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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA E COMPUTAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA COM ÊNFASE EM SISTEMAS DE ENERGIA E AUTOMAÇÃO ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública Trabalho de Conclusão de Curso São Carlos 2015

ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA E COMPUTAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA COM ÊNFASE EM SISTEMAS

DE ENERGIA E AUTOMAÇÃO

ROGER SARAIVA AGUERA

Cenário brasileiro

da Iluminação pública

Trabalho de Conclusão de Curso

São Carlos 2015

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ROGER SARAIVA AGUERA

Cenário brasileiro

da Iluminação pública

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Escola de Engenharia de São Carlos da

Universidade de São Paulo

Curso de Engenharia Elétrica com ênfase em

Sistemas de Energia e Automação

Orientador: Prof. Dr. Ruy Alberto Corrêa Altafim

São Carlos

2015

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINSDE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Aguera, Roger Saraiva

A282c Cenário brasileiro da iluminação pública / Roger

Saraiva Aguera; orientador Ruy Alberto Corrêa Altafim.

São Carlos, 2015.

Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica com

ênfase em Sistemas de Energia e Automação) -- Escola de

Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo,

2015.

1. Iluminação pública. 2. Prefeitura. 3.

Concessionária de Energia. 4. Gestão pública. 5.

Legislação. I. Título.

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus pela força

concedida.

A minha esposa Paula Diana, que com a sua companhia e

motivação me conduziu até aqui.

Aos meus familiares que confiaram em mim e me ajudou

de alguma forma na minha formação.

Aos amigos e companheiros que me acompanharam

durante este caminho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pois sem ele não teria acreditado em mim mesmo.

A Universidade de São Paulo pelas oportunidades e conhecimentos adquiridos.

Aos bons professores desta universidade, que procuram incentivar e ensinar seus

alunos com paciência e clareza.

À Paula Diana, minha esposa, que esteve ao meu lado durante os momentos mais

difíceis e sempre acreditando em mim me motivando a ir mais longe.

Aos meus pais, que foi grandes guerreiros, e fizeram o possível para meu

desenvolvimento acadêmico e pessoal.

Ao meu primo Josias, que indicou o caminho das pedras para iniciar a minha grande

jornada.

Aos familiares que contribuíram e incentivaram durante minha formação.

Aos amigos que, sempre que puderam, estiveram ao meu lado.

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RESUMO

Aguera, R. S. Cenário brasileiro da iluminação pública. Trabalho de conclusão de

curso – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2015.

O presente trabalho visa estudar o sistema de iluminação pública (IP) no Brasil, por

quanto em alguns municípios brasileiros à prefeitura realiza a gestão e manutenção da IP,

porém em outros municípios as concessionárias de energia elétrica que realiza estes

serviços, isso se deve as interpretações diferenciadas e confusas da constituição federal de

1988 e da ausência de lei para este assunto. Esta diferença que há entre os municípios e

estados motivou a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) a emitir uma resolução, nº

414/2010, que diz ser de responsabilidade das prefeituras a gestão, manutenção e

implantação da IP municipal, tomando como base interpretações da constituição federal de

1988. Esta resolução trouxe diversos conflitos, pois alguns municípios não possuem

condições para arcar com estes gastos e outros não concordam com a medida tomada pela

ANEEL. Devido à transferência dos ativos de IP para as prefeituras emergiram diversas

dúvidas de como administrar mais esta responsabilidade. Assim será apresentado, de forma

clara e sucinta, o sistema de iluminação pública, seu funcionamento, as mudanças após a

transição, as análises de custo, as maneiras de lidar com possíveis problemas auxiliando as

prefeituras em relação à gestão de IP. Além disso, serão apresentadas as discussões

polêmicas sobre este assunto, bem como as concepções dos advogados e parlamentares,

as consequências que serão enfrentadas pelas prefeituras e as medidas tomadas pelos

juízes e pelo congresso nacional. Desta forma, este trabalho traz os detalhes desta

transição dando aos agentes municipais e ao leitor noções dos direitos e deveres da

prefeitura que estão presentes na legislação, e apresentando formas de como a IP pode ser

melhorada para proporcionar maior qualidade de vida à população.

Palavras-chave: Iluminação pública, prefeitura, concessionária de energia, gestão

pública, legislação.

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ABSTRACT

Aguera, R. S. Brasilian scene of street lighting. Trabalho de conclusão de curso –

Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2015.

This work aims to study the public lighting system (PLS) in Brazil, due to the fact that

in some places of the country the city hall already manage it, but in others districts electric

energy of this system is coordinated by the electric utilities, because of different and

confusing interpretation of the federal constitution from 1988. This difference between cities

and states motivated National Electric Energy Agency (ANEEL in Portuguese) to issue the

resolution number 414/2010, which says that the responsibility for the management,

maintenance and deployment of PLS owns to the city hall, according to the interpretation of

the federal constitution from 1988. This resolution brought many conflicts, because some

towns do not have condition to assume these costs and others do not agree with the action

taken by ANEEL. Due to the transfer of the debts of PLS to the city halls, doubts about

managing this responsibility were emerged. So, it is going to be shown in a clearly and briefly

way the public lighting system, its working, the changes after the transition, the costs’

analysis of the PLS, the way of dealing with possible problems and in this way helping city

halls. Furthermore, it is going to be shown controversial arguments about this question, just

like the conception of the lawyers and parliamentarians, the consequences faced by the city

hall and the action taken by the judges and by the national congress. In this way, this work

brings the details about this transition and gives the city officers and readers, notions of

rights and duties of city hall which are present in legislation and presenting forms of how the

PLS can be improved, providing better life quality to the citizens.

Keywords: Public Lighting, city hall, power distribution company, public

administration, legislation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Lâmpada (a) Ovoide (b) Tubular......................................................................23

Figura 2: Temperatura das cores ....................................................................................24

Figura 3: Relé Fotoelétrico ...........................................................................................24

Figura 4: Esquema de Ligação com Componentes do Reator Desacoplados ........................25

Figura 5: Esquema de Ligação com Componentes do Reator Acoplados ............................25

Figura 6 - Sistema de um circuito de iluminação básico ....................................................26

Figura 7: Consumo de energia elétrica por classe (GWh) - São Paulo 2011 .........................31

Figura 8: Valores de despesas estimados antes e após a transferência dos ativos ..................36

Figura 9: Exemplo de Iluminação Convencional e LED ...................................................46

Figura 10: Luminária pública LED ................................................................................46

Figura 11: Bateria 240Ah .............................................................................................49

Figura 12: Placa fotovoltaica 250Wp (a) e Inversor 12Vcc/115Vac/60Hz (b) ......................49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características das Lâmpadas ..........................................................................23

Tabela 2: Consumo de energia elétrica por classe (GWh) .................................................31

Tabela 3: Valores das tarifas de IP .................................................................................32

Tabela 4: Preços de tarifas praticadas na CPFL Paulista ...................................................33

Tabela 5: Custo anual estimado dos serviços de O&M em um parque de IP ........................36

Tabela 6: Relação dos estados que ainda resta para assumir os ativos de IP .........................41

Tabela 7: Custo do consumo de energia da iluminação pública ..........................................47

Tabela 8: Custo de luminária LED e Solar ......................................................................50

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 19

2. ILUMINAÇÃO PÚBLICA .............................................................................................................. 20

2.1 HISTÓRIA ................................................................................................................................... 20

2.2 A RELEVÂNCIA DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA. ......................................................................................... 22

2.3 COMPONENTES ........................................................................................................................... 22

3. LEGISLAÇÃO .............................................................................................................................. 27

3.1 OPINIÕES POLÍTICAS ..................................................................................................................... 29

4. CUSTO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA ............................................................................................. 31

4.1 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA COM ILUMINAÇÃO PÚBLICA ............................................................... 31

4.2 TARIFAS QUE SERÃO PAGAS PELAS PREFEITURAS ................................................................................. 32

4.3 CUSTO DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO............................................................................................ 34

5. PROPOSTA DE GESTÃO E MANUTENÇÃO ................................................................................... 39

5.1 PRÓPRIA PREFEITURA ................................................................................................................... 39

5.2 TERCEIRIZAÇÃO ........................................................................................................................... 39

5.3 CONSÓRCIOS .............................................................................................................................. 40

5.4 CIDADES QUE JÁ ASSUMIRAM A IP................................................................................................... 40

6. CONTROLE E QUALIDADE .......................................................................................................... 43

7. NOVAS TECNOLOGIAS ............................................................................................................... 45

7.1 LED .......................................................................................................................................... 45

7.2 ENERGIA SOLAR .......................................................................................................................... 48

8. DISCUSSÕES FINAIS ................................................................................................................... 51

9. CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 58

ANEXO .............................................................................................................................................. 60

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1. Introdução

A iluminação pública (IP) tem o objetivo de fornecer claridade durante a noite, sendo

assim luminárias distribuídas ao longo da cidade iluminam a partir do pôr do sol até o seu

amanhecer, operando durante, aproximadamente, 12 horas por dia. Ela é de suma

importância para a qualidade de vida dos moradores e a qualidade do município. Com uma

boa IP, ou seja, boa visibilidade nos logradouros pode ser evitada ações criminosas, reduzir

os acidentes de trânsitos provocados pela baixa iluminação, viabilizar atividades culturais no

período noturno, garantindo a valorização da cidade e proporcionando o aumento da

autoestima dos moradores.

A IP começou a ser regularizada no Brasil a partir da constituição de 1934, e através

dela que alguns municípios optaram por fazer a gestão e manutenção do seu próprio

sistema de IP, já outros municípios as concessionárias de energia continuaram prestando os

serviços, pois como as cidades não eram grandes havia maior facilidade de prestar tais

serviços.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) emitiu em 2010 a resolução nº 414 e

em 2012 realizou uma alteração na resolução de 2010, a nº 479, onde determina que os

ativos de iluminação pública (IP) serão de total responsabilidade dos agentes municipais.

Essa exigência trouxe diversos conflitos, pois os municípios que não tomavam conta da IP

passariam a ter a obrigação de administrá-la ou fariam a transferência do parque de IP a

uma empresa terceirizada. Entretanto, o valor que era cobrado pelas concessionárias de

energia era muito pequeno se comparado com o mesmo serviço prestado por uma empresa

terceirizada. Com isso, a situação foi se agravando, pois muitas prefeituras afirmam não ter

condições para arcar com estes gastos, entrando com ações judiciais alegando a

inviabilidade de conduzir esta nova tarefa ou alegando que o parque de IP não está em

condições satisfatórias, acarretando um custo adicional para colocar em ordem os pontos

inoperantes, entre outros motivos [9].

Contudo, neste trabalho será apresentado à importância da iluminação pública, seu

funcionamento e quais as melhorias que poderiam ser feitas para ampliar a qualidade da

mesma. Com esta obrigação em mãos, muitas prefeituras não saberão por onde começar

nem mesmo quanto custa o serviço, assim será exemplificado algumas maneiras que os

municípios poderão agir para minimizar o trabalho e os gastos, mostrando as implicações

administrativas e de custos decorrentes da transferência de ativos da IP das distribuidoras

de energia elétrica para os municípios. Além de discorrer os embates legislativos

decorrentes da decisão da ANEEL.

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2. Iluminação pública

2.1 História

O ato ou ação de iluminar vem sendo uma questão para a humanidade desde os

primórdios, pois as práticas diárias só podiam ser realizadas enquanto o sol iluminava o

ambiente, determinando assim, a noite para o descanso e o dia para as atividades. Mas com

o passar do tempo, as invenções associadas a iluminação, e mais precisamente, a

iluminação pública foram descaracterizando esta relação transformando os hábitos das

pessoas e o contexto urbano. Os artefatos que foram elaborados com o intuito de solucionar

o problema da escuridão permitiu com que as pessoas apreciassem e usufruíssem mais das

cidades, dos ambientes e realizassem muitas de suas tarefas a noite.

A iluminação Pública passou a ter um papel fundamental nos grandes centros urbanos

tanto na Europa, a partir do século XV, com a implantação de lampiões com combustíveis,

como no Brasil, inicialmente no Rio de janeiro no Século XVIII. Com a instalação de

lampiões públicos de azeite nas ruas do Rio de Janeiro em 1794 começa a agitação da vida

social nas noites urbanas com a abertura de bares, cafés e restaurantes. As praças ficam

mais aconchegantes, a cidade mais bonita e a iluminação passam a evitar ações criminosas

pelos espaços que são iluminados. Os lampiões de azeite também são instalados nas ruas

de São Paulo, mas somente a partir de 1830, impulsionando novas interações sociais e

relações com a cidade. A Câmara Municipal de São Paulo contrata em 1840 uma fábrica de

gás iluminante com o intuito de aumentar a qualidade de iluminação da cidade, já que

identificou naquele período, o aumento de veículos e acidentes noturnos devido a

iluminação precária realizada pelos lampiões a combustíveis. [2]

Inicialmente, como já foi citado, a iluminação pública era realizada através de lampiões a

combustível, utilizando óleo vegetal, mineral ou animal, e devido a criação de novos

componentes e produtos passam a se utilizar o querosene e o gás. Mas foi em 1879 em

Nova York, que o “dínamo foi usado em escala comercial pela primeira vez, pela Edison

Electric Light Co. [...] Esse mecanismo possibilitou que a iluminação pública deixasse de ser

feita com lampiões e chegasse, enfim, à modernidade.” [2], ou seja, ao período da

eletricidade.

Em 1876, D. Pedro II viaja para os EUA e visita a exposição de Filadélfia e fica surpreso

com o potencial da energia elétrica e decide autorizar Thomas Edison a implantar suas

invenções no Brasil. Foi em 1879 que ocorreu a inauguração da iluminação elétrica da

Estação da Corte da Estrada de Ferro Central do Brasil sendo um marco para as novas

implantações de iluminação elétrica pelo país [3].

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Já em 1887, em Porto Alegre foi inaugurado o primeiro serviço municipal de iluminação

pública do país, aproveitando a energia elétrica gerada por usinas térmicas da Companhia

Fiat Lux. “Com a utilização da luz elétrica, a iluminação pública começa a viver uma nova

era. Da mesma forma, a utilização das lâmpadas de descarga e a melhoria da eficiência dos

equipamentos de iluminação propiciaram um salto nos níveis de iluminação.” [4].

No Brasil, a partir no século XX, investidores estrangeiros se sentem motivados a investir

no setor de distribuição e geração de energia elétrica devido ao crescimento das cidades, ao

aumento das instalações de iluminação pública, do uso da energia elétrica e da necessidade

de gerenciamento e manutenção dos parques de iluminação. Assim, as primeiras

companhias de distribuição e geração de energia elétrica são fundadas e passam a realizar

contratos com boa parte das prefeituras que não se sentem capacitadas para arcar naquele

momento com a responsabilidade da iluminação pública [2].

A lâmpada elétrica se iniciou com as de descargas a arco voltaico e logo em seguida

surgiram as incandescentes que perdurou por volta de 50 anos. Com a evolução das

tecnologias surgiu ainda a lâmpada florescente que apresentava maior eficiência em relação

a incandescente, assim boa parte da iluminação fora substituído por elas. Na década de 60

começaram a surgir as de vapor de mercúrio que se mostraram muito eficiente e econômica

para o setor, mas apenas em 1975 surgiram as de vapor de sódio que se mostraram ainda

mais eficiente, dada sua qualidade na produção da luz [3].

Os serviços de iluminação pública se iniciaram sendo prestados por empresas privadas

sendo elas do exterior, realizando contratos com as prefeituras, como a Light. Na

constituição de 1934, foi determinado que os serviços de iluminação pública fossem de

competências dos municípios, porém eles continuaram fazendo acordos com as

concessionárias para que elas prestassem os serviços de IP. Com o passar do tempo por

questões políticas as concessionárias de energia se uniram com o estado e passaram a ser

estatais. Em 1996, as concessionárias deixaram de ser estatais e voltaram a ser privadas,

com isso os serviços de iluminação passa a ser visto como algo dispendioso, pois as

cidades cresceram e a quantidade de pontos de IP era muito grande, querendo elas se

dedicar aos serviços de distribuição e sua gestão algumas concessionárias transferiram aos

municípios esta responsabilidade, e outras continuaram prestando os serviços devido à

dificuldade do município de receber os ativos ou até mesmo por serem municípios menores

e fáceis de administrar [4].

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23

2.2 A relevância da iluminação pública.

Segundo ANEEL no Art. 2 define a iluminação pública como o “[...] o serviço que tem por

objetivo exclusivo prover claridade aos logradouros públicos, de forma periódica, continua

ou eventual”. Mas verifica-se que tal descrição é muito elementar e superficial, já que a

dimensão que a IP tomou, na atualidade, prover apenas claridade não é suficiente, sendo

necessário que haja um serviço adequado, eficaz, com controle de qualidade, equipamentos

que proporcione maior economia de energia e funcionários qualificados para atender melhor

a população.

A IP desempenha um papel de extrema importância no desenvolvimento, progresso,

funcionamento, segurança, socialização e na valorização das cidades. Pois áreas bem

iluminadas proporcionarão o aumento de práticas esportivas, eventos culturais, o

envolvimento da prefeitura e instituições em prol de realizações comemorativas,

festividades, cerimonias, festivais que busquem a socialização e a valorização dos espaços

públicos. Além de impedir, através de uma boa visibilidade durante a noite, atos criminosos,

roubos, vendas de produtos ilícitos, e ainda reduzir os acidentes de transito sejam com

pedestres, veículos com choques com meio-fio, buracos e irregularidades no solo.

Uma IP de qualidade promove a sociabilidade, permitindo que as pessoas se vejam e se

encontrem, realçando certos objetos e monumentos, tornando a cidade mais atraente aos

turistas, e confortável aos moradores. Viver em uma cidade amigável, educada, onde se

pode circular com segurança e ter vida noturna agradável, com a presença de pessoas ao

seu entorno, eleva a autoestima da população residente nela e melhora a visibilidade da

administração local.

Deste modo, independente do órgão que se responsabilizará pela IP, este deve investir

em equipamentos que proporcionem o aumento da luminosidade dos logradouros e espaços

públicos se utilizando de uma quantidade menor energia, controlando a qualidade do serviço

e contratando funcionários qualificados para atender a população.

2.3 Componentes

O sistema de iluminação pública atual, considerado como ativo imobilizado em serviço

(AIS), é constituído de luminárias, lâmpadas, relés fotocélulas, reatores, braço de

sustentação da luminária, suportes e condutores. Em seguida, será detalhada a função de

cada equipamento:

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24

Luminárias: A luminária é responsável por proteger a lâmpada em seu interior das

intempéries climáticas, elas possuem diversos modelos, podendo ser aberta ou

fechada, espelhada ou não, possuindo diferentes eficiências.

Lâmpadas: A lâmpada possui o papel principal no contexto de iluminação, o de

iluminar. Possuindo diversas potências, podendo ser a vapor de sódio, metálico,

mercúrio ou mista, tendo o formato ovoide ou tubular, conforme figura 1 [5]. Elas se

diferem na tonalidade de cor, no fluxo luminoso produzido, vida útil e eficiência,

conforme tabela 1.

(a)

(b) Figura 1: Lâmpada (a) Ovoide (b) Tubular

Fonte: Lâmpadas FLC, 2015.

Tabela 1: Características das Lâmpadas Lâmpada de 250W em tensão de 220V

Sódio Mercúrio Metálico Mista

Vida Útil (horas) 24.000 15.000 12.000 13.000 Fluxo Luminoso (lm) 27.500 12.700 20.000 5.500 Eficiência (lm/W) 110 51 80 25 Temperatura de cor (K) 1.950 4.100 5.300 3.400 Preço (R$) 40,00 13,00 38,00 18,00

Fonte: Elaborado pelo autor, valores de [18].

A figura 2 mostra o tom de cor em função da temperatura em Kelvin (K) [6], sendo

que quanto menor a temperatura a luz se torna mais vermelha e quanto maior a temperatura

mais azul, assim dando noção das cores das lâmpadas listadas na tabela 1.

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25

Figura 2: Temperatura das cores

Fonte: AEPIX, 2015.

Relé fotocélula: Este dispositivo funciona como uma chave ao qual na ausência de

luz é acionado, permitindo que a luminária acenda apenas durante a noite. Um

problema muito corriqueiro é o acionamento deste componente e consecutivamente

a energização da luminária durante o dia, isso ocorre devido a problemas neste relé,

tendo que ser trocado ou concertado. O valor de um relé convencional chega a

R$20,00.

Figura 3: Relé Fotoelétrico

Fonte: Demape, 2015.

Reator: O Reator é o equipamento auxiliar utilizado em conjunto com as lâmpadas,

tem como objetivo limitar a corrente na lâmpada e fornecer as características

elétricas adequadas para o bom funcionamento da mesma garantindo a vida útil

fornecida pelo fabricante. Um reator para uma lâmpada de 250W custa em torno de

R$50,00. Na figura 4 é representado o esquema de ligação do reator com o relé

fotoelétrico e a lâmpada, alguns reatores vêm com capacitor e ignitor separado como

o representado na figura 4 outros já vêm acoplados no reator como no esquema da

figura 5 [7].

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Figura 4: Esquema de Ligação com Componentes do Reator Desacoplados

Fonte: Induspar, 2015.

Figura 5: Esquema de Ligação com Componentes do Reator Acoplados

Fonte: Induspar, 2015.

Braço de Sustentação da Luminária: O braço de sustentação é quem sustentará a

luminária na posição e altura desejada. Ele possui diversos comprimentos e

inclinações podendo suportar diferentes velocidades de ventos.

Suportes: Alguns suportes são necessários para fixação dos componentes, como

abraçadeira para fixar o braço de sustentação, terminal de pressão para fixar os

condutores, base para o relé fotoelétrico, parafusos, porcas e arruelas de pressão

para fixa-los nos postes, paredes ou marquises.

Condutores: Os condutores ficam ao tempo portando devem suportar as variações

climáticas. Como a corrente de alimentação da lâmpada é baixa os condutores

poderão ser de 1,5mm² de cobre isolado.

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Figura 6 - Sistema de um circuito de iluminação básico Fonte: CEPAM, 2013.

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3. Legislação

No Brasil o serviço de iluminação pública (IP) é oferecido à população de duas maneiras,

a saber: pelas prefeituras ou pelas concessionárias distribuidoras de energia elétrica.

Entretanto, os ativos de IP serão totalmente entregues aos municípios, aos quais caberá

agora a responsabilidade pela prestação desse serviço. A mudança foi determinada por

resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Nº 414/2010, baseando-se em

interpretação do artigo 30 da Constituição Federal de 1988, que diz sobre a

responsabilidade dos munícipios de “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de

concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local...”. A constituição prediz

isso já há algum tempo, porém ela não relata especificamente a iluminação pública, mas a

ANEEL interpreta que iluminação pública é de interesse local, criando uma grande

discussão do que é responsabilidade dos munícipios. Está problemática foi colocada em

pauta porque na década de 80 as concessionárias já haviam se transformado em estatais, e

eram realizados contratos para que elas fornecessem os serviços de IP, devido à

infraestrutura e o conhecimento era preferível que elas prestassem os serviços de IP. Com o

decorrer dos meandros políticos e econômicos no país, as concessionárias que eram

estatais passaram a ser privadas e posteriormente surge está interpretação da constituição

que é abordada na resolução pela ANEEL.

Segundo o Superintendente da ANEEL Marcos Bragatto (2014), no ano 2000, houve

uma revisão das condições gerais de fornecimento de energia elétrica pela ANEEL,

informando aos municípios que eles deveriam ser responsáveis pela expansão da

iluminação pública, sendo assim a partir de 2000 a expansão se tornou dever dos

municípios. Entretanto a questão da manutenção ainda ficou pendente, permanecendo até

2010 quando até então a ANEEL revisou esta norma novamente e diante do desconforto

pela constituição não estar sendo cumprida foi emitida a resolução nº 414/2010 onde

determina um prazo para que os ativos fossem transferidos aos municípios [8].

No Art. 21 da resolução de 2010 emitida pela ANEEL, diz: “A elaboração de projeto, a

implantação, expansão, operação e manutenção das instalações de iluminação pública são

de responsabilidade do ente municipal ou de quem tenha recebido deste a delegação para

prestar tais serviços”. Ou seja, a partir da data estipulada, o serviço de IP será de suma

obrigatoriedade das prefeituras, podendo ela delegar a outros órgãos competentes tais

serviços, ficando a prefeitura responsável pelas despesas decorrentes [9].

Com a IP em responsabilidade da concessionária, o ponto de entrega era o bulbo da

lâmpada, desta forma, a tarifa aplicada era a B4b, nesta tarifa estava inclusa a energia

consumida e o serviço realizado com os itens da iluminação, como, operação e a reposição

Page 32: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

30

de lâmpadas, de suportes e chaves, além da troca de luminária, reatores, relés, cabos

condutores, braços e materiais de fixação. Sob a responsabilidade da prefeitura o ponto de

entrega é na conexão com a rede de distribuição passando a ser cobrada a tarifa B4a,

conforme art. 24 da resolução. O valor da tarifa B4a é cerca de 9% menor que a tarifa B4b,

devido à redução dos serviços prestados. Embora esse valor seja menor, esta redução não

suprirá os novos gastos que a prefeitura deverá realizar, este tema será discutido mais

adiante. Entretanto, a prefeitura poderá transferir tais gastos aos consumidores a fim de

custear os novos serviços oferecidos pela prefeitura.

A transferência dos ativos de IP esta trazendo sérias discussões em diversos municípios

do Brasil, onde advogados municipais estão entrando com liminares para não receberem

estes ativos ou conseguirem adiar o prazo de concessão. Uma das justificativas é que é

inconstitucional a ANEEL legislar sobre transferência de ativos já que sua função é regular e

fiscalizar cabendo esta tarefa ao Governo Federal. Outra justificativa é a falta de recursos

financeiros dos municípios para arcar com os custos que a nova responsabilidade exige. E

outra situação é que o parque de iluminação geralmente não está em condições de ser

entregue aos municípios. No art. 218 da resolução Nº 414/2010, diz que “A transferência à

pessoa jurídica de direito público competente deve ser realizada sem ônus, observados os

procedimentos técnicos e contábeis para a transferência estabelecidos em resolução

específica.”. Ou seja, os ativos de iluminação pública existentes não devem acarretar

encargos ao município, desta maneira, o parque de iluminação deve estar em conformidade

com os padrões de uso exigido pela ANEEL, caso contrário o município deverá aguardar até

que o parque entre nos padrões exigidos. Para isso é aconselhável pelos advogados que os

municípios faça uma vistoria do parque existente verificando as condições de

funcionamento, gerando um laudo avisando a distribuidora para que ela tome as medidas

cabíveis para colocar o parque em condições adequadas, caso ela não dê uma resposta

deverá ser avisado o órgão estadual, e ainda se não houver resposta avisar a ANEEL,

podendo assim gerar multas para a concessionária por não deixar o parque em condições

de transferência [10].

Quando foi emitida a resolução em 2010 o prazo para a transferência dos ativos era de

24 meses, terminando em 15 de setembro de 2012, mas com o desconhecimento das

prefeituras e o fato de o prazo final estar próximo de eleições municipais este foi adiado para

31 de janeiro de 2014. Com o passar do tempo à associação mineira de municípios

questionou a ANEEL com o argumento que os municípios pequenos não possuíam recursos

para adquirir tais obrigações e precisavam de mais tempo para se organizar e construírem

consórcios que viabilizassem esta aquisição, sendo assim a ANEEL adiou novamente para

31 de dezembro de 2014 [8]. Após esta data os municípios que ainda não adquiriram os

ativos provavelmente possuem liminares junto ao legislativo e estão aguardando uma

Page 33: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

31

posição para que assim possam seguir com o processo de transferência ou o cancelamento

dos mesmos.

3.1 Opiniões políticas

A transferência dos ativos de iluminação pública geraram, após a emissão da resolução

da ANEEL, muitos boatos e discussões, entre a câmara dos vereadores, câmara dos

deputados e no senado. Sendo assim, serão apresentadas algumas das opiniões dos

políticos tendo prós e contras à transferência dos ativos da iluminação pública.

Prós

Os munícipios que aderiram a iluminação pública tem feito uma gestão mais completa e

eficiente, pois os munícipios possuem maior conhecimento da segurança pública local

[8].

Um prefeito informou que a manutenção feita pelo poder público fica mais barata, por

que só abrange os pontos que realmente precisam de reparo. Por outro lado, as

empresas que prestam os serviços terceirizados cobram mensalmente por pontos.

Um deputado disse que a mudança é boa para os municípios, desde que eles saibam

atender a essa demanda com seus próprios recursos, investimento em técnicos e

equipamentos capazes de fazer essa manutenção. No entanto, não havendo o

conhecimento prévio da prefeitura, a transição pode custar muito caro para os

municípios.

Contras

Prefeitos alegam “a falta de experiência e orçamento insuficiente para a prestação deste

serviço e temem a ocorrência de apagões de energia em suas localidades” [11]..

Prefeito mostra dado que a iluminação pública em responsabilidade das distribuidoras, o

gasto médio com manutenção por ponto de luz é R$1,50. Quando arcado pelas

prefeituras com serviço terceirizado, o valor sobe para R$10,00. Se as prefeituras

realizarem a manutenção com equipe própria, a despesa pode ficar em torno de

R$20,00.

Alguns deputados alegam,

A inconstitucionalidade de um agente regulador, no caso a ANEEL, de

legislar alguma exigência aos municípios, já que sua função é fiscalizar e

Page 34: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

32

regular o sistema de distribuição, cabendo apenas ao congresso nacional

de emitir uma lei que faça tal exigência [12].

Segundo advogado,

A iluminação pública está diretamente relacionada à segurança pública, não

é um assunto de interesse local, assim como serviços de abastecimento de

esgoto também não são, por exemplo. E nem a Constituição Federal diz

que a iluminação pública é de interesse local. Antes do artigo 30, ainda há o

artigo 21, que fixa que é competência da União explorar os serviços por

meio de concessão de instalações e energia elétrica [12].

Segundo advogado:

A transferência de ativos só poderia acontecer por meio de um decreto

autorizador da presidência da república, pois o artigo 63 do decreto é bem

claro nesse ponto. O órgão não pode inovar de forma legislativa na vigência

de um decreto que não foi revogado [12].

Segundo advogado:

Certamente foi uma pressão das concessionárias. Hoje, elas recebem entre

R$ 1,50 e R$ 2 da própria CIP [Contribuição de Iluminação Pública] para

fazer a manutenção. Com a resolução, muitas prefeituras abrirão licitações

para terceirizar esses serviços, que custarão entre R$ 9 e R$ 11. As

concessionárias poderão participar dos processos licitatórios para realizar

os serviços de manutenção, como sempre fizeram, mas agora por um valor

muito maior e com privilégios em relação às outras concorrentes, pois já

possuem as informações sobre os pontos cadastrados [12].

Page 35: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

33

4. Custo da iluminação pública

4.1 Consumo de energia elétrica com iluminação pública

Para dar noção de quanto a IP consome de energia elétrica, toma-se como exemplo o

estado de São Paulo, onde no de ano 2011 consumiu em todo o estado aproximadamente

130 mil GWh de energia elétrica. Dentre as classes de consumo a IP corresponde a 2,3%

deste consumo, ou seja, cerca de 3 mil GWh, conforme mostra tabela 2 e figura 7 [13].

Tabela 2: Consumo de energia elétrica por classe (GWh)

Fonte: CEPAM, 2013.

Figura 7: Consumo de energia elétrica por classe (GWh) - São Paulo 2011

Fonte: CEPAM, 2013.

Page 36: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

34

4.2 Tarifas que serão pagas pelas prefeituras

A iluminação pública se enquadra no Grupo B (subgrupo B4) definido no Inciso XXXVIII

do Art. 2ª da Resolução Normativa ANEEL 414/2010. O Grupo B (baixa tensão) é definido

como o agrupamento composto de consumidores com fornecimento inferior a 2,3 kV,

caracterizado pela tarifa monômia (tarifa única de consumo de energia elétrica,

independente das horas de utilização do dia). As tarifas aplicadas à IP fazem parte do

subgrupo B4 e se dividem em tarifas B4a e B4b.

A tarifa B4a é utilizada quando o sistema de manutenção e operação for de

responsabilidade do município, sendo assim esta tarifa representa apenas o consumo de

energia, sendo o ponto de entrega à conexão com o sistema de distribuição. Já a tarifa B4b

é quando os ativos de IP são de responsabilidade da concessionária fazendo ela toda a

manutenção e operação, esta tarifa é mais cara e o ponto de entrega é o bulbo da lâmpada.

Tabela 3: Valores das tarifas de IP

Fonte: CEPAM, 2013.

Page 37: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

35

Os valores das tarifas de energia elétrica são definidos anualmente pela própria ANEEL,

por meio de resolução homologatória, e são diferenciados entre as concessionárias de

distribuição. Como exemplo, a tabela anterior relaciona os valores das tarifas B4a e B4b

vigentes para todas as concessionárias de energia do estado de São Paulo no ano de 2013,

nesta época não estava presente o sistema de bandeira tarifária.

No presente ano o sistema de bandeira tarifária foi inserido, devido à ausência de água

nos reservatórios e funcionamento das usinas termoelétricas. Este sistema tarifário trouxe

um aumento significativo na tarifa do consumidor e também da IP. Na tabela 4, esta

representada o valor da tarifa de energia elétrica da concessionária CPFL Paulista no ano

de 2015 [14].

Tabela 4: Preços de tarifas praticadas na CPFL Paulista

Fonte: CPFL, 2015.

Nela observa-se que a bandeira verde se aproxima com o preço cobrado em 2013,

porém a bandeira em vigor é a vermelha, que gera um aumento de 37% na tarifa B4a.

Page 38: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

36

4.3 Custo de Operação e Manutenção

O sistema de iluminação pública parece ser simples quando é observado de forma

superficial, pensando a IP como um sistema que não passa de lâmpadas que devem

acender durante a noite e apagar durante o dia. Porém, existe uma complexa estrutura

construída para que esse serviço funcione em conformidade com os padrões de qualidade

almejados.

Logo abaixo apresentaremos a estrutura necessária para o bom funcionamento de um

sistema de IP, conforme o guia do gestor [13]:

a) Equipamentos e acessórios: luminárias, lâmpadas, suportes, reatores, relês

fotoelétricos, condutores, chaves de comando.

b) Implantação:

Projeto (rede/ponto georreferenciado, inventário da arborização urbana,

memorial descritivo de equipamentos/acessórios e requisitos de qualidade

dos equipamentos e acessórios);

Instalação.

c) Manutenção:

Melhoria (retrofit) e modificações do parque existente;

Gestão da ordem de serviço (despacho, execução e encerramento);

Aquisição, armazenamento e controle de equipamentos, materiais e

ferramentas (especificações técnicas, pré-qualificação de fornecedores e

fabricantes, inspeção de recebimento);

Fiscalização da manutenção e controle de qualidade dos componentes do

sistema de iluminação e dos fatores que influenciam o sistema (arborização

urbana);

Operação do Call-Center (atendimentos de reclamações e registro,

tratamento e análise das ocorrências);

Treinamento e capacitação das equipes técnicas e administrativas.

d) Gestão do sistema de IP:

Monitoramento e avaliação das atividades de projetos de expansão e de

operação e manutenção;

Administração de contratos e controle de qualidade dos fornecedores;

Administração das contas de energia;

Comunicação e educação (números da IP, campanhas educativas pela

preservação do patrimônio, etc.).

Os principais gastos envolvidos nessa estrutura podem ser resumidos a:

Page 39: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

37

Pessoal técnico e administrativo;

Veículos;

Equipamentos de segurança;

Infraestrutura (imobiliária, mobiliária, informática e comunicação);

Equipamentos e materiais;

Tributos e encargos.

Além dos custos de operação e manutenção, a prefeitura também se responsabilizará

pelos investimentos relacionados à expansão e melhorias do sistema de IP, que abrange o

desenvolvimento de projetos, compra de materiais e equipamentos e execução das obras

necessárias, sem a ajuda da distribuidora.

Como a companhia de energia elétrica é responsável pelo sistema de distribuição

realizando a construção, operação e manutenção ela já possui equipe técnica, materiais e

equipamentos adequados para suportar as atividades, tanto de distribuição quanto de

iluminação pública. Quando esse serviço é prestado pela concessionária de energia é

cobrada a tarifa B4b, que inclui a energia consumida e o serviço de manutenção e operação.

Agora com o município fazendo os serviços de manutenção e operação a tarifa é a B4a que

inclui apenas a energia consumida, esta tarifa é cerca de 9% mais barata, como visto na

seção 4.2. Sendo assim, a prefeitura reduzirá o valor a ser pago a concessionária,

entretanto será responsável por toda a operação e manutenção.

Estima-se um custo mensal de operação e manutenção de cada ponto de IP entre R$

8,00 e R$ 15,00, podendo, em alguns casos, ultrapassar esse valor máximo. Essa variação

esta fortemente relacionada ao número de pontos existentes no parque, entre outros fatores.

Para um melhor esclarecimento o guia do gestor [13] traz uma ideia do custo anual

estimado para prestação de serviços de Operação e Manutenção (O&M) num parque de IP.

Considerando um munícipio fictício, onde foram considerados valores obtidos de análises

estatísticas de dados reais de consumo de energia ativa de IP, considerando alguns

municípios do estado de São Paulo, baseando-se no ano de 2011. Os valores das tarifas

consideradas foram uma média das tarifas dos municípios. Apresentaremos estes dados na

tabela 5:

Page 40: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

38

Tabela 5: Custo anual estimado dos serviços de O&M em um parque de IP

Fonte: CEPAM, 2013.

Para esse cálculo, foi considerado que as lâmpadas se mantiveram acesas durante,

aproximadamente, 12h por dia, sendo elas de vapor de mercúrio e vapor de sódio em um

período de um ano. Não foi considerada a aplicação de tributos na fatura de energia elétrica

(Programa de Integração Social – PIS/ Contribuição para o financiamento da Seguridade

Social – COFINS e Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS). Através

dos dados do município fictício, foi possível obter o custo estimado de IP, seja para a tarifa

B4b, quando a concessionária faz o serviço de O&M, quanto para a tarifa B4a quando o

município que é o responsável. A figura 8 destaca o valor de despesas nos dois casos:

Figura 8: Valores de despesas estimados antes e após a transferência dos ativos

Fonte: CEPAM, 2013.

Page 41: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

39

Quando os ativos pertencem à distribuidora (lado esquerdo da figura 8), a prefeitura arca

com as despesas de energia elétrica e O&M realizado pela distribuidora (tarifa B4b), nesse

exemplo, é de R$ 333 mil. Já quando os ativos são transferidos ao município (lado direito da

figura 8), a prefeitura paga somente a energia elétrica à concessionária (tarifa B4a)

reduzindo cerca de 9%, pagando R$ 304 mil, porém realiza o serviço de O&M que, no

exemplo, chega a R$ 364 mil, totalizando um desembolso anual de R$ 668 mil.

Observa-se que houve uma economia anual de cerca de R$ 29 mil em razão da

mudança de tarifa B4b para a B4a. No entanto, esse valor é ínfimo perto do valor que a

prefeitura terá que arcar pelo custo gerado do serviço de manutenção e operação da IP, que

chegou a R$ 364 mil (R$ 10 por ponto/mês). Sendo assim, esse município teria um

desembolso adicional de R$ 335 mil, para a prestação dos serviços de IP. Vale ressaltar que

os custos de expansão e melhoria do sistema de IP não foram considerados nesse exemplo.

Este custo adicional para a prefeitura causa bastante conflito, pois praticamente dobrou

o custo envolvido com IP. Muitos municípios não possuem recursos para arcar com esta

nova despesa, assim entrando com liminar judicial alegando a incapacidade de adquirir os

ativos de iluminação pública. Municípios que arcarem com estes gastos transferiram os

custos decorrentes dos serviços para a população através da contribuição de iluminação

pública (CIP), isso acarretará no aumento da conta de energia elétrica à população que já

vem sofrendo aumentos tarifários devido à crise hídrica no país.

Page 42: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

40

Page 43: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

41

5. Proposta de Gestão e Manutenção

No capítulo 4, onde foi discutido o custo estimado da iluminação pública, pode-se

observar o quanto, mais ou menos, ela irá custar para os cofres municipais. Para contornar

esta questão a fim custear os serviços de iluminação, a prefeitura poderá criar um tributo

denominado Contribuição de Iluminação Pública (CIP), sendo a receita direcionada para um

fundo municipal de iluminação pública (Fmip), assim custeando os respectivos serviços.

Para isso, o município terá que sancionar uma Lei Complementar (LC), seguido de decreto

que a regulamente. Este mesmo procedimento vale caso haja o interesse de alteração da

CIP, ou seja, aumentar o seu valor para custear os gastos com O&M do sistema de

iluminação.

Com a responsabilidade da IP transferida à prefeitura, ela deverá tomar algumas

decisões para realizar esta gestão. Deste modo, apresentaremos três possibilidades, a

saber: administração pela própria prefeitura com equipe própria, terceirizar o serviço e a

criação de consórcios.

5.1 Própria prefeitura

Com a iluminação em responsabilidade da prefeitura a taxa de energia elétrica que era

cobrada pelas concessionárias de energia se reduzirá em torno de 9%, pois mudará da

tarifa B4b para a tarifa B4a, como discutido no capítulo anterior. Porém a prefeitura terá que

administrar todo o processo de gestão e manutenção. Para isso, a prefeitura deverá ter um

espaço para o atendimento ao cliente, um almoxarifado, caminhão com elevador, equipe

qualificada em manutenção que esteja apta a trabalhar em linha de alta tensão bem como

equipe de atendente e projetista que elabore projeto luminotécnico e urbanístico, além dos

novos materiais que serão trocados quando houver manutenção.

Esta iniciativa para municípios grandes pode ser bastante viável, pois possuem muitos

pontos de iluminação e a contratação de empresa terceirizada poderá ficar mais cara do que

ela mesma fazer o serviço. Porém, para munícipios pequenos pode ser inviável, pois é um

investimento inicial bastante alto com compra de automóveis e imóveis.

Page 44: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

42

5.2 Terceirização

Outra solução possível para os municípios que não querem ter trabalho é a contratação

de uma empresa terceirizada para fazer o serviço por meio de Contrato de Prestação de

Serviços ou de Contrato de Concessão na modalidade Parceria Público-Privada (PPP),

desde que, nesse último caso, o valor do objeto de contrato seja superior a R$20milhões.

Nesses contratos, além da operação e manutenção, poderão ser acrescentadas a expansão

e a melhoria do sistema de IP. Com esta opção, tanto para municípios grandes ou pequenos

pode ser viável já que será um custo dividido ao longo dos meses e não precisará arcar com

o trabalho de administrar mais um órgão, entretanto o valor do contrato com certeza será um

custo a mais nos cofres municipais. Para isso, as prefeituras deverão abrir um processo de

licitação para escolher a empresa que melhor se adequa ao que o munícipio espera.

5.3 Consórcios

Municípios pequenos possuem maior dificuldade para arcar com esses gastos, já que

possuem uma menor contribuição devido ao baixo número de habitantes. Nestes casos, é

aconselhável a construção de cooperativas, ou seja, a junção de alguns municípios para

criar apenas um órgão, ou contratar uma empresa terceirizada, para gerir e realizar todos os

serviços destes, assim reduzindo a conta ao qual será dividido entre os municípios. O custo

maior deve-se a implantação de um local para armazenamento dos materiais e veículos a

serem utilizados que são de alto custo, mas no modelo de consórcios essa compra se

dividiria entre os municípios reduzindo o gasto inicial, e depois se reduzindo apenas em

salários e em matéria prima. Esta alternativa se mostra muito promissora já que no Brasil há

diversas cidades pequenas próximas.

5.4 Cidades que já assumiram a IP

Em 2011, a ANEEL divulgou que no estado de São Paulo 15% dos municípios havia

assumido os ativos da iluminação publica. Já em maio de 2015, a ANEEL anunciou que dos

5564 municípios brasileiros, 5107 (91,7%) assumiram os ativos de IP, restando apenas 457

(8,3%). Sendo os estados, que não assumiram a operação e manutenção da IP até maio de

2015, são: Amapá, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Roraima e São Paulo. E a

quantidade de municípios em cada estado que aderiram e não aderiram estão listados na

tabela 6 [15]:

Page 45: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

43

Tabela 6: Relação dos estados que ainda resta para assumir os ativos de IP

Fonte: ANEEL, 2015.

A resolução da ANEEL estipulava o prazo máximo para aquisição dos ativos até 31 de

dezembro de 2014, os municípios que não adquiriam até esta data entraram,

provavelmente, com liminar judicial, desta forma a ANEEL não atribui obrigações aos

municípios, tendo a distribuidora de energia manter os serviços de operação e manutenção

dos serviços de IP, inclusive com a cobrança da tarifa B4b. Caso os municípios comprovem

a má qualidade dos ativos de IP a serem transferidos, a distribuidora pode estabelecer

negociações para adequá-los e finalizar a transferência posteriormente.

Page 46: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

44

Page 47: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

45

6. Controle e Qualidade

O sistema de iluminação pública administrado por algumas concessionárias de energia

carece de qualidade, pois o sistema sofria alguma manutenção apenas quando um cidadão

ligava para reclamar de um ponto apagado durante a noite ou um ponto aceso durante o dia.

Ao entrar em contato com o setor de Call-Center da concessionária era aberto uma

solicitação de serviço para que o setor de manutenção pudesse consertar o problema.

Muitos pontos aos quais não havia reclamações, talvez por falta de conhecimento de como

o serviço funcionava, ficavam inoperantes, pois não havia nenhum tipo de fiscalização ou

controle da iluminação pública.

Para ter uma iluminação pública de qualidade é necessário que haja uma fiscalização

dos pontos mais acentuada e possuir os detalhes de cada ponto já cadastrados, dando a

equipe de manutenção os locais exatos e uma base dos componentes que deveram ser

concertados. Existe software de gestão de iluminação pública que já facilita este processo,

neles é possível cadastrar cada ponto e suas características, como: tipo de lâmpada,

potência, braço de sustentação utilizado, tipo de reator, data de instalação, data da ultima

manutenção, etc. Esses dados já ajudariam bastante na manutenção do equipamento, e

com eles seria possível ter um controle maior do que há no parque de iluminação. Se este

sistema fosse integrado a smartphones os técnicos teriam maior facilidade para saber onde

haveria um problema, podendo eles ainda atualizar os dados do ponto em local de trabalho,

assim eliminando a presença de qualquer papel. Com um sistema mais sofisticado há ainda

a possibilidade de fazer leituras inteligentes como: medida de corrente, fator de potência,

tensão, detecção automática de defeitos, ligamento e desligamento programado,

dimerização de luminárias LED em horários de menor uso (madrugada) e medição de

energia. Com todos esses dados poderiam ser gerados relatórios e gráficos mostrando as

áreas já atendidas, as regiões com maiores problemas e ainda os locais que necessitam de

uma reestruturação das luminárias por estar muito defasada conforme o crescimento da

cidade [16].

Com um sistema de gestão bem estruturado como o discutido acima, será possível

realizar manutenções preventivas, ou seja, fazer a manutenção conforme a idade do

equipamento evitando que o equipamento pare de funcionar totalmente, assim prevenindo

que áreas importantes fiquem no escuro inesperadamente, com isso reduzirá as

manutenções corretivas, onde são realizadas quando o equipamento já não funciona mais e

geralmente o custo é maior do que se tivesse feito à manutenção preventiva.

Tudo isso certamente proporcionará ao município uma grande satisfação da população,

um mapeamento total do parque de iluminação que trará facilidade ao trabalho da empresa

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46

responsável pela gestão e ainda uma qualidade diferenciada da prestada anteriormente

pelas concessionárias de energia.

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47

7. Novas Tecnologias

O sistema de iluminação utilizado atualmente perdura desde a década de 1960, período

o qual as lâmpadas de vapor de sódio e mercúrio entraram para iluminar as cidades

brasileiras. Esta iluminação é caracterizada pela elevada manutenção. Uma pesquisa

mostra que o custo ao longo de 25 anos é dividido aproximadamente da seguinte forma:

85% de manutenção/operação e 15% custo de capital [17].

Com a evolução da tecnologia, surgiram soluções mais eficientes, como o uso de

luminárias LED’s e alimentação por painéis fotovoltaicos. Estas por sua vez, garantindo

maior eficiência e qualidade na iluminação pública.

7.1 LED

Através da tecnologia dos semicondutores foi possível a construção do LED (Light emitter

diode – Diodo emissor de luz) que com eles surgiram às lâmpadas de LED que possuem

uma alta eficiência. As lâmpadas incandescentes geram cerca de 20 lumens por watt, as

florescentes de 60 a 75 lumens por watt já as de LED geram mais de 100 lumens por watt.

Com a entrada do LED no mercado também surgiram às luminárias públicas de LED, ao

qual vem crescendo seu uso mundialmente devido ao seu baixo consumo, manutenção e

proporcionando melhores condições de visibilidade. O consumo de uma destas luminárias

pode chegar a 50% das luminárias convencionais, ou seja, uma luminária de LED de 250W

equivale, aproximadamente, a uma convencional de 500W. Esta economia é bastante

interessante já que reduzirá as contas com energia, além de reduzir o custo com a produção

de energia elétrica, seja pelas hidrelétricas ou termoelétricas.

A qualidade de iluminação proporcionada pela iluminação de LED é bem superior que as

convencionais, pois proporcionam uma iluminação uniforme e mais clara que facilitam as

atividades realizadas durante a noite, como é possível observar na figura 9.

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48

Figura 9: Exemplo de Iluminação Convencional e LED

Adaptado de GE Lighting, 2012.

Um ponto bastante importante também é a vida útil destas luminárias que chegam a

60.000h, o que equivale pouco mais de treze anos, cerca de três vezes a mais que as

lâmpadas convencionais, isso reduz drasticamente a necessidade de manutenção. O

fabricante informa 60.000h para a redução de 10% na quantidade de luminosidade, ou seja,

ela pode funcionar por mais tempo, porém com uma redução em sua eficiência.

Esta luminária possui todos os componentes necessários embutidos em sua carcaça

como reator, relé fotoelétrico e os LED’s o que reduz os componentes no poste e facilita a

manutenção já que é apenas removê-la do braço de sustentação e a conexão com a linha

de distribuição, realizando a manutenção em um local mais seguro. Ela ainda possui

proteção eletrônica contra: curto-circuito, sobretensão, sobrecorrente, sobrecarga e

sobreaquecimento. Em seguida é apresentado um modelo de luminária fornecida pela

“ConexLED”.

Figura 10: Luminária pública LED

Fonte: ConexLED, 2015.

Page 51: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

49

Um ponto crítico destas luminárias é o seu custo que varia entre R$1200.00 a

R$2000.00, uma luminária convencional com todos os componentes custa em torno de

R$250.00, por esta razão muitos não preferem a iluminação de LED. Entretanto será feito

em seguida uma análise de custo ao longo prazo para ver até que ponto pode ser

economicamente viável.

Comparando uma luminária convencional de 250W que custa em torno de R$250,00

com uma luminária de LED de 123W, que equivale a uma convencional de 250W, e que

custa em torno de R$1600,00. Será feito uma análise ao longo do tempo, figura 7,

observando o tempo necessário para a economia gerada pela luminária de LED conseguir

pagar seu custo de implantação. Para isso será considerado o custo da energia de

R$0,5/kWh e o tempo de duração durante 12h por dia, porém será analisado o valor em

dólar, pois é uma moeda que não sofre muitas alterações ao decorrer do tempo, assim

tendo uma projeção mais próxima da realidade, para isso será considerado 1US$ igual a

R$3,70.

Tabela 7: Custo do consumo de energia da iluminação pública Tempo (Anos) Custo Convencional

(US$)

Custo LED

(US$)

Economia

(US$)

1 148,00 72,80 75,20

3 443,90 218,40 225,50

5 739,90 364,00 375,90

6 887,80 436,80 451,00

7 1035,80 509,60 526,20

10 1479,70 728,00 751,70

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com base na tabela 7, o custo de implantação que girou em torno de R$1600,00

(US$432,00) será recuperado a partir de 6 anos. Além disso, o custo de manutenção se

reduziu drasticamente já que na luminária de LED a manutenção é muito baixa em relação à

luminária convencional e a partir dos 6 anos estará gerando lucro, já que deixará de gastar

um valor excessivo com energia elétrica.

Se tomarmos como exemplo um condomínio com 50 luminárias de LED, que terá um

custo de implantação em torno de R$80000,00, durante 6 anos a economia gerada pagará o

investimento inicial e nos próximos 6 anos se economizará mais de R$80000,00. Sendo

assim, esse investimento mostra-se muito interessante já que gerará uma excelente

qualidade de iluminação, além de reduzir a quantidade de reparos reduzindo os gastos para

Page 52: ROGER SARAIVA AGUERA Cenário brasileiro da Iluminação pública

50

o órgão que faria a manutenção e ainda gerando lucro após 6 anos de uso a uma taxa de

R$278,00 ao ano por luminária instalada de uso, para o mesmo preço da energia, o que

corresponderia R$13900,00 por ano, no exemplo citado.

7.2 Energia Solar

Uma tecnologia bastante discutida atualmente e vem crescendo muito nos últimos tempos

é a geração de energia a partir do sol, conhecida como geração fotovoltaica. Esta tecnologia

permite gerar energia através da radiação solar, que é capturada através de placas

fotovoltaicas, ou seja, através de elementos denominados fotocélula presente nas placas é

gerada uma diferença de potencial (DDP) que é utilizado para alimentar uma carga. Esta

energia é gerada apenas com a presença do sol, quando não há sol ou até mesmo a

passagem de alguma nuvem sobre o painel há o bloqueio dos raios solares e o sistema não

gerará mais energia até que a radiação volte a incidir nas placas.

O Brasil como é um país com predominância, ao longo do ano, de muito sol justificaria a

utilização desta tecnologia, porém o custo desta implantação é elevado, devido seus painéis

e componentes serem de uma tecnologia ainda nova e cara, tendo que ser importados, e

ainda os impostos aplicados pelo governo não ajudam esta implantação.

Neste trabalho estamos interessados como esta tecnologia poderia ajudar na iluminação

pública, porém pode surgir uma questão: Como utilizar esta tecnologia se é preciso energia

durante a noite? Para responder esta pergunta temos que agregar um novo componente ao

sistema sendo ele a bateria, com ela é armazenado energia durante o dia e quando o sol se

puser ela alimentará as luminárias durante a noite. Desta forma, o sistema de iluminação

poderá operar de maneira autônoma, ou seja, sem a necessidade de estar conectada a rede

elétrica de distribuição, isto é ótimo já que será eliminado totalmente o consumo com

energia elétrica.

A utilização de luminária convencional neste sistema não é interessante já que sua

eficiência é baixa e consequentemente seu consumo é maior em relação à de LED, com a

utilização de bateria é importante que a luminária consuma a menor quantidade de energia

possível, a fim de utilizar um painel menor e uma bateria menor, reduzindo assim o custo

dos componentes, o peso e consecutivamente diminuir a estrutura de sustentação, com

isso, a luminária de LED é a mais indicada até o momento para ser utilizada por este

sistema. Em seguida serão apresentados os componentes que fazem parte deste sistema

que podem ser adquiridos isoladamente ou em conjunto.

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Figura 11: Bateria 240Ah

Fonte: NeoSolar, 2015.

(a) (b)

Figura 12: Placa fotovoltaica 250Wp (a) e Inversor 12Vcc/115Vac/60Hz (b) Fonte: NeoSolar, 2015.

Para exemplificar o custo deste sistema e analisar a viabilidade deste investimento,

será considerado um ponto de iluminação pública que funcione autonomamente e consiga

permanecer em funcionamento durante três dias corridos sem a presença de sol, para isso

será utilizado duas baterias de 240Ah de 12V da marca, dois painéis fotovoltaicos de 250Wp

e um inversor DC/AC para alimentar a luminária a partir da bateria. O valor no Brasil [19]

destes componentes é apresentado na tabela 8.

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Tabela 8: Custo de luminária LED e Solar Componentes Valor (R$)

2 x Placa fotovoltaica 250Wp 2000,00

2 x Bateria 240Ah 2400,00

1 x Inversor DC/AC 60Hz 200,00

1 x Luminária de LED 123W 1600,00

Caixa de bateria e suportes 200,00

Total 6400,00

Fonte: Elaborado pelo autor.

No exemplo acima foi utiliza a mesma luminária de LED de 123W utilizada

anteriormente, assim foi obtido um custo de R$6400,00 retirando o custo de instalação e

poste que seria o mesmo se fosse instalado uma luminária convencional. Para este modelo

de iluminação eliminaria totalmente o custo com energia elétrica. Considerando o custo de

R$0,5/kWh haveria uma economia de R$540,00 por ano, conseguindo recuperar o

investimento realizado dentro de, aproximadamente, 12 anos. Um fator que dificulta

bastante esta forma de operar é a bateria, pois sua durabilidade é apenas de quatro anos,

tendo que ser substituída por outra a partir deste tempo, assim a cada quatro anos será

preciso trocar o conjunto de baterias. Durante esse tempo certamente a luminária reduzirá

sua eficiência, o inversor possivelmente já terá tido problema, como a cada quatro anos terá

que substituir o conjunto de baterias de R$2400,00 e durante este tempo se economizaria

R$2160,00, sendo assim nunca recuperaríamos o investimento.

Através da análise realizada foi possível observar a grande dificuldade de se implantar

um sistema fotovoltaico na iluminação pública atualmente, por motivos de preços elevados e

a necessidade de utilizar baterias que custam muito caro e não possuem uma duração de

longo prazo. Entretanto, esta tecnologia se torna interessante em locais remotos onde a

distribuição de energia elétrica ainda não fora alcançada, e não precise de uma luminária

tão potente como a utilizado no exemplo, podendo, depender do caso utilizar luminárias de

30W a 50W, assim reduzindo baterias e painéis e drasticamente o preço.

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8. Discussões finais

Devido às diversas opiniões de advogados e juízes em relação à transferência dos

ativos de iluminação pública para as prefeituras, o deputado federal Nelson Marquezelli,

entrou na câmara dos deputados com um Projeto de Decreto Legislativo (PDC) de Nº

1428/2013 (Anexo), que:

Susta o art. 13 da Resolução Normativa nº479, de 3 de abril de 2012, e os art. 21 e 218 da Resolução Normativa nº 414, de 9 de setembro de 2013, da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, que repassa aos Municípios a responsabilidade pelos serviços de elaboração de projeto, implantação, expansão, operação e manutenção das instalações de iluminação pública e a transferência de tais ativos.

Com a justificativa baseada no artigo 49, incisos V e XI da Constituição federal, que “é

da competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder

Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa, e de

zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos

outros Poderes”.

Segundo o PDC, a Resolução da ANEEL violou o comando constitucional do artigo 21,

que fixa que é competência da União explorar os serviços por meio de concessão de

instalações e energia elétrica cabendo, tão somente, por meio de Decreto Presidencial

alguma alteração. Sendo assim, se torna claro como diversas liminares já estão sendo

ganhas pelas prefeituras.

O fato de a resolução obrigar os municípios a administrar a iluminação pública é

inconstitucional e, além disso, proporcionará gastos exacerbados às prefeituras que já

sofrem pela quantidade de encargos que já possuem. E ainda caso as prefeituras recebam

esses ativos, boa parte delas farão licitações a fim de contratar empresas especializadas na

área, reduzindo o trabalho a elas, mas nessas licitações as próprias concessionárias

poderão participar do processo e como elas sempre o fizeram terão vantagens em relação a

outras empresas, pois sempre fizeram estes serviços, mas agora fará com um preço muito

maior.

Com isso o PDC conclui que, a exorbitância do poder regulamentador da ANEEL e pelas

razões citadas acima é imprescindível o cancelamento dos artigos da ANEEL que transfere

os ativos de iluminação pública às prefeituras.

Este projeto tramitou na câmara [20] até 29 de abril de 2015 quando então foi transferido

para o Senado Federal [21] como Projeto de Decreto Legislativo (PDS) Nº 85 de 2015 e

atualmente tramita ainda no Senado aguardando designação do relator. Neste tipo de

processo a última palavra é do presidente do senado, não dependendo da opinião do

presidente da república.

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9. Conclusão

A partir da constituição de 1934 determinou-se que a responsabilidade da IP seria dos

municípios, porém como as distribuidoras de energia detinham infraestrutura e

conhecimento para realizar os serviços as prefeituras preferiram deixar sob a

responsabilidade das concessionárias. Ao serem privatizadas na década de 90, as

concessionárias querendo focar em distribuição de energia, e com o crescimento das

cidades a IP tornou-se um grande trabalho, necessitando de muita atenção. Assim algumas

distribuidoras transferiram aos municípios esta responsabilidade, isso ocorreu com o estado

do Rio Grande do Sul e alguns outros, porém em muitos outros municípios a

responsabilidade continuou com as concessionárias. Com a Resolução nº 414/2010 a

ANEEL passou a exigir que os ativos fossem totalmente transferidos às prefeituras. No

entanto, ao promulgar tal resolução, pautada na constituição de 1988 que não aborda

especificamente da IP, a ANEEL realiza uma ação ilegal, pois tal orgão não pode realizar tal

exigência, mas somente pautada em lei especifica. Com isso, algumas prefeituras resistiram

novamente com liminares para que essas transferências fossem adiadas ou canceladas.

Esta problemática perdura até o momento sem uma definição do Congresso Nacional. A

questão já foi votada na Câmara dos Deputados e agora tramita no Senado com a

justificativa de que a ANEEL promulgou uma resolução determinando uma data para as

transferências dos ativos, porém, segundo a constituição, não cabe a esse órgão legislar,

portanto viola os princípios da Constituição Federal. Além, de determinarem uma data de

transferência dos ativos aos municípios sem levarem em conta os custos envolvidos e os

tramites a serem realizados.

Contudo, o sistema de iluminação pública precisa sim de uma reforma, pois boa parte

dos municípios sofre pela má qualidade fornecida por algumas distribuidoras. O fato da

ANEEL, que é um órgão regulador de energia elétrica, exigir que os municípios recebam

toda essa responsabilidade, sem mesmo ter autoridade para isso ou até mesmo analisar

quais os municípios que possuem condição para tal responsabilidade, nota-se um descaso

com o setor público, com a qualidade dos serviços, com as prefeituras e com a população. A

forma que a ANEEL usou, pautado na constituição e não em uma lei, para forçar as

transferências dos ativos teve um “sucesso” quantitativo, já que 90% [15] dos municípios

brasileiros já realizaram as transferências dos ativos. Porém, observando pelo aspecto

qualitativo, os municípios perderam muito, pois além dos gastos exorbitantes, como já foi

analisado no capítulo 4, dos problemas que terão que enfrentar devido à ausência de

orientação de como administrar tais parques, da falta de dados, de conhecimento, de

infraestrutura, e ainda esta atitude acarretou diversos contratos entre prefeituras e empresas

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terceirizadas, tendo que fazer dívidas milionárias para conseguir administrar o setor, sendo

que transferirão esses gastos a população.

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Referências Bibliográficas

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– São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: http://www.osetoreletrico.com.br/web/a-

revista/1252-iluminacao-publica-de-quem-e-a-responsabilidade.html. Acesso em: 04 de

setembro de 2015.

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http://www.osetoreletrico.com.br/web/a-empresa/745-o-papel-social-da-luz-urbana.html.

Acesso em: 10 de outubro de 2015.

[3] FRÓES DA SILVA, Lourenço Lustosa – Iluminação pública no Brasil: Aspectos

energéticos e Institucionais, Rio de Janeiro, RJ, 2006.

[4] ROSITO, Luciano Haas – As origens da iluminação pública no Brasil, Porto Alegre, RS,

2009.

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[7] Demape inovação e energia – Itatiba, São Paulo, 2015. Disponível em:

www.demape.com.br. Acesso em: 10 de abril de 2015.

[8] NBR entrevista superintende de Regulação dos Serviços dos Serviços Comerciais da

Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Marcos Bragatto, Prefeituras vão cuidar da

iluminação pública a partir de 2015 - Brasília, Distrito Federal, 2014. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=NzLz5AGpapc. Acesso em: 04 de setembro de 2015.

[9] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL), Condições gerais de

fornecimento de energia elétrica, Resolução Normativa Nº 414/2010 – Direitos e deveres do

consumidor de energia elétrica – Brasília, DF, 2010.

[10] AMMTV entrevista o procurador jurídico do município de Bauru, Maurício Porto,

Cuidados aos receber os ativos de iluminação pública - Bauru, São Paulo, 2014. Disponível

em: https://www.youtube.com/watch?v=bVGgdOvD3eU. Acesso em: 04 de setembro de

2015.

[11] Câmara municipal de Itajubá - Encontro com prefeitos e vereadores da região discute

transferência da responsabilidade da iluminação pública aos municípios – Itajubá, Minas

Gerais, 2014. Disponível em: http://www.itajuba.cam.mg.gov.br/itajuba/Pagina.do;jsessionid=

xw96ged9s34j?idSecao=59&idNoticia=10882. Acesso em: 10 de outubro de 2015.

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[12] Infraestrutura urbana – Projetos, custos e construções, entrevista com o advogado

Alfredo Gioielli – São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em:

http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/30/artigo294194-1.aspx. Acesso

em: 10 de outubro de 2015.

[13] FUNDAÇÃO PREFEITO FARIA LIMA - CEPAM, Iluminação pública - guia do gestor –

Secretaria de energia do estado de São Paulo, São Paulo, SP, 2013.

[14] CPFL – Companhia paulista de força e luz – Campinas, São Paulo, 2015. Disponível

em: http://servicosonline.cpfl.com.br/servicosonline/taxasetarifas/taxasetarifas.aspx/. Acesso

em: 15 de outubro de 2015.

[15] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica – Brasília, Distrito Federal, 2015.

Disponível em: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/noticias/output_noticias.cfm?identidade=

8520&id_area. Acesso em: 15 de outubro de 2015.

[16] Exati Tecnologia – Curitiba, Paraná, 2015. Disponível em: https://www.exati.com.br/.

Acesso em: 20 de outubro de 2015.

[17] EUROPEAN PPP EXPERTISE CENTRE – EPEC, Energy Efficient Street Lighting –

Luxemburgo, União Europeia, 2013.

[18] Induspar indústria de iluminação e elétrica – Ibaté, São Paulo, 2015. Disponível em:

http://www.induspar.com/. Acesso em: 10 de abril de 2015.

[19] Neo Solar Energia - São Paulo, São Paulo, 2015. Disponível em: www.neosolar.com.br.

Acesso em: 20 de julho de 2015.

[20] Câmara dos Deputados – Palácio do Congresso Nacional – Brasília , Distrito Federal,

2015. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/. Acesso em: 02 de novembro de 2015.

[21] Senado Federal – Praça dos Três Poderes – Brasília, Distrito Federal, 2015. Disponível

em: http://www12.senado.leg.br/hpsenado. Acesso em: 02 de novembro de 2015.

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Anexo

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