13
Reserva Ecológica de Jacarenema Anfíbios 1 ZONEAMENTO AMBIENTAL RESERVA ECOLÓGICA DE JACARENEMA VILA VELHA - ES Coordenação Geral Cesar Meyer Musso Coordenação Técnica Rogério Nora Lima DIAGNÓSTICO AMBIENTAL Fauna Associação Vila-velhense de Proteção Ambiental Vila Velha - ES, dezembro de 2002

Rogério Nora Lima DIAGNÓSTICO AMBIENTAL Fauna naturais/jacarenema/ambiente/Herpetofauna... · Tabela 2 - Lista das espécies de Répteis registradas nas entrevistas e em fontes

Embed Size (px)

Citation preview

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 1

ZONEAMENTO AMBIENTAL

RESERVA ECOLÓGICA DE JACARENEMA VILA VELHA - ES

Coordenação Geral

Cesar Meyer Musso

Coordenação Técnica

Rogério Nora Lima

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Fauna

Associação Vila-velhense de Proteção Ambiental

Vila Velha - ES, dezembro de 2002

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 2

ZONEAMENTO AMBIENTAL

RESERVA ECOLÓGICA DE JACARENEMA VILA VELHA - ES

Fauna

Objetivo: Subsidiar o Diagnóstico Ambiental da área de estudo para o Zoneamento Ambiental da Reserva Ecológica de Jacarenema.

Entomologia e Carcinologia

Hélio Santos Sá - CRBio-2 05078/02 BIÓLOGO,MS

Anurofauna / Herpetofauna / Ictiofauna

Antônio de Pádua Almeida – CRBio - 2 15595/02 Biólogo,Ms

João Luiz Gasparini Colaborador Especial

Avifauna e Mastofauna

Originalis Natura TRT, 580/02, livro nº003, fl. nº 180

Ana Cristina Venturini - CRBio-2 12707/02

Bióloga

Pedro Rogério de Paz -CRBio-2 12721/02 Biólogo

Associação Vila-velhense de Proteção Ambiental

Vila Velha - ES, dezembro de 2002

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 3

HERPETOFAUNA - Índice

1. METODOLOGIA....................................................................................................................................... 01

2. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................................... 01

3. ESPÉCIES AMEAÇADAS OU EM EXTINÇÃO............................................................................................. 04

4. ESPÉCIES CINEGÉTICAS........................................................................................................................ 04

5. COMENTÁRIOS GERAIS SOBRE ALGUMAS ESPÉCIES............................................................................. 04

5.1 Chelonia mydas................................................................................................................................................ 04

5.2 Caretta caretta.................................................................................................................................................. 05

5.3 Caiman latirostris.............................................................................................................................................. 05

5.4 Bothrops (Bothriopsis) bilineatus......................................................................................................................... 05

5.5 Tupinambis merianae......................................................................................................................................... 05

5.6 Boa constrictor.................................................................................................................................................... 06

5.7 Micrurus corallinus............................................................................................................................................. 06

5.8 Philodryas olfersii............................................................................................................................................... 07

6. ESPÉCIE EXÓTICA................................................................................................................................... 07

6.1 Hemidactylus mabouia....................................................................................................................................... 07

7. RECOMENDAÇÕES DE MANEJO............................................................................................................... 07

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................. 07

ANEXOS Anexo 1 – Carta faunística

HERPETOFAUNA – Lista de figuras Figura 1: O Lagarto papa-vento ou Camaleão-verde, Polychrus marmoratus.............................................................. 03

Figura 2: A Cobra ou Dormideira, Dipsas albifrons.................................................................................................... 03

Figura 3: O Teiú ou Lagarto-tiú, Tupinambis merianae.................................................................................................... 06

Figura 4: A Jibóia, Boa constrictor............................................................................................................................. 06

HERPETOFAUNA – Lista de tabelas Tabela 1 - Lista das espécies de répteis, com seus respectivos nomes populares, habitats, hábitos e abundância

local.......................................................................................................................................................... 02

Tabela 2 - Lista das espécies de répteis registradas nas entrevistas e em fontes bibliográficas, com seus respectivos

nomes populares locais, habitats, hábitos e abundância local................................................................... 04

Tabela 3 - Relação das espécies da herpetofauna da região nas Listas de fauna Ameaçada do IBAMA e da IUCN........ 04

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 4

FATORES BIÓTICOS

HERPETOFAUNA

1. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para as campanhas de campo foi a procura ativa em todos os ambientes, durante vários horários do dia, do crepúsculo e da noite. Foram realizadas entrevistas com moradores do entorno e funcionários do Posto da Polícia Rodoviária Estadual existente na Rodovia do Sol (ES – 060). Foi consultada ainda a Coleção Zoológica da UFES. Informações disponíveis na literatura foram consultadas (Venturini, et al., 1996; Gasparini 2000 a, b, no prelo), além da utilização dos registros coligidos em diversas visitas a campo realizadas nos últimos anos, pelos pesquisadores Antônio de Pádua Almeida e João Luiz Gasparini.

As fotografias foram realizadas “in loco”. Não foram coletados espécimes durante os levantamentos, em função da existência de registros ao longo de diversos anos, aliada ao fato da área ser uma Unidade de Conservação pequena, sendo portanto desaconselhável a realização de coletas.

Para a determinação taxonômica das espécies de répteis, foram utilizadas bibliografias especializadas, entre elas: Argôlo (1992), Avila-Pires (1995), Campbell & Lamar (1989), Duellman (1978), Rodrigues (1987, 1988), Grantsau (1991), Pritchard & Trebbau, 1984, Hoge (1948), Rocha (1994), Sazima & Haddad (1992), Sazima & Manzani (1995), Strüssmann (1992), Vanzolini, et al., (1980), Vitt & De La Torre (1996), Wright & Vitt (1993) e Marques et al. (2001), além de comparações com o material disponível e que foi coletado em áreas próximas. Para alguns grupos foi mantida a designação “cf.” (conferir), em função das diagnoses apresentadas não corresponderem exatamente aos dados dos exemplares analisados. Outros foram designados “gr.” (grupo), por se tratarem de epítetos que guardam duas ou mais espécies sob o mesmo nome.

Para a determinação dos padrões locais de abundância, foram utilizadas as categorias RARA (R) quando apenas 1 indivíduo por espécie foi registrado; INCOMUM (I) quando foram registrados entre 2 e 5 indivíduos por espécie; COMUM (C) quando foram registrados de 6 a 20 indivíduos; ABUNDANTE (A), para 21 ou mais registros por espécie.

2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os levantamentos de répteis registraram 32 espécies, distribuídas em 30 gêneros e 16 famílias, que estão dispostas na Tabela 1, ordenadas filogeneticamente segundo Zug (1993), com modificações propostas por Frost & Etheridge (1989) e Vitt & De La Torre (1996).

Os hábitos discretos de parte das espécies contribui para o pouco conhecimento sobre a composição das comunidades herpetofaunísticas (Marques et al., 1998). Uma vez que a utilização de armadilhas não estava inserida no escopo deste estudo, as considerações sobre abundância deste grupo são apenas superficiais. Adicionalmente, a escassez de informações quantitativas sobre a herpetofauna do Espírito Santo impede comparações satisfatórias.

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 5

Tabela 1 - Lista das espécies de Répteis, com seus respectivos nomes populares, habitats, hábitos e abundância local.

SUBORDEM Família / Espécie

Nome popular

Habitat &

Hábitos

Abundância local

TESTUDINES Chelidae Phrynops geoffroanus Cágado AV; AQ R

Cheloniidae Chelonia mydas Tartaruga-verde MAR; AQ C

Caretta caretta Tartaruga-cabeçuda MAR; AQ I LACERTILIA Gekkonidae Gymnodactylus darwinii Taruíra-da-mata MR; A I

Hemidactylus mabouia Taruíra AV; A A

Anguidae Ophiodes cf. striatus Cobra-de-vidro AA; T C

Gymnophthalmidae Leposoma cf. scincoides Lagartinho MR; T I

Scincidae

Mabuya agilis Víbora AV; T C

Polychrotidae Polychrus marmoratus Papa-vento AV; A C Anolis cf. punctatus Lagartinho MR; A I

Teidae

Ameiva ameiva Lagarto-verde AA; T C

Cnemidophorus nativo Lagarto-listrado AA; T C

Tupinambis merianae Teiú, Tiú AV; T I

Tropiduridae Tropidurus gr. torquatus Calango AV; T A

Amphisbaenidae Amphisbaena alba Cobra-cega AV; F I

Leptosternon microcephalum Cobra-cega AV; F I

SERPENTES Leptotyphlopidae

Leptotyphlops macrolepis Cobra-cega AA; F I Thyphlopidae

Typhlops brongersmianus Cobra-cega AA; F I Boidae

Boa constrictor Jibóia AV; A I

Corallus hotulanus Jiboinha AV; A R Colubridae

Chironius fuscus Cobra AV; A I Dipsas albifrons Dormideira AV; AQ I

Liophis miliaris Cobra-d’água AV; AQ C

Liophis poecilogyrus Cobra-d’água AV; AQ I

Mastigodryas bifossatus Correntina AV; AQ I Oxybelis aeneus Cobra-cipó AV; A I

Oxyrhopus digitalis Falsa-coral AV; T C

Phylodryas olfersii Cobra-verde AV; A C

Pseudoboa nigra Falsa-coral ou cobra-leite AV; T I Elapidae

Micrurus corallinus Coral, cobra-coral AV; F I

Viperidae

Bothrops jararaca Jararaca; Preguiçosa AV; T C

Bothrops (Bothriopsis) bilineata Patioba, Jararaca-verde MR; A R Fonte: Levantamento de campo, 2002. Obs: HABITAT: AA = Áreas abertas (região entre-moitas e praia), AV = Ambientes variados, MR = Mata de restinga, MAR = Marinho; HÁBITOS: F = Fossorial, T = Terrícola, AQ = Aquático, A = Arborícola; ABUNDÂNCIA LOCAL: A = Abundante, C = Comum, I = Incomum, R = Rara.

As figuras 1 e 2 mostram as espécies Polychrus marmoratus e Dipsas albifrons, citadas na tabela 1, respectivamente.

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 6

Figura 1: O Lagarto papa-vento ou Camaleão-verde, Polychrus marmoratus.

Foto © João Luiz Gasparini.

Figura 2: A Cobra ou Dormideira, Dipsas albifrons.

Foto © João Luiz Gasparini.

As duas únicas espécies consideradas abundantes foram Tropidurus gr. torquatus e Hemidactylus mabouia. Ambas apresentam uma ampla distribuição geográfica, estando presentes em todos os poucos inventários herpetofaunísticos realizados em áreas costeiras no Espírito Santo. Vários autores consideram H. mabouia uma espécie exótica, trazida acidentalmente da África e introduzida no Brasil durante o tráfico de escravos.

As entrevistas com moradores do entorno e as informações existentes na literatura (Venturini, et al., 1996; Gasparini 2000 a, b, no prelo) indicam a presença de mais nove

espécies (Tabela 2).

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 7

Tabela 2 - Lista das espécies de Répteis registradas nas entrevistas e em fontes bibliográficas, com seus respectivos

nomes populares locais, habitats, hábitos e abundância local.

SUBORDEM Família / Espécie

Nome popular local

Fonte

CROCODYLIA Alligatoridae Caiman latirostris Jacaré-do-papo-amarelo E

SERPENTES Colubridae

Leptodeira annulata Cobra 2

Leptophis ahaetulla Cobra-cipó 2

Liophis miliaris Cobra-d’água 2

Philodryas patagoniensis Bobra 3 Pseustes sulphureus Cobra 2

Spillotes pullatus Caninana 2 Thamnodynastes cf. strigilis Falsa-jararaca 2

Siphlophis compressus Falsa-coral 2 Wanglerophis merremii Falsa-jararaca 2

Fonte: Levantamento de campo, 2002. Obs: E = Entrevista; 2 = Gasparini 2000 a,b; 3 = Gasparini (observação pessoal em Ubú).

3. ESPÉCIES AMEAÇADAS OU EM EXTINÇÃO

Das 39 espécies registradas na área, quatro se enquadram como ameaçadas de extinção, sendo citadas na Tabela 3. Tabela 3 - Relação das especies da herpetofauna da região incluídas nas Listas de Fauna Ameaçada do IBAMA e da

IUCN.

STATUS FAMÍLIA ESPÉCIE

Categoria IBAMA IUCN Chelidae Phrynops sp. EN x x

Caretta caretta EN x x Cheloniidae

Chelonia mydas EN x x Alligatoridae Caiman latirostris VU x Fonte: Levantamento de campo, 2002. Obs: * Vale lembrar que o gênero Tupinambis consta do CITIES.

4. ESPÉCIES CINEGÉTICAS

Cinco espécies mencionadas apresentam registros históricos de utilização como recurso alimentar. As tartarugas marinhas Caretta caretta e Chelonia mydas apresentam um declínio em escala mundial devido ao abate de fêmeas e à coleta de ovos para consumo humano (Carr, 1995). O jacaré-do-papo-amarelo, Caiman latirostris sofre intensas pressões de caça, em função de sua carne e couro, tendo sido exterminado em diversas áreas. Da mesma forma, o Teiú, Tupinambis merianae, lagarto que atinge 1m de comprimento, tem a carne e couro bastante apreciados (Marques, 1998). A jibóia (Boa constrictor), cobra típica da região, que atinge 4m de comprimento, é bastante cobiçada, também em função de sua carne e couro.

5. COMENTÁRIOS GERAIS SOBRE ALGUMAS ESPÉCIES

5.1 Chelonia mydas

Conhecida como tartaruga-verde, esta espécie possui quatro pares de placas laterais na carapaça, e uma garra em cada nadadeira. No Brasil, desova principalmente em ilhas oceânicas, como a Ilha da Trindade e o Atol das Rocas ( Moreira et al., 1995; Bellini et al., 1996). Os registros de desovas desta espécie em praias continentais do Brasil são esporádicos (Bellini et. al., 1990), mas sua presença junto à costa é comum (Marcovaldi et al., 1998), devido, principalmente, à presença de bancos de algas (Sanches & Bellini, 1999), o principal componente de sua dieta quando adultas (Hirth, 1997), sendo por esse motivo a espécie mais abundante nos registros de captura acidental nas praias do Brasil (Marcovaldi et al., 1998).

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 8

5.2 Caretta caretta

Conhecida como tartaruga-cabeçuda, sua coloração é amarelo-amarronzado, e a cabeça é muito grande, atingindo 25 cm de largura. Atingem até 180 kg (Dodd,1988), e 120 cm de comprimento retilíneo da carapaça (Pritchard et al., 1983). O litoral Norte do Estado do Espírito Santo abriga o segundo maior sítio reprodutivo de Caretta caretta, espécie responsável por cerca de 95 % das ocorrências reprodutivas nesta área (Baptistotte et al., 1999). As rotas migratórias das populações que desovam no litoral brasileiro não estão claramente definidas, apesar de algumas informações existentes a partir de animais marcados (Bolten et al., 1990; Almeida et al., 2000). Existem registros esporádicos de desova na área; em Anchieta, na praia de Guanabara, há registros regulares de desovas, a exemplo de Atafona, no litoral Norte do Rio de Janeiro, o que sugere a utilização pretérita de todo o litoral Sul do ES como área de desova.

5.3 Caiman latirostris

Esta espécie, apesar de estar citada erroneamente em diversos artigos como endêmica do sudeste do Brasil, possui distribuição um pouco mais ampla, ocorrendo também no Paraguai, Uruguai e Argentina. É uma espécie de pequeno porte, se comparada com os demais jacarés, medindo cerca de 1,80 metros de comprimento. Ocorre em baixas densidades populacionais na natureza, sendo territorial e de hábitos discretos. Quando jovem se alimenta de caramujos, crustáceos e invertebrados aquáticos. Adultos se alimentam de peixes, outros répteis, principalmente cágados, e de mamíferos de pequeno e médio porte.

5.4 Bothrops (Bothriopsis) bilineatus

Espécie de pequeno porte, raramente atingindo um metro de comprimento, peçonhenta, apresenta cauda preênsil. Coloração esverdeada, que a deixa perfeitamente camuflada entre as folhas das árvores. Está muito bem adaptada para a vida arbórea, mas também pode ser encontrada no solo, onde caça roedores e lagartos por espreita. Se alimenta de aves e os anfíbios também fazem parte de sua dieta. Por se tratar de uma espécie muito críptica e intrinsecamente dependente da Mata Atlântica preservada, pode ser considerada como possivelmente ameaçada. No Espírito Santo é conhecida como Patioba, Cobra-de-patioba ou Jararaca-verde.

5.5 Tupinambis merianae

É um lagarto robusto, de grande porte, terrestre e que habita tocas. Gosta muito da proximidade da água. É um animal residente que defende um amplo território. Alimenta-se de vários itens, sendo um omnívoro oportunista. Alcança um metro de comprimento total. É uma espécie caçada em diversos pontos do Brasil, pois sua carne e couro são valiosos (Marques et al., 1998; Gasparini, 2000 a). Por sofrer grande pressão de captura, requer uma atenção especial durante um possível monitoramento futuro, e deveria ser utilizada como espécie alvo na educação ambiental (Figura 3).

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 9

Figura 3: : O Teiú ou Lagarto-tiú, Tupinambis merianae.

Foto © João Luiz Gasparini.

5.6 Boa constrictor

Serpente de grande porte, chegando a atingir 4 metros de comprimento. Pupilas verticais, dentição áglifa, não peçonhenta. O colorido é muito variável. Possui hábitos crepusculares e noturnos; terrestre e arborícola, alimentando-se de lagartos, aves e mamíferos. É vivípara, parindo até 55 filhotes (Freitas, 1999).

É uma espécie que merece atenção especial pois vêm sofrendo grande pressão de caça, cobiçada pelo seu couro e carne (Marques et.al., 1998; Gasparini, 2000 a) (Figura 4).

Figura 4: A Jibóia, Boa constrictor. Foto © João Luiz Gasparini.

5.7 Micrurus corallinus

Cobra de pequeno porte, raramente alcançado mais que 80 centímetros. Olhos pequenos e pupílas verticais. Possui peçonha neurotóxica (Freitas, 1999).

Possui hábitos semi-fossoriais e por vezes pode ser encontrada em atividade tanto durante o dia como durante a noite. Sua dieta é composta de outras cobras, e, principalmente, de anfísbenios. É ovípara.

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 10

5.8 Philodryas olfersii

Cobra verde bastante comum em ambientes costeiros do ES. Ocorre da Amazônia até o norte da Argentina. Possui hábito diurno, com maior atividade no período da manhã. É uma caçadora ativa, e come vertebrados de todos os tipos, que captura no solo ou sobre arbustos (Vanzolini, et al., 1980).

6. ESPÉCIE EXÓTICA

6.1 Hemidactylus mabouia

É um pequeno lagarto de hábito noturno, caçador de espreita. Sua dieta é composta basicamente por insetos. Possui cabeça achatada dorso-ventralmente. O colorido dorsal é muito variável. Sua distribuição geográfica é muito ampla, desde a África, Antilhas, América do Sul Cisandina até o Rio Grande do Sul. A fêmea põe de cada vez dois ovos de casca calcárea, geralmente em frestas ou dentro de pilhas de materiais de construção, lenha ou mesmo dentro de casa (Pendlebury, 1972 e Vanzolini, et al., 1980). Muitos autores consideram como espécie exótica, colocam a hipótese de ter sido trazida acidentalmente da África e introduzida no Brasil durante o tráfico de escravos. Em todo o litoral brasileiro, é abundante, principalmente em áreas antropizadas e em construções.

7. RECOMENDAÇÕES DE MANEJO

Recomenda-se a implantação de um plano de monitoramento dos répteis, com campanhas de periodicidade mínima bimestral, num período mínimo de um ano, e adotando metodologias não destrutivas, como censos visuais e de captura e soltura com uso de armadilhas "pit fall”, como a utilizada no Projeto Microbacias (Aracruz Celulose S.A., 1995). Além disso estudos da história natural de algumas espécies, usando métodos não destrutivos de observação naturalística, “animal focal” e “de todas as ocorrências” (cf. Lehner, 1979), principalmente para àquelas citadas como em declínio populacional por causa da pressão de caça (Tabela 1).

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, A. P. 1999. Avaliação do manejo de desovas da careba-amarela, Caretta caretta (Linnaeus, 1758) Testudines:Chelonnidae) em Pontal do Ipiranga, Linhares, ES. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do espírito Santo, 65 p.

ALMEIDA, A. P., BAPTISTOTTE, C. & SCHINEIDER, J. A. P. 2000. Loggerhead tagged in Brazil found dead at Uruguay. Marine Turtle Newsletter, 87:10.

ARACRUZ CELULOSE S.A. 1995. Monitoramento da Herpetofauna no Projeto Microbacias. Relatório Técnico Parcial. Aracruz Celulose S.A.

ARGÔLO, A. J. S. 1992. Considerações sobre a ofiofauna dos cacauais do sudeste da Bahia, Brasil. Monografia. Universidade Estadual de Santa Cruz. 65 pp.

AVILA PIRES, T. C. S. de. 1995. Lizards of Brazilian Amazonia (Reptilia: Squamata). Nationaal Natuurhistorisch Museum. 706 p.

BAPTISTOTTE, C., THOMÉ, J.C. & BJORNDAL, K.A. 1999. Reproductive Biology and Conservation Status of the loggerhead sea turtle (Caretta caretta) in Espírito Santo State, Brazil. Proceedings of the 19th Annual Symposium on Sea Turtle Conservation and Biology, South Padre Island.

BELLINI, C., ALMEIDA, A. P. & RIETH, D. B. 1990. Acompanhamento das Ocorrências (emergências) de tartarugas marinhas, na temporada reprodutiva 1989/1990, nas praias entre o rio Doce e Barra Seca, ES. Ciência e Cultura, Supl., 42(7): 371-372.

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 11

BELLINI, C., MARTINS FILHO, S., THOMÉ, J.C., MOREIRA, L. & SÁ, S. 1990. Caracterização ambiental e mapeamento das interferências antrópicas na região do ecossistema rio-lagoa Monsarás, Povoação, ES. In: Anais do II Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira. Estrutura, Função e Manejo. Publicação ACIESP 71-2, p. 73-84. São Paulo.

BELLINI,C. & SANCHES,T. M. 1996: Reproduction and feeding of marine turtles in the Fernando de Noronha Archipelago, Brazil. Marine Turtle Newsletter 74, 12-13.

BOLTEN, A. B., MARTINS, H. R., NATALI, M. L., THOMÉ, J. C. & MARCOVALDI, M. A. 1990. Loggerhead released in Brazil recaptured in Azores. Marine Turtle Newsletter, 58: 24:25.

CAMPBELL, J. A . & LAMAR, W. W. 1989. The venomous reptiles of Latin America. Cornell University Press. New York. 425 pp.

CARR, A.F. 1956. The Windward Road. New York, Alfred Knopf.

CROUSE, D.T., CROWDER, L.B. & CASWELL, H. 1987. A stage-based population model for loggerhead sea turtles and implications for conservation. Ecology, v. 68, n. 5, p. 1412-1423.

CROUSE, D.T., CROWDER, L.B. & CASWELL, H. 1987. A stage-based population model for loggerhead sea turtles and implications for conservation. Ecology, v. 68, n. 5, p. 1412-1423.

DODD, C.K., Jr. Synopsis of the biological data on the loggerhead sea turtle Caretta caretta (Linnaeus 1758). U.S.Fish Wildl. Serv., Biological Report, v. 88, n.14, 110 p. 1988.

DUELLMAN, W. E. 1978. The biology of na equatorial herpetofauna in amazonian Ecuador. Miscellaneous Publications, Museum of Natural History, The University of Kansas. 55: 352 pp.

FROST, D. R. & ETHERIDGE, R. 1989. A phylogenetic analysis and taxonomy of Iguanian lizard (Reptilia: Squamata). Miscellneous Publications. The University of kansas, Museum of Natural History. 81: 65 pp

GASPARINI, J. L. (no prelo). Diagnóstico da biodiversidade de répteis do Espírito Santo: riqueza de espécies, declínios populacionais e perspectivas de conservação.

GASPARINI, J. L. 2000 a. Répteis da Área de Preservação Ambiental (APA) de Setiba, Guarapari, Espírito Santo. V Simpósio Brasileiro de Ecossistemas: Conservação. Vitória, Espírito Santo. Resumos.

GASPARINI, J. L. 2000 b. O Espírito Santo “entre cobras e lagartos”: diagnóstico da riqueza de espécies nos ecossistemas capixabas. Revista Trilhas. 7 (19): 36-40.

GRANTSAU R. 1991. As cobras venenosas do Brasil. Mercedes Benz, São Bernardo do Campo. 101 pp.

HIRTH, H.F. 1997: Synopsis of the Biological data on the Green Turtle Chelonia mydas (Linnaeus 1758). U.S.Fish Wildl. Serv., Biological Report 97(1), 119 p.

LEHNER, P. N. 1979. Handbook of ethological methods. New York, Garland STPM Press.

MARCOVALDI, M.A. & MARCOVALDI, G. 1999. Marine Turtles of Brazil: the history

and structure of Projeto TAMAR-IBAMA. Biological Conservation, 91:35-41.

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 12

MARCOVALDI, M.A. 1987. Marine turtle protection in Brazil. Marine Turtle Newsletter, n. 40, p. 4-5.

MARQUES, O. A. V.; ABE, A. S. & MARTINS, M. 1998. Estudo diagnóstico da diversidade de répteis do Estado de São Paulo. In: Biodiversidade do estado de São Paulo – Síntese do conhecimento ao final do século XX, 6: Vertebrados. R. M. C. Castro (Ed.). pp. 29-38. FAPESP. São Paulo, SP.

MARQUES, O. A. V., ETEROVIC, A. & SAZIMA, I. 2001. Serpentes da Mata Atlântica. Guia ilustrado para a Serra do Mar. Holos Editora. 184 pp.

MARQUEZ, M. R. 1990. FAO species catalogue.Vol. 11: Sea turtles of the world. An annotated and illustrated catalogue of sea turtles species Known to date. FAO Fisheries Synopsis, No. 125, Vol. 11. Rome,FAO, 1990.

MEYLAN, A.B., BOWEN, B.W. & AVISE, J.C. 1990. A genetic test of the natal homing versus social facilitation models for green turtle migration. Science, n. 248, p. 724-727.

MORTIMER, J. A. 1995. Feeding ecology of sea turtles. In: Biology and Conservation of Sea Turtles. 2nd ed. (Ed: Bjorndal,KA) Smithsonian Institution Press, Washington,D.C., 103-109.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL. 1990. Decline of the sea Turles: causes and prevention. National Academy Press, Washington, D.C.

NELSON, D. A. 1988. Life history and environmental requirements of loggerhead turtles. U.S. Fisheries and Wildlife Service, Biological Report, v. 88, n. 23, 34 p.

PENDLEBURY, G. B. 1972. Nesting sites, eggs and young Hemidactylus mabouia from Carriacou, West Indies. Herpetological Review. 4 (6):203.

PRITCHARD, P. C. H. & TREBBAU, P. 1984. The turtles of Venezuela. SSAR Contrib. Herpetol. no 2.

PRITCHARD, P.C.H., BACON, P.R., BERRY, F.H., CARR, A.F., FLETEMEYER, J., GALLAGHER, R.M., HOPKINS, S.K., LANKFORD, R.R., MARQUEZ, R., OGREN, L.H., PRINGLE, W.G., JR., REICHART, H.M., WITHAM, R. 1983. Sea Turtle Manual of Research and Conservation Techniques. Center for Environmental Education, Washington, DC.

ROCHA, C.F.D. 1994. Introdução à ecologia de lagartos brasileiros. In: Nascimento, L.B.; Bernardes, A .T. & Cotta, G.A . (Eds.). Herpetologia no Brasil, 1. V Encontro Brasileiro de Herpetólogos. Belo Horizonte. Pp. 39-57.

RODRIGUES, M. T. 1987. Sistemática, Ecologia e Zoogeografia dos Tropidurus do grupo torquatus ao sul do rio Amazonas (Sauria: Iguanidae). Arquivos de Zoologia, Museu de Zoologia da universidade de São Paulo. 31 (3): 120 pp.

RODRIGUES, M. T. 1988. Distribution of lizards of the genus Tropidurus in Brazil (Sauria, Iguanidae). In: Vanzolini, P.E. & Heyer, W.R. (Eds.). Proceedings of a workshop on neotropical distribution patterns. Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro. 305-315.

SAZIMA, I. & HADDAD, C.F.B. 1992. Répteis da Serra do Japí: notas sobre história natural. In: Morellato, L.P.C. (Org.). História natural da Serra do Japí. Ecologia e preservação de uma área florestal no Sudeste do Brasil. Editora da Unicamp. 212-236.

Reserva Ecológica de Jacarenema

Anfíbios 13

SAZIMA, I. & MANZANI, P.R. 1995. As cobras que vivem numa reserva floresta urbana. In: Morellato, P.C. & Leitão Filho, H.F. (Orgs.). Ecologia e preservação de uma floresta tropical urbana. Reserva de Santa Genebra. Editora da Unicamp. Pp. 78-82.

STRÜSSMANN, C. 1992. Serpentes do Pantanal de Poconé, Mato Grosso: composição faunística, história natural e ecologia comparada. Tese de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas. 125 pp.

VANZOLINI, P. E.; RAMOS-COSTA, A . M. & VITT, L. J. 1980. Répteis das caatingas. Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro. 161 pp.

VANZOLINI, P.E. 1978. On South American Hemidactylus (Sauria, Gekkonidae). Papéis Avulsos do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. 32 (10): 107-115.

VITT, L. J. & DE LA TORRE, S. 1996. Guia para la investigacion de las lagartijas de Cuyabeno. Monografia 1. Museu de Zoologia, Centro de biodiversidad y ambiente, Pontificia universidad Catolica del Ecuador. Imprenta Mariscal. Ecuador. 165 pp.

ZUG, G. R. 1993. Herpetology: na introductory biology of amphibians and reptiles. Academic Press. 527 pp.

WILSON, L. D. & PORRAS, L. 1983. The ecological impact of man on the South Florida Herpetofauna. The University of Kansas, Museum of Natural History and World Wildlife Fund – U. S. 89 p.

WRIGHT, J. W. & VITT, L. J. 1993. Biology of whiptail lizards. Oklahoma Museum of Natural History. Oklahoma. 417 pp.