Rogério Santos, Olhos de Boneca. Uma História das ...analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223990838C3wAV3ly3Oi46EG3.pdf · grafos, de acordo com o que sucede com as primeiras nas

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    Anlise Social, vol. XXXVI (Inverno), 2002

    Rogrio Santos, Olhos de Boneca.Uma Histria das Telecomuni-caes 1880-1952, Lisboa, EdiesColibri/Portugal Telecom, 1999, 182pginas, ilustraes.

    As telecomunicaes apresentam--se hoje como formas essenciais dacomunicao nas sociedades ditasmodernas. A sua histria, a daconstruo e generalizao das estru-turas materiais e organizacionais, dastecnologias e dos usos que foram ten-do, um campo onde ainda h muitopor explorar.

    Para o caso portugus, a bibliogra-fia apresentada no livro aqui recenseadoe aquela que se encontra disposiona biblioteca da Fundao Portuguesadas Comunicaes, bem como algunsartigos publicados na revista de cir-culao interna da mesma Fundao Cdice por parte dos seus in-vestigadores, parecem-nos ser um bomponto de partida para quem venha ainteressar-se pelo assunto.

    Este livro surge depois de cercade dcada e meia de investigao doautor no interior da instituio Telefo-nes de Lisboa e Porto (TLP) e depoisna Portugal Telecom sobre estes as-suntos, com vrios artigos em publi-caes institucionais ou de circulaorestrita. As bases da investigao fo-ram sobretudo documentos de arqui-vo, quer dos Correios, Telgrafos eTelefones (CTT), quer da Anglo-Por-tuguese Telephone Company (APT),secundados por pesquisa iconogrficaem arquivos fotogrficos, pesquisaem peridicos da poca e ainda algu-

    mas recolhas de memrias orais porvia de entrevistas. At ver, no houvenenhuma outra publicao sobre oassunto que conjugasse um acervo deestatsticas to extenso e uma pesqui-sa para um perodo to vasto na his-tria das telecomunicaes portugue-sas. Tem-se ainda uma edio degrande qualidade, com um grafismocuidado e que incorpora um acervoiconogrfico que vale por si prprio,independentemente do texto.

    O livro de Rogrio Santos no seruma obra marcante na historiografiaportuguesa, mas tem o mrito de nosfornecer vrios dados que permitempoupar algumas visitas ao arquivo porparte de quem se interessar pela hist-ria das telecomunicaes. Os resulta-dos do trabalho que foi feito sobrealgumas das estatsticas oficiais sobreo sector e de alguns documentos daCompanhia dos Telefones APT do--nos uma perspectiva da evoluo deuma srie de indicadores fundamentaispara todo o perodo.

    Entre estes encontram-se no pri-meiro captulo dados sobre o tipo deestaes (telegrficas, telefnicas esemafricas) pertencentes Direc-o-Geral dos Correios, Telgrafos eFaris, os tipos de aparelhos telegr-ficos em uso nessas estaes, a loca-lizao das primeiras estaes e cabi-nas telefnicas no perodo de1883-1888. Indicam-se tambm curi-osidades como a distribuio das cen-trais telegrficas na dcada de 90 dosculo passado, conforme os horriosde abertura servio permanente,servio de dia prolongado, serviocompleto, servio limitado, horrio

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    especial. Atravessando todos os cap-tulos, encontramos indicadores commaior alcance temporal retirados dasestatsticas oficiais sobre o sectorjuntamente com documentao daAPT. So os que respeitam exten-so das linhas de telgrafos e telefo-nes, ao nmero de redes telefnicaspor distrito do pas, ao nmero dechamadas telefnicas locais, interurba-nas e internacionais, aos preos dostelegramas e das chamadas telefnicase aos rendimentos dos servios tele-grficos e telefnicos. Com menor al-cance temporal apresenta-se tambm onmero de aparelhos receptores derdio na dcada de 30, os salrios paradiversas categorias profissionais naagncia estatal e na APT e ainda a dis-tribuio do pessoal por categoriasprofissionais, entre outros.

    Passando ao texto do livro pro-priamente dito, e deixando de parte aintroduo e a concluso, este en-contra-se dividido em duas partes, aprimeira intitulada Indstrias e tec-nologias e a segunda Sociedade.Para l disto, inclui-se um trabalhode Isabel Varo, investigadora daFundao Portuguesa de Comunica-es: uma Cronologia comparadados principais eventos da histria dastelecomunicaes desde 1838 at1999, em que podem encontrar-sealguns eventos no referidos ao lon-go do texto de Rogrio Santos, taiscomo os congressos telegrficos in-ternacionais que decorrem em Portu-gal, e que difcil de avaliar, comotodos os exerccios de cronologia.

    Na primeira parte do livro inclu-em-se trs captulos, sendo o primei-

    ro dedicado aos primrdios dos tele-fones no pas, nas dcadas de 1880e 1890, quando a tecnologia de tele-comunicaes dominante era a dotelgrafo, e o segundo dirigido scinco dcadas que vo de 1900 a1952 nas telecomunicaes dirigidaspelo Estado portugus e pela firmainglesa APT. Esta firma detinha aconcesso do Estado para a explora-o de linhas telefnicas nas reas deLisboa e Porto desde 1887, aps estalhe ter sido trespassada pela EdisonGower Bell Telephone Company, quea detinha desde 1882. Ao Estado,atravs da Direco-Geral de Correi-os, Telgrafos e Faris e suas suce-dneas, cabia o monoplio destesservios no resto do territrio portu-gus e para comunicao interna doEstado em Lisboa. O autor intentauma periodizao da evoluo em pa-ralelo das redes de telefones e tel-grafos, de acordo com o que sucedecom as primeiras nas redes do Esta-do. Define assim quatro perodos,sendo o primeiro de 1904 a 1911,desde a inaugurao oficial da ligaoLisboa-Porto at constituio deredes telefnicas, o segundo aqueleonde vo constituir-se novas redestelefnicas por todo o pas (1912--1927), o terceiro em que se planeiaa rede telefnica nacional que une to-das as outras (1928-1936) e onde seinauguram as comunicaes telefni-cas internacionais por fio e sem fiodevido aos sucessos da guerra civilespanhola e o quarto em que se assis-te substituio das antigas estaesmanuais por estaes automticas electromecnicas (1937-1952). Ao

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    longo do captulo vai-se referindo oconflito latente entre as tecnologiasdo telgrafo e do telefone, a suacomplementaridade nas redes do Es-tado e a mudana de posio relativaentre o incio e o final do perodoanalisado onde o telefone passade acessrio da linha dos telgrafos aprincipal meio de telecomunicao.

    O terceiro captulo desta partededica-se s telecomunicaes inter-nacionais com Portugal e ao surgi-mento da radiodifuso. Aqui v-seuma vez mais a importncia da trans-ferncia de tecnologia a partir de umafirma estrangeira, com as visitas deMarconi a Portugal e a criao daCompanhia Portuguesa de RdioMarconi e a concorrncia com anteri-or acordo entre a AEG/Telefunkenpor parte do Estado. Aborda-se o ser-vio telefnico internacional com fiose radiotelefnico e ainda o surgimentoe evoluo da radiodifuso no pas.Depois de anos em que, desde 1902,iniciativas autnomas de instalao deemissores de telegrafia sem fios eramproibidas e os postos de telegrafiaclandestinos apreendidos, interrogan-do-se os implicados na sua instalaoe manuteno, surge em 1930 legisla-o sobre a actividade e comeam asurgir estaes de emisso, mantendo--se algumas at quase aos nossosdias inclusive a Emissora Nacio-nal, ligada aos CTT.

    A segunda parte subdivide-se emdois captulos de mbitos muito dife-rentes. O primeiro ocupa-se de inciode um esboo de retrato das profis-ses ligadas s telecomunicaes noperodo, com especial ateno pro-

    fisso de telefonista, maioritariamen-te exercida por mulheres. Em segui-da, intenta uma abordagem s condi-es de vida do pessoal destasindstrias no final do sculo XIX eincios do sculo XX, fechando o ca-ptulo com referncias s vrias ac-es colectivas de greves por partede diferentes camadas de trabalhado-res, quer no Estado, quer na APT, eseu desenlace. Tem uma ltima refe-rncia aos embries de funes deassistncia social aos trabalhadores,via criao de postos mdicos, a quetinham acesso os trabalhadores emais tarde tambm os seus familia-res, e ainda fundao de associa-es desportivas, recreativas e cultu-rais nos anos 40 e 50.

    No outro captulo desta parte, oquinto do livro, encontra-se umapequena anlise dos servios de pu-blicidade e propaganda da APT nosanos 30. As duas vertentes a segui-das so a da descrio de meios uti-lizados e amostragem de contedosdos textos e cartazes de propagandana primeira seco e a da organiza-o administrativa do pessoal comligao a estes servios, frisando acriao de novas funes, como a deangariador e a de relaes pblicas.Refira-se que dito no livro (p. 71)que a agncia estatal criou tambmuma seco interna dedicada publi-cidade e propaganda e alargada pos-teriormente rea da cultura.

    Apontemos agora alguns dos pro-blemas que encontrmos nesta histriadas telecomunicaes em Portugal.O autor cai num erro de perspectivacomum a grande parte da historio-

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    grafia portuguesa que lida com em-presas com actividade no pas mascom sede administrativa no estran-geiro. Baseia-se apenas na perspecti-va do que se passava em Portugal,deixando escapar por completo aforma de tomadas de decises e arelao dos centros de deciso noestrangeiro com os locais de execu-o no pas. Os estudos, planos eprojectos feitos relativamente ao de-senvolvimento das actividades nestescentros de deciso tambm ficampor referir. Fontes como relatriostcnicos, actas dos conselhos de ad-ministrao, assim como algo quenunca nos referido pelo autor os relatrios de contas e do conselhode administrao da empresa APT eda Marconi portuguesa, no referin-do tambm as menos importantescompanhias estrangeiras que proce-deram instalao de cabos subma-rinos para comunicaes internacio-nais. Se tal enviesamento se deve falta de condies para deslocao aoestrangeiro no mbito da investiga-o ou ao desaparecimento ouinexistncia por qualquer motivo dedocumentos que esclarecessem estesaspectos, achamos que tal devia tersido claramente assinalado no texto.Alm disso, as devidas reticnciasdeveriam ser colocadas na apresen-tao de explicaes de variadosacontecimentos e processos decor-rentes da aco das instituiesquando no foram trabalhadas asfontes apontadas.

    Passando agora a crticas de m-bito mais abrangente, comecemospelas que respeitam ao mbito desta

    histria. Em primeiro lugar, no hnenhuma inteno de colocar as tele-comunicaes num universo maisvasto de comunicaes, no se fi-cando assim a perceber o peso destaindstria no todo do espao das co-municaes, no que respeita a rela-es pessoais, de negcios, diplom-ticas, para apenas referir algumas.Sendo que se d por assumida umaimportncia fundamental nos nossosdias a estes meios de comunicao,seria interessante perceber como que ganharam essa importncia e emque que isso tem alterado as rela-es de comunicao, no fazendouma histria dos dias de hoje projec-tada no passado. Poderia falar-se,por exemplo, de uma industrializaodos meios de comunicao com osurgimento destas indstrias de tele-comunicaes? E que pensar relati-vamente s chamadas revolues dainformao em que que esteperodo em Portugal alterou o quo-tidiano das distncias em relao aoacesso informao? Este tipo dequestes coloca uma maior nfaseno espao dos usos destas tecnologi-as e da sua presena no quotidianodo utilizador comum das mesmas.

    Em segundo lugar, no h a m-nima referncia, parte a cronologiade eventos independente do texto eelaborada por uma investigadora daFundao das Comunicaes referidaacima, ao que se passaria com ou-tros pases, cidades, regies, relati-vamente s mesmas indstrias dastelecomunicaes. Isto gera dificul-dades tremendas na percepo damagnitude das actividades encetadas

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    em Portugal, na dimenso materialdas redes, na relevncia do nmerode utentes e na intensidade com queas usam e nos aspectos qualitativosdo timing de adopo e difuso dasdiferentes tecnologias envolvidas,nos custos do processo e na rede deagentes envolvidos no mesmo.

    Em terceiro lugar, no h tam-bm nenhum paralelismo no lado daconstruo do sistema com a cons-truo de outros grandes sistemastecnolgicos que se deram poucoantes ou pela mesma altura. Referi-mo-nos sobretudo s infra-estruturasurbanas de proviso de gua, gs eelectricidade que ento se encontra-vam em diferentes fases de implanta-o e que hoje so quase invisveis edadas como parte inquestionvel dosespaos habitados, sejam os espaosde habitao, de trabalho ou pbli-cos.

    Associado a isto no existe tam-bm nenhuma anlise da ligao des-tas redes de comunicao com asredes de transportes, para alm de seapontar que as primeiras so inicial-mente construdas acompanhando otraado das segundas, de breves re-ferncias a empregados da agnciaestatal que exerciam simultaneamen-te funes nas linhas de caminhos deferro e da mensagem de alguns doscartazes publicitrios da APT dosanos 30 onde se apresenta a comu-nicao por telefone como alternati-va a uma viagem desconfortvel:No v seno de telefone (p.110). O papel dos caminhos de ferrono desenvolvimento dos telgrafos uma forma de ligao que aqui se

    apresenta totalmente omissa, sendoque estes foram os principais impulsio-nadores das primeiras redes telegrfi-cas e da reformulao das noes detempo e controle que seriam depoisaplicadas em muitas outras activida-des.

    Um outro tipo de problema dizrespeito, no ao que estava omisso partida, mas ao que, estando propostona introduo como objectivo, no satisfatoriamente respondido. E da-qui destacamos apenas uma das cin-co questes apresentadas na introdu-o do livro: [] E quais osbenefcios econmicos e sociais tra-zidos ao pas por estas actividades[das telecomunicaes]? No en-contramos em nenhuma parte dotexto uma resposta clara a esta ques-to. Sabemos, por exemplo, apenaspara o caso dos telefones, emborasuspeitando que o caso seria idnticopara a telegrafia e para a rdio, queo equipamento da rede era importa-do, os aparelhos telefnicos eramtambm importados e que as empre-sas privadas que detinham a conces-so eram estrangeiras, sendo, portan-to, os capitais empregues estrangeirose as eventuais receitas devolvidastambm ao estrangeiro. Resta, por-tanto, de forma directa o nmero depostos de trabalho criados e a suaremunerao. Do ponto de vista eco-nmico, no nos apresentada ne-nhuma tentativa de avaliar o impactodestas novas tecnologias na melhoriadas condies de vida por nenhumindicador de bem-estar, por mais dis-cutvel que este fosse. O mesmo podedizer-se dos benefcios sociais

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    no apresentada nenhuma avaliaodos benefcios sociais, se excluirmosaquilo que se aponta como vantagensdo uso dos aparelhos telefnicos nasaces de propaganda das companhi-as. O que destacamos aqui a faltade explicitao de resposta a umaquesto que colocada no primeiroplano das preocupaes do livro.

    Por ltimo, no que respeita acomentrios, no percebemos muitobem a que que o autor se referequando nas primeira pgina da suaconcluso (p. 167) apelida o que fezde trabalho sociolgico, sendo queno pomos em causa o outro apelidoque usa: histrico. Finalizamos comum apelo a outros trabalhos no cam-po da histria das telecomunicaes(ou mesmo das comunicaes), quese encontra ainda muito por explo-rar, por exemplo, no que respeita ssuas vertentes sociais e polticas.

    BRUNO CORDOVIL

    Joo de Pina-Cabral e AntnioPedroso de Lima, Elites Choice,Leadership and Succession,Oxford, Nova Iorque, BergPublishers, 2000.

    Deixei a antropologia social h umquarto de sculo, depois de ter vividocom ela durante doze anos, e tinha-me esquecido da seca que podeser. De mais para bisbilhotice e demenos para cincia, abre frestas nas

    portadas das casas dos outros e con-vida-nos a espreitar mas entre asvidas l dentro e o nosso olhar curi-oso desce s vezes um vu espessode jargo profissional que ofende bomsenso e bom gosto. Desse pecadoeste volume nem sempre est isento.Por exemplo: De facto, o impulsodinstico, vivido como teatro na fa-mlia, deve agradar a anseios maisvastos entre os americanos, sendotambm um ornamento e um trunfopara operadores dentro das grandesinstituies econmicas e polticasque definiram as limitaes de lei e deregulamento pelas quais famlias di-nsticas podem at persistir em soci-edades capitalistas modernas (Elites,p. 10, traduo minha).

    A corporao, porm, mais to-lerante do que a voz do povo: osantroplogos sociais dirigem-se pri-meiro que tudo uns aos outros e porisso habituaram-se a sofrer entre simaneiras de escrever pretensiosas. duplamente pena por ser assim epor ser escusado que assim fosse. Talcomo a histria, a antropologia socialno uma cincia, uma arte; os as-suntos de que trata e os mtodos queusa no esto fora do alcance de umacabea geralmente culta; quanto me-lhor o autor escrever e escreverbem escrever com simplicidade ,melhor ser a compreenso do leitor;se este deixar o livro a meio, noser por falta de preparao, mas porfalta de pacincia. E o antroplogoprecisa de leitores leigos para que asua arte no fique reduzida conver-sa cifrada de uma seita em lugarde poder ser, como nos grandes

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