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RODRIGO VIAN ANÁLISE DE MÉTODOS DE COGNIÇÃO EM REDES DE TRANSMISSÃO SEM FIO BASEADAS EM RÁDIOS COGNITIVOS CANOAS, 2010.

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RODRIGO VIAN

ANÁLISE DE MÉTODOS DE COGNIÇÃO EM REDES DE

TRANSMISSÃO SEM FIO BASEADAS EM RÁDIOS COGNITIVOS

CANOAS, 2010.

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RODRIGO VIAN

ANÁLISE DE MÉTODOS DE COGNIÇÃO EM REDES DE

TRANSMISSÃO SEM FIO BASEADAS EM RÁDIOS COGNITIVOS

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Engenharia de Telecomunicações do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Telecomunicações

Aprovado pelo avaliador em, 2010

Orientador: Professor e Mestre Artur Cardoso Severo

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - FIGURA COMPARATIVA DO SISTEMA COGNITIVO NATURAL E

ARTIFICIAL ........................................................................................................ 18

FIGURA 2 - FIGURA ILUSTRANDO A DIFERENCIAÇÃO ENTRE OS RÁDIOS ..... 21

FIGURA 3 - MÁQUINA DE ESTADOS DO CICLO COGNITIVO ............................... 22

FIGURA 4 - ARQUITETURA DE UMA REDE DE RÁDIO COGNITIVO .................... 29

FIGURA 5 - OPERAÇÃO EM BANDA LICENCIADA ................................................ 32

FIGURA 6 - OPERAÇÃO EM BANDA NÃO LICENCIADA ....................................... 33

FIGURA 7 - QUADRO DE ALOCAÇÃO DE FREQUÊNCIAS NO BRASIL ............... 35

FIGURA 8 - DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM CARACTERÍSTICO DETECTOR DE

ENERGIA ........................................................................................................... 40

FIGURA 9 - INTERFERÊNCIA NO RECEPTOR PRIMÁRIO .................................... 44

FIGURA 10 - PROBLEMA DO TERMINAL ESCONDIDO ......................................... 45

FIGURA 11 - DETECÇÃO COOPERATIVA CENTRALIZADA .................................. 46

FIGURA 12 - GESTÃO DO ESPECTRO ................................................................... 48

FIGURA 13 - FRAMEWORK DE GESTÃO DO ESPECTRO PARA REDES DE

RÁDIO COGNITIVO ........................................................................................... 52

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7

2 CENÁRIO DAS COMUNICAÇÕES SEM FIO .......................................................... 9

2.1 Alocação de espectro de frequência ............................................................... 10

2.2 Problemas no uso do espectro ........................................................................ 12

2.3 Possíveis soluções ........................................................................................... 13

3 RÁDIOS COGNITIVOS .......................................................................................... 17

3.1 Cognição ............................................................................................................ 18

3.2 Rádios cognitivos ............................................................................................. 19

3.3 Ciclo cognitivo ................................................................................................... 22

3.4 Aplicação dos rádios cognitivos ..................................................................... 24

3.5 Futuro dos rádios cognitivos ........................................................................... 25

4 REDES RÁDIO COGNITIVO ................................................................................. 27

4.1 Arquitetura de redes rádio cognitivos ............................................................. 28

4.1.1 Rede primária ................................................................................................... 29

4.1.2 Rede rádio cognitivo ......................................................................................... 30

4.1.3 Operação em banda licenciada ........................................................................ 31

4.1.4 Operação em banda não licenciada ................................................................. 32

5 MÉTODOS DE COGNIÇÃO ................................................................................... 34

5.1 Sensoriamento do espectro ............................................................................. 36

5.1.1 Detecção do transmissor .................................................................................. 38

5.1.1.1 Detecção por filtros casados ......................................................................... 38

5.1.1.2 Detecção de energia ..................................................................................... 39

5.1.1.2.1 Algoritmo Multitaper .................................................................................... 40

5.1.1.2.2 Detecção de energia com a utilização de Wavelets ................................... 42

5.1.2 Detecção cooperativa ....................................................................................... 43

5.2 Framework de gestão do espectro .................................................................. 47

5.2.1 Detecção de espectro....................................................................................... 48

5.2.2 Decisão de espectro ......................................................................................... 49

5.2.3 Compartilhamento de espectro ........................................................................ 50

5.2.4 Mobilidade de espectro .................................................................................... 51

6 CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROS ........................................................... 53

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56

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RESUMO

A idéia de rádio cognitivo foi apresentada oficialmente por Joseph Mitola III em um

seminário no KTH, The Royal Institute of Technology, em 1998. Está idéia vem ao

encontro do problema que se apresenta nos dias atuais em relação à comunicação

sem fio, o uso do espectro de frequência. Este recurso natural apresenta-se mal

distribuído, tendo em vista que as bandas licenciadas estão sendo pouco utilizadas e

as bandas não licenciadas estão apresentando uma super utilização. Devido a estes

problemas e através da abordagem apresentada por Mitolla onde os Rádios

Cognitivos (RC) tem por objetivo uma melhora na utilização do espectro através do

acesso oportunista ao meio, novas tecnologias com base nestes rádios vem sendo

aprimoradas. Estas aplicações se baseiam na seguinte teoria: permitir a

comunicação de elementos da rede que não sejam licenciados sem que haja

interferência ou perda de qualidade na comunicação dos usuários licenciados. Por

exemplo, bandas de rede celular estão sobrecarregadas na maior parte do mundo,

mas as frequências de TV analógica estão entrando em desuso. Estudos realizados

confirmaram esta observação e concluí-se que a utilização do espectro depende

fortemente do tempo e lugar, sendo possível uma comunicação mútua de usuários

não licenciados e usuários licenciados, sem ocasionar interferência nas

transmissões. Mediante estas análises este trabalho tem como principal objetivo

abordar estas novas tecnologias, delineando o conceito, suas principais

características, as funcionalidades destes equipamentos e possíveis aplicações que

utilizam o rádio cognitivo inseridos em redes de comunicação sem fio.

Palavras-Chave: Rádios Cognitivos, Cognição, SDR, Espectro de Frequência.

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ABSTRACT

The cognitive radio idea was officially presented by Joseph Mitola III in a seminar at

KTH, The Royal Institute of Technology, in 1998. That idea comes along with the

issue we have nowadays related to the wireless communication usage, the use of

frequency spectrum. This natural resource is currently bad distributed, since licensed

bands are barely used and the non licensed bands are overused. Due to those

issues and the approach presented by Mr. Mitola, where the Cognitive Radios (RC)

aims to get a better usage of the spectrum through an opportunist access to the

environment, new technologies based on these radios are being improved. Those

applications base themselves in the following theory: allow communication on the

network elements that are not licensed without having interference or quality loss on

the communication of the licensed users. As an example, mobile phone bands are

overloaded in most parts of the world, but analogical television frequencies are

becoming unused. Recent studies have confirmed this notice and it is concluded that

the spectrum usage strongly depends on time and place, therefore being possible to

have a mutual communication of non licensed and licensed users, without causing

transmission interferences. By all of these analyses, this work intends to study these

new technologies, outlining its concept, its own characteristics, equipment features

and possible applications to the use of the cognitive radio on the wire

communications network.

Keywords: Cognitive Radios, Cognition, SDR, Spectrum Frequency

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente a crescente necessidade do ser humano em ter disponibilidade à

informação durante a maior parte do tempo possível é imprescindível. Agregada a

esta disponibilidade está à mobilidade de obter estas informações. Com o

crescimento das redes de comunicação wireless, a idéia dos pesquisadores desta

área, que visam os serviços disponíveis em qualquer hora e local, acaba

encontrando uma barreira na limitação física e natural das comunicações elétricas, o

espectro de frequência ou eletromagnético.

Estudos mostram que a maior parte do espectro eletromagnético do ar é

utilizada ineficientemente, com bandas sobreutilizadas sofrendo com o excesso de

tráfego e usuários (dispositivos de rádio) e bandas com utilização baixa ou nula que

poderiam permitir uma melhoria da qualidade e capacidade de serviços para os

quais as frequências alocadas são insuficientes.

Como forma de se buscar o equilíbrio entre contabilidade de comunicação e o

aumento do número de usuários utilizando este recurso que é limitado, surge à

tecnologia denominada rádios cognitivos. Esta tecnologia está sendo desenvolvida e

aplicada de forma que estes rádios consigam através de seus parâmetros de

cognição identificar no espectro de frequência, faixas ou “buracos” que possam estar

sendo pouco utilizadas e desta maneira viabilizar uma transmissão que

anteriormente não poderia ser realizada sem que fosse um usuário licenciado, ou

até mesmo para aumentar a taxa de transmissão de uma comunicação existente.

Estes sistemas de rádio baseados em cognição são caracterizados pela flexibilidade

dos rádios, que podem adaptar de forma autônoma seus parâmetros de

funcionamento como frequência da portadora, potência de transmissão, estratégia

de codificação, entre outros.

Considerando que as possíveis formas que os rádios cognitivos poderão operar

tanto através de cognição por software como através de variações das

características física básicas de transmissão de ondas eletromagnéticas, encontram-

se as dificuldades em estabelecer os critérios de funcionamento.

Através de estudos do comportamento dos rádios cognitivos dentro do espectro

de frequência juntamente com a responsabilidade de acatar as normas previstas

pelo órgão fiscalizador vigente, tanto em questões legais como questões

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operacionais, conseguimos analisar as possíveis formas de implementação desta

nova tecnologia. Esta análise cabe auxiliar e estudar a melhor utilização do espectro

de frequências e quais os melhores métodos de cognição para obter melhor

desempenho desta nova tecnologia.

Como vista dos aspectos acima apresentados, o trabalho encontra-se

organizado da seguinte forma.

No Capítulo 2, faz-se uma análise do cenário das comunicações sem fio nos

dias atuais, adentrando também na parte de a alocação do espectro para as

transmissões sem fio além de visar os problemas que acarretam a utilização do

espectro para as transmissões, tais como a super utilização em algumas frequências

e o mau aproveitamento de outras.

No Capítulo 3, abordam-se as possíveis soluções para que os problemas de

utilização do espectro de frequência sejam solucionados, projetando como a de

maior viabilidade o uso dos Rádios Cognitivos.

No Capítulo 4 é apresentado o conceito, as funcionalidades e aplicações da

tecnologia dos Rádios Cognitivos.

No Capítulo 5 aborda-se o a concepção e funcionamento de uma rede baseada

em Rádios Cognitivos bem como o comportamento dos elementos na rede.

No Capitulo 6 são apresentados os métodos de cognição que são utilizados

pelos Rádios Cognitivos, suas formas de detecção da variação do sinal além do

tratamento que é realizado através de softwares ou hardware para o melhor ajuste

na retransmissão do sinal.

E finalmente no Capítulo 7 é apresentada a conclusão do nosso trabalho e

indicamos possíveis trabalhos futuros vinculados ao tema.

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2 CENÁRIO DAS COMUNICAÇÕES SEM FIO

As comunicações através de rádio enlaces exercem um papel fundamental e

também predominante como um dos meios de transmissão de sinal de telefonia e

transmissão de dados mais importantes nos dias de hoje. Este fato deve-se à sua

independência na distância, capacidades e principalmente com a natureza de

informações que estes rádios enlace são capazes de transmitir.

Principalmente em países cuja suas dimensões são continentais, como por

exemplo, o Brasil, as transmissões sem fio, são meios que além de se tornarem

mais baratos, na maioria das vezes, tem-se o espectro eletromagnético como o

único meio de estabelecer comunicação em determinadas áreas, onde nenhum

outro meio físico consegue ser instalado.

As ondas de rádio são fáceis de serem geradas e podem percorrer longas

distâncias penetrando facilmente em ambientes fechados. São amplamente

utilizadas para comunicação por rádio difusão. Estas também são omnidirecionais, o

que significa que elas viajam em todas as direções a partir da fonte; deste modo, o

transmissor e o receptor não precisam estar cuidadosa e fisicamente alinhados.

As propriedades das ondas de rádio dependem da frequência. Em baixas

frequências, as ondas de rádio atravessam os obstáculos, mas a potência cai

abruptamente à medida que a distância da fonte aumenta cerca de no ar, onde

d é a distância entre a fonte da transmissão e o ponto de observação. Em altas

frequências, as ondas de rádio tendem a viajar em linha reta e a ricochetear nos

obstáculos. Em todas as frequências, as ondas de rádio estão sujeitas à

interferência de outros equipamentos elétricos (TANENBAUM, 2003).

Nas bandas High Frequency (HF) e Very High Frequency (VHF), as ondas que

se propagam ao longo do solo tendem a ser absorvidas pela terra. No entanto, as

ondas que alcançam a ionosfera, uma camada de partículas carregadas situadas em

torno da Terra a uma altura de 100 a 500 km, são refratadas e enviadas de volta à

Terra.

Acima de 100 MHz, as ondas trafegam praticamente em linha reta e, portanto,

podem ser concentradas em uma faixa estreita. A concentração de toda a energia

em um pequeno feixe através de uma antena parabólica oferece uma relação

sinal/ruído muito mais alta, mas as antenas de transmissão e recepção devem estar

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alinhadas com o máximo de precisão (TANENBAUM, 2003). Além disso, essa

direcionalidade permite o alinhamento de vários transmissores em uma única fileira,

fazendo com que eles se comuniquem com vários receptores também alinhados

sem que haja interferência, desde que sejam observadas algumas regras mínimas

de espaçamento entre as frequências de cada canal utilizado para essa

transmissão.

Ao contrário das ondas de rádio nas frequências mais baixas, as microondas

não atravessam muito bem as paredes dos edifícios. Além disso, muito embora o

feixe possa estar bem concentrado no transmissor, ainda há alguma divergência no

espaço. Algumas ondas podem ser refratadas nas camadas atmosféricas mais

baixas e, consequentemente, sua chegada pode ser mais demorada que a das

ondas diretas. As ondas retardadas podem chegar fora de fase em relação à onda

direta, e assim cancelar o sinal. Esse efeito é chamado esmaecimento de vários

caminhos (multipath fading) e costuma provocar sérios problemas. Ele depende das

condições atmosféricas e da frequência.

A grande demanda na transmissão de todos os níveis de serviço, incluindo

redes de acesso a assinantes (usuários finais), backbones de grandes capacidades,

principalmente motivados pela proliferação de novas tecnologias e serviços, como

serviços de dados para telefonia móvel, a televisão com sinal digital, entre outros,

fazem com que a implementação de novos enlaces de diversas capacidades,

continuem a ser implantados em grandes quantidades. Tendo essas informações

como base, nos deparamos com um cenário onde a demanda de projetos de rádio

enlace seja eficaz e rápida, porém, problemas de saturação do meio físico utilizado

para estas comunicações começam a ficar eminentes.

2.1 Alocação de espectro de frequência

Transmissão de rádio envolve a utilização de parte do espectro

eletromagnético. Energia eletromagnética é transmitida em diferentes frequências e

as propriedades da energia dependem da frequência. Por exemplo, a luz visível tem

uma frequência entre 4 × 1014 e 7,5 × 1014 Hz.

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Radiação ultravioleta, raios X e raios gama têm maior frequências (ou

equivalentemente um comprimento de onda mais curto), enquanto a radiação

infravermelha, microondas e as ondas de rádio têm frequências mais baixas (maior

comprimento de onda). A frequência de rádio envolve radiações eletromagnéticas

com frequências entre 3000 Hz e 300 GHz.

Mesmo dentro do espectro de radiofrequências, frequências diferentes

possuem propriedades diferentes. Como por exemplo, quanto maior a frequência,

menor a distância que o sinal viaja, em contra partida o sinal te maior capacidade de

transportar informações.

O espectro de frequência, ou espectro eletromagnético, é um recurso natural, e

o direito de uso de uma parte do espectro é concedido através de uma licença,

obtido gratuitamente ou através de um leilão publico. Esta banda1 do espectro de

frequência pode ser inteira, como por exemplo, nos sistemas móveis ou um canal

dentro de uma banda.

A maneira tradicional de operação dos sistemas de comunicação é que cada

sistema utilize sua própria banda de espectro alocada de maneira fixa pelo órgão

regulador. Existem fatores políticos e econômicos para se manter esse tipo de

abordagem. Por exemplo, as operadoras desejam realizar lucros sobre o

licenciamento de espectro já realizado no passado. Portanto, o argumento técnico

precisa ser bastante convincente para que as operadoras comecem a seguir na

direção de compartilhamento dinâmico do espectro.

Ter um recurso reservado é também à maneira mais segura de operação em

um ambiente competitivo. Cada operadora pode otimizar seu próprio espectro de

maneira independente e sabe por força da lei que não haverá interferência de seus

concorrentes no seu próprio espectro.

O espectro de frequência regulado e licenciado, já é utilizado há quase 100

anos (LIU; WANG, 2005), e diferente do outros recursos naturais, o espectro

eletromagnético é reutilizável. Ao expirar a licença de um usuário, outro poderá obter

a licença desta mesma banda do espectro, sem que o mesmo tenha perdido as suas

características. Um exemplo que podemos citar é que a Comissão Federal de

Comunicações (FCC) norte-americana deverá aprovar regras para faixas de

1Banda – uma banda é uma pequena parte do espectro de frequência de comunicação por RF (rádio frequência) dividida em um ou mais canais de mesma largura de faixa. Canal é por onde efetivamente se estabelece uma comunicação. Os canais são normalmente usados para o mesmo tipo de serviço.

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espectro não licenciadas a serem destinadas para redes de Wi-Fi. Esta liberação da

nova faixa de frequências abrirá campo para a exploração soluções que vem

buscando cada vez mais espaços atualmente. Porém esta liberação de novas faixas

para o Wi-Fi será obtida das faixas de frequências que hoje estão destinadas à

transmissão dos canais de televisão analógica. Esta escolha vem do fato de que

com a migração das transmissões das emissoras, utilizando o sinal digital, as faixas

de frequências destinadas à televisão analógica, ficariam sendo subutilizadas (AD

NEWS, 2010).

2.2 Problemas no uso do espectro

Em diversos países desenvolvidos e em desenvolvimento, os usuários já

utilizam o espectro eletromagnético para trafegar seus dados em maior número, do

que os meios de transmissões mais convencionais como o cabo ethernet e a fibra

óptica. Essa demanda por faixas do espectro tende a crescer ainda mais, visto à

necessidade de taxas mais altas de transmissão que os sistemas digitais irão

necessitar para suprir os serviços que estão oferecendo, como o 3G, televisão

digital, entre outros.

Um fato interessante que podemos ressaltar no qual aconteceu recentemente e

que vai ao encontro dos problemas que enfrentamos hoje no uso do espectro, foi a

aprovação da ANATEL para a mudança que destinam a alteração na destinação do

uso das frequências que são utilizadas pelas emissoras de TV a cabo que utilizam a

tecnologia de transmissão MMDS. Estas faixas de radiofrequência que funcionam

entre 2170 MHz a 2182 MHz (2.1 GHz) e 2500 MHz a 2690 MHz (2.5 GHz) são de

uso exclusivo para está transmissão. Porém está tecnologia está sendo muito pouco

utilizada se compararmos com a crescente de usuários de telefonia móvel.

Pensando nisso, a ANATEL aprovou a mudança nestas faixas de frequências

visando à homologação, em breve, destas frequências para que as empresas

telefonia móvel venham implantar a tecnologia 4G, antes do ano de 2014 (INFO

ABRIL, 2010).

Este aumento no numero de usuários que se concentram em uma determinada

região e também o número reduzido de faixas disponíveis, acabam impedindo a

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prática da reutilização de faixas de frequência. Essa alta demanda dos usuários

versus a capacidade de faixas de frequência acaba gerando o fenômeno conhecido

como interferência co-canal.

O mecanismo utilizado pelos órgãos de regulamentação do uso do espectro

eletromagnético para viabilizar comunicação confiável sem interferências é a

segmentação do espectro em faixas, destinadas única e especificamente para certa

aplicação ou a usuários licenciados, de modo a reduzir a interferência entre eles. No

entanto, como o tráfego demandado varia com o tempo, espaço e o serviço utilizado,

o estabelecimento de uma alocação fixa e exclusiva das faixas a usuários

licenciados pode gerar uma baixa eficiência da utilização do espectro, conforme

apontam medidas da taxa de ocupação do espectro em regiões metropolitanas

(MENEZES, 2007). Em contra partida, as faixas de frequência que não necessitam

de regulamentação, em determinadas localidades já apresentam super utilização,

impossibilitando uma transmissão de dados confiáveis ou de maneira satisfatória,

sem apresentar perdas.

Como forma de se buscar o equilíbrio entre confiabilidade de comunicação e o

aumento do número de usuários utilizando o espectro, surge à tecnologia

denominada rádio cognitivo. Os sistemas de rádio baseados em cognição são

caracterizados pela flexibilidade dos rádios, que podem adaptar de forma autônoma

seus parâmetros de funcionamento como frequência da portadora, potência de

transmissão, estratégia de codificação, entre outros.

2.3 Possíveis soluções

Na atualidade, temos um modelo de alocação de frequências que divide o

espectro eletromagnético em diversos segmentos, sendo que estes são destinados

a diferentes categorias de serviço, como por exemplo, a comunicação móvel, a

radiodifusão, localização global, etc.

Contudo, cada um destes segmentos é novamente dividido em faixas de

frequências fixas, separados apenas por uma banda de guarda. Com esta divisão

podemos garantir que cada faixa de frequência seja utilizada por uma única

operadora na sua respectiva região. Nesta divisão, as operadoras que tem a

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permissão de concessão desta faixa, são conhecidas como usuários primários (UP).

Depois de obter essa licença de uso da faixa, esta operadora pode ou não subdividi-

la, a fim de disponibilizar aos seus usuários, um acesso múltiplo aos seus serviços.

A exemplo do que ocorre nos sistemas de comunicações móveis, as

operadoras podem segmentar suas respectivas faixas em canais e viabilizar o

acesso de múltiplos usuários aos serviços oferecidos através das técnicas

Frequency Time Multiple Access (FDMA), Time Division Multiple Access (TDMA) e

Code Division Multiple Access (CDMA) (MENEZES, 2007).

Esta concessão de utilizar uma determinada faixa do espectro é obtida através

de licenças outorgadas pela agência regulamentadora, como no Brasil, pela Agência

Nacional de Telecomunicações (ANATEL), ou a Federal Communication Comission

(FCC), nos Estados Unidos.

Estas agências são responsáveis por estabelecer quadros de alocação de

frequência delimitando em faixas licenciadas e não licenciadas, além de fiscalizarem

a ocupação do espectro licenciado por usuários não licenciados, denominados aqui

como usuários secundários (US) (MENEZES, 2007).

Paralelamente, verifica-se a popularização dos serviços de comunicação sem

fio, a implantação de soluções para a garantia da qualidade de serviço (QoS em

inglês), assim como o fornecimento de novos serviços tais como internet móvel,

rádio localização, dentre outros. Por outro lado, existem faixas de frequências não

licenciadas, onde o acesso é liberado a qualquer usuário. As faixas de 2.4GHz a

2.5GHz e 5.8GHz denominadas Industrial, Science and Medical (ISM) são não

licenciadas tanto pela ANATEL quanto pela FCC, ou seja, quaisquer usuários

licenciados ou não podem utilizá-las desde que adotem certas normas impostas

pelas agências (PORTELINHA, 2007).

No entanto, as empresas que buscam novas tecnologias emergentes nos

mercados, tanto no mundial como no brasileiro, se utilizam destas faixas de

frequência não licenciadas (ISM) para popularizar seus novos serviços. O WIMAX,

por exemplo, em fase de testes ainda no Brasil, utiliza tanto equipamentos que

operam nas faixas de frequência licenciadas (3,5GHz) como nas faixas de

frequência aberta, 5,8GHz. Apesar de pouco difuso por parte das operadoras de

telecomunicações, essa realidade de utilizar também a faixa de 5.8GHz para

transmitir o WIMAX, faz com que esta fique mais saturada do que já se encontra

atualmente. À medida que a quantidade de usuários for aumentando, será possível

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utilizar e adaptar o uso da tecnologia de rádios cognitivos para aperfeiçoar o uso do

espectro nesta faixa de frequência, beneficiando tanto os usuários de WIMAX como

os de Wi-Fi que também transmitem nesta faixa.

Nestas faixas, verifica-se um aumento na taxa de ocupação do espectro

quando medida em locais com grande fluxo de pessoas, tais como aeroportos,

hotéis, centro de convenções, etc.

O modelo de padronização de acesso ao espectro em vigor atualmente foi

concebido para gerenciar uma grande variedade de sistemas de rádio, cada qual

disponibilizando um serviço específico e sem qualquer possibilidade de interligação

entre os mesmos. Desta forma existe a possibilidade de controlar a interferência de

outros usuários, facilitando também o desenvolvimento de equipamentos que

operam em faixas especificas de frequência.

Porém, com o aumento de demanda do mercado atual na área de

telecomunicações, tem-se motivado as operadoras a oferecer um maior número de

serviços, utilizando os sistemas de rádio, que visa à facilidade do usuário em se

comunicar, utilizando este meio que ultimamente anda subutilizado em algumas

faixas e super utilizado em outras. Isto tem gerado a convergência de sistemas,

permitindo que haja interoperabilidade entre os mesmos, visto que os serviços

oferecidos são praticamente os mesmos para os mais variados sistemas

(MENEZES, 2007).

Os avanços em microeletrônica com o desenvolvimento de conversores

analógico-digital (ADC em Inglês) e digital-analógico (DAC em Inglês) operando em

altas taxas, bem como dos dispositivos reconfiguráveis como Field Programmable

Gate Array (FPGA), e os processadores digitais de sinais (DSP em inglês),

possibilitam a reconfiguração em tempo real dos sistemas. Por outro lado, os

avanços dos dispositivos de rádio frequência (RF) tornam factível a operação dos

rádios cognitivos numa ampla faixa de frequência.

Algumas soluções para se ter um melhor uso do espectro de frequência podem

ser tomadas. Uma delas é o aumento das faixas não licenciadas do espectro,

contudo esta maneira deixa de ser interessante para a União, pois cada licença que

é alocada e outorgada para uma operadora, gera receita. Fazendo essa

readequação, a União deixa de arrecadar fundos.

Outra solução seria mover as portadoras de frequências para faixas de

frequência mais altas no espectro, na qual são pouco usadas por rádios. Porém esta

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questão levou fatores prós e contras. Os fatores prós vêm ao encontro de

operadoras que oferecem aplicações com utilização de banda larga, pois quanto

maior a frequência a ser transmitida, mais alta é a taxa de dados que será

suportada. Porém estes mesmos enlaces ficam mais suscetíveis às interferências

causadas pelas intempéries (chuva, poeira, poluição, etc.).

Neste ponto de vista, seria mais cabível a ocupação das faixas que já são

licenciadas por mais de um usuário, porém seriam necessários certos avanços no

que diz respeito os atuais padrões de regulamentação destas frequências, assim

como avanços nos sistemas de rádio que farão o compartilhamento espectral.

A principal delas e também abordado neste trabalho, é o estudo de técnicas

que possibilitam o acesso dos usuários secundários ao espectro licenciado,

garantido comunicação sem interferências aos usuários primários. Portanto os US

necessitam monitorar o espectro de frequência periodicamente e também em uma

ampla faixa, a fim de encontrar uma destas faixas de frequência licenciada livre para

poder transmitir.

Portanto, para que seja possível, estes rádios que serão utilizados, necessitam

de certo grau de inteligência, ou cognição, para que possa interagir com o meio e

assim podendo adaptar seus parâmetros, tanto de transmissão como de recepção

junto ao espectro, sem causar nenhum tipo de interferência.

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3 RÁDIOS COGNITIVOS

Com o crescente aumento das comunicações sem fio em todo o mundo,

percebe-se que esta demanda se dá principalmente após a popularização de

serviços que são compatíveis com os consórcios industriais WiFi (WI-FI ALLIACE,

2010), WiMax (WIMAX, 2010) e Bluetooth (BLUETOOTH, 2010), assim como dos

serviços de comunicações móveis. Inevitavelmente tem-se a necessidade conjunta

do crescimento da faixa de frequência disponível para os serviços de

telecomunicação em geral.

Contudo, mesmo o espectro eletromagnético sendo um recurso natural limitado

e bastante disputado, estudos recentes nos alertam para a grande demanda de

utilização do espectro. Devido à essa política, nos deparamos com a escassez de

espectros em algumas bandas de frequência. Por outro lado, uma grande porção de

espectros de frequência atribuídos é usada esporadicamente, levando a uma

subutilização de uma quantidade significativa do espectro. Segundo Yuan (2007),

estudos recentes mostram que somente 5% do espectro na faixa de 30MHz até

30GHz não é utilizado nos EUA. Por isso, técnicas dinâmicas de acesso ao espectro

foram recentemente propostas para resolver esses problemas de ineficiência de

acesso ao espectro.

Mediante esta situação, e também tendo os avanços tecnológicos como um

meio de viabilização, surgem os Rádios Cognitivos como uma possível solução de

buscar esta maior eficiência no uso do espectro eletromagnético sem perder a

qualidade e confiabilidade na transmissão de informações através dos sistemas de

comunicação sem fio.

Para entendermos a forma de funcionamento desta tecnologia, podemos nos

submeter a análise não só de estudos voltados para a parte de Engenharia, mas

também relacionados à área de Ciências Humanas, pois assim como nós seres

humanos temos nossa inteligência adquirida pelo método de Cognição, os Rádios

Cognitivos irão adquirir métodos de resolução de problemas da mesma forma.

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3.1 Cognição

Cognição é derivada da palavra latina cognitione, que significa "aquisição de

conhecimento através da percepção". O aprendizado ou processo cognitivo tem sido

investigado tanto no contexto natural quanto no artificial, sendo o primeiro tratado

principalmente nas áreas de humanas e saúde e o segundo pesquisado nas áreas

de ciências exatas e engenharias (MITOLA, 2000).

O diagrama apresentado na Figura 1 é um comparativo entre as etapas de

aprendizado seguidas pelos seres humanos e suas correspondes etapas

executadas pelos sistemas artificiais (MENEZES, 2007).

Figura 1 - Figura comparativa do sistema cognitivo natural e artificial Fonte: (MENEZES, 2007).

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O desafio da ciência no contexto de cognição natural está em entender os

mecanismos utilizados pelo cérebro no processo cognitivo. No contexto artificial,

busca-se o modelamento dos mecanismos de cognição, assim como o

desenvolvimento de sistemas autônomos como softwares, robôs e rádios, entre

outros, que possam responder de forma eficiente às novas situações e aprender

com a experiência, ou seja, buscam-se sistemas artificiais que emulem a cognição

realizada pelos seres humanos.

3.2 Rádios cognitivos

Nos últimos anos, devido a grandes avanços tecnológicos na área de

telecomunicações, há uma tendência da transição de rádios que são desenvolvidos

puramente em hardware para rádios que possuem uma composição mista de

hardware e software. Devido a estes avanços, nos algoritmos de DSP (Digital Signal

Processing) que compreendem a parte do software, vem trazendo melhorias

significativas na confiabilidade destes equipamentos bem como na sua capacidade

de comunicação.

Segundo Joseph Mitola (2000), esses novos rádios como são definidos como

Software-Defined Radio (SDR). O SDR é formado basicamente por um circuito de

rádio frequência (RF) que recebe o sinal em banda passante e o converte para

frequência intermediária (FI), conversores ADC/DAC e software para

modulação/demodulação. Este último é executado através de algum dispositivo

reconfigurável como FPGA, DSP ou Personal Computer (PC). Esta possibilidade de

reconfiguração na modulação/demodulação é o cerne do SDR (MITOLA, 1995).

Dado o contínuo desenvolvimento científico e tecnológico, a próxima etapa no

desenvolvimento dos sistemas de rádio seria dotar os SDR de inteligência artificial,

surgindo daí o termo Cognitive Radio (CR), utilizado e definido pela primeira vez em

sua tese de doutorado (MITOLA, 2000).

Para Mitola (2000) rádio cognitivo identifica o ponto em que os Personal Digital

Assistants (PDA) sem fio e suas redes relacionadas são computacionalmente

inteligentes para:

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20

a) detectar as necessidades de comunicação dos usuários em função do

contexto de uso;

b) disponibilizar recursos de rádio e serviços sem fio mais apropriados às

necessidades citadas anteriormente.

Na interpretação dada por Mitola (1999), o rádio cognitivo está habilitado a

selecionar automaticamente o melhor serviço para transmissão, podendo atrasar ou

acelerar uma dada transmissão em função dos recursos disponíveis. O aprendizado,

o raciocínio e a tomada de decisão são as principais tarefas executas pelo rádio

cognitivo.

Segundo Haykin (2005), rádio cognitivo é "um sistema de comunicação sem fio

inteligente, que está a par do meio à sua volta. Usa a metodologia de entender para

construir, aprender do meio e adaptar seus estados internos através de variações

estatísticas dos estímulos de entrada, para fazer alterações em tempo real em

certos parâmetros de operação, tais como potência de transmissão, frequência da

portadora e estratégia de modulação, com dois objetivos em mente:

a) comunicação altamente confiável quando e onde necessário;

b) utilização eficiente do espectro eletromagnético."

Visto as definições propostas por Mitola (2000) e Haykin (2005), a utilização do

termo rádio cognitivo está sendo empregado em um sentido mais amplo. Segundo a

Federal Communications Comission (FCC), "rádio cognitivo é o rádio que pode

mudar seus parâmetros de transmissão baseado na interação com o meio no qual

opera. A maioria dos rádios cognitivos serão SDR, todavia, ter software e ser

reprogramável são condições necessárias, mas não suficientes para caracterizar o

rádio cognitivo.” (FCC, 2005)

Analisado os conceitos descritos por Mitola e por Haykin, bem como a

bibliografia percebemos que a nova concepção dos rádios cognitivos estão indo

além da parte de softwares implementadas nos rádios e transferidos para as

camadas física e de enlace, segundo o modelo OSI2.

Conforme ilustrado por Menezes (2007), na Figura 2 podemos analisar as

principais diferenças entre os rádios estritamente projetados em hardware, os SDR e

os rádios cognitivos.

2 Modelo OSI - Esse modelo se baseia em uma proposta desenvolvida pela ISO (International Standards Organization) como um primeiro passo em direção à padronização internacional dos protocolos empregados nas diversas camadas. (TANENBAUM, 2003).

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Figura 2 - Figura ilustrando a diferenciação entre os rádios Fonte: (MENEZES,2007)

Uma definição formal dos rádios cognitivos ainda não é um consenso na

literatura atual. O que se tem é uma interpretação pra cada contexto de aplicação, e

verifica-se que todas as abordagens citadas têm como intenção aparelhar sistemas

de rádios a fim de controlar e estar a par dos seguintes sistemas e operações,

citados abaixo:

a) identificar e utilizar faixas de frequências disponíveis;

b) medir a potência do sinal desejado, assim como das interferências;

c) reconhecer e operar em diferentes redes;

d) controlar a potência de transmissão;

e) estar a par da padronização de acesso ao espectro no local de operação.

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3.3 Ciclo cognitivo

Tornar mais eficiente a utilização do espectro eletromagnético torna-se o

objetivo principal para a construção de sistemas de rádios que são capazes de

controlar os sistemas e operações listadas anteriormente. Para que seja possível

fazer este controle de forma organizado os sistemas de rádios devem obedecer ou

seguir uma dinâmica de operação chamada ciclo cognitivo.

O processo de operação de um rádio cognitivo pode ser descrito através de

uma máquina de estados de 2 estados. Conforme Figura 3, adaptada de Portelinha

(2007), observamos este processo de operação.

Figura 3 - Máquina de Estados do Ciclo Cognitivo Fonte: Autoria própria, 2010.

Analisando cada estado, podemos descrever que o estado dormente, ocorre

por um período de tempo longo, de pode variar de minutos a dias, pois é neste

estado que o rádio observa o ambiente em que está localizado e processa

algoritmos da máquina de conhecimento. Neste estado não existe nenhuma

interferência do rádio cognitivo nas operações que o rádio está realizando.

O estado dormente é onde o rádio cognitivo, opera efetivamente como um

rádio normal, com a forma de onda instalada. Segundo Portelinha (2007), o estado

dormente é onde o rádio cognitivo monitora continuamente o ambiente. Os sensores

estão implementados no SDR ou no AI. A mudança de estado dormente para

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consciente é disparada nos seguintes casos: power-up, outage,3 handoff4, e

BER5<BER(mínimo).

No estado consciente inicia-se o ciclo cognitivo e este ciclo inicia-se e é

estimulado por um ou mais eventos. Os acontecimentos destes eventos disparam as

ações cognitivas para que os ajustes necessários sejam realizados. Portanto o ciclo

cognitivo, segundo (Mitola 2000, p. 24), “é definido como o ciclo de interação entre o

rádio cognitivo e o ambiente em que ele se localiza. O rádio cognitivo continuamente

observa, orienta a si próprio, cria plano, decide e atua no ambiente”. Com esta

definição, podemos ampliar cada etapa do ciclo cognitivo e descrever o que ocorre

no processo do rádio em cada uma delas.

a) Etapa observa – nesta etapa o rádio cognitivo, em estado dormente, observa

o ambiente em que está inserido e com os sensores coleta informações e

analisa-as. Em paralelo com esta etapa ocorre à etapa Conhece realiza o

conhecimento do ambiente. Parâmetros observados nestas etapas servirão

como fator de decisão na etapa de orientação;

b) Etapa orienta – o rádio cognitivo orienta-se para definir o nível de prioridade

para efetuar a mudança de seu estado, de acordo com o ocorrido no

ambiente. Estes níveis são classificados como urgente, imediato e normal;

c) Etapa planeja – depois de observado o ambiente e orientado conforme o nível

classificado, essa etapa ocorre caso o ambiente em que se encontra sofre

leves interferências e o rádio, planeja uma forma de ação para conseguir

melhorar sua forma de transmissão, ou seja, tenta instalar uma nova forma de

onda com uma taxa de bit maior de transferência;

d) Etapa decide – nesta etapa apenas é feita a decisão se ira ser mantida a

forma de onda e transmissão atual, ou se é feita a mudança para nova forma

de onda calculada;

e) Etapa atua – o rádio nesta etapa, coloca em prática as ações que foram

decididas e também se necessário, ou se o rádio permitir, ele atuará na forma

de um filtro, deixando as mensagens mais importantes passar e armazenando

as outras.

3 Outage – A condição de serviço de telecomunicações sistema no qual o usuário está completamente privado de serviços pelo sistema (DIGITRO,2010). 4 Handoff - a fase de troca de células de um usuário da telefonia móvel celular quando em deslocamento (DIGITRO,2010). 5 BER - Bit Error Rate Test. Teste para determinar o percentual de bits errados em relação ao total de bits enviados (DIGITRO,2010).

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No final do processo, o rádio atua, aplicando as informações escolhidas e

entrando novamente no estado dormente até que alguma outra alteração no

ambiente seja detectada e habilite a necessidade do rádio em atuar no problema.

3.4 Aplicação dos rádios cognitivos

Com o desenvolvimento desta nova tecnologia inteligente em sistemas de

comunicação sem fio, como se propões os rádios cognitivos, acaba propiciando uma

gama vasta de aplicações, e consequentemente os principais setores de

telecomunicações são listados abaixo, juntamente com seus respectivos interesses

na área.

a) Governos - As agências responsáveis pelo gerenciamento do espectro

magnético como a FFC, no Reino Unido, e ITU (International Comunication

Telecom), avaliam a forma que o rádio cognitivo trata a alocação do espectro,

podendo contribuir para melhorar a eficiência de utilização do espectro, sem

que esta nova forma interfira no atual esquema de gerenciamento. Outro

pondo de interesse por parte dos governos seria a forma de contribuição

financeira dos usuários que utilizam a faixa de frequência regulamentada para

fazer transmissões através dos rádios cognitivos;

b) Militar – Devido à capacidade de atuar em uma grande faixa do espectro

eletromagnético além do serviço militar poder atuar em diversos padrões de

rádios, os rádios cognitivos se tornam um grande aliado por dois motivos, o

primeiro é poder atuar na mesma faixa de frequência das comunicações

inimigas e a outra seria pode contornar situações adversas para realizar as

comunicações;

c) Serviços públicos de assistência – Serviços como bombeiros, polícia,

ambulâncias com frequências de comunicação diferentes, poderiam

interoperar, melhorando as ações coordenadas, consequentemente

agilizando-as;

d) Serviço de comunicações móveis – a utilização dos rádios cognitivos nos

sistemas de comunicações móveis quebra umas principais barreiras impostas

nos tempos de hoje, a incompatibilidade de sistemas quando os usuários se

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deslocam de uma cobertura para a outra. Com implementação dos rádios

cognitivos, a comutação6 entre os sistemas é praticamente transparente para

o usuário, se falar que a cobertura atual que o usuário dispõe, pode ser

aumentada consideravelmente, justamente por causa da flexibilidade que os

rádios cognitivos possuem.

3.5 Futuro dos rádios cognitivos

Os Rádios Cognitivos tem o potencial de mudar radicalmente o panorama das

comunicações sem fio. Quando essa tecnologia amadurecer os dispositivos de

Radio Frequency (RF) serão capazes de determinar o método de transmissão mais

adequado, maximizando a utilização eficaz e eficiente do espectro de frequência.

Através das novas capacidades de negociação em tempo real, tornará o espectro de

frequência uma mercadoria negociável com abertura para novos mercados.

Como mencionado anteriormente, para que estas realizações aconteçam,

diversos obstáculos terão de ser transpostos, para que a tecnologia dos rádios

cognitivos seja uma tecnologia confiável e de alto nível. Por ser uma tecnologia

emergente, os avanços em tecnologias SDR tendem a manter um ritmo de

crescimento constante, para que os benefícios para as redes sem fio sejam mais

eficazes.

Segundo Meneses, a utilização da técnica OFDM aos canais multipercurso dos

rádios cognitivos, seria de vital importância acrescentando redundância a eles,

conforme exposta por ele:

Sistemas de comunicação que ocupam largas faixas de frequência são mais suscetíveis de operarem canais com seletividade em frequência, ocasionada pelos atrasos existentes entre os multipercursos gerados pela reflexão e refração do sinal transmitido. Tal fenômeno provoca nas comunicações digitais o fenômeno conhecido como interferência inter-símbolos(IIS). A robustez da técnica OFDM aos canais com multipercursos é obtida acrescentando-se redundância aos símbolos OFDM, na forma de um prefixo cíclico.

6 Comutação - A comutação de circuitos, em redes de telecomunicações, é um tipo de alocação de recursos para transferência de informação que se caracteriza pela utilização permanente destes recursos durante toda a transmissão

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O comprimento dessa redundância deve ser da ordem do espalhamento temporal do canal utilizado. No entanto, a eficiência na transmissão de informação efetiva pode ser perdida para canais com elevada dispersão temporal. Para se conjugar eficiência e robustez em ambientes com múltiplos percursos, equalizadores no domínio do tempo devem ser empregados. Tais equalizadores visam tornar a dispersão temporal do canal menor que a redundância cíclica inserida nos símbolos OFDM (MENEZ|ES, 2007, p. 54).

Contudo o centro de pesquisa Virginia Tech, trabalha com duas frentes de

pesquisa para novas tecnologias à serem implementadas em rádios cognitivos,

tendo como carro chefe a proposta de criar um rádios com tecnologia SDR, baseado

em SCA:

O Mobile Portable Research Group (MPRG) do Virginia Tech, trabalha com a

proposta de desenvolver uma plataforma implementada em SDR, baseada na

arquitetura Software Communications Architeture (SCA), denominada Open Source

(SCA) Integrated Embedded (OSSIE).

Visto estas pesquisas relatadas e inúmeras outras que proporcionam soluções

diferentes para tratarmos da melhor utilização do espectro de frequência, faz com

que nos fomente a querer encontrar novas maneiras de encontrar soluções e até

mesmo aperfeiçoar as existentes, a fim de amenizarmos este problema que

futuramente será agravado se não tomada estas atitudes.

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4 REDES RÁDIO COGNITIVO

As tecnologias de rede de dados nos dias de hoje acabam limitando a

habilidade da rede em poder se adaptar ao ambiente, fazendo com não tenha um

desempenho considerado ótimo.

Tendo como embasamento (ARSLAN,2007) estas tecnologias limitadas em

estado, escopo e mecanismos de respostas, os elementos atuais das redes, como

por exemplo, políticas de acesso, protocolos e nós das redes não tem a capacidade

de fazer adaptações inteligentes, e se ocorrem estas adaptações, são depois de ser

verificado um problema, ou seja, sendo de caráter reativo.

Mediante estes problemas, surge a concepção de redes que possuem

elementos de rádios cognitivos. As redes de rádio cognitivo surgem com a finalidade

de eliminar as limitações das redes atuais, fazendo com que estas rede possa

responder de forma rápida e de forma inteligente os problemas à ela impostas. Outro

aspecto a se ressaltar é que com o passar do tempo, as novas redes sem fio,

tendem a aumentar sua complexidade, sua heterogeneidade e dinamismo no

ambiente de rádio, buscando sempre utilizar de maneira oportunista o espectro,

possibilitando que novos serviços sejam implementados e proporcionem a

interoperabilidade entre diferentes sistemas. Para que estas redes rádio cognitivo

(RRC) tenham um futuro promissor, a tecnologia que irá permitir esta implementação

é chamado de Rádios Cognitivos, conforme as características já foram abordadas

neste texto. Estas redes rádio cognitivos não são apenas redes para interconectar

usuários rádio cognitivo. Ela é composta de vários sistemas de comunicação e

redes, que utilizam as capacidades da tecnologia do rádio cognitivo para prover a

comunicação entre eles.

Segundo (ARSLAN, 2007), analisando o ponto de vista do usuário significa que

se um usuário estiver acessando a RRC, ele sempre terá atendidas as suas

solicitações, independendo do tempo e lugar. Analisando o ponto de vista dos

operadores, podemos verificar que os mesmo podem oferecer serviços melhores e

mais eficientes para os usuários móveis, como por exemplo, entregar mais pacote

por unidade de banda

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Já do ponto de vista dos operadores, isto indica que eles podem oferecer os

melhores serviços aos usuários móveis e alocar os recursos de rádio com vista a

entregar mais pacote por unidade de banda de uma forma mais eficiente.

Portanto, para que a partir desta gama de frequências do espectro, incluindo

bandas licenciadas e não licenciadas, vinculada as tecnologias de acesso, é

necessário o desenvolvimento de protocolos de comunicação que abordem estas

características. Mediante estes aspectos, vê-se necessário uma descrição da

arquitetura de uma RCC.

Em virtude desta heterogeneidade do espectro, apresentando bandas

licenciadas e não licenciadas, várias tecnologias de acesso, entre outros aspectos,

torna-se necessário o desenvolvimento de protocolos de comunicação que abordem

tais características e para isto uma descrição da arquitetura de RRC é importante.

4.1 Arquitetura de redes rádio cognitivos

Os componentes da arquitetura de uma Rede de Rádio Cognitivo podem ser

classificados em dois grupos: a rede primária e a Rede de Rádio Cognitivo.

A rede primária (ou rede licenciada) se refere a uma rede já existente, onde os

usuários primários possuem licença para operar em certa banda de frequência. Se a

rede primária possuir uma infra-estrutura, as atividades dos usuários primários são

controladas através de estações primárias. Devido à sua prioridade de acesso ao

espectro de frequência, as operações dos usuários primários não devem ser

afetadas por usuários não licenciados.

A Rede de Rádio Cognitivo (rede secundária) não possui uma licença para

operar numa banda desejada. Por isso, uma funcionalidade adicional para os

usuários do Rádio Cognitivo é requerida para compartilharem a banda de espectro

licenciada. Redes de Rádio Cognitivo também podem ser equipadas com estações

que permitem conexão de um único salto com usuários do Rádio Cognitivo.

Finalmente, redes de Rádio Cognitivo podem incluir os chamados “spectrum

brokers” que agem distribuindo recursos do espectro de frequência através das

diferentes Redes de Rádio Cognitivo. As redes primárias e secundárias são

ilustradas na Figura 4. Nela, podemos ver a operação na banda não-licenciada que

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coexiste com a operação na banda licenciada. Os usuários secundários (usuários do

Rádio Cognitivo) utilizam uma mesma banda que os usuários primários sem causar

interferência nas transmissões.

Figura 4 - Arquitetura de uma Rede de Rádio Cognitivo Fonte: (AKYILDIZ, LEE, et al., 2008)

4.1.1 Rede primária

A rede primária, também conhecida como rede licenciada, tem como

característica ser uma rede com infra-estrutura que possui licença, ou seja, ela

possui uma faixa do espectro com homologação de um órgão de fiscalização para

poder operar e trafegar seus dados. Quem compõe esta rede, são as estações-base

primárias e os usuários móveis.

Os usuários primários ou licenciados são aqueles que possuem a licença para

operar em uma determinada banda do espectro e o controle deste dispositivo ao

meio e realizado pela estação base atribuída ao usuário. Outro detalhe que implica

esta definição é que o usuário primário não pode sofrer qualquer tipo de interferência

de um usuário secundário. Em vista de possuir a concessão de utilização do

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espectro, o usuário primário não necessita de funcionalidades adicionais para

coexistir tanto com os usuários quanto com as estações-base rádio cognitivo.

Já a estação base primária é um componente de infra-estrutura da rede que

possui a licença para utilizar o espectro. Esta estação base, não tem a necessidade

de possuir capacidades de compartilhar o espectro com usuários secundários.

Porém, seria interessante que ela execute protocolos que permitam acesso de

ambos os usuários.

4.1.2 Rede rádio cognitivo

A rede rádio cognitivo não tem o direito de utilização da banda licenciada do

espectro. Porém pode haver o acesso destes usuários a estas faixas de forma

oportunista. Esta parte da rede é formada por usuários rádios cognitivo e estação-

base cognitiva. Outro fator interessante desta rede é que ela pode operar tanto em

bandas licenciadas como bandas não licenciadas.

Analisando cada segmento da rede, a estação-base cognitiva, também

conhecida como estação-base não licenciada é uma estrutura fixa na rede, que

detém capacidade de cognição e também fornece através de um único salto a

conexão aos usuários secundários. É através desta conexão que os usuários

secundários podem acessar outras redes e também se comunicar entre si.

A implementação de uma arquitetura para esta rede rádio cognitiva pode ser

tanto através de uma rede de infra-estrutura quanto uma rede ad-hoc, como

podemos analisar na Figura 4.

Segundo (ARSLAN 2007), o usuário secundário acessa a estação-base não

licenciada diretamente, através de um único salto, sendo que a comunicação entre

os usuários da rede rádio cognitiva sobre a faixa de transmissão da mesma faixa de

transmissão ocorre através dela. Neste caso, a estação-base não licenciada deve

possuir a capacidade de executar diversos protocolos e padrões de comunicação

com o propósito de atender as inúmeras requisições dos usuários secundários.

Já a implementação da rede utilizando a estrutura ad-hoc, não há definida uma

infra-estrutura. Acaba com que os rádios cognitivos inseridos na rede, acabam

reconhecendo a presença de outros rádios cognitivos, realizando as conexões entre

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si através de protocolos padrões ou mesmo de padrões de comunicação de maneira

ad-hoc, formando assim uma rede nova e conhecida entre todos os presentes na

mesma.

Analisando a diversidade existente na arquitetura de redes rádio cognitivo, vê-

se necessário implementar funcionalidades que permitam os sistemas tenham

interoperabilidade. Os requisitos para implementar acabam variando de acordo com

a característica da faixa de frequência ser licenciada ou não, tendo diferentes

ênfases à operação da rede secundária a cada uma destas faixas. De acordo com

VURAN et. al. (2008), há a proposta de classificação quanto à natureza do espectro,

o modo de operação da rede rádio cognitivo em: operação em banda licenciada e

banda não licenciada.

4.1.3 Operação em banda licenciada

De acordo com (VURAN, et. al. 2008), a rede rádio cognitivo, neste tipo de

operação e com a utilização de rádios cognitivos, busca utilizar faixas de frequência

licenciadas que oportunisticamente ficam disponíveis, para realizar suas

comunicações. Ao analisarmos a Figura 5, nota-se que rede primária e rede

secundária estão compartilhando a mesma banda do espectro e mesma região

geográfica. Portanto, como esta sendo abordado, a rede primária possui o direito da

utilização da determinada faixa de frequência, sendo que a rede secundária deve

realizar suas transmissões sem que cause interferência na rede primaria.

Alguns dos desafios que esta arquitetura projeta é que além dos rádios

cognitivos da rede secundária detectar a presença de usuários primários na

determinada faixa de frequência licenciada, ela deverá escolher o melhor canal para

realizar a sua transmissão, sem que haja interferências nestes usuários primários.

Portanto, se um usuário secundário realiza sua transmissão em uma faixa de

frequência licenciada da rede primária e, por conseguinte um usuário primário

necessite fazer uma transmissão, o usuário secundário deve liberar a faixa de

espectro utilizada e retomar a transmissão em outra faixa livre do espectro (spectrum

handoff), ou utilizar a mesma faixa, porém após a transmissão do usuário primário.

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Figura 5 - Operação em banda licenciada Fonte: (AKYILDIZ et. al, 2006).

4.1.4 Operação em banda não licenciada

Atualmente setores não licenciados do espectro de frequência vêm

proporcionando o surgimento de inúmeras novas tecnologias. Estas bandas não

licenciadas, tais como o ISM, são compartilhada com inúmeras outras aplicações

que utilizam estas faixas de frequência para a sua transmissão, como o Wifi e o

Bluethooth. Outra preocupação com estas faixas de frequência é a questão da sua

grande utilização e por consequência a "super lotação" destas faixas. Segundo

(AKYILDIZ et. al., 2006) As interferências causadas pelas diversas redes

heterogêneas que compartilham a faixa ISM têm causado uma diminuição da

eficiência de utilização desta faixa, onde a rede rádio cognitivo pode ser projetada

para fornecer uma melhora na eficiência espectral.

A Figura 6 apresenta uma arquitetura de rede rádio cognitivo atuando na banda

não licenciada. Pode-se perceber que como não existem usuários licenciados nesta

rede, todos os usuários inseridos detêm o mesmo direito de acesso ao meio, desde

que todos obedeçam às normas estabelecidas pelas agencias reguladoras.

Com o uso dos rádios cognitivos nestas redes, podemos projetar que diversas

destas redes secundariam (não licenciadas) consigam compartilhar a mesma faixa

de frequência na mesma região, para realizar as comunicações. Portanto, a

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utilização dos rádios cognitivos neste tipo de arquitetura concentra esforços na

detecção de transmissão de outros usuários secundários.

Outro fator importante a ser salientado é que se torna de suma importância a

utilização de métodos de compartilhamento de espectro mais inteligentes, afim de

que se possa obter uma eficiência de espectro maior e por consequência atenda

requisitos mínimos das aplicações que utilizam esta rede.

Figura 6 - Operação em banda não licenciada Fonte: (AKYILDIZ et. al, 2006).

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5 MÉTODOS DE COGNIÇÃO

Analisado os conceitos do funcionamento do Rádio Cognitivo e sua

implementação em uma rede que utiliza os padrões funcionais nos dias de hoje,

cabe aprofundarmos o estudo desta tecnologia, a fim de ampliarmos as

possibilidades de métodos de cognição destes rádios. Para isso, o trabalho proposto

consta em analisar métodos de cognição eficazes para o funcionamento desta

tecnologia em redes que já operam com padrões estabelecidos nos dias atuais ou

com a construção de novas redes, que implementem estes novos formatos de

cognição, desde sua origem.

As redes de rádio cognitivo surgem com o intuito de utilizar o espectro de forma

eficiente, otimizando, assim, o uso do espectro limitado disponível. Nas redes de

rádio cognitivo, como já foi abordado neste trabalho, os dispositivos serão

autônomos e capazes de otimizar o uso do recurso de acordo com as suas

necessidades individuais, podendo assim acessar o espectro licenciado de forma

oportunista sem interferir com os usuários já existentes.

Por outro lado, sabemos que a as redes de rádio cognitivo e sua viabilidade no

cenário atual, vem sendo questionada, principalmente sob o aspecto da inteligência

de percepção dos terminais que usam esta tecnologia, já que os mesmos devem ser

móveis, na maioria das vezes, e dependem de utilização otimizada da sua energia

para o funcionamento. Outro fator chave para o funcionamento destas redes

baseadas em rádios cognitivos são requisitos mínimos de qualidade de serviço,

sensoriamento de uma vasta largura do espectro eletromagnético e também uma

constante atualização das informações que trafegam por este espectro, com vista de

estar sempre monitorando e atualizando a lista de canais disponíveis no meio.

Portanto como sua primordial característica, o rádio cognitivo tem capacidade

de adaptar-se ao ambiente, possibilitando ajustes na sua transmissão para

minimizar as interferências em outros sistemas inclusive no seu próprio. Porém um

problema que encontramos é referente à detecção dos sinais transmitidos pelos

usuários primários (usuários licenciados), ou seja, é a detecção de que um usuário

primário está transmitindo na mesma faixa de frequência (canal) que um usuário

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secundário tenta realizar uma transmissão, isto no mesmo instante de tempo ou

mesma localização.

Como usuário secundário, o rádio cognitivo tem a preocupação da detecção de

transmissão tanto em relação ao tempo quanto na mesma localização geográfica.

Se analisarmos o quadro de atribuição de faixas de frequências aqui no Brasil,

conforme Figura 7 (ANATEL, 2010), podemos observar que existem lacunas livres

no espectro.

Figura 7 - Quadro de alocação de frequências no Brasil Fonte: (ANATEL, 2010).

Por exemplo, faixas de rádio difusão que não estão sendo alocadas para

transmissão em determinada cidade ou região, podem liberadas para a utilização de

equipamentos, principalmente que utilizam rádios cognitivos. Isto porque, caso haja

a necessidade de uma implementação de rádio difusão utilizando aquela faixa, os

equipamentos dotados de cognição, não terão a necessidade de ser substituídos,

visto que sua capacidade de adaptação torna a tarefa relativamente mais fácil e

transparente para o usuário final.

Contudo o intervalo de tempo em que a detecção do usuário primário ocorre,

deve ser considerada. Um exemplo que podemos citar é quando existe um

transmissor local ativo por muito tempo e em contra partida aparelhos que não

transmitem nesta frequência licenciada começam a compartilhar o mesmo espectro

de frequência. A consequência disto é que estes aparelhos não licenciados deixam

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de transmitir, pois as janelas que estariam livres do usuário primário ficam cada vez

mais escassas.

E se o tempo de coerência7 do canal for mais curto que o tempo de detecção

do rádio cognitivo, a correta determinação da desocupação da faixa poderá ser

impossível. Desta forma, o rádio cognitivo que possuir um algoritmo de detecção

com baixa eficácia terá problemas se o espectro estiver disponível durante intervalos

de tempo curtos.

Mais um aspecto de que ser levado em conta para que os métodos de

cognição tenham a eficácia desejada, é o tempo que o rádio leva para perceber e

efetivamente realizar a mudança de canal.

5.1 Sensoriamento do espectro

Como já descrito no texto, os Rádios Cognitivos tem a capacidade de se

atualizar, tanto através de softwares (SDR), como por mecanismos mais avançados

que estão ligados diretamente ao hardware, fazendo leituras do ambiente externo e

mudando seus parâmetros para a transmissão. Contudo, estas duas maneiras de

interagirem com o sistema, partem de uma premissa em comum, no qual a principal

finalidade é analisar o meio que será transmitido, em outras palavras, fazer o

sensoriamento do espectro.

Em resumo, o sensoriamento do espectro é realizado a fim de determinar a

porção do espectro disponível para a transmissão. Esta identificação das porções

livres do espectro de frequência, já visa à verificação da existência de usuários

primários licenciados.

A detecção confiável do acesso de usuários licenciados ao espectro é uma

tarefa crucial em um sistema de rádios cognitivos que objetiva o compartilhamento

do espectro, já que a confiabilidade está diretamente ligada à quantidade de

interferência que o sistema primário encontra devido à presença de usuários não

licenciados.

7 Tempo de Coerência – Trata-se de uma medida estatística do intervalo de tempo durante o qual a resposta ao impulso do canal pode ser considerada como invariante ou, de maneira análoga, é o intervalo de tempo dentro do qual os sinais recebidos possuem grande correlação de amplitude.

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Alguns dados importantes devem ser levados em consideração nesta etapa do

sensoriamento do espectro. Segundo (MENDES 2010), algumas medidas deve ser

tomadas para este bom funcionamento. Todos os protocolos do sistema secundário

devem garantir que todos os nós estarão em silêncio, isto é, não estarão

transmitindo nada, durante o ciclo de sensoriamento periódico para detecção de

acessos.

Caso considere-se o pior caso, assumimos que não há necessariamente uma

linha de visada (line of sight) entre o usuário licenciado transmitindo e o usuário não

licenciado realizando a detecção. Isso implica que no caso trivial em que há linha de

visada entre os dispositivos, a detecção ocorre de forma simples, mas no caso geral,

não só uma instância central do sistema não licenciado (ponto de acesso ou access

point), mas todos os terminais a rede de rádios cognitivos em uma área devem

realizar medições e trocar essas informações para minimizar a interferência da rede

secundária (não licenciada) causada na rede primária como um todo.

Analisando estas probabilidades podemos assumir que os sinais recebidos

pelos usuários não licenciados durante a detecção seguem uma distribuição normal,

podendo assim garantir uma confiabilidade de detecção da ordem de 99.9 %, sendo

necessária para que detentores de faixas de frequência licenciadas concordem em

permitir o compartilhamento do espectro.

Portanto, quando a detecção ocorre de forma distribuída, observa-se também

que a probabilidade de alarme falso, ou seja, a detecção errada de um acesso ao

espectro quando este não ocorreu, é minimizada. Esta característica é importante na

obtenção da melhor vazão possível no sistema não licenciado, ao se utilizar todas as

faixas de freqüência, oportunidades disponíveis. Segundo (Dutra 2010), um lado

negativo da detecção distribuída é a quantidade enorme de informações de

medições realizadas pelos terminais durante o período de detecção que precisam

ser transmitidas para o ponto de acesso do sistema não licenciado.

O próximo passo é escolher o melhor canal disponível. As etapas de

gerenciamento e divisão do espectro cruzam as informações dos canais disponíveis

com as necessidades dos usuários, só então é permitido o acesso de usuários não-

licenciados. Caso a presença do usuário licenciado seja detectada ao longo do

gerenciamento da conexão, o usuário não-licenciado desocupa o canal.

Depois de compreendido o funcionamento do sensoriamento espectral,

podemos afirmar que para que esta técnica tenha um eficiente funcionamento é

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necessário que seja percebida alterações no ambiente de forma rápida e confiável.

Por isso, podemos dividir a técnica de sensoriamento de espectro em três classes:

detecção no transmissor, detecção cooperativa e a detecção baseada em

interferência.

5.1.1 Detecção do transmissor

Devido ao rádio cognitivo ter que detectar diferentes tipos de sinais, com

diversos níveis de potência e largura de banda. Um dos requisitos e desafios da

tarefa de sensoriamento na camada física é a detecção de um sinal fraco do usuário

primário em uma larga faixa de frequência através de observações locais do usuário

secundário. A seguir, denotam-se alguns dos métodos destacados na detecção do

transmissor, onde se utiliza o seguinte modelo de hipóteses (1) descrito em

(AKYILDIZ, et al., 2008), onde r(t) denota o sinal recebido pelo rádio cognitivo, x(t) é

o sinal transmitido pelo usuário primário, n(t) se refere ao Ruído Aditivo Branco

Gaussiano (AWGN) e h é o ganho de amplitude do canal. H0 e H1 tratam-se das

hipóteses de ausência e presença, respectivamente, de usuário primário em uma

dada faixa do espectro.

(1)

5.1.1.1 Detecção por filtros casados

Na medida em que o usuário secundário obtém as informações do sinal do

usuário primário, bem como suas características, o detector ótimo, mesmo na

presença de ruído branco gaussiano estacionário. Este detector ótimo trata-se do

filtro casado, tendo em vista que ele maximiza a razão SNR (relação sinal ruído). As

informações que o usuário secundário pode obter do sinal são: tipo de modulação,

formato dos pacotes, forma de pulso, dentre outras.

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Além disso, segundo (AKYILDIZ 2006), ele necessita de pouco tempo para

alcançar um bom ganho de processamento, devido à coerência, visto que somente

(1/SNR) amostras são necessárias para atender a uma determinada probabilidade

de falso alarme, em relação a outros métodos de detecção. No entanto, com este

método é necessário que o rádio cognitivo tenha conhecimento a priori das

características de sinalização do usuário licenciado para que ele faça a devida

demodulação do sinal recebido.

Caso estas informações não estejam disponíveis, o filtro casado apresenta um

desempenho pobre. Ademais, de acordo com (ARSLAN 2007) visto que o usuário

secundário precisa receber todos os tipos de sinais, realizarem a implementação de

uma unidade complexa de sensoriamento torna-se bastante difícil. Além do que se

terá um considerável consumo de potência dos dispositivos para que os vários

algoritmos de recepção sejam executados.

5.1.1.2 Detecção de energia

Tendo em vista que usuário secundário não consegue obter elementos

suficientes sobre espectro de frequência e o sinal do usuário licenciado, a forma de

se abordar este problema de forma mais simplificada é executar a detecção não

coerente utilizando este método de detecção, chamado de detecção de energia.

Utilizando uma abordagem citada por (CORDEIRO,2007), este esquema recebe

bastante atenção e acaba sendo o método mais comum e utilizado de

sensoriamento de espectro devido ao baixo custo computacional e complexidade de

implementação, além de ser mais genérico, não necessitando de informações

anteriores do sinal de usuário primário

Com esta abordagem de detecção, o sinal é detectado pela comparação da

saída do detector de energia com um dado limiar que depende da potência do ruído

presente. Verifica-se então que este esquema é suscetível à incerteza da potência

do ruído. Com isto, segundo (ARSLAN, 2007), o detector de energia não trabalha

eficientemente para detectar usuários primários que utilizam a técnica de

espalhamento espectral nas transmissões dos seus sinais.

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Apesar de ser simples e rápido, ele não consegue distinguir usuários primários

de usuários secundários. Com isto, ele pode gerar falsos alarmes provocados por

sinais involuntários. No entanto, para resolver este problema o padrão IEEE 802.22

introduziu o conceito de período sossegado, durante o qual os usuários rádio

cognitivos não podem utilizar o espectro licenciado para transmitir, apenas os

usuários licenciados podem estar presentes na banda do espectro avaliada

(CORDEIRO, et al., 2007). Assim, executando o sensoriamento dentro do período

sossegado elimina-se tal problema.

A Figura 8 (ARSLAN, 2007) mostra o diagrama de blocos típico de um detector

de energia. Pode-se percebe que para medir a energia do sinal recebido, a rigor de

potência, a saída do sinal do filtro passa-banda com largura de banda W é elevada

ao quadrado. Posteriormente é integrada sobre o intervalo de observação T, para

que posteriormente seja comparada com um dado limiar e resultar em uma das

hipóteses de existência ou não de usuários primários, denotadas por H1e H0,

respectivamente, na banda do espectro avaliada.

Figura 8 - Diagrama de Blocos de um característico detector de energia

Fonte: (ARSLAN, 2007)

5.1.1.2.1 Algoritmo Multitaper

Quando abordado as técnicas de detecção de energia para possíveis soluções

para sensoriamento de espectro, alguns estudos se mostram aprofundados e

recentemente testados nos meios acadêmicos como forma de fundamentação dos

avanços que a tecnologia envolvendo os RC vem apresentando. Um destes estudos

se dá através do Algoritmo Multitaper.

Segundo Thais (ALMEIDA, 2010), o Algoritmo Multitaper que teve inicio com o

pesquisador Thomson, trata-se de um algoritmo que expande parte do tempo em

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série, conhecido como sequência de Slepian. Estas sequências possuem a

transformada de Fourier com base, a fim de reduzir a variância da estimativa do

espectro sem comprometer a sua parcialidade.

Como forma de exemplificá-lo, podemos descrever abaixo o seu método de

funcionamento, conforme (SENSOR, 2010):

Para um dado vetor recebido de tamanho N, é necessário determinar

as seguintes entidades:

a) Uma sequência ortogonal de janelas L Slepian denotado por ;

b) O eingenspectro associado definido pela transformada de Fourier

A concentração da distribuição de energia do eingenspectro estão dentro de

uma largura de banda de resolução 2W. Os graus de liberdade disponíveis para o

controle de variância da estimação do espectro são indicados pelo produto tempo

largura definido como:

O tradeoff entre a resolução espectral e a variância é regulado pela escolha

dos parâmetros p e L. Com base no eingenspectro podemos definir uma estimativa

espectral da seguinte forma:

onde é o autovalor associado ao eingenspectro /-th.

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5.1.1.2.2 Detecção de energia com a utilização de Wavelets

Semelhante ao método Multitaper, a abordagem de Wavelets proposto em

(TIAN; GIANNAKIS, 2006) estima o espectro. Wavelets são amplamente utilizados

no processamento de sinal e imagem por captar singularidades nos sinais, tais como

bordas de imagens digitais. As bordas das faixas de rádio no espectro poderiam ser

consideradas como singularidades, como nas imagens digitais. O problema geral é

identificar os locais de frequência de não-sobreposição de bandas do espectro e

decidir se eles são disponíveis ou não. O método de estimação do espectro de

(TIAN: GIANNAKIS 2006) será descrita brevemente:

Suponha que o espectro total a ser estimado constitui um total de B Hz na faixa

de frequência .

Suponha que o sinal recebido ocupe N bandas consecutivas do espectro, com

seus limites localizados na . A ‘enésima’ banda é definida como

.

Posteriormente são realizadas algumas hipóteses, como:

a) os limites de frequência e = + B são conhecidos do rádio

cognitivo.

b) o número de bandas de N e os locais de são desconhecidos

para o rádio cognitivo.

c) a densidade de potência espectral (PSD) dentro de cada banda é

quase plana, mas apresenta descontinuidade de suas bandas vizinhas.

d) o ruído aditivo branco, média zero, PSD

A densidade espectral de potência normalizada, na ausência de ruído, é

aproximada como:

O PSD do sinal recebido é então dado por:

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Onde é a densidade de potência do sinal da enésima banda. A

transformada contínua de Wavelet de é dada por , onde

“*” nos submete a uma convolução.

Portanto, a suposição de (TIAN, 2006), para estimar os limites da frequência é:

Portanto a média da densidade de potência espectral de banda é:

O sinal de densidade de potência é estimado como:

5.1.2 Detecção cooperativa

Nos métodos de detecção abordados anteriormente, considerou-se que o

sensoriamento dava-se de forma não cooperativa, sendo que a informação obtida

por um usuário rádio cognitivo (RC) devido ao sensoriamento de uma dada faixa do

espectro em uma determinada área geográfica, não era compartilhada com os

demais usuários secundários.

Visto a falta de interação entre os usuários, primários e secundários, as

localizações dos receptores dos usuários primários são desconhecidas. Com isto, as

técnicas de detecção dos transmissores não evita a interferência nos receptores

primários, levando sempre em consideração que estes são dispositivos passivos.

A Figura 9 nos exemplifica esta situação, onde os usuários secundários

acabam realizando o sensoriamento e consequentemente realiza a sua transmissão,

causando uma interferência no usuário primário. Este problema acaba por ocorrer

devido o usuário secundário não conseguir detectar a presença do receptor primário,

visto que o mesmo se encontra fora da área de cobertura do usuário secundário.

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Figura 9 - Interferência no Receptor Primário Fonte: (AKYILDIZ, 2006)

A detecção do transmissor não consegue prevenir o problema do terminal

escondido. Mesmo tendo uma visão direta relativamente boa para o receptor, o

usuário secundário não tem a capacidade de detectar o transmissor primário devido

ao efeito de sombreamento. Este sombreamento é causado pela presença de um

obstáculo entre estes dois usuários, ou até mesmo causado pela perda de potencia

do sinal do usuário primário, conforme a Figura 10.

Segundo (ARSLAN 2007): (AKYILDIZ 2006), a detecção cooperativa é vista

como uma possível solução para reduzir estes problemas que acabam por surgir no

sensoriamento do espectro e que por fim acabam degradando o desempenho dos

métodos de detecção de usuários primários. Estas perdas de desempenho, tais

como incerteza do ruído, desvanecimento do sinal devido ao multi-percurso,

sombreamento, entre outros, visa a melhoria com a utilização da detecção

cooperativa, minimizando a incerteza obtida no sensoriamento realizado por um

único usuário rádio cognitivo.

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Figura 10 - Problema do terminal escondido Fonte: (AKYILDIZ, 2006)

Com esta forma de detecção, os usuários secundários obtêm informações que

são compartilhadas entre si, sendo encorpados para que os usuários presentes em

uma banda do espectro consigam obter uma melhor identificação destes usuários.

Além disso, tal abordagem reduz o tempo de sensoriamento do usuário secundário,

devido às informações adquiridas de outros usuários. Em (AKYILDIZ 2008) mostra-

se uma avaliação do ganho obtido pela utilização da estratégia de cooperação em

um ambiente onde um grupo de usuários secundários tenta detectar um transmissor

de TV na banda de 700MHZ.

A abordagem cooperativa, apesar de proporcionar melhorias nos esquemas de

detecção de usuários primários, possui algumas desvantagens como a necessidade

de utilização de recursos do sistema para a realização de trocas de mensagens

informando os resultados do sensoriamento entre os usuários rádio cognitivo,

provocando assim um overhead de tráfego, necessidade de controle do canal, maior

complexidade do sensor e sistema de cooperação (ARSLAN, 2007).

É notório também evidenciar a questão da presença dos chamados usuários

maliciosos que afetam significantemente a performance do sensoriamento

cooperativo e propõe uma alternativa para a identificação de tais dispositivos. Um

usuário malicioso é um rádio cognitivo que, devido a algum mau funcionamento do

dispositivo ou em virtude de suas próprias razões, envia e compartilha resultados

errados de sensoriamento.

Contudo, temos ainda outra forma de analisar a detecção cooperativa. Ela

pode ser implementada de duas formas segundo (FETTE,2006). Estas duas formas

de implementar a detecção cooperativa são a centralizada ou a distribuída.

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Analisando cada uma das formas, na forma centralizada, as informações de

sensoriamento obtidas dos usuários secundários são coletadas e armazenadas em

uma entidade central e esta executa as regras e identifica quais as faixas de

espectro disponíveis, indicando aos usuários dos rádios cognitivos os buracos

existentes no espectro. Nesta etapa também que são informadas ao usuário outras

informações que são pertinentes da fase de sensoriamento. Na Figura 11 temos a

ilustração deste tipo de detecção cooperativa, onde está disposto o seguinte modelo.

Os seguintes usuários secundários: US1, US2 e US5, não conseguem detectar a

presença do sinal do usuário primário, devido ao efeito do sombreamento dos

obstáculos presentes.

No entanto, como os usuários não licenciados US3, US4 possuem uma visão

direta para o usuário primário, os resultados do sensoriamento deles são enviadas

ao Controlador RC, entidade central que coleta e envia estas informações aos outros

usuários rádio cognitivo, a fim de evitar que estes utilizem a faixa do espectro que

está sendo utilizada pelo usuário primário e o prejudique na sua comunicação.

Já na detecção cooperativa distribuída, os usuários secundários trocam

informações entre si, de maneira ad-hoc, sem a utilização de uma entidade central

para gerenciar tais resultados do sensoriamento. Com isto, cada usuário rádio

cognitivo executa as suas próprias decisões para saber qual porção do espectro ele

pode utilizar.

Figura 11 - Detecção cooperativa centralizada Fonte: (AKYILDIZ, 2006).

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47

5.2 Framework de gestão do espectro

Framework conceitual é um conjunto de conceitos usado para resolver um

problema de um domínio específico. Framework conceitual não se trata de um

software executável, mas sim de um modelo de dados para um domínio.

Segundo (AKYILDIZ 2008) para que um Rádio Cognitivo seja operacional, ele

deve fazer uma gestão eficiente do espectro, decidindo a melhor faixa de frequência

a ser usada, procurar frequências não utilizadas no espectro, compartilhar esses

espectro com outros Usuários Cognitivos e respeitar a prioridade dos usuários

primários quanto a utilização do espectro licenciado. As Redes de Rádio Cognitivo

devem levar em conta os seguintes itens:

a) evitar interferência: redes de Rádio Cognitivo devem evitar interferência com

redes primárias;

b) sensibilidade à QoS: para decidir uma banda de espectro apropriada, Redes

de Rádio Cognitivo devem suportar comunicações sensíveis à QoS,

considerando o ambiente heterogêneo e dinâmico do espectro;

c) comunicação transparente: Redes de Rádio Cognitivo devem prover uma

comunicação transparente independentemente da aparência da rede

primária.

Para contornar esses problemas algumas funcionalidades devem estar

presentes nas Redes de Rádio Cognitivo. A gestão do espectro consiste em quatro

principais passos, também mostrados na Figura 12:

a) detecção de espectro;

b) decisão de espectro;

c) compartilhamento de espectro;

d) mobilidade de espectro.

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Figura 12 - Gestão do Espectro Fonte: Autoria Própria, 2010

5.2.1 Detecção de espectro

Um usuário Rádio Cognitivo pode alocar, em determinado momento, somente

uma porção não usada do espectro. Desse modo, um usuário secundário deve

monitorar o espectro, capturar sua informação e detectar porções não utilizadas do

espectro.

Como já vimos neste texto, às principais técnicas de detecção do espectro são:

detecção de transmissor primário, detecção de receptor primário e gestão de

interferência. Porém, como abordado também, sabemos que existem problemas que

devem ser investigados para que a técnica de detecção de espectro seja

desenvolvida com maior qualidade. Abaixo podemos listas:

a) medição e analise da interferência: Como sabemos existe uma falta de

comunicação confiável entre as redes primárias e as redes rádio cognitivo

que se deve ao fato da falta de interação entre estas redes. Geralmente um

usuário secundário não tem a total certeza da localização dos receptores ou

transmissores da rede primária. Esta incerteza se deve ao fato de possíveis

atenuações no sinal ou até mesmo de interferências da própria rede

secundaria nos elementos da rede primária, sendo então necessária esta

análise de interferência em tempo real por parte da rede secundária;

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b) detecção de espectro em redes multiusuários: A grande quantidade de

interações entre os usuários de rede primária e rede secundária acaba por

tornar difícil a varredura e alocação de uma faixa de frequência liberada para

realizar uma transmissão dentro desta rede de multiusuários. Mediante estas

dificuldades, se torna necessário a implementação de algoritmos para uma

melhor organização no momento de transmissão, para que haja maiores

possibilidades de transmissão entre estes usuários.

c) detecção da eficiência de espectro: a detecção não pode ser realizada

enquanto pacotes estiverem sendo transmitidos, pois a arquitetura tradicional,

em que apenas um elemento transmissor com tecnologia cognitiva está

transmitindo, não é possível encerrar esta transmissão, alterar sua faixa no

espectro e começar a transmitir novamente. Deve-se apenas realizar uma

transmissão por vez.

Usuários Rádio Cognitivo devem parar de transmitir enquanto estiver

detectando, o que diminui a eficiência do espectro. Balancear a eficiência do

espectro e a acurácia da detecção é uma questão importante.

5.2.2 Decisão de espectro

Usuários Rádio Cognitivo podem alocar um canal baseado na disponibilidade

do espectro. A alocação de uma parte do espectro depende tanto de políticas

internas como concessões externas.

Portando a Decisão de Espectro tem em vista o desenvolvimento de medidas

técnicas de aplicação dos rádios cognitivos nos domínios da reserva de espectro de

radiofrequências e da disponibilidade de informações nas redes secundárias.

As faixas disponíveis em todo o espectro possuem características únicas que

podem variar com o decorrer do tempo, sendo necessário caracterizar cada porção

disponível, sempre levando em consideração o ambiente que é dinâmico do

espectro, como largura de banda e frequência. Devido a este fato é essencial a

definição de parâmetros para diferenciar cada porção do espectro.

Porém, alguns problemas ainda são encontrados quanto á decisão de

espectro, tais como:

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a) modelo de decisão: existem técnicas que utilizam a Relação Sinal-Ruido para

estimar a capacidade do espectro e tomar a decisão de utilizar a faixa

escolhida e transmitir. Porém somente esta análise não se mostra eficiente

para caracterizar esta faixa e a rede de rádio cognitivo usá-la para transmitir,

conforme (AKYILDIZ et. al. 2008);

b) cooperação com a reconfiguração: alguns RC tem a capacidade de habilitar a

reconfiguração de alguns parâmetros de transmissão do equipamento para

que seja feita operação de forma ideal, na faixa do espectro escolhida pelo

próprio rádio;

5.2.3 Compartilhamento de espectro

As medidas a serem tomadas no compartilhamento do espectro se dão pelo

fato de haver a possibilidade da existência de vários usuários secundários (usuários

rádio cognitivo) tentando o acesso ao espectro no mesmo instante de tempo e na

mesma faixa. Por este motivo o acesso ao meio deve ser coordenado e organizado

para não existirem colisões de dois ou mais usuários na mesma faixa.

A natureza de um canal sem fio requer a coordenação de tentativas de

transmissão entre os usuários de Rádio Cognitivo. Os problemas decorrentes do

compartilhamento de espectro podem ser separados por quatro aspectos: a

arquitetura, comportamento de alocação de espectro, técnica de acesso de espectro

e escopo (AKYILDIZ et. al., 2008).

Mediante estes detalhes, faz-se a necessidade de encontrar algumas tentativas

para a resolução deste problema:

a) controle do canal comum: sabe-se que um Controle do Canal Comum facilita

bastante as funcionalidades no compartilhamento. Mas como sempre existe a

troca de canais pelos usuários secundários sempre que um usuário primário

deseja transmitir, a criação deste controle de canal de modo fixo é impossível,

pois um canal que seja comum para ambos os usuários é muito instável e

varia com o tempo;

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b) alcance dinâmico de rádio: devido à interdependência entre o alcance do

rádio e a freqüência, os vizinhos de um nó (rede) podem mudar assim que a

freqüência de operação muda. Portanto, deve-se levar em consideração a

questão da freqüência em Redes de Rádio Cognitivo;

c) unidade de espectro: quase todas as técnicas de decisão e compartilhamento

de espectro consideram o canal como a unidade básica de espectro. Uma

definição de um canal como um espectro é crucial no desenvolvimento de

algoritmos;

d) localização da informação: é necessário uma maior certeza nos cálculos da

localização dos usuários secundários quanto a potencia de transmissão e

localização dos usuários primários dentro de uma rede multiusuários.

5.2.4 Mobilidade de espectro

Os Rádios Cognitivos tem a capacidade de transmitir através de canais

disponíveis no espectro, sem causar interferência na comunicação de usuários

primários. Quando a transmissão do usuário secundário se trona indisponível,

devido a uma transmissão de um usuário primário licenciado, ele deve possuir a

habilidade de comutar para uma faixa de frequência que esteja livre e assim retomar

a sua comunicação.

Este processo tem o nome de mobilidade do espectro, e o fenômeno que se dá

é chamado de spectrum handoff. O principal objetivo é manter a transparência na

comunicação. A transição entre um espectro e outro deve ser rápida e simples

levando a uma degradação mínima de desempenho.

Segundo Vuran et. al. (2008), problemas para a eficiência na mobilidade de

espectro são encontrados, e podem ser descrito como os principais, os citados

abaixo:

a) mobilidade de espectro no tempo: como os canais disponíveis variam com o

tempo, habilitar QoS nesse ambiente é um problema;

b) mobilidade de espectro no espaço: a disponibilidade de banda também muda

quando um usuário move de um lugar para o outro. Por isso, alocação

contínua de espectro é um problema.

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A Figura 13 ilustra o framework de gestão do espectro utilizando o modelo OSI

simplificado.

Figura 13 - Framework de Gestão do Espectro para Redes de Rádio Cognitivo Fonte: (AKYILDIZ, et al.,2008)

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6 CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROS

Tendo em vista o estudo proposto neste trabalho, percebe-se que o espectro

de frequência, que apesar de ser um recurso natural reutilizável, vem sendo

ocupado de maneira equivocada e muitas vezes mal distribuídas entre os usuários

do espectro. A rede de Rádios Cognitivos vem sendo desenvolvidas a fim de

resolver estes problemas através de uma exploração oportunista do espectro de

frequência utilizado para estas comunicações sem fio. Estas novas redes que estão

sendo implementadas, com a utilização de Rádios Cognitivos, irão fornecer outro

conceito de comunicação sem fio, através das novas funcionalidades que serão

implementadas, tais como a detecção, a análise, a decisão e também a mobilidade

do espectro.

Entretanto, para a solução que os Rádios Cognitivos virão apresentar se torne

viável para a realidade das comunicações sem fio é necessário que se tenha um

avanço nas tecnologias empregadas nos rádios como circuitos integrados,

conversores A/D e também um avanço na tecnologia dos dispositivos de RF (Rádio

Frequência), pois se necessita do Rádio Cognitivo uma operação em uma faixa

maior de frequências para que possa realizar a varredura do espectro.

Junto destas novas tecnologias para a otimização do acesso ao meio, tem-se o

problema referente à distribuição do espectro de frequência pelos órgãos

reguladores. Tanto a ANATEL como a FCC vem disponibilizando soluções legais e

impondo medidas que fazem com que os Rádios Cognitivos tenham maior liberdade

em acessar frequências licenciadas que são utilizadas pelos usuários primários.

Porém, muitas vezes, estes órgãos encontram barreiras do ponto de vista político

que impedem estas alterações, pois mesmo com os estudos dos Rádios Cognitivos

apresentando resultados satisfatórios, os detentores das frequências licenciadas não

vêm como possibilidade a transmissão dos usuários secundários sem que haja

alguma interferência nas transmissões do usuários primários.

Portanto, com um cenário atual configurado, entre fabricantes, órgãos de

licenciamento e desenvolvedores de tecnologias, têm-se a capacidade de analisar

quais dos estudos mais recentes sobre os métodos de cognição que serão

empregados nos Rádios Cognitivos mostram maior confiabilidade com relação à

garantia de transmissão e que futuramente possam ser adotados ou aperfeiçoado

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para que esta tecnologia seja difundida. Podemos também concluir que um ponto a

ser estudado e fundamentado posteriormente trata do estudo do aumento de

potência nos rádios e quantidade de frequências abrangidas pelo equipamento, pois

futuramente os métodos de cognição terão de abranger uma quantidade maior de

informações referentes ao sensoriamento do espectro, pois com o passar do tempo,

a quantidade de usuários acessando ao meio, tende sempre a aumentar.

Juntamente com esta disponibilidade de novos equipamentos que viabilizam

algumas funções de cognição implementadas em seu hardware, os rádios que são

implementados através de Software podem auxiliar para um desempenho mais

satisfatório em termos de transmissão. Com o estudo proposto e através das

soluções que são cabíveis de implementação, teremos as condições de avaliar as

melhores formas de conciliar estas duas tecnologias que estão em ascensão no

cenário atual.

Visto todas as grandes potencialidades do rádio cognitivo e suas tecnologias

de softwares de cognição, será uma questão de tempo para eles efetivamente

tomarem uma posição confiável no cenário atual, fazendo também, com que outras

áreas do ramo, como por exemplo, a fabricação de antenas compatíveis a esta nova

tecnologia, acelerem o desenvolvimento e fabricação dos seus componentes,

fazendo com que os rádios cognitivos assumam a preferência nas redes de

comunicação sem fio.

A seguir serão expostos trabalhos futuros que poderão ser desenvolvidos a

partir do estudo realizados neste trabalho:

Estes trabalhos compreendem em abordar uma maior investigação nas

arquiteturas de Rádios Cognitivos já existentes e que foram citadas nesse trabalho,

realizando um comparativo entre as mesmas e apontando as principais diferenças,

vantagens e desvantagens de cada uma, assim como os problemas que cada uma

poderá apresentar.

Seguindo a linha de programação de SDRs, poderá ser realizado a

implementação com o software MATLAB dos algoritmos apresentados nesta

pesquisa, o Algoritmo Multitaper e a Detecção de Energia com a utilização de

Wavelets.

Além da programação destes softwares, poderá ser testados modelos de SDRs

implementados em KITS de FPGA, para uma futura modulação em Circuitos

Integrados.

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Utilizar uma rede de Rádios Cognitivos para realizar o monitoramento e

compartilhamento do espectro, afim de monitorar o tempo de resposta dos rádios

para a percepção e alteração do canal para transmissão.

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