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PREÇOS: $500 $600 líf' jf"*" ] F11^li ' ' I 1 No Rio ...... . I X___> Xs..^I V^í Vs=aírN°S Estac"0S. . . . ANNO XXIII .EMANARIO DAS CREANÇAS PUBLICA-SE AS QUARTAS FEIRAS RIO DE JANEIRO, 15 DE FEVEREIRO DE 1928 UM SANTO REMÉDIO .NUM. 1.167 ?~svJm\af~- V _Jmm\ _____/ ¦ y^""' ~"" '_"."*1' ¦— ¦-... ¦¦. ¦¦¦--¦ Preta: .tão veio á jar.cüa c usou dos seus recursos dizendo apenas O' d. Iz.iltina. O tu reo (i;>.s prestações está ali na esquina. __ Foi um santo remédio. D. Izalíina, que tem a pagar umas meias jeor de carne, abriu os olho6 desmesuradamente, fechou a bocca hermeti- .camente e desappareceu.

RIO DE JANEIRO, 15 DE FEVEREIRO DE 1928 UM SANTO …memoria.bn.br/pdf/153079/per153079_1928_01167.pdf · viesse, por ventura, em seu soecorro. O lobo ... E contou a historia do Chapeuzinho

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PREÇOS:

$500$600

líf' jf"*" ] F11^ li ' ' I • 1 No Rio ...... .

I X___> Xs..^ I V^í Vs=aír N°S Estac"0S. . . .

ANNO XXIII

.EMANARIO DAS CREANÇAS PUBLICA-SE AS QUARTAS FEIRASRIO DE JANEIRO, 15 DE FEVEREIRO DE 1928

UM SANTO REMÉDIO .NUM. 1.167

~svJ m\af~- V _Jmm\ _____/ ¦ y^""' ~" " '_"."*1 ' ¦— ¦- ... ¦¦. ¦¦¦--¦

Preta:.tão veio á jar.cüa c usou dos seus recursos dizendo apenas — O' d. Iz.iltina. O tu reo (i;>.s prestações está ali na esquina.

__ Foi um santo remédio. D. Izalíina, que tem a pagar umas meiasjeor de carne, abriu os olho6 desmesuradamente, fechou a bocca hermeti-.camente e desappareceu.

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O LOBO, A RAPOSA E A CEGONHA

£2p^p2 NCONTRARAM-SE os tres... A raposa, o lobo

e a cegonha. Esta seria a victima sem duvidase a cobiça dos dois outros companheiros não

viesse, por ventura, em seu soecorro. O lobo

via na cegonha um bom almoço. A raposa, po-rém, ali presente, impedia-o de a atacar. O lobo para dislarçar

poz-se a conversar. Contou a historia celebre dc uma ovelha

que certa vez lhe turvara a

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água que elle estava bebendo.

Tu então estavr.s abai-

xo da corrente? — ponderou-lhe a rapo.-a.

Não! — disse-lhe o

lobo. Eu estava acima, mas

era pretexto para matar e de-

vorar a ovelha que se mostrou

tímida! D'outra vez devorei uma velhinha! E contou a historia

do Chapeuzinho Vermelho.Emquanto os dois conversavam a cegonha aproveitou o

momento e affastando alçou o vôo e fugiu.

Os dois, a raposa e o lobo, ficaram logrados a olhar um

para o outro cheios de rai-va.

A astucia nem semprevence a cautela — diz a mo-ralidade desta historia.

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Fevereiro — l.ius — 3 — O TICO-TICO

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Mom tom..9.e hom gíosio

(¦^lomar chá depois do sabor e pela apparenciatheatro ê de "bom tom: appetilosa que têm es-

Tomal-o cotn biscoitos _ses biscoitos.AYAiaRE\é,indisculi-r^^Não se esqueça pois.velmente.de bom gosto. ?$ de recommendar ao seuBom gosto. repetimos,/! ^creado que o chá seja ser-pela excellencia dÓ^^ÊJvido cornos saborozos...

AyMrEMOINHO INGLEZ * RUA DA QUITANDA. 1QÔ * RIO

srcc. PRO»».MOINHO INGLEZ

J. p. J

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U T I C O - T I C O 15 _ Fevereiro — 15)28

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j-om&mmSáoi: Otnni>o», 164

Oficinas: Visconde dí Itauna, 41?Redacto*-chefk: Carlos ManhXes

Director-Gercnte: Antônio A. de Souza i Silva

f ANNO XXIII RIO DE JANEIRO, QUARTA-FEIRA. 1S DE FEVEREIRO DE 1928 N. 1.167

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O R I

Meus netinhos :

G E M D A AREI

Vovô passeia de manhã pelas praias da lin-da cidade carioca. Vae ver o encanto maravi-lhoso dos meninos, das creanças, que enchem desorrisos e de vida as praias de banho. E é nes-ses recantos preciosos que tem visto como as cre-ancas adoram as areias brancas e finas que asondas beijam em affagos maravilhosos. Essaadoração de vocês pela areia das praias é bemjustificável. A areia, levemente humidecida,obedece á fôrma que vocês lhe querem dar. Ellaformará um castello, uma muralha, uma monta-nha, um tunnel, um boneco, um animal qual-quer que o menino quizer com ella crear. E nes-sa obediência, meus netinhos, a areia está sem-pre límpida, sempre differente da areia que nãoé beijada pelo mar, que suja e incarde as mãosdos meninos. A areia das praias parece ser umdom que Deus favorece ás creanças.

E vocês sabem de onde provém a areia? Nãosabem, certamente, mas Vovô vae dizer. A areianão appareceu tal como vocês hoje a vêem . Seos meninos a examinarem attentamente verãoque ella 6 composta de grãos infinitamente pe-

quenos de substancia mineral. Ella vem da pe-dra gigantesca, da montanha, talvez, que o ven-to, que as chuvas, que as geadas foram demo-lindo, pouco a pouco, num trabalho constante,paciente. E esses fragmentos os rios os levarampara o mar. No próprio fundo do oceano harochas que o movimento das águas se encarregade ir demolindo, reduzindo a pó. Esse pó, meusnetinhos, vem formar as areias claras que o maratira ás praias, para o recreio de todos vocês.Cada grãozinho dessa areia humida que fôrmaas praias já foi parte de uma rocha, de uma mon-tanha. Essa montanha talvez tivesse cm seuseio a uberrima vegetação, ou a maravilha dasarvores de coraes.

E a idade dessa areia? Ella é bem remota,meus netinhos, porque o trabalho das ondas, dosventos, das chuvas, para demolirem rochas gra-niticas sô poderia ser muito longo.

Nas praias, meus netinhos, as areias sempresão novas, sempre mudam de logar. As ondasconstantemente as arrastam para o interior domar ou as devolvem á praia.

VOVÔ

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O TICO-TICO — c lõ — Fevereiro — I92S

ÍI-OTI COTICO.MUNDANO

N ASCI M E X TOS

¦'-¦ ¦•- Neltna é '' ln"'a menina que é o enCant imaior do Sr. Carlos Pamplona Gomes dos Santos c òe sua

, D. Margarida Ulaz Lopes dos .Santos. Nelma nano dia 7 de Janeiro.

* •> O Sr. Asterio Pacheco e sua D. Olga Ma-rhado Pacheco têm o seu lar augmentado pelo nascimentode um lin Io menino, que recebeu o nome de Jarbas.

K N N I V E R S A R I O S

¦ •-- Aclia-se em festa o lar do capitalista EuricoTavares Frias e sua esposa D. Cannella Tavares Cascardopela passagem do primeiro anniversario natalicio do pri-vogenito do distincto casal.

Euriquinln . o inniversariante, receberá, certamente, umainfinidade de beijo

I •-¦ Fez ann >- lu ntem o meMauro Vieira, nosso intelligente ami-gui nho.• • Passou a 10 do mez cor-rente a data natalicia daHilda, filhinha do Dr. Alberto Coe

i v Lúcio cie Almnosso intelligente leitor residente emCampo?, viu passar ante-hontem a datade seu anniversario natali:

i * Faz annos hoje a gentil 'linda, filhinha do Sr. Clemente IV

i •-' Festejou a 8 do correntemez a passagem da sua data natalicia¦\ menina .Maria Lúcia, filha <-'oSr. Antônio Pinheira

N A B E R L L X DA...

• I Querendo offertai a umaimiguinba escolhi as seguintes, flora aa Avenida Waslún-gton Lui<=, em Guaiatingaetá, e as puz na berlinda: 01-guinha C, por ser meiga; Sylvanina A., por v:r intel-ligente; Juracy, por ;cr um botão de rosa; V>>: anda. porser prestimo-a: Irene, por ser sympathica; .formar este anno; Geny, por ser graciosa; In. por '.crverdadeiro amor a Jesus; Lourdes, por desgostar do ánema;Elza, por ser collegiastiea; M. Geralda, por gostar detheatro; Cecilia, por ser morena; Ophelia, por eiAlcina, por e-tar no grupo; Maria, por _-er piampor gostar da pintura; Luiza, por -er bonita, enão gostar de mim. — /:"", a amiguinha de todas.

*> Berlinda das moças e r ipaxes da VillaFeijó, Belém, Estado de São Paulo: Virgínia Mprendada; Iracema M.. ]>or ser amiga depor ser esbelta; Isaura C, por ser loura; P, porser torcedora do Esporte Club Regente Feijó; Lpor ser meiga; Belmira •'.. por 'cr olhosazues; Odette C, por ser iympathica; Jor-dalina A., por ser quieta; Maria I... por seirisonha; Gracinda A, por ser alta.

• Berlinda des seguintes meninos emeninas: Jacy Moraes, por ser graciosa;

m Moraes, por ser intelligente; Sarita,meiga; jucildo, por ser dansarino;

Herondina, por ser amável; Mariomtc; Maria Clara, por ser l

Milton, por gostar dc cinema.

E M LEILÃO...

4> ? Estão em leilão lintes dumnos do InstitutoLa-Fayette: Quanto dâo pelo orriso de Mana de LourdesP.? pelos olhos de Myrthes ''. L.? pelos cabellos dc Ma-gdalena F.? pe'a sympathia dc Maria Jo-.e C? pela intel-ligencia le Maria Sebasliana C? pelo andar de Carmen G.?pela elegância de Zuleika W.? pelas brincadeiras de ZembiaSá? pela altura de Olga T.? pela meiguice de Enila S.?pela delicadeza le Mar nuo C? pelo comportamento<le Stella C? pelas graças de Baby P.-? e quanto dão peloolhar do leiloeiro?

X O J A R D M

• • Querendo formar ura bouquet, escolhi as eguin-tes flores: Maria, por >er a meiga violeta; r,

por-er o mim ravo: Esmeralda, por ser

i !)c'la rosa; Daniel, por -cr o mimosofeito; Athanagilda, por ser a

noite; Emyglin. por -er o copo deleite; AdeHa, por sei , bonita • ravina;Humberto, por cr o meigo jasmin do'.'abo, c eu por -er o mal-mc-quer.

X 0 C 1 N E M A . . .

'- • Para organisar um film escolhieguintes collegas da rua Álvaro: An-

ouro. por ser o Jack Perrin; Boião, oTom Mix: Luiz, o Roy D'arcy? Carlinhos,

ca-Chuca? Alcides, o Jolmie Walker;\dyr, a Lia Tora; Conceição, a BabyPeggy; Maria \.. a pune Marlowe: MariaI., a Mary Br m; sylvia, a Bebe Daniels;furacy, a Dolores Del Rio; Alayde, aOlive Horden: Delza, a Corinne Griffith;Mariazinha. a Dòrothy Gishj Julia, a AlmaRuben-: Avia, a Pola Negri; Dora, a Greta Garbo; Vrlette,a Arlette Nlarshal; Lygia, a Aliene Ray; Lelete, a MadgeBelamy; Isaura, a Lilian Gish, e ai, o artista maia

: do — Walter Lopes.

9\

\ \*l \

5 E C Ç A O D I> ') C E I R A

mt V

• • Querendo fazer um bolo, escolhi as senhorinhase rapazes da cidade i: 120 grammas dos olho;da Ãmy Salles 1'.; l'*Q grs. Ias risadas 'le Maria de L.

iro; ISO urs. da boquinha de Haydée Mello; 400da elegância da Zuleika M.; 500 grs. da meiguice de I

ia; 120 grs. dos lentes de Maria Magdalena.da altura de Alice Ter I grs. da gordura de MariaEmilia M.; 600 grs. |os de Dorinha LopesL ; 210 grs. da carinha do •¦; 300 gi' i falar do I

Paulo 1'.; HOi; 180 gr-, do

rs. do orriso¦I.

¦ iso bolo a ser• .io Chiquinl

A 120 ilhosd > Paulo;

. da

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15 — Fevereiro JÍI2S O TICO-TICO

fl&\\ •a__e' \ <^3íHh|J_|, _——^ ^ljtKw^j*^?.^, In 10/

A FELICIDADEToda a gente fala em felicidade. Fala tanto que dá vontade

de se saber o que é mesmo a felicidade. Papae disse que é pos-suir como filho um menino que tem os olhos azues, os cabelloslouros, a alma cheia de bondade. Meus olhos são azues, meuscabellos dourados... A alma eu não sei o que é. Mamãe não ex-plicou como o Papae. Disse que a felicidade é ter o thesouro dcum affecto puro como os lyrios, o encanto de um filho amado ebom. Vovó acha que a felicidade era um tempo que já passou —cheio de sonhos, de musicas recordaveis, de procissões, de cadei-rinhas. Nesse tempo, a Vovó tinha um berço onde sorria umamenina, muito linda, com o mesmo nome da Mamãe. Esse berçoestá lá dentro e foi onde eu dormi, tambem, quando era peque-nino.

No livro de Paula está escripto que a felicidade é passar pelomundo sem os martyrios de uma saudade.

A felicidade é tanta coisa que a gente acaba não sabendo o

que é.

CAR O M N H A E

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O Tico-Tiro — 8 15 _ Fevereiro — 1928

•VIAGENS-•AARAVILH05AS-

ms.poi*

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(/<2//aayves-

N D E o carro

parou erguia-se um velhotemplo, o

SjaSc&í maior de todoo império e que annos an-tes, fora profanado por umcrime de homicidio, que omanchara, segundo o precon-ceito daquella gente, e por isso o empregavamnoutras cousas. Naquelle vasto edifício foi resol-vido que eu ficasse alojado.

Tinha uma porta grande (voltada para oNorte) com seis palmos de altura e quasi três delargura, entre duas janellas, a seis pollegadas dochão. Do lado esquerdo os serralheiros do Impera-dor prenderam noyecentas e uma cadeias, seme-Hiantes até, quasi, na grossura, ás correntes de re-logio de senhoras na Europa *» mm trinta e seis

outros ligaram-me a perna esquerda. Fronteira aotemplo, do outro lado da estrada, á distancia detrinta palmos, havia uma torre de sete palmos emeio, pelo menos.

Dali me veriam commodamente o Imperadore toda a sua corte. Não se faz idéa do barulho e es-panto do povo quando me via de pé e a andar.

Tinham nove palmos as correntes presas aomeu pé esquerdo, de modo que me deixavam ir evir, descrevendo um semi-circulo.

(Continua)

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M^MÂi^-á%Í.J^

René Simões,que armou opresepe exposto noGrupo Escolar "19de Dezembro"em Curityba.

^mj^mmmmw- M^m/á*^ lÜTA W1 «W ' "^^\- t*. \ V

Br*i t- L^*' •'^mum^Sài^^Si > — i #-\ • ** * mm)k\% ^n

Photographia de alumnas da 2Escola do sexo feminino, Estadoalde Caxambú, que compareceram aexames, no anno lectivo de 1927sob a regência das professorasJeanne Alice Moacyr de Andrade

e Josina de Aguiar Monteiro(Phot A. João)

Caxambú

Instituto CaxambúenseDirigido pelo Dr. EuphraimRizzo — (Grupo de alumnos e

professoras) no Parque(Phot. A. João)

Caxambú

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Sylvia Maria, Bernardo¦fo. J°sc Ilza Maria e Maria

Helena, filhinhos do DrAppolinario Mascarenha II

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__ _____________—_¦_______________________=___: ¦

_____________________L _____________! Glorinha.filhinha do Dr

^^** Antônio Pereira^k Sá Fortes

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Bernardofilhinho do DrAppolinarioMascarenha

Mari;Elza

OS NOSSOSAMIGUINHOS

filhinha doDr OctavioCoimbra

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— tt — O TICO-TICOl."i — fovpjwtm — 1928

HISTORIAS DE NOSSA PÁTRIAst*$aÈmMmtag00i0^0ti0ifmttt0iaaam0mt>tPmm^Êaatm^

R ESCRAVIDÃODesenJws de Cieero Valladares.

Quiz o rei de Portugal augmentara população do Brasil. E achando de-ficiente o concurso do indio, pelo seugênio livre e indomável e refractarioao trabalho, offereceu as suas terras atodos que desejassem nelLas trabalhar. Vendo os colonos estes. Os africanos eram governados pelos seus reis ouque nada conseguiam dos indios, cuidaram de trazer sobas e que esses vendiam seus subditos como se fossepara aqui gente da Africa. Gente esta selvagem tambem gado. Sabendo disso mandaram os colonos lá comprarcomo os nossos selvicolas e nue não eram livres como auantos queriam para as plantações. Estes infelizes

Princeza Isabel a Redemptora e oVisconde do Rio Branco

Os escravos eram atiradosnoa fundos dos porões denavios — chamados "ne-

greiros'

y^è^i gr'^======^2^. e depois eram vendidos em praça j | ,—,,? I lltlIUI n «I '

Trabalhavam, como animaes, de-baixo do chicote do íeitor,

eram atirados nos fundos de navios que se chamavamnegreiros e commandados por piratas que lhes infli-giam os mais cruéis oastigos. Depois eram vendidosem praça publica onde eram arrematados como se fos-•sem animaes irracionaes e levados as plantações ondetrabalhavam debaixo do chicote dos feitores, das fazemdas. O africano é preto por causa do clima da Africa,que-é muito quente. Mas é uma raça bôa e de bom cora-ção e em vez de odiar, ficaram logo amigos de seussenhores.

Soffreram muito mas afinal, foi recompensada 3raça pois seus descendentes têm prestado os maioresserviços a pátria e hoje somos todos como irmãos. Osmaiores homens políticos trataram, depois da guerracontra Lopez, de acabar com a escravidão. O Viscondedo Rio Branco, pela "Lei do Ventre Livre" declarou em28 de Setembro de 1871 que ninguém mais nasceria es-'cravo no Brasil. Mas, isto não era bastante e Isabel aRedemptora decretou em 13 de Maio de 1888 a extin-cção e abolição da escravidão no Brasil.

E nossa Pátria se sentiu assim alliviada de umgrande peso.

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O TICO-TICO — 12 — 15 — Fevereiro l_í_

Um baiie azu iLúlú e Zézé são rapazitos de oito e nove annos, tra-

vessos como dois cabritos e alegres como passarinhos.São muito intelligentes, engenhosos, capazes de idéasgeniaes, como vamos demonstrar neste conto.

Um dia, ao almoço, falava-se na festa offerecida ásociedade carioca, pela elegantíssima embaixatriz ita-liana.

E a mamãe dizia: ,Estava lindo, esse baile côr-de-rosa. Tudo era

rosas, desde o tecto, que já estava pintado dessa côr,cheio de grinaldas de rosa, até os tapetes da escada; ascortinas, os estofos, a louça; parecia que tudo tinha sa-hido de um banho de rosas. Quero fazer umafesta igual... Mas ha de ser tudo azul.

Um baile azul?! perguntara o pae, umpo.co assustado com as despezas... Ha de serdifficil!

Tudo aqui é branco, vermelho e verde.Vamos preparando aos poucos, Luiz. O papel da

sala precisa ser mudado... para as cadeiras de estofo,é fácil mudar o panno; as cortinas, com uma bôa tinturaazul celeste ficarão lindas. Verás como eu arranjo tudo.

D'ahi a dias, sahe o feliz casal para o theatro e ospequenos resolvem pôr em execução um plano já bemamadurecido, depois da conversa sobre "um baile azul-'.

Havia dous mezes que as economias, as moedinhasde premio, os mimos dos avós e dos padrinhos, tudo pas-sava para a loja de ferragem... tudo era trocado porpacotinhos de tintura azul celeste.

Mãos á obra! Era preciso aproveitar a ausência dospães.

E todos aproveitavam...A cozinheira foi conversar no telephone.A criada foi para o portão.O jardineiro desappareceu.Melhor occasião, não poderiam ter outra vez.Mãos á obraiE emquanto o Lúlú, trepado na escada, passava

a brocha na cortinas e nos portaes, Zézé mergulhava nobalde a toalha e os guarda-napos.

Depois, com o enthusiasmo, iam perdendo o juízo,e... tingiram tudo, sem reflectir... Os estofos das ca-deiras, brochados a torto e a direito, apresentavam cam-biantes em toda a escala do azul! A louça, que ia aosmontes para o fundo do balde, de lá voltava suja e comalguns pedaços de menos...

Por fim, esquecendo que a tintura era destinada aajudar a mamãe nas despezas do baile, Zézé e Lúlú fo-ram acabar a obra no galhinheiro, onde as gallinhas, os

L___ü___ ___o^

m*

patos, e até a Kakatuá que o tio, official de Marinha,trouxera da costa da África... todos pagaram o seu tri-bato, apezar de protestos enérgicos.

Foi mesmo uma lueta medonha, uma correria deses-perada, em que tomaram parte o cachorro e o gato...também contemplados no azul celeste.

Mas sei que, um dos meninos, galopando pela ca-aa dentro, atraz de uma galhinha rebelde, tropeça numacadeira e tudo, de encontro a uma columna, que vai aochão com enorme fracasso. Aos gritos da cozinheiraaccóde a criada, e logo após os patrões que estavam devolta:

Jazia no chão, em mil pedaços, o grande jarrão daChina... o orgulho da mamãe! A mais linda peça de todaa casa.

Uma ligeira inspecção mostrou o resto dos estragos.E era de vêr-se, a mamãe entre os dous filhos, cho-

rando como uma criança... e os dous, afflictissimos,procurando confortal-a:

Mamãe! Mamãezinha! Foi para o baile azul!Nós queríamos te ajudar.

O pai não podia guarda o sério... Como castigar ospobres pimpolhos, que elles deixavam em casa horas _horas, e que ficavam entregues ás criadas, que nem osolhavam, emquanto os pais se divertiam longe delles!

E depois de muito ruminar, sentenciou:"0 Rio de Janeiro é a única cidade adiantada,

onde não ha diversões para as crianças. 0 Sr. Juiz deMenores deveria pensar nisso. Não basta supprimir aruim mercadoria. E' necessário fornecer o que é bom".

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15 — Fevereiro — 1928 — 13 — O TICO-TICO

MODA INFANTIL

D ORDADOS

Bordado Colbert, para forro de buffet

e seroiço do chá. Modelo.

Letras para lençóes, toalhas, roupa

branca, etc. '

L-etras pequenas para lenços.

Nome próprio e monogrammas.

l r/ht>K ^•^•A-^^^JÔíôíw^ 7/Lrce//e. ^

i" .— Costume para monit.o cmbritii ou linho branco guarnecidode galões de còr, e gravata di

taííctá.

2* — Garçonnet para mentn?

pequenino. Golla e punhos de

3* — Costume de sport em 15rada Jaquetão dirc'to guar-

)s. Cinto do mesmatecido.

^* — Costume, jport cm trlíotdc lã para rapazes dc 8 a 10annos.

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sV^ÇÊ*»

ÜiuTp üomdia.seu Rádàòo.ccrmo1 ^^^J

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Com ejuj' calor .-na^a ^como um fonv feim

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15 — Fevereiro 1928 — 15 — O TICO-TICO

A FADA GRANDIFLOR OU A LENDA DO CACTUSEra uma vez... uma fadazinha

pequenina... que morava dentro dcuma flor dc Cacttts, — a linda florda noite, a que o pevo deu o nomedc flor de baile. •

Durante o dia, ninguém a via, por-que ella só sahia depois que todosestavam dormindo, para que o mim-do ignorasse quanto bem ella fazia.Pois a Fada Grandifiòr, que assimse chamava ella, não era dessas pes-scas "reclame",

que gostam de mos-trar seus talentos e qualidades... quemuitas vezes fazem boas acções so-mente para serem louvadas.

Ella passava os dias cuidando deum immenso rebanho de bichinhosmuito bonitos, todos verdes com umapintinha vermelha no peito; estes bi-chinhos, que ella criava com tanto ca-ri nho e amor, tinham a habilidade defabricar a tinta carmin, a mais linda,a mais suave, a mais querida dos ar-ti -tas pintores, que a fadazinha auxi-liava nos seus mais famosos quadros.

Mal sabia cila coitadinha, que de-pois de sua morte os herdeiros dorebanho de cochonilhas, esquecidos dapoesia e da arte, haviam de empre-gal-as no fabrico de tintas para estra-gar a pelle das moças!!!

Com uma essência extrahida dasparedes de sua casa, que era . gran-de "flor de baile", a boa fada fa?iaremédios para cs doentes do coração,os quaes, livres de seus males, reco-biavam a saúde, o vigor, a alegria deviver!

A' noite, a fadazinha derramavasobre as arvores o orvalho conforta-dor: e espalhava a brisa embalsado

que fazia desabrochar os botõesem flor. — Ella livrava as plantaçõesdas formigas e das lagartas. — Ellasoltava os veadinhos, os aguarás, pre-sos nas armadilhas dos caçadores, eos insectos enleiadcs nas teias dc ara-nha, atirava sementes ao chão, paradar comida aos passarinhos, e afasta-va a onça do aprisco, onde dormiamos carneirinhos.

Todos gostavam da Fada Grandi-flor, especialmente os filhos dos la-vradores e os pequenos pastores, quepassavam os dias nos campos, guar-dando seus rebanhos, e tinham ense-jo de verificar e apreciar os feitos dafadazinha querida.

Como é sabido, a continua contem-plação de uma natureza magnífica esoberba com a nossa, faz com que ossertanejos e pastqres sejam semprebons poetas e optimes artistas. —Nenhum delles dispensa o seu obóe,viola ou flauta, para entoar modinhaspittorescas, ou traduzir em notas mu-sicaes as maravilhas dos valles e dassemanas, das florestas e de prados...

E a fada, do fundo da sua grandeflor immaculada, ouvia encantada asingênuas cantigas de seus jovens pa-tricios.

Um delles, chamado Coxipó, aosquinze annos já era um verdadeiromaestro.

Com sete flautas "de bambu, unidasumas ás outras, amarradinhas -comfibras de palmeira, Coxipó tiravasons tão harmoniosos e variados, quedir-sc-ia consummado "virtuose" fa-zendo uso de sete instrumentos!!

Mas era um verdadeiro genio, ptal Coxipó!...

Com um osso de bei fazia tantasproezas e jogos diversos, que entre-tinha os camaradas uma tarde intei-

Certo dia, cahindo já sobre araplanicie o véo crepuscular, sentado ámargem do grande rio de águas pra-

teadas e mansas, com as suas sele

/

flautas de bambu, Coxipó entoava'liymnos ao Rei Sol, que mergulhavanum mar de fogo, offerecendo ?osolhos assombrados do artista um es-pectaculo deslumbrante e indescripti-vel.

De repente, vio approximar-se umcavalleiro, que parou junto delle. Orapazinho levantou-se:

Louvado seja Nosso Senhor Je'sus Christo.

Para sempre, respondeu o cavai-leiro.

Depois, fixando-o de alto a baixo,o moço falou assim:

Olha camarada, preciso que vocêse encarregue de uma missão de con-fiança.

A's ordens respondeu Coxipó.E' levar esta carta a Fazenda do

Pacú, além daquelle morro, para on»de mergulha o sol..„

Sim senhor.Os caminhos são impossíveis,

não ha estrada de rodagem, e o meucavallo não agüenta mais, depois daestafa em que andou por montes evalles, transpondo espinheiros e pre-cipicies!...

Sim senhor, meu senhor. Logomais eu vou.

Pode deixar a carta.Logo não! E' uma carta urgert-

te com uma ordem do Rei. Precisqque vá agora mesmo.

Agora não pode ser, porque te-nho que recolher as ovelhas e os car-neiros...

E os cordeirinhos... já sei! jásei! vai primeiro; eu fico aqui guar-dando o rebanho. Não pode ser meusenhor. As ovelhas me conhecem,mais não conhecem ao senhor. Ellasnão lhe obedecem e nem a onça...Mas então, como ha de ser?... Eutenho pressa... é um negocio urgen-te...

Fique descançado, meu senhor,Eu recolho o rebanho num instaute.

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O TICO-TICO

e levo a sua carta; vou correndopara ganhar tempo.

— E ganha uma bella recompensa,verá!

Dito e feito. Coxipó recolheu acarneirada e sahiu a correr, levandoa carta.

O cavalleiro esperou no mesmo lo-gar, até amanhecer o dia; e Coxipónão appareceu.

Que teria acontecido ?!O caso foi que, tendo levado tres

horas para chegar á fazenda, o pas-torzinho gastou sete dias para voltar.

Como assim?Ora, elle viu um sendeiro florido,

tudo em zig-zag, e imaginou que fa-ria a viagem mais rápida, e sobretu-do mais agradável, do que enibre-nhando-se pela matta virgem.

Porém, o tal caminho fei dar emtim campo de rosas rubras, tão lindas,tão formosas, tão avelludadas 1

E Coxipó deteve-se a colher as bel-/as flores, sem poder se. fartar. —Chegou a noite, e só então o rapaz;-nho vio a tolice que fizera! Mas, não

podendo remediar porque era noiteescura, e nem uma estrella havia parailluminar seus passos, deilou-se, re-signado, e dormiu profundamente.

Já o sol dourava as campinasquando o pastor abrio os olhos. Le-vantOU-se de um salto e partiu. De-

parou-se logo á sua vista um pradoimmenso coberto de violetas, tão mi-mosas, tão lindas e perfumadas, rpieo menino encantado não podia maisarredar d'alli! Poz-se a colher viole-tas... e colheu, colheu, até ao atíoi-tecer.

E assim, suecessivãmente eníeiti-

çado Coxipó ia passando os dias, orano prado coberto de violetas, ora novalle cheio de lyrios...

Depois vieram os cravos, os cliry-santemos, os amores perfeitos e as

margaridas!Levantou-se com grande esforço de

vontade, vio que em vez de flores ha-via espinhes por toda a parte!_

Quiz andar, e sentiu-se ferido. Omenino contou os dias pelas flores

que encontrara, e vio que estava foradc casa havia uma semana...

Então, pensando nos seus carnei-rinhos, e na afflição des paes, no de-sespero do mensageiro, comprehui-deu a sua falta, e desatou em pranto.

Felizmente para elle, a vida rudedos campos ensina a ter coragem, edá um bom senso prematuro, que vemda experiência própria.

Reflectiu que chorar não adianta-va nada; ao contrario, estraga a vistae faz mal á saúde. Procurou um lo-

gar para sentar-se; mas não ha\ia

— 10 —

um pedacinho de terra que não esti-vesse crivado de espinhos.

Kecordou-se então de uma amigui-nha inseparável, que elle havia esque-cido no seu enlhusia.sir.o pelas flores.— Não ha nada como a musica, parafazer passar o tempe e consolar ei co-ração disse elle.

Flautazinlia querida! vamos dar umconcerto, para afugentar os máos es-pintos que fizeram nascer estes espi-nhos... "Quem canta, seus males cs-pauta!"

E o corajoso rapazinho passou ancite de pé a repetir com todo o en-thusiasmo o seu bonito repertório.

Havia a musica dos canários, lenta,meiga e suave, fazendo ouvir de vezem quando o som longínquo de umacampainha, eu a voz dos cordeiri.ilnnchamando pela mãe — tnééé! me. j!

Havia a musica dos arrois, desli- ,sando apressada e doce, como o mur-mu rio das agitas...

Havia a musica das cascatas, pre-cipitadas e barulhentas, como o Saltodo Rio de curo... Havia a musicados ventos, rugindo furiosamente asacudir as arvores, arrancando as io-lhas dos coqueiros, ou sussurrandoleve e carinhosa, para attrahir as se-mentinhas que ia levar as entras ter-ras. ..

Havia ainda, o canto dos passari-nhos e a dansa das borboletas...

Que mais ha de ser? pensava Co-xipó, que parecia mesmo inspiradonaquella ncite. Que ingratidão! excla-mou de repente.

Nunca pensei cantar os louvoresda Grandiilôr!

A fadazinha boa, c tão modesta,que passa os dias e as noites prati-cando mil boas acções, e que ninguémconhece nem aprecia, porque ella nãogosta de fazer valer as suas qualida-des e os seus beneficies!

Pois eu agora vou cantar ao uni-verso inteiro os encantos c as boada-des da Fada Grandiilôr!...

Com os olhos fitos no céo Coxipófez cantar a sua flauta. E eram tfiosublimes e melodiosos os sons que ti-rava des sete pedacinhos de bambu,que as estrellas começaram a espreitarpor entre as nuvens... e parece atéque algumas choravam de commo-ção!

Ao alvorecer, Coxipó ouviu umleve ruido de passos e voltou a cabe-ça para ver quem era o temerário «pieousava assim andar sobre os esphiUos.— A Fada Grandiflôr estava deantedelle, a sorrir, com sua varinha «lecondão.

— Toeaste bem, Co.\i|>ó.Nunca ouvi musica tão bonita!

15 — Fevereiro — 1928

E' que contava a sua vida, respon-deu ingenuamente o pastor.

— Obrigada, meu filho! disse afada, beijando-o, enternecida. Mas,que estás fazendo aqui?! Não salesque é o demônio da fada "Curupira",a velha feiticeira que só sabe fazermal?

Ccxipó contou-lhe tudo o que sepassara. E a boa fada, menos pode-rosa para desmanchar o mal, que parafazer o bem, reflectia o meio dc li-vral-o daquelle horrivel encantamento.Ah! Coxipó! Si tivesses resistidodesde o primeiro memento á sedu-cção das ondas floridas, não terias ca-hido nesta .cilada! Agora está difficil,muito difficil! Mas olhando em redorde si, a fada vio que havia naqueliesitio muitas painciras.

Com a sua varinha de condão, fezcahir uma fava, depois outra, e ou-tra, quebrando-as, tirava o fio sedosoe delicado, e ia torcendo e enrolando,torcendo e enrolando, até fazer umnovcllo encrine. Quando achou queera bastante, atirou o novello de tifrnaltura colossaL O novello descreveuuma grande curva e fei cahir entreOS ramos de um piquizeiro, que esta-va mesmo defronte da casinha de Co-xipó, onde o pae e a mãe choravama perda do filho único.

— Ahi e-tá, meu flautista, a tuataboa de salvação. Toma a ponta dofio, e segura-o com cuidado, pois éextremamente frágil. Si ficares. aiten-to, elle te guiará até em casa. Mas sio deixares quebrar-se, estás perdido.Trata de ter juizo... e não te dis-traias com as flores do caminho!

O pastor . quiz beijar a ponta dovcuzinho verde da Fada Grandiflôr;mas cila sumio-se por trás das pai-nciras, prophetizando:

"Ccdunt maré... vincula..."Com mil cuidados e prccauc/>e_t o

rapazinho foi seguir.de o fio condu-ctor.

A jornada foi laboriosa e diffi-cil... Coxipó suspirava, vendo asflores brilhantes e perfumadas quebrotavam a seus pés, emquanto os ga-lhos se emmaranhavam para embara-çar a linha.

Já o sol descambava no horizonte,hoje tinto de anil arroxeado, quandoCoxipó chegou ao piquizeiro, defron-»te dc sua casa. O cãosinho amigo sa-hiu-lhe ao encontro, saltando de con-tentamento.

Os paes contaram-lhe, então, que ocavalleiro, cançado de esperar, pro-curou-os para entregar "a

paga doserviço".

Um saquinho cheio de moedas decuro c prata e um grande volume que

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15 — Fevereiro 1928 -- 17 — 0 TICO-TICO

Outr'ora, quando a mente in-fantil não estava ainda eivada<Io tnaterialismo absorvente dosnossos dias e que se desconhe-ciam as grandes descobertas queboje assombram o mundo, a his-toria do "Gato de botas" era daum encanto suggeslivo.

Não bavia creança que nãoadiasse engraçado o pequenoescudeiro do Marqucz de Cara-bás.

E as bolas cuja velocidade"Venciam em segundos sele. Ie-guas, tambem, eram de igual en-canto.

Era assim! — "o gigante dor-mira e o "Pequeno polegar" lhedescalçou as botas e com ellasíugiu com os seus irmãos parajunto dos seus pães que se la-menlavam por bavet-os perdi-dos..."

Hoje, as "bolas de sete léguas",em sentido figurado, é a telegra-jiliia sem fios e futuramenteserá o aeroplano...

reyer-se-ão lindas histo-rias para as creanças do futuroe o aeroplano, será o pássaro gi-gi-iilesco que, velozmente, vcn< ao infinito azul levando nas sins

,c,í V.>> . .^%.

0 GATO DS SOTASazas brancas, raptada, uma lin-da princeza, cujo noivo a r.sDeraem paiz extranho,

O pae desesperado interceptao casamento que não lhe causasatisfação, apenas, com algumaslinhas de um radiogramma.

Parecerá daqui ha millenios, seestes assombrosos conhecimen-tos actuaes não desapparecercm,uma fantasia de cérebros loucos.

Contou-mo a avosinha quenou dos tempos os "bichos fala-vam"..

E, a prova está na historia do"Gato de bolas" que com a suaastucia conseguiu fazer o seuamo passar p e 1 o portentoso

marquez de Carabás, senhor quopossuia vastas terras, lindos cas-tellos c muitos criados quandoera apenas um pobre filho de ummoleiro cuja partilha, na heran-ra paterna, lhe coube por sorteo interessante Indiano.

Eu não quero crer. . mas,sempre fico á pensar: — o pa-pagaio ainda hoje fala e apren-de o que se lhe ensina, portanto,é bem possivel que outros bichosfalassem.

Mas, a imaginação infantil dohoje, já não quer crer nas cou-sas fantásticas e é pena; porque,o mundo real é lão triste e tãoárido.-

O mundo da fantasia e daslendas, tão maravilhoso, deveráenriquecer de imagens bellas erisonhas a menle da infância quesó deverá comprehender a feali-dade no seu cortejo de desconso-Io, muito mais tarde. ..

O "Gato de bolas"! Como eugostava daquella historia, tãoingênua e tão simples l

Rachel Prado

elle dissera encerrar um thcsov.ro

inexgotavel, escripto cm latim: "Fio-

ra Brasiliensis".Era um livro que descrevia as plan-

tas do Brasil e suas propriedadesmaravilhosas; propriedades alimenti-cias, medicinaes c industriaes.

O joven sertanejo, que mal sabiale*r, aprendeu para estudar no uranJelivro da natureza.

'forneu-se um grande sábio, c foia gloria de sua terra.

Enthusiasmoii-o, mais que tudo, adcícripção de uma preciosa planta —

O Cactos — de que possue o Brasil

mais de duzentas variedades, cadauma dotada de sua especialidade,desde o humilde xiquexique, o únicosobrevivente após a hecatombe dasseccas no nordeste, e o famoso man-dacarú, que fornece os enormes espi-nhos com que as caboclas do sertãotecem as rendas mais lindas do num-do, até o gigantesco cereus brasilien-sis, ou cactus — cyrios — tambemchamado grandiílorus cuja flor ma-/avilhosa a medicina aproveita para

a cura de muitas moléstias. Ccjdpóresolveu estudar e cultivar em largaescala as plantas exquisitas da fami-

lia das cactaceas; e descobrindo no-vas e interessantes particularidades,dotou o seu paiz de uma inexgotavelfonte de riquezas.

E só muito mais tarde, já velho,quando contava aos netinhos as suasaventuras, Ccxipó suspeitou queaquelle cavalleiro talvez fosse a FadaGrandiflôr, que andava procurando aquem legar o livro da natureza, e ser-viu-se de um disfarce — como é cos-tume entre fadas — para ver si elleera digno de tão magno presente.

GEMMA D'ALBA.

Não é o Sr. Irineu Machado e sim "O Papagaio", asaliir dentro de poucos dias, trazendo a niais finaironia, pobtica, irreverências e boa literatura. Será em

cores e custará 400 reis. <3J

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O CARNAVAL DmO TICO-TÍCO" - O CARRO ALLEGORICO - PAGINA 6 (Final)

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ftg.i_TODAS AS 1'EÇAS DEVEM SER COLLADAS EM C.\T^°l

* ^CORTADAS. A SEGUIR: SENSAC IONAL VACINA DE ARMAR.

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O T ICO-TICO— 5.0 — 15 — Fevereiro — 1928

AS FÁBULAS DE GEMMA D ALBA

O VEADO VAIDOSOSeouioso, o Veado parou á margem de um ri-

beiro o àctcvc-sc a contemplar a própria imagemnns amias crvstallinas. ,.r008l^o

pernas! dizia elle comsigo. Pouca-d f-

ferença fazem dos caniços que crescem ábc.i.i

deste reialo... tiram-me toda'a elegância! Por-

que não me dotou o Greador com palas iguaes as

d° Depoi^ mirando a ramagem que lhe adorna-

va a cabeça, proseguiu no sohloquio:— Estes galhos, sim! §ão o meu orgulho! Duo-

me um ar grosseiro, assemelham-se aos penna-chos de um boné de general... .', n

Este é verdadeiramente, o dislinctivo da no-

breza de minha raça.No mesmo instante, ouviu-se ao longe um

toque de cometa... O Veado estendeu o pescoçoarregalou os olhos e partiu em correria deseu-freada a travez da matta.

_ O que vale 6 que lenho boas pernas! Isac

me apanharão os cães!Infelizmente, na sua disparada louca, o Gervc

espantado não olhava o caminho; passando entreas arvores, cujos galhos se cruzavam a pouca dis-tancia do solo, os chifres ficaram presos entre afolhagem emmaranhada; e, por mais que pulassee gemesse, o pobre bicho não conseguia desvenci-llvir SP •

Chegou a matilha de caça, o Veado prisioneiro

O s DOIS

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_M^aaaSS^SÍ^Sm^^iy{, I f> tóa-í_^^^^^S_^

r^S* yJ[ l&- ~ —*!- tv" — -— '

ficou seguro pelos cães, que lhe incltiam os dentesá por fia, einquanlo não vinham os caçadores.

Então, com os olhos cheios dc lagrimas, o cor-redor dos hosques murmurava arrependido:

— Aprendi á minha cusla! Agora comprehen-do o valor das minhas pernas delgadas e leves, quevoavam como azas!... Não fora esle maldilo pen-nacho, que eu ha pouco admirava, e a esta horaellas me teriam posto a salvo!...

Ha muita gente insensata como o Veado, que,só dando attenção ás cousas bonitas e elegantes,despreza o que é verdadeiramente bom e o que temutilidade. ,. ,

(mando vocês forem grandes, e tiverem de os-colher os seus amigos, lembrem-se da historia doVeado... e não se deixem levar, nem pelo brilhodo dinheiro, nem pela ostentação, nem pelas exlc-rioridades oaptivanles; mas tratem de cultivar oaboas amizades, cujo valor se occulla muitas vezessob o manto da modéstia.

Em uma noite linda, de luar opale.-ente, dois anjos

bons se encontraram no caminho triste da vida.que chegava surprehcndcu o outro que, com as

grandes azas brancas cahidas ao longo das costas e a tu-

nica manchada de sangue, com o semblante muito triste,

°r!La'o que fazes irmão, por esles caminhos civíido»

de lagrimas e misérias?Venho de minha triste missão: — a de soecontr

os que soíírem e trago n'alma uma angustia que me um-

quilla por tudo que vi de doloroso e cruel..Narra, irmão, o que viste?Venho de um campo horrível onde se feriu uma

batalha sem tréguas; irmãos, que antes se amavam, no ar-dor da peleja, na cegueira de um falso ideal, atiravam-seuns aos outros, trucidando-se como fera;.

Vi lábios sedentos, na ultima agonia, pcdir.ni a pazentre os homens!

Vi corações afflictos que envolviam num ultimo os-culo de aguda saudade os retratos de entes queridos.

Vi paes que chamavam haixinho os seus filhinhose a esposa querida.

A N JYi unidos, para a viagem ultima, auxiliando-se nc

momento supremo, homens de religiões differentes quese diziam:"O meu Deus é Allah e tu és christão bem sei, nãoimporta, somos irmãos- na dor e na morte, e, abraçavam-se r

-Tudo isto irmão Gabriel me fez tão triste e fico a

pensar que o "Senhor do Amor" deve volver bem de«a á terra, para que cesse a lueta entre os homens!Mal tinha o anjo pronunciado estas palavras quando

viram a deslumbrante apparição de Jesus, o grande mes-tre e o "Senhor do Amor"!

Elles ajoclliaram-se humildemente c Jesus lhes di-sc: Eu estou em toda a parte meus filhos; mas, os

homens não querem encontrar o meu reino que é de"Paz" e "Felicidade", sem luetas, sem ambiçõesI

Quaúdo os dois anjos levantaram a viifta já Itinha"desapparcciüo e elles unidos, voaram para o seuKeino..

Rachtl Prado.

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15 — Fevereiro — 192S — 21 — 0 TICO-TICO

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A DEFESA DO MACACO

Estavam reunidos o rhinoceronte, o urso,, o hippopotamo, o tigre, a raposa e olobo para decidirem da sorte do macaco. Este, sem que a feroz assembléa soubes-

se, assistia de uma arvore toda a manobra, toda a sentença c, já pensando na sua de-

fesa, estudava um plano para vingar-se.

Guando terminaram a sessão, estava assente que o macaco seria morto pelo riu-noceronte e o hippopotamo e seus despojo s seriam entregues ao tigre, ao urso, a ra-

posa e ao lobo. O macaco deu então um assobio. Era o grito de guerra, o desafio.

O rhinoceronte, exasperado, procurou por toda parte o macaco descobrindo-ofinalmente sentado no galho de uma arvore.

— Ah! malandro estás ahi e pensas que me escaparás desta vez?!

Vou mostrar-te que com o rhinoceronte não se brinca! E partindo como uma,

bala deu uma formidável trombada na arvore, atirando com o macaco á distancia,

O mono já esperava por tal investida e poz-se a correr no chão perseguido pelo fe-

roz rhinoceronte, encaminhando-o para certo sitio que elle conhecia. Não tardou

que o rhinoceronte cahisse num fosso, de onde nunca mais poude sahir.'A moralidade desta historia ensina aos meninos que nunca devemos premedi-

tar maldades para outrem. Ha sempre uma'defesa, um meio de fugirmos daquelles

•que nos querem mal.

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O TICO-TICO — 22 15 — Fevereiro — 1928

O ESPIRITO ESCOTEIROANTÔNIO JOÃO"Deve ser conhecido de todos

os filhos do Brasil o nome des-te grande patriota, que um fei-to simples, mas extraordinária-mente significativo, immortali-sou.

Antônio João Ribeiro era te-nente de cavallaria, commandan-te da colônia militar de Doura-dos, na província de MattoGrosso.

Sabendo que um exercito pa-raguayo havia invadido o nossoterritório, onde encontrara a ho-roica resistência do forte doCoimbra, formou a sua pequenaforça, que se compunha apenasde 16 homens, e, escolhendo

* dentre elles o que mais confian-ça lhe inspirava, entregou-lhe umbilhete e ordenou que fosse en-tregar a toda pressa ao coronelDias da Silva, commandante doregimento de cavallaria da pro-yincia. O bilhete, que não foi en-tregue ao destinatário, por lercahido prisioneiro o seu porta-dor, era assim redigido:

"Sei que morro; mas o meusangue e o de meus coinpanlici-ros servirão de protesto solenmocontra a invasão do solo Ua mi-nha pátria"..

Em seguida, mandou preveniros habitantes da colônia do pe-rigo que os ameaçava. Fugiramestes, em numero de oitenta etantos, quasi todos velhos, mu-lheres e crianças. Só ficou obravo Antônio João, á frente dosseus quinze dedicados compa-nheiros.

No dia 29 de Dezembro (1864)',vinte e quatro horas apenas de-

pois da fuga dos habitantes,apresentou-se o coronel Urbietaque, commandando "250

para-guayos, intimou Antônio João aentregar a colônia de Dourados.O heróe perguntou-lhe:

"Traz ordem do governo doBrasil para que eu me renda ouentregue a praça?"

"Não, — respondeu o coro-nel — mas trago ' 250 homenspara tomal-a pelas armas".

"Então, meus senhores, re-tirem-se, porque eu só receboordens dos meus superiores".

E voltando-se para os solda-dos, bradou: .:

—t "Preparar! Apontar! Fogo!'"A essa descarga de 15 tiros

¦respondeu uma descarga de 250,e outra, até que cessou a fusila-ria, por não haver quem maispudesse responder...

Os paraguayos entraram na co-lonia, onde encontraram esten-didos em linha 16 cadáveres demilitares brasileiros".,

Ozorio Duque Estrada(Leituras Militares)

HONESTIDADE ESCOTEMA

Num dos primeiros dias do meza actividade desenvolvia-se in-tensa num dos mais fortes ban-cos estrangeiros desta capital.Os empregados não tinham des-canço, suecediam-se os chequesde cincoenta, cem, duzentos con-tos!

No meio de todas aquellas cen-tenas de contos apparece um pe-queno cheque de cento e dez milréis, apresentado por um joven.O papel segue o percurso nor-

mal, corre as carteiras, c mina-tos depois eis o nosso amigo pa-cientemente, em pó junto ao"guichet", aguardando a sua vez.Forte, olhar franco, ar jovial,acompanha admirado a prestezacom que o pagador empilha no*»Ias e notas deante do guichet.

"Cheque n. 13, cento e dezcontos!" grita o pagador empur-rando o dinheiro para fora. e vi-rando-se para o joven:

"Tenha a bondade de verifi-car, estamos com muito trabalhoe o dinheiro não foi conferido".

E voltando-se para o outrolado começou a contar novo che-que.

Um sorriso bom e franco afio-rou aos lábios do joven que,com um gesto de braço idênticoao do pagador, tornou a empur-rar para o interior do guichet ogrosso masso.

O empregado suspendeu o tra-balho: — "JNâo está certo?"

"Deve estar, mas isso nãoé meu. O meu cheque é apenasde cento e dez mil réis"...

E, recebendo o seu dinheiro,deu-se pressa em sahir para fur-iar-se aos agradecimentos dohomem.

Com um olhar agradecido opagador considerava o abysmoem que quasi despenhára, ma3de onde o salvara a honestidadodaquelle moço que se afastavatão simples e humilde comoquem acabava de praticar o actomais natural desta vida.

Alguém assistiu a scena e im-pressionou-se. Havia um myste-rio. Não lhe foi difficil desço-brir: na botoeira do joven haviauma "flor de lis".

¦ ..

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15 — Fevereiro — 1928 - 23 — O TICO-TICO

A CAIXA MYSTERIOSAO pae de Edgard era, como já foi dito,

um negociante, cuja casa commercial esta-va cm franca prosperidade. Diziam seuscollegas invejosos que era apenas a sorteque o protegia; mas quem conhecia de per-to o Sr. Antônio, sabia que a actividade,a honradez e em parte tambem a bonda-de desse homem sempre amável attrahiama freguezia á sua casa.

Agora um negocio muito importante Oobrigava a fazer uma longa viagem e es;-::acontecimento na familia, ha alguns diaspreoecupava nãó só os pães como tambemo filho e ainda o amigo intimo dcst(, oCelso.

De volta da escola, vinham os dois ra-pazes discutindo o caso.

Eu gostaria muito acompanhar papae,pois elle vae viajar por todo c» Brasií, pe-Ias capitães de quasi todos os Estados, emamãe va? junto...

Sim, i iterrompeu-o o Celso e. vocêdirá depois a) professor qu-; estudou geo-graphia pratica, d; modo que não con-fundirá mais o Rio Grand.:- d.- Norte corao do Sul. Mas àò pvcfessor de arithmeti-ca, você não provará que um zero bemredondinho vale mais que uma bomba!

Foi este mais ou menos o argumentode papae e estou percebendo que ainda nãoé desta vez que verei os igapós do Ama-zorras nem as cochilhas do Rio Grande doSul.

Como elle já está sabido nessamatéria! Eu não conheço nem umanem outra dessas palavras.

O a, disse Edgard, Igapó é onome que se dá no Amazonas ásflorestas á beira do rio, quan-do alagadas pelas enchentes; ecochilhas você devia saber quesão, no Rio Gande do Sul, as ca-deias de montanhas pouco elevadas,que atravessam as planícies.

Ahi está mais uma razão porque vocênão precisa viajar e em seu logar vou eu,que não sei nada disso. Mas falando serio,já estive reflectindo no caso e acertei comoa melhor solução: vowa senhoria fica mui-to applicadamente a concluir 03 seus es-tudos e como em sua casa não ha nin-

jruem que o vigie, decreto a sua mudança

para o quartinho junto ao meu, em nossacasa.

Além de outras vantagens accrcscemais esta de estarmos juntos o dia int'i-ro e por minha parte asseguro que nãobrigarei com você senão quando for ne-cessario

A este convite do Celso seu amigo ~.ãosoube o que responder. Era evidente queassim ficariam resolvidas todas as diffi-culdades que ha tanto tempo vinham se:.-do discutidas em sua casa. a propósitodessa viagem 1» pae. Ma. acceitaria vsteo generoso offerccimcnto d3 rapaz?

Não se:, Celso, que dirão no s.,spaes desse arranjo, que ú mim por certoagradaria muitíssimo. Mas seu pae...

Deixa tudo por minha conta, Edgard;nem discuta mais, porque... Olha lá; pa-pae tambem está chegando para o almo-ço e você vae' ver como elle concorda com-migo.

Celso deu uma corridinha, pediu a ben-ção do pne e foi logo argumentando:

Pois o senhor não acha, papae...;

A' tarde estava tudo resolvido, tal qualcomo o Celso o havia imaginado. E dadaessa solução inesperada, o Sr. Antôniopôde antecipar a sua viagem, em compa-tíbia de D. Odette. O Celso agira, em tudo

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isto como um hábil diplomata, levando etrazendo recados, aplainando diffieuldadese sempre gabando seu amigo Edgard comoo melhor companheiro e o mais estudiosoe sensato de todos os rapazes '

que co-nhecia.

Os paes de Edgard foram á noitinhaagradecer o bondoso oíferecimento. Mas oCelso nem lhes quiz dar oceasião para fa-lar. Foi logo tagareüando:

A senhora quer ver, D. Odette, comofuneciona a Caixa Mysteriosa?

Ah, sim, o Celso sempre " nos falanessa maravilhosa in vença->.

O rapaz correu a manejar o apparelho;agitado como estava, apertava os botõesda machina sem saber o que estava fazen-do e deu volta á manivela antes de terescripto a pergunta no papel.

Ainda assim a voz do apparelho se fe?ouvir.

Níngúem, entretanto comprchendia o quea Caixa Mysteriosa dizia.

Que diacho de lingua estará ella fa-lando ?

Não sou capaz de entender uma uni-ca palavra.

Que foi que você escreveu no papel?Só então o Celso se lembrou de que ha-

via esquecido de formular qualquer per-gunta. Ficaram todos ainda mais intriga-dos, querendo saber pelo menos o idiomaem que falava a caixa, desta vez maisque nunca mysteriosa.

Vamos chamar o tio Arnaldo elle êque canhece melhor os segredos desse

apparelho.Mal o tio entrou na sala, deu eileuma- ga-galhada:

PAgrtMYBAol — Boa peça lhes pregou a mi-jjeciFE e/ , .¦£¦•••"•«ei/viEiúo/ ' imcomparavel Caixa Myste-

hRMMÚO/ riosa. Ella esta falando em guarany.Quem foi que apertou este ultimo bo-'

tão aqui?Traduza depressa o que ella está di«

zendo.O tio Arnaldo esperou um pouco, para

pode; acompanhar um começo de phrasecom a traducção cm portuguez:

Che retama orecô p ind o - e t âMinha terra tem palmeiras muitasMame onheengar çahbiáOnde canta sabiá

TIO NOUGUI

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O X ICO-TICO — 24 — 15 — Fevereiro 1928

O E N T R U D0 carnaval de hoje é muito differenle do

"entrado" do meu tempo, dizia a velha tia Ange-lica, ouvindo o ruido dos foliões em uma batalhade "confetti" na rua do bairro em que morava.

Então no seu tempo não havia mascarado?perguntou um dos sobrinhos que se reuniam, ánoitinha, em volta delia, escutando-lhe as histo-rias de Trancoso e tantas outras bonitas que ellasabia contar com tanto pittoresco. |

Havia mascarados, sim, respondeu ella. Oque não havia eram essas maluquices antes d-_

tempo. O carnaval era só tres dias. Antes disso,nada de mascarados na rua.

E lança-perfumes, havia? perguntou oulró.Qual lança-perfumes!... Isso é invenção

d"agora para cabir nos olhos da gente e arder comopimenta. Sempre se brincou e muito, sem isso doethcr, nem serpentinas....

E confetti?...Confetti é idéa de italianos. Sempre houve

muito papel bem picadinho á tezoura, e quantomais miudinho melhor, mais bonito.

Conte, tia Angélica, como era o carnaval doseu tempo, sem lança-perfumes, nem serpentinas,nem confetti, pediram alguns.

Com certeza nao tinha graça nenhuma; con-cluiram outros.

—_ E' o que vocês pensam. Tinha até muitomais graça do que o de hoje. Havia o "entrudo"...

O entrudo?!...Sim: o brinquedo com água, a valer.:Água da bica?!...-Sim; da bica, dos potes, dos tanques, das

cacimbas. Davam-se verdadeiros banhos.Mesmo sem conhecer as pessoas?!Sim; mesmo sem conhecer. E ninguém se

zangava: era entrudo...Dava-se banho nos outros com roupa e

ludo?!...

Naturalmente, que ninguém sabia _á ruacom roupas de banho, como se anda hoje naspraias.

Brincava-se tambem muito com "limas e li-mões de cheiro"...

Atirando-se limões uns nos outros?Sim. Mezes antes do carnaval começavam-

se a fazer as "limas e limões" com casquinhas docera que se soldavam com a própria cera e se en-chiam de água cheirosa com essência de lima, decravo, de rosas, de alfazema, etc. Algumas eramcoloridas de azul, verde, amarcllo, encarnado, mui-to bonitas...

Devia ser lindo, heim, tia Angélica?...Era lindo, sim. Faziam-se tambem limas

de borracha, muito finas, cheias de água perfuma-da e colorida e que se partiam quando atiradas so-bre qualquer pessoa.

Dc sorte que ficava bem molhado quem lc-vasse uma lima grande?...

Molhado c cheiroso tambem. Havia tambemas seringas grandes, feitas dc folhas de Flandre.e que esguichavam água longe...

Devia ser muito engraçado.E era mesmo. Principalmente si depois de

molhada a "victima" do banho recebia ainda umpunhado de polvilho ou farinha de trigo... Os pre_los, coitados, é que ficavam desesperados quandolhes besuntavam as caras de branco. E tia Ange-lica riu lembrando-se disto.

E os mascarados, tia Angélica?Os mascarados eram muito engraçados. Nãc

faltava nunca o "velho" com a sua Iunela; o "dia-

binho", lodo de vermelho, com chifres e caudabem comprida; o "morcego" vestido dc vclludo ne-gro, cheio de lantejoulas rebrilhanclo, grandes azasespalmadas; o "professor" com a indefectível pai-matoria em punho"; o boi, o princez;..

Princez?!...Sim. Uma especie de principe ou "don-

zel", de cabelleira encaracolada, calção curU*ygi-bâo e espadim á cinta; o "papa-angú", o "urso"...

O urso lambem?!Por que não? Era uma phantasia feita do

aniagem desfiada, imitando o peito do urso, com-pletada com uma mascara daquelle animal, e umacorda ou corrente presa á cintura cuja extremi-dade ficava nas mãos de outro mascara phanta-siado de cigano, com grandes bigodes cabidos, ar-golas nas orelhas e rufando um pandeiro do somdo qual o urso "dansava" grunhindo...

Então não havia batalhas de confetti, comoé que se podia fazer uma batalha sem a principal"arma?"

E blocos?Tombem não havia. Sahiam os cordões, os

ranchos, as troças, com os seus estandartes, sua3musicas características, todos muito bem phanta-siados, cantando e dansando.

Ande vêr um "bloco", tia Angélica; cha-

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15 Fevereiro — 1928 — 25 — 0 TICO-TICO

PARA CONVERSAR COM OS SURDOS MUDOSOs surdo-mudos falam? Falam, sim. Falam pelos

dedos, por meios de signaes. Esses signaes são as le-trás do alphabeto feitas de um modo original com o au-xilio das mãos. A gravura que acompanha estas linhasmostra aos leitores o alphabeto manual com que falamos surdo-mudos.

Desde os tem-pus mais remotos amaneira de se com-municar com ossurdo-m u d o s erafalar-lhes por si-g n a e s executadoscom as mãos e, co-mo ha ainda milha-res de surdo-mu-dos que não sabemconversar de outramaneira, não seriainconveniente queos nossos amigui-nhos aprendessemo alphabeto manualafim de se commu-nicarem, se precisofôr, com qualquerpessoa que tenha ainfelicidade de serprivada da voz. Oalphabeto completoestá na gravura jun-to. Em todos os ca-sos, excepto nos dasletras H e J as mãosestão paradas aoformar o signal que representa a letra. No caso do K,toda a mão direita é passada pela palma da mão es-querda abaixo na direcção da setta; e para indicar oJ, o indicador da mão direita passa-se por toda a mãoesquerda abaixo, desde o alto do dedo médio, como nagravura a setta indica.

O alphabeto dos surdo-mudos

Ao conversar com um surdo-mudo construímos as pala-vras letra a letra e isso parece á primeira vista um pro-cesso muito enfadonho. Mas é espantosa a rapidezcom que conseguem conversar d'esta maneira duas pes-soas habituadas pela longa pratica á execução e inter-

- pretação dos si-gnaes do alphabeto

Para separaias palavras segue-se um dos dois processos ou separaias mãos e saccu-dil-as para baixo oufazer o gesto de darum estalo com osdedos.

Claro está queas pessoas, que cos-t u m a m conversarmuito assim com ossurdo-mudos, d c -pressa adquiremcertos signaes queexprimem palavrasvulgares, que assircevitam ter de com-por letra a letra.

Por exemplo:levantar no ar op o 1 le g a r direitoquer dizer "bom";levantar o dedom i n i m o direito,"máo". Apontarpara cima significa

Deus ou o céo.E ha muitos outros signaes convencionaes desta

natureza.Os números até vinte são indicados pelo numero

preciso de dedos, e os números mais altos soletrando aspalavras que os representam.

mou um dos pequenos que se havia levantado, at-traindo pela musica de um grupo de moças e ra-pazes que se approximavam.

Eu, não. Vão vocês ver. Eu não acho gra-ça nenhuma nesse carnaval de hoje, confessou avelha. Carnaval bonito e bom era o do meu tem-po. Que saudades que eu tenho das "partidas dedansa" á phantasia!...

Partidas de dansa?!Sim. Eram os bailes cm que se dansavam

as lindas valsas, as polkas, os schottiscks, as qua-drilhas, os lanceiros, as mazurkas, as varsovia-nas...

Que dansas exquisitas, tia Angélica, dis-seram a rir, as crianças.

Exquisitas são essas de hoje; dansas ame-ricanas de nomes arrevezados e passos ainda maiscomplicados do que os nomes... :__

0 bloco se approxiinriva. A debandada das

crianças foi geral. Tia Angélica ficou sosinha mo-nologando:

— "Isso" nunca; foi carnaval?!... Nem secompara com o "entrudo" do meu tempo...

Rio — 1,1 — 1928..E. WANDERLEY.

RESULTADO DA CARTA~ EnÍTGMATICA

Rio, 1 de Fevereiro de 1928.Meu bom collega Jujuba.Sua carta foi difficil,Era uma mesmo cotuba..Escreva cousa mais fácilQue eu leia num instantinhb".Aqui fica ao seu disporO amigo certo Chiquinho.

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O TICO-TICO — 2Q — 15 — Fevereiro — 192S

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ii João Valente

O DESAFIO(DUETTO SERTANEJO)

Musica E versos dê E. WANDERLEY

João Valentevioleiros

Zé Cantador

I — Zé Cantador

Sen compadre João Valente,Você que é bom na viola,Cantador que tem escola,Vae aqui me responder:— Por que, por mais que se estude.A cantar ninguém ensina,Quem não nasceu com esta sinaNão chega.nunca a aprender.

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Não chega nunca a aprcndsrQuem já não nasceu poela.Não diz a magoa secretaSi não fôr bom cantador.Não é coisa que se comp:eNem com prata nem com ouro,Isto é pra nós um thesouroQue nos deu Nosso Senhor.

III — Zé Cantador

Que nos deu Nosso SenhorDiz vosmecê muito bem.Forque voz nem todos têm,

Nem todos sabem cantar.E' coisa que vem do berço,Como um dom da natureza,E' que nem mesmo a bellezaQue ninguém pôde comprar.

v'*

IV — João Valente.__ .

'¦.-.-

Que ninguém pôde comprarE' certo; mas, por favor,D'gi qual o grande amor

' Que a gente tem nesta vida:E' amor de pae ou de mãe,Amor de irmã, ou de irmão,

¦ Ou é) sem contestação,O amor da pátria querida.

V — Zé Cantador

O amor da pátria quer .3E' o que nftis nos merece,Por elle tudo se esquece:Pae e mãe, irmã e irmão,E, si assim você não pensa,Seu compadre João Va.ler.ti,Mostra que é um homem doente,Não pôde ser cidadão.

VI — João Valente

Não pôde ser cidadãoQuem não ama sua terra,Tanto na paz ou na guerraDefendei-a é s«r feliz.

Zé Cantador: — {Eslcndendo-lhe a

mão que o outro aperta) :

Então "aperte estes ossos",Você é meu companheiro.

João Valente: Cantador e brasileiro,

Tem de amar nosso pa'z.

NOTA: — Os pequenos devem se apre-sentar como os sertanejos, cm mangas decamisa, lenço de côr ao pescoço, chapéo de

palha de carnaúba ou de couro, empunhan-do violas onde fingem tocar emquantocantam.

Rio — XII — 1927-

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Lucilia e Alfenus Leão de FariaCidade de Alfenas — Minas

Yracy e Lucy Conceição Ramos4,São Paulo"

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15'— Fevereiro 1028 — 29 - O TICO-TICO

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RESULTADO Dü CONCURSO N. 3197

XLVIA solução exacta do concurso

Solttcionislas: — Maria Apparccída .B.Santos, Pcricles Scnrvlo de Azevedo,'Ma-rio Marques da Silva, Danilo de FreitasLins, Tullio Hostil'o Rotta Ga-çia, Maria-zinha ',' Gouvêa F.spindola, Isaura- AlvesRoza, Yedda Regai Possolo, Ellen Pe eraDias. Aurelia D lehes, Zoraida ' V._Rodri-'guez, Maria Amajia Gonçalves, Seney C.Dut a. Mauro Luna, José Carlos de Arau-jo, Newton Rodrigues Cardoso, -MercêsRini, Danilo Stelczyk, Mar:a de LourdesFonseca, Oswaldo Muller, Annita Sandes,Guilhe 'me Canedo Magalhães, • MarinaMuniz Ferreira, José João Soares B tten-court, Lúcia Bcrbert, Yedda Lopes Ma-chado, Milton Ay ton Sá dos Santos, Nel-son Pereira do Amaral Carvalho," Ruy daCosta MeSqurfla, Edasima Rodrigu.s. Ed-gard Fausto de Abreu e Silva, Hülio Cal-das, Ruth"'de. Aquino Ma quês, Hocl Sct-te, Ney Caldas, João Jacob Tcsch Furta-do. Lei _! Candiota de Campos- Caudio-Go-dinho Naylor, Hélio Ca valho Uma,

Lourdes Freire Borges, lida da Silva Bra-ga, Arnaldo Hecht;,, Djalma Moniz Ribeiro,

¦ Emmàniiel.. Thomàz"'Pereira, Ccnriy Pcrei-ra, Alberto P.*$I. Riso, Milton Doyle,José Baner Ca'_e:r,: Maria Caclda Cer-queira'dó". Amaral, Margarida Ribriro So-bral, Yolanda de Carvalho, Serg'o Grancr,Marina Grancr, Paulo Graner, Carmen So-tclo, J.sé Fe "reira Barros, Yolanda . Do-mjngues, Õlivio Thiago de Mello Filho,]\Iaria- Angelii.i, Newton de Oliveira, Lu'zDodcsworth Martins Sylv.o Portelia, Fer-mando Tuinari Stomato, Arlette Sodré. NairFonseca, Lcinio Ribeiro, Álvaro Alves deFarias, Alfredo Alves de Farias, IsolinaOrdalia Bo %es, Wilson Patrima Gioso,Carlos de Gusmão I/ma, José da SilvaMarigualdi, Jorge França Costa, JoséVasconcellos da SiJya, Miguel Pcrnambu-co,. Ilton Viviahi Mattoso, Arnaldo PintoRibeiro, Maria de Lourdes Lemos Macha-do.T-Maria José Lessa, Guilherme Pereira

AVilhcn, Adijlia• Ferrei a <la Silva, Edson. Ruivo de Souza, Auxilio de Souza Yalen-íe, Rubem Dias Leal, Antônio Ananias.

Foi o seguinte o resultado final do con-curso:

. i" Prêmio:'

JOSÉ VASCONCELLOS DA SILVA

de 8 _r.nos de idade e morador á Tra-vessá dó Forte n. 86, em R«-cife,' Estadode Pernambuco.

2" Prêmio:

ANTÔNIO ANANIAS

de n annos de idade e residente á rua do(JiTiguay n. 41JO, nesta Capital.

RESULTADO DO CONCURSO N. 3200

Respostas certas:

ja — Rosalina.2" — Brincadeira.3* — Rita.4" — Ré.S" — Manga.

Solucionislas: ¦_- Mario Rcnnó Gomes,Hélio Carvalho Lima, Elza FigueiredoFerreira, Levy Mattana, Ruy da CostaMesquita, Celuta lfanenequin Gomes, Lu-cio Remuzat Rennó, Florinda Costa, NiloGuimarães de Souza, Pedro Luiz Collaço,Davino Ferrari, Uva Marques, Alice deBarros Mello, Mario Pereira Braga, Ma-rio de Souza Monteiro, Zulmira Soares,Hélio Menezhitti, Elza Maria Kastrup,Milton Daylc, Aurélio Carneiro AzevedoMagdalena, Ethel dos Santos Moraes,

SILVA ARAUJO*"^^LHORPASTrXoÊpf1

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"-'....'.¦¦¦¦

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recommendagg as pe5sôa5 que;U5am Mercúrio e Bismuthd

Hviso aos nossos leitores-Está inteiramente exgotada a edição de 1928 de

"Cineartc Álbum". Isto communicado aos nossos leitorese demais interessados, pedimos-lhes suspenderem a re-messa de dinheiro com pedidos de remmessa desse luxúo-so annuario cinematographico, pois, não obstante a tira-gem que fizemos muito maior do que as dos annos ante-riores, não podemos delles dispor de mais nenhum exem-plar.

A Direcção.

O CARNAVAL E "O T_GO=TIGO"O Theatro S. José promove para domingo e segunda-

feira de Carnaval dois elegantíssimos bailes infantis, paracujo patrocínio foi escolhido O Tico-Tico. Os bailes serãoiniciados ás 2 horas da tarde, de accordo com a determinaçãodo juiz de menores e as creanças receberão á porta bellis-simos brinquedos e exemplares d'0 Tico-Tico, além de umcartão que lhes dará direito a um ingresso numa dasmatinées de quarta-feira de Cinzas ao seguinte domingo,26 de Fevereiro. Nessas matinées será exhibido um pro-gramma apropriado, destacando-se o film do natural apa-nhado durante os dois bailes infantis. A Empreza PaschoalSegreto está devotadamente trabalhando na organisaçãodessas festas carnavalescas infantis, de molde a torna-lasverdadeiros acontecimentos durante a phase alegre dacidade.

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O T 1 C O - I I L O — 30 JÕ — Fevereiro 1928a^VWV\flaT-%fV_V^JVVU».r_V_"a«VV,."V

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-MS» iÍ3_r^c_B-~i91

MAESDAE A VOSSOS FILHOSLICOR «CACAU*V?rmrfugo de Xavier é o

melhor lombrigueiro porque«ao tem dieta, dispensa ©

purgante, não con-tém oleo, é gostoso

e fortifica ascrianças,

Faz exptllir osvermes in.ísiinae

que tanta mortandade

produz lias creençss

y%n^pj---.-.

Carlos Ferreira de Soma, Lydia Galvão,Ferreira, Santnha Franco, Rub-m DinsLeal, José Jardim Frcic, Mara de Ma-cedo Soares, Maria Amalia Gonçalves,I/mrd s Marques, Maria ths Victo.ías deSouza Ferreira, João Jacob Tesch Furti-«Jo, Elza Alves Ba-acho, Noemia PaYedda Regai Possoto, Otto Vimto Mar-tins, Maria José 'Ia Fonseca, J'J.-é MattosPimenta, Celina Machado, Lucy RJbeiroSobral, Lounlei Galoti, José Carlos d;A tuijo, Josí da Silva Mangua.de, Oswal-do Cabral dc Mçllo, Carolina Fi me, Au-gusto «1- Almeida Barb ia Glauca Ma-noel Couto de Mendonça, Alb'no Mouradc Sá, Zaira Scottofim, Geraldo F. dc13ritor Emrmnud ThonLeite Fernandes, Vxtor Grcin Filho, [une-cínio de Mello, Marra Pereira Bapt:aSta,Regina Celeste de Sousa, Walter iJosé Cnmerdndo Filho, Virgílio da vAdolpbo Bchonbaratt, M.irr. d r Lourd •¦>Fonseca, üpala Lobo Peçanha, Guilher->r.c Magalhães, Vktoría D'Alessandrc,Enock Goulart Freitas, Lu-da Bmnnet Dias rk Andrade, J

'. s Bittencourt, 1 ac ma Guím .Vicente Pereira, Moacyr Mira!, nu de C -\talho Soa-vs, OKvTõ Thíago dc Mello I í-lho. Bento Sandes, Guilherme Pereira, Ma-rina Do Cout", Jorge de Barros Barreto,Dina Ijoho, Sylvio Portella, Anna Coiiti-nho, Sosthen- Franjei, Dezinho Rabello,Ncuíon de Oliveira,Vüiente, Alva o AJvcs do Farias, EMrccBittencourt, José de Albuquerque Gu

'•^.-.--•.--•,-v.-*-»".-

i, Margarida Leite, IJrazilra de Souza,Newton de Figueiredo, Newton «le Oli-reia, Crjina Ferreira Campos, Odilon

r , Coelho da Frota, Ajrrton Sá dosSartos, Aulxio Toledo, Am oro Vitimas,Nicotina Amorelli, Euclides do CarmoVYcrmcJiager, Mara Appa .cMa Neves,K gerio de Queiroz, Neuza de A. Caldas,Rob. rto M. Castro SinxVs Filho, Leda]•' raz de Farias, Aurel-a Monteiro Lo-

Maria Waivla I lardmnn. Acegúa Jar-dim, Joary Corrêa, Antônio Per «rira, Yo-tandn Tavares, Hélio Vinfcius Pira Ma-ria Mat nia Annibal Gonçalves,Rn da Cunha Leal, Paulo Cartopask),Vieira, tíiura Tumfos, Thereza Graeiano,Alfa i Co ta, 1 •. 1 > l.i Dufenlhaejer, ]

Foi premia Io o cone irrent :MARINA DO COUTTO

idade e morador á rua Ca-;«mi o de Abreu n. 305, em Pctro]Estado do Rio de Jan

-* — Qual a cidade d- São Paulo <|iicCom unia cedilha é paiz europeu

(2 syllábas)Leonardo Scattolin

3" — l-.ll: é sobrenom;.Elle é um officio.

(3 syllábas)Américo Ferreira

4» — Elle la\a.Klla é tempero.

(_> sylfebas)Jorge Menezes

5" — Qual a tructa que com a- syllábasinvertidas «• outra inicia?

(_• syllábas)üon Mendes

C O N C U K S O N i o

A, icluçoes devidamente * rignadas capanhadas «Io vale n. 3.210, devem ser

em'ada-; a esta tcdacçâo até 0 «lia IO <1 '1 \:n louro. Darem s como pn;

entre as soluções certas, umrico livro de historias infantis.

L i. DOS

Estados r-oxi

Perguntai.

1* — Qual o an:ina1 que com ¦lho?

Orro

NBWMi_i_M-| M _*¦¦f}

__1 \V? /^TaiViala».

PAR V ©CONCURSO j

3.210

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15 — Fevereiro — 11J28 — ol — O TICO-TICO

CONCURSO N. 3 . .> i i

l'Ai',-v i.í I.KITORES DESTA CAPITAI 1* POS ESTADOS

Kecortoni os fragn hé acima prêmio de i" e 2" logans, d<_*íb li\ r<>s ií-r form?m um rnaçac >. lustrados.

As soluções •! íem -<r enviadas ;i estaredacç iradas das de outros 'iiiaes-«liar concu . ompanhadas das declara-çõe; ,1- iidenola, assignatura dopróprio punho do concorrente ainda dovale quê vae publicado r e lera o11. 3.211.

I';i n este concurso, que será mcérrádòno 'Ia 28 do mez vindouro, daremos como

O SAPO

ar "' íí ^Ü^H^IH i^bbbA

3.211

^"p^^t*¦ S-rS*r*y**r

DOMINGOS BARBOSA

ERA uma noite branda e melancólica,Aos sonlioã e ülusõcs propicia e grata,Noite meiga c bucólica,Noite clara de lua e serenata...A Terra, tnda aquecida pelos twijosJ)o Sol ardente c exul,Palpitava de calidos desejosSob a silente vibração do Azul.Nenhuma brisa murmura sopravaO leve pó do chão.A Natureza inteira bocejava,Jâ farta da estação...,

De repente, no lajO tapo estreuKceu,K abrindo os olhos, num can ac,o \;iv;->.Começou a coaxar: Heu! Il-vi! Heu!

[Heu...

urubu, que dormia num telhum Misto e acordou:

lesta vez í<>iInda o tempo das chuvas

canto '. em..."

(O urubu era ingênuo, nâo subiaQpe, so elle canta, a chuva perto

[vem...)

Uma nuvem minúscula surgiu,Cresceu-, correu, chegou;A noite escureceu, a luz fugiu,li a chuva desabou.

O urubu, num immenso esforço de aza,K mal podendo voar,Fi i abrigar-se num beirai de casa,Molhado a liritar.

i ruan-do a chuva cessou, partiu li-[geiro,

Voou sobre a cidadeE foi contar pelo paiz inteiroA grande novidade,Que a ninguém mais commove,K a ninguem mais espanta:Não é o sapo que canta quando chove;A chuva cae é porque o sapo canta...,Novidade que ao sapo deu a gloiia,Grangeando-lhe a bina da sauva,Pois £el-o entrar na HistoriaFoi como manda-chuva...

MORALIDADE

E' de sapos c de homens esta hi-.toviaQue ensinamentos sólidos contém:Deve, quem queira conquistar victoria,Saber se a chuva com certeza vem...

AVISO AOS NOSSOS LEITORES

Levamos ao conhecimento dos nossosItiíores e dentas interessados, achar-seinteiramente esgotada a edição do AL-MANACH D'0 TICO-TICO para 1928.Oeste modo, excusado é nos enviarem,daqui em d-.*ante> qualquer pedido deremessa deste annuario das crianças,pois a mais nenhum poderemos attender.

A DIRECÇÃO

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Empregadas com successo nas moléstiasdo estomaRo, figado ou intestinos. Estaspílulas além de tônicas, são indicadas nasdyspepsias, dores de cabeça, moléstias dofígado e prisão de ventre. São ura pode-reso digestivo e regularisador das funcçôeigastro-intesrinaes.

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Í5 Fevereiro !!>2S - 33 Xi ÍÍCO-1ICD

 Paz do Lar é muitas vezesperturbada por accidentes banaes, mas inevd-tavcis que roubam o doce socego da família.Uma queimadura, um golpe, em/ím qualquer lesãona pelle pode se aggravar e acarretar as mais fu-nestas conseqüências. Já ouviu fallar do terríveltetario? Felizmente o anjo protector quenão deve faltar em nenhum lar, nao deixa che-gar a tanto. Elle afasta o perigo da infeccão efax sarar como por encanto. Conhecem este anjo?'^RÍSTOLINOSABÃO LICLUIDO MEDICINAL,

Um Sabão quee um Remédio - UmRentedio que e um Sabão.)

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O TICO- i I C O 15 — Fevereiro — 1ÍÍ28

s~ —^ Qoe /jjnÀo

BANHO? tó WV_™&g • *v Cornou >uur*vamv to_&crru_ü2. JWJta 9

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*^^ê^5int\i__S_f^_^ lílrvi k^á/

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BEIJA-FLOR-rio!.

UMA AJUDA INDISPENSÁVELTanlo o decahimcnlo plivsico como a dcpros-

s-ão mental, têm por causa direcla, o máo funccio<namento do fígado, impedido de exercer suas fim-«ções com a necessária regularidade. As Pílulasdc Reuler, indicadas pela» maiores mdal.ilidadesdo mundo, combatem eíTicazmenlc o estômago oajudando os intestinos eliminar os tóxicos, evilau-do, desla sorte, a propagação do males Incuráveisque tornam a existência num verdadeiro inferno;

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MI CONCURSO I SAI 0A0Uma bôa noticia para os nossos queridos amiguinhos. Por todo este mez, ;;0

TICO-TICO" publicará as bases do seu Ir .dicional CONCURSO DE SÃO JOÃO,com uma relação de innumeros premios, todos de real valor e utilidade. Daremosno próximo numero, noticia mais detalhada do grande certamen deste anno.

oo<>oooooooooooooooooooooooooooooooo'"ELLA" viveu vários séculos amando o mesmo homem, a quem assassinara...,

— historia que está á venda nos jornalciros.

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Çhiquinho: — Joma Pueris, ea-gorda, rotustece e depura.

Benjamim', — E' gos-go-gos-

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AS AVENTURAS DO CH\QU\NHO - 0 C0Rüf\0 íxWWBOT^O

Benjamim propoz á Chiquinho formar um cordãocarnavalesco. Daremos o nome de " Bloco dos Nova-tos" — Mas. hoje, ponderou Chiquinho, ainda ésabbado e não se pôde passear com mascaras!

— Deixa-te de luxos, nós somos crianças ninguém seopporá a isso! Jagunço ao ouvir o caso poz-se a fazer"letras" e começaram a preparar o Bloco.

Benjamim já havia arranjado...

...o carào de velho. Jagunço vestido e de cartola,' Chi»quinho de diabinho e outros garotos de varie» bichos.Parecia-lhes que na rua nio havia nenhum guardacivil e...

.. .sahir jm. cantando t batendo pandeiro: Abre alas que euquero passar... Ao longe o guarda-civil pensou: Voupregar um susto naquelles garotos. Justamente quando oBloco fechava o velho paxá...

. . .d.rnsar, o guárda-eivil deu voz de prisão. Os outrosgarotos fugiram. Benjamim e Chiquinho, porém, não puderamescapar. O guarda tomou-lhes as mascaras e mandou-o»embora.

jagunço ha muito que já estava cm casa, fazendoconscar que os pequenos estavam em apuros. Não houvopancadaria grossa porque o guarda os acompanhou e in-tercedeu. pedindo que nâo lhes batessem.