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Rodada 28.2013 1) (Emagis) As assertivas que seguem tratam de aspectos relativos ao julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade e da Ação Declaratória de Constitucionalidade. I – Ainda que julgada improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade, se não houver pelo menos 08 votos no sentido da improcedência, pode ser necessário o ajuizamento de Ação Declaratória de Constitucionalidade para firmar a constitucionalidade da lei. II – Tanto a concessão quanto a denegação da medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade possuem efeitos contra todos, de forma que, em ambos os casos, os juízes estão obrigados a seguir o que decidido pelo Supremo Tribunal Federal III – São necessários seis votos para que se declare a inconstitucionalidade de lei impugnada em ADI, quórum que não é suficiente para modular os efeitos da declaração, sendo, para tanto, necessários, ao menos, oito votos. Estão corretas as seguintes assertivas: a) I b) II c) III d) Nenhuma e) Todas estão corretas. Item I. Incorreto. Assertiva que desconsidera o chamado caráter dúplice ou ambivalente da ADI e ADC: se a ADI é procedente a lei é inconstitucional, se improcedente é constitucional; se a ADC é procedente é constitucional a lei, se improcedente é inconstitucional. Por esse caráter dúplice, é desnecessário o ajuizamento de ADI e ADC contra a mesma lei: o resultado produzido em uma das ações substitui o que seria obtido na outra. O artigo 24, da Lei 9.868/1999, ao proclamar o decantado caráter dúplice das ações,

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1) (Emagis) As assertivas que seguem tratam de aspectos relativos ao julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade e da Ação Declaratória de Constitucionalidade.

I – Ainda que julgada improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade, se não houver pelo menos 08 votos no sentido da improcedência, pode ser necessário o ajuizamento de Ação Declaratória de Constitucionalidade para firmar a constitucionalidade da lei.II – Tanto a concessão quanto a denegação da medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade possuem efeitos contra todos, de forma que, em ambos os casos, os juízes estão obrigados a seguir o que decidido pelo Supremo Tribunal FederalIII – São necessários seis votos para que se declare a inconstitucionalidade de lei impugnada em ADI, quórum que não é suficiente para modular os efeitos da declaração, sendo, para tanto, necessários, ao menos, oito votos.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) Ib) IIc) IIId) Nenhumae) Todas estão corretas.

Item I. Incorreto.Assertiva que desconsidera o chamado caráter dúplice ou ambivalente da ADI e ADC: se aADI é procedente a lei é inconstitucional, se improcedente é constitucional; se a ADC éprocedente é constitucional a lei, se improcedente é inconstitucional.Por esse caráter dúplice, é desnecessário o ajuizamento de ADI e ADC contra a mesma lei:o resultado produzido em uma das ações substitui o que seria obtido na outra.O artigo 24, da Lei 9.868/1999, ao proclamar o decantado caráter dúplice das ações,nenhuma ressalva faz quanto ao quórum: ainda que por 6 a 5 seja julgada improcedenteADI, estará declarada a constitucionalidade da lei.Item II. Incorreto.O artigo 11, da Lei 9.868/1999, somente concede eficácia erga omnes à decisão queconcede medida cautelar em ADI. A decisão que indefere a cautelar não porta tal efeito. Étradicional tanto na doutrina quanto na jurisprudência do STF tal distinção (por todos:Reclamação 2.810).Exemplo da situação foi o indeferimento da cautelar na ADI 2.111, que vergastava a Lei

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9.876/1999, no ponto em que institui o fator previdenciário: embora o STF tenha mantido avalidade da lei – ao indeferir a cautelar – tal decisão não tem efeitos erga omnes ouvinculantes.Item III. Correto.Assertiva fulcrada na literalidade dos artigos 23 (quórum para declaração dainconstitucionalidade ou constitucionalidade) e 27 (quórum para modulação dos efeitos),ambos da Lei 9.868/1999.Resposta: alternativa ‘c’.

2) (Emagis) A propósito dos efeitos erga omnes e vinculantes das decisões proferidas em Ação Direta de Inconstitucionalidade, avalie as assertivas que seguem.

I – Segundo a doutrina majoritária, são equivalentes os efeitos erga omnes e vinculantes da decisão proferida em Ação Direta de Inconstitucionalidade: ambos impõem a todos a observância da parte dispositiva da decisão.II – Adotando distinção presente no direito alemão, a doutrina majoritária empresta ao efeito erga omnes amplitude maior que a emprestada ao efeito vinculante: aquele impõe o respeito aos fundamentos determinantes da decisão proferida na ADI.III – Declarada pelo STF, em ADI, a inconstitucionalidade da Lei X, emanada do Estado A, acaso venha o Estado B a elaborar a Lei Y, de mesmo conteúdo, e venha o Judiciário a aplicar esta última, admite o STF reclamação contra aludida decisão judicial, por desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão proferida na aludida ADI.

Estão corretas as seguintes assertivas:

a) Ib) IIc) II e IIId) I e IIIe) III

Itens I e II. Incorretos.O item I conceituou com correção o efeito erga omnes da decisão proferida em ADI. Talefeito, contudo, distingue-se do efeito vinculante, conforme entende a doutrina majoritária.A distinção foi exposta de maneira invertida no item II: enquanto o efeito erga omnes impõea todos o respeito do dispositivo da decisão, o efeito vinculante impõe o respeito aosfundamentos determinantes do decisium.Trata-se de distinção corrente no direito alemão e exposta nos modernos manuais pátrios

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(por todos: Bernardo Gonçalves Fernandes, Curso de Direito Constitucional, páginas 962 e963).Item III. Correto.A assertiva bem ilustra hipótese de desrespeito aos efeitos vinculantes da decisão proferidaem ADI: o Estado B não descumpriu o dispositivo da decisão (que se referia a Lei de outroEstado), mas, sim, os fundamentos determinantes, eis que editou Lei idêntica à combatidanos mencionados fundamentos.Seguindo a distinção supra, não desrespeitou os efeitos erga omnes, mas os efeitosvinculantes.Por outro lado, como, em regra, entende-se que o legislador não está sujeito aos efeitosvinculantes, a reclamação somente se viabilizou após aplicada a indigitada Lei Y peloJudiciário, este, sim, vinculado à decisão do STF.Veja similar situação julgada pelo STF na Reclamação 2.986:EMENTA: FISCALIZAÇÃO ABSTRATA DE CONSTITUCIONALIDADE.RECONHECIMENTO, PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DA VALIDADECONSTITUCIONAL DA LEGISLAÇÃO DO ESTADO DO PIAUÍ QUE DEFINIU, PARA OSFINS DO ART. 100, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO, O SIGNIFICADO DE OBRIGAÇÃO DEPEQUENO VALOR. DECISÃO JUDICIAL, DE QUE ORA SE RECLAMA, QUE ENTENDEUINCONSTITUCIONAL LEGISLAÇÃO, DE IDÊNTICO CONTEÚDO, EDITADA PELOESTADO DE SERGIPE. ALEGADO DESRESPEITO AO JULGAMENTO, PELO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL, DA ADI 2.868 (PIAUÍ). EXAME DA QUESTÃO RELATIVA AOEFEITO TRANSCENDENTE DOS MOTIVOS DETERMINANTES QUE DÃO SUPORTE AOJULGAMENTO, "IN ABSTRACTO", DE CONSTITUCIONALIDADE OU DEINCONSTITUCIONALIDADE. DOUTRINA. PRECEDENTES. ADMISSIBILIDADE DARECLAMAÇÃO. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDAResposta: alternativa ‘e’.

3) (Emagis) Quanto às parcerias público-privadas, julgue, com apoio na Lei 11.079/04, a assertivas veiculadas a seguir.I - Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. Concessão administrativa é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei 8.987/95, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado; concessão

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patrocinada, por sua vez, é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.II - É expressamente vedada a celebração de contrato de parceria público-privada que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.III - Embora sejam regidas pela Lei 11.079/04, às concessões patrocinadas aplica-se subsidiariamente a Lei 8.987/95.

Estão corretos somente os itens:a) I e II.b) I e III.c) II e III.d) I.e) I, II e III.Como é cediço, as parcerias público-privadas podem assumir duas formas: (a) concessãopatrocinada, que é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei8.987/95, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestaçãopecuniária do parceiro público ao parceiro privado; (b) concessão administrativa, que é ocontrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ouindireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. Peloque se nota, o item I inverte os conceitos das concessões patrocinada e administrativa,donde se revelar incorreto.O item II, por sua vez, não traz qualquer engano. Com efeito, o art. 2º, § 4º, da Lei11.079/04 traz algumas vedações à aplicação das parcerias público-privadas; e, dentreessas proibições, está a de se valer a Administração Pública desse tipo de arranjo jurídicoquando o contrato tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimentoe instalação de equipamentos ou a execução de obra pública (inciso III). Certo, destarte, oitem em comento.No mais, o item III também se apresenta acertado. Como se disse acima, a concessãopatrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei8.987/95, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestaçãopecuniária do parceiro público ao parceiro privado; é dizer, a concessão patrocinada é por

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demais semelhante à concessão de serviços públicos ou de obras públicas disciplinadaspela Lei 8.987/95. Daí ter a Lei 11.079/04, que disciplina as PPP's, previsto que a Lei8.987/95 aplica-se subsdiariamente às concessões patrocinadas (cf. art. 3º, § 1º, da Lei11.079/04). Note-se que, quanto às concessões administrativas, menos assemelhadas àsconcessões da Lei 8.987/95, a Lei 11.079/04 não falou em aplicação subsidiária, tendoComentários:

simplesmente determinado a aplicação de regras pontuais da Lei 8.987/95 a taisconcessões administrativas (cf. art. 3º, caput, da Lei 11.079/04).Do que se assistiu, somente os itens II e III estavam corretos.Resposta: alternativa 'c'.

4) (Emagis) As assertivas deduzidas a seguir dizem respeito à acumulação remunerada de cargos públicos. Julgue-as e sinalize para a alternativa correta.I - Segundo entendimento do plenário do STF, é ilegal a acumulação de dois cargos públicos quando ambos estão submetidos ao regime de 40 (quarenta) horas semanais e um deles exige dedicação exclusiva.II - Para o STJ, admite-se a cumulação do cargo público de Médico da Polícia Militar com o de professor de universidade pública.III - É firme o posicionamento do STJ no sentido de que se revela ilegal a acumulação de cargos públicos quando a soma da carga horária semanal de ambos supera o limite constitucional de 44 (quarenta e quatro) horas semanais.Estão corretos somente os itens:

a) I e II.b) I e III.c) II e III.d) I.e) I, II e III.O STF, de fato, tem precedente do seu Tribunal Pleno reconhecendo ilegítima aacumulação de cargos públicos quando ambos estão submetidos ao regime de 40 horassemanais e um deles exige dedicação exclusiva:MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO QUECONSIDEROU ILEGAL APOSENTADORIA E DETERMINOU A RESTITUIÇÃO DEVALORES. ACUMULAÇÃO ILEGAL DE CARGOS DE PROFESSOR. AUSÊNCIA DECOMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS. UTILIZAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO PARAOBTENÇÃO DE VANTAGENS EM DUPLICIDADE (ARTS. 62 E 193 DA LEI N. 8.112/90).

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MÁ-FÉ NÃO CONFIGURADA. DESNECESSIDADE DE RESTITUIÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. INOCORRÊNCIA DE DESRESPEITO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL EAO DIREITO ADQUIRIDO. 1. A compatibilidade de horários é requisito indispensável para oreconhecimento da licitude da acumulação de cargos públicos. É ilegal a acumulação doscargos quando ambos estão submetidos ao regime de 40 horas semanais e um deles exigededicação exclusiva. 2. O § 2º do art. 193 da Lei n. 8.112/1990 veda a utilização cumulativado tempo de exercício de função ou cargo comissionado para assegurar a incorporação dequintos nos proventos do servidor (art. 62 da Lei n. 8.112/1990) e para viabilizar apercepção da gratificação de função em sua aposentadoria (art. 193, caput, da Lei n.8.112/1990). É inadmissível a incorporação de vantagens sob o mesmo fundamento, aindaque em cargos públicos diversos. 3. O reconhecimento da ilegalidade da cumulação devantagens não determina, automaticamente, a restituição ao erário dos valores recebidos,salvo se comprovada a má-fé do servidor, o que não foi demonstrado nos autos. 4. Ajurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem-se firmado no sentido de que, no exercícioda competência que lhe foi atribuída pelo art. 71, inc. III, da Constituição da República, oTribunal de Contas da União cumpre os princípios do contraditório, da ampla defesa e dodevido processo legal quando garante ao interessado - como se deu na espécie - osrecursos inerentes à sua defesa plena. 5. Ato administrativo complexo, a aposentadoria doservidor, somente se torna ato perfeito e acabado após seu exame e registro pelo Tribunalde Contas da União. 6. Segurança parcialmente concedida. (STF, Pleno, MS 26085, Rel.Min. Carmen Lúcia, Dje de 12/06/2008)Certo, destarte, o item I.O item II, por sua vez, também não traz nenhum equívoco.Conquanto a CF, na acumulação de cargos públicos, tenha trazido hipótese específica aosprofissionais de saúde (art. 37, XVI, 'c') - prevendo a possibilidade de que ocorra em setratando de dois cargos privativos de médicos -, a melhor interpretação é a de que a

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existência dessa regra específica não afasta a possibilidade de acumulação de um cargo deprofessor com outro privativo de médico, já que este, inegavelmente, é de caráter técnico oucientífico (art. 37, XVI, 'b'). Noutras palavras, a previsão contida na alínea 'c' do inciso XVIdo art. 37 da CF não afasta a possibilidade de acumulação de um cargo de professor comoutro de médico, hipótese que se ajusta à alínea 'b' desse mesmo inciso do art. 37 da CF.Chancelando esse raciocínio, leia-se este bem lançado precedente do STJ, que se nosantolha impecável:ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. MILITAR. MÉDICO. ACUMULAÇÃO DECARGOS. NATUREZA CIENTÍFICA. PROFESSOR. POSSIBILIDADE.1. Discute-se a possibilidade de acumulação dos cargos de médicaoficiala da Polícia Militar do Estado de Goiás e de professora daUniversidade Federal de Goiás.2. Com base na interpretação sistemática dos arts. 37, XVI, "c", 42,§1°, e 142, § 3°, II, da Constituição Federal, a jurisprudência doSTJ passou a admitir a acumulação de dois cargos por militares queatuam na área de saúde, desde que o servidor público não desempenheas funções tipicamente exigidas para a atividade castrense, mas simatribuições inerentes a profissões de civis (AgRg no RMS 33.703/GO,Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 2.8.2012; RMS33.357/GO, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe26.9.2011; RMS 28.059/RO, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma,DJe 16.10.2012).3. Nessa linha, o fato de o profissional de saúde integrar osquadros de instituição militar não configura, por si só, impedimentode acumulação de cargo, o que, entretanto, somente se torna possívelnas hipóteses estritamente previstas no art. 37, XVI, daConstituição Federal.4. O art. 37, XVI, da Constituição impõe como regra aimpossibilidade de acumulação de cargos. As exceções se encontramtaxativamente listadas em suas alíneas e devem ser interpretadas deforma estrita, sob pena de afrontar o objetivo da norma, que é o deproibir a acumulação remunerada de cargos públicos.5. É certo que a Constituição disciplinou a situação dosprofissionais de saúde em norma específica e nela admitiu aacumulação de dois cargos ou empregos privativos, ambos nessa área(art. 37, XVI, "c").6. Contudo, não se pode desconhecer que o cargo de médico possuinatureza científica, por pressupor formação em área especializada doconhecimento, dotada de método próprio. Essa é, em breve síntese, anoção de cargo "técnico ou científico", conforme se depreende dosprecedentes do STJ (RMS 32.031/AC, Rel. Ministro Teori AlbinoZavascki, Primeira Turma, DJe 24.11.2011; RMS 28.644/AP, Rel.Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 19.12.2011; RMS 24.643/MG,

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Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJe 16.2.2009).7. A acumulação exercida pela recorrente se amolda, portanto, àexceção inserta no art. 37, XVI, "b", da Constituição Federal. Defato, parece desarrazoado admitir a acumulação de um cargo deprofessor com outro técnico ou científico e, entretanto, eliminardesse universo o cargo de médico, cuja natureza científica éindiscutível.8. Por fim, verifica-se que é incontroversa a questão dacompatibilidade de horários (40 horas semanais, sem dedicaçãoexclusiva na Universidade Federal de Goiás, e 20 horas semanais, noexercício da atividade de médica reumatologista, no Hospital daPolícia Militar de Goiás - fls. 45-46).9. Recurso Ordinário provido. (STJ, Segunda Turma, RMS 39157, Rel. Min. HermanBenjamin, Dje de 07/03/2013)Para concluir, o item III está enganado, já que é falsa a afirmação de que o STJ estariaconsiderando impossível a acumulação de cargos públicos quando a soma da carga horáriade ambos supera o limite constitucional da jornada semanal (44 horas). Com efeito, a CFapenas exigiu a compatibilidade de horários e o enquadramento em uma das situações nelaprevistas (art. 37, XVI), nada aludindo à necessidade de observância desse limite semanal.Nessa direção, leia-se a seguinte notícia trazida no último Informativo do STJ (n. 521):DIREITO ADMINISTRATIVO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOSINDEPENDENTEMENTE DE CARGA HORÁRIA MÁXIMA CONSIDERADA EM ACÓRDÃODO TCU. Havendo compatibilidade de horários, é possível a acumulação de dois cargospúblicos privativos de profissionais de saúde, ainda que a soma da carga horária referenteàqueles cargos ultrapasse o limite máximo de sessenta horas semanais considerado peloTCU na apreciação de caso análogo. De fato, o art. 37, XVI, da CF e o art. 118, § 2º, da Lei8.112/1990 somente condicionam a acumulação lícita de cargos à compatibilidade dehorários, não havendo qualquer dispositivo que estabeleça limite máximo, diário ousemanal, à carga horária a ser cumprida. Dessa forma, não se pode negar o direito àacumulação com base numa suposta incompatibilidade com decisão proferida pelo TCU(Acórdão 2.1332005), a qual não possui força normativa capaz de se sobrepor à garantiaconstitucional e legal. Ademais, mostra-se desarrazoado negar o referido direito com

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fundamento em mera presunção de que a realização de jornada de trabalho superior asessenta horas semanais comprometeria a qualidade do serviço a ser prestado.Precedentes citados: AgRg no REsp 1.168.979-RJ, Sexta Turma, DJe 14/12/2012; MS15.663-DF, Primeira Seção, DJe 3/4/2012; e EDcl no REsp 1.195.791-RJ, Segunda Turma,DJe 28/6/2012. AgRg no AREsp 291.919-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgadoem 18/4/2013.Em suma, somente os itens I e II estavam corretos.Resposta: alternativa 'a'.

5) (Emagis) No que tange ao Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), julgue, com base na Lei 12.462/11, as proposições apresentadas logo abaixo.I - O RDC aplica-se, dentre outros, às licitações e contratos necessários à realização dosJogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, da Copa do Mundo Fifa 2014 e das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).II - O RDC tem por objetivos, dentre outros, ampliar a eficiência nas contratações públicas e a competitividade entre os licitantes, promover a troca de experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o setor público, bem como assegurar tratamento isonômico entre os licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública.III - A opção pelo RDC deverá constar de forma expressa do instrumento convocatório e resultará no afastamento das normas contidas na Lei 8.666/93, exceto nos casos expressamente previstos na Lei 12.462/11.Estão corretos somente os itens:a) I e II.b) I e III.c) II e III.Comentários:

d) I.e) I, II e III.O RDC teve um impacto extremamente significativo nas licitações e contratosadministrativos, trazendo regras inéditas e sobremaneira diversas àquelas consagradas naLei 8.666/93 (Lei Geral de Licitações e Contratos Administrativos).Quanto ao seu âmbito de aplicação, não há nada de errado no que afirmado no item I. Defato, o RDC é aplicável tanto às licitações e contratos necessários à realização dos JogosOlímpicos e Paraolímpicos de 2016 e da Copa do Mundo Fifa 2014 quanto à realização dasações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), já que a Lei

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12.688/12 expressamente previu esta última hipótese, ao incluir o inciso IV ao art. 1º da Lei12.462/11.Certo, também, o item II, que arrola com exatidão os objetivos do RDC, segundo previstopelo § 1º do art. 1º da Lei 12.462/11. Efetivamente, o RDC tem por objetivos (a) ampliar aeficiência nas contratações públicas e a competitividade entre os licitantes; (b) promover atroca de experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefíciospara o setor público; (c) incentivar a inovação tecnológica; e (d) assegurar tratamentoisonômico entre os licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a administraçãopública.De resto, o item III também não espelha qualquer engano. De acordo com o art. 1º, § 2º, daLei 12.462/11, a opção pelo RDC deverá constar de forma expressa do instrumentoconvocatório e resultará, como regra geral, no afastamento das normas contidas na Lei8.666/93, exceto nos casos expressamente previstos na Lei 12.462/11.Diante dessas colocações, nota-se que todos os itens estavam corretos.Resposta: alternativa 'e'.

6) (Emagis) A propósito de alguns princípios setoriais do Direito Ambiental, avalie as assertivas que seguem.I – O princípio da solidariedade intergeracional é previsto expressamente na ‘Declaração do Rio de 1992’.II – O princípio da participação comunitária, além de previsto expressamente na‘Declaração do Rio de 1992’, foi densificado na legislação pátria por meio da Lei 10.650/2003, que, entre outras previsões, garantiu a qualquer indivíduo, desde que comprovado interesse específico, o acesso a documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental.III – O princípio do limite preconiza existir dever estatal de editar e efetivar normas jurídicas que instituam padrões máximos de poluição, havendo previsão expressa na Lei 6.938/1981 de que o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental é um dos instrumentos para a execução da Política Nacional do Meio Ambiente.Estão incorretas as seguintes assertivas:a) Ib) IIc) IIId) I e IIIe) Todas estão corretas.Item I. Correto.O princípio da solidariedade intergeracional é o Princípio 03, da Declaração do Rio, litteris:

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O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidasequitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das geraçõespresentes e futuras.Item II. Incorreto.De fato, o princípio da participação comunitária é explicitado (princípio 10) na Declaração doRio. Veja:A melhor maneira de tratar as questões ambientai s é assegurar a participação, no nívelapropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo teráacesso adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham asautoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas emsuas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. OsEstados irão facilitar e estimular a conscientização e a participação popular, colocando asinformações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismosjudiciais e administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos.Não menos certo é que tal princípio foi densificado em território brasileiro pela Lei10.650/2003. O erro é asseverar que a obtenção de informações ambientais pelo indivíduoestá condicionada à comprovação de interesse específico. Na verdade, ela independe demencionada comprovação.Veja a redação do artigo 2º, caput e §1º, da Lei 10.650/2003:Art. 2o Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional,integrantes do Sisnama, ficam obrigados a permitir o acesso público aos documentos,expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todasas informações ambientais que estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro oueletrônico, especialmente as relativas a:I - qualidade do meio ambiente;II - políticas, planos e programas potencialmente causadores de impacto ambiental;III - resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle de poluição e deatividades potencialmente poluidoras, bem como de planos e ações de recuperação deáreas degradadas;

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IV - acidentes, situações de risco ou de emergência ambientais;V - emissões de efluentes líquidos e gasosos, e produção de resíduos sólidos;VI - substâncias tóxicas e perigosas;VII - diversidade biológica;VIII - organismos geneticamente modificados.§ 1o Qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de interesse específico,terá acesso às informações de que trata esta Lei, mediante requerimento escrito, no qualassumirá a obrigação de não utilizar as informações colhidas para fins comerciais, sob aspenas da lei civil, penal, de direito autoral e de propriedade industrial, assim como de citaras fontes, caso, por qualquer meio, venha a divulgar os aludidos dados.Item III. Correto.Correta a sintética a definição do princípio do limite, sendo nestes termos usual em doutrina(por todos: Frederico Augusto Di Trindade Amado, Direito Ambiental Esquematizado, 2ªedição, página 54).Certa também a referência ao instrumento da PNMA previsto na Lei 6.938/1981. Veja:Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;Resposta: alternativa ‘b’.

7) (Emagis) Sobre as taxas e os preços públicos, julgue as proposições a seguir:I – É constitucional a imposição de taxa de coleta de lixo domiciliar cujos valores estejam previstos conforme faixas ou intervalos diretamente proporcionais à metragem da fachada do imóvel.II – Na remuneração pelo uso de bem público dispõe o legislador ordinário de faculdade de escolha entre o regime tributário da taxa e o regime privado do preço público (tarifa).III – É inconstitucional taxa que tenha por base a remuneração do serviço de iluminação pública, por faltar o requisito da divisibilidade, sendo impossível auferir o quanto cada contribuinte usufruiu de um serviço público prestado uti universi.

a) Apenas os itens I e II estão corretos.b) Apenas os itens I e III estão corretos.c) Apenas o item II está correto.d) Apenas os itens II e III estão corretos.e) Todos os itens estão corretos.

Item I. Certo. A matéria é pacífica no STF e originou a Súmula Vinculante 29: “Éconstitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de

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cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre umabase e outra” e a Súmula Vinculante 19: “A taxa cobrada exclusivamente em razão dosserviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduosprovenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição”. Eis precedente com amesma orientação das referidas súmulas:CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE COLETA DE LIXO: BASE DE CÁLCULO.IPTU. MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS, S.P. I. - O fato de um dos elementos utilizados nafixação da base de cálculo do IPTU - a metragem da área construída do imóvel - que é ovalor do imóvel (CTN, art. 33), ser tomado em linha de conta na determinação da alíquotada taxa de coleta de lixo, não quer dizer que teria essa taxa base de cálculo igual à doIPTU: o custo do serviço constitui a base imponível da taxa. Todavia, para o fim de aferir,em cada caso concreto, a alíquota, utiliza-se a metragem da área construída do imóvel,certo que a alíquota não se confunde com a base imponível do tributo. Tem-se, com isto,também, forma de realização da isonomia tributária e do princípio da capacidadecontributiva: C.F., artigos 150, II, 145, § 1º. II. - R.E. não conhecido.(RE 232393, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 12/08/1999,DJ 05-04-2002 PP-00055 EMENT VOL-02063-03 PP-00470)Sobre a admissibilidade de método de progressividade nas taxas conforme faixas ouintervalos, há muito já se manifestou o STF sobre a admissibilidade:CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE FISCALIZAÇÃO DOS MERCADOS DETÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS - TAXA DA CVM. Lei nº 7.940, de 20.12.89. FATOGERADOR. CONSTITUCIONALIDADE. I. - A taxa de fiscalização da CVM tem por fatogerador o exercício do poder de polícia atribuído à Comissão de Valores Mobiliários - CVM.Lei 7.940/89, art. 2º. A sua variação, em função do patrimônio líquido da empresa, nãosignifica seja dito patrimônio a sua base de cálculo, mesmo porque tem-se, no caso, umtributo fixo. Sua constitucionalidade. II. - R.E. não conhecido.(RE 177835, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, TRIBUNAL PLENO, julgado em22/04/1999, DJ 25-05-2001 PP-00018 EMENT VOL-02032-04 PP-00762)

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Item II. Errado. Pela literalidade do art. 145, II, da CF (“A União, os Estados, o DistritoFederal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: taxas, em razão do exercíciodo poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicose divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;”) e art. 77, caput, do CTN(“As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, noâmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poderde polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível,prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.”) a utilização de bem público quandoremunerado, deve ser feito através do regime jurídico de preço público, jamais o tributário. Aimposição de taxa pela utilização de bem público seria ilegítima por falecer competênciatributária para sua instituição, ante a inexistência de serviço público ou de poder de polícia.Este é o entendimento do STF:CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO: TAXA: CONCEITO. CÓDIGO DE MINERAÇÃO. Lei9.314, de 14.11.96: REMUNERAÇÃO PELA EXPLORAÇÃO DE RECURSOS MINERAIS:PREÇO PÚBLICO. I. - As taxas decorrem do poder de polícia do Estado, ou são de serviço,resultantes da utilização efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição (C.F., art. 145, II). O poder de políciaestá conceituado no art. 78, CTN. II. - Lei 9.314, de 14.11.96, art. 20, II e § 1º, inciso II do §3º: não se tem, no caso, taxa, no seu exato sentido jurídico, mas preço público decorrenteda exploração, pelo particular, de um bem da União (C.F., art. 20, IX, art. 175 e §§). III. -ADIn julgada improcedente.(ADI 2586, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 16/05/2002, DJ01-08-2003 PP-00101 EMENT VOL-02117-34 PP-07326)Item III. Certo. O serviço de iluminação pública por ser indivisível e uti universi, não épassível de ser remunerado mediante taxa, devendo sê-lo por receitas gerais do orçamentopúblico, que onerem a coletividade como um todo. O entendimento restou vazado na

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Súmula 670 do STF: “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediantetaxa”. Como efeito, o CTN no art. 79, inciso III, estabelece que os serviços públicos paraserem remunerados mediante taxas devem ser divisíveis e uti singuli, passíveis deutilização em separado por parte de cada um dos seus usuários.Posteriormente, o legislador constituinte derivado através da EC 39/02 acresceu o art. 149-A na CF, prevendo que o serviço de iluminação pública fosse custeado pela contribuiçãopara o custeio do serviço de iluminação pública – COSIP. Embora bastante semelhante àinconstitucional taxa de iluminação pública, a contribuição em tela com ela não se confunde,constituindo espécie tributária autônoma que já teve sua constitucionalidade reconhecidapelo STF.Resposta: alternativa ‘b’.

8) (Emagis) Assinale a alternativa correta.a) Embora em uma interpretação gramatical do art. 145, § 1º, primeira parte, da CF (“Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte”) a capacidade contributiva ficasse restrita aos impostos, a doutrina e a jurisprudência numa interpretação teleológica e sistemática entendem sem maiores controvérsias que tal princípio se estende em maior ou menor grau a todas as espécies tributárias.b) Por serem compulsórias, instituídas ex lege e haver previsão de multa pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, a atividade de mesário em eleições, de jurado e do serviço militar obrigatório aos homens são prestações que se subsumem ao conceito de tributo previsto no art. 3º do CTN, sendo espécie de taxa de serviço público.c) Se uma lei municipal estabelecer o denominado “imposto do fogo” com todo o arquétipo constitucional, fato gerador e base de cálculo próprios de taxa de serviço público de prevenção e combate a incêndios - já tido como serviço específico e divisível pelo STF - estará automaticamente fulminando de ilegalidade o tributo, segundo o CTN.d) Os royalties do petróleo brasileiro possuem a natureza jurídica de tributo e receita derivada, sendo vedada a sua vinculação por lei a quaisquer finalidades.e) Caso a União institua através de lei complementar uma contribuição social sobre as movimentações financeiras no exercício da competência residual, deverá obrigatoriamente entregar 20% do produto da arrecadação aos Estados e ao DF, conforme o art. 157, II, da CF.

A alternativa ‘a’ está correta, pois a doutrina e a jurisprudência do STF têm adotado

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interpretação teleológica e não meramente gramatical do § 1º do art. 145 da CF, de modoque a capacidade contributiva se aplica a todos os tributos e não apenas aos impostos.Inclusive, o STF expressamente reconhece como possível a progressividade de taxas comomanifestação da capacidade contributiva na Súmula Vinculante 29: “É constitucional aadoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própriade determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra".A alternativa ‘b’ está errada. O enunciado faz um jogo de palavras, induzindo ao erro. Aatividade de mesário em eleições, de jurado e do serviço militar obrigatório são obrigaçõesde fazer e não de pagar (dar dinheiro). O fato de o descumprimento das respectivasobrigações de fazer ensejar a cobrança de multa pecuniária (obrigação de pagar, dardinheiro) é irrelevante, posto que tributo não pode ser sanção por ato ilícito. Por isso não hácorrelação exata da atividade de mesário em eleições, de jurado e do serviço militarobrigatório com o conceito de tributo constante do art. 3º do CTN (“Tributo é toda prestaçãopecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constituasanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativaplenamente vinculada.”).A alternativa ‘c’ está errada. Se todo o arquétipo da norma tributária (antecedente econsequente) é o de uma taxa, não é a mera denominação de imposto que trasmuda suanatureza jurídica, que em essência é uma taxa. Pelo art. 4º, I, do CTN, a taxa seria legal epoderia ser exigida independentemente da denominação (“A natureza jurídica específica dotributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes paraqualificá-la: a denominação e demais características formais adotadas pela lei;”).A alternativa ‘d’ está errada. Os royalties devidos pela exploração de petróleo no Brasilpossuem fundamento de validade no art. 20, § 1º, da CF (“É assegurada, nos termos da lei,aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração

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direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, derecursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais norespectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, oucompensação financeira por essa exploração.”) e não são tributos, mas compensaçãofinanceira nos termos do § 1º do art. 1º da Lei 12.734/12, possuindo a natureza financeirade receita originária - e não de receita derivada -. Na ausência de vedação pela CF, seusrecursos podem ser vinculados por lei específica a determinadas finalidades ou, na suafalta, os recursos serão distribuídos segundo critérios estabelecidos a cada ano pela leiorçamentária. Sobre a natureza jurídica de receita originária (não tributária) já se manifestouo STF:MANDADO DE SEGURANÇA. ATO CONCRETO. CABIMENTO. EXPLORAÇÃO DEPETRÓLEO, XISTO BETUMINOSO E GÁS NATURAL. PARTICIPAÇÃO, EM SEURESULTADO, DOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS. CONSTITUIÇÃOFEDERAL, ART. 20, § 1º. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DORIO DE JANEIRO PARA A FISCALIZAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS RECURSOSORIUNDOS DESTA EXPLORAÇÃO NO TERRITÓRIO FLUMINENSE. 1 - Não tendo sidoatacada lei em tese, mas ato concreto do Tribunal de Contas da União que autoriza arealização de auditorias nos municípios e Estado do Rio de Janeiro, não tem aplicação aSúmula 266 do STF. 2 - Embora os recursos naturais da plataforma continental e osrecursos minerais sejam bens da União (CF, art. 20, V e IX), a participação oucompensação aos Estados, Distrito Federal e Municípios no resultado da exploração depetróleo, xisto betuminoso e gás natural são receitas originárias destes últimos entesfederativos (CF, art. 20, § 1º). 3 - É inaplicável, ao caso, o disposto no art. 71, VI da CartaMagna que se refere, especificamente, ao repasse efetuado pela União - medianteconvênio, acordo ou ajuste - de recursos originariamente federais. 4 - Entendimento originalda Relatora, em sentido contrário, abandonado para participar das razões prevalecentes. 5 -

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Segurança concedida e, ainda, declarada a inconstitucionalidade do arts. 1º, inc. XI e 198,inc. III, ambos do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, além do art. 25, partefinal, do Decreto nº 1, de 11 de janeiro de 1991. (MS 24312, Relator(a): Min. ELLENGRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 19/02/2003, DJ 19-12-2003 PP-00050 EMENT VOL-02137-02 PP-00350)A alternativa ‘e’ está errada, pois o âmbito de aplicação do art. 157, II, da CF é restrito aComentários:

impostos instituídos mediante lei complementar pela competência tributária residual daUnião Federal do art. 154, I, da CF. Acaso a União valha-se da competência residualestabelecida para a criação de novas contribuições da seguridade social mediante leicomplementar pelo art. 195, § 4º, da CF, não haverá a obrigação de repartição de 20% paraestados e Distrito Federal do art. 157, II, de modo que a União poderá ficar com aintegralidade dos recursos. A única hipótese constitucional de repartição do produto daarrecadação de contribuições se refere à CIDE-Combustíveis e está no art. 159, III, § 4º, daCF.Resposta: alternativa ‘a’.

9) (Emagis) Sobre as formas de posicionamento do Estado na Ordem Econômica, avalie as seguintes assertivas.I – O Estado Liberal fundamenta-se na teoria da ‘mão invisível’ desenvolvida por Adam Smith, caracterizando-se por postura abstencionista, ficando o sistema econômico sujeito à auto-organização.II – O Estado Intervencionista Econômico fundamenta-se na doutrina de John Maynard Keynes, caracterizando-se por postura intervencionista do Estado na economia voltada não à salvaguarda da livre iniciativa e da liberdade de mercado, mas, sim, à efetivação de políticas públicas assistencialistas, de forma a prover os hipossuficientes.III – O Estado Intervencionista Socialista fundamenta-se na doutrina de Friedrich Hegel e Karl Marx, caracterizando-se pela planificação da economia, de modo que a livre concorrência e a liberdade de iniciativa são substituídas pelo planejamento econômico centralizado pelo Estado.Estão incorretas as seguintes assertivas:

a) Ib) IIc) IIId) II e IIIe) Todas estão corretas.

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Destacamos que o assunto ‘Formas de Posicionamento do Estado na Economia’ (no qualcompreendidos os modelos estatais tratados na questão), além de compreendido nageneralidade dos conteúdos programáticos dos concursos públicos para magistraturafederal, costuma ser isolado em ponto específico da prova oral, de modo que somentesobre ele incidam as perguntas Direito Econômico afetas ao ponto.O livro ‘Lições de Direito Econômico’, do professor Leonardo Vizeu Figueiredo, trata comobjetividade e clareza do assunto (2ª edição, páginas 43 a 49). Será ele adotado para oscomentários que seguem.Item I. Correto.Correta a caracterização do Estado Liberal: (1) fundado na doutrina de Adam Smith, (2)posicionado de forma abstencionista em relação à economia, que deve funcionar segundosuas próprias leis.Item II. Incorreto.De fato, o Estado Intervencionista Econômico funda-se na doutrina de Keynes. Ocorre quesua característica é a intervenção do Estado na economia descolada de qualquerpreocupação social, eis que voltada a garantir o pleno exercício da livre iniciativa e daliberdade de mercado.Daí se dizer que “nesta forma de participação estatal na economia, o Estado atua com o fitode se garantir o exercício racional das liberdades individuais. A política intervencionista nãovisa ferir postulados liberais, mas, tão somente, fazer com que o Estado coíba o exercícioabusivo e pernicioso do liberalismo” (Op. cit., página 45).Na verdade, as preocupações sociais mencionadas na assertiva caracterizam o EstadoIntervencionista Social, modalidade distinta, distinção a qual deve o aluno ficar atento.Item III. Correto.Correta a caracterização do Estado Intervencionista Socialista (que não se confunde com oEstado Intervencionista Social acima referido): (1) fundado na doutrina de Hegel e Marx, (2)voltado à planificação da economia pelo Estado, com a supressão da liberdade econômicados particulares.Resposta: alternativa ‘b’.

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10) (Emagis) No âmbito do direito previdenciário, julgue as assertivas a seguir:I - A jurisprudência do STJ admite a desaposentação e subsequente reaposentação do segurado no RGPS, condicionando, contudo, sua admissibilidade à devolução atualizada dos valores já percebidos pelo segurado aposentado.II - O fator previdenciário é de observância obrigatória no cálculo do salário-de-benefício de todas as modalidades de aposentarias do RGPS.III - O tempo durante o qual segurado do RGPS esteve em gozo de seguro-desemprego não conta como tempo de contribuição.

a) Todos os itens estão corretos.b) Nenhum item está correto.c) Apenas o item I está correto.d) Apenas os itens I e II estão corretos.e) Apenas o item III está correto.

Item I. Errado. Embora alguns precedentes dos Tribunais Regionais Federais e da TurmaNacional de Uniformização condicionassem a admissibilidade da desaposentação àdevolução dos valores já percebidos pelo segurado aposentado, não foi essa a posiçãoadotada no STJ. Prevaleceu no tribunal da cidadania a tese que admite a desaposentaçãoindependentemente da devolução de quaisquer valores pelo segurado aposentado, comoconsta do Informativo 520/STJ:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO E DESNECESSIDADE DEDEVOLUÇÃO DOS VALORES RECEBIDOS EM RAZÃO DA APOSENTADORIAANTERIOR. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).Épossível a renúncia à aposentadoria por tempo de serviço (desaposentação) objetivando aconcessão de novo benefício mais vantajoso da mesma natureza (reaposentação), com ocômputo dos salários de contribuição posteriores à aposentadoria anterior, não sendoexigível, nesse caso, a devolução dos valores recebidos em razão da aposentadoriaanterior. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.270.606-RS, Sexta Turma, DJe 12/4/2013;AgRg no REsp 1.321.325-RS, Segunda Turma, DJe 20/8/2012, e AgRg no REsp 1.255.835-PR, Quinta Turma, DJe 12/9/2012. REsp 1.334.488-SC, Rel. Min. Herman Benjamin,julgado em 8/5/2013.Cumpre lembrar que ainda não há posicionamento definitivo do STF, pendendo a questãode julgamento no RE 381.367/RS, conforme Informativo 600/STF.

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Item II. Errado. Da leitura dos incisos I e II do art. 29 da Lei 8.213/91, o fator previdenciárioapenas integra o cálculo do salário-de-benefício das aposentadorias: 1) por tempo decontribuição e 2) por idade; não havendo que se falar de sua incidência no cálculo dasaposentadorias: 3) por invalidez e 4) especial. Relativamente à aposentadoria por idade, aaplicação do fator previdenciário no salário-de-benefício é facultativa conforme art. 7º da Lei9.876/99 (“É garantido ao segurado com direito a aposentadoria por idade a opção pela nãoaplicação do fator previdenciário a que se refere o art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com aredação dada por esta Lei”), de modo que o fator apenas será utilizado quando maior que1,00 (um inteiro), para favorecer e nunca prejudicar o segurado aposentado por idade.Item III. Correto. Embora a CF no art. 201, inciso III, determine que a proteção aotrabalhador em situação de desemprego involuntário ficará a cargo da Previdência Social, aregulamentação infraconstitucional dada pelo art. 9º, § 1º, da Lei 8.213/91 afasta do âmbitodo RGPS o benefício devido por desemprego involuntário, que ficará a cargo de leiespecífica, atualmente a Lei 7.998/90, que regulamenta o benefício de seguro-desempregocomo auxílio financeiro custeado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT. Ademais, oComentários:

art. 55 da Lei 8.213/91, que em seus incisos elenca as hipóteses de tempo de serviço, nãomenciona o período em que o segurado esteve em gozo de seguro-desemprego como aptoa gerar tempo de serviço.Relembramos que até que a lei discipline a matéria, o tempo de serviço considerado pelalegislação vigente será contado como tempo de contribuição, forte no art. 4º da EC 20/98. Apropósito do tema, tramita no Congresso Nacional o PL 4080/2012, que acrescentaria oinciso VII ao art. 55 da Lei nº 8.213, para dispor sobre a contagem como tempo decontribuição do período em que o segurado do Regime Geral de Previdência Social esteveem gozo de seguro-desemprego, o qual contudo ainda não foi aprovado.Assim, prevalece o entendimento pela impossibilidade do cômputo do tempo de percepçãodo seguro-desemprego como tempo de contribuição.

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Resposta: alternativa ‘e’.

11) (Emagis) Relativamente à intervenção de terceiros, julgue os itens abaixo e indique a alternativa correspondente.I - De acordo com a interpretação dada pelo STJ ao art. 50 do CPC, a assistência é modalidade de intervenção voluntária que ocorre quando terceiro demonstra vínculo jurídico com uma das partes, não sendo admissível a assistência fundada apenas em interesse simplesmente econômico.II - A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés,autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais, contanto que demonstrada a existência de interesse jurídico na resolução da lide.III - O acionista de uma sociedade empresária, a qual, por sua vez, tenha ações de outra sociedade, tem legitimidade, nessa condição, para ingressar em processo judicial, na condição de assistente simples, no qual os interesses desta última estejam em jogo.Há erro somente no(s) item(ns):

a) I.b) II.c) III.d) I e II.e) II e III.

A assistência simples, disciplinada pelo art. 50 do CPC ("Pendendo uma causa entre duasou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável auma delas, poderá intervir no processo para assisti-la"), representa forma de intervençãovoluntária de terceiros no processo, e não obrigatória. Pressupõe, contudo, a demonstraçãode interesse jurídico na causa, não sendo suficiente, para legitimar sua intervenção na lide,mero interesse econômico. Vindo nessa linha o item I, emerge acertado.O item II, contudo, traz restrição equivocada. Com efeito, à União é autorizado intervir nascausas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedadesde economia mista e empresas públicas federais (art. 5º da Lei 9.469/97). Nesse caso, nãose exige a demonstração de interesse jurídico, e, mesmo que o interesse do ente público selimite à esfera econômica, ainda assim sua participação no feito estará assegurada (aindaque, como se verá no julgado abaixo, o STJ venha reconhecendo que, nesse caso de merointeresse econômico, não haveria o deslocamento da competência): por isso é que se diz,

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nessa hipótese legal do art. 5º da Lei 9.469/97, que se trata de uma intervenção "anômala"ou "anódina", já que tem pressupostos essencialmente distintos do art. 50 do CPC.Para confirmar o que se disse até aqui, leia-se, por todos, este recente julgado do STJ:ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVILPÚBLICA AJUIZADA PELO MPF PARA APURAR A PRÁTICA DE ATOS DEIMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. A LEI 9.469/97 AUTORIZA A INTERVENÇÃODAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO NAS CAUSAS CUJAS DECISÕESPOSSAM TER REFLEXOS, AINDA QUE INDIRETOS, DE NATUREZA ECONÔMICA. TALCIRCUNSTÂNCIA NÃO TEM O CONDÃO DE DESLOCAR A COMPETÊNCIA PARA AJUSTIÇA FEDERAL. PRECEDENTES DESTA CORTE. AGRAVOS REGIMENTAIS DOMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E DAS CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/ADESPROVIDOS.1. A assistência é modalidade de intervenção voluntária que ocorrequando terceiro demonstra vínculo jurídico com uma das partes (art.50 do CPC), não sendo admissível a assistência fundada apenas eminteresse simplesmente econômico. Precedentes desta Corte.2. O art. 5o., parágrafo único da Lei 9.469/97 excepcionou a regrageral da assistência ao autorizar a intervenção das PessoasJurídicas de Direito Público nas causas cujas decisões possam terreflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica.3. In casu, as instâncias de origem concluíram que ofendediretamente interesse da União a validade do contrato firmado parasuprir a deficiência na produção de energia elétrica no País.4. Esta Corte Superior já pacificou o entendimento de que conquantoseja tolerável a intervenção anódina da União plasmada no art. 5o.da Lei 9.469/97, tal circunstância não tem o condão de deslocar acompetência para a Justiça Federal, o que só ocorre no caso dedemonstração de legítimo interesse jurídico na causa, nos termos doart. 50 e 54 do CPC/73 (REsp. 1.097.759/BA, Rel. Min. LUIS FELIPESALOMÃO, DJe 1.6.2009).5. Agravos Regimentais do Ministério Público Federal e das CentraisElétricas Brasileiras S/A desprovidos. (STJ, Primeira Turma, AgRg no REsp 1118367, Rel.Min. Napoleão Nunes, DJe de 22/05/2013)No mais, o item III se mostra enganado.De fato, a Corte Especial do STJ, recentemente, decidiu que o acionista de uma sociedadeempresária não tem legitimidade para ingressar como assistente (CPC, art. 50) em ação

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que tenha como parte uma outra sociedade da qual aquela primeira pessoa jurídica sejaacionista. Nesse caso, haveria mero interesse econômico, incapaz de autorizar a invocaçãodo art. 50 do CPC.Confira-se, a respeito, a seguinte notícia veiculada no último Informativo do STJ (n. 521):DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INSUFICIÊNCIA DO MERO INTERESSE ECONÔMICOPARA ENSEJAR A INTERVENÇÃO DE ASSISTENTE SIMPLES NO PROCESSO. Oacionista de uma sociedade empresária, a qual, por sua vez, tenha ações de outrasociedade, não pode ingressar em processo judicial na condição de assistente simples daúltima no caso em que o interesse em intervir no feito esteja limitado aos reflexoseconômicos de eventual sucumbência da #sociedade que se pretenda assistir. De acordocom o art. 50 do CPC, a modalidade espontânea de intervenção de terceiros denominadaassistência pressupõe que o terceiro tenha interesse jurídico na demanda, não sendosuficiente, para ensejar a intervenção na condição de assistente, a existência de merointeresse econômico. Ademais, caso se admitisse a assistência em hipóteses como adiscutida, todos os acionistas da sociedade prejudicada poderiam intervir no feito, causandoreal tumulto processual. AgRg nos EREsp 1.262.401-BA, Rel. Min. Humberto Martins,julgado em 25/4/2013.Do que se viu, havia erro nos itens II e III.Resposta: alternativa 'e'.

12) (Emagis) Pela jurisprudência, no rito comum ordinário do processo civil, qual o prazo em dias para que município, respectivamente: i) apele; ii) apresente contrarrazões à apelação; e iii) recorra adesivamente de sentença?

a) 30, 15, 30.b) 15, 15, 15.c) 30, 30, 30.d) 30, 15, 15.e) 30, 30, 15.

O município integra o conceito de fazenda pública para fins do que dispõe o art. 188 do CPC: “Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrerquando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público”.

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Segundo os fundamentos da hermenêutica jurídica, as regras de exceção se interpretamrestritivamente. Desta forma, como a literalidade do dispositivo apenas alude aos verbos‘contestar’ e ‘recorrer’, entende a doutrina e a jurisprudência majoritárias que o ato de‘contrarrazoar’ ou de ‘responder’ não se subsume na norma ampliativa de prazos, de modoque o prazo para contrarrazoar, em regra, é simples para a fazenda pública.O recurso adesivo é regulado pelo art. 500, caput, 2ª parte, inciso I, do CPC: “... Sendo,porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outraparte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposiçõesseguintes: será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal,no prazo de que a parte dispõe para responder;”Tanto o STF como o STJ reconhecem que o prazo em dobro para recorrer da fazendapública do art. 188 do CPC, aplica-se também ao recurso adesivo de apelação, embargosinfringentes, recursos extraordinário e especial.Eis precedente que resume os entendimentos ora esposados:PROCESSO CIVIL RECURSO ADESIVO DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICOQUE GOZA DE PRAZO EM DOBRO PARA INTERPOSIÇÃO DE QUALQUER RECURSO.ART. 188, CPC E ART. 500, I, CPC, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI N.º 8.950/94.RECEPÇÃO PELA NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL. PRECEDENTES DO EXCELSOSUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.O art. 188 do Código de Processo Civil é expresso na admissão do prazo recursal em dobropara as pessoas jurídicas de direito público, embora não o faça para apresentação decontra-razões. Na verdade "adesivo" é a modalidade de interposição do recurso, e não umaoutra espécie recursal. Por isso, que o recurso do autor Município é "recurso de apelação",na modalidade "adesiva", e para sua interposição, como de qualquer outro recurso, goza doprivilégio de interposição no prazo dobrado.(REsp 171.543/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA TURMA, julgado em18/04/2000, DJ 22/05/2000, p. 97, REPDJ 29/05/2000, p. 139)Como o art. 508 do CPC dispõe que o prazo para interpor apelação e para respondê-la é de

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15 (quinze) dias, o prazo para o município apelar é de 30 dias, para contrarrazoar é de 15dias, e para apelar na modalidade adesiva é de 30 dias.Resposta: alternativa ‘a’.

13) (Emagis) As assertivas que seguem tratam da aplicação que o Superior Tribunal de Justiça concede ao princípio da boa-fé objetiva nas fases contratual e pós-contratual.I – Se, antes da celebração com o adquirente de promessa de compra e venda de imóvel, a construtora firmara hipoteca, sobre o indigitado bem, com o agente financeiro financiador da construção, o direito real de garantia poderá ser por este oposto ao adquirente.II – O credor, que tem o direito de promover a inscrição do nome do devedor em cadastros de inadimplentes, tem o dever de levantar referida inscrição após o pagamento da dívida.III – O devedor que paga a dívida protestada em cartório tem o direito de que o credor promova o cancelamento do protesto.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) Ib) IIc) IIId) I e IIe) Todas estão corretas.

Item I. Incorreto.A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de tutelar o adquirente do imóvel, e não ainstituição financeira, ainda que a hipoteca tenha sido constituída em favor desta antes daalienação do bem ao adquirente.Deu-se aplicação ao princípio da boa-fé objetiva: o adquirente, que geralmente pagoumediante prestações o imóvel adquirido, esperava, de boa fé, que os valores pagos àconstrutora fossem por esta transferidos à instituição financeira credora, a fim de quitar-se adívida garantida pela hipoteca. Não fazendo a construtora as devidas transferências aoagente financeiro, não poderia o adquirente, que por anos sacrificou-se com o pagamentomensal de prestações para a aquisição da moradia, ser privado do bem para fazer frente àdívida contraída por terceiro.Veja o teor da Súmula 308, do STJ:A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior àcelebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes doimóvel.

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Item II. Correto.Assertiva que espelha entendimento sedimentado pelo Superior Tribunal de Justiça: aobrigação de o credor promover a baixa nas inscrições, após pagas as dívidas, integra seudever pós-contratual de agir conforme a boa-fé.Veja (AGA 1.094.459, 3ª Turma, Sidnei Benetti, DJe 01/06/2009):..EMEN: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. INSCRIÇÃO NO SERASA. CUMPRIMENTODA OBRIGAÇÃO. MANUTENÇÃO DO NOME NO CADASTRO DE INADIMPLENTES.ÔNUS DO BANCO (CREDOR) EM CANCELAR O REGISTRO. AGRAVO REGIMENTALIMPROVIDO. A inércia do credor em promover a atualização dos dados cadastrais,apontando o pagamento, e consequentemente, o cancelamento do registro indevido, gera odever de indenizar, independentemente da prova do abalo sofrido pelo autor, sob forma dedano presumido. Agravo Regimental improvido ..EMEN:Item III. Incorreto.No caso de ter sido a dívida levada a protesto, a lógica acima se inverte: é do devedor oônus de, uma vez pago o débito, promover o cancelamento do protesto, dada a previsãolegal específica nesse sentido (artigo 26 da Lei 9.492/1997). Veja (STJ, AGA 768.161, 3ªTurma, Sidnei Benetti, DJe 09/03/2009):..EMEN: PROTESTO REGULAR. PAGAMENTO POSTERIOR DO TÍTULO. OBRIGAÇÃODE CANCELAMENTO DO PROTESTO. ART. 26 DA LEI Nº 9.492/97. PRECEDENTES DACORTE. "As turmas que compõem a Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça já semanifestaram no sentido de que cabe ao devedor promover o cancelamento do protestoregularmente lavrado quando de posse do título protestado ou da carta de anuência docredor nos termos do que artigo 26 da Lei nº 9.492/97". Agravo Regimental a que se negaprovimento. ..EMEN:Resposta: alternativa ‘b’.

14) (Emagis) No âmbito do direito do consumidor, julgue as assertivas a seguir:I - A tarifa mínima cobrada mensalmente pelo serviço público de água e esgoto, mesmo que não haja qualquer registro de consumo no hidrômetro, constitui prática abusiva e ilegal.

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II - O repasse do ônus econômico do PIS e da COFINS pela concessionária de telefonia móvel de forma destacada e expressa na fatura mensal ao consumidor, de modo que o valor total contemple além da própria tarifa (preço público) também o valor dos tributos incidentes, é prática legal admitida pela jurisprudência, mesmo que se trate de tributosdiretos que possuem como contribuintes de direito as próprias concessionárias.III - O CDC não é aplicável aos planos privados de assistência à saúde individualmente acordados entre a operadora e o particular.

a) Todos os itens estão corretos.b) Nenhum item está correto.c) Apenas o item II está correto.d) Apenas os itens I e II estão corretos.e) Apenas o item III está correto.

Item I. Errado. O STJ entende que a previsão de uma tarifa básica (valor de assinatura,consumo mínimo etc.) no âmbito de serviços públicos pode ser legitimamente exigida semviolação do CDC. Normas reguladoras do poder concedente, o edital de licitação e ocontrato de concessão embasam a tarifa básica como integrante da formação do preço decontraprestação dos serviços prestados aos usuários. Não haveria prática abusiva, mascontraprestação a serviço que é disponibilizado de modo contínuo e ininterrupto aosusuários, que exige dispêndios financeiros para garantir a sua eficiência.Especificamente para o serviço público de energia elétrica, a matéria consta da Súmula 356do STJ: “É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa”. Omesmo entendimento é aplicado para o serviço de água e esgoto:ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. SERVIÇOPÚBLICO. TARIFA DE ÁGUA E ESGOTO. COBRANÇA PELO CONSUMO MÍNIMO.LEGALIDADE. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS.1. É lícita a cobrança da taxa de água pela tarifa mínima, mesmo que haja hidrômetro queregistre consumo inferior àquele.2. Inteligência das disposições legais que regulam a fixação tarifária (artigo 4º, da Lei6.528/78 e artigos 11 caput, 11, § 2º e 32 do Decreto nº 82.587/78).3. Precedentes desta Corte: REsp n.º 739.397/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Teori AlbinoZavascki, DJU de 02/08/2007; AgRg na AR n.º 3.197/MG, Primeira Seção, Rel. Min.Humberto Martins, DJU de 29/06/2007; e AgRg no REsp n.º 858.908/RJ, Primeira Turma,

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Rel. Min. Francisco Falcão, DJU de 16/10/2006)4. Agravo regimental desprovido.(AgRg no REsp 840.734/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em11/03/2008, DJe 23/04/2008)Item II. Certo. A matéria já foi objeto de recurso repetitivo no STJ. Entendeu-se pelalegitimidade da prática de repasse do ônus financeiro do PIS e da COFINS por empresas detelefonia aos consumidores.O argumento é, basicamente, que o custo tributário é um dos elementos integrantes nadefinição do preço público que é a tarifa paga pelo usuário, sendo composto da seguintefórmula: tarifa bruta = tarifa líquida + PIS + COFINS. O destaque em separado e repassedos valores dos tributos permitiria efetuar uma revisão automática de parte da tarifa no casode aumento ou diminuição de tributos, assegurando a manutenção do equilíbrio econômicofinanceiroe a modicidade tarifária dos contratos de concessão de serviço público, sem lesaro consumidor, que teria o direito à informação assegurado pela transparência nos valoresda composição da tarifa. Eis julgado:ADMINISTRATIVO. SERVIÇO PÚBLICO CONCEDIDO. ENERGIA ELÉTRICA. TARIFA.REPASSE DAS CONTRIBUIÇÕES DO PIS E DA COFINS. LEGITIMIDADE.1. É legítimo o repasse às tarifas de energia elétrica do valor correspondente ao pagamentoda Contribuição de Integração Social - PIS e da Contribuição para financiamento daSeguridade Social - COFINS devido pela concessionária.2. Recurso Especial improvido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e daResolução STJ 08/08.(REsp 1185070/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgadoem 22/09/2010, DJe 27/09/2010)Item III. Errado. O regime jurídico consumerista é aplicável na hipótese.Éde grande importância o conhecimento da posição do Superior Tribunal de Justiça namatéria, em especial pelo fato de já estar pacificada a questão, conforme dispõe a Súmula469 do STJ: “Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano desaúde”. Não menos relevante, seria o conhecimento da própria Lei 9.656/98, que no art. 35-G expressamente determina a incidência subsidiária do CDC aos planos privados de

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assistência à saúde individualmente acordados entre a operadora e o particular (“Art. 35-G. Aplicam-se subsidiariamente aos contratos entre usuários e operadoras de produtos deque tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei as disposições da Lei nº 8.078, de 1990”)Resposta: alternativa ‘c’.

15) (Emagis) A propósito das patentes, conforme disciplina da Lei 9.279/1996, avalie as assertivas que seguem.I – A despeito de fixar como patenteável a invenção que atenda aos requisitos da novidade, atividade inventiva e aplicação industrial, a lei não considera invenção, nem modelo de utilidade, as teorias científicas e as concepções puramente abstratas.II – Os programas de computador não são alvo de tutela pela Lei 9.279/1996, sendo protegidos por lei específica.III – O INPI mantém sob sigilo durante 18 meses o pedido de patente regularmente recebido, podendo o autor do pedido requerer a antecipação da publicação.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) Ib) IIc) IIId) I e IIIe) Todas estão corretas.

tem I. Correto.Étradicional a referência em doutrina, sustentada pela literalidade do artigo 8º, da lei emdestaque, dos requisitos da novidade, atividade inventiva e aplicação industrial comoconducentes à patenteabilidade da invenção.Por outro lado, a LPI traz em seu artigo 10 um rol de situações que se consideramafastadas da definição de invenção e de modelo de utilidade. Neste rol se encontraminseridas as teorias científicas e as concepções puramente abstratas. Sobre estas fácil éperceber a ausência da necessária aplicação industrial: a aplicação industrial pode decorrerde algum desdobramento da teoria científica, elaborado pelo inventor, não da teoriacientífica em si.Veja o rol estipulado pelo mencionado artigo 10:Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade:I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;II - concepções puramente abstratas;III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros,

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educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criaçãoestética;V - programas de computador em si;VI - apresentação de informações;VII - regras de jogo;VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos oude diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; eIX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados nanatureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer servivo natural e os processos biológicos naturais.Item II. Correto.Os programas de computador são expressamente excluídos, pelo inciso V, do artigo 10,acima transcrito, da tutela da LPI. Isso porque a Lei 9.609/1998 “dispõe sobre a proteção dapropriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no País, e dáoutras providências”.Item III. Correto.Comentários:

O artigo 30 da LPI concede ao autor do pedido de patente o prazo de 18 meses de sigilo, aser resguardado pelo INPI. Concedido o prazo, pode o inventor melhor organizar suainvenção, sem correr o risco de perder a anterioridade no depósito da invenção,anterioridade esta que lhe garante a tutela estatal.Veja a redação do mencionado artigo 30, caput e §1º:Art. 30. O pedido de patente será mantido em sigilo durante 18 (dezoito) meses contados dadata de depósito ou da prioridade mais antiga, quando houver, após o que será publicado, àexceção do caso previsto no art. 75.§ 1º A publicação do pedido poderá ser antecipada a requerimento do depositante.Resposta: alternativa ‘e’.

16) (Emagis) Sobre o crime de apropriação indébita previdenciária (CP, artigo 168-A), avalie as assertivas que seguem.I – O Superior Tribunal de Justiça vem aplicando ao crime em questão o princípio da insignificância quando o valor do tributo apropriado não supera R$ 10.000,00 (dez mil reais).II – Segundo o Superior Tribunal de Justiça, o ônus de provar dificuldades financeiras que teriam conduzido à apropriação indébita em questão é da defesa, não cabendo ao Ministério Público o ônus de provar fato negativo e

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alheio ao tipo penal, qual seja, a ausência das alegadas dificuldades financeiras.III – O Superior Tribunal de Justiça admite tanto o aumento da pena base em função do montante do valor apropriado quanto a elevação da fração da causa de aumento decorrente da continuidade delitiva em função do número de crimes cometidos em continuidade.Estão corretas as seguintes assertivas:a) Ib) IIc) I e IIId) I, II e IIIe) Todas estão incorretas.

Item I. Correto.Assertiva que se mostrou fiel à jurisprudência do STJ. Veja (respectivamente: AgRg noResp 1.205.495, 5ª Turma, Jorge Mussi, DJe 04/04/2011 e Resp 1.214.466, 6ª Turma, Og Fernandes, DJe 22/02/2012):PENAL E PROCESSUAL PENAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA DE CONTRIBUIÇÕESPREVIDENCIÁRIAS (ART. 168-A DO CÓDIGO PENAL). PRINCÍPIO DAINSIGNIFICÂNCIA. ART. 20 DA LEI 10.522/2002. APLICABILIDADE. DECISÃO MANTIDAPELO SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.1. Com o julgamento pela Terceira Seção do Recurso Especial Repetitivo n.º 1.112.748/TO(Relator Ministro Felix Fischer, DJe de 5/10/2009), restou pacificado nesta Corte oentendimento de que o princípio da insignificância no crime de descaminho incide quando odébito tributário não ultrapasse o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), consoante odisposto no art. 20 da Lei 10.522/2002.2. A Lei nº 11.457/2007 que criou a Secretaria da Receita Federal do Brasil consideroucomo dívida ativa da União os débitos decorrentes das contribuições previdenciárias. Diantedisso, entende-se viável, sempre que o valor do débito não for superior a R$ 10.000,00 (dezmil reais), a aplicação do princípio da insignificância também no crime de apropriaçãoindébita previdenciária.3. In casu, verifica-se que o valor da contribuição previdenciária não recolhida é de R$8.219,07 (oito mil duzentos e dezenove reais e sete centavos), razão pela qual estácaracterizado na esfera penal a irrelevância da conduta.4. A decisão agravada deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos.5. Agravo regimental a que se nega provimento.

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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITAPREVIDENCIÁRIA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INCIDÊNCIA.1. O acórdão recorrido encontra-se em harmonia com o entendimento desta Corte aoreconhecer a aplicabilidade do princípio da insignificância em se tratando do crime deapropriação indébita previdenciária nos casos em que o valor suprimido não ultrapasse R$10.000,00 (dez mil reais), mesmo patamar utilizado para se reconhecer a aplicabilidade domencionado princípio nos casos do delito de descaminho.2. Não trazendo o agravante tese jurídica capaz de modificar o posicionamentoanteriormente firmado, é de se manter a decisão agravada na íntegra, por seus própriosfundamentos.3. Agravo regimental a que se nega provimento.Item II. Correto.Assertiva, uma vez mais, fiel à jurisprudência sedimentada pelo STJ. Veja AgRg no Resp906.458, 6ª Turma, Vasco Della Giustina, DJe 08/09/2011):AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL CRIMINAL. DIVERGÊNCIAJURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. ARTS. 9º DA LEI 10.684/2003 E24 DO CP. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA DASÚMULA 282/STF. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. CRIME OMISSIVOPRÓPRIO. EXIGÊNCIA APENAS DO DOLO GENÉRICO. DIFICULDADES FINANCEIRASDA EMPRESA. INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. ÔNUS DA PROVA DADEFESA. REVISÃO DA DOSIMETRIA DA PENA. NECESSIDADE DE REEXAME DEFATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA 07/STJ. RECURSODESPROVIDO.(...)5. Conforme jurisprudência sedimentada nesta Corte Superior, não cabe à acusaçãodemonstrar e comprovar elementares que inexistem no tipo penal, de forma que o ônus daprova da impossibilidade de repasse das contribuições previdenciárias apropriadas ante àsdificuldades financeiras da empresa, a evidenciar, assim, a inexigibilidade de condutadiversa - causa supralegal de exclusão da culpabilidade -, é da defesa, a teor do art. 156 doCPP.(...)7. Agravo regimental a que se nega provimento.

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Item III. Correto.Ambos os entendimento referidos na assertiva estão respaldados pela jurisprudência doSuperior Tribunal de Justiça.Veja (respectivamente AgRg no Resp 1.217.724, 5ª Turma, Laurita Vaz, DJe 13/03/2013 eAgRg no Resp 1.251.970, 5ª Turma, Jorge Mussi, DJe 15/05/2012):AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME DE APROPRIAÇÃOINDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. DOLO GENÉRICO. DESNECESSÁRIA DEMONSTRAÇÃODO ANIMUS REM SIBI HABENDI. EXCLUDENTE DE CRIMINALIDADE. FALTA DEINDICAÇÃO DO DISPOSITIVO INFRACONSTITUCIONAL SUPOSTAMENTE VIOLADO.VERBETE SUMULAR N.º 284 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REDUÇÃO DOQUANTUM DA PENA DE MULTA E DA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. ÓBICE DO VERBETESUMULAR N.º 7 DESTA CORTE SUPERIOR. FRAÇÃO DE AUMENTO PELACONTINUIDADE DELITIVA. NÚMERO DE INFRAÇÕES. LEGALIDADE. AGRAVODESPROVIDO.(...)4. É firme a jurisprudência dos Tribunais Superiores no sentido de que o aumento operadoem face da continuidade delitiva deve levar em conta o número de infrações cometidas. Nocaso, considerando que foram praticadas 27 condutas delitivas, como reconheceu oTribunal a quo, mostra-se adequado o acréscimo pela continuidade delitiva na fraçãomáxima de 2/3. No entanto, diante da inexistência de recurso ministerial, se restabelece afração de 1/2, fixada pelo Juízo de primeiro grau.5. Agravo regimental desprovido.PENAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. PENA BASE. PEDIDO DEEXASPERAÇÃO DA REPRIMENDA. MONTANTE DO PREJUÍZO. R$ 55.439,98.MAGNITUDE DA LESÃO NÃO CONFIGURADO. DECISÃO MONOCRÁTICA MANTIDAPOR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.1. É pacífica na jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça a possibilidade deagravamento da pena base com fundamento no elevado prejuízo causado à PrevidênciaSocial resultante das contribuições indevidamente apropriadas, ante a valoração negativadas consequências delitivas já que maior a reprovabilidade da conduta.

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2. Contudo, no caso dos autos, o valor indevidamente apropriado de R$ 55.439,98(cinquenta e cinco mil, quatrocentos e trinta e nove reais e noventa e oito centavos),somado ao porte da empresa da qual o agravado era proprietário e, aos valoresnormalmente apropriados nos crimes de apropriação indébita previdenciária, não ésuficiente para, por si só, justificar a exasperação da pena base pela magnitude da lesão.3. Agravo regimental a que se nega provimento.Resposta: alternativa ‘d’

17) (Emagis) A respeito da nova Lei do Crime Organizado (Lei 12.694/2013), avalie as assertivas que seguem.I – Em processos que tenham por objeto a apuração de crimes praticados pororganização criminosa o juiz poderá decidir pela formação de colegiado composto por três juízes, de modo que as decisões tomadas por este colegiado deverão ser devidamente fundamentadas e assinadas por todos os seus membros, garantida a referência a eventual voto divergente de qualquer de seus membros.II – Em atenção ao princípio da publicidade, reza a lei em comento que as reuniões do colegiado de juízes devem ser públicas, podendo se dar por meios eletrônicos se os juízes residirem em cidades diferentes.III – A lei em referência cuidou de definir organização criminosa, excluindo de tal definição organizações que sejam voltadas à prática de contravenção penal.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e IIb) I e IIIc) II e IIId) I, II e IIIe) III

Item I. Incorreto.Erro somente na parte final da assertiva: nas publicações das decisões do colegiado nãopode haver qualquer referência a eventual voto divergente de qualquer dos juízes. Trata-sede medida que visa a preservar a segurança dos magistrados integrantes do colegiado.Veja:Art. 1o Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados pororganizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática dequalquer ato processual, especialmente:(...)§2o O colegiado será formado pelo juiz do processo e por 2 (dois) outros juízes escolhidos

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por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência criminal em exercício no primeiro graude jurisdição.(...)§6o As decisões do colegiado, devidamente fundamentadas e firmadas, sem exceção, portodos os seus integrantes, serão publicadas sem qualquer referência a voto divergente dequalquer membro.Item II. Incorreto.Para garantir a eficácia das decisões tomadas, a lei excepciona o princípio da publicidade,permitindo reuniões sigilosas. Esse o único equívoco da assertiva.Veja:Art. 1o Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados pororganizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática dequalquer ato processual, especialmente:(...)§4o As reuniões poderão ser sigilosas sempre que houver risco de que a publicidaderesulte em prejuízo à eficácia da decisão judicial.§5o A reunião do colegiado composto por juízes domiciliados em cidades diversas poderáser feita pela via eletrônica.Item III. Correto.A definição em comento consta do artigo 2º da lei, que somente considera organizaçãocriminosa aquela voltada à prática de crime com pena máxima igual ou superior a 4 anos outransnacional. Excluídas, portanto, as contravenções.Veja:Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a associação, de 3(três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem deComentários:

qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional.Resposta: alternativa ‘e’.

18) (Emagis) A respeito da resposta, por escrito, do acusado à acusação, no procedimento ordinário, avalie as assertivas que seguem.I – Se o acusado, citado por edital, não comparecer ao juízo nem constituir defensor, deve o juiz nomear defensor que em nome dele apresente resposta à acusação.

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II – Se não apresentados os documentos de interesse da defesa juntamente com a resposta à acusação ocorre a preclusão da aludida faculdade processual.III – A defesa, assim como a acusação, pode arrolar até 6 testemunhas.Estão incorretas as seguintes assertivas:

a) I e IIb) I e IIIc) IId) IIIe) I, II e III.

Item I. Incorreto.Caso o réu seja citado por edital e não compareça ou constitua defensor, o processo ésuspenso, somente passando a fluir o prazo para a apresentação da resposta à acusação apartir do momento em que ele for localizado ou constituir defensor.Não há, pois, ensejo à nomeação de defensor pelo juízo. Veja a redação do parágrafoúnico, do artigo 396, do Código de Processo Penal:Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir apartir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.Item II. Incorreto.Écerto que, nos termos do artigo 396-A, pode o acusado apresentar juntamente com aresposta à acusação os documentos que interessarem à sua defesa. Não ocorre, porém, apreclusão se não apresentados os documentos nesta época.Éque em matéria de documentos prevalece a seguinte regra:Comentários:

Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos emqualquer fase do processo.Item III. Incorreto.O número de testemunhas no procedimento ordinário é 8. Veja:Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pelaacusação e 8 (oito) pela defesa.Resposta: alternativa ‘e’

19) (Emagis) A respeito das inovações que a Lei 11.719/2008 introduziu no Código de Processo Penal relativamente ao chamado ‘Processo Comum’, marque a alternativa correta.

a) O procedimento comum subdivide-se em ordinário, sumário e sumaríssimo,aplicando-se o primeiro aos crimes punidos com reclusão e o segundo aos crimes punidos com detenção.b) Uma das novidades introduzidas pela mencionada lei no rito ordinário foi a

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imposição, ao juiz, do dever de, antes de decidir sobre o recebimento da denúncia, citar o réu para apresentar defesa prévia.c) O Supremo Tribunal Federal entende terem aplicação retroativa as inovações procedimentais, de modo que, ainda que em determinado processo o réu já tenha sido interrogado sob a égide do procedimento antigo, tem ele direito a novo interrogatório a realizar-se em conformidade com o novo rito.d) A Lei de Introdução ao Código de Processo Penal estipula que, tendo já sido colhida a prova testemunhal em determinado feito, a ele não se aplicam inovações procedimentais decorrentes de lei posterior.e) Suprimiu-se a hipótese de rejeição da denúncia por ausência de justa causa para o exercício da ação penal, passando, esta hipótese, a figurar como causa de absolvição sumária.

Alternativa a. Incorreta.O critério de distinção entre o rito ordinário e sumário exposto na assertiva era adotadoantes da edição da Lei 11.719/2008. O critério atual leva em conta o quantitativo máximo dapena privativa de liberdade cominada.Veja a atual redação do artigo 394, do CPP:Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de2008).§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: (Incluído pelaLei nº 11.719, de 2008).I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ousuperior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de2008).II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma dalei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).Alternativa b. Incorreta.Há minoritário segmento doutrinário que, com espeque na redação do artigo 399 do CPP,entende que somente após apresentada a resposta à acusação pelo réu é que ocorre orecebimento da denúncia.Não é essa, porém, a exegese acolhida pelos tribunais e pela doutrina majoritária: aliteralidade do artigo 396 do CPP reza que somente após receber a inicial acusatória é queo juiz determina a citação do acusado para responder à acusação.

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Em fim, a inovação foi permitir a apresentação da defesa pelo réu antes da instrução, masapós recebida a denúncia.Alternativa c. Incorreta.O entendimento do Supremo é contrário ao mencionado na assertiva: as inovaçõesprocedimentais não se aplicam a atos processuais já realizados, mas, apenas, aos atosposteriores à inovação legislativa. Veja que aqui não se fala da aplicação retroativareferente a infrações criminais anteriores, essa, sim, possível.Assim, se o interrogatório se deu antes da vigência da Lei 11.719/2008, não tem o réu odireito de se novamente interrogado em conformidade com o novo rito, o que não impede ojuízo de fazê-lo.Veja (HC 104.555, 1ª Turma, Ricardo Lewandowski, DJe 15/10/2010):EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. LEI 11.719/2008 QUE DEU NOVAREDAÇÃO AO ART. 400 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. NOVOINTERROGATÓRIO. REALIZAÇÃO. PRETENSÃO. DESCABIMENTO. NULIDADE.ALEGAÇÃO. PREJUÍZO. INEXISTÊNCIA. ORDEM DENEGADA. I - O interrogatório dopaciente ocorreu em data anterior à publicação da Lei 11.719/2008, o que, pela aplicaçãodo princípio do tempus regit actum, exclui a obrigatoriedade de renovação do atovalidamente praticado sob a vigência de lei anterior. II - Esta Corte já firmou entendimentono sentido de que não se declara a nulidade de ato processual se a alegação não vieracompanhada da prova do efetivo prejuízo sofrido pelo réu. Precedentes. III - Ordemdenegada.Alternativa d. Correta.Assertiva lastreada na literalidade do artigo 6º, da aludida Lei de Introdução ao Código deProcesso Penal:Art. 6º - As ações penais, em que já se tenha iniciado a produção de prova testemunhal,prosseguirão, até a sentença de primeira instância, com o rito estabelecido na lei anterior.Na prática, contudo, vem sendo adotado o critério referido nos comentários à alternativa ‘c’:somente os atos processuais anteriores à Lei 11.719/2008 ficam ao largo de sua incidência,os atos posteriores a ela vêm se sujeitando.Alternativa e. Incorreta.

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Continua prevista no inciso III, do artigo 395, do CPP, a rejeição da inicial acusatória porfalta de justa causa. As hipóteses de absolvição sumária (artigo 397) ligam-se à exclusão detipicidade, antijuridicidade, culpabilidade e punibilidade.Resposta: alternativa ‘d’

20) (Emagis) Os itens abaixo dizem respeito à homologação de sentença estrangeira. Julgue-os, à luz da jurisprudência do STJ, e indique a alternativa apropriada.

I - Não se admite a homologação de sentença estrangeira prolatada em ação na qual a citação do brasileiro interessado na causa tenha sido feita via edital.II - O ajuizamento de ação de execução, no Brasil, fundada em sentença arbitral estrangeira, não pressupõe a homologação desta pelo STJ.III - É possível a homologação de sentença estrangeira de divórcio, ainda que não exista prova de seu trânsito em julgado, na hipótese em que, preenchidos os demais requisitos, tenha sido comprovado que a parte requerida foi a autora da ação de divórcio e que o provimento judicial a ser homologado teve caráter consensual.Há erro somente no(s) item(ns):

a) I e II.b) I e III.c) II e III.d) I.e) I, II e III.

Errado o item I. Não há qualquer óbice a que seja homologada sentença estrangeiraprolatada em ação na qual o réu - brasileiro ou não - tenha sido citado por edital. O que semostra possível, sim, é investigar se essa citação por edital se operou legitimamente;equivocado, contudo, dizer que não se admitiria a homologação de sentença estrangeiraprolatada em ação na qual a citação do brasileiro interessado na causa tenha sido feita viaedital.Sobre o assunto, leia-se, por todos, este recentíssimo precedente da Corte Especial do STJ:SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO CONSENSUAL. ATUAÇÃO DADEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO COMO CURADORA ESPECIAL. ARGUIÇÃO DENULIDADE DA CITAÇÃO. CARTA ROGATÓRIA REGULARMENTE EXPEDIDA EPROCESSADA. CITAÇÃO EDITALÍCIA VÁLIDA. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO QUEATENDE ÀS EXIGÊNCIAS LEGAIS. HOMOLOGAÇÃO DEFERIDA.

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I. Pedido de homologação de sentença estrangeira proferida pelaJustiça comum dos Estados Unidos da América, pela qual foidissolvido o vínculo matrimonial entre cidadã brasileira e cidadãonorte-americano.II. Autos que vieram ao colegiado em virtude de contestação doCurador Especial, ao fundamento de que a requerente pleiteou acitação por edital, sem que antes tivesse diligenciado na busca doendereço atual do requerido.III. Pedido de mera regularização, no Brasil, da condição de estadoda requerente, sem que ainda existam bens a serem partilhados oufilho menor a considerar.IV. Passados mais de 10 (dez) anos desde o trânsito em julgado dasentença de divórcio consensual, há que se reconhecer que a alegadafalta de contato entre os ex-cônjuges constitui fator que justificarazoavelmente a impossibilidade de fornecer dados mais precisossobre a localização do requerido, sem que nada nos autos denotequalquer intenção em frustrar a sua citação pessoal.V. Hipótese na qual a citação editalícia foi realizada conforme alegislação brasileira e apenas após terem sido frustradas 3 (três)tentativas de citação pessoal do requerido, estando atendidos osdemais requisitos exigidos em lei, sem que haja outra circunstânciada homologação que possa suscitar atenção especial ou adicional.VI. Homologação deferida, nos termos do voto do Relator. (STJ, Corte Especial, SEC 2845,Rel. Min. Gilson DIpp, DJe de 26/06/2013)Errado, da mesma forma, o item II. Primeiro, é certo que a jurisprudência do STJ admite aexecução de sentença estrangeira proferida por órgão arbitral, ou seja, não integrante doPoder Judiciário de outro país; para isso, contudo, há que se homologá-la previamente àsua execução, da mesma forma como se daria se a sentença estrangeira fosse de caráterjurisdicional. Citamos, a propósito, este outro recente julgado da Corte Especial:HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA. CUMPRIMENTO DOSREQUISITOS FORMAIS. CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM VALIDAMENTECONSTITUÍDA.EXISTÊNCIA DE CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA . QUESTIONAMENTO.IMPOSSIBILIDADE.1. Sentença arbitral estrangeira proferida por órgão competente,devidamente traduzida, reconhecida pelo consulado brasileiro etransitada em julgado deve ser homologada.2. O ato homologatório da sentença estrangeira limita-se à análisedos requisitos formais. Questões de mérito não podem ser examinadaspelo STJ em juízo de delibação, pois ultrapassam os limites fixadospelo art. 9º, caput, da Resolução STJ n. 9 de 4/5/2005.3. Se a convenção de arbitragem foi validamente instituída, nãoferiu a lei a que foi submetida pelas partes e foi aceita pelos

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contratantes mediante a assinatura do contrato, não cabe questionar,em sede de homologação do laudo arbitral resultante desse acordo,aspectos específicos da natureza contratual subjacente ao laudohomologando (AgRg na SEC n. 854, Corte Especial, relatora para oacórdão Ministra Nancy Andrighi, DJe de 14/4/2011).4. Homologação deferida. (STJ, Corte Especial, SEC 5828, Rel. Min. João Otávio, DJe de26/06/2013)Quanto ao item III, contudo, não se vislumbra qualquer equívoco. Conquanto se exija, comoregra, a demonstração do trânsito em julgado da sentença estrangeira, como condição paraque seja homologada, o STJ tem dispensado essa exigência quando se cuida de sentençaestrangeira fruto de divórcio consensual, no qual, pois, o litígio foi resolvido mediante acordoentre as partes. Confira-se, a respeito, a seguinte notícia veiculada no último Informativo doSTJ (n. 521):DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO TRÂNSITOEM JULGADO PARA A HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA DE DIVÓRCIOCONSENSUAL.Épossível a homologação de sentença estrangeira de divórcio, ainda que não exista provade seu trânsito em julgado, na hipótese em que, preenchidos os demais requisitos, tenhasido comprovado que a parte requerida foi a autora da ação de divórcio e que o provimentojudicial a ser homologado teve caráter consensual. O art. 5º, III, da Res. 9/2005 do STJestabelece como requisito à referida homologação a comprovação do trânsito em julgado dasentença a ser homologada. Todavia, a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que,quando a sentença a ser homologada tratar de divórcio consensual, será possível inferir acaracterística de trânsito em julgado. Precedentes citados: SEC 3.535-IT, Corte Especial,DJe 16/2/2011; e SEC 6.512-IT, Corte Especial, DJe 25/3/2013. SEC 7.746-US, Rel. Min.Humberto Martins, julgado em 15/5/2013.Em arremate, havia erro nos itens I e II.Resposta: alternativa 'a'.

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EMAGIS RODADA 29.2013

1) (Emagis) O Supremo Tribunal Federal firmou orientação jurisprudencial a respeito dos limites que a Constituição Federal impõe aos Estados-membros para a definição do regime jurídico aplicável aos respectivos Procuradores do Estado. A propósito de tal orientação jurisprudencial, avalie as assertivas que seguem.I – Não há inconstitucionalidade em dispositivo previsto em Lei Complementar Estadual que outorgue aos Procuradores do Estado a garantia da vitaliciedade, considerando que a Constituição Federal não proíbe a concessão da mencionada prerrogativa aos advogados públicos estaduais, estando, assim, a matéria compreendida na autonomia do Estado-membro.II – É inconstitucional a concessão de privilégio quanto à forma de depoimento do Procurador do Estado em processo judicial, não havendo vício na concessão de privilégio relativo à forma de depoimento do Procurador do Estado perante a autoridade policial.III – É constitucional a previsão em Lei Complementar Estadual que autoriza o porte de armas ao Procurador do Estado, posta a competência da Polícia Civil para apurar os delitos de porte e posse ilegal de arma de fogo.Estão corretas as seguintes assertivas:a)    I

b)    II

c)    III

d)    Nenhuma

e)    Todas estão corretas.

Comentários:Toda a matéria tratada na questão foi julgada pelo STF na ADI 2729/RN, julgamento que teve sua parte inicial publicada no Informativo 409 e sua parte final publicada no Informativo 711.

Item I. Incorreto. Item II. Correto.

Quanto ao Item I, entendeu-se que a garantia da vitaliciedade é incompatível com a estrutura hierárquica determinada pela Constituição Federal às Procuradorias Gerais do Estado: são elas subordinadas ao Governador do Estado.

Sobre o Item II, o critério chancelado pelo STF foi no sentido de que o privilégio de depoimento em processos judiciais configura matéria processual, afeta, pois, à competência legislativa privativa da União, sendo o privilégio de depoimento perante

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autoridade policial matéria procedimental, compreendida, assim, na competência legislativa concorrente.

Veja como o pertinente trecho do julgamento foi noticiado no Informativo 409:

ADI e Prerrogativas de Procuradores de EstadoO Tribunal iniciou julgamento de ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Governador do Estado do Rio Grande do Norte contra o inciso I e os §§ 1º e 2º do art. 86, e os incisos V, VI, VIII e IX do art. 87, e o art. 88, todos da Lei Complementar 240/2002, do referido Estado-membro, que outorgam a garantia de vitaliciedade aos Procuradores do Estado, criam ação civil para decretação de perda de cargo destes, conferem-lhes privilégio quanto à prisão especial, forma de depoimento, prerrogativa de foro, bem como a eles autorizam o porte de arma independentemente de qualquer ato formal de licença ou autorização. Por unanimidade, o Tribunal declarou a inconstitucionalidade do inciso I e §§ 1º e 2º do art. 86, e dos incisos V, VI, VIII e IX do art. 87, da lei em questão. Entendeu-se que a garantia da vitaliciedade não se coaduna com a estrutura hierárquica a que se submetem as Procuradorias estaduais, diretamente subordinadas aos Governadores de Estado. Assim, em face da inconstitucionalidade da concessão de vitaliciedade, por arrastamento, declarou-se a inconstitucionalidade dos preceitos relativos às hipóteses de perda do cargo e de ação civil para decretação da perda do cargo. Quanto às questões concernentes à prisão cautelar e à forma de depoimento em inquérito ou processo, considerou-se que, com exceção do depoimento perante a autoridade policial - no qual há competência legislativa concorrente, por se tratar de procedimento em matéria processual -, os demais incisos usurpam a competência privativa da União para legislar sobre matéria processual (CF, art. 22, I). Julgou-se inconstitucional, da mesma forma, o preceito que trata da prerrogativa de foro, por afronta ao § 1º do art. 125 da CF, que estabelece que a competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado-membro. Em relação ao art. 88, que autoriza o porte de arma, o Min. Eros Grau, relator, também julgou procedente o pedido, no que foi acompanhado pelo Min. Carlos Velloso, por entender que o dispositivo viola o art. 22, I, da CF, porquanto a isenção à regra que define a ilicitude penal só pode ser concedida por norma penal. Quanto a esse ponto, o julgamento foi suspenso em virtude do pedido de vista do Min. Gilmar Mendes.ADI 2729/RN, rel. Min. Eros Grau, 16.11.2005. (ADI-2729)

Item III. Incorreto.

Seja porque é privativa da União a competência para legislar sobre matéria criminal – excludente de ilicitude, no caso –, seja porque insere-se na competência administrativa exclusiva do ente federal fiscalizar e autorizar o comércio de material bélico, tem-se por inconstitucional semelhante norma estadual. 

Além da parte final da notícia acima colacionada, confira como foi noticiada a conclusão do julgamento no Informativo 711:

ADI e prerrogativas de Procuradores de Estado - 2Em conclusão, o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da expressão “com porte de arma, independente de qualquer ato formal de licença ou autorização”, contida no art. 88 da Lei Complementar

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240/2002, do Estado do Rio Grande do Norte. A norma impugnada dispõe sobre garantias e prerrogativas dos Procuradores do Estado. Na sessão de 16.11.2005, o Plenário assentou a inconstitucionalidade do inciso I e §§ 1º e 2º do art. 86, e dos incisos V, VI, VIII e IX do art. 87 da aludida lei — v. Informativo 409. Na presente assentada, concluiu-se o exame do pleito remanescente relativo ao art. 88, que autoriza o porte de arma aos integrantes daquela carreira. Asseverou-se que, se apenas à União fora atribuída competência privativa para legislar sobre matéria penal, somente ela poderia dispor sobre regra de isenção de porte de arma. Em acréscimo, o Min. Gilmar Mendes ressaltou que o registro, a posse e a comercialização de armas de fogo e munição estariam disciplinados no Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003). Esse

diplomacriara o Sistema Nacional de Armas - Sinarm e transferira à polícia federal diversas atribuições até então executadas pelos estados-membros, com o objetivo de centralizar a matéria em âmbito federal. Mencionou precedentes da Corte no sentido da constitucionalidade do Estatuto e da competência privativa da União para autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico (CF, art. 21, VI). Aduziu que, não obstante a necessidade especial que algumas categorias profissionais teriam do porte funcional de arma, impenderia um diálogo em seara federal. Precedentes citados: ADI 3112/DF (DJe 26.10.2007); ADI 2035 MC/RJ (DJU de 1º.8.2003); ADI 3258/RO (DJU de 9.9.2005).ADI 2729/RN, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 19.6.2013. (ADI-2729)  Resposta: alternativa ‘b’.

2) (Emagis) A mídia repercutiu recentemente o resultado do julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal no Mandado de Segurança preventivo (MS 32.033/DF), em que Senador da República alegava ofensa ao devido processo legislativo na tramitação do Projeto de Lei 4.470/2012 (Câmara dos Deputados), convertido, no Senado, no Projeto de Lei da Câmara - PLC 14/2013, que estabelece novas regras para a distribuição de recursos do fundo partidário e de horário de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, nas hipóteses de migração partidária. O Ministro Gilmar Mendes, relator, havia concedido a liminar para suspender a tramitação legislativa, liminar que restou não referendada pelo Plenário da Corte, que autorizou o prosseguimento do processo legislativo. A propósito, avalie as assertivas que seguem. I – Em regra, o sistema constitucional brasileiro não admite o controle prévio da constitucionalidade dos atos normativos, por importar em indevida interferência do Judiciário na atuação dos outros Poderes constituídos. II – O Supremo Tribunal Federal admite, excepcionalmente, a impetração de mandado de segurança que vise a obstar a tramitação de projeto de lei ou emenda constitucional, por suposta inconstitucionalidade, admitindo-o, porém, em duas restritas situações: (1) proposta de emenda à Constituição manifestamente ofensiva a cláusula pétrea; (2) projeto de lei ou de emenda em cuja tramitação com manifesta afronta a cláusula constitucional que discipline o correspondente processo legislativo.III – No referido julgamento sagrou-se vencedora a tese de que o controle preventivo de constitucionalidade, via mandado de segurança impetrado por parlamentar, de projeto de lei somente é admissível se verificado neste vício formal – atinente, pois, às regras constitucionais afetas ao processo legislativo – não se admitindo sob a alegação de vício

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material, isto é, no conteúdo da proposição legislativa.Estão corretas as seguintes assertivas:a)    I b)    IIc)    II e IIId)    I, II e IIIe)    III

Comentários:Itens I, II e III. Corretos.

As assertivas postas na questão bem resumiram o resultado do importante julgamento proferido pelo STF, ao qual deve ficar atento o aluno: (1) rechaça-se em regra o controle preventivo de constitucionalidade; (2) admite-se em excepcionais hipóteses em que verificado vício formal na tramitação legislativa, sendo que, no específico caso da projeto de emenda à Constituição, admite-se a alegação de ofensa às cláusulas pétreas (por expressa autorização do artigo 60, da CF); (3) como a impugnação era de projeto de lei e a alegação era de vício material – conteúdo da proposição – teve-se por não justificada a excepcionalidade do controle preventivo.

Veja como a conclusão do julgamento foi noticiada no Informativo 711:

MS: projeto de lei e criação de novos partidos - 12Em conclusão, o Plenário, por maioria, denegou mandado de segurança preventivo em que senador alegava ofensa ao devido processo legislativo na tramitação do Projeto de Lei - PL 4.470/2012 (Câmara dos Deputados), convertido, no Senado, no Projeto de Lei da Câmara - PLC 14/2013, que estabelece novas regras para a distribuição de recursos do fundo partidário e de horário de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, nas hipóteses de migração partidária — v. Informativos 709 e 710. Preliminarmente, por votação majoritária, conheceu-se do writ, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Cármen Lúcia. Estes consideravam que o objetivo da impetração seria controle prévio de constitucionalidade de lei, por suposta ofensa a princípios constitucionais, o que seria inadmissível, consoante jurisprudência da Corte. No que se refere a processo legislativo ordinário, acresciam que os projetos de lei apenas seriam impugnáveis, na via eleita, quando e se verificada inobservância a dispositivos reguladores desse procedimento. Ademais, essa forma de controle também seria admissível na hipótese de emenda constitucional atentatória a cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4º). No ponto, a Min. Cármen Lúcia destacava que, se houvesse projeto de lei a contrariar essas cláusulas, o controle judicial em mandado de segurança também seria cabível, embora não fosse o caso.MS: projeto de lei e criação de novos partidos - 13No mérito, prevaleceu o voto do Min. Teori Zavascki. Considerou que as eventuais inconstitucionalidades do texto impugnado poderiam ser resolvidas se e quando o projeto se transformasse em lei. Ademais, a discussão sobre a legitimidade do controle constitucional preventivo de proposta legislativa teria consequências transcendentais, com reflexos para além do caso em pauta, pois tocaria o cerne da autonomia dos Poderes. Reputou que o sistema constitucional pátrio não autorizaria o controle de constitucionalidade prévio de atos normativos, e que a jurisprudência da Corte estaria consolidada no sentido de, em regra, deverem ser rechaçadas as demandas judiciais com

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essa finalidade. Delimitou haver duas exceções a essa regra: a) proposta de emenda à Constituição manifestamente ofensiva a cláusula pétrea; e b) projeto de lei ou de emenda em cuja tramitação se verificasse manifesta afronta a cláusula constitucional que disciplinasse o correspondente processo legislativo. Aduziu que, em ambas as hipóteses, a justificativa para excepcionar a regra estaria claramente definida na jurisprudência do STF. O vício de inconstitucionalidade estaria diretamente relacionado aos aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa. Nessas circunstâncias, a impetração de segurança seria admissível porque buscaria corrigir vício efetivamente concretizado, antes e independentemente da final aprovação da norma.MS: projeto de lei e criação de novos partidos - 14Assinalou que o caso em exame não se enquadraria em qualquer dessas duas excepcionais situações, pois sustentado apenas que o projeto de lei teria conteúdo incompatível com os artigos 1º, V; e 17, caput, ambos da CF. Ressaltou que a mais notória consequência de eventual concessão da ordem seria a universalização do controle preventivo de constitucionalidade, em descompasso com a Constituição e com a jurisprudência já consolidada. Destacou a existência de modelo exclusivo de controle de normas, exercido pelos órgãos e instituições arrolados no art. 103 da CF, mediante ação própria. Admitir-se-ia, se prevalecente entendimento diverso, controle jurisdicional por ação da constitucionalidade material de projeto de norma, a ser exercido exclusivamente por parlamentar. Esse modelo de controle prévio não teria similar no direito comparado e ultrapassaria os limites constitucionais da intervenção do Judiciário no processo de formação das leis. Asseverou que as discussões políticas, nesse âmbito, pertenceriam ao Legislativo e não ao Judiciário. Sublinhou o distanciamento que as Cortes constitucionais deveriam ter dos processos políticos, inclusive pela sua inaptidão para resolver, por via de ação, os conflitos carregados de paixões dessa natureza. Salientou não fazer sentido, ademais, atribuir a parlamentar, a quem a Constituição não habilitaria para provocar o controle abstrato de constitucionalidade normativa, prerrogativa muito mais abrangente e eficiente de provocar esse controle sobre os próprios projetos legislativos. Além disso, subtrair-se-ia dos outros Poderes a prerrogativa de exercerem o controle constitucional preventivo de leis.

Resposta: alternativa ‘d’.

3)

(Emagis) Os itens abaixo dizem respeito à jurisprudência do STJ em matéria de Direito Administrativo. I - João Motorista dirigia seu veículo através de uma certa rodovia estadual. Um boi, então, adentra na pista e João, mesmo tendo agido como se esperava de um motorista prudente diante daquela situação, não conseguiu evitar o atropelamente que, infelizmente, causou-lhe a perda da visão do olho direito, reduzindo sensivelmente a sua capacidade laborativa. Nesse caso, na esteira da jurisprudência do STJ, é correto afirmar que o Estado tem responsabilidade objetiva pelo evento danoso.II - A jurisprudência do STJ é no sentido de que a União detém a legitimidade para suceder o extinto DNER nas ações que estiverem em curso ou que forem ajuizadas no período de inventariança desta autarquia.III - É pacífico no STJ o entendimento de que o servidor aposentado do extinto DNER, ainda que passe a integrar o quadro de inativos do Ministério dos Transportes, deve ter como parâmetro de seus proventos a retribuição dos servidores ativos do DNER

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absorvidos pelo DNIT, e não a dos servidores ativos vinculados àquele Ministério.Estão corretos somente os itens:

a) I e II.b) I e III.c) II e III.d) I.e) I, II e III.

Comentários:No caso do item I, haveria, sem dúvida, margem para a responsabilização do Estado, responsável não só pela conservação da rodovia estadual como também pela segurança dos veículos no tráfego. É errado, contudo, afirmar que, nesse caso, a responsabilidade seria objetiva: em verdade, o dano foi causado pelo animal, de propriedade particular, o que atrairia, em princípio, a responsabilidade do seu proprietário. O problema, contudo, é que o Estado tem se omitido em adotar as providências necessárias a que animais desse porte não invadam a pista; ou seja, há falha do serviço que autoriza a responsabilização subjetiva do Estado. Noutras palavras, o erro, propriamente, do item I está em afirmar que o caso envolveria responsabilidade objetiva do Estado, o que não é verdade, já que o dano não foi causado pela ação de um agente estatal; o caso, tecnicamente, é de responsabilidade estatal subjetiva (por omissão).

Sobre o tema, colhemos, por todos, o seguinte julgado do STJ:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DETRÂNSITO. DANOS MATERIAIS E MORAIS. ANIMAL QUE SE ENCONTRAVA EMRODOVIA ESTADUAL. LEGITIMIDADE PASSIVA DO ESTADO. RESPONSABILIDADESUBJETIVA. DEVER DE FISCALIZAÇÃO. OMISSÃO INEXISTENTE. SUCUMBÊNCIARECÍPROCA AFASTADA.1. Há responsabilidade subjetiva do Estado que, por omissão, deixade fiscalizar rodovia estadual com trânsito freqüente de animais,contribuindo para a ocorrência do acidente. (...) (STJ, Segunda Turma, REsp 1173310, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 24/03/2010)

Quanto ao item II, nenhum erro se avista. O antigo Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (autarquia federal) foi extinto e seu lugar foi ocupado pelo DNIT - Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (que também é uma autarquia federal). Não obstante, na interpretação do STJ em torno da Lei 10.233/01, é a União quem deve responder pelas ações ajuizadas contra aquela extinta autarquia, seja as aforadas antes da sua extinção (substituição processual), seja as deflagradas durante o seu período de inventariança.

Este recente precedente do STJ bem explica a situação e o raciocínio jurídico aplicado:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. EXTINÇÃO DO DNER. CRIAÇÃO DO

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DNIT. AÇÃO AJUIZADA DURANTE PROCESSO DE INVENTARIANÇA DAQUELAAUTARQUIA. LEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO.1. Não há que se falar em ausência de prequestionamento, uma vez quea tese jurídica - ilegitimidade do DNIT - foi tratada no acórdãorecorrido, podendo ser analisada por esta Corte Superior.2. Na forma da Lei n. 10.233, art. 102-A, restou extinto o DNER porconta da criação do DNIT. Ainda de acordo com essa Lei, agora nos §§2º e 3º do art. 102-A, coube ao chefe do Poder Executivo disciplinar"a transferência e a incorporação dos direitos, das obrigações e dosbens móveis e imóveis do DNER." Com isso, foram editados os Decretosn. 4.128, de 13.2.2002, e 4.803, de 8.8.2003. Da simples leituraconjugada do art. 4º, inc. I, daquele diploma normativo já seconclui que, em todas as ações judiciais que tenham como parte ouinteressado o DNER e que estejam em curso ou que venham a serajuizadas entre o início e o fim da inventariança dessa autarquia, aUnião deve funcionar no feito como sucessora da mesma, representadapela Advocacia-Geral da União.  Ressalta-se que o processo deinventariança da autarquia extinta iniciou-se em 13.2.2002, porforça do Decreto n. 4.128, e findou-se em 8.8.2003, por força doDecreto n. 4.803.3. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que a Uniãodetém a legitimidade para suceder o extinto DNER nas ações queestiverem em curso ou que forem ajuizadas no período deinventariança desta autarquia. A ação na qual se interpôs o recursoora analisado foi ajuizada em 5.6.2003, dentro, portanto, do períodode inventário, sendo a União parte legítima para a demanda e, não, oDNIT.4. Agravo regimental não provido. (STJ, Segunda Turma, AgRg nos EDcl no REsp 1267012, Rel. Min. Mauro Campbell, DJe de 11/06/2013)

De resto, o item III espelha o entendimento firmado pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo (CPC, art. 543-C), uniformizando a matéria e decidindo que os servidores inativos vinculados ao extinto DNER, para efeitos de paridade, devem ter como parâmetro a remuneração dos servidores ativos do DNER absorvidos pelo DNIT (pois, para este feito, não há base legal para afastar a sucessão do DNIT, situação diferente àquela retratada acima, que envolve o patrimônio da vetusta autarquia), mesmo que, formalmente, tenham sido catalogados no quadro de inativos do Ministério dos Transportes (órgão da União). Confira-se:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA.SERVIDOR QUE PRESTOU SERVIÇOS NO EXTINTO DNER. VINCULAÇÃO DO INATIVOAO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DO DNIT.APLICAÇÃO. MATÉRIA APRECIADA SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC.1. É pacífico no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de queo servidor aposentado do extinto DNER, ainda que passe a integrar oquadro de inativos do Ministério dos Transportes, deve ter como

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parâmetro de seus proventos a retribuição dos servidores ativos doDNER absorvidos pelo DNIT, pois esta autarquia é sucessora daquela,não havendo razão jurídica para qualquer disparidade.2. Orientação reafirmada no julgamento do REsp.1.244.632/CE, sob orito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC).3. É vedado ao STJ apreciar violação de dispositivosconstitucionais, ainda que para fins de prequestionamento.4. Agravo Regimental não provido. (STJ, Segunda Turma, AgRg no AREsp 306652, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 10/05/2013)

Do que se viu, somente os itens II e III estavam corretos.

Resposta: alternativa 'c'.

4)

(Emagis) Quanto às concessões e permissões de serviços públicos, julgue, com amparo na Lei 8.987/95, os itens a seguir listados.I - Nas licitações relativas às concessões e permissões de serviços públicos, será dada preferência, em igualdade de condições, à proposta apresentada por empresa brasileira.II - Admite-se que, no caso de concessão ou permissão de serviços públicos, a outorga se dê em caráter de exclusividade, particularmente no caso de inviabilidade técnica ou econômica, devidamente justificada pelo poder concedente.III - De regra, nas licitações relacionadas a uma concessão de serviço público, tem-se a fase de julgamento antes da fase de habilitação dos licitantes.Há erro:

a) somente no item I.b) somente no item II.c) somente no item III.d) somente nos itens I e II.e) somente nos itens II e III.

Comentários:O item I tem lastro em regra específica da Lei 8.987/95. Com efeito, a teor do seu art. 15, § 4º, nas licitações relativas às concessões e permissões de serviços públicos deve-se dar preferência, em igualdade de condições, à proposta apresentada por empresa brasileira. Nada de errado, portanto.

De seu turno, o item II não traz qualquer erronia.

A regra, em se tratando de concessão ou permissão de serviço público, é que a outorga se dê sem qualquer caráter de exclusividade; ou seja, admite-se a presença de mais de um concessionário/permissionário do serviço, o que permite melhores tarifas aos usuários (concorrência). Excepcionalmente, contudo, tal outorga exclusiva (tendo-se somente um único concessionário/permissionário daquele serviço público) pode ocorrer, particularmente no caso de inviabilidade técnica ou econômica, devidamente justificada pelo poder concedente (cf. art. 16 c/c art. 5º da Lei 8.987/95).

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No mais, o item III está enganado.

Como regra, na Lei 8.666/93 (Lei Geral de Licitações e Contratos Administrativos, que tem aplicação subsidiária à Lei 8.987/95, ou seja, no que com ela não conflitar) o caminho natural é de que haja, primeiramente, a habilitação dos licitantes, para só depois passar-se à fase de julgamento (onde ocorrerá a classificação das propostas). Não obstante, a Lei 11.196/05, alterando o art. 18-A da Lei 8.987/95, previu expressamente que o edital da licitação pode prever a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento. Trata-se, aliás, de medida oportuna: por quê julgar a habilitação de todos os licitantes se apenas um deles sairá vencedor e contratará com a Administração Pública? Melhor, pois, primeiramente julgar as propostas e, após, confirmar se o licitante melhor classificado atende às exigências de habilitação (cf. art. 18-A, incisos I a III, da Lei 8.987/95). Sem embargo, tal inversão somente ocorrerá se o edital a prever; do contrário, segue-se o caminho natural das licitações.

Em arremate, somente havia erro no item III.

Resposta: alternativa 'c'.

5)

(Emagis) As proposições abaixo dizem respeito ao Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) trazido na Lei 12.462/11.I - O RDC é aplicável às licitações e contratos necessários à realização das obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, bem como das obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino.II - As licitações e contratações realizadas em conformidade com o RDC deverão observar os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficiência, da probidade administrativa, da economicidade, do desenvolvimento nacional sustentável, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo.III - Se não constar do instrumento convocatório, a informação referente ao orçamento previamente estimado para a contratação possuirá caráter sigiloso e será disponibilizada estrita e permanentemente aos órgãos de controle externo e interno. Ademais, é correto afirmar que, nessa hipótese, o orçamento previamente estimado para a contratação será tornado público apenas e imediatamente após o encerramento da licitação, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quantitativos e das demais informações necessárias para a elaboração das propostas.Estão corretos somente os itens:

a) I e II.b) I e III.c) II e III.d) I.e) I, II e III.

Comentários:Temos chamado a atenção, em nossas questões, para o novo Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), disciplinado na Lei 12.462/11, que veio para reger

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especificamente as licitações e contratos administrativos relacionados à Copa do Mundo 2014 e às Olimpíadas de 2016 mas que, hoje, tem vocação mais ampla, destinando-se um universo ainda maior de obras e serviços públicos.

Com efeito, o RDC é aplicável, também, à realização das obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS (art. 1º, V, da Lei 12.462/11) e de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino (art. 1º, § 3º, da Lei citada), afora os casos ligados às ações integrantes do Programa de Aceleração do Cresimento (PAC). Vindo exatamente nessa linha o item I, emerge correto.

O item II, por sua vez, não traz qualquer engano. De fato, apregoa o art. 3º da Lei 12.462/11 que as licitações e contratações realizadas em conformidade com o RDC deverão observar os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficiência, da probidade administrativa, da economicidade, do desenvolvimento nacional sustentável, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo. Ademais, trata-se, na sua maioria, de princípios que têm assento constitucional, donde não haver dúvidas quanto à necessidade em observá-los também nesse tipo de licitação/contrato.

Por fim, o item III está embasado no art. 6º, caput e § 3º, da Lei 12.462/11. Segundo estes preceitos, se não constar do instrumento convocatório, a informação referente ao orçamento previamente estimado para a contratação possuirá caráter sigiloso e será disponibilizada estrita e permanentemente aos órgãos de controle externo e interno; nesse caso, o orçamento previamente estimado para a contratação será tornado público apenas e imediatamente após o encerramento da licitação, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quantitativos e das demais informações necessárias para a elaboração das propostas. Note-se, a propósito, que a CF autoriza o sigilo quando indispensável à segurança da sociedade e do Estado (art. 5º, XXXIII); por outro lado, não há qualquer decisão a afastar a presunção de constitucionalidade que é ínsita à lei legitimamente aprovada pelo Poder Legislativo.

Diante dessas colocações, nota-se que todos os itens estavam corretos.

Resposta: alternativa 'e'.6)

(Emagis) As assertivas que seguem tratam do patrimônio genético, conhecimento tradicional associado e acesso às tecnologias correlatas. Tomando como referência as disposições da Medida Provisória 2.186-16/2001, marque a alternativa incorreta.

a) A disciplina da MP 2.186-16/2001 não se aplica ao patrimônio genético humano.

b) Um dos desideratos da aludida MP é, estabelecendo um controle estatal sobre o acesso ao banco genético brasileiro, reprimir a biopirataria, dada a invulgar diversidade biológica encontrada em território nacional.

c) O Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGEN, além de estabelecer normas técnicas e critérios para as autorizações de acesso e remessa de componentes do

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patrimônio genético nacional, é competente para autorizar o acesso a referidos componentes encontradiços em território nacional.

d) O conhecimento tradicional associado das comunidades indígenas e locais foi declarado patrimônio cultural brasileiro, motivo pelo qual não há como reconhecer a titularidade do conhecimento tradicional associado à comunidade ou ao indivíduo.

e) A utilização comercial de produto resultante da utilização de componente do patrimônio genético depende de prévia assinatura de Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios, contrato que deve respeitar as específicas regras trazidas na MP 2.186-16/2001, sob pena de nulidade.

Comentários:Alternativa a. Correta.

Assertiva que encontra conforto na literalidade do artigo 3º, da MP 2.186/2001, estando, ademais, a disciplina do patrimônio genético humano afeta à Lei 11.105/2005.

Alternativa b. Correta.

Assertiva que dispensa maiores comentários: (1) a leitura da MP em comento faz ver sua preocupação central em estabelecer um controle estatal sobre o acesso ao banco genético brasileiro, (2) é antiga a luta das autoridades ambientais para coibir a biopirataria no Brasil, país alvo de tal prática espúria exatamente por portar a mais rica diversidade biológica do mundo.

Alternativa c. Correta.

O artigo 11 da MP 2.186/2001 confere ao CGEN tanto competências normativas, quanto competências executivas, afetas à autorização de acesso e remessa de componentes do patrimônio genético nacional.

Veja:

Art. 11.  Compete ao Conselho de Gestão:

 (...)

        II - estabelecer:        a) normas técnicas;        b) critérios para as autorizações de acesso e de remessa;        c) diretrizes para elaboração do Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios;        d) critérios para a criação de base de dados para o registro de informação sobre conhecimento tradicional associado;

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      (...)

        IV - deliberar sobre:         a) autorização de acesso e de remessa de amostra de componente do patrimônio genético, mediante anuência prévia de seu titular;        b) autorização de acesso a conhecimento tradicional associado, mediante anuência prévia de seu titular;        c) autorização especial de acesso e de remessa de amostra de componente do patrimônio genético à instituição nacional, pública ou privada, que exerça atividade de pesquisa e desenvolvimento nas áreas biológicas e afins, e à universidade nacional, pública ou privada, com prazo de duração de até dois anos, renovável por iguais períodos, nos termos do regulamento;        d) autorização especial de acesso a conhecimento tradicional associado à instituição nacional, pública ou privada, que exerça atividade de pesquisa e desenvolvimento nas áreas biológicas e afins, e à universidade nacional, pública ou privada, com prazo de duração de até dois anos, renovável por iguais períodos, nos termos do regulamento;

 Alternativa d. Incorreta.

De fato o conhecimento tradicional associado foi declarado integrante do patrimônio cultural brasileiro. Isso, contudo, não impediu se reconheça às comunidades, e mesmo aos indivíduos, a titularidade sobre os conhecimentos que tenham desenvolvido. A rigor, mesmo o benefício econômico decorrente de tal titularidade lhes foi assegurado.

Veja:

Art. 8o  Fica protegido por esta Medida Provisória o conhecimento tradicional das comunidades indígenas e das comunidades locais, associado ao patrimônio genético, contra a utilização e exploração ilícita e outras ações lesivas ou não autorizadas pelo Conselho de Gestão de que trata o art. 10, ou por instituição credenciada.        § 1o  O Estado reconhece o direito das comunidades indígenas e das comunidades locais para decidir sobre o uso de seus conhecimentos tradicionais associados ao patrimônio genético do País, nos termos desta Medida Provisória e do seu regulamento.        § 2o  O conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético de que trata esta Medida Provisória integra o patrimônio cultural brasileiro e poderá ser objeto de cadastro, conforme dispuser o Conselho de Gestão ou legislação específica.

(...)                Art. 9o  À comunidade indígena e à comunidade local que criam, desenvolvem, detêm ou conservam conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético, é garantido o direito de:        I - ter indicada a origem do acesso ao conhecimento tradicional em todas as publicações, utilizações, explorações e divulgações;        II - impedir terceiros não autorizados de:        a) utilizar, realizar testes, pesquisas ou exploração, relacionados ao conhecimento tradicional associado;

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        b) divulgar, transmitir ou retransmitir dados ou informações que integram ou constituem conhecimento tradicional associado;        III - perceber benefícios pela exploração econômica por terceiros, direta ou indiretamente, de conhecimento tradicional associado, cujos direitos são de sua titularidade, nos termos desta Medida Provisória.        Parágrafo único.  Para efeito desta Medida Provisória, qualquer conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético poderá ser de titularidade da comunidade, ainda que apenas um indivíduo, membro dessa comunidade, detenha esse conhecimento.

Alternativa e. Correta.

É imprescindível, para a utilização comercial de produto resultante da utilização de componente do patrimônio genético, a prévia assinatura de Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios, que deve respeitar, sob pena de nulidade, os termos da MP.

Art. 28.  São cláusulas essenciais do Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios, na forma do regulamento, sem prejuízo de outras, as que disponham sobre:        I - objeto, seus elementos, quantificação da amostra e uso pretendido;        II - prazo de duração;        III - forma de repartição justa e eqüitativa de benefícios e, quando for o caso, acesso à tecnologia e transferência de tecnologia;        IV - direitos e responsabilidades das partes;        V - direito de propriedade intelectual;        VI - rescisão;        VII - penalidades;        VIII - foro no Brasil.        Parágrafo único.  Quando a União for parte, o contrato referido no caput deste artigo reger-se-á pelo regime jurídico de direito público.

        Art. 29.  Os Contratos de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios serão submetidos para registro no Conselho de Gestão e só terão eficácia após sua anuência.        Parágrafo único.  Serão nulos, não gerando qualquer efeito jurídico, os Contratos de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios firmados em desacordo com os dispositivos desta Medida Provisória e de seu regulamento.

Resposta: alternativa ‘d’7)

(Emagis) No âmbito do direito tributário, julgue as assertivas a seguir:I - A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal dentro do procedimento de lançamento por homologação, mesmo não sendo ato privativo da autoridade administrativa do fisco, constitui o crédito tributário.II - No contexto do procedimento de lançamento por homologação, declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa pelo fisco.

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III - No contexto do procedimento de lançamento por homologação, mesmo que ausente qualquer declaração de débito tributário pelo contribuinte, por descumprimento da obrigação acessória de informar periodicamente a ocorrência ou inocorrência dos fatos geradores, é legítima a recusa de expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa pelo fisco, desde que exista previsão legal.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Nenhum item está correto.

c) Apenas o item I está correto.

d) Apenas os itens I e II estão corretos.

e) Apenas o item III está correto.

Comentários:Item I. Certo. Embora o lançamento em si seja ato privativo da autoridade administrativa a teor do art. 142 do CTN, existem outros modos de constituição do crédito tributário que não o lançamento. A constituição (ou formalização ou representação documental) também pode ser feita pelo contribuinte cumprindo suas obrigações acessórias de apurar e declarar os tributos devidos, confessando-os. Exemplos normativos da constituição do crédito tributário pelo próprio contribuinte, dispensando o lançamento, são o art. 5º, § 1º, do Decreto-Lei 2.124/84, art. 33, § 7º, da Lei 8.212/91, art. 74, § 6º, da Lei 9.430/96, art. 12 da Lei 10.522/02.No mesmo sentido, foi editada a Súmula 436 do STJ: “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.” Item II. Certo. O entendimento é corolário da Súmula 436 do STJ, pois uma vez constituído o crédito tributário por declaração do contribuinte, não sendo pago no vencimento, é cabível sua imediata inscrição em dívida ativa pelo fisco, dispensada qualquer outra diligência quanto ao valor confessado, conforme art. 5º, § 2º, do Decreto-Lei 2.124/84 (“Não pago no prazo estabelecido pela legislação o crédito, corrigido monetariamente e acrescido da multa de vinte por cento e dos juros de mora devidos, poderá ser imediatamente inscrito em dívida ativa, para efeito de cobrança executiva ...”), fato que já impede a expedição de CND.O entendimento está na Súmula 446 do STJ: “Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa.” Item III. Certo. O contribuinte é sempre obrigado a cumprir sua obrigação acessória de declarar, inclusive a inexistência do crédito tributário pela não ocorrência do fato gerador. Não cumprindo a obrigação acessória de declarar mesmo que o valor zero,

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descumprida estará a obrigação acessória que se converte em obrigação principal de multa, conforme art. 113, § 3º, do CTN, situação que permitiria desde logo a inscrição em dívida ativa do valor da penalidade pecuniária, obstando a expedição da CND.Existe previsão legal para tanto no art. 32, IV, § 10, da Lei 8.212/91:“Art. 32. A empresa é também obrigada a: IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)§ 10.  O descumprimento do disposto no inciso IV do caput deste artigo impede a expedição da certidão de prova de regularidade fiscal perante a Fazenda Nacional. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)”Assim, existindo previsão legal, a mera inação do contribuinte em cumprir com o dever acessório de declarar valores no lançamento por homologação já impede a expedição da CND. O entendimento está em consonância com a jurisprudência do STJ que inclusive já apreciou a questão sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC):“TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE NEGATIVA (CPD-EN). GFIP NÃO APRESENTADA. ÓBICE À EMISSÃO EM RAZÃO DO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DICÇÃO DO ART. 32, § 10, DA LEI 8.212/91. APLICAÇÃO DO RECURSO ESPECIAL "REPETITIVO" DE N. 1.042.585/RJ.1. O descumprimento da obrigação acessória é suficiente para obstar a emissão da Certidão Positiva com Efeito de negativa, conforme entendimento ratificado no "repetitivo" REsp 1.042.585/RJ, de relatoria do Min. Luiz Fux, DJe 21/05/2010, julgado pela sistemática do 543-C do CPC.2. Agravo regimental não provido.(AgRg nos EDcl no AgRg no REsp 1253941/RJ, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/06/2012, DJe 28/06/2012)” Resposta: alternativa ‘a’.8)

(Emagis) Julgue as proposições a seguir:I - Quanto aos impostos, existe disposição constitucional expressa estabelecendo a competência tributária residual exclusiva em favor da União. II - O produto da arrecadação do IR incidente na fonte sobre rendimentos pagos a qualquer título por Estados ou Municípios se sujeita à repartição entre a União e o respectivo Estado ou Município.III - O produto arrecadação dos impostos estaduais da competência do DF se sujeita à repartição

a) Apenas os itens I e II estão corretos.

b) Apenas os itens II e III estão corretos.

c) Apenas os itens I e III estão corretos.

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d) Todos os itens estão corretos.

e) Apenas o item I está correto.

constitucional.

Comentários:Item I. Correto. O art. 154, I, da CF (“A União poderá instituir: mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;”) faculta uma competência residual para que a União Federal, dentro de certas condições, estabeleça impostos não inicialmente previstos pela própria Carta Magna. Item II. Errado. O valor do imposto de renda retido na fonte por estados e municípios e respectivas autarquias e fundações não se sujeita à repartição constitucional de receitas tributárias, haja vista que pertencem de pleno direito a tais entes, sequer integrando o montante do IR que será repartido pela União Federal com os entes políticos menores, conforme arts. 157, I, 158, I, 159, I, § 1º, da CF. Item III. Errado. A repartição constitucional de receitas tributárias sempre ocorre dos entes políticos maiores para os menores e nunca o inverso (tributos arrecadados pela União Federal são repartidos com Estados e Municípios, tributos arrecadados pelos Estados são repartidos apenas com Municípios, e tributos arrecadados pelos Municípios não são repartidos). Assim, como o Distrito Federal não é divisível em Municípios (art. 32, caput, da CF), os impostos estaduais e municipais instituídos pelo DF com base na competência cumulativa (art. 32, § 1º, da CF) não se sujeitam, por consequência, a qualquer repartição constitucional ante a inexistência de previsão de repartição de tributos estaduais e municipais com a União Federal. Resposta: alternativa ‘e’.

9)

(Emagis) A respeito dos Limites da Dívida Pública e das Operações de Crédito, observada a disciplina da Lei de Responsabilidade Fiscal, avalie as assertivas que seguem.I – Cabe ao Senado Federal, mediante proposta do Presidente da República, fixar limites globais para o montante da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, bem como os limites para o montante da dívida mobiliária federal.II – Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término do quadrimestre subseqüente.

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III – Enquanto perdurar o excesso no montante da dívida consolidada, o ente que nele houver incorrido estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, não se inserindo na proibição o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.Estão incorretas as seguintes assertivas:

a)    I

b)    II

c)    III

d)    I e II

e)    Todas estão corretas.

Comentários:Item I. Incorreto.

O erro está em afirmar que cabe ao Senado a fixação dos limites da dívida mobiliária federal: a competência, no caso, é do Congresso Nacional, mediante lei de iniciativa do Presidente da República.

Veja a redação da LRF:

Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei Complementar, o Presidente da República submeterá ao:        I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo;        II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere o inciso XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado da demonstração de sua adequação aos limites fixados para a dívida consolidada da União, atendido o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.

A Constituição Federal, de seu lado, também é explícita:

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.

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Ao aluno recomenda-se observar que os limites da dívida mobiliária dos Estados, Distrito Federal e Municípios é que são fixados pelo Senado Federal (CF, artigo 52, IX).

Item II. Incorreto.

A LRF concede ao ente os três quadrimestres seguintes para a recondução dos excessos verificados em determinado quadrimestre, exigindo, porém, que no primeiro quadrimestre seguinte haja redução de ao menos 25% do excesso apurado.

Veja:

Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro.

Item III. Correto.

De fato, veda-se ao ente que tenha excedido os limites de endividamento a realização de operações de crédito, sendo óbvia a restrição, vez que, do contrário, o excesso apurado continuaria indefinidamente aumentando.

A ressalva às operações de crédito atinentes ao refinanciamento do principal da dívida mobiliária visa a garantir que pelo menos as dívidas já contraídas sejam pagas (Ives Gandra Martins e Carlos Valder do Nascimento, Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal, página 222).

As aludidas regras têm previsão expressa na LRF:

Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro.        § 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido:        I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária;

Resposta: alternativa ‘d’.

10)

(Emagis) Sobre o direito previdenciário, julgue as assertivas a seguir:I – Existe na Constituição e na lei a garantia de irredutibilidade real dos benefícios previdenciários e não meramente nominal .II – A seguridade social será organizada com caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão tripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, e do Governo nos órgãos colegiados.III – Eventual decisão política que reduza o valor do benefício assistencial de prestação

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continuada à pessoa com deficiência e ao idoso carentes (BPC-LOAS) para aquém de um salário mínimo pode ser veiculada através de ato normativo com status legal que altere a Lei 8.742/93.

a) Apenas os itens I e II estão corretos.

b) Apenas os itens I e III estão corretos.

c) Apenas o item I está correto.

d) Apenas o item II está correto.

e) Apenas o item III está correto.

Comentários:Item I. Certo. A CF no art. 201, § 4º, ao tratar dos benefícios previdenciários, assegura o reajuste para preservação permanente do valor real (“Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.”). Deste modo, não basta a irredutibilidade numérica, nominal, é necessário restabelecer o poder de compra, conforme critério definido em lei. Atualmente, o dispositivo constitucional é regulamentado pelo art. 41-A da Lei 8.213/91: “O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE”. Cabe a ressalva, que em relação aos demais benefícios integrantes da seguridade social (assistência social e saúde), a Carta Magna se limitou a assegurar uma irredutibilidade meramente nominal, conforme leitura do art. 194, parágrafo único, IV: “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: irredutibilidade do valor dos benefícios;” Item II. Errado. Embora descentralizada e democrática, a gestão da seguridade social será quadripartite (e não tripartite) com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados nos moldes do art. 194, VII, da CF. A assertiva está incorreta pela omissão dos aposentados. É importante observar que o texto constitucional não faz referência aos demais beneficiários da previdência social (ex. pensionistas). Item III. Errado. Embora o art. 20, caput, da Lei 8.742/93 (“O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de

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prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.”) assegure o recebimento do valor do benefício assistencial de pelo menos um salário mínimo, o dispositivo legal apenas concretiza o comando supralegal contido no art. 203, V, da CF (“A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.”). Assim, como decorrência do princípio da hierarquia dos atos normativos, para a concretização da política pública que desvincule o BPC-LOAS para aquém do salário mínimo seria necessária a edição de EC e não apenas de lei ordinária. Resposta: alternativa ‘c’.

11)

(Emagis) São por demais frequentes as ações judiciais voltadas à revisão de contratos de empréstimo ou financiamento. Julgue, na matéria, os itens propostos a seguir, sinalizando, na sequência, a alternativa correspondente.I - Nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, quantificando o valor incontroverso; o valor incontroverso, por sua vez, deverá continuar sendo pago no tempo e modo contratados.II - O ajuizamento de ação que busca revisar contrato de financiamento de veículo impede que o devedor perca a posse do bem objeto desse ajuste, salvo ordem do Juízo em sentido contrário.III - Nos casos em que o consumidor, autor da ação de revisão do contrato de empréstimo, elege, dentro das limitações impostas pela lei, a comarca que melhor atende seus interesses, a competência é relativa, somente podendo ser alterada caso o réu apresente exceção de incompetência, não sendo possível sua declinação de ofício.Estão corretos somente os itens:

a) I e II.

b) I e III.

c) II e III.

d) I.

e) I, II e III.

Comentários:

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O item I chama a atenção para o novo art. 285-B do CPC, introduzido pela recente Lei 12.810/13. Segundo o caput desse novel dispositivo, nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, quantificando o valor incontroverso; trata-se, pois, de requisito formal cujo desatendimento pode ensejar o indeferimento da exordial. Por outro lado, é aclarado pelo parágrafo único desse art. 285-B que, nesses casos, o valor incontroverso deverá continuar sendo pago no tempo e modo contratados - já que somente uma parte da avença está em debate na ação revisional. Certo, com esses esclarecimentos, o item em comento.

O item II, de sua parte, está enganado. O mero fato de o devedor ter ajuizado ação para revisar o contrato de financiamento não o garante na posse do bem financiado; não o garante porque o simples deflagrar desta ação não consubstancia o fumus boni iuris necessário a que se lhe assegure tal medida acauteladora. Aqui, aplica-se a jurisprudência sedimentada no STJ, no sentido de que tal provimento cautelar - que garanta a manutenção de posse - somente pode despontar caso exista verossimilhança nas alegações que sustentam a ação revisional e, somado a isso, tenha sido feito o depósito em Juízo ou o caucionamento em valor suficiente a cobrir a fatia incontroversa da dívida. Confira-se, por todos, este recente precedente do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCAE APREENSÃO. REVISIONAL DE CONTRATO C/C CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.MORA NÃO AFASTADA. DECISÃO MANTIDA.1.- O simples ajuizamento de ação revisional, com a alegação daabusividade das cláusulas contratadas, não importa no reconhecimentodo direito do contratante à antecipação da tutela, sendo necessárioo preenchimento dos requisitos do art. 273 do Código de ProcessoCivil.2.- Para que seja deferido o pedido de manutenção do devedor naposse do bem, é indispensável que este demonstre a verossimilhançadas alegações de abusividade das cláusulas contratuais e dosencargos financeiros capazes de elidir a mora, bem como deposite ovalor incontroverso da dívida ou preste caução idônea.3.- Se não foi reconhecida, na ação revisional em curso, aabusividade dos encargos pactuados para o período da normalidade, éde se entender que os valores depositados pelo recorrente não sãosuficientes. Impossível, dessa forma, ter por afastada a mora.4.- O agravo não trouxe nenhum argumento capaz de modificar aconclusão do julgado, a qual se mantém por seus própriosfundamentos.5.- Agravo Regimental improvido. (STJ, Terceira Turma, AgRg no REsp 1373600, Rel. Min. Sidnei Beneti, DJe de 05/06/2013)

De resto, o item III está certo. Se o próprio consumidor houve por bem ajuizar a ação fora do seu domicílio - dentro, claro, das possibilidades abertas pela lei (ex: ajuizou a ação no domicílio do credor - CPC, art. 94) -, não há motivo para que a competência seja declinada de ofício pelo magistrado. Do contrário, uma norma que busca proteger o

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consumidor seria utilizada contrariamente a seus interesses. É esse, sem dúvida, o melhor entendimento, e espelha a jurisprudência majoritária do STJ na matéria:

AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONTRATO BANCÁRIO.FINANCIAMENTO COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO REVISIONAL.AÇÃO PROPOSTA PELO CONSUMIDOR NO FORO ONDE O RÉU POSSUI FILIAL.POSSIBILIDADE.1. Nos casos em que o consumidor, autor da ação, elege, dentro daslimitações impostas pela lei, a comarca que melhor atende seusinteresses, a competência é relativa, somente podendo ser alteradacaso o réu apresente exceção de incompetência (CPC, art. 112), nãosendo possível sua declinação de ofício nos moldes da Súmula 33/STJ.2. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ, Segunda Seção, AgRg no CC 124351, Rel. Min. Raul Araújo, DJe de 17/05/2013)

Sendo assim, somente os itens I e III estavam corretos.

Resposta: alternativa 'b'.12)

(Emagis) Sobre a Lei 9.800/99 e o CPC, julgue as assertivas a seguir:I – A ausência de perfeita concordância entre a petição remetida pelo fac-símile e a via original entregue em juízo constitui litigância de má-fé, passível de multa e indenização à parte contrária. II – No envio de apelação mediante fax, a petição original deve ser protocolada em até cinco dias da data da recepção do material, sob pena de intempestividade.III – Todo órgão judiciário é legalmente obrigado a dispor de aparelho com linha telefônica para recebimento de fac-símile, mesmo que a qualidade e fidelidade do material transmitido e sua entrega sejam de responsabilidade de quem faz uso do sistema de transmissão e não do órgão judiciário.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Nenhum item está correto.

c) Apenas o item I está correto.

d) Apenas os itens I e II estão corretos.

e) Apenas o item III está correto.

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Comentários:Item I. Certo. Por expressa disposição legal é dever do interessado que utiliza o fax a exata correspondência entre a petição enviada via fax e a posteriormente protocolada em juízo, sob pena de litigância de má-fé, que enseja a aplicação de multa e indenização à parte contrária. É o que se depreende do art. 4º, parágrafo único, da Lei 9.800/99 c/c art. 18, caput, do CPC:“Art. 4º (...) Parágrafo único. Sem prejuízo de outras sanções, o usuário do sistema será considerado litigante de má-fé se não houver perfeita concordância entre o original remetido pelo fac-símile e o original entregue em juízo.”“Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou.” Item II. Errado. Após alguma controvérsia jurisprudencial entre o STF e o STJ, prevaleceu a interpretação de que o caput do art. 2º da Lei 9.800/99 deve ser interpretado de modo desvinculado de seu parágrafo único (“Art. 2o A utilização de sistema de transmissão de dados e imagens não prejudica o cumprimento dos prazos, devendo os originais ser entregues em juízo, necessariamente, até cinco dias da data de seu término. Parágrafo único. Nos atos não sujeitos a prazo, os originais deverão ser entregues, necessariamente, até cinco dias da data da recepção do material.”). Assim, tratando-se de ato processual sujeito a prazo, o interregno de 5 dias deve ser contado não do envio do fax, mas do término do lapso temporal inicialmente previsto para o ato, sendo uma mera prorrogação e não um novo prazo, conforme o caput (no caso de apelação, os 5 dias para protocolo do original são contados de modo corrido após o 15º dia do prazo da apelação, mesmo que o recorrente apresente o fac-símile já no 2º dia dos 15 a que tem direito). Já o prazo de 5 dias conta-se do envio do fax apenas para as hipóteses de atos não sujeitos a prazo, conforme o parágrafo único (como na hipótese de uma petição de juntada de substabelecimento ou de informação de alteração de endereço da parte). Seguem julgados:“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PETIÇÃO TRANSMITIDA POR FAX. ORIGINAL INTEMPESTIVO.RECURSO NÃO CONHECIDO.I - O art. 2º da Lei nº 9.800/99 estabelece que a utilização do sistema de transmissão de dados e imagens não prejudica o cumprimento dos prazos, devendo os originais serem entregues em juízo, necessariamente, até cinco dias da data de seu término.II - Não se trata de novo prazo recursal, mas de simples prorrogação para a apresentação da petição original, razão pela qual não se suspende aos sábados, domingos, feriados e recessos forenses.Precedentes.III - Embargos de declaração não conhecidos.(EDcl no AgRg no ARE no RE nos EDcl na RCDESP no RMS 29.907/PA, Rel. Ministro GILSON DIPP, CORTE ESPECIAL, julgado em 03/04/2013, DJe 09/04/2013)”“EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO POR MEIO DE FAC-SÍMILE. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DOS ORIGINAIS.1. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que, no caso de interposição de recurso por meio de fac-símile, o prazo para apresentação dos

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originais é contínuo, iniciando-se sua contagem a partir do dia seguinte ao termo final de interposição do recurso enviado via fax, ainda que este tenha sido transmitido no curso do prazo recursal.2. Precedentes.3. Embargos de divergência acolhidos.(EREsp 673.375/GO, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, CORTE ESPECIAL, julgado em 12/04/2010, DJe 12/05/2010)” Item III. Errado. Embora a 2ª parte da assertiva esteja correta – a responsabilidade pela qualidade, fidelidade e entrega do fax correm por conta do interessado que o envia e não pelo Poder Judiciário – a 1ª parte está equivocada, pois embora seja recomendável que todos os órgãos judiciários sejam dotados de linha telefônica e aparelho de fax como instrumento de eficiência, celeridade e acesso à justiça, a Lei 9.800/99 não impõe nenhuma obrigação neste sentido ao poder público. É o que se infere de uma leitura dos arts. 4º, caput, 5º da lei do fax:“Art. 4º Quem fizer uso de sistema de transmissão torna-se responsável pela qualidade e fidelidade do material transmitido, e por sua entrega ao órgão judiciário.Art. 5º O disposto nesta Lei não obriga a que os órgãos judiciários disponham de equipamentos para recepção.” Resposta: alternativa ‘c’.13)

(Emagis) No âmbito da Teoria Geral das Obrigações, é importante a distinção conceitual, desenvolvida em doutrina, entre dever jurídico, obrigação, ônus jurídico e direito potestativo. A propósito desse assunto, seguem as três seguintes assertivas.I – A obrigação contrapõe-se a um direito subjetivo de exigir determinado comportamento, prestação, estando associada aos prazos prescricionais, ao contrário do que ocorre com direitos potestativos, que independem de comportamento específico da parte contrária, que, em verdade, encontra-se em estado de sujeição, eis que o titular do direito potestativo tem o poder de influir em sua esfera jurídica, poder este relacionado aos prazos decadenciais.II – Dever jurídico remonta a noção mais estrita que obrigação: aquele somente se aplica às relações pessoais, esta engloba também relações compreendidas no Direito das Coisas, Direito de Família, Direito das Sucessões, Direito de Empresa e Direitos da Personalidade.III – Ônus jurídico é noção que se aproxima da categoria do dever jurídico, na medida em que, em ambos os casos, descumprido o ônus/dever, surge a responsabilidade.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I

b) II

c) III

d) I e II

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e) Todas estão corretas.

Comentários:Os conceitos trabalhados remontam à clássica doutrina do Direito Civil, sendo explorados, por exemplo, pelos professores Francisco Amaral e Orlando Gomes. Adotamos, para esses comentários, a exposição feita pelo Professor Flávio Tartuce (Manual de Direito Civil, Volume Único, páginas 272 e 273), que bem compilou esses clássicos ensinamentos doutrinários.

Item I. Correto.

Corrente a oposição entre obrigação e direito potestativo: (1) a obrigação contrapõe-se ao direito subjetivo de exigir determinada prestação, exigência esta sujeita à prescrição; (2) o direito potestativo contrapõe-se à sujeição, o ocupante do polo passivo da relação não está vinculado a qualquer prestação, mas a suportar a modificação em sua esfera jurídica decorrente do exercício do direito potestativo (ex: anulação de negócio jurídico), direito este sujeito aos prazos decadenciais.

Item II. Incorreto.

Assertiva que inverteu a extensão dos conceitos: é o dever jurídico que tem acepção mais ampla, na forma exposta na assertiva, tendo a obrigação acepção mais estrita.

Item III. Incorreto.

A distinção entre ônus e dever é exatamente que o primeiro, uma vez descumprido, somente ocasiona prejuízos ao próprio descumpridor (caso dos ônus processuais), vez que o ônus jurídico impõe a necessidade de agir de certo modo para tutela de interesses próprios. Com o dever jurídico se passa o contrário: o interesse em seu cumprimento é da parte contrária (titular do direito subjetivo), de modo que este, sim, se descumprido, gera a responsabilidade.   

Resposta: alternativa ‘a’.14)

(Emagis) No âmbito do direito do consumidor, julgue as assertivas a seguir:I – O Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC) é composto por órgãos federais, estaduais, distritais e municipais, não sendo integrado por associações privadas nem ONG´s que possuam como objeto a proteção do consumidor.II – A teoria do diálogo das fontes não permite a utilização de normas jurídicas veiculadas em outros diplomas normativos que não o CDC, ainda que mais benéficas ao consumidor, em razão do princípio da especialidade.

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III – O cigarro, mesmo que faça mal à saúde do consumidor, não é considerado um produto defeituoso para o STJ.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Nenhum item está correto.

c) Apenas os itens I e III estão correto.

d) Apenas os itens I e II estão corretos.

e) Apenas o item III está correto.

Comentários:Item I. Errado. Pela literalidade do art. 105 do CDC, integram o SNDC tanto órgãos públicos de todas as esferas federativas como também as entidades particulares (associações e fundações privadas, comumente chamadas de ONG´s) desde que seu objeto social seja correlato com a defesa do consumidor. Item II. Errado. A teoria do diálogo das fontes visa a permitir exatamente a aplicação de normas jurídicas mais benéficas ao consumidor, mesmo que estejam topologicamente fora do CDC. Exemplo da aplicação do diálogo das fontes foi o enunciado 167 da III Jornada de Direito Civil do CJF: “Com o advento do Código Civil de 2002, houve forte aproximação principiológica entre esse Código e o Código de Defesa do Consumidor, no que respeita à regulação contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos”. Embora veiculado inicialmente pela doutrina como restrito ao direito privado, a aplicação atual da teoria tem se expandido como critério de interpretação e coerência de diferentes diplomas normativos, em superação ao critério da especialidade. Eis precedente do STJ que utilizou o diálogo das fontes para o processo civil:“9. A antinomia aparente entre o artigo 185-A, do CTN (que cuida da decretação de indisponibilidade de bens e direitos do devedor executado) e os artigos 655 e 655-A, do CPC (penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira) é superada com a aplicação da Teoria pós-moderna do Dialógo das Fontes, idealizada pelo alemão Erik Jayme e aplicada, no Brasil, pela primeira vez, por Cláudia Lima Marques, a fim de preservar a coexistência entre o Código de Defesa do Consumidor e o novo Código Civil.10. Com efeito, consoante a Teoria do Diálogo das Fontes, as normas gerais mais benéficas supervenientes preferem à norma especial (concebida para conferir tratamento privilegiado a determinada categoria), a fim de preservar a coerência do sistema normativo.(AgRg no REsp 1196537/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/02/2011, DJe 22/02/2011)” 

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Item III. Certo. Para o STJ, o cigarro é um produto de periculosidade inerente (art. 9º do CDC) e não produto defeituoso (art. 12, § 1º). Não há cigarro que não seja um fator de risco à saúde, sendo um produto naturalmente perigoso, assim como o álcool e produtos químicos utilizados na vida cotidiana. Este é um dos fundamentos pelos quais o tribunal da cidadania não reconhece a responsabilidade civil da indústria tabagista pelas doenças decorrentes do fumo nos consumidores. Analogicamente, para a corte, seria o mesmo que responsabilizar o fabricante de uma faca pelo fato de o consumidor haver-se cortado durante seu manuseio. Eis precedente:“RESPONSABILIDADE CIVIL. TABAGISMO. AÇÃO REPARATÓRIA AJUIZADA POR FAMILIARES DE FUMANTE FALECIDO. PRESCRIÇÃO INOCORRENTE. PRODUTO DE PERICULOSIDADE INERENTE. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO A DEVER JURÍDICO RELATIVO À INFORMAÇÃO. NEXO CAUSAL INDEMONSTRADO. TEORIA DO DANO DIREITO E IMEDIATO (INTERRUPÇÃO DO NEXO CAUSAL). IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL.(...)3. O cigarro é um produto de periculosidade inerente e não um produto defeituoso, nos termos do que preceitua o Código de Defesa do Consumidor, pois o defeito a que alude o Diploma consubstancia-se em falha que se desvia da normalidade, capaz de gerar uma frustração no consumidor ao não experimentar a segurança que ordinariamente se espera do produto ou serviço.(REsp 1113804/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 27/04/2010, DJe 24/06/2010)” Resposta: alternativa ‘e’.

15)

(Emagis) Sobre os prazos de apresentação e prescrição do cheque e a respeito das formas de cobrança do cheque prescrito, avalie as assertivas que seguem.I – É de 30 dias o prazo de apresentação do cheque para pagamento, a contar da data de sua emissão, quando emitido em local distinto do local onde houver de ser pago.II – O prazo prescricional da ação de execução do cheque é de 06 meses, contados da data de sua emissão.III – Após a prescrição do cheque, o credor ainda pode postular o crédito nele estampado, devendo, no entanto, fazê-lo através de ação de conhecimento, sendo inadequada, para tanto, seja a ação de execução, seja a ação monitória. Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I

b) II

c) III

d) I e III

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e) Todas estão incorretas.

Comentários:Item I. Incorreto.

O prazo de 30 dias se aplica ‘se o cheque for da mesma praça’. A assertiva, porém, descreveu situação de ‘praças diferentes’, isto é, local da emissão do cheque distinto do local da agência pagadora. Neste caso, o prazo é de 60 dias.

Veja (Lei do Cheque – Lei 7.357/1985):

Art. 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior.

Item II. Incorreto.

O prazo prescricional em comento, que é de 06 meses, é contado após o término do prazo de apresentação, prazo que é contado na forma exposta nos comentários ao Item I.

É dizer, não se inicia nem na data da emissão do cheque, nem na data da efetiva apresentação, que pode se ter dado antes ou depois de vencido o aludido prazo de apresentação.

Veja (Lei 7.357/1985):

Art . 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador.

Item III. Incorreto.

Erro apenas na parte final: o Superior Tribunal de Justiça sumulou entendimento (Súmula 229) de que cabe ação monitória fundada em cheque prescrito.

    Resposta: alternativa ‘e’.16)

(Emagis) A propósito dos limites que o Supremo Tribunal Federal impõe à competência dos Estados-membros de especializar juízos e procedimentos para a persecução de crimes cometidos por organizações criminosas, avalie as assertivas que segue.I – Os delitos cometidos por organizações criminosas podem submeter-se ao juízo especializado criado por lei estadual, sendo, porém, tema interditado à lei estadual a definição de ‘crime organizado’.II – É privativa a competência da União para legislar sobre a composição do órgão

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jurisdicional julgador dos aludidos crimes cometidos por organizações criminosas, sendo inconstitucional lei estadual que constitua juízos colegiados para o mister.III – A Vara especializada criada por lei estadual deve ter competência territorial jungida aos limites de sua circunscrição territorial, não podendo abranger todo o território da unidade federada, sob pena de ofensa aos critérios emanados de lei federal (Código de Processo Penal).Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I

b) II

c) I e III

d) I, II e III

e) Todas estão incorretas.

Comentários:Toda a problemática em questão foi exaustivamente debatida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 4.414/AL, julgamento que, em parte, será aqui explorado.

Item I. Correto.

Conforme se poderá ver da ementa que será transcrita, o STF firmou ambas as orientações: (1) é constitucional lei estadual que crie juízo especializado para julgar crimes cometidos por organizações criminosas (matéria de organização judiciária); (2) a definição de crime organizado é matéria de competência legislativa privativa da União (CF, art. 22, I).

Item II. Incorreto.

A orientação emanada do STF foi distinta: a composição do órgão julgador insere-se na competência legislativa concorrente para versar sobre procedimento em matéria processual.

Item III. Incorreto.

O STF externou entendimento oposto: é constitucional a previsão em lei estadual de competência territorial da Vara especializada abrangente de todo o território da unidade

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federada.

Segue trecho da ementa (extensa) que sustenta o que se expôs:

1. Os delitos cometidos por organizações criminosas podem submeter-se ao juízo especializado criado por lei estadual, porquanto o tema é de organização judiciária, prevista em lei editada no âmbito da competência dos Estados-membros (art. 125 da CRFB). Precedentes (ADI 1218, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 05/09/2002, DJ 08-11-2002; HC 96104, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 16/06/2010, Dje-145; HC 94146, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 21/10/2008, Dje-211; HC 85060, Relator(a): Min. EROS GRAU, Primeira Turma, julgado em 23/09/2008, Dje-030; HC 91024, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 05/08/2008, Dje-157). Doutrina (TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Código de Processo Penal Comentado, 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 278-279). 2. O conceito de “crime organizado” é matéria reservada à competência legislativa da União, tema interditado à lei estadual, à luz da repartição constitucional (art. 22, I, CRFB). 3. À Lei estadual não é lícito, a pretexto de definir a competência da Vara especializada, imiscuir-se na esfera privativa da União para legislar sobre regras de prevalência entre juízos (arts. 78 e 79 do CPP), matéria de caráter processual (art. 22, I, CRFB). 4. A competência constitucional do Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII) não pode ser afastada por Lei estadual, nem usurpada por Vara criminal especializada, sendo vedada, ainda, a alteração da forma de sua composição, que deve ser definida em Lei nacional. Precedentes do Pleno deste Pretório Excelso (ADI 1218/RO, rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, julg. 05/09/2002, Tribunal Pleno). 5. A composição do órgão jurisdicional se insere na competência legislativa concorrente para versar sobre procedimentos em matéria processual, mercê da caracterização do procedimento como a exteriorização da relação jurídica em desenvolvimento, a englobar o modo de produção dos atos decisórios do Estado-juiz, se com a chancela de um ou de vários magistrados (Machado Guimarães. Estudos de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro - São Paulo: Jurídica e Universitária, 1969. p. 68). 6. A independência do juiz nos casos relativos a organizações criminosas, injunção constitucional, na forma do art. 5º, XXXVII e LIII, da CRFB, não está adequadamente preservada pela legislação federal, constituindo lacuna a ser preenchida pelos Estados-membros, no exercício da competência prevista no art. 24, § 3º, da Carta Magna. 7. Os Estados-membros podem dispor, mediante Lei, sobre protocolo e distribuição de processos, no âmbito de sua competência para editar normas específicas sobre procedimentos em matéria processual (art. 24, XI, CRFB). 8. A separação entre as funções de acusar defender e julgar é o signo essencial do sistema acusatório de processo penal (Art. 129, I, CRFB), tornando a atuação do Judiciário na fase pré-processual somente admissível com o propósito de proteger as garantias fundamentais dos investigados (FERRAJOLI, Luigi. Derecho y Razón – Teoría del Garantismo Penal. 3ª ed., Madrid: Trotta, 1998. p. 567). 9. Os procedimentos investigativos pré-processuais não previstos no ordenamento positivo são ilegais, a exemplo das VPIs, sindicâncias e acautelamentos, sendo possível recorrer ao Judiciário para fazer cessar a ilicitude, mantida a incolumidade do sistema acusatório (HAMILTON, Sergio Demoro. A Ilegalidade das VPIS, das Sindicâncias, dos Acautelamentos e Quejandos. In: Processo Penal Reflexões. Rio de Janeiro: Lumen

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Juris, 2002). 10. O princípio do juiz natural não resta violado na hipótese em que Lei estadual atribui a Vara especializada competência territorial abrangente de todo o território da unidade federada, com fundamento no art. 125 da Constituição, porquanto o tema gravita em torno da organização judiciária, inexistindo afronta aos princípios da territorialidade e do Juiz natural. 11. A perpetuatio jurisdictionis é excepcionada nas hipóteses de modificação da competência ratione materiae do órgão, motivo pelo qual é lícita a redistribuição dos inquéritos policiais para a nova Vara Criminal, consoante o art. 87, in fine, do CPC. Precedentes (HC 88.660-4, Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julg. 15.05.2008; HC 85.060, Rel. Min. Eros Grau, Primeira Turma, julg. 23.09.2008; HC 76.510/SP Rel. Min. Carlos Velloso, Segunda Turma, julg. 31.03.1998). Doutrina (CARNELUTTI, Francesco. Sistema di Diritto Processuale Civile. V. III. Padova: CEDAM, 1939. p. 480; MARQUES, José Frederico. Enciclopédia Saraiva do Direito. Vol. 46. p. 446; TORNAGHI, Tornaghi. Instituição de Processo Penal. Vol. I. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1977. p. 174). 12. A Lei estadual que cria Vara especializada em razão da matéria pode, de forma objetiva e abstrata, impedir a redistribuição dos processos em curso, através de norma procedimental (art. 24, XI, CRFB), que se afigura necessária para preservar a racionalidade da prestação jurisdicional e uma eficiente organização judiciária (art. 125 CRFB) (GRECO, Leonardo. Instituições de Processo Civil. V. I. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 174-175; DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. V. I. 6ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 365-366).

Resposta: alternativa ‘a’17)

(Emagis) A respeito do crime de extorsão (artigo 158 do Código Penal), avalie as assertivas que seguem.I – O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.II – A ameaça exigida pelo tipo penal para a configuração da extorsão deve ser injusta, não necessitando ser grave.III – Ainda que não seja econômica a vantagem pleiteada pelo agente, é possível, se verificados os demais elementos do tipo, a ocorrência de extorsão. Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II

b) I e III

c) II e III

d) I

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e) III

Comentários:Item I. Correto.

Assertiva confortada pela literalidade da Súmula 96 do STJ. Veja:

O CRIME DE EXTORSÃO CONSUMA-SE INDEPENDENTEMENTE DA OBTENÇÃO DA VANTAGEM INDEVIDA.

Item II. Incorreto.

A redação do artigo 158 dispõe em sentido inverso ao trazido na assertiva: exige-se que o constrangimento se dê mediante violência ou grave ameaça, não se fazendo menção à (in)justiça desta.

Item III. Incorreto.

É expressa a exigência no artigo 158 de que o intuito do agente seja a obtenção de vantagem econômica, o que “demonstra nitidamente ser um crime patrimonial” (Guilherme Souza Nucci, Código Penal Comentado, 10ª edição, página 768).

Resposta: alternativa ‘d’.18)

(Emagis) Sobre a Apelação, considerando a disciplina do Código de Processo Penal, as correntes lições doutrinárias e a jurisprudência dominante nos tribunais pátrios,  marque a alternativa incorreta.

a) Apelação plena é aquela que devolve ao conhecimento do tribunal ad quem toda matéria decidida em primeira instância, sendo limitada quando o apelante faz delimitação do objeto do apelo. Ambas as modalidades são admitidas pelo Código de Processo Penal.

b) O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição.

c) Não fica prejudicada a apelação entregue em cartório no prazo legal, embora despachada tardiamente.

d) O ato de interposição da apelação pode ser acompanhado de razões ou não, sendo, neste último caso, de oito dias o prazo para a apresentação das razões, salvo nos

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processos que cuidem de contravenção, situação em que o prazo será de três dias.

e) Contra a decisão de impronúncia e de absolvição sumária, cabível é o recurso em sentido estrito.

Comentários:Alternativa a. Correta.

As definições de apelação plena e limitada expostas são as correntes em doutrina. A admissão de ambas as espécies pelo CPP consta do seguinte dispositivo:

Art. 599.  As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo o julgado, quer em relação a parte dele.

Alternativa b. Correta.

Assertiva fundada na Súmula 713 do Supremo Tribunal Federal, litteris:

O EFEITO DEVOLUTIVO DA APELAÇÃO CONTRA DECISÕES DO JÚRI É ADSTRITO AOS FUNDAMENTOS DA SUA INTERPOSIÇÃO.

Alternativa c. Correta.

Assertiva fundada na Súmula 428 do Supremo Tribunal Federal, litteris:

NÃO FICA PREJUDICADA A APELAÇÃO ENTREGUE EM CARTÓRIO NO PRAZO LEGAL,EMBORA DESPACHADA TARDIAMENTE.

 Alternativa d. Correta.

Assertiva lastreada na literalidade do artigo 600, do Código de Processo Penal:

Art. 600.  Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo será de três dias.

Alternativa e. Incorreta.

Com a redação dada pela Lei 11.689/2008 ao artigo 416 do Código de Processo Penal, passou a caber apelação contra as mencionadas decisões. Veja:

Art. 416.  Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação

Resposta: alternativa ‘e’

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19)

(Emagis) Ainda a propósito da apelação no Processo Penal, avalie as assertivas que seguem.I – Se, no bojo de uma sentença, forem decididas questões que, isoladamente, seriam recorríveis em sentido estrito, deve o recorrente, se almejar atacar toda a decisão, apresentar recurso em sentido estrito contra as questões por ele atacáveis e apelação quanto ao segmento da sentença que se revele por ela recorrível. II – Se em apelação apresentada pela acusação não forem apresentadas contrarrazões pela defesa constituída pelo réu, deve o juiz, de imediato, constituir defensor para, em nome do réu, fazê-lo.III – Não é possível a aplicação de mutatio libelli pelo órgão julgador da apelação.Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II

b) I e III

c) II e III

d) II

e) III

Comentários:Item I. Incorreto.

O §4º, do artigo 593, do Código de Processo Penal, consagrando o princípio da unirrecorribilidade, concedeu primazia à apelação, relativamente ao recurso em sentido estrito.

Veja:

§ 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra.

Art. 1o  Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente: (...) § 2o  O colegiado será formado pelo juiz do processo e por 2 (dois) outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência criminal em exercício no primeiro grau de jurisdição. (...)

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§ 6o  As decisões do colegiado, devidamente fundamentadas e firmadas, sem exceção, por todos os seus integrantes, serão publicadas sem qualquer referência a voto divergente de qualquer membro.  

Item II. Incorreto.

A orientação jurisprudencial reiterada pelo STJ é no sentido de que, antes da nomeação de defensor, deve o juiz facultar ao réu a substituição do defensor por ele constituído.

Veja o seguinte julgado publicado no Informativo 390:

INTIMAÇÃO. RÉU. AUSÊNCIA. CONTRARRAZÕES. APELAÇÃO.Noticiam os autos que o juízo de origem nomeou defensor dativo ao paciente diante da não apresentação de contrarrazões na apelação do Ministério Público, ao argumento de inércia do seu patrono. Argui a defesa, em habeas corpus, a nulidade do processo a partir da fase das contrarrazões. Para o Min. Relator, o juízo deveria ter intimado o paciente para garantir-lhe o direito de constituir advogado de sua confiança em homenagem ao princípio da ampla defesa. No caso, a tese do MP na apelação foi acolhida, agravando a situação imposta ao paciente: majorou-se a pena, além de reconhecer, somente naquela instância, a perda da função pública do paciente. Anotou ainda precedente da relatoria da Min. Maria Thereza de Assis Moura em que demonstra ser a matéria controvertida nos tribunais superiores, existindo julgamentos no sentido de que, nesses casos, não configuraria nulidade absoluta. Entretanto, a Sexta Turma tem posicionamento no sentido de que ofende o princípio da ampla defesa e do contraditório a não intimação do réu da ausência das contrarrazões. Diante do exposto, a Turma concedeu a ordem de habeas corpus para anular o julgamento da apelação, para que outro seja feito, após facultar ao paciente a constituição de novo defensor para oferecimento das contrarrazões. Em consequência, afastou a perda da função pública e assegurou que permaneça em liberdade até o desfecho do processo, devendo assinar termo de compromisso de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação. Precedente citado: HC 71.054-SC, DJ 10/12/2007. HC 109.699-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 14/4/2009.

Item III. Correto.

Assertiva confortada pela Súmula 453 do Supremo Tribunal Federal. Veja:

NÃO SE APLICAM À SEGUNDA INSTÂNCIA O ART. 384 E PARÁGRAFO ÚNICO DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, QUE POSSIBILITAM DAR NOVA DEFINIÇÃO JURÍDICA AO FATO DELITUOSO, EM VIRTUDE DE CIRCUNSTÂNCIA ELEMENTAR NÃO CONTIDA, EXPLÍCITA OU IMPLICITAMENTE, NA DENÚNCIA OU QUEIXA.

Resposta: alternativa ‘e’.20)

(Emagis) Avalie as assertivas deduzidas abaixo, pertinentes à Convenção de Viena sobre Relações Consulares.

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I - A Convenção de Viena sobre Relações Consulares, assinada em 1963, já foi aprovada por Decreto-Legislativo, ratificada pelo Estado brasileiro junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas e promulgada via decreto presidencial, de forma que se encontra incorporada à nossa ordem jurídica interna.II - O consentimento dado para o estabelecimento de relações diplomáticas entre dois Estados não implica, de regra, por si só, o consentimento para o estabelecimento de relações consulares.III - A ruptura das relações diplomáticas acarreta ipso facto a ruptura das relações consulares. Há erro:

a) somente no item I.

b) somente no item II.

c) somente no item III.

d) somente nos itens I e II.

e) somente nos itens II e III.

Comentários:A Convenção de Viena sobre Relações Consulares foi assinada na capital austríaca no ano de 1963. Aprovada por Decreto-Legislativo baixado pelo Congresso Nacional em 1967, foi objeto de ratificação pelo Estado brasileiro mediante depósito do instrumento respectivo junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas, também em 1967. No seguimento, promulgou-se, também neste mesmo ano de 1967, o Decreto 61.078, a partir do qual o texto da Convenção passou a integrar a nossa ordem jurídica interna. Vindo exatamente nessa linha o item I, emerge acertado.

O item II, por sua vez, está equivocado. De acordo com o art. 2º do texto da Convenção - que cuida do tema do estabelecimento das relações consulares -, mais exatamente o seu item 2, o consentimento dado para o estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois Estados implicará, salvo indicação em contrário, o consentimento para o estabelecimento de relações consulares. Noutras palavras, de regra a concordância de dois Estados quanto ao estabelecimento das relações diplomáticas importa no reconhecimento, também, das relações consulares. Sendo dito no item II o contrário - ou seja, de que a criação dos vínculos diplomáticos não faria surgir, em regra, as relações consulares -, identifica-se o erro no seu enunciado.

De outro lado, o item III também se mostra enganado. O só fato de se ter rompido os laços diplomáticos não acarreta ipso facto - ou seja, por si mesmo - a ruptura das relações consulares. O item 3 do art. 2º da Convenção de Viena sobre Relações Consulares traz regra expressa nesse sentido. Assim, rompidas as relações diplomáticas,

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não há que se presumir o rompimento das relações consulares.

Em conclusão, havia erro nos itens II e III.

Resposta: alternativa 'e'.