na eficácia da mobilização. É possível julgar a eficácia de várias maneiras, incluindo

as seguintes: o pessoal e os recursos necessários foram bem identificados na crise? Foram

eles localizados rapidamente e trazidos para prestar suporte corretamente? Eram eles

apropriados para os problemas de urgência da crise?

4) Envolver delegação de tarefas e divisão do trabalho apropriadas – Uma das

principais conseqüências de qualquer desastre é a criação de várias tarefas antigas e novas a

que as organizações das comunidades precisam recorrer. Pessoas são mortas e feridas; casas

e outras construções são avariadas ou destruídas; sobreviventes têm de ser evacuados, em

seguida abrigados e alimentados; os serviços públicos necessitam ser restaurados; os

incêndios precisam ser apagados e as rodovias reparadas. A lista é bem longa. Porém,

imediatamente após o impacto e logo no início do período de crise, a natureza das tarefas

requeridas e o escopo do envolvimento organizacional normalmente são desconhecidos,

pouco claros e/ou confusos.

5) Permitir o processamento de informações adequado – Tanto na literatura

especializada como na pesquisa sobre gestão em desastres, diz-se com freqüência que há

problemas de comunicação no momento da crise dos desastres. Esta formulação, porém,

enfatiza a tecnologia da comunicação, os meios usados, e não aquilo que é comunicado.

Desta forma, por exemplo, há declarações de que são ou foram necessários mais rádios,

atribuindo-se este fato como uma das causas das falhas operacionais. A pesquisa indica,

porém, que a maioria dos problemas decorre do que é comunicado, não de como ocorrem as

comunicações, ou seja, não é a falta de meios de comunicação e sim a falta de clareza das

mensagens transmitidas.

6) Permitir o exercício adequado de tomada de decisão – Em desastres, é necessário

haver tomada de decisão adequada. Vários problemas assumidos nessa área raramente

surgem nas ocasiões de desastres. Raramente, por exemplo, a cadeia de comando e as linhas

de autoridades normais entrarão em colapso durante o período de crise. Por outro lado, a

tomada de decisão tem chances de ser afetadas de forma negativa por determinados

acontecimentos típicos no período de crise dos desastres. Os quatros problemas comuns são

os seguintes: perda de pessoal de alto escalão devido ao trabalho em excesso; conflito sobre a

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responsabilidade relativa às novas tarefas relacionadas ao desastre; choques sobre domínios

organizacionais entre grupos estabelecidos e emergentes e manifestações das diferenças

jurisdicionais organizacionais.

7) Enfatizar o desenvolvimento da coordenação como um todo – Diante da

convergência de vários grupos, uma diversidade de tarefas, assim como novas, um fluxo de

informações maciço, porém errático, e por vezes tomada de decisão irresoluta ou incorreta,

levanta-se quase sempre a pergunta: quem é responsável? Aqueles que a fazem, partem do

princípio de que se trata de uma pergunta importante e que uma boa gestão de desastres exige

uma resposta definida no sentido de que uma organização específica está no controle da

situação. O desenvolvimento da coordenação organizacional é seríssimo, se não há uma boa

gestão. Poucas organizações deixam de concordar, em princípio, que a coordenação é

necessária durante desastres. Porém, o termo coordenação nem é auto-explicativo nem uma

questão de consenso. Dentre certa linhas, há grupos que consideram a coordenação como no

máximo, a informação a outros daquilo que estarão fazendo. Já outros encaram a

coordenação como uma cooperação mutuamente acordada quanto à forma de tratar

determinadas tarefas.

8) Misturar os aspectos emergentes com aqueles estabelecidos – Qualquer desastre,

mesmo de magnitude moderada, será marcado pela presença de fenômenos emergentes, por

vezes de grupos, por vezes de comportamentos, ou ambos. Os fenômenos emergentes, isto é,

novos acordos e atividades sociais, são uma característica universal das reações a desastres,

embora a manifestação possa se situar em uma faixa de comportamento dos pequenos aos

grandes empreendimentos em grupo. Assim os administradores do desastre devem considerar

o surgimento dos fenômenos como certo e incorporar a probabilidade desta ocorrência em

seu pensamento de ação.

9) Prover um sistema de comunicação de massa com informações adequadas – Uma

das características notórias das sociedades modernas é que elas dispõem de sistemas de

comunicação de massa complexos, com diversos meios de divulgação. Pode-se afirmar, com

certeza, que sociedades desenvolvidas, aquelas que são altamente industrializadas e

urbanizadas, não poderiam existir sem as informações fornecidas por referidos sistemas.

Porém, para nossos objetivos, a importância dos sistemas de comunicação de massa

modernos é que afetam qualquer desastre comunitário, inclusive seus efeitos. Em muitos

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aspectos, a visão que todos, incluindo os responsáveis pela emergência, têm de um desastre é

cada vez mais a realidade, conforme apresentada por televisão, rádios e jornais. O que sabem

os cidadãos sobre um desastre, seus efeitos e problemas depende muito do teor das notícias

divulgadas pelos meios de comunicação.

10) Ter um centro de operações de emergência (COE) – O COE deve possibilitar uma

mobilização eficiente de pessoas e recursos, a realização de funções genéricas, uma

delegação de tarefa e uma divisão de trabalho apropriada, um processamento de informações

adequado, o exercício correto de tomada de decisão, um enfoque sobre a coordenação geral,

uma boa mescla de aspectos emergentes e estabelecidos, além do fornecimento de

informações ao sistema de comunicação de massa.

Valle & Lage (2003) recomendam seis etapas básicas para implantação de um

programa de controle de emergências:

1- Montagem da organização;

2- Levantamento das necessidades;

3- Treinamento;

4- Planos de emergências;

5- Simulados;

6- Manutenção.

Um outro aspecto importante que precisa ser levado em consideração é a questão dos

treinamentos e exercícios simulados. Emergência é um fenômeno remoto, incerto e

indesejável. Estrategicamente deve-se criar eventos de conseqüências certas, imediatas e

desejáveis, que preparem a organização para controlar emergências, com o objetivo de

desenvolver habilidades para enfrentar situações reais.

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1.5.2 Definições e objetivos

O estudo de análises de riscos tem como objetivo identificar eventos perigosos que

requerem ações de controle para evoluírem com potencial para causar danos. O conjunto de

ações de controle é o plano de controle de emergência. O PCE deve conter as hipóteses

emergenciais, os recursos disponíveis e os procedimentos de controle. Esses devem ser

simples e objetivos para possibilitar a aplicação automática (CARDELLA, 1999).

Para o código de praticas de prevenção de acidentes maiores da OIT

(FUNDACENTRO, 2002-A) o PCE é definido da seguinte forma: Plano oficial escrito que,

com base em possíveis acidentes identificados na instalação, juntamente com suas

conseqüências, indica como controlar esses acidentes e suas conseqüências no local de

trabalho e fora dele.

O guia de princípios para prevenção, preparação e resposta a acidentes químicos da

Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica (OECD), também adota esta

mesma definição (OECD, 2003).

Os objetivos de um PCE consistem em localizar os casos de emergência que possam

surgir e, se possível, impedir que ocorram e minimizar os efeitos nocivos de uma emergência

sobre as pessoas, a propriedade e o meio ambiente (FUNDACENTRO, 2002-A).

Para Valle & Lage (2003) o objetivo principal de um planejamento para emergência é

dominar e minimizar os efeitos de um fato negativo. Minimizar significa conter um

vazamento, dominar um incêndio, mas também significa reduzir os prejuízos financeiros,

proteger a imagem da empresa, manter a continuidade do negócio. Por esse motivo, o time

que vai gerenciar emergências deve de ser multidisciplinar.

Segundo Serpa (2005) um PCE tem por objetivo fornecer um conjunto de diretrizes e

informações, visando à adoção de procedimentos lógicos, técnicos e administrativos,

estruturados, de forma a propiciar respostas rápidas e eficientes em situações emergenciais.

De modo geral, o plano deve possuir as seguintes características:

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• Possibilitar que os possíveis danos restrinjam-se a uma determinada área,

previamente dimensionada, evitando que os impactos extrapolem os limites de segurança

pré-estabelecidos;

• Contemplar todas as ações necessárias a evitar que situações, internas ou externas, às

instalações envolvidas no acidente, contribuam para o seu agravamento;

• Ser um instrumento prático, que propicie respostas rápidas e eficazes em situações de

emergência;

• Ser o mais sucinto possível, contemplando, de forma clara e objetiva, as atribuições e

responsabilidades dos envolvidos.

Valle & Lage (2003) descrevem um conteúdo mínimo para um plano de controle de

emergência de acordo com o roteiro a seguir:

1- Título;

2- Data/número da revisão

3- Risco;

4- Cenário;

5- Ações de emergência;

6- Ações após a emergência;

7- Recursos disponíveis;

8- Recursos pendentes.

Quanto ao campo de aplicação o PCE pode se dividir em interno e externo.

O PCE interno é aplicado às instalações da indústria para controle dos riscos, mitigação

das emergências e proteção dos funcionários. O PCE interno é muito específico a cada

instalação, varia de acordo com tipos de máquinas e equipamentos usados, produtos químicos

perigosos e características do processo. Suas ações limitam-se a evento perigosos que possam

causar danos dentro da instalação industrial.

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O PCE externo é aplicado em caso de acidentes com capacidade de afetar pessoas e o

meio ambiente fora da instalação. Geralmente fica sob responsabilidade das autoridades

locais e gerência da indústria.

No caso do PCE externo, deve-se levar em consideração que o mesmo não se resume a

estratégias de técnicas de mitigação das conseqüências sobre a saúde e o meio ambiente, mas

por se tratar de relações entre trabalhadores, comunidades e órgãos públicos, envolve

também um processo de negociação em torno do controle social dos riscos industriais, já que

os mesmos não podem ser realizados unilateralmente e implicam em compartilhar

responsabilidades pelos diversos atores sociais participantes (FREITAS, 1996).

Esse processo não é fácil e envolve mudanças de atitudes de todos os atores envolvidos,

que devem aprender não só a falar, mas principalmente a ouvir e trocar informações, não só a

tomar decisões quase unilaterais, ainda que tenham poder para isso, mas também a negociar e

definir claramente os papéis e as responsabilidades de cada um.

O papel da indústria no PCE externo, embora de fundamental importância, tem sua

limitação, tanto do ponto de vista legal quanto operacional. Atribuições típicas da indústria

no planejamento para emergências externas são: a identificação e a avaliação dos cenários

acidentais com possibilidade de alcance externo; o estabelecimento de um canal de

comunicação com as autoridades públicas locais, visando à orientação na formulação do

plano; o oferecimento de suporte técnico durante a emergência.

A maior parte das responsabilidades e das ações de resposta à emergência é, no

entanto, inerente à autoridade pública, entre eles: a organização e a coordenação dos órgãos

públicos e de emergência, como bombeiros, defesa civil, polícias, hospitais etc.; o controle de

tráfego e o acesso à área afetada pela emergência; a orientação para evacuação da população

em caso de necessidade; a provisão de acomodação temporária e mantimentos para a

população evacuada.

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1.5.3 Quadro normativo

A) Normas americanas

Após um grande processo de evolução da legislação americana para prevenção de

acidentes industriais ampliados, em 24 de fevereiro de 1992 os Estados Unidos publicaram

através da Occupational Safety and Health Administration – OSHA a versão final da norma

sobre o assunto. A norma denominada “Process Safety Management of Highly Hazardous

Chemicals – PSM” (OSHA 3132), é dividida em 17 seções, entre elas a que prevê os planos e

respostas para emergências que deverão ser elaborados e implementados pelo empregador

conforme norma OSHA 3088.

O principal objetivo do PSM é a prevenção de acidentes ampliados, de natureza

química e petroquímica, especialmente dentro das instalações, que possam expor os

trabalhadores a riscos de segurança e saúde. O PSM é uma pró-ativa identificação, avaliação

e mitigação de acidentes ampliados que possam ocorrer como resultado de falhas de

processo, em procedimentos e equipamentos (PUIATTI, 2000).

A norma OSHA 3088 – “ How to plan for Workplace Emergencies and Evacuations”

– apresenta critérios e recomendações para elaboração de um PCE, tais como: O que deve ser

incluído num PCE; Sistemas de alerta e resgate; Assistência médica apropriada; Informações

e treinamento.

B) Normas européias

A Comunidade Econômica Européia – CEE apresenta na Diretiva de Seveso II de

09/12/96 nas considerações 20 e 21 aspectos relativos aos planos de emergências, o item 20

diz que para se estar preparado para situações de emergências, é necessário, no caso dos

estabelecimentos onde existiam substâncias perigosas em quantidades significativas,

estabelecer planos de emergência externos e internos e criar sistemas que garantam que esses

planos sejam ensaiados, revistos em função das necessidades e executados em caso de

ocorrência ou ameaça de acidente grave. O item 21 diz que o pessoal do estabelecimento

deverá ser consultado sobre o plano de emergência interno, e o público sobre o plano de

emergência externo. O seu artigo 11 estabelece critérios para elaboração dos planos de

controle de emergências.

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C) Organização Internacional do Trabalho – OIT

O artigo 9 da convenção 174 da OIT(FUNDACENTRO, 2002-B), em seu item “d”

relata que os planos e procedimentos de emergência compreendem:

i) a preparação de planos e procedimentos de emergência eficazes, com inclusão dos

procedimentos médicos de emergência, para ser aplicado no local em caso de acidente maior

ou de risco de acidente maior, a verificação e avaliação periódica de sua eficácia e sua

revisão quando for necessário;

ii) informar sobre os possíveis acidentes e os planos de emergência locais, às

autoridades e aos organismos encarregados de estabelecer os planos e procedimentos de

emergência para proteger à população e ao meio ambiente na parte externa da instalação;

iii) quaisquer consultas necessárias com tais autoridades e organismos.

Em outubro de 1990 o Conselho de Administração da OIT convocou uma reunião

com uma comissão tripartite composta por 21 técnicos para elaborar um código Práticas para

Prevenção de Acidentes Maiores (FUNDACENTRO, 2002-A). No capítulo 8 do código,

intitulado “Planejamento de Emergência” são apresentados os passos necessários para

elaboração, se dividindo em:

a) Objetivos – Estes contemplam a localização dos casos de emergências que

possam surgir e, se possível, impedir que ocorram, como também minimizar os

efeitos nocivos de uma emergência sobre as pessoas, a propriedade e o meio

ambiente.

b) Identificação e Análise de Riscos – Na fase inicial do planejamento, tanto na

instalação como fora dela, as gerências operacionais devem identificar e avaliar

sistematicamente possíveis acidentes em suas instalações. Tanto na instalação como

fora dela, essa análise deve basear-se nos acidentes com maior probabilidade de

ocorrência, mas outros eventos menos prováveis, que possam ter graves

conseqüências, devem ser também considerados.

c) Plano de Emergência Interno – No caso de instalações simples, o PCE pode

consistir apenas em pôr de prontidão os trabalhadores e em pedir a ajuda de serviços

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externos de emergência. Para instalações complexas, o plano deve ser muito mais

substancial, levando em conta todos os riscos e suas possíveis interações com outros,

e deve incluir os seguintes elementos: 1) Avaliação da natureza e dimensão dos

possíveis acidentes e probabilidade de ocorrência; 2) Formulação do plano e contato

com as autoridades, inclusive os serviços de emergência; 3) Procedimentos para o

acionamento do alarme e comunicação dentro e fora da instalação; 4) Designação,

especialmente, de um líder de brigada e do comandante do plano da instalação, com

especificação de seus deveres e responsabilidades; 5) Localização e organização do

centro de controle; 6) Comportamento dos trabalhadores na instalação durante a

emergência, inclusive procedimentos de evacuação; 7) Comportamento dos

trabalhadores e de outras pessoas fora da instalação durante a emergência.

d) Plano de Emergência Externo – Deve basear-se nos acidentes identificados pela

gerência operacional como capazes de afetar pessoas e o meio ambiente fora da

instalação. É importante dar ao plano suficiente flexibilidade para tratar com outras

emergências além daquelas especificamente nele incluídas. O plano de emergência

externo, quando convier, deve incluir os seguintes elementos: 1) Organização –

procedimentos de aplicação, sistemas de alarme, centros de controle para casos de

emergência, nomes das pessoas envolvidas; 2) Comunicações – centro de

comunicação, sinais de chamada, lista de telefones; 3) Equipamento especial de

emergência – para combate a incêndios e salvamentos, descontaminação; 4)

Informação química – sobre substâncias perigosas estocadas e processadas em cada

instalação de risco maior; 5) Informações meteorológicas; 6) Informações ao público;

7) Providências humanitárias – primeiros socorros, transporte, centros de evacuação.

D) Programa Ambiental das Nações Unidas – UNEP

Após a ocorrência do acidente de Bhopal na Índia, um grupo de especialistas em

desastres tecnológicos com substâncias químicas desenvolveu o Awareness and

Preparedness for Emergencies at Local Level - APELL, que tem como principais objetivos:

criar ou incrementar o alerta ao público quanto à existência de possíveis perigos na

comunidade, estimular o desenvolvimento de planos de cooperação para responder às

emergências locais, estimular as ações voltadas para a prevenção de acidentes (ABIQUIM,

1990).

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A finalidade principal do programa APELL é proteger a comunidade contra a perda

da vida humana e os danos à propriedade e ao meio ambiente. Assim, o programa requer a

participação dos governos locais, das indústrias e da comunidade (FANTAZZINI & SERPA,

2002). O manual APELL apresenta dez etapas para o processo de planejamento no preparo

para emergências, são elas (ABIQUIM, 1990):

Identificar os participantes do plano e estabelecer suas funções, recursos e

responsabilidades;

Avaliar riscos e perigos que possam resultar em situações de emergência na

comunidade;

Rever os planos individuais dos participantes, no sentido de se conseguir um

atendimento adequado e coordenado;

Identificar as tarefas de atendimento exigidas e não cobertas pelos planos já

existentes;

Combinar tais tarefas com recursos disponíveis, oferecidos pelos participantes;

Providenciar as mudanças necessárias para melhorar os planos já existentes, integrá-

los ao plano da comunidade e conseguir a aceitação do mesmo;

Providenciar a redação do plano da comunidade e submetê-lo à aprovação

governamental;

Cientificar os grupos participantes sobre o plano integrado e assegurar o treinamento

necessário;

Estabelecer procedimentos para testes periódicos, revisão e atualização do plano;

Cientificar e treinar a comunidade em geral, com relação ao plano integrado.

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E) Normas nacionais

A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT possui uma norma sobre

programa de brigada de incêndio (NBR 14276), que estabelece condições mínimas para

elaboração de um programa de brigada de incêndio, incluindo dimensionamento e

treinamentos. A norma é aplicável aos estabelecimentos comerciais, industriais e de serviço,

bem como aos destinados a habitações (ABNT, 1999).

Em termos legais existem Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho

instituídas através da lei 6514 /77, e portaria 3214/78 que já se preocupam com essa questão

fazendo algumas recomendações. A Norma 22 que versa sobre Segurança e Saúde

Ocupacional na Mineração é a que especifica com maior nível de detalhamento os

procedimentos para controle de emergências, em seu item 22.32 intitulado “Operações de

Emergências” Recomenda (MANUAL DE LEGISLAÇÃO, 2006):

22.32.1 Toda mina deverá elaborar, implementar e manter atualizado um plano de

emergência que inclua, no mínimo, os seguintes requisitos:

a) identificação de seus riscos maiores;

b) normas de procedimentos para operações em caso de:

I. incêndios;

II. inundações;

III. explosões;

IV. desabamentos;

V. paralisação do fornecimento de energia para o sistema de ventilação;

VI. acidentes maiores e

VII. outras situações de emergência em função das características da mina, dos produtos e

dos insumos utilizados;

c) localização de equipamentos e materiais necessários para as operações de emergência e

prestação de primeiros socorros;

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d) descrição da composição e os procedimentos de operação de brigadas de emergência para

atuar nas situações descritas nos incisos I a VII;

e) treinamento periódico das brigadas de emergência

f) simulação periódica de situações de salvamento com a mobilização do contingente da mina

diretamente afetado pelo evento;

g) definição de áreas e instalações devidamente construídas e equipadas para refúgio das

pessoas e prestação de primeiros socorros;

h) definição de sistema de comunicação e sinalização de emergência, abrangendo o ambiente

interno e externo e,

i) a articulação da empresa com órgãos da defesa civil.

22.32.1.1 Compete ao supervisor conhecer e divulgar os procedimentos do plano de

emergência a todos os seus subordinados.

22.32.2 A empresa proporcionará treinamento semestral específico à brigada de emergência,

com aulas teóricas e aplicações práticas.

22.32.3 Devem ser realizadas, anualmente, simulações do plano de emergência com

mobilização do contingente da mina diretamente afetado.

22.32.4 Nas minas de subsolo deve existir uma área reservada para refúgio, em caso de

emergência, devidamente construída e equipada para abrigar o pessoal e prestação de

primeiros socorros.

A lei nº 9.966 de 28/04/00 conhecida como “Lei do Óleo” que Dispõe sobre a

prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras

substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências

em seu artigo 7 estabelece que “Os portos organizados, instalações portuárias e

plataformas, bem como suas instalações de apoio, deverão dispor de planos de emergência

individuais para o combate à poluição por óleo e substâncias nocivas ou perigosas, os quais

serão submetidos à aprovação do órgão ambiental competente (LEI DO ÓLEO, 2006).

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O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA em atendimento ao artigo 7 da

lei acima citada publicou a Resolução nº 293 que Dispõe sobre o conteúdo mínimo do

Plano de Emergência Individual para incidentes de poluição por óleo originados em portos

organizados, instalações portuárias ou terminais, dutos, plataformas, bem como suas

respectivas instalações de apoio, e orienta a sua elaboração conforme conteúdo mínimo

descrito (CONAMA, 2006):

1. Identificação da instalação

2. Cenários acidentais

3. Informações e procedimentos para resposta

3.1. Sistemas de alerta de derramamento de óleo

3.2. Comunicação do incidente

3.3. Estrutura organizacional de resposta

3.4. Equipamentos e materiais de resposta

3.5. Procedimentos operacionais de resposta

3.5.1. Procedimentos para interrupção da descarga de óleo

3.5.2. Procedimentos para contenção do derramamento de óleo

3.5.3. Procedimentos para proteção de áreas vulneráveis

3.5.4. Procedimentos para monitoramento da mancha de óleo derramado

3.5.5. Procedimentos para recolhimento do óleo derramado

3.5.6. Procedimentos para dispersão mecânica e química do óleo derramado

3.5.7. Procedimentos para limpeza das áreas atingidas

3.5.8. Procedimentos para coleta e disposição dos resíduos gerados

3.5.9. Procedimentos para deslocamento dos recursos

3.5.10. Procedimentos para obtenção e atualização de informações relevantes

3.5.11. Procedimentos para registro das ações de resposta

3.5.12. Procedimentos para proteção das populações

3.5.13. Procedimentos para proteção da fauna.

4. Encerramento das operações

5. Mapas, cartas náuticas, plantas, desenhos e fotografias

6. Anexos.

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1.6 Proposição de um instrumento de verificação

No Brasil ainda não existe uma norma regulamentada e implementada que trate da

exigência de implantação de planos de controle de emergências em locais de trabalho de uma

maneira generalizada, ou seja, em qualquer ramo de trabalho. Mas a legislação já sinaliza

para esta necessidade com a norma regulamentadora número 23 (MANUAL DE

LEGISLAÇÃO, 2006), que recomenda a necessidade de proteção contra incêndios, saídas

suficientes para evacuação, equipamentos e pessoas suficientes para o combate a incêndios e

exercícios de alerta. Como já citado neste trabalho as normas regulamentadoras 22 –

Segurança e saúde ocupacional na mineração e 29 – Segurança e saúde no trabalho portuário

(MANUAL DE LEGISLAÇÃO, 2006), apresentam a obrigatoriedade de elaboração e

implementação dos PCE, mas especificamente naquelas áreas.

Em atendimento aos objetivos do trabalho foi criada uma lista de verificação (ver

apêndice) baseada na diretiva de Seveso II, no programa APELL e no código de práticas da

OIT. O critério para utilização destes documentos, é que os mesmos são direcionados para

toda atividade que utilize substâncias perigosas com potencial para causar grandes acidentes,

incluídas nesta as indústrias químicas. Salientando também que os mesmos representam a

evolução dos estudos sobre o tema de diferentes organizações (OIT, UNEP, CEE), muito

bem conceituadas no cenário internacional, estudos esses que surgiram a partir de

experiências pós-acidentes históricos e representando assim um conglomerado de ações, que

se julga suprir de maneira satisfatória os passos seguidos para obter-se uma boa experiência

na execução de um plano de controle de emergência numa indústria química.

Em estudo a estes três documentos observaram-se requisitos comuns entres os

mesmos, justificando assim o uso concomitante dos três documentos, pois um supre o outro

em suas ausências.

Na aplicação da lista de verificação é necessário atentar para os requisitos que

apresentam mais de uma alternativa para atender a demanda, considerando satisfatório o

atendimento do requisito, quando pelo menos uma das alternativas forem atendidas.

Levando-se em consideração que todos os requisitos da lista de verificação são

julgados necessários, mas que existem pontos considerados imprescindíveis para o ótimo

funcionamento do PCE e pontos considerados importantes, mas que não comprometem por

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completo o seu funcionamento, e que a ausência de um ou de outro deve ser tratada de forma

diferenciada, inseriu-se uma distinção entre os requisitos para representar grau de

importância dos mesmos, que foram assim denominados: Essencial; Muito importante;

Importante. Para estes termos considerou-se uma pontuação de 3, 2, 1 respectivamente, com

o intuito de atribuir uma ponderação aos requisitos.

A lista de verificação é composta por 7 itens a saber:

1 - Identificação e análise de risco;

2 - Centro de controle de emergência;

3 - Plano de emergência interno;

4 - Plano de emergência externo;

5 - Recursos;

6 - Comunicações;

7 - Avaliação e atualização do plano.

A pontuação é atribuída aos sub-itens que compõem o conjunto de 7 item citados. Na

primeira coluna da lista de verificação é indicado o documento que gerou o item e a

indicação do grau de importância do item. Nas próximas duas colunas se encontram o

espaço para assinalar o atendimento ou não ao item. Na terceira coluna encontra-se, o item

propriamente dito, colocado na forma de pergunta.

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CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA

2.1 Tipo e natureza da pesquisa

A presente pesquisa caracterizou-se de uma maneira geral como de campo e de

natureza exploratório-descritiva com estudo de caso.

Segundo Marconi & Lakatos (1996), pesquisa de campo é aquela utilizada com o

objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca de um problema para o qual se

procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir

novos fenômenos ou as relações entre eles. Estudo exploratório-descritivo tem o objetivo de

descrever completamente determinado fenômeno, como por exemplo o estudo de um caso

para o qual são realizadas análises empíricas e teóricas.

O tipo e a natureza desta pesquisa foram assim definidos, tomando-se como a

tentativa de se descobrir informações sobre processos de elaboração e implementação de

planos de controle de emergência, realizando-se assim um estudo de caso para identificar o

fenômeno e tentar descrevê-lo. Os critérios para seleção da amostra foram os seguintes: 1)

Indústria que possua planos de controle de emergência implementado; 2) Indústria que

manipula substâncias químicas tóxicas e inflamáveis em quantidade; 3) Indústria situada

próxima a comunidades.

2.2 Variáveis da pesquisa

As variáveis analisadas foram as leis, normas, convenções e publicações nacionais e

internacionais, que tratam sobre o tema, como também os tópicos abordados na entrevista

estruturada. Na fase final da pesquisa serão comparados os itens abordados na entrevista

juntamente com as informações provenientes do quadro normativo, onde será avaliada a

situação real versus prescrito.

2.3 Instrumentos da Pesquisa

Na fase inicial da pesquisa foram utilizados como instrumentos à pesquisa

documental e a revisão bibliográfica. Este estudo serviu para o fornecimento de subsídios

teóricos para fundamentar o trabalho. Em uma segunda etapa foi utilizada a entrevista

estruturada, este instrumento teve como roteiro de estruturação as informações recolhidas na

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fase inicial e foi formatado como uma lista de verificação (Check-list) e um roteiro de

entrevista (ver apêndice), atendendo uma recomendação do código de práticas de prevenção

de riscos maiores da Organização Internacional do Trabalho – OIT para preparação de Planos

de Controle de Emergências (FUNDACENTRO-A, 2002). Foram entrevistados um total de

oito pessoas: um engenheiro de segurança do trabalho, dois consultores, dois operadores, e

três técnico de segurança do trabalho. Na etapa final foi usado como instrumento as

informações recolhidas na pesquisa documental e revisão bibliográfica, como também os

resultados das entrevistas. Os resultados identificados na lista de verificação foram

analisados e contabilizados, e o nível de atendimento percentual do PCE da empresa em

relação ao quadro normativo foi colocado na TABELA 7, com o intuito de se verificar a

experiência da indústria na elaboração dos seus Planos. Em todas as fases dessa etapa da

pesquisa participaram do trabalho oito alunos do curso de segurança do trabalho do CEFET-

PE, patrocinados pelo programa PIBIC-Junior da FACEPE/CNPq.

2.4 Sujeitos da Pesquisa

Como sujeitos da pesquisa, estabeleceu-se, os funcionários da indústria que tenham

envolvimento com o processo de elaboração e implementação dos planos de controles de

emergência, como engenheiros, técnicos e operadores. Entendeu-se que estes são peças

chaves no fornecimento das informações julgadas importantes, por vivenciarem a realidade

cotidiana da situação. O QUADRO 5 resume os procedimentos adotados para efetivação dos

objetivos.

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Quadro 5 - Procedimentos adotados para efetivação dos objetivos.

Objetivos Específicos

Natureza da Pesquisa

Instrumento de Pesquisa

Variáveis da Pesquisa

Sujeito da Pesquisa

Tratamento dos Dados

Levantamento do quadro normativo nacional e internacional sobre PCE’s

Descritiva Levantamento Documental e Bibliográfico

Normas, Leis, Convenções, Publicações.

****** Análise das Informações Documentais

Levantamento e análise dos procedimentos para elaboração do PCE

Estudo de Caso Entrevista Estruturada

Tópicos Abordados nas Entrevistas

Engenheiros, Técnicos, Operadores.

Análise das Entrevistas

Comparação do nível de cobertura dos planos de controle de emergência na indústria química com o quadro normativo nacional

Exploratória Comparação das Entrevistas com o Quadro Normativo

Respostas das Entrevistas e Quadro Normativo

****** ******

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CAPÍTULO 3 – ESTUDO DE CASO

3.1 Considerações iniciais

As informações descritas neste trabalho são fruto do levantamento realizado pela

aplicação da lista de verificação apresentada no apêndice deste trabalho, como também das

entrevistas realizadas com funcionários da empresa que participaram do processo de

elaboração e execução do PCE.

Os resultados serão apresentados seguindo-se o roteiro descrito a seguir:

A Empresa

Análise de riscos;

PCE Interno;

PCE externo.

3.2 A Empresa – Histórico

Através de entrevistas, análises documentais, conversas informais e observações das

situações gerais de trabalho na empresa, conseguiu-se reunir uma série de informações

relativas as principais mudanças que ocorreram desde a sua fundação: porte da empresa,

quadro de funcionários, política de segurança e meio ambiente, mercado da borracha

sintética, produtos e processos.

Situada às margens da rodovia BR-101 sul, no distrito industrial da cidade do Cabo de

Santo Agostinho no estado de Pernambuco, foi criada pelo Governo do estado com o intuito

de aproveitar o excedente de álcool etílico (etanol) na região, na época considerado um

subproduto da indústria açucareira, para fabricação de 1,3 butadieno, e a partir desta produzir

a borracha sintética de butadieno – BR. Essa borracha, BR, é utilizada sobretudo no segmento

de pneus de recauchutagem, de recapagem e na indústria de transformação. A unidade

industrial entrou em operação em 1965, controlada pelo Governo estadual num cenário de

mercado fechado onde as importações tinham custo proibitivo e os preços eram controlados

pelo Governo, o que favorecia de forma extraordinária a atividade industrial da empresa

naquele momento. Com o aumento do preço do álcool etílico a produção de 1,3 butadieno foi

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inviabilizada, levando a empresa a paralisar suas atividades na unidade de fabricação de 1,3

butadieno a partir do álcool, passando a importar essa matéria prima através do porto da

capital Recife, manobra esta que era, a época extremamente diferenciada. Um outro

acontecimento neste mesmo período foi a mudança do controle acionário, saindo a empresa

da tutela direta do governo estadual, passando a ser controlada por uma estatal federal. Em

1982 a empresa foi totalmente privatizada e na mesma época passou a sentir influência direta

da concorrência, ocasionando a preocupação com a qualidade e produtividade. Esses fatos

foram impulsionados pela globalização, abertura de mercado e queda das taxas de

importações. Esses fatores se aprofundaram na década de 90 levando a empresa a sistematizar

e padronizar a linguagem da qualidade com o estabelecimento de Sistemas de Gestão de

reconhecimento internacional e adesão ao processo “Resposable Care” das indústrias

químicas e divulgação das normas ISO da qualidade.

Na mesma década a empresa passa por uma nova fusão que trouxe como frutos uma

forte reestruturação. Iniciando-se um processo de modernização em todas suas áreas

operacionais e administrativas, com investimentos que permitiram:

• Certificação dos Sistemas de Gestão da Qualidade, Segurança e Saúde Ocupacional, Meio Ambiente;

• Modernização do parque Industrial;

• Crescimento da capacidade de produção;

• Desenvolvimento de novos produtos;

• Redução do nível de produto não conforme;

• Crescimento da produtividade;

• Redução dos custos fixos;

• Redução do passivo ambiental.

3.3 Porte da empresa e produtos

A organização faz parte do maior grupo produtor de borracha sintética da América

Latina, com um faturamento anual em torno de 426 milhões de reais e uma produção média

de 90.000 toneladas de borracha. É a única unidade, na América Latina, que produz o BR alto

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cis, borracha sintética utilizada na produção do green tyre, o pneu ecológico e o elastômero

termoplástico – TR, fazendo parte também de sua linha de produção as borrachas de

butadieno e estireno.

3.4 Processo produtivo

A empresa possui instalações dotadas de estocagem, área de purificação de matérias-

primas, onde operam colunas de destilação, bombas e compressores, área de reação com

quatro linhas de reatores tipo tanque, dotados de sistema de agitação e de

aquecimento/refrigeração, área de tanques de mistura para homogenização da massa

polimerizada, duas áreas de coagulação e três áreas de secagem mecânica, conforme figura 3.

Figura 3 – Resumo do processo produtivo de borracha sintética

Fonte: Adaptado de apresentação multimídia cedida pela empresa, 2006

As principais matérias primas utilizadas no processo produtivo são o 1,3 butadieno,

estireno, hexano, ciclo-hexano e N-butil lítio. O 1,3 butadieno, estireno e N-butil lítio chegam

de navio, no caso do 1,3 butadieno o mesmo é estocado no porto de Suape e posteriormente é

transportado até a fábrica através de uma dutovia de 22 quilômetros de extensão. O hexano e

ciclo-hexano chegam via transporte rodoviário (caminhões tanque).

Os processos produtivos recebem suporte da área de utilidades que fornece energia,

vapor, água e ar comprimido para produção. Na empresa também existem as áreas de

Estocagem Purificação Reação

Tanques de Mistura Secagem Mecânica Estocagem

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Logística, Expedição, PCP, Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente, Segurança

Patrimonial, Administrativa e Manutenção.

3.5 Segurança, saúde e meio ambiente

Por se tratar de uma indústria química do ramo petroquímico, os riscos potenciais que

comprometem a segurança, saúde ocupacional e meio ambiente estão sempre presentes. As

matérias-primas são em sua maioria inflamáveis, os processos envolvem vazões,

temperaturas e pressões elevadas. Diante deste cenário, eventos como incêndios, explosões,

vazamentos e emissões atmosféricas podem acontecer e trazer suas conseqüências. Para a

prevenção dessas situações, a empresa utiliza uma série de procedimentos de segurança.

Como ferramentas de análise de risco a empresa utiliza a “análise preliminar de risco - APR”

e a “análise de risco e operabilidade – HAZOP”. Para o controle das atividades perigosas o

sistema de “permissão para trabalho - PT” é utilizado, fazendo com que todo trabalho que

envolva riscos seja previamente estudado por um grupo de profissionais envolvidos na tarefa,

com o objetivo de planejar a atividade para controlar os riscos.

Os riscos do trabalho também são analisados pelas fichas de Avaliação de Riscos do

Trabalho - ART’s, e fichas de Impactos Ambientais Significativos – FIAS, que apresentam

para cada posto de trabalho, os riscos e os impactos ambientais potenciais e/ou efetivos das

atividades, produtos e/ou serviços da sua posição, respectivamente, além de todo um conjunto

de procedimentos documentados e implementados para segurança e meio ambiente. Todo

este trabalho é assegurado pela manutenção de seus sistemas de Gestão Ambiental e de

Segurança e Saúde Ocupacional, com base nas normas ISO 14.001 e OHSAS 18.001,

respectivamente, sendo a empresa pioneira no Estado neste tipo de certificação. Com as

comunidades vizinhas a empresa implementou projetos Sócio-Ambientais que visam à

conscientização em relação ao meio ambiente, prática de esportes, educação para o trabalho,

entre outros.

3.6 Análises de riscos

A empresa tem um funcionário contratado exclusivamente com o intuito de coordenar

as análises de risco das instalações, que são efetivadas envolvendo todas as áreas.

Para a “Avaliação Preliminar de Riscos –APR” e a “Análise de Risco e Operabilidade

– HAZOP”, são utilizados formulários padrões, conforme os ANEXOS I e II. Nas análises de

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riscos estão incluídas as localizações, quantidades e tipos de produtos perigosos que são

fabricados, processados, descartados ou armazenados dentro da área.

Nas análises dos possíveis acidentes foram identificados os eventos mais graves,

juntamente com suas causas e conseqüências. Este trabalho denominado análise qualitativa

de riscos – AQR foi realizado por uma empresa contratada. Foram identificados os níveis de

vulnerabilidade e localização provável de acidentes com produtos perigosos, como também

os possíveis acidentes com capacidade de trazer conseqüências fora da instalação.

Por se tratar de uma empresa que se situa num distrito industrial, portanto próximo a

outras empresas, existe a necessidade de se obter conhecimento dos riscos que as empresas

vizinhas têm, principalmente dos dados de segurança de produtos, informação esta que a

empresa ainda não obteve por completo.

3.7 PCE interno

Quanto à elaboração do PCE interno observou-se nas entrevistas realizadas que o

grupo que participou da última reestruturação do PCE no ano de 1998, era pertencente ao

setor de segurança, meio ambiente e saúde, Engenheiros e Técnicos de Segurança, não

havendo envolvimento de outros setores na fase de elaboração do plano. Em contra partida é

prática comum a toda a empresa, a elaboração de cenários na forma de instrução de trabalho

com os procedimentos que deverão ser adotados diante de uma ocorrência anormal. O plano

foi elaborado com base nas análises de riscos e experiências empíricas por parte dos

elaboradores.

A empresa atende a maioria dos requisitos elencados na lista de verificação. Para os

procedimentos iniciais de alerta e alarme existe um apito a vapor que é acionado para avisar

interna e externamente o inicio ou término de uma emergência, havendo ausência ainda de

um alarme visual para os locais onde não se possa ouvir a alarme sonoro. Um líder para a

brigada de emergência foi designado, mas verificou-se em ocorrências reais que o mesmo

tem dificuldades de liderar, pois outros funcionários, muitas vezes que exercem cargos

hierarquicamente maiores que o líder da brigada dentro da empresa, interferem no comando

com atitudes isoladas, correndo riscos desnecessários. Este fato foi identificado durante as

entrevistas realizadas. A brigada de incêndio é composta por doze funcionários,

dimensionamento realizado de acordo com as normas, apesar de se identificar que, pelo

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tamanho e riscos da empresa, alguns funcionários acham que este efetivo é pequeno e em

outras épocas já se teve vinte e quatro funcionários fazendo parte da brigada de emergência.

Estes funcionários recebem periodicamente treinamentos teóricos e práticos, onde são

abordados aspectos teóricos de controle de incêndios, utilização de equipamentos, operação

de veículos especiais de combate a incêndios, primeiros socorros, segurança química.

Para atendimento às normas, ainda esta se estabelecendo um sistema de identificação

para os componentes de brigada de incêndio. Uma brigada de socorristas atua na empresa

com objetivo de iniciar e/ou dar continuidade à prestação dos primeiros socorros, e transferir

os acidentados do local do sinistro para local seguro, até a chegada do pessoal médico,

informando quanto ao socorro prestado. Em caso de emergências que envolvam suspeita de

agressão ao meio ambiente existe uma equipe de controle ambiental para efetuar

levantamento qualitativo e quantitativo da carga poluente gerada, determinar medidas de

controle e minimização dos seus efeitos, e sugerir ao coordenador a evacuação de populações

vizinhas quando for necessário.

As normas recomendam que a empresa determine um local específico para que

funcione o “Centro de Controle de Emergências”, neste local deve haver mapas, plantas

baixas, projetos, rádios comunicadores, telefone, listagem de números de telefones, quadros,

entre outros. Verificou-se que não existe um local específico com essas características na

empresa, o setor que mais se aproximaria e em caso de emergência funcionaria como centro

de controle de emergência seria o setor de segurança, meio ambiente e saúde.

No PCE interno estão previstos os comportamentos dos trabalhadores, terceiros e

visitantes em caso de emergências, inclusive com procedimentos de evacuação de área,

permanecendo no local apenas as equipes de atendimento de emergência.

A seqüência de equipes de atendimento de emergências a serem convocadas obedece

a seguinte ordem: brigada de emergência da empresa, plano de auxílio mútuo – PAM

(equipes de empresa vizinhas), corpo de bombeiros, hospitais e polícia rodoviária.

Durante a emergência o gerente da fábrica é o responsável pela divulgação de

qualquer tipo de informação para imprensa, comunidade e familiares. O plano está

documentado e disponível a todos os interessados através da intranet.

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3.7.1 Plano de fuga

A empresa tem elaborado, pelo setor de segurança meio ambiente e saúde, um plano

de fuga com o objetivo de estabelecer critérios para controle e rápido e seguro de evacuação

das áreas industriais e/ou prédios administrativos em situações de emergências que requeiram

o abandono do local de trabalho. O plano abrange todos os empregados do parque fabril

inclusive terceiros.

O comando e orientação quanto às ações e roteiros de fuga das áreas, nos momentos

de emergências, são responsabilidade dos monitores de fuga, que poderão ser empregados

próprios ou terceiros. Identificados por um colete na cor preta com inscrições em amarelo, o

monitor de fuga, durante uma emergência, executa as seguintes ações: analisar a necessidade

de evacuação total ou parcial das áreas sob seu domínio; verificar todas as salas ou áreas, sob

seu domínio, observando se há alguém em seus recintos; observar se as condições das áreas

abandonadas sejam seguras e haja condições que possam contribuir para ampliação da área

sinistrada; certifica-se que todos os funcionários sob seu domínio abandonaram o local e se

localizam no ponto de encontro. As rotas de fuga estão descritas e ilustradas no plano, e

devidamente sinalizadas nas áreas de processo fabril e prédios administrativos. O plano está

documentado e disponível a todos os interessados na intranet.

Uma dificuldade analisada na elaboração do plano de fuga foi a manutenção das listas

de funcionários e terceiros, que se localizam na portaria principal, por falta de um centro de

controle de emergência, onde as mesmas deveriam ser arquivadas, esta manutenção engloba

também a relação de funcionários em folga, férias e licenças.

3.7.2 Equipamentos

Em relação aos equipamentos para controle de emergência, a empresa preocupou-se

em fornecer todo suporte para atender os procedimentos elaborados no PCE.

Os vasos de reação misturam e armazenamento como também as bombas hidráulicas

são dotados de sistema de neblina de água (spray) para resfriamento, isolamento de outras

fontes de calor e combate a incêndios, conforme ilustrado nas figuras 4 e 5. O sistema é

acionado automaticamente em caso de aumento de temperatura, podendo ser acionado

manualmente. Existem também na empresa sistemas fixos de sprinkler, dióxido de carbono e

injeção de espuma mecânica.

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Figura 4 – Sistema de spray em bomba hidráulica

Figura 5 – Sistema de spray acionado, provocando forte neblina d’água ao redor do vaso de reação

A empresa possui uma rede de hidrantes espalhados por toda unidade fabril e prédios

administrativos, sendo alguns dotados de canhões monitores em áreas que apresentam maior

risco como ilustra a figura 6. Existe uma preocupação com a tubulação em aço carbono que

alimenta os hidrantes, a mesma se distribui pela empresa por baixo da terra e por possuir

mais de 40 anos de existência, começa a apresentar problemas de corrosão, ocasionando o

surgimento de cascalho e vazamentos.

Figura 6 – Hidrante dotado de canhão monitor

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Quatro veículos compõem a frota de atendimento de emergência: dois caminhões de

combate a incêndios, equipados com reservatórios de pó químico seco e espuma mecânica,

bombas de pressurização, mangueiras, extintores portáteis, máscara autônomas,

equipamentos de proteção individual, rádios de comunicação, sirenes, entre outros, um

veículo tipo “VAN” equipado com equipamentos de proteção individual, placa e fitas

sinalizadoras, cones de sinalização, lanternas e extintores portáteis, é destinado para

atendimento a emergências rodoviárias e uma ambulância para remoção de vítimas aos

hospitais da região.

Para controle das atividades perigosas existem instrumentos para detecção de gases

inflamáveis, denominados explosímetros e detectores de oxigênio, conhecidos como

oxímetros. Os equipamentos são utilizados pelos técnicos de segurança para liberações de

serviços perigosos envolvendo geração de calor e entrada em locais confinados. Um

indicador de direção do vento encontra-se localizado estrategicamente em uma área da

fábrica, mas não existem indicadores de velocidade do vento instalados conforme

recomendam as normas.

Quanto a conservação, é mantido um cronograma para manutenção preventiva,

executado pela própria empresa, de todos os equipamentos disponíveis, com exceção dos

explosímetos e oxímetros, que necessitam ser enviados para assistência técnica e geralmente

demora em ficar prontos. Os equipamentos disponíveis existem em quantidades suficientes e

a listagem dos mesmos é abrangente a todos os tipos de equipamentos e mantidas atualizadas

em poder do setor de segurança, saúde e meio ambiente.

3.7.3 Simulados do PCE interno

Em atendimento a requisitos das normas a empresa realiza anualmente exercícios

simulados para treinamento do PCE interno. Os exercícios simulados são cenários

hipotéticos, concebidos através de conjecturas realizadas pelas equipes de planejamento, que

poderão representar uma situação real não desejada. Vale salientar que a construção do

cenário não se torna difícil pela variedade de sistemas complexos que existem na empresa.

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Durante a realização da pesquisa em tela tivemos a oportunidade de presenciar a

realização de três exercícios simulados internos. O primeiro foi um cenário para treinamento

da brigada de incêndio, o segundo tinha o objetivo principal de acionar o plano de fuga e o

terceiro exigia o acionamento do plano de auxílio mútuo – PAM. Todos os cenários foram

planejados pela equipe de segurança, meio ambiente e saúde, e ao final de cada simulado

acontecia uma reunião para avaliação das ações.

3.7.3.1 Primeiro cenário

A emergência consistia em um vazamento de um produto inflamável e tóxico, em

uma das áreas de processamento. Como mostra a figura 7, os sistemas de spray foram

acionados para evitar ignição do produto. Devido as características do produto simulou-se a

presença de uma vítima no foco do vazamento para que também fosse avaliado o

atendimento de primeiros socorros e remoção da vítima pela equipe de socorristas. A figura 8

mostra a equipe no momento do atendimento. Durante o atendimento da vítima observou-se

uma dificuldade em localizar os equipamentos de imobilização.

Figura 7 – Resfriamento de vaso com suposto vazamento de produto inflamável.

Figura 8 – Atendimento a vítimas em simulado de emergência

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3.7.3.2 Segundo cenário

Nesta situação simulou-se uma reação química exotérmica indesejada, em um dos

tanques cilíndricos horizontais contendo uma mistura de 1,3 Butadieno com solvente, com

conseqüente super-aquecimento e vazamento do mesmo, ocasionando em risco de incêndio e

explosão. Neste cenário além do acionamento das equipes de combate a incêndios e

socorristas, o plano de fuga foi colocado em prática, por se tratar de um possível evento de

dimensão desastrosa.

Durante a evacuação observou-se que a equipe de funcionários que se situava na área

mais afastada do ponto de encontro, não conseguiu chegar no tempo estipulado pela

comissão de planejamento do cenário. Segundo informações do monitor de fuga o atraso foi

devido às comunicações e distância do ponto de encontro. Durante a reunião de avaliação do

simulado foi sugerido que fosse criado um ponto de encontro alternativo que desse cobertura

às áreas mais distantes. As figuras 9 e 10 ilustram o cenário do acidente e o ponto de

encontro dos funcionários evacuados respectivamente.

Figura 9 – Localização do cenário do acidente.

Figura 10 – Ponto de encontro de funcionários em caso de evacuação de área

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3.7.3.3 Terceiro cenário

O terceiro cenário consistia numa situação que necessitava do acionamento de

equipes de atendimento de emergência de empresas vizinhas como parte do plano de auxílio

mútuo – PAM.

O evento consistia em um vazamento de polímero de borracha, devido a um

rompimento de uma junta de união na tubulação de alimentação do reator como ilustra a

figura 11. Neste caso a equipe de atendimento interno é a que chega primeiro ao local do

acidente e avalia a situação, verificando a necessidade de acionamento do PAM. Durante o

simulado observou-se uma ação eficiente das equipes internas e externas. O PAM foi

acionado e chegou ao local em tempo hábil para unir forças com a equipe interna, que se

encontrava em ação. Houve plena utilização dos equipamentos de combate e aproximação,

como a ilustra a figura 12.

Figura 11 – Simulação de vazamento de polímero de borracha, devido ao rompimento da junta de união.

Figura 12 – Contenção de vazamento de polímero de borracha utilizando cortina de água

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3.8 PCE externo

Os acidentes identificados através das análises de risco como capazes de afetar

pessoas e o meio ambiente fora da instalação, são a base da elaboração do PCE externo. O

plano foi criado de maneira a ser flexível diante de situações emergenciais não previstas.

Um dos aspectos básicos do PCE externo é criar e/ou conscientizar a comunidade

quanto aos possíveis perigos existentes na área industrial e suas medidas de controle. Mas

em contra partida, a comunidade que se situa na vizinhança não participou da elaboração do

plano.

3.8.1 O grupo coordenador

O ponto fundamental para o funcionamento do PCE externo é a formação de um

grupo coordenador representando os vários participantes que têm ou deveriam ter voz ativa

no estabelecimento de um plano desta natureza. O grupo deve incluir representantes das

autoridades locais, líderes da comunidade e da indústria. O grupo coordenador será o

principal responsável pela elaboração e implementação do plano. Neste caso, o grupo

coordenador foi composto por representantes da empresa, defesa civil estadual e municipal,

polícia rodoviária estadual e federal, polícia militar, corpo de bombeiros e plano de auxílio

mútuo – PAM.

A função do grupo coordenador é oferecer ligação entre a indústria e Governo local,

com a colaboração dos líderes locais, e desenvolver uma proposta unificada e coordenada

para o planejamento do atendimento a situações de emergência e troca de informações com

a comunidade. A iniciativa e liderança do plano foi da empresa, isso por não haver uma

iniciativa por parte das autoridades locais em estimular o preparo das comunidades para

casos de emergências.

3.8.2 Comunicações

Em uma situação de emergência que atinja pessoas e meio ambiente fora dos limites

da empresa, onde o PCE externo deverá ser acionado, o sistema de comunicação entre os

atores envolvidos nas ações de emergências deverá viabilizar a troca de informações de

maneira rápida e precisa. Neste caso, o simples fato de se ter todo aparato tecnológico ainda

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não garante a eficácia das comunicações, pois é importante e necessário que as pessoas

envolvidas na transmissão das informações, saibam fazê-la de maneira correta.

Na empresa o centro de comunicação é localizado na portaria principal, onde os

funcionários recebem as informações e repassam às pessoas envolvidas. Na portaria é

mantida a listagem dos telefones de todo pessoal envolvido nas ações emergenciais. Para a

comunidade é disponibilizado um número de telefone gratuito, estabelecendo um canal de

comunicação para esclarecimentos de dúvidas e informações. Ainda complementando a troca

de informações entre a empresa e as comunidades, são usados, quando necessário, um

veículo de som e a rádio comunitária do município.

3.8.3 Simulados do PCE externo

Durante a pesquisa tivemos a oportunidade de acompanhar a realização do simulado

anual externo, que envolve a dutovia de 1,3 butadieno. Com 22 km de extensão, a dutovia

transporta o gás do porto de suape para a empresa.

Inicialmente, são realizados reuniões com o grupo coordenador, para planejamento e

definição dos cenários e ações dos grupos de emergências. Estas reuniões são estritamente

necessárias para o bom resultado do simulado. A grande dificuldade encontrada pelos

organizadores das reuniões foi conseguir reunir todos os componentes do grupo de

coordenação. Para diminuir o índice de ausência nos encontros algumas medidas de

precaução eram tomadas, como por exemplo: avisar a todos com uma certa antecedência da

data da reunião e sempre usar dois meios de comunicação para certifica-se que a informação

chegou. Nas reuniões foram discutidas a construção dos cenários e as ações das entidades

envolvidas, como por exemplo: a polícia rodoviária ficou responsável pela ordenação do

trânsito no local e mediações, a polícia militar tinha a missão de garantir a segurança no local

e impedir a aproximação de curiosos. A defesa civil municipal com o objetivo de preparar a

comunidade para o evento realizou palestras com os moradores das áreas próximas do local

da ocorrência, nas quais vários profissionais do grupo coordenador explanaram sobre as

ações do simulado, características dos produtos químicos envolvidos e responderam a

perguntas dos participantes. O anexo III é uma copia do convite distribuído à população, pela

defesa civil municipal, para a palestra de divulgação e sensibilização para o simulado

externo. Ainda com o intuito de alertar a população para o acontecimento, um veículo de

som circulou pelas ruas da vizinhança dias antes do evento avisando data e hora.

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O cenário planejado foi duplo, ou seja, ocorreram dois eventos com o objetivo de

acionar o PCE externo da empresa e o programa estadual de prevenção e atendimento a

acidentes rodoviários do corpo de bombeiros. Os cenários consistiam em:

1º) Rompimento da dutovia de 1,3 butadieno na rodovia e próximo à área urbana,

devido à escavação indevida no local, com trator escavadeira como ilustrado na figura 13;

2º) Colisão de carro passeio com caminhão tanque contendo nitrogênio, próximo a

área do vazamento de gás, conforme ilustra a figura 14. A colisão seria devido ao tumulto

causado pelo vazamento de gás.

O simulado teve início às 09 h e a primeira equipe a chegar ao local foi a da empresa,

seguida pelas equipes do corpo de bombeiros e empresas ligadas ao PAM. Ao chegar, as

equipes se preocuparam logo em atender às vítimas, que eram em número de cinco e foram

decorrentes do vazamento de gás e da colisão entre o carro e o caminhão. Neste momento foi

observado um pouco de falta de coordenação, sentiu-se a necessidade de formação de um

grupo para análise da situação e estabelecimento de prioridades e procedimentos seguros de

atuação. Feito isso, seriam delegadas ações às equipes de emergências que fossem chegando

ao local. Na verdade o que aconteceu foi: às equipes chegando e tomando suas próprias

decisões, muitas vezes precipitadas, colocando todos em risco.

Figura 13 – Cenário do rompimento da dutovia de 1,3 butadieno

Figura 14 – Cenário de colisão entre veículos com vitímas.

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3.9 Síntese da avaliação do nível de atendimento

A TABELA 7 está apresentando em porcentagem o quanto às ações do PCE da

empresa atendem aos requisitos abordados na lista de verificação aplicada, que foi concebida

com base no quadro normativo. Para construção da tabela foram contabilizados os subitens

dos requisitos 1 a 7 da lista de verificação, analisando-se o atendimento ou não de cada

subitem. O resultado da análise foi transformado em porcentagem e lançados na tabela. Na

última linha da tabela indica-se a porcentagem de atendimento global da lista de verificação.

A partir do estudo bibliográfico e do levantamento de informações provenientes do

estudo de caso, identificou-se que o nível de atendimento do PCE da empresa em relação ao

quadro normativo é de 79,82%. Com este resultado conclui-se que existe um nível razoável

de ações para preparação e resposta a acidentes com possibilidade de ampliação.

Existe um grande investimento em recursos materiais, a empresa possui uma grande

variedade de equipamentos que atendem, em grande parte, às suas necessidades. A equipe

encarregada pela execução das ações é muito competente e preparada, só existindo a

necessidade de adequação a alguns pontos ainda não alcançados, que são responsáveis pelos

20,18% restantes. Pode-se citar como exemplo: a oficialização de um local específico para

funcionamento do centro de controle de emergência, identificação dos brigadistas, por meio

de roupa ou capacete distintos, a participação dos operadores e moradores da vizinhança na

elaboração dos planos, instalação de alarmes visuais em áreas onde não se pode ouvir o

alarme sonoro.

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Tabela 2 - Nível de atendimento da empresa em relação ao quadro normativo

Item Nº de Requisitos

Pontuação Essencial

(E)x3

Pontuação Muito

Importante (MI)x2

Pontuação Importante

(I)x1

Somatório (E+MI+I)

Nível percentual

de atendimento

% E %MI % I

Total Atendido Total Atendido Total Atendido Total Atendido1-Identificação e análise de

riscos

17 12 12 16 10 5 2 33 24 72,72 36,36 30,30 6,06

2-Centro de controle de emergência

16 15 9 14 12 4 4 33 24 72,72 27,27 36,36 9,09

3-Plano de emergência

interno 28 12 12 28 18 10 5 50 35 70,00 24,00 36,00 10,00

4-Plano de emergência

externo 28 15 9 30 24 8 3 53 36 67,92 16,98 45,28 5,66

5-Recursos 38 39 39 28 28 11 10 78 77 98,71 50,00 35,89 12,82

6-Comunicações 33 18 12 24 18 15 11 57 41 71,92 21,05 31,57 19,29

7-Avaliação e atualização do

plano 16 18 18 20 18 0 0 38 36 94,73 47,36 47,36 0

Total 176 129 111 160 128 53 34 342 273 79,82 32,45 37,42 9,94

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3.10 Recomendações para uma melhor elaboração de um PCE

Baseado na revisão bibliográfica e no estudo de caso pode-se resumir alguns passos

básicos a serem seguidos para elaboração de um plano de controle de emergência:

1º - Um estudo de análises de risco se faz necessário, com o objetivo de identificar a

ordem de prioridades para tratamento dos possíveis cenários existentes na organização;

2º - Formação de um grupo coordenador para elaboração do PCE, não esquecendo de

incluir neste, operadores da fábrica e representantes comunitários;

3º - Realização de palestras de sensibilização ao tema, com o grupo de trabalho;

4º - Planejamento de um cronograma de reuniões para concepção do PCE;

5º -São importantes serem inclusos:

Procedimentos de alarme e comunicação e equipamentos (rádios

comunicadores, telefones, estações de rádio);

Formação da brigada de emergência (incêndio, socorristas, evacuação

e meio ambiente);

Estabelecimento de um coordenador com voz ativa na empresa e local

específico para funcionamento do centro de controle de emergência;

6º - Verificação da necessidade de aquisição de novos equipamentos para dar suporte

às ações do plano, como também as condições de funcionamento dos equipamentos já

existentes, e se necessário providenciar a manutenção dos mesmos. Dependendo da

dimensão e riscos da organização, sugere-se os recursos materiais mínimos para o controle

de incêndios, emissões e explosões:

Extintores de incêndios portáteis e sobre rodas;

Rede de hidrantes e acessórios;

Suprimentos para atendimento de primeiros socorros e ambulatorial;

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Equipamentos de reanimação cardíaca;

Equipamentos de imobilização de vítimas de fraturas;

Veículos de emergência (ambulância, caminhão de bombeiros);

Equipamentos de proteção individual (respiradores, máscaras

autônomas, roupas protetoras, luva, entre outros);

Equipamentos de descontaminação química;

Equipamentos de resgate e salvamento em altura;

Rádios de comunicação.

7º - Os procedimentos deverão ser documentados e divulgados a todos os

interessados;

8º - É muito importante que a validação dos procedimentos seja realizada com a

adoção de exercícios simulados, onde poderão ser identificadas as falhas para correção,

visando a melhoria contínua.

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CAPÍTULO 4 – CONCLUSÕES

Como parte deste capítulo é demonstrado que o estudo realizado cumpre de forma

satisfatória os objetivos prescritos (ver item 1.4, pág. 10), abaixo detalhados.

O levantamento do quadro normativo nacional e internacional sobre planos de controles de emergência, primeiro objetivo específico deste trabalho, foi alcançado no item que trata do interesse sobre o tema, e no capítulo 1, que trata do quadro normativo. Nestas passagens foram relatados todo apanhado de normas, leis, programas, convenções e resoluções que tratam sobre os PCE’s. Em relação às normas nacionais, as principais levantadas foram: as normas regulamentadoras 22 e 29, que tratam respectivamente da segurança e saúde ocupacional na mineração e segurança e saúde no trabalho portuário (MANUAL DE LEGISLAÇÃO, 2006); a resolução 293 do CONAMA que trata plano de emergência individual para incidentes de poluição por óleo originado em portos organizados, instalações portuárias ou terminais, dutos, plataformas e instalações de apoio (CONAMA, 2006). No quadro normativo internacional as principais normas levantadas foram: o código de práticas da OIT (FUNDACENTRO, 2002-A), a diretiva de Seveso II (CEE, 1996) e programa APELL (ABIQUIM, 1990).

A elaboração de um instrumento de verificação do nível de atendimento de um PCE em relação ao quadro normativo internacional (ver apêndice), localizado como objetivo específico dois, está devidamente explanado no item 1.5.4 (pág. 45), com o procedimento para elaboração do mesmo, bem como os documentos levados em consideração e as devidas justificativas para seleção destes documentos.

O levantamento e análise dos procedimentos de elaboração de planos de controle de

emergência na indústria química, objetivo específico número três deste trabalho, foi

cumprido no capítulo 3 – estudo de caso (pág.50). Neste capítulo são relatados todos os

procedimentos executados pela empresa para elaboração e implementação do seu PCE.

A aplicação do instrumento de verificação numa indústria química situada na região

metropolitana do Recife, objetivo específico quatro do trabalho, foi realizada também no

capítulo 3 de estudo de caso. No decorrer do texto são relatadas as não conformidades

encontradas em relação às normas consideradas, sendo estas visualizadas de forma resumida

na TABELA 7, informando que o nível de atendimento do PCE da empresa em relação aos

requisitos do instrumento de verificação foi de 79,82%.

Alcançados o conjunto dos objetivos específicos, pode-se afirmar que o objetivo geral

proposto, qual seja o de analisar, com base no quadro normativo internacional, os

procedimentos relativos ao plano de controle de emergência posto em prática por uma

industria química da região metropolitana do Recife, pode ser observado no conjunto de

informações descritas no trabalho de uma maneira geral, mais especificamente no primeiro e

terceiro capítulos. Sendo assim a questão da pesquisa, formulada no item 1.2 (pág. 6) “Em

que medida os procedimentos utilizados para efetivação de um plano de controle de

emergência em uma indústria química, refletem as orientações oriundas do quadro

normativo internacional?”, foi devidamente respondida, pois os procedimentos empregados

na elaboração de um PCE encontram-se descritos no trabalho, como já demonstrado.

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Com estas sugestões pretende-se contribuir com informações que facilitem a criação e

melhoria dos PCE’s nas empresas, visto que gradativamente as mesmas terão que se

enquadrar nas normas e leis que estão surgindo e atentando para as questões de preparação e

respostas a acidentes industriais ampliados. Como exemplo, podemos citar, que não se obtêm

certificação ambiental e de segurança e saúde, sem que haja na empresa, desenvolvido e

implementado um PCE. E em breve, com a regulamentação da convenção 174 da OIT, as

empresas serão passíveis de fiscalização, tendo assim que desenvolver seus PCE’s sob pena

de estarem descumprindo legislações específicas.

4.1 - Dificuldades

Inicialmente, encontraram-se dificuldades na fase de revisão bibliográfica, pois o

tema escolhido não se encontra facilmente em títulos de livros. Para ser mais preciso não se

identificou nenhum livro que tivesse como título o tema da pesquisa em tela, apenas em

capítulos pertencentes a livros, teses, dissertações que tratam de outros assuntos mas que

englobam o tema.

Uma outra dificuldade encontrada foi o não acesso a determinadas informações, por

questão de sigilo industrial, que seriam importantes para ilustração dos cenários acidentais

existentes na empresa e suas conseqüências. Um outro motivo do não acesso a algumas

informações foi à dificuldade de disponibilidade de tempo para atender as solicitações de

entrevistas, como também o fornecimento e análise conjunta de documentos comprobatórios

de ações relativas à efetivação do plano de controle de emergência da empresa.

Um alerta que pode ser fornecido para quem pretende realizar algum estudo nesta

área, é o fato de que uma emergência não é um evento programado, portanto o estudo na

maioria das vezes será baseado em registros de eventos ocorridos e, principalmente, em

acompanhamento de exercícios simulados. Esses acabam se tornando as principais fontes de

informação para o estudo, portanto é necessário conquistar o acesso a esses registros e ao

calendário de planejamento e realização das emergências simuladas.

4.2 Novos estudos

A lista de verificação desenvolvida neste trabalho é fruto de uma intensa pesquisa

bibliográfica, mas necessita de melhorias, pois está longe de ser um instrumento que supre de

maneira integral todas necessidades para qual a mesma foi criada. Como sugestão de novos

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estudos recomenda-se que sejam feitos ajustes na lista de verificação, em termos de melhoria

do texto das perguntas, facilitando a sua interpretação, adequação dos campos da tabela,

deixando-a mais auto explicativa e inserindo um campo para comprovação documental do

item verificado, quando necessário.

Por motivo de o tema envolver vários atores sociais, e os mesmos também terem suas

características particulares no envolvimento com a organização dos PCE’s externos das

empresas, sugerimos como novos estudos à realização de pesquisa com as comunidades

vizinhas a empresa, objetivando identificar a percepção dos moradores em relação aos riscos

que a empresa oferece. Basicamente tentaria-se descobrir se existe desconhecimento dos

riscos presentes na empresa, as medidas de controle adotadas, se a população desenvolveu

algum tipo de medo, e identificação do nível de satisfação da comunidade em relação às

ações da empresa para preparação da comunidade em situações de emergência.

Ainda como propostas de novos estudos, poder-se-ia estender a mesma pesquisa as

autoridades locais, tentando identificar o nível de conscientização para o tema em questão, as

dificuldades de participação e apoio aos PCE’s em termos de recursos específicos

destinados.

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SEVÁ FILHO, A. O., “Seguuura, peão!” – Alertas sobre o risco técnico coletivo crescente na indústria petrolífera (Brasil, Anos 1990). In:Freitas, C. M.; PORTO, M. F. S.; e Machado, J. M. H. (orgs). Acidentes industriais ampliados: desafios e perspectivas para o controle e a prevenção. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2000.

SILVA, R. L A., CARVALHO, R. J. M. REIS, R., SALES, C. SALES, A., PROJETO PIBIC JÚNIOR, CEFET-PE/FACEPE/CNPq. Acidentes Industriais Ampliados; Estudos sobre os procedimentos para controle de emergências, 2004

SOUZA., A. B.; SOUZA, M. S. Implantação de Sistemas de Resposta para Emergências externas em Áreas Industriais no Brasil. In:Freitas, C. M.; PORTO, M. F. S.; e Machado,

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75

J. M. H. (orgs). Acidentes industriais ampliados: desafios e perspectivas para o controle e a prevenção. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2000.

SOUZA, C. A. V.; Análise de Acidentes de Trabalho em Indústrias de Processo Contínuo – Estudo de Caso em uma Refinaria de Petróleo no Estado do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, 2000.

SERPA, R. R. & PRADO-MONJE, H., Prevenção e Resposta a Acidentes Químicos – Situação na América Latina e no Caribe. In: Freitas, C. M.; PORTO, M. F. S.; e Machado, J. M. H. (orgs). Acidentes industriais ampliados: desafios e perspectivas para o controle e a prevenção. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2000.

SERPA, R. R. Planos de Emergência, disponível em www.cepis.ops-oms.org/tutorial1/p/planresp/ , acesso a internet em 30/07/2005

VALLE, C.; LAGE, H. Meio Ambiente - Acidentes, Lições e Soluções. São Paulo, Editora SENAC, 2004.

WISNER, Alain. A Inteligência no Trabalho. São Paulo: Fundacentro,1994.

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ANEXOS

ANEXO I - Exemplo de planilha de APP, como parte dos estudos de análises de risco da empresa.

ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGO Áreas: Análise de Projeto n.º - Descrição: Melhoria controle TR DATA: 12/11/2003

NOMES FUNÇÃO

A Eng. Processo

PARTICIPANTES: B Eng. Processo

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77

C TSS

D Eng.Segurança

Perigo Causa Provável Modo de Detecção

Efeito Nº F S R NPR(%)

Recomendações

Emissão de centelha elétrica nos instrumentos

1. curto circuito interno no instrumento em caso de falha do mesmo.

Centelhamento

Incêndio seguido de explosão

1 5 4

5

100

Ver recomendação R- 01

Emissão de centelha devido a ferimento no isolamento dos cabos

1. curto circuito entre os cabos de fase e neutro do alimentador do sensor, ou por curto circuito entre fase e terra devido a desgaste na isolação ou mesmo por choque mecânico externo

Centelhamento

Incêndio seguido de explosão

2 5 4

5 100

Ver recomendação R – 02

A vazamento de gases na área com a emissão de centelha elétrica

1. Desgastes dos equipamentos que contém hidrocarbonetos enclausurados liberando estes gases para o ambiente

Odor característico

Incêndio seguido de explosão

3 5 4

5

100

Ver recomendações R – 03 e R – 04

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ANEXO II – Exemplo de planilha de HAZOP, como parte dos estudos de análises de risco da empresa.

HAZOP - Estudo dos perigos operacionais -

Projeto Substituição do solvente de lavagem dos filtros da area 2700

Processo Sistema de lavagem do FG 2751 A/B/C/D/E Ref.

Site Cabo Esquema nº DE – 2100- 03 - 002 Ver. Nº 0.0 Estacao 1 Coagulacao Aparelho principal FG 2751 A/B/C/D/E Data 17/01/05

Aparelho Linha

Operação

Desvio Causas necessárias independentes

f Evento indesejável Efeitos Conseqüências

G P Rp Barreiras preventivas independentes existentes (ou cuja

adoção é decidido em reunião)

N Pr Rr FR Nº

PCS Nº

Pressão Mais

Erro de alinhamento devido ao fechamento da valvula a jusante do filtro por erro operacional

F Aumento de pressão Interna do filtro ate’ a pressão de 17kg podendo causar rompimento do vaso e perda material

D 1 3 Barreiras passivas existentes: 1. Filtro dimensionado para pressão de teste de 22kg/cm2

Pressão Menos

Queda de pressão De entrada devido a parada da GA2135/ GA2135S/GA2135X, reduzindo a pressão ate’ a pressão ambiente

F Com a queda da pressão pode ocorrer fluxo reverso passando borracha para a bomba, causando parada de algumas horas

L 1 2 Barreiras Recomendadas: R – 01 Instalar detetor de pressão diferencial para detecção de fluxo reverso R – 02 Instalar valvula shut off na linha de normal hexano para impedir fluxo reverso

1

1

3

3

FG 2751 A/B/C/D/E

Temp. mais

1. Não há reacao exotermica, ou presenca de vapor, a única causa para aumento de temperatura seria o aumento da temperatura ambiente

I O aumento de pressão interna em conseqüência do aumento da temperatura ambiente e’ desprezível

M 3 3

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ANEXO III – Convite a população para participar de reunião de divulgação do simulado

externo.

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80

APÊNDICE

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Estudo sobre os procedimentos para elaboração de um Plano

de Controle de Emergência na Indústria Química.

LISTA DE VERIFICAÇÃO BASEADA NO CÓDIGO DE PRATICAS DA OIT, NA DIRETIVA DE SEVESO E NO PROGRAMA APELL

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GESST Grupo de Pesquisa em Saúde e

Segurança do Trabalho

1- Informações Gerais Preliminares 1.1 Localização da empresa:

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________

1.2 Atividade Industrial: ___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________

1.3 Número de empregados: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 1.4 Matérias Primas Perigosas e Inflamáveis empregadas:

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

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Todos os complexos industriais têm a responsabilidade de estabelecer e implementar um

“plano de atendimento a situações de emergência para a empresa”. A chave para tal plano é uma

revisão da segurança das operações da planta. Essa revisão examina em detalhes os itens que podem

vir a afetar a segurança. Esses itens podem ser usados para se avaliar o plano de emergência, assim

com o programa de preparo em geral.

Os elementos típicos estão a seguir

1) Identificação e Análise de Risco

2) Centro de controle de emergência

3) Ações no plano de emergência interno

4) Ações no plano de emergência externo

5) Recursos

6) Comunicação

7) Avaliação e atualização do plano

Legenda: E – essencial – 3 pontos

MI – muito importante – 2 pontos

I - importante – 1 ponto

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1 – IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DE RISCO A análise consiste, principalmente, na identificação de riscos potenciais, na determinação da vulnerabilidade de certa área, como resultado da presença de materiais com risco de liberação, vazamento ou derramamento.

Norma SIM NÃO IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DE RISCO INTERNO

OIT-I Na fase inicial do planejamento da empresa, houve identificação e análise de

riscos, de possíveis acidentes em suas instalações? Quando foi realizada a ultima manutenção?

APELL-MI

A empresa avalia suas atividades com seus respectivos riscos e implementa programas de segurança?

APELL/OIT-E

É adotada alguma técnica Clássica de Analise de Risco?Qual? (ais)

APR? (Avaliação Preliminar de Risco) HAZOP? (Análise de Risco e Operabilidade) ACA? (Análise de Conseqüências de Acidente) Árvore de eventos? Árvore de falhas?

APELL-MI

A análise inclui localização, quantidade e tipos de produtos perigosos que são fabricados, processados, utilizados, descartados ou armazenados dentro da área?

APELL-MI

Os níveis de vulnerabilidade e provável localização de incidentes com materiais perigosos foram identificados?

OIT-E A análise de possíveis acidentes indicou os eventos mais graves possíveis? OIT-E E a causa desses piores eventos? OIT-E E as conseqüências de cada evento?

OIT-I Foram consultados as publicações do Programa Internacional de Substâncias Químicas (IPCS) do PNUMA/OIT/OMS?

SEVESO-I

Existe um sistema de inspeção instituído pelas autoridades competentes para que se tenha um maior controle dos estabelecimentos?

Norma SIM NÃO IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DE RISCO EXTERNA

OIT-MI Na fase inicial do planejamento da empresa, houve identificação e análise de riscos, de possíveis acidentes fora da instalação?

APELL-MI

A fábrica tem conhecimento dos materiais utilizados pelas fábricas vizinhas?

APELL-MI

Os centros populacionais e residências vizinhas estão situados a uma distância segura?

APELL-I

Ela inclui as rotas através das quais tais materiais trafegam na vizinhança da fabrica?

APELL-MI

Foram identificadas as áreas ambientais sensíveis?

APELL-I

Existem relatórios de incidentes de derramamento coletados e avaliados?

APELL-MI

As áreas ambientais sensíveis e os centros populacionais foram considerados na análise do transporte desses produtos perigosos, assim como as unidades industriais que os fabricam ou utilizam?

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2- CENTRO DE CONTROLE DE EMERGÊNCIA A gerência operacional deve providenciar que o plano de emergência na instalação preveja um centro de controle de emergência, do qual sejam dirigidas e coordenadas as operações de gerenciamento, e prover um centro conveniente de controle compatível com o plano.

Norma SIM NÃO CENTRO DE CONTROLE DE EMERGÊNCIA

OIT -E O centro de controle de emergência estar localizado em área de risco mínimo?

OIT-MI Existe um centro alternativo de controle de emergência, caso o principal seja posto fora de ação?

OIT O centro de controle de emergência mantém:

E a) Um número adequado de telefones, tanto internos como externos?

E b) Rádio e outros equipamentos de comunicação?

c) A planta da instalação mostrando:

E - áreas em que há grande concentração de substâncias perigosas?

MI - entradas e vias de acesso da instalação?

MI - sistemas de combate a incêndio e outras tomadas de água?

I - sistemas de esgoto e drenagem?

MI - pontos de encontro?

MI - localização da instalação com relação à comunidade vizinha?

I d) Equipamentos para medir a velocidade e a direção do vento?

E e) Equipamentos de proteção individual e outros equipamentos de resgate?

I f) Lista completa dos trabalhadores?

MI g) Lista dos membros da brigada, com endereço e número de telefone?

MI h) Lista de autoridades locais e de serviços de emergência com endereços e números de telefone?

I i) Lista de outras pessoas presentes na instalação, como empreiteiras ou visitantes?

Obs.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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3- AÇÕES NO PLANO DE EMERGÊNCIA INTERNO

Norma SIM NÃO

OIT Na elaboração do Plano, foram incluídos os seguintes elementos: MI a) contato com as autoridades, inclusive os serviços de emergência?

E b) procedimentos para o acionamento do alarme e comunicação dentro e fora da instalação?

MI c) designação de um líder de brigada e de comandante do plano, com a especificação de seus deveres e responsabilidades?

I d) localização e organização do centro de controle?

E e) comportamento dos trabalhadores e de outras pessoas fora da instalação durante a emergência?

E f) comportamento dos trabalhadores na instalação, durante a emergência, inclusive procedimentos de evacuação?

MI O plano contém a seqüência completa de membros de brigada a serem convocados de outras partes da instalação ou de fora?

MI A demanda do plano de emergência, tanto de trabalho como de equipamento, é

compatível com os recursos disponíveis que possam ser mobilizados no caso de uma ocorrência?

E Há recursos suficientes na instalação para executar o plano para os vários acidentes previstos, em conjunto com os serviços de emergência?

MI Há o tempo necessário para que esses serviços entrem plenamente em operação e os trabalhadores possam controlar o acidente?

MI O plano foi dimensionado para aplicação em todas as variações possíveis de pessoal (tais como a falta de trabalhadores devido a doença ou folgas)?

SEVESO-MI

Houve a participação dos operadores na elaboração do plano de ação emergencial interno?

OIT A gerência operacional considera como estão contemplados os seguintes aspectos no plano de emergência:

MI a) Evacuação dos trabalhadores que não sejam da brigada para pontos de encontro através de rotas de fuga claramente sinalizadas?

MI b) Designação de pessoas encarregadas de anotar todos os trabalhadores que chegam aos pontos de encontro e repassar a informação ao centro de controle de emergência?

MI

c) Designação de pessoas no centro de controle encarregadas de conferir as listas de trabalhadores que chegam aos pontos de encontro com a lista de pessoas envolvidas no acidente e em seguida checar a lista daqueles que se acredita estarem na instalação?

I d) A atualização das listas em poder do centro de controle da emergência, se necessário, com detalhes dos trabalhadores ausentes devido folgas ou doenças, mudanças das pessoas presentes no local, etc.?

I e) A manutenção no centro de controle de listas regularmente atualizadas, com nomes e endereços?

I f) Divulgação oficial de informações durante qualquer emergência de significativa duração e designar um membro da gerencia como fonte única dessa informação?

I g) Procedimentos de readaptação no final emergência, inclusive instruções para retorno à área do acidente?

Obs._____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Norma SIM NÃO TAREFAS DO LÍDER DE BRIGADA

OIT No plano de emergência, o líder de brigada é encarregado de: MI a) avaliar a dimensão do acidente (tanto para os serviços de emergência internos

como externos)? MI b) iniciar os procedimentos de emergência?

MI c) dirigir as operações de resgate e de combate a incêndio até a chegada, do corpo de bombeiros, se necessário?

I d) providenciar equipes de busca e resgate?

I e) providenciar a evacuação de trabalhadores não membros da brigada para os pontos de encontro pré estabelecidos?

I f) estabelecer um canal de comunicação com o centro de controle de emergência?

I g) assumir a responsabilidade do comandante do plano de emergência até que ele assuma?

MI h) dar pareceres e informações, se solicitados, aos serviços de emergência?

I O líder de brigada na instalação é identificável por meio de roupa ou capacete distintos?

Obs._________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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88

4 – AÇÕES NO PLANO DE EMERGÊNCIA EXTERNO

Norma SIM NÃO

OIT-MI

O plano é baseado nos acidentes identificados pela gerência operacional, como capazes de afetar pessoas e o meio ambiente fora da instalação?

OIT-MI

O plano é decorrente da avaliação que serviu de base para a formulação ?

OIT-I O plano é flexível para tratar com outras emergências além daquelas nele incluídas?

APELL-MI

O plano tem como aspecto básico criar e/ou conscientizar a comunidade de quanto aos possíveis perigos existentes na área industrial?

SEVESO-MI

Houve a participação dos moradores vizinhos na elaboração do plano de ação emergencial externo?

OIT-I A preparação do plano de emergência externo está a cargo da autoridade local?

SEVESO-MI

Existe um controle de urbanização no que se refere a implantação de novos estabelecimentos, as alterações dos estabelecimentos existentes, e do novo ordenamento da área como vias de comunicação?

SEVESO-MI

A sua política de controle da urbanização determina uma distancia limite entre o estabelecimento e as zonas residenciais e as zonas de utilização pública?

OIT

MI a) Organização – detalhes de estruturas de comando, sistemas de alarme,

procedimento de aplicação, centros de controle para casos de emergência, nomes do funcionário coordenador para o caso de emergência, do comandante do plano na instalação, de seus substitutos e de outros membros de brigada?

E b) Comunicações – identificações do pessoal envolvido, centro de comunicações, sinais de chamada, rede de comunicações, lista de telefones?

MI c) Equipamentos especial para emergência – detalhes sobre a disponibilidade

e localização de guindastes pesados, escavadeiras, equipamentos específico de combate a incêndio, botes salva-vidas?

MI d) Conhecimento especializado – detalhes sobre a organização, empresas químicas com pessoal capacitado e laboratórios especializados?

I e) Organizações voluntárias de ajuda – detalhes sobre organizadores, número de telefone, tipo de recursos?

E f) Informação química – sobre substâncias perigosas estocadas ou processadas em cada instalação de risco maior e um resumo dos riscos inerentes?

I g) Informação meteorológica – providencias necessárias para obter detalhes

sobre as condições de tempo predominantes no momento de um acidente e previsões meteorológicas?

E h) Providências humanitárias – transporte, centros de evacuação, alimentação

em casos de emergências, tratamento de feridos, primeiros socorros, ambulâncias, câmaras mortuárias provisórias?

I i) Informação para o público – medidas para tratar com os meios de comunicação e informação de parentes da vítimas, etc. ?

I j) Avaliação – medidas para coleta de informações sobre as causas da situação

de emergência e exame da eficácia de todos os aspectos do plano de emergência?

Obs._______________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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___________________________________________________________________________

_______________________________________________________

Serviços de Emergência: órgãos externos responsáveis pelo controle dos acidentes maiores e de suas conseqüências no local e fora dele, por exemplo, corpo de bombeiros, polícia e serviços de saúde.

Norma SIM NÃO PAPEL DOS SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA

OIT-MI Existe ajuda dos serviços de emergência, como a polícia, corpo de bombeiros, autoridades sanitárias, etc. ?

OIT-MI A responsabilidade da polícia é assumir a proteção da vida e da propriedade, e controle do tráfego durante a emergência?

OIT-MI A polícia também tem o papel de controlar transeuntes, evacuar o público,

identificar os mortos, ocupar-se das vítimas e informar parentes de mortes e feridos?

OIT-I O controle de um incêndio numa instalação é de responsabilidade de um oficial superior do corpo de bombeiros?

OIT-MI Existe a colaboração da gerência operacional no controle de um incêndio?

OIT-MI O oficial superior do corpo de bombeiros tem responsabilidades em acidentes como explosões e vazamentos tóxicos?

OIT-E O serviço de bombeiros é familiarizado com a localização de todos os

depósitos de materiais inflamáveis, pontos de suprimento de água e espuma e de equipamento de combate a incêndio?

OIT-E Os serviços de saúde fazem parte do plano de emergência fora da instalação?

OIT-I As autoridades sanitárias são bem informadas sobre os efeitos de longo e curto prazos de uma acidente maior ocorrido na instalação de risco maior?

OIT-MI As autoridades sanitárias são bem informadas sobre o adequado tratamento de

qualquer pessoa afetada pelas substâncias perigosas que são estocadas ou manuseadas nas instalações?

Obs.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5 – RECURSOS Por “recursos” entendemos pessoal, treinamento, equipamento, utensílios e outras fontes disponíveis para utilização no atendimento a emergências com materiais perigosos.

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Norma SIM NÃO PESSOAL

APELL-MI

Foi determinado o número de indivíduos disponíveis e treinados com relação a materiais perigosos?

APELL-MI

Foi determinada a localização do pessoal treinado disponível?

APELL-MI

Existe disponibilidade de especialistas técnicos (químicos, higienistas industriais, toxicólogos, médicos especializados em saúde ocupacional) necessários ao atendimento?

APELL-I

Existe acordo de auxilio mútuo entre as organizações?

Obs.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Norma SIM NÃO TREINAMENTO

APELL-I

Foram avaliadas as necessidades de treinamento local/regional?

APELL Existe treinamento especializado disponível que cubra tópicos, tais como:

E - procedimentos de atendimentos?

MI - seleção de equipamentos, utilização e manutenção?

E - segurança e primeiros socorros?

E Existe um programa de treinamento organizado que envolva todo o pessoal de atendimento?

MI Foi designado um grupo para coordenar esse treinamento?

I É oferecido um certificado na conclusão do treinamento?

MI O nível de treinamento disponível esta de acordo com as responsabilidades ou capacidade do pessoal a ser treinado?

I Existe um sistema de avaliação com relação á eficiência do treinamento?

MI O programa de treinamento oferece cursos de reciclagem ou qualquer outro

método para manter o pessoal atualizado em seu nível de especialização?

Obs._________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Norma SIM NÃO EQUIPAMENTOS

APELL-MI

A empresa possui EPI`s relacionados com sua atividade tendo sua qualidade, inspeção e treinamento adequado?

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APELL-MI

No caso de emergência, a empresa possui indicadores de direção/velocidade do vento?

APELL Estão os seguintes equipamentos disponíveis:

E - equipamento individual de proteção?

E - equipamentos de primeiros socorros e outros de atendimento médico de emergência?

MI - veículos de emergência para o atendimento a acidentes com materiais perigosos?

I - equipamentos para coleta de amostras (ar, água, solo, etc.) e outros equipamentos de monitoramento (ex.: explosimetro, medidores de oxigênio)?

E - equipamento de combate ao fogo ou outros materiais e equipamentos com

tratores, escavadeiras, barcos, helicópteros, caminhões com bomba de transbordo, carretas, retardantes químicos, espuma, etc.?

E Há quantidade suficiente de cada tipo de equipamento?

I As listas dos equipamentos existentes são mantidas atualizadas? São as mesmas computadorizadas?

I Essas listas estão disponíveis ao pessoal de atendimento?

I Essas listas abrangem todos os tipos de equipamentos (roupas protetoras,

instrumentos monitores, suprimentos médicos, equipamento de transporte)?

I Existe um mecanismo que assegure a atualização dessas listas?

E Tais equipamentos estão disponíveis 24 horas por dia?

MI Existe um programa de manutenção e teste de tais equipamentos?

I Existem registros de manutenção e reparos para cada equipamento?

E Existem equipamentos suficientes de comunicação, disponíveis para a notificação do pessoal e transmissão de informações?

E Os equipamentos para o transporte disponíveis estão aptos para rapidamente executar remoções na área do acidente?

Obs.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Norma SIM NÃO RECURSOS

APELL-MI

Existem instrumentos para realizar análises químicas rapidamente?

APELL Existem recursos apropriados para a armazenagem, limpeza e/ou manutenção

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-E dos equipamentos?

APELL-I

Existem locais ou recursos para armazenagem, tratamento, reciclagem e disposição de resíduos?

APELL-E

Existem recursos adequados para a realização de programas de treinamento?

APELL-E

Existem recursos para tratamento médico a pessoas afetadas por exposição a produtos químicos?

APELL-MI

Existem recursos para abrigar pessoas evacuadas ou transferidas do local, em caso de acidente?

APELL-MI

Existem locais ou recursos apropriados para o estabelecimento de centros de comando?

Obs.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6- COMUNICAÇÃO Significa qualquer forma ou formas de troca de informação ou idéias, no atendimento aemergências, com outras entidades, quer internas ou externas á estrutura organizacional existente.

Norma SIM NÃO COORDENAÇÃO

APELL-MI

Foram estabelecidos procedimentos para a coordenação de informação durante um atendimento?

APELL-E

Foram estabelecidas freqüências de rádio para facilitar a coordenação entre diferentes organizações?

Obs.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Norma SIM NÃO TROCA DE INFORMAÇÕES

APELL-MI

Existe um sistema formal para troca de informações entre órgãos, organizações e o setor privado?

APELL-I

Foi estabelecido um sistema para assegurar que “experiências” sejam passadas para as organizações competentes?

Obs.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Norma SIM NÃO DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES

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APELL-I

Foi designado um indivíduo ou organização para falar com a mídia com referencia a divulgação de noticias?

APELL-MI

Existe um método/sistema de comunicação para disseminar informações a responsáveis pelo atendimento, público afetado, etc.?

APELL-MI

Esse sistema esta disponível 24 horas por dia?

APELL-I

Foram identificados sistemas/métodos alternativos de comunicação para serem utilizados no caso de falha dos originais?

APELL-MI

Existe um mecanismo que mantenha atualizada a lista dos números telefônicos?

APELL-MI

As redes de comunicação são testadas regularmente?

Obs.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Norma SIM NÃO PROCEDIMENTOS DE NOTIFICAÇÃO

APELL-I

Foram desenvolvidos procedimentos específicos com relação à notificação de incidentes com materiais perigosos?

APELL-I

As notificações são solicitadas por diversos setores (Ex.: regional, local, estadual)? Teria cada um, solicitação especifica de notificação?

APELL-I

O sistema de notificação inclui uma seqüência padrão de informações para cada incidente especifico?

APELL-I

Existe uma rede que possa notificar e ativar o pessoal de atendimento necessário?

APELL-MI

Foi estabelecida uma agência central com um número telefônico que possa fornecer informações iniciais em caso de acidente?

APELL-MI

Esse telefone ou agência esta disponível durante 24 horas por dia?

Norma SIM NÃO FONTES DE INFORMAÇÃO E TROCA DE DADOS POR COMPUTADOR

APELL-I

Existe um sistema disponível que ofereça informações rápidas aos responsáveis pelo atendimento, com referencia aos perigos com produtos químicos envolvidos em um incidente?

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APELL-I

Essas informações estão disponíveis 24 horas por dia?

APELL-I

Existe um sistema que atualize tais fontes de informação?

Obs._______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Norma SIM NÃO FUNÇÕES DO ÓRGÃO DE INFORMAÇÕES

APELL-MI

Foi estabelecido um local especifico para o fornecimento de informações sobre materiais perigosos ao qual o público e o setor privado tenham livre acesso?

Obs.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Norma SIM NÃO INFORMAÇÕES AO PÚBLICO SOBRE INSTALAÇÕES DE RISCO MAIOR

OIT-I Existe informações para a população que vive ou trabalha perto das instalações de risco maior?

SEVESO-MI

Há uma troca de informações entre este estabelecimento e os estabelecimentos vizinhos, no que se diz respeito aos riscos de acidentes graves transfronteiriços?

SEVESO-MI

As partes susceptíveis de serem afetadas pelos efeitos transfronteiriços de um acidente grave têm a disposição informações suficientes para que possam aplicar, se necessário, em uma situação de emergência?

OIT-I A informação geral é periodicamente repetida, e se necessário, atualizada para

permitir qualquer deslocamento da população dentro e fora da localidade?

OIT-MI

As autoridades locais, em colaboração com as gerências operacionais, devem avaliar se a informação geral foi eficazmente transmitidas e entendida e tomar a devida providência para sua revisão, se necessário?

OIT-I Após um acidente a gerência operacional informara ao público afetado pelo

acidente ampliado sobre o resultado de sua investigação do acidente e sobre os efeitos de curto e longo prazos para o público e o meio ambiente?

SEVESO-I

As informações prestadas ao público são revisadas, repetidas e, se necessário, atualizadas no prazo estabelecido?

OIT-I Após um acidente a gerência operacional tem a função de rever as

informações em harmonia com autoridades locais e a população para verificar a necessidade de alguma atualização?

Obs.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Norma SIM NÃO SISTEMA DE ALARME

APELL/OIT-E

Existe um sistema de alarme que abrange todos os setores da fábrica para casos de emergência?

OIT-E Todos os trabalhadores estão informados sobre os procedimentos para acionar o alarme?

OIT-E Nas áreas em que possuem um alto nível de ruído, existem alarmes visuais para alertar os trabalhadores dessas áreas?

OIT-E Existe um sistema confiável de acionamento dos serviços de emergência?

OIT-E Os detalhes do sistema de comunicação estar incluído no plano de emergência externo?

Obs._______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7 – AVALIAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DO PLANO

Norma SIM NÃO

APELL-E

A atualização do plano é feita anualmente ou com freqüência?

APELL-MI

São analisados os resultados dos testes e exercícios?

OIT-MI

Na elaboração e teste do plano os trabalhadores familiarizados com a instalação, inclusive a equipe de segurança, são envolvidos?

OIT-MI

Os trabalhadores familiarizados com a instalação participam de testes e são monitorados por funcionários mais experientes em emergências e inspetores públicos?

SEVESO-MI

Em caso de alteração de uma instalação, de um estabelecimento ou da natureza e quantidade de substancias perigosas, que possa ocasionar um acidente grave, o operador esta orientado para reexaminar ou reformular a política de prevenção de acidentes?

SEVESO/OIT-

E

Após cada exercício o plano é exaustivamente analisado para levar em considerações falhas ou omissões?

Obs.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Norma SIM NÃO TESTES E EXERCÍCIO DE SIMULAÇÃO

APELL Há um programa de simulação de emergência? APELL

-E Existe procedimento de evacuação?

OIT- Nesses testes são incluídos o sistema de comunicação e os

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APELL-MI

Há na empresa uma política de segurança para além do horário de trabalho?

OIT-E O plano de emergência é conhecido de todos os trabalhadores e dos serviços externos?

APELL-MI

As pessoas envolvidas no plano de emergência têm conhecimento dos produtos químicos (propriedades, nível de toxicidade, ...)?

APELL MI Os equipamentos de combate ao fogo estão bem localizados? APELL

-E Existem procedimentos de descontaminação de roupas protetoras e

equipamentos?

OIT-MI

A organização responsável pela preparação do plano de emergência fora da instalação testa devidamente suas decisões juntamente com os exercícios realizados na própria instalação?

OIT-MI

Após cada teste, a organização responsável pelo plano examina cuidadosamente para corrigir as falhas ou omissões do plano de emergência fora da instalação?

Obs.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADA COM OS FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENG. DE PRODUÇÃO

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ROTEIRO DE ENTREVISTA SOBRE O PCE - PROGRAMA DE CONTROLE DE EMERGÊNCIA

Responsável pela aplicação ____________________________________

Data:_____/______/_______ Hora:_______

Empresa:_____________________________ Setor/Local:______

Endereço:____________________________

Nome do entrevistado:__________________________________________

Função:______________________________________________________

Contato (Tel/e-mail):________________/___________________

Tempo na empresa:__________________

Tempo na função:____________________

A) SOBRE A ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO PCE NA EMPRESA

1) QUANDO FOI IMPLANTADO O PCE NA EMPRESA? 2) O QUE LEVOU A EMPRESA A IMPLANTAR O PCE (obrigação legal, acidente, política estratégica de SST da empresa). 3) QUAL SETOR/QUEM PARTICIPOU DA ELABORAÇÃO DO PCE, DENTRO DA

EMPRESA E FORA?

4) QUAL SETOR/QUEM LIDEROU A IMPLANTAÇÃO DO PCE? 5) QUAIS AS GRANDES AÇÔES QUE CONSTITUÍAM O PCE QUANDO FOI

IMPLANTADO? SEMPRE SE MANTEVE ASSIM OU HOUVE MUDANÇAS?

6) QUAIS AS RAZÕES QUE PROVOCARAM AS REFORMULAÇÕES SUCESSIVAS DO

PCE ? (novas tecnologias e/ou produtos utilizados, re-layout, fragilidade dos anteriores, up-

grade, acidentes etc)

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8) A EQUIPE DA EMPRESA DISPÕE DE UM MENU DE CENÁRIOS POSSÍVEIS DE

OCORRER? ESTÁ PRESCRITO E PADRONIZADO? TEM TREINADO ESTES

CENÁRIOS? DE QUE FORMA?

9)HÁ UMA EQUIPE ATUAL RESPONSÁVEL DE ELABORAÇÃO DE CENÁRIOS DE

EMERGÊNCIA?

10) QUAL A FORMAÇÃO/CAPACITAÇÃO QUE DEVE TER CADA MEMBRO DA

EQUIPE DE CONTROLE EMERGÊNCIA (DIVIDIR A CLASSIFICAÇÃO POR FUNÇÃO)?

11) COMO DEVE SER CONSTITUÍDA A EQUIPE INTERNA QUE DEVE ESTAR

PREVISTA NO PCE PARA ATUAR QUANDO DA OCORRÊNCIA DE UMA

EMERGÊNCIA NA EMPRESA?

12) COMO DEVE SER CONSTITUÍDA A EQUIPE EXTERNA QUE DEVE ESTAR

PREVISTA NO PCE PARA ATUAR QUANDO DA OCORRÊNCIA DE UMA

EMERGÊNCIA NA EMPRESA.

B) ETAPA OPERACIONAL

1) QUE ATIVIDADES VOCÊ REALIZOU QUANDO NA ELABORAÇÃO DO PLANO

DE CONTROLE DE EMERGÊNCIA –PCE?

2) QUE DIFICULDADES VOCÊ OBSERVOU QUANDO NA ELABORAÇÃO DO PCE?

3) O QUE VOCÊ APONTA COMO POSITIVO NESSA ELABORAÇÃO?

4) QUAIS AS SUAS SUGESTÕES PARA MELHORIA DA FASE DE ELABORAÇÃO?

5) VOCÊ EXERCE ALGUMA FUNÇÃO ESTRATÉGICA NO PCE DA EMPRESA?

QUAL?

6) QUAIS DIFICULDADES VOCÊ ENCONTROU NO EXERCÍCIO DESSA FUNÇÃO

ESTRATÉGICA?

7)O QUE DEVE SER FEITO PARA MELHORAR?

8) JÁ PARTICIPOU DE ALGUM EXERCÍCIO SIMULADO REALIZADO PELA

EMPRESA? QUAL?

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9) O QUE VOCÊ OBSERVOU DE POSITIVO E NEGATIVO NESTES EXERCÍCIOS?

10) O QUE VOCÊ SUGERE PARA MELHORAR O DESEMPENHO E RESULTADOS DE

CADA EXERCÍCIO?

11) VOCÊ SUGERE MAIS ALGUM EXERCÍCIO? DESCREVA.

12) JÁ PARTICIPOU DE UMA EMERGÊNCIA REAL NA EMPRESA? DESCREVA

RESUMIDAMENTE.

13) QUAIS AS LIÇÕES POSITIVAS E NEGATIVAS QUE VOCÊ PODE ELENCAR?

14) O QUE VOCÊ SUGERE PARA QUE UM CENÁRIO DESTE TIPO POSSA SER

MELHOR PRATICADO, TRAZENDO MELHORES RESULTADOS?

C) ETAPA CONCEITUAL

1) O QUE VOCÊ ENTENDE SOBRE EMERGÊNCIA?

2) EM QUE SE CONSTITUI UM CONTROLE DE EMERGÊNCIA?

3) PARA VOCÊ, O QUE É UM PLANO DE CONTROLE DE EMERGÊNCIA?

4) QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE ELEBORAR UM PLANO DE CONTROLE DE

EMERGÊNCIA?

5) QUAL DEVE SER A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DE UM PCE?

6)QUEM DEVERÁ PARTICIPAR DA ELABORAÇÃO (CONCEPÇÃO/FORMULAÇÃO)

DE UM PCE?

7)A QUAL SETOR DA EMPRESA O PCE DEVERÁ ESTAR VINCULADO?

8)QUAIS SETORES/PESSOAS DA EMPRESA QUE DEVEM ESTAR ENVOLVIDOS NA

APLICAÇÃO/EXECUÇÃO DO PCE?

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