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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESTUDO DOS INDICADORES UTILIZADOS EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES PARA MONITORAMENTO DA QUALIDADE RODRIGO VILLA NOVA BARBOSA PANZA RIO DE JANEIRO 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESTUDO DOS INDICADORES UTILIZADOS EM OBRAS DE EDIFI CAÇÕES PARA

MONITORAMENTO DA QUALIDADE

RODRIGO VILLA NOVA BARBOSA PANZA

RIO DE JANEIRO

2014

ESTUDO DOS INDICADORES UTILIZADOS EM OBRAS DE EDIFI CAÇÕES PARA

MONITORAMENTO DA QUALIDADE

RODRIGO VILLA NOVA BARBOSA PANZA

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do grau de Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

2014

ii

ESTUDO DOS INDICADORES UTILIZADOS EM OBRAS DE EDIFI CAÇÕES PARA

MONITORAMENTO DA QUALIDADE

Rodrigo Villa Nova Barbosa Panza

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

DE JANEIRO COMO PATE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO

GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

__________________________________________

Prof. Jorge dos Santos, D.Sc (Orientador)

__________________________________________

Profª. Ana Catarina Jorge Evangelista, D.Sc

__________________________________________

Profª. Isabeth Mello, M.Sc

__________________________________________

Profª. Wilson Wanderley da Silva

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2014

iii

Panza, Rodrigo Villa Nova Barbosa Estudo dos indicadores utilizados em obras de

edificações para monitoramento da qualidade / Rodrigo Villa Nova Barbosa Panza – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2014.

X, 53 p.: il.; 29,7cm. Orientador: Jorge dos Santos Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia Civil, 2014. Referências Bibliográficas: p. 46-50 1. Indicadores 2. Medição de Desempenho 3. Qualidade

4. Estudo de Caso I. Santos, Jorge dos. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Estudo dos indicadores utilizados em obras de edificações para monitoramento da qualidade.

iv

AGRADECIMENTOS

À Deus, pela força e saúde para chegar até aqui, mesmo diante de todas as dificuldades.

Aos meus pais e irmã, por todo o amor e carinho sempre demonstrados, além de todos os

esforços feitos para que eu pudesse chegar até aqui.

Ao professor Jorge dos Santos, pela oportunidade e ensinamentos oferecidos ao longo desse

trabalho.

Aos colaboradores das empresas que auxiliaram no desenvolvimento do estudo dessa

pesquisa.

Aos meus amigos de UFRJ, pela alegria e companheirismo nesses últimos 5 anos.

Aos meus gestores e líderes da RJZ Cyrela/Living, por todas as oportunidades dadas para

que eu tornasse o profissional que sou hoje, em especial a Brunno Vivas, Felipe Kumstat,

Juliane Freire, Nalda Ferreira e Hugo Poubel.

Aos demais colegas de RJZ Cyrela/Living, por todo o apoio e companheirismo demonstrados

nesses quase 3 anos de empresa.

A todos os demais professores do curso de Engenharia Civil, com seus ensinamentos ao

longo do curso.

A todos aqueles que, direta ou indiretamente, auxiliaram na conclusão desse trabalho e dessa

etapa da minha vida.

v

Resumo do projeto de graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção de grau de Engenheiro Civil.

Estudo dos indicadores utilizados em obras de edifi cações para monitoramento da

qualidade

Rodrigo Villa Nova Barbosa Panza

Agosto / 2014

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

Atualmente, a concorrência no mercado da engenharia civil mostra-se cada vez maior e mais

exigente. O aumento de competitividade entre as empresas do setor e a necessidade de

corresponder as necessidades de um perfil cada vez mais exigente faz com que as empresas

sejam cada vez mais obrigadas a se modernizarem. Tal modernização passa por dois fatores

essenciais: o aumento da eficiência de seus processos e um melhor monitoramento e controle

dos procedimentos operacionais e gerenciais da obra. O uso de um sistema de indicadores

para o controle desses processos e procedimentos surge então para atender a essas

condições impostas pelo mercado. Essa pesquisa tem o objetivo de identificar os principais

indicadores utilizados pelas empresas para monitorar o desempenho de suas obras e verificar

a eficiência dos mesmos dentro dos requisitos de qualidade dessas organizações. Como

metodologia de pesquisa, adotou-se o estudo de caso, através de entrevistas e conversas

com os colaboradores envolvidos no processo de geração de indicadores, bem como na

análise de documentos do sistema de gerenciamento da qualidade das empresas. Será

observado que a implementação dos uso de sistemas de indicadores nas empresas mostrou-

se vantajoso e eficiente no processo de gestão da obra, beneficiando a empresa e seus

colaboradores.

Palavras chave: Indicadores; Medição de Desempenho; Qualidade; Prazo; Custo;

vi

Abstract of graduation project submitted to Polytechnic / UFRJ as a part of the requirements

for the degree of Civil Engineer.

Study of the indicators used in construction of bui ldings for quality monitoring

Rodrigo Villa Nova Barbosa Panza

August / 2014

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

Currently, competition in the civil engineering market shows becoming larger and more

demanding. The increased competition between companies in the industry and the need to

meet the needs of an increasingly demanding profile makes companies are increasingly forced

to modernize. Such modernization involves two essential factors: increasing the efficiency of

its processes and better monitoring and control of operational and management procedures of

the work. The use of a system of indicators to control these processes and procedures then

arises to meet the conditions imposed by the market. This research aims to identify the key

indicators used by companies to monitor the performance of their work and check their

efficiency within the quality requirements of these organizations. As a research methodology,

we adopted the case study, through interviews and conversations with the employees involved

in the generation of process indicators, as well as document analysis of the management

system of quality businesses. It will be observed that the implementation of the use of indicator

systems in enterprises proved advantageous and efficient in the management of the

construction process, benefiting the company and its employees.

Keywords: Indicators; Performance Measurement; Quality; Period; Cost

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

1.1. RELEVÂNCIA DO TEMA .................................................................................................. 1

1.2. JUSTIFICATIVA PARA ESCOLHA DO TEMA ................................................................. 2

1.3. OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................................ 2

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................................................... 3

2. INDICADORES DA QUALIDADE - CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................... 4

2.1. A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO ............................. 4

2.2. CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO ................... 5

2.3. AS FUNÇÕES DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO ............................. 6

2.4. DEFINIÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO ................................................... 7

2.5. CLASSIFICAÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO ......................................... 8

2.6. INDICADORES DE DESEMPENHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................... 10

3. GESTÃO DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL: MEDIÇÃO E MONITORAMENTO.. 12

3.1. DEFINIÇÃO E HISTÓRICO DA GESTÃO DA QUALIDADE .......................................... 12

3.2. AS NORMAS ISO 9000 .................................................................................................. 13

3.3. A GESTÃO DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................... 17

3.4. MEDIÇÃO E MONITORAMENTO DE DESEMPENHO: OBJETIVOS, METAS E INDICADORES DA QUALIDADE ............................................................................................... 18

4. METODOLOGIAS PARA DEFINIÇÃO DE METAS E INDICADORES .................................. 20

4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS .......................................................................................... 20

4.2. ANÁLISE DE SISTEMAS GERENCIAIS ........................................................................ 20

4.3. SISTEMA SMART OU PIRÂMIDE DE DESEMPENHO ................................................. 22

4.4. MODELO QUANTUM DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO ............................................ 24

4.5. BALANCED SCORECARD ............................................................................................. 27

4.6. DISCUSSÃO SOBRE OS MODELOS ............................................................................ 30

4.7. O MÉTODO SEIS SIGMA ............................................................................................... 31

5. ESTUDO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE CASOS DE APLICAÇÃO DOS INDICADORES DA QUALIDADE ............................................................................................................................. 34

5.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS .......................................................................................... 34

5.2. DELINEAMENTO DO ESTUDO ..................................................................................... 34

5.3. ANÁLISE DE RESULTADOS ......................................................................................... 36

5.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO ESTUDO ..................................................................... 43

6. CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 46

ANEXO I – QUESTIONÁRIO UTILIZADO NAS ENTREVISTAS .................................................. 51

ANEXO II – CÁLCULO DOS INDICADORES UTILIZADOS PELA EMPRESA A......................... 52

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo de Análise de Sistemas Gerenciais (SINK e TUTTLE, 1993 - Adaptado) .. 5

Figura 2 - O ciclo PDCA (ANDRADE, 2003) ........................................................................ 15

Figura 3 - Modelo de Sistema de Gestão da Qualidade, com analogia ao ciclo PDCA (ABNT,

2008 - Adaptado) ................................................................................................................. 16

Figura 4 - Modelo da Pirâmide de Desempenho (COSTA, 2003) ......................................... 23

Figura 5 - Modelo Quantum de Medição de Desempenho (HRONEC, 1994) ....................... 25

Figura 6 - Perpectivas do Balanced Scorecard (KAPLAN e NORTON, 1997) ...................... 27

Figura 7 - Relação entre as perspectivas do Balanced Scorecard (KAPLAN e NORTON,

1997) ................................................................................................................................... 29

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Relação entre rendimento e nível sigma (FINAMORE, 2008) ..................................... 32

Tabela 2 - Principais Indicadores de Prazo Utilizados nas Empresas Estudadas (Fonte: Análise

de documentos do SGQ das empresas entrevistadas; TODESCO e BOGONI, 2011) ................ 37

Tabela 3 - Principais Indicadores de Custo Utilizados nas Empresas Estudadas (Fonte: Análise

de documentos do SGQ das empresas entrevistadas; TODESCO e BOGONI, 2011) ................ 38

Tabela 4 - Principais Indicadores de Qualidade Utilizados nas Empresas Estudadas (Fonte:

Análise de documentos do SGQ das empresas entrevistadas; TODESCO e BOGONI, 2011) ... 39

Tabela 5 - Principais Indicadores de Meio Ambiente Utilizados nas Empresas Estudadas (Fonte:

Análise de documentos do SGQ das empresas entrevistadas) .................................................... 40

Tabela 6 - Principais Indicadores de Saúde e Segurança do Trabalho Utilizados nas Empresas

Estudadas (Fonte: Análise de documentos do SGQ das empresas entrevistadas) ..................... 41

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. RELEVÂNCIA DO TEMA

A concorrência cada vez mais acirrada no mercado da construção civil tem feito as

empresas intensificarem a busca por processos mais eficientes e por procedimentos que

integrem a boa qualidade do serviço oferecido com diminuições de custo e prazo.

O desenvolvimento dos conceitos de Sistemas de Gestão da Qualidade,

principalmente pela indústria automobilística (mas posteriormente expandida para outros

setores econômicos, entre eles o da construção civil), fomentado pela globalização da

economia, pela escassez de recursos e pela maior exigência por parte do cliente final quanto

à qualidade do produto foi o responsável por tal demanda (LANTELME, 1994).

Na indústria da construção civil brasileira, o surgimento do Programa Brasileiro de

Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-h) teve vital importância no sentido de organizar

as construtoras em busca de melhorar a qualidade do habitat e modernizar a produção através

da avaliação da conformidade de processos, procedimentos, materiais, tecnologias, entre

outros (BASÍLIO, 2010).

O sistema de certificação do PBQP-h é fortemente baseado na Norma ISO 9001, que

estabelece que uma organização deve medir e monitorar informações sobre seus produtos e

a avaliação dos seus clientes quanto aos mesmos, além de comprovar a qualidade de seus

processos no Sistema de Gestão da Qualidade da empresa de atingir os resultados

desejados, podendo isso ser feito através de medições e auditorias internas (COSTA, 2003;

LIMA, 2005).

Dessa maneira, as empresas tem identificado a medição de desempenho através de

indicadores de qualidade como a principal ferramenta de controle e monitoramento dos

empreendimentos executados (TODESCO e BOGONI, 2011). Tal ferramenta é de vital

importância para que as empresas tenham uma gestão eficaz no cenário em que estão

inseridas (HOLANDA, 2007).

A medição de desempenho é um tema que vem sendo estudado nos meios acadêmico

e empresarial e é elemento essencial para o gerenciamento das empresas, pois fornece

informações que auxiliam no planejamento e controle dos procedimentos gerenciais, bem

como no traçado de objetivos e metas estratégicas (HOLANDA, 2007).

No passado, as empresas tomavam decisões com base apenas em dados financeiros,

provenientes apenas dos setores de contabilidade da empresa (MIRANDA et al, 1999). Hoje,

porém, é sabido que é necessário incorporar nesse modelo de indicadores puramente

financeiros outros indicadores que sejam capazes de medir o nível de conformidade do

produto final, o nível de satisfação dos clientes, entre outros (KAPLAN e NORTON, 1997).

2

1.2. JUSTIFICATIVA PARA ESCOLHA DO TEMA

Os indicadores de desempenho vêm sendo estudados por diversos autores em

diversos segmentos da indústria, pois fornecem informações vitais para o controle de

processos e monitoramento de metas e objetivos. Entretanto, é possível notar que diversas

empresas, inclusive no ramo de construção civil não possuem sistemas de medição eficientes,

muitas vezes por não saber o que e como medir (TODESCO e BOGONI, 2011). Além disso,

muitas vezes os processos de medição não são alinhados com o processo de negócio, que

modo que não refletem os objetivos estratégicos e caminhos críticos da empresa, não sendo

possível seu total aproveitamento nos processos gerenciais de organização (COSTA, 2003).

Muitas empresas utilizam sistemas de medições que indicam apenas resultados de

ações já realizadas, não focando a visão estratégica e não conseguindo obter informações

que permitam maior flexibilidade de resposta e flexibilidade na resolução de problemas, de

modo que se consegue apenas minimizar desvios, mas não buscar processos de melhoria

contínua (NEELY, 1999).

1.3. OBJETIVOS DA PESQUISA

A partir do que foi apresentado no tópico anterior, foi definido que o objetivo dessa

pesquisa é identificar os principais indicadores de desempen ho utilizado pelas

construtoras para o monitoramento da qualidade de s eus empreendimentos e buscar

analisar a eficiência dos mesmos dentro dos Sistema s de Gestão da Qualidade das

mesmas .

Essa pesquisa tem como objetivos específicos:

• Verificar as características das empresas estudadas quanto ao uso de indicadores

de desempenho para monitoramento de suas obras e processos

• Identificar os principais indicadores utilizados para monitoramento da qualidade

dessas empresas

• Verificar a eficiência dos indicadores para os objetivos e metas gerenciais das

empresas

3

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO

Esse trabalho apresenta a seguinte estrutura:

O presente capítulo apresenta a contextualização, a justificativa, os objetivos e as

delimitações da pesquisa.

O segundo capítulo apresenta uma revisão bibliográfica sobre a medição e os

indicadores de desempenho, mostrando suas características, funções, definições e

classificações, bem como seu posicionamento dentro do mercado da construção civil.

O terceiro capítulo trata da importância do sistema de gestão da qualidade através de

processos de medição e monitoramento na construção civil, definindo importantes conceitos

como objetivos e metas.

O quarto capítulo demonstra as principais metodologias utilizadas para a definição de

metas e indicadores, apresentando um comparativo entre os métodos.

O quinto capítulo mostra, a partir de um estudo, os principais indicadores utilizados

pelas empresas de construção civil, bem como sua eficiência dentro dos Sistemas de Gestão

da Qualidade das mesmas.

Por fim, o sexto capítulo apresenta as considerações finais e as recomendações para

trabalhos futuros.

4

2. INDICADORES DA QUALIDADE - CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1. A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO

Diversas mudanças foram observadas nos sistemas de medição de desempenho das

empresas nos últimos anos (COSTA, 2003). Os primeiros procedimentos de medição foram

desenvolvidos pela Dupont e pela GM ainda no início do século 20 (NEELY, 1999). Até o final

dos anos 80, as medições eram feitas utilizando-se apenas dados financeiros, buscando

medir a produtividade física, tendo como motivo a predominância de pensamentos fordista e

taylorista de padronização em massa e eficiência. (BONNELLI et al, 1994).

Esse tipo de medição, considerando apenas dados contábeis, não possibilita a

avaliação do grau de competitividade da empresa no atual contexto de mercado (JOHNSON,

1990). Além disso, os dados são de alto custo para obtenção, difíceis de quantificação e rápida

desatualização (GHALAYINI et al, 1997). Para atender a nova demanda do cliente final, tais

indicadores não são adequados (COSTA, 2003).

A partir do momento em que houve uma mudança na mentalidade gerencial das

empresas face ao crescimento da produtividade no mercado, começou-se a se buscar novas

formas de se medir o desempenho dos processos produtivos. Essa mudança começou a ser

observada nos anos 50 pelas empresas que adotaram o Toyotismo, frente a necessidade de

se introduzir filosofias de gestão e produção com metas de redução de estoque, flexibilidade

e melhor atendimento aos requisitos do cliente final, como a Gestão da Qualidade Total e o

Just In Time (COSTA, 2003).

Devido ao aumento da competitividade, as empresas começaram a não mais se

basear na competição financeira, mas sim no estabelecimento do estratégias de diferenciação

e flexibilidade, que influenciou nos sistemas de medição de desempenho ao ser necessário

introduzir medidas quantitativas e qualitativas nas avaliações de desempenho dos

procedimentos (NEELY, 1995).

Além disso, outros fatores atribuídos ao aumento da competição e ao desenvolvimento

dos indicadores são a explosão tecnológica, a equalização de recursos e a introdução de

novos valores sociais na empresa (COSTA, 2003).

Por volta da década de 80, portanto, começaram a surgir estudos para o

desenvolvimento de um sistema de medição de desempenho atribuída a indicadores

financeiros e não-financeiros, possibilitando as empresas de fazerem inclusive previsões e

tendências (KAPLAN e NORTON, 1992; apud COSTA, 2003), estudos esses conduzidos por

estudiosos das áreas de gestão de negócios e finanças ou por empresas visando melhorar

seu projeto de medição (NEELY, 1999).

5

2.2. CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO

O processo de medição de desempenho consiste em definir o que deve ser medido e

recolher dados que passam por um criterioso processo de avaliação de desempenho,

processo esse onde os dados são comparados com padrões, especificações, requisitos e

valores pré-definidos para a verificação do atendimento às necessidades e expectativas do

cliente e dos processos (COSTA, 2003).

Dessa forma, os processos e o sistema organizacional são testados quanto a sua

capacidade de organização e aos seus níveis de desempenho esperados, além de serem

identificadas as necessidades de feedback e maior alocação de recursos (SINK e TUTTLE,

1993).

Alguns autores já destacaram anteriormente a necessidade de integração da melhoria

contínua, bem como do dinamismo dos sistemas de medição, para permitir revisões

sistemáticas de áreas críticas, decisões e resultados. Além disso, as medidas devem ser

selecionadas para fornecer informações preventivas para as estratégias a serem adotadas,

ao invés de focar em resultados passados (GHALAYINI et al, 1997).

Um modelo de sistema de medição proposto por alguns autores denominado Análise

de Sistemas Gerenciais está apresentado na Figura 1 e mostra claramente a necessidade

que existe de transformar dados em informações que serão utilizados na retroalimentação

dos processos (SINK e TUTTLE, 1993).

Figura 1 - Modelo de Análise de Sistemas Gerenciais (SINK e TUTTLE, 1993 - Adaptado)

6

O modelo é dividido em cinco etapas, definidas a seguir (NAVARRO, 2005):

a) Definição do sistema alvo, que consiste em compreender o sistema ou processo que

está sendo analisado, buscando compreendê-lo da maneira mais ampla possível,

analisando-se objetivos a curto, médio e longo prazo, problemas internos, atividades

e fins envolvidos e níveis atuais de desempenho;

b) Análise do sistema de medição utilizado, identificando meios de melhorar o sistema

organizacional;

c) Determinação do que deve ser medido, identificando as necessidades de informação

(indicadores) de cada unidade do sistema;

d) Determinação dos requisitos de dados, para criação de indicadores identificado na

etapa anterior, devendo existir preocupação com o acesso, a disponibilidade, a

qualidade e a confiabilidade dos dados;

e) Transformação dos dados em informações, utilizando ferramentas e métodos

adequados.

2.3. AS FUNÇÕES DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO

A medição de desempenho pode exercer muitos papéis no processo gerencial (SINK

e TUTTLE, 1993). Ela tem como produto final o indicador, que é uma medida de visibilidade

que demonstra o desempenho de uma empresa diante da medição de uma característica

específica, indicando pontos fortes e fracos e permitindo a organização de estabelecer

prioridades e programas de melhorias, indicando setores onde possíveis intervenções são

mais importantes (COSTA, 2003).

A medição como controle de processos é largamente utilizada para previsão,

estimativa e solução de problemas, controlando a variação através de pré-estabelecidos

(SINK e TUTTLE, 1993; apud NUINTIN, 2007).

A medição de desempenho também auxilia a orientar melhorias, indicando onde

atenção e recursos devem ser concentrados e verificando o impacto de estratégias sobre o

desempenho de processos e da organização (COSTA, 2003).

Os indicadores, portanto, passam a ter um papel fundamental no processo. Sempre

que uma melhoria estiver sendo implantada, é essencial que indicadores de desempenho

associadas a essa melhoria sejam monitorados e divulgados (SINK e TUTTLE, 1993).

A medição de desempenho pode auxiliar também na implantação de novas

estratégias, direcionando os responsáveis pelas mesmas a refletir sobre as relações de causa

e efeito e de custo-benefício (SCHIEMANN e LINGLE, 1999).

7

Para a construção de um sistema de desempenho, é necessário aumentar a

participação das pessoas quanto ao entendimento e uso das informações, alinhando

estratégias e comportamentos (SCHIEMANN e LINGLE, 1999) e atuando como facilitador da

comunicação e da aprendizagem organizacional (LANTELME, 1999).

Os sistemas de medição vem ampliando cada vez mais seu papel dentro das

organizações e incorporando-se ao gerenciamento dos negócios (COSTA, 2003).

2.4. DEFINIÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO

Diversos autores contribuíram para definir o que são os indicadores de qualidade.

Os indicadores são uma informação estruturada que avalia componentes importantes

de serviços, produtos, métodos ou processos de produção, buscando continuamente a

aperfeiçoar operações e processos (PALADINI et al., 2005).

Tais ações só são possíveis pois os indicadores são uma forma de medir uma situação

atual contra outras previamente estabelecidas, possibilitando assim o planejamento e

organização de estratégias e tomadas de decisão (NUINTIN, 2007).

Os indicadores ainda devem ser considerados parte integrante do processo de

planejamento e controle, fornecendo meios de avaliar dados a serem utilizados como

informação estratégica na definição de ações a serem adotadas na empresa (NEELY, 1999;

SINK e TUTTLE, 1993).

Os indicadores são elaborados de maneira definida, seguindo uma composição lógica

bem estruturada (PALADINI et al, 2005).

De maneira geral, os indicadores devem possuir as seguintes características

essenciais e básicas (PALADINI et al, 2005):

a) Todo indicador é definido em bases quantitativas, fazendo dele portanto um

mecanismo mensurável;

b) Todo indicador avalia o impacto do produto final sobre o consumidor, seja de forma

direta (número de vendas, satisfação do cliente) ou indireta (melhorias no processo

produtivo que influenciam nas estratégias de venda da empresa, por exemplo);

c) Todo indicador deve expressar a avaliação feita de forma simples;

d) Todo indicador deve expressar uma avaliação direta;

e) Todo indicador deve expressar uma avaliação atual;

f) Todo indicador deve ser compreendido por todos;

g) Todo indicador deve estar adequação à situação, ao contexto e à organização onde

está sendo usado;

h) Todo indicador deve ser representativo;

8

i) Todo indicador deve utilizar informações já disponíveis na avaliação da qualidade;

j) Todo indicador deve ser representado por dispositivo de rápida visualização e

compreensão;

k) Todo indicador deve priorizar o processo que o gerou, mesmo que avalie produtos ou

parte deles

2.5. CLASSIFICAÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO

Assim como sua definição, diversas classificações foram atribuídas por alguns

estudiosos aos indicadores de desempenho, de acordo com suas finalidade e características.

Lantelme (1994), classificou os indicadores em dois grupos distintos, assim definidos:

a) Indicadores de desempenho específicos: fornecem informações para o gerenciamento

dos processos individuais estratégicos da empresa, o que possibilita seu uso para

planejamento, controle e melhoria contínua dos procedimentos que a empresa adota

(LANTELME, 1994);

b) Indicadores de desempenho globais: fornecem informações sobre a empresa em

relação ao meio ao qual esta se insere, possuindo assim caráter mais agregado e

homogêneo, permitindo assim a comparação, podendo ser setoriais ou voltados a toda

empresa (LANTELME, 1994).

A autora também classifica os indicadores por sua eficácia ou eficiência. Eficácia se

refere ao atendimento dos requisitos do cliente, enquanto eficiência é uma medida do uso dos

recursos para que se atinjam os requisitos do cliente (NEELY et al, 1996; apud COSTA, 2003).

Lantelme (1994) então classifica os indicadores como a seguir, destacando que não existem

diferenças rígidas entre elas:

a) Indicadores de qualidade: medem a eficácia em se atingir os requisitos do cliente

(LANTELME, 1994);

b) Indicadores de produtividade: medem a eficiência do projeto em se obter os resultados

esperados (LANTELME, 1994).

Porém, os indicadores de qualidade e produtividade devem estar integrados na gestão

da obra, pois o conceito de qualidade deve englobar a melhoria da produtividade (SUKSTER,

2005).

9

Por isso, Lantelme (2001) volta a definir nova classificação em trabalho posterior,

buscando integrar os indicadores aos gerenciadores dos seus processos, determinada como:

a) Indicadores de produto: avaliam se as características do produto atendem aos

requisitos estabelecidos pelo cliente (LANTELME, 2001; apud TODESCO e BOGONI,

2011);

b) Indicadores de processo: avaliam se as características do processo atendem aos

requisitos do cliente (LANTELME, 2001; apud TODESCO e BOGONI, 2011).

Kaplan e Norton (1997), por sua vez, classificaram os indicadores em:

a) Indicadores de resultado: indicam se os objetivos maiores das estratégias das

empresas e as iniciativas de curto prazo estão atendendo os resultados esperados

(KAPLAN e NORTON, 1997);

b) Vetores de desempenho: fornecem para a empresa informações sobre previsões e

tendências e geralmente são setorizados, específicos para cada unidade de negócio

(KAPLAN e NORTON, 1997).

Oliveira et al. (1995) definiram os indicadores como:

a) Indicadores estratégicos ou gerenciais: acompanham e impulsionam a implantação de

novas estratégias nas empresas (OLIVEIRA et al., 1995);

b) Indicadores operacionais: são função das tarefas e objetivos dentro de cada

procedimento, devendo ser coerentes com as estratégias adotadas (e,

consequentemente, com os indicadores estratégicos) (OLIVEIRA et al., 1995).

Observa-se, portanto, que as várias classificações desenvolvidas têm como proposta

oferecer as melhores informações para o usuário, na medida que existem diferentes ângulos

de visão para cada medida (COSTA, 2003). A autora então define um novo sistema de

classificação por indicadores específicos, de modo que se possa analisar as empresas como

um todo, mas existindo a possibilidade de os indicadores serem utilizados para comparações

internas e externas. A classificação determinada foi:

a) Indicadores estratégicos e operacionais: vinculados às estratégias das empresas

(COSTA, 2003);

b) Indicadores de processo e produto: vinculados a avaliação do produto final e dos

processos que o geraram (COSTA, 2003);

10

c) Indicadores principais e secundários: vinculados a avaliação dos próprios indicadores

em relação à sua importância aos processos gerenciais, podem ser caminhos críticos

(principais) ou processos de apoio (secundários) (COSTA, 2003).

2.6. INDICADORES DE DESEMPENHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Estudos indicaram que o processo de implantação de medição de desempeno

utilizando sistemas de indicadores de qualidade em construtoras enfrentou dificuldades,

apontadas a seguir (LANTELME et al., 2001):

a) Falta de conhecimento e experiência de profissionais do setor para coleta,

processamento e avaliação de dados;

b) Falta de estratégias para auxílio na seleção de medidas e escolha de indicadores;

c) Tempo em excesso entre a coleta de dados e a disponibilidade de informação para o

processo de tomada de decisões, tornando os dados menos confiáveis;

d) Dificuldade de incorporação das atividades de medição em seus processos e

procedimentos, devido à falta de recurso humano e de tempo e a deficiências no

acesso aos dados;

e) Falta de estrutura para introdução dos indicadores, devido ao ônus representado pela

atividade de coleta aos funcionários da empresa;

f) Necessidade de resultados a curto prazo, contrastando com o tempo necessário para

que um sistema de medição requer para que se percebam os resultados, incorrendo

assim na interrupção do processo de medição;

g) Acomodação por parte da alta direção das empresas quando se constata que seus

indicadores são mais satisfatórios que a média do mercado, não propiciando assim o

desenvolvimento de processos de melhoria contínua.

Existem, portanto, barreiras estruturais e comportamentais na implantação de

sistemas de medição de desempenho, representadas pela forma de execução e pelo

comportamento e atitudes dos gerentes das organizações, que impõe barreiras à coleta de

dados e à utilização dos mesmos no processo de tomada de decisões (LANTELME et al.,

2001).

Alguns estudos indicam que determinados setores das empresas de construção civil

são essenciais para a análise e elaboração dos indicadores como Projetos, Suprimentos,

Assistência Técnica, Planejamento e Vendas, Produção, Recursos Humanos e Administração

(HOLANDA, 2007).

11

Observou-se também que os indicadores devem, em sua essência, serem capazes de

medirem o desempenho das etapas de projetos, quantificar e caracterizar desvios, medir a

satisfação do cliente quanto ao produto final, medir o desperdício gerado pelas atividades do

setor, entre outros (HOLANDA, 2007).

12

3. GESTÃO DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL: MEDIÇÃO E

MONITORAMENTO

3.1. DEFINIÇÃO E HISTÓRICO DA GESTÃO DA QUALIDADE

Diversos autores contribuíram para a definição do conceito de qualidade.

Para uns, qualidade é a composição total de características de marketing, engenharia,

produção e manutenção de um produto ou serviço para a total satisfação das expectativas do

cliente (FEIGENBAUM, 1986).

Alguns autores, por sua vez, definem qualidade a partir das características do produto

e a ausência de defeitos nos mesmos (JURAN, 1992), enquanto outros, por sua vez,

destacam a subjetividade da definição e definem qualidade como o nível de satisfação do

consumidor com o produto (CAMPOS, 1999).

Outros autores identificam a definição de qualidade através de suas dimensões, sendo

algumas mensuráveis e outras preferências pessoas do consumidor. Essas dimensões

podem ser identificadas como desempenho, características, confiabilidade, conformidade,

durabilidade, atendimento, estética e qualidade percebida (GARVIN, 1992).

A NBR ISO 9000:2005 (ABNT, 2005) define qualidade como o grau no qual um

conjunto de caraterísticas inerentes satisfaz a requisitos.

O controle de qualidade surgiu com o advento da produção em massa, porém este

limitava-se apenas à inspeção e a atividades como contagem e reparos (GARVIN, 1992).

A partir da década de 50, a qualidade passou a ser uma disciplina com implicações

mais abrangentes para o gerenciamento de processos, alcançando da etapa de projetos até

a utilização do cliente final e passou a envolver todos os setores da empresa (GARVIN, 1992).

Nessa época, buscou-se atingir a qualidade através de medidas como a quantificação dos

custos da qualidade, o controle total da qualidade, a engenharia de confiabilidade e a ausência

de defeitos (filosofia do “zero defeito”) (SUKSTER, 2005).

O início dos anos 60, porém, marca a entrada no mercado do conceito japonês de

gestão da qualidade. Diferentemente do modelo ocidental, o estudo das estratégias de

qualidade é voltado ao cliente ao invés de ao produto e é baseado em estratégias como o

treinamento, a participação de todos os colaboradores da empresa, a liderança e

envolvimento da alta direção da empresa e a melhoria contínua (PICCHI, 1993). A abordagem

japonesa, por ser mais ampla que suas antecessoras, ganhou cada vez mais adeptos, por

estar mais ligada à lucratividade e às estratégias empresariais e mais atenta às necessidade

do cliente e à melhoria contínua (GARVIN, 1993).

13

Atualmente verifica-se a chamada gestão estratégica da qualidade, baseada em

alguns pontos principais, como o foco total na expectativa do cliente e a necessidade de se

sobrepor a concorrência no que diz respeito à satisfação oferecida pelos produtos.

3.2. AS NORMAS ISO 9000

3.2.1. ASPECTOS GERAIS

A ISO (International Organization for Standardization) é uma organização criada no

final da década de 40 com o intuito de coordenar e unificar as normais industriais

internacionais (SUKSTER, 2005).

Em 1987, a ISO aprovou e publicou a série ISO 9000, que trata de sistemas de gestão

utilizados pelas empresas para projetar, produzir e fornecer produtos. As normas pertencentes

a essa série fornecem orientações sobre gestão da qualidade e dão suporte para os sistemas

de gestão das empresas (SUKSTER, 2005).

Conforme previsto na NBR ISO 9001:2008, as normas da família NBR ISO 9000 foram

desenvolvidas para apoiar organizações de todos os tipos e tamanhos na implementação e

operação de sistemas de gestão da qualidade eficazes e são constituídas por:

a) NBR ISO 9000: descreve os fundamentos de um sistema de gestão da qualidade e

estabelece a terminologia para esses sistemas (ABNT, 2005);

b) NBR ISO 9001: especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade onde

uma organização precisa demonstrar sua capacidade para fornecer produtos que

atendam aos requisitos do cliente e os requisitos regulamentares aplicáveis e objetiva

aumentar a satisfação do cliente (ABNT, 2008);

c) NBR ISO 9004: fornece as diretrizes que consideram a eficácia e a eficiência do

sistema de gestão da qualidade, tendo como objetivo melhorar o desempenho da

organização e a satisfação dos clientes e de outras partes interessadas (ABNT, 2010);

d) NBR ISO 19011: fornece diretrizes sobre auditoria de sistemas de gestão da qualidade

e gestão ambiental (ABNT, 2011).

Conforme a NBR ISO 9000:2005, para conduzir e operar com sucesso uma

organização, é necessário dirigi-la e controla-la de maneira transparente e sistemática. O

sucesso pode resultar da implementação e manutenção de um sistema de gestão concebido

para melhorar continuamente o desempenho, levando em consideração, ao mesmo tempo,

as necessidades de todas as partes interessadas. A gestão de uma organização inclui, entre

outras disciplinas de gestão, a gestão da qualidade (ABNT, 2005).

14

Oito princípios de gestão da qualidade foram identificados e considerados pela ISO

para compor os requisitos de norma de certificação de sistemas de qualidade e estão

identificados na NBR ISO 9001:2008 (ABNT, 2008):

a) Foco no cliente;

b) Liderança;

c) Envolvimento de pessoas;

d) Abordagem de processo;

e) Abordagem sistêmica para a gestão;

f) Melhoria contínua;

g) Abordagem factual para tomada de decisões;

h) Benefícios mútuos nas relações com fornecedores.

3.2.2. MELHORIA CONTÍNUA

O princípio da melhoria contínua citado no item anterior pode ser definido como um

processo de inovação focado e contínuo envolvendo toda a organização (BESSAN et al.,

1994). São observadas em muitas organizações atividades de "combate a incêndios", que

visam o restabelecimento do desempenho a um nível anterior caracterizado apenas por um

tipo de controle de processo em um nível reativo. Porém, as atividades de melhoramento não

se restringem apenas ao controle do processo, mas a ações que visam à criação organizada

de mudanças benéficas e a obtenção de níveis inéditos de desempenho, mais perto da

perfeição como jamais havia acontecido, sendo um sinônimo de inovação (GONZALEZ e

MARTINS, 2007).

A NBR ISO 9001:2008 explicita, em seu item 8.5.1, que uma organizações deve

continuamente melhorar a eficácia do sistema de gestão da qualidade por meio do uso da

política da qualidade e análise de dados, entre outros (ABNT, 2008).

Uma das principais ferramentas para a implementação e manutenção do princípio da

melhoria contínua é o ciclo PDCA. O PDCA foi desenvolvido na década de 30 como sendo

um ciclo de controle estatístico do processo que pode ser repetido continuamente e passou a

ser aplicado aos conceitos de gestão da qualidade na década de 50. O PDCA pode ser

definido como um instrumento de controle e melhoria de processos, um método de

gerenciamento para embutir qualidade ao produto final e para se atingir as metas atribuídas

ao sistema (ANDRADE, 2003).

O PDCA é a abreviação para as palavras, em seu idioma de origem, Plan, Do, Check

e Act (Planejar, Executar, Verificar e Atuar). É um ciclo dinâmico, pois ao se terminar um ciclo,

automaticamente se começa o próximo (ANDRADE, 2003).

15

Figura 2 - O ciclo PDCA (ANDRADE, 2003)

A NBR ISO 9001:2008 destaca o PDCA no seu item 0.2 como ferramenta para a

manutenção do modelo de gestão da qualidade e o alcance da melhoria contínua dos

processos, definindo para tal cada um dos módulos básicos do ciclo como a seguir (ABNT,

2008):

a) Plan: estabelecer os objetivos e processos necessários para gerar resultados de

acordo com requisitos do cliente e da política da empresa (ABNT, 2008);

b) Do: implementar os processos (ABNT, 2008);

c) Check: monitorar e medir processos e produtos em relação aos requisitos dos produtos

e relatar os resultados (ABNT, 2008);

d) Act: executar ações para promover continuamente a melhoria de desempenho do

processo (ABNT, 2008).

Um modelo de sistema gestão da qualidade é apresentado na norma e cada um dos

passos pode ser associado ao PDCA, conforme apresentado na figura 3. A “Responsabilidade

da Administração” está relacionada ao módulo Plan, pois é a alta gerência das empresas que

definem quais são os objetivos a serem alcançados e os processos necessários para tal. A

“Gestão de Recursos” e a “Realização do Produto” são análogos ao módulo Do, pois são os

processos sendo implementados. A “Medição, Análise e Melhoria” se refere ao módulo Check

e o ciclo é fechado com o processo de “Melhoria Contínua do SGQ” análogo ao módulo Act,

reiniciando o ciclo e provendo continuidade à gestão da qualidade (ANDRADE, 2003).

16

Figura 3 - Modelo de Sistema de Gestão da Qualidade, com analogia ao ciclo PDCA (ABNT, 2008 - Adaptado)

3.2.3. MEDIÇÃO E MONITORAMENTO

Outros aspectos importantes da norma NBR ISO 9001:2008 dizem respeito a medição

e monitoramento dos componentes do sistema de gestão.

A norma preconiza, no seu item 5.2, que é responsabilidade da direção da organização

focar o SGQ no cliente, assegurando que seus requisitos sejam determinados e atendidos

como forma de garantir a satisfação desse cliente, sejam esses requisitos declarados ou não

para o uso pretendido ao produto. Além disso, a empresa deve buscar monitorar a percepção

do cliente em relação ao atendimento aos seus requisitos, através de pesquisas de opinião,

reinvindicações de garantia, entre outros, e esse monitoramento é uma das medições de

desempenho a serem realizadas pelo sistema de gestão da qualidade dessa empresa (ABNT,

2008).

Além disso, de acordo com o item 5.4.1, é também responsabilidade da alta direção

da empresa assegurar que os objetivos da qualidade sejam estabelecidos nas funções e nos

níveis pertinentes para atender aos requisitos do produto.

Os itens 8.2.3 e 8.2.4, por sua vez, dizem respeito ao monitoramento e medição dos

processos e produtos. Em relação aos processos, a norma cita que a organização deve aplicar

métodos de monitorar e medir os processos do sistema de gestão da qualidade,

demonstrando a capacidade desses processos em alcançar os resultados planejados e

17

especificando as modificações e ações corretivas a serem tomadas quando os requisitos não

são atendidos. Sobre os produtos, a norma diz que a organização deve monitorar e medir as

características dos produtos para verificar o atendimento destes aos requisito do cliente. Um

produto não pode ser entregue ou liberado ao cliente desde que todas as providências

necessárias e planejadas sejam satisfeitas (ABNT, 2008).

Ainda em relação ao produto, a norma descreve em seu item 8.3 as ações que devem

ser tomadas em caso de produto não conforme. Além da identificação e controle para evitar

o uso não pretendido, deve ser estabelecido um procedimento documentado definindo as

responsabilidades e, quando aplicável, deve ser dado algum tratamento à não conformidade

do produto, tais como eliminação da não conformidade ou impedimento do uso para aplicação

original (ABNT, 2008).

3.3. A GESTÃO DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A construção civil possui algumas características próprias que dificultam a aplicação

de métodos e ferramentas de qualidade desenvolvidos para outros contextos, existindo

portanto uma necessidade de um cuidadoso processo de transposição de conceitos (SOUZA,

2004). Porém, grandes esforços estão sendo feitos no sentido de se desenvolver iniciativas

de melhoria da qualidade (SUKSTER, 2005).

Para que esse processo transcorra, algumas peculiaridades da construção civil,

apresentadas a seguir, devem ser inteiramente compreendidas (SOUZA, 2004).

a) Caráter nômade da construção;

b) Criação de produtos quase sempre únicos;

c) Baixa qualificação da mão de obra

d) Produção centralizada

e) Responsabilidades dispersas e pouco definidas.

Esses fatores evidenciam os principais problemas das empresas de construção civil

para a implementação de sistemas de gestão da qualidade. Por ser uma indústria ainda muito

conservadora, de uma maneira geral, é resistente a mudanças e possui características que

justificam seu atraso em relação à outras indústrias no que diz respeito a Qualidade (FARIA

e ARANTES, 2012).

Possui caráter artesanal, que fornece produtos únicos, com cada obra possuindo suas

próprias características, com produção centrada formada por mão de obra com baixo grau de

instrução, em condições muitas vezes inadequadas de trabalho, o que dificulta a motivação e

o comprometimento com metas de qualidade. Cada canteiro de obra resulta em um produto

18

individualizado, de forma contrária a uma linha de produção contínua (FARIA e ARANTES,

2012).

Por fim, a produção de uma obra é um processo segmentado, que envolve várias

etapas e agentes intervenientes, o que faz com que o desenvolvimento desse produto sob a

ótica da garantia da qualidade seja uma atividade de alto grau de complexidade, graças a

multiplicidade de interfaces e de interesses a serem conciliados (FARIA e ARANTES, 2012).

Em relação a ISO 9001, alguns aspectos desfavoráveis fazem com que o processo de

implantação seja dificultado. É possível destacar a falta de comprometimento da alta gerência

das empresas para a necessária mudança cultural a ser implementada, que veem a

certificação e o próprio processo de implantação de um sistema para gerenciamento da

qualidade como um fim e não como um meio para se alcançar melhores resultados. Outros

fatores indicados são a falta de mão de obra especializada para implantação de um SGQ, a

falta de clareza de como a certificação pode melhorar de forma global a gestão da empresa e

a dificuldade de implantação da certificação, por envolver certa burocracia e relação

custo/benefício não perceptível a curto prazo (SOUZA e TANABE, 2006).

Outro ponto a ser observado é a manutenção da certificação ISO 9001. O alto custo

para a manutenção do sistema pode ser destacada como o principal obstáculo, mas é possível

destacar também a demanda de tempo, de treinamentos e de registros para manter o sistema

funcionando. O não atendimento a esses fatores faz com que as empresas percam suas

certificações nas auditorias realizadas periodicamente para aferir a manutenção do sistema

de gestão implantado (COSTAL e MARTINS, 2011)

3.4. MEDIÇÃO E MONITORAMENTO DE DESEMPENHO: OBJETIVOS, METAS E

INDICADORES DA QUALIDADE

Dentro do contexto de medição e monitoramento de desempenho, é necessário definir,

diferenciar e correlacionar três importantes conceitos: objetivo, meta e indicador de qualidade.

Objetivos e metas podem ser definidos como alvos, resultados buscados através de

determinados processos. Os objetivos são caracterizados como um alvo qualitativo e

representam o acompanhamento a ser dado a evolução de um determinado processo, produto

ou negócio. Meta, por sua vez, é um alvo quantitativo, com a função de dar número e prazo

aos objetivos a serem alcançados. (NÓBREGA, 2012).

Indicadores, por sua vez, são formas de representação quantificáveis das

características de produtos e processos. São utilizados para controlar e melhorar o

desempenho e a qualidade dos produtos e processos da organização (TAKASHINA e

FLORES, 2005).

19

Assim, o indicador, além das definições já abordadas em itens anteriores, é o índice a

ser utilizado para indicar o número que vai compor a meta (NÓBREGA, 2012).

Os indicadores, portanto, devem estar alinhados e explicitar os objetivos estratégicos

da empresa, identificar processos críticos, estabelecer metas e analisar os dados coletados a

fim de apoiar ou abonar a tomada de decisões estratégicas (COSTA, 2005).

20

4. METODOLOGIAS PARA DEFINIÇÃO DE METAS E INDICADORES

4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Nos últimos anos, os acadêmicos vêm dando grande atenção para a importância da

seleção de um conjunto balanceado de medidas que leva em consideração tanto medidas

financeiras quanto outras ligadas à satisfação do cliente, à motivação, à aprendizagem

organizacional, à eficiência de processos internos, ao meio ambiente e aos fornecedores. A

seguir são apresentados os principais modelos, estruturas e abordagens encontrados para a

concepção, implementação e uso dos sistemas de indicadores de desempenho, tanto na

construção civil quanto no mercado em geral.

4.2. ANÁLISE DE SISTEMAS GERENCIAIS

Sink e Tuttle (1993) desenvolveram uma abordagem para o desenvolvimento de

medições vinculadas a um processo estruturado de melhoria do desempenho. Esta

metodologia constitui-se em um processo em cinco etapas baseado no modelo de Sistema

Gerencial proposto pelos autores, já mostrado anteriormente e que serve como base para

vários outros modelos (LANTELME, 1994; COSTA, 2003).

Segundo os autores, torna-se mais fácil implantar ou melhorar um sistema de medição

quando já existe na empresa uma orientação para melhoria, pois desta forma cria-se uma

motivação natural para a medição, a necessidade de "feedback" (LANTELME, 1994; COSTA,

2003).

Uma fase de preparação deve anteceder a criação ou melhoria de um sistema de

medição. Esta etapa inclui a formação da equipe que será envolvida no desenvolvimento do

sistema e a criação de um clima adequado para a medição (LANTELME, 1994; COSTA,

2003).

Como orientação básica, devem ser envolvidas no desenvolvimento do sistema de

medição todas as pessoas que serão afetadas ou irão usar as medidas, tais como gerentes e

funcionários diretamente responsáveis pelo processo que se quer medir, consultores em

medição e gerentes ligados a alta direção da empresa e, ainda, clientes internos ou externos.

Em outras palavras, além dos especialistas em medição deve-se envolver no

desenvolvimento dos sistema pessoas com bom conhecimento do processo a ser medido

(SINK e TUTTLE, 1993; apud COSTA, 2003).

É fundamental também criar uma cultura e um clima adequado para o sucesso ou

fracasso do sistema de medição, pois superar a resistência a medição e seu aspecto por

21

vezes ameaçador é algo que exige “paciência, persistência, conhecimentos e habilidade”

(SINK e TUTTLE, 1993; apud COSTA, 2003).

Desta forma, os autores salientam a importância de conscientização e educação

quanto aos conceitos, princípios e estratégias de medição (LANTELME, 1994; COSTA, 2003).

A primeira etapa do Modelo inclui definir e delimitar, de modo concreto, o sistema

organizacional (ou o processo) para o qual o sistema de medição será desenvolvido, que os

autores denominam sistema alvo (SINK e TUTTLE, 1993; apud LANTELME, 1994; apud

COSTA, 2003).

Sink e Tuttle (1993) apontam duas abordagens possíveis. Na primeira, parte-se da

empresa como um todo e em seguida trabalha-se de cima para baixo decompondo-a em

processos menores. Para que esta abordagem seja eficaz, implica ter pessoas na empresa

conscientes e treinadas nas técnicas de medição. A segunda abordagem, prioriza somente

alguns sistemas organizacionais (processos) dentro da empresa, por exemplo, aqueles que

têm maior necessidade de melhoria ou representam áreas com maior incidência de custos ou

apresentam melhor reação à implantação de medidas (SINK e TUTTLE, 1993; apud

LANTELME, 1994; apud COSTA, 2003).

Uma vez selecionado o sistema alvo, deve-se buscar melhor compreendê-lo,

analisando, por exemplo, as atividades desenvolvidas, os produtos e os insumos utilizados,

clientes e fornecedores, os objetivos a curto, médio e longo prazo e seus problemas internos

(SINK e TUTTLE, 1993; apud LANTELME, 1994; apud COSTA, 2003).

A segunda etapa concentra-se na identificação dos modos para melhorar o

desempenho da empresa ou do sistema organizacional que está sendo analisado. O fato

desta etapa estar incluída no desenvolvimento do sistema de medição justifica-se pela

preocupação dos autores com o desenvolvimento de medidas que auxiliem eficazmente a

melhoria do desempenho (SINK e TUTTLE, 1993; apud LANTELME, 1994; apud COSTA,

2003).

A terceira etapa concentra-se em determinar o que medir. Deve-se determinar que

critérios, medidas e indicadores devem ser acompanhados segundo as necessidades de

informação (SINK e TUTTLE, 1993; apud LANTELME, 1994; apud COSTA, 2003).

A quarta etapa requer a determinação dos dados que serão necessários para criar as

medidas ou indicadores identificados na etapa anterior. Esta é uma etapa extremamente difícil

do processo pois requer a preocupação com a acessibilidade, disponibilidade, qualidade e

confiabilidade dos dados. Nesta etapa devem ser identificadas as necessidades de dados,

fontes, procedimentos de coleta, métodos de armazenagem e recuperação dos dados e

mesmo a necessidade do desenvolvimento de novos procedimentos para coleta dos dados

(SINK e TUTTLE, 1993; apud LANTELME, 1994; apud COSTA, 2003).

22

A última etapa trata da transformação dos dados nas informações necessárias.

Consiste no exame de técnicas, ferramentas e métodos para a conversão dos dados em

informações. Nesta etapa deve-se considerar o armazenamento, processamento,

recuperação e representação da informação, determinando-se os procedimentos a adotar em

termos de quem vê as informações, em que formato, com que frequência, os "softwares" mais

adequados, a manutenção do banco de dados, entre outros (SINK e TUTTLE, 1993; apud

LANTELME, 1994; apud COSTA, 2003).

É importante considerar nesta etapa as necessidades de informação do usuário,

principalmente, para se determinar a forma de representação e frequência de relatórios. Este

modelo enfatiza a ideia de vinculação das medições ao processo de melhoria de desempenho

e discute diversas questões a se considerar para as etapas de coleta, processamento e

avaliação dos dados (SINK e TUTTLE, 1993; apud COSTA, 2003).

4.3. SISTEMA SMART OU PIRÂMIDE DE DESEMPENHO

Cross e Lynch (1995) propuseram o Sistema SMART (Strategic Measurement and

Reporting Technique), desenvolvido pelos Laboratórios Wang, devido à insatisfação dessa

organização com as medidas tradicionais. Posteriormente, o sistema foi revisado e

denominado de Pirâmide de Desempenho (Performance Pyramid) (LYNCH e CROSS, 1995;

apud COSTA, 2003).

O sistema está focado na estratégia geral da empresa, sendo orientado ao cliente

externo. Os conceitos adotados na construção do sistema foram adaptados da engenharia

industrial, principalmente da filosofia da Gestão da Qualidade Total. A pirâmide de

desempenho representa a empresa em quatro diferentes níveis e fornece uma estrutura de

comunicação em duas direções: da alta gerência para o nível operacional e vice-versa

(COSTA, 2003).

23

Figura 4 - Modelo da Pirâmide de Desempenho (COSTA, 2003)

No nível superior está localizada a visão do negócio, que é articulada pela direção da

empresa. No segundo nível, localizam-se os objetivos para cada unidade de negócio, que são

definidos em termos de marketing e finanças. A partir da definição dos objetivos e metas, as

estratégias são formuladas, descrevendo como os mesmos deverão ser atingidos. No terceiro

nível, cada um dos processos essenciais que apoiam os negócios são definidos em termos

de satisfação do cliente, flexibilidade e produtividade. Na base da pirâmide, os objetivos são

convertidos em critérios operacionais específicos: qualidade, entrega, tempo de ciclo e perda

para cada um dos departamentos ou componentes do sistema de negócios da empresa. A

pirâmide também pode ser vista a partir de três perspectivas: clientes, direção e funcionários

(COSTA, 2003).

A pirâmide é usada como um sistema que descreve como os objetivos são

comunicados para as equipes e como as medidas podem ser disseminadas para os vários

níveis da organização (LYNCH e CROSS, 1995; apud COSTA, 2003).

Para Lynch e Cross (1995), a medição de desempenho é uma importante ferramenta

de gestão, que tem papel crítico no desenvolvimento de vantagem competitiva para a

empresa. O desenvolvimento desse sistema depende de alguns fatores, que esses autores

julgam como essenciais (LYNCH e CROSS, 1995; apud COSTA, 2003):

a) Compreensão da visão e dos objetivos estratégicos da organização e descrição de

mapas com os fluxos de trabalho e os processos chaves;

24

b) Criação e adoção da aprendizagem na organização, através de contínuas ações

relativas à revisão dos objetivos estratégicos, buscando chegar a um consenso para a

introdução de mudanças;

c) Foco em esforços no lado da pirâmide que é voltado ao mercado, através da

identificação contínua das necessidades dos clientes;

d) Interpretação das forças que dirigem a organização (satisfação do cliente, flexibilidade

ou produtividade), ao invés de priorizar atividades operacionais diárias;

e) Avaliação das operações diárias relativas aos critérios de qualidade, tempo de ciclo e

perdas simultaneamente.

Um dos pontos fortes do sistema de Pirâmide de Desempenho é a integração de

objetivos da organização com as medidas de desempenho voltadas ao nível operacional. Em

seus estudos, os autores destacam, também, a necessidade dos sistemas de medição serem

dinâmicos, buscando identificar medidas relevantes, que atuem pró-ativamente para

mudanças desse sistema. No entanto, o sistema Pirâmide de Desempenho não fornece

mecanismos para identificar esses indicadores chaves de desempenho, nem explicita como

integrar os conceitos de melhoria contínua (GHALAYINI et al.,1997).

4.4. MODELO QUANTUM DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO

O Modelo Quantum de Medição de Desempenho é “uma abordagem sistemática,

lógica, coerente e abrangente para desenvolvimento, implementação e utilização das medidas

de desempenho” (HRONEC, 1994; apud LIMA, 2005).

Esse modelo é constituído por quatro elementos distintos, os geradores, os

facilitadores, o processo e a melhoria contínua, definidos a seguir (LIMA, 2005):

a) Geradores: o gerador dos indicadores de desempenho é a estratégia, que deriva de

três fontes: liderança da empresa, os interessados (clientes internos e externos) e as

melhores práticas do ambiente (concorrência, regulamentação, disponibilidade de

recursos e de mercado, entre outros). Assim, se os indicadores forem desenvolvidos

corretamente, estarão induzindo a se alcançar a estratégia da empresa em diferentes

níveis e processos da organização (HRONEC, 1994; apud LIMA, 2005);

b) Facilitadores: representados pela comunicação, pelas recompensas, pelo treinamento

e pelo benchmarking. Ajudam a empresa a desenvolver, implementar e utilizar com

sucesso as medidas de desempenho, e devem ser utilizados em todo o Modelo

(HRONEC, 1994; apud LIMA, 2005);

25

c) Processo: refere-se aos processos críticos que a empresa deve focalizar para

conseguir entender e melhorar a organização. Isso também faz com que a

administração dê prioridade no desenvolvimento, instalação e utilização dos

indicadores de desempenho nas áreas críticas para a organização (HRONEC, 1994;

apud LIMA, 2005);

d) Melhoria contínua: está relacionada à contínua revisão e melhoria das medidas de

desempenho. Isso porque, frequentemente, é necessário que haja um ajuste dessas

medidas por falta de compreensão das atividades-chave ou das próprias medidas

desenvolvidas para monitorar essas atividades. Além disso, o processo de melhoria

contínua, como pode ser visto na figura, retroalimenta a estratégia da empresa,

fazendo com ela seja alterada, caso necessário, e, consequentemente, que haja uma

alteração em todas as etapas do Modelo (HRONEC, 1994; apud LIMA, 2005).

Figura 5 - Modelo Quantum de Medição de Desempenho (HRONEC, 1994)

26

A base do Modelo é a estratégia da empresa que, como foi dito anteriormente, se

dissemina pela organização através dos indicadores de desempenho. Por sua vez, a

estratégia é gerada por três principais fontes: a liderança, os interessados e as melhores

práticas (HRONEC, 1994; apud LIMA, 2005).

Após essa etapa, os facilitadores (comunicação, treinamento, recompensa e

benchmarking) são aplicados para apoiar o processo de implementação das medidas de

desempenho, que deve ser acompanhado por mudanças na organização (HRONEC, 1994;

apud LIMA, 2005);

Em seguida são definidas as metas, que são os resultados do desempenho desejado

para o futuro e devem ser desenvolvidas interativamente, pela administração (partindo dos

objetivos e do processo de benchmarking) e pelo pessoal responsável pelos processos, que

precisam ser capazes de atingir os valores estipulados. O autor define desempenho quantum

como a meta global para uma empresa (LIMA, 2005).

A definição dos processos críticos auxilia na definição prioritária dos indicadores de

desempenho, isto é, para quais processos deve-se desenvolver, implementar e utilizar as

medidas de desempenho. A definição dos processos também ajuda na definição dos tipos de

metas a serem estabelecidas, fazendo com que as mesmas sirvam de sustentação às

estratégias da organização (LIMA, 2005).

Definidos os processos críticos da organização, é possível empregar as medidas de

desempenho de output, que monitoram o desempenho de um processo e são utilizadas para

controlar recursos. Essas medidas normalmente devem ser definidas para três dimensões:

qualidade, tempo e custo (LIMA, 2005).

A etapa seguinte é a identificação das atividades-chave dentro dos processos críticos

que, segundo o autor, é a etapa crucial para a integridade do processo ou de seu output. Para

sua identificação podem ser utilizadas ferramentas de gestão e planejamento, como diagrama

de afinidade, diagrama de inter-relacionamento, diagrama de árvore, entre outras (LIMA,

2005).

Por fim, é possível definir as medidas de desempenho do processo, que têm a

finalidade de controlar e monitorar as atividades-chave. Após a sua definição, passa-se para

a etapa de implementação de todos os indicadores de desempenho desenvolvidos durante o

processo. Fecha-se o Modelo com o processo de melhoria contínua, retroalimentando todo o

processo (LIMA, 2005).

Esse Modelo é uma importante contribuição para sistemas de medição de

desempenho. Entretanto, o Modelo Quantum de Medição de Desempenho é fácil de ser

verbalizado, porém difícil de ser implementado (HRONEC, 1994). Embora isso ocorra em

quase todos os modelos de sistemas de indicadores de desempenho, o Modelo Quantum

27

deixa bem claro quais os elementos que a empresa deve priorizar para conseguir obter o

desempenho desejado. Há uma grande preocupação com o foco no cliente, com o processo

de mudança e de melhoria contínua que deve haver na organização (LIMA, 2005).

4.5. BALANCED SCORECARD

O Balanced Scorecard (BSC) foi desenvolvido inicialmente por Kaplan e Norton e,

desde então, vem sendo frequentemente aplicado em diferentes organizações. É uma das

abordagens mais citadas na literatura. Seu foco consiste em traduzir a visão da organização

em possíveis ações concretas, através do estabelecimento de metas e indicadores de

desempenho (COSTA, 2003).

O sistema de medição do Balanced Scorecard deve apresentar um conjunto

balanceado de medidas financeiras e não financeiras, vinculadas a quatro perspectivas

importantes para o negócio da empresa: finanças, clientes, processos internos, aprendizagem

e crescimento (KAPLAN e NORTON, 1997; apud COSTA, 2003).

Figura 6 - Perspectivas do Balanced Scorecard (KAPLAN e NORTON, 1997)

A perspectiva financeira deve estabelecer os objetivos financeiros de longo prazo da

empresa e serve de foco para os objetivos e as medidas das outras perspectivas. Segundo

os autores, as estratégias e as iniciativas devem permitir que a unidade de negócio alcance

seus objetivos financeiros (KAPLAN e NORTON, 1997; apud COSTA, 2003).

A perspectiva dos clientes avalia a capacidade da empresa em prover produtos e

serviços que atendam a necessidade do cliente. O objetivo principal é a identificação dos

segmentos de clientes e do mercado em que a empresa deseja atuar. As medidas podem

28

estar associadas à participação de mercado, satisfação, fidelidade, retenção, captação e

lucratividade (KAPLAN e NORTON, 1997; apud COSTA, 2003).

A perspectiva dos processos internos identifica os processos internos críticos nos

quais a empresa deve alcançar a excelência. Os autores recomendam uma cadeia de valor

genérica para estes processos internos. A cadeia inicia com um processo de inovação através

da identificação das necessidades atuais e futuras dos clientes, desenvolvimento de novas

soluções para essas necessidades, seguidas dos processos de operação através da entrega

dos produtos e prestação de serviços aos clientes existentes, finalizando com o serviço pós-

venda ou pós-entrega (KAPLAN e NORTON, 1997; apud COSTA, 2003).

A perspectiva de aprendizagem e crescimento identifica a infraestrutura que a empresa

deve construir para gerar crescimento e melhoria no longo prazo. Nessa perspectiva

analisam-se a motivação e a capacitação dos recursos humanos, a qualidade dos sistemas

de informação, as tecnologias e as capacidade para mudança e inovação (COSTA, 2003).

Porém, muitos autores citam a necessidade do Balanced Scorecard indicar outras

perspectivas, como fornecedores, colaboradores e empreendimento. Alguns apontam que o

modelo é muito genérico e as perspectivas podem ser diferentes nos diversos ambientes de

negócios. Além disso, um grande número de organizações e em particular, a indústria da

construção, trabalha com grande número de colaboradores e fornecedores e, para essas

empresas, a perspectiva de “empreendimento” e “fornecedores” poderiam ser incorporadas.

Outros autores destacam também que o Balanced Scorecard não analisa as perspectivas de

outros intervenientes no processo como a cadeia de suprimentos e a comunidade (COSTA,

2003).

Não existe, porém, segundo os próprios autores, uma fórmula que determine o número

de perspectivas a serem incorporadas no modelo e as mesmas podem variar de acordo com

as circunstâncias do setor e da estratégia da unidade de negócios (KAPLAN e NORTON,

1997; apud COSTA, 2003).

Os autores enfatizam que o sistema de medição deve tornar explícitas as relações

entre objetivos e medidas nas várias perspectivas. Esses autores destacam que a cadeia de

causa e efeito pode ser criada como uma reta vertical que atravessa as quatro perspectivas

do modelo, partindo da perspectiva de aprendizagem e crescimento, passando pelos

processos internos, clientes até a perspectiva financeira. Os autores apontam que a

construção dessas relações de causa e efeito gera um raciocínio sistêmico dinâmico, que

permite aos intervenientes da organização a compreensão de como as diversas variantes dos

processos se encaixam (KAPLAN e NORTON, 1997; apud COSTA, 2003).

29

Figura 7 - Relação entre as perspectivas do Balanced Scorecard (KAPLAN e NORTON, 1997)

A organização, no entanto, é dinâmica, e por isso existem críticas quanto à

interdependência das perspectivas do Balanced Scorecard. Segundo alguns autores, a

interdependência existe quando a performance de uma atividade afeta os custos ou a

performance de outra. No caso do modelo, conforme pode ser observado na figura, a

perspectiva de aprendizagem e crescimento apenas direciona a perspectiva dos processos

internos que, por sua vez, direciona a perspectiva da satisfação dos clientes e, por último, a

perspectiva financeira. Porém, os objetivos das perspectivas podem influenciar uns aos

outros, não havendo, desse modo, rigidez no direcionamento das mesmas (NORREKLIT,

2000).

O Balanced Scorecard apresenta uma representação da dinâmica organizacional

através de um modelo linear das relações de causa-efeito. Contudo, sabe-se que uma

organização é um sistema complexo e dinâmico, sendo seus resultados não decorrentes de

uma sequência linear e simples de eventos, mas sim dos inter-relacionamentos contínuos e

simultâneos. A concepção dos mapas estratégicos do modelo, por ser estática e linear, é

incapaz de capturar os efeitos decorrentes do tempo, sendo portanto ineficaz para mostrar as

consequências dos objetivos estratégicos na organização ao longo do tempo (RICHMOND,

2001).

Apesar de algumas críticas, o modelo vem sendo adotado para viabilizar a gestão

organizacional como esclarecer e traduzir a visão e a estratégia da empresa, comunicar e

30

associar objetivos e medidas estratégicas, planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas

estratégicas, melhorar o feedback e o aprendizado estratégico, entre outros (KAPLAN e

NORTON, 1997; apud COSTA, 2003).

Uma das principais vantagens do BSC é o seu processo de construção, pois permite

às pessoas envolvidas entenderem a atual situação da organização e o que deve ser feito

para atingir os objetivos necessários para ser competitiva em longo prazo. Alguns

recomendam que o modelo seja usado como uma ferramenta adaptável a diferentes

situações, para que possibilite a discussão e a comunicação da visão e das estratégias à

organização (OLVE et al., 1999; apud COSTA, 2003).

Nesse sentido, a oportunidade da discussão e da comunicação da estratégia da

empresa, em diferentes funções, através de uma sistemática de reuniões é um dos principais

pontos positivos do Balanced Scorecard. Isso possibilita aos gerentes aprenderem e

revisarem suas estratégias, desenvolvendo, então, sistemas de controle mais eficazes. Como

consequência, este tipo de abordagem estabelece uma linguagem para discussão dentro da

organização, incentivando e facilitando o processo de aprendizagem organizacional (COSTA,

2003).

4.6. DISCUSSÃO SOBRE OS MODELOS

Pode-se observar em todos os modelos apresentados que os mesmos buscam suprir

a necessidade de medição de desempenho não só de caráter financeiro, mas também

direcionados a aspectos relacionados aos processos internos da empresa, à satisfação dos

clientes tanto internos quanto externos e à qualidade (LIMA, 2005).

Um outro ponto comum aos quatro modelos, é que eles abordam a estratégia da

empresa ou da unidade de negócio na etapa inicial, assim, a estratégia se torna ponto de

partida para a concepção de sistemas de medição de desempenho. Além disso, há uma

preocupação também, nos quatro modelos, de fornecer uma visão geral de toda a

organização e buscar a melhoria contínua dos processos (LIMA, 2005).

Apesar dos diversos estudos realizados, foi identificado que um dos problemas que

ainda persistem na medição de desempenho é como gerenciar a implantação dos sistemas

de indicadores (NEELY, 1999), e, também, como integrar as medidas e atualizar de forma

racional e sistemática os sistemas de indicadores das empresas de acordo com as mudanças

ocorridas no ambiente (GHALAYINI et al., 1997).

Embora sejam reconhecidos como bons exemplos de sistemas de medição de

desempenho, também apresentam falhas. Dos sistemas apresentados, os dois mais

criticados são o SMART e o Balanced Scorecard. Entretanto, essas críticas não desmerecem

os modelos, mas chamam a atenção para alguns pontos importantes (LIMA, 2005).

31

O ponto forte do SMART é a sua tentativa de integrar objetivos corporativos com

indicadores operacionais. Entretanto, esse sistema não fornece um mecanismo para

identificar indicadores-chave de desempenho e também não integra explicitamente o conceito

de melhoria contínua (GHALAYINI et al., 1997).

Quanto ao Balanced Scorecard, o ponto crucial é a ligação das medidas das quatro

perspectivas em uma cadeia causal que atravessa toda a empresa (NORREKLIT, 2000).

Entretanto, a autora afirma que, na realidade, a relação existente entre as quatro perspectivas

do modelo não é causal, como explicitado no modelo, mas é uma relação lógica.

Dessa forma, a satisfação do cliente, por exemplo, não necessariamente implica em

bons resultados financeiros. Uma cadeia de ações que produz um alto nível de valor para o

cliente a custos baixos, leva a bons resultados financeiros. Isso não é uma questão de

causalidade, mas de lógica, isso porque, de acordo com a autora, os modelos de contabilidade

são lógicos, tendo como finalidade de criar racionalidade financeira na organização. Eles são

baseados em argumentos lógicos e não em observações empíricas. Assim, a certeza dos

resultados financeiros não pode ser provada através de observações empíricas porque os

resultados financeiros só podem ser alcançados através de cálculos de contabilidade

(NORREKLIT, 2000).

Um dos principais benefícios do Balanced Scorecard, por sua vez, é a integração de

quatro importantes perspectivas de desempenho em um relatório gerencial simples e fácil de

entender, segundo alguns autores. Entretanto, os mesmos autores afirmam que a principal

falha deste modelo é que o mesmo foi concebido originalmente para fornecer uma visão global

de desempenho aos gerentes e pode não ser aplicável a um nível operacional (GHALAYINI

et al., 1997).

Com a descrição dos quatro modelos, é possível perceber que, diferentemente de

décadas atrás, quando pertenciam à área da contabilidade e eram utilizados principalmente

para controle financeiro, os indicadores assumem novos papéis não só no monitoramento e

controle de processos mas também como facilitador da comunicação e da aprendizagem

organizacional (LIMA, 2005).

4.7. O MÉTODO SEIS SIGMA

O método Seis Sigma, lançado formalmente por Jack Welch em 1996 com o objetivo

de promover processos de melhoria contínua na General Electric, não pode ser definido como

um modelo para a geração de um sistema de indicadores. Em suma, pode-se dizer que o Seis

Sigma é uma metodologia estruturada, baseada no incremento de qualidade dos processos,

levando em conta todos os aspectos relativos ao negócio, que permite o monitoramento das

32

atividades, minimizando os desperdícios, otimizando recursos, incrementando a lucratividade

e aumentando a satisfação dos clientes (OLIVEIRA, 2009).

A abordagem Seis Sigma está se consolidando no mundo dos negócios e

possibilitando grandes conquistas às empresas, um método que se concentra na diminuição

ou eliminação da incidência de erros, defeitos e falhas de um processo. Ela pode ser aplicada

na maioria dos setores da atividade econômica (FINAMORE, 2008).

O Seis Sigma pode atuar de várias formas, desde como meta para se atingir o “zero

defeito” (na verdade, o nível seis sigma implica em 3,4 defeitos por milhão, ou 99,99966% de

rendimento) até como medida de nível de qualidade (através da comparação da produtividade

dos processos através de um indicador de base única, o sigma) (OLIVEIRA, 2009).

Sigma (б) é uma letra do alfabeto grego e indica o estudo da variância de um processo.

Os processos estabelecidos são analisados e medidos de acordo om a qualidade das saídas

ou produto final, conforme a variância encontrada de um total mensurado. O processo é

classificado em um nível de Sigma específico indicando o estágio a qual o processo se

encontra e quanto está distante da perfeição, de acordo com uma curva gaussiana

(FINAMORE, 2008). A tabela 1 indica a distribuição de rendimentos em cada um dos níveis

sigma.

Tabela 1 - Relação entre rendimento e nível sigma (FINAMORE, 2008)

O Seis Sigma apresenta algumas peculiaridades, tais como (OLIVEIRA, 2009):

a) Integra diversas ferramentas para melhoria da qualidade;

b) Pode ser aplicado a qualquer setor dentro de uma organização;

c) Dá ênfase a aplicação do raciocínio estatístico;

d) Define uma estrutura interna à empresa que assegura a melhoria contínua e os

ganhos de produtividade;

e) Torna a filosofia da melhoria contínua das operações parte da cultura da empresa;

f) Exige um grande investimento inicial, mas pode acarretar em um ganho ainda

maior;

33

g) Exige o envolvimento da alta direção e o entendimento de todos os colaboradores

dentro da empresa.

4.7.1. O DMAIC

O DMAIC pode ser definido como uma forma estruturada de desenvolvimento de

projetos Seis Sigma e é composto de cinco fases:

a) Define (Definir): nesta fase, definem-se os objetivos da empresa, as necessidade

do cliente e as especificações dos processos, levando em conta todas as inter-

relações desses três fatores;

b) Measure (Medir): nessa fase, o processo é mapeado e cada etapa deve ser medida

com precisão, identificando pontos críticos;

c) Analyze (Analisar): nessa fase, os resultados obtidos na etapa anterior são

analisados e são identificados as necessidades para que os requisitos sejam

atendidos;

d) Improve (Melhorar): nesta fase, eliminam-se as principais fontes de variação;

e) Control (Controlar): nesta fase, monitora-se então o desempenho do processo, de

forma a assegurar os ganhos de qualidade e produtividade e identificar os desvios

ou novos problemas, que venham a exigir novas ações corretivas e padronizações

de procedimentos.

34

5. ESTUDO DE CASO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE CASOS DE APLICAÇÃO

DOS INDICADORES DA QUALIDADE

5.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

O estudo aqui apresentado tem como objetivo, conforme indicado no item 1.3 desse

trabalho, identificar os principais indicadores de qualidade utilizados pelas construtoras para

o monitoramento da qualidade de seus empreendimentos e buscar analisar a eficiência dos

mesmos dentro de seus Sistemas de Gestão da Qualidade.

Uma dificuldade encontrada nessa etapa da pesquisa foi o acesso a informações

importantes do Sistema de Gestão da Qualidade das empresas, em função de que as mesmas

têm preocupação em divulgar seus dados no mercado e assumem assim um tratamento

confidencial. Para o levantamento dos dados aqui apresentados, foram realizadas entrevistas

com coordenadores, engenheiros e estagiários de grandes empresas presentes no mercado,

bem como análise de documentos pertencentes ao SGQ dessas empresas e revisão

bibliográfica em trabalhos técnicos que contivessem estudos de caso específico.

A análise dos documentos e a revisão bibliográfica tiveram como objetivo a obtenção

dos indicadores de desempenho mais utilizados, enquanto as entrevistas com os

colaboradores das empresas visaram analisar a importância do uso dos indicadores dentro

do escopo da gestão da qualidade nas obras dessas organizações.

Em relação as entrevistas realizadas, foram entrevistadas doze profissionais, sendo

quatro estagiários e oito engenheiros civis e coordenadores de obra com atuação em duas

construtoras de grande porte (Empresas A e B). Todos os estagiários já possuíam pelo menos

um ano dentro das empresas e estavam plenamente envolvidos nos procedimentos e

operações para a medição dos indicadores. Todos os engenheiros possuíam pelo menos dois

anos dentro das empresas e a maioria formou-se dentro delas, iniciando como estagiários ou

técnicos e chegando as cargos de engenheiros e coordenadores. As entrevistas foram feitas

de forma presencial, a partir de um questionário previamente elaborado e apresentando no

Anexo I, o que não impediu que novos questionamentos surgissem durante a realização das

entrevistas.

Para os dados apresentados sobre a Empresa C, foi realizada revisão bibliográfica de

casos de aplicação de indicadores de qualidade.

5.2. DELINEAMENTO DO ESTUDO

Uma obra de edificação é um empreendimento que exerce influência sobre diversos

aspectos do ambiente em que se encontra. Somado a isso há o fato de que esses

35

empreendimentos demandam um aporte muito grande de capital, materiais e mão de obra,

que precisam ser controlados em todas as fases da produção.

Os gestores de um empreendimento desse tipo, assim sendo, devem ser capazes de

administrar e controlar seus diversos efeitos. Além disso, devem garantir a qualidade do

produto final entregue aos clientes e atender os objetivos da empresa. Para isso, ele deve ter

acesso a dados que ilustrem, de maneira quantitativa e qualitativa, como o empreendimento

está se desenvolvendo.

O estudo foi feito com três empresas, a partir de entrevistas com profissionais que

trabalham nessas organizações, revisão bibliográfica de trabalhos técnicos com estudos de

caso específicos e análises em documentos e planilhas pertencentes ao SGQ dessas

empresas, apresentadas a seguir.

5.2.1. EMPRESA A

A empresa A é uma das maiores incorporadoras da América Latina, presente em 16

estados do país, contando com aproximadamente 10000 colaboradores diretos e indiretos.

Possui dois segmentos econômicos, um voltado para construções de alto padrão e outro

voltado para empreendimentos de médio padrão. Possui ainda um setor específico para

desenvolvimento de novas tecnologias e gerenciamento do seu Sistema de Gestão da

Qualidade. Trabalha somente com fornecedores homologados por esse setor, de forma a

garantir a utilização de materiais e serviços dos melhores fabricantes do país

Dentro do escopo do setor de qualidade e desenvolvimento tecnológico citada

anteriormente, está a análise e processamento dos indicadores gerados nas obras. Esses

indicadores são gerados a partir de coletas de dados por parte de estagiários e engenheiros.

Os indicadores obtidos na análise dos documentos do SGQ da empresa A são mostrados

no item 5.3, bem como a análise da eficiência dos mesmos dentro do SGQ da empresa, a

partir do resultado das entrevistas com seus colaboradores.

O método de cálculo dos indicadores da empresa A encontra-se no Anexo II.

5.2.2. EMPRESA B

A empresa B é uma das construtoras mais lucrativas do mercado em 2013. Tem sede em

São Paulo e atua em mais de 40 cidades brasileiras. Assim como a empresa A, possui setor

próprio para acompanhamento e desenvolvimentos de tecnologias de qualidade e atua

basicamente em empreendimentos de alto padrão econômico. É uma das mais maiores

construtoras e incorporadoras do país. Os dados e aferições necessários para a obtenção dos

36

indicadores de qualidade gerados nas obras são coletados por estagiários e a construção dos

indicadores é feita pelos engenheiros do produção das obras.

Os indicadores obtidos na análise dos documentos do SGQ da empresa B são mostrados

no item 5.3, bem como a análise da eficiência dos mesmos dentro do SGQ da empresa, a

partir do resultado das entrevistas com seus colaboradores.

O autor dessa pesquisa não teve acesso ao método de cálculo dos indicadores utilizados

pela empresa B.

5.2.3. EMPRESA C

A empresa C tem sede em Minas Gerais, mas possui grande destaque a nível nacional.

Os dados aqui representados são frutos de trabalhos de outros pesquisadores (TODESCO e

BOGONI, 2011) e consideram a atuação da organização na região de Curitiba, local de

realização dos referidos trabalhos. A coleta dos dados para a geração dos indicadores, assim

como nas demais organizações, também é feita por estagiários.

Os indicadores utilizados pela empresa C, obtidos na revisão bibliográfica da pesquisa de

Todesco e Bogoni (2011), são apresentados no item 5.3.

Os autores da referida pesquisa não explicitaram o método de cálculo dos indicadores

obtidos.

5.3. ANÁLISE DE RESULTADOS

Após a realização de entrevistas com os profissionais envolvidos com os processos de

construção e obtenção de dados na organizações citadas, da análise de documentos

pertencentes ao SGQ dessas organizações e da revisão bibliográfica de trabalhos com

estudos específicos a esse respeito, observou-se que os indicadores mais utilizados são

aqueles que demonstram os avanços físicos e os controles de custo da obra, além de serem

os que são expostos com maior frequência aos demais colaboradores. Além disso, percebeu-

se que indicadores relacionados ao meio ambiente e a segurança do trabalho ainda são pouco

relevantes diante dos demais. É possível perceber também que, devido ao fato de realização

de serviços com eficiência e eficácia já ser inclusive um diferencial no mercado competitivo

que se encontra a engenharia atualmente, os indicadores referente a qualidade e atendimento

aos procedimentos também tem importância característica.

Os principais indicadores de prazo utilizados por cada empresa são demonstrados na

tabela 2.

37

INDICADORES DE PRAZO MAIS UTILIZADOS

EMPRESA INDICADOR

A

Andamento Físico e Caminho Crítico

Cumprimento de Programação Semanal

Índice de Contratações no Prazo (MO)

Índice de Compras no Prazo (MAT)

Índice de Entrega de Projetos

B

Ciclo de Concretagem

Efetivo da Equipe de Instalações

Avanço Físico

C Avanço Físico (unidades executadas)

Percentuais Concluídos (por atividade)

Tabela 2 - Principais Indicadores de Prazo Utilizados nas Empresas Estudadas (Fonte: Análise de documentos do SGQ das empresas A e B; Para a empresa C, TODESCO e

BOGONI, 2011)

Foi possível observar que as três empresas utilizam basicamente os mesmos indicadores.

As três avaliam o andamento físico da obra em relação ao que definem como meta em seus

cronogramas. Além do avanço físico geral, as empresas A e C medem o avanço físico

específico de cada um dos serviços executados no canteiro.

É possível perceber uma maior preocupação em relação a empresa A em medir em termos

de prazo os serviços relacionados a contratações de mão de obra e compras de materiais.

Em entrevistas e conversas com gerentes, coordenadores e engenheiros da empresa, é

possível notar que todos os esses colaboradores são capacitados a perceber e propagar para

outros colaboradores e clientes internos e externos que o sucesso ou fracasso de

cumprimento de prazo da obra passa pelo abastecimento do canteiro com os insumos

necessários para a execução dos serviços, bem como a mão de obra para executá-los.

Em relação ao custo, os principais indicadores utilizados pelas empresas são

apresentados na tabela 3.

38

INDICADORES DE CUSTO MAIS UTILIZADOS

EMPRESA INDICADOR

A

Índice de Desvio do Orçamento

Previsão Financeira

Índice de Perda (Concreto)

Índice de Perda (Aço)

Histograma de MO (Quantidade)

Histograma de MO (Custo)

B

Perda de Concreto

Espessura de Contrapiso

Espessura de Gesso Liso

Espessura de Emboço Externo

Consumo de Água e Energia Elétrica

Avanço Financeiro

C

Avanço Financeiro da Obra

Gasto com Horas Extras

Custo Efetivo por Unidade

Tabela 3 - Principais Indicadores de Custo Utilizados nas Empresas Estudadas (Fonte: Análise de documentos do SGQ das empresas A e B; Para a empresa C, TODESCO e

BOGONI, 2011)

Foi possível observar aqui que, embora em sua essência cada um desses indicadores

meçam situações diferentes, vários deles possuem os mesmos objetivos e diretrizes de

análises.

Observa-se que os indicadores de perda de concreto e aço da empresa A, de perda de

concreto e espessura de gesso, contrapiso e emboço da empresa B e de custo efetivo por

unidade da empresa C tem como objetivo medir possíveis desvios de orçamento provocados

por maiores gastos com materiais, que acarretarão em menores margens de lucro no fim da

obra.

Nota-se também que os indicadores de custo e quantidade de histograma de mão de obra

da empresa A e gasto com horas extras da empresa C tem o objetivo de mensurar a dimensão

dos custos sendo utilizados para pagamento de mão de obra que podem vir a estar sendo

provocados por excesso ou falta desse recurso, que atem influência não só no custo, mas na

produtividade e qualidade do serviço executado.

39

As três empresas tem também como iniciativa medir o avanço financeiro das obras.

Em relação à qualidade, os principais indicadores utilizados pelas empresas são

apresentados na tabela 4.

INDICADORES DE QUALIDADE MAIS UTILIZADOS

EMPRESA INDICADOR

A

Porcentagem de Itens Conformes

Índice de Cumprimento de Procedimento Operacional

Índice de Cumprimento de Treinamento

Índice de Cumprimento de Protótipo

B

Resultados de Testes Hidrostáticos

Estanqueidade

Coeficiente de Variação do Nível da Laje

C Índice de Boas Práticas no Canteiro de Obras

Tabela 4 - Principais Indicadores de Qualidade Utilizados nas Empresas Estudadas (Fonte: Análise de documentos do SGQ das empresas A e B; Para a empresa C, TODESCO e

BOGONI, 2011)

É possível perceber que as três empresas, novamente, utilizam indicadores que medem

diferentes situações mas que, em uma análise mais profunda, estão voltados para os mesmos

objetivos.

As três empresas, no quesito qualidade, medem o atendimento dos serviços executados

em suas obras aos seus procedimentos operacionais. Esse indicador é importante na medida

que pode demonstrar aos setores de assistência técnica que prestarão serviços aos

empreendimentos depois de prontos onde existem maiores probabilidades de patologias

futuras.

As empresas A e C realizam tal ação de maneira mais genérica, abrangendo todos os

procedimentos em um único indicador. Já a empresa B tem uma maior preocupação em medir

determinados serviços especificamente (instalações, lançamento de concreto e

impermeabilização).

Esses indicadores também são importantes para se traçar o perfil de capacitação da mão

de obra empregada nos serviços. A empresa A, inclusive, possui um sistema definido de

treinamento e verificação da eficácia da mão de obra empregada, que permite inclusive gerar

um indicar de cumprimento de treinamentos. Esse indicador é então cruzado com os

indicadores de cumprimento de procedimentos para aferir quais fornecedores precisam

40

qualificar melhorar sua mão de obra, quais procedimentos internos podem precisar de revisão,

entre outros.

Em relação ao meio ambiente, os principais indicadores utilizados pelas empresas são

apresentados na tabela 5.

INDICADORES DE MEIO AMBIENTE MAIS UTILIZADOS

EMPRESA INDICADOR

A Índice de Volume de Resíduo Gerado

B Volume de Entulho

C -N/A-

Tabela 5 - Principais Indicadores de Meio Ambiente Utilizados nas Empresas Estudadas (Fonte: Análise de documentos do SGQ das empresas A e B; Para a empresa C, TODESCO

e BOGONI, 2011)

Em um momento da economia mundial em que é cada vez mais crescente a preocupação

com o meio ambiente, ainda são poucos os indicadores relacionados a esse aspecto dentro

do SGQ das empresas, resumindo-se basicamente a indicadores de volume de entulho

gerado em relação a área construída.

As empresas A e B possuem diversas iniciativas voltadas para o meio ambiente. A

empresa A possui parceria com algumas das principais universidades do país voltadas para

elaboração de projetos de aproveitamento da água da chuva e medição da emissão de

carbono (essa última inclusive como critério para seleção de fornecedores e revisão de

técnicas construtivas), enquanto a empresa B estuda o uso de uso de tecnologias de frenagem

degenerativa de elevadores e de retenção de águas de chuva e ar condicionado em seus

empreendimentos, mas tais soluções ainda estão em fase embrionária e não possuem escopo

suficientemente grande para serem transformados em indicadores.

Não foi detectado na empresa C qualquer indicador voltado a medições relacionadas ao

meio ambiente.

Em relação à saúde e segurança do trabalho, os principais indicadores utilizados pelas

empresas são apresentados na tabela 6.

41

INDICADORES DE SEGURANÇA DO TRABALHO MAIS UTILIZADOS

EMPRESA INDICADOR

A

Número de Acidentes Próprios

Número de Acidentes de Terceiros

Número de Autuações no MT

B -N/A-

C -N/A-

Tabela 6 - Principais Indicadores de Saúde e Segurança do Trabalho Utilizados nas Empresas Estudadas (Fonte: Análise de documentos do SGQ das empresas A e B; Para a

empresa C, TODESCO e BOGONI, 2011)

Apenas na empresa A foram detectados indicadores para se medir aspectos relacionados

a segurança do trabalho. Os indicadores gerados retroalimentam o setor específico de saúde

do trabalho no escritório central da empresa e são utilizados para se verificar a necessidade

de um maior número de diálogos de segurança e saúde (DSS) ou a necessidade de se

abordar temas mais específicos, dependendo do contexto de cada obra.

É possível observar a abrangência que os indicadores podem provocar. Mesmo que as

empresas os classifiquem dentro de um determinado aspecto (custo, prazo, etc.), quase

sempre é possível utilizar os resultados obtidos em outras frentes. Por exemplo, embora a

empresa B classifique o indicador perda de concreto como um indicador de custo, em uma

análise mais profunda é possível associar a perda de concreto a qualidade do serviço de

forma ou da equipe de lançamento de concreto, por exemplo.

Existe também a consciência por parte de todos os colaboradores envolvidos que

indicadores ruins devem ser tratados. Dentro do SGQ das empresas A e B, por exemplo,

existem pontos específicos para elaboração de planos de ação com objetivos e prazos

relacionados a resolução das não-conformidades apontados pelos indicadores.

Quanto à coleta dos dados, a maioria é realizada principalmente pelos estagiários de cada

obra, principalmente aqueles relacionados a aspectos operacionais, dos serviços executados

em cada canteiro, mas também é possível observar que alguns deles são coletados

diretamente pelos coordenadores ou engenheiros de planejamento das obras. A periodicidade

depende de cada indicador, mas a maioria é coletada de forma semanal ou mensal.

Não existe em nenhuma das três empresas estudadas uma padronização do

procedimento de coleta de dados. No caso das empresas A e B, alguns procedimentos

operacionais de serviços executados no canteiro definem como estes devem ser verificados,

o que acaba por servir de base para coleta de dados para geração de indicadores, mas estes

42

não seguem um parâmetro ou preceito. O que existem dentro das três empresas, de modo

geral, são informações passadas aos gestores das obras de como devem ser lançados os

dados coletados, a maioria das vezes em planilhas eletrônicas ou na internet, porém não

existem manuais padronizados.

Mesmo sem existir uma padronização, os sistemas de coletas de dados estão

consolidados nas três empresas estudadas, bem como a publicação dos indicadores. As

equipes de engenharia nas obras, portanto, de uma maneira geral, sabem como devem ser

feitas a coleta dos dados e como são elaborados e calculados os indicadores propriamente

ditos.

As três empresas apresentam basicamente o mesmo esquema em relação aos

responsáveis pela coleta de dados e elaboração dos indicadores. No geral, os estagiários e

técnicos buscam as informações necessários para a alimentação de planilhas e

programações que exibem os índices desejados. Os engenheiros gestores, depois disso,

abastecem tais planilhas, gerando assim o indicador.

Em entrevistas e conversas com os responsáveis pela coleta e alimentação dos

indicadores, foram apontadas basicamente as mesmas dificuldades, destacadas a seguir:

a) Pouca prática e inexistência de treinamento/manual: como indicado anteriormente,

esse apontamento corrobora a necessidade de um processo bem definido de coleta

de dados, o que não ocorre ainda dentro das construtoras. Tal apontamento é

determinante no processo, pois a falta de um padrão ocasiona a variabilidade de dados

dependendo da pessoa que o coleta, o que pode afetar a credibilidade do indicador;

b) Falta de tempo: diante do dinamismo e dos prazos cada vez menores dentro das

obras, dedicar tempo para a coleta de dados para geração de indicadores torna-se

uma tarefa difícil e que pode, novamente, afetar a credibilidade do indicador gerado.

As construtoras vem driblando tal fato colocando colaboradores de seus

departamentos de qualidade para a obtenção dos dados, o que pode ser prejudicial

caso esse colaborador não tenha a real dimensão da obra, como normalmente tem os

estagiários residentes;

c) Pouco interesse por parte da diretoria: é importante que a alta administração das

empresas tenha interesse em relação aos indicadores para que as equipes das obras

sintam-se motivadas para a coleta e elaboração dos dados, o que tem sido cada vez

mais comum, devido à importância estratégica que os indicadores vem alcançando no

mercado.

Nas três construtoras estudadas, existe um departamento específico para recebimento,

análise, processamento e armazenamento dos resultados obtidos. De maneira geral, esse

43

departamento é também responsável por apresentar os dados aos demais colaboradores de

outras obras e fazer o benchmarking com outras empresas do ramo.

A análise dos indicadores sob um aspecto global, dentro de uma ótica de comparação

com outras empresas do mercado, ainda é pouco evoluído. Os relatórios de gestão anuais

das empresas privilegiam apenas os indicadores físicos e financeiros (e muitas vezes

considerando apenas índices voltados para os grandes acionistas e investidores, ignorando

aspectos operacionais e de gestão das obras). Todas as empresas, porém, possuem um

sistema consolidado de abastecimento contínuo de um banco de dados interno de indicadores

de desempenho. Esse sistema é importante pois permite avaliar em que índices as obras mais

bem sucedidas se destacaram, fornecendo assim possíveis diretrizes das demais

empreendimentos, gerando benefícios a médio e longo prazo.

Em relação à divulgação dos indicadores para os colaboradores e clientes da empresa,

as três empresas divulgam os mesmos através da internet e intranet. Tal fato possibilita ao

engenheiro de produção já dispor de uma base de comparação de sua obra em relação às

demais obras da empresa. As empresa A e B, além disso, dispõe de quadros de gestão dentro

das obras, porém não acessível para os trabalhadores voltados a produção.

As três empresas analisadas realizam reuniões para analisar os indicadores das obras,

porém na maioria das vezes apenas para tratar de resultados insatisfatórios. Esse cenário faz

com que sejam necessárias medidas corretivas, quando a adoção de medidas preventivas é

um processo menos agressivo para a obra. Além disso, esse fato pode ter como consequência

a desmotivação das equipes de administração dos empreendimentos, pois somente recebem

feedbacks quando há a presença de indicadores ruins.

Os colaboradores que auxiliaram no desenvolvimento desse trabalho foram unânimes ao

responder favoravelmente sobre a importância e eficácia da utilização de sistemas de

indicadores de desempenho. Todos afirmam o conceito de que os indicadores são

ferramentas de auxílio e elaboração de estratégias para planejamento e controle da obra,

corroborando a proposição de vários outros trabalhos apresentados no referencial teórico

dessa pesquisa.

5.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO ESTUDO

Após a análise do estudo apresentado no item anterior, é possível perceber que a empresa

A, além de utilizar os indicadores mais usuais, preocupa-se também em parametrizar

aspectos inerentes ao bom desenvolvimento dos processos construtivos, como a contratação

de mão de obra, compra de materiais e realização de protótipos.

A empresa B, é a que mais chega próxima de possuir um procedimento padronizando a

coleta de dados para geração dos indicadores. É possível perceber que, em seus indicadores

44

de qualidade, a empresa B privilegia a obtenção e utilização de diversos indicadores mais

específicos e operacionais, por acreditar que controlando atividades construtivas vitais do

canteiro em relação a sua qualidade de execução, o empreendimento terá uma resultado final

mais favorável, inclusive em relação aos índices de custo e prazo.

Em relação a empresa C, foi possível perceber um maior destaque no controle de

desempenho através de indicadores globais e gerenciais de andamento físico e controle de

custo.

45

6. CONCLUSÃO

É possível concluir, depois das entrevistas com os colaboradores das empresas, que o

uso de indicadores tem eficiência imediata sobre o desenvolvimento da obra, otimizando

custos e reduzindo prazos, pois os mesmos auxiliam no controle de processos e etapas

construtivas, além de servir como base para planejamento estratégico das obras e das

empresas. É possível destacar também, devido a cada vez mais alta concorrência do

mercado, a necessidade de eficiência e qualidade dos processos e o avanço das técnicas

construtivas, que todos os profissionais do setor devem possuir conhecimento sobre o

desenvolvimento dos sistemas de indicadores e que este já é um diferencial para os

profissionais que querem se destacar e se manter no mercado atualmente.

Todos os gerentes e engenheiros que participaram desse estudo destacaram que, com o

advento do uso de indicadores, as obras passaram a dar mais atenção a quesitos como

desperdício de material e qualidade do serviço. Além disso, a agilidade na identificação de

problemas e da evolução dos empreendimentos também foi percebido como um fator

benéfico, mostrando assim que o uso dos indicadores é cada vez mais necessário para uma

obra com processos eficientes, eficazes e com qualidade.

Assim, respondendo à pergunta central desse trabalho, os principais indicadores utilizados

pelas construtoras para monitoramento do desempenho de suas obras são aqueles

relacionados à custo, prazo e qualidade. Embora essencialmente determinados indicadores

meçam serviços diferentes, vários deles possuem os mesmos objetivos, que são o de medir

o andamento físico da obra, desvios de orçamento de material e mão de obra e cumprimento

dos parâmetros dos procedimentos operacionais do SGQ de cada empresa.

Foi possível concluir também que o uso de indicadores, atualmente, é essencial para as

empresas que buscam processos eficientes e com qualidade, indicando então a importância

que os sistemas de medição de desempenho assumiram dentro dos Sistemas de Gestão da

Qualidade das organizações da construção civil, fornecendo bases para processos de

melhoria de procedimentos e tomadas de decisões de caráter estratégico.

Considerando a cada vez maior preocupação do mercado em relação à natureza e ao

meio ambiente, recomenda-se como sugestão de temas para trabalhos futuros a realização

de pesquisa de campo para identificação de indicadores de qualidade setorizando a

amostragem de construtoras por porte e segmento e a definição de um procedimento de

padronização da coleta de dados utilizados na alimentação dos indicadores.

46

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51

ANEXO I – QUESTIONÁRIO UTILIZADO NAS ENTREVISTAS

1) Quais indicadores são coletados pela obra? Com que frequência é feita a coleta dos

dos necessários?

2) Existe algum manual ou procedimento documentado para a coleta dos dados e

geração destes indicadores?

3) Existe uma pessoa ou grupo responsável pela coleta dos dados? Quem é?

4) Como os dados levantados são processados e analisados?

5) Quais as maiores dificuldades encontradas durante a coleta de dados para geração

de um indicador?

( ) Falta de tempo hábil

( ) Pouca prática, inexistência de treinamento, inexistência de manual

( ) Documentos pouco práticos ou confusos

( ) Pouco interesse da diretoria/gerência

( ) Pouca colaboração dos funcionários de produção envolvidos

6) Para quem são enviadas essas informações?

7) É realizada alguma reunião periódica para que seja feita uma análise crítica de

desempenho baseada nos indicadores da obra?

8) Algum feedback com relação às informações é passado para a equipe da obra?

9) Existiram casos de caminhos ou decisões tomadas pela obra ou para a obra com o

auxílio de um resultado de indicador de desempenho?

10) A geração de indicadores de desempenho é importante para a obra? Por quê?

52

ANEXO II – CÁLCULO DOS INDICADORES UTILIZADOS PELA EMPRESA A

INDICADOR CÁLCULO

Índice de Desvio do Orçamento

(Orçamento corrigido a partir da variação do INCC)

Previsão Financeira

Índice de Perda (Concreto)

(X depende da peça a ser concretada)

Índice de Perda (Aço)

Histograma de MO (Quantidade)

Histograma de MO (Custo)

INDICADORES DE CUSTO MAIS UTILIZADOS

PF �R$MensalRealizado

R$MensalPrevisto� 1,03

IPC �VolumeSolicitado

VolumedeProjeto� !

IPA � PesoEntregue % PesodeProjeto � 0

HMO % QT �QTMORealizada

QTMOPrevisto� 1,03

HMO % R$ �R$MORealizada

R$MOPrevisto� 1,03

IDO �OrçamentoCorrigido

OrçamentoInicial� 1,00

53

INDICADOR CÁLCULO

Porcentagem de Itens Conformes

Índice de Cumprimento de Procedimento Operacional

Índice de Cumprimento de Treinamento

Índice de Cumprimento de Protótipo

INDICADORES DE QUALIDADE MAIS UTILIZADOS

%IC � %ItensConformesnasFVS

%ItensTotaisnasFVS. 85%

%POP �NºProcedimentos100%Conformes

NºTotalProcedimentosAvaliados. 85%

%TREI �NºFuncionáriosTreinamentoOK

NºTotalFuncionáriosAvaliados. 85%

%PROT �NºProtótiposRealizados

NºProtótiposPrevistos. 85%

INDICADOR CÁLCULO

Número de Acidentes Próprios

Número de Acidentes de Terceiros

Número de Autuações no MT

INDICADORES DE SEGURANÇA DO TRABALHO MAIS UTILIZADOS

NºAcidentesPróprios � 0

NºAcidentesTerceiros � 0

NºAutuaçõesnoMT � 0

INDICADOR CÁLCULO

Índice de Volume de Resíduo Gerado

(Volume Meta depende da fase e cronograma da obra)

INDICADORES DE MEIO AMBIENTE MAIS UTILIZADOS

VRG �VolumeGerado

VolumeMeta� 70%