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Rio de Janeiro, do escravismo ao capitalismo: demografia histórica e dinâmica
ocupacional - 1872-1920.
Pedro Guimarães Pimentel
Colégio Pedro II/ PPFH-UERJ
Introdução
Boris Fausto em Trabalho Urbano e Conflito Social, procurando distinguir a
alocação da mão-de-obra carioca e paulistas no pós-Abolição, afirma, quanto ao “antigo
agrupamento escravo” que, no “primeiro caso, sua inserção no sistema socioeconômico,
se dá no terciário de mínima produtividade (...) no segundo, tem funções de um exército
industrial de reserva”. Para a capital federal, recorre ao recenseamento realizado em 1890,
organizando os dados numa tabela pela qual informa a existência de 48.661 indivíduos
“empregados na indústria manufatureira” (2016, p.45. Grifos nossos). Sem questionar a
verossimilhança dos números apresentados – apenas resguardando que “não há distinção
entre patrões e operários”, no momento de citar a referência – o historiador prossegue sua
argumentação, fazendo uso inclusive do quantitativo arrolado para os anos de 1872, 1900
e 1920 (p.39).
Fausto se insere no rol de pesquisadores1 que debruçados sobre tais fontes, pouca
atenção dedicaram à elaboração das mesmas. Assim, escalonaram os dados sem maiores
restrições, apontando o crescimento ininterrupto do operariado brasileiro, ao menos no
intervalo entre o aprofundamento da luta antiescravista e o fim do primeiro ciclo de
industrialização demarcado pela Primeira Grande Guerra. Desse modo, omitiram
importantes distinções que os próprios recenseadores propuseram entre uma investigação
e outra, ao procurarem aperfeiçoar seus métodos investigativos.
Propomos, neste trabalho, uma análise histórico-comparativa que nos permitirá
evidenciar aspectos ideológicos e científicos que presidiram a realização dos inventários,
1 Cf. dentre outros. VILLELA, Annibal Villanova; SUZIGAN Wilson. Política do governo e
crescimento da economia brasileira, 1889-1943. Rio de Janeiro: Ipea/Inpes, 1973; MATOS, Marcelo
Badaró. Trabalhadores e sindicatos no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2009.
denotando a proeminência da organização burguesa do trabalho que tendia a sobrepor-se
à escravista. Ademais, recorreremos a documentação diversa que possa colaborar para a
retificação dos dados oferecidos pelos levantamentos, tais como almanaques e periódicos
de grande circulação. Ainda que cientes das inconformidades das pesquisas estatísticas,
objetivamos formular uma metodologia que seja capaz de regular as diferenças
classificatórias afim de acompanhar o percurso histórico de afirmação da condição
industrial do Rio de Janeiro diante de sua historicidade colonial e escravista.
Verdades corrigidas
Em primeiro lugar, devemos destacar que o uso de fontes seriadas tem sua origem
na chamada História Social, através da transição entre a primeira e a segunda gerações da
Escola dos Annales, com especial destaque para as obras de Fernand Braudel
(CARDOSO; VAINFAS, 2007). Ainda que tenha caído em desuso a partir da década de
1980, em preferência à micro-história, às biografias e às análises focalizadas em pequenos
grupos e períodos que fazem uso de documentação circunscrita a limitados recortes
espaço-temporais (inventários, jornais, processos, diários, etc.) os próprios levantamentos
censitários tem sido objeto de estudos que visam reinseri-los em sua temporalidade a fim
de revelar seu caráter de constructo social2.
A classificação adotada em 1872 é bastante elucidativa de um corpo social em
transição. O recenseamento é o único que, ao dar conta da totalidade da população
brasileira, expõe a contradição fundamental da sociedade, ao distinguir a condição de
escravizados e livres. De acordo com Décio Saes, “a contradição fundamental da
formação social escravista moderna no Brasil era a contradição entre proprietários rurais
escravistas e escravos rurais” (1985, p.83). Isto se deve ao fato de que “a maioria
esmagadora dos escravos era utilizada nas propriedades rurais” (idem), o que os dados do
2 Cf. CAMARGO, Alexandre de Paiva Rio. A construção da medida comum: estatística e política
de população no Império e na Primeira República. 2016. 421f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Instituto
de Estudos Sociais e Políticos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2016. Disponível em:
<http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=11653>. Acesso em 25/09/2019.
recenseamento imperial confirmam: 808.401 escravizados arrolados como “lavradores”,
num total de 1.510.0863 (BRAZIL, 1872, p.1).
Contraditoriamente, o país teve, em seu primeiro censo geral, as atividades
urbanas privilegiadas, restando às agrícolas as categorias de “lavradores” e “criadores”,
antecedendo, na ordem sequencial das profissões, apenas as de “criados e jornaleiros”,
“serviço doméstico” e “sem profissões”; outras 31 classificações precediam àquelas
vinculadas à mais importante e dinâmica atividade econômica nacional, a plantagem.
Segundo Jane Oliveira,
“[a classificação] revela o prestígio atribuído às carreiras letradas - o clero, a
magistratura, os “homens de letra”, os médicos, enfim os bacharéis - numa
sociedade composta predominantemente por iletrados. Sugere, ainda, que a
absorção de trabalhadores se dá pela coexistência de diferentes formas de
produzir, em que despontam a manufatura e a indústria, voltadas
essencialmente para as necessidades de habitação e vestuário; o serviço
público; o comércio e o serviço doméstico. Por outro lado, não deixa de causar
surpresa o viés urbano da classificação - uma única rubrica é feita para as
profissões agrícolas -, dada a feição predominantemente rural da sociedade da
época. (2003, p.14. Grifos nossos)
As três contradições elencadas por Oliveira – letrados versus iletrados, indústria
versus agricultura e urbano versus rural – numa formação social na qual os últimos
aspectos são hegemônicos em relação aos primeiros, indica as transformações pelas quais
passava a sociedade. Os agentes do Estado responsáveis por organizar os procedimentos
estatísticos para a classificação censitária simbolizavam o aspecto burguês que lutava por
se afirmar diante do escravista. Isto se torna mais patente quando observamos que, ainda
que ressaltando a distinção entre livres e escravizados, todos os escravizados são também
subdivididos nas categorias profissionais típicas de uma sociedade que (ainda não era
hegemonicamente) burguesa.
Figura 1. “População considerada em relação às profissões”.
3 Cabe lembrar que, apesar dos lavradores corresponder a 53,53% do total de escravizados, parte
dos 175.377 contabilizados no “serviço doméstico” e dos 357.799 enquadrados como “sem profissões”
estariam ligados à plantagem. Isso para não recorrermos aos 94.488 “criados e jornaleiros” que, com maior
probabilidade, se vinculavam ao meio urbano.
Fonte: IMPÉRIO DO BRASIL. Directoria Geral de Estatística. Recenseamento Geral da
População do Império do Brasil a que se Procedeu no Dia Primeiro de agosto de 1872. Rio de Janeiro,
Directoria Geral de Estatística, 1873-76.
Desse modo, encontraremos, entre os escravizados, “artistas”, “marítimos”,
“costureiras” e entre todas as dez subclassificações dos “operários”. Entretanto, o registro
histórico do recenseamento faz questão de deixar em branco os espaços destinados a
enumerar a quantidade de “religiosos”, “juristas”, “médicos”, “professores”, “militares”,
“capitalistas e proprietários”, “manufatureiros e fabricantes”, “comerciantes, guarda-
livros e caixeiros” que seriam escravizados. Em outras palavras, não havia nenhum
escravizado ocupando as profissões mais importantes segundo a semiótica estatística do
censo. O que não significa que não havia ex-escravizados exercendo-as, informação que,
infelizmente, o levantamento não revela.
Diego Bissigo, ao dedicar especial atenção à maneira como se processou o censo
de 1872, tendo como fontes, além dos resultados do levantamento, as listas de famílias
nas quais se encontram os dados crus, sinaliza a possibilidade da Diretoria Geral de
Estatística, órgão do Ministério do Império responsável por realizar o recenseamento, ter
se sentido “autorizada a completar lacunas por dedução, pela lógica interna da própria
lista de família, criando informação ao invés de recebê-la dos chefes de família” (2014,
p.162-163). Isto teria ocorrido pelo fato de que a informação fornecida pela família,
muitas vezes, incluía apenas a profissão realizada pelo chefe, o que levaria a dois
procedimentos: ou a extensão da profissão a todo o restante da família – no caso de
lavradores, por exemplo – ou o arrolamento dos demais como “sem profissão”, - a
depender da idade e das condições físicas dos indivíduos. Cientes dessas inconsistências,
concordamos, entretanto, com a pertinência documental do recenseamento, como defende
o autor, especialmente nos trechos que grifamos:
ainda que bastante prejudicada, esta pesquisa não pode em absoluto ser
desprezada, pois, mesmo com imprecisões e generalizações, ela produz um
esboço de ocupação econômica do país: indica a predominância da agricultura,
a pouca expressão da manufatura, aponta para a diversidade de “meios de vida”
que gerou as profissões “não-classificadas” e nos ajuda a problematizar sobre
os conceitos de “profissão” ao nos questionarmos sobre quais os reais papéis
dos 42% “sem profissão”. É também uma pesquisa válida, pois considerou a
população inteira, em vez de apenas a população livre, ou apenas a nacional.
(p.164. Grifos nossos.)
A problematização da noção de “profissão” envolve, por exemplo, a indistinção
no campo dos “comerciantes, guarda-livros e caixeiros” dos proprietários das lojas,
armazéns e depósitos, de seus trabalhadores e trabalhadoras livres ou escravizados, fato
que, ao nos deslocarmos da observação primária dos dados e almejarmos apreender a
estratificação social do período, nos conduziria ao dilema de incluir os 23.481 indivíduos
classificados na cidade do Rio de Janeiro em diversos níveis (BRAZIL, 1872, “Município
Neutro” p.61). Se atentarmos para a existência de grandes negociantes e mercadores,
nacionais ou estrangeiros e para a ausência de escravizados nesta categoria, verificaremos
que, em realidade, tal classificação é seccionada pela classe dominante, pelos setores
intermediários (“pequena burguesia” comercial) e pelos livres subalternos4. O
levantamento de 1890, confessa, por seu turno, este método, afirmando que, “não se
adoptou a prática, geralmente aceita hoje na Europa, de indicar o número de membros da
família a cuja subsistência provê o indivíduo classificado; nem a de distinguir o patrão e
empreiteiro dos operários ou assalariados” (BRAZIL, 1890, p. XXXIX). Tal escolha
difere, por exemplo da realizada em 1872 que informa 822 manufatureiros e fabricantes,
nenhuma mulher para a urbe carioca (BRAZIL, 1872 “Município Neutro”, p. 61).
Para evitar as distorções operadas pelos diferentes critérios adotados pelos
levantamentos demográficos, é preciso que a) os dados fornecidos pelos quatro
recenseamentos sejam confrontados com outras fontes para que se possa corrigir as
disformidades presentes em algumas classificações, e b) se regule as diferenças
classificatórias entre os próprios censos de modo que as nomenclaturas de cada profissão
possam se equivaler e suas quantidades possam ser escalonadas no tempo5. Somente deste
4 Essa distinção é uma proposição metodológica elaborada a partir da classificação adotada por
Darcy Ribeiro (1995, p.211) a fim de visualizar a hierarquia social da cidade do Rio de Janeiro. 5 Proposta semelhante fora empreendida por Cristiane Miyasaka em seu estudo sobre Inhaúma,
tendo como base os recenseamentos de 1890 e 1906. Cf. MIYASAKA, Cristiane Regina. Viver nos
modo poderemos acompanhar a evolução da dinâmica ocupacional dos trabalhadores e
trabalhadoras da cidade do Rio de Janeiro durante a transição do escravismo colonial
(GORENDER, 1980) ao capitalismo dependente (MARINI, 2005; LUCE, 2018), tema
central do nosso estudo em desenvolvimento.
Tabela 1. Proposta de equivalência entre as categorias censitárias.
1872 1890 1906 1920
Capitalistas e Proprie-
tários/Manufatureiros e
Fabricantes/Religiosos
Proprietários/Capitalis-
tas/Banqueiros/Sacerdó-
cio/Oficiais
Pessoas que vivem
principalmente de
suas rendas/Religio-
sos/Oficiais
Pessoas que vivem de
suas rendas/Religio-
sos/Oficiais
Militares Funcionalismo militar Força e segurança pú-
blica Força pública
Empregados Públicos Funcionalismo civil Funcionalismo Administração pú-
blica e particular
Juristas/Médicos; Ci-
rurgiões; Farmacêuti-
cos; Partei-
ros/Professores e Ho-mens de Letras/Artistas
Magisté-
rio/Juristas/Médicos e clas-
ses acessórias/Profissões
técnicas/Escritores e Jorna-listas
Profissionais Liberais Profissões Liberais
Artistas Indústria Artística
Indústria relativas às
ciências, letras e artes
e indústrias de luxo
Ciências, letras e ar-
tes/Indústrias de luxo
Comerciantes, Guarda-
livros e Caixeiros Indústria comercial Comércio Comércio
Costureiras/Operários Indústria Manufatureira Indústria Industriais
Marítimos Indústria dos Transportes Transportes Transportes
Criadores/Pescadores Indústria Pastoril/Extrativa Criação/Caça e
Pesca/Extração de
materiais minerais
Criação/Caça e Pesca/Extração de
materiais minerais
Lavradores Indústria Agrícola Agricultura Agricultura
Serviço doméstico Indústria do serviço do-
méstico Serviço doméstico Serviço doméstico
Criados e Jornaleiros SEM EQUIVALENTE
Jornalei-
ros/Trabalhadores
braçais/Profissões
mal especificadas ou
desconhecidas
Mal definidas
Sem profissão Classes Inativas/Sem pro-
fissão declarada
Classes improduti-
vas/Sem profissão de-
clarada
Profissões não decla-
radas e sem profissão
Fontes: elaborada pelo autor. [IMPÉRIO DO BRASIL. Directoria Geral de Estatística.
Recenseamento Geral da População do Império do Brasil a que se Procedeu no Dia Primeiro de
agosto de 1872. Rio de Janeiro, Directoria Geral de Estatística, 1873-76; REPÚBLICA DOS ESTADOS
UNIDOS DO BRAZIL. Recenseamento geral da República dos Estados Unidos do Brasil, em 31 de
subúrbios: a experiência dos trabalhadores de Inhaúma (Rio de Janeiro, 1890 – 1910) Rio de Janeiro:
Secretaria Municipal de Cultura: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 2011, p.52.
dezembro de 1890: Distrito Federal. Rio de Janeiro: Leuzinger, 1895; REPÚBLICA DOS ESTADOS
UNIDOS DO BRAZIL. Recenseamento do Rio de Janeiro. Districto Federal. Realisado em 20 de
setembro de 1906. Rio de Janeiro: Officina da Estatística, 1907. REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS
DO BRAZIL. Recenseamento do Brazil. Vol.II 1ª Parte. População do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
DGE/MAIC. Typographia da Estatística, 1923]
É possível decompor algumas dessas categorias recorrendo ao Almanak
Administrativo, Mercantil e Industrial mais conhecido como Almanak Laemmert,
publicado desde o ano de 1844, que afirma, em seu prólogo à edição de 1872 que “hoje
em dia ele ministra a mais eficaz coadjuvação a todas as classes, e mormente ao Comércio
e à Indústria, ora acudindo com prontas e exatas informações, ora poupando o tempo que
se houvera de consumir em prolixas pesquisas” (p. IV). De fato, o Almanak fornece dados
preciosos ao listar nominalmente diversos profissionais, entre eles, médicos, advogados
e, o que interessa ao nosso exemplo, os grandes negociantes, os comerciantes, além dos
proprietários de oficinas, fábricas e indústrias.
Segundo Aline de Morais Limeira, o Almanak,
Por meio de seus anúncios, divulgava serviços profissionais (liberais e
públicos) dos mais diversos ramos de atividade, periódicos publicados na
Corte, instituições religiosas, sociedades de leitura, comércio, livrarias e
tipografias, academias científicas, escolas, aulas avulsas e colégios (públicos, privados, militares, religiosos), hospitais, asilos, associações. Uma infinidade
e variedade de temas. (2009, p.23)
Além disso, a publicação anual do almanaque, corresponde, segundo a autora, às
transformações pelas quais passava a cidade do Rio de Janeiro, valorizando o aspecto
escrito das informações que circulavam, acabando por beneficiar a diversificação de
publicações como estas. Limeira destaca, ainda, o aperfeiçoamento do Almanak durante
suas edições, ressaltando a evolução da quantidade de referências e anúncios que
buscavam dar conta do progresso demográfico e produtivo da Corte. A validade
documental do almanaque se afirma em seu próprio esforço de catalogar os indivíduos,
de maneira gratuita – reservando espaços pagos para aqueles que desejassem, para além
de informar seus nomes e endereços, propagandear suas atividades e produtos -, afim de
fornecer aos potenciais clientes e consumidores subsídios seguros. Desta forma, tal
publicação se insere na dinâmica urbana da oferta e procura de serviços e mercadorias,
executando, sob a ótica da economia política, a mediação entre a produção e a realização.
Quer dizer, o Almanak, ao listar os produtores e os fornecedores de misteres urbanos age
de formar a favorecer o consumo e a efetuação dos ofícios, reduzindo o tempo entre a
elaboração e a execução das atividades e mercancias, acelerando, pois, a circulação
monetária e o ciclo produtivo.
É o próprio redator quem sublinha que sua publicação oferece “observações a
respeito sobretudo do progresso do comércio e da indústria nesta populosa corte”,
tornando-se, pois, “interessante matéria para comparações com anos anteriores” (p.VII).
Assim, encontraremos, no ano de 1872, 2.832 negociantes de açúcar, escravizados, gado,
comércio de importação e exportação, etc., e 6.071 proprietários de lojas, depósitos e
armazéns, além de mercadores, locatários da Praça do Mercado, etc. Estes números
induzem a redução para 8.903 aquilo que o recenseamento chamou de “comerciantes”, se
quisermos, ao menos, distinguir os grandes comerciantes e proprietários de
estabelecimentos comerciais dos assalariados neste ramo.
Pela dimensão deste trabalho optamos por não contabilizar publicação por
publicação, ano a ano, as informações fornecidas, resguardando apenas a comparação
com a realização dos levantamentos censitários. Assim como as exposições censitárias, o
almanaque não está isento de discrepâncias. O anuário não distingue, como os
recenseamentos, a principal profissão do anunciado. Desta maneira, encontraremos, a
título de exemplo, o Major Luiz José de Carvalho, residente a Rua da Constituição, 21,
figurando na condição de “negociante nacional”, “lapidário de brilhantes” e “negociante
de diamante bruto e lapidado”. Isto é, o Fiscal do 1º Batalhão de Infantaria da Corte era,
além de Conselheiro da “Sociedade Comemorativa da Independência e do Império” e
“capitalista e proprietário”, um grande comerciante. Em qual classificação do Censo de
1872 ele foi incluído? Muito provavelmente entre os 5.474 militares.
Figura 2. “Major Luiz José de Carvalho”
Fonte: Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Côrte e da Capital da Província
do Rio De Janeiro com os Municipios de Campos e de Santos para o anno de 1872. Rio de Janeiro: E.
& H. Laemmert, 1872. p.147
Se, linhas acima, recorremos ao Almanak para corrigir o Censo, desta feita,
induzimos o inverso. Este vai-e-vem de emendas e reparos entre as fontes, antes de
retratar suas incapacidades de versarem sobre o fenômeno histórico, nos carreiam para
aquilo que Michel Foucault chamou de “uma verdade que se corrige a partir de seus
próprios princípios de regulação” (2002, p.11), referindo-se ao paradigma científico
moderno. Os dados arrolados no Censo e no almanaque são resultados de um processo
metodológico que, com maior ou menor consistência, exprimem as contradições das
realidades que queriam comunicar. Contraproducente seria abandonarmos as fontes sem
erigirmos dispositivos que possam minorar os efeitos desviantes dos números em sua
concretude final.
Para o ano de 1872, o Almanak exibe 402 “médicos e cirurgiões”, enquanto o
recenseamento classifica 394 “médicos” e 44 “cirurgiões”. Se somarmos os 36
“cirurgiões-dentistas” que se anunciaram no almanaque, nos deparamos com a plena
equivalência dos dados fornecidos pelas duas fontes. Evidentemente, essa (feliz)
coincidência não irá se repetir nas outras profissões nem nos outros anos, fato que adverte
duas condições, uma histórica e outra metodológica. A histórica diz respeito ao status
social dos médicos que, no enfrentamento com os sangradores e mezinheiros, legitimaram
sua profissão durante o século XIX (GIUMBELLI, 1997). Indubitavelmente letrados,
informaram aos recenseadores, nas listas de famílias, e aos organizadores do Almanak sua
principal ocupação laboral. Do ponto de vista metodológico, a discrepância entre o
almanaque e o censo, e a ocorrência múltipla dos profissionais no Almanak, nos
condiciona a não condensar os comerciantes – para retomar o exemplo acima – como um
só dado, visto que os entre os 2.832 grandes negociantes há entradas repetidas. Como
afirmado, isto não nos afasta do uso da fonte, outrossim, nos guia para a análise da
diversidade dos fazeres urbanos em sua relação com a fração populacional que abarcam
em preferência à quantidade agrupadas de indivíduos em grandes categorias como as
censitárias. Desse modo, é valioso notar que o Major Luiz José de Carvalho, além de
militar, era negociante de diamantes e possuía uma loja de joias.
Reduzindo o foco: o caso do “serviço doméstico” em Santa Rita.
A luta constante pela Abolição e pela sobrevivência pós-emancipação estampava
sua resistência “[n]um Rio de Janeiro chamado por Heitor dos Prazeres de ‘Pequena
África’, que se estendia da zona do cais do porto até a Cidade Nova, tendo como capital
a praça Onze” (MOURA, 1995, p.131). O que o notório sambista, pintor e compositor
negro, nascido em 1898, compreendia como uma “África em miniatura” (SODRÉ, 1998,
p.18) eram as circunscrições com a maior quantidade de habitantes ainda em 1872 –
73.738 ou 26,81% de toda a cidade – nomeadas pelo poder municipal imperial como
freguesias de Santa Rita e Sant’Anna e, desde 1906, como os distritos de Santa Rita,
Sant’Anna e Gâmboa.
Figura 3. Distrito da Santa Rita.
Fonte: Censo de 1906, p.186.
A Pequena África abrigava 30.998 pessoas não-brancas no ano do único
recenseamento geral realizado pelo Império. Ainda que Santa Rita e Sant’Anna
ocupassem a terceira e a quinta posições na relação de indivíduos não-brancos/indivíduos
brancos (44,73% e 38,94%) entre as freguesias urbanas – e posições mais modestas ainda
se acrescentarmos as freguesias rurais, uma vez que todas essas freguesias possuíam
razões acima de 50,00% (com exceção de Inhaúma) – nenhuma outra região apresentava
quantitativo absoluto de homens e mulheres “pretos” e “pardos” (e “caboclos”) maiores.
Por outro lado, conservavam as menores proporções entre todas de escravizados sobre o
total das freguesias (excetuando Santa Cruz): 13,72 e 13,26 pontos respectivamente.
Isso nos conduz a compreender a Pequena África como um território que às
vésperas do quarto final do século e da Abolição oferecia, nas palavras de Roberto Moura,
“alternativas concretas de vizinhança, de vida religiosa, de arte, trabalho, solidariedade e
consciência, onde predominaria a cultura do negro vindo da experiência da escravatura,
no seu encontro com o migrante nordestino de raízes indígenas e ibéricas e com o
proletário ou o pária europeu” (1995, p.153).
No âmbito do trabalho, de quais alternativas dispunham os habitantes dessas
regiões?
Tabela 2. Principais ocupações da freguesia de Santa Rita em 1872
Livres Escravizados Escravizados/Ocupação Ocupação/Total
Artistas 2.122 133 5,90% 6,47%
Marítimos 6.478 311 4,58% 19,49%
Militares 1.150 - - 3,30%
Comerciantes, guarda-
livros e caixeiros 3.535 - - 10,15%
Costureiras 848 39 4,40% 2,55%
Operários 2.910 309 9,60% 9,24%
Criados e Jornaleiros 1.932 964 33,29% 8,31%
Serviço doméstico 1.897 2.124 52,82% 11,54%
Fonte: Censo de 1872, “Município Neutro”, p.12.
A reduzida presença relativa de escravizados na região não impedia, entretanto,
que a mesma se elevasse conforme nos aproximamos das ocupações menos elogiáveis na
semiologia protoburguesa do Recenseamento Geral do Império. Se entre os “artistas”,
“marítimos” e “costureiras” os livres alcançam dezenove vigésimos, os “operários”, os
“criados e jornaleiros” e o “serviço doméstico” comprovam que a ideologia do
escravismo moderno na formação social brasileira reservava aos cativos o trabalho braçal
de maior esgotamento físico e “moral” na separação histórica entre o trabalho intelectual
e o trabalho manual (GORENDER, 1980, p. 451-467). Ainda que Santa Rita, enquanto
parte da Pequena África, oferecesse “alternativas concretas de consciência e
solidariedade”, sua proximidade à Candelária – isto é, a extensão de algumas ruas que se
originavam na freguesia central – fazia com que a porcentagem de trabalhadores
escravizados perante a totalidade atingisse, finalmente, a maioria entre aqueles dedicados
ao “serviço doméstico”. Se não fossem “costureiras”, as mulheres livres que exerciam
alguma profissão eram trabalhadoras domésticas, excedendo, inclusive, o total de
escravizadas nesta classificação: 1.360 contra 949. Por mais inesperado que possa
parecer, o serviço doméstico para homens era majoritariamente escravizado: dos 3.388
que encontravam trabalho neste ramo, 69,36% achavam-se como propriedade de outrem.
O Jornal do Commercio de 02 de janeiro de 1880, anunciava, na R. da Quitanda,
47: “aluga-se uma preta de boa conduta” para lavar, cozinhar e engomar. O Dr. Jacintho
Soares Rebello (Almanak, 1880, p.694) não era tão preciso em seu desejo de assalariar
uma criada quanto os anúncios anteriores, que preferiam uma “criada livre” (R. General
Câmara, 210) ou “uma perfeita engomadeira” (R. da Conceição, 42, sobrado) ou ainda
“pretas afiançadas, por 25$, 30$ e 35$” (R. Senhor dos Passos, 154). Antonio José Pereira
Cibrão, “agente de leilão matriculado” do Ministério da Justiça (Almanak, 1880, p.163)
vizinho do Dr. Jacintho (R. da Quitanda, 49, sobrado), na mesma data, desejava alugar
“um preto, para serviço de chácara e outros”.
Ainda que este último exemplo não condiga exatamente com um “criado preto”
habitando Santa Rita, ilustra, entretanto, a dinâmica ocupacional da região ao demonstrar
parte da relação de trabalho que sobrevive à emancipação e à dissolução do escravismo
na cidade, pelo lado da “demanda”. Outrossim, essas amostras nos permitem angariar
maior exatidão quanto à classificação adotada pelo inventário demográfico de 1872. Na
tabela da “população considerada em relação às profissões”, acima da rubrica “criados e
jornaleiros” constava o termo “pessoas assalariadas”, distinguindo-a das “liberais”,
“industriais e comerciais”, “manuais ou mecânicas” e “agrícolas”. Sendo a única
classificação em que tal termo aparece, percebemos que aquelas pessoas arroladas como
dedicadas ao “serviço doméstico” eram, pois, não-assalariadas. Isto é, ou eram esposas
ou amasiadas que exerciam as tarefas domésticas de reprodução da força de trabalho ou
eram escravizados e escravizadas, ou ainda livres e libertos, que residiam na casa de seus
empregadores numa condição laboral que, como sugere a análise combinada dos reclames
do Jornal com o Censo, não existia, aparentemente, sequer remuneração monetária.
À medida em que Santa Rita afirma-se, ao mesmo tempo, enquanto moradia para
parte da classe dominante (em sua fração sudeste) e para as classes oprimidas (ocupação
dos morros da Conceição e da Previdência), e região portuária modernizada,
contemplaremos o crescimento da população feminina – branca ou não, nacional e
estrangeira (a primeira e a última acima das demais) – justamente nas classificações nas
quais inteiram maioria: o trabalho doméstico, assalariado ou não, e o desemprego que tem
por consequência a subordinação econômica ao pai, marido, irmão...
Tabela 3. Mulheres classificadas no “serviço doméstico” nos anos de 1872, 1906 e 1920 e suas variações.
1872 1906 1920
Total S. Doméstico 2.309 5.676 660
Freguesia 34.835 45.929 38.164
Crescimento
Direto 145,82% -88,37%
Relativo à população total -25,25% -312,52%
Relativo à Freguesia 357,87% 422,71%
Participação [no] 0,63% -1,49%
Participação 6,63% 12,36% 1,73%
Variação 86,44% -86,01%
Fontes: Censo de 1872 (p.12); Censo de 1906 (p.188-189) e Censo de 1920 (p.558-559).
A análise desta tabela requer cuidados exclusivos. Em primeiro lugar, optamos
por apartar os dados referentes ao inquérito de 1890 (p.420), uma vez que não distingue
as mulheres, apesar de revelar o quantitativo de 3.105 pessoas dedicadas ao trabalho
doméstico, informação que, no cômputo geral (homens inclusive) significaria a redução
de 898 indivíduos. Por outro lado, o espantoso acréscimo de 3.367 mulheres entre 1872
e 1906 – ou 3.605 homens e mulheres entre 1890 e 1906; 84,59% do sexo feminino – que
faz com que o crescimento relativo à variação da circunscrição atinja a cifra de 357,87%,
deve-se, provavelmente, a indiscrição entre mulheres casadas que realizam as tarefas
domésticas em suas residências (ou ainda mulheres que não dispondo de trabalho assim
informaram sua ocupação) daquelas que prestam tal serviço na casa de outrem, fato
criticado pelos recenseadores de 1920 (BRAZIL, 1920, p.CXIX). Entretanto, também
deve causar suspeição o inverso. Isto é, no último intervalo, quando o distrito de Santa
Rita constata a redução percentual de 20,34 de seus habitantes, os resultados da variação
relativa positiva de 422,71% - ou seja, a categoria caiu cinco vezes mais do que própria
queda da região – e da redução da participação no total do distrito de 12,36% para 1,73%,
denotam, antes, a mudança nos critérios censitários do que a variação da ocupação
feminina nos postos de trabalho.
Isto se confirma quando examinamos as demais possibilidades de alocação das
mulheres na dinâmica produtiva da região. Em 1872 (p.15), as “costureiras” somavam
599 brasileiras, 249 estrangeiras e 89 escravizadas; 90 “criadas e jornaleiras” estrangeiras
e 136 escravizadas; e, finalmente, 4.718 brasileiras sem profissão (70,70% solteiras, sem
distinção da idade), 736 estrangeiras (42,11% solteiras) e 273 escravizadas na mesma
condição. Com exceção de 3 “parteiras”, 14 “professoras”, 21 “artistas”, 52 “capitalistas
e proprietárias” (27 viúvas), 155 “comerciantes” (99 solteiras), 92,04% das mulheres ou
eram “costureiras”, ou do “serviço doméstico”, ou não dispunham de ocupação, segundo
os critérios dos recenseadores (24,54% no “serviço doméstico” e 60,88% “sem
profissão”). Uma vez que o Censo de 1890 não separa a população segundo as profissões
por gênero, observaremos em 1906, 687 brasileiras e 467 estrangeiras na “indústria” de
“vestuário e toillete”; 3.825 brasileiras e 1.851 estrangeiras no “serviço doméstico”; 4.453
brasileiras menores de quinze anos e 2.930 maiores “sem profissão declarada” e 353
estrangeiras menores de quinze anos e 1.388 maiores, na mesma situação (p.418-419).
Isto quer dizer que 31,73% das 17.886 mulheres se alocavam no serviço doméstico e
51,01% encontravam-se sem atividade econômica “declarada” segundo um inquérito que
seria, posteriormente, criticado por exceder o quantitativo real das mulheres dedicadas ao
trabalho doméstico, “não obstante as recomendações constantes dos boletins censitários”
(BRAZIL, 1920, p.CXVIII)! Por último, o rigoroso Censo de 1920 informará 824
brasileiras e 512 estrangeiras desempenhando a “aplicação da matéria prima” no
“vestuário e toucador” e 5.173 brasileiras e 551 estrangeiras menores de 21 anos bem
como 3.106 brasileiras maiores e 2.492 estrangeiras maiores “sem profissão” ou de
“profissão não declarada” (p.574-575). Em outros números, 4,77% das mulheres estariam
no “serviço doméstico”; em compensação, 81,86% sem profissão. Em síntese, o que o
censo quis ocultar por um lado, revelou por outro6.
6 Para confirmar nossa argumentação, basta averiguar a variação da participação feminina na
“produção têxtil”, segunda maior rubrica do território. Entre 1872 e 1906 cresce 23,16% diretamente e -
27,28% relativamente ao movimento da circunscrição. Entre 1906 e 1920, avoluma-se em 15,77% o que
garante a resistência de -193,28% em relação ao distrito. Isto é, enquanto o Santa Rita perde mais de 7mil
habitantes, o trabalho têxtil feminino soma 182 pessoas. A participação no total da região fica em 2,69, 2,51
Conclusão
Apresentamos, de modo sucinto, uma proposta de metodologia para a apuração
dos recenseamentos gerais realizados no final do século XIX e início do XX, momento
no qual a estatística brasileira buscava se consolidar através dos aportes científicos
originários da Europa, como confessam os próprios levantamentos (BRAZIL, 1906,
passim; BRAZIL, 1920, passim.) Tal iniciativa tem por finalidade municiar a pesquisa
que desenvolvemos acerca da dinâmica ocupacional na cidade do Rio de Janeiro
superando o uso indiscriminado dos dados ao confrontá-los com outras fontes que
apontam, por fim, características diversas daquelas expostas pelos inventários
demográficos.
Nesse momento, contudo, muitos aspectos ficaram de fora: a discrepância entre
os Censos demográficos de 1906 e 1920 em relação ao quantitativo do “operariado”
fornecido pelos Censos Industriais de 1907 e 1920; a distinta terminologia quanto aos
“artistas” que, se em 1872 suscita a compreensão enquanto “artífices”, nos seguintes se
aproxima da ideia de artes cênicas; a ausência do critério “raça” nos anos de 1906 e 1920;
a inexistência de cruzamento específico da população segundo as “raças” e “profissões”
para o ano de 1872 (e do “sexo” em 1890), o que impede de observarmos a distribuição
étnica-sexual da ocupação laboral urbana; a indistinção entre “oficias” e “praças” nos
recenseamentos do século XIX, presente, entretanto, nos de 1906 e 1920; o não-
comparecimento da categoria “jornaleiros” e “trabalhadores braçais” em 1890; fora as
singularidades do censo de 1890 que fornece um detalhado escopo do movimento
imigratório e migratório além de um estudo da composição étnico-racial dos casais
cariocas.
Em nossa pesquisa buscamos, com efeito, articular todos esses elementos afim de,
ao mesmo tempo em que procedemos a crítica às fontes e revelamos sua intencionalidade
enquanto instrumento de organização e ação das tarefas públicas do Estado brasileiro,
obter um método minimamente verossímil que nos permita examinar, sob a ótica das
e 3,50 pontos percentuais para os anos de 1872, 1906 e 1920. Nota-se que, mesmo com o rigor de evitar
arrolar as mulheres no trabalho doméstico, o Censo de 1920 informa que tal setor ainda ocupava a primeira
opção de trabalho feminino: 4,77%.
alterações na dinâmica produtiva da cidade do Rio de Janeiro, particularidades da
transição entre o escravismo e o capitalismo no espaço urbano.
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