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Fel: a n.° . e?..2r?, ....... . n 0 ..."-1 de 19. ...(:::). ãrnara Átnicifter . la f e~ - Assistente Técnico de ir RegiStr0 10.866 JUSTIFICATIVA VILMA PEFtAMEZZA se tomou um exemplo de cidadã, para a qual a população da cidade de São Paulo deve seus agradecimentos. De seu trabalho árduo e contínuo resultou a recuperação de um dos seus símbolos - o Conjunto Nacional - primeiro edifício comercial da Avenida Paulista. Ao iniciar a sua gestão como administradora do Conjunto Nacional, em 1985, encontrou-o desfigurado pelo incêndio ocorrido em 1978, e pela má utilização dos conjuntos e galerias. Para promover a recuperação do Conjunto Nacional foram desenvolvidos inúmeros trabalhos, sob sua orientação, que estão relatados no livro "Conjunto Nacional - A Conquista da Paulista" - de Ângelo lacocca. Destacamos: elaboração de Plano Diretor para a revisão e recuperação de cada uma das partes do conjunto; definição de prioridades para as reformas e restaurações; requalificação dos espaços comuns e ordenação da paisagem; promoção cultural; recuperação e modernização dos equipamentos; implantação do programa qualidade de vida para os condôminos e funcionários com projetos de gestão participativa, treinamento, aculturação, alfgiz fação, cooperativas, oficinas e educação ambiental; e, coleta seletiva dé lixo e encaminhamento à reciclagem. CÓD. 0561

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RegiStr0 10.866

JUSTIFICATIVA

VILMA PEFtAMEZZA se tomou um exemplo de cidadã,para a qual a população da cidade de São Paulo deve seusagradecimentos. De seu trabalho árduo e contínuo resultou arecuperação de um dos seus símbolos - o Conjunto Nacional -primeiro edifício comercial da Avenida Paulista.

Ao iniciar a sua gestão como administradora do Conjunto• Nacional, em 1985, encontrou-o desfigurado pelo incêndio ocorrido em

1978, e pela má utilização dos conjuntos e galerias.

Para promover a recuperação do Conjunto Nacional foramdesenvolvidos inúmeros trabalhos, sob sua orientação, que estãorelatados no livro "Conjunto Nacional - A Conquista da Paulista" - deÂngelo lacocca. Destacamos:

• elaboração de Plano Diretor para a revisão e recuperação de cadauma das partes do conjunto;

• definição de prioridades para as reformas e restaurações;

• requalificação dos espaços comuns e ordenação da paisagem;

• promoção cultural;

• recuperação e modernização dos equipamentos;

• implantação do programa qualidade de vida para os condôminos efuncionários com projetos de gestão participativa, treinamento,aculturação, alfgizfação, cooperativas, oficinas e educaçãoambiental; e,

• coleta seletiva dé lixo e encaminhamento à reciclagem.

CÓD. 0561

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nnara ARMO/aia/e

A "Prefeita" do Conjunto Nacional, como é chamadaa Sra. Vilma Peramezza, tem uma tarefa bastante importanteque é prover de funcionalidade um organismo por onde circulam35000 pessoas ao dia, que conta com 220 funcionários para asua manutenção e funcionamento, e onde se desenvolvemmúltiplas atividades. Enfrentando tantos desafios ela encontrouo caminho correto e o resultado é o resgate do papel doConjunto Nacional para a cidade, como um local valorizado,nobre e atrativo.

A concessão da Medalha Anchieta à Sra. VilmaPeramezza é medida que se impõe, pelo trabalho realizado eque merece ser reconhecido como exemplo para a recuperaçãode outros marcos de São Paulo. 71

*

Cá). 0561

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n.° de

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EZz M.S.MarquesVILMA PERAM

—A'Ssistente Técnico de Oireçà

Registro IO ó.

OBJETIVO- DAR AULAS EM FACULDADE DE DIREITO

RESUMO DAS QUALIFICAÇÕES NA ÁREA DE ENSINO

1962/1970 Conservatório Musical de Santana São Paulo - SP

Professora da Teoria Musical e Solfejo

1962/1964 Conservatório São Caetano do Sul S.Caetano - SPProfessora de História da Música e Pedagogia Musical

1967/1968 Prefeitura Municipal de São PauloEducadora Musical em Parques Infantis (efetiva por concursopúblico)

1975/1978 Faculdade de Desenho Industrial de Mauá Mauá —SPProfessora de Estética e História da Arte

1975/1982Sócia colaboradora do CESMA — Centro de Fnsimo Superior de Maua,fundadora da Faculdade de Desenho Industrial de Mauí e Diretora daEscola de Primeiro e Segundo Grau Euclides da Cunha.

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL•1969 — 1984 SAVOY 'MOBILIARIA CONSTRUTORA LTDA

São Paulo-Capital

Secretária executiva, assessora de diretoria, diretora financeira

o TRABALHANDO DIRETAMENTE COM SEUS DIRETORESPROPRIETÁRIOS HUGO ENEAS SALOMONE E LUCIOSALOMONE, atuando em aprovações de loteamentos, regularização depropriedade imobiliária, gerenciamento e administração, inclusive,financeira de empresa de grande porte, no setor de locação eadministração de grande patrimonio imobiliário próprio incluindo cercade 40 loteamentos na Capital, ABC e Litoral de São Paulo, cerca de

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11.°

500.000 metros quadrados de área construiardirffigWinse-gánuesno Centro de São Paulo, até o inicio das ativi4a4Authednféstfflde incorporação de Shopping Center em 1984: -

Regista) 10.866

1984 — 1999CONDOMINIO CONJUNTO NACIONALNa qualidade de representante legal da empresa Sindica, de 1984 a 1987.Na qualidade de gerente administrativa e geral de 1987 a 1999Na qualidade de sub-sindica eleita e sindica em exercício de 1987 a 1999

DESENVOLVI GESTÃO MODERNA EM EDIFICIO DE GRANDEPORTE, COM ATUAÇÃO DESTACADA PELA REVALORIZAÇÃODO MOVEI, RESTAURAÇÃO DE SUA ARQUITETURA,DESENVOLVIMENTO DE GESTÃO ADMINISTRATIVAMODERNA EM SETOR DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

PREMIO — TOP ECOLOGIA - ADVB - 1994"case" Coleta SeletivaPREMIO QUALIDADE DE VIDA — ABQV - 1998"case" setor de prestação de serviços

FORMAÇÃO

1949 - 1952 Externato Luisa de Marillac- escola primária SP 119

1952 - 1957 Colégio Santana --SP- ginásio1958 - 1960 CEDON - Colégio Estadual Dr. Octavio Mendes - clássico1960 - 1963 Instituto de Educação Caetano de Campos -

Conservatório Estadual de Canto Orfiônico - Curso deCanto Orfiônico, em nível universitário com licenciaturapara o ensino de música em escolas de primeiro e segundograus.

1958-1962 Conservatório Musical de Santana - Curso Completo eoficial de Piano

1964-1968 FACULDADE DE DIREITO —USPCurso completo e bacharel em DireitoInscrita na OAB —N.22.8611967 FACULDADE DE FILOSOFIACIENCIAS E LETRAS USP Primeiro e único ano deFilosofia (primeiro ano completo aprovada nas disciplinasde Teoria do Conhecimento e Sociologia)

1980-1984 FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DESÃO PAULOPOS GRADUAÇÃO SITRICTU SENSUMESTRADO EM FILOSOFIA DO DIREITOCompleto em 1982 com aprovação na Dissertação de Mestrado sobre oPENSAMENTO JURIDICO DE JOÃO THEODORO

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Aprovada com nota 8,5 pela banca composta pelos Nendhia m.s.mawuesMIGUEL REALE (orientador), ALOYSIO ilégr~ .1~

Direçã:

Doutorado - Curso completo com todos os créditos,aprovada no exame de qualificação e de segunda língua ,não apresenteiTESE.

•ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS

Amcham - Camara Americana de Comércio

Membro do Comitê do Meio - Ambiente

Instituto ETHOS

ATIVIDADES COMUNITÁRIAS

ASSOCIAÇÃO PAULISTA VIVA

Coordenadora da Comissão Pró-Revitalização do Parque Trianon

REFERÊNCIAS

• Como colegas de turma na USP

Dr. Sidney Agostinho Benetti — Professor da UNIP — 285-2694

Dr. Antonio Carlos Vianna Santos —Pres.APAMAG/S — 3662-203

Dr. Caetano Lagrasta Neto - 277-2577 ramal 212

Prof Dr.Mozart da Costa Oliviera - Professor de Direito FMU / Santos —fone 285-0355

a rvu e-m:1n TN A CCIVT.•-

MOACYR LOBO DA COSTA Registro 10 866TITULAÇÃO - MESTRA EM FILOSOFIA E TEORIA GERAI: DODIREITO

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....

Dr. Regis de Castilho —Professor da UNIP — 256 e éco ifcni e,

Prof Alberto Corazza - UNIBAN — 931-1911

Prof. Adriana Ladeira Cruz - UNIBAN — 69524965

TRABALHOS VOLUNTÁRIOS

Junto ao Grup Espirita Auta de Souza desenvolvi nos últimos 20 anostrabalhos de apoio em assistência social junto ao NOSSO JARDIM, voltadoao atendimento de 60 crianças e adolescentes de Santana.

Ministrei cursos de Filosofia para leigos

Desde adolescente quando integrava o grupo das "Luizas de Marillac" queatendia a idosos, sempre desenvolvi paralelamente a minhas atividadesprofissionais trabalhos voluntários de natureza social

IDIOMAS

Com certa fluência e leitura corrente: espanhod franca e lidamo

Apenas leitura e pouca fluência - ingks

São Paulo, janeiro de 1999

RES-R.CAP.ZACHARIAS B.MOTTA,55 • COM-AV.PAULISTA 2073 26.ANDAR.HORSA IITELEFONE COM-287-8083;CEL 970-4553 DDD (011) • FAX 283-3922 R.48 DDD (011) •

CORREIO ELETRÔNICO [email protected]

Prof Dr.Aloysio Ferraz Pereira - USP Registro 10.866Prof Dr.Aloysio Ferraz Pereira - USP

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1)Mo.

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O PIONEIRISMO CONTINUA

SURGE UM NOVO

CONJUNTO NACIONAL

—ff-5 assumir a administração do ConjuntoNacional, Vilma . Peramezza encontrou uma situação caó-tica, fruto do abandono a que o edifício havia sido relegadonos últimos anos. Os problemas eram infinitos, e a equipe•erca de cinqüenta funcionários era insuficiente paramanter funcionando aquele gigante. Era necessário definirum plano para idealizar um novo Conjunto Nacional eassim devolver à cidade um de seus símbolos: o primeiroedifício comercial da Avenida Paulista.

Para descrever todas as etapas de recuperação, ninguémmelhor que a própria Vilma, carinhosamente chamada de"prefeita" do Conjunto Nacional, que atualmente comandaarduamente uma equipe de 220 funcionários.

Ela fala de sua chegada ao edifício e dos princípiosadministrativos que nortearam sua atuação:

"Ao chegar ao Conjunto Nacional e olhar aquele espaço,eu sabia que não era um lugar qualquer. O ConjuntoNacional tinha uma história, um endereço.

Logo percebi que o fio condutor da sua recuperação teriaque ser uma nova visão administrativa. Quando o velhoTjurs planejou o edifício, tinha um sonho: fazer um espaçomultiuso que teria um hotel, um prédio de apartamentos

com serviços de hotelaria, uma torre de escritórios, umespaço para convenções e urna grande área comercial. Erauma coisa muito avançada para a época, mas tudo estarialigado aos serviços de hotelaria, que era o que ele sabiafazer. Com as mudanças do projeto, o empreendimentocresceu muito, e depois da morte de Tjurs a administraçãoda Horsa perdeu o controle e o prédio entrou em francadecadência. O incêndio foi exatamente o fim de um pro-cesso de deterioração administrativa.

A Savoy era uma empreendedora de imóveis, mas nãoestava muito interessada em administrar o edifício. Porém,por ser a única proprietária que atuava na área imobiliária,os grandes condôminos insistiram em que ela assumisseessa função. Na época, a Savoy estava entrando na área deadministração de shopping, e foi acompanhando essa novaatividade da empresa que eu comecei a notar que, muitasvezes, não adiantava um empreendimento ter um bomprojeto arquitetônico, uma excelente localização e ótimaslojas, pois se ele não tivesse uma vida contínua morreriaem mais ou menos dez anos.

Lembro que, quando participei da primeira assembléiade condomínio do Conjunto Nacional e apresentei um

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CONJUNTO NACIONAL

A CONQUISTA DA PAULISTA

orçamento para iniciar os trabalhos de recuperação do edi-fício, todos alegaram que era muito caro. Argumentei queaquilo não era apenas um orçamento, mas um programa deadministração, e que até aquele momento nunca haviasido gasto nada para conservar o edifício, pois o pessoal damanutenção não tinha nem ao menos uma chave de fendadecente. As reclamações continuaram. Então, eu disse queestava lá para administrar o patrimônio deles, mas, se elesquisessem, podíamos fazer da maneira que eles decidissem.Ou seja: num prazo de dez anos, para manter o preço docondomínio bem 'baratinho', não se gastaria absolutamentenada para recuperar o Conjunto Nacional, e no final desseprazo se marcaria uma nova reunião para mandar implodiro pilo e dividir o valor do terreno. Os presentes ficaramindignados, mas eu disse que era preciso um horizonte seeles quisessem que o edifício continuasse a existir."

Cprimeiro passo foi recuperar a imagem do edifício.Vilma arregaçou as mangas e começou sua epopéia:

"A restauração depois do incêndio estava completa, ogigante funcionando, mas as cicatrizes eram profundas. Oedifício estava tão abandonado que o incêndio foi apenasuma conseqüência. David Libeskind acha que o incêndiosalvou o Conjunto Nacional e eu concordo plenamente,mas não devemos esquecer que existiu um período negro,que vai do incêndió — 1978 a 1983 —, quando as pessoasaté evitavam passar por lá.

Ao iniciar meu trabalho, o Conjunto Nacional era umlugar feio, escuro, deteriorado e perigoso. Tinha até corre-doreechados com grades, onde se abria uma pequenaporta para a passagem das pessoas. O objetivo era inibir aação dos trombadinhas dentro do edifício. 1wHeReforçamos a segurança e começamos a pegaros ladrões. Com isso, as 'bocas-de-ouro' tam-bém sumiram do prédio, pois seus donos come- Rçaram a ficar sem fornecedores. Tiramos tam-bém todas as barracas de ambulantes, elimi-nando aquele aspecto de mercado árabe. Tirar C)os mendigos que dormiam à noite foi um tra-balho mais longo, vagaroso. Eles chegavam com seus caixo-tes no final da tarde e se acomodavam em frente à Joalhe-ria William, trazendo até coisas para cozinhar. Eles chega-vam aos bandos para sua moradia e também ficavam na RuaAugusta, onde hoje está o Viena, um local que não tinhailuminação e a marquise estava toda quebrada. Depois era avez dos catadores de papel, que esvaziavam todos os sacos delixo. Portanto, à noite era uma verdadeira 'festa da cocada',um acampamento cigano em plena Avenida Paulista.

---Nroemia M.S.Marqu9TiAssistente Técnico de DireWo

Registro 10.866Perante aquela situação, administrar um prédio como o

Conjunto Nacional naquelas condições, profissionalmen-te podia ser considerada uma atividade de segunda linha.Eu até cheguei a pensar que havia sido enviada para lácomo um castigo. Mas resolvi aceitar o desafio, e decidicomeçar pela recuperação da imagem do edifício.

Entre 1985 e 1986, época de inflação alta, passamos ainvestir os rendimentos da poupança no próprio edifício, ea primeira providência foi pintar a fachada. Foi quandoprocurei o autor do projeto, o arquiteto David Libeskind,para que ele desse uma opinião. Ele tinha verdadeiro horrorao Conjunto Nacional por causa das modificações e nãoqueria nem ouvir falar dele. Eu disse a ele que não tinhadinheiro para lhe pagar, mas estava querendo melhorar aimagem do edifício e que para tanto havia contratado oAurélio Longo, um arquiteto mais jovem, em começo decarreira. Foi assim que ele contou um pouco de sua história,e fiquei sabendo que, quando. fez o projeto, ele também eramoço e recém-formado. Portanto, resolveu ajudar."

arquiteto Aurélio Longo. conta detalhes do início dostrabalhos de recuperação da imagem do edifício:

"O meu trabalho no Conjunto Nacional começou em1985, logo depois que a Vilma assumiu a administração doedifício, para recuperar sua imagem, que naquele momentose encontrava deteriorada devido à incompetência daadministração anterior.

A primeira providência foi a modernização do símbolo doConjunto Nacional, um índio que mais parecia um indíge-na norte-americano e que foi trocado por um 'N' inspiradoem trabalhos de tribos brasileiras, extraído da trama do)w Rg e buriti. O novo símbolo tomou-se uma marca,

e visível em todos os cantos do edifício, nos cor-

si

redores e nas calçadas, e a partir dela desenvol-vemos papéis, bandeira e toda a comunicaçãovisual. Também foram criados novos unifor-

.2 mes para os ascensoristas e para o pessoal daO recepção, segurança, manutenção e limpeza,

KN1ÂIL:, que hoje estão mais elegantes.A etapa seguinte foi traçar um plano diretor dividido em

etapas, que começava no segundo subsolo e terminava notopo do edifício, passando pela revisão das fachadas e dasmarquises. Com isso, acabamos descobrindo alguns espaçosescondidos dentro do edifício, como o próprio escritórioonde funciona a administração, no 26 2 andar do Horsa 2.

O trabalho de recuperação do Conjunto Nacional foi iniciadona galeria comercial. No detalhe, a nova recepção do Horsa Il.

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Era um espaço emparedado entre as caixas-d'água, nacobertura. No subsolo, foram executadas várias obras deinfra-estrutura para o pessoal de apoio.

Ao mesmo tempo, comecei a detectar e fotografaralguns pontos críticos, e após uma análise foram definidasalgumas prioridades. As galerias, por exemplo, erammuito escuras, com as colunas pintadas de preto. Asfachadas voltadas para as ruas ainda tinham algum atrati-vo, mas, no interior da galeria, as portas de rolar abaixa-das davam aquela sensação de serem a parte dos fundosdos estabelecimentos.

ii m, além de clarear o ambiente com nova pintura eilu ação adequada, foram estabelecidas algumas diretri-zes de ocupação de quiosques e das lojas e a reorganizaçãoda comunicação visual das galerias, interna e externa.Também foi criada a Central de Informações, que está láaté hoje, e os halls das recepções foram modernizados, coma implantação de avançados sistemas de controle de segu-rança, todos informatizados. .

Nesse tempo todo, aconteceram alguns fatos curiosos,como quando resolvemos fazer uma revolução no passeiodo Conjunto Nacional, que era um festival de placas elixeiras com mensagens publicitárias, verdadeiros obstá-culos para os transeuntes. Na época estava sendo trava-da a Guerra do 'Golfo, chamada de 'tempestade nodeserto'. E nós resolvemos fazer uma 'tempestade nopasseio'. Todo o pessoal foi avisado, mas não apareceunenhum dono. Assim, num final de semana, de um diapatear°, foram retiradas todas as lixeiras, placas e obs-táculos que havia no passeio do Conjunto Nacional. Foiuma revolução, e de repente apareceram os donos daque-las tralhas que estavam lá ilegalmente, pois não pagavamaluguel para ninguém. Seguiram-se várias ameaças dasempresas que exploravam aquele tipo de publicidade, e aVilma tinha que andar escoltada pelo pessoal da seguran-ça. Nos dias que se seguiram, a segurança passou a contro-lar as calçadas, e cada vez que alguém colocava umaplaca, ela era imediatamente retirada, até que eles desis-tiam. Ao mesmo tempo, houve a retirada dos ambulantese a colocação de floreiras para embelezar as calçadas eimpedir a concentração de mendigos, que foram procuraroutro lugar para dormir.

Eu sempre considerei o Conjunto Nacional um grandetransatlântico, que deveria realmente passar por modifi-cações, ser adaptado para uma nova era. Por ser um edifíciosímbolo, ele acaba se transformando num espelho, e àmedida que ele melhora obriga também os outros prédiosa seguir o exemplo."

CIONAL n.° de

Assistente Técnico de Direção

entinuando seu relato, Viln1 5WrigUCAla dasmudanças realizadas para recuperar a galeria:

"A área comercial do Conjunto Nacional teve umlongo processo de transformação. O período entre 1985 e1991 foi de reconhecimento, no sentido de tentar resolveras coisas básicas para o conforto dos condôminos, feitopasso a passo junto com cada um deles. Mas, na medida dopossível, tentamos melhorar o aspecto da galeria.

Em 1987, o decadente Cine Rio deu lugar ao CineArte, que passou a ser dirigido por Dante Ancona Lopez.Com uma excelente programação, em poucos meses setornou um dos melhores cinemas da cidade e logo foireformado para abrigar uma segunda sala de exibição. Naépoca, o Dante deu uma entrevista onde dizia que 'a soluçãopara a galeria do Conjunto Nacional seria tirar as grades,e melhor ainda seria tirar as agências bancárias'. Aquilopassou a martelar a minha cabeça. Havia na galeria umadúzia de bancos e muitas" lojas vazias, o que não era bompara o condomínio. Era necessário aumentar o número delojas ocupadas, e, quanto aos bancos, a única solução eraaguardar e torcer para que saíssem por conta deles, e foi oque acabou acontecendo.

Em seguida, resolvemos limpar os corredores, onde aindahavia quatro ou cinco caixotes — o incêndio já havia deto-nado alguns —, entre eles o Viena e uma ótica. O próprioRoberto Bielawski, do Viena, reconheceu que aquilo eramuito feio e concordou em demolir o quiosque. Em troca,permitimos a instalação de um quiosque menor, para café,na entrada da Avenida Paulista, e ele passou a ocupar aesquina da Alameda Santos com a Rua Augusta, no espa-ço onde antes funcionava um banco. À noite, o local eraconsiderado perigoso, mas aos poucos, devido ao movi-mento do restaurante e à atuação dos seguranças, os margi-nais se afastaram. Em pouco tempo conseguimos eliminaros outros caixotes e retirar as placas luminosas que poluíamos corredores, e de cada nova loja que chegava resolvemosexigir projetos arquitetônicos e passamos a controlar asobras para impedir abusos ou invasões de espaço."

WiTria fala também das obras de infra-estrutura realiza-das no segundo subsolo do edifício, que foram importantespara a valorização dos funcionários do setor de apoio:

"Nesse ponto, acredito que foi fundamental a minhavisão de mulher, que permitiu detectar coisas que vêm àtona somente quando se administra uma casa, a começar

A retirada dos quiosques permitiu a recuperação dos amploscorredores da galeria comercial. O terraço também foi restaurado.

CONJUNTO NACIONAL

A CONQUISTA DA PAULISTAA PAULISTA

de

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gesde 1989, Vilma conta com a colaboração do enge-nheiro civil João Paulo Miguel, da Novo Solo Empreendi-mentos, que seria o responsável pela realização da maioriadas obras de restauro e modernização do edifício.

Contratado para a execução das obras de uma nova loja--do prédio, João Paulo conheceu Vilma Peramezza e daínasceu uma longa parceria profissional, como ele conta:

"Meu primeiro trabalho para o Conjunto Nacional foia reforma das marquises sobre as calçadas, que incluía asubstituição de toda a antiga iluminação incandescentepor lâmpadas mistas, mais eficientes, econômicas e durá- .veis, e a execução de uma nova pintura. Em seguida,foram revitalizadas as fachadas baixas. Começamos pelafachada da AgipLiquigás, com frente para a Avenida Pau-lista, que se apresentava trincada e mofada, e depois todasas outras do segundo terraço. Em seguida realizamos arecuperação dos brises de concreto armado — marca regis-trada do edifício — que contornam praticamente todo ocorpo principal . da galeria comercial, que, deterioradospela ação do tempo e pela agressividade do meio ambien-te, apresentavam muitas falhas no concreto e em suasarmaduras, reduzidas pela ação da ferrugem. -

Depois, foi a vez das calçadas, onde, por ser um localmal iluminado, muitos mendigos e desocupados se abri-gavam sob a marquise para pernoitar, transformando os'cantos' junto aos pilares e paredes das fachadas das lojasnum verdadeiro 'mictório público'. Aos poucos, fomosiluminando as calçadas e colocando floreiras para impe- •dir que as pessoas dormissem na calçada. Optamos pelacolocação de uma faixa de granito natural preto entre ospilares existentes, e para a iluminação das marquises •foram colocados holofotes em toda a extensão da AlamedaSantos e da Rua Padre João Manoel. Outro problemacrônico eram os pontos de ônibus, onde as pessoas encos-tavam os pés nos pilares da calçada, que viviam sujos.Solucionamos esse problema substituindo todos os reves-timentos dos pilares por uma argamassa acrílica, maisdurável, e faixas de granito assentadas estrategicamentenas áreas atingidas pelos pés, dispostas horizontalmentede forma e altura adequadas.

Outra obra importante foi a melhora da infra-estrutura,pois a atual administração do edifício sempre primou pela

O terraço do segundo piso foi totalmente reformado, ganhandonovo jardim, com plantas ornamentais e área de lazer.

A PAULISTANACIONAL

DA PAULISTA

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Assistente Técnico de Direção (Reso Idepartamento pessoal e os superviso

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a 800predio. Eles

sentam comigo e discutem todos os problemas."

104 .=

pela cozinha. Eu sabia que deveria cuidar bem do setor deapoio, considerado a cozinha de um edifício, essencialpara que tudo funcionasse bem.

Em minhas experiências em edifícios anteriores semprefui olhar a infra-estrutura e sempre constatei o quanto oserviço do pessoal de apoio é desvalorizado. Tão impor-tantes quanto o pedreiro — se ele não levantar os tijolosvocê não terá casa para morar —, o eletricista, o encanadorpodem não ter muita cultura, mas sem eles você não acendea luz, não tem água. São coisas que não aparecem.

No exercício de minha atividade, sempre dei muitovalor à infra-estrutura, ao setor de apoio, ao pessoal dosubsolo, a tudo aquilo que não aparecia. Assim, numa ati-tu ioneira, as atenções foram voltadas para a qualidadedos uncionários, pois não adianta apenas vestir um uni-forme bonito se a pessoa não tem possibilidade de aprendera se comunicar. E não basta só treinar, condicionar umapessoa. O importante é dar dignidade ao funcionário, poisele está todo dia ali, lidando com várias pessoas de diversasclasses sociais, e ele precisa se sentir à altura.

Quando José Tjurs construiu o Conjunto Nacional,reservou uma área de 800 metros quadrados, onde seriamontada toda a infra-estrutura do hotel, que se encontravaabandonada, servindo como depósito de entulhos, móveise equipamentos quebrados que eram amontoados peloszeladores dos edifícios.

Em 1991, graças ao dinheiro obtido com a renovaçãodo contrato de locação do relógio do Banco Itaú, foi pos-sível realizar uma reforma mais profunda, e resolvemoscri, local a infra-estrutura para melhorar as condiçõesde alho dos funcionários. Inicialmente foram cons-truídos novos sanitários, o vestiário, o refeitório, a enfer-maria e o almoxarifado.

Com isso, iniciamos o que chamamos de 'recuperaçãodo ser humano', que teria continuidade com uma área delazer e um programa de alfabetização para os funcionários.Além de acabar com o analfabetismo, conseguimosmelhorar nosso setor de apoio, sempre incentivando osfuncionários a crescer pessoalmente. Quanto ao setor desegurança, sua estruturação foi um trabalho heróico, poisnossa idéia sempre foi criar um sistema de segurança pre-ventivo, presente, porém discreto.

Hoje eu me orgulho de ter uma equipe que trabalha muitounida. Não existe um gerente operacional, um capataz, quevai olhar se tudo está limpo ou não, e isso é muito raro, poistrata-se de um pessoal que normalmente é desprestigiado.Realizo uma reunião semanal com os representantes detodos os setores: limpeza, almoxarifado, segurança, compra,

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humanização do trabalho, para que seus funcionáriostivessem no dia-a-dia condições muitas vezes até melhoresdo que aquelas que. eles encontravam em suas própriascasas. Com esse objetivo, e devido à precariedade das ins-talações existentes, iniciamos a construção do novo setorde apoio, que passou a contar com novos banheiros, ves-tiáriikozinha completa com azulejos de qualidade, pisoscerâ s de alta resistência, novas instalações hidráulicase elétricas, ambulatório completo e rouparia, além de umagrande sala para treinamento.

Nos edifícios, primeiro foi feita a recuperação de todosos corrimãos e revestimentos das escadarias e luzas dosandares. Seguiu-se a reforma dos halls da entrada principal,no térreo, com a instalação de balcões de recepção e umsistema de controle de acesso.

Paralelamente, também foram realizados os serviçoschamados de 'vilões políticos' —aqueles que não aparecem —,como a reforma dos sistemas de exaustão das garagens docentro comercial; a limpeza dos dutos de exaustão; a remo-ção de focos de cupins com a substituição da madeiraantiga; a limpeza e recomposição de fossas sépticas; a subs-tituição do sistema de bombas hidráulicas e a reimpermea-bilização das caixas-d'água, além de reforços estruturaisnas casas de máquinas dos elevadores, nas lajes, vigas e

pilares dos subsolos, e outras obras de manutenção do edi-fício. São serviços que, embora de suma importância emuitas vezes de custo elevado, passam quase sempre desa-percebidos pelos condôminos e usuários."

7./ii:na fala agora da coleta seletiva e da reciclagem dolixo, iniciando uma atividade pioneira em edifícioscomerciais:

"Quanto à coleta seletiva e à reciclagem do lixo, podeparecer que foi uma questão ecológica, mas na verdade foipara solucionar um problema que estava ligado ao gerencia-mento do serviço de limpeza. O lixo era amontoado no sub-solo, onde o zelador mandava o pessoal da limpeza separarpapel, papelão, vidros, latas e outros objetos, que depois elevendia. Isso gerava uma das mais terríveis estruturas depoder, pois sabemos que nos ambientes de miséria existeuma exploração muito maior. Os zeladores são os verdadei-ros donos dos prédios: eles mandam em tudo porque são elesque conhecem tudo. Eles alegavam que, por uma questão deeconomia, era melhor trazer o catador que levava o lixo doque pagar peta sua retirada. Achei isso um absurdo e proibitoda comercialização de lixo e comecei a pagar para retirar.

Ao mesmo tempo, havia outro problema: o lixo eraarmazenado em containers no segundo subsolo, mas os ele-

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vadores dos edifícios comerciais não descem até lá; então,o lixo é transportado até o térreo e depois levado pelagaleria até os elevadores que servem o terraço e as gara-gens. Com isso, era uma verdadeira 'dança do lixo' peloscorredores, e no começo da noite os carrinhos formavamuma fila em frente dos elevadores. Era uma situação nadaagradável para quem circulava pelo edifício e para o públicodos cinemas e restaurantes.

Para diminuir a quantidade de lixo resolvemos criar umprograma de coleta seletiva, implantado com a ajuda deAntônio Carlos de Carvalho, que morreu recentemente, ecom o envolvimento do setor de apoio. Assim, foi iniciadoumAk-abalho de educação para que as pessoas joguem noli penas o que é lixo mesmo, que não é reciclável.

A receita obtida com a venda do material reciclável passoua ser usada em benefício dos funcionários. Resultado: o lixojá serviu para pagar um 14Q salário para todos os funcioná-rios; em outra ocasião, para comprar material escolar paraseus filhos; e hoje vem sendo utilizado para investir em edu-cação, com a contratação de professores e .de profissionais daárea organizacional, que implantaram um programa de trei-namento para mudança de função. Quando um faxineiro épromovido a ascensorista, por exemplo, é motivo de grandefesta entre os funcionários. Além disso, o dinheiro do lixopermitiu a compra de equipamentos como geladeira, televi-são, vídeo, rádio e máquina de café para uso comunitário.

Ao transformar o lixo em educação, mostramos que épossível modificar a vida de um prédio, e o ConjuntoNacional passou a ter não apenas uma importância ecoló-gicas se tornou um exemplo de qualidade de vida, afi-nado com a modernidade."

Ra consolidar e dar continuidade ao programa devalorização dos funcionários, a administração do ConjuntoNacional passou a contar com o apoio estratégico da MTB,empresa especializada em consultoria organizacional.

Quem explica essa função é Maria Ignez Prado LopesBastos, responsável pelo projeto de transformação organi-zacional do condomínio:

"O processo de modernização administrativa desenvol-vido pela MTB foi iniciado em 1995, com a elaboraçãodas normas de uso do setor de apoio, e envolve váriasações que buscam a qualidade de serviços e produtos e acondição de cidadania para os funcionários, parceiros eclientes do Condomínio Conjunto Nacional.

Ao lado dos trabalhos de elaboração e implantação deinstrumentos de racionalização de sistemas e valorizaçãode recursos humanos, que deram condições ao desenvolvi-

Felha n.° -7-ji I

Noemia M.S.MarquesAssistente Técnico de Direçã

Registro 1 0.8b6mento de uma efetiva gestão participativa e diminuiçãodos custos da administração do condomínio, estão sendorealizados com sucesso alguns projetos de ação social quelevaram o CCN a ser incluído entre os finalistas do IIIPrêmio Nacional de Qualidade de Vida, promovido pelaAssociação Brasileira de Qualidade de Vida.

O Programa de Qualidade de Vida para condôminos,funcionários, clientes e visitantes do condomínio visouinicialmente à valorização pessoal, focalizando o bem-estar da organização e da família, e o resgate da dignidadehumana, com a execução de projetos de gestão participa-tiva, treinamento, aculturação, alfabetização, Telecurso2000, línguas, saúde física, saúde financeira, cooperativa eoficinas, que tiveram como resultado o desenvolvimentopessoal e organizacional e a qualificação profissional.Também foram desenvolvidos projetos visando ao meioambiente, como o de educação ambiental (coleta seletiva),cujo resultado foi a conscientização ecológica.

Todos esses resultados, obtidos com os projetos desen-volvidos pela parceria entre a MTB e a administração doConjunto Nacional na busca da qualidade de vida, apontampara a possibilidade de expansão desse programa para todaa comunidade da Avenida Paulista."

gepois da recuperação das fachadas, da galeria, dascalçadas, das torres, dos subterrâneos, das estruturas e deoutras áreas pouco visíveis do edifício, chegou a vez do ter-raço onde ficava o Jardim de Inverno Fasano, portanto, ocartão de visita do Conjunto Nacional.

A reforma era necessária para resolver um problema devazamento no jardim, mas como até a cúpula geodésicaestava deteriorada, Vilma decidiu recuperar e embelezartodo aquele espaço. Afinal, ela também havia dançado noFasano e queria devolver aquele espaço ao edifício:

"Quando cheguei ao Conjunto Nacional, além dos pro-blemas encontrados havia também uma certa dificuldadede ser síndica, porque o síndico de um edifício é alguémsempre mal visto, sempre muito controlado e eu não tinhacom quem dividir essa visão, pois os condôminos estãosempre envolvidos com seu próprio olhar. Você tem umasérie de grandes empresas no Conjunto Nacional. Masqual é o objetivo delas?

Elas querem que o prédio funcione, mas não estão preo-cupadas se ele está bonito ou feio. Inclusive, querem quese gaste o mínimo possível.

Além de obras para o setor de apoio, no subsolo do edifício foicriado um sistema pioneiro de coleta seletiva e reciclagem do lixo.

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Quando realizamos a reforma do terraço, por exemplo,ninguém entendia. O problema todo era um vazamento daágua pluvial, pois o jardim anterior não tinha drenagem, eera necessário fazer uma impermeabilização. Quantas pes-soas falaram para colocar um telhado de brasilit, que seriamuito mais econômico.

Mas aquele é um espaço nobre do edifício, que tem suahistória ligada ao salão de festas do Fasano e faz parte daprópria história da Avenida Paulista e da cidade. Portanto,precisava ser recuperado."

O engenheiro João Paulo fala da execução das obras doterraço:

"Esse realmente foi um capítulo à parte da história darealkação do Conjunto Nacional. O terraço, como secostuma chamar, sempre foi o local de maior ocorrência deproblemas de manutenção, devido aos constantes vaza-mentos nos telhados, geralmente por falhas da impermea-bilização, pela falta de drenagem nos jardins ou entupi-mento da rede de águas pluviais. Ou seja, lá se concentravaa maioria dos 'fantasmas' que davam mais trabalho ao pes-soal da manutenção. Ao mesmo tempo, era necessáriorecuperar a cúpula geodésica que cobria o hall dos eleva-dores, que estava cheia de rachaduras. Para essa reforma,foi necessário substituir as placas de fiberglass uma a uma,e, por serem todas diferentes entre si, o ajuste final foifeito por funcionáriOs .especializados, que trabalharam porcima da estrutura de alumínio amarrados em cordas denáilon presas ao cinto de segurança.

Em seguida foi executado o espelho d'água com pequenoschafiks, que depois de impermeabilizado foi revestidocom pastilhas de vidro, de acordo com o projeto de urba-nização do terraço."

A arquiteta Maria Cecília Barbieri Gorski, da Barbieri &Gorski Arquitetos Associados, responsável pelo projeto pai-sagístico, conta outros detalhes da recuperação do terraço:

"O projeto do Garden Place começou a ser desenvolvi-do em 1994, quando Vilma Peramezza estabeleceu umprograma de revitalização do segundo terraço do ConjuntoNacional e nos encarregou de desenvolver e executar umprojeto de paisagismo.

Sendo um terraço sobre laje, que não suporta grandecarga de terra, a solução encontrada foi colocar a vegetaçãoem locais estratégicos, onde a estrutura poderia suportar opeso. E, não sendo possível ter grandes áreas internas devegetais, optou-se por trabalhar em texturas variadas epedras de cores contrastantes. O piso, de pedra miracema,foi desenhado com módulos de tamanhos variados e ainclusão de pastilhas de vidro azul. No acesso ao hall

Noenua wi.S.Mntr gAssistente Técnico de Dir ) 1

Registro 10.866coberto pela cúpula, foi criado um espelho d'água comvários jatos e floreiras que contornam a área coberta. Avegetação empregada, além de atender aos diferentesníveis de insolação, é própria para solos não muito profun-dos e resistente a ventos.

Para garantir maior controle de drenagem da laje,optou-se por trabalhar basicamente com fronteiras decimento amianto, que foram envoltas por enormes cache-pôs de arenito vermelho, aplicado em 'canjiquinha', queera um tipo de assentamento de pedra muito usado nasdécadas de 50 e 60. Nas áreas de laje onde não se poderiacolocar terra, optou-se por brita grande, cuja cor cinzadialoga com a pedra miracema e o arenito vermelho,garantindo a drenagem e propiciando uma textura forte econtrastante com os outros materiais."

A restauração do terraço, reinaugurado em junho de1997, trouxe de volta parte do g/amour que caracterizou oConjunto Nacional nos anos 50, 60 e início dos 70. Aomesmo tempo, o Garden Place significou a compensaçãode um longo período de conquistas, quando várias etapasforam superadas.

Carquiteto David Libeskind, que em diversas ocasiõesvoltou ao Conjunto Nacional e acompanhou algumas eta-pas da recuperação do edifício, elogia as reformas, apesarde contestar as novas intervenções:

"Eu colaborei indiretamente para a recuperação doConjunto Nacional, colocando-me à disposição paraquando precisassem de mim. O trabalho de restauração emodernização foi elogiável, principalmente por terem eli-minado aquelas lojas que obstruíam as galerias. Realmen-te, limparam o Conjunto Nacional, e a Vilma teve umpapel de grande importância nessa difícil tarefa.

Evidentemente, durante as obras, novamente começarama surgir as infelizes 'contribuições' estéticas, sem qualquernecessidade. Até as colunas periféricas que sustentam acúpula geodésica foram 'agraciadas' com capitéis disfor-mes, numa linguagem conflitante 'com o novo e bonitojardim sob a cúpula.

Concordo que qualquer prédio antigo pode ser revitali-zado, mas esse trabalho deve ser feito dentro dos princípiosda ética e da estética exigidos em cada caso. Mas não estoudeixando de reconhecer, em parte, o trabalho de recupe-ração do Conjunto Nacional."

Vilma reconhece as razões do arquiteto e aponta os

Depois de uma ampla reforma, em junho de 1997 foi inauguradoo novo terraço, com a cúpula geodésica totalmente restaurada.

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4..jmotivos que hoje impedem um retorno ao projeto inicial,lekuarenta anos depois:

"Quero até pedir desculpas ao David Libeskind por nãoter conseguido recuperar totalmente o projeto inicialdele, que eu respeito muito. Mas existem problemas deuso de um imóvel que são complicados e que muitas vezesconflitam com a idéia do arquiteto. No caso do ConjuntoNacional, muitas das áreas que o David não projetou eque segundo ele deveriam ser até demolidas, como, porexemplo, as construções sobre o terraço, hoje têm pro-prietários, e não existe a menor possibilidade de alguémchegar e desapropriar, ou demolir."

Realmente, não foi possível uma volta ao passado, comodesejaria o arquiteto, mas o Conjunto Nacional recuperousua imagem e voltou a atrair novas empresas, tanto nagaleria como nos edifícios comerciais, e os imóveis se valo-rizaram — hoje, as unidades menores são avaliadas entre40.000 e 45.000 dólares.

"esde sua inauguração, o Conjunto Nacional sempreacolheu grandes empresas, como a Martini & Rossi (atualBacardi Martini), a AgipLiquigás, que passou a ocupar olocal onde era o Fasano, a Refinadora de Óleos Brasil (umdos primeiros condôminos), a Livraria Cultura, o VienaDelicatessen, o Setpesp, a Drogaria São Paulo, a Papela-ria Conjunto, a loja de discos Love Music, a JoalheriaWilliam e o Unibanco, na esquina com a Rua Padre JoãoManoel, onde se encontra um raríssimo painel do artistaplástico Dando Di Prete, além de diversas agências depropaganda — entre elas a Colucci & Associados, uma dasmais antigas do edifício.

Em 1981, a Cotia Trading, uma das principais empresasprestadoras de serviços de financiamento e logística emimportação e exportação do país, escolheu o ConjuntoNacional para instalar os seus escritórios. Ela continuano primeiro pavimento da lâmina horizontal e tem atraí-do profissionais do mundo inteiro, que aqui aterrissam

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para reuniões de negócios e visitam o edifício. Outragrande empresa que optou pelo Conjunto foi a Arisco,que nos anos 80 instalou seus escritórios no Horsa II,onde atualmente ocupa uma área de 2.500 metros qua-drados distribuídos em três andares.

Em 1988, duas salas de exibição (Studio Alvorada 1 e 2)foram inauguradas no primeiro piso, aumentando paracinco o número de cinema no edifício. No mesmo ano, ainauguração do novo Viena, na esquina da Rua Augustacom a Alameda Santos, representou um grande passorumo à revitalização do Conjunto Nacional, como lembraRoberto Bielawski:

"A instalação do Viena na esquina da Alameda Santos,emiÂ88, se deve a Vilma, que nos incentivou muito a sairdo osque e partir para uma loja grande, que deu umgrande impulso para o crescimento da rede, pois o Vienado Conjunto Nacional tem uma exposição muito grandedevido à excelente localização, e hoje está entre as nossasmelhores lojas. A mudança foi boa tanto para o Vienaquanto para o edifício, pois a retirada do quiosque liberouo hall principal, que ficou totalmente livre.

Hoje o público do Viena não é formado apenas por pes-soas que trabalham nos escritórios, pois o ConjuntoNacional se tornou um local que oferece uma série de ati-vidades de lazer, desde os cinemas, os encontros literáriosna Livraria Cultura, e até o próprio ato de comprar nasdiversas lojas da ga. leria.

Cada vez que vou ao Conjunto Nacional, sinto uma ale-gria muito grande de ver que está tudo recuperado e quehá uma preocupação permanente de melhoria, o que nãoOC na maioria dos prédios de São Paulo. A Savoy tevea felicidade de colocar a Vilma para cuidar do edifício,uma pessoa que olha aquilo com muito carinho, e eu sóposso expressar a minha total admiração pelo trabalho queela vem desenvolvendo lá dentro."

Hoje o Conjunto Nacional vive uma outra era, com achegada de novos condôminos, como o Jornal do Brasil, aRincon Perfumado, a rede de drogarias Nebraska, a ViaCores, os restaurantes Súbito e Grill Hall, a Visconti, aacademia Bio Ritmo e a imobiliária Valentina Caran.

Por sua vez, o Edifício Guayupiá continua um dos pré-dios residenciais mais luxuosos da cidade, onde residemalguns moradores fiéis, que não trocam o ConjuntoNacional por nenhum outro lugar, como Maria HelenaLeme da Fonseca, que se mudou para o edifício em 1964.Outras moradoras ilustres são Maria Giraud, conhecidapor madame Giraud, que há trinta anos ocupa um apar-tamento de 250 metros quadrados; a artesã Adriana Bar-

oettities

Assistente Técnico de Direçãotorelli, que se dedica à arte da tap&Nistre WistlóanaMarcella Morisco, desde 1963 proprietária da Copiado-ra Conjunto, na galeria comercial, e que recentementefoi residir no Guayupiá.

ge olho no futuro, a administração do Conjunto Na-cional está voltada para uma nova realidade, com a imple-mentação de diversas obras para modernizar o edifício.

Os elevadores do Conjunto Nacional sempre foram umagrande preocupação da atual administração devido ao des-gaste dos equipamentos, principalmente em função dotempo de uso: o Horsa I possui seis elevadores em operaçãodesde 1965, o Horsa II conta oito equipamentos instaladosem 1962 e o prédio central é servido por dois elevadores,um para cargas e outro social, em operação desde 1958.

Assim, para oferecer o máximo de qualidade e segu-rança à população de 35.000 pessoas que circula diaria-mente pelo Conjunto Nacional, a primeira medida con-sistiu em recuperar os elevadores. Iniciado em dezembrode 1997, esse trabalho está sendo executado pela Eleva-dores Atlas, que até o ano 2000 deverá modernizar osdezesseis elevadores já existentes e montar um novo noprédio central, levando a modernidade ao grande com-plexo de edifícios.

O trabalho de modernização, já realizado em alguns ele-vadores, consiste na substituição do teto e botoeiras dascabinas, com a instalação de totem com tela gráfica dupla,que exibe data, hora, localização e direção do elevador epossibilita a transmissão de mensagens e informações doedifício via Sistema de Monitoração e Controle de Tráfego.Em cada andar, estão sendo instaladas botoeiras com teclasensitiva e indicadores com display multiponto, e na casadas máquinas os antigos armários de comando, despacho egerador cederam lugar ao comando computadorizadoExcel e despacho avançado.

Outros projetos de modernização estão em andamento,como explica Vilma Peramezza, que também revela suavisão de modernidade administrativa:

"Em matéria de infra-estrutura, depois dos elevadores,estamos pensando em modernizar o sistema de teleco-municações, implantando um avançado serviço de tele-comunicação e de transmissão de dados para os nossoscondôminos. Ainda é cedo para avaliar a importânciadesse sistema para o futuro, mas, considerando que oConjunto Nacional não é mais um projeto arquitetônico

Com a realizacão de exposições de arte, o Conjunto Nacional passoua fazer parte do corredor cultural em que se transformou a Paulista.

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moderno, ele tem que oferecer outros atrativos para osusuários e ao mesmo tempo valorizar o patrimônio dosproprietários.

Quanto à área administrativa, eu tenho uma idéia pes-soal de modernidade: a transformação do setor de apoionuma cooperativa de serviços, que seria administradapelos próprios funcionários, que se tornariam os vendedoresdos próprios serviços. O objetivo seria um novo conceitode prestação de serviços, extensivo a todos os condôminos,no que se refere a limpeza, consertos, pequenas reformas,serviço de mensageiros e outras atividades. Esse sistemadiminuiria o custo do condomínio, que passaria a pagar

apenas os serviços realizados, e os funcionários da coope-rativa poderiam ganhar mais com a execução de serviçostambém para os condôminos, que normalmente são reali-zados por pessoas de fora."

erye...7°M-irques -

Assistente Técnico de Dir-Registro I 0.86f)

encerrando seu depoimento, Vilma fala do futuro doConjunto Nacional:

"Toda vez que penso no futuro do Conjunto Nacionalme lembro daquela primeira assembléia no edifício,quando apresentei meu programa de administração, ealguém perguntou:

'Qual é o futuro do Conjunto Nacional, e quantos anosmais ele vai ficar de pé?'

É uma pergunta difícil de responder, pois para nós, sul-americanos, isso é um tanto complicado. Para o europeu jáé diferente. Quantos prédios existem lá na Europa, de cen-tenas de anos, ou castelos medievais que hoje são hotéis?

Como já disse, cheguei ao Conjunto Nacional em

A "prefeita" do Conjunto Nacional, Vilma Peramezza. Ao lado, oterraço restaurado e os novos elevadores modernizados pela Atlas.