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ROMMULO VIEIRA CONCEIÇÃO . QUALQUER LUGAR

ROMMULO VIEIRA CONCEIÇÃO . QUALQUER LUGAR · Olhar de muitas voltas, ... Porto Alegre, Brasil Distensões do Real, Espaço Cultural FEEVALE, Novo Hamburgo, Brasil 2011 ... nos seduz

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ROMMULO VIEIRA CONCEIÇÃO . QUALQUER LUGAR

vista da exposição / primeiro andarexhibition view / first floor

vista da exibição / primeiro andarexhibition view / first floor

Estrutura Dissipativa - Gangorra, 2013 / lâminas de vidro, pintura automotiva sobre MDF e ferro, azulejos e cerâmica / 220 x 440 x 450 cm Dissipative structure - Seesaw, 2013 / Glass sheets, automotive paint on MDF and iron, tiles and ceramic / 220 x 440 x 450 cm

vista da exposição / segundo andarexhibition view / second floor

vista geral / primeiro andargeneral view / first floor

Duas Pias, 2013granito, fibra de vidro e pintura automotiva sobre madeira e MDF

33 x 170 x 100 cmTwo Sinks, 2013

granite, fiberglass and automotive paint on wood and MDF33 x 170 x 100 cm

Em Suspensão, 2013 / lâminas de vidro, pintura automotiva sobre MDF, ferro, azulejos e cerâmica / 220 x 123 x 430 cmSuspended, 2013 / glass sheets, automotive paint on MDF, iron, tiles and ceramic / 220 x 123 x 430 cm

Representatividade: O Óbvio I, II e III, 2013 / acrílica sobre papel vegetal / 200 x 100 cm [cada]Representativeness: The Obvious I, II and III, 2013 / acrylic on tracing paper / 200 x 100 cm [each]

Linha Desenhada em Água | Amarelo I e Marrom I 2013 / desenho finalizado em metacrilato / 115 x 150 cm [cada]Line Drawn in Water | Yellow I and Brown I, 2013 / drawing on plexiglass / 115 x 150 cm [each]

Linha Desenhada em Água | Violeta I e Laranja I 2013 / desenho finalizado em metacrilato / 115 x 150 cm [cada]Line Drawn in Water | Violet I and Orange I, 2013 / drawing on plexiglass / 115 x 150 cm [each]

EdUCAÇÃOEdUCAtION

2007 Mestre em Poética Visuais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil

1999 Doutor em Geologia, Australian National University, Canberra, Austrália e Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil

1994 Mestre em Geologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil

1992 Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil

ExpOsIÇõEs INdIVIdUAIssOLO ExhIbItIONs

2013Qualquer Lugar, Casa Triângulo, São Paulo, Brasil

2012Através, Cuidadosamente, Galeria Mario Schenberg - Complexo Cultural Funarte São Paulo, BrasilNo espaço, o Vazio, Galeria Gestual, Porto Alegre, Brasil

2011Ensaios de Geopoética – 8ª Bienal do Mercosul, Casa M, Porto Alegre, Brasil

2009Carefully Through, PROARTIBUS Art-Residency Gallery, Ekenäs, Finland

2008Banheiro-Cozinha-Serviço, Galeria da FUNARTE, Rio de Janeiro, BrasilProjéteis, FUNARTE, Rio de Janeiro, Brasil

2007Do Plano ao Espaço, Centro Cultural São Paulo, São Paulo e Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, Porto Alegre, Brasil

2003Número 5, Torreão, Porto Alegre, Brasil

2001Uma Barraca de Camping…, Galeria do Goethe Institute, Porto Alegre, Brasil

2000A Materialização da Impossibilidade, Casa de Cultura Mário Quintana, Porto Alegre, Brasil

1999Saturno ou a Emasculação do Pai, Galeria do UEC, Salvador, Brasil

1998GAPS, Delicate Eating Gallery, Canberra, Australia

ExpOsIÇõEs COLEtIVAsgROUp ExhIbItIONs

2013O agora, o antes: uma síntese do acervo MAC USP, curadoria de [curated by] Tadeu Chiarelli, Museu de Arte Contemporânea USP, São Paulo, Brasil

2012Cromomuseu: pós-pictorialismo no contexto museológico, curadoria de [curated by] Gaudêncio Fidelis, MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil Olhar de muitas voltas, Festival de Inverno, Atelier Livre da Prefeitura, Porto Alegre, BrasilDistensões do Real, Espaço Cultural FEEVALE, Novo Hamburgo, Brasil

2011Experimento Zero, Plataforma - Espaço de Criação, Porto Alegre, BrasilAgora/Ágora – Simultâneo/Instantâneo, Santander Cultural, Porto Alegre, BrasilLinhas das Bordas Periféricas de Contorno, Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza, Brasil

ROMMULO VIEIRA CONCEIÇÃONASCEU EM [BORN IN] SALVADOR, BRASIL, 1968VIVE E TRABALHA EM [LIVES AND WORKS IN] PORTO ALEGRE

2010Tripé - Paralelo 30, SESC Pompeia, São Paulo, BrasilFicções da Imagem, Galeria Fundação ECARTA, Porto Alegre, Bagé, Pelotas e Caxias do Sul, BrasilPessoal: Linhas y Camadas, Atelier Subterrânea, Porto Alegre, BrasilLinhas das Bordas Periféricas de Contorno, Galeria do IAD, Pelotas, Brasil

2009Linhas das Bordas Periféricas de Contorno, Galeria da ESPM, Porto Alegre, BrasilPequenos Formatos, Ateliê Subterrânea, Porto Alegre, BrasilPessoal – Dibujos Romances, Zavaleta-LAB, Buenos Aires, Argentina

2008Míninas Fronteiras, Intervenção coletiva paralela a Fronteiras do Pensamento, ciclo 2008, Porto Alegre, BrasilYo no entendi muy bien, que dices?, RIAA-Residência Internacional de Artistas na Argentina, Ostendes, ArgentinaLooks Conceptual ou Como Confundi Carl André com uma Pilha de Tijolos, curadoria de [curated by] Kiki Mazzucchelli, Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil

2006Salão Nacional de Artes de Goiás, Goiânia, BrasilRumos, Itaú Cultural, São Paulo, Rio de Janeiro e Campo Grande, Brasil

2002Número 4 – Barra 1, Atelier Aberto, Porto Alegre, Brasil

2001Número 2 – Casa, Intervenção de oito artistas em uma casa, Porto Alegre, Brasil

REsIdêNCIAsREsIdENCIEs

2009PRO ARTIBUS – International Art Residence Program, Ekenäs, Finland

2008Residência Internacional de Artistas na Argentina [International Artist Residence in Argentina] - Projeto RIAA, Buenos Aires e Ostendes, Argentina

2006University of Tokyo, Tokyo, Japan

pRêMIOsAWARds

2012Prêmio Marcantonio Vilaça, FunartePrêmio Funarte de Arte Contemporânea 2012, Galerias de São Paulo

20081° Prêmio Funarte Produção em Artes

2007Seleção Projeto Projetéis, FunarteSeleção Centro Cultural São Paulo, Exposições 2007Seleção Projetos Diálogos, 6ª Bienal do Mercosul

2005Rumos Visuais Itaú Cultural

2001Goethe Institut de Porto Alegre, Brasil

COLEÇõEs púbLICAs pUbLIC COLLECtIONs

MARGS – Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul Aldo Malagoli, Porto Alegre, BrasilMAC-RS – Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, BrasilMAC-SP – Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, São Paulo, Brasil

Duas gangorras separadas por uma parede. De um lado tijolos, do outro azulejos. Lâminas de vidro brincam de espelho e multiplicam essas mesmas gangorras que talvez no reflexo se encontrem por uma fração de segundos e voltem a se desencontrar logo em seguida. Um sobe-e-desce contínuo, sempre se repetindo a si mesmo, se multiplicando e voltando ao mesmo ponto. Em simultâneo, a grade vazada permite que enfim se veja além. Uma mesa, prateleiras, um banco de praça. Um embaralhamento do dentro e fora emerge. Afinal, de que lado estou?

Este tipo de aparente contradição é uma constante na obra de Rommulo Vieira Conceição, na qual cada elemento contribui para construir uma cena ao mesmo tempo em que desconstrói a referência que a contextualizaria. É como se dispositivos de micro localização dessem pistas parciais de onde estamos. A cada pista, elemento, camada de informação acrescida, as chances de nos situarmos são reduzidas. A não localização remete a um não-lugar.

Para o antropólogo francês Marc Augé um lugar seria um espaço identitário, de construção de relações, inclusive históricas. Em oposição, não-lugares seriam espaços onde as possibilidades de manifestações identitárias e de estabelecimento de relações pessoais não ocorreriam. Espaços de passagem standartizados, como elevadores, shopping centers e aeroportos. Espaços de circulação redundante, como as gangorras de Rommulo.

Para o artista esses não-lugares são formados a partir de fragmentos do comum, do rotineiro. O banal deslocado e revestido de pintura automotiva brilhante, duas pias num jogo abstrato sobre uma bancada de granito. São planos e mais planos, de diferentes formatos, texturas. Massas de cor numa construção pictórica brilhante que conforma espaços. Arte e vida se misturam numa brincadeira formal. Concreta.

As cores vibrantes que crescem para fora das superfícies planas dos desenhos monocromáticos ganham o espaço com solidez, tornam-se os próprios objetos. A decomposição da casa presente nesses desenhos caminha para um grau de abstração ainda maior. Do acabamento industrial passamos ao artesanal. Do desenho técnico ao manual. Linhas que delimitam espaços põem noções básicas de perspectiva em cheque. Veladuras novamente confundem o observador. Uma cadeira vermelha, um corredor, ladrilhos, tantos elementos. Um espaço vazio repleto de objetos que disparam informações sobre quem somos e como interagimos. Um campo social se apresenta e nos mostra que as camadas do cotidiano são mais complexas do que parecem a princípio.

E assim Rommulo Vieira Conceição nos conduz através desses espaços sobrepostos. Não é uma praça, um playground, um quintal ou uma casa. São todas essas possibilidades em aberto que nos aproximam e nos afastam do seu trabalho. Seu mundo de desordem equilibrada nos confronta com nosso ser, habitar, compartilhar ao mesmo tempo em que nos seduz com a beleza absoluta do banal.

Bruna Fetter

Two seesaws separated by a wall. On one end there are bricks, on the other, blocks. Panes of glass act like mirrors and multiply these same seesaws which perhaps in the reflection meet for a fraction of seconds and then separate again. A continuous up and down, always repeating, multiplying and returning to the same point. Simultaneously, the open grid allows the viewer to see what is beyond. A table, shelves, a park bench. A shuffling of inside and outside emerges. In the end, on which side am I?

This sort of apparent contradiction is a constant in Rommulo Vieira Conceição’s work, where each element contributes toward constructing a scene at the same time that it deconstructs the reference that would contextualize it. It is as though the devices of micro-localization gave partial clues about where we are. The more clues, elements and layers of information, the less our chances of situating ourselves. The non-localization refers to a non-place.

For French anthropologist Marc Augé, a place is an identitary space, where relations, including historical ones, are constructed. On the other hand, non-places are places where the possibilities of identitary manifestations and of the establishment of personal relations do not take place. Standardized spaces of passage, such as elevators, shopping centers and airports. Redundant spaces of circulation, like Rommulo’s seesaws.For the artist, these non-places are formed based on fragments of common, everyday life. The displaced banal object coated with glossy automobile paint, two sinks in an abstract interplay on a granite counter. They are planes and more planes, of different formats and textures. Masses of color in a brilliant pictorial construction that forms spaces. Art and life are mixed in a formal game. Concrete.

The vibrant colors that grow out of the flat surfaces of the monochromatic drawings move into space with solidity, they become the objects themselves. The decomposition of the house present in these drawings is heading toward an even greater degree of abstraction. From industrial finishing we go to the artisanal. From technical to manual drawing. Lines that delimit spaces put basic notions of perspective into question. Glazings once again confuse the viewer. A red chair, a corridor, tiles, a great many elements. An empty space full of objects that unleash information on who we are and how we interact. A social field is presented and shows us that the layers of everyday life are more complex than they initially seem.

This is how Rommulo Vieira Conceição leads us through these superimposed spaces. It is not a public square, a playground, a backyard or a house. It is the open character of these possibilities that brings us closer or distances us from his work. His world of balanced disorder confronts us with our being, living, and sharing, at the same time that it appeals to us with its absolute beauty of the banal.

Bruna Fetter

ROMMULO VIEIRA CONCEIÇÃOQUALQUER LUGAR

ROMMULO VIEIRA CONCEIÇÃOANYWHERE