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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO E GESTÃO SOCIAL MESTRADO MULTIDISCIPLINAR E PROFISSIONAL EM DESEMPENHO E GESTÃO SOCIAL RITA DE CÁSSIA MACHADO ARAÚJO SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA GESTÃO DA SEDE DO SEBRAE, EM SALVADOR: COMO INTEGRAR NOVAS PRÁTICAS? Salvador 2014

RITA DE CÁSSIA MACHADO ARAÚJO SUSTENTABILIDADE …ºjo, Rita... · bibliográfica, pesquisa de campo, ... EPI Equipamento de Proteção Individual Femsa Fomento Econômico Mexicano

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO E GESTÃO SOCIAL

MESTRADO MULTIDISCIPLINAR E PROFISSIONAL EM DESEMPENHO E

GESTÃO SOCIAL

RITA DE CÁSSIA MACHADO ARAÚJO

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA GESTÃO DA SEDE DO

SEBRAE, EM SALVADOR: COMO INTEGRAR NOVAS PRÁTICAS?

Salvador

2014

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RITA DE CÁSSIA MACHADO ARAÚJO

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA GESTÃO DA SEDE DO

SEBRAE, EM SALVADOR: COMO INTEGRAR NOVAS PRÁTICAS?

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Multidisciplinar e Profissional em Desenvolvimento e

Gestão Social do Programa de Desenvolvimento e

Gestão Social da Universidade Federal da Bahia, como

requisito parcial, à obtenção do grau de Mestre em

Desenvolvimento e Gestão Social.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Suzana de Souza Moura

(Doutora em Administração pela UFBA)

Salvador

2014

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Escola de Administração - UFBA

A663 Araújo, Rita de Cássia Machado.

Sustentabilidade ambiental na gestão da sede do Sebrae, em Salvador:

como integrar novas práticas? / Rita de Cássia Machado Araújo. – 2014.

146 f.

Orientador: Profa. Dra. Maria Suzana de Souza Moura.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Escola de

Administração, Salvador, 2015.

1. Sebrae-BA – Aprendizagem organizacional. 2. Sustentabilidade e

meio ambiente. 3. Desenvolvimento sustentável. 4. Responsabilidade

ambiental da empresa. 5. Organizações – Políticas ambientais. I.

Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração. II. Título.

CDD – 658.408

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RITA DE CÁSSIA MACHADO ARAÚJO

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA GESTÃO DA SEDE DO

SEBRAE, EM SALVADOR: COMO INTEGRAR NOVAS PRÁTICAS?

Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Desenvolvimento e Gestão Social, na Universidade Federal da Bahia,

à seguinte banca examinadora:

Aprovada em 11 de novembro de 2014.

Banca Examinadora

Prof.ª Dr.ª Maria Suzana de Souza Moura ___________________________________

Doutora em Administração

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Prof. Dr. José Célio Silveira Andrade _______________________________________

Doutor em Administração

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Prof.ª Dr.ª Andréa Ventura _________________________________________________

Doutora em Administração

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

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À minha amada e inesquecível mãe

Noêmia (in memorian) pela vida, amor,

carinho, sabedoria, perseverança, fé e

dedicação à família.

Ao meu pai, João, que me mostrou

importantes valores humanos.

A minha querida irmã, Rose, presente

em todos os momentos da minha vida.

Minha inspiração diária.

Aos meus queridos irmãos Robson,

Roberto, Neize e Nadjane pelo apoio,

união e compreensão.

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AGRADECIMENTOS

Em especial a Deus, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo, que me deu forças, saúde,

perseverança e fé para enfrentar a todas as dificuldades.

Na última e mais difícil etapa da elaboração desta dissertação, tive inestimáveis apoios

para concluir. Dentre eles os solidários colegas e parceiros do Sebrae Bahia, em especial a

equipe da Unidade de Atendimento Individual (UAIN). Também merecedores de gratidão os

colegas do Sebrae Mato Grosso e Espírito Santo, profissionais generosos que me acolheram e

compartilharam suas valiosas experiências.

Aos dirigentes e colegas do Sebrae-BA por terem me fornecido condições e apoio para

a realização deste trabalho.

A Nadja Souza, Isabel Ribeiro, Dora Costa, Milena Oliveira, Olívia Biasin, Paloma

Noblat, Marcos Fonseca – para estas pessoas e organizações fica registrado especial

reconhecimento, mesmo que estas palavras jamais possam expressar plenamente a intensidade

dos sentimentos de respeito e simpatia.

Aos professores que fizeram a diferença e a turma pela harmonia, pela convivência e

compartilhamento de informações e conhecimentos.

A minha orientadora, professora Drª. Maria Suzana Moura, pela sua competência,

condescendência, paciência e incentivo.

Ao CIAGS/UFBA, pela oportunidade e aprendizado.

Muito obrigada por possibilitarem essa experiência enriquecedora e gratificante de

suma importância para meu crescimento como ser humano e profissional.

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“O homem é ao mesmo tempo obra e

construtor do meio ambiente que o cerca,

o qual lhe dá sustento material e lhe

oferece oportunidade para desenvolver-

se intelectual, moral, social e

espiritualmente”.

Declaração de Estocolmo - 1972

“Estamos todos aqui neste planeta, por

assim dizer, como turistas. Nenhum de

nós pode morar aqui pra sempre. O

maior tempo que podemos ficar é

aproximadamente 100 anos. Sendo

assim, enquanto estamos aqui

deveríamos procurar ter um bom coração

e fazer de nossas vidas algo positivo e

útil. Quer vivamos poucos anos ou um

século inteiro, seria lamentável e triste

passar este tempo agravando os

problemas que afligem as outras pessoas,

os animais e o meio ambiente. O mais

importante de tudo é ser uma boa

pessoa”.

Dalai Lama

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ARAÚJO, R. C. M. Sustentabilidade ambiental na gestão da sede do Sebrae, em

Salvador: como integrar novas práticas? (Dissertação) Mestrado Profissional em

Desenvolvimento em Gestão Social da Universidade Federal da Bahia. 146 f. Salvador, BA,

2014.

RESUMO

A sustentabilidade é muito mais do que uma agenda ambiental. Ser sustentável não é apenas

ser “verde” ou pensar na preservação do meio ambiente. É um conjunto de práticas e ações

que se mostrem perene e sejam replicáveis na estratégia da organização. O presente trabalho

objetiva verificar as práticas que podem potencializar a inserção da sustentabilidade ambiental

na gestão interna do Sebrae-BA. A necessidade de identificar práticas ambientais

desenvolvidas pelo Sebrae deu início à fase exploratória da pesquisa, de caráter qualitativo,

com estudo de caso e um aporte teórico descritivo que, somados aos resultados das visitas ao

campo, estudos sobre sustentabilidade no âmbito das organizações, contribuíram para

responder à principal questão de partida: Quais são as práticas que podem potencializar a

inserção da sustentabilidade ambiental na gestão interna do Sebrae, em Salvador? Para

responder a essa pergunta, utilizou-se a seguinte combinação de técnicas: pesquisa

bibliográfica, pesquisa de campo, averiguação de trabalhos já realizados, conhecimentos

prévios e casos de experiências bem-sucedidas efetivadas no Centro Sebrae de

Sustentabilidade, Sebrae-MT e Sebrae-ES. A aplicação de um instrumento de coleta de dados

(questionário estruturado e semiestruturado) direcionado aos colaboradores da unidade Sebrae

em questão possibilitou traçar recomendações propositivas. Nesta perspectiva, o caminho

metodológico escolhido levou ao desenvolvimento de uma proposta de ação para integrar

novas práticas sustentáveis, considerando a responsabilidade ambiental na gestão estratégica

interna. Dentre os resultados obtidos com a pesquisa, percebe-se que existem várias maneiras

do Sebrae-BA mostrar-se atuante quanto à conservação do meio ambiente e solidária quanto à

garantia de vida futura saudável no planeta. Para tanto, é imprescindível o compromisso dos

dirigentes, que devem incluir na estratégia da organização a implementação da gestão

sustentável e inclusiva com vistas à melhoria contínua do desempenho ambiental, assim como

promover ações de conscientização junto aos colaboradores, deste modo, contribuindo com o

uso racional e equilibrado dos recursos naturais no desenvolvimento de qualquer atividade,

adotando medidas de menor impacto ambiental.

Palavras-chave: Sebrae-BA – Aprendizagem organizacional. Sustentabilidade e meio

ambiente. Desenvolvimento sustentável. Responsabilidade ambiental da empresa.

Organizações – Políticas ambientais.

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ARAÚJO, R. C. M. Environmental sustainability in the management of the headquarters

of Sebrae, in Salvador: how to integrate new practices? (Dissertation) Masters in

development and Social management of the Federal University of Bahia. 146 f. Salvador, BA,

2014.

ABSTRACT

Sustainability is much more than an environmental agenda. Be sustainable is not just being

"green" or thinking about preserving the environment. Is a set of practices and actions that are

perennial and are replicable in the strategy of the organization. The present work aims to

check the practices that can foster the integration of environmental sustainability in the

internal management of Sebrae-BA. The need to identify environmental practices developed

by Sebrae initiated the exploratory phase of the research, qualitative character, with case study

and a theoretical contribution, added to the descriptive results of field visits, studies on

sustainability within the organizations, contributed to answer the main question: what are the

practices that can foster the integration of environmental sustainability in the internal

management of Sebrae in Salvador? To answer that question, we used the following

combination of techniques: bibliographical research, field research, investigation of work

already carried out, previous knowledge and successful experiences take effect in the center

of sustainability Sebrae, Sebrae-MT and Sebrae-ES. The implementation of a data collection

instrument (questionnaire structured and semi-structured) directed to employees of the unit

concerned, enabled trace Sebrae recommendations propositivas. In this respect, the

methodology chosen path has led to the development of a proposal for action to integrate new

sustainable practices, considering the environmental responsibility in strategic management.

Among the results obtained with the search, there are several ways of Sebrae-BA show active

regarding environmental conservation and caring about the future healthy life assurance on

the planet. To this end, it is essential the commitment of leaders, who must include in the

strategy of the Organization the implementation of sustainable and inclusive management

with a view to continual improvement of environmental performance, as well as promote

awareness campaigns among the employees, thus contributing to the rational and balanced use

of natural resources in the development of any activity, adopting measures to lower

environmental impact.

Keywords: Sebrae-BA-organizational learning. Sustainability and the environment.

Sustainable development. Environmental responsibility. Organizations-Environmental

Policies.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Síntese dos conceitos de desenvolvimento sustentável 31

Figura 2 Evolução das expectativas sociais 36

Figura 3 Indicadores para a sustentabilidade empresarial 38

Figura 4 Modelo das três dimensões de organização sustentável 40

Figura 5 Tripé da Sustentabilidade Empresarial 41

Figura 6 Visão dos 3Ps 41

Figura 7 Eixos temáticos da A3P 43

Figura 8 Espiral do Sistema de Gestão Ambiental 48

Figura 9 Gestão estratégica, competitiva e sustentável 54

Figura 10 Gestão estratégica de pessoas 56

Figura 11 Mapa Estratégico Sebrae 2013-2022 61

Figura 12 Desempenho das ações sustentáveis 68

Figura 13 Eixos sustentáveis prioritários do plano de gestão sustentável do Sebrae-ES 77

Figura 14 Segregação dos resíduos secos e úmidos 78

Figura 15 Identificação dos coletores: lixo seco (azul) e úmido (preto) 79

Figura 16 Projeto arquitetônico do estande de negócios verdes e sustentáveis 89

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Síntese dos principais conceitos de sustentabilidade nas organizações 32

Quadro 2 Mudanças na empresa pela conscientização ambiental 57

Quadro 3 Ações implantadas 2011 - 2014 87

Quadro 4 Principais iniciativas em responsabilidade socioambiental 90

Quadro 5 Proposta de diretrizes para ação ambiental 98

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIA Avaliação de Impacto Ambiental

ANA Agência Nacional das Águas

A3P Agenda Ambiental na Administração Pública

CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

Cempre Compromisso Empresarial com a Reciclagem

CGU Controladoria Geral da União

Conama Conselho Nacional de Meio Ambiente

CRA Centro de Recursos Ambientais – BA

CSS Centro Sebrae de Sustentabilidade

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EPI Equipamento de Proteção Individual

Femsa Fomento Econômico Mexicano

FNQ Fundação Nacional da Qualidade

GEM Global Entrepreneurship Monitor

Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

IBQP Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade

IFBA Instituto Federal de Educação Bahia

ISO International Organization for Standardization

LEED Leadership in Energy and Environmental Design

MEG Medida Estratégica de Gestão

MEI Microempreendedor Individual

MMA Ministério do Meio Ambiente

MPE Micro e Pequena Empresa

OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS Organização Mundial da Saúde

ONG Organização Não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas

Osha Occupational Safety and Health Administration

PGA Programa de Gestão Ambiental

P+L Produção mais Limpa

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PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

Pnuma Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

PSEG Programa Sebrae de Excelência em Gestão

RNC Relatório de Não Conformidade

RS Responsabilidade Socioambiental

Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Sebrae-BA Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado Bahia

Sebrae-ES Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado Espírito Santo

Sebrae-MT Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado Mato Grosso

Sema Secretaria Especial do Meio Ambiente

SGA Sistema de Gestão Ambiental

SGI Sistema de Gestão Integrada

Sisnama Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

TCU Tribunal de Contas da União

UAIN Unidade de Atendimento Individual

UNCED United Nations Conference on Environment and Development

WBCSD World Business Council for Sustainable Development

WWF The Worldwide Fund for Nature

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 20

2.1 CONTEXTO DO SURGIMENTO DOS CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE 20

2.2 COMO AS ORGANIZAÇÕES ESTÃO INSERINDO A SUSTENTABILIDADE

AMBIENTAL 34

2.2.1 O tripé da sustentabilidade 39

2.2.2 Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) 42

2.2.3 Política ambiental da organização 47

2.2.4 Instrumentos de gestão ambiental 49

2.3 OS DESAFIOS DA PRÁTICA DE SUSTENTABILIDADE 52

3 REFERÊNCIAS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO

SEBRAE 60

3.1 A EXPERIÊNCIA DO CENTRO SEBRAE DE SUSTENTABILIDADE - MATO

GROSSO 65

3.2 A EXPERIÊNCIA DO NÚCLEO SEBRAE-ES DE SUSTENTABILIDADE 75

4 SUSTENTABILIDADE NO SEBRAE EM SALVADOR 84

4.1 PROPOSTAS E PRÁTICAS RECENTES 86

4.1.1 O comitê de sustentabilidade 86

4.1.2 Feira do empreendedor sustentável 89

4.2 SEBRAE: PERCEPÇÃO SOBRE A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA SEDE

DE SALVADOR 91

4.3 PROPOSIÇÕES PARA FORTALECER A INSERÇÃO DA SUSTENTABILIDADE

AMBIENTAL NO SEBRAE, EM SALVADOR 96

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 100

REFERÊNCIAS 106

APÊNDICE A - Questionário da pesquisa 116

APÊNDICE B - Resultados da pesquisa 120

APÊNDICE C - Diretriz teórica e prática 141

ANEXO A - Termo de referência para atuação do sistema Sebrae em sustentabilidade 142

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1 INTRODUÇÃO

As preocupações com o meio ambiente têm assumido dimensões cada vez maiores em

decorrência dos desequilíbrios gerados à natureza pelo homem. As organizações, vistas há

algum tempo como as principais responsáveis pelo problema, estão, gradativamente,

conseguindo responder à questão ambiental com atitudes positivas. Ainda que as ações

ambientalmente responsáveis não sejam adotadas por uma parcela significativa das

organizações, aquelas que o fazem conquistam boa reputação e se tornam referências em seus

setores de atividades, figurando como exemplos para adoção de diretrizes de sustentabilidade.

No atual contexto de problemas ambientais, é preciso refletir sobre as causas e

consequências e, sobretudo, a necessidade de disseminar atitudes educativas de caráter crítico,

construtivo, consciente e participativo, voltadas para a organização, que impactem o cotidiano

tanto de forma individual, quanto coletiva. Num cenário aquecido pelo tema da

sustentabilidade ambiental, as organizações, nos diversos setores e segmentos econômicos,

possuem papel relevante, pois podem contribuir de forma expressiva para o próprio

crescimento, adotando medidas que irão motivar mudanças nos modos de consumir, prestar

serviços e produzir, isto é, de fazer negócios.

A dimensão ambiental da sustentabilidade é, portanto, uma diretriz importante para

todo tipo de organização, que deve implantar ações e iniciativas direcionadas a essa nova

demanda, promovendo a efetiva transição para um modelo sustentável de negócio, em que

haja redução do uso de recursos naturais e de energia, bem como adequada destinação dos

resíduos sólidos e eletrônicos.

A competitividade nos negócios permeia os conceitos de inovação e sustentabilidade.

Um novo contexto vem sendo desenhado ao longo dos últimos anos, em que a eficiência no

uso de recursos, o desenvolvimento local e a sociedade do bem-estar ganham destaque ao

mesmo tempo em que a economia extrativista encontra natural finitude. Nesta direção, a

sustentabilidade ambiental desponta também como eixo estratégico fundamental para

organizações, independente do setor em que atuam.

Esta pesquisa teve por base o desejo de conhecer a situação e perspectivas do Sebrae,

em Salvador em relação à sustentabilidade ambiental. Tal desejo foi motivado pelas

observações cotidianas na sede do Sebrae-BA, isto é, os comportamentos incipientes na

minimização dos desperdícios, na gestão das atividades e processos e nas ações de adequação

à legislação ambiental vigente. A partir daí, surgiram algumas questões prementes: Como o

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Sebrae-BA se situa perante as outras Unidades Federativas do Sebrae? Quais os principais

avanços já realizados em relação às práticas ambientais? Como incluir, de forma prática, a

sustentabilidade ambiental na sede do Sebrae Salvador? Quais os principais desafios a

enfrentar? Os colaboradores, de algum modo, adotam ou pretendem adotar as práticas de

gestão ambiental nas suas atividades e processos?

Nesse contexto, a pesquisa tem como objetivo geral identificar as práticas que

potencializarão a inserção da sustentabilidade ambiental na gestão interna do Sebrae, em

Salvador. Como desdobramento do objetivo geral, têm-se os seguintes objetivos específicos:

sistematizar as referências teóricas e práticas sobre sustentabilidade ambiental aplicada às

organizações; investigar práticas ambientais desenvolvidas pelo Sebrae em outros estados e

desenvolver uma proposta de ação interna para a gestão ambiental do Sebrae, em Salvador.

Esta dissertação-projeto justifica-se pela necessidade de se diagnosticar as lacunas e

dificuldades na implantação de efetivas ações sustentáveis na gestão interna na sede do

Sebrae, em Salvador. A referida organização disponibiliza programas, métodos e serviços

para o desenvolvimento ambiental aos seus clientes-alvo, às Micro e Pequenas Empresas.

Cumpre-lhe também o papel de proporcionar às empresas de pequeno capital, os instrumentos

para busca do aprimoramento de práticas de responsabilidade ambiental, destinadas à

melhoria na gestão do uso racional dos recursos naturais. Assim sendo, é imprescindível que o

Sebrae, como agente de transformação, dê exemplos de ações conscientes na sua gestão

interna, colocando em prática as recomendações existentes para inserir a sustentabilidade

ambiental no âmbito interno da gestão, pois percebe-se que, embora a organização detenha o

conhecimento teórico, pouco tem sido feito para alcançar esse fim.

Convém esclarecer, que os Sebrae Estaduais têm autonomia para adotar as medidas

que consideram eficientes no que diz respeito à aplicação de medidas mitigadoras e

potencializadoras direcionadas aos impactos ambientais. As Unidades são livres para

formular, diversificar as diretrizes, os eixos estratégicos prioritários e difundir as práticas

ambientais para promover mudanças relevantes na sua gestão interna. Assim, o Sebrae

Nacional atribui direcionamento estratégico, apoia, mas não impõe a adoção de ações

sustentáveis nas Unidades Federativas.

O presente estudo é uma pesquisa de caráter exploratório e qualitativo. Exploratório

porque, embora o tema da sustentabilidade venha sendo debatido, ainda são poucos os estudos

especificamente voltados para o setor de serviços, que é o caso do Sebrae, e que se

direcionem para o âmbito interno da gestão. A abordagem dos dados é qualitativa porque é

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pautada na aplicação de questionário, observação, análise de documentos e na percepção dos

atores do próprio Sebrae-BA, entre eles, a pesquisadora.

Quanto à realização da pesquisa, ela foi desenvolvida, basicamente, em duas etapas, a

saber: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica e seleção dos

elementos teórico-práticos envolveram autores e organizações de notório saber em questões de

sustentabilidade ambiental, de modo a formar uma estrutura metodológica convergente com o

tema da dissertação-projeto. As teorias que serviram de base para o desenvolvimento desta

pesquisa vieram da leitura de dissertações, teses, artigos científicos, técnicos, normas e livros,

destacando-se os seguintes autores: Reinaldo Dias (2011), José Eli da Veiga (2005), Alcir

Vilela Júnior (2013), Jacques Demajorovic (2013), José Carlos Barbieri (2009), Jorge Emanuel

Reis Cajazeira (2009), Enrique Leff (2001), Lilian Aligleri (2011), Luiz Antônio Aligleri

(2011), Isak Kruglianskas (2009), Ignacy Sachs (1993), Fritoj Capra (1996, 2002, 2006), Carlos

Loureiro (2003), Roberto Guimarães (2001), entre outros referenciados no trabalho.

A pesquisa de campo foi feita no próprio Sebrae, com uso de instrumentos de coleta de

dados, quais sejam: análise de documentos (leituras dos relatórios de gestão, Termo de

Referência para atuação do Sebrae em Sustentabilidade, plano de gestão sustentável, boletins,

balanço de atividades, normas, campanhas educativas, cartilhas, folhetos, dentre outros),

observação, compartilhamento de experiências e aplicação de questionário. A análise de

documentos consistiu em levantar, identificar, verificar e avaliar as informações específicas

sobre a concepção e as boas práticas ambientais desenvolvidas pelo Sebrae.

A observação direta ocorreu no ambiente de trabalho da pesquisadora (a sede de

Salvador do Sebrae). A análise complementar foi realizada durante a Residência Social1 no

Centro Sebrae de Sustentabilidade - Sebrae Mato Grosso e no Sebrae Espírito Santo, realizada

em novembro de 2013. Tais unidades foram às escolhidas pela autora por serem exemplos

reconhecidos de boas práticas e capacidade mobilizadora junto aos Sebrae UF. As unidades

supracitadas conquistaram um espaço de referência legitimado pela qualidade das ações

realizadas. De maneira pragmática e com resultados visíveis, o Centro Sebrae de

1A Residência Social (RS) configura-se como um tipo especial de atividade curricular de aprendizagem prático-

reflexiva. Propõe a imersão do mestrando em contextos sócios práticos relacionados com o campo da gestão

social e o desenvolvimento social de territórios, bem como seu tema específico de estudo, que sejam diferentes

dos seus contextos habituais de ação, de forma a promover um tipo especial de aprendizagem, situada e

significativa. O objetivo principal da RS é proporcionar um espaço prático para formação dos gestores alunos do

mestrado, onde eles possam articular diferentes saberes, desenvolvidos ao longo do curso, com os seus próprios

saberes em uma vivência prática intensiva. A RS pode gerar demandas por intervenção ou sugestões de

alternativas de ação para a organização ou projeto visitado. Entende-se que, nesse processo, o visitante aprende e

também contribui para a reflexão, a aprendizagem e o desenvolvimento das práticas no local onde realiza a

residência, numa relação de reciprocidade. (Regulamento da Atividade de Residência Social, 2012, p.1)

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Sustentabilidade buscou certificação de suas instalações, conquistando em 2013 a certificação

da Eletrobrás/Procel de prédios eficientes, o que serve de estímulo para que todas as sedes do

Sistema Sebrae também busquem este resultado.

O CSS vem alcançando feitos importantes em sua ainda recente existência, tais como

sua participação na Conferência Mundial do Clima – Rio+20, onde, através de diversas

demonstrações de práticas de sustentabilidade, atraiu o interesse de visitantes de vários países

em conhecer a forma pragmática com que o Sebrae, por meio do CSS, traz elementos sobre a

sustentabilidade ambiental. No ano de 2014, contribuiu amplamente para a difusão do tema,

disponibilizando aos colaboradores e credenciados do Sistema Sebrae, uma plataforma de

acesso à distância, cujo nome faz alusão à fonte de energia e de sobrevivência do planeta,

chamada “SOL”. Com mais esta iniciativa, que agrega novos atores na discussão de práticas

de sustentabilidade, o CSS conquistou sua legitimidade como referência sobre o tema no

Sistema Sebrae e também no habitat das MPE, que buscam os caminhos para se

desenvolverem de forma sustentável.

Houve ainda intercâmbio de informações, via e-mail, com o Sebrae Goiás, Rio Grande

do Norte, Ceará, Minas Gerais, Distrito Federal e Santa Catarina, que são referências e

exemplos pelas suas práticas ambientais, e serviram de inspiração para a elaboração da

proposta de ação ambiental. O objetivo desses diálogos foi buscar mais informações sobre a

experiência de inserir, na gestão da organização, as novas ações ambientais, verificar as

limitações, os desafios e as oportunidades de melhorias.

Cabe ressaltar que sempre foram levadas em consideração as adaptações necessárias à

aplicação de práticas de sustentabilidade ambiental para que proporcionem resultados

semelhantes no Sebrae-BA. Com isso, entende-se por compartilhamento de boas práticas as

ações organizadas e estruturadas que tenham proporcionado benefícios concretos ao meio

ambiente natural na organização adotante e que tenham potencial de disseminação, ou seja,

que tenham obtido resultados positivos na dimensão da sustentabilidade ambiental.

Para complementar a pesquisa de campo, aplicou-se um questionário na Sede do

Sebrae, em Salvador, à qual a pesquisadora está vinculada. Para coletar os dados dos

respondentes foi aplicado um questionário estruturado, composto por onze (11) questões,

sendo nove (9) objetivas e duas (2) subjetivas (Apêndice A), para 130 (centro e trinta)

integrantes, sendo 3 (três) dirigentes e 127 (cento e vinte e sete) colaboradores. Conforme Gil

(2009), esse instrumento deve constar de questões abertas e fechadas; isto porque as questões

abertas dão aos respondentes a liberdade de expressar sua opinião, além de incluir sugestões

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que podem trazer à luz um ponto de vista não explorado; e as questões fechadas possibilitam

ao respondente mais de uma opção, que melhor retrate sua realidade.

O questionário eletrônico ficou disponível no Portal Intranet e a pesquisadora

monitorou diariamente a quantidade de respondentes. Como resultado, foram contabilizados

38 (trinta e oito) respondentes, aproximadamente 30% dos colaboradores lotados nessa sede.

Por fim, para a análise dos dados e formulação da proposta, foram confrontadas as

referências teóricas (estudos secundários) e os dados primários obtidos na pesquisa de campo.

A análise de dados foi desenvolvida para averiguar as práticas que podem potencializar a

inserção da sustentabilidade sob a perspectiva da dimensão ambiental. Na busca da

confirmação dos resultados, foram cruzadas algumas informações coletadas a fim de

comprovar como a sustentabilidade ambiental é entendida e se é praticada pelos

colaboradores entrevistados.

Diante do exposto, este trabalho pretende contribuir, especificamente, de quatro

maneiras para a prática da Gestão Ambiental: no diagnóstico sobre a situação existente,

possibilitando a identificação e o entendimento das práticas ambientais adotadas nas Unidades

Federativas visitadas; no prognóstico das condições ambientais com a recomendação

propositiva no plano de ação ambiental; com as práticas ambientais mitigadoras e

potencializadoras a serem adotadas e com o programa de acompanhamento e monitoramento

da evolução das ações ambientais nas atividades e serviços.

Esta dissertação-projeto, apresentada em forma de relato, está estruturada em quatro

capítulos, sendo o primeiro esta introdução, na qual estão expostos os aspectos

metodológicos, o problema abordado, os objetivos a serem atingidos, a justificativa para a sua

consecução, o referencial teórico-prático que o embasa, a metodologia, coleta, análise e

interpretação dos dados e resultados.

O Capítulo 2 trata das abordagens de sustentabilidade ambiental nas organizações e

traz o histórico dos conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, levando a

entender os objetivos das dimensões ambiental, social e econômica.

O Capítulo 3 apresenta o relato das experiências práticas de sustentabilidade ambiental

vivenciadas na Residência Social, no Centro Sebrae de Sustentabilidade - Sebrae Mato Grosso

e no Núcleo Sebrae-ES de Sustentabilidade.

O Capítulo 4 apresenta as práticas ambientais atualmente adotadas pelo Sebrae, em

Salvador, tais como a formação do Comitê da Sustentabilidade e a Feira do Empreendedor,

com ações de responsabilidade socioambiental; as percepções e sugestões de práticas

sustentáveis dos colaboradores, obtidas por meio da análise dos resultados da pesquisa

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aplicada e, por fim, os desafios e as propostas para implementar e integrar a prática da

sustentabilidade ambiental nessa organização.

Após os citados capítulos, chega-se às considerações finais e ao referencial

bibliográfico utilizado em toda a dissertação-projeto. Expõem-se os principais resultados

obtidos, relacionando-os à pergunta de partida e aos objetivos estabelecidos no início desse

trabalho, além de elencar as contribuições geradas e as recomendações para estudos futuros.

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2 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES

As seções subsequentes contextualizam as origens e desenvolvimento do conceito de

sustentabilidade aplicado à realidade humana, além das organizações preocupadas com a sua

relação com o meio ambiente. Inicialmente, será abordada a ideia de sustentabilidade nos

eixos ambiental, social e econômico. Em seguida, o desenvolvimento sustentável, suas

principais divisões e aplicações nas organizações, bem como a visão estratégica da

sustentabilidade nos novos modelos de gestão.

Há diferentes conceitos nem sempre consensual para os termos desenvolvimento

sustentável e sustentabilidade. Assim, faz-se necessária uma breve retrospectiva histórica com

a intenção de se conhecerem as abordagens apresentadas. O tópico seguinte trará os principais

fatos relacionados com o desenvolvimento sustentável e as questões ambientais no mundo e

no Brasil, conforme o ponto de vista de Dias (2011, p. 40-42).

2.1 CONTEXTO DO SURGIMENTO DOS CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE

A industrialização causou diversos problemas ambientais, como alta concentração

populacional, devido à urbanização acelerada; consumo excessivo de recursos naturais, sendo

alguns não renováveis, como por exemplo, petróleo e carvão mineral; contaminação do ar, do

solo, das águas e desflorestamento, entre outros.

A agressão industrial ao meio ambiente não foi contestada ao longo do século XIX e

por um período do século XX. O equívoco de que os recursos naturais eram ilimitados e

estavam à disposição do ser humano, só começou a ser percebido e debatido pela humanidade

na década dos anos 70, ainda que nos anos 50 e 60 tenha havido atos pontuais nesse sentido,

quando os processos de desgaste ambiental e a probabilidade de esgotamento de determinados

recursos naturais se tornaram mais evidentes.

Apesar de o começo do desenvolvimento industrial ter ocorrido há quase 300 anos, foi

somente nas duas últimas décadas do século XX que o volume físico da produção industrial

no mundo cresceu de forma exagerada. Considera-se que, na segunda metade do século XX,

foram usados mais recursos naturais na produção de bens que em toda a história anterior da

humanidade. Para Dias (2011, p.7), “um dos problemas mais visíveis causados pela

industrialização é a destinação dos resíduos de qualquer tipo (sólido, líquido ou gasoso) que

sobram do processo produtivo, e que afetam o meio ambiente natural e a saúde humana”.

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Nesta linha do tempo, cabe sublinhar as explosões das bombas atômicas em Hiroshima

e Nagasaki no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945, pela Força Aérea dos

Estados Unidos. Ao mesmo tempo, as destruições dessas duas cidades e as mortes de cerca de

200 mil pessoas alertaram a humanidade para o poder destrutivo da indústria bélica2. Após a

Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por uma fase de significativas transformações

tecnológicas, desencadeadas, sobretudo, pela interação entre conhecimento científico e

produção industrial. O processo industrial, ligado ao conhecimento científico e à pesquisa, foi

a principal característica da chamada Terceira Revolução Industrial.

Essa nova percepção da realidade provoca uma mudança radical de paradigma por

parte das organizações do setor privado e público, que passam a levar em consideração a

opinião da sociedade humana quando se trata das questões ambientais. Tal atitude se mostra

relevante como resposta a um cenário global de crise ambiental, evidenciada pelas emissões

de gases de efeito estufa, aquecimento global, desmatamento, além da geração e lançamento

de poluentes em grandes quantidades, sem respeito à capacidade de suporte dos ecossistemas.

As organizações precisam reconhecer o manejo do meio ambiente como uma das mais altas

prioridades, além de adotá-lo como fator determinante e essencial para o desenvolvimento

sustentável.

Ainda que os princípios básicos sejam aparentemente simples, a concepção de

desenvolvimento sustentável gera controvérsias sobre a questão ambiental em quaisquer

setores das atividades humanas. A seguir serão abordados os principais acontecimentos

históricos globais que corroboraram para os desdobramentos conceituais teóricos que os

estudiosos elaboraram para estabelecerem o significado do termo.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o movimento ambientalista

começou tempos atrás como uma resposta à industrialização e à era nuclear, que fizeram

surgir temores de um novo tipo de poluição por radiação.

Em 1968, com o objetivo de analisar o crescimento econômico e seus impactos,

empresários, cientistas e pesquisadores formaram um grupo de discussão que ficou conhecido

como o “Clube de Roma”. O resultado desses debates foi à publicação, em 1972, do relatório

Os Limites do Crescimento, que apresentou um balanço do ritmo de degradação dos recursos

naturais advinda da rápida expansão das economias mundiais no período pós-guerra. O

documento afirma que qualquer que seja a associação realizada entre os cinco fatores básicos

2 A expressão indústria bélica faz referência a um negócio global destinado à produção de armas, equipamento e

tecnologia militar. Tal setor concentra-se na pesquisa, desenvolvimento e produção de equipamento bélico, em

geral, e atende principalmente às forças armadas dos países de todo o mundo. (SANTIAGO, 2003)

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decisivos do crescimento (população, produção agrícola, recursos naturais, produção

industrial e poluição) os resultados serão sempre aterrorizantes com intensa perda: a

estabilidade da condição humana até o ano de 2100.

A Declaração de Estocolmo – documento final da Confederação das Nações Unidas

para o Meio Ambiente Humano – realizada em 1972, reuniu delegações de 113 países, e dois

chefes de Estado: o da Suécia e a primeira ministra da Índia, Indira Gandhi, que representou o

bloco dos países pobres. O encontro teve como objetivo criar metas e estabelecer uma agenda

de discussões sobre aspectos ambientais. Para Sachs, Secretário Geral da Conferência, o

desenvolvimento sustentável será alcançado se três critérios fundamentais forem obedecidos

concomitantemente: equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica.

Como consequências positivas, diversos países criaram os próprios ministérios,

secretarias e agências do meio ambiente e passaram a adotar uma legislação mais rigorosa

para controlar os impactos negativos promovidos principalmente pelas indústrias. Assim, o

principal documento originado por ocasião da Conferência das Nações Unidas,

Estocolmo, Suécia, de 5 a 15 de junho de 1972, foi a Declaração sobre o ambiente humano, e

também foi instituído o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O

lançamento, em 1982, do Pnuma, criado para celebrar os dez anos da Conferência de

Estocolmo, estimulou várias atividades, propostas e programas ambientais em diversos países

do mundo.

Em 1987, o Relatório Brundland, mais conhecido como Nosso futuro comum3,

apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável, convidando os indivíduos a

modificarem seus estilos de vida para evitar desigualdades sociais e degradação ambiental.

Apresentado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cmmad),

coordenada por Gro Halem Brundland4, primeira ministra da Noruega, e produzido pela

Comissão Brundland, o relatório é um marco histórico na definição oficial das Nações Unidas

para o termo “desenvolvimento sustentável”, declarando que desenvolvimento sustentável é

“aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as

gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. (CMMAD, 1991, p.46)

3 Elaborado em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cmmad), esse

documento integra uma série de iniciativas anteriores à agenda 21 que tratam dos riscos do uso excessivo dos

recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório Nosso futuro comum

(1988) mostra que os padrões atuais de produção e consumo são incompatíveis com o desenvolvimento

sustentável. 4 Gro Harlem Brundland (1939) política e diplomata norueguesa. Formada em medicina e ligada ao Partido dos

Trabalhadores da Noruega (social democrata). Tornou-se, em 1981, a primeira mulher a assumir a chefia do

governo daquele país. Entre 1983 e 1987, presidiu a Comissão Brundland da ONU, dedicada ao estudo da

relação entre o meio ambiente e o progresso econômico e social. (VOLTOLINI, 2011, p. 22)

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Esta primeira definição, no entanto, tem sido criticada por ser passível de diversas

interpretações. Uma delas é a de que o desenvolvimento sustentável poderia representar uma

revolução, estabelecendo uma nova postura para o comportamento humano; para outros

grupos sociais ele seria apenas um mecanismo de ajuste dos padrões de produção e consumo

da sociedade capitalista.

Um dos principais resultados da iniciativa da Organização das Nações Unidas

consistiu na realização de uma nova Conferência Internacional, mais conhecida como Rio-92,

no Rio de Janeiro, em 1992.

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio-

92, teve um relevante resultado: a Agenda 21, que propõe ações para um novo modelo de

desenvolvimento e uso sustentável dos recursos naturais, além da preservação da

biodiversidade com garantia da qualidade de vida das futuras gerações, por meio da educação

e formação profissional. Dedica também um capítulo específico às empresas, no qual

recomenda que elas considerem a gestão socioambiental como uma das suas mais altas

prioridades e fator determinante do desenvolvimento sustentável.

Em 1997, foi realizada a Conferência Rio+5, em Nova York, para avaliar os avanços

da Agenda 21. Cinco anos depois, reuniu-se a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento

Sustentável, Rio+10, em Johanesburgo-África do Sul, para avaliar os encaminhamentos da

Agenda 21 e fortalecer suas iniciativas locais. No ano de 2007, a Conferência Rio+15,

discutiu, no Rio de Janeiro, as consequências da Rio-92: o que avançara e o que precisava ser

fortalecido e/ou modificado. Por fim, em 2012, a Conferência Rio+20, discutiu formas de

assegurar o compromisso político das nações com o desenvolvimento sustentável, isto é, para

decidir como o mundo enfrentará os desafios que afetam o crescimento econômico, o bem-

estar social e a proteção ambiental nos próximos anos.

O conceito de desenvolvimento continuou, durante muito tempo, associado ao

crescimento econômico. O aumento de riquezas poderia melhorar as condições de vida da

população, embora conceitualmente, desenvolvimento e crescimento não tenham o mesmo

significado, podendo, inclusive, serem conduzidos de formas opostas.

De certa maneira, esta visão afasta-se da realidade, pois nela é ressaltada apenas a

geração de riquezas, não havendo consideração de ordem social, cultural e ambiental. Nesse

modelo, a premissa básica está na tentativa de aumentar o bem-estar social por meio de

processo de industrialização, que objetiva a produção de bens e serviços para atender às

necessidades da sociedade humana. Esta relação conflitava com o uso de recursos naturais,

cujas externalidades negativas pouco eram avaliadas. Sob esta ótica, o caminhar do

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desenvolvimento correspondia a um ritmo acelerado de crescimento econômico, propagação

da tecnologia, acumulação de capital, exploração do trabalho e desejo por incrementar o

consumo per capita.

Nesse contexto, observou-se que o desenvolvimento deveria ter uma conotação que

superasse o aspecto econômico, incluindo as organizações e o governo, além dos atores

sociais e privados. Apenas isso, porém não seria suficiente, pois devido às características

centralizadoras do planejamento realizado pelos governos, nem sempre as peculiaridades

locais eram respeitadas como peças chave para atingir o desenvolvimento.

Assim, teve início a reflexão, em diversos campos das áreas do conhecimento

(biologia, geografia, economia, pedagogia, administração, filosofia, ciência política,

antropologia, sociologia, direito, física, química e engenharia) a respeito de um novo conceito

de desenvolvimento: o desenvolvimento sustentável e sustentabilidade.

Esses dois termos por muitas vezes se confundem, mas têm significados distintos. O

desenvolvimento sustentável tem como objetivo preservar o ecossistema, mas também atender

às necessidades socioeconômicas das comunidades e manter o desenvolvimento econômico.

A sustentabilidade, por sua vez, visa a estabelecer um equilíbrio entre o que a natureza pode

oferecer e qual o limite para o consumo dos recursos naturais e a melhora da qualidade de

vida. Isso mostra que os termos são multidisciplinares, complexos, polêmicos e, integram as

diferentes dimensões em suas práticas.

Para o canadense Maurice Strong5, o conceito normativo básico de desenvolvimento

sustentável surgiu na Conferência de Estocolmo de 1972 denominado, no período,

“abordagem do ecodesenvolvimento” e, depois, renomeado com a designação atual. O tema

tomou forma em 1972 quando o ecossocioeconomista polonês, naturalizado francês, Ignacy

Sachs, discorreu sobre ecodesenvolvimento. Além da preocupação com o meio ambiente,

agrupou as devidas atenções às questões sociais, econômicas, culturais, de gestão participativa

e ética. Serrão, Almeida e Carestiato (2012, p.14), argumentam que “na década de 1980, o

economista francês Ignacy Sachs desenvolveu o termo, propondo estratégias para alcançar o

ecodesenvolvimento em âmbito planetário, na mesma época em que se discutia a crise

ambiental”. Pode-se constatar que ao longo dos anos, principalmente nos livros, artigos e

entrevistas de Sachs, o conceito relativo ao ecodesenvolvimento foi posteriormente, adotado

para desenvolvimento sustentável. Atualmente, Sachs usa comumente os termos

“ecodesenvolvimento” e “desenvolvimento sustentável” como sinônimo. Ambos abordam,

5 Nas palavras de Maurice Strong, “[...] o conceito vem sendo continuamente aprimorado, e hoje possuímos uma

compreensão mais acurada das complexas interações entre a humanidade e a biosfera”. (STRONG apud SACHS, 1993, p. 7)

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grosso modo, conjuntos de questões para a concepção de um mundo equilibrado e com uma

sociedade sustentável.

O conceito de sustentabilidade formulado por Sachs (1993, p.37-38) abrange as

seguintes dimensões:

Sustentabilidade ambiental: utilizar os recursos naturais que são renováveis e

limitar o uso dos recursos não renováveis;

Sustentabilidade social: trata do desenvolvimento e tem por objetivo a melhoria da

qualidade de vida da população. Para o caso de países com problemas de desigualdade e de

inclusão social, sugere a adoção de políticas distributivas e a universalização de atendimento à

saúde, educação, habitação e seguridade social;

Sustentabilidade econômica: possibilita uma gestão eficiente dos recursos em

geral e caracteriza-se pela regularidade de fluxos do investimento público e privado. Implica a

avaliação da eficiência por processos macrossociais (Agenda 21 brasileira);

Sustentabilidade política nacional: baseia-se no processo de construção da

cidadania para garantir a incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento;

Sustentabilidade política internacional: trata da promoção da paz e da cooperação

internacional, do controle financeiro internacional, da gestão da diversidade natural e cultural

e da cooperação científica e tecnológica;

Sustentabilidade espacial ou territorial: busca de equilíbrio na configuração rural-

urbana e melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e atividades econômicas,

melhorias no ambiente urbano e elaboração de estratégias ambientalmente seguras para áreas

ecologicamente frágeis, a fim de garantir a conservação da biodiversidade e do

ecodesenvolvimento;

Sustentabilidade cultural: trata do respeito à cultura de cada local, garantindo

continuidade e equilíbrio entre a tradição e a inovação.

Em consonância parcial com as abordagens de Sachs (1993, GUIMARÃES, 1997

apud LOUREIRO, 2003, p.27), acrescenta que os “princípios do desenvolvimento sustentável,

normalmente apontados como norteadores da ação social e do pensamento acerca de uma

sociedade substantivamente democrática e ecologicamente viável”, são:

Sustentabilidade planetária: reversão dos processos globais de degradação

(emissão de poluentes, depleção da camada de ozônio, desmatamento, desertificação e

redução da biodiversidade), com o devido respeito à soberania dos Estados-Nação;

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Sustentabilidade ecológica e ambiental: engloba o respeito aos ecossistemas

naturais;

Sustentabilidade demográfica: urbanização planejada, dinâmica e demográfica,

realizada sob as bases sociais e econômicas justas;

Sustentabilidade cultural: respeito à pluralidade de valores aceitos universalmente

e às minorias étnicas, entre outras;

Sustentabilidade social: melhor qualidade de vida para todos, pautada em justiça

distributiva, satisfação das necessidades básicas, convivência e respeito entre os povos e

culturas, e garantia dos direitos civis, políticos e sociais;

Sustentabilidade política: consolidação de espaços públicos participativos e

deliberativos, democracia e cidadania plena;

Sustentabilidade institucional: projeta no próprio desenho das instituições, que

regulam a sociedade e a economia, as dimensões sociais e políticas da sustentabilidade em seu

conteúdo macro.

Neste contexto, a sustentabilidade é multidimensional, compondo um sistema

complexo, no qual o ser humano está inserido. No último decênio do século XX, consolidou-

se uma nova visão de desenvolvimento que não somente envolve o meio ambiente natural,

mas também inclui os aspectos socioculturais em uma posição de destaque, revelando que a

qualidade de vida dos seres humanos passou a ser a condição para o progresso. As propostas

de desenvolvimento sustentável estão baseadas na perspectiva de utilização atual dos recursos

naturais desde que sejam preservados para as gerações futuras (DIAS, 2011, p.35).

Além das dimensões citadas, Sachs (1993), apontou cinco aspectos condutores do

modelo de desenvolvimento que chamou a atenção às seguintes questões: satisfação das

necessidades básicas; participação da população envolvida; preservação dos recursos naturais

e do meio ambiente em geral; elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança

social e respeito a outras culturas; programas de educação.

Para Dias (2011, p. 37), a expressão “desenvolvimento sustentável” tem sido objeto de

polêmicas desde a sua formulação. Quando se busca precisá-lo, aprofundam-se as

divergências. Baroni (1992 apud DIAS, 2011, p.37), encontrou onze definições que

“exemplificam a diversidade de ideias e refletem a falta de precisão na conceituação corrente

do termo”. Desta forma, é relevante distinguir os conceitos de desenvolvimento, crescimento

sustentável e uso sustentável, visto que os significados são distintos.

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Para Bigotto, Vitiello e Albuquerque (2010, p.204), o termo crescimento sustentável é,

em si mesmo, uma contradição, pois seria impraticável crescer indefinidamente com

sustentabilidade. A expressão uso sustentável, por sua vez, refere-se ao emprego de recursos

naturais em quantidades compatíveis com sua capacidade de renovação. Conclui-se daí, que o

desenvolvimento sustentável só seria possível dentro de padrões limitados de produção e

consumo, e com o uso controlado dos recursos naturais.

Diante disso, Dias (2011, p. 38) reitera que:

Fica claro que o conceito dá margem a interpretações que de modo geral baseiam-se

num desequilíbrio entre os três eixos fundamentais do conceito de sustentabilidade,

que são: o crescimento econômico, a preservação ambiental e a equidade social. O

predomínio de qualquer desses eixos desvirtua o conceito e torna-se manifestação de

interesse de grupos, isolados do contexto mais geral, que é o interesse da

humanidade como um todo.

Neste debate, Veiga (2010, p. 20-21), diante da pergunta “O que é sustentabilidade”?

declara:

[...] não há resposta simples (e muito menos definitiva). O que exige muito cuidado

com os vulgares abusos que estão sendo cometidos no emprego dessa expressão.

Porém, não há como interditar que se apropriem dela em outros contextos, e muito

menos proibir seu emprego metafórico, que já se consolidou [...]. Nada garante que

tais comportamentos ou processos sejam realmente sustentáveis, mas essa foi a

maneira selecionada para comunicar que está sendo feito algum esforço nessa

direção.

Já segundo Mariotti (2013, p. 12-13), na sua complexa abordagem:

A sustentabilidade é um fenômeno natural. Suas práticas são elaborações da mente

humana. O homem é ao mesmo tempo natural e cultural. [...] Em consequência, a

porção cultural do homem em muitos casos é um estorvo à sua dimensão natural, e

também uma das formas pelas quais ele exerce sua destrutividade sobre a natureza.

Este é o núcleo da questão da sustentabilidade: saber se o mundo natural seguirá

habitável apesar da presença do ser humano ou se não seguirá assim devido a ela. As

ideias, atitudes e ações ligadas à sustentabilidade são meritórias e bem-vindas, mas é

preciso reconhecer que para serem efetivas elas pressupõem a mudança da forma de

pensar binária para um modo mais abrangente. Essa necessidade parece óbvia, mas

está sujeita ao mesmo processo no qual se baseia a sua principal limitação: a

resistência e a lentidão que nós, humanos, opomos às mudanças de qualquer

natureza, mesmo quando sabemos que elas serão benéficas para nossa vida, bem-

estar e o futuro de nossos descendentes.

Isso significa reforçar um dos princípios básicos da sustentabilidade: a relação entre o

ser humano e o meio ambiente. As ações de cada indivíduo refletem na família, no trabalho e,

em cadeia, no bairro, na cidade e no país. Como profere o físico austríaco e fundador do

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Centro de Ecoalfabetização, nos Estados Unidos, Fritjof Capra6 (1996): “A sustentabilidade

não é uma propriedade individual, mas de uma teia completa de relacionamentos”.

Capra esclarece que o conceito de sustentabilidade tem assumido diversas formas

desde a sua concepção na década de 1980: “Os primeiros passos [...] seriam entender como a

natureza sustenta a vida, isso envolve toda uma nova compreensão ecológica, um pensamento

sistêmico. É compreender que a natureza tem sustentado a ‘Teia da Vida” por milhões de

anos”. (CAPRA, 1996, p. 228)

Em sintonia com o princípio maior do conceito de desenvolvimento sustentável, o

físico afirma que “reconectar-se com a teia da vida significa construir, nutrir e educar

comunidades humanas sustentáveis, onde se pode satisfazer as necessidades e aspirações sem

diminuir as oportunidades das futuras gerações” (CAPRA, 1996, p. 231). Para tanto, enfatiza

o autor, o ser humano precisa aprender as valiosas lições que o estudo dos ecossistemas pode

proporcionar, já que são comunidades sustentáveis de plantas, animais e micro-organismos.

No entanto, para que isso se torne possível, ele precisa aprender os princípios básicos da

ecologia7. A partir daí, os indivíduos se tornarão ecologicamente alfabetizados, ou seja,

entenderão os princípios de organização dos ecossistemas para saber aplicá-los nas

comunidades humanas. Capra avalia que a “teoria dos sistemas vivos fornece o quadro

conceitual para o estabelecimento do vínculo entre as comunidades ecológicas e as humanas,

já que ambos são sistemas vivos que exibem os mesmos princípios básicos de organização”.

(1996, p.231)

Com base nesses pressupostos, o mesmo autor expõe uma relação de princípios de

organização, que podem ser identificados como princípios básicos da ecologia, para que possa

transpô-los para a sociedade e utilizá-los como guia de construção das comunidades humanas

sustentáveis. O primeiro princípio é a interdependência – todos os membros da comunidade

ecológica estão conectados numa ampla e complexa rede de relações, a teia da vida; já o

segundo é o da reciclagem – as comunidades de organismos têm evoluído dessa maneira,

usando e reciclando de forma contínua as mesmas moléculas de minerais, de água e de ar. Por

isso, não há produção de resíduos na natureza. A parceria, ou seja, a tendência à associação

6 Físico e teórico de sistemas é um dos diretores-fundadores do Centro de Ecoalfabetização de Berkeley,

Califórnia, que promove a divulgação do pensamento ecológico e sistêmico nas redes de educação primária e

secundária. Ele faz parte do corpo docente do Schumacher College, centro internacional de estudos ecológicos,

localizado na Inglaterra. 7 Estuda a interação dos organismos uns com os outros e dos organismos com o lugar em que vivem. Em

resumo, a ecologia estuda o ambiente, que é formado pelos fatores físicos (o solo, a água e a temperatura) e pelos

seres vivos que nele habitam.

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que estabelece vínculos de cooperação, compõe o terceiro e o quarto princípios como uma

característica essencial das comunidades sustentáveis.

As trocas cíclicas de matéria e energia nos ecossistemas são sustentadas por uma

cooperação difundida entre os membros da rede. Nas comunidades humanas, a parceria

significa a democracia e o poder pessoal, por causa dos diferentes papéis sociais

desempenhados. Neste sentido, outro princípio destacado, por Capra, é a flexibilidade de um

ecossistema que alcança o ponto de equilíbrio após um período de mudanças nas condições

ambientais.

Em cada comunidade existem contradições e conflitos, como a tensão entre

estabilidade e mudança, ordem e liberdade, tradição e inovação. O autor sugere que “esses

inevitáveis conflitos são resolvidos pelo estabelecimento de um equilíbrio dinâmico, porque

ambos os lados da tensão são importantes, dependendo do contexto em que se encontram, e a

contradição dentro de uma comunidade não é nada mais do que um sinal de diversidade e

vitalidade que contribui para a viabilidade do sistema”. (CAPRA, 1996, p.235)

Nesta conjetura, o referido pesquisador aborda o último princípio da ecologia: a

diversidade, que está intimamente ligada à estrutura em rede do sistema. Um ecossistema

diverso também será resiliente, pois ele possui muitas espécies com diversas funções

ecológicas que podem ser parcialmente substituídas, caso um elo da rede se rompa. Quanto

mais complexa for à rede, mais intricado é o padrão das conexões e, consequentemente, mais

resiliente será o sistema. O resultado desses princípios é: interdependência, reciclagem,

parceria, flexibilidade e diversidade. É a viabilidade do ecossistema, isto é, a sua

sustentabilidade. A sobrevivência da humanidade no novo milênio dependerá da capacidade

de entender os princípios da ecologia e viver em conformidade com eles, ou seja, da

alfabetização ecológica.

De acordo com David W. Orr8 (apud CAPRA, 2006, p.117) “tornar-se ecologicamente

alfabetizado, seria compreender o humano como uma repentina erupção na enormidade do

tempo evolucionário”. Neste sentido, a alfabetização ecológica pressupõe a compreensão das

relações estabelecidas entre as sociedades humanas e a natureza e como elas poderiam ocorrer

em bases sustentáveis. Na mesma direção de David W. Orr, o Fritoj Capra (2006) ressalta que

para o ser humano adquirir a sua inteira humanidade, seria necessário recuperar no cotidiano a

experiência das conexões da teia da vida. O físico acrescenta:

8 Diretor do Centro de Ecoalfabetização desde a sua fundação. Atualmente, é professor de ciências ambientais e

presidente do Environmental Studies Program do Oberlim College. Já publicou mais de 120 artigos em

publicações científicas especializadas e é editor-colaborador da revista Conservation Biology.

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Não é exagero dizer que a sobrevivência da humanidade vai depender da nossa

capacidade, nas próximas décadas, de entender corretamente esses princípios da

ecologia e da vida. A natureza demonstra que os sistemas sustentáveis são possíveis.

O melhor da ciência moderna está nos ensinando a reconhecer os processos pelos

quais esses sistemas se mantêm. Cabe a nós aprender a aplicar esses princípios e

criar sistemas de educação pelos quais as gerações futuras poderão aprender os

princípios e aprender a planejar sociedades que os respeitem e aperfeiçoem.

(CAPRA, 2006, p. 57).

Assim, Capra sublinha a necessidade indispensável de o ser humano compreender os

princípios de organização que os ecossistemas desenvolveram para sustentar a teia da vida.

Para ele, a sabedoria da natureza, que fez com que os ecossistemas se organizassem de forma

a maximizar a sustentabilidade em mais de três bilhões de anos de evolução, é o motivo para

se confiar na necessidade de aprender lições a partir dos princípios da ecologia. A

longevidade da natureza a qualifica como uma boa mestra. Contudo, enquanto David W. Orr

limitou-se a discorrer sobre os fundamentos da alfabetização ecológica, Capra envolveu-se

com a descrição dos princípios básicos da ecologia, considerados como princípios

organizadores da teia da vida.

Ainda que não seja consensual entre os estudiosos, o conceito de desenvolvimento

sustentável, já comentado anteriormente, “tem o mérito de incorporar a percepção

multidimensional de desenvolvimento, envolvendo os aspectos econômico, social, ambiental,

político, institucional e territorial, sendo que essas três últimas perpassam as demais. O grande

desafio é associá-los na prática” (SERRÃO; ALMEIDA; CARESTIATO, 2012, p.26). O

desenvolvimento sustentável é um processo dinâmico e permanente, isto é, que busca

melhorias contínuas, significando que os seus desdobramentos futuros estão em aberto. Para

Buarque (2002, p.58), o desenvolvimento sustentável “se difunde como uma proposta de

desenvolvimento diferenciada, demandando novas concepções e percepções”.

Dentro desse panorama complexo que é o campo da sustentabilidade, destaca-se a

dimensão ecológica. A sustentabilidade ecológica recomenda o uso dos ecossistemas com sua

mínima destruição. Dessa forma, permite que a natureza encontre novos equilíbrios de

recomposição, por meio de uma utilização que corresponda ao seu ciclo natural de vida e

renovação. Para tanto, deve-se também conservar as fontes de recursos energéticos e hídricos.

As autoras Serrão, Almeida e Carestiato (2012), ressaltam que para o alcance da

sustentabilidade ecológica é imprescindível: desenvolvimento seguro para áreas

ecologicamente frágeis, produção com respeito aos ciclos naturais dos ecossistemas,

prudência no uso de recursos naturais não renováveis e respeito à capacidade de renovação

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dos ecossistemas naturais. O desafio, no entanto, é descobrir como o ser humano poderá

contribuir para concretizar essa dimensão ecológica da sustentabilidade.

A adequação ao modelo de desenvolvimento sustentável questiona as formas de

produção empregadas pela organização e o comportamento humano, demandando novos

padrões de produção e consumo. Por outro lado, abre-se uma série de oportunidades que

podem alavancar o desenvolvimento de regiões e países, baseadas em formas de produção que

possibilitem o aumento da renda com a garantia da preservação ambiental.

Diante das reflexões, debates e conceitos ora apresentados, infere-se que

desenvolvimento sustentável é o mesmo que sustentabilidade. Esse conceito estabelece o

equilíbrio entre forças econômicas, sociais e ambientais na exploração dos recursos naturais,

ou seja, a sustentabilidade entende que o empreendimento será perene e sólido caso se mostre

economicamente rentável, ambientalmente correto e socialmente justo. A sustentabilidade é

um conceito que dialoga cada vez mais com as atividades humanas em todos os níveis,

passando por métodos de menor impacto ambiental, pelas ações conscientes no cotidiano das

organizações.

De fato, desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade, é poder crescer com a

garantia de continuar evoluindo. Deve-se buscar, de forma ininterrupta, conservar e preservar

a natureza para o bem-estar da humanidade.

A seguir, a composição dos principais conceitos de desenvolvimento sustentável,

exemplificados por Lélé (1991), na Figura 1.

Figura 1– Síntese dos conceitos de desenvolvimento sustentável

Fonte: LÉLÉ, S. M. Sustainable Development: a critical review. World Development, v.19, n.6, jun.1991, p.608

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É interessante destacar, à luz das teorias citadas, o elenco das abordagens mais

relevantes que buscam conciliar o comportamento ambientalmente responsável das

organizações com o incremento da competitividade no negócio. São estudos publicados na

literatura e em revistas técnicas especializadas, que trazem elementos que contribuem com

novas diretrizes estratégicas e proposições de práticas sustentáveis a serem implementadas no

Sebrae-BA. Estas podem ser entendidas pelo resumo disposto no Quadro1.

Quadro 1 - Síntese dos principais conceitos de sustentabilidade nas organizações

Continua...

AUTORES E

DOCUMENTOS REFERENCIADOS

DIRETRIZES E PROPOSIÇÕES

Relatório de Brundtland

“Garantir os meios de atendimento às necessidades e

exigências atuais sem comprometer a sobrevivência das

gerações futuras”.

Princípios básicos: desenvolvimento econômico, proteção

ambiental e equidade social.

Conferência de Ottawa (Carta de Ottawa, 1986). Integração da conservação e do desenvolvimento; Satisfação

das necessidades básicas humanas; Alcance de equidade e

justiça social; Provisão da autodeterminação social e da

diversidade cultural; Manutenção da integração ecológica.

Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (Cmmad, 1988, 1991).

Objetiva a conservação do uso racional dos recursos naturais

incorporados às atividades produtivas.

Ignacy Sachs Sustentabilidades: ambiental; social; econômica; política

nacional; internacional; espacial ou territorial; cultural.

José Roberto Pereira Guimarães Sustentabilidades: planetária; ecológica e ambiental;

demográfica; cultural; social; política; institucional.

John Elkington

Tripé da sustentabilidade corporativa: dimensão ambiental,

social e econômica.

Enrique Leff

“O desenvolvimento sustentável converte-se num projeto

destinado a erradicar a pobreza, satisfazer as necessidades

básicas e melhorar a qualidade de vida da população”.

Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento

Sustentável

O desenvolvimento sustentável procura a melhoria da

qualidade de vida de todos os habitantes do mundo sem

aumentar o uso de recursos naturais além da capacidade da

Terra.

José Carlos Barbieri “Diretrizes e atividades administrativas e operacionais, tais

como planejamento, direção, controle, alocação de recursos

e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos

sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os

danos ou problemas causados pela ação humana”.

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Fonte: Elaboração da autora.

Em suma, esta seção apresentou a evolução histórica do problema ambiental, alguns

dos desdobramentos conceituais, as principais dimensões da sustentabilidade, bem como as

questões ambientais que ganharam importância ao longo de algumas décadas e passaram a

ocupar gradativamente uma posição central nas agendas de diversos países, contribuindo,

assim, para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável em todo o mundo.

Percebe-se que a problemática ambiental, atualmente, faz parte da pauta obrigatória da maior

parte dos encontros mundiais e torna-se preocupação significativa de algumas organizações

que querem continuar com a imagem destacada na sociedade civil. Abordou também os

princípios básicos da ecologia, assim como a alfabetização ecológica, que se baseia na

importância do aprendizado das relações ecológicas e humanas, possibilitando a compreensão

das conexões ocultas que regem a teia da vida.

A partir do conhecimento já expresso, parte-se para o âmbito empresarial, no qual as

três dimensões da sustentabilidade com o conceito de Triple Bottom Line e o Programa

Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), criado pelo Ministério do Meio

World Business Council Sustainable

Development (Wbcsd)

“A ecoeficiência atinge-se através da disponibilização de

bens e serviços a preços competitivos, que por um lado,

satisfaçam as necessidades humanas e contribuam para a

qualidade de vida e, por outro, reduzam progressivamente o

impacto ecológico e a intensidade de utilização de recursos

ao longo do ciclo de vida, até atingirem um nível, que pelo

menos, seja compatível com a capacidade de renovação

estimada para o planeta Terra”.

Ministério do Meio Ambiente. A3P 1. Uso racional dos recursos naturais e bens públicos. 2.

Gestão adequada dos recursos gerados. 3. Qualidade de vida

no ambiente do trabalho. 4. Sensibilização e capacitação dos

servidores. 5. Licitações Sustentáveis.

Adoção da política da educação ambiental 7Rs: Repensar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recusar,

Reparar e Reintegrar.

Cyro Eyer do Valle “O desenvolvimento sustentável deve, portanto, assegurar as

necessidades econômicas, sociais e ambientais, sem

comprometer o futuro de nenhuma delas”.

Fritjop Capra “Uma comunidade sustentável deve ser desenvolvida de

forma que a nossa forma de viver, nossos negócios, nossa

economia, tecnologias, e estruturas físicas não interfiram na

capacidade da natureza de sustentar a vida. Devemos

respeitar e viver de acordo com isto”.

Sebrae “Conjunto de práticas adotadas que visam a diminuir os

impactos gerados pelas atividades humanas que poderiam

prejudicar o meio ambiente”.

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Ambiente (MMA) com a finalidade de estimular os gestores para as práticas de ações

sustentáveis que proporcionem o uso racional dos recursos naturais nas suas atividades, serão

abordadas com foco na sustentabilidade das organizações. No que tange aos direcionamentos

dos eixos temáticos da A3P, esta nova cultura da responsabilidade ambiental nas instituições

públicas (esferas federal, estadual e municipal), pode ser adaptada às organizações privadas

independentes do âmbito no qual atuam.

2.2 COMO AS ORGANIZAÇÕES ESTÃO INSERINDO A SUSTENTABILIDADE

AMBIENTAL

Os assuntos abordados até aqui demonstram que pensar em desenvolvimento

sustentável implica considerar os aspectos que permitam a formulação de uma sociedade justa

e igualitária. Planejamento, consciência, visão do futuro, ética e cultura são palavras-chave

para a sustentabilidade empresarial. Logo, é preciso conhecer o ambiente organizacional para

propor estratégias de atuação com foco na resolução dos problemas inerentes às dimensões da

sustentabilidade.

Inserir os conceitos de sustentabilidade ambiental nas organizações não é como muitos

podem imaginar difícil ou oneroso. Implantar nas empresas o senso da responsabilidade para

com o meio ambiente, na maioria das vezes, aumenta a credibilidade destas junto aos clientes,

fornecedores, atores institucionais e as partes interessadas e a expande a margem de lucro e o

valor das empresas no mercado, bem como de seus produtos e serviços. Para Valle (2012, p.

34):

A incorporação dos conceitos do desenvolvimento sustentável e da conservação

ambiental no dia a dia de uma empresa requer uma mudança de cultura em todos os

seus níveis funcionais. A inserção desses novos conceitos na cultura da organização

exige um sistema de comunicação eficiente entre seus vários níveis hierárquicos, por

meio do estabelecimento de um programa de educação ambiental que mobilize todos

os seus integrantes.

Além disso, Valle (2002, p. 35), afirma que a “educação ambiental corporativa

constitui um processo ao mesmo tempo informativo e formativo dos indivíduos, tendo por

objetivo a melhoria de sua qualidade de vida e a de todos os membros da comunidade a que

pertencem”.

De fato, observa-se que, atualmente, as organizações estão incluindo a cultura da

consciência ambiental como mecanismo para a melhoria de desempenho no ambiente natural.

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A Norma ISO 14001 ressalta, entre os inúmeros procedimentos, a relevância dos processos de

conscientização como um dos elementos essenciais da implementação de um sistema de

gestão ambiental.

Para Simons (2013, p. 206), ainda é preciso, porém, percorrer um longo caminho para

que se possa assumir um papel efetivo na gestão ambiental empresarial, pois esses programas

não estão enraizados na cultura organizacional. Neste contexto, com o intuito de esclarecer a

abordagem do tópico, o sociólogo Prando (2014, p.118), define melhor o conceito de empresa

sustentável, muitas vezes confundido com o meio natural:

Ser uma empresa sustentável significa considerar as dimensões econômica, social e

ambiental de modo a dispor de recursos sem esgotá-los para as próximas gerações. É

claro que a companhia precisa dar lucro, mas isso tem um impacto a ser

considerado, há relações com clientes, funcionários, fornecedores e outros

stakeholders, há o uso de bens da natureza. Para produzir, é preciso consumir. Mas a

ideia é consumir sem esgotar os recursos futuros.

Barbieri e Cajazeira (2009, p. 70) consideram que “empresa sustentável é que procura

incorporar os conceitos e objetivos relacionados com o desenvolvimento sustentável em suas

políticas e práticas de modo consciente”. Logo, a disposição desta empresa deverá ser a de

contribuir para o desenvolvimento sustentável, abarcando as dimensões econômica, social e

ambiental da sustentabilidade. Deverão ser adotadas estratégias de negócios e atividades que

acolham as necessidades das organizações e dos seus clientes, enquanto conservam,

protegem, sustentam e aumentam os recursos humanos e naturais que serão benéficos no

futuro.

Na concepção de Barbieri e Cajazeira (2009, p. 71) “da confluência desses dois

movimentos, o da responsabilidade social e o do desenvolvimento sustentável, surge o

conceito de empresa sustentável, que representa a culminância de uma longa trajetória na qual

a gestão empresarial foi paulatinamente incorporando comprometimentos com as demandas

da sociedade”, como representado na Figura 2.

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Figura 2 – Evolução das expectativas sociais

Fonte: HITCHCOCK e WILLARD, 2006, p. 12.

De certo modo, “a gestão ambiental alinhada com as estratégias empresariais tem sido

estimulada pelo crescimento da preocupação ambiental, por amplos setores da sociedade, que

têm pressionado as autoridades para tornar as leis mais rigorosas e sua fiscalização mais

efetiva” (BARBIERI, 2009, p. 73). Sob esta ótica são ações ativas coerentes com os objetivos

do desenvolvimento sustentável, reduzir a quantidade de materiais e energia por bem ou

serviço produzido, substituir insumos obtidos de recursos naturais não renováveis por

insumos provenientes de recursos renováveis, eliminar substâncias tóxicas, entre outras

providências.

Ainda assim, Valle (2002, p. 22) destaca:

Na década de 1990, [...] o homem se viu preparado para internalizar os custos da

qualidade de vida em seu orçamento e pagar o preço de manter limpo o ambiente em

que vive. A preocupação com o uso parcimonioso das matérias-primas escassas e

não renováveis, a racionalização do uso da água e da energia, o entusiasmo pela

reciclagem, que combate o desperdício, convergiram para uma abordagem mais

ampla e lógica do tema ambiental, que pode ser resumida pela expressão Qualidade

Ambiental. [...]. Um produto para ser bem aceito deve permitir a reciclagem de

todos os seus componentes e sua desmontagem deve ser fácil. Em 1992 é lançado o

primeiro refrigerador que não utiliza CFCs9 e os automóveis passaram a ser

projetados já se tendo em vista a reciclagem de todos os seus componentes ao fim de

sua vida útil.

9 Os clorofluorcarbonos (CFCs) são substâncias artificiais que foram por muito tempo utilizadas nas indústrias

de refrigeração e ar condicionado, espumas, aerossóis e extintores de incêndio. A Resolução 267/2000, do

Conselho Nacional de Meio Ambiente proibiu a utilização de CFCs em novos produtos. Desde 1999, não se

produzem condicionadores de ar com CFC.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente

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Desta maneira, as oportunidades dos negócios ligadas ao meio ambiente, considerando

as iniciativas ligadas à preservação ambiental, traz o desafio de difundir tecnologias que

promovam a interação homem meio ambiente, pois já se dispõem de conhecimentos para

diminuir o problema por meio da reciclagem, para o reaproveitamento de matérias-primas,

bem como para a racionalização do uso da água e consumo de energia, portanto, informação

suficiente para a proteção das riquezas naturais.

Andrade (2008) considera que a gestão precavida se faz com o objetivo inicial de

prevenir o impacto ambiental e de antecipar-se à evolução da regulamentação. Ainda sobre as

abordagens do tema, o documento elaborado pelo World Business Council Sustainable

Development (WBCSD) sobre a “ecoeficiência criando mais valor com menos impacto”,

indica alguns fatores que constroem a sustentabilidade empresarial, como sintetizado na

Figura 3.

O WBCSD (2013, p.9) define assim a ecoeficiência no âmbito da sustentabilidade:

A ecoeficiência atinge-se através da disponibilização de bens e serviços a preços

competitivos, que por um lado, satisfaçam as necessidades humanas e contribuam

para a qualidade de vida e, por outro, reduzam progressivamente o impacto

ecológico e a intensidade de utilização de recursos ao longo do ciclo de vida, até

atingirem um nível, que pelo menos, seja compatível com a capacidade de

renovação estimada para o planeta Terra.

O WBCSD declara ainda que a ecoeficiência é composta por sete elementos: redução

da intensidade do material; redução da intensidade de energia; redução de emissão de

substâncias tóxicas; aumento da reciclabilidade, maximização do uso de fontes renováveis;

aumento da durabilidade dos produtos e aumento da intensidade de serviços. Seu conceito

desafia o mundo empresarial a agregar mais valor para o negócio, reduzindo as quantidades

de materiais, energia e emissões. As empresas têm de ser criativas e inovadoras. Por exemplo,

novas tecnologias, práticas mais eficientes na cadeia de fornecimento e produtos melhorados

podem contribuir para estimular a ecoeficiência. O incentivo para o mundo empresarial

melhorar o desempenho da ecoeficiência é a promessa de que as organizações atingirão mais

valor com consequências menos adversas para o ambiente (WBCSD, 2000, p.9).

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Figura 3 – Indicadores para a sustentabilidade empresarial

Fonte: World Business Council Sustainable Development (WBCSD), 2000.

O Guia do WBCSD esclarece que, embora a ecoeficiência seja um instrumento útil

para o mundo empresarial e um conceito político valioso para os órgãos de soberania em prol

da sustentabilidade, é preciso reconhecer que há outros passos igualmente necessários, para

atingir este objetivo em longo prazo, e que abrangem os vetores econômico, ambiental e

social (WBCSD, 2000, p.9).

O conceito de ecoeficiência não aborda a dimensão social, porém não restringe a sua

aplicação nas organizações que atuam no setor de serviços, pois é um indicador estratégico na

gestão sustentável. Portanto, ela traz resultados positivos nos aspectos ambientais para a

empresa e para o cliente. Os autores (DAY, 1998 apud DEMAJOROVIC, 2013, p.176-177)

acrescentam:

No entanto, o que prevalece na maior parte das organizações empresariais é uma

ênfase à eficiência do processo como sinônimo de ecoeficiência enquanto o

desenvolvimento de novos produtos e novos serviços continua a ocupar uma posição

secundária. Nesse sentido, uma aplicação parcial do conceito de ecoeficiência não

pode ser confundida com o desenvolvimento sustentável. Além disso, é importante

frisar que a ecoeficiência não trabalha com todas as variáveis presentes no debate

atual sobre sustentabilidade socioambiental corporativa. Trata-se de um conceito que

relaciona apenas duas dimensões: econômica e ambiental. A variável social,

elemento fundamental do triple bottom line, não está incluída. Apesar desses limites,

a ecoeficiência é uma ferramenta fundamental para as estratégias das organizações,

particularmente para o setor de serviços, que apenas recentemente descobriu a

potencialidade desse instrumento no seu processo de tomada de decisão. Por fim,

ecoeficiência pode ser utilizada por organizações de serviços de forma a garantir que

tanto a organização como seus clientes tenham um comportamento comprometido

com a melhoria do desempenho econômico e ambiental.

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A mudança para o novo paradigma da sustentabilidade propõe uma nova dinâmica e

ordem para o mundo atual, relacionadas à interação e a cooperação entre as empresas e a

sociedade civil, organizada na construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Torna-se

cada vez mais emergente a necessidade da reflexão dos dirigentes e lideranças empresariais

sobre o seu papel no desenvolvimento da sociedade sustentável e responsável.

2.2.1 O tripé da sustentabilidade

Dentre as possíveis contribuições oferecidas pelas diferentes abordagens no âmbito

empresarial, as três dimensões da sustentabilidade se identificam com o conceito de Triple

Bottom Line (tríplice linha de resultados líquidos), já citado na seção anterior. Essa expressão

surgiu na década de 1990 e tornou-se de conhecimento do público, em 1997, com a

publicação do livro Cannibals With Forks: The Triple Bottom Line of 21 st Century Business,

de John Elkington, um dos sócios da empresa de consultoria britânica Sustainability. O autor

criou uma nova maneira de se entender à sustentabilidade nos negócios e formulou um

pensamento significativo sobre o objetivo das empresas: “O lucro é apenas uma parte

essencial para que a empresa busque sempre cumprir a sua missão. Esta missão deve ser o

objetivo principal da empresa”.

O Triple Bottom Line, chamado em português de tripé da sustentabilidade, prevê que o

ambiental, o social e o econômico estejam em equilíbrio no resultado das organizações. Este

modelo incorpora as dimensões da sustentabilidade conforme a perspectiva do

desenvolvimento sustentável. Os pilares básicos do Triple Bottom Line estão em acordo com

as seguintes dimensões da sustentabilidade:

Dimensão ambiental: a organização deve em adotar uma postura de

responsabilidade ambiental, oferecer condições para o desenvolvimento de uma cultura

ambiental, buscar a conservação do ambiente natural, com medidas como: uso eficiente da

energia, recursos hídricos, resíduos e materiais, a coleta seletiva, biodiversidade, entre outros;

Dimensão social: a organização deve proporcionar as melhores condições de

trabalho aos seus colaboradores, procurando contemplar a diversidade cultural existente na

sociedade em que atua além de propiciar oportunidade de trabalho aos portadores de

necessidades especiais de modo geral. Os dirigentes devem participar e subsidiar atividades

socioculturais de expressão da comunidade no entorno da empresa.

Dimensão econômica: a sustentabilidade prevê que as organizações têm que ser

economicamente viáveis. Sua função na sociedade empresarial deve ser cumprida levando em

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consideração o aspecto da rentabilidade, ou seja, dar retorno ao investimento realizado pelo

capital privado.

Portanto, é necessário que as três dimensões caminhem em sintonia com os valores,

objetivos e processos da organização. A Figura 4 apresenta a estrutura básica do modelo de

organização sustentável.

Figura 4 – Modelo das três dimensões de organização sustentável

Fonte: Sebrae 2012, p.4

Alcançar o equilíbrio do Tripé da Sustentabilidade é um desafio que exige

intervenções em todos os níveis da economia. No nível macroeconômico, são elaboradas as

diretrizes para as políticas internacionais e nacionais a fim de estabelecer parcerias e priorizar

ações. No nível médio, o governo atua com a implantação de programas e políticas regionais e

locais para regular os setores produtivos e o planejamento para o crescimento. No nível micro,

as empresas são responsáveis pelo desenvolvimento de tecnologias para atenuar os impactos

ambientais e sociais na execução de suas atividades (CORAL, 2002).

No nível microeconômico, a responsabilidade social das empresas envolve temas

como direitos humanos, direitos do trabalho, meio ambiente e desenvolvimento sustentável,

que perpassam pelos níveis macro e médio. O desenho do Triple Bottom Line com a

conjuntura organizacional e sua relação com as dimensões da sustentabilidade podem ser

vistos na Figura 5.

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41

Figura 5 – Tripé da sustentabilidade empresarial

Fonte: SEBRAE. Ações sustentáveis podem gerar ganhos aos negócios, jun. 2012, p.2.

De acordo com esse modelo, observa-se que a sustentabilidade é permeada por uma

complexidade de fatores que vão além do ambiental. A compreensão dessa realidade é

imprescindível para que os dirigentes e colaboradores das organizações tracem estratégias

empresariais mais alinhadas às dimensões da sustentabilidade.

Nesse aspecto, o bem estar das pessoas, o respeito ao meio ambiente e os lucros estão

integrados ao negócio e não podem ser dissociados. É conhecido como a visão dos 3Ps:

People (pessoas) – tratamento do capital humano de uma empresa ou sociedade; Planet

(planeta) – capital natural de uma empresa ou sociedade e Profit (lucro) – resultado positivo

econômico de uma empresa. Abaixo, os 3Ps são representados:

Figura 6 – Visão dos 3Ps

Fonte: www.ricoh.pt/about-ricoh/our-principles/csr/

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Nesta perspectiva, Elkington (1998, p. 201) lista sete formas de mudanças

significativas nas empresas:

[...] para que haja uma nova forma de comportamento e de um repensar mais amplo

do que seja o sucesso nos negócios; muitas outras revoluções se fazem necessárias.

A primeira revolução diz respeito ao mercado, que estará mais aberto para a

competição, tanto nacional como internacional, mantendo-se nele, só as

organizações que atenderem as expectativas de seus interessados (ambiental, social e

econômico). A segunda modificação deve ser referente aos valores humanos e

sociais. A sociedade está cada vez mais exigente quanto aos produtos e serviços que

atentem aos valores sociais e ambientais. A terceira versa sobre a monitoração da

sociedade nos processos organizacionais e ações, buscando verificar mudanças nas

atitudes éticas, de valores. A quarta enfoca o ciclo de vida do produto, exigindo a

compreensão de todas as suas funções, desde a sua extração até o produto final

(compreendendo as implicações sociais, econômicas e ambientais). A quinta

contempla as alianças estratégicas como nova forma de competição. A sexta, como a

organização gerencia o tempo e a sétima, está relacionada à responsabilidade social

e como a organização promove ações que minimizem o impacto social decorrente de

suas atividades, atendendo à suas responsabilidades econômicas, legais, éticas e

voluntárias.

O mais relevante na abordagem das três dimensões da sustentabilidade empresarial é o

seu equilíbrio dinâmico, necessário e permanente. O Global Reporting Initiative (GRI), que

será comentado na seção 2.2.4, discorre o modelo do Triple Bottom Line e o seu uso nas

organizações, refletindo um conjunto de valores, objetivos e processos que uma organização

deve focar para criar valor nas dimensões ambiental, social e econômico.

2.2.2 Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P)

A Agenda Ambiental para a Administração Pública (A3P) é uma ação voluntária que

busca a adoção de novos padrões de produção e consumo sustentáveis, dentro do governo

federal, estadual e municipal. Foi instituída em 1999 como um projeto do Ministério do Meio

Ambiente (MMA) que buscava a revisão dos modelos para a adoção de novos referenciais de

sustentabilidade ambiental. Em 2001, consolidou-se como Programa Agenda Ambiental

Administração Pública. Em 2002, a A3P foi reconhecida pela Unesco devido à relevância do

trabalho desempenhado e dos resultados positivos obtidos ao longo do seu desenvolvimento,

com um prêmio na categoria meio ambiente. São princípios do programa A3P: necessidade de

gerar economia de água e energia, desenvolver construções sustentáveis e auxiliar no processo

de inserção da responsabilidade socioambiental e da sustentabilidade nas atividades. Contudo,

para o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL. MMA, 2013, p.9):

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O grande desafio consiste em transpor o discurso meramente teórico e concretizar a

boa intenção num compromisso sólido, já que a adoção de princípios sustentáveis na

gestão pública exige mudanças de atitudes e de práticas. Para que isso ocorra, se

fazem necessárias a cooperação e união de esforços visando minimizar os impactos

sociais e ambientais advindos das ações cotidianas atinentes à Administração

Pública. Outro desafio da A3P é promover a responsabilidade socioambiental como

política governamental, auxiliando na integração da agenda de crescimento

econômico respectivamente ao desenvolvimento sustentável.

A3P é baseada em cinco eixos temáticos prioritários, representados na Figura 7.

Figura 7 - Eixos temáticos da A3P

Fonte: Ministério do Meio Ambiente. A3P, 2009, p38

O uso racional dos recursos naturais e bens públicos: implica em usá-los de forma

econômica e reduzida, evitando o seu desperdício. Este eixo engloba o uso racional de

energia, água e madeira, além do consumo de papel, copos plásticos e outros materiais de

expediente. Além disso, o principal objetivo da A3P é promover e incentivar as instituições

públicas no país a adotarem e implantarem ações na área de responsabilidade socioambiental

em suas atividades internas e externas. A ordem é consumir apenas o necessário, sem

desperdícios.

[A] economia verde, ou seja, a aplicação da sustentabilidade nos negócios é uma

atitude inteligente e de bom senso de quem pensa no presente e no futuro do planeta.

Para reduzir a conta de energia elétrica, a mais amplamente utilizada no setor

industrial, comercial e de serviços, parte dela pode ser substituída por algum do tipo

renovável, como a solar e a eólica, por exemplo, que está disponível todo o

momento e não correm risco de esgotamento (SEBRAE, 2012, p.5-9).

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A energia elétrica é o principal recurso na maioria das organizações. Dessa forma, os

colaboradores devem ser conscientes no uso da iluminação artificial e dos equipamentos

eletroeletrônicos. Esse aspecto merece especial atenção e requer uma mudança atitudinal das

pessoas, pois ambientes com luzes acesas e aparelhos ligados, sem que o funcionário esteja no

local de trabalho, são os exemplos básicos mais comuns e evitáveis de desperdício.

A água é um recurso natural com grande valor “ambiental, social e econômico”,

portanto, fundamental para sobrevivência dos seres vivos. Entretanto, ainda é pouca a

compreensão de seu valor pelos os indivíduos. Por isto, “É preciso comprar produtos

produzidos com responsabilidade socioambiental [...], onde o tratamento e a recuperação da

água utilizada são partes do processo. Isto inclui o consumo de alimentos, pois a água ‘virtual

e/ou invisível’ está presente em cada produto digerido”. (SEBRAE, 2012, p.13)

A Gestão dos Resíduos Sólidos (GRS), o Brasil deverá ter uma gestão integrada até

2020. Todos os municípios brasileiros deverão ter eliminado completamente seus lixões e

implantado aterros sanitários. Isso deverá ser realizado por todas as prefeituras. A nova

Política de Gestão de Resíduos Sólidos10

(PNRS) estabelece a responsabilidade compartilhada

entre o poder público, as organizações e os consumidores. As prefeituras de todo o Brasil

devem oferecer para suas cidades o manejo responsável dos resíduos, com o planejamento e

construção de aterros sanitários para onde devem seguir apenas resíduos orgânicos. As

organizações precisam trabalhar seus processos de forma a oferecer produtos que não

contenham materiais desnecessários, pois se tornarão resíduos nas casas e escritórios de seus

clientes, e os consumidores devem ser orientados a separar todos os resíduos que podem ter

alguma utilidade e não misturar resíduos orgânicos com resíduos recicláveis.

Atualmente, os pesquisadores asseguram que qualquer que seja o resíduo sempre

haverá uma destinação mais adequada do que meramente descartar. Da reutilização à geração

de energia, tudo tem valor e pode, inclusive, tornar-se uma atividade econômica rentável.

Pode gerar emprego e renda para os catadores de materiais recicláveis, que devem ser os

parceiros prioritários na coleta seletiva.

10

A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), é bastante atual e contém

instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas

ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Prevê a prevenção e a

redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto

de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem

valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos

(aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).

Fonte: Ministério do Meio Ambiente (MMA)

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45

A gestão adequada dos resíduos gerados passa pela adoção da política da educação

ambiental que orienta os gestores públicos para a aplicabilidade dos conceitos dos “5Rs”,

atualmente ampliado para “7Rs”: Repensar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recusar, Reparar e

Reintegrar. Dessa forma, deve-se primeiramente pensar em reduzir o consumo e combater o

desperdício para só então destinar o resíduo gerado corretamente. Veja a seguir os “erres” que

reciclam os hábitos dos indivíduos (SEBRAE, 2012, p.11):

Repensar: não tomar atitudes por impulso, ou seja, analisar a necessidade da

aquisição, tendo como princípio, o questionamento sobre o que é fundamental;

Recusar: ao concluir que determinado consumo é desnecessário, a atitude mais

sensata é recusar a oferta;

Reduzir: não se deve adquirir algo que não será utilizado ou consumido, seja nas

residências ou nas empresas;

Reparar: verificar, antes de destinar algo ao lixo, se tem conserto. A atitude pode

sair mais barata e ainda contribui com a redução de resíduos;

Reutilizar: um mesmo objeto pode ter múltiplas funcionalidades, sem agredir o

meio ambiente;

Reciclar: significa transformar materiais usados em novos produtos para o

consumo (metais, papéis e papelões, plásticos, vidros);

Reintegrar: ação relacionada a alimentos e outros produtos orgânicos, que podem

retornar à natureza por meio de compostagem, para a produção de adubo.

Outro eixo temático e prioritário na diretriz da A3P trata da qualidade de vida no

ambiente de trabalho, que visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao

exercer suas atividades na organização, através de ações para o desenvolvimento e

desempenho pessoal e profissional. Neste contexto, Magalhães (2009, p 27) diz que:

[...] a compreensão das relações unificadas pela ausência de fronteira entre o

trabalho e a vida pessoal provocará grandes mudanças, com o trabalho se tornando

um caminho de crescimento e desenvolvimento para a missão pessoal, e não apenas

um meio de ganhar dinheiro. Essas mudanças acontecerão principalmente porque as

pessoas estarão mais sensíveis às limitações dos recursos naturais, voltando-se,

assim, para as práticas espirituais em busca da satisfação interior, que deverá

controlar o consumismo desenfreado, fonte de desperdícios e colapso das reservas

naturais do planeta.

A sensibilização e capacitação é o eixo fundamental para o novo olhar do cidadão às

práticas socioambientais. O programa da A3P apresenta, como intuito primordial, uma

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mudança na atitude dos gestores públicos para a problemática ambiental. A inserção da

sensibilização do indivíduo para as questões ambientais pode representar um elemento para a

conquista de uma sociedade mais consciente da sua responsabilidade na conservação da

natureza. Por sua vez, a capacitação proporcionará aos colaboradores a oportunidade de

desenvolver habilidades e atitudes para melhor desempenho das suas atividades e

implementação de ações que busquem a sustentabilidade.

O último eixo temático e prioritário na diretriz da A3P é a Licitação Sustentável, que

segundo o art. 3º da Lei nº 8.666/1993 “é aquela que se destina a garantir a observância do

princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a

administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável [...]” (Redação dada

pela Lei nº 12.349, de 2010).

Neste sentido, pode-se dizer que a licitação sustentável é o procedimento

administrativo formal que contribui para a promoção do desenvolvimento nacional

sustentável mediante a inserção de critérios nas aquisições de bens, contratações de serviços e

execução de obras. De uma maneira geral, trata-se da utilização do poder de compra do setor

público e privado para gerar benefícios econômicos e socioambientais.

No que se refere à implementação de planos de ações, o Programa A3P destaca o tema

construções e reformas sustentáveis como o conjunto de medidas adotadas durante todas as

etapas da obra e que visam à sustentabilidade da edificação. Através da adoção dessas

medidas, é possível minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente, além de

promover a economia dos recursos naturais e a melhoria na qualidade de vida dos seus

ocupantes. Segundo os sistemas de certificação que são referência na área de construção

sustentável no mundo BREEAM (Inglaterra), Green Star (Austrália), LEED (Estados Unidos),

HQE (França), AQUA (Brasil), existem nove princípios que norteiam as diretrizes de uma

obra que se propõe a ser ambientalmente responsável (A3P, 2009, p.83-84): planejamento

sustentável da obra; aproveitamento passivo dos recursos naturais; eficiência energética;

gestão e economia de água; gestão dos resíduos na edificação; qualidade do ar e do ambiente

interior; conforto termo acústico; uso racional de materiais; uso de produtos e tecnologias

ambientalmente amigáveis.

De fato, o setor da construção civil é um dos que contribuem para a degradação

ambiental. Uma obra sustentável leva em consideração todo o projeto da construção desde a

sua elaboração, quando deve ser analisado o ciclo de vida do empreendimento e dos materiais

que serão usados, passando por cuidados com a geração de resíduos e minimização do uso de

matérias-primas com reaproveitamento de materiais durante a execução da obra.

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Em síntese, a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) visa à inclusão de

uma nova cultura institucional direcionada ao uso racional dos recursos naturais, à destinação

adequada dos resíduos, à licitação sustentável, à promoção da sensibilização, capacitação e

qualidade de vida no ambiente de trabalho, e à realização de construções e reformas

sustentáveis. Entretanto, destaca-se que a diretriz do trabalho é a integração da

sustentabilidade ambiental na gestão interna do Sebrae-BA, organização privada sem fins

monetários que atua especificamente no setor de serviços com baixa externalidade ambiental

negativa. A A3P é uma abordagem que tem convergências de ações inerentes a qualquer

gestão pública e privada, com iniciativas ligadas à preservação ambiental, que promove a

interação homem-meio ambiente. Por isso, a gestão da sustentabilidade precisa ser conduzida

de uma maneira tal que se reconheça essa inter-relação.

Em retrospecto, tem-se que os pilares de sustentabilidade abrangem três dimensões: a

ambiental, a social e a econômica (tripé da sustentabilidade), e que os eixos temáticos da A3P

operam na intersecção da gestão sustentável, onde as preocupações das organizações privadas

e as questões das instituições públicas se encontram. Em vistas disso, o processo de formação

da consciência ambiental deve contemplar comportamentos que fundamentem o propósito,

estimulando a adoção de práticas cotidianas sustentáveis nas suas atividades. Um enfoque

estratégico como esse é importante para que se façam mudanças de atitudes e sejam adotadas

práticas significativas, ao invés de apenas pontuais, para encorajar iniciativas em organizações

onde o número de procedimentos e metas tem sido um obstáculo para a ação ambiental.

2.2.3 Política ambiental da organização

A política ambiental da organização deve promulgar um pacto formal com o meio

ambiente, adotado perante a sociedade, definindo intenções e princípios em relação ao seu

desempenho. Será preciso inserir um acordo de melhoria contínua: prevenção da poluição,

atendimento à legislação e às normas ambientais aplicáveis. Neste âmbito, o compromisso da

organização deve ser de conhecimento de todos os seus colaboradores e necessita estar

disponível para os clientes e partes interessadas, conforme ilustrada na Figura 8.

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Figura 8 - Espiral do Sistema de Gestão Ambiental

Fonte: ISO 14001, 2004.

Nesse contexto, a política ambiental, é o ponto de partida para uma gestão sustentável

adequada nas organizações, estimulando a integração dos aspectos ambientais às suas

atividades operacionais. A política de gestão ambiental privada, nos termos das normas ISO,

tem como princípio escutar os setores da sociedade envolvidos para criar um sistema de

gestão dos aspectos ambientais, de seus processos e produtos, melhorando-os continuamente.

A aplicação da gestão ambiental requer, como premissa essencial, um

comprometimento do corpo diretivo da organização em definir uma política transparente e

direta. Essa deve nortear as ações com relação ao meio ambiente e ser apropriada aos

objetivos e à linha de atuação da empresa, além de haver uma preocupação com os impactos

ambientais de suas atividades, produtos e serviços. De acordo com Valle (2002, p.73):

A política ambiental é uma forma de a organização explicitar seus princípios de

respeito ao meio ambiente e sua contribuição para a solução racional dos problemas

ambientais. Ela deve ser parte do planejamento estratégico da empresa e da

elaboração de seus planos de marketing. A política ambiental não deve ser encarada

como mera formalidade para atender ao texto da norma, mas sim como uma

ferramenta importante para o sucesso da empresa que, além de cumprir a lei, deseja

firmar sua boa imagem.

As ferramentas para garantir a prevenção sistemática, atingir a política e os objetivos

ambientais incluem, entre outras, sistema de gestão ambiental11

e auditorias que contribuam

no monitoramento, controle e aperfeiçoamento do desempenho de acordo com a política

11

“O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) deve ter como um dos seus objetivos o aprimoramento contínuo das

atividades da organização, em harmonia com o meio ambiente. A formalização de um SGA constitui um

primeiro passo obrigatório para a certificação da empresa nas normas da série ISO 14000, que possibilitará

incorporar a gestão ambiental na gestão integrada da organização“. (VALLE, 2002, p. 74)

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adotada na organização. Nesta direção, com base na política ambiental, deverão ser

elaboradas ou revistas diretrizes, resoluções e normas internas de conhecimento de todos os

seus colaboradores, clientes, prestadores de serviços e fornecedores, que servirão para

estabelecer um plano de trabalho com foco na sustentabilidade.

A próxima seção será dedicada a apresentar, em formato sintético, os instrumentos de

gestão ambiental que têm como finalidade levar ao cumprimento transparente da estratégia da

organização como meio de contribuição para que as diretrizes ambientais se tornem uma

realidade prática.

2.2.4 Instrumentos de gestão ambiental

Da mesma forma que o conceito, as práticas relacionadas à responsabilidade

socioambiental estão em contínuo processo de construção e aperfeiçoamento. Atualmente,

existe um grande número de ferramentas que estão sendo oferecidas como alternativas para os

setores empresarial e governamental com vistas a promover avanços em seus projetos,

tornando-os mais transparentes e incluindo a participação social. Essas ferramentas são

compatíveis com os diversos modelos da gestão e se aplicam individualmente a cada uma das

dimensões da sustentabilidade: ambiental, social e econômica.

Entre os vários instrumentos de sustentabilidade que as empresas podem utilizar para

alcançar o sucesso no cumprimento das suas metas, destacam-se: auditoria, estudos de

impactos, sistema de gestão, relatórios, gerenciamento de riscos, educação e levantamento de

passivo (é contabilizado como depreciação do patrimônio das empresas e influenciam na

obtenção de financiamentos e seguros). O relatório de sustentabilidade é uma ferramenta que

mensura e divulga impactos socioambientais causados pelas atividades cotidianas de uma

organização.

É grande o interesse das organizações em tornar seus produtos e serviços mais

sustentáveis e estabelecer um método de elaboração de relatório de sustentabilidade para

medir, avaliar desempenhos, estabelecer metas e monitorar mudanças operacionais. Um

relatório de sustentabilidade é o elemento fundamental para comunicar os impactos

ambientais positivos e negativos, bem como para obter informações que podem influenciar na

estratégia e nas oportunidades de melhorias dos processos, produtos e serviços de uma forma

contínua.

Para as organizações, é benéfico relatar as práticas sustentáveis bem-sucedidas por

vários motivos: melhorar a reputação e a fidelidade à marca; ajudar a compreender os

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impactos de sustentabilidade e desempenho; influenciar na estratégia e política de gestão em

curto, médio e longo prazo e no planejamento da empresa; servir como padrão de referência

(benchmarking) e avaliação das práticas de sustentabilidade com respeito às leis, normas,

códigos, padrões de desempenho e iniciativas voluntárias; comparar o desempenho gerencial

interno; contribuir com a organização e com a sociedade gerindo riscos socioambientais;

aprimorar o sistema de gestão e estabelecimento de metas; integrar os setores e promover a

inovação e criatividade. Assim, para Almeida (2002, p.85)

[...] embora muitas empresas e organizações já façam seus relatórios de

sustentabilidade, esses documentos raramente são comparáveis. Além disso, em

muitos casos, os dados são inconsistentes, incompletos e/ou de difícil verificação.

As diretrizes para relatórios de sustentabilidade do Global Reporting Initiative (GRI)

são formuladas justamente para ajudar as empresas e organizações a produzir

relatórios consistentes, relevantes, confiáveis e comparáveis e, assim, facilitar os

processos de tomada de decisão.

A metodologia estrutural para elaboração de relatórios de sustentabilidade da Global

Reporting Initiative12

(GRI) é uma das mais utilizadas pelas organizações no âmbito mundial,

como referência na transparência de resultados. Esta estrutura inclui as diretrizes para a

elaboração de relatórios e estabelece os princípios e indicadores que as organizações podem

usar para medir e comunicar seu desempenho econômico, ambiental e social como forma de

prestação de contas à sociedade. Além disso, ela pode ser aplicada por organizações de

qualquer tamanho, atividade e setor.

Para a GRI (2006) a forma de gestão e indicadores de desempenho de sustentabilidade

está organizada nas categorias ambiental, social e econômica. A dimensão ambiental da

sustentabilidade se refere aos impactos da organização sobre sistemas naturais, incluindo

ecossistemas, terra, ar e água. Os indicadores ambientais abrangem o desempenho relacionado

aos insumos (como material, energia, água) e à produção (emissões, efluentes, resíduos).

Além disso, compreendem o desempenho relativo à biodiversidade, à conformidade ambiental

e outras informações relevantes, tais como gastos com meio ambiente e os impactos de

produtos e serviços. Deve-se fornecer um relato conciso sobre a abordagem da gestão com

referência aos seguintes aspectos ambientais: materiais, energia, água, biodiversidade,

emissões, efluentes e resíduos, produtos e serviços, conformidade e transporte.

12

É uma ONG com ampla rede independente composta por milhares de indivíduos e organizações distribuídas

em mais de 30 países e com sede em Amsterdam - Holanda. No Brasil, a GRI conta com a parceria da UniEthos

e do núcleo de estudos em sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas, o GVces. A GRI é também um núcleo

oficial de colaboração do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

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Outras informações relevantes para compreender o desempenho organizacional são:

principais metas atingidas e não atingidas; principais riscos e oportunidades organizacionais

relacionadas a questões ambientais; principais mudanças, no período coberto pelo relatório de

sistemas ou estruturas, visando melhorar o comportamento ambiental; principais estratégias e

procedimentos para a implementação de políticas ou alcance dos objetivos.

Convém ressaltar que os relatórios de sustentabilidade são a maneira de medir e

divulgar o desempenho organizacional enquanto se trabalha rumo ao desenvolvimento

sustentável. Assim, fornece uma declaração equilibrada para comunicar o desempenho de

sustentabilidade da organização, incluindo contribuições positivas e negativas. A

periodicidade de divulgação dos resultados à sociedade fica a critério da organização – o mais

comum é anual.

Uma iniciativa brasileira é a do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social

– Organização Não Governamental (ONG) – que, como o nome indica, dedica-se a promover

a Responsabilidade Social Corporativa. Atua na área de pesquisa e difusão de conhecimentos

sobre sustentabilidade e boas práticas em gestão empresarial sustentável. A instituição

formulou um questionário, intitulado “Indicadores Ethos”, com a finalidade de auxiliar as

empresas a avaliar seu desempenho social, ou seja, um instrumento de autodiagnóstico. O

resultado dessa avaliação visa a apontar as falhas e mostrar quais práticas de gestão precisam

ser aprimoradas. O documento divide o desempenho empresarial em sete grandes temas:

valores e transparência, público interno; meio ambiente; fornecedores; consumidores;

comunidade; governo e sociedade. Propõe ainda dois grupos de indicadores: um para avaliar o

estágio atual da responsabilidade socioambiental da empresa e outro para determinar a postura

mais adequada, que permita à organização avaliar a sua atuação medida em relação a que

considera ideal ou predominante no mercado.

Além desses indicadores socioambientais, existem outras ferramentas baseadas em

princípios diretivos e orientadores de uso interno ou iniciativas para o diagnóstico e

planejamento das práticas de sustentabilidade empresarial, como: Normas ABNT NBR ISO

14001, Declaração Universal dos Direitos do Homem; Agenda 21; Carta da Terra; Metas do

Milênio (objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU) e o Pacto Global.

Em resumo, a organização sustentável é aquela que persegue contínua e

sistematicamente a obtenção de desempenhos expressivos de acordo com as três dimensões da

sustentabilidade. As práticas ambientais promovem mudanças no comportamento habitual, no

desempenho das atividades e nos processos da organização. Para implementar uma política

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nos processos internos coerente com a gestão ambiental, o Sebrae-BA pode aproveitar-se dos

conceitos, modelos, princípios e instrumentos de gestão abordados nas seções anteriores.

2.3 OS DESAFIOS DA PRÁTICA DE SUSTENTABILIDADE

O Guia de Sustentabilidade para as Empresas, do Instituto Brasileiro de Governança

Corporativa (IBGC, 2007, p.23), faz uma reflexão sobre o mapeamento dos estágios que as

organizações percorrem para inserir a sustentabilidade como estratégia em seus negócios.

Ressalta que tal postura empresarial varia em função dos estímulos externos (legislação e

regulamentação vigente) e internos (integração à estratégia ou aos princípios e propósitos da

empresa). Na publicação supracitada, os estágios estão descritos da seguinte forma:

1) Pré-cumprimento legal: neste estágio a empresa entende que os lucros são sua

única obrigação, ignora o tema sustentabilidade e se coloca contra qualquer regulamentação

nesse sentido, pois representaria gastos adicionais;

2) Cumprimento legal: a empresa gerencia seus passivos, obedecendo à legitimação

trabalhista, ambiental, de saúde e segurança. Ações sociais e ambientais são consideradas

como custo;

3) Além do cumprimento legal: a empresa apresenta postura proativa,

compreendendo que pode economizar custos por intermédio de iniciativas de ecoeficiência e

reconhece que investimentos nessa área podem gerar valor de marca e melhorar positivamente

seus resultados;

4) Estratégia integrada: a empresa se redefine em termos de marca e integra a

sustentabilidade como estratégia-chave de negócios. No lugar de custos e riscos, percebe

investimentos e oportunidades e desenvolve produtos e serviços com atenção em seus ciclos

de vida com mecanismos limpos;

5) Propósito & paixão: a empresa adota as práticas de sustentabilidade por entender

que não faz sentido contribuir para um mundo insustentável (IBGC, 2007, p. 23).

Os estágios descritos acima correspondem a um extenso caminho já percorrido por

algumas empresas que se destacam e ganham relevância no atual cenário, repleto de

oportunidades, mas também de novos obstáculos. Líderes que vivenciaram desafios ao

tentarem implantar práticas sustentáveis apontam seus aprendizados em entrevistas analisadas

e sistematizadas na série de publicações do IBGC. Eles afirmam que a prática da

sustentabilidade evidencia que resistências individuais e culturais, dentro e fora das empresas,

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podem ser entraves para conseguir êxito nessa nova caminhada. As organizações que

passaram por essa experiência, também revelam que é fundamental adotar processo aberto de

diálogo e de comunicação com os colaboradores e partes interessadas, acrescido da

explicitação de conquistas demonstradas por meio de indicadores e mensuração de resultados.

Há diversos estímulos para a adoção de métodos de gestão que podem incentivar a

organização a se envolver mais na questão da sustentabilidade. As principais razões internas

que motivam a organização a se engajar na implementação de práticas ambientais são:

redução de custos na aquisição de materiais; uso eficiente da energia; redução no consumo da

água; fortalecimento da imagem do produto e serviço da organização; incorporação da

inovação nos processos, produtos, serviços, programas e projetos; responsabilidade social,

(pois apresenta consciência ambiental à comunidade) e sensibilização dos colaboradores a se

integrarem às práticas sustentáveis. Já as razões externas são: demandas do mercado por

parte dos clientes, legislação ambiental, ambiente sociocultural, certificações ambientais e

fornecedores.

Dias (2011, p. 63) considera ainda que o nível de competitividade de uma organização

depende de um conjunto de fatores, variados e complexos, que se inter-relacionam e são

mutuamente dependentes, tais como custos, qualidade dos produtos e serviços, nível de

controle de qualidade, capital humano, tecnologia e capacidade de inovação. O autor afirma

que, nos últimos anos, a gestão ambiental tem adquirido cada vez mais uma posição

destacada, em termos de competividade, devido aos benefícios que traz ao processo produtivo

como um todo e a alguns fatores em particular que são potencializados. Entre as vantagens

competitivas da gestão ambiental, identifica-se que:

Ao cumprir as exigências normativas, melhora-se o desempenho ambiental da

organização, abrem-se as possibilidades de maior inserção no mercado, cada vez mais atento

aos termos ecológicos, e há melhora da imagem junto aos clientes e a comunidade;

Ao adotar o ecodesign 13

do produto, é possível torna-lo mais flexível, com um

custo menor e uma vida útil maior;

Ao reduzir o consumo de recursos energéticos, oportuniza-se a melhora na gestão

ambiental, como também a redução nos custos de produção;

Ao reduzir seus custos, as organizações elevam sua competitividade no mercado,

cada vez mais acirrado e exigente, pois podem cobrar preços acessíveis na comercialização

13

Ecodesign tem como objetivo a concepção de produtos que causem o menor impacto ambiental negativo

possível e respeite os procedimentos ambientalmente corretos. Porém, se preocupa também na sua utilização e na

gestão de seus resíduos.

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dos produtos e serviços. Além disso, conquistam novos clientes pela demonstração de

responsabilidade socioambiental. Atualmente, os clientes mais conscientes e bem informados

a respeito dos efeitos ambientais e processos produtivos ecologicamente saudáveis estão

dispostos a comprar produtos com marcas associadas a uma atitude positiva em relação à

conservação do meio ambiente (SEBRAE, 2013, p. 11-12).

A partir disso, percebe-se que a sustentabilidade ambiental além de transversal, é uma

diretriz estratégica de todas as unidades que compõem a cultura da organização, considerada

no seu planejamento estratégico e no portfólio de produtos e serviços, conforme exemplifica a

Figura 9.

Figura 9 – Gestão estratégica, competitiva e sustentável

Fonte: www.signosol.com.br/UserFiles/DimGECS.jpg

Observa-se que é comum pensar que as indústrias, inclusive as agroindústrias, são as

grandes poluidoras do meio ambiente, pois lidam com recursos naturais, consomem muita

água e energia, emitem poeira, gases tóxicos e geram efluentes e resíduos sólidos de difícil

tratamento. Porém, na realidade, qualquer atividade humana está envolvida com questões

ambientais relevantes para a natureza.

Compete enfatizar que os setores de atividades econômicas do comércio e serviços

também têm ampla responsabilidade ambiental, porque são consumidores, vendedores,

prestadores de serviços e repassadores de produtos industrializados. Assim, podem

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desenvolver, por exemplo, programas, projetos especiais de conservação de energia e água, de

reaproveitamento de embalagens, de reciclagem de papel, plástico, metal e vidro para a

qualificação do consumo de produtos ambientalmente mais saudáveis com vistas a

melhorarem seu desempenho ambiental e gerencial.

Comércio e serviços são grandes empregadores de mão de obra qualificada. Essa

conscientização é importante para o aperfeiçoamento de processos e incremento das práticas

sustentáveis de produtores e consumidores. A adoção de práticas sustentáveis faz-se

imprescindível diante de uma legislação exigente quanto ao cumprimento das leis ambientais.

Entretanto, ainda é difícil mensurar tais práticas quando se trata do setor de serviços, visto que

ele apresenta uma variedade de aspectos ambientais que, dependendo da atividade, podem se

transformar em mais ou menos impactantes.

Ao optar pelas práticas sustentáveis como elemento estratégico, as organizações não

devem vislumbrar apenas os benefícios financeiros, o fortalecimento da marca, a economia de

energia, água, papel, matéria prima, eficiência na produção e marketing. Deve-se levar em

conta também os riscos de não gerenciar adequadamente as questões ambientais, tais como

acidentes, descumprimento da legislação ambiental, incapacidade de acesso a crédito

bancário, serviços financeiros e outros investimentos de capitais e a perda de mercados por

incapacidade competitiva.

Leff (2001) reflete que há a necessidade de se formar agentes capacitados para orientar

um desenvolvimento constituído em bases ecológicas, de equidade social, diversidade cultural

e democracia participativa. Assim, estabelece o direito à educação, à capacitação e à formação

ambiental como fundamentos da sustentabilidade e permite a cada pessoa produzir e

apropriar-se de saberes, técnicas e conhecimentos para participar na gestão de seus processos

de produção. Isso permitirá romper a dependência e inequidade fundadas na distribuição

desigual do conhecimento e promoverá um processo no qual os cidadãos, os povos e as

comunidades poderão intervir, a partir de saberes e capacidades próprias, nos processos de

decisão e gestão do desenvolvimento sustentável. Esse novo modelo comportamental, cultural

e social provoca uma mudança de paradigma no indivíduo, pois requer tempo de preparação e

assimilação conceitual da sua contribuição na perspectiva de sustentabilidade ambiental.

Logo, esse aprendizado é complexo e delongado.

A identificação, nas áreas de negócio de questões relacionadas à temática da

sustentabilidade, é fundamental para o engajamento do público interno e avanço da discussão

e integração nas empresas. O alinhamento das áreas depende do entendimento por parte dos

profissionais de sustentabilidade, das questões relevantes para as áreas de negócio e como o

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tema interage com o dia a dia, suas atividades, metas e relações (CEBDS. Relatório de

Sustentabilidade 2013, p. 17).

Por sua vez, Veiga (2008, p. 182) pondera:

[...] mesmo que ainda esteja longe o surgimento de uma medida mais consensual de

sustentabilidade ambiental, é imprescindível entender que os índices e indicadores

existentes já exercem papel fundamental nas relações de fiscalização e pressão que

as entidades ambientalistas devem exercer sobre governos e organizações

internacionais.

Os colaboradores14

constituem um dos elementos mais importantes e necessários para

que a organização cumpra com êxito as ações para concretizar a adoção das práticas

sustentáveis na gestão interna. São eles que lidam diretamente com as diretrizes estabelecidas,

materializando-as e criando condições para operacionalização. Assim, a gestão ambiental

deve desenvolver mecanismos que garantam compromisso, envolvimento e motivação das

pessoas que atuam na organização. Esses fatores juntamente com a educação, a comunicação

e a qualidade formam a base estrutural dessa gestão, esquematizada na Figura 10.

Figura 10 - Gestão estratégica de pessoas

Nessa conjuntura, é determinante a participação de todos os atores da organização na

implementação das práticas sustentáveis, principalmente, na análise e avaliação de seus

14

“Entende-se por colaboradores todos aqueles indivíduos que participam das atividades da organização,

incluindo dirigentes, administradores, empregados diretos ou terceirizados, prestadores de serviços em geral que

atuem na área”. (VALLE, 2002, p.35)

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resultados. Essa análise permite a identificação de desvios e necessidades de ajustes de modo

a corrigir as rotas que levam à efetiva integração de todos na sustentabilidade. De acordo com

Valle (2002, p. 38):

A conscientização ambiental dos dirigentes de uma organização pode provocar

intensas alterações em suas prioridades estratégicas e algumas mudanças de

abordagem que vão modificar as atitudes e o comportamento de todos os seus

colaboradores.

O Quadro 2 mostra o esquema das mudanças de abordagem motivadas pela

conscientização ambiental.

Quadro 2 – Mudanças na empresa pela conscientização ambiental

Fonte: VALLE, 2002 (grifo do autor)

Neste sentido, também cabe citar Magalhães (2009, p.28) que traz uma reflexão sobre

valores, comportamentos e relações humanas no trabalho.

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As tendências e suas manifestações concretas tornam-se cada vez mais claras no dia

a dia. As ondas de transformação trazem a necessidade de outros comportamentos e

estilos de relacionamentos. As empresas e a comunidade como um todo precisam

assumir essas mudanças culturais por meio de um amplo processo educativo de

transformação dos desafios em práticas sustentáveis.

De um modo ou de outro, todas as atividades humanas modificam o ambiente, por

isso, o ser humano precisa cuidar do ambiente e de si mesmo. Nos dias atuais a sociedade

empresarial se vê diante de grandes desafios, que devem ser enfrentados de forma consciente

por todos os cidadãos para garantir que os progressos científico, tecnológico e econômico

sejam promovidos em benefício de todos, de forma justa e sustentável. Abaixo estão

relacionados alguns dos desafios mais urgentes:

Preservar as espécies vivas;

Controlar os níveis de poluição no ar, na água e no solo;

Lidar com o problema do lixo, criando alternativas menos nocivas ao ambiente e

às espécies vivas, tais como a coleta seletiva, a reciclagem de materiais, a utilização de aterros

sanitários, dentre outras;

Lidar com a escassez de recursos naturais, como o uso da água, da energia;

Desenvolver tecnologias que não agridam ao meio ambiente;

Tornar o conhecimento científico e tecnológico acessível a todo cidadão;

Tornar possível a convivência pacífica entre pessoas e grupos de pessoas,

independentemente da origem nacional, etnia, religião e posses econômicas.

O MMA (2014, p.51) enfatiza que:

A sensibilização e a capacitação dos colaboradores para adoção de práticas

sustentáveis é fundamental para conservação dos recursos naturais através de

mudanças nos hábitos, comportamentos e padrões de consumo dos cidadãos. A

maioria das pessoas não tem consciência dos impactos ambientais que produzem no

seu cotidiano, sejam positivos ou negativos.

Em suma, para que essas e inúmeras outras metas desafiadoras sejam factíveis, é

imprescindível, em primeiro lugar, pensar em uma harmonização da espécie humana com a

natureza e desenvolver uma forma de viver que privilegie a conservação dos recursos

ambientais. O sociólogo Prando (2014, p.117) afirma: “chegamos a um momento em que é

preciso saltar de um patamar de discussão do conceito e seguir para a prática real do que é

sustentabilidade”. Nesta perspectiva, um dos desafios consiste em transformar o discurso em

prática e tornar a boa intenção em compromisso. Para que isto aconteça, faz-se necessária à

assunção dos dirigentes adotando medidas de menor impacto ambiental.

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59

Face ao exposto, a prática de implantar a sustentabilidade nas organizações perpassa

por alguns desafios. Neste sentido, a tratativa que compõe o desenvolvimento do projeto visa

à inserção de novas práticas de sustentabilidade ambiental na gestão interna do Sebrae-BA.

Para isso, é essencial o engajamento dos dirigentes e colaboradores por meio de cultura da

consciência com o intento de incorporar a pauta ambiental na organização.

Os enfoques teóricos apresentados constituem fontes de ideias para a prática da

sustentabilidade, bem como os modelos gerais de gestão sustentável a serem analisados e sua

possível aplicabilidade no ambiente interno da sede do Sebrae-BA, assuntos que serão

tratados oportunamente. Por fim, os instrumentos que podem ser usados em quaisquer

empresas, independente do porte e setor de atuação, são os relatórios de sustentabilidade –

principais ferramentas de comunicação do desempenho ambiental, social e econômico. Neste

âmbito, o modelo da Global Reporting Initiative (GRI) é, atualmente, o mais difundido no

mundo.

A concepção do Termo de Referência (Anexo A) marca o primeiro passo do Sistema

Sebrae no processo de aprendizado organizado a respeito da sustentabilidade. Ele toma como

diretriz prioritária a dimensão ambiental. As experiências bem-sucedidas das Unidades

Federativas do Sebrae Mato Grosso e Espírito Santo, referências em práticas sustentáveis,

bem como o novo olhar do Sebrae para a sustentabilidade ambiental, são enfatizados a seguir,

no Capítulo 3.

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60

3 REFERÊNCIAS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO

SEBRAE

Há mais de quatro décadas, o Sistema Sebrae se dedica a promover o desenvolvimento

sustentável dos pequenos negócios, no sentido de torná-los mais competitivos. Sua missão é

"promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios e

fomentar o empreendedorismo, para fortalecer a economia nacional”. (SEBRAE, 2011, p.6)

O Sebrae é organizado sob a forma de sistema e é composto por uma unidade

nacional coordenadora e por unidades operacionais vinculadas, localizadas em cada um dos

Estados da Federação e no Distrito Federal. À unidade nacional, com jurisdição em todo o

território nacional, compete as funções de direcionamento estratégico, de orientação técnica e

normativa, de coordenação, de controle operacional e de correição do Sistema Sebrae.

O Direcionamento Estratégico do Sistema Sebrae 2013-2022, representado na Figura

11, estabelece ainda que a organização deve “atuar como catalisadora de iniciativas para

elevar a competitividade e a sustentabilidade dos pequenos negócios, e articular e incentivar o

empreendedorismo, gerando resultados crescentes e de impacto para fortalecer a economia e o

desenvolvimento do país”. (SEBRAE, 2013)

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61

Figura 11 – Mapa estratégico Sebrae, 2013-2022

Promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios e fomentar o empreendedorismopara fortalecer a economia nacional.

Ter excelência no desenvolvimento dos pequenos negócios, contribuindo para a construção de um país mais justo,competitivo e sustentável.

Para quem já é ou quer ser empresário, o SEBRAE é a opção mais fácil e econômica de obter informações e conhecimento para apo iar as suas decisões, porque é quem mais entende de Pequenos Negócios e possui a maior rede de atendimento do país.

MISSÃO

VISÃO

POSICIONAMENTO DA MARCA

Pa

rte

s In

tere

ssa

da

s P

roce

sso

sR

ecu

rso

s

Ser a instituição de referência na promoção da competitividade dos

pequenos negócios

Contribuir para o desenvolvimento do país por meio do fortalecimento dos

pequenos negócios

VALORESCompromisso com o Resultado

ConhecimentoInovação

SustentabilidadeTransparência

Valorização humana

Desenvolver e reter capital humano comprometido, motivado e com competências voltadas à inovação e à obtenção de resultados

Ampliar e fortalecer a rede de fornecedores

Ter as melhores soluções tecnológicas e de infraestrutura para a gestão do Sebrae e o

atendimento dos clientes

Prover conhecimentosobre e para os

pequenos negócios

Alavancadores da atuação do Sebrae

Articular e fortalecera rede de

parceiros estratégicos

Ter excelência no desenvolvimento de produtos, serviços e canais de

comunicação e atendimento adequados aos segmentos de clientes

Assegurar a efetividade e a transparência na

aplicação dos recursos e na comunicação de resultados

Promover a educação e a cultura

empreendedora

Potencializar um ambiente favorável para o

desenvolvimento dos pequenos negócios

Ter excelência no atendimento, com foco no resultado para o cliente

Pequenos Negócios Sociedade

Soluções para os empreendedores e para as empresas Atuação no ambiente dos pequenos negócios

Fonte: Direcionamento Estratégico Sistema Sebrae 2013-2022

Além disso, no que concerne às partes interessadas, são elementos indispensáveis aos

valores do Sebrae: compromisso com o resultado, conhecimento, inovação, sustentabilidade,

transparência e valorização humana. É fundamental que o Sistema Sebrae intensifique a

atuação em torno da transversalidade do tema sustentabilidade como eixo estruturante de seus

programas, projetos e atividades em todo o País. Se, a princípio, as iniciativas dependiam de

mudanças na legislação direcionadas à conservação do meio ambiente, hoje os projetos de uso

racional dos recursos naturais são reconhecidos como ferramentas para o desempenho do

papel sustentável das organizações. Diante disso, o Sebrae está atento a cumprir a sua missão

e dar o exemplo às partes interessadas15

.

15

“Organização, pessoa ou entidade que afeta ou é afetada pelas atividades de uma organização. A maioria das

organizações apresenta as seguintes classes de partes interessadas: clientes, força de trabalho, acionistas,

mantenedores ou proprietários, fornecedores e sociedade. A quantidade e a denominação das partes interessadas

podem variar em razão do perfil da organização”. (FNQ, 2013, p.120)

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Para que isso aconteça de fato, é preciso entender a inserção de sustentabilidade

ambiental como um desafio multifacetado. Só assim serão encontradas as múltiplas respostas

que o problema impõe. O Sebrae se destina a estimular, sensibilizar, conscientizar, integrar as

boas práticas e difundir conhecimento. O aspecto mais aparente desse desafio está ligado ao

meio ambiente. Nesse contexto, o primeiro passo foi à concepção, em 2011, do Termo de

Referência para Atuação do Sistema Sebrae em Sustentabilidade (Anexo A). Ele vem como

consequência da constatação de que a competitividade de uma empresa passa a estar

associada cada vez mais à adoção de práticas sustentáveis.

O documento citado acima não pretende esgotar a discussão sobre o tema, pois sua

utilidade dependerá do acompanhamento sistemático das demandas do mercado por ações

sustentáveis. Uma vez vencida a primeira etapa por todas as Unidades Federativas, o Sebrae

estará pronto para assumir novos desafios. Nesta primeira edição do TR foram eleitos dois

eixos prioritários de atuação: Gestão de Resíduos Sólidos e Eficiência Energética.

A organização tem por objetivo planejar, coordenar e orientar programas técnicos,

projetos e atividades de apoio às micro e pequenas empresas, em conformidade com as

políticas nacionais de desenvolvimento, particularmente as relativas às áreas de serviços,

comércio, indústria, agronegócio, tecnológica e economia criativa. Para atender à execução de

suas políticas, o Sebrae recebe contribuições sociais de empresas. Tais contribuições são

repassadas, mensalmente, pela Receita Federal do Brasil. Os recursos, por serem considerados

públicos, estão sujeitos à prestação de contas, pelos gestores, aos órgãos de controle interno e

externo.

Desta forma, a Secretaria Federal de Controle Interno da Controladoria-Geral da

União-SFC/CGU forneceu aos administradores do Sistema Sebrae orientações decorrentes de

entendimentos firmados pela CGU que visam a subsidiar os atos de gestão que envolve a

aplicação de recursos advindos das contribuições parafiscais16

, de acordo com o disciplinado

no art. 70, parágrafo único da Constituição Federal. O Sistema Sebrae, por gerenciar recursos

públicos provenientes de tributos parafiscais, está sob a jurisdição do TCU (inciso V do artigo

5º da Lei 8443/92), sujeito à prestação de contas anual, cuja apresentação é definida pelo

Tribunal de Contas da União (TCU), por meio de Instrução Normativa.

16

O tributo é parafiscal quando objetiva a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio,

não integram funções próprias do Estado, mas este as desenvolve através de entidades específicas, por

exemplo, o Sistema “S”, dentre eles o Sebrae. Ou seja, é mantida pela iniciativa privada, da contribuição das

empresas.

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63

Assim sendo, é elaborado o Relatório de Gestão do Sebrae, apresentado aos órgãos de

controle interno e externo como prestação de contas anual, baseado no princípio da

transparência aplicado aos Serviços Sociais Autônomos, também chamados de Sistema “S”.

Apesar da autonomia administrativa e financeira desses serviços, por administrarem recursos

públicos, eles devem justificar a sua aplicação regular, em conformidade com as normas e

regulamentos emanados das autoridades administrativas competentes. Um dos capítulos deste

relatório tratará dos resultados da gestão ambiental com o detalhamento da política adotada

pela organização para estimular o uso racional dos recursos naturais.

Embora tais respeitáveis iniciativas, ainda estão pouco integradas no dia a dia dos

processos de atividades na organização. No entanto, em 2012, a implantação do Programa

Sebrae de Excelência em Gestão (PSEG), visou à geração de melhores resultados para

clientes, colaboradores e sociedade, tendo como referência o Modelo de Excelência da Gestão

(MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Logo, é “dever da organização de

responder pelos impactos de suas decisões e atividades, na sociedade e no meio ambiente, e

de contribuir para a melhoria das condições de vida, por meio de um comportamento ético e

transparente, visando ao desenvolvimento sustentável” (FNQ, 2013, p. 12). Compete ressaltar

que o Sebrae já tem um banco para compartilhamento das Boas Práticas de Gestão

(www.boaspraticas.sebrae.com.br), agrupadas e classificadas, de acordo com os Fundamentos

de Excelência. Ele é alimentado gradualmente a cada ciclo de Autoavaliação Assistida.

Com isso, espera-se que os valores voltados para atuação ética, transparente e

sustentável, conservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, como parte

integrante da estratégia do Sebrae, potencializem a inserção da sustentabilidade ambiental na

sua gestão interna. Além disso, outro exemplo da preocupação da organização foi à

inauguração, em novembro de 2010, da nova sede do Sebrae Nacional, em Brasília, pois

representa um processo de mudança dos últimos anos, já que se trata de uma construção

moderna, econômica e sustentável, com aproveitamento do vento, sol e paisagem. A obra foi

realizada por meio de seleção pública entre cento e quinze propostas vindas de todos os

estados do País e avaliada por comissão julgadora.

Além do aspecto inovador na arquitetura, a nova sede – ampla, iluminada e

ambientalmente correta, é o resultado da reestruturação interna que permitiu um salto de

qualidade na construção e disseminação do conhecimento, tendo sido premiada como a

melhor obra de arquitetura do País, em 2010. A distribuição funcional, sistemas estruturais e

concepção de conforto ambiental foram algumas das características descritas pelo júri como

principais destaques da obra.

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Ainda no atual cenário de estímulos internos para adoção de métodos de gestão

ambiental, algumas Unidades Federativas Sebrae já deram o primeiro passo na concepção de

práticas sustentáveis. Eis alguns exemplos:

Mato Grosso: a implantação do Plano de Gestão Sustentável teve início em 2011;

Espírito Santo: a implantação do Plano de Gestão Sustentável do Sebrae-ES teve

início em 2012;

Goiás: ambiente do conhecimento sustentável, ou seja, a Biblioteca Sebrae com

mobiliário de madeira reflorestada;

Santa Catarina: disponibiliza a ferramenta Sistema de Inteligência Setorial (SIS)

que contém um repositório de informações sobre sustentabilidade empresarial

(www.sebrae-sc.com.br/sis);

Distrito Federal: implantou, em 2012, o Sistema de Gestão Ambiental e

Sustentabilidade, que aconteceu por meio do Comitê de Gestão Ambiental;

Ceará – o edifício sede em Fortaleza está no processo de obtenção da Certificação

LEED17

;

Minas Gerais: programa ambientação, comunicação e educação socioambiental,

que promove a sensibilização para a mudança de comportamento e a internalização

de atitudes ecologicamente corretas no cotidiano dos colaboradores;

Rio Grande do Norte: comitê de sustentabilidade com o propósito de reduzir a

energia elétrica, os copos descartáveis e papel.

Rondônia: está implementando o Plano de Gestão Sustentável (PGS), voltado à

eficiência energética, redução de consumo de água e papel, promoção de

campanhas, entre outros objetivos.

Em síntese, a concepção e atuação gradativa nas Unidades Federativas do Sebrae na

temática responsabilidade socioambiental, deve-se ao cumprimento das exigências normativas

dos órgãos de controle já mencionados, à aderência ao Termo de Referência em

Sustentabilidade Sebrae Nacional, ao Direcionamento Estratégico e às ações integradoras das

práticas sustentáveis explicitadas no Programa Sebrae de Excelência em Gestão (PSEG).

Também é relevante salientar que a incorporação da gestão sustentável no ambiente interno

17

Criada pelo U.S.Green Building Council (USGBC) nos EUA há mais de uma década, a certificação LEED

para construção sustentável chegou ao Brasil há quase cinco anos e, hoje, é considerada o principal selo para

edificações.

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do Sebrae UF depende do grau de assunção dos dirigentes e o envolvimento dos

colaboradores em adotar uma postura proativa na questão ambiental.

As seções a seguir destacam as lições apreendidas das práticas sustentáveis bem

sucedidas na gestão interna do Sebrae Mato Grosso, CSS e Sebrae Espírito Santo, observadas

na Residência Social (pesquisa de campo) entre as unidades de referências nacional do

Sistema Sebrae neste tema. Por fim, foi possível identificar métodos, propiciou aprendizado,

novas ideias e alternativas para desenvolver, de forma estruturada, proposta de

sustentabilidade ambiental na gestão interna na sede do Sebrae, em Salvador.

3.1 A EXPERIÊNCIA DO CENTRO SEBRAE DE SUSTENTABILIDADE - MATO

GROSSO

O Sebrae Mato Grosso atua por meio de doze unidades operacionais, sendo oito

Agências (Alta Floresta, Barra do Garças, Cáceres, Confresa, Lucas do Rio Verde,

Rondonópolis, Sinop e Tangará da Serra) e quatro postos de atendimento (Nova Mutum,

Colíder, Paranaíta e Primavera), atendendo clientes em cento e quarenta e um municípios. A

sede da organização está situada em Cuiabá, de onde partem as diretrizes operacionais.

Entre as diretrizes do Sebrae-MT estão à promoção da inovação e do desenvolvimento

sustentável e aprimoramento de processos internos com foco na qualidade de gestão. Diante

disso, se fez necessário adotar a gestão sustentável interna, uma vez que essa deve ser

praticada pela organização de modo sistêmico. A gestão sustentável consiste em um conjunto

de medidas e procedimentos bem definidos e adequadamente aplicados, visando reduzir e

controlar os impactos introduzidos por um empreendimento ou atividade sobre o meio

ambiente.

Atendendo a esse fim, a construção do prédio da sede do Centro Sebrae de

Sustentabilidade, que foi concebido e erguido dentro dos princípios da arquitetura sustentável,

transmite aos colaboradores internos, terceirizados do Sebrae-MT, aos seus clientes e à

sociedade em geral, um exemplo a ser reproduzido em termos de otimização de recursos e de

respeito à preservação, conservação e uso sustentável do meio ambiente. A implantação do

Plano de Gestão Sustentável do Sebrae em Mato Grosso, que teve início em 2011, se deu por

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66

meio da execução de ecotécnicas18

e de ações lúdicas de sensibilização junto ao quadro de

colaboradores. Como essência, o projeto contribui para promover uma gestão interna mais

inovadora e sustentável. A seguir as intenções que nortearam a implementação do Plano de

Gestão Sustentável:

Sintonizar o Sebrae-MT com os novos comportamentos mundiais referentes ao

desempenho socioambiental;

Cumprir as determinações que estão especificadas na Portaria TCU Nº 277 de 07

de dezembro de 2010, que dispõe sobre informações quanto à adoção de critérios na licitação

sustentável - aquisição de bens e materiais de Tecnologia da Informação e na contratação de

serviços ou obras:

Implantar boas práticas que podem ser replicadas nas Unidades Federativas;

Diminuir os custos e a pressão sobre os recursos naturais por meio das

ecotécnicas;

Sensibilizar os colaboradores sobre a importância da gestão ambiental, por meio

de ações educativas;

Promover a redução dos resíduos sólidos por meio da implantação da coleta

seletiva e de sua destinação correta;

Implantar o uso eficiente e promover a redução do consumo de energia;

Implantar ecotécnicas que permitam a redução do uso do papel;

Sensibilizar a classe empresarial para a cultura de sustentabilidade como

estratégia de negócios.

Para sua execução foram mapeados os gargalos referentes aos processos de

ecoeficiência na organização e para minimizá-los foram elencados quatro focos prioritários.

Estes focos são trabalhados em todas as Unidades do Sebrae-MT:

1. Uso eficiente de papel, coleta seletiva e destinação correta dos resíduos: o plano

de gerenciamento e valorização dos resíduos sólidos foi trabalhado internamente como um

aspecto estratégico; além de estimular a qualidade ambiental, também possibilita a redução de

custos diretos (consumo e matérias-primas) e indiretos (danos ambientais). Compreende a

definição de diretrizes: ações capazes de oferecer alternativas para redução do desperdício e

diminuição dos resíduos produzidos.

18

Conjunto de intervenções tecnológicas no ambiente que se baseia na compreensão dos processos naturais e

tem como foco a resolução de problemas com o menor custo energético possível e com uso de eficiente de bens

naturais (MMA, 2012).

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67

Realizou-se um diagnóstico dos resíduos sólidos gerados no Sebrae-MT, sendo

identificadas as principais ações implantadas para o uso eficiente do papel. Tais ações

compreendem atitudes comportamentais ambientais, como: uso eficiente dos recursos de

informática, por exemplo, visualização do documento antes de imprimi-lo e impressão frente

e verso; oficinas de capacitação; palestras de educação ambiental; elaboração de diretrizes que

estabelecem metas que visam o envolvimento de todos os colaboradores; monitoramento e

avaliação mensal.

2. Eficiência energética na sede do Sebrae-MT: o projeto tem como base a redução

de consumo e despesas, estimulando mudanças de comportamento dos colaboradores da sede

do Sebrae-MT. Da mesma forma, busca expandir seus efeitos nas Agências e Postos de

Atendimento do estado. Assim, são identificados desvios e novas oportunidades de melhorias

para redução do consumo de energia e conscientização dos colaboradores e estagiários quanto

ao seu uso eficiente, diminuindo a geração de desperdícios e custos.

A metodologia para execução do eixo eficiência energética do plano de gestão

sustentável apresenta os seguintes princípios: eliminação de desperdícios e redução de custos;

otimização do desempenho de equipamentos com o mínimo de consumo e demonstração de

uma atitude lógica e consciente na utilização do insumo “energia”.

3. Qualidade do ambiente interno: o Programa de Saúde e Qualidade de Vida

Sustentável, “Viva”, foi desenvolvido em parceria com a Unidade Desenvolvimento de Seres

Humanos e o Centro Sebrae de Sustentabilidade. É destinado a todos os colaboradores,

podendo ser inserida a participação dos familiares em algumas ações. Este programa visa à

valorização da prevenção de doenças e de viver de forma sustentável. Inserido nesta temática

como consciência integral em relação aos compromissos que devem permear as atividades

individuais e coletivas, o programa foi elaborado com ações de formação, educação ambiental

e adequação de práticas sustentáveis internas na gestão do Sebrae-MT, estabelecendo-se

indicadores nas metas corporativas que integram o salário variável.

Foram propostas ações que visam à melhoria da qualidade de vida, tanto no ambiente

interno quanto no externo, por meio da prática de atividade física, lazer e esporte, com a

finalidade de promover a saúde, a motivação e a integração social dos colaboradores. O

programa Viva Sustentável no Sebrae-MT, abordar a dimensão física: ginástica laboral,

caminhadas ecológicas, gincanas e lazer; e mental: com cursos e palestras, informativos e

cultura.

4. Disseminação da cultura de Sustentabilidade nos eventos: em todos os eventos,

realizados ou patrocinados pelo Sebrae Mato Grosso, é obrigatória a inserção do tema

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sustentabilidade como eixo estruturante, abordado através da realização de palestras, oficinas,

acesso a tecnologias, divulgação de casos empresariais, e da disponibilização de serviços com

parceiros para adequação das empresas. O propósito é estimular o público presente e, em

especial a classe empresarial, à formação da cultura sustentável nos negócios. Como fruto

dessa prática, foi desenvolvido o Programa Compensação Futura de Emissões, para o qual se

criou a metodologia Compensação de CO2, de Gases de Efeito Estufa (GEE) em Eventos, a

fim de compensar os impactos causados pela atividade empresarial no meio em que está

inserida. O trabalho é dividido em quatro etapas: inventário de emissões de CO2 e de Gases de

Efeito Estufa; gestão dos resíduos sólidos através da coleta seletiva; cálculo das emissões

geradas; ações de compensação das emissões.

Para consolidar a cultura interna junto aos colaboradores na gestão sustentável, é

realizado monitoramento que objetiva garantir que todas as atividades compreendidas na

gestão sustentável sejam executadas corretamente pelas equipes. Os monitoramentos

acontecem no horário de almoço ou depois do expediente, em dias alternados. São verificados

os seguintes itens por Equipe/Unidade: desligamento de luminárias, monitores, computadores,

ar condicionado e verificado, nas lixeiras, o descarte correto dos resíduos. Após cada

monitoramento é elaborado um ranking das equipes e divulgado para todo o Sebrae-MT, isso

permite evidenciar quais equipes mais contribuem para a eficiência dos processos. Abaixo, na

Figura 12, modelo de e-mail corporativo enviado a todos os colaboradores com o desempenho

das ações sustentáveis.

Figura 12 – Desempenho das ações sustentáveis

Fonte: Portal Intranet Sebrae Mato Grosso

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Ainda mensalmente acontece no Sebrae Mato Grosso, uma reunião com os líderes e

nela são apresentados os resultados de cada equipe para que atentem sobre a responsabilidade

do alcance das metas. Todos precisam se envolver em busca dos resultados positivos. O

programa de gestão sustentável do Sebrae-MT compreende a definição de diretrizes e ações

capazes de estimular a cultura de sustentabilidade nos colaboradores, oferecer alternativas

para a utilização eficiente dos recursos em suas atividades de gestão interna e promover

formas eficientes de reduzir, reutilizar e reciclar insumos que a organização usa e resíduos que

gera. O cumprimento das metas estabelecidas impacta diretamente na avaliação do salário

variável a partir dos indicadores de resultados estabelecidos em consenso entre diretoria e

colaboradores do Sebrae-MT:

Metas de ecoeficiência na gestão interna: relativa aos indicadores estabelecidos de

eficiência energética e redução de consumo de papel e redução, reutilização e destinação de

resíduos gerados;

Metas com clientes externos: conscientização por meio dos eventos, que devem

evidenciar os marcos regulatórios e divulgação das oportunidades de econegócios que

permeiam a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos;

Todo o material de limpeza utilizado nas dependências do Sebrae-MT deve ser

biodegradável. A organização não utiliza produtos à base de solventes para não expor

colaboradores ou terceirizados aos riscos causados por tais materiais;

A diretriz ambiental de materiais usados por peso ou volume é determinada pela

Central de Compras, que fica na sede, em Cuiabá, e isto permite o controle das aquisições

realizadas por meio da licitação de compras sustentáveis e do cadastro de fornecedores. O

Sebrae-MT visa à utilização de materiais/produtos menos agressivos ao meio ambiente em

suas unidades. Um dos grandes objetivos da organização é adquirir cada vez mais produtos

que geram o mínimo de resíduos.

Com a finalidade de evidenciar e disseminar os resultados das ações sustentáveis, o

Comitê de Sustentabilidade da Gestão elabora anualmente o Relatório de Sustentabilidade e

Responsabilidade Corporativa do Sebrae-MT. Nele, são apresentados os principais resultados

alcançados pela organização, ao longo do ano, nas esferas ambiental, social e econômica com

base nos indicadores traçados pela Global Reporting Initiative (GRI). O Sebrae-MT publica

este documento, que tem como principal objetivo divulgar e compartilhar informações com

diversos públicos sobre sua atuação e estratégias implementadas no desenvolvimento

sustentável.

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O Comitê de Sustentabilidade do Sebrae-MT, composto por representantes de quatro

unidades da organização, é o responsável por documentar, manter, atualizar os registros do

monitoramento, o controle ambiental, a consolidação dos dados e resultados dos aspectos

destacados no Plano de Gestão Ambiental. Criado em 2013, este comitê está subordinado à

Diretoria Executiva e sua principal atribuição é o acompanhamento das ações de

sustentabilidade, que permeiam toda a atuação do Sebrae-MT. O referido documento é

difundido para a sociedade, no site do CSS (http://sustentabilidade.sebrae.com.br/) após a

validação da Diretoria Executiva.

Além disso, todas as ações têm como base as decisões de sua Governança Corporativa,

instituída por meio do Fórum Sebrae de Sustentabilidade e dos Comitês Temáticos. O Fórum

é uma instância de discussão estratégica para nortear as ações de sustentabilidade no Sistema

Sebrae. Entre seus desígnios estão analisar as principais tendências do tema aplicado aos

pequenos negócios, detectar oportunidades e gargalos que envolvem a atuação nos Sebrae UF

e construir uma gestão compartilhada.

Deste modo, cabe destacar as lições apreendidas relacionadas às boas práticas

sustentáveis do Sebrae-MT:

Redução no consumo do papel: sensibilização e configuração para impressão

frente e verso, bem como reaproveitamento de papéis, por exemplo, para blocos de anotações;

Coleta seletiva: a sede do Sebrae-MT evitou que 3 835Kg de papel e 2 145Kg de

plástico fossem enviados ao aterro sanitário da cidade, direcionando os resíduos para

Cooperativa dos Trabalhadores e Produtores de Materiais Recicláveis de Mato Grosso

(Coopermar);

Eficiência energética e gerenciamento de emissões: as iniciativas de eficiência

energética estão associadas às seguintes ações: controle avançado de processo, modernização

das instalações e aquisição de equipamentos mais eficientes;

Tratamento e reuso de água: o compromisso com a sustentabilidade está

presente em sua agenda desde a inauguração do Centro de Eventos do Pantanal Sebrae Mato

Grosso, em 2000. Ocupando área de 14 hectares, esta unidade é cercada por uma reserva de

mata ciliar e dispõe de uma lagoa de decantação para tratamento de esgoto e dos resíduos

líquidos. O sistema implantado permite o tratamento de efluentes. É composto por fossa

séptica, filtro de pedras e filtro de raízes de árvores (trata-se de tecnologia chinesa premiada

pela ONU, em 1998), que garante a purificação da água em 98%. Essa água é usada para

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regar jardins e não é descartada em rios e riachos da região. Em todo o processo, a força de

gravidade é utilizada, evitando o consumo de energia elétrica para seu bombeamento;

Emissões: a gestão de riscos ambientais tem recebido atenção especial. Em 2012,

foi realizado mapeamento da frota composta por trinta e nove veículos. Constatou-se a

necessidade de se adquirir veículos mais econômicos e menos poluentes. Para calcular o

índice de emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), proveniente

de automóveis, o Sebrae-MT realizou o inventário que qualifica, quantifica e localiza

emissões para mitigação. O objetivo principal do trabalho foi o de melhorar o controle e

gerenciamento de sua pegada de carbono, além de adotar ações para reduzir as emissões;

Iniciativas para mitigar os impactos de produtos e serviços: o Sebrae-MT visa

harmonizar a utilização de tecnologias e aplicação de materiais menos agressivos ao meio

ambiente em suas atividades operacionais. Essa premissa está presente nas licitações de

produtos de limpeza por intermédio de cláusulas que obrigam a empresa vencedora do

certame a utilizar produtos menos poluentes;

Capacitação em sustentabilidade e sociedade: o programa disponibiliza

conteúdo teórico sobre responsabilidade social e sustentabilidade ambiental para todos os

colaboradores;

Comunicação e marketing: a Unidade de Marketing desenvolve todos os rótulos

(banner, folder, cartilhas), levando em conta as etapas da sua produção e o atendimento das

exigências legais vigentes. É importante salientar que ocorrem campanhas internas para

conscientizar os colaboradores sobre a destinação correta do resíduo gerado. As lixeiras estão

disponíveis na lanchonete da Sede do Sebrae-MT, e nas mesas de trabalho onde são dispostas

as lixeiras de papel, plástico, metal, vidro, orgânico e outros. Abaixo estão relacionadas às

ações ecoeducativas:

E-mail marketing referente às metas corporativas: que influenciam na

“remuneração variável19

”: redução no consumo de energia elétrica em 10% e redução na

quantidade de impressões e cópias em 20%;

19

É um estímulo para os colaboradores atingirem os objetivos tanto de sua unidade, quanto da organização,

buscando permanentemente a melhoria dos níveis de qualidade e produtividade, assegurando o contínuo

desenvolvimento organizacional. O reconhecimento é feito quando as metas organizacionais e de equipes,

vinculadas a indicadores e ao planejamento das unidades, são alcançadas. O modelo é único para todos os

colaboradores, ou seja, os critérios para alcance das metas, o percentual de salários e as regras de distribuição são

os mesmos para todos os colaboradores do Sebrae.

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Mailing de sensibilização: desligar o monitor no horário de almoço, fazer coleta

seletiva e estimular os colegas a fazerem o mesmo, desligar totalmente o computador no

final do expediente e diminuir a quantidade de impressões e cópias;

Semana do meio ambiente: estímulo à carona solidária e caminhada com a família;

Criação de cartazes com estímulos: ao reaproveitamento de papéis; à impressão no

verso das folhas; nos banheiros: ensaboar as mãos antes de acionar a torneira, utilizar

apenas duas folhas de papel para secá-las, não desperdiçar água, não segurar a descarga

mais do que o necessário.

Programa de saúde e qualidade de vida sustentável: ginástica laboral, aeróbica

e assessoria de corrida, palestras saúde e segurança no trabalho.

Compostagem e minhocário: além de dar destino adequado aos resíduos

orgânicos, há uma produção constante de húmus, que pode ser aproveitada em jardins e

hortas;

Outras estratégias: adoção de lâmpadas mais econômicas e eficientes,

modernização dos banheiros, com torneiras automáticas e descargas sanitárias inteligentes,

pintura do telhado, que diminui o calor interno do ambiente e reduz o consumo de energia.

Como fica evidenciado, a gestão sustentável do Sebrae-MT está presente em quaisquer

atividades, do planejamento à execução, contextualizada com a realidade local e a dinâmica

da organização.

Inaugurado em abril de 2011 o Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), projeto em

parceria com o Sebrae Nacional, localizado no Espaço Sebrae do Conhecimento em

Cuiabá/Mato Grosso – com projeto arquitetônico baseado nas casas indígenas do Xingu – tem

a arquitetura própria, com um laboratório de práticas sustentáveis na construção civil, por

isso, recebe visitantes brasileiros e estrangeiros interessados em conhecer projetos inovadores

e de baixo impacto ambiental. O autor do projeto original é o arquiteto cuiabano José Afonso

Botura Portocarrero. Ele se inspirou na sabedoria dos primeiros habitantes do Mato Grosso e

na originalidade, funcionalidade e conforto ambiental das casas indígenas para conceber a

sede do Centro Sebrae de Sustentabilidade.

A visão do CSS é referência em gestão do conhecimento em sustentabilidade para o

desenvolvimento das micro e pequenas empresas. A missão é prospectar, desenvolver e

disseminar conhecimentos e práticas em sustentabilidade aplicada às micro e pequenas

empresas, com o objetivo de ampliar e promover sua competitividade. O formato ogival

favorece a iluminação natural do local e a refrigeração, reduzindo o consumo de energia com

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a possibilidade do reuso de água. As características sustentáveis do prédio diminuem o

consumo e despesas mensais com água e energia em torno de 50%.

Centro Sebrae de Sustentabilidade

Fonte: Banco de imagens do Sebrae-MT

O Sebrae Mato Grosso também criou a Biblioteca, idealizada com o objetivo de

permitir aos clientes internos e externos pensar, sentir e fazer a conexão com a consciência

ecológica. Isso, por sua vez, favorece a busca, a leitura, a descoberta, a melhoria, a adoção de

novos produtos e técnicas sustentáveis. Nomeada de Espaço do Conhecimento, a estrutura

ecologicamente correta, com estilo arquitetônico em formato aerodinâmico e cobertura

projetada em duas cascas, permite que a água permeie o seu interior para resfriamento natural.

O Centro Sebrae de Sustentabilidade e o Espaço do Conhecimento, que estão instalados no

mesmo ambiente físico possuem:

Layout interno projetado em espaços que proporcionam flexibilidade de uso e

visibilidade da área externa;

Captação, reserva e utilização das águas de chuvas na manutenção do prédio e na

descarga de bacias sanitárias que possuem acionamento duplo, utilizado conforme uso;

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Aproveitamento de iluminação natural, com presença de vidros de baixa absorção

térmica e alta reflexão;

Iluminação de espaços no subsolo e na área externa alimentada por sistema

fotovoltaico, integrado com sistema de iluminação convencional;

Uso de materiais de baixo impacto ambiental e materiais reciclados, com

certificação que atestam sua procedência;

Resgate da cultura regional na concepção do projeto arquitetônico, valorizando a

cultura e sabedoria dos ancestrais indígenas da região. As linhas da obra refletem a estética e

os conhecimentos dos primeiros habitantes do Estado de Mato Grosso;

1 000 metros quadrados de área construída em integração total com a natureza.

O Centro Sebrae de Sustentabilidade, por meio da plataforma de conhecimento,

dissemina as práticas sustentáveis corporativas bem sucedidas. Este ambiente virtual integra o

portal do CSS (http://sustentabilidade.sebrae.com.br), onde estão registrados casos de

empresas que adotaram o conceito e os princípios de sustentabilidade. Ainda tem dicas,

cartilhas, infográficos, eventos, entrevistas, notícias, vídeos, leis, certificados ambientais,

dentre outros.

A perspectiva do Centro Sebrae de Sustentabilidade é ser um centro de referência

nacional para às Micro e Pequenas Empresas. Assim, o centro tem o intuito de apoiar a

transversalidade da sustentabilidade em todo o atendimento territorial do Sistema Sebrae e ter

uma atuação mais intensa, estruturada em programas, projetos e atividades, de forma a

agregar valor às cadeias produtivas, nos diferentes setores econômicos (serviços, comércio,

indústria e agronegócio), em temas como eficiência energética, gestão da água, consumo

consciente e destinação adequada de resíduos sólidos. Desta forma, o Sebrae estimula a

reflexão, a elaboração de propostas e as ações junto às partes interessadas para expandir as

práticas sobre a sustentabilidade.

Além das ações já descritas, o CSS, em junho de 2014, instituiu – em parceria com a

Universidade Corporativa Sebrae – o Prêmio SOL de forma a motivar as ações voltadas para a

sustentabilidade. O concurso foi dirigido a colaboradores e consultores que têm acesso ao

sistema Sustentabilidade Online (www.sol.sebrae.com.br). Eles poderiam concorrer em três

categorias: atendimento, gestão interna e produção de conteúdo. Os finalistas nacionais, sendo

dois de cada categoria, participaram da Missão Técnica em Fernando de Noronha em data

pré-estabelecida pelo CSS, com o objetivo de conhecer empresas exitosas na área de

Sustentabilidade.

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Sendo assim, o Sebrae Mato Grosso e o Centro Sebrae de Sustentabilidade são

referências na temática sustentabilidade ambiental. Ainda que a construção da sede Sebrae-

MT não seja sustentável, ela foi gradativamente adaptada para fomentar a inserção de ações

voltadas para a gestão ambiental. O alcance exitoso das ações que envolveram o projeto está

mensurado pelo uso eficiente de papel, coleta seletiva e destinação correta dos resíduos,

processos de eficiência energética e qualidade do ambiente interno.

3.2 A EXPERIÊNCIA DO NÚCLEO SEBRAE-ES DE SUSTENTABILIDADE

O Sebrae está presente em todas as regiões do estado do Espírito Santo, promovendo e

apoiando ações voltadas à consolidação de um modelo de desenvolvimento sustentável,

baseado na facilitação do acesso ao conhecimento, crédito, tecnologia e mercado. Presentes

nas mais diversas áreas, as ações do Sebrae beneficiam setores importantes para a economia,

como o agronegócio, comércio e serviços, turismo, cultura e indústria. Assim, o Sebrae, no

Espírito Santo, possibilita crescimento com responsabilidade social, geração de renda e

oportunidade para os capixabas.

Em consonância com as premissas do Termo de Referência para Atuação do Sistema

Sebrae em Sustentabilidade e do CSS, sediado no Sebrae-MT, o Núcleo Sebrae-ES de

Sustentabilidade, elaborou o seu próprio Termo de Referência, que apresenta conceitos e

métodos para o desenvolvimento do Programa de Sustentabilidade Sebrae-ES (PSS) –

utilizado como diretriz para a atuação do Sebrae-ES em Sustentabilidade com foco nas Micro

e Pequenas Empresas (MPE) em conformidade com a Portaria TCU 150, de 3 de julho de

2012, Parte A, Item 9, do Anexo II da DN TCU Nº 119, de 18/01/2012, “Gestão do Uso dos

Recursos Renováveis e Sustentabilidade Ambiental”.

O Plano de Gestão Sustentável do Sebrae-ES teve início em 2012, com a formação do

Grupo de Trabalho de Sustentabilidade do Programa Sebrae de Excelência em Gestão

(PSEG), no qual se definiu a implantação e o acompanhamento de práticas sustentáveis por

meio de um Plano de Gestão Sustentável pelos colaboradores do Sebrae-ES. A implantação

do Plano se deu por meio da retomada de ações já iniciadas pelo Sebrae anteriormente e

complementadas através de execução de ecotécnicas e ações de sensibilização dos

colaboradores com o intento de promover uma gestão sustentável e ecoeficiente.

Com a formação do Núcleo Sebrae de Sustentabilidade na Unidade de Acesso a

Inovação e Tecnologia (UAIT), foi proposto que esse núcleo esteja ligado ao Grupo Trabalho

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(GT) e que a gestão deste plano seja realizada por esta UAIT. Assim, o Plano é organizado de

forma a se obter um conjunto de informações que permita, de uma maneira geral, analisar o

grau de desenvolvimento da gestão ambiental na organização.

O Plano de Gestão Sustentável do Sebrae-ES tem por base a sua missão: “Promover a

competitividade e o desenvolvimento sustentável de micro e pequenas empresas e fomentar o

empreendedorismo no Estado do Espírito Santo” (SEBRAE, 2013), um estímulo para os

comportamentos e atitudes dos colaboradores que possibilita uma gestão sustentável na

organização compatível com estes desafios. A seguir os principais aspectos das questões

ambientais:

Cumprir as determinações que estão especificadas na Portaria TCU Nº 150, de 03

de julho de 2012, que orienta para a elaboração de conteúdos exigidos nas partes A e B do

Anexo II da Decisão Normativa TCU Nº 119, de 18 de janeiro de 2012, parte A, Item 9:

Gestão Ambiental e Licitações Sustentáveis, Consumo de Papel, Energia e Água;

As aquisições de bens/produtos e contratação de obras e serviços das unidades

deverão se basear em critérios de sustentabilidade ambiental nos respectivos processos

licitatórios;

Sensibilizar a classe empresarial para a cultura de sustentabilidade como

estratégia de negócios através dos eventos realizados pelo Sebrae-ES;

Promover o sistema de gerenciamento de resíduos interno;

Sensibilizar os colaboradores sobre a importância da gestão ambiental, por meio

de ações de educação ambiental, em prol de uma gestão interna mais sustentável;

Estimular os participantes a aderirem ao projeto para promover a redução dos

resíduos sólidos através da implantação da coleta seletiva e de sua destinação correta;

Promover o uso eficiente e a redução e desperdício de água nas Unidades do

Sebrae-ES;

Implantar o uso eficiente e promover a redução do consumo de energia elétrica e

melhorar a eficiência energética nas unidades do Sebrae-ES;

Implantar ecotécnicas que permitam a redução do uso do papel nos processos do

Sebrae;

Sensibilizar o público externo sobre a importância das práticas sustentáveis nas

dependências do Sebrae.

Com base no exposto, apresentam-se os métodos da implementação do Plano de

Gestão Sustentável do Sebrae-ES: mapeamento dos gastos; consumo racional de papel,

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redução dos custos de energia elétrica e água dos últimos três anos; sensibilização junto ao

quadro de colaboradores; campanhas de conscientização da necessidade de proteção do meio

ambiente; campanhas de preservação de recursos naturais voltadas para os colaboradores;

distribuição de tarefas para as Unidades e Agência de Desenvolvimento Regional (ADR);

acompanhamento das metas estabelecidas.

Foram mapeados os processos de ecoeficiência na sede, no Espaço Empreendedor nas

Agências de Desenvolvimento Regional (ADRs): Cachoeiro de Itapemirim, Colatina,

Linhares, Venda Nova do Imigrante, Anchieta, São Mateus, Nova Venécia. Nessas, foram

definidos seis eixos prioritários para a gestão sustentável:

1. Uso eficiente de papel, coleta seletiva e destinação correta dos resíduos;

2. Uso eficiente da água;

3. Eficiência energética;

4. Qualidade do ambiente interno;

5. Sustentabilidade para os eventos do Sebrae-ES;

6. Licitações Sustentáveis.

A seguir, na Figura 13, é apresentado o Plano de Gestão Sustentável do Sebrae-ES. A

partir deste, percebe-se que as ações no eixo da sustentabilidade foram realizadas de forma a

sensibilizar os colaboradores.

Figura 13 – Eixos sustentáveis prioritários do Plano de Gestão Sustentável do Sebrae-ES

Fonte: Plano de Gestão Sustentável no Sebrae/ES

Evidenciam-se algumas atitudes sustentáveis para economizar papel, incentivadas

pelo Sebrae-ES, como por exemplo: imprimir frente e verso; comprar papel não clorado ou

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reciclado; incluir no contrato de reprografia a impressão dos documentos frente e verso;

comprar impressoras que imprimam em frente e verso; produzir papelaria genérica para

crachás, pastas, blocos, sem indicar data ou nome; usar papéis que seriam jogados no lixo

para confecção de blocos; utilizar correio eletrônico (e-mail) para comunicação interna.

A gestão sustentável implementada no Sebrae-ES, no que tange à coleta seletiva,

exigirá dos seus colaboradores, criatividade, competência e agilidade na busca pela

sustentabilidade, assim como investimentos em formação e capacitação relativa à consciência

ambiental. Considerando a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei Nº 12.305/2010, um

dos princípios fundamentais é a ordem de prioridade para a gestão dos resíduos, que deixa de

ser voluntária e passa a ser obrigatória.

Esta nova gestão tem os seguintes princípios: não geração, redução, reutilização,

reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos

rejeitos. Outra questão é diferenciar resíduo e rejeito: resíduos devem ser reaproveitados e

reciclados e apenas rejeitos devem ter disposição final. Para correta segregação dos resíduos,

estão disponíveis na área da recepção e de treinamento conjunto de coletores com códigos de

cores de acordo com o Conama nº 275/2001.

Nas demais unidades foram redistribuídas e reordenadas os coletores existentes e

adesivados com a etiqueta lixo seco e lixo úmido, conforme Figura14. É utilizado o saco azul

para o lixo seco e o saco preto para o lixo úmido.

Figura 14 – Segregação dos resíduos secos e úmidos

Fonte: Plano de Gestão Sustentável do Sebrae-ES

Para as demais áreas será utilizada a segregação para lixo seco e úmido, conforme

evidenciado na Figura 15.

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Figura 15 – Identificação dos coletores: lixo seco (azul) e úmido (preto)

Fonte: Plano de Gestão Sustentável do Sebrae-ES

Cabe explicitar que a gestão de resíduos sólidos assume um caráter fundamental à

questão ambiental. Por isso, é essencial que hajam iniciativas voltadas para a reciclagem do

lixo, reaproveitamento, melhor uso de insumos e a inclusão social a partir dessas ações.

Destacam-se algumas mudanças de hábitos e atitudes que podem fazer a diferença no

uso eficiente de energia, tais como: aproveitar melhor a luz natural; usar luminárias

espelhadas e reatores eletrônicos; usar lâmpadas fluorescentes, pois são mais econômicas já

que as luzes ficam acesas por mais tempo; apagar a luz ao sair do ambiente; fazer a

manutenção de equipamentos de ar condicionado (limpeza de filtros, evaporadores,

condensadores, entre outros); evitar deixar os equipamentos em stand-by (modo de espera) –

desligar os aparelhos da tomada quando não estiverem sendo usados; evitar o uso de

benjamins – o acúmulo de ligações na mesma tomada pode causar aquecimento e aumentar as

perdas elétricas; não deixar o computador ligado ao encerrar o expediente e comprar

eletrodomésticos com o Selo Procel, pois são mais econômicos. Neste sentido, utilizar a

energia elétrica com eficácia significa combater o desperdício, consumindo apenas o

necessário, preservando os recursos naturais do planeta.

A água é um elemento essencial que contribui para a promoção do desenvolvimento e

da qualidade de vida, mas é também um recurso limitado e, se não se alterarem as tendências

atuais, agravar-se-ão significativamente as crises hídricas. É neste contexto que o Sebrae-ES

compromete-se e contribui para o uso eficiente da água nas edificações.

Ressalta-se que as estruturas físicas do Sebrae-ES, em sua maioria, são imóveis

alugados, cujas construções não possibilitam implementar as medidas de controle, tais como,

hidrômetro individual, sistemas de aproveitamento da água de chuva e reuso de águas. Estes

componentes economizadores tem o objetivo de contribuir para a redução do consumo.

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Entretanto, pode-se realizar, nas manutenções preventivas e corretivas, a substituição por

temporizadores de água. Outro aspecto relevante é a detecção e correção de vazamentos como

primeira medida visando à redução de consumo da água. Este controle deve ser permanente e

sistemático em todas as Unidades do Sebrae-ES, de modo a conservar as instalações

hidrossanitárias em condições plenas de funcionamento.

O Sebrae-ES desenvolve os seguintes programas voltados à qualidade do ambiente

interno:

• Programa de Qualidade de Vida no Trabalho: objetiva promover, incentivar e

apoiar hábitos e estilos de vida saudáveis dos colaboradores, no ambiente do trabalho e fora

dele. Este programa inclui práticas como ginástica laboral, quick massage (massagem rápida),

acompanhamento nutricional, entre outras que proporcionam inúmeros benefícios.

Programa de Incentivo à Prática Esportiva (PIPE): ação de incentivo à prática

esportiva, com o objetivo de estabelecer um programa voltado para melhoria do ambiente e

qualidade de vida do colaborador.

Com a implantação desses programas, o Sebrae-ES visa a aperfeiçoar a motivação

pessoal de seus colaboradores, pois faz parte de uma visão de melhoria na qualidade de vida a

prevenção ou tratamento de doenças, reeducação alimentar, programas de condicionamento

físico e tratamento de estresse, que beneficiarão positivamente à empresa, pois os

colaboradores passarão a trabalhar motivados.

Também foi estabelecido no Plano de Gestão Sustentável que em todos os eventos

realizados ou patrocinados pelo Sebrae-ES estará inserido o tema “sustentabilidade” como

eixo estruturante, através da realização de palestras, oficinas, acesso a tecnologias, divulgação

de casos empresariais e de serviços disponíveis com parceiros para adequação das empresas.

O propósito é estimular no público presente e, em especial, na classe empresarial, a formação

da cultura sustentável nos negócios, com menor impacto ambiental.

Ao introduzir requisitos ambientais na licitação pública, cria-se um instrumento de

ação positiva em prol da integração de critérios ambientais em todos os estágios do processo

de compra e contratação, possibilitando a redução de impactos ao meio ambiente. Desta

maneira, para a aquisição de equipamentos eletroeletrônicos, deverá ser exigido o “selo

verde”, ou seja, produtos que não contenham substâncias tóxicas como o mercúrio, chumbo e

cádmio na sua produção, que possuam sistema de economia de energia elétrica e em

conformidade com a diretriz europeia Restriction of Hazardous Substances (ROHS). O

objetivo do selo verde é garantir que o equipamento, no final de seu ciclo de vida útil, não

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seja mais um lixo eletrônico prejudicial à natureza e ao homem. O selo tem também o

objetivo de incentivar as empresas a investir em pesquisa e a fabricarem equipamentos de

Tecnologia da Informação (TI) sustentáveis.

Os critérios adotados por selos de credibilidade servem para determinar o que constitui

um produto sustentável sob o ponto de vista ambiental. Utilizando este critério, o Sebrae-ES

poderá estar seguro que os aspectos ambientais mais significativos do produto a ser adquirido

não agridam ao meio ambiente. No Brasil, ainda são poucas as iniciativas de produtos

certificados.

A futura nova sede do Sebrae-ES ocupará uma área de 1 980,08m². Nas especificações

técnicas de uma “Obra Verde”, deve-se privilegiar a saúde e o conforto dos usuários. No

projeto a ser contratado pelo Sebrae-ES as seguintes premissas serão requeridas com relação

aos aspectos construtivos: tecnologias que proporcionem economia, reduzindo o consumo de

água; sistema de medição individualizada de consumo; sistema de reuso de água, com

aproveitamento de água de chuva; sistemas construtivos que evitem a produção de resíduos e

sistema de baixo custo de manutenção.

Há também uma campanha educativa interna referente à coleta seletiva, produzida

para conscientizar os colaboradores sobre a destinação correta do resíduo gerado. O Sebrae-

ES deverá desenvolver um canal de comunicação na sua Intranet, como instrumento

estratégico, principalmente para disseminar novos conhecimentos, sensibilizar, educar e

manter os colaboradores informados, sobretudo quanto ao monitoramento da sua unidade com

relação à minimização dos resíduos sólidos, energia e água contemplados no Plano de

Sustentabilidade.

É pertinente enfatizar que, na implantação do Plano de Gestão Sustentável do Sebrae-

ES, foram estabelecidas metas para a organização a partir de 2013. As metas estabelecidas

para os eixos de sustentabilidade referem-se a:

Consumo Sustentável:

o Eficiência Energética: redução de 5% do consumo de energia;

o Eficiência Hídrica: redução de 5% do consumo de água;

o Papel: redução de 10% do consumo e de 10% do número de cópias.

Gestão de Resíduos Sólidos: programa de coleta seletiva.

Licitações Sustentáveis: seleção e atendimento dos critérios ambientais para

produtos e serviços a partir de 2014.

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Programas de Sustentabilidade: relatório de iniciativas realizadas em eventos

pelas unidades.

Para o cumprimento destas metas foram acordados indicadores de avaliação de

resultados em consenso com a diretoria e colaboradores do Sebrae-ES.

Neste âmbito, conclui-se que o Plano de Gestão Sustentável do Sebrae-ES, visa a

estabelecer a cultura de sustentabilidade na organização por meio de ações e diretrizes que

estimulem o uso eficiente de recursos em suas atividades internas. São seis os eixos

prioritários estabelecidos neste plano: uso eficiente de papel, coleta seletiva e destinação

correta dos resíduos, uso eficiente de energia e água, qualidade do ambiente interno,

sustentabilidade para os eventos do Sebrae-ES e licitações sustentáveis.

O monitoramento diário da segregação adequada dos resíduos gerados perpassa por

quatro ações: a compra, o consumo, a coleta seletiva e o descarte do produto. Estes são

métodos simples e sistemáticos que envolvem o Sebrae-MT e o Sebrae-ES. Além disso, o

acompanhamento do uso inteligente da energia e da água são práticas significativas para

identificar medidas corretivas, preventivas e educativas que poderão mitigar o impacto

ambiental negativo. Desta maneira, para conhecimento de todos colaboradores, os resultados

são publicados no Portal Intranet das respectivas organizações e, no fim de cada ano, são

destacados os melhores desempenhos individuais e de equipe com a “remuneração variável”.

A implantação do programa da A3P no Sebrae-ES será uma iniciativa que demandará

esforços individuais e coletivos a partir do comprometimento pessoal e da disposição para

incorporar conceitos preconizados com o objetivo de mudança dos hábitos e a difusão do

programa. Apesar das ações em comum, destaca-se que cada unidade apresenta

particularidades e demanda prioridades diferentes.

Ainda que os modelos de gestão sustentável sejam diferentes (o Sebrae-MT e o

Centro Sebrae de Sustentabilidade adotaram o tripé da sustentabilidade e o Sebrae-ES adotou

a iniciativa da Agenda Ambiental na Administração Pública), estes se completam e trazem

estratégias e princípios coerentes com o objetivo do Sebrae, que é alcançar a sustentabilidade

ambiental por meio da adoção das práticas sustentáveis com redução dos impactos negativos

das suas atividades, contribuindo para a mudança dos padrões atuais de consumo e cultura do

desperdício. Sendo assim, as experiências exitosas das duas Unidades Federativas trazem

elementos fundamentais que podem ser inseridos na gestão interna do Sebrae-BA. Neste

sentido, as UF visitadas têm-se mostrado como eficazes para todo o Sistema Sebrae e a

sociedade promovendo discussões, difundindo boas práticas, eventos e apoiando a inserção da

sustentabilidade ambiental.

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Compete explicitar que, apesar de existir o Termo de Referência para Atuação do

Sistema Sebrae em Sustentabilidade, o documento traz um viés híbrido quanto à sua

aplicabilidade na gestão das MPE e na gestão interna do Sebrae, nos dois eixos primários de

atuação: 1) Gestão de Resíduos Sólidos; 2) Eficiência Energética. Na diretriz corporativa a ser

seguida, cada unidade do Sistema Sebrae promove a adoção de práticas sustentáveis como

diferencial competitivo no atendimento aos clientes de pequenos negócios.

De fato, o atual TR não versa de maneira explícita a respeito da integração de ações

sustentáveis na gestão interna do Sistema Sebrae. Ele apenas apresenta soluções práticas para

os clientes externos, as MPE. Contudo, como está evidente que os resultados esperados não

foram alcançados, o Comitê Nacional de Sustentabilidade iniciou a revisão e atualização do

TR com direcionamentos estratégicos para a incorporação de práticas ambientais na sua

gestão interna.

Portanto, a pesquisa de campo serviu de inspiração para a identificação das boas

práticas de sustentabilidade ambiental adotadas pelo Sebrae Mato Grosso, Centro Sebrae de

Sustentabilidade e o Sebrae Espírito Santo, considerados modelos de referência e aprendizado

na inserção de ações economicamente viáveis, socialmente justas e ecologicamente corretas,

integradas aos processos internos da organização. Estes modelos promoveram a ampliação da

compreensão e questionamentos sobre as ações ambientais, deste modo, permitindo um

exercício de reflexão sobre a gestão ambiental e a adequação de suas práticas aos conceitos de

uma organização sustentável. Além disso, esses intercâmbios de informações foram muito

úteis e contribuirão para formular a proposta de ação para efetiva adoção das novas práticas

de sustentabilidade ambiental e os seus desdobramentos na sede do Sebrae, em Salvador.

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4 SUSTENTABILIDADE NO SEBRAE EM SALVADOR

Neste capítulo, serão abordadas as características do Sebrae-BA e sua proposta de

gestão, sob um olhar ambiental, social e economicamente sustentável. Para isto, utilizar-se-ão

instrumentos gerenciais do atendimento empresarial em benefício da sociedade. Serão tratadas

as atuais práticas no ambiente do Sebrae-BA, tais como: formação do Comitê da

Sustentabilidade, Feira do Empreendedor com ações de responsabilidade socioambiental,

percepções e sugestões de práticas ambientais dos colaboradores por meio das análises dos

resultados da aplicação de um questionário e, por fim, os desafios e as propostas para

implementar e integrar, nos processos internos, as diretrizes da prática da sustentabilidade

ambiental nessa organização.

Ciente de seu papel na contribuição para o desenvolvimento sustentável, o Sebrae está

atento ao seu compromisso com a responsabilidade ambiental, por meio de ações graduais

direcionadas à incorporação destes princípios às suas atividades. Pode-se afirmar que uma

organização que pretende adotar ações sustentáveis visa à ética, ao respeito, à transparência e

à conservação dos recursos naturais. No entanto, se não estiver incluída em sua cultura

organizacional, dificilmente tais ações serão incorporadas.

A sociedade atual tende a privilegiar as organizações que conservam o ambiente

natural e que não só adotam medidas compensatórias para diminuir as externalidades

ambientais negativas, mas que realmente evidenciam, por meio de seus relatórios de gestão,

os compromissos assumidos e os resultados alcançados em relação à sustentabilidade.

A partir de todo o contexto apresentado, reitera-se que a sustentabilidade é um termo

usado para definir ações e atividades dos seres humanos que têm em vista suprir as

necessidades básicas da população sem comprometer o futuro das próximas gerações. A

sustentabilidade está diretamente interligada com o desenvolvimento social e econômico sem

que haja dano ao meio ambiente, sempre usando os recursos naturais de um modo inteligente

para eles possam existir no futuro.

O Sebrae é uma sociedade civil, sem fins lucrativos e mantida pela iniciativa privada,

por meio da contribuição social de 0,3% das empresas. Apesar de atuar no setor de serviços,

apresenta baixa externalidade negativa no aspecto ambiental, de tal modo que as exigências

legais quanto à sustentabilidade são mínimas, porém, a responsabilidade para com os seus

clientes não diminui o seu compromisso quanto à temática. Contando com uma rede formada

por trinta e um Pontos de Atendimento presencial, que abrangem os quatrocentos e dezessete

municípios baianos, o Sebrae Bahia oferece produtos e serviços que atendem o empreendedor

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nos diferentes estágios de desenvolvimento do negócio e oferecem orientação técnica

completa a quem deseja abrir, diversificar ou ampliar um empreendimento, disponibilizando

cursos, palestras, oficinas, consultorias, projetos e programas específicos de atualização para

melhoria da gestão empresarial. Desenvolve também projetos que incentivam a formalização

dos pequenos negócios e articula para a disseminação e criação de políticas públicas que

favoreçam o crescimento dos pequenos empreendimentos, contribuindo, assim, para a geração

de renda e emprego e o desenvolvimento econômico-social da Bahia e do Brasil.

A identificação de uma organização se faz, não só por meio de sua estrutura e de sua

forma de funcionar, mas também pela correta compreensão da sua missão, visão e valores. O

Sebrae tem como missão “promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos

pequenos negócios e fomentar o empreendedorismo, para fortalecer a economia nacional”. No

que tange à visão da organização, preza pela excelência no desenvolvimento dos pequenos

negócios, contribuindo para a construção de um país mais justo, competitivo e sustentável.

Seus valores primordiais são: conhecimento, inovação, compromisso com o resultado,

sustentabilidade, valorização humana e transparência.

O Sebrae-BA, pela natureza do seu negócio, gera diversos impactos sociais positivos:

geração de emprego e renda, promoção da inclusão social e desenvolvimento local de modo

sustentável. Os resultados que o Sebrae entrega à sociedade, em consonância com sua missão,

são voltados para o desenvolvimento social e medidos em função do desempenho no

mercado, junto aos clientes.

Compete sublinhar que a sustentabilidade empresarial e ambiental considera a

rentabilidade da organização, a geração de resultados econômicos, o cumprimento das metas

físicas e orçamentárias e ainda a contribuição para o desenvolvimento da sociedade. Neste

sentido, trata-se do conceito já citado nas seções anteriores, o Triple Bottom Line (tripé de

sustentabilidade), que determina que a empresa deva gerir suas atividades em busca – não só

do resultado financeiro, mas também do resultado ambiental e social. Nesta perspectiva, o

bem-estar dos indivíduos, a conservação da natureza e os lucros estão interligados ao negócio

e não podem ser dissociados.

Dito isto, o Sebrae-BA deverá estimular comportamentos e atitudes nos seus

colaboradores que permitam uma gestão sustentável compatível com os seus desafios

estratégicos, visto que seria incoerente o Sebrae-BA trabalhar ações de sustentabilidade

ambiental apenas com as empresas de micro e pequeno porte, e se eximir de adotar

internamente medidas de menor impacto ambiental.

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86

4.1 PROPOSTAS E PRÁTICAS RECENTES

A partir das experiências apresentadas, percebe-se um crescente interesse, por parte

dos dirigentes e colaboradores, em difundir e integrar práticas sustentáveis nas suas unidades.

É inegável a relevância do tema no Sistema Sebrae, mas há um caminho a ser percorrido para

que essas ações possam dar uma contribuição significativa para a melhoria do desempenho

ambiental na organização. As iniciativas já estão acontecendo em determinados Sebrae

Estaduais, sejam de forma atitudinal da consciência ambiental dos dirigentes e colaboradores,

seja para cumprir o seu papel como uma organização que tem, entre seus propósitos, o

objetivo de disponibilizar programas e projetos que incluem a sustentabilidade para atender à

sociedade empresarial.

O Sebrae-BA ainda não conseguiu efetivar amplamente as práticas sustentáveis nas

suas atividades. Uma das iniciativas existentes estão apresentadas no Quadro 3 e fazem parte

de ações integradoras de responsabilidade ambiental. Muito, do que será visto, apenas está no

papel sendo necessário um trabalho intenso de sensibilização do corpo diretivo e

colaboradores para que sejam cumpridas.

4.1.1 O comitê de sustentabilidade

É formado por um grupo multidisciplinar, criado em 2011, de acordo com a Resolução

DIREX nº 13/2011, com o objetivo de integrar a sustentabilidade à gestão do Sebrae-BA.

Desde então, o comitê tem buscado atuar de forma estratégica com a finalidade de disseminar

e aplicar práticas sustentáveis em todos os processos da organização.

Uma das lacunas identificadas pelos membros do comitê é a concretização de um

plano de ação baseado no Termo de Referência do Sistema Sebrae, em parceria com o Centro

Sebrae de Sustentabilidade. O plano de ação está estruturado em três eixos: 1. Gestão de

resíduos sólidos; 2. Eficiência energética; 3. Minimização de resíduos. Dentre as ações a

serem implantadas no Sebrae-BA para tratamento de impactos estão: coleta e destinação dos

resíduos sólidos; disponibilização de coletores seletivos de lixo; parceria com uma

cooperativa de reciclagem para coleta de resíduos sólidos; capacitação de fornecedores;

economicidade da água e energia com uso de torneiras automáticas e sensores de presença na

sede do Sebrae-BA; inclusão, nos processos licitatórios, de bens e produtos, de exigência do

cumprimento das Normas Brasileiras (NBR) que dizem respeito à gestão ambiental e

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orientação aos expositores da Feira do Empreendedor quanto à adoção de práticas

sustentáveis, na coleta e destinação dos resíduos.

Na primeira etapa da implantação, serão contempladas a sede do Sebrae-BA e o

Sebrae Mercês, onde funciona a Unidade Regional Salvador. Desenvolvido em 2012, o

ambiente virtual no portal corporativo Intranet compartilha, de forma esporádica, as ações e

informações voltadas para a sustentabilidade. Elaborado em 2013 pelo Comitê de

Sustentabilidade, o Plano de Gestão Sustentável do Sebrae propõe fazer com que a

organização atue nos três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e econômica. O plano

consiste na apresentação de alternativas que visam à eficácia no consumo, evitam o

desperdício desnecessário e promovam responsabilidade socioambiental da organização.

Os eixos prioritários para incorporar a gestão ambiental às ações do Sebrae são: uso

eficiente do material de consumo, uso eficiente de energia, redução do consumo de água,

envio correto dos resíduos sólidos, promoção da qualidade do ambiente interno e

disseminação do tema sustentabilidade entre os colaboradores. Esses eixos estratégicos são

indispensáveis para inserir a sustentabilidade ambiental na gestão interna do Sebrae-BA. No

entanto, as ações e práticas no Sebrae-BA ainda são incipientes, isto é, tímidas, pontuais e

superficiais.

Quadro 3 – Ações implantadas, 2011- 2014

ASPECTO

IDENTIFICADO

TIPO DE IMPACTO

(RELATIVO AO PRODUTO,

PROCESSO E/OU

INSTALAÇÕES)

AÇÃO IMPLANTADA

Consumo de Papel

Geração de resíduos

Instalações de novas impressoras com um

sistema inteligente que realiza a contagem de

impressão por colaborador, automaticamente

programadas para impressão frente e verso,

sendo eficiente também na redução de

desperdício, possibilitando a impressão após

liberação por crachá ou senha - já

implantadas nas Unidades Regionais e nos 1º,

3º e 6º andares da sede.

Consumo de Água

Esgotamento de recursos

naturais e danos ao ecossistema

1. Mudança das torneiras para modelo com

controle automático;

2. Adesivos de conscientização nos espelhos

dos banheiros.

Consumo de Energia

Esgotamento de recursos

naturais

1. Implantação de sensor de presença no

elevador;

2. Desligamento (stand by) automático dos

monitores dos computadores.

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Consumo de Copo

Descartável

Geração de resíduo

Distribuição de canecas personalizadas para

os colaboradores do Sebrae-BA.

Fonte: Comitê de Sustentabilidade Sebrae-BA

No plano de atuação do Comitê de Sustentabilidade, as recentes ações sustentáveis na

sede do Sebrae-BA foram baseadas nas abordagens temáticas, ou seja, referem-se ao eixo 1 da

A3P – usar racionalmente os recursos naturais e bens públicos implica em economia e

redução do desperdício. Este eixo engloba o uso eficiente da energia e água, além do consumo

racional de papel, copos plásticos e outros materiais de escritório.

Entre os aspectos e impactos ambientais consideráveis no âmbito das atividades do

Sebrae-BA, que não foram levantados pelo Comitê de Sustentabilidade, destaca-se o descarte

de lâmpadas fluorescentes, sendo este um resíduo contaminado e que merece toda a atenção

desde o momento da compra até o seu descarte. Estas deverão ser substituídas por lâmpadas

LED que são mais duráveis, além de reduzirem o consumo de energia, e não emitirem muito

calor. Outros resíduos importantes para descarte de forma adequada são aqueles do setor de

informática – lixo tecnológico, como computadores, impressoras, mouses, teclados, toner,

periféricos e outros utensílios. Desta forma, fazer uso de produtos sustentáveis na organização

significa contribuir para a preservação do meio ambiente.

As ações sustentáveis foram documentadas, porém poucas foram implantadas. Por

conta disso, percebe-se um cuidado maior na disseminação de dicas e campanhas internas

relacionadas ao calendário ambiental, especialmente a partir da adesão do Sebrae-BA ao

Modelo de Gestão da Excelência 20

(MEG), tendo em vista o quarto critério “Sociedade” 21

da

Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) que aborda a importância de entender as

necessidades e expectativas da sociedade e da comunidade na qual a organização está

inserida. Este critério avalia e divulga a relação da organização para com a sociedade a partir

do foco na responsabilidade socioambiental. Deste modo, o marco crítico é “Integrar a gestão

ambiental nas ações do Sebrae-BA”, a fim de atingir os objetivos traçados no Plano de

Melhoria da Gestão (PMG).

Mostra-se a seguir a experiência da Feira do Empreendedor, com base na

responsabilidade socioambiental, seus principais desafios e benefícios às partes interessadas.

20

O Modelo de Excelência da Gestão (MEG) é o carro-chefe da FNQ para a concretização da sua missão, que é

a de estimular e apoiar as organizações brasileiras no desenvolvimento e na evolução de sua gestão para que

se tornem sustentáveis, cooperativas e gerem valor para a sociedade e outras partes interessadas. 21

O quarto critério é Sociedade do Modelo de Excelência da Gestão (MEG). Esse Critério aborda os processos

gerenciais relativos ao respeito e tratamento das demandas da sociedade, ao meio ambiente e ao

desenvolvimento social das comunidades mais influenciadas pela organização.

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4.1.2 Feira do empreendedor ssustentável

O planejamento da Feira do Empreendedor 2013, em conformidade com o critério da

responsabilidade social, da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), considerando a

representação da sociedade, coerente com a missão do Sebrae, contemplou ações sociais e

ambientais que trouxeram benefícios para os clientes e a comunidade circunvizinha.

O estande Negócios Verdes e Sustentáveis teve um espaço de suma importância na

Feira do Empreendedor da Bahia 2013. Empresas que fazem uso de novas tecnologias e de

processos produtivos que reduzam o impacto negativo de suas ações sobre o meio ambiente

ou propiciem a redução dos impactos negativos de terceiros, são empresas que descobriram

oportunidades de negócios baseadas nas práticas de sustentabilidade. Ver o projeto

arquitetônico na Figura 16.

Para a avaliação das empresas candidatas à área de negócios verdes, foram

considerados os aspectos: valor do investimento inicial, aplicabilidade da tecnologia ou

processo produtivo, inovação e adequação ao mercado local.

Figura 16 – Projeto arquitetônico do estande de negócios verdes e sustentáveis

Fonte: Portal Intranet Sebrae Bahia, 2013.

A Ilha de Negócios Verdes e Sustentáveis teve a participação de onze expositores de

empresas, cujo foco de atuação era o reaproveitamento de materiais, redução do consumo de

recursos naturais e minimização do impacto sobre o meio ambiente, inspirando e

conscientizando os visitantes da feira para a tendência de consumo consciente. Foram

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Expositores de Negócios Verdes e Sustentáveis: Bahia Bikes; BioMagnetizer; Ecojardim;

Ecoplanet Energy; Ecotop; Estúdio Eco embalagens; Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia da Bahia (IFBA); Ingresso Verde; Koisa Nova; Lacerta Ambiental; Salveterra.

Além disso, a coordenação da Feira do Empreendedor firmou parceria com o Instituto

Federal da Bahia (IFBA) e contratou o Serviço Social da Indústria (SESI), para planejar e

executar as ações nesta área. O Quadro 4 resume as principais iniciativas:

Quadro 4 – Principais iniciativas em responsabilidade socioambiental

Fonte: Relatório da Feira do Empreendedor da Bahia 2013.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), por meio do

Grupo de Pesquisa em Produção e Química, realizou a gestão ambiental da Feira do

Empreendedor, assim como realizou, em 2009 e 2011. A gestão ambiental do evento valeu-se

das práticas de sustentabilidade orientadas pelo princípio da produção mais limpa. O trabalho

teve como foco ações específicas para o gerenciamento de resíduos, ecodesign e energias

ÁREA AÇÕES

Ambiental

Montagem de toda a feira, priorizando o uso de materiais reutilizáveis;

Avaliação da emissão de carbono resultante da realização do evento e plantio de

250 mudas de árvores para sua neutralização;

Coleta seletiva;

Distribuição de squeezes (garrafas térmicas) para todos os expositores, reduzindo

a utilização de copos descartáveis;

Realização de campanha de conscientização por meio da distribuição de cartilhas

com dicas de ações sustentáveis e cartazes educativos para redução do consumo

de água e energia em todo o pavilhão;

Elaboração de relatório da gestão ambiental do evento, com avaliação de

consumo de água, energia, combustível e geração de resíduos.

Social Realização de capacitações para membros da comunidade local do evento:

Associação Feminina Cristã, Comunidade Kolping, Comunidade Santo Antônio,

Colégio Garrastazu Médici;

Doação de notas fiscais recolhidas durante a feira para a utilização no programa

estadual “Nota Fiscal Solidária” à Associação Feminina Cristã e Comunidade

Kolping;

Doação de todo o material reciclável recolhido durante a feira para a cooperativa

de catadores CANORE, sediada no bairro de Nordeste de Amaralina, em

Salvador/BA;

Recolhimento e doação do óleo utilizado na área de gastronomia para a

Associação Pracatum;

Doação de toda a renda da bilheteria para a Associação Pracatum.

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renováveis que podem ser aplicadas aos pequenos negócios. Durante a feira, também foi

realizada a coleta seletiva por meio de lixeiras instaladas nas áreas de circulação e produção

do evento, promovendo a separação do material reciclável dos não recicláveis.

A montagem da estrutura foi realizada com materiais prioritariamente reutilizáveis,

evitando a produção ou desperdício de produtos. Também foi realizada orientação a

expositores, parceiros e patrocinadores, via manual específico, sobre o consumo consciente de

água, energia e demais insumos utilizados durante o evento.

O material reciclável recolhido durante a feira foi doado para cooperativas de

catadores que foram selecionadas pelo Instituto Federal da Bahia (IFBA). Também, durante o

evento, foram realizadas palestras com foco na temática sustentável: “Gestão de Resíduos

Sólidos”, “Sustentabilidade, um Planeta de Negócio” e uma vídeo palestra (Cine Empresarial)

sobre “Os 3Rs da Sustentabilidade”.

A Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia (UAIT), em parceria com o CSS,

acomodou em seu estande o espaço de Sustentabilidade, no qual o público interagia com a

equipe presente e com os equipamentos tecnológicos que traziam diversas informações sobre

as oportunidades de negócios sustentáveis.

4.2 SEBRAE: PERCEPÇÃO SOBRE A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA SEDE

DE SALVADOR

Diante da problemática apresentada, a teoria foi posta em prática aplicando-se um

questionário com o objetivo de identificar conhecimentos tácitos relativos à consciência

ambiental dos colaboradores na sede do Sebrae-BA em comportamentos explícitos, com o

intuito de analisar o nível de percepção dos colaboradores acerca do tema sustentabilidade

ambiental (ver as Tabelas e Gráficos, no Apêndice B).

A pesquisa de conhecimento, avaliação e utilização de práticas sustentáveis na gestão

interna, na sede do Sebrae-BA, propiciou questionar:

Quais procedimentos vêm sendo adotados na sede do Sebrae-BA, relacionados aos

aspectos ambientais?

Aderência do colaborador à medida que o Sebrae-BA vem adotando as práticas

sustentáveis, por meio da sua autoavaliação, quanto à aplicabilidade da

sustentabilidade ambiental no seu cotidiano;

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Quais as sugestões que os colaboradores apresentaram para fortalecer a inserção de

práticas de sustentabilidade ambiental na organização?

A sustentabilidade ambiental é parte da estratégia da organização?

Qual o nível de conhecimento dos colaboradores sobre o tema sustentabilidade

ambiental?

Qual o grau de importância atribuído ao tema pelos colaboradores?

O Sebrae-BA transmite uma boa imagem à sociedade em termos de iniciativas

sustentáveis no racional uso dos recursos naturais?

A aplicabilidade destes resultados poderá ser estendida ao Sebrae-BA na sua

totalidade, contribuindo assim na formação de uma Política Ambiental de Governança

Sustentável Corporativa.

Esta pesquisa permitiu avaliar aspectos relacionados ao tema práticas sustentáveis, na

sede do Sebrae-BA, no município de Salvador. A sondagem mostra a percepção dos

colaboradores sobre o nível de conhecimento em relação ao conceito de sustentabilidade

ambiental e sua aplicação no cotidiano; como se veem enquanto possíveis colaboradores;

propostas que se apresentam coerentes com o objeto da pesquisa.

Aproximadamente 30% dos colaboradores que responderam ao questionário

consideram que a sustentabilidade ambiental é parte integrante da estratégia do Sebrae-BA,

seja porque existe preocupação com a temática, seja pelo fato de a organização buscar atender

a uma expectativa social devido à sua natureza de sociedade civil sem fins lucrativos, o que,

em decorrência, poderia transmitir uma melhor imagem da organização.

Isoladamente, o tópico a conscientização para Sustentabilidade foi à razão apresentada

para fundamentar a não assimilação dos colaboradores aos princípios da sustentabilidade

ambiental, embora este item também tenha sido assinalado para argumentar que existe a

preocupação com a temática, denotando uma incoerência nos termos. Diante do exposto, os

respondentes sugerem para aceitação e adesão de todos os colaboradores que o Sebrae-BA,

faça campanha educativa e de incentivo voltada para a conservação do meio ambiente, por

meio de palestras, workshops, fóruns, folders, entre outros.

A pesquisa apontou que, para os colaboradores, o Sebrae-BA não é um exemplo de

organização sustentável, assim como até o momento não possui estratégias de estímulo às

práticas de gestão ambiental interna, cada vez mais demandadas pela sociedade em geral. Foi

dito ainda que o comitê criado para estruturar ações de conscientização ambiental não é

atuante, ou seja, não treina os colaboradores (apenas 8% participaram de mais de três ações de

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capacitação e debate sobre o assunto produzido pela organização). Ainda afirmaram que não

há divulgação de teorias e discussões sobre o tema, não são concluídas ações já existentes,

como a correta destinação dos resíduos selecionados, pois no fim do dia, estes são misturados

ao lixo comum, além de coletar pilhas e baterias que após a sua separação não possuem

também a devida destinação. Para estas situações, foi sugerida a criação de parceria entre o

Sebrae-BA e entidades que façam a coleta dos materiais e reciclagem.

Quanto à minimização do uso de copos descartáveis, a solução dada pelo Comitê de

Sustentabilidade foi à distribuição de canecas personalizadas, como incentivo à adoção de um

significativo controle do consumo de copos plásticos. Para isto, cabe ressaltar que 78% dos

colaboradores evitam o uso de copos descartáveis com a utilização das canecas.

Outra sugestão para a melhoria do uso racional de papel seria a substituição de

trâmites burocráticos de consultores e instrutores credenciados a organização – atualmente são

impressos os documentos para pagamentos desses prestadores de serviços. Recomenda-se que

os documentos sejam enviados por e-mail e armazenados eletronicamente no sistema de

gestão de processos de pagamentos. Deste modo, estaria adotando uma ação sustentável: o

controle do consumo de papel.

A iniciativa dessa organização em adquirir impressoras que identificam o seu usuário

foi amplamente elogiada pelos colaboradores como sendo uma ação eficaz, mas que deve ser

reforçada, junto a estes, a ideia de imprimir somente o necessário com a utilização de ambos

os lados da folha. Foi perceptível ainda o anseio dos respondentes por mais capacitações – em

função de sua autoavaliação entende-se que os colaboradores possuem atitudes de

sustentabilidade ambiental mediana.

Fatores como os acima mencionados, impactam na imagem da empresa perante seus

colaboradores e partes interessadas. Isto justifica que apenas 32% considerem que a empresa

passa uma boa imagem à sociedade, 41% afirmam que a empresa não possui ações de

sustentabilidade ambiental em sua estratégia e, apenas, 8% avaliam boas as orientações e

debates, práticas de consumo racional e as compras sustentáveis.

Ainda que o Sebrae-BA não transmita uma boa imagem em termos de

comportamentos sustentáveis, entende-se que a cultura organizacional é o ponto de partida de

fomento e inserção de práticas voltadas para a sustentabilidade ambiental. O Sebrae-BA,

quando participa como agente transformador nas questões de impactos ambientais, faz com

que seus colaboradores se tornem mais conscientes em relação às atitudes sustentáveis.

Considerando a finalidade da pesquisa, de verificar as práticas que promovam a

integração da gestão ambiental na sede do Sebrae-BA, os colaboradores contribuíram com

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sugestões de melhorias nos aspectos de sustentabilidade ambiental. A seguir, a síntese das

ações recomendadas:

Descarte e destinação de resíduos eletrônicos: informar aos colaboradores sobre a

importância da coleta, aumentar o número de coletores e constituir uma parceria entre o

Sebrae-BA e uma empresa (associação/cooperativa) de reciclagem para a coleta contínua dos

materiais. Além disso, a faculdade de Ciência da Computação da UFBA recebe tais materiais

e os reusa como atividades práticas de algumas disciplinas;

Uso racional dos recursos hídricos: conscientização dos colaboradores;

substituição de torneiras que não tenham temporizadores; arejadores; troca dos mecanismos

de descargas por modelos sustentáveis, isto é, a vácuo e que tem dois fluxos diferentes com

separação por nível de água; coleta e uso da água da chuva para lavar o edifício e para

descargas; consertar vazamentos, utilização dos filtros de água e não de água mineral;

Uso racional da energia: deixar cortinas abertas para iluminação natural, limpeza

dos aparelhos de ar condicionado, sensores de presença para que a luz somente fique acesa

com pessoas no ambiente, desligar os aparelhos de ar condicionado, desligar os monitores

(inclusive na hora do almoço), apagar a luz ao sair; separação dos pontos de luz para que as

salas tenham iluminações independentes, utilização de energia eólica, como forma de reduzir

luz e passivos trabalhistas ao apagar a luz às 19h;

Segregação e destinação dos resíduos sólidos: separar os resíduos, o lixo úmido e

seco, treinar os colaboradores para que não descartem resíduos orgânicos nas salas; instituir

parcerias com empresas (associações/cooperativas) para a coleta seletiva de forma orientada e

com recolhimento contínuo e ordenada; certificar que o lixo separado terá o destino adequado;

Inserção de exigências sustentáveis nos processos licitatórios: adquirir produto

com Selo Verde; comprar equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos com o selo do

Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel); solicitar aos fornecedores

que se capacitem na metodologia “5 Menos que São Mais – Redução de Desperdício” está

organizada para proporcionar benefícios associados à melhoria do desempenho ambiental da

empresa; exigir carta das empresas declarando a inexistência de trabalho infantil ou escravo,

ampliar isso a todo o processo de licitação; sensibilizar os dirigentes quanto ao assunto e

incentivar a inserção de cláusulas e a especificação de produtos e serviços sustentáveis nos

Termos de Referência;

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Uso racional de papel, toner e cartuchos: a utilização de impressoras que

identificam o usuário “foi excelente”; ter cota de papel por colaborador e cota mensal de toner

e cartucho por Unidade; utilizar na impressão os dois lados do papel (frente e verso);

Uso racional de copos plásticos: incentivar o uso das canecas ou usar se

necessário, apenas um copo descartável por dia;

Uso racional de combustíveis: revisar o veículo; incentivar carona solidária; fazer

reuniões virtuais ao invés de fazer reuniões presenciais com deslocamento; fazer a gestão do

uso do carro e, assim, mais de um colaborador utilizar o mesmo carro para ações externas;

limitar a quilometragem por colaborador; criar e comparar indicadores de uso de combustível

por colaborador; determinar que os automóveis sejam abastecidos apenas com combustível de

fontes renováveis (etanol).

Com base nas informações coletadas por meio da aplicação do questionário e na

comprovação realizada pela avaliação da pesquisadora, pode-se inferir que há necessidade do

Sebrae-BA implementar – de forma efetiva e atuante – a gestão ambiental, com o intuito de

oferecer aos colaboradores orientações e treinamentos específicos. Assim estes, serão

sensibilizados quanto à relevância e benefícios que poderão obter por meio da adoção de

atitudes relativas às boas práticas sustentáveis de maneira continuada e periodicamente

avaliada. Além disso, faz-se necessário monitorar os resultados e criar indicadores de

sustentabilidade ambiental no processo de gestão.

O Sebrae-BA deverá preparar seus colaboradores para conviverem com essa realidade,

que se consolida, a cada dia, a sustentabilidade ambiental, uma vez que é imprescindível

preservar os recursos naturais, é preciso criar formas de assegurar essa proteção sem

comprometer o atendimento às necessidades atuais do ser humano, mas também sem

nenhuma ameaça à capacidade de desenvolvimento no futuro.

Portanto, a partir das percepções, observações e da análise das respostas dadas ao

questionário aplicado aos colaboradores lotados na sede do Sebrae-BA, a pesquisadora

proporá diretrizes ambientais que poderão potencializar a inserção da sustentabilidade

ambiental na gestão interna, na sede do Sebrae-BA (ver Quadro 4).

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4.3 PROPOSIÇÕES PARA FORTALECER A INSERÇÃO DA SUSTENTABILIDADE

AMBIENTAL NO SEBRAE, EM SALVADOR

De maneira prática, o que se observa é que, ao incorporar práticas mais sustentáveis,

as organizações conseguem diminuir o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente,

além de reduzir custos.

Ao racionalizar a utilização da energia, a empresa não apenas ajuda a natureza, mas

também reduz despesas. Ao adotar uma política de transporte mais eficaz, a empresa diminui

a emissão de gases de efeito estufa e ainda minimiza custos. Ao engajar seus colaboradores

nas metas de desempenho individual, de equipe e na avaliação fundamentada no plano de

ação ambiental, com a possibilidade de adequar o Programa Sebrae de Excelência em Gestão,

e oferecer o melhor ambiente de trabalho, o Sebrae-BA ganha em produtividade e

economicidade. Esses são apenas alguns exemplos que compõem uma visão sistêmica mais

aprimorada de gestão inserida no contexto da quebra de paradigmas e mudanças em prol da

responsabilidade ambiental.

Conforme descrito na seção 4.1.1, o Comitê de Sustentabilidade elaborou o Plano de

Gestão Sustentável do Sebrae-BA, que consiste na apresentação de alternativas que visam

eixos prioritários baseados na A3P e no Termo de Referência para Atuação do Sistema Sebrae

em Sustentabilidade. A proposta deste plano é fazer com que o Sebrae-BA atue nas três

dimensões da sustentabilidade: ambiental, social e econômica, o modelo citado na seção 2.2.1,

o Triple Bottom Line. Adotá-lo permite que o Sebrae Bahia tenha uma análise comparativa de

seu desempenho nas dimensões supracitadas em relação às organizações de todo o mundo.

Como referencial na gestão de suprimentos, o Sebrae-BA adotará as recomendações

definidas no programa A3P, do Ministério do Meio Ambiente, no item “Compras

Sustentáveis”, abordado na seção 2.2.2. A atuação com responsabilidade ambiental, dentre

outros atributos indispensáveis para a busca da nova organização, deverá observar as práticas

futuras e pensar no presente. Neste contexto, está inserida a gestão sustentável no controle do

consumo de energia, da água, papel, copos plásticos, destinação dos resíduos sólidos e outros

elementos, menos óbvios, porém não menos importantes.

Nos capítulos e seções anteriores, discutiu-se a sustentabilidade, dada sua

característica multidimensional e os princípios que a cercam. Foram também abordadas suas

dimensões e os autores que as defendem. Sendo assim, as informações trazidas evidenciam a

necessidade de pensar a sustentabilidade ambiental de forma prática em toda dimensão da

intervenção humana no ambiente natural.

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97

Cabe sublinhar que, atinente à sustentabilidade ambiental, a literatura é vasta quando

se trata do setor da indústria (pois este é notadamente o que traz maior impacto negativo ao

meio ambiente), porém pouco foi escrito a respeito da relação entre o setor de serviços e a

problemática ambiental. Os estudos de casos estão relacionados aos agentes financeiros, ou

seja, os bancos privados e oficiais; hotéis; escolas; universidades e hospitais. No entanto, “[...]

todas as atividades de serviços, em menor ou maior escala, geram impactos ambientais em seu

dia a dia, que podem incluir consumo de energia e de água, geração de resíduos sólidos e

efluentes líquidos, poluição do ar, além de alterações nos ecossistemas e ambientes naturais”

(VILELA Jr.; DEMAJOROVIC, 2013, p.171 e 172). O Sistema Sebrae atua no setor de

serviços e os estudos de campo foram realizados em duas Unidades Federativas: Mato Grosso

e Espírito Santo, assim como a pesquisa foi aplicada na sede do Sebrae-BA, onde a

pesquisadora atua.

A elaboração desse trabalho se recorreu as contribuições advindas da fundamentação

teórica, apreciações de documentos, artigos científicos e técnicos, das percepções despertadas

durante a pesquisa de campo, dos depoimentos, dos intercâmbios de informações e das

análises da pesquisa aplicada aos colaboradores, foi desenvolvida a proposta de ação para

potencializar a sustentabilidade ambiental na gestão interna do Sebrae-BA, baseada na

questão principal do trabalho. Assim, baseados nos eixos temáticos da A3P, nas experiências

bem sucedidas do Centro Sebrae de Sustentabilidade, Sebrae-MT e do Sebrae-ES e nos

modelos de gestão organizacional centrada na sustentabilidade ambiental, foram traçadas

diretrizes para integrar novas práticas sustentáveis na gestão interna do Sebrae, em Salvador.

Diretrizes propostas:

1. Implantar a ISO 14001

2. Eficiência energética;

3. Uso eficiente da água;

4. Gerenciamento de resíduos sólidos;

5. Compras sustentáveis;

6. Investir na qualificação de colaboradores e parceiros.

A partir das diretrizes propostas foi elaborada a seguir, no Quadro 5, a proposta de

ação ambiental.

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Quadro 5 – Proposta de diretrizes para ação ambiental

PROPOSTA DE AÇÕES AMBIENTAIS ALINHADAS COM AS DIRETRIZES

22

No âmbito da edificação sustentável, entende como essenciais: adequação do projeto ao clima do local,

minimizando o consumo de energia e otimizando as condições de ventilação, iluminação e aquecimento naturais;

previsão de requisitos de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida ou, no mínimo, possibilidade de

adaptação posterior; atenção para a orientação solar adequada, evitando-se a repetição do mesmo projeto em

orientações diferentes; utilização de coberturas verdes; e a suspensão da construção do solo (a depender do

clima).

AÇÕES

COMO FAZER

Realizar o planejamento estratégico

participativo direcionado a sustentabilidade

ambiental

O planejamento, que deverá ser discutido, elaborado e

aprovado por todos do Comitê de Sustentabilidade e,

principalmente, pelos dirigentes;

Publicar o planejamento estratégico na página da

Sustentabilidade e divulgar o link no Boletim semanal -

“Sebrae Informa”.

Elaborar diagnóstico com base na ISO 14001

Implantar Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

Elaborar diagnóstico sobre eficiência

Energética

Racionalizar o uso da água

Realizar compras de forma Sustentável

Sensibilizar e conscientizar colaboradores e os

terceirizados na adoção de práticas

sustentáveis

Contratar consultoria especializada para realizar esta etapa.

Implementar as ações para implantação do Sistema de Gestão

Ambiental - NBR ISO 14001, ferramenta que descreve todos

os procedimentos para obter a certificação.

Contratar uma consultoria especializada para vistoriar a

eficiência energética e ar condicionado.

Monitorar o uso da água e buscar implementar ações para

redução do consumo. Criar indicadores de sustentabilidade

ambiental do processo de gestão.

Integrar considerações ambientais e sociais em todos os

estágios do processo da compra e contratação, com o

objetivo de reduzir impactos à saúde humana, ao meio

ambiente e aos direitos humanos.

Capacitar e orientar os colaboradores e terceirizados;

Promover vivências práticas fora da organização com foco

no conhecimento das ecotécnicas, compostagem e outros. Ou

seja, encontros lúdicos educativos.

Premiar o melhor colaborador nas iniciativas

no uso racional dos recursos naturais

Construir a nova sede do Sebrae-BA de forma

Sustentável 22

Desenvolver aplicativos para monitorar o

consumo de água, energia, copos descartáveis e

papel

Mecanismo de reconhecimento ao controle do consumo de

energia, água, copos descartáveis, papel e combustível. Além

disso, o incentivo dos colaboradores ao uso eficiente dos

recursos naturais.

Acompanhar a execução do projeto da obra sustentável

podendo utilizar como parâmetro os Selos AQUA ou LEED.

Medir e avaliar o desempenho dos indicadores ambientais

quantitativos regularmente (água, energia, resíduos sólidos,

entre outros). Indicadores psicossociais qualitativos (valores,

atitudes, comportamentos);

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Fonte: Elaborado pela autora.

A proposta de ação ambiental deve ser posta em prática através da interação direta e a

participação da alta direção. Assim, para que tudo não fique apenas no plano do discurso, é

necessária a interação humana, o diálogo e a compreensão, por parte da gestão, que deve

partir dela a incorporação das práticas sustentáveis.

A partir das discussões, compreende-se que implementar a cultura pró-sustentabilidade

em uma organização não acontece imediatamente. Mas o primeiro passo tem que ser dado, e o

caminho dar início pela conscientização ambiental, juntamente com a postura ética,

transparência e respeito aos públicos de relacionamento. É perceptível, contudo, que a

transição efetiva para adoção de práticas ambientais requererá esforços substanciais e o

engajamento de todos os colaboradores do Sebrae-BA, especialmente dos dirigentes,

assumindo seu papel de agente de mudança, para se seguir nesse caminho.

Conclui-se que mudar hábitos, atitudes e construir novos valores na organização são

questões necessárias e demandam que o corpo diretivo e colaboradores mudem sua cultura. O

envolvimento e a participação de todos os colaboradores nas ações ambientais do Sebrae-BA

promoverá uma conduta de corresponsabilidade pelas mudanças de paradigmas. Ainda que

não haja transformações na estrutura social, haverá melhor qualidade de vida no ambiente

interno e externo da organização, promovendo um espaço mais dinâmico entre os atores que

promovem uma gestão ambiental participativa.

Elaborar cartilhas em quadrinhos e

infográficos

Implementar a Norma Regulamentadora – NR

9

O sistema de monitoramento contínuo promoverá a

transparência dos resultados e, no fim do ano, contribuirá

para premiar o colaborador;

Imprimir cartilhas, folhetos, agendas em papel 100%

reciclado, com tinta vegetal e práticas ecológicas.

Ilustração educativa e lúdica, inerentes às boas práticas

cotidianas do colaborador sustentável.

Acompanhamento e avaliação do Programa de Prevenção de

Riscos Ambientais (PPRA) - visa à preservação da saúde e

da integridade dos colaboradores, por meio do controle da

ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a

existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a

proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma vez que um dos motivos para a realização da presente pesquisa foi a inquietação

em identificar lacunas das práticas de sustentabilidade ambiental aplicadas pelo Sebrae, os

elementos que garantissem a continuidade e a sustentação das atuais práticas, e a inserção de

novas medidas na gestão interna, foram agregados ao enfoque analítico as abordagens à

sustentabilidade, buscando responder a principal pergunta: Quais são as práticas que podem

potencializar a inserção da sustentabilidade ambiental na gestão interna do Sebrae, em

Salvador?

Com base na indagação supracitada, chega-se ao objetivo geral do trabalho: verificar

as práticas que podem potencializar a inserção da sustentabilidade ambiental na gestão interna

do Sebrae, em Salvador. Contudo, para se cumprir a esse objetivo, primeiro foi preciso avaliar

o contexto da sustentabilidade e identificar as organizações do setor de serviços com melhores

práticas ambientais.

Os objetivos prévios traçados para responder a essa questão foram: primeiro,

sistematizar as referências teóricas e práticas sobre sustentabilidade ambiental aplicada às

organizações – conforme explicitado pelos autores Sachs e Guimarães, a sustentabilidade

possui uma característica multidimensional, após as apreciações dos modelos, observa-se que

há interseções nas definições dos autores. Buscou-se também identificar práticas ambientais

desenvolvidas pelo Sebrae. Os resultados obtidos após conhecer as diferentes abordagens de

sustentabilidade contidas nos livros, artigos, relatórios, documentos eletrônicos, vídeos,

depoimentos, conversas, nas lições apreendidas por meio da Residencial Social, com os

integrantes da sede do Sebrae-BA e avaliação das pesquisas de campo, contribuíram para o

desenvolvimento de uma proposta de diretrizes para ação ambiental na gestão interna do

Sebrae, em Salvador.

Por meio da perspectiva de novas práticas elencadas no Quadro 5 – Proposta de

Diretrizes para Ação Ambiental – pode-se chegar à implementação de políticas e práticas

inovadoras de gestão sustentável, com vistas ao consumo racional dos recursos naturais a

partir da incorporação de algumas iniciativas eficientes e estratégicas no dia a dia da

organização. Estas são: elaborar o planejamento estratégico; desenhar o modelo de negócios

sustentáveis - Canvas; gravar vídeo explicativo sobre educação ambiental; fazer o diagnóstico

da infraestrutura física da sede Sebrae-BA, no que tange à eficiência energética e recursos

hídricos; sensibilizar e conscientizar os colaboradores e os terceirizados de serviços gerais na

aplicação de práticas ambientais; premiar o melhor colaborador que tenha promovido

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iniciativas no uso racional dos recursos naturais; produzir game interativo sustentável;

desenvolver programa para monitorar em tempo real o consumo de água, energia, copos

descartáveis, papel e material de escritório; proporcionar carona solidária corporativa;

infográfico da conscientização ambiental com intuito de forma ilustrativa, lúdica, informar,

educar e persuadir os colaboradores sobre as transformações necessárias voltadas para

comportamentos ambientais; construção sustentável da nova sede Sebrae-BA; implantar o

Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Essas são algumas propostas de práticas ambientais –

adotar instrumentos para aproveitar de forma eficiente às condições naturais e fazer com que

os benefícios trazidos por essas ações sejam incorporadas de maneira inclusiva pelos

dirigentes e colaboradores dessa organização.

Este trabalho apresenta as dimensões ambiental, social e econômica para o

desenvolvimento sustentável nas organizações. No âmbito empresarial, as três dimensões da

sustentabilidade se identificam com o conceito do Tripé da Sustentabilidade, abordado

anteriormente na seção 2.2.1. No entanto, ao cumprimento do objetivo proposto pela pesquisa,

foi enfatizada a dimensão ambiental do tripé da sustentabilidade, nos campos teórico e

prático.

Embora o Sebrae-BA ainda não tenha aderido completamente aos eixos temáticos da

A3P, as ações implantadas no âmbito da organização demonstram consonância com os

elementos do programa de gestão da sustentabilidade, mencionado na seção 2.2.2.

Antes de iniciar a exposição dos principais resultados, convém tecer um comentário

sobre a limitação da pesquisa do presente estudo: a dificuldade de aplicar o questionário no

modo presencial com os colaboradores locados na sede do Sebrae-BA levou a pesquisadora a

optar pelo formato eletrônico por meio da plataforma SharePoint, além de a pesquisa ter

ficado disponível no Portal Corporativo Intranet, durante dez dias. Também foram enviados e-

mails como forma de incentivar os colaboradores a serem céleres em responder ao

questionário. Mesmo assim, da população de cento e trinta colaboradores, em Salvador

apenas, trinta e oito respondentes.

A partir dos resultados obtidos, foi possível traçar um perfil não só da inserção da

sustentabilidade ambiental na gestão interna do Sebrae-BA, como também perceber a atual

situação, sobretudo ao comprometimento, à vontade e a disposição dos dirigentes e dos

colaboradores na dinâmica de adotar atitudes das práticas ambientais. Esse conhecimento é

fundamental, pois manter todos os colaboradores motivados é um importante desafio para

alcançar a sustentabilidade ambiental. A seguir, apresentam-se os principais pontos de

reflexão acerca dos resultados dessa pesquisa:

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De acordo com os colaboradores, a sustentabilidade ambiental ainda não é parte

da estratégia da organização. Porém, afirmam que são receptivos em aderir a práticas mais

sustentáveis, entretanto, caberá ao comitê de sustentabilidade reformular sua estratégia de

ação;

Apontam as reduzidas discussões e esclarecimentos sobre metas e objetivos mais

amplos da organização sobre a incorporação de práticas ambientais nas suas atividades e

processos;

A maior aceitação veio no quesito de recursos hídricos. Contudo, as práticas

podem ser melhoradas à medida que torneiras e descargas sejam trocadas, além da

reutilização da água da chuva, e do conserto dos vazamentos de torneiras;

Os colaboradores sentem necessidade de serem incentivados a adotarem as

práticas sustentáveis e também de terem acesso a novos conhecimentos. A maioria deles é

interessada nas práticas de sustentabilidade ambiental, mas precisam de estímulos. Nesta

perspectiva, do discurso a ação, ainda é preciso percorrer um razoável caminho para que a

conscientização possa assumir um papel efetivo na gestão ambiental, uma vez que as ações

não estão integradas na cultura organizacional do Sebrae-BA, encontrando-se apenas

formatadas no papel.

Na prática, há uma distância entre a intenção e a atitude, o discurso não se traduz em

práticas ambientais cotidianas, porque os princípios da conscientização ambiental continuam

incipientes.

Diante do exposto, a incorporação das práticas sustentáveis e da conservação

ambiental no dia a dia do Sebrae-BA requer uma mudança de cultura em todos os seus níveis

funcionais. A inserção dessas ações na cultura da organização exige um sistema de

comunicação eficiente entre seus vários níveis hierárquicos, por meio do estabelecimento de

um programa de conscientização ambiental que mobilize os dirigentes, que são atores

estratégicos, para a efetiva implementação das práticas sustentáveis, assim como todos os seus

colaboradores e terceirizados.

Apesar disso, percebe-se que a educação ambiental começa gradativamente se fazer

presente nas atividades do Sebrae-BA, mesmo que, ainda de forma tímida e pontual. Por

exemplo, nos processos licitatórios, realizados pela Unidade de Tecnologia da Informação e

Comunicação (UTIC), tem sido exigido que o licitante classificado apresente à Comissão de

Licitação o certificado de proteção ambiental. Também foram tomadas algumas precauções

na contratação de empresa especializada para prestação de serviço de impressão corporativa,

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de forma que haja garantia dos equipamentos que prezem pela conservação do ambiente e

fontes energéticas.

O caminho lógico percorrido na fundamentação teórica e prática estão alicerçados em

diversos trabalhos, dentre os quais se destacam os teóricos: Sachs, Veiga, Barbieri, Dias,

Capra, Valle, Villela Jr.; Demajorovic; do Programa A3P; das experiências e os saberes

apreendidos pela pesquisadora no CSS, Sebrae-MT e no Sebrae-ES; das reflexões esboçadas

na pesquisa, logo esses conhecimentos foram apropriados no desenvolvimento da proposta de

ação, descrita na seção 4.3, que visa incorporar a variável ambiental na gestão estratégica

interna do Sebrae, em Salvador.

Retornando às interpretações dos autores explicitados no arcabouço do referencial

teórico, às práticas observadas e à análise dos resultados da pesquisa de campo, é perceptível

que as recomendações propositivas requerem ações complementares, com vistas a atingir o

objetivo do prognóstico do estudo. A seguir, apresentam-se os produtos a serem elaborados

para auxiliar o Sebrae-BA nessa caminhada, a saber:

Criação em formato digital do Guia de Gestão Ambiental do Sebrae-BA. Esse e-book

será divulgado no site (http://bis.sebrae.com.br/) da Biblioteca Interativa Sebrae (BIS),

ambiente de compartilhamento de conteúdos na rede;

A gravação de vídeos com os exemplos das melhores práticas ambientais adotadas

pelos dirigentes e colaboradores. Esses vídeos serão publicados no Portal Corporativo

Intranet, na página da sustentabilidade

https://intranet.ba.sebrae.com.br/sustentabilidade/).

Este trabalho é importante para o avanço da conscientização empresarial sobre a

eficiência e a qualidade dos serviços e reforça a introdução de práticas de gestão para a

sustentabilidade ambiental como forma de agregar valor institucional ao Sebrae-BA. Em

consonância com as proposições, visa contribuir para melhoria e promoção da sua gestão

sustentável. A atuação dentro do Sebrae-BA deve ser entendida como um círculo, onde não há

princípio, meio e fim. Reitera-se que todos - desde dirigentes até colaboradores - devem estar

comprometidos com as suas práticas, pensamentos e ações. Esse círculo virtuoso passa, por

exemplo, pelo estímulo a conceitos ambientalmente responsáveis e pelo uso racional dos

recursos naturais. Nesta conjuntura, faz-se necessário, como etapa obrigatória, apresentar a

devolutiva do estudo ao Comitê de Sustentabilidade; ao corpo diretivo por meio da reunião da

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Diretoria Executiva; publicá-lo na Universidade Corporativa Sebrae, no “Portal Saber”

(http://uc.sebrae.com.br/pagina/portal-saber) - plataforma de registro de publicações

desenvolvida para os colaboradores do Sebrae compartilharem seus estudos e experiências,

visando ao registro e disseminação do conhecimento de todos que contribuem com a missão

do Sebrae, em qualquer momento e de qualquer lugar. Deste modo, ele permite que outros

colaboradores possam ler, avaliar, inserir no repositório de favoritos e comentar o trabalho,

contribuindo com novas ideias que geram novos conteúdos. Além disso, as discussões devem

ser difundidas em seminários, cursos, fóruns, oficinas, workshops.

A pesquisadora participará, acompanhará e monitorará ativamente a aplicação da

proposta de ação ambiental nas dependências da sede do Sebrae, em Salvador junto a outros

colaboradores, com objetivo de nivelar e aperfeiçoar a metodologia de aplicação das práticas

ambientais à realidade e à necessidade dessa organização.

Após a plena implementação da proposta de ação ambiental, são esperados os

seguintes resultados: redução do desperdício e minimização dos impactos ambientais;

economia dos recursos naturais e dos bens públicos; mudança de hábitos do corpo diretivo e

colaboradores e melhoria da qualidade de vida no trabalho com a adoção de atitudes e

procedimentos ambientalmente corretos.

Este estudo de averiguação das práticas que podem potencializar a inserção da

sustentabilidade ambiental na gestão interna, na sede do Sebrae-BA, gerou um corpo de

conhecimentos, que poderá servir como base para uma sequência de análises e reflexões sobre

as atitudes em relação à sustentabilidade ambiental, tais como o compromisso dos dirigentes;

o desempenho do Comitê de Sustentabilidade, além de provocar, nos colaboradores, o

sentimento de importância e cooperação efetiva, entre outros, no sentido de traçar

direcionamentos estratégicos futuros para organização. Assim sendo, entende-se que este

estudo cumpriu o propósito mencionado, fruto das investigações, das contribuições no campo

teórico e prático a respeito de sustentabilidade ambiental.

Como é de se esperar, o estudo não se esgota, pelo contrário, suscita novas questões

prospectivas relevantes existentes em torno do tema que podem gerar pesquisas futuras: A

transformação cultural necessária no aspecto ambiental corresponde aos valores dos

colaboradores? Como evoluiu a performance sustentável do Sebrae-BA e da nova estratégia

de sustentabilidade ambiental? Além disso, ainda existem novos desafios a serem estudados

no processo da gestão ambiental com a proposta de apresentar a visão holística do Sebrae-BA.

Devido à natureza do trabalho, a metodologia proposta, alguns aspectos certamente vão ser

complementados por outros trabalhos de interesse semelhante.

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Espera-se que este trabalho possa subsidiar os interessados na promoção da

sustentabilidade ambiental, e que ao induzirem o processo, contribuam de alguma maneira,

para a conservação ambiental e para a construção de uma sociedade mais justa e mais

sustentável.

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116

APÊNDICE A – Questionário da pesquisa

Práticas Sustentáveis na Gestão Interna do Sebrae-BA

Se preocupar com o meio ambiente e cuidar dele é uma obrigação de todos, pois é nele

que vivemos e é de seus recursos que dependemos. Porém, nem todo mundo tem essa

consciência, há muitos indivíduos que ainda não despertaram para a importância das práticas

ambientais no dia a dia, seja nas atividades do trabalho, seja em sua residência.

Com a finalidade de verificar as iniciativas relacionadas às práticas da sustentabilidade

ambiental na gestão interna do Sebrae-BA, convido a responder a pesquisa para saber se você

é ecologicamente correto ou precisa reciclar seus hábitos para melhorar sua relação com o

meio ambiente?

Agradeço a disponibilidade e conto com a sua valiosa contribuição!

1) Considerando os princípios da sustentabilidade e avaliando a sua aplicabilidade no

edifício Sede Sebrae, de 0 a 4, dê a nota à medida que os procedimentos vêm sendo

adotados no Sebrae Bahia. Sendo:

1 – Baixa aderência

2 – Aderência regular

3 – Média aderência

4– Alta aderência

Aspectos ambientais avaliados 1 2 3 4 Não sei

responder

Não quero

responder

Descarte e destinação de resíduos tecnológicos,

isto é, o lixo eletrônico: computadores, monitores,

impressoras, CD, DVD, baterias, pilhas, telefones,

dentre outros.

Uso racional dos recursos hídricos.

Uso racional da energia.

Segregação e destinação dos resíduos sólidos.

Inserção de exigências sustentáveis nos processos

licitatórios.

Uso racional de papel, copos descartáveis, toner e

cartuchos.

Uso racional de combustíveis.

Campanhas educativas para sensibilizar a adoção

de práticas sustentáveis.

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117

2) Considerando os princípios da sustentabilidade e avaliando a sua aplicabilidade no

edifício Sede Sebrae, de 0 a 4, dê a nota que você se autoavalia quanto a sua aderência à

medida que o Sebrae Bahia vem adotando as práticas sustentáveis. Sendo:

1 – Baixa aderência

2 – Aderência regular

3 – Média aderência

4– Alta aderência

Aspectos ambientais avaliados 1 2 3 4 Não sei

responder

Não quero

responder

Descarte e destinação de resíduos tecnológicos,

isto é, o lixo eletrônico: computadores,

monitores, impressoras, CD, DVD, baterias,

pilhas, telefones, dentre outros.

Uso racional dos recursos hídricos.

Uso racional da energia.

Segregação e destinação dos resíduos sólidos.

Inserção de exigências sustentáveis nos

processos licitatórios.

Uso racional de papel, copos descartáveis, toner

e cartuchos.

Uso racional de combustíveis.

Campanhas educativas para sensibilizar a adoção

de práticas sustentáveis.

3) Agora, dê as suas contribuições para que essas medidas possam ser implementadas

pela organização e por você colaborador (a) do Sebrae/BA. Cite até três medidas

prioritárias para cada um dos aspectos ambientais.

Aspectos ambientais Medidas que podem ser implementadas

Descarte e destinação de resíduos eletrônicos e

equipamentos e componentes eletroeletrônicos.

1.

2.

3.

Uso racional dos recursos hídricos. 1.

2.

3.

Uso racional da energia. 1.

2.

3.

Segregação e destinação dos resíduos sólidos. 1.

2.

3.

Continua...

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118

Inserção de exigências sustentáveis nos processos

licitatórios.

1.

2.

3.

Uso racional de papel, copos descartáveis, toner e

cartuchos.

1.

2.

3.

Uso racional de combustíveis. 1.

2.

3.

4) Para você a sustentabilidade ambiental é parte da estratégia da organização?

( ) Sim

( ) Não. Por quê? ___________________________________________________

5) Como avalia o seu conhecimento sobre a gestão ambiental interna?

( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo

6) Na sua opinião, qual a nota que atribui para o Sebrae/BA, 1 (Péssimo); 2 (Ruim);

3 ( Regular); 4 (Boa); 5 (Ótimo). Em termos de:

( ) Orientações, debates e estudos sobre sustentabilidade ambiental

( ) Práticas relacionadas com o consumo racional de recursos naturais

( ) Compras sustentáveis

( ) Relevância nas ações estratégicas que envolvam as práticas sustentáveis

7) O Sebrae-BA transmite uma boa imagem em termos de iniciativas sustentáveis no uso

racional dos recursos naturais?

( ) Sim. Exemplifique: ____________________________________________________

( ) Não. Por quê?_________________________________________________________

8) Com relação ao seu hábito de usar a impressão:

( ) Uso frequentemente papel rascunho

( ) Imprimo frente e verso

( ) Tenho o hábito de imprimir no modo normal (só de um lado da folha)

( ) Procuro reduzir a quantidade de impressões, fazendo o arquivamento eletrônico dos meus

documentos

9) Desde que trabalha no Sebrae Bahia, você participou de seminários, fóruns, debates,

palestras, congressos, sessões cientificas, workshop, feiras onde tenha sido abordado o

tema sustentabilidade ambiental?

( ) Nenhum

( ) Uma vez

( ) Duas vezes

( ) Três vezes

( ) Mais de três vezes

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10) Se a gestão ambiental fosse incluída na meta individual de desempenho, quais

atitudes você adotaria no seu cotidiano?

( ) Fomentar internamente a sensibilização e a educação ambiental

( ) Realizar coleta seletiva

( ) Sugerir ou promover reformas sustentáveis

( ) Conscientização do uso da água e energia, papel e copos descartáveis

( ) Aquisições de produtos ecologicamente corretos

( ) Outras práticas sustentáveis:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

11) Uso caneca ou xícara para tomar água, chá e café. Evito o uso de copos descartáveis.

( ) Sim

( ) Não. Por quê? ____________________________________________________________

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APÊNDICE B - Resultados da pesquisa

Avaliação quanto aos procedimentos de sustentabilidade ambiental adotados no

edifício sede Sebrae-BA

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto 2014

Quando se observa a avaliação realizada pelo conjunto de colaboradores, depreende-se

que a performance da organização, no que concerne à aplicabilidade dos aspectos ambientais

no âmbito do edifício sede, é percebida majoritariamente, por três distintos conceitos, em

percentuais com ligeira variação. Assim, os conceitos Regular, Média e Baixa, traduzem o

nível de Aderência aos procedimentos constantes na tabela acima.

Digno de nota, o fato de se observar na amostra consultada um contingente de quase

1/3 dos colaboradores que considera Baixa a referida aderência ao conjunto dos diversos

itens. Dentre estes, o uso racional da energia, as Campanhas educativas para adoção de

práticas sustentáveis, o Uso racional de papel, copos descartáveis, toners e cartuchos.

Se equacionar os conceitos de Regular e Média Aderência, constatar-se-á que cerca

43% das avaliações emitidas concentram-se na média. O fato de se observar que mais da

metade dos colaboradores consultados se abstêm de responder acerca da possível Inserção de

exigências sustentáveis nos processos licitatórios, assim como, sobre o Uso racional de

combustíveis, o que sugere desconhecimento de tais questões.

Aspectos ambientais

Aderência Não

Respondeu Total

Alta Regular Média Baixa Não

sabe

Não

quis

Descarte e destinação de resíduos

tecnológicos - 10 9 9 9 1 38

Uso racional dos recursos hídricos

6 10 13 6 3 - 38

Uso racional da energia

3 8 10 16 1 - 38

Segregação e destinação dos

resíduos sólidos 1 7 10 13 7 - 38

Inserção de exigências sustentáveis

nos processos licitatórios 4 2 4 7 21 - 38

Uso racional de papel, copos

descartáveis, toners e cartuchos - 10 11 14 1 - 38

Uso racional de combustíveis

- 4 5 4 - 25 38

Campanhas educativas para adoção

de práticas sustentáveis 2 11 8 15 2 - 38

∑ 16 62 70 84 44 26 302

% 5,30 20,53 23,18 27,81 14,57 8,61 100,00

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Autoavaliação quanto aos procedimentos de sustentabilidade adotados no edifício

sede do Sebrae-BA

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto 2014

Aspectos ambientais

Aderência Não

Respondeu

Total

Alta Regular Média Baixa

Não

sabe

Não

quis

Descarte e destinação de resíduos

tecnológicos 7 8 10 7 4 2 38

Uso racional dos recursos

hídricos 17 6 13 - 1 1 38

Uso racional da energia

14 9 11 3 - 1 38

Segregação e destinação dos

resíduos sólidos 10 9 10 4 5 - 38

Inserção de exigências

sustentáveis nos processos

licitatórios

3 3 5 9 17 1 38

Uso racional de papel, copos

descartáveis, toners e cartuchos 13 9 14 2 - - 38

Uso racional de combustíveis

1 3 4 3 25 2 38

Campanhas educativas para

adoção de práticas sustentáveis 9 7 11 8 3 - 38

∑ 74 54 78 36 55 7 304

% 24,34 17,76 25,66 11,84 18,09 2,30 100,00

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122

As informações denotam a ocorrência de semelhança no que concerne aos conceitos

Regular e Média, entre as avaliações enunciadas quanto à percepção do desempenho do

Sebrae-BA e a autoavaliação dos colaboradores. Registra-se um idêntico índice relativo de

43,4%. Por outro lado, também se observa uma variação expressiva atinente à existência de

Alta aderência aos procedimentos avaliados. Quase ¼ dos conceitos enunciados pelos

respondentes situa-se neste aspecto. Isso sugere que a população que compõe amostra

consultada possui um apreciável senso de adesão aos princípios da sustentabilidade ambiental.

Assim, pode-se inferir, com algum grau de representatividade estatística, que existem

condições subjetivas favoráveis a um processo de sensibilização e pertinente à implementação

de ações que, em seu conjunto, propiciam usufruir dos benefícios oriundos das circunstâncias

socialmente construídas a partir da noção de sustentabilidade ambiental.

Destacam-se entre as variáveis referentes à sustentabilidade com as quais se verifica

alta adesão dos colaboradores, o uso racional dos recursos hídricos, energia, papel e

descartáveis.

Contribuições que poderiam ser implementadas pela organização e

colaboradores

Conceito Síntese Frequência

N◦ %

Não especificado com precisão 81 30,45

Ações de consciência ambiental 60 22,55

Ações para estimular consumo racional de recursos

naturais 47 17,67

Coleta Seletiva 24 9,02

Encaminhamentos institucionais 14 5,26

Parcerias institucionais 14 5,26

Criar ações alternativas 10 3,76

Reticente adesão do colaborador 8 3,01

Controle de impressão 7 2,63

Descrença do colaborador 1 0,38

∑ 266 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto 2014

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123

As respostas estão sistematizadas, as categorias sintetizadas a partir do conteúdo

presente no elenco de proposições oriundas dos colaboradores. Aqui, busca-se compreender o

alcance e relevância implícitos em cada uma das sugestões enunciadas.

Cerca de 1/3 do rol de sugestões não apresentou precisão em seu enunciado, razão pela

qual foram incluídas na rubrica dos que se abstiveram de responder. Por sua vez, os

encaminhamentos orientados para ações de consciência ambiental e/ou de criação de recursos

alternativos diversos encontram-se na fração de mais de ¼ das proposições oriundas dos

colaboradores. Em uma perspectiva mais pragmática, algo em torno de 1/3 dos

encaminhamentos propostos foram direcionados para ações de estímulo ao consumo racional

de recursos naturais, à coleta seletiva e ao controle do uso de impressoras.

Uma fração composta por 10% das sugestões enunciadas foram catalogadas nas

rubricas encaminhamentos e parcerias institucionais, que traduzem algumas iniciativas que,

por sua natureza, dependem de chancela dos dirigentes do Sebrae-BA.

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124

A sustentabilidade ambiental é parte da estratégia da organização?

É parte da estratégia da organização? Sim Não TOTAL

Por quê? Nº Nº Nº %

Não especificado 2 3 5 13.2

Falta conscientização para sustentabilidade 6 9 15 39.5

Faltam ações efetivas - 1 1 2.6

Inexorabilidade de incorporar a sustentabilidade ambiental na

gestão da organização 1 - 1 2.6

Desconhece - 1 1 2.6

Enfoque apenas econômico da sustentabilidade - 1 1 2.6

Existe preocupação com a temática 6 - 6 15.8

Expectativa social por ser ente público 2 - 2 5.3

Melhoria da imagem da empresa 5 - 5 13.2

Sustentabilidade reduz custos 1 - 1 2.6

Total 23 15 38

% 60.5 39.5 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto/2014

Cerca 39,5 % dos respondentes afirmam que falta conscientização para

sustentabilidade da parte dos dirigentes. Porém, 15,8 % diz que existe preocupação com a

temática.

Um segmento dos colaboradores considera a sustentabilidade ambiental parte

integrante da estratégia do Sebrae-BA, seja por que existe preocupação com a temática, ou

pelo fato de a organização buscar atender a uma expectativa social devido à sua natureza de

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125

sociedade civil sem fins lucrativos, o que, em decorrência, poderia levar a uma melhoria na

imagem da organização.

Nota-se que o item Falta conscientização para Sustentabilidade foi a razão

apresentada com maior frequência para fundamentar a não assimilação pelo Sebrae-BA dos

aspectos da sustentabilidade ambiental, embora este item também tenha sido assinalado para

argumentar a plena adoção de tais orientações, denotando uma incoerência nos termos.

Como avalia o seu conhecimento sobre a gestão ambiental interna?

Avaliação TOTAL

Nº %

Regular 22 57,9

Bom 8 21,1

Ruim 6 15,8

Ótimo 1 2,6

Péssimo 1 2,6

Total 38

% 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores sede Sebrae-BA, agosto/2014

Verifica-se que 57% dos respondentes apontaram como regular o seu conhecimento

sobre gestão ambiental interna.

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126

Desempenho do Sebrae-BA quanto às práticas sustentáveis

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto 2014

Avaliação atribuída à performance do Sebrae-

BA Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo Total

Orientações, debates e estudos sobre

sustentabilidade ambiental 6 10 21 1 - 38

Práticas relacionadas com o consumo racional

de recursos naturais 3 10 22 3 - 38

Compras sustentáveis 3 13 18 3 1 38

Relevância nas ações estratégicas que

envolvam as práticas sustentáveis 8 10 17 3 - 38

∑ 20 43 78 10 1 152

% 13,16 28,29 51,32 6,58 0,66 100,00

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127

A leitura das informações contidas nas respostas denota que mais da metade de todas

as avaliações enunciadas encontra-se vinculada ao conceito Regular. Em seguida, perfazendo

quase 1/3 de todas as notas atribuídas à performance do Sebrae-BA, registra-se o conceito

Ruim. Mesmo considerando que a representatividade estatística de trinta e oito respondentes é

expressiva, observa-se que apenas 6,58 % dos conceitos emitidos pelos colaboradores são

considerados Bom. O aguçado senso crítico dessa parcela dos colaboradores assinala a

necessidade da organização atentar para as circunstâncias que vêm contribuindo para a

ocorrência de tal situação.

Em termos de iniciativas sustentáveis o Sebrae-BA transmite uma boa imagem no uso

racional dos recursos naturais

Transmite uma boa imagem? Sim Não TOTAL

Por quê? Nº Nº Nº %

Faltam ações efetivas 2 13 15 39.5

Desconhece - 1 1 2.6

Inexiste marketing institucional 1 5 6 15.8

Não utilização de energia solar - 1 1 2.6

Processo ainda é incipiente - 1 1 2.6

Desperdício de materiais - 1 1 2.6

Não especificado 2 3 5 13.2

Observam-se ações efetivas 8 - 8 21.1

Total 13 25 38

% 34,2 65,8 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto/2014

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128

O Sebrae-BA não transmite uma boa imagem de acordo com 39,5% dos

colaboradores, pois faltam ações efetivas. Entre tais colaboradores, a justificativa para esta

visão é interna, no que tange à falta de divulgação por parte do Comitê de Sustentabilidade, de

teorias e de ações que sejam realizadas, assim como a falta de incentivo aos colaboradores

para que os mesmos reflitam sobre comportamentos cada vez mais sustentáveis em ações

contínuas. O uso de energia solar, de software que substitua o papel de comprovação dos

fornecedores, o destino adequado da coleta seletiva e a automatização de energia nos

ambientes foram sugestões para a melhoria da imagem interna do Sebrae-BA. Quanto à

melhora da sua imagem perante a sociedade, o Sebrae-BA deverá investir em marketing e

cursos sobre sustentabilidade ambiental, de acordo com os 15,8% dos colaboradores.

Para os 21,1% que acham que o Sebrae-BA possui boa imagem, a explicação foi o uso

de materiais reciclados para a distribuição em eventos, a impressão em frente e verso e de um

comitê sobre este tema, além da coleta seletiva de lixo em todos os andares, do uso de

impressoras sustentáveis e da distribuição de canecas personalizadas para evitar o uso

excessivo de copos descartáveis. Esta avaliação é fundamentada na percepção de que faltam

ações efetivas, chanceladas pela organização, para que o desempenho seja redefinido nos

parâmetros pertinentes com os aspectos da sustentabilidade ambiental.

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129

Descarte e destinação de resíduos tecnológicos

Procedimentos adotados pelo Sebrae-BA x Autoavaliação do colaborador

Avaliação do Sebrae-BA Baixa

aderência

Aderência

regular

Média

aderência Não sei

Não quero

responder TOTAL

Autoavaliação Nº Nº Nº Nº Nº Nº %

Baixa aderência 3 2 - 2 - 7 18.4

Aderência regular 4 2 - 2 - 8 21.1

Média aderência - 3 7 - - 10 26.3

Alta aderência - 2 2 3 - 7 18.4

Não sei 1 - - 2 1 4 10.5

Não quero responder 1 1 - - - 2 5.3

Total 9 10 9 9 1 38

% 23,7 26,3 23,7 23,7 2,6 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto/2014

Quanto ao descarte e destinação de resíduos tecnológicos, isto é, do lixo eletrônico:

computadores, monitores, impressoras, toners, periféricos, CD, DVD, baterias, pilhas,

telefones, dentre outros, 26,3% dos colaboradores consideram aderência regular.

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130

Uso racional dos recursos hídricos

Procedimentos adotados pelo Sebrae-BA x Autoavaliação do colaborador

Avaliação do Sebrae-BA Baixa

aderência

Aderência

regular

Média

aderência

Alta

aderência Não sei TOTAL

Autoavaliação Nº Nº Nº Nº Nº Nº %

Aderência regular 1 4 1 - - 6 15.8

Média aderência 3 4 6 - - 13 34.2

Alta aderência 1 2 6 6 2 17 44.7

Não sei - - - - 1 1 2.6

Não quero responder 1 - - - - 1 2.6

Total 6 10 13 6 3 38

% 15,8 26,3 34,2 15,8 7,9 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto 2014

A análise do resultado aponta que 34,2% dos colaboradores consideram que o uso

racional dos recursos hídricos por parte do Sebrae-BA possui média aderência. Entretanto,

26,3% consideram a aderência regular.

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131

Uso racional da energia

Procedimentos adotados pelo Sebrae-BA x Autoavaliação do colaborador

Avaliação do Sebrae-BA Baixa

aderência

Aderência

regular

Média

aderência

Alta

aderência

Não sei

responder TOTAL

Autoavaliação Nº Nº Nº Nº Nº Nº %

Baixa aderência 3 - - - - 3 7.9

Aderência regular 3 4 2 - - 9 23.7

Média aderência 5 3 3 - - 11 28.9

Alta aderência 4 1 5 3 1 14 36.8

Não quero responder 1 - - - - 1 2.6

Total 16 8 10 3 1 38

% 42,1 21,1 26,3 7,9 2,6 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto 2014

Entre os colaboradores, 42,1% consideram o uso racional da energia de baixa

aderência. Somente 7,9% consideram o uso racional de energia de alta aderência.

Segregação e destinação dos resíduos sólidos

Procedimentos adotados pelo Sebrae-BA x Autoavaliação do colaborador

Avaliação do Sebrae-BA Baixa

aderência

Aderência

regular

Média

aderência

Alta

aderência Não sei TOTAL

Autoavaliação Nº Nº Nº Nº Nº Nº %

Baixa aderência 2 1 1 - - 4 10.5

Aderência regular 4 1 3 - 1 9 23.7

Média aderência 4 3 2 - 1 10 26.3

Alta aderência 2 2 4 1 1 10 26.3

Não sei 1 - - - 4 5 13.2

Total 13 7 10 1 7 38

% 34,2 18,4 26,3 2,6 18,4 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto/2014

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132

Observa-se que 34,2% dos colaboradores consideram a segregação e destinação dos

resíduos sólidos de baixa aderência. Enquanto, 26,3 dos colaboradores apontaram a média

aderência para este tópico.

Inserção de exigências sustentáveis nos processos licitatórios

Procedimentos adotados pelo Sebrae-BA x Autoavaliação do colaborador

Avaliação do Sebrae-BA Baixa

aderência

Aderência

regular

Média

aderência

Alta

aderência Não sei TOTAL

Autoavaliação Nº Nº Nº Nº Nº Nº %

Baixa aderência 2 1 - 2 4 9 23.7

Aderência regular 2 - - - 1 3 7.9

Média aderência 1 1 3 - - 5 13.2

Alta aderência 1 - - 2 - 3 7.9

Não sei 1 - 1 - 15 17 44.7

Não quero responder - - - - 1 1 2.6

Total 7 2 4 4 21 38

% 18,4 5,3 10,5 10,5 55,3 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto/2014

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133

Mais da metade, ou seja, 47,3% dos colaboradores não souberam responder o quesito

sobre a inserção de exigências sustentáveis nos processos licitatórios do Sebrae-BA. Entre os

respondentes, 23,7% consideram que o Sebrae-BA possui baixa aderência a tais exigências.

Uso racional de papel, copos descartáveis, toners e cartuchos

Procedimentos adotados pelo Sebrae-BA x Autoavaliação do colaborador

Avaliação do Sebrae-BA Baixa

aderência

Aderência

regular

Média

aderência Não sei TOTAL

Autoavaliação Nº Nº Nº Nº Nº %

Baixa aderência 2 - - - 2 5.6

Aderência regular 2 7 - - 9 25

Média aderência 6 2 4 1 13 36.1

Alta aderência 4 1 7 - 12 33.3

Total 14 10 11 1 36

% 38,9 27,8 30,6 2,8 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto/2014

O uso racional de papel, copos descartáveis, toners e cartuchos foram considerados por

38,9% dos colaboradores como de baixa aderência.

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134

Uso racional de combustíveis

Procedimentos adotados pelo Sebrae-BA x Autoavaliação do colaborador

Avaliação do Sebrae-BA Baixa

aderência

Aderência

regular

Média

aderência

Alta

aderência

Não

quero

responder

TOTAL

Autoavaliação Nº Nº Nº Nº Nº Nº %

Baixa aderência 1 1 - - 1 3 7.9

Aderência regular - 2 - - 1 3 7.9

Média aderência - - 3 - 1 4 10.5

Alta aderência - 1 - - - 1 2.6

Não sei 1 - 2 - 22 25 65.8

Não quero responder 2 - - - - 2 5.3

Total 4 4 5 - 25 38

% 10.5 10.5 13.2 - 65.8 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto/2014

Quanto ao uso racional de combustíveis a análise demonstra que 65,8% dos

colaboradores não sabem responder a este quesito.

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135

Campanhas educativas para sensibilizar a adoção de práticas sustentáveis

Procedimentos adotados pelo Sebrae-BA x Autoavaliação do colaborador

Avaliação do Sebrae-BA Baixa

aderência

Aderência

regular

Média

aderência

Alta

aderência Não sei TOTAL

Autoavaliação Nº Nº Nº Nº Nº Nº %

Baixa aderência 6 1 1 - - 8 21.1

Aderência regular 3 2 1 - 1 7 18.4

Média aderência 1 5 4 - 1 11 28.9

Alta aderência 4 1 2 2 - 9 23.7

Não sei 1 2 - - - 3 7.9

Total 15 11 8 2 2 38

% 39.5 28.9 21.1 5.3 5.3 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores sede Sebrae-BA, agosto/2014

Esta questão aponta que 39,5% dos colaboradores consideram baixa a aderência às

campanhas educativas relacionadas à adoção de práticas sustentáveis. Porém, 28,9% apontam

a aderência regular.

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136

Contribuições para ser implementadas pelo Sebrae-BA e pelo colaborador

Uso racional de papel, copos descartáveis, toners e cartuchos TOTAL

Nº %

Ações conscientizadoras 12 31,6

Equipamentos modernos contribuem 5 13,2

Não especificado 3 7,9

Imprimir dois lados 2 5,3

Controle de impressão 2 5,3

Continuar com as boas práticas da impressora 1 2,6

Copos descartáveis para visitante 1 2,6

Economia institucional 1 2,6

Implantar medidas previstas 1 2,6

Consultoria de paperless 1 2,6

Diminuir exigência de papel na burocracia 1 2,6

Avaliar desperdícios de materiais 1 2,6

Interagir com entidades atuantes no setor 1 2,6

Prática de educação ambiental como meta de remuneração variável 1 2,6

Incentivo ao uso de caneca 1 2,6

Identificação de quem imprime 1 2,6

Coleta seletiva 1 2,6

Evitar uso de descartáveis 1 2,6

Comprar de empresas com certificação ambiental 1 2,6

Total 38

% 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto/2014

Sobre o uso racional de papel, copos descartáveis, toners e cartuchos –

31,6% dos respondentes sinalizam as ações de conscientização. Enquanto, 13,2%

ressaltam que equipamentos modernos contribuem para a racionalização desses

produtos.

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137

Com relação ao seu hábito de usar a impressão

Com relação ao seu hábito de usar a impressão TOTAL

Nº %

Procuro reduzir a quantidade de impressões, fazendo o arquivamento eletrônico dos

meus documentos 18 47,4

Imprimo frente e verso 17 44,7

Tenho o hábito de imprimir no modo normal (só de um lado da folha) 2 5,3

Uso frequentemente papel rascunho 1 2,6

Total 38

% 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto 2014

Como se pode observar, a quase totalidade dos respondentes apresenta atitudes

proativas e ecologicamente responsáveis quando precisa usar a impressora, o que denota

maturidade e plena assunção das orientações ambientalmente sustentáveis.

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138

Desde que trabalha no Sebrae-BA, participou de seminários, fóruns, debates, palestras,

congressos, sessões cientificas, workshop, feiras onde tenha sido abordado o tema

sustentabilidade ambiental

Desde que trabalha no Sebrae-BA, participou de seminários, fóruns, debates,

palestras, congressos, sessões cientificas, workshop, dentre outros sobre

sustentabilidade ambiental?

TOTAL

Nº %

Nenhum 17 44,7

Uma vez 12 31,6

Duas vezes 5 13,2

Três vezes 3 7,9

Mais de três vezes 1 2,6

Total 38

% 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto 2014

Uma fração composta por 55% dos respondentes já teve oportunidades de participar de

algum tipo de evento de natureza técnica ou científica, momentos em que absorveram

conhecimentos transmitidos nas diversas atividades relacionadas à sustentabilidade ambiental.

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139

Atitudes adotadas pelo colaborador na hipótese da gestão ambiental ser incluída na

meta de desempenho

Atitudes Nº %

A Aquisições de produtos ecologicamente corretos 18 19,78

B Conscientização do uso da água e energia, papel e copos

descartáveis 23 25,27

C Fomentar internamente a sensibilização e a educação ambiental 15 16,48

D Outras práticas sustentáveis 7 7,69

E Realizar coleta seletiva 16 17,58

F Sugerir ou promover reformas sustentáveis 12 13,19

Total 91 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto 2014

Traduzindo uma consistente assimilação das orientações presentes nas reflexões que

fundamentam a sustentabilidade ambiental, o rol de atitudes que os colaboradores enunciaram

que adotariam em seu cotidiano em um cenário onde a gestão sustentável estivesse presente

como item na avaliação de desempenho, reflete plena existência de condições que propiciam

os respondentes às ações empreendedoras sustentáveis no âmbito da organização.

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140

Usa caneca ou xícara para tomar água, chá e café. Evita o uso de copos descartáveis.

Por quê?

Usa caneca ou xícara? Sim Não TOTAL

Por quê? Nº Nº Nº %

Pratico e aprovo a ideia 10 2 12 31.6

Higiênico e mais rápido 1 - 1 2.6

Inexiste higienização confiável das canecas 1 - 1 2.6

Não especificado 5 - 5 13.2

Não são necessariamente práticas sustentáveis 1 - 1 2.6

Necessário incentivar seu uso 1 - 1 2.6

Restrito ao público interno 1 - 1 2.6

Usa copos descartáveis 1 - 1 2.6

Prática Sustentável 4 1 5 13.2

Louvável, mas resíduos orgânicos no lixo atraem baratas, inibem uso

das canecas - 2 2 5.3

Desconfia da limpeza efetiva 1 1 2 5.3

Atitude louvável do comitê de sustentabilidade 1 1 2 5.3

Copos descartáveis ficam disponíveis 1 - 1 2.6

Diminui o lixo 1 - 1 2.6

Exemplo prático adotado pelo Sebrae-BA 1 - 1 2.6

Exige higienização constante e inviável - 1 1 2.6

Total 30 8 38

% 78,9 21,1 100,00

Fonte: Respostas dos colaboradores da sede Sebrae-BA, agosto/2014

Do total de respondentes, 31,6% evitam o uso de copos descartáveis, utilizando caneca

ou xícara. Entre os que não usam canecas ou xícaras, a justificativa é a dificuldade em

higienizar as mesmas, uma vez que existe copa apenas no 2º, 3º, 4º, 7º e 8º andar e o consumo

de água e café não permite ao colaborador ir à copa todas as vezes que for higienizar o

recipiente.

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141

APÊNDICE C – Diretriz teórica e prática

CONCEITOS

DIMENSÃO

PRINCIPAIS AUTORES

Sustentabilidade

Ambiental

Cyro Eyer do Valle, Centro Sebrae

de Sustentabilidade, Sebrae-MT,

Núcleo Sebrae/ES de

Sustentabilidade, Sebrae, Termo de

Referência para atuação do Sistema

Sebrae em Sustentabilidade, Termo

de Referência para atuação do

Sebrae-SP em Sustentabilidade,

Álvaro Machado, José Eli da Veiga,

Lilian Aligleri, Luiz Antonio

Aligleri, Isak Kruglianskas, Mônica

Serrão, Aline Almeida, Andréa

Carestiato, Marta de Azevedo

Irving, Elizabeth Oliveira,

Humberto Mariotti, Takeshy

Tachizawa, Rui Otávio Bernardes

de Andrade, Alcir Vilela Júnior,

Jacques Demajorovic, Reinaldo

Dias, Gino Giacomini Filho, Elias

Fajardo, Michael k. Stone, Zenobia

Barlow, Enrique Leff, Carlos Minc,

Peter Senge, Clóvis Cavalcanti,

Daniel C. Esty, Maria H. Ivanova,

Roberto Smeraldi, Ministério do

Meio Ambiente (A3P), Carlos

Barros, Wilson Paulino, John

Elkington.

Social

Lilian Aligleri, Luiz Antonio

Aligleri, Isak Kruglianskas, Isa

Magalhães, Mônica Serrão, Aline

Almeida, Andréa Carestiato, Marta

de Azevedo Irving, Elizabeth

Oliveira, Takeshy Tachizawa, Rui

Otávio Bernardes de Andrade, Gino

Giacomini Filho, Enrique Leff,

Ministério do Meio Ambiente

(A3P), John Elkington.

Econômica

Mônica Serrão, Aline Almeida,

Andréa Carestiato, Humberto

Mariotti, Enrique Leff, Peter Senge,

Clóvis Cavalcanti, John Elkington.

Fonte: Elaboração da autora.

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142

ANEXO A – Termo de Referência para Atuação do Sistema Sebrae em Sustentabilidade

1 INTRODUÇÃO

Este Termo de Referência é consequência da constatação de que a competitividade de

uma empresa passa a estar associada, cada vez mais, à adoção de práticas sustentáveis. Ele

não pretende exaurir a discussão sobre o tema e certamente passará por atualizações

periódicas, pois sua utilidade dependerá do acompanhamento sistemático das demandas do

mercado por práticas sustentáveis e da assimilação, por parte das Micro e Pequenas Empresas

(MPE), dessa nova forma de fazer negócios e das oportunidades por ela geradas.

A elaboração deste documento teve início com um processo democrático e virtual de consulta

aos colaboradores do Sistema Sebrae; uma open innovation que permitiu a construção remota

e participativa de um documento de orientação para todos aqueles que levam o Sebrae até os

pequenos negócios.

Foram 320 contribuições, das 28 unidades do Sistema Sebrae, com 1.346 sugestões,

enviadas ao Centro Sebrae de Sustentabilidade; uma mostra robusta da complexidade do tema

e da diversidade e riqueza de entendimentos dentro do Sistema. Essas contribuições foram

muito úteis e também constituem matéria-prima para futuros trabalhos.

A sustentabilidade tem despertado paixões, mudado opiniões e definido

comportamentos, o que, em muito, lhe faz assemelhar a outras tantas ideias que surgiram na

sociedade e não passaram de uma questão de moda. Para o Sistema Sebrae, a sustentabilidade

representa um modo de pensar o cliente e de efetivamente promover a competitividade das

empresas no seu atendimento.

2 OBJETIVO

Estabelecer os eixos estratégicos de atuação para que o atendimento do Sistema Sebrae

promova a adoção de práticas sustentáveis como diferencial competitivo pelos pequenos

negócios.

3 JUSTIFICATIVA

É missão do Sebrae "Promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável

das micro e pequenas Empresas e fomentar o empreendedorismo".

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O direcionamento estratégico 2009-2015 do Sistema Sebrae estabelece ainda que a

instituição deve “Atuar como agente catalisador de iniciativas para melhorar a

competitividade das micro e pequenas empresas, gerando resultados crescentes e de

impacto para o desenvolvimento sustentável do Brasil”.

No atual panorama de negócios, é inegável que a sustentabilidade se tornou um

diferencial competitivo. Nesse sentido, a empresa ganhará competitividade se estabelecer

práticas sustentáveis na sua relação com consumidores, clientes, fornecedores, funcionários e

com a sociedade em geral.

Além disso, as empresas devem estar em conformidade com aspectos da

sustentabilidade presentes na legislação e, também, aproveitar as oportunidades oferecidas por

políticas de governo que incentivam a adoção de práticas sustentáveis em todo o processo

produtivo.

É sabido que, nos últimos anos, o Sistema Sebrae realizou uma série de atendimentos

por meio de programas e projetos que incluem a sustentabilidade, valor novo e altamente

estratégico para a competitividade. No entanto, estas importantes iniciativas ainda estão

difusas no dia a dia do Sistema.

Um passo importante para uma atuação organizada do Sistema Sebrae nesta temática

foi a inauguração, em abril de 2011, do Centro Sebrae de Sustentabilidade, em Cuiabá, cuja

finalidade é ser um centro de referência nacional em sustentabilidade aplicada às micro e

pequenas empresa. Assim, o centro visa apoiar a transversalização da sustentabilidade em

todo o atendimento do Sistema Sebrae.

.

4 CONTEXTO DA SUSTENTABILIDADE

O panorama atual do mercado demonstra um movimento crescente de

condicionamento do sucesso de um negócio à assimilação de práticas sustentáveis, capazes de

propiciar ganhos à imagem e agregar valor à empresa.

A sustentabilidade empresarial pressupõe que a empresa seja rentável, gere resultados

econômicos e ainda contribua para o desenvolvimento da sociedade. Trata-se do conceito de

Triple Bottom Line (Tripé da Sustentabilidade), que determina que a empresa deva gerir suas

atividades em busca não só do resultado econômico, mas também dos resultados ambiental e

social. Nesta perspectiva, o bem-estar das pessoas, a preservação da natureza e os lucros estão

integrados ao negócio e não podem ser dissociados. É a visão dos 3Ps – people (pessoas),

planet (planeta) e profit (lucro).

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Às Micro e Pequenas Empresas, pela sua proximidade com o consumidor, tem a

oportunidade de rapidamente perceber as práticas sustentáveis demandadas e adotá-las como

diferencial competitivo. Ser competitivo significa ser capaz de ofertar no mercado um produto

com as características exigidas no momento e com o preço que o consumidor está disposto a

pagar. É ter um posicionamento diferenciado para os consumidores, compradores, formadores

de opinião e sociedade organizada, em relação aos seus concorrentes.

A sustentabilidade, integrada à gestão do negócio, é conquistada por etapas e de forma

continuada. É fundamental que se tenha uma estratégia bem definida, tanto no processo

produtivo, como na conquista de mercado, sobretudo no campo dos negócios sustentáveis. É

essencial manter o foco e ter indicadores claros e precisos para avaliação e ajuste de percurso.

O posicionamento do negócio em relação à sustentabilidade pode trazer efeitos tanto

positivos (quando as MPE se antecipam e ganham mercado) quanto negativos (quando não

possuem práticas diferenciadas e perdem competitividade). A gestão voltada para a

sustentabilidade é uma oportunidade para um salto de qualidade nos produtos e serviços

oferecidos pela empresa e para a criação de negócios inovadores. O fator determinante para o

sucesso das iniciativas é a agilidade das MPE responderem às demandas de mercado

relacionadas à temática da sustentabilidade e tornarem-se reconhecidas por isso.

O desenvolvimento e a aplicação de ferramentas de gestão simplificadas e inteligentes

transformam os investimentos iniciais dessa mudança em ganhos de eficiência e redução de

desperdícios, o que amplia a rentabilidade da empresa. Estes são exemplos de práticas

sustentáveis que tornam o empreendimento mais competitivo.

Neste aspecto, a partir da década de 90, observou-se no mundo todo o

desenvolvimento de inúmeros padrões, iniciativas, normas, diretrizes, ferramentas

relacionadas ao tema da sustentabilidade. Estes instrumentos, de natureza obrigatória ou

voluntária, podem ter abrangência regional, nacional ou internacional e advir do setor público,

de diversos setores industriais ou mesmo da sociedade civil organizada.

Um exemplo desses instrumentos são as publicações “Ferramentas de Autoavaliação

e Planejamento - Indicadores Ethos-Sebrae de Responsabilidade Social Empresarial para

Micro e Pequenas Empresas” e “Responsabilidade Social e Empresarial para Micro e

Pequenas Empresas - Passo a Passo”, desenvolvidas pelo Sebrae, em parceria com o

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade. Outro exemplo de ferramenta de

implementação da sustentabilidade empresarial é a “ISO 26000 - Diretrizes sobre

Responsabilidade Social" (ABNT NBR ISO 26000), lançada em 2010.

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145

5 EIXOS ESTRATÉGICOS DE ATUAÇÃO

O caminho para a sustentabilidade é amplo e multifacetado. A capacidade operacional

das MPE é pequena face às diversas práticas sustentáveis existentes. Portanto, é preciso se

definir uma estratégia de atuação que alcance os segmentos empresariais atendidos pelo

Sebrae e que possa ser transversalizada em todo o atendimento do Sistema.

Este Termo de Referência marca o primeiro passo do Sistema Sebrae no seu processo

de aprendizado organizado sobre sustentabilidade e, portanto, expressará, na definição de suas

prioridades, a consciência deste início. Uma vez vencida a primeira etapa por todo o Sistema,

o Sebrae estará pronto para assumir novos desafios.

Nesta primeira edição de um Termo de Referência de Atuação do Sistema Sebrae em

Sustentabilidade, foram eleitos dois eixos prioritários de atuação: 1) Gestão de Resíduos

Sólidos; 2) Eficiência Energética.

O Sistema Sebrae buscará promover a sustentabilidade como fator de competitividade

para as MPE mantendo o foco do seu atendimento nesses dois eixos prioritários, com a devida

adequação aos diferentes segmentos: Microempreendedor Individual; Microempresa e

Empresa de Pequeno Porte; Produtor Rural e Potencial Empresário – e seguindo os

parâmetros das políticas nacionais.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada em 02 de agosto de 2010, e

integra a Política Nacional do Meio Ambiente estabelecida pela Lei 6.938/1981. Entre as suas

inovações, destaca-se o conceito de responsabilidade compartilhada em relação à destinação

dos resíduos. Isso significa que cada integrante da cadeia produtiva de fabricantes,

importadores, distribuidores, comerciantes e até os consumidores fica responsável, junto com

os titulares dos serviços de limpeza e de manejo dos resíduos sólidos, pelo ciclo de vida

completo dos produtos, que vai da obtenção de matérias-primas e insumos, passando pelo

processo produtivo, pelo consumo, até que eles sejam descartados.

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) tem

possibilitado ao Sistema Sebrae, por meio de parcerias, o desenvolvimento de produtos que

promovem a eficiência energética nas MPE atendidas pelo Sebrae. Em 2001, a Lei nº 10.225,

conhecida como Lei da Eficiência Energética, ampliou o arcabouço legal para abranger toda e

qualquer forma de energia e enfatizar a "eficiência". Essa lei está sendo revista no contexto da

elaboração do Plano Nacional de Eficiência Energética, previsto no Plano Nacional de

Energia 2030. As propostas em discussão sinalizam oportunidades de redução de custos na

gestão de energia e de novos negócios com fontes de energia alternativa.

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Em julho de 2011, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) lançou a

tradução da ISO 50001. Esta norma que trata de "Sistema de Gestão de Energia" oferece

práticas e ferramentas para a eficiência energética tornar-se parte do plano de sustentabilidade

de qualquer organização.

Assim, na área Gestão de Resíduos Sólidos, o Sebrae promoverá:

Reutilização e redução de resíduos (economia de matéria prima e redução do

custo de manejo de resíduos);

Reciclagem de resíduos;

Inserção na cadeia de limpeza e de manejo de resíduos, com foco, em especial,

nos catadores;

Inovação em produtos, serviços e processos com melhores resultados para a

sustentabilidade da empresa.

Na área de Eficiência Energética, o Sebrae promoverá:

Redução de perdas de energia no processo produtivo e de acesso ao mercado;

Redução da participação do insumo energia no custo do produto e do negócio;

Inovação em produtos, serviços e processos com melhores resultados para a

sustentabilidade da empresa.

6 IMPLEMENTAÇÃO

A diversidade econômica, ambiental e social do país e a dinamicidade do processo de

adequação à sustentabilidade fazem de qualquer tentativa de resposta, por definição,

incompleta. Além disso, uma resposta única poderia produzir certa rigidez nas ações,

comprometendo a criatividade da massa crítica qualificada que o Sistema Sebrae possui. Para

dar conta desse duplo desafio é fundamental que:

1) O diagnóstico que inicia qualquer atendimento contemple uma avaliação sobre as

práticas sustentáveis na gestão do negócio;

2) Em todos os atendimentos sejam considerados a pertinência de ações relacionadas

aos dois eixos prioritários apresentados neste Termo de Referência.

Cada unidade do Sistema Sebrae realizará o processo de implementação dessa

estratégia de atendimento com o apoio do Centro Sebrae de Sustentabilidade, que manterá um

arquivo digital atualizado de experiências, iniciativas e ferramentas, testadas em ambientes

diversos, para instigar a criatividade e produção de respostas em cada situação espacial, de

público e natureza das Micro e Pequenas Empresas.