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Rômulo B. Rodrigues TRATADO SOBRE AS RELIGIÕES E FILOSOFIAS DE VIDA Síntese dos sistemas religiosos e correntes filosóficas 1ª edição. 2017

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Rômulo B. Rodrigues

TRATADO SOBRE AS RELIGIÕES E FILOSOFIAS DE VIDA

Síntese dos sistemas religiosos e correntes filosóficas

1ª edição. 2017

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RODRIGUES, Rômulo B. TRATADO SOBRE AS RELIGIÕES E FILOSOFIAS DE VIDA / Rômulo B. Rodrigues. Ed. Clube de autores. 2017.

Capa & Diagramação: Enoque Ferreira Cardozo

Organização: Rômulo B. Rodrigues

Impresso pelo Clube de autores – 2017.

Copyright "©" 2017. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer meio.

Lei Nº 9.610 de 19/02/1998 (Lei dos direitos autorais).

2017. Escrito e produzido no Brasil.

1. Religião 2. Filosofia de vida. I. Título.

Clube de Autores Publicações S/A CNPJ: 16.779.786/0001-

27 Rua Otto Boehm, 48 Sala 08, América - Joinville/SC, CEP 89201-700.

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Dedico este trabalho aos dois tesouros que tenho aqui na Terra: os filhos Júlio César e João Víctor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha mãe adotiva (In Memoriam), que me orientou e me ensinou a ser o que sou e sei hoje.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................... 11 CAPÍTULO I - Bramanismo (Hinduísmo) e reencarnação ........ 13

CAPÍTULO II - Jainismo .......................................... 17 CAPÍTULO III - Sikhismo ........................................ 20 CAPÍTULO IV - Panteísmo ....................................... 23 CAPÍTULO V - Budismo ........................................... 26 CAPÍTULO VI – Catolicismo ..................................... 59 CAPÍTULO VII - A religião do Antigo Egito ................ 64 CAPÍTULO VIII - A Igreja Messiânica ....................... 67 CAPÍTULO IX - Testemunhas de Jeová ..................... 72 CAPÍTULO X - Adventista do Sétimo Dia ................... 75 CAPÍTULO XI - Zoroastrismo ................................... 96 CAPÍTULO XII - Esoterismo ..................................... 99 CAPÍTULO XIII - Maçonaria .................................. 103

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CAPÍTULO XIV - Maniqueísmo ............................... 107 CAPÍTULO XV - Judaísmo ...................................... 110 CAPÍTULO XVI - Cristianismo ................................. 114 CAPÍTULO XVII - Islamismo .................................. 127 CAPÍTULO XVIII - Sufismo ................................... 130 CAPÍTULO XIX - Xintoísmo .................................... 133 CAPÍTULO XX - A Religião Tradicional Chinesa ........ 138 CAPÍTULO XXI - O Taoísmo .................................. 141 CAPÍTULO XXII - O Confucionismo ........................ 145 CAPÍTULO XXIII - O Cinismo ................................ 151 CAPÍTULO XXIV - O Positivismo ............................ 154 CAPÍTULO XXV - O Existencialismo ........................ 158 CAPÍTULO XXVI - O Marxismo ............................... 162 CAPÍTULO XXVII - O Materialismo ......................... 165 CAPÍTULO XXVIII - Racionalismo .......................... 168 CAPÍTULO XXIX - O Empirismo ............................. 171

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CAPÍTULO XXX - Idealismo .................................... 174 CAPÍTULO XXXI - Xamanismo ............................... 177 CAPÍTULO XXXII - A Ciência Cristã ........................ 181 CAPÍTULO XXXIII - Cientologia ............................. 185 CAPÍTULO XXXIV - Divinismo ................................ 188 CAPÍTULO XXXV - Protestantismo .......................... 190 CAPÍTULO XXXVI - Espiritismo (Doutrina Espírita) .............. 193

CAPÍTULO XXXVII - A Umbanda ........................... 208 CAPÍTULO XXXVIII - O Candomblé ....................... 212 CAPÍTULO XXXIX – Wicca .................................... 218 CAPÍTULO XL - A Ordem Rosa-Cruz ....................... 223 CAPÍTULO XLI - A Ordem dos Templários ............... 226 CAPÍTULO XLII - Teosofia ..................................... 232 CAPÍTULO XLIII - Projeciologia ............................. 235 CAPÍTULO XLIV - Secho-No-Iê .............................. 242 CAPÍTULO XLV – Psicanálise .................................. 246

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CAPÍTULO XLVI - Parapsicologia .......................... 258 CAPÍTULO XLVII - Antroposofia ............................ 266 CAPÍTULO XLVIII - Logosofia ............................... 271 CAPÍTULO XLIX - Física Quântica .......................... 274 CAPÍTULO L - Física Quântica e Reencarnação ........ 285 CONCLUSÃO ...................................................... 290 SOBRE O AUTOR ................................................ 297 CONTATOS COM O AUTOR ................................. 299

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INTRODUÇÃO

Ao longo da História, civilizações se destruíram, inundaram-se cidades e campos em verdadeiros rios de sangue e lágrimas, em nome de instituições religiosas que se antagonizaram.

Sob bandeiras das mais diversas cores e emblemas, que se traduziam significados diversos, mas na realidade expressavam, acima de tudo, posições de egoísmo e orgulho, exércitos se trucidavam mutualmente arrastando consigo legiões de civis que, incautos, foram envolvidos ou inocentemente manipulados em seus sentimentos e emoções religiosas.

O homem tem procurado perceber sempre as diferenças entre povos e religiões, observando apenas as diversidades e pouco aprendendo sobre o seu semelhante, supervalorizando suas diferenças até o ponto da incompatibilização total com as demais filosofias religiosas.

O desejo de poder, aliado ao temor da perda de adeptos, tem criado, ao longo da história das civilizações, os mais absurdos conflitos entre povos irmãos.

Estudando, rapidamente, os chamados livros sagrados, desde o Alcorão com suas interessantes Suras, até a Bíblia, passando por diversas obras do Ocidente e Oriente, surpreendemo-nos com a semelhança de determinados conceitos expressos em toda a literatura pesquisada. Conceitos esses que a Ciência moderna, através da Física Quântica, os faz renascer com novo enfoque, mas mesma essência.

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Procurando estabelecer um estudo comparativo sobre a concepção da reencarnação, chegamos à conclusão de que se não tivessem os homens, no decorrer dos séculos, criado a “Torre de Babel” dos interesses pessoais, parece mesmo que a linguagem seria única...

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CAPÍTULO I

BRAMANISMO (HINDUÍSMO) E REENCARNAÇÃO

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Considera-se o Bramanismo (ou Hinduísmo), a religião mais antiga do mundo. Citemos de forma condensada os aspectos básicos desta religião.

Brahma é a causa, o ser, a essência do Universo e, segundo o Bramanismo, não é possível conceituá-lo nem explicá-lo; apenas senti-lo.

Os primeiros livros sagrados da religião brâmane são os Vedas, os quais são completados em seguida pelos Upanishades.

O Bramanismo foi à primeira religião a conceber a idéia da evolução da mônada (ou princípio espiritual) incrustada em todas as criaturas. No ser humano, ela se refere ao ego.

Na visão brâmane, fala-se em três aspectos do componente espiritual. São eles: “Sat”, “Ananda” e “Chit”. No reino mineral é que surge Sat, ou seja, a manifestação de Brahma significando apenas existência. Ananda e Chit só existem em estado latente. No reino vegetal, Ananda, que é a manifestação de Brahma na fase da sensibilidade, principia o seu despertar e posteriormente, no transcorrer da evolução, originará uma forma superior de manifestação nos animais.

No reino animal há o início de Chit, que é a manifestação de Brahma na fase do conhecimento. No reino hominal, segundo a raça e os indivíduos , Sat, Ananda e Chit se evidenciam com maior ou menor expressão. A finalidade da evolução desses três aspectos é a identificação do homem com Brahma, ou a plenitude da sabedoria.

O ciclo das reencarnações é que torna viável a pretendida identificação com Brahma. O Bramanismo se

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refere ao lento e incessante girar da roda dos nascimentos e mortes, com a passagem pelos três mundos: o físico, o astral e o mental, até que chegue a libertação. O objetivo de todas as escolas do Bramanismo é essa libertação da roda dos nascimentos e mortes, a qual denomina Samsara, o que corresponde às reencarnações sucessivas.

Uma palavra sânscrita, Karma, que significa ação, é uma lei eterna e imutável, e determina o ciclo das existências. É a lei de causa e efeito, de mérito e demérito, de semeadura e colheita, no sentido de que a colheita depende obrigatoriamente da semeadura.

A responsabilidade por suas atitudes cabe sempre ao homem, segundo a Lei do Karma. Os atos praticados são, efetivamente, a causa, produzindo efeito idêntico. Essa lei explica o destino do homem como trama por ele próprio urdida. Ela não fala propriamente em castigo ou recompensa. Apenas, relata à justa e inexorável consequência de atos bons ou ruins por ele praticados. É a lei atuando dentro do mais rígido espírito de justiça.

O Karma não prevê o envio do indivíduo faltoso às penas eternas (como o inferno, purgatório, etc), mas, através do ciclo de existências, dá-lhe a oportunidade de anular ou atenuar pela ação construtiva, o mau karma que criou para si próprio.

Frente às adversidades da vida e das “injustiças”, o homem aprende a ser generoso e justo. Vida após vida, o trabalho regenerador, o burilamento, por assim dizer, do espírito, vai-se efetuando paulatinamente e na dependência única e exclusiva do esforço da própria pessoa.

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Segundo o Bramanismo, cabe ao homem encurtar ou prolongar seu período de evolução.

Na concepção brâmane, não há fatalismo no karma; porque ao homem é conferido o livre arbítrio que lhe propicia tomar decisões que permitam que o karma seja reduzido e até eliminado precocemente.

A reencarnação é, portanto, a oportunidade renovada de dirigir o ser humano para os elevados fins de sua criação; ou seja, a identificação com o Criador.

As escrituras sagradas dos hindus, os Vedas, remontam a datas muito recuadas. O mais antigo e o mais importante deles, o Rigveda, deve ter sido escrito 10.000 anos a.C.

Os Upanishades, palavra sânscrita que significa “sentar-se ao lado”, são considerados como conclusão dos Vedas. Existe na literatura sagrada do Bramanismo referência clara e minuciosa sobre as vidas sucessivas e progressivas.

As escrituras hindus não fazem qualquer menção à regressão ou involução; ficando essa crença para a mente crédula e supersticiosa do povo menos esclarecido que interpretou certas alegorias, como a possibilidade de homens reencarnarem em animais. Referências mal intencionadas também podem ser encontradas em literaturas que procuram denegrir a imagem do Hinduísmo, correlacionando esta religião com as absurdas reencarnações em espécies animais de espíritos humanos.

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CAPÍTULO II

JAINISMO

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Logo após o Bramanismo, é necessário falar sobre o Janismo, por ter o mesmo surgido com um ramo derivado de uma diversificação dos brâmanes. Embora não tão antigos quanto os hinduístas, os jainas, que é o nome atribuído aos partidários do Jainismo, começaram o seu movimento religioso aproximadamente 600 anos a.C. Caracterizam-se por ser um rica e influente derivação do Hinduísmo (Bramanismo), com o qual se identificam na aceitação da eternidade da matéria e do espírito. Denominam de Draya a matéria e Jiva o espírito. Ambos possuíam a característica da eternidade, no sentido da inexistência de princípio e fim para os mesmos.

O fundador deste movimento religioso passou a história como mestre Mahavira, e viveu na mesma época de Siddartha Gautama, o Buda. Mahavira se tornou vencedor sobre as misérias da vida, assumindo assim, a denominação Jina. Desta denominação proveio a palavra Jaina, que representa o partidário do Jainismo.

No que se refere ao estudo comparativo sobre as concepções da reencarnação, conforme os jainas, Jiva (o espírito) tem sua evolução através dos nascimentos sucessivos e igualmente pela Lei do Karma. Talvez pela contemporaneidade com Buda, há muitos aspectos semelhantes entre a filosofia de vida dos jainas e budistas.

Atualmente, os jainas contam alguns milhões de adeptos, localizados principalmente na Índia.

Um dos aspectos notórios na filosofia jaina é a questão da não violência. Os ascetas jainas tem por norma respeitar a todo ser vivente; o que inclui até os insetos que não eliminam.

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Os templos jainas são famosos pela beleza arquitetônica, sendo o monte Abu, riquíssimo e considerado com uma das maravilhas da Índia. Segue um trecho do livro “Filosofia Jainista”, do autor Dr. Mohan lai Mehta:

“Nossa vida presente nada mais é do que um elo da grande cadeia do circuito transmigratório. A doutrina do karma perde a significação se estiver ausente uma doutrina de transmigração amplamente desenvolvida. A alma, que passa através de vários estágios de nascimento e morte, não deve ser tida como uma coleção de hábitos e atitudes. Ela existe sob a forma de entidade independente, à qual todos esses hábitos e atitudes pertencem. É entidade espiritual e imaterial, mostrando-se permanente e eterna em meio a todas as modificações.”

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CAPÍTULO III

SIKHISMO

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O Sikhismo é considerado como uma das sete grandes religiões do planeta em termos de número de adeptos, sendo muito mais recente que o Bramanismo e o Janaísmo, pois conta com a tradição ter sido o Sikhismo fundado por Nanak, nascido em 1469 e falecido 72 anos mais tarde.

Nanak, desde a infância, apresentava-se como uma criatura voltada à meditação e à filosofia. Possuía dons de captar telepaticamente os pensamentos dos presentes, tendo dado inúmeras e espontâneas comprovações no decorrer de sua vida.

A comunidade dos sikhis, palavra que significa discípulo, desenvolveu-se incialmente ao norte da Índia, na região do Punjab. Sua cidade santa é denominada Amritsar, onde o quinto sucessor de Nanak levantou um templo de ouro para o centro das reuniões. Os religiosos sikhis tiveram, no sexto sucessor de Nanak, um líder que se notabilizou pela luta contra as castas na Índia. As castas indianas correspondiam às camadas sociais hereditárias, cujos membros compunham uma mesma raça, etnia, profissão ou religião, e se casavam entre si, exclusivamente.

A intenção de Nanak era reunir, em uma só religião, os brâmanes e mulçumanos, aceitando dos primeiros, a doutrina da reencarnação e dos segundos, a missão de Maomé.

Apesar dos esforços, ocorreram inúmeras guerras e rixas com os muçulmanos da Índia. Atualmente, são diversos milhões de seguidores, em sua maioria radicada no território indiano.

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O código de moral dos sikhis é elevado, tornando seus adeptos compassivos, tolerantes e benevolentes.

No que se refere ao estudo comparativo, o Sikhismo também admite a reencarnação e o karma, além da identidade do espírito humano com Deus.

Para os seguidores do Sikhismo, o ciclo das existências pela própria identificação do espírito com o meio ambiente; o que determina, após a morte, um novo renascimento.

Quando o ser humano estiver vivendo na Terra voltado para a “beatitude da eternidade celestial”, ficará livre do Samsara (roda das reencarnações).

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CAPÍTULO IV

O PANTEÍSMO

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Existem vários tipos de doutrinas filosóficas. Uma delas é o Panteísmo, doutrina caracterizada pela extrema aproximação ou identificação total entre Deus e o universo. Neste sentido, a filosofia panteísta conclui que Deus é o universo; ou seja, a divindade se une ao material até o ponto de estabelecer entre ambos uma unificação. Baseando-se neste ponto de vista, Deus está literalmente presente na natureza.

DEUS É A NATUREZA Diferentemente do pensamento escolástico de

Tomás de Aquino, onde a criação é uma obra de Deus e consequentemente sua essência, não deixa de ser uma entidade independente da divindade; pelo contrário, na visão filosófica panteísta não existe uma distância entre Deus e o universo, mas sim uma relação de equivalência criticada por aqueles que consideram que esta doutrina reduz o sentido de transcendência ao idolatrar Deus em tudo.

O termo Panteísmo deriva de monismo, ou seja, tudo o que existe está composto por uma única essência. A partir deste ponto de vista, existem vários exemplos que ajudam a compreender o que significa o Panteísmo. Dentro deste contexto podemos dizer qualquer planta é Deus. Existem também formas de Panteísmo ateu que reduzem a verdadeira realidade em um sentido totalmente materialista.

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ADEUS À TRANSCENDÊNCIA A partir deste ponto de vista, vale ressaltar que o

Panteísmo não tem nada a ver com a onipotência de Deus; esta que é uma qualidade própria da divindade dentro do pensamento escolástico, onde Deus tem precisamente o poder de estar em todas as partes porque sua essência é diferente do material do universo criado.

UMA ESSÊNCIA INFINITA COM BASES FILOSÓFICAS

Sua essência é infinita em oposição à essência do universo material que é finito. Dentro do contexto escolástico, a natureza pode ser um meio de conectar-se com a transcendência, uma vez que a cria é reflexo de Deus. Entretanto, no Panteísmo, a natureza deixa de ter certo valor para ser um objetivo. O Panteísmo não é uma religião, mas sim uma interpretação filosófica do mundo que pode dar lugar a uma cosmologia que adquire seu maior significado a partir de valor do materialismo, este que mostra a verdadeira essência da divindade.

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CAPÍTULO V

BUDISMO

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O Budismo teve seu berço na Índia, propagando-se celeremente pela China, Tibet, Ceilão, Birmânia e Japão, chegando a atingir 33% da população mundial. Com relação à figura de seu fundador, o príncipe Siddartha Gautama, o Buda, e sobre o Budismo, há muitas informações contraditórias e, sobretudo, tendenciosas que parecem visar denegrir a sua imagem. Uma destas versões atribui a morte de Buda a uma indigestão por carne de porco, quando, na verdade, Buda era vegetariano e abstêmio.

Siddartha Gautama nasceu no século VI a.C., filho de um rei que governava o reino Kapilavasta, nos Himalaias. Foi desde cedo, instruído por um sábio chamado Vivamitra.

Siddartha Gautama demonstrou sempre um precoce e elevado potencial intuitivo. Apesar do austero controle do seu pai, procurou se informar sobre as reais condições de vida além dos muros palacianos. Decidiu descobrir a causa da dor e da morte.

De família aristocrata, instruído, ficou chocado com a miséria, a fome e o flagelo dos ascetas, que se mortificavam em jejum rigoroso.

Peregrinou pelo mundo meditando em busca de explicações para o enigma da vida. Estabeleceu as verdades para se chegar à sabedoria. Criou o Budismo, doutrina religiosa, filosófica e espiritual, onde os seguidores aprendem a desapegar-se de tudo o que é transitório. Pregava que "o ódio não termina com o ódio, mas com o amor".

Buda não queria ser conhecido como um deus, para ele não existia intermediários entre um ser superior e

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as pessoas. Para o mestre, o importante era buscar a pureza da mente, e compreender corretamente o mundo, para alcançar a salvação.

O NASCIMENTO DE SIDDHARTA GAUTAMA Um país dividido por pequenas guerras étnicas e

dominado pelos arianos, que, para continuar com o poder sobre o povo, dividiram a sociedade em quatro varnas (castas).

As três varnas superiores são de arianos: os brâmanes (sacerdotes), os xátrias (guerreiros) e os váisias (comerciantes, agricultores e artesãos). Abaixo estão os sudras, descendentes do povo conquistado. No fim de todos, sem direito, estão os daísias (escravos).

Mas, com o passar do tempo, todos foram se misturando, e esse conceito de civilização perdeu a força. Porém, quem mais valorizava essa divisão eram os brâmanes, que só enxergavam seus interesses, e diziam que esta divisão nascia da própria “ordem natural do universo.” Os interesseiros brâmanes criaram até um mito que explicava a origem dos varnas:

“Quando o primeiro homem caiu do céu, os deuses os despedaçaram. De sua boca nasceu os brâmanes, dos braços os xátrias, das coxas os váisias e dos pés os sudras”. (não se falava dos daísias)

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Era nessa Índia, que ia acumulando homens espertos, sem escrúpulos, com caçadas, triunfos e mortes. O egoísmo, a insegurança, a ira e um ambiente de insatisfação geral iam crescendo nas castas mais pobres. Nesse país dominado pela sua ganância, ao norte da Índia, em 556 a. C. nasce no clã xátria dos sakia, família Gautama, o menino Siddartha. Seu pai, Sudhodana, governava a terra dos Sakyans, em Kapilavatthu, na fronteira do Nepal. Mayadevi, princesa dos Kolyas, era sua mãe.

Sua biografia, segundo a tradição, conta que sua mãe, a rainha maya, foi visitada em sonhos por um elefante branco que descia do paraíso e ingressava em seu útero. Deste momento ele nasceu, dizendo: “Sou o senhor do mundo.” Quando apresentado aos sacerdotes, um dos sábios profetizou:

“O jovem príncipe, Siddartha Gautama, seria grande entre os grandes. Um poderoso rei ou um mestre espiritual que ajudaria a humanidade a se libertar de seus sofrimentos, e sua influência benéfica ficará pelos mil milhões de mundos, como um raio de sol...”

Sua infância foi regada ao luxo. A pedido do pai,

Siddartha começa a estudar artes marciais, assuntos acadêmicos, artes e a aprender 64 línguas, cada uma com seu próprio alfabeto.

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Aos dezesseis anos, casa-se com sua prima, Yassodhara, com quem, treze anos depois, teria um filho, Rahula.

Certo dia, em um passeio, Siddartha tem contato com a realidade e com o sofrimento que nela existe. Passou por um homem enrugado e conheceu a velhice. Passou por um enterro e conheceu a morte. Passou por um homem coberto de chagas e conheceu a doença. Porém, no seu encontro com a pobreza, o jovem príncipe conheceu um monge asteca. E viu que, apesar de sua miséria, o homem possuía um olhar sereno, como se soubesse o grande segredo da vida.

As 29 anos, no nascimento de seu filho, o príncipe teve uma visão e decidiu ir embora. Foi em direção aos seus pais para comunicar-lhe a decisão: “Desejo me recolher-me a um lugar tranquilo na floresta, onde possa engajar-me em profunda meditação e rapidamente atingir a iluminação.”

Os pais não permitiram a partida e usaram de muitos recursos para impedir que Siddartha abandonasse o palácio: vieram músicos, mulheres, bebidas e todos os prazeres do mundo. Siddartha resistiu e não se interessou por nada.

Em uma noite, Siddartha consegue sair do reino e partir em busca da iluminação.

Vagou pelos vales sagrados em busca de orientação por parte dos pregadores religiosos e dos sábios. Mas o alcance de seus conhecimentos e de suas novas experiências espirituais foi insuficiente para satisfazê-lo.

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Durante anos, experimenta o ascetismo (a mendicância voluntária que busca a elevação espiritual), mas não a evolução na busca do Atman (o Eu).

Chegou às portas da morte e não se sentiu próximo de seu objetivo.

Desistiu do ascetismo para confiar apenas em sua intuição e na meditação, como meios de conhecer a si mesmo.

Seus discípulos, desapontados, abandonaram-no, julgando que ele tinha escolhido viver na abundância. Entretanto, com firme determinação e fé, na sua pureza e absolutamente só, Siddartha iniciou a busca final.

De pernas cruzadas, sentou-se sob uma árvore, às margens do rio Neranjara, em Gaya, e meditou.

No meio da noite, o chefe dos demônios deste mundo, Mara Devaputra, começou a tentar desconcentrar Siddartha, lançando contra ele os demônios internos de cada ser humano.

Ao sentir que a ilusão e o medo não faria Siddartha desistir de seu objetivo, Mara Devaputra enviou mulheres, flechas, fogo e pedras. Tudo em vão.

Inspirando e expirando, Siddartha se manteve em profundo silêncio. Conseguiu assim, a unificação da mente (samatha) e desenvolveu a meditação interior (vipasana). Depois desta vitória do mundo, Siddartha, ao amanhecer, então com 35 anos, atingiu a iluminação.

Tendo atingido a iluminação, Siddartha, agora Buda, (“aquele que despertou”) descobre que é possível anular o karma e escapar dos sofrimentos do mundo através do que chamou das Quatro Nobres Verdades e do caminho dos Oito Passos.

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As Quatro Nobres Verdades são: tudo é dor; que a dor nasce do desejo; que a dor se extingue com a extinção do desejo; e que o fim do desejo é alcançado quando se percorre o Caminho dos Oitos Passos.

Dois meses depois, Buda começou a organizar comunidades de monges para transmitir as revelações e ficou 45 anos ensinando ouras pessoas a fazer o mesmo. Buda morreu por volta de 483 a. C., depois de complicações estomacais.

Uma de suas características marcantes que distingue o Buda de qualquer outro líder religioso, é que ele é um ser humano. Não é um deus, nem uma encarnação de alguma figura mitológica.

Era um homem único, um iluminado. Alcançou a pureza, a compaixão e a sabedoria sem o auxílio de nenhum mestre, humano ou divino.

Mostrou por sua própria experiência que a iluminação, a libertação e a felicidade estão dentro de cada um.

O BUDISMO E SUAS TRADIÇÕES A palavra Budismo significa o conjunto dos

ensinamentos de Siddartha Gautama. Buda significa “o desperto.” Então, o Budismo é

considerado um conjunto de ensinamentos que afirmam poder levar o indivíduo ao seu despertar definitivo.

Desde o início, o Budismo originado perto de Benares, se espalhou por toda a Índia.

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Depois da morte de Siddartha, os discípulos que ele ensinara conservaram seus ensinamentos através da palavra e depois por escrito.

Cerca de um século depois, uma série de diferentes interpretações pessoais tornou variado e complexo o Budismo.

Desde cedo, a fragmentação e a flexibilidade em seitas e escolas independentes foi a tônica dominante na história do Budismo, que nunca teve uma igreja unificada. Cada país organizou suas comunidades à sua maneira e cultura.

Hoje, o Budismo não é uma religião. Não é uma ação ou conduta indicando crença para agradar um poder divino. Seus exercícios e práticas indicam o reconhecimento por parte do homem de um poder mais alto e invisível que controla seu destino.

O budista não atribui o sofrimento nem a causa do sofrimento a um agente externo, a um poder sobrenatural; mas procura-o na escuridão de seu íntimo. A causa principal do sofrimento cria e aniquila o mundo. A vida depende dos desejos e de como resolvê-los.

A constatação dessa verdade, contudo, não é a negação total do prazer e da felicidade.

Buda nunca negou a felicidade da vida quando falou do sofrimento.

Buda trabalhava os aspectos práticos de sua vida, a aplicação do conhecimento à vida, olhando dentro da vida, e não para ela.

No Budismo, a sabedoria é fundamental, pois a purificação vem da sabedoria.

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Para os fiéis do Budismo, antes de Siddartha Gautama, houve outros Budas, e muitos outros reencarnarão até o fim dos dias. Por isso, explica-se as diversidades de imagens de Buda espalhadas por todos os cantos do mundo.

Não são representações ritualísticas de uma pessoa humana em especial, mas são símbolos de uma força espiritual.

Duzentos anos depois da morte de Buda, ainda na Índia o Budismo se dividiu em dois grandes ramos: Mahayana e Hinayana.

Quatro séculos depois, surge um terceiro movimento, Vajrayana, com base nos Tantras, ensinamentos também atribuídos a Buda.

AS QUATRO VERDADES SOBRE A DOR

Buda descobriu as quatro verdades sobre a dor. O objetivo dessa idéia é fazer com que os homens vejam a vida com profunda realidade.

O símbolo budista é a Roda do Dharma com quatro diâmetros. Estes diâmetros representam as quatro verdades da vida: 1 – A constatação do sofrimento como fator inerente a toda forma de existência (Dukkha). 2 – A segunda verdade está na origem do sofrimento; ou seja, na causa e na ignorância (Samudhaya). 3 – A terceira verdade é a constatação da possibilidade de dominar o sofrimento através da extinção da ignorância.

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Isto se dá pela compreensão de se entender melhor porque se sofre tanto. 4 – A quarta verdade está no caminho que leva ao domínio do sofrimento. Para eliminarmos essa causa, existe o nobre Caminho Óctuplo (Senda Óctupla).

A SENDA ÓCTUPLA 1 – Compreensão pura. 2 – Pensamento puro. 3 – Linguagem pura. 4 – Ação pura. 5 – Meios de existência puros. 6 – Aplicação pura. 7 – Atenção pura. 8 – Meditação pura. A Senda Óctupla expressa a parte prática do Budismo, que abrange três setores. 1 – A observação de preceitos éticos. 2 – A prática de técnicas de meditação e concentração. 3 – O despertar da sabedoria.

No Budismo Mahayana, a Senda Óctupla cedeu lugar aos Seis Paramitas, ou Perfeições: 1 – Desprendimentos, compreendendo dádivas materiais e espirituais (propagação da doutrina) aos seres que delas precisam. 2 – Compreensão da vivência dos preceitos éticos. 3 – Paciência. 4 – Perseverança. 5 – Concentração.

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6 – Sabedoria. A Senda Óctupla é o caminho sagrado da prática budista:

Quem segue o caminho tem que eliminar de suas vidas as más ações. Esse caminho, um estímulo do autocontrole, é um meio de se chegar ao Nirvana (estado em que tempo, diversidade do mundo, bem e mal são meras ilusões, parte de um universo imutável e único, inexplicável à mente humana e racional).

TRADIÇÃO THERAVADA

Representa a continuação, a fidelidade às palavras mais antigas de Buda.

É a tradição que conserva os mais primitivos ensinamentos de Buda. Nesta tradição, prioriza-se o esforço pessoal, a disciplina, a meditação sentada e a iluminação individual.

O Budismo Theravada é chamado como Hinayana, “o pequeno veículo”.

NOVA TRADIÇÃO KADAMPA

É a tradição fundada por Geshe Kelsang Gyatso. Sua obra contém dezenoves livros, três programas para a prática, o estudo sistemático do Budismo e inúmeras atividades que transmitem a antiga sabedoria de Buda, adaptados ao estilo de vida ocidental.

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TRADIÇÃO MAHAYANA É a tradição à qual pertencem várias escolas e

linhagens como a Tibetana, Budismo Zen e Terra Pura. Há uma pequena diferença em suas práticas e

como interpretam os ensinamentos de Buda. É conhecida também como “o grande veículo.”

Tende a valorizar no homem as tendências inatas para o bem. Adotam os estudos mágicos, os desdobramentos teístas e não se opõe aos princípios do sacerdócio.

BUDISMO DA TERRA PURA

É a escola mais antiga do Budismo Mahayana. Os estudos e práticas ficam por conta da

meditação, recitação do Sutra e pela fé no Buda Amitabha, “o Buda da luz infinita.”

Seu trabalho é de mostrar para nós, as nossas limitações como seres submetidos ao nosso próprio karma.

CINCO MANDAMENTOS SUPLEMENTARES PARA OS MONGES: - Não aceitar alimentação fora do determinado. - Não assistir espetáculos de canto e dança. - Não usar perfumes nem pomadas. - Não ter relações sexuais. - Memória pura, meditação pura.

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BUDISMO ZEN Muito praticado na China e no Japão, o Zen

Budismo propõe uma vida serena, baseada na aceitação dos fatos e na prática do bem. Pratica-se a compreensão direta e intuitiva do presente para o despertar.

Sua base é feita através de estudos e da meditação, considerada muito importante para o equilíbrio emocional e o autoconhecimento. É uma disciplina do corpo e da mente que exige grande esforço, perseverança e fé, durante o percurso para alcançar a iluminação.

BUDISMO TIBETANO No Budismo Tibetano os trabalhos ficam por conta

dos estudos dos textos, as recitações de mantras, rituais, devoções e da prática gradual do mestre.

Nesta tradição, a via do esforço em nosso presente e a valorização do desenvolvimento da compaixão são consideradas fundamentais para o entendimento dos ensinamentos de Buda. Sua meditação é um instrumento para se libertar dos sofrimentos do mundo.

TRADIÇÃO VAJRAYANA O Vajrayana (Veículo de Diamante) surgiu no norte

da Índia e, mais tarde, chegou na China, no Japão e no Tibet. Tem suas origens nos tantras, escrituras sagradas que ritualizam diversas práticas para a transformação da mente.

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TRADIÇÃO KADAMPA Geshe Kelsang nasceu no Tibet e tornou-se monge

budista aos oito anos de idade. É mestre de meditação e preparador dos três programas de estudos para quem deseja conhecer os ensinamentos de Buda.

Desde sua chegada ao ocidente em 1977, tem guiado espiritualmente milhões de discípulos e fundou centenas de centros do Budismo Kadampa espalhados pelo mundo.

Vem do lama Atisha, que colocou os 84 mil ensinamentos de Buda em prática, e desenvolveu as 21 meditações para facilitar o seu entendimento.

O caminho dessa tradição é de ajudar os outros. Independentemente da religião de cada um, o Budismo sempre está disposto a colaborar para que o ser evolua.

A Tradição Kadampa está sempre disposta a receber qualquer pessoa. Segundo a Tradição Kadampa, existem dezesseis pensamentos e atitudes corretas que precisamos executar: 1 – Confiar sinceramente e respeitar nosso guia espiritual. 2 – Desejar extrair a essência da nossa preciosa vida humana. 3 – Lembrar-nos da morte. 4 – Não ser apegado aos prazeres e à felicidade desta vida. 5 – Temer o renascimento nos reinos inferiores. 6 – Desejar refugiar-se nas três jóias. 7 – Ter fé e convicção na Lei do Karma.

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8 – Buscar acumular ações virtuosas em vez de ações não-virtuosas. 9 – Considerar que o samsara tem a natureza do sofrimento. 10 – Desejar abandonar ilusões e ações contaminadas. 11 – Estar determinado a ganhar a libertação. 12 – Querer praticar os três reinos superiores. 13 – Apreciar todos os seres vivos. 14 – Abandonar o auto-apreço. 15 – Realizar o vazio de si mesmo. 16 – Gostar da prática do mantra secreto. Buda Maitreya explica corretamente os cinco obstáculos à evolução do ser: 1.Preguiça. 2.Esquecimento. 3.Afundamento mental e excitação mental. 4.Não-aplicação. 5.Aplicação desnecessária. Os oito adversários para vencer os cinco obstáculos: 1.Fé. 2.Aspiração. 3.Esforço. 4.Maleabilidade. 5.Contínua-lembrança. 6.Vigilância. 7.Aplicação. 8.Não aplicação.

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POR UM MUNDO MELHOR Todos nós reconhecemos que os problemas do

mundo estão piorando; o meio-ambiente está sendo destruído e doenças e guerras estão se revigorando.

Testemunhar essa degeneração causa, em geral, um sentimento de impotência ou até de raiva.

Buda ensina que podemos afetar o mundo ao nosso redor muito mais do que imaginamos.

Compreendendo o poder de nossas mentes e ações positivas, veremos que cada um de nós pode melhorar o mundo em que vivemos.

No Budismo, diz-se que todas as mentes virtuosas nascem de uma boa aspiração. Por exemplo, se quisermos ajudar nossos amigos e familiares a superarem seus problemas, temos que primeiro nos motivar.

Se desejarmos algo como persistência, investiremos esforço para obter o que desejamos e realizaremos nosso desejo. Isso se chama “querer ativamente” – saber direcionar nossas ações, preces e energia.

Outro ponto importante é acreditar em nós mesmos. Por exemplo, para ajudar os outros, temos que antes nos ajudar. Se não confiarmos em nós, como os outros irão confiar? Se não temos soluções para nossos problemas e angústias, o que iremos oferecer aos outros?

Acreditar em nosso potencial não significa ignorar nossos defeitos. Temos defeitos, mas sabemos que eles podem ser corrigidos. Não devemos nos identificar com eles.

Buda ensina que tudo o que vemos, percebemos e sentimos passa por nossa mente. Nada existe

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independente dela; logo, uma mente impura percebe um mundo impuro, e uma mente pura percebe um mundo puro.

Se treinarmos a mente por meio da meditação, sentiremos menos raiva e maior amor e compaixão. Esses sentimentos influenciam nossas ações de corpo, fala e mente e, assim, nos tornaremos capazes de ajudar os outros de maneiras construtivas e inspiradoras.

Esse é o real sentido de nossa vida humana, tão rara e preciosa.

Como meditar numa cidade como São Paulo? É um desafio seguir com pureza os métodos tradicionais, transmitidos de mestre a discípulo desde a época de Buda Sakyamuni, e adaptá-los ao nosso estilo de vida. Os budistas kadampa tentam fazer isso. Em São Paulo, por exemplo, essa legião de meditadores é constituída por gente comum, que trabalha, estuda e tem muitos compromissos. O estilo de vida budista pode ser resumido em algumas linhas: 1 – Pare de cometer o mal. 2 – Aprenda a fazer o bem. 3 – Controle sua mente. 4 – Ajude os outros. Esses são alguns dos ensinamentos de Buda.

BUDAS O primeiro Buda (Buda Histórico)

Siddartha Gautama, depois de abdicar do trono de seu reino na Índia, cerca de 2.500 anos atrás, para buscar

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a elevação de seu espírito por meio do autoconhecimento, atingiu a iluminação e tornou-se Buda Sakyamuni. Por meio da meditação, ele atingiu o Nirvana para ser chamado de Buda Histórico.

Foi através de seu corpo físico que o Buda Primordial, o que não tem começo nem fim, revelou sua existência e identidade, e possibilitou que seus ensinamentos chegassem a nós.

Sakyamuni foi uma manifestação física e transitória do Buda “original,” a divindade única que rege o cosmos. Na Terra, sua missão seria ensinar sob a mesma forma humana, passando pelos mesmos obstáculos característicos da vida terrena, para, num primeiro momento, atingir a iluminação, e depois expandi-la.

O SEGUNDO BUDA (BUDA DA MEDICINA)

Junto ao Buda Histórico, está o segundo Buda, o Buda de Medicina, Guru Padmasambhava, que cura todos os males, inclusive o mal da ignorância.

Um Médico-Buda, que nos protege de todos os problemas, em particular de doenças físicas e mentais.

A prática do Buda da Medicina nos dá a força interior para lidar com os problemas e destruir os três venenos interiores: o apego, o ódio e a ignorância.

Nascido em uma flor de lótus (símbolo da compaixão), ele foi o responsável pela difusão do Budismo no Tibet em meados do século VIII. Foi ele quem construiu o primeiro mosteiro, Samye, e traduziu os sutras e tantras e os escondeu, pelo bem das futuras gerações.

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Sua obra conhecida no ocidente, o Livro Tibetano dos Mortos (cujo verdadeiro título é A Grande Libertação por Meio da Audição no Bardo), expressa todo o espectro de vida e morte no contexto de seis bardos: três de vida e três de morte, ou, transição entre duas realidades; possui um conjunto de ensinamentos e práticas de meditação relacionada. São estes vazios que possibilitam a elevação da mente.

O TERCEIRO BUDA (BUDA DA LUZ)

Por fim, o Buda Amitabha, o Buda da Luz e Vidas Infinitas, o Senhor do Paraíso ocidental, tem grande influência tanto no Budismo coreano quanto no chinês, pois é de acordo com suas palavras para se alcançar a Terra Pura que vivem os monges do Budismo Zen. Para tanto, o caminho é a meditação. Chamada de “caminho fácil,” o amidismo (recitação do nome de Buda Amitabha) surgiu como reação às práticas religiosas elitizadas e centralizadas nos centros monásticos, tendo sua essência na devoção.

A ROTA DO BUDISMO

O Budismo nasceu na Índia e se diferenciou das outras religiões através das chamadas três forças: Impermanência, Insubstancialidade e Nirvana.

A Ordem do Sagha, comandada pelo próprio Buda, começou com 60 monges, expandiu-se rapidamente e como resultado, começaram a surgir os mosteiros.

Durante os três séculos que se seguiram à morte de Siddartha, o Budismo se propagou pela Índia de tal

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forma, que acabou superando o Hinduísmo que era a religião oficial do país.

O Budismo entrou nos outros países sem cruzadas, nem guerras santas.

No século IV a. C., o Imperador Asoka, da Índia, aceitou os ensinamentos de Buda, procurando educar o povo, especialmente em seus aspectos éticos. Asoka ajudou muito na propagação e deixou ensinamentos falando sobre o Budismo gravados na rocha.

Descobertas antigas revelaram que os escritos estavam não só numa linguagem indiana, mas também em grego e aramaico (a língua de Jesus falava), indicando que outros povos estavam interessados nos ensinamentos de Buda.

CRONOLOGIA Séculos I ao III – O Budismo chegou à China, onde lentamente começou a crescer. Séculos V e VI – Chegou na Coréia, e foi para o Japão, onde deu origem a várias seitas Hinayana e Mahayana que se fundiram com o Xintoísmo local. No Japão, após a conversão do príncipe Shotoku Taishi, foi convertido em religião nacional. Século VII - O Budismo chegou nos altos picos do Himalaia. Mas, foi no Tibet que ele tomou uma forma diferente, devido às grandes diferenças culturais.

Ele foi trazido por um monge hindu chamado Padma Sambhava que misturava o Budismo Mahayana com elementos mágicos e religiosos de seitas derivadas do Hinduísmo.

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A antiga religião do Tibet – A Bom-Po-Se fundiu harmoniosamente com os novos conceitos, dando origem ao Lamaísmo, que mudou o Tibet para um estado teocrático governado pelos Dalai Lama e Panchen Lamas – monges lamaístas que, com suas roupas laranja, são considerados as reencarnações sucessivas da mesma entidade.

No extremo oriente o Budismo tornou-se mais simples e inseriu-se melhor nas necessidades espirituais da população. Essa forma de Budismo é chamada Mahayana.

Partindo de Benares, onde Siddartha realizou seus primeiras pregações, o Budismo estendeu-se pela Índia até chegar no Ceilão, Birmânia, Tailândia, Malásia, Indonésia, Camboja, Vietnã, Mongólia e Paquistão.

O ápice dessa expansão ocorreu do século VI até o século X.

Na Birmânia, Tailândia, Laos, Camboja, Ceilão e no Vietnã, o Budismo permaneceu ortodoxo, sendo denominado Hinayana, pelos seguidores do Mahayana.

O TIBET

Tibet é governado pela China. É um planalto elevado, cercado de montanhas imponentes, com o Himalaia erguendo-se ao longo da fronteira sul. As temperaturas são baixas e os ventos intensos, embora em alguns vilarejos seja mais ameno.

Os tibetanos são pastores nômades, com ovelhas, cabras, iaques, cavalos, e sua religião é o Lamaísmo.

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As tribos primitivas tibetanas tinham como religião, o Bon-Po; mas, a partir do século IV o Budismo entrou mo país, trazido por missionários através da Índia e Nepal.

No século VII o Budismo foi reconhecido oficialmente e atravessou um período de grande crescimento e simpatia.

O Budismo Tibetano caracteriza-se pela fusão entre o Vajrayãna e elementos da religião Bon-Po. É chamado de Lamaísmo por causa de seus mestres, os lamas.

O Dalai Lama é considerado a reencarnação do Bodhisattva, e o Panchen-lama, chefe que com ele divide o domínio espiritual, é visto como o Buda Amitãbha encarnado.

Em 1950, depois da invasão chinesa, o Tibet perdeu muitos nativos no conflito, e sua tradição foi mutilada.

Os chineses incentivaram a educação não religiosa, estabeleceram pequenas indústrias, redistribuíram terras, destruíram a vida e a liberdade dos tibetanos. Nove anos depois, o Dalai Lama, líder espiritual do povo, fugiu para a Índia.

O saldo desta luta foi catastrófico: dos 6.000 monastérios e templos que existiam antes da invasão, restam apenas 10. Mais de um milhão de tibetanos foram mortos. Nas escolas, a língua obrigatória é o chinês, que impede os monges de se alfabetizarem.

Hoje, no Tibet, existem poucos monges que se assemelham aos primeiros discípulos de Buda. Conservam os mantos amarelos, raspam a cabeça, não possuem

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nenhum objeto material, exceto sua tigela de esmolas, e estão proibidos de tocar em dinheiro.

Vivem da oferta de alimentos e roupas, guardam rigoroso celibato e não podem comer nenhum alimento sólido depois do meio dia.

O BUDISMO NA CHINA

As principais escolas do Budismo chinês formaram-se no período que se estende do século V até o século VIII, e pertencem à Tradição Mahayana.

Entre os anos 618 e 907, as comunidades budistas sofreram fortes perseguições por parte do governo. Muitos mosteiros foram destruídos e iniciou-se uma grande campanha anti-budista, que diminuiu bastante o número de fiéis nas classes mais altas da sociedade chinesa.

Em 1950, a China invadiu o Tibet e destruiu centenas de monastérios, templos, casas; prendeu, assassinou mais de 80.000 pessoas; limitou o número de monges e proibiu o ensino da língua tibetana nas escolas.

Com a incorporação do território tibetano ao seu, a China administra o Tibet, impondo o regime do medo e da força.

O BUDISMO NO JAPÃO O Budismo chinês chegou no Japão através da Coréia, por volta de 538, época que o país estava se consolidando como uma forte potência religiosa e produtiva. Ele foi encarado como um instrumento capaz de fortalecer seu poder e prestígio, tornando-se religião nacional.

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Os primeiros templos foram construídos pela elite imperial, e os monges eram muito respeitados. O Budismo era procurado não só pela sua doutrina, mas pelos diversos rituais e suas crenças. A partir do século XVII, por causa das perseguições contra o Cristianismo, todas as famílias tiveram que se inscrever em templos budistas. Isto transformou o Budismo numa religião praticada pela família japonesa. Dezenas de costumes e atividades fundiram-se com o Budismo. Entre eles estão as cerimônias do chá, a arte dos arranjos florais (ikebana), a caligrafia, a pintura, o teatro, a jardinagem, etc. Existem hoje diversas universidades budistas que regularmente organizam congressos internacionais sobre o Budismo, expandindo seus benefícios para o resto do mundo.

O BUDISMO NO BRASIL No Brasil, as primeiras impressões do Budismo se

formaram no século XIX por autores brasileiros como Machado de Assis (1839-1908) e Raimundo Correia (1859-1911).

Na década de 20, o interesse cresceu com os japoneses, coreanos e chineses que trouxeram a religião com eles nos primeiros navios de imigrantes.

Os anos 50 foram determinantes para a instalação e o desenvolvimento do Budismo japonês. Este trabalho teve continuidade no ano de 1955 por Murilo Ramos de Azevedo, responsável pela chegada do Budismo Zen no país e fundador da Sociedade Budista do Brasil.

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A partir dos anos 60, o Budismo migrou bastante para o interior de São Paulo, e muitos japoneses budistas converteram-se ao Catolicismo. Também cresce o interesse pelo Budismo Zen e o Budismo Terra Pura.

Nos anos 70, surgiu o Budismo Tibetano e ouve uma divulgação mais ampla de suas práticas, quando livros e textos foram traduzidos e tornaram-se disponíveis.

Os anos 80 foram importantíssimos para a solidificação do Budismo e o seu enraizamento na cultura brasileira.

A meditação tornou-se popular. Cursos, seminários, retiros e muitos grupos de concentração foram formados.

Nos anos 90, a visita ao Brasil em 1992 e 1999 do Dalai Lama e a edição de seus livros em português, contribuíram para muitos brasileiros de origem não-asiática converterem-se ao Budismo Tibetano e a grupos de outras tradições.

O rápido crescimento, acompanhado por uma expansão das tradições, levou a um considerado aumento de números de grupos, centros e templos budistas. Hoje, o Brasil possui em torno de 250.000 budistas reunidos em aproximadamente 160 grupos de diferentes tradições.

Um de seus ícones é o Lama Michel, considerado um tulku (reencarnação de um mestre tibetano) e disposto a ajudar as pessoas e a transmitir os ensinamentos de Buda.

O Lama Michel vive na Índia do Sul, onde atualmente centenas de monges estão recebendo formação tradicional. Sua rotina é feita de estudos da

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língua inglesa, tibetana, memorização de textos sagrados e a preservação do patrimônio budista.

No Brasil, que possui um grande potencial espiritual, o Lama Michel faz parte do Centro de Dharma, uma das escolas do Vajrayana, assumindo um papel de destaque na propagação do Budismo dentro da sociedade brasileira.

O BUDISMO DE NITIREN DAISHONIN

O próprio Sutra de Lótus delineia a forma com dever ser praticado para se atingir a iluminação: as pessoas devem abraçar, seguir, ler, recitar, ensinar e transcrever o Sutra. Entretanto, a prática de leitura, ensino e transcrição somente era possível para uma classe intelectual, sendo que a grande maioria das pessoas era iletrada. Essa situação não se alterou até o surgimento de Nitiren Daishonin no Japão.

Nitiren Daishonin viveu no século XIII, na era Kamakura. Sua época foi denominada de Últimos Dias da Lei, o período iniciado dois mil anos após o falecimento de Sakyamuni – a Era em que o Budismo decairia.

Nitiren Daishonin, entretanto, examinou minuciosamente os ensinamentos budistas que se desenvolveram na Índia e na China até seus dias, e restabeleceu o Budismo retornando ao seu ponto de origem.

O Budismo de Nitiren Daishonin fundamenta-se na firmação de que todas as pessoas têm o potencial de atingir a iluminação. Esta idéia é a epítome do Budismo Mahayana, uma das suas principais divisões do Budismo.

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Surgiu na Índia após a morte de Sajyamuni, através de um movimento de popularização dos ensinos de Buda.

Seus discípulos não se isolaram da sociedade como alguns grupos budistas anteriores. Ao invés disso, lutaram para a propagação em meio ao povo e para auxiliar as outras pessoas no caminho da iluminação. Portanto, Mahayana é caracterizado pelo espírito de benevolência e altruísmo.

O Budismo Mahayana foi introduzido na China, onde deu origem a várias seitas. Uma das mais importantes foi fundada por Tientai (538-597), conhecida como seita Tendai. Esta seita ensina que o Sutra de Lótus é o mais alto de todos os sutras Mahayana, e que todas as coisas, tanto animadas como inanimadas, possuem um potencial dormente para a iluminação.

Esta doutrina resultou na teoria conhecida como “Itinen Sanzen.”

As doutrinas da seita Tendai foram mais tarde desenvolvidas e sistematizadas por Miao-lo (711-782), o 9º chefe religioso da seita.

O Budismo de Tientai foi introduzido no Japão no século IX por Dengyo Daishi que havia estudado suas doutrinas na China.

Mais tarde, no século XIII, Nitiren Daishonin estudou no Monte Hiei, o centro da seita Tendai no Japão, e veio a entender que o Sutra de Lótus constitui a essência de todo o Budismo.

Logo depois, começou a pregar o conteúdo do que havia descoberto.

De acordo com seu ensinamento, as funções de todo o universo estão sujeitas a um único princípio ou lei.

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Através da compreensão desta lei, a pessoa é capaz de libertar o potencial oculto de sua própria vida e atingir a harmonia perfeita com o seu ambiente.

Nitiren Dasshonin definiu a lei universal como Nam-myoho-rengue-kyo, uma fórmula que representa o fundamento do Sutra de Lótus, e é conhecida como Daimoku. Além disso, ele deu concreção à lei, inscrevendo-a num pergaminho – Gohonzon – para que as pessoas pudessem colocar a essência da sabedoria budista em prática, e desta forma, atingir a iluminação.

No tratado intitulado “O Verdadeiro Objeto de Adoração,” ele concluiu que, crendo e orando Nam-myoho-rengue-kyo ao Gohonzon, que é a cristalização da lei universal, revelar-se-á a natureza de Buda inerente em todos os indivíduos.

Todos os fenômenos estão sob a infalível lei de causa e efeito. Consequentemente, o estado de vida de um ser (seu destino, em outras palavras) é a conseqüência de todas as causas prévias.

Através da oração do Nam-myoho-rengue-kyo, a pessoa está criando a causa suprema que pode compensar os efeitos negativos do passado.

A iluminação não é mística nem transcendental, como muitos supõem. Antes, é uma condição de máxima sabedoria, vitalidade e boa sorte, na qual o indivíduo pode moldar o seu próprio destino, encontrando plenitude nas atividades diárias e entendendo a missão de sua vida.

O Budismo de Nitiren Daishonin é praticado corretamente pelos membros da Soka Gakkai (SGI/BSGI), que é uma instituição religiosa composta por leigos, que

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tem como objetivo a propagação deste Budismo para a realização da paz e da felicidade de toda humanidade.

SUTRA DE LÓTUS – A LEI UNIVERSAL Logo após atingir a iluminação, Buda hesitou em

revelar o Sutra de Lótus. Ele percebeu que a compreensão das pessoas seria

incompleta; haveria o perigo de elas acalentarem muitas dúvidas e permanecerem trancadas na escuridão da ilusão.

Por isso, empenhou todo o seu conhecimento, ponderando continuamente sobre a forma de transmitir a sua iluminação para o maior número possível de pessoas. E, para que as pessoas obtivessem uma correta compreensão do Sutra de Lótus, Buda expôs o caminho para os homens de erudição, de absorção e dos Bodhisattvas, associando os ensinos à compreensão de cada um desses grupos.

O Sutra de Lótus é o ensino que revela a lei “nunca antes revelada.” Seus estudos possibilitam às pessoas afastarem-se da ilusão e aproximarem-se da iluminação.

PALAVRAS DE BUDA

“Eis, oh monges, a santa verdade sobre a dor: o nascimento é dor, a velhice é dor, a doença é dor, a morte é dor, a união com quem amamos é dor, não satisfazer o desejo a separação é dor, a separação daquilo que amamos é dor... E para resumir, o quíntuplo apego as coisas terrestres é dor.”

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“Eis, oh monges, a santa verdade sobre a origem da dor: é a sede de existência que conduz de renascimento em renascimento, acompanhada de prazer e de cobiça que perturba por toda parte, o prazer: a sede de prazeres, a sede de existência, a sede de poder.” “Eis, oh monges, a santa verdade sobre a supressão da dor: a extinção dessa sede pelo aniquilamento completo do desejo, banindo o desejo e renunciando a ele, libertando-se dele e não lhe concedendo lugar.”

“Eis, oh monges, a santa verdade sobre o caminho que conduz à supressão da dor: é o caminho sagrado de oito ramificações que se chama:”

1 – Fé pura. 2 – Vontade pura. 3 - Linguagem pura. 4 – Ação pura. 5 – Meios de existência puros. 6 – Aplicação pura. 7 – Atenção pura. 8 – Meditação pura.

“Tudo o que entendemos sobre nós mesmos deve ser aplicado aos outros seres vivos, e tudo o que entendemos sobre os outros seres vivos deve ser aplicado a todos os fenômenos.”

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“Não deveis aceitar nada por ouvir falar, tampouco porque está nas escrituras.” “O homem de hoje é o resultado de milhões de repetições de pensamentos e ações. O homem não é confeccionado. Ele muda e está se transformando. Seu caráter é pré-determinado por própria escolha.”

“A cada ação praticada, experimentamos um resultado similar.”

O Budismo não distingue castas. Cinco são os seus

mandamentos: Não matar; Não roubar; Não mentir; Não faltar à castidade; Não embriagar-se.

Conforme a concepção budista, o ciclo das existências é que deve levar ao Nirvana, que não é, de forma alguma, conforme muitos acreditam, a extinção de tudo; embora a palavra nir-vame, que significa extinguir-se, seja a raíz da qual derivou Nirvana. Nirvana exprime identificação, porque mostra claramente a identificação do espírito humano com Deus; o que requer a extinção da personalidade. São pensamentos budistas:

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“Quando o espírito humano se identifica com Deus, deixa de ser espírito individual, conserva a indestrutível consciência de si mesmo em unidade com todos os seres, no Deus Absoluto, isto é, o Nirvana.“

Tal identificação, segundo o Budismo, é alcançada

após a libertação do ciclo de existências, da série lenta e sucessiva de reencarnações. Disse Buda:

“Considera-se um brâmane, um homem que tem conhecimento da morte e dos renascimentos de todos os seres, o que conhece suas vidas pregressas, o céu e o inferno, aquele que chegou ao fim da corrente dos nascimentos, e é dono da sabedoria, tendo realizado tudo quanto deve ser realizado.”

Após muitos anos de isolamento e profunda

meditação, as conclusões de Buda são resumidas em quatro verdades: 1.Todo viver é dor. 2.O sofrimento vem da cobiça e do desejo. 3.A libertação do sofrimento vem da cessação do desejo. 4.O caminho para a supressão do desejo é a Senda das Oito Trilhas. As Oito Trilhas são: 1.A crença reta. 2.A resolução reta. 3.O falar reto.

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4.A conduta reta. 5.A ocupação reta. 6.O esforço reto. 6.A contemplação reta. 8.A concentração reta.

As Escrituras Sagradas do Budismo são

denominadas de Tripitaka, o que significa Três Cestos. Elas abordam as normas reservadas aos monges budistas, os sermões atribuídos a Buda, as diversas passagens da biografia de Buda, e os provérbios e máximas que edificam os valores éticos do homem. Os mencionados livros apresentam partes escritas em prosas e outras em versos, constituindo o mais volumoso acervo de escrituras religiosas que se tem notícia no mundo.

O Budismo, em função de sua antiguidade e expansão, sofreu algumas ramificações, sendo a divisão nas escolas de Hinayana e Mahayana, a principal delas.

O conceito da pluralidade das existências, ou seja, a reencarnação, apesar das ramificações existentes, permaneceu aceito por todos os budistas.

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CAPÍTULO VI

CATOLICISMO

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O Catolicismo é uma das mais expressivas vertentes do Cristianismo e, ainda hoje, congrega a maior comunidade de cristãos existente no planeta. Segundo algumas estatísticas recentes, cerca de um bilhão de pessoas professam ser adeptas ao catolicismo, que tem o Brasil e o México como os principais redutos de convertidos. De fato, as origens do Catolicismo estão ligadas aos primeiros passos dados na história do Cristianismo.

Em sua organização, o Catolicismo é marcado por uma rígida estrutura hierárquica que se sustenta nas seguintes instituições: as paróquias, as dioceses e as arquidioceses. Todas essas três instituições são submetidas à direção e ensinamentos provenientes do Vaticano, órgão central da Igreja Católica comandado por um pontífice máximo chamado de Papa. Abaixo de sua autoridade estão subordinados os cardeais, arcebispos, bispos, padres e todo o restante da comunidade cristã espalhada pelo mundo.

Esse traço centralizado da administração eclesiástica católica acabou promovendo algumas rupturas que, de fato, indicam a origem da chamada Igreja Católica Apostólica Romana. Uma das primeiras e fundamentais quebras de hegemonia no interior da Igreja ocorreu no século XI, quando as disputas de poder entre o papa romano e o patriarca de Constantinopla deram origem à divisão entre o Catolicismo Romano e o Catolicismo ortodoxo.

As principais crenças do Catolicismo estão embasadas na crença em um único Deus verdadeiro que integra a Santíssima Trindade, que vincula a figura divina

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ao seu filho Jesus e ao Espírito Santo. Além disso, o Catolicismo defende a existência da vida após a morte e a existência dos céus, do inferno e do purgatório como diferentes estágios da existência póstuma. A ida para cada um desses destinos está ligada aos atos do fiel em vida e também determina o desígnio do cristão na chegada do dia do Juízo Final.

A liturgia católica reafirma sua crença através dos sete sacramentos que simbolizam a comunhão espiritual do fiel junto a Deus. Entre esses sacramentos estão o batismo, a crisma, a eucaristia, a confissão, a ordem, o matrimônio e a extrema-unção. A missa é o principal culto dos seguidores do Catolicismo. Neste evento, celebra-se a morte e a ressurreição de Cristo; e o milagre da transubstanciação no qual o pão e o vinho se transformam no corpo e no sangue de Cristo.

Segundo consta nos ensinamentos católicos, a origem de sua igreja está relacionada ao nascimento de Jesus Cristo, líder judeu que promoveu uma nova prática religiosa universalista destinada à salvação de toda a humanidade. Após a morte de Cristo, a principal missão de seus seguidores era pregar os ensinamentos por ele deixados com o objetivo de ampliar o conhecimento de suas promessas. Nessa época, os primeiros cristãos tiveram que enfrentar a oposição ferrenha das autoridades romanas que controlavam toda Palestina.

Entretanto, a crise do Império Romano e a franca expansão dos praticantes dessa nova religião acabaram forçando o império a ceder a essa nova situação no interior de seus territórios. Por isso, ao longo do século IV, o Catolicismo se tornou a religião oficial do Império

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Romano, favorecendo enormemente a expansão dessa religião ao logo de uma vasta região compreendendo a Europa, a África e partes do mundo oriental. Com isso, a Igreja adentra os últimos séculos da Antiguidade com expressivo poder.

Durante a Idade Média, a continuidade do processo de conversão religiosa se estendeu às populações bárbaras que invadiram os domínios romanos e consolidaram novos reinos. Entre esses reinos, destacamos o Reino dos Francos, onde se instituiu uma íntima relação entre os membros do clero e as autoridades políticas da época. A partir de então, a Igreja se tornou uma instituição influente e detentora de um grande volume de terras e fiéis.

A grande presença do Catolicismo durante o período medieval começou a sofrer um expressivo abalo quando os movimentos heréticos da Baixa Idade Média e, séculos depois, o Movimento Protestante, questionaram o monopólio religioso e intelectual de seus clérigos. Nessa mesma época, a Igreja reafirmou suas concepções de fé por meio da Contrarreforma, a instalação da Inquisição e a expressiva participação na conversão das populações nativas encontradas no continente americano.

Entre os séculos XVIII e XIX, o poder de intervenção da Igreja em questões políticas sofreu uma grande perda com a eclosão do ideário iluminista e o advento das revoluções liberais. A necessidade de instalação de um Estado laico favoreceu uma restrição das atividades da Igreja ao campo essencialmente religioso. Paralelamente, o surgimento do movimento comunista também estabeleceu outra frente de refutação ao

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Catolicismo quando criticou qualquer tipo de prática religiosa.

No século XX, a Igreja sofreu uma profunda renovação de suas práticas quando promoveu o Concílio de Vaticano II, acontecido durante a década de 1960. Nesse evento – que mobilizou as principais lideranças da Igreja – uma nova postura da instituição foi orientada em direção às questões sociais e injustiças que afligiam os menos favorecidos. Essa tônica social acabou dando origem à chamada Teologia da Libertação, que aproximou os clérigos das causas populares, principalmente na América Latina.

Ultimamente, a ascensão de autoridades mais conservadoras na alta cúpula da Igreja enfraqueceu significativamente esse tipo de aproximação. Em contrapartida, existe um forte movimento que ainda insiste na mudança de alguns preceitos, como o celibato entre os clérigos e o uso de métodos contraceptivos. Com isso, vemos que a trajetória dessa instituição foi marcada por várias experiências que a transformaram ao longo do tempo.

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CAPÍTULO VII

A RELIGIÃO DO ANTIGO EGITO

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Conforme os estudos feitos sobre as religiões por pesquisadores, não é possível se designar uma religião egípcia, mas um panteão de deuses maiores e menores aos quais eram dedicados cultos específicos em diversas regiões do Egito. A crença nos renascimentos era comum nessa civilização e, além da reencarnação, alguns grupos, ou mesmo a nível popular, acreditavam na Metempsicose que, conforme sabemos, corresponderia à noção invertida da reencarnação, sem seu aspecto eminentemente evolutivo. Segundo a Metempsicose, seria possível renascer em animais um espírito já evoluído à condição humana. Um retrocesso, portanto.

Os egípcios consideravam que o homem, além do corpo físico, tem um corpo espiritual que chamavam de Ka, e uma essência espiritual, ou espírito. Os sacerdotes ou iniciados tinham a noção de que a “salvação” não estava no culto exterior, mas no próprio interior do homem, e diziam: “O coração é o seu próprio Deus.”

Na história do Egito se destaca a figura de Hermes Trimegisto, o qual certos autores chamam de filósofo egípcio. O termo trimegisto significa três vezes grande, pela sua erudição nos diversos ramos da cultura humana. Seus aforismos, máximas ou sentenças de interpretação difícil, sempre com sentido esotérico, originaram a designação “hermético”. Chama-se, ainda hoje, de hermético a tudo que dificilmente é interpretado ou de difícil abertura. Ciências Herméticas equivalem a ciências ocultas ou fechadas a um grupo.

O Livro dos Mortos tem sido atribuído a Hermes Trimegisto. Ele descreve a viagem da alma após a morte,

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através de localizações que são chamadas de Amenti. Hermes Trimegisto é considerado autor de inúmeros tratados religiosos, dos quais existem os “Fragmentos Herméticos,” divulgados pelos gregos e romanos, com prováveis alterações. Nos “Fragmentos Herméticos” há referências, não muito claras, à reencarnação, entre as quais citaremos a conversa do deus Hórus com sua mãe Ísis. Neste diálogo, a deusa diz a Hórus para se livrar da impressão de que as almas se dispersam no espírito universal e infinito, sem manter sua identidade e sem voltar para a sua “morada anterior.”

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CAPÍTULO VIII

A IGREJA MESSIÂNICA

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Origem: Criada por um homem chamado Mokiti Okada. Local: Tóquio, Japão. Data: O movimento teve início em 1935 e foi oficializado pelo governo do Japão em 1947.

HISTÓRICO

A Igreja Messiânica Mundial nasceu no Japão, fundada por Mokiti Okada, chamado pelos adeptos da seita de Meishu-Sama, que quer dizer “chefe espiritual santificado” ou “Senhor da luz”. Mokiti Okada nasceu em Assakussa, Tókio, no dia 23 de dezembro de 1881. O movimento teve seu início em 1935, oficializado pelo governo japonês em 1947. Okada teve várias “experiências espirituais”, a primeira delas em 1926, quando recebeu uma revelação especial de Deus que o fez escrever toda a história da formação do Japão ocorrida a quinhentos mil anos antes. Com as pressões do governo japonês sobre as atividades religiosas, foi obrigado a queimar suas revelações. Por causa disso, entrou em contato direto com Deus, obtendo conhecimento de Deus no reino divino, espiritual, material e dos fundamentos da vida e da morte. Meishu-Sama morreu no dia dez de fevereiro de 1955 e sua esposa liderou o movimento, morrendo em 1962. Sua filha Itsuki Fujilda, a sucedeu e é a líder atual da seita.

No Brasil, a Igreja Messiânica Mundial teve início no dia 15 de junho de 1955, sendo oficializada em 1965. Sua sede central fica em Vila Mariana, São Paulo e já se propagou nos principais estados do país. Conta com mais de 100 mil adeptos na Brasil e quase um milhão no Japão.

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DOUTRINA Deus

A Igreja Messiânica Mundial reconhece um Deus como criador do Universo e doador da vida. Todavia, não o concebem como um Ser Pessoal, mas como uma energia fluída que penetra nos seres visíveis deste mundo. Esse conceito é monoteísta, crê em um único Deus criador. O conceito torna-se panteísta quando se crê também que Deus como energia pode estar nas coisas visíveis. Com essa idéia de Deus como energia pode estar nas coisas visíveis. Com essa idéia de Deus pregam a harmonia das religiões e reconhecem Meishu-Sama como um deus para os seus fiéis, como Jesus é para os cristãos ou Brama para os Hindus. Na realidade os seguidores de Meishu-Sama, sempre que falam em Deus associam os Seu nome o do Mestre Meishu-Sama, e exaltam mais a ele do que a Deus.

Refutação - A idéia que Deus é energia é puramente

uma invenção humana de quem nunca teve um relacionamento com o Criador. A Bíblia apresenta Deus não como energia, mas como um Ser Pessoal que se relaciona com o homem. Deus não é uma energia que pode ser canalizada, mas um relacionamento que pode ser experimento. Vejamos alguns textos da Bíblia sobre o assunto: “Deus é Espírito e não energia” – Is, 61:1; Jo, 4:24; At, 17:24; 2Co, 3:17. “Deus é o único, não há outro” – Is, 44:8; Is, 45:18-22. “Deus não divide Sua glória com ninguém, portanto o homem não pode servir a dois senhores” – Mt, 15:8-9.

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PURIFICAÇÃO A Igreja Messiânica Mundial acredita que todo

sofrimento humano (mental, físico ou espiritual) tem uma causa espiritual. Deus, a causa de todas as coisas, permite o sofrimento como uma oportunidade de purificação para o indivíduo livrar-se do seu pecado. Refutação – A doença é fruto da queda do homem, do pecado no Éden, mas não é um meio de purificação e tampouco permite ao homem livrar-se do seu pecado. Aflições e doenças muitas vezes aparecem na Bíblia como castigo de Deus pela desobediência do homem (2Rm, 5:20-27; 2Co, 7:14; Sl, 119,67,71), ou para provar a fé (Jo, 1:20-22). A única maneira que a Bíblia cita para o homem purificar-se é pela fé no Salvador Jesus, porque o seu sangue nos purifica de todo o pecado.

A purificação de pecados só é possível através de Jesus Cristo (Mt, 26:28; Jo, 1:29; Rm, 5:8-9; Hb, 9:14, 22, 26, 27; 1Pe, 1:18-19; I Jo, 1:7-9; 2:12; At, 1:5; 7:14.

O JOHREI (JOH: PURIFICAÇÃO. REI: ESPÍRITO OU CORPO ESPIRITUAL)

É uma cerimônia de purificação pela canalização da Luz Divina através de Meishu-Sama. Os líderes espirituais estendem as palmas das mãos sobre outras pessoas, ato que invoca a luz divina para a purificação do íntimo, da vida espiritual. Quando purificada a pessoa é curada espiritualmente e até física e mentalmente, porque o físico e o espiritual estão intimamente ligados. Para ministrar o Johrei é necessário passar pelas aulas de iniciação, onde se aprende como ministrá-lo, filiar-se a uma igreja e

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receber o Ohikari, uma espécie de medalha redonda, banhada a ouro, onde se acredita “ser o sagrado ponto focal”, através do qual se canaliza a luz de Deus e Meishu-Sama para a purificação. Depois da iniciação e de posse do Ohikari qualquer pessoa, acima de 12 anos, pode ministrar o Johrei. Refutação – A ênfase do Johrei é a purificação através da luz divina de Meishu-Sama canalizada no Ohikar. A Bíblia ensina que somente o sangue de Cristo nos purifica de todos os pecados (veja acima sobre purificação).

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CAPÍTULO IX

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

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O movimento religioso conhecido como Testemunhas de Jeová é uma religião cristã, em que seus adeptos seguem Jesus Cristo e adoram exclusivamente a Jeová. Seus praticantes ultrapassam a média de seis milhões e setecentos mil, além de um grande número de simpatizantes. O nome “Testemunhas de Jeová” apoia-se em um trecho bíblico no qual Jeová pede aos fiéis que sejam suas testemunhas e que preguem suas doutrinas.

Os membros do movimento surgiram por volta de 1870 na Pensilvânia, Estados Unidos, a partir dos ensinamentos de Charles Russel.

Charles Russel recebeu os ensinamentos de uma família evangélica tradicional, porém inconformado com alguns ensinamentos, como a existência do inferno e do castigo eterno, formou um grupo de estudos independente, originando um movimento à parte. Posteriormente, elegeu-se como seu “pastor”, obtendo o apoio de dois adventistas: Geoge Stetson e George Storrs.

Não existe hierarquia entre as Testemunhas de Jeová. Todos os fiéis possuem funções semelhantes, evangelizando de casa em casa e nas ruas. Outra maneira utilizada para propagação das “boas-novas do reino” são as reuniões realizadas semanalmente nos salões do Reino.

As Testemunhas de Jeová acreditam que a Bíblia é a palavra de Deus, tendo-a como base para suas crenças. O Novo Testamento é chamado de Escrituras Gregas Cristãs e o Velho Testamento, de Escrituras Hebraicas.

Consideram os 66 livros que compõem a Bíblia, interpretando-a de forma literal, salvo quando as

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expressões ou o contexto revelam que o sentido é figurado ou simbólico.

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CAPÍTULO X

ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA

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Os Adventistas do Sétimo Dia aceitam a Bíblia como seu único credo e mantêm certas crenças fundamentais como sendo o ensino das Escrituras Sagradas. Estas crenças, da maneira como são apresentadas aqui, constituem a compreensão e a expressão do ensino das Escrituras por parte da Igreja. Logo abaixo confira todas as 28 doutrinas da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

AS ESCRITURAS SAGRADAS

As Escrituras Sagradas, o Antigo e Novo Testamento, são a Palavra de Deus escrita, dada por inspiração divina por intermédio de santos homens de Deus que falaram e escreveram ao serem movidos pelo Espírito Santo. Nesta Palavra, Deus transmitiu ao homem o conhecimento necessário para salvação. As Escrituras Santas são a infalível revelação de Sua vontade. Constituem o padrão de caráter, o prova de experiência, o autorizado revelador de doutrinas e o registro fidedigno dos atos de Deus na História. Razões Bíblicas: 2Pe, 1:20-21; 2Tm, 3:16-17; Sl, 119,105; Pv, 30:5-6; Is, 8:20; Jo, 17:17; 2Ts, 2:13; Hb, 4:12

A TRINDADE

Há um só Deus: Pai, Filho, e Espírito Santo, uma unidade de três pessoas co-eternas. Deus é imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo e sempre presente. Ele é infinito e além da compreensão humana, mas é conhecido por meio de Sua auto-revelação. Para sempre é

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digno de culto, adoração, e serviço por parte de toda criação. Razões Bíblicas: Dt, 6:4; Mt, 28:19; 2Co, 13:14; Ef, 4:4-6; 1Pe, 1:2; 1Tm, 1:17; Ap, 14:7

DEUS PAI

Deus, o Eterno Pai, é o Criador, o Originador, o Mantenedor e o Soberano de toda a criação. Ele é justo e santo, compassivo e clemente, tardio em irar-se, e grande em constante amor e fidelidade. As qualidades e poderes manifestos no Filho e o Espírito Santo também constituem revelações do Pai. Razões Bíblicas: Gn, 1:1; Ap, 4:11; 1Co, 15:28; Jo, 3:16; 1Jo, 4:8; 1Tm, 1:17; Êx, 34:6, 7; Jo, 14:9

DEUS FILHO

Deus, o Filho Eterno, encarnou-Se em Jesus Cristo. Por meio d’Ele foram criadas todas as coisas, é revelado o caráter de Deus, efetuada a salvação da humanidade e julgado o mundo. Sendo para sempre verdadeiramente Deus, Ele se tornou também verdadeiramente homem, Jesus, o Cristo. Ele foi concebido do Espírito Santo e nasceu da virgem a Maria. Viveu, e experimentou a tentação como um ser humano, mas exemplificou perfeitamente a justiça e o amor de Deus. Por Seus milagres manifestou o poder de Deus e atestou que era o Messias prometido por Deus. Sofreu e morreu voluntariamente na cruz por nossos pecados e em nosso

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lugar, foi ressuscitado dentre os mortos e ascendeu para ministrar no santuário celestial em nosso favor. Virá outra vez, em glória, para o livramento final de Seu povo e a restauração de todas as coisas. Razões Bíblicas: Jo, 1:1, 3, 14; Co, 1:15-19; Jo, 10:30; 14:9; Rm, 6:23; 2Co, 5:17-19; Jo, 5:22; Lc, 1:35; Fp. 2:5-11; Hb, 2:9-18; 1Co, 15:3-4; Hb, 8:1-2; Jo, 14:1-3

DEUS ESPÍRITO SANTO

Deus, o Espírito Santo, desempenhou uma parte ativa com o Pai e o Filho na Criação, Encarnação e Redenção. Inspirou os escritores das Escrituras. Encheu de poder a vida de Cristo. Atrai e convence os seres humanos; e os que se mostram sensíveis são renovados e transformados por Ele, à imagem de Deus. Enviado pelo Pai e pelo Filho para estar sempre estar com Seus filhos, Ele concede dons espirituais à igreja, habilita a dar testemunho de Cristo e, em harmonia com as Escrituras, guia-a em toda a verdade. Razões Bíblicas: Gn, 1:1-2; Lc, 1:35; 4:18; At, 10:38; 2Pe 1:21; 2Co, 3:18; Ef, 4:11-12; At, 1:8; Jo, 14:16, 18, 26; 15:26-27; 16:7-13

A CRIAÇÃO

Deus é o Criador de todas as coisas, e revelou nas Escrituras o relato autêntico da Sua atividade criadora. "Em seis dias fez o Senhor os Céu e a Terra" e tudo que tem vida sobre a Terra, e descansou no sétimo dia dessa primeira semana. Assim Ele estabeleceu o sábado como

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perpétuo monumento comemorativo de Sua esmerada obra criadora. O primeiro homem e mulher foram formados à imagem de Deus como obra-prima da Criação, foi-lhes dado domínio sobre o mundo e atribuiu-lhes a responsabilidade de cuidar dele. Quando o mundo foi concluído, ele era "muito bom", proclamando a glória de Deus.” Razões bíblicas: Gn, 1:2; Ex. 20:8-11; Sl, 19:1-6; 33:6, 9, 104; Hb, 11:3

A NATUREZA DO HOMEM

O homem e a mulher foram formados à imagem de Deus com individualidade, o poder e a liberdade de pensar e agir. Conquanto tenham sido criados como seres livres, cada um é uma unidade indivisível de corpo, mente e alma, e dependente de Deus quanto à vida, respiração e tudo o mais. Quando os nossos primeiros pais desobedeceram a Deus, eles negaram sua dependência d’Ele e caíram de sua elevada posição abaixo de Deus. A imagem de Deus, neles, foi desfigurada, e tornaram-se sujeitos à morte. Seus descendentes partilharam dessa natureza caída e de suas consequências. Eles nascem com fraquezas e tendências para o mal. Mas Deus, em Cristo, reconciliou consigo o mundo e por meio de Seu Espírito restaura nos mortais penitentes a imagem de seu Criador. Criados para a glória de Deus, eles são chamados para amá-Lo e uns aos outros, e para cuidar de seu ambiente.

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Razões Bíblicas: Gn, 1:26-28; 2:7; Sl, 8:4-8: At, 17:24-28; Gn, 3; Sal, 51:5; Rm, 5:12-17; 2Co, 5:19-20

O GRANDE CONFLITO

Toda a humanidade está agora envolvida num grande conflito entre Cristo e Satanás, quanto ao caráter de Deus, Sua lei e Sua soberania sobre o Universo. Este conflito originou-se no Céu quando um ser criado, dotado de liberdade de escolha, por exaltação própria tornou-se Satanás, o adversário de Deus, e conduziu à rebelião uma parte dos anjos. Ele introduziu o espírito de rebelião neste mundo, ao induzir Adão e Eva em pecado. Este pecado humano resultou na deformação da imagem de Deus na humanidade, no transtorno do mundo criado e em sua consequente devastação por ocasião do dilúvio mundial. Observado por toda a criação, este mundo tornou-se palco do conflito universal, dentro do qual será finalmente vindicado o Deus de amor. Para ajudar Seu povo nesse conflito, Cristo envia o Espírito Santo e os anjos leais, para os guiar, proteger e amparar no caminho da salvação. Razões Bíblicas: Ap, 12:4-9; Is, 14:12-14; Ez, 28:12-18; Gn, 6-8; 2Pe, 3:6; Rm, 1:19-32; 5:19-21; 8:19-22; Hb, 1:4-14; 1Co, 4:9

VIDA, MORTE E RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Na vida de Cristo, de perfeita obediência à vontade de Deus, e em Seu sofrimento, morte e ressurreição, Deus proveu o único meio de expiação do pecado humano, de modo que os que aceitam esta expiação pela fé possam

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ter vida eterna, e toda a criação compreenda melhor o infinito e santo amor do Criador. Esta expiação perfeita vindica a justiça da lei de Deus e a benignidade de Seu caráter; pois ela não somente condena o nosso pecado, mas também garante o nosso perdão. A morte de Cristo é substituinte e expiatória, reconciliadora e transformadora. A ressurreição de Cristo proclama a vitória de Deus sobre as forças do mal, e assegura a vitória final sobre o pecado e a morte para os que aceitam a expiação. Ela proclama a soberania de Jesus Cristo, diante do qual se dobrará todo joelho, no Céu e na Terra. Razões Bíblicas: Jo, 3:16; Is, 53; 2Co, 5:14, 15, 19, 21; Rm, 1:4; 3:25; 4:25; 8:3 e 4; Fp, 2:6-11; I Jo, 2:2; 4:10; Co, 2:15

A EXPERIÊNCIA DA SALVAÇÃO

Em infinito amor e misericórdia, Deus fez com que Cristo, que não conheceu pecado, Se tornasse pecado por nós, para que n’Ele fôssemos feitos justiça de Deus. Guiados pelo Espírito Santo, sentimos nossa necessidade, reconheçamos nossa pecaminosidade, arrependemo-nos de nossas transgressões e temos fé em Jesus como Senhor e Cristo, como substituto e exemplo. Esta fé que aceita a salvação advém do divino poder da palavra e é o dom da graça de Deus. Por meio de Cristo somos justificados, adotados como filhos e filhas de Deus e libertados do domínio do pecado. Por meio do Espírito, nascemos de novo e somos santificados; o Espírito renova nossa mente, escreve a lei de Deus, a lei de amor, em nosso coração, e recebemos o poder para levar uma vida

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santa. Permanecendo n’Ele, tornamo-nos participantes da natureza divina e temos a certeza de salvação agora e no Juízo Final. Razões Bíblicas: Sl, 27:1; Is, 12:2; Jr, 2:9; Jo, 3:16; 2Co, 5:17-21: Gl, 1:4; 2:19, 20; 3:13; 4:4-7; Rm, 3:24-26; 4:25; 5:6-10; 8:1-4, 14, 15, 26 e 27; 10:7; 1Co, 2:5; 15:3-4; 1Jo, 1:9; 2:1-2; Ef, 2:5-10; 3:16-19; Gl, 3:26; Jo, 3:3-8; Mt, 18:3; 1Pe, 1:23, 2:21; Hb, 8:7-12 A IGREJA

A Igreja é a comunidade de crentes que confessam a Jesus Cristo com Senhor e Salvador. Em continuidade do povo de Deus nos tempos do Velho Testamento, somos chamados para fora deste mundo; e nos unimos para prestar culto para comunhão, para instrução na palavra, para a celebração da Ceia do Senhor, para serviço a toda humanidade e para a proclamação mundial do evangelho. A igreja recebe sua autoridade de Cristo, o qual é a palavra encarnada, e das Escrituras, que são as palavras escritas. A Igreja é a família de Deus; adotados por Ele como filhos, seus membros vivem com base no novo concerto. A Igreja é o corpo de Cristo, uma comunidade de fé, da qual o próprio Cristo é a cabeça. A Igreja é a noiva pela qual Cristo morreu para que pudesse santificá-la e purificá-la. Em Sua volta triunfal, Ele a apresentará a Si mesmo como Igreja gloriosa, e os fiéis de todos os séculos, a aquisição de Seu sangue, sem mácula, nem ruga, porém santa, sem defeito. Razões Bíblicas:

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Gn, 12:3; At, 7:38; Mt, 21:43; 16:13-20; Jo, 20:21 e 22; At, 1:8; Rm, 8:15-17; 1Co, 12:13-27; Ef,. 1:15 e 23; 2:12; 3:8-11 e 15; 4:11-15

O REMANESCENTE E SUA MISSÃO

A Igreja universal se compõe de todos os que verdadeiramente crêem em Cristo; mas, nos últimos dias, um tempo de ampla apostasia, um remanescente tem sido chamado para fora a fim de guardar os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Este remanescente anuncia a chegada da hora do Juízo Final, proclama a salvação por meio de Cristo e prediz a aproximação de Seu segundo advento. Esta proclamação é simbolizada pelos três anjos do Apocalipse, que coincide com a obra do julgamento no Céu e resulta numa obra de arrependimento e reforma na Terra. Todo crente é convidado a ter uma parte pessoal neste testemunho mundial. Razões Bíblicas: Mc, 16:15; Mt, 28:18-20; 24:14; 2Co, 5:10; Ap, 12:17; 14:6-12; 18:1-4; Ef, 5:22-27; Ap, 21:1-14)

UNIDADE NO CORPO DE CRISTO

A Igreja é um corpo com muitos membros, chamados de nação, tribo, língua e povo. Em Cristo somos uma nova criação; distinções de raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, não deve ser motivo de dissenções entre nós. Todos nós somos iguais em Cristo, o qual por um só Espírito nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos

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sem parcialidade ou restrição. Mediante a revelação de Jesus Cristo nas Escrituras partilhamos a mesma fé e esperança e estendemos um só testemunho para todos. Esta unidade encontra sua fonte na unidade do Deus tri-uno, que nos adotou como Seus filhos. Razões Bíblicas: Sl, 133:1; 1Co, 12:12-14; At, 17:26 e 27; 2Co, 5:16 e 17; Gl, 3:27-29; Co, 3:10-15; Ef, 4:1-6; Jo, 17:20-23; Tg, 2:2-9; 1Jo, 5:1

O BATISMO

Pelo batismo confessamos nossa fé na morte e ressurreição de Jesus Cristo, e atestamos nossa morte para o pecado e nosso propósito de andar em novidade de vida. Assim reconhecemos a Cristo como Senhor e Salvador, tornamo-nos Seu povo e somos aceitos como membros por Sua Igreja. O batismo é um símbolo de nossa união com Cristo, do perdão de nossos pecados e de nosso recebimento do Espírito Santo. É por imersão na água e depende de uma afirmação da fé em Jesus e da evidência de arrependimento do pecado. Segue-se à instrução nas Escrituras Sagradas e à aceitação de seus ensinos. Razões Bíblicas: Mt, 3:13-16; 28:19 e 20; At, 2:38; 16:30-33; 22:16; Rm, 6:1-6: Gl, 3:27; 1Co, 12:13; Co, 2:21 e 13; 1Pe, 3:21

A CEIA DO SENHOR

A Ceia do Senhor é uma participação nos emblemas do corpo e do sangue de Jesus, como expressão de fé

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n’Ele, nosso Salvador e Senhor. Nessa experiência de comunhão, Cristo está presente para encontrar-Se com Seu povo e fortalecê-lo. Participando da Ceia, proclamamos alegremente a morte do nosso Senhor até que Ele volte. A preparação envolve o exame de consciência, o arrependimento e a confissão. O Mestre instituiu a cerimônia do lava-pés para representar renovada purificação, para expressar a disposição de servir um ao outro em humildade semelhante à de Cristo e para unir nossos corações em amor. O serviço da comunhão é franqueado a todos os crentes cristãos. Razões Bíblicas: Mt, 26:17-30; 1Co, 11:23-30; 10:16 e 17; Jo, 6:48-63; Ap, 3:20; Jo, 13:1-17

DONS E MINISTÉRIOS ESPIRITUAIS

Deus concede a todos os membros de Sua Igreja, em todas as épocas, dons espirituais que cada membro deve empregar em amoroso ministério para o bem comum da Igreja e da humanidade. Sendo outorgados pela atuação do Espírito Santo, o qual distribui a cada membro como lhe apraz, os dons provêem todas as aptidões e ministérios de que a Igreja necessita para cumprir suas funções divinamente ordenadas. De acordo com as Escrituras, esses dons abrangem tais ministérios como a fé, a cura, profecia, proclamação, ensino, administração, reconciliação, compaixão, e serviço abnegado e caridade para ajuda e animação das pessoas. Alguns membros são chamados por Deus e dotados pelo Espírito para funções reconhecidas pela Igreja em

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ministérios pastorais, evangelísticos, apostólicos e de ensino especialmente necessários para habilitar os membros para o serviço, edificar a Igreja com vistas à maturidade espiritual e promover a unidade da fé e do conhecimento de Deus. Quando os membros utilizam esses dons espirituais como fiéis despenseiros da multiforme graça de Deus, a Igreja é protegida contra a influência demolidora de falsas doutrinas, tem um crescimento que provém de Deus e é edificada na fé e no amor. Razões Bíblicas: Rm, 12:4-8; 1Co, 12:9-11, 27 e 28; Ef, 4:8 e 11-16; 2Co, 5:14-21; At, 6:1-7; 1Tm, 2:1-3; 1Pe, 4:10 e 11; Co, 2:19; Mt, 25:31-36

O DOM DE PROFECIA

Um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Este dom é uma característica da Igreja remanescente e foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Como a mensageira do Senhor, seus escritos são uma contínua e autorizada fonte de verdade e proporcionam conforto, orientação, instrução e correção à Igreja. Eles também tornam claro que a Bíblia é a norma pela qual deve ser provado todo o ensino e experiência. Razões Bíblicas: Jl, 2:28 e 29; At, 2:14-21; Hb, 1:1-3; Ap, 12-17; 19:10

A LEI DE DEUS

Os grandes princípios da lei de Deus são incorporados nos Dez Mandamentos e exemplificados na

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vida de Cristo. Expressam o amor, a vontade e os propósitos de Deus acerca da conduta e das relações humanas, e são obrigatórias a todas as pessoas, em todas as épocas. Estes preceitos constituem a base do concerto de Deus com Seu povo e a norma no julgamento de Deus. Por meio da atuação do Espírito Santo, eles apontam para o pecado e despertam o senso da necessidade de um Salvador. A Salvação é inteiramente pela graça, e não pelas obras, mas seu fruto é a obediência aos mandamentos. Essa obediência desenvolve o caráter cristão e resulta numa sensação de bem-estar. É uma evidência de nosso amor ao Senhor e de nossa solicitude por nossos semelhantes. A obediência da fé demonstra o poder de Cristo para transformar vidas, e fortalece, portanto, o testemunho cristão. Razões Bíblicas: Êx, 20:1-17; Mt, 5:17; Dt, 28:1-14; Sl, 19:7-13; Jo, 14:15; Rm, 8:1-4; 1Jo, 5:3; Mt, 22:36-40; Ef, 2:8 O SÁBADO

O bondoso Criador, após os seis dias da Criação, descansou no sétimo dia e instituiu o sábado para todas as pessoas, como memorial da Criação. O quarto mandamento da lei de Deus requer a observância deste sábado do sétimo dia como dia de descanso, adoração e ministério, em harmonia com o ensino e a prática de Jesus, o Senhor do sábado. O sábado é um dia de deleitosa comunhão com Deus e uns com os outros. É um símbolo de nossa redenção em Cristo, um sinal de nossa santificação, uma prova de nossa lealdade e um antegozo

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de nosso futuro eterno no reino de Deus. O sábado é um sinal perpétuo do eterno concerto de Deus com Seu povo. A prazerosa observância deste tempo sagrado duma tarde a outra tarde, do pôr-do-sol ao pôr-do-sol, é uma celebração dos atos criadores e redentores de Deus. Razões Bíblicas: Gn, 2:1-3; Êx, 20:8-11; 31:12-17; Lc, 4:16; Hb, 4:1- 11; Dt, 5:12-15; Is, 56: 5 e 6; 58:13 e 14; Lv, 23:32; Mc, 2:27 e 28

MORDOMIA

Somos despenseiros de Deus, responsáveis a Ele pelo uso apropriado do tempo e das oportunidades, posses, e das bênçãos da Terra e seus recursos, que Ele colocou sob o nosso cuidado. Reconhecemos o direito de propriedade da parte de Deus por meio do fiel serviço a Ele e a nossos semelhantes, e devolvendo os dízimos e dando ofertas para a proclamação de Seu evangelho e para a manutenção e o crescimento de Sua Igreja. A mordomia é um privilégio que Deus nos concede para o desenvolvimento no amor e para a vitória sobre o egoísmo e a cobiça. O mordomo se regozija nas bênçãos que advêm aos outros como resultado de sua fidelidade. Razões Bíblicas: Gn, 1:26-28; 2:15; Ag, 1:3-11; Ml, 3:8-12; Mt, 23:23; 1Co, 9:9-14

CONDUTA CRISTÃ

Somos chamados para ser um povo piedoso que pensa, sente e age de acordo com os princípios do Céu.

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Para que o Espírito recrie em nós o caráter de nosso Senhor, nós só nos envolvemos naquelas coisas que produziram em nossa vida pureza, saúde, e alegria semelhantes às de Cristo. Isto significa que nossas diversões e entretenimentos devem corresponder aos mais altos padrões de gosto e beleza cristãos. Embora reconheçamos diferenças culturais, nosso vestuário deve ser simples, modesto e de bom gosto, apropriado àqueles cuja verdadeira beleza não consiste no adorno exterior, mas no ornamento imperecível de um espírito manso e tranquilo. Significa também que, sendo o nosso corpo o templo do Espírito Santo, devemos cuidar dele inteligentemente. Junto com adequado exercício e repouso, devemos adotar alimentação mais saudável possível e abster-nos dos alimentos imundos identificados nas Escrituras. Visto que as bebidas alcóolicas, o fumo e o uso irresponsável de medicamentos e narcóticos são prejudiciais a nosso corpo, também devemos abster-nos dessas coisas. Em vez disso, devemos empenhar-nos em tudo que submeta nossos pensamentos e nosso corpo à disciplina de Cristo, o qual deseja nossa integridade, alegria e bem-estar. Razões Bíblicas: 1Jo, 2:6; Ef, 5:1-13; Rm, 12:1 e 2; 1Co, 6:19 e 20; 10:31; 1Tm, 2:9 e 10; Lv, 11:1-47; 2Co, 7:1; 1Pe, 3:1-4; 2Co, 10:5; Fp, 4:8)

MATRIMÔNIO E FAMÍLIA

O casamento foi divinamente estabelecido no Éden e confirmado por Jesus como união vitalícia entre um

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homem e uma mulher, em amoroso companheirismo. Para o cristão, o compromisso matrimonial é com Deus bem como com o cônjuge, e só deve ser assumido entre parceiros que partilham da mesma fé. Mútuo amor, honra, respeito e responsabilidade constituem a estrutura dessa relação, a qual deve refletir o amor, a santidade, a intimidade e a constância da relação entre Cristo e Sua Igreja. No tocante ao divórcio, Jesus ensinou que a pessoa que se divorcia do cônjuge, a não ser por causa de fornicação, e casar-se com outro, comete adultério. Conquanto algumas relações de família fiquem aquém do ideal, os consortes que se dedicam inteiramente um ao outro, em Cristo, podem alcançar amorosa unidade por meio da orientação do Espírito e a instrução da Igreja. Deus abençoa a família e tenciona que seus membros ajudem um ao outro a alcança completa maturidade. Os pais devem educar os seus filhos a amar o Senhor e a obedecer-Lhe. Por seu exemplo e suas palavras, que Cristo é um disciplinador amoroso, sempre terno e solícito, desejando que eles se tornem membros de Seu corpo, a família de Deus. Crescente intimidade familiar é um dos característicos da mensagem final do evangelho. Razões Bíblicas: Gn, 2:18-25; Dt, 6:5-9; Jo, 2:1-11; Ef, 5:21-33; Mt, 5:31 e 32; 19:3-9; Pv, 22:6; Ef, 6:1-4; Ml, 4:5 e 6; Mc, 10:11 e 12; Lc, 16:18; 1Co, 7:10 e 11

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O MINISTÉRIO DE CRISTO NO SANTUÁRIO CELESTIAL

Há um santuário no Céu, o verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu; não o homem. Nele Cristo ministra em nosso favor, tornando acessíveis aos crentes os benefícios de Seu sacrifício expiatório, oferecido uma vez por todas, na cruz. Ele foi empossado como nosso grande Sumo-sacerdote e começou Seu ministério intercessório por ocasião de Sua ascensão. Em 1844, no fim do período profético dos 2300 dias, Ele iniciou a segunda e última etapa de Seu ministério expiatório. É uma obra de juízo investigativo, a qual faz parte da eliminação final de todo o pecado, prefigurada pela purificação do antigo santuário hebraico no Dia da Expiação. Nesse serviço típico, o santuário era purificado com o sangue do sacrifício de animais vivos, mas as coisas celestiais são purificadas com o perfeito sacrifício do sangue de Jesus. O juízo investigativo revela aos seres celestiais quem dentre os mortos dorme em Cristo, sendo, portanto, n’Ele, considerado digno de ter parte na primeira ressurreição. Também torna manifesta quem, dentro vivos permanece em Cristo, guardando os mandamentos e a fé de Jesus, estando, portanto, n’Ele, preparado para a transladação ao Seu reino eterno. Esse julgamento vindica a justiça de Deus em salvar os que crêem em Jesus. Declara que os que permanecem leais a Deus, receberão o reino. A terminação do ministério de Cristo assinalará o fim do tempo da graça para os seres humanos, antes do Segundo Advento. Razões Bíblicas:

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Hb, 1:3; 8:1-5; 9:11-28; Dn, 7:9-27; 8:13 e 14; 9:24- 27; Nm, 14:34; Ez, 4:6; Ml, 3:1; Lv, 16; Ap, 14:12; 20:12; 22:12

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

A segunda vinda de Cristo é a bendita esperança da Igreja, o grande ponto culminante do evangelho. A vinda do Salvador será literal, pessoal, visível e universal. Quando Ele voltar, os justos falecidos serão ressuscitados e, juntamente com os justos que estiverem vivos, serão glorificados e levados para o Céu, mas os ímpios irão morrer. O cumprimento quase completo da maioria dos aspectos da profecia, bem como a condição atual do mundo, indica que a vinda de Cristo é iminente. O tempo exato desse acontecimento não foi revelado, e somos, portanto, exortados a estar preparados em todo o tempo. Razões Bíblicas: Tt, 2:13; Jo, 14:1-3; At, 1:9- 11; 1Ts, 4:16 e 17; 1Co, 15:51-54; 2 Ts, 2:8; Mt, 24; Mc, 13; Lc, 21; 2Tm, 3:1- 5; Jl, 3:9-16; Hb, 9:28

MORTE E RESSURREIÇÃO

O salário do pecado é a morte. Mas Deus, o único que é imortal, concederá vida eterna a Seus remidos. Até aquele dia, a morte é um estado inconsciente para todas as pessoas. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, os justos ressuscitados e os justos vivos serão glorificados e arrebatados para o encontro de seu Senhor. A segunda ressurreição, a ressurreição dos ímpios ocorrerá 1000 anos mais tarde.

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Razões Bíblicas: 1Tm, 6:15 e 16; Rm, 6;23; 1Co, 15:51-54; Ec, 9:5 e 6; Sl, 146:4; I Ts, 4:13-17; Rm, 8:35-39; Jo, 5:28 e 29; Ap, 20:1-10; Jo, 5:24

O MILÊNIO E O FIM DO PECADO O milênio é o reinado de mil anos de Cristo de Seus

santos, no Céu, entre a primeira e a segunda ressurreições. Durante esse tempo serão julgados os ímpios mortos; a Terra estará completamente desolada, sem habitantes humanos com vida, mas ocupada por Satanás e seus anjos. No fim desse período, Cristo com Seus santos e a Cidade Santa descerão do Céu à Terra. Os ímpios mortos serão então ressuscitados e, com Satanás e seus anjos, cercarão a cidade; mas o fogo de Deus os consumirá e purificará a Terra. O universo ficará assim eternamente livre do pecado e dos pecadores. Razões Bíblicas: Ap, 20; Zc, 14:1-4; Jr, 4:23-26; 1Co, 6; 2Pe, 2:4; Ez, 28:18; 2Ts, 1:7-9; Ap, 19:17, 18 e 21

A NOVA TERRA

Na Nova Terra, em que habita justiça, Deus proverá um lar eterno para os remidos e um ambiente perfeito para vida, amor, alegria, e aprendizado eternos, em Sua presença. Pois aqui o próprio Deus habitará com o Seu povo, e o sofrimento e a morte terão passado. O grande conflito estará terminado e não mais existirá pecado. Todas as coisas, animadas e inanimadas,

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declaram que Deus é amor; e Ele reinará para todo o sempre. Amém. Razões Bíblicas: 2Pe, 3:13; Gn., 17:1-8; Is, 35; 65:17-25; Mt, 5:5; Ap, 21:1-7; 22:1-5; 11:15

CRESCIMENTO EM CRISTO Pela sua morte na cruz Jesus triunfou sobre as

forças do mal. Ele subjugou os espíritos de demônios durante o Seu ministério terrestre e quebrou o seu poder e tornou certo o seu destino final. A vitória de Jesus dá-nos vitória sobre as forças do mal que continuam procurando controlar-nos, enquanto nós caminhamos com Ele em paz, alegria, e a garantia do Seu amor.

Agora o Espírito Santo mora conosco e nos dá poder. Continuamente comprometidos com Jesus como nosso Salvador e Senhor, somos livres do fardo dos nossos feitos passados. Não mais vivemos na escuridão, com medo dos poderes do mal, ignorância, e a falta de sentido de nosso antigo estilo de vida. Nessa nova liberdade em Jesus, somos chamados a crescer na semelhança de Seu caráter, comungando com Ele diariamente em oração, alimentando-nos de Sua Palavra, meditando nisso e em Sua providência, cantando Seus louvores, reunindo-nos juntos em adoração, e participando na missão da Igreja. Na medida em que nos entregamos ao serviço de amor àqueles ao nosso redor e ao testemunho da Sua salvação, Sua constante presença conosco através do Espírito transforma cada momento e toda tarefa numa experiência espiritual.

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Razões Bíblicas: Sa, 1:1, 2; 23:4; 77:11, 12; Cl, 1:13, 14; 2:6, 14, 15; Lc, 10:17-20; Ef, 5:19, 20; 6:12-18; 1Ts, 5:23; 2Pe, 2:9; 3:18; 2Co, 3:17, 18; Fp, 3:7-14; 1Ts, 5:16-18; Mt, 20:25-28; João 20:21; Gl, 5:22-25; Rm, 8:38, 39; 1Jo, 4:4; Hb, 10:25.

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CAPÍTULO XI

ZOROASTRISMO

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Os antigos persas tiveram em Zaratustra (ou Zoroastro), o iniciador desta religião, que é conhecida como Zoroastrismo, ou ainda, como Mazdeísmo, Magismo, ou Parsiísmo.

O nome Zaratustra significa estrela dourada, ou esplendor do sol. É importante salientar que os parsis (ou zoroastrianos) não eram “adoradores do fogo”, como foi divulgado pelos seus adversários; mas faziam do fogo o símbolo do Espírito Imortal e Puro. Seus templos não têm imagens, exceto o fogo para o culto simbólico. Possuem um “deus menor” chamado Mitra, que protege os homens, o qual, em torno de 226 a.C., chegou a ser o “deus principal”, gerando o Mitraísmo.

A mais antiga coleção de livros sagrados da Pérsia se chama Zend-Avesta, cujo termo significa “comentário da revelação.” Segundo uma lenda sagrada, os anjos levaram Zoroastro a Ahura-Mazda, que quer dizer, “Senhor, grande sábio;” e este revelou-lhe as leis. Os chamados “sacerdotes do Avesta” constituíam uma casta hereditária. A função sacerdotal já era determinada desde o nascimento.

A lei religiosa controlava rigidamente os lucros advindos do culto. A luta da força do bem contra a força do mal sempre foi um conceito fundamental para os adeptos do Zoroastrismo. O bem era representado por Ahura-Mazda, como Ormuz, uma entidade de aspecto luminoso, distribuidor da “luz que ilumina”, do “fogo que aquece” e da “água que alivia a sede e fecunda os campos”, gerando alimento para os seres humanos. Ormuz é servido pelos gênios do ar, do fogo, da água, do sol da lua e das estrelas. O oponente de Ormuz é

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simbolizado por Ahrimán, o senhor dos gênios malignos, ou espíritos que destoem.

Há, na concepção do Mazdeísmo, uma constante e perpétua batalha entre Ahrimán e Ormuz, juntamente com seus auxiliares.

No que se refere ao estudo comparativo acerca da idéia das vidas sucessivas, considera-se que a reencarnação não é parte integrante do credo Zoroastriano, ou do Mitraísmo. No entanto, os modernos parsis, de uma forma pessoal, costumam fazer referências às vidas anteriores.

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CAPÍTULO XII

ESOTERISMO

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Esoterismo vem da palavra grega esotero (“o que está dentro”, “interior”), em contraponto à palavra exotero (“o que está fora”, “exterior”).

Muito diferente do que se pensa e do que o sensacionalismo da mídia difunde, Esoterismo não é o que é “estranho”, “exótico” ou simplesmente jogar tarô, búzios, adivinhação, etc. Na realidade, Esoterismo refere-se ao que está mais oculto no ser; por isso também há grande relação com o termo “Ciências Ocultas”.

Todas as grandes religiões tiveram sua parte pública e exotérica (ensinado ao povo), e sua parte interna ou esotérica (ensinado aos Iniciados). Os Iniciados não eram a elite social ou intelectual da sociedade; mas uma elite espiritual (não importando se eram de famílias pobres ou ricas) que decidiu dedicar sua vida ao caminho espiritual e a passar por delicadas e duras provas para alcançar o despertar da consciência.

A parte esotérica das ordens religiosas era conhecida como mistérios. “Mistério” vem da palavra latina misterium, do grego mysterion, que significa “Doutrina ou Rito Secreto”. Por sua vez, mysterion vem de Myste, que significa “pessoa iniciada nos segredos”. A raíz de todas essas palavras é Myein (“fechar” ou “fechado”). No latim eclesiástico, misterium se tornou sacramentum.

O Exoterismo era ensinado através de contos, lendas, mitos, parábolas, etc., para ensinar ao povo a voltar-se para uma vida espiritual. Também havia alguns ritos públicos que ensinavam através símbolos e ditos que se direcionavam diretamente à consciência do indivíduo.

Já o Esoterismo, ensinava o que estava por trás dos mesmos contos, lendas, mitos, parábolas, rituais, etc.,

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e sempre se referia ao que está mais oculto no homem: o próprio homem (seu mundo interior, sua psicologia), que é o mesmo objeto de estudo das chamadas “Ciências Ocultas” ou “Ocultismo”. Também conhecido com o exato termo Gnosis (do grego “Conhecimento”). Também havia rituais mais sagrados, mais fechados, restrito aos Iniciados. Devido à sacralidade do ensinamento oculto, surgiu a necessidade de criar os ensinamentos exotéricos e esotéricos. Assim, a Gnosis não se perderia na boca do povo, degenerando o conhecimento com o passar do tempo, pois, como diz o ditado: “quem conta um conto, aumenta um ponto”. Os Iniciados, que passavam por diversas provas para adentrar aos mistérios, davam grande valor e respeito aos ensinamentos e tinham mais consciência da realidade; nunca profanando a Gnosis.

O objetivo dos mistérios de todas as religiões, de todos os povos e tempos, era levar o homem, o ser humano, a conhecer diretamente e na prática ao seu próprio Ser Divinal Interior; levá-lo à Autognosis (Autoconhecimento), através de uma orientação regenerativa em todos os níveis do homem; pois assim, eram as Escolas de Regeneração. Isto é o que chamamos de Autorrealização Íntima do Ser.

Portanto, o Conhecimento Secreto esteve no Egito, na Grécia, em Roma, entre os Judeus, Nórdicos, entre os Astecas, Indianos, Tibetanos, Caldeus, Persas, etc. através das formas religiosas. Porém, é bom deixar claro que a Gnosis, por estar em todas as religiões, não pode ser confundida com um tipo de sincretismo religioso. Ela é, melhor dizendo, um Conhecimento Síntese.

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Atualmente, devido à degradação dos valores morais e espirituais, à falta de corretas orientações educacionais e espirituais à humanidade, ao ateísmo e materialismo extremos, a Gnosis deixou de ser um conhecimento velado. O véu da sabedoria foi descerrado nos tempos atuais para que todos aqueles que possuem inquietudes, pessoas rebeldes contra os valores atuais (ou contra a falta deles), pessoas que buscam uma saída, que questionam “para que serve a vida”, possam encontrar as respostas que buscam, e ir além, a mais ocultos lugares, dentro de si mesmos.

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CAPÍTULO XIII

MAÇONARIA

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Maçonaria é uma sociedade discreta, onde suas ações são reservadas e interessa apenas àqueles que dela participam. A maçonaria é uma sociedade universal, cujos membros cultivam o aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia, igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento intelectual.

A Maçonaria admite que todo homem é livre e possui bons costumes, não fazendo distinção de raça, religião, ideário político ou posição social. Suas únicas exigências são que o candidato possua um espírito filantrópico e de buscar sempre a perfeição.

Os maçons estruturam-se e reúnem-se em células autônomas, designadas por oficinas, ateliers ou lojas, todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si. Existem, no mundo, aproximadamente 6 milhões de integrantes espalhados pelos 5 continentes. Destes 3,2 milhões nos Estados Unidos, 1,2 milhões no Reino Unido e 1,0 no resto do mundo. No Brasil existem aproximadamente 150 mil maçons e 4.700 lojas.

O termo Maçonaria é de origem francesa, e significa construção. O termo maçom, portanto, é a versão em português do francês. Maçonaria por extensão significa "associação de pedreiros".

Para ser membro da Maçonaria não basta a autoproclamação, é preciso um convite formal e é obrigatório que o indivíduo seja iniciado por outros maçons. Além disso, para se manter na ordem dos maçons, é necessário cumprir uma série de juramentos e obrigações, sejam elas esotéricas ou simbólicas; o maçom também deve estar integrado em uma loja.

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Para algumas pessoas, a Maçonaria está relacionada com o satanismo ou outros grupos misteriosos como os Illuminati. Apesar disso, essa relação não é clara, não havendo provas concretas que comprovem essa associação.

Descubra também quais as cinco supostas práticas da Maçonaria que você ainda não conhece.

ORIGEM DA MAÇONARIA

A Maçonaria começou como uma sociedade secreta que surgiu vinculada às ideias do laicismo humanitário e liberal do Iluminismo. Originalmente era uma das sociedades secretas que chegara ao século XVII se apoiando em fundamentos de filosofia natural e até mítico-alquímicos, tal como se depreende do simbolismo dos signos e dos números (a tríade, o triângulo, o círculo).

Formavam corporações privilegiadas, que se furtavam de toda a regulamentação municipal e guardavam os segredos da profissão. É especificamente maçônico o vínculo com a tradição da construção: daí procede a sua terminologia, os seus objetos de culto, emblemas e o ritual (martelo, paleta, esquadro, mandil), bem como os graus de mestre, companheiro e aprendiz.

A Grande Loja de Maçonaria foi criada na Inglaterra em 1717, e unia as quatro lojas londrinas. O líder eleito era conhecido como Grão-Mestre. Aberta a todos as crenças religiosas, a Maçonaria se transformou em um receptáculo da filosofia das Luzes e depressa se estendeu a todo o Continente europeu.

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No final do século XVIII já existiam 700 lojas em França, compostas por grande quantidade de nobres e membros da classe média e do clero, apesar dos Papas Clemente XIII e Bento XIV terem proibido a maçonaria em 1738 e 1751.

MAÇONARIA E POLÍTICA Embora não seja clara a influência política exercida

pela maçonaria, é sabido que a ela pertenceram personagens como George Washington e Benjamin Franklin, sendo que os princípios maçônicos se refletem na declaração de independência dos Estados Unidos. A Revolução Francesa também usou a maçonaria para obter o lema "Liberdade, igualdade, fraternidade".

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CAPÍTULO XIV

MANIQUEÍSMO

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Acredita-se que o Maniqueísmo tenha sido originado na Babilônia através do seu fundador Mani (ou Maniqueu). Para os maniqueístas, tal qual aos cristãos, era ensinado que todos os homens, seja qual fosse a raça ou condição, seria dada a “salvação”. Religião de caráter universalista, portanto.

Maniqueu desejou rever alguns conceitos ou leis do Zoroastrismo. Sua atitude levou ao rei da Pérsia, Sapor I, no ano 242 d.C., a repeli-lo. Em função desta dificuldade, Maniqueu passou a fazer viagens de pregação. Ao retornar à Pérsia, tendo insistido em suas idéias, foi perseguido e crucificado pelo clero aos 60 anos de idade.

A concepção de bipolarização, o “o bem” e o “o mal”, constitui a tônica do Maniqueísmo. O homem tem uma alma luminosa e um corpo escuro e, no fogo, a chama e a fumaça simbolizam o dualismo eterno.

Não há imagens nem sacrifícios. As preces podem ser dirigidas ao sol à lua como manifestações da Luz Universal.

Os maniqueus admiravam as parábolas de Jesus e eram pessoas pacíficas e tolerantes; o que não impediu que fossem muito perseguidos pelas outras religiões. Santo Agostinho manifestou interesse no estudo do Maniqueísmo.

No que se refere à expansão dessa religião, houve uma expressiva disseminação pelo Turquestão, Índia e China. No ocidente, em 290 d.C. o imperador Deocleciano proibiu suas manifestações.

Na região sul da França originou-se do Maniqueísmo uma poderosa seita, a dos cátaros (ou albingenses), palavra que significa “puros”. A partir dessa

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região, disseminaram-se por diversos países europeus. Os albingenses existiram do século X até o século XIV, quando foram barbaramente destruídos pela Inquisição Cristã.

Para os albingenses, o mundo era uma espécie de local de purificação, ou pena, onde os seres humanos deveriam retornar várias vezes, renascendo a fim de obter a completa reconciliação com o Senhor dos mundos; haja visto que, acreditavam na “salvação final” de toda a humanidade, através da múltiplas oportunidade concedidas pela reencarnação.

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CAPÍTULO XV

JUDAÍSMO

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Sabemos que o Velho Testamento é de grande importância para os judeus. Em que pese esta importância, este livro poderia ser também considerado uma crônica da existência história do povo hebreu.

Como todas as escrituras ditas sagradas, o Velho Testamento tem um sentido esotérico, que está na Cabala, palavra que significa “receber.”

A origem da Cabala não está muito bem esclarecida. Certos europeus argumentam que as verdades cabalísticas foram ditadas diretamente por Deus aos Mestres da Grande Loja Branca. Essa Grande loja Branca seria uma fraternidade de homens que estaria espiritualmente muito mais elevada que o homem comum. Os membros desta fraternidade residem em vários planos, inclusive na Terra. Os Mestres da Grande Loja Branca teriam a tarefa de difundir, tanto quanto possível, os sentimentos de compaixão e a sabedoria a toda a humanidade.

Alguns autores consideram que a Cabala está recompilada e publicada pelo rabino Moisés de Leon, em 1280, no Zohar, cujo texto original é atribuído a Simeão Bem Jochai. Do Zohar, podemos citar o seguinte trecho:

“As almas devem reentrar na substância absoluta da qual emergiram. Para chegar a essa finalidade, entretanto, devem desenvolver todas as perfeições, cujo germe foi plantado nelas. Se não cumpriram essa condição durante uma vida, devem começar outra, e uma terceira, e assim por diante, até que

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adquiram a condição que as torne preparadas para sua reunião com Deus.”

O Talmud é outro livro, código civil e religioso dos

judeus, que serve de texto nas sinagogas para ensinar a lei de Moisés, segundo a tradição oral.

Do livro “Miscelânea Talmúdica,” do autor Hershon, são as citações seguintes:

“A maioria das almas estando, presentemente, em estado de transmigração, Deus dá a um homem aquilo que ele mereceu numa vida passada em outro corpo... Aquele que deixa de observar qualquer dos 613 preceitos que lhe são possíveis observar, está fadado a sofrer transmigração (uma vez ou mais de uma vez), até que realmente tenha observado tudo quanto deixou de observar num estágio anterior de ser.” (Kitzur Sh’lu)

Segue o texto do filósofo grego Philo, cognominado

“primeiro teólogo”, e estimado o maior da Escola de Alexandria de filósofos:

“O espaço está repleto de almas. As que mais próximo se encontram da Terra descem para se ligar a corpos mortais e retornam em outros corpos, desejando viver mais.”

O rabino Manasses Bem Israel, nascido em Portugal

e fundador da moderna comunidade judaica da Inglaterra, foi quem conseguiu em 1650 a revogação do edito de

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Eduardo I, o qual proibia a permanência dos judeus na Inglaterra. Diz Manasses Bem Israel em um de seus livros:

“A crença ou doutrina da reencarnação, da transmigração das almas, é firme e infalível dogma aceito por toda a assembleia da nossa igreja, unanimemente, de forma que nada exista que ouse negar isso. Na verdade, há um grande número de sábios, em Israel, que adere a essa doutrina, fazendo dela um dogma, um ponto fundamental de nossa religião. Estamos, portanto, no dever estrito de obedecer e aceitar esse dogma com aclamação, pois a verdade dele foi demonstrada, incontestavelmente, pelo Zohar e por todos os cabalistas.”

Se fôssemos fazer uma pesquisa mais aprofundada,

poderíamos obter maior número de referências alusivas à pluralidade das existências; ou seja, da doutrina da reencarnação, no Judaísmo. São inúmeros os historiadores e filósofos judeus que tecem considerações ou se manifestam claramente favoráveis à idéia das vidas sucessivas.

Para os estudiosos do Judaísmo, portanto, a reencarnação pode ser perfeitamente aceita com base nas mais diversas fontes da tradição judaica.

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CAPÍTULO XVI

CRISTIANISMO

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A expressão maior dos ensinamentos de Jesus Cristo parecer ter sido simbolizada pelas circunstâncias do seu nascimento, que, conforme diz a tradição, teria ocorrido em uma manjedoura.

A essência da doutrina cristã, segundo a exemplificação do seu modelo, deveria se caracterizar pela simplicidade e humildade.

A mensagem do Cristianismo, conforme a vivência de Jesus, foi um código de fraternidade e de amor a todos os corações.

Segundo diziam os profetas do Velho Testamento, Jesus revelaria à humanidade a mensagem de Deus. Assim, aos homens de boa vontade de todo o planeta, Ele trouxe a “Boa Nova”, que é o que significa: Evangelho.

A palavra do Mestre Jesus, mansa e generosa, reunia todos os sofredores e pecadores indistintamente.

Jesus sempre escolheu os ambientes mais pobres para demonstrar e viver suas lições sublimes, mostrando aos homens que a verdade dispensava o cenário suntuoso dos templos, para fazer-se ouvir em sua misteriosa beleza.

Suas pregações, nas praças públicas, visavam atingir a todos; mas, em especial, aos mais desprotegidos. Ele combateu pacificamente todas as violências oficiais do Judaísmo, renovando a lei antiga do “olho por olho, dente por dente” com a lição de “perdoar os inimigos.”

Espalhou o conceito da vida imortal, demonstrando existir algo além das pátrias, bandeiras e leis humanas.

Disse Jesus sobre a vida após a morte: “Há muitas moradas na casa de meu pai.”

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Falou de tudo, mas usava de parábolas que continham ou encobriam um sentido mais profundo nos seus ensinamentos.

Com referência à reencarnação, encontramos nos Evangelhos diversas alusões, das quais destacamos as seguintes: João, capítulo III, versículos 1 a 20; Mateus, capítulo XVI, versículos 13 a 27; Mateus, capítulo XVII, versículos 10 a 13; Marcos, capítulo VI, versículos 14 a 16; Marcos, capítulo IX, versículos7 a 9.

Comentaremos alguns destes textos. Antes, porém, observaremos uma curiosidade nos Evangelhos de Marcos, capítulo VIII, versículos 27 e 28, e Mateus, capítulo XVI, versículos 13 e 14.

“Saiu Jesus para as aldeias de Casaréia de Felipe, e no caminho interrogou os discípulos dizendo: Que dizem os homens que eu sou? E eles responderam: João Batista, outros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas.”

Torna-se muito evidente neste trecho, repetido por

dois evangelistas, como os judeus tinham clara a idéia do retorno pela reencarnação. De maneira nenhuma, eles poderiam estar confundindo a pessoa física de Jesus com Jeremias, Elias ou qualquer dos profetas que haviam vivido muitos séculos atrás.

Os judeus estavam supondo que Jesus pudesse ser a reencarnação de algum dos profetas.

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É verdade que se torna claro nos versículos seguintes que o Mestre não era, de fato, algum destes profetas renascidos. Mas também, é incontestável a idéia da reencarnação presente na resposta dos apóstolos, como um conceito bastante conhecido dos mesmos.

No entanto, onde Cristo daria o seu aval a esta crença? Teria Ele igualmente se manifestado de forma favorável à idéia do renascimento? Nas passagens acima mencionadas, apenas se pode concluir que o conceito palingenésico foi citado de forma muito natural pelos judeus; pois, inclusive, eram diversas as versões de quem Cristo era a reencarnação: Elias, Jeremias, etc.

Apesar da suavidade dos ensinamentos evangélicos do Cristianismo, o mesmo foi convertido em bandeira de separatividade e destruição.

Com exceção dos cristãos primitivos que assimilaram corretamente sob o símbolo do peixe, toda a beleza e profundidade dos ensinamentos de Jesus, o inverso sucedeu com os continuadores da doutrina cristã.

Em nome do Cristo, incendiaram e trucidaram, massacrando esperanças em muitos corações. Os conceitos de humanidade e pobreza forma dando lugar, gradativamente, a uma luxuosa hierarquia, cujo ápice era personificada pelo Papa, o chefe da Igreja.

Observemos, no Cristianismo, as alterações tanto de forma como de conteúdo na sequência cronológica abaixo:

Até o ano de 70 d.C., Jerusalém centralizava a liderança, passando posteriormente para Roma até o fim do século I;

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Do ano 270 até o ano 370 d.C. foram criados os altares nas igrejas, cada vez mais suntuosos e com recursos extraídos dos fiéis;

No ano de 400 d.C. foi instituído o sinal da cruz ao invés do peixe, alterando um símbolo por outro que expressava mais a morte física e o sofrimento material do que a essência dos seus ensinamentos; Em 500 d.C. criou-se o purgatório;

Em 553 d.C., o 2º concílio de Constantinopla condenou as opiniões de Orígenes, reencarnacionista e grande teólogo cristão, e também dos gnósticos; trazendo, esta atitude da Igreja, o descrédito ao princípio do reencarnação.

Apesar de algumas reações posteriores, como do Cardeal Nicolau de Cusa, que sustentou, em pleno Vaticano, a pluralidade das vidas e dos mundos habitados, com a concordância do Papa Eugênio IV (1431 – 1447), havia o interesse em se sepultar esse conhecimento. Então, ao invés de uma concepção simples e clara do destino, compreensível para todos, conciliando a justiça Divina com a desigualdade das condições e sofrimentos humanos, começou a se edificar todo um conjunto de dogmas que lançam a obscuridade sobre os problemas da vida, revoltam a razão e acabam afastando o homem de Deus.

Em função da necessidade do domínio e exercício da autoridade sobre os fiéis, houve uma crescente valorização do sofrimento físico do Cristo, na cruz, em detrimento do estudo da filosofia cristã.

O 2º Concílio de Constantinopla condenou a doutrina da reencarnação, considerando-a como heresia.

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Passou-se, então, a perseguir seus adeptos com uma ferocidade inigualável. Curiosamente, não havia Papa presente a este Concílio. Aliás, essa ausência papal sempre foi uma constante em determinados eventos da história da Igreja...

Em 609, foi criado o culto a Virgem Maria e a invocação dos santos.

Em 610, o papado foi oficialmente estabelecido pelo imperador Focas, que outorgou a Bonifácio o título de Bispo Universal.

Em 787, estabeleceu-se o culto ou devoção às imagens, à cruz e às relíquias.

Em 998, criou-se a festa de Todos os Santos e a comemoração de Finados.

Em 1054, os gregos, insatisfeitos com algumas posturas da Igreja, criam a Igreja Ortodoxa Grega.

Em 1074, estabelece-se o celibato clerical; um verdadeiro atentado contra a natureza humana, que geraria inúmeros sofrimentos a religiosos sinceros, e estimularia a desvios de conduta lamentáveis.

Em 1200, inventa-se o Rosário. Em 1215, cria-se a confissão auricular. Ao contrário

dos tempos apostólicos, quando a confissão dos próprios defeitos era pública, o que passava a constituir grande barreira para sua reincidência, o mesmo não ocorreria com a recém-chegada confissão auricular. E, sem dúvida, a maior vítima do confessionário seria a mulher. Esta, caracterizada por um espírito mais sensível à religiosidade, passa a ser vítima de longos e indiscretos interrogatórios. A mulher submete-se, passivamente, diante de um homem solteiro, e, muitas vezes, traumatizado por um

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celibato mal resolvido pelo seu psiquismo, a questionamentos íntimos e delicados da vida conjugal. A mulher Lança-se, de joelhos, aos pés de um homem cheio das mesmas fraquezas dos outros mortais, na enganosa suposição de que o sacerdote é a representação da divindade...

Em 1264, institui-se a festa de Sagrado Coração de Jesus e, também a do Santo Sacramento.

Em 1311, surge a oração da Ave Maria. Em 1414, inicia-se a institucionalização da chama

Hóstia (ou Eucaristia). Sob as aparências de pão e vinho, há o “milagre” destes ingredientes conterem o corpo, o sangue , a alma e a divindade de Jesus Cristo, fenômeno que se renova em todas as missas. Em 1517, Lutero reage contra uma série de desvios do Cristianismo original e cria o cisma protestante.

Em 1529, estabelece-se de forma organizada a Igreja Luterana como consequente resultado da insatisfação de importantes segmentos cristãos.

Em 1533, surge a Igreja Anglicana Episcopal. Em 1536, com Calvino, inicia-se ordenadamente, a

Igreja Presbiteriana da França. Em 1560, surge a Igreja Presbiteriana Escocesa

com as famosas pregações de John Konx. Em 1606, na Holanda, aparece a Igreja Batista com

John Smith. Em 1612, na Inglaterra, surge também, a Igreja

Batista com Thomas Helwys. Em 1739, através de John e Charles Wesley, cria-se

a Igreja Metodista na Inglaterra.

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Em 1830, instituiu-se o dogma da Imaculada Conceição.

Em 1870, já com a autoridade bastante em descrédito, e tendo sofrido inúmeros cismas, a Igreja, não mais chamada cristã, mas Católica Apostólica Romana, resolve declarar que o Papa era infalível, e, assim, num último esforço, deter o poder absoluto e inquestionável sobre as consciências de seus fiéis. Deste modo, o Papa Pio IX promulgou o decreto da infalibilidade papal. O referido decreto assinala a decadência e a ausência de autoridade do Vaticano, em face da evolução científica, filosófica e religiosa da humanidade.

Curiosamente, a Igreja Católica que nunca se lembrara de atribuir um título real à figura de Jesus Cristo, assim que teve seu território geográfico reduzido ao Vaticano, e viu desmoronar o trono do absolutismo com as vitórias da República e do Direito em todos os países, constituiu a imagem do Cristo-Rei para o ápice de seus altares.

No entanto, além das fronteiras sectárias das religiões, os conceitos eminentemente cristãos foram plantados e disseminados pelo planeta.

As fogueiras da inquisição, que imolaram inúmeros corpos, não conseguiram reduzir às cinzas as idéias.

O conceito cristão da reencarnação, respaldado por Jesus, ressurgiu depois em diversos movimentos, como por exemplo, a Doutrina Espírita.

Estudemos algumas passagens dos evangelistas, de maneira imparcial, sem uma posição preconcebida, e vejamos a extrema clareza com que a reencarnação é referida pelo Cristo.

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Lendo Mateus, capítulo XVII, versículos 10 a 14 e Marcos, capítulo IX, versículos 11 a 13, observamos o seguinte trecho: Seus discípulos o interrogam desta forma:

- “Porque dizem os escribas ser preciso que volte antes o Elias?”

Jesus respondeu: “É verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas”:

- Mas, eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve. “É assim que farão com o filho do homem.” Então entenderam os discípulos que fora de João Batista que Ele falara.

A concepção de que João Batista era o Elias

reencarnado e de que os profetas podiam renascer na Terra, encontramos em várias passagens bíblicas, além das acima referidas. Se essa concepção fosse equivocada e não concordasse com os ensinamentos cristãos, o Mestre Jesus não teria deixado de combatê-la, como procedeu em relação a inúmeros conceitos e tradições equivocadas dos judeus. Mas o que ocorreu não foi isto. Jesus se posicionou muito claramente a este respeito quando se referiu a Elias, dizendo que ele já veio e eles não o conheceram.

O versículo 13 completa: “Os discípulos entenderam de que fora de João Batista de que Ele falara,” reforçando esta afirmativa.

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Para quem é mais exigente e incrédulo, sugerimos a leitura atenta de Mateus no capítulo XI, versículos 14 e 15, que não deixa qualquer dúvida a respeito. Vejamos: “E se quereis bem compreender, ele mesmo é o Elias que havia de vir.” (Conforme a tradução, o Elias que estava por vir) “Quem tem ouvidos de ouvir, ouça.” Evidentemente, que os versículos anteriores se referem a João Batista, facilmente constatado pela leitura.

Se alguns outros textos podem ser interpretados no sentido místico, nesta passagem de Mateus não há equívoco possível: “É ele mesmo, o Elias que há de vir.” Colocação tão positiva como esta, não permite conceber alegoria ou figuração. No que se refere ao complemento: “Aquele que tem ouvidos de ouvir, ouça”, consideramos como uma alusão a que nem todos estavam em condições de ouvir e entender certas verdades. O versículo anterior (13) dizia: “Porque todos os profetas e a lei até João profetizaram.” Seguindo-se então: “E se quereis bem compreender, ele mesmo é o Elias que há de vir.” Desnecessário qualquer comentário.

Mudemos agora de trecho e de evangelista, e estudemos em João, capítulo III, versículos de 1 a 12. Eis a passagem:

“E havia um homem dentre os fariseus, por nome

Nicodemos, senhor entre os judeus.” Este, uma noite, veio buscar Jesus e disse-lhe:

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- Rabi, sabemos és mestre, vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer estes milagres que fazes se Deus não estiver com ele. Jesus respondeu:

“Na verdade, te digo que não pode ver o reino de Deus senão aquele que renascer de novo.” Nicodemos lhe disse:

- Como pode um homem nascer sendo já velho; porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer outra vez? Respondeu-lhe Jesus;

“Em verdade, em verdade, te digo que quem não renascer da água e do espírito não pode entrar no reino de Deus.

O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito é espírito.”

“Não te maravilhes de eu te dizer: importa-vos nascer outra vez. O espírito assopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes donde veio, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do espírito.” Perguntou Nicodemos:

- Como se pode fazer isso? Respondeu-lhe Jesus:

- Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, que damos testemunho do que vimos, e vós com tudo isso não recebeis o nosso testemunho. Se quando eu vos tenho falado nas coisas terrenas, ainda assim não me credes, como me crereis se eu falar nas celestiais?” Observemos a frase:

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“Ninguém pode ver o reino de Deus, sem renascer de novo,” e mais adiante, a insistência, acrescentando: “Não vos admireis de que vos diga que é preciso nascer de novo.” Nesta frase, é clara a referência à reencarnação.

As citações são tão contundentes e incômodas, aos que se recusam a admitir a hipótese da reencarnação, que geraram “enganos” em certas traduções bíblicas.

Na tradução de Osterwald está conforme o trecho primitivo. Diz ele: “Não renasce da água e do espírito.” Na tradução de Sacy (Le Maistre de Sacy), encontramos a tradução: “Não renasce da água e do Santo Espírito”. E na tradução de Lamennais, inverteram o Santo Espírito por: “Não renasce da água e do Espírito Santo.” Ao que parece, tais alteração foram impensadas...

Estas palavras: “Não renasce da água e do Espírito”, foram entendidas por alguns, no sentido da regeneração pela água do batismo, embora no texto original não houvesse a expressão Santo Espírito ou Espírito Santo.

No livro, “O Evangelho Segundo o Espiritismo,” há um minucioso comentário a respeito, e se chama a atenção para o significado do vocábulo “água”, que não era utilizado na acepção comum.

A água era o símbolo da natureza material, como o Espírito era o da natureza inteligente. As palavras: “Se o homem não renasce da água e do Espírito”, ou: “Em água e em Espírito,” significam, portanto: “Se o homem não renascer com seu corpo e sua alma.” Neste sentido é que se aceitava no princípio. Mas,

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como o passar dos séculos, houve uma mudança na interpretação. Nas frases seguintes, há uma continuidade que endossa esta afirmação: “O que é nascido da carne é carne,” exprime claramente que é só o corpo que procede do corpo, e que o Espírito não depende daquele. No momento onde Jesus coloca: “Não sabes donde ele veio nem para onde vai,” significa que não se sabe o que foi, nem o que será o Espírito. Se não houvesse a encarnação, e o espírito fosse criado ao mesmo tempo que o corpo, saber-se-ia de onde veio; já que sua origem seria conhecida, coincidindo com o nascimento. Se a alma pré-existe, há, então, vidas sucessivas.

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CAPÍTULO XVII

ISLAMISMO

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O Islamismo, também denominado Maometismo, em função do seu fundador, o profeta Maomé, é uma das religiões mais importantes do mundo, no que se refere ao número de adeptos. Maomé nasceu em Meca, na Arábia Central, que pertencia à tribo dos Caraichitas, guardadores do monolito sagrado, a Caaba. Conta-se que Maomé era acometido de transes místicos frequentes, convencendo-se que falava com o anjo Gabriel, o qual tê-lo-ia indicado como apóstolo do Senhor.

“Alá é o único Deus, e Maomé é o seu Profeta,” repetem os maometanos. Os ensinos de Maomé estão no livro sagrado, chamado Corão (ou Alcorão). O Corão contém 114 Suras (ou capítulos), subdivididos em versículos. Apesar das guerras entre cristãos e maometanos, existe no Corão a Sura número 5, a qual fala sobre Jesus como um dos profetas de Alá. Um famoso escritor, W. Y. Evans-Wentz, disse:

“Durante as idades negras da Europa, quando os mouros da Espanha, quase que sozinhos no mundo continental, mantiveram acesa a tocha do saber, a doutrina do renascimento estava sendo ensinada pelos grandes filósofos sarracenos Al Ghazali e Al Batagni, nas escolas de Bagdá, no oriente e em Córdoba, na Espanha, no ocidente.” Acrescenta ainda: “Na Europa, os discípulos desses grandes mestres foram Paracelso e Giordano Bruno.”

Assim como nos livros sagrados de outras religiões, o Corão faz referências à reencarnação. No trecho seguinte contido no Corão, percebe-se a idéia do renascimento:

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“E estáveis mortos, e Ele vos trouxe de volta à vida. E Ele fará com que morrais, e vos trará de volta à vida, e ao fim vos reunirá Nele próprio.” (Sura, 2:28) Segue outro trecho:

“E Ele mandou as chuvas lá de cima em quantidade apropriada, e traz de volta à vida para a terra morta, tal como tu serás renascido.” (Sura, 25: 5-10-6)

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CAPÍTULO XVIII

SUFISMO

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O Sufismo é a religião que corresponde ao aspecto esotérico do Islamismo. Os conceitos de reencarnação e evolução estão muito bem esclarecidos nos livros dos pensadores sufistas. Kharishnanda se refere a esta religião da seguinte maneira:

“A doutrina sufista ensina que tudo procede de Deus, que nada há fora de Deus, que o universo é o espelho em que Deus se reflete, que Deus é a beleza absoluta, da qual as coisas terrenas são raios, que há um só amor, o amor de Deus, e que os demais amores o são unicamente como partes deste único amor, que só Deus é o verdadeiro Ser e que tudo o mais constitui o não-ser, que a natureza essencialmente divina do homem pode elevar-se, por iluminação, do não-ser, e regressa ao ponto de partida.” De certa forma, é o mesmo conceito definido pelo apóstolo Paulo: “Em Deus vivemos, nos movemos e somos.” No livro persa, Mathnawi, autor Jalalu’-Din Rumi

(1207 – 1273), encontra-se a conceituação da evolução de mônada espiritual, ou princípio espiritual, até sua integração a Deus:

“Morri mineral e converti-me em planta. Morri planta e nasci animal. Morri animal e me converti em homem. Por que, pois, hei de temer alguém? Acaso poderei ser menos ao morrer? Na próxima vez morrerei como homem para que possam nascer

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asas de anjo, mas também da condição de anjo me elevarei, porque, como ensina o Corão, tudo perecerá, menos a face do Senhor. Outra vez, tomarei o vôo por cima dos anjos e me converterei no que a imaginação não pode conceber. Na verdade, voltaremos a Ele.”

Muitos poetas persas que no ocidente foram

considerados notáveis, escreveram, sob formas líricas ou alegóricas, os ensinamentos sufis. O mais conhecido deles talvez tenha sido Omar Khayyam, que, além de poeta foi filósofo, astrônomo e matemático.

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CAPÍTULO XIX

O XINTOÍSMO

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Xintoísmo é uma crença religiosa que surgiu no Japão, formada por uma série de lendas e mitos que explicam a origem do mundo, da vida e da família imperial japonesa.

O Xintoísmo é uma religião baseada no respeito e culto da natureza, sendo considerada uma grande aliada e imprescindível para a existência da vida na Terra. A relação homem-natureza é o ponto central do Xintoísmo. Esta é uma crença panteísta, ou seja, acredita que todos os elementos são Deus (é composto pelas substâncias, forças e leis da natureza). Desta forma, existem vários deuses (kami), cada um responsável por um elemento específico da natureza e do Cosmos.

Os kamis (deuses) podem ter as mais variadas formas, desde seres humanos, animais, tempestades, pedras, rios, estrelas e etc. No entanto, a principal divindade do Xintoísmo é a deusa do Sol Amaterasu Omikami, que, de acordo com a lenda, nasceu a partir do olho esquerdo do deus da criação, Azanagui.

Alguns estudiosos chegam a desconsiderar o Xintoísmo como uma religião, pois não possui um dogma estabelecido, uma escritura de leis, código moral ou mesmo um autor ou profeta fundador, a exemplo de outras religiões. Porém, o que torna o Xintoísmo uma das mais importantes religiões do mundo é sua influência sobre os mais variados aspectos da vida de seus seguidores, que adotam a filosofia xintoísta em seus cotidianos mesmo que já tenham outro tipo de crença.

A receptividade a novas culturas e religiões também é uma das características do Xintoísmo, que não se classifica como uma crença exclusivista. O Xintoísmo é

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formado por um conjunto de crenças típicas do Japão, sendo a única religião considerada genuinamente japonesa.

A palavra xintoísmo surgiu a partir da expressão Kami-no-Michi, que na tradução literal significa "Caminho dos deuses".

As cerimônias xintoístas podem ser feitas em casa ou nos templos, possuindo quatro principais etapas: a purificação (limpeza da boca e das mãos com água); as oferendas (pequenos amuletos, pinturas e demais objetos); as preces e a festa sagrada.

Nos rituais xintoístas predomina a necessidade de estabelecer um equilíbrio entre o ser humano e a natureza, que é compreendida como uma guia e parceira do homem. Para chegar a este equilíbrio, é necessária a purificação do corpo e da alma.

A visão xintoísta de conexão e intimidade com a natureza se opõe ao comportamento do homem ocidental, que enxerga as forças naturais como adversárias, lutando e tentando dominá-la e subjugá-la.

Atualmente, a estimativa é que cerca de 119 milhões de pessoas pratiquem o Xintoísmo no Japão. O número é elevado por causa da falta de exclusividade do Xintoísmo como religião, ou seja, muitos japoneses possuem outras crenças e mesmo assim praticam rituais tipicamente xintoístas em casa ou nos templos.

O Xintoísmo ganhou destaque no Japão apenas a partir do século VI. Esta era considerada a religião oficial do império japonês, pois, de acordo com a mitologia local, os imperadores do país eram descendentes dos kamis, criadores do Japão.

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No entanto, em 1946, com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, o imperador Hiroíto renunciou o caráter divido que era atribuído aos governantes japoneses. Assim, a nova constituição japonesa passou a defender a liberdade religiosa da população.

Deuses do Xintoísmo Os deuses do Xintoísmo são chamados de kamis,

divindades que são representadas pelas mais variadas formas presentes na natureza e no Universo, como rios, pedras, tempestades, estrelas, o Sol, a Lua e etc.

Existem milhares de kamis, no entanto, na crença xintoísta os principais são: Amaterasu Oo-mikami, a grande deus Sol; Tsukiyomi-no-Mikoto, o deus Lua; e Susano-O-no-Mikoto, o deus do mar e das tempestades.

De acordo com o Xintoísmo, os deuses vivem em um lugar chamado Takama-no-hara, que significa "Alta Planície do Céu".

Xintoísmo no Brasil O Xintoísmo no Brasil é praticado por uma pequena

comunidade, normalmente formada por descendentes ou imigrantes japoneses.

O principal Templo Xintoísta do Brasil está localizado no estado de São Paulo e faz rituais e cerimonias em homenagem aos antepassados, além de manter a tradição e a filosofia do Xintoísmo entre os japoneses que residem no Brasil.

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Xintoísmo e Budismo O Xintoísmo e o Budismo são duas religiões que

estão sincretizadas no Japão, pois cerca de 80% dos japoneses praticam os rituais xintoístas atrelados aos preceitos do budismo.

O Xintoísmo surgiu antes do budismo, no entanto os xintoístas absorveram muitas das crenças dos budistas em seus rituais e filosofia.

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CAPÍTULO XX

A RELIGIÃO TRADICIONAL

CHINESA

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A religião tradicional chinesa pode ser descrita como uma série de práticas religiosas que tem seus fundamentos definidos nas culturas éticas e costumes dos chineses, que estão baseados no confucionismo, no budismo, no taoísmo e, também, na mitologia chinesa. Por ora, deve-se notar a presença da mitologia chinesa nesse quesito e, também, neste artigo, já que sempre esteve em evidência as mitologias grega e romana, sendo a primeira delas a mais conhecida a nível mundial.

Ao se falar de religião tradicional chinesa, muitos especialistas julgam que tal nome não abrange o real alcance do que se propõe a nomear. Ou seja, o conjunto de crenças e costumes chineses é tão vasto que o termo “religião” não poderia ter apenas um significado restrito, devendo abranger todas as áreas que são compreendidas na expressão. Tal conjunto passou por reformulações, que possibilitaram a união de todas essas crenças e costumes em uma unidade, cuja expressão é a religião tradicional chinesa. Por conta de alterações que ocorreram recentemente e ainda ocorrem, muitos solicitam a mudança do termo novamente.

Por conta de suas práticas quase que idênticas, as religiões tradicional e popular chinesas são vistas como sinônimas, mas não é bem assim. Apesar de semelhantes em suas crenças, as religiões se distanciam em alguns aspectos.

A religião tradicional chinesa concentra mais de 450 milhões de pessoas na China. Tal número equivale a 6,6% da população mundial, ou mais que o dobro da população do Brasil. Ou seja, existem mais de dois “Brasis” dentro da

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China que são adeptos das práticas da religião tradicional chinesa.

No entanto, a religião tradicional chinesa nem sempre respirou ares de paz e tranquilidade. Nos dois últimos séculos da história chinesa, principalmente, entre o Movimento Taiping e a Revolução Cultural, a doutrina sofreu forte perseguição e repressão, quase vindo a entrar em extinção. No entanto, após a Revolução, ensaiou um reerguimento que possibilitou o seu crescimento nos dias de hoje. Atualmente, depois de ter atingido níveis astronômicos de crescimento, a religião tradicional chinesa tem forte apoio do governo chinês.

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CAPÍTULO XXI

O TAOÍSMO

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O Taoísmo é uma filosofia de vida e uma religião chinesa milenar, na qual o ser humano deve viver em harmonia com a natureza, pois faz parte dela. Dessa forma acredita que, quando tomamos a natureza como referência em nossas vidas, atingimos o equilíbrio, ou o “Tao”.

Alguns princípios do Taoísmo são comuns a outras religiões: humildade, generosidade, não violência, simplicidade; outros são atributos das crenças da religião xamanista chinesa (teoria dos cinco elementos, a alquimia e o culto aos ancestrais) bem como das ideias e práticas culturais do Budismo.

Por fim, vale lembrar que o Taoísmo já foi a religião oficial chinesa, mas também foi reprimido duramente na formação da República Popular da China no século XX.

No Taoísmo o “wuwei”, que significa “não agir”, é muito valorizado, pois, na natureza não existem ações desnecessárias e, todas essas ações são suaves e flexíveis, tanto quanto eficientes e harmoniosas; pois, prefere a sutileza em lugar de força. O Taoísmo afirma também o desprendimento do mundo material e a anulação dos desejos, pois, ao realizarmos um desejo, outro surgirá em seu lugar.

Além disso, o Taoísmo pode ser considerado anarquista se levarmos em conta que prega a descentralização política, ao contrário do confucionismo, no qual os deveres morais, a coesão social e as responsabilidades governamentais são prioridades.

As obras literárias mais importantes no Taoísmo são o Tao Te Ching, livro que contém os ensinamentos de Lao-Tsé e o Daozang, o cânon taoísta com

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aproximadamente 1500 textos compilados ao longo da Idade Média Chinesa.

Sem espanto, podemos ainda dividir a tradição taoísta em “Taoísmo filosófico”, embasado nos textos canônicos e “Taoísmo religioso”, fruto dos movimentos religiosos organizados para instituir o Taoísmo enquanto religião, fundindo elementos da religião tradicional chinesa com aspectos do Confucionismo e do Budismo.

Por conseguinte, o Taoísmo religioso teria lugar a partir do século II d.C., quando Chang Tao-ling funda a seita do “caminho dos mestres celestiais”. Daí surge os métodos praticados até hoje, como a ingestão de alimentos específicos e elixires, exercícios de respiração, uso de talismãs e a prática de ginásticas e artes marciais (Tai chi chuan).

Enquanto prática para se desapegar do mundo material, a meditação seria um caminho para um entendimento mais profundo das relações que temos com o Universo, no qual todos os seres e coisas são interdependentes.

LAO-TSÉ E O TAOÍSMO

Lao-Tsé é considerado o fundador do Taoísmo, durante o “Período dos Estados Guerreiros” (entre os séculos II e V d.C.). Por conseguinte, Lao-Tsé, que significa “velho mestre”, viveu e trabalhou em Luoyang como arquivista, quando pode se dedicar ao estudo das escrituras aos seus cuidados. Foi contemporâneo de Confúcio, e responsável pela produção do Tao Te Ching, referência basilar do Taoísmo, composta por 81 poemas.

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TAO, O IDEOGRAMA Tao significa “caminho” e é simbolizado pelo

ideograma Tao (um círculo com duas metades iguais). É considerado o princípio supremo do Taoísmo e representa aquilo que virá, a mutação e o vazio; é também uma representação do infinito, do transcendente e aponta para uma vida regida pelos elementos yin (feminino) e yang (masculino), forças estas complementares e indissociáveis.

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CAPÍTULO XXII

O CONFUCIONISMO

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Esta religião oriental surgiu baseada nas ideias de um filósofo chinês de seu nome Confúcio que viveu entre 551 e 479 a.C.

Não raras vezes se coloca em duvida o confucionismo enquanto religião dado tratar primeiramente de condutas morais e de ordem social, daí a catalogação frequentemente atribuída por alguns ao Confucionismo de filosofia de vida.

Na época de Confúcio a China encontrava-se dividida em estados feudais que lutavam entre si pelo poder absoluto. Desses conflitos resultavam frequentemente execuções em massa de populações inocentes que ocorriam única e exclusivamente pelo pagamento atribuído a cada soldado que leva-se até ao seu senhor a cabeça dos seus inimigos assim, velhos, mulheres e crianças de aldeias de domínios vizinhos eram sumariamente decapitadas.

É então dentro desta época de violência e crueldade que Confúcio cria os princípios para a existência de um mundo perfeito. Segundo ele a justiça para todos, os princípios humanos de cortesia e piedade, a lealdade e a integridade de carácter criariam um mundo perfeito de convivência entre os humanos (aqui se vê a influencia ética e moral que Confúcio difundia, mas os seus ensinamentos vão muito além da esfera ética), este filósofo, afirmava ainda que a natureza humana é boa, que o céu existe e influencia os homens na terra. Além de tudo isto, incrementou ainda dois grandes preceitos religiosos o primeiro que demonstrava que os ancestrais tinham obrigatoriamente de ser venerados e o segundo preceito o da piedade filial sendo que estes dois preceitos

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provam que o Confucionismo não se resume unicamente a um sistema filosófico.

Vamos de seguida a debruçarmo-nos sobre a doutrina confucionista. Segundo Confúcio, o ser humano é constituído por quatro dimensões: o Eu, a comunidade, a natureza e finalmente o céu (fonte de auto-realização definitiva); e é a partir destas quatro dimensões que o ser humano se completa. A restante doutrina pode ser sintetizada em seis conceitos-chave: 1º Jen (humanitarismo, bondade e benevolência) - É a norma da reciprocidade “não faças aos outros aquilo que não gostavas que os outros te fizessem” e corresponde à virtude mais elevada das cinco existentes no Confucionismo conhecida como “Amor ao próximo”; 2º Chun-Tzu (homem superior) - Segundo o mestre chinês, para o homem ser perfeito deve ser sábio, humilde, magnânimo, sincero e amável aqui se encontra a segunda virtude essencial do homem “A sabedoria e sinceridade desinteressadas”; 3º Cheng-ming (adequação dos títulos ao comportamento) - Segundo Confúcio, o Homem tem de adequar o titulo designativo que possui ao seu comportamento no dia a dia. Aqui se encontra a terceira virtude “O cumprimento das regras adequadas de conduta”; 4º Te (poder e autoridade) - Confúcio ensinava que o poder era necessário para dirigir qualquer sociedade, mas

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este devia ser utilizado com moderação e justiça pelos governantes este conceito corresponde á quarta virtude essencial do homem a “justiça”; 5º Li (reverencia) - A doutrina confucionista ensina que cada governante deveria ser benevolente e proporcionar um bom padrão de vida ao povo promovendo a educação moral e os ritos, pois sem estes dois aspectos o homem não será capaz de prestar o culto apropriado aos ancestrais e deuses do Universo, nem estabelecer a diferença ente o rei e o súbdito, nem distinguir as diferentes ligações familiares e essa não é a vontade divina. Este conceito corresponde à última virtude a “autoconsciência da vontade do céu“; 6º Wen (artes nobres e música) - Confúcio acreditava que toda a expressão artística era símbolo da virtude que se manifestava na sociedade.

O Confucionismo é uma religião politeísta que crê em divindades naturais e nos antepassados; mas tem a particularidade de crer também numa força suprema no mundo num Supremo Governador que é alvo predileto de culto. O culto a este ente supremo é conduzido pelos mais altos dirigentes da nação (visto o Confucionismo não possuir credos ou sacerdotes) e esses dirigentes serem descendentes diretos da divindade logo teriam as suas preces em favor do povo mais facilmente atendidas. Este culto realizava-se anualmente no solstício de Inverno (22 de Dezembro), e consistia em oferecer alimentos e vinho

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acompanhados de música, luzes e procissões ao altar do céu que se situava em Pequim.

Outra das práticas religiosas é a adoração dos ancestrais, sendo que esta veneração é sinal de gratidão e respeito, e permite que os espíritos dos mortos ajudem os vivos no seu êxito, prosperidade e harmonia. Para isto acontecer os familiares têm de fornecer tudo o que for necessário aos antepassados para que estes vivam no além-túmulo de forma similar aos vivos. Isto inclui: o fornecimento de alimentos, roupas, utensílios, armas etc. todas estes bens são colocados no túmulo ou em festivais especiais. Se isto não for cumprido os confucionistas acreditam que os espíritos voltam sob a forma de fantasmas para fazer mal aos vivos e este medo aos espíritos maus é tanto que ainda hoje se celebra um festival em que se colocam alimentos e outros bens à porta de casa para acalmar os espíritos cujos descendentes não veneraram.

Por fim, temos a prática da Piedade Filial, que consiste na veneração e inteira dedicação dos elementos mais novos ao bem-estar dos familiares mais velhos, devendo após a morte, continuar a chorá-los e lamentá-los; sendo este, segundo o Confucionismo, o dever fundamental de todo o homem, e a prática do Prognoticismo que é uma prática de adivinhação que consiste em deitar terra sobre a mesa e analisar as figuras que se formam ou também na análise e observação de relâmpagos, vôos de pássaros e tudo que esteja relacionado com o céu (deuses e fenômenos que acreditam por eles provocados).

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Atualmente e apesar do comunismo banir todas as práticas religiosas, 25% dos chineses admitem viver segundo o Confucionismo. Fora da China, esta religião calcula-se ter 6.3 milhões de adeptos entre o Japão, Coréia do Sul e Singapura.

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CAPÍTULO XXIII

O CINISMO

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Cinismo é o nome que recebe a corrente filosófica que foi fundada por Antístenes, discípulo de Sócrates. Os filósofos que seguiam essa corrente, recebiam o nome de cínicos e seu propósito na vida era viver na virtude, de acordo com a natureza. O nome foi originado do grego, cuja tradução literal seria “igual a um cão”. Os cínicos eram chamados de cães, pois Antístenes ensinava em um templo para nothoi atenienses, que é um termo usado para designar aqueles que não possuíam a cidadania ateniense por nascerem de escravas, estrangeiras ou prostitutas. O templo era chamado Cinosargo, que vem de Cynosarges que pode significar “alimento de cão”, “cão rápido”.

HISTÓRIA Cinismo

Antístenes, ex-aluno de Sócrates, foi o primeiro filósofo a definir o Cinismo no final do século 5 a.C., e foi seguido por Diógenes de Sinope, que foi quem levou aos extremos lógicos o Cinismo, passando a ser visto como o arquétipo de filósofo cínico. A corrente filosófica começou a espalhar-se durante a ascensão do Império Romano no século I. E desapareceu ao final do século V, apesar de que muitos filósofos afirmam que o Cristianismo Primitivo adotou muitas idéias ascéticas e retóricas.

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Os cínicos gregos e romanos clássicos tinham a virtude como a necessidade única para alcançar a felicidade, e seguiram a filosofia cegamente,

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negligenciando tudo que não promovesse a perfeição da virtude e não permitisse chegar à felicidade. O termo cínicos, derivado do grego, que significa cão, era usado; pois, os cínicos negligenciavam a sociedade, higiene, família e dinheiro, entre outras coisas, de forma semelhante à um cão.

CARACTERÍSTICAS DE VIDA E INFLUÊNCIAS

Os cínicos viviam rejeitando valores sociais, poder, fama e dinheiro, desacreditando que isso poderia trazer a felicidade verdadeira. Viviam apenas de acordo com a natureza, libertando-se de convenções para tornar-se autossuficientes. A ganância, para eles, era vista como uma forma de sofrimento, assim como alguns outros comportamentos que criticavam. No início do século XIX, desenvolveram uma compreensão moderna de Cinismo, que o definia como “uma atitude de desdém negativo ou cansado, especialmente uma desconfiança geral quanto à integridade ou motivos professos dos outros”, em contraponto com a filosofia antiga que pregava a virtude e a liberdade moral na libertação do desejo.

Para os cínicos, a felicidade dependia exclusivamente de seu eu interior, sendo alheia às preocupações com a morte, a saúde e o sofrimento, por exemplo, sendo a chave exatamente a libertação de tudo isso. Esses filósofos tiveram influência em outros filósofos como os pitagóricos, que já tinham defendido a vida simples nos séculos anteriores.

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CAPÍTULO XXIV

O POSITIVISMO

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No início do século XIX, a Europa vivia um momento de transição para a modernidade, tornando-se cada vez mais urbana e industrial. É nesse contexto que nasce a corrente filosófica do Positivismo, formulada pelo francês Auguste Comte.

Ainda que a ciência, a indústria e o capitalismo ganhassem cada vez mais espaço, seria equivocado pensar que as ligações com o antigo regime estavam completamente rompidas. Apesar das reformas políticas e econômicas, no campo das idéias, o Iluminismo ainda não era hegemônico e a Igreja continuava detendo imenso poder em definir o entendimento dos homens sobre o mundo. Comte vivia em Paris e, portanto, observava essas transformações de um ponto de vista privilegiado. Enquanto a maioria dos filósofos se empenhava em colaborar com a reformulação das instituições modernas, Comte estava convencido de que antes disso era necessária uma completa reforma intelectual dos homens, que fosse capaz de imputá-los uma nova forma de pensar condizente com o progresso científico. A essa nova forma de pensar, Comte deu o nome de Positivismo.

Em 1830, Comte publica o Curso de Filosofia Positiva. Segundo ele, a visão positiva era aquela buscava explicar os fenômenos – naturais ou humanos – através de sua observação e da elaboração das leis imutáveis que os regiam. Para Comte, a perspectiva positivista vinha se estabelecendo em diferentes campos de conhecimento, cada qual em seu próprio ritmo. A procura de leis imutáveis teria acontecido pela primeira vez na Grécia Antiga, com a criação da Astronomia e da Matemática.

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Alguns séculos depois o mesmo aconteceria com outras disciplinas, como a Biologia e a Química.

Em um último estágio, Comte acreditava que era possível elaborar uma ciência capaz de estudar o comportamento humano coletivo seguindo os mesmos métodos das ciências naturais. O Positivismo funda, então, a Sociologia, que a princípio recebeu o nome de “física social”. Sua função seria compreender as condições constantes e imutáveis da sociedade (a ordem) e também as leis que regiam seu desenvolvimento (o progresso). Não é coincidência que sejam exatamente estes os termos que aparecem hoje na bandeira do Brasil. Comte teve grande influência no mundo todo e suas ideias ganharam muitos seguidores no Brasil, especialmente entre intelectuais e militares, como Benjamin Constant e Luís Pereira Barreto. A presença dos positivistas brasileiros foi notável no movimento republicano e na elaboração da Constituição de 1891. Nosso sistema de ensino também teve influências positivistas.

Resumidamente, podemos dizer que o pensamento positivista fundado por Comte estabelece a ciência como o estudo das leis, do que é invariável, determinado e útil para o progresso humano. O Positivismo trazia consigo um projeto político, que pretendia colocar a gestão da sociedade nas mãos de sábios e cientistas. Ainda tenha entrado em decadência no século XX, o Positivismo influenciou obras importantes, como as de Émile Durkheim e John Stuart Mill.

A título de curiosidade, vale lembrar que nos últimos anos de sua vida Comte se dedicou a elaborar uma religião positivista. Com a razão e o conhecimento

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em seu centro, essa religião buscaria a unidade humana em nome da ordem e do progresso. Comte chegou a elaborar um calendário próprio, onde os meses ganhariam o nome de pensadores notáveis, que também seriam celebrados em feriados comemorativos. No Brasil, a Igreja Positivista ainda possui uma sede no Rio de Janeiro.

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CAPÍTULO XXV

O EXISTENCIALISMO

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O Existencialismo surgiu em meados do século XIX, a partir de estudos do dinamarquês Kierkegaard, mas sua difusão foi maior no pós-guerra entre os anos 50 e 60, a partir de Heidegger e Jean-Paul Sartre.

Essa teoria percebeu a importância da fenomenologia por trazer um novo interesse ao fenômeno da consciência, pois Heidegger e Sartre os dois mais importantes filósofos da corrente existencialista foram profundamente influenciados pela filosofia de Edmund Husserl, e desenvolveram um método fenomenológico, como base de suas respectivas posições filosóficas. Sartre contribuiu com mais pensamentos sobre a liberdade e chefiou dentro do movimento uma corrente ateísta.

Para Sartre, a idéia central de pensamento existencialista é que a existência precede a essência. Diz não existir nenhum Deus que tenha planejado o homem, portanto não existe nenhuma natureza humana fixa a que o homem deva respeitar. O homem está totalmente livre é o único responsável pelo que faz de si mesmo. E para ele, assim como havia colocado Kierkegaard, esta liberdade e responsabilidade é a fonte da angústia. As principais idéias dessa corrente filosófica são: - A percepção do ser humano enquanto indivíduo, e não com as teorias gerais sobre a respeito do homem. Defende a idéia de que deve haver em primeiro plano a preocupação com o sentido ou o objetivo das vidas humanas, e não mais com verdades científicas ou metafísicas sobre o universo. - Existe então, a percepção de que o homem não foi planejado por alguém para uma determinada finalidade,

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como os objetos que o próprio homem cria, mediante um projeto. O homem se faz em sua própria existência. - A respeito do mundo diz que ele, como nós o conhecemos, é irracional e absurdo, e está além de nossa total compreensão, assim, nenhuma explicação final pode ser dada com relação a ele ser da maneira que é. A falta de sentido, a liberdade consequente da indeterminação, a ameaça permanente de sofrimento, da origem à ansiedade, à descrença em si mesmo e ao desespero; há uma ênfase na liberdade dos indivíduos como a sua propriedade humana distintiva mais importante, da qual não pode fugir. Kierkegaard sustentou a importância suprema do indivíduo e das suas escolhas lógicas ou ilógicas, assim contribuiu com a idéia do existencialismo de que não existe qualquer predeterminação com respeito ao homem, e que esta indeterminação e liberdade levam o homem a uma permanente angústia. Este defende ainda, que o homem têm diante de si várias opções possíveis, assim é inteiramente livre, não se conforma a um predeterminismo lógico, confrontando com as idéias de Hegel. A verdade não pode ser encontrada através do raciocínio lógico, mas segundo a paixão que é colocada na afirmação e sustentação dos fatos: a verdade é subjetividade; não se pode fazer qualquer afirmativa sobre o homem. Assim, pensamento fundamental de Kierkegaard, e também a base do Existencialismo é que inexiste um projeto básico, para o homem verdadeiro, uma essência definidora do homem, porque cada um se define a si mesmo e assim é uma verdade para si.

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Partindo de uma filosofia do tempo, o existencialismo leva o homem a existir inteiramente "aqui" e "agora", para aceitar sua intensa "realidade humana" do momento presente. O passado representa arquivos de experiências a serem usadas no serviço do presente, e o futuro não é outra coisa que visões e ilusões para dar ao nosso presente direção e propósito.

Essa teoria defende então que não podemos nos submeter a condicionamentos de nosso passado, permitindo que sentimentos, memórias, ou hábitos se imponham sobre nosso presente e determinem seu conteúdo e qualidade. Os homens não devem permitir que a ansiedade sobre os eventos futuros ocupe nosso presente.

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CAPÍTULO XXVI

O MARXISMO

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Marxismo é um sistema ideológico que critica radicalmente o capitalismo e proclama a emancipação da humanidade numa sociedade sem classes e igualitária.

As linhas básicas do marxismo foram traçadas entre 1840 e 1850 pelo filósofo social alemão Karl Marx e o revolucionário alemão Friedrich Engels, sendo o sistema mais tarde completado e modificado por eles e por seus discípulos, entre eles, Trotsky, Lenine e Stalin.

No ano de 1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicam o Manifesto Comunista, onde fazendo uma análise da própria realidade em que viviam chegaram a algumas conclusões acerca do trabalho, da propriedade, das relações produtivas e principalmente a violenta exploração do proletariado. Neste contexto, Max e Engels propõem a luta pelo fim do capitalismo com a adição imediata do socialismo, onde as massas trabalhadoras possuindo os meios de produção assumiriam o poder político e econômico.

O Marxismo tornou-se um dos movimentos intelectuais e políticos mais influentes da sociedade contemporânea. Ainda em vida, Marx participou da criação da Associação Internacional dos Trabalhadores (1864), conhecida por Primeira Internacional, reunindo trabalhadores de vários países europeus e dos EUA.

O Marxismo ou Socialismo Marxista embora promovesse congressos e cooperação operária, teve curta duração, vindo a dissolver-se em 1876, devido à repressão sofrida e às divergências internas. Apesar disto, novas organizações operárias e partidos políticos se destacaram, entre eles o Partido Social Democrata,

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fundado na Alemanha por Wilhelm Liebknecht e August Bebel.

Foi na Rússia, que o Socialismo Marxista teve maior repercussão, serviu de inspiração para o Partido Operário Social Democrata Russo e fundamentou a criação do primeiro Estado Socialista, em 1917, dividindo o mundo em Capitalista de um lado e Socialista do outro.

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CAPÍTULO XXVII

MATERIALISMO

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O Materialismo histórico entende que os processos de mudança social são movidos pela realidade material dos indivíduos.

O trabalho teórico de Karl Marx está fundamentado no que ele chamava de concepção materialista da história. O período em que ele viveu foi marcado pelas grandes mudanças causadas pelo crescente processo de industrialização dos países europeus. Marx testemunhou o crescimento das indústrias e fábricas, o inchamento dos meios urbanos e o consequente aumento vertiginoso das desigualdades sociais. De acordo com a concepção materialista, fundamentada por Marx e Friedrich Engels, as mudanças sociais que se passam no decorrer da história de uma sociedade não são determinadas por ideias ou valores. Na verdade, essas mudanças são influenciadas pela realidade material, isto é, a situação econômica dos atores da sociedade em questão. No Materialismo histórico, as respostas para os fenômenos sociais estão inseridas nos meios materiais dos sujeitos. Isso quer dizer que diferentes situações materiais, o que em uma sociedade capitalista traduz-se em situação econômica, moldam diferentes sujeitos. Essa diferença seria, para Marx, vetor de conflitos entre grupos de indivíduos submetidos a realidades materiais diferentes.

Com essa idéia, Marx faz referência ao conflito incessante entre classes, o que julga ser “o motor da história”. A preocupação de Marx estava além do estudo dos problemas das sociedades modernas, pois seu trabalho direcionava-se para a busca de uma lógica do desenvolvimento humano ao longo da história. Sob essa perspectiva, os modos de produção de uma sociedade

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eram determinantes tanto para a constituição da realidade social quanto para a determinação dos rumos que seu desenvolvimento tomaria.

O conceito de modos de produção é uma das ideias-chaves dos estudos econômicos de Marx. Podemos resumi-lo como sendo as formas de organização de um grupo social diante das relações de produção de seu meio. Em outras palavras, trata-se das relações envolvidas no processo de construção e manutenção da estrutura econômica de uma sociedade. Nisso se insere o trabalho, em razão da produção de subsistência do trabalhador, e as consequentes divisões em função das condições materiais dos indivíduos. Como Marx explica:

“O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser; mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência.” Esse seria um processo contínuo e movido pela

incessante luta de classes, entendida como a força que empurraria a história adiante. Assim como os pequenos mercadores burgueses uniram-se e derrubaram a ordem estabelecida no período feudal, a luta de classes entre proletários e burgueses movimentaria novamente a roda da história em favor de um ou de outro.

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CAPÍTULO XXVIII

O RACIONALISMO

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O Racionalismo é uma corrente filosófica baseada nas operações mentais para definir a viabilidade e efetividade das proposições apresentadas.

Essa corrente surgiu como doutrina no século I a.C. para enfatizar que tudo que é existente é decorrente de uma causa. Muito tempo depois, já na Idade Moderna, os filósofos racionalistas adotaram a matemática como elemento para expandir a ideia de razão e a explicação da realidade. Dentre seus adeptos, destacou-se o francês René Descartes que elaborou um método baseado na geometria e nas regras do método científico. Suas ideias influenciaram diversos outros intelectuais, como Spinoza e Leibniz. Este, por exemplo, desenvolveu o método de cálculo infinitesimal e defendeu o Racionalismo dizendo que algumas ideias e princípios são percebidos pelos nossos sentidos, mas não estão neles as origens. Seus argumentos tinham grande amparo da geometria, da lógica e da aritmética. As elaborações de Descartes também impulsionaram muito o método científico em função das quatro regras que utilizou para elaborar seu método racionalista. As regras diziam que jamais se deveria acolher algo como verdadeiro enquanto não fosse verificado, que era preciso fragmentar as dificuldades para examiná-las mais de perto, que era preciso impor ordem aos pensamentos e, por fim, fazer enumerações e revisões para não correr o risco de omissões.

A partir da Idade Moderna, o Racionalismo obteve grande crescimento como corrente filosófica, e não se pode desvincular essas idéias das aplicações matemáticas. Tradicionalmente, o Racionalismo era definido pelo raciocínio como operação mental, discursiva e lógica para

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extrair conclusões. As inovações humanas apresentadas com o advento do Renascimento consolidaram o Racionalismo com o acréscimo de elaborações e verificações matemáticas. Para o Racionalismo, tudo tem uma causa inteligível, mesmo que não possa ser demonstrada empiricamente. O Racionalismo foi importante elemento do mundo moderno para superar o mundo medieval, pois privilegia a razão em detrimento das experiências do mundo sensível, ou seja, o método mítico como se tinha acesso ao conhecimento durante a Idade Média. Assim, o Racionalismo é baseado na busca da certeza e da demonstração.

O Racionalismo se tornou central ao pensamento liberal, que, por sua vez, pretende propor e estabelecer caminhos para alcançar determinados fins em nome do interesse coletivo. Assim, o Racionalismo está na base do planejamento da organização econômica e espacial da reprodução social, abrindo espaço para as soluções racionais de problemas econômicos e/ou urbanos com base em soluções técnicas e eficazes.

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CAPÍTULO XXIX

O EMPIRISMO

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Empirismo é um movimento filosófico que acredita nas experiências humanas como únicas responsáveis pela formação das ideias e conceitos existentes no mundo.

O Empirismo é caracterizado pelo conhecimento científico, quando a sabedoria é adquirida por percepções; pela origem das ideias, por onde se percebem as coisas, independente de seus objetivos ou significados.

O Empirismo consiste em uma teoria epistemológica que indica que todo o conhecimento é um fruto da experiência, e por isso, uma consequência dos sentidos. A experiência estabelece o valor, a origem e os limites do conhecimento.

O principal teórico do Empirismo foi o filósofo inglês John Locke (1632 – 1704), que defendeu a ideia de que a mente humana é uma "folha em branco" ou uma "tabula rasa", onde são gravadas impressões externas. Por isso, não reconhece a existência de ideias natas, nem do conhecimento universal.

Sendo uma teoria que se opõe ao Racionalismo, o empirismo critica a metafísica e conceitos como os de causa e substância. Ou seja, todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido pela experiência, pela tentativa e erro.

Etimologicamente, este termo possui uma dupla origem. A palavra pode ter surgido a partir do latim e também de uma expressão grega, derivando de um uso mais específico, utilizado para nomear médicos que possuem habilidades e conhecimentos de experiências práticas e não da instrução da teoria.

Além de John Locke, existiram outros diversos autores de destaque na formação do conceito do

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empirismo, como Francis Bacon, David Hume e John Stuart Mill.

Atualmente, o Empirismo lógico é conhecido como Neopositivismo, criado pelo círculo de Viena. Dentro do empirismo, existem três linhas empíricas: a integral, a moderada e a científica.

Na ciência, o Empirismo é utilizado quando falamos no método científico tradicional, que é originário do empirismo filosófico, que defende que as teorias científicas devem ser baseadas na observação do mundo, em vez da intuição ou da fé, como lhe foi passado.

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CAPÍTULO XXX

IDEALISMO

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Tendência filosófica que reduz toda a existência ao pensamento. Opõe-se ao Realismo, que afirma a existência dos objetos independentemente do pensamento. No Idealismo absoluto, o ser é reduzido à consciência. Ao longo da história da filosofia, ele aparece sob formas menos radicais. Não nega categoricamente a existência dos objetos no mundo, mas reduz o problema à questão do conhecimento. O Idealismo toma como ponto de partida para a reflexão o sujeito, não o mundo exterior.

O Idealismo metódico de Descartes é uma doutrina racionalista que, colocando em dúvida todo o conhecimento estabelecido, parte da certeza do pensar para deduzir, por meio da ideia da existência de Deus, a existência do mundo material. O Idealismo dogmático surge com George Berkeley (1685-1753), que considera a realidade do mundo exterior justificada somente pela sua existência anterior na mente divina ou na mente humana. Para ele, "ser é ser percebido".

Immanuel Kant formula o Idealismo transcendental, no qual o objeto é algo que só existe em uma relação de conhecimento. Ele distingue, portanto, o conhecimento que temos dos objetos, sempre submetidos a modos especificamente humanos de conhecer, como as ideias de espaço e tempo, dos objetos em si, que jamais serão conhecidos. Na literatura, o romantismo adota boa parte dessas idéias.

Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) e Friedrich Von Schelling (1775-1854) desenvolvem esse conceito e se tornam expoentes do Idealismo alemão pós-kantiano. Eles conferem às ideias de Kant um sentido mais subjetivo e

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menos crítico: desconsideram a noção da coisa-em-si e tomam o real como produto da consciência humana. Friedrich Hegel (1770-1831) emprega o termo idealismo absoluto para caracterizar sua metafísica. Ao considerar a realidade como um processo, ele discute o desenvolvimento da ideia pura (tese), que cria um objeto oposto a si - a natureza (antítese) -, e a superação dessa contradição no espírito (síntese). Esse movimento se dá na história até que o espírito se torne espírito absoluto, ou seja, supere todas as contradições, por meio da dialética, e veja o mundo como uma criação sua.

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CAPÍTULO XXXI

O XAMANISMO

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O Xamanismo é a mais antiga prática espiritual, médica e filosófica da humanidade. Hoje médicos, advogados, donas de casa, psicólogos, espiritualistas, místicos, estudantes, executivos, e pessoas das mais variadas crenças estão estudando e aplicando o Xamanismo.

Os rápidos resultados, introvisões de profundo significado, o contato com realidades ocultas, a obtenção de auto-conhecimento, a busca do poder pessoal, contribuem para o interesse nas práticas. O Xamanismo é um conjunto de crenças ancestrais. Sua prática estabelece contato com outros planos de consciência, a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio, saúde. Propicia tranquilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem-estar físico, psicológico e espiritual.

O xamã pode ser homem ou mulher. É o mago, o curandeiro, o bruxo, o médico, o terapeuta, o conselheiro, o contador de estórias, o líder espiritual, etc.

Ele é o explorador da consciência humana. O praticante é levado a sair do torpor convencional, reconhecendo os seus limites, a sua limitada visão pessoal do mundo, buscando um plano mais universal.

Através de um chamado interior ele vive um confronto existencial que o força a sair de uma zona de conforto, do falso brilho, da alienação.

Reforçando a coragem e a determinação, o praticante mobilizado por visões, introvisões e vivências, expande a sua consciência, podendo processar transformações de profundas proporções na sua vida. O Xamanismo resgata a relação sagrada do homem com o planeta.

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Praticar Xamanismo é ir em busca da excelência espiritual, é enxergar a realidade existente por trás dos conceitos, é se harmonizar com as marés naturais da vida. É trilhar o Caminho Sagrado, atravessando os portais da mente, das emoções, do corpo e do espírito.

A premissa básica é o reconhecimento que todos fazemos parte da Família Universal e tudo está interligado.

O praticante compreende o "Espírito Essencial" que está dentro dele mesmo, na natureza e em todos os seres. Ele sabe quem ele é, e como se relaciona com o Universo.

O reconhecimento do caminho da verdade vem da expansão da consciência e a compreensão que o verdadeiro poder está dentro de cada praticante, e provém do desenvolvimento de seus próprios dons.

Segundo os adeptos do Xamanismo, nos tempos atuais, o planeta está com a frequência vibratória bastante alta. As pessoas se preocupam cada vez mais com o autoconhecimento e fazem a si mesmo uma pergunta: "O que eu realmente devo fazer na vida?” Nesta busca, deparam-se com barreiras, seja com relacionamentos, trabalho, saúde, carreira e etc.

O maior obstáculo para o crescimento é a inércia, que cria a insensibilidade, pois priva o indivíduo de novas possibilidades, cria passividade com relação à vida. Cria falta de vitalidade, limita a criatividade e predispõe ao papel de vítima. A consciência se limita a fugir, a ter medo. A vítima fica sempre vivendo as sombras do passado e com medo do futuro.

As práticas xamânicas compelem a mente a viver dentro do coração, até que a mente ignorante seja

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destruída. Isso se manifesta quando o ser se revela espontaneamente. Na verdade, o antigo modo de viver acaba abrindo caminho para um jeito mais consciente.

Quando se aproxima o verdadeiro propósito da alma, tudo da natureza interior vem à tona. A pessoa entra em um processo mais rápido de transformação pessoal. Quando convidamos o amor para despertar poderes mais profundos, trabalhar nos desafios torna-se uma aventura.

O praticante do Xamanismo explora a estrutura de sua própria consciência e vai compreendendo como os fatos acontecem na sua vida, deixando de ser vítima das circunstâncias. Sente-se inspirado pelos desafios e aprende a utilizar a energia de forma a caminhar no Amor - Paz e Luz.

Praticando a sabedoria das antigas tradições adaptadas ao mundo atual e ao estado atual da alma humana, o trabalho é feito com tambores, canções, meditações, instrumentos de poder, danças, respirações, visualizações, histórias, vivências e muito, muito amor.

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CAPÍTULO XXXII

A CIÊNCIA CRISTÃ

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A Ciência Cristã foi fundada por Mary Baker Eddy (1821-1910), a iniciadora de novas ideias sobre espiritualidade e morte. Após uma experiência pessoal de cura em 1866, Eddy passou vários anos em estudo bíblico, oração e pesquisa sobre vários métodos de cura. O resultado foi um sistema de cura que ela chamou de Ciência Cristã em 1879. O seu livro, “Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (Science and Health with Key to the Scriptures),” abriu novos caminhos na compreensão da conexão entre mente-corpo-espírito. Ela também fundou uma faculdade, uma igreja, uma editora e um muito respeitado jornal diário intitulado “The Christian Science Monitor”. Devido a várias semelhanças com outros grupos, muitos acreditam que a Ciência Cristã seja uma seita não cristã.

A Ciência Cristã ensina que Deus – Pai-Mãe de todos – é completamente bom e completamente espiritual e que toda a criação de Deus, incluindo a verdadeira natureza de toda pessoa, é a semelhança espiritual e sem defeito do Divino. Já que a criação de Deus é boa, perversidades como doenças, morte e pecado não podem fazer parte da realidade fundamental. Ao invés disso, essas perversidades são o resultado de viver longe de Deus. A oração é a forma principal para se aproximar de Deus e curar as desgraças humanas. Isso é diferente do que a Bíblia ensina sobre o homem nascendo com o pecado herdado da queda de Adão que nos separa de Deus. Sem a graça salvadora de Deus através da morte de Jesus na cruz, nunca seríamos curados da doença principal – o pecado.

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Ao invés de ensinar que Jesus cura a nossa doença espiritual (“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” [Isaías 53:5]), os cientistas cristãos enxergam o ministério de Jesus como o próprio modelo deles para a cura, acreditando que esse ministério demonstra a centralidade da cura à salvação. Os cientistas cristãos oram para perceberem mais da realidade de Deus e do amor de Deus diariamente e para experimentarem e ajudarem outros a experimentarem dos efeitos harmonizantes e cicatrizantes desse entendimento.

Para grande parte dos cientistas cristãos, a cura espiritual é uma primeira escolha efetiva e, como resultado, eles se viram ao poder da oração ao invés do tratamento médico. As autoridades governamentais têm desafiado esse método de cura, principalmente em certas circunstâncias onde acreditam que tal filosofia esteja negando tratamento médico a crianças. No entanto, não há nenhum regulamento na igreja que decrete as decisões de tratamento médico dos seus membros.

A Ciência Cristã não tem nenhum ministro. As lições bíblicas são estudadas diariamente e lidas em voz alta no domingo por dois membros de cada congregação local. As igrejas também têm reuniões semanais de testemunho, nas quais os membros da congregação relatam experiências de cura e de regeneração.

Eddy tornou Boston à cidade principal da igreja em 1881. Em 1892, a igreja foi chamada de A Primeira Igreja de Cristo, Cientista ou Igreja Mãe; as igrejas locais são consideradas ramificações da igreja mãe. A diretoria da

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Ciência Cristã administra a Igreja Mãe e o funcionamento das igrejas locais de uma forma democrática. A Igreja Mãe e suas filiais operam sob a direção do Manual da Igreja Mãe, escrita por Mary Baker Eddy.

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CAPÍTULO XXXIII

CIENTOLOGIA

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Cientologia é uma filosofia diferente, criada pelo escritor de ficção científica L. Ron Hubbard, que definiu o conceito como uma busca espiritual e religiosa centrada nos princípios de autoconhecimento e autoaperfeiçoamento.

Os princípios da Cientologia foram publicados pela primeira vez no livro “Dianética: A Ciência Moderna da Saúde Mental”, de 1950, escrito por Hubbard. A obra resume a filosofia da Cientologia como a necessidade de acabar com a tristeza, que teria origem no cultivo de memórias negativas. Hubbard chama essas lembranças ruins de “engramas”, sendo que engramas são capazes de influenciar a mente de uma pessoa, fazendo com que ela repita comportamentos destrutivos.

Cientologistas acreditam também que, além do pensamento, é preciso cuidar da essência espiritual do ser humano, conhecida como thetan. O domínio “pleno” da Cientologia é atingido quando a pessoa compreende os vários níveis de conhecimento associados com os “thetans operacionais”. Nesse ponto, o cientologista seria capaz de atingir um grande poder de controle apenas com a mente.

Uma das grandes críticas relacionadas à Cientologia não é em relação à sua filosofia de controle mental e zelo espiritual, mas com o fato de que não basta simpatizar com os ideais defendidos por Hubbard: para participar das reuniões, é preciso pagar pelas “sessões de auditoria” e pelas instruções para alcançar o nível superelevado de autocompreensão.

Há também quem critique a Cientologia pelo fato de que, como ela é uma religião, a Igreja da Cientologia é isenta do pagamento de impostos, por exemplo. Além

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disso, os cientologistas têm uma política de intolerância contra qualquer membro que aja fora dos padrões previstos por Hubbard.

O fato é que a Cientologia ainda é uma filosofia nova e, por isso, apesar das contradições que a cercam, novos adeptos procuram fazer parte da rotina cientologista com frequência. Entre os cientologistas famosos podemos citar Tom Cruise, Kirstie Alley e John Travolta. Em 2001, de acordo com um levantamento feito pela Universidade de Nova York, havia pelo menos 55 mil cientologistas nos EUA. Acredita-se que o número de membros ativos no mundo chegue a 200 mil.

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CAPÍTULO XXXIV

DIVINISMO

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O Divinismo é uma seita pouco conhecida do âmbito religioso, mas cada vez mais pessoas buscam conhecer do que se trata esta religião. O Divinismo foi fundado por Osvaldo Polidoro e pode ser classificado como uma vertente do Espiritismo, visando à restauração da Doutrina Espírita. Os seguidores do Divinismo o chamam também de Doutrina do Caminho do Senhor, e a literatura fundamental é a edição da obra “O Evangelho Eterno”, baseada no capítulo 14 do livro bíblico Apocalipse. Também pode ser considerado uma releitura da doutrina de Allan Kardec.

Durante as reuniões, é muito valorizado o poder da oração conjunta, pois, acredita-se que as rezas liberam permutas fluídicas e eletromagnéticas que são fundamentais para que os Guias de Luz e os espíritos possam encarnar e reencarnar. Os divinistas não usam ritos nem símbolos em suas reuniões. Apenas, são figuras fundamentais nesta seita, o fundador Osvaldo Polidoro e Jesus Cristo.

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CAPÍTULO XXXV

O PROTESTANTISMO

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O Protestantismo é, ao lado do Catolicismo, um dos grandes ramos do Cristianismo. O nome “protestante” provém dos protestos dos cristãos do século XVI contra as práticas da Igreja Católica. Em alguns países, especialmente no Brasil, o termo “protestante” é substituído por “evangélico”, retirando a conotação polêmica da palavra e dando uma característica mais positiva e universal.

O movimento protestante surgiu na tentativa de Reforma da Igreja Católica iniciada pelo monge agostiniano Martinho Lutero, no século XVI. Os motivos para esse rompimento incluíram principalmente as práticas ilegítimas da Igreja Católica, além da divergência em relação a outros princípios católicos, como a adoração de imagens, o celibato, as missas em latim, a autoridade do Papa, entre outros.

Para os protestantes, a salvação é dada através da graça e bondade de Deus, na qual cada pessoa pode se relacionar diretamente com seu Criador, sem a necessidade de um intermediário; diferentemente da fé católica, a qual diz que o único método de se obter a salvação é através dos sacramentos e rituais para purificação da alma, feitos através de pessoas santificadas (padres, bispos, etc.).

Os protestantes defendem a crença de que a única autoridade a ser seguida é a Palavra de Deus, presente na Bíblia Sagrada. Desta forma, através da ação do Espírito Santo, os cristãos, ao lerem a Bíblia, têm uma maior harmonia com Deus. Por esse motivo, a partir da Reforma Protestante, a Bíblia foi traduzida para diversas línguas e distribuída sem restrições para as pessoas.

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O Protestantismo pode ser subdividido em ramos, como o Luteranismo, calvinismo, Anglicanismo, etc. Atualmente, costuma-se classificar as igrejas protestantes em pentecostais e neopentecostais.

No Brasil, o Protestantismo foi trazido pelos holandeses entre os anos de 1624 e 1625, tendo sido propagado principalmente entre os índios. Pesquisas recentes mostram o crescimento do protestantismo no Brasil: em 1970, o Censo do IBGE registrava cerca de 4,8 milhões de evangélicos; em 1980, 7,9 milhões; em 1991, 13,7 milhões; em 2000, 26,1 milhões. Segundo o IBGE, se esse crescimento se mantiver estável ao longo dos anos, no ano de 2020, metade da população brasileira será evangélica.

Sabe-se que existe atualmente cerca de 593 milhões de protestantes no mundo. O país mais protestante do mundo é os Estados Unidos da América, com quase 163 milhões de protestantes.

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CAPÍTULO XXXVI

ESPIRITISMO (DOUTRINA ESPÍRITA)

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O Espiritismo (ou Doutrina Espírita, Kardecismo) não se considera uma religião organizada dentro de uma estrutura clerical. Neste sentido, o Espiritismo é profundamente distinto das religiões tradicionais. Não possui sacerdotes ou pessoas investidas de autoridade especial. Não possui templos suntuosos. Não adota cerimônias de qualquer espécie, tais com batismo, crisma, casamentos, etc.

Ao contrário da Umbanda, não tem rituais, velas e nem vestes especiais. Não utiliza qualquer forma de simbologia. Não adota ornamentação para cultos, nem gestos de reverência, nem sinais cabalísticos, nem benzimentos, nem talismãs, nem defumadores ou cânticos cerimoniosos (ladainhas, danças ritualísticas, etc). Também não adota bebidas ou oferendas de qualquer espécie.

O culto espírita é feito no próprio coração. É o culto do sentimento puro, do amor ao semelhante e do trabalho constante em favor do próximo. A Doutrina Espírita concebe que somente a prática das boas ações e do pensamento equilibrado nos liga a Deus.

Para o Espiritismo, Deus é a essência transcendente que permeia todo o universo. É a lei maior, a qual estão subordinadas as leis da natureza.

A Doutrina Espírita foi revelada pelos espíritos superiores através de médiuns e organizada (codificada) pelo pedagogo francês chamado Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido como Allan Kardec, em 1857. Surgiu, pois, na França, há mais de um século.

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A Doutrina Espírita não deve ser confundida com seitas, religiões ou ritos afro-brasileiros, que são mais antigos e de origem completamente distinta.

O Espiritismo não é apenas uma religião, mas uma doutrina com aspecto científico e filosófico e de consequências religiosas ético-morais.

O Espiritismo, como ciência, estuda e pesquisa, à luz da razão e dentro de critérios científicos, os fenômenos mediúnicos; isto é, fenômenos provocados pelos espíritos e que são considerados fatos naturais.

A Doutrina Espírita não aceita o sobrenatural. Todos os fenômenos, até mesmo os mais estranhos, têm uma explicação científica. A Doutrina Espírita não acredita em milagres. Os fatos existem e são explicáveis pelo conhecimento das leis naturais do mundo físico e do mundo extrafísico ou espiritual.

O Espiritismo, como filosofia, procura, a partir dos fenômenos mediúnicos, dar uma interpretação da vida, respondendo questões como: “de onde viemos?”, “quem somos?”, “para onde vamos?”. Os grandes porquês ou questões fundamentais da vida são objeto de estudo da Doutrina Espírita.

Toda doutrina que fornece uma interpretação da vida, uma concepção própria do mundo, é considerada uma filosofia.

O Espiritismo, como religião, propões a transformação moral do homem, retomando os ensinamentos de Jesus Cristo para que sejam aplicados na vida prática de cada pessoa. Procura reviver o Cristianismo Primitivo, na mais pura e verdadeira expressão de amor e caridade.

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O Espiritismo, para os seus adeptos, é o consolador prometido por Jesus. Portanto, todo espírita é cristão.

No Evangelho de João, capítulo XIV, versículos 15, 17 e 26, lê-se:

“Se vós me amis, guardais meus mandamentos; e eu pedirei ao meu Pai, e ele vos enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco. O Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, porque não O vê e não O conhece. Mas, quanto a vós, O conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará, em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará relembrar de tudo aquilo que eu vos tenha dito.” (Jesus)

A plêiade de espíritos que se comunicou, via

mediúnica, à época de Kardec, identificou-se como “O Consolador Prometido,” não em termos de sua individualidade, mas no sentido do conteúdo transmitido que passou a constituir-se a base inicial da Doutrina Espírita. Formou-se assim, o alicerce sobre o qual se edificou todo o acervo de centenas de obras que trazem as informações científicas, filosóficas e religiosas que compõem a Doutrina Espírita.

Apesar de muitas religiões fazerem referências aos anjos que se comunicam, fazem-se aparecer, orientam e protegem as criaturas, somente o Espiritismo dedica um intenso intercâmbio cultural com os espíritos. Os espíritos nada mais são que seres humanos desencarnados. Eles

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são de todos os níveis culturais, intelectuais e morais. Agrupam-se por afinidade de gostos e sentimentos, nas dimensões espirituais.

Como o pensamento e o sentimento são energias que se propagam, possuem uma frequência vibratória que determina a sintonia com outras energias do mesmo nível. Assim se constituem as comunidades no plano espiritual. Da mesma forma, como a telepatia é o intercâmbio entre energias mentais, a mediunidade é a propriedade que permite a captação destas energias de outras dimensões, através de diferentes técnicas. Como por exemplo: a psicofonia é a mediunidade através da fala; a psicografia, a mediunidade através da escrita; a xenoglossia, a mediunidade onde a comunicação se faz em língua estrangeira, e assim por diante.

Há uma vasta classificação de tipos de mediunidade e mais de 600 livros que abordam o assunto, com todos os detalhes técnicos, práticos, etc.

A seguir, um quadro sinóptico das diferentes espécies de médiuns. Podem dividir-se os médiuns em duas categorias: Médiuns de efeitos físicos e Médiuns de efeitos intelectuais Médiuns de efeitos físicos – Os que têm o poder de provocar efeitos materiais, ou manifestações ostensivas. Médiuns de efeitos intelectuais – Os que são mais aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes.

Todas as outras espécies se prendem mais ou menos diretamente a uma ou outra dessas duas

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categorias; algumas participam de ambas. Se analisarmos os diferentes fenômenos produzidos sob a influência mediúnica, veremos que, em todos, há um efeito físico e que aos efeitos físicos se alia quase sempre um efeito inteligente. Difícil é muitas vezes determinar o limite entre os dois; mas isso nenhuma consequência apresenta.

Sob a denominação de médiuns de efeitos intelectuais, abrangem-se os que podem, mais particularmente, servir de intermediários paras as comunicações regulares e fluentes. Médiuns sensitivos

Pessoas suscetíveis de sentir a presença dos espíritos, por uma impressão geral ou local, vaga ou material. A maioria dessas pessoas distingue os espíritos bons dos maus, pela natureza da impressão. Médiuns naturais ou inconscientes

São os que produzem espontaneamente os fenômenos, sem a intervenção da própria vontade e, as mais das vezes, à sua revelia. Médiuns facultativos ou voluntários

São os que têm o poder de provocar os fenômenos por ato da própria vontade.

Qualquer que seja essa vontade, eles nada podem, se os espíritos se recusam; o que prova a intervenção de uma força estranha.

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VARIEDADES ESPECIAIS PARA OS MÉDIUNS DE EFEITOS FÍSICOS Médiuns tiptólogos

Aqueles pela influência dos quais se produzem os ruídos, as pancadas. Variedade muito comum, com ou sem intervenção da vontade. Médiuns motores

Os que produzem o movimento dos corpos inertes. Médiuns de translações e de suspensões

Os que produzem a translação aérea e a suspensão dos corpos inertes no espaço, sem ponto de apoio. Entre eles há os que podem elevar-se a si mesmos. Médiuns de efeitos musicais

Provocam a execução de composições, em certos instrumentos de música, sem contato com eles. Médiuns de aparições

Os que podem provocar aparições fluídicas e tangíveis, visíveis para os assistentes. Médiuns de transporte

Os que podem servir de auxiliares aos espíritos para o transporte de objetos materiais. Médiuns noturnos

Os que só na obscuridade obtêm certos efeitos físicos.

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Médiuns peneumatógrafos

Os que obtêm a escrita direta. A pneumatografia é a escrita produzida diretamente pelo espírito, sem intermediário algum. Essa faculdade mediúnica difere da psicografia, por ser esta a transmissão do pensamento do espírito, mediante a escrita feita com a mão do médium. Médiuns curadores Os que têm o poder de curar ou de aliviar o doente, pela só imposição das mãos, ou pela prece.

Essa faculdade não é essencialmente mediúnica; possuem-na todos os verdadeiros crentes, sejam médiuns ou não. As mais das vezes, é apenas uma exaltação do poder magnético, fortalecido, se necessário, pelo concurso de espíritos. Médiuns excitadores

Pessoas que têm o poder de, por sua influência, desenvolver nas outras a faculdade de escrever.

MÉDIUNS ESPECIAIS PARA EFEITOS INTELECTUAIS. APTIDÕES DIVERSAS Médiuns audientes

Os que ouvem os espíritos. Médiuns falantes

Os que falam sob a influência dos espíritos. Médiuns videntes

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Os que, em estado de vigília, vêem os espíritos. A visão acidental e fortuita de um espírito, numa circunstância especial, é muito frequente; mas, a visão habitual, ou facultativa dos espíritos, sem distinção, é excepcional. Médiuns inspirados

São aqueles a quem, sem ter consciência, os espíritos sugerem idéias, quer relativas aos atos ordinários da vida, quer em relação aos grandes trabalhos de inteligência. Médiuns de pressentimentos

Pessoas que, em dadas circunstâncias, têm uma intuição vaga de coisas vulgares que ocorrerão no futuro. Médiuns proféticos

Variedade dos médiuns inspirados, ou de pressentimentos. Recebem, permitindo-o Deus, com mais precisão do que os médiuns de pressentimentos, a revelação de futuras coisas de interesse geral e são incumbidos de dá-las a conhecer aos homens, para instrução destes. Médiuns sonâmbulos

Os que, em estado de sonambulismo, são assistidos por espíritos. Médiuns extáticos

Os que, em estado de êxtase, recebem revelações da parte dos espíritos.

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Médiuns pintores ou desenhistas Os que pintam ou desenham sob a influência dos

espíritos. Médiuns músicos

Os que executam, compõem, ou escrevem músicas, sob a influência dos espíritos. Há médiuns músicos, mecânicos, semi-mecânicos, intuitivos e inspirados; como há os para as comunicações literárias.

Variedade de médiuns escreventes Médiuns escreventes ou psicógrafos

Os que têm a faculdade de escrever por si mesmos sob a influência dos espíritos. Médiuns escreventes mecânicos

Aqueles cuja mão recebe um impulso involuntário e que nenhuma consciência têm do que escrevem. Médiuns semimecânicos

Aqueles cuja mão se move involuntariamente, mas que têm, instantaneamente, consciência das palavras ou das frases, à medida que escrevem. Médiuns intuitivos

Aqueles com os espíritos se comunicam pelo pensamento e cuja mão é conduzida voluntariamente. Diferem dos médiuns inspirados em que estes últimos não precisam escrever; ao passo que o médium intuitivo escreve o pensamento que lhe é sugerido

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instantaneamente sobre um assunto determinado e provocado. Médiuns polígrafos

Aqueles cuja escrita muda com o espírito que comunica, ou aptos a reproduzir a escrita que o espírito tinha em vida. Médiuns poliglotas Os que escrevem, como médiuns, sem erem ler, nem escrever, no estado ordinário. Médiuns explícitos

As comunicações que recebem têm toda a amplitude e toda a extensão que se pode esperar de um escritor consumado. Esta aptidão resulta da expansão e da facilidade de combinação dos fluidos. Os espíritos os procuram para tratar de assuntos que comportam grandes desenvolvimentos. Médiuns maleáveis Aqueles cuja faculdade se presta mais facilmente aos diversos gêneros de comunicações e pelos quais todos os espíritos, ou quase todos, podem manifestar-se, espontaneamente, ou por evocação. Médiuns exclusivos

Aqueles pelos quais se manifesta de preferência um espírito, até com exclusão de todos os demais, o qual responde pelos outros que são chamados.

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Médiuns para evocação

Os médiuns maleáveis são naturalmente os mais próprios para este gênero de comunicação e para as questões de minúcias que se podem propor aos espíritos. Sob este aspecto, há médiuns inteiramente especiais. Médiuns para ditados espontâneos

Recebem comunicações espontâneas de espíritos que se apresentam sem ser chamados. Médiuns versejadores

Os que obtêm comunicações em verso. Médiuns positivos

Suas comunicações têm, geralmente, um cunho de nitidez e precisão, que muito se presta às minúcias circunstanciadas, aos informes exatos. Médiuns historiadores

Os que revelam aptidão especial para as explanações históricas. Esta faculdade, como todas as demais, independe dos conhecimentos do médium. Portanto, não é raro verem-se pessoas sem instrução e até crianças tratar de assuntos que lhes não estão ao alcance. Médiuns científicos

Os que se mostram especialmente aptos para comunicações relativas às ciências.

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Médiuns receitistas Têm a especialidade de servirem mais facilmente

de intérpretes aos espíritos para as prescrições médicas. Médiuns religiosos

Recebem especialmente comunicações de caráter religioso, ou que tratam de questões religiosas. Médiuns filósofos e moralistas

As comunicações que recebem têm geralmente por objeto as questões de moral e de alta filosofia.

Um dos exemplos clássicos de mediunidade no Brasil é o caso de Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier), que, sem instrução superior, psicografou mais de 400 livros, sendo alguns de alta complexidade e profundidade, no campo da ciência espírita.

A Doutrina Espírita alerta as pessoas muito crédulas contras as mistificações e contra pseudo-médiuns, que comercializam a mediunidade ou mesmo iludem o público com falsas informações. É importante se considerar que, para o Espiritismo, o fato de uma pessoa ser médium e intercambiar com os espíritos, não significa que seja espírita; o que requer uma postura ética específica.

O fenômeno da mediunidade viceja em todos os meios e em todas as religiões, embora a interpretação ou mesmo a aceitação do fenômeno seja diferente.

A Doutrina Espírita promove e estimula a formação de grupos de estudo e educação da mediunidade, formando médiuns aptos para a execução de suas tarefas.

O Espiritismo considera que a fé sem raciocínio leva a uma crença cega, crendice ou superstição.

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Frase de Allan Kardec: “Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade.”

A concepção de reencarnação ensinada pela Doutrina Espírita concebe os seguintes aspectos: - Os espíritos são criados simples e ignorantes, e criam seu próprio destino conforme seu livre arbítrio; - Passando pelos diversos reinos da natureza, vai experienciando até atingir a fase humana, quando o princípio espiritual realmente se torna um espírito propriamente dito. Isto é, dotado da capacidade de optar pelas diversas trilhas que, mais longas ou mais curtas, simples ou complexas, sempre acabam levando ao caminho da evolução; - Quando a evolução de um espírito em um determinado sistema planetário do universo tiver chegado ao ápice, poderá reencarnar em outro planeta ou mundo habitado, ampliando seus horizontes culturais e morais; - São consideradas duas “asas” para se alçar o grande vôo evolutivo: a asa do conhecimento e a asa do amor. O progresso nas sucessivas encarnações não é somente intelectual, mas, sobretudo, moral; - Não nos lembramos das encarnações pretéritas devido a um processo de natural de defesa psíquica. A sabedoria das leis naturais estabelece um bloqueio às recordações das vidas anteriores, facilitando a adaptação do indivíduo às circunstâncias da vida atual.

Exemplificando: pais e filhos na vida atual, podem estar convivendo sob o mesmo teto com a finalidade principal de se reconciliarem de situações mutuamente embaraçosas ou dolorosas em vidas anteriores. Muitas

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vezes, até inimigos do passado aportam em lares comuns para desenvolverem o perdão e o amor através da figura familiar que facilita a aproximação; - Hoje, estamos corrigindo erros ou tendo oportunidade renovada de superar deficiências antigas;

Conforme os ensinamentos da Doutrina Espírita, Deus não castiga e não premia ninguém. Deus é uma lei imutável porque é perfeita. Portanto, essa lei não está sujeita a atitudes emocionais.

Existe apenas a consequência natural dos atos praticados. Somos nós mesmos os causadores dos próprios sofrimentos, pela chamada Lei da ação e reação (Lei do Karma).

Conforme a conceituação da Doutrina Espírita, não existe uma “salvação” em função de um rótulo religioso. Não adianta pertencer a esta ou aquela religião. Também não leva a qualquer consequência permanecer orando maquinalmente enquanto a miséria, a ignorância e o sofrimento desabam sobre o semelhante. Como disse Tiago: “A fé sem obras é morta.”

“Aceitar” Jesus para os adeptos do Espiritismo, não é proclamar essa aceitação; mas sim, procurar seguir os Seus ensinamentos.

Ao invés da frase: “Fora da Igreja não há salvação,” os adeptos do Espiritismo adotam: “Fora da caridade não há salvação.”

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CAPÍTULO XXXVII

A UMBANDA

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A Umbanda é uma religião fundada há mais de 100 anos, no estado do Rio de Janeiro. Brasileira, é uma religião sincrética que absorveu conceitos, posturas e preceitos cristãos, indígenas e afros, pois estas três culturas religiosas estão na sua base teológica e são visíveis em suas práticas.

O marco inicial da Umbanda é a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas no médium Zélio Fernandino de Morais, em 1908, diferenciando-a do espiritismo e dos Cultos de Nação e Candomblé de então.

A Umbanda tem suas raízes nas religiões indígenas, africanas e cristã, mas incorporou conhecimentos religiosos universais pertencentes a muitas outras religiões. Umbanda é o sinônimo de prática religiosa e magística caritativa e não tem a cobrança pecuniária como uma de suas práticas usuais. Porém, é lícito que os médiuns e as pessoas que frequentam seus templos contribuam para a manutenção deles ou para a realização de eventos de cunho religioso ou assistencial aos mais necessitados.

Quando crianças, os arquétipos são chamados de Erês ou Ibejís.

A Umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamento de Orixás e não tem nessa prática um dos seus recursos ofertatórios às Divindades. Na Umbanda, as oferendas se caracterizam por flores, frutos, alimentos e velas como reverência às Divindades. A Fé é o mecanismo íntimo que ativa Deus (Olorum), suas Divindades e os Guias Espirituais em benefício dos médiuns e dos frequentadores dos seus templos.

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A Umbanda não é uma seita e sim uma religião, ainda meio difusa devido a seus usos e costumes variados formados livremente onde quer que ela se manifeste. A Umbanda não apressa o desenvolvimento doutrinário dos seus fiéis, pois tem no tempo e na espiritualidade dois ótimos recursos para conquistar o coração e a mente dos seus fiéis.

A mediunidade de incorporação é um de seus pilares, servindo para o desenvolvimento dos médiuns e aconselhamento dos consulentes, pessoas comuns que buscam orientação espiritual para suas vidas. A mediunidade independe da crença religiosa das pessoas, mas encontrou na Umbanda terra fértil para se manifestar livremente. Com médiuns bem preparados, assiste seus fiéis, auxilia na resolução de problemas graves ou corriqueiros, todos tratados com a mesma preocupação e dedicação espiritual e sacerdotal.

A Umbanda é uma religião espírita e espiritualista. Espírita porque está, em parte, fundamentada na manifestação dos espíritos-guias. E espiritualista porque incorporou conceitos e práticas espiritualistas (referentes ao mundo espiritual), tais como magias espirituais e religiosas, culto aos ancestrais Divinos, culto religioso aos espíritos superiores da natureza, culto aos espíritos elevados ou ascencionados e que retornam como guias-chefes, para auxiliar a evolução das pessoas que frequentam os Templos de Umbanda. O tempo e o auxílio espiritual desinteressado ou livre de segundas intenções tem sido os maiores atrativos dos fiéis umbandistas.

A Umbanda, por ser sincrética, não alimenta em seu seio segregacionismo religioso de nenhuma espécie e

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vê as outras religiões como legítimas representantes de Deus. E vê todas como ótimas vias evolutivas criadas por Ele para acelerarem a evolução da humanidade.

A Umbanda prega que as divindades de Deus (os Orixás) são seres Divinos dotados de faculdades e poderes superiores aos dos espíritos e tem nelas um dos seus fundamentos religiosos, recomendando o culto a elas e a prática de oferendas como uma das formas de reverenciá-las, já que são indissociadas da natureza terrestre ou Divina de tudo o que Deus criou.

A Umbanda prega a existência de um Deus único e tem nessa sua crença o seu maior fundamento religioso, ao qual não dispensa em nenhum momento nos seus cultos religiosos e, mesmo que reverencie as Divindades, os espíritos da natureza e os espíritos ascencionados (os guias-chefes), não os dissocia d’Ele, o nosso Pai Maior e nosso Divino Criador.

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CAPÍTULO XXXVIII

O CANDOMBLÉ

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O Candomblé é uma religião africana trazida para o Brasil no período em que os negros desembarcaram para serem escravos. Nesse período, a Igreja Católica proibia o ritual africano e ainda tinha o apoio do governo que julgava o ato como criminoso, por isso os escravos cultuavam seus Orixás, Inquices e Vodus omitindo-os em santos católicos.

Os orixás para o Candomblé são os deuses supremos. Possuem personalidade e habilidades distintas bem como preferências ritualísticas. Estes também escolhem as pessoas que utilizam para incorporar no ato do nascimento podendo compartilhá-lo com outro orixá caso necessário.

Os rituais do Candomblé são realizados em templos chamados casas, roças ou terreiros que podem ser de linhagem matriarcal quando somente as mulheres podem assumir a liderança, patriarcal quando somente homens podem assumir a liderança ou mista quando homens e mulheres podem assumir a liderança do terreiro. A celebração do ritual é feita pelo pai-de-santo ou mãe-de-santo, que inicia o despacho do Exu. Em ritmo de dança o tambor é tocado e os filhos-de-santo começam a invocar seus orixás para que os incorporem. O ritual tem no mínimo duas horas de duração.

O Candomblé não pode ser igualado à Umbanda, pois são diferentes. No Candomblé, não há incorporação de espíritos já que os orixás que são incorporados são divindades da natureza enquanto na Umbanda as incorporações são feitas através de espíritos encarnados ou desencarnados em médiuns de incorporação. Existem

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pessoas que praticam o Candomblé e a umbanda, mas o fazem em dias, horários e locais diferentes.

A ORIGEM DOS TERREIROS DE CANDOMBLÉ

O fim da escravidão contribuiu para que o Candomblé se desenvolvesse enquanto prática religiosa.

Desde os tempos coloniais, observamos que várias manifestações religiosas de origem africana se consolidaram em terras brasileiras. O batucajé, o calundu e o batuque são apenas alguns dos nomes que designavam as manifestações religiosas trazidas pelos negros e realizadas em diversas senzalas espalhadas pelas grandes fazendas do território. De forma muito diversa, a religiosidade africana se manifestava em cantos, danças, instrumentos percussivos, curas, magias e adivinhações.

Segundo a indicação de alguns pesquisadores, o desenvolvimento dos terreiros de Candomblé passou a se manifestar a partir do século XVIII. Nessa época, o crescimento dos centros urbanos se tornava um ambiente propício para que vários negros se reunissem e organizassem experiências religiosas mais estáveis e regulares. Foi nesse contexto que o Candomblé deu seus primeiros passos rumo à consolidação de uma experiência religiosa identificável.

A relação do Candomblé com a cidade pode ser explicada através da situação dos escravos que ali viviam. Nos centros urbanos havia negros alforriados, escravos de ganho e domésticos que circulavam com maior frequência e, dessa forma, estreitavam seus laços com maior

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facilidade. Em contrapartida, as condições de trabalho mais rígidas e a própria dificuldade de locomoção determinavam maiores empecilhos para que algo semelhante ocorresse no meio rural.

Já no século XIX, era possível pontuar a existência de alguns sobrados antigos e casarões coletivos em que negros livres organizavam pontos de encontro para a realização de seus cultos. Apesar da existência da repressão imposta pelas autoridades oficiais, o Candomblé dava seus primeiros passos formativos. No ano de 1889, a proclamação da República, precedida pela Abolição da Escravatura, também contribuiu para que as crenças afro-brasileiras expandissem.

Nesta conjuntura inédita, os terreiros de Candomblé foram sendo criados e dando forma aos rituais e crenças de o definiriam. Mais do que isso, também funcionaram como meio de confraternização e socialização de vários negros que saiam do meio rural visando outras oportunidades de emprego. Com isso, os terreiros também serviam como lugar de lazer, solidariedade e manutenção de uma memória coletiva que se mostrou essencial no surgimento desta rica prática religiosa.

OS RITOS DO CANDOMBLÉ

Os rituais do Candomblé são diferenciados por suas origens e influências.

Do ponto de vista histórico, a organização do Candomblé no Brasil está visivelmente aproximada com o processo histórico que resultou no espalhamento dos negros pelo território. Ao longo dos séculos, a

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predominância e as experiências de diferentes agrupamentos negros pelo país resultaram na formulação múltipla das religiões de influência africana.

Paulatinamente, pela observância das diferenças na forma do culto e na natureza das divindades adotadas, o Candomblé brasileiro foi sendo subdividido em diferentes nações. A definição de uma nação acontece pela interação desenvolvida entre as diferentes experiências religiosas trazidas da África. Nesse âmbito, a predominância das influências sudanesas ou ioruba é um dos mais importantes referenciais no reconhecimento de nações distintas.

Os ritos nagôs – que incluem, entre outras, as nações ketu, ijexá, nagô egbá e xambá – valorizam o legado proveniente das religiões do Sudão. Segundo os seus praticantes, o ritual nagô estaria dotado de uma maior “pureza” e “originalidade” que as outras nações que aceitam a presença de santos católicos. As nações pertencentes a este rito cultuam os voduns, orixás, caboclos e erês. Além disso, utilizam de atabaques tocados com aguidavis e geralmente entoam canções em dialeto africano.

As nações ligadas ao rito angola ou Candomblé de angola são influenciadas pelos elementos ritualísticos das religiões bantas. Em seus terreiros, os atabaques são executados com as mãos e os cantos são marcados por um amplo leque de expressões em português. Aberto às experiências religiosas cristãs e indígenas, esse tipo de ritual aparece com grande ênfase em diferentes regiões do Brasil. No Rio de Janeiro ficou conhecido como

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macumba e na Bahia sob o nome de Candomblé de caboclo.

A pureza ou fidelidade junto às matrizes africanas determinam uma disputa de legitimidade que encobre o desenvolvimento histórico das nações do Candomblé. Nenhuma prova documental, até hoje, sugeriu que as religiões trazidas da África tenham sido fielmente preservadas pelos escravos deslocados até o Brasil. O que de fato se observa, é que várias pessoas de ascendência não africana participaram da estruturação e do desenvolvimento do Candomblé.

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CAPÍTULO XXXIX

WICCA

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Também conhecida por Religião da Deusa e Antiga Religião, a Wicca é uma filosofia de origem pré-cristã baseada no princípio de criação feminino, nos ciclos da natureza, como as fases lunares e as quatro estações, revivendo o culto à Grande Deusa e aos Deuses Antigos. Também inclui várias modalidades de magia e rituais que buscam a harmonização pessoal.

Para seus adeptos, a Wicca é considerada uma religião. Devido à popularidade que atingiu nos últimos anos, várias hipóteses são criadas; desde sua origem até a forma como é praticada atualmente. Portanto, as definições são amplamente maleáveis e a Wicca torna-se um tema relativamente incerto.

O termo Wicca possui provavelmente duas origens. A primeira está ligada a palavra saxônica Witch, que significa dobrar, moldar ou girar. A segunda origem é relativa à raiz germânica da palavra Wit, que significa saber ou sabedoria. Portanto, deduz-se que Wicca pode significar moldar a sabedoria. É neste conceito que reside sua essência: moldar (adaptar e utilizar) o conhecimento universal em próprio benefício, sem prejudicar a ninguém. Porém, a palavra ainda carrega uma conotação negativa e errônea, sendo associada ao satanismo, magia destrutiva e cultos ou seitas opositoras ao Cristianismo de um modo geral.

A WICCA E OS CELTAS

O conceito de Magia Wicca que se conhece atualmente surgiu com os Celtas no período neolítico; nas regiões da Irlanda, Inglaterra e País de Gales, atingindo

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posteriormente a Itália e a França. Os Celtas surgiram por volta de dois mil anos antes de Cristo e provavelmente tiveram origem entre os povos indo-europeus da Ásia. Apesar do povo celta ter se espalhado por terras tão distantes, seus costumes não se fragmentaram. Pois o idioma, a arte e a religião sedimentavam a base cultural.

A raiz filosófica-espiritual dos celtas era baseada no Druidismo, uma religião politeísta que reverenciava duas divindades principais: a Deusa Mãe (chamada de Ceridwen), que representa a criação e a fecundação onde todo o universo se originou; e seu filho, o Deus Cornífero (chamado de Cernunos), o pólo masculino que representa a fertilização. A única forma de alcançar as divindades era mantendo uma estreita relação com a natureza. Até mesmo o calendário era orientado através da natureza. Os celtas realizavam festivais ritualísticos celebrando suas divindades, praticavam a agricultura e a cura através das ervas.

Na organização social Celta, os Druidas eram os sacerdotes, guardiões das tradições, cultura e teologia. A classe sacerdotal era dividida entre homens e mulheres. Mas a cultura era essencialmente matriarcal. A iniciação nos mistérios druídicos durava em média 20 anos e os ensinamentos eram transmitidos oralmente, pois temiam que a palavra escrita pudesse se tornar veículo de Magia incontrolável. Ao se espalhar pela Europa, os celtas levaram suas crenças nativas que se combinaram ao conjunto de crendices local, dando origem ao conceito primitivo da Wicca.

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PAGÃOS & CRISTÃOS Paganismo é o termo usado para definir as religiões

oriundas do período pré-cristão. Assim, as práticas pagãs se desenvolveram durante séculos. Até que em 330 d.C. o Cristianismo passou a ser imposto aos povos de todo o mundo. As práticas pagãs foram consideradas heréticas e toda a religiosidade pré-cristã, bem como seus adeptos, tornaram-se alvos da intolerância católica.

A Igreja deturpou a real significação da crença pagã e a propagou como um culto demoníaco. Por exemplo, a imagem do demônio comum entre os cristãos, é um homem com chifres e patas de bode; muito semelhante à imagem do Deus Cornífero. Este é um forte indício de que a Igreja católica transformou a imagem de divindades anteriores ao cristianismo em símbolos maléficos. Assim, o sentido original assumiu um caráter negativista e destrutivo. Infelizmente, esta conotação se fortaleceu ao longo do tempo, e tudo que estivesse relacionado à bruxaria e Wicca, era visto como uma forma de anticristianismo. Este conceito errôneo foi se diluindo recentemente, à medida que estudos sérios e imparciais sobre as culturas pré-cristãs foram sendo divulgados.

Nesse período, certa de cinco milhões de mulheres foram queimadas, acusadas de bruxaria. Com isso a Igreja conseguiu conter o crescente poder que a imagem feminina estava adquirindo ao longo dos séculos, diante da chamada Deusa. Por conseqüência disso, foi gerada essa nossa sociedade masculinizada em quase todos os segmentos. Isso só veio a se alterar nos últimos anos, mesmo assim muito lentamente.

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Wicca no Século XX Um dos primeiros registros da utilização da palavra

Wicca no século XX, ocorreu em 1921 quando foi publicado o livro The Witch Cult in Western Europe, da antropóloga Margaret Murray. Nesta obra, a autora relata os cultos pagãos do período pré-cristão que ainda eram cultivados em diversas partes da Europa. Em 1948, Robert Grave publicou The White Goddess. Após três anos, quando a última lei contra as práticas pagãs foi revogada, Gerald Gardner publicou o famoso Witchcraft Today. A consolidação da literatura wiccaniana ocorreu em 1979, com a publicação de Spiral Dance (com o título em português A Dança Cósmica das Feiticeiras) da autora Starhawk. Esta obra se tornou o livro sobre Wicca mais lido em todo o mundo. A partir daí, houve uma explosão de livros e artigos relacionados às práticas e crenças pagãs. Assim, a Wicca ganhou notoriedade na sociedade moderna ocidental, e ficou evidente que a bruxaria havia sido a crença religiosa predominante entre os antigos europeus; havia resistido à supressão e sobrevivido aos tempos modernos.

Atualmente, acredita-se que exista em torno de 12 milhões de neo-pagãos espalhados por todo o mundo. Sendo 250 mil nos Estados Unidos. Uma parte da população da Islândia é adepta do Asatru; uma variação da Wicca. Vários grupos se organizam e compõem um forte elo de divulgação por diversas partes do planeta. Assim, em todo mundo renasce a crença na Deusa e na Antiga Religião.

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CAPÍTULO XL

A ORDEM ROSA-CRUZ

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Com referência à Ordem Rosa-Cruz, encontramos na Enciclopédia Britânica a conceituação de que seus ensinamentos parecem associar informações do Hermetismo egípcio, do Gnosticismo cristão, da Cabala judaica, da alquimia e de outras crenças alicerçadas no Ocultismo.

O documento historicamente mais antigo que faz alusão à Ordem Rosa-Cruz aparece no princípio do século XXVII. Esse documento, Fama Fraternitatis, fala da viagem de Cristian Rosenkreuz, tido como iniciador da Ordem, à Síria, Arábia, Egito e Marrocos; lugares onde ele teria adquirido conhecimentos ocultos. Rosenkreuz, tendo retornado à Alemanha, decidiu fundar o movimento Rosa-Cruz. A sociedade permaneceu secreta por 100 anos.

Há uma corrente que prefere considerar o movimento como o renascimento da Ordem existente há milênios atrás, no Egito.

Em 1915, nos Estados Unidos, houve um incremento das atividades da Ancient Mystical Order Rose-Cross (AMORC), equivalente à antiga Ordem Mística Rosa-Cruz.

No livro, “O conceito Rosa-Cruz do Cosmos,” lê-se a frase: “O propósito da vida não é a felicidade, e sim, a experiência.” Para o autor desta obra, Max Heindel, a experiência é “o conhecimento das causas que produzem os atos.”

Para a filosofia Rosa-Cruz, o homem se encontra na vida como numa escola, a escola da experiência. Necessita à vida retornar, por diversas vezes, antes que possa conhecer e dominar todo o mundo dos sentidos.

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Não existe apenas uma vida terrestre, por mais enriquecedora que tenha sido em aprendizado que possa proporcionar todo esse conhecimento; e, por isso, a natureza determina que o homem deve retornar à Terra, depois de intervalos de descanso, para prosseguir em seu trabalho, do ponto em que o interrompeu; assim como uma criança segue em seu estudo a cada dia escolar, depois de uma noite de sono.

Fica claro, portanto, um conceito de reencarnação bastante nítido e diretamente vinculado à evolução, na concepção da Ordem Rosa-Cruz.

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CAPÍTULO XLI

A ORDEM DOS TEMPLÁRIOS

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Em 2012 assinala-se a passagem de 700 anos sobre uma data relevante do processo de extinção da célebre Ordem dos Templários ou da Ordem do Templo, cuja natureza e ação têm motivado a produção de um mar imenso de literatura de ficção e de cinema. Este interesse tem contribuído mais para mitificar os Templários do que para esclarecer, de forma distanciada e desapaixonada, o papel histórico desta Ordem Militar.

O Ordem Militar do Templo, fundada em França, na região de Champagne, no ano de 1120 no contexto da realização do Concílio de Naplus, é uma das mais conhecidas ordens militares da Europa Cristã medieval criada para proteger os movimentos de peregrinação aos Lugares Santos do Cristianismo no médio oriente sob ascendência crescente do poderio de confissão islâmica. As ordens militares nasceram no coração da Idade Média como uma versão especializada da experiência monástica cristã institucionalizada sob a nomenclatura institucional denominada de “Ordens”, cuja Proto-Ordem europeia mais famosa e mãe de todas as ordens ocidentais foi a Ordem de São Bento.

Os Templários nasceram primeiro na dependência dos Cónegos do Santo Sepulcro, vindo rapidamente a autonomizar-se com a liderança do seu primeiro Grão Mestre, Huges de Payns.

Os Templários, Freires de Cristo ou Freires do Templo de Salomão como também eram designados, associaram à sua consagração religiosa pela profissão dos conselhos evangélicos de Pobreza, Castidade e Obediência, o compromisso de entregar a sua vida em favor da proteção dos peregrinos e da defesa da

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Cristandade contra a ameaça do poder islâmico que afrontava os cristãos. A Ordem do Templo, ao lado de outras ordens militares como a de Santiago, a de Calatrava, a do Hospital e a de Avis, cooperava com os exércitos dos reis e senhores cristãos nas cruzadas contra o chamado “Infiel” tanto no Médio Oriente e como na Península Ibérica, procurando reconquistar os territórios de antigo domínio cristão, entretanto conquistados pelos muçulmanos.

Estas ordens militares funcionavam como uma espécie de tropa de elite bem treinada e altamente motivada, cuja participação nas batalhas decidia muitas vezes o sentido da vitória.

O serviço prestado por estas instituições aos monarcas cristãs, com especial destaque para a Ordem do Templo, foi largamente recompensado com a atribuição de bens, nomeadamente terras, castelos e outras regalias, que as tornaram poderosas e influentes. Em Portugal, além do papel fundamental desempenhado pela Ordem do Templo, ao lado das suas congéneres, na reconquista cristã e, por consequência, na formação de Portugal, teve um papel relevante no povoamento e controlo do território conquistado ao Mouro.

Devido a vicissitudes várias e a fatores que ainda hoje carecem de explicação cabal, a Ordem do Templo foi, há sete séculos, depois de quase duzentos anos de existência, submetida a um processo trágico que levou à sua extinção. Semelhanças houve com o que viria acontecer, mais tarde, com a expulsão da Companhia de Jesus de Portugal de Portugal pela mão de Pombal, e noutras monarquias europeias no século XVIII, acabando

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com a sua extinção universal em 1773 pelo papa Clemente XIV.

O processo antitemplário foi liderado pelo Rei de França, Filipe, o Belo, que conseguiu a conivência do Papa de então, Clemente V, para considerar a Ordem do Templo culpada de desvios e faltas graves. De tal modo que o monarca francês logrou, embora hoje sem sabermos com certeza se com provas justas, obter do Papa a extinção desta Ordem e até a condenação das suas mais importantes lideranças, culminando com a morte na fogueira do seu último Grão-Mestre, Jacques de Molay, em 1314. Mas o processo tinha começado em 1308 com uma bula papal enviada aos príncipes cristãos para clarificar a situação dos Templários e declarar a necessidade da sua extinção, seguida de outra bula, emitida em 1309, a ordenar a prisão dos Freires de Cristo e, finalmente, da bula Ad Providum, de março de 1312, a decretar a anexação dos significativos bens desta Ordem e a transferi-los para a posse da Ordem do Hospital.

No entanto, D. Dinis, que então presidia ao trono de Portugal, resistiu a aceitar a diretiva papal que mandava extinguir a Ordem do Templo, consciente do relevantíssimo serviço que tinha prestado e continuava a prestar na defesa e povoamento do território português. Através de uma ação diplomática bem sucedida conseguiu obter do Papa uma solução para acatar a extinção, não extinguindo de facto esta Ordem de elite, cuja dispensa não convinha à estratégia política do Reino de Portugal. A solução passou por comutar o nome. Mantiveram-se os mesmos efetivos, os mesmos bens e a estrutura organizativa, mas mudou-se o nome da Ordem. A Ordem

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passou a chamar-se Ordem de Cristo. Assim, com esta jogada de diplomacia, D. Dinis salvou os Templários que passaram a ser integrados na Ordem de Cristo; no fundo, o nome novo da Ordem do Tempo ou dos Cavaleiros de Cristo.

Sabemos hoje quão importante e decisivo foi este empenho político de D. Dinis em evitar a extinção dos Templários em Portugal. Mais tarde, a sucedânea Ordem de Cristo liderará a promoção de uma das empresas mais importantes e significativas de toda a história de Portugal: as viagens marítimas de descobrimento. Através da liderança de um dos mais famosos Grão-Mestres da Ordem de Cristo, o Infante D. Henrique, Portugal ficou na história universal como o primeiro império global da humanidade e o pioneiro da construção da globalização.

A Ordem de Cristo tutelou, no século XV, todo o processo de descobrimento de novos caminhos marítimos e de novos territórios e povos desconhecidos oficialmente, como consequência da política expansionista extraeuropéia promovida pela Dinastia de Avis fundada pelo Rei D. João I. Depois da conquista de Ceuta em 1415, o primeiro território descoberto oficialmente no Atlântico foi o Arquipélago da Madeira em 1419/20, ao qual sucedeu uma série de viagens que culminaram com a navegação de toda a costa africana, a passagem do temível Cabo das Tormentas, a chegada à índia por via marítima (1498) e a descoberta oficial do Brasil em 1500. Estas viagens permitiram estabelecer a primeira grande rede imperial moderna sob domínio português em concorrência com aquilo que empreendia Espanha. Esta concorrência foi regulamentada sob os auspícios da Santa

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Sé e consagrada no Tratado de Tordesilhas em 1494 com a divisão do mundo em duas partes, à luz da teoria do Mare Clausum, de forma a conciliar as duas monarquias cristãs no que respeitava à superintendência dos territórios descobertos e a descobrir por estas duas grandes potências europeias.

O ideal de universalização do Cristianismo teve sempre na base motivadora e legitimadora fundamental, dita pelos documentos, de todo este processo de expansão terrestre e marítima. A construção do império era acompanhada, como sabemos, pela concomitante edificação das bases da Igreja Católica nos novos mundos descobertos através da ação dos missionários de várias ordens.

A Ordem de Cristo ficou durante muitos anos com a tutela deste processo de edificação da Igreja nos novos territórios, tendo sido a Madeira erguida como primeira grande rampa de lançamento desta política expansionista. De tal modo, que em 1514 se edificou a primeira diocese bem sucedida em território ultramarino sob domínio português: a Diocese do Funchal. Esta que foi a maior diocese do mundo aquando da sua criação e durante poucas décadas, dependia da Ordem de Cristo e detinha jurisdição sobre todos os territórios descobertos e a descobrir, isto é, envolvia três continentes.

Assinalamos, pois, entre este ano de 2012 e o ano de 2014 um ciclo de acontecimentos da maior relevância para a história portuguesa e para o processo de universalização do Cristianismo, ao qual a medieval e polémica Ordem do Templo está umbilicalmente ligada.

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CAPÍTULO XLII

TEOSOFIA

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A Teosofia não se intitula uma religião, tampouco se considera uma seita, denominação inapropriada às suas características. Isto porque, não possui sacerdotes, hierarquia religiosa, ritos, cerimônias ou dogmas de qualquer espécie. Não se considera também a única possuidora da verdade.

Segundo seus adeptos, a Teosofia debate e estuda os ensinamentos dos Mahatmas, que seriam os mestres da compaixão e da sabedoria. Os seus aficionados não a designam de escola filosófica, mas sim, um reflexo da sabedoria de Deus; aliás, este é o significado etmológico da palavra teosofia, em grego.

Para os teósofos, o apóstolo Paulo foi o pioneiro na utilização não só da palavra, mas do conceito de teosofia no sentido de “sabedoria de Deus.” Assim, no capítulo II, versículo 7, da 1ª Carta aos Coríntios, lemos: “Ensinamos, porém, a sabedoria de Deus, envolta em mistério, encoberta, que, antes dos séculos foi destinada por Deus para nossa glória...”

Conforme Annie Besant, a Sociedade Teosófica tem como ideais a fraternidade, a tolerância e o conhecimento.

Em seus postulados básicos, a Teosofia também incorpora a reencarnação. O princípio da pluralidade das existências faz parte do seu contexto doutrinário desde sua fundação, no final do século XIX.

Vejamos, pelo prisma teosófico, como se operam os renascimentos:

Embora a palingênese (ou reencarnação) seja habitualmente compreendida ou estudada mais relacionada aos seres humanos, é, na realidade, um fato inerente a todos os seres vivos. A vida de uma flor, como

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o gerânio que morre, volta à “alma-grupo” da espécie. Depois, reencarna sob a forma de outro gerânio. Um canário que falece por uma doença, volta à “alma-grupo” deste gênero de ave, e, mais tarde, renasce em outro ninho novamente como um canário.

No caso do homem, ele não retorna a uma “alma-grupo” em função de já ter alcançado, pela evolução, uma consciência individual. Quando ele reencarna, possui as faculdades adquiridas em vidas anteriores, sem as ver reduzidas pela integração com grupos de outros indivíduos.

A Teosofia igualmente ensina que um espírito, uma vez tendo se individualizado e se tornando humano, não pode mais renascer em forma animal ou vegetal. Isto significa que ela não aceita a metempsicose.

Uma das mais expressivas personalidades da Teosofia foi Annie Wood Besant (1847-1933), tendo deixado diversas contribuições literárias nesta área, as quais se disseminaram principalmente no meio cultural interessado em questões espiritualistas.

O resumo filosófico da Doutrina Teosófica é encontrado na obra “O homem: de onde vem e para onde vai,” escrita Por Annie Besant em colaboração com Leadbeater.

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CAPÍTULO XLIII

PROJECIOLOGIA

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A Projeciologia considera-se um ramo, ou subcampo, ou ainda, um subdisciplina da Parapsicologia. Apesar de não ser reconhecida como tal pela maioria das correntes parapsicológicas da atualidade, esta é a conceituação apresentada pelo Dr. Valdo Vieira, médico brasileiro, criador do verbete que designou a nova ciência.

O vocábulo Projeciologia provém da junção de projectio, que em latim significa projeção, e logos, palavra grega que equivale a tratado ou estudo.

A projetabilidade, ou capacidade de projetar-se, é uma faculdade anímica (espiritual), ou condição consciencial, pela qual a consciência (espírito) se projeta para fora do corpo humano através do corpo astral (psicossoma ou corpo espiritual) ou, em nível mais aprofundado, não só para fora do corpo humano, mas, também para fora do corpo astral através do corpo mental, como no caso dos seres desencarnados (espíritos), os quais já não têm corpo físico.

A capacidade do indivíduo de projetar-se para fora do corpo físico, segundo o Dr. Valdo Vieira, não constitui dom hereditário nem privilégio exclusivo de alguém em particular, porque é inerente ao ser humano, seja homem, mulher ou criança, ou até mesmo, um espírito ser desencarnado.

Todos os seres humanos possuem latentes os rudimentos da projetabilidade. Por isso, essa condição não apresenta nenhuma conotação patológica, sendo essencialmente fisiológica ou, mais propriamente, parafisiológica.

Conforme os projeciólogos, os limites das pesquisas parapsíquicas da Projeciologia não são determinados, e o

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seu campo apresenta forçosamente amplo envolvimento com outras disciplinas. Na verdade, todas as ciências se cruzam com a Projeciologia. Consideram, também, que os cientistas de qualquer campo podem se beneficiar através das visões oferecidas pelas projeções conscientes porque estas lhes facultariam uma percepção extrafísica, ampliando os horizontes dimensionais da realidade objetiva captada pela consciência aprisionada no corpo físico.

Os expoentes da Projeciologia fazem questão de enfatizar que esta ciência nada tem a ver com crença, religião, religiosidade, filosofia, ateísmo, materialismo ou Espiritismo. Eles admitem, no entanto, que o engajamento maior na projeção consciente acaba tendo conteúdo social, político e inevitáveis consequências fisiológicas.

A chamada “Moral Cósmica ou Cosmo-ética” merece frequentes abordagens, por parte do Dr. Valdo Vieira, em seu volumoso tratado de quase 1000 páginas, “Projeciologia,” publicado em primeira edição em 1986 com distribuição gratuita pelo autor.

No que se refere aos conhecimentos sobre reencarnação, todos os livros de Projeciologia fazem menção a essa realidade universal. Vejamos algumas referências:

No capítulo 31 da obra “Projeciologia”, o autor comenta sobre “Dejaísmo Projetivo,” termo oriundo da expressão francesa Dèjá-vu, que significa: “já visto.” O autor também salienta que, além do “já visto,” há também o “já amado”, “já ouvido”, “já experimentado”, “já lido” e “já sentido”. O livro explica essas sensações como, muitas vezes, decorrentes de lembranças ou

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impressões colhidas pela consciência, além do “Dejaísmo Projetivo”, há outro tipo de Dèjá-vu: O Dejaísmo reencarnatório, que seriam fenômenos onde a consciência encarnada, no estado de vigília físico habitual, apresenta lembranças autênticas, retrocognitivas de outra encarnação, previamente vivida pela consciência. São estados de expansão consciencial em que os arquétipos, ou arquivos de vidas anteriores, vêm à superfície da mente atual.

O Dejaísmo reencarnatório pode ser desencadeado por um fato da vida atual (visão, leitura, emoção, sensação, etc), que faz ressonância com uma situação semelhante aos registros consequenciais do passado do indivíduo; como por exemplo, uma determinada pessoa, em viagem pelo exterior, ao se deparar com uma construção antiga, tem um choque emocional ao considerar “já ter visto” o local e desfilam em sua mente detalhes de uma vida anterior relacionados com a dita construção.

No capítulo 436 de “Projeciologia”, encontramos sob o título: “Projeção Consciente e Reencarnação”, as seguintes citações:

DEFINIÇÃO Reencarnação: forma de sobrevivência na qual o ego, ou consciência, retorna à vida humana envergando um corpo de carne e osso, depois de ter experimentado a morte biológica de outro corpo físico e passado um período de existência no plano extrafísico ou intermissão.

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SINONÍMIA Ancoragem espaço-tempo: consciência em série; consciência seriada; ECM (Extra Cerebral Memory): memória extracerebral; metensarcose; metensomatose; palingenesia; pluralidade das existências; pluralidade das vidas corpóreas; renascimento da personalidade;

transmigração da alma; vidas sucessivas. RAZÕES

O conhecimento, ou melhor, a aceitação da teoria da reencarnação, hoje, atinge metade da população terrestre, além de trazer implicações profundas para as criaturas; altera-lhes a filosofia geral; elimina todo o preconceito racial, os pruridos nacionalistas e chauvinismo sexual. Às vezes, torna-se uma necessidade vital o conhecimento íntimo de reencarnações anteriores, porque nestas estão às origens de problemas kármicos e a raíz de muitas doenças que afligem certas pessoas na atualidade. Daí, tendo nascido à terapia de vidas passadas, ou terapêutica reencarnacionista.

Pesquisa. Além da emergência espontânea de memórias reencarnatórias intimamente ligadas à evolução interna do ser, de pesadelos decorrentes, da regressão pré-natal hipnótica, da meditação profunda, das técnicas especiais de massagens, e outros processos, a projeção consciente constitui método de pesquisa eficaz para o acesso individual da consciência encarnada às suas existências transatas ou prévias.

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SOBREVIVÊNCIA A reencarnação evidencia a sobrevivência do ego

após a morte do corpo físico, o futuro do ser, através de rememorações de experiências passadas.

A projeção consciente evidencia a mesma sobrevivência, através de rememorações de experiências atuais. E, ambos os caso ocorrem implicação do fator tempo e a atuação dos mecanismos da memória.

As reencarnações pessoais podem ser pesquisadas pela consciência projetada através da rememoração extrafísica, às vezes induzidas por amparador, ou executada psicometricamente no plano extrafísico crosta-a-crosta. Contudo, há pessoas ansiosas para conhecer a sua vida anterior, para saber se foi uma personalidade realizadora, e porque hoje não está realizando o que deveria, numa reação de compensação parapsicológica.

Não é proposição básica de Projeciologia o estudo ou a pesquisa de vidas anteriores. E apesar disso, fica bastante evidente a aceitação da reencarnação por parte dos projeciólogos. O capítulo mencionado acima se estende por diversas páginas detalhando vários aspectos, inclusive estudos sobre impressões digitais, etc.

O mérito da edificação desta ciência deve-se, sem dúvida, ao ilustre Dr. Valdo Vieira, e a Projeciologia é capaz de oferecer equivalentes científicos para muitos conceitos religiosos tradicionais, especialmente no que se refere ao modo de comunicação consciencial. A prece e a evocação, por exemplo, que dependem da telepatia, podem ter seus resultados confirmados pela consciência

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projetada do corpo físico. A vidência pode ser vivenciada e sentida fora do corpo físico, e as colônias espirituais podem ser visitadas pela consciência projetada.

Os adeptos da Projeciologia consideram que não só a fé cega, mas até fé raciocinada poderá ser substituída pelo conhecimento pessoal direto, em definitivo, da consciência projetada extrafisicamente.

Apesar dos indiscutíveis méritos da Projeciologia, convém salientar que os mesmos fenômenos já foram estudados por autores do século XIX.

A bilocação física ou bicorporiedade, termos utilizados pela literatura Espírita, traduzem exatamente o mesmo fato. Os estudos feitos na França por Allan Kardec (1804 – 1869), com designação de “emancipação da alma”, embora com terminologia diferente, apresentam o mesmo conteúdo fenomênico da Projeciologia.

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CAPÍTULO XLIV

SEICHO-NO-IÊ

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A Seicho-No-Iê pode também ser considerada uma

filosofia de vida. O significado do termo, traduzido da língua japonesa, equivale a “casa da plenitude.”1

As enciclopédias definem Seicho-No-Iê como uma religião japonesa, fundada por Masaharu Tanigushi, que se caracteriza principalmente por ser um movimento filosófico-cultural. Seja como for, passou a adquirir personalidade jurídica como religião em 1945.

Há na essência doutrinária da Seicho-No-Iê elementos do Budismo, Cristianismo, e da Psicologia moderna.

Sua doutrina ressalta a supremacia do espírito sobre a matéria. Pelo espírito deve o homem viver, contemplar e transformar o mundo. Para os estudiosos desta filosofia, há um Deus-Pai, comunicável, amoroso e poderoso.

A cura das doenças é outro ponto doutrinário, já que as mesmas são consideradas consequências dos erros do pensamento humano.

A cura pode ser obtida pela meditação, instrução e reformulação do pensamento.

O culto aos ancestrais também assume significativa importância no contesto da religião.

Apesar de só existir oficialmente há aproximadamente meio século, é, no Japão, a religião que mais tem atraído intelectuais. Já em 1978, eram 2 milhões de frequentadores em terras nipônicas. E, no Brasil, não se restringe apenas aos descendentes japoneses; 1 Tem seu culto, sua “bíblia” (Seimei no Jisso) e sua mensagem trinária.

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contando com expressiva receptividade em diversas camadas sociais e até ma elite cultural.

Define-se, também, como Movimento de Libertação da Humanidade da Seicho-No-Iê, ou filosofia de vida e movimento de conciliação universal.

O Dr. Tanigushi é autor de numerosos livros e tem efetuado viagens através do mundo para expor os princípios de sua filosofia. Sua obra mais difundida é a “Sutra Sagrada (Kanro No Hoou),” estando à mesma acrescida de cânticos e palavras de meditação para recuperar a saúde.

Assim se define um dos princípios básicos da Seicho-No-Iê:

“A morte do corpo não pode significar a morte do homem. Ele apenas muda de nível, perdendo sua condição carnal, e passa a viver numa dimensão espiritual. Depois de determinado período nesse plano espiritual, ele retorna ao mundo terreno, para realizar, numa segunda condição corporal, o que deixou de realizar na primeira. E essas passagens sucessivas pelo universo terreno vão permitindo atingir um estado de perfeição que dispensará o regresso a um corpo material, porque então, já estará plenamente realizado na esfera puramente espiritual.”

Fica, pois, nitidamente caracterizada a posição

espiritualista-evolucionista da filosofia Seicho-No-Iê, bem como o enfoque reencarnacionista como um dos pontos básicos desta moderna religião de origem japonesa, que

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vem conquistando, pelas suas mensagens, cada vez mais adeptos entre a classe mais intelectualizada, tanto ocidental como oriental.

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CAPÍTULO XLV

PSICANÁLISE

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A Psicanálise é um método de investigação psicológica do procedimento humano individual e uma orientação terapêutica-psicoterápica que se propõe a corrigir os desajustes emocionais causadores das neuroses.

Sigmund Freud, médico austríaco, natural de Viena, foi quem desenvolveu tanto o método de investigação como os pilares que sustentam a orientação terapêutica da Psicanálise.

Psiquiatra e Neurologista, Professor de Neurologia na Universidade de Viena, Freud iniciou seus trabalhos utilizando hipnotismo; mas abandonou esta técnica para tentar a sugestão. Foi a partir deste ponto que, celeremente, ele aprofundou-se em suas teorias, que culminaram nos métodos conhecidos como Psicanálise.

Seus conceitos, principalmente no tocante à interpretação dos sonhos ou à atribuição de quase todos os casos de neurose às repressões de desejos sexuais, provocaram grande impacto e controvérsia no meio científico da época.

Sigmund Freud, nascido em 1856, desde a última década do século XIX utilizou o método clínico para o estudo da personalidade humana. Embora Freud fosse quem tivesse desenvolvido o que hoje consideramos Psicanálise, a idéia original não foi sua. Essa surgiu na história, na mente de um médico, também vienense, Josef Breuer. Foi Dr. Breuer que comunicou ao ainda jovem Freud as suas idéias sobre o fenômeno histérico da conversão, em que um episódio vivido conflitivamente por uma paciente havia desaparecido de sua memória consciente e se transformado em memória ou registro

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corporal. A idéia de trazer à memória consciente o episódio, e o efeito terapêutico deste fato, acabaram na descoberta de uma estrutura psíquica que passou a ser denominada de inconsciente.

Forças mentais, que representam preconceitos morais, impedem o aparecimento consciente de memórias, e assim surgem conflitos e ansiedades. Segundo Sigmund Freud, o procedimento humano tem intensa relação com os instintos sexuais, e a sua não aceitação pela moral de nossa sociedade (repressão). Esse fato seria o conflito fundamental, motivador das neuroses.

Embora não possamos considerar Sigmund Freud como adepto ao renascimento, o tema também mereceu algumas considerações por parte do eminente médico.

Na obra “Pensamentos para Tempos de Guerra e Morte”, podemos extrair o seguinte trecho:

“Essas existências subsequentes não foram, de princípio, mais que apêndices à existência que a morte levara a um fim; eram existências ensombradas, vazias de conteúdo e pouco valendo. Só mais tarde as religiões conseguiram representar esse após-vida como o mais desejável, como realmente válido. Depois disso, o estender da vida para trás, para o passado, formar a noção de existências anteriores, da transmigração das almas e da reencarnação foi apenas coisa consequente; tudo com o propósito despojar a morte do seu significado como término da vida.”

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Não estamos afirmando que no texto acima Freud esteja admitindo a reencarnação. Mas torna-se clara admissão lógica da mesma dentro do contexto da aceitação do “após-vida.”

Muitos foram os colaboradores e seguidores de Freud. Mas, Carl Gustav Jung (1875 – 1961) destacou-se sobremaneira. Jung, Psicólogo suíço, após se identificar com as bases do pensamento freudiano, passou a estudar o inconsciente e, com o passar do tempo, divergir de algumas opiniões de Freud, levando-o a separar-se do médico vienense.

Jung valorizava muito o exercício constante das virtudes humanas e chegava a afirmar que a única forma de conservarmos a civilização, ameaçada pela desumanidade e pelas forças do barbarismo, seria pelo desenvolvimento e uso eficaz das virtudes humanas.

Se Freud apenas tangenciou a questão da reencarnação e até relacionou esta teoria com a necessidade humana de encontrar uma saída lógica ou um mecanismo psicológico de não admitir o término da vida, a posição de Jung parece-nos bem mais explicitada em seus trabalhos.

Entre os modernos teóricos da personalidade, Carl Jung foi o mais bem informado sobre as psicologias orientais. Jung foi amigo íntimo do orientalista Heinrich Zimmer e foi ele próprio uma autoridade sobre a mandala, um motivo central na arte sacra do Oriente.

Jung escreveu prefácios para livros do erudito zen D. T. Suzuki (1974) e de Richard Wilhelm, tradutor do I Ching e de outros textos taoístas chineses. Jung também escreveu comentários sobre as traduções de Evans-Wentz

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do Livro Tibetano da Grande Libertação (1969) e do Livro Tibetano dos Mortos (1969), duas obras importantes no compêndio psicológico do Budismo tibetano.

Herman Hesse, amigo e vizinho de Jung, disseminou o pensamento oriental em seus romances Siddartha (1970) e Viagem ao Oriente (1971).

Jung penetrou temas estranhos à ciência positivista por sua análise abrangente das religiões orientais.

Embora ele advirta sobre os perigos de um ocidental ser engolido pelas tradições orientais, os escritos de Jung formam uma importante ponte entre as psicologias do Oriente e do Ocidente.

A obra de Carl Jung mostra que ele era de longe muito mais informado sobre psicologias orientais do que Freud. Apesar de sua familiaridade com as psicologias orientais, Jung era cético áspero dos europeus que tentavam aplica doutrinas orientais a si próprios.

Ele julgava que era fácil demais ficar fascinado pelas formas exóticas do Oriente como um meio de evitar os próprios problemas pessoais. Segue uma transcrição do texto de sua obra “Psychology and Religion,” 1968, págs. 99-101:

“As pessoas farão qualquer coisa, não importa quão absurda, para evitar enfrentar suas próprias almas. Praticarão yoga e todos os seus exercícios; observarão um estrito regime alimentar; aprenderão Teosofia de cor, ou repetirão mecanicamente textos místicos da literatura do mundo todo – tudo porque não aguentam a si

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mesmas e não têm a menor fé em que algo de útil possa jamais vir de suas próprias almas.” Jung estudo diligentemente as psicologias orientais,

espicaçando aqueles que se entregavam a elas com um interesse além do acadêmico.

Ele provavelmente também queria evitar críticas às suas próprias teorias e métodos.

A exploração de Jung pela psique humana e seu uso de mandalas, do I Ching e outros instrumentos fê-lo parecer a alguns de seus contemporâneos tão louco quanto qualquer místico oriental. Jung replicava, com certo mau humor (1968, p. 101-2):

“Não tenho o menor desejo de perturbar tais pessoas em sua perseguição despeitada, mas quando qualquer um que espera ser levado a sério é delirante o bastante para pensar que uso os métodos do yoga e as doutrinas do yoga, ou que faço meus pacientes, sempre que possível, desenharem mandalas com o propósito de levá-los ao “ponto certo” – então, eu realmente tenho de protestar e acusar essas pessoas de terem lido meus escritos com a mais horrenda desatenção.”

Outra fonte de resistência de Jung provinha de

suas próprias idéias acerca da função da religião. Para Jung, as religiões se desenvolvem como um meio para os humanos conhecerem os arquétipos – aquelas potencialidades de ação e pensamento inerentes á verdadeira estrutura da psique humana.

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As religiões orientais, achava ele, representavam o mais elevado nível de desenvolvimento que refletia a naturalidade das antigas civilizações da Ásia.

A Europa e suas fés nativas eram mais jovens, e, portanto, menos sofisticadas.

Tal como cada pessoa tem de atravessar cada etapa de desenvolvimento para atingir a plena maturidade, assim também cada raça.

Era antinatural para os europeus voltarem-se para disciplinas como o yoga; pois tais métodos refletiam uma história e experiência exclusivamente orientais.

Entretanto, Jung não rejeitava o objetivo das psicologias orientais; objetava-se simplesmente ao método delas enquanto inadequadas à mente ocidental.

Identificava o estado alterado que um yogue busca no transe (ou samadhi) como uma absorção no inconsciente coletivo, a camada mais profunda da psique e reino dos arquétipos.

Jung acreditava que seu próprio método de individuação levava ao mesmo objetivo: um afastamento para longe do ego e na direção do self.

Em seu ensaio sobre “Yoga e Ocidente”, Jung mostra seu respeito por essa psicologia oriental; ao mesmo tempo, não o endossa com um método para o Ocidente:

“Digo a quem quer que possa: estude yoga – você aprenderá muitíssima coisa com isso -, mas não tente aplicá-lo, pois nós, europeus, não somos constituídos de modo a podermos aplicar esses

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métodos corretamente, sem mais nem menos.” (1858, p. 534) Em vez de tomar emprestado do Oriente um yoga inadequado, dizia Jung, devemos encontrar nosso próprio caminho (1958, p. 483): “Ao invés de aprender de cor as técnicas espirituais do Oriente e imitá-las à maneira cristã – imitativo Christi! -, com uma atitude consequentemente forçada, seria muito conveniente descobrir se existe no inconsciente uma tendência introvertida semelhante àquela que se tornou o princípio espiritual guia do Oriente. Deveríamos assim estar numa posição em nossas próprias bases com nossos próprios métodos.”

Jung proferiu uma conferência intitulada “A

Respeito do Renascimento” na qual encontramos as seguintes citações: Metempsicose: o primeiro dos cinco aspectos de renascimento com os quais desejo atrair a atenção é a metempsicose, ou transmigração das almas. De acordo com este ponto de vista, nossa vida é prolongada no tempo, passando através de diferentes existências corpóreas. Ou, de um outro ponto de vista, é uma vida-em-sequência, interrompida por diferentes reencarnações. Não há certeza de ser ou não garantida a continuidade da personalidade. Pode haver, apenas, uma continuidade do Karma.

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Reencarnação: esse conceito de renascimento implica, necessariamente, a continuidade da personalidade. Aqui, a personalidade humana é vista como contínua e acessível à memória, de forma que, quando alguém é encarnado, ou nasce, pode, pelo menos potencialmente, recordar aquele que viveu através de existências anteriores; sendo essas vidas as deles próprio. Isto é, vidas que tinham a mesma forma-Eu da vida presente. Via de regra, a reencarnação quer dizer renascimento num corpo humano.

O renascimento não é um processo que possamos,

seja como for, observar. Não podemos medir, nem pesar, nem fotografar tal coisa. Isso fica inteiramente para além do senso de percepção. Temos de nos ver, aqui, como uma realidade puramente psíquica, que nos é transmitida indiretamente através de declarações pessoais. Um fala sobre renascimento; isso, aceitamos como suficientemente real.

Sou de opinião que a psique é o fato mais tremendo da vida humana. O simples fato de pessoas falarem sobre renascimento, e de haver um tal conceito, significa que um cabedal de experiências psíquicas, designadas com aquele termo, deve realmente existir.

O renascimento é uma afirmação que deve ser contada entre as afirmações primordiais da humanidade. Essas afirmações primordiais são baseadas naquilo que nós chamamos de arquétipos.

Deve haver acontecimentos psíquicos subjacentes nessas afirmações; assunto que à Psicologia cabe discutir,

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sem entrar em todas as suposições metafísicas e filosóficas em relação à sua importância.

Jung teve sua autobiografia publicada postumamente, tendo recebida a titulação “Memória, Sonhos e Reflexões”. Desta obra podemos destacar alguns trechos onde a referência à reencarnação é também nitidamente favorável:

“Minha vida, tal como vivi, muitas vezes pareceu-me sem princípio nem fim. Tinha a impressão de ser um fragmento histórico, um excerto do qual o texto precedente e subsequente estavam faltando. Podia bem imaginar que tinha vivido em séculos anteriores e ali deparado com questões que ainda não era capaz de resolver. E que renascera por não ter cumprido a tarefa que me fora dada. Quando eu morrer, minhas ações irão comigo; isso é o que eu imagino. Levarei comigo o que fiz. No entretempo, é importante garantir que não chegue ao fim com as mãos vazias. A significação da minha existência tem uma pergunta que me é endereçada. Ou, ao contrário, eu próprio sou uma pergunta dirigida ao mundo; e devo comunicar a minha resposta; porque, de outra maneira, fico dependente da resposta do mundo. Esta é uma tarefa de vida superpessoal, que cumpro somente com esforço e dificuldade. Minha forma de fazer a pergunta, bem como a minha resposta podem ser insatisfatórias. Sendo assim, alguém que tem o meu karma – ou eu

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próprio – tinha de renascer, a fim de dar uma resposta mais completa. Pode acontecer que eu não torne a nascer, se o mundo não precisar dessa resposta, e que não sejam outorgadas várias centenas de anos de paz, até que alguém se interesse por esses assuntos e possa, proveitosamente, realizar a tarefa, seja necessário, novamente. Imagino que por algum tempo um período de repouso deva surgir-se, até que o quinhão por mim realizado em minha existência precise ser novamente assumido. Parece-me provável que após a morte existam certas limitações, mas que as almas dos mortos irão aos poucos descobrindo onde fica os limites do seu estado de liberação. Algures, “por ali,” deve haver um determinante, uma necessidade condicionando o mundo; necessidade que procura colocar um fim no estado do após a morte. Esse determinante criativo, assim penso, deve decidir quais são as almas que devem mergulhar novamente no nascimento.”

Carl Gustav Jung tornou-se famoso pela criação do

conceito “inconsciente coletivo”, segundo o qual o ser humano é um ser coletivo. Isto é, um representante de sua espécie num determinado momento de desenvolvimento, desde os tempos ancestrais.

Jung chamou atenção para os arquétipos, que são imagens primitivas (arquiprimitivas) gravadas na mente desde a fecundação. Pertencem ao patrimônio comum da

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humanidade. Eles encontram-se em todas as mitologias e são expressão do “inconsciente coletivo.”

Os enfoques nitidamente espiritualistas, bem como as reflexões acerca das vidas sucessivas que Jung deixou para seus pósteros, lamentavelmente são pouco conhecidas e difundidas. Surpreendentemente, nos tempos atuais, muitos Psicanalistas desconhecem ou negam Carl Gustav Jung ser também reencarnacionista; o que mostra o quanto os profissionais da área da Psicanálise estão mal informados...

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CAPÍTULO XLVI

PARAPSICOLOGIA

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Assim como o universo físico vem sendo substituído pelo conceito de universo energético, a Psicologia moderna vem abrindo espaços para uma visão cada vez mais aberta ao elemento extrafísico e transcendente aos sentidos comuns do ser humano.

Na realidade, como a Psicologia está sujeita aos postulados físicos das demais disciplinas científicas, persistem, em sua maioria, as posições tradicionalmente rígidas que observam com descrédito ou reserva, o surgimento de novas correntes que investigam os fenômenos paranormais, ou mesmo admitem ser a mente um elemento extrafísico capaz de sobreviver à morte biológica.

A Parapsicologia é o processo científico de investigação dos fenômenos incomuns, que podem ser de ordem psíquica ou psicofisiológica.

A Parapsicologia não é propriamente uma ciência, conforme ponderam os seus pioneiros; pois, a mesma se considera uma ramificação ou derivação da Psicologia. Ela pretende conquistar para a Psicologia uma área de fenômenos ainda desconhecidos pela ciência.

Os mencionados fenômenos incomuns foram designados pela Parapsicologia como fenômenos paranormais, ou ainda fenômenos psi. Vejamos os que são os tais fenômenos de uma forma simplificada:

Se alguém, de olhos fechados e vendados, consegue, sob rígido controle laboratorial, ler uma página de uma obra escolhida por um grupo de cientistas, não é um fato comum, ou normal. Portanto, trata-se de um fenômeno paranormal. Assim, a telepatia, a clarividência,

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a premonição, a psicometria, psicocinésia ou movimentação de objetos pela ação da mente, são do interesse da Parapsicologia.

A Parapsicologia se fundamente na pesquisa científica de laboratório, arduamente realizada, com todos os rigores necessários do controle científico; obtendo resultados que são submetidos a tratamento matemático a fim de que possam ser corretamente aferidos. Diversamente disto, o que existe é simples empirismo, charlatanismo ou ingenuidade.

As pessoas que se interessam pela Parapsicologia precisam saber, antes de tudo, que uma disciplina científica não admite exibições do tipo teatral.

O parapsicólogo sério, ou, simplesmente, o autêntico estudante da Parapsicologia, jamais dará espetáculos em programa de televisão ou, muito menos, em salões públicos, shows de ilusionismo ou fazer qualquer tipo de demonstração pelo método de “esquina de rua.”

Como toda nova ciência, ou disciplina científica, a Parapsicologia tem sido vítima de muitos aventureiros que o leigo não logra distinguir dos investigadores ou estudiosos honestos.

Observa-se, também, que interesses pessoais ou de grupos são frequentemente infiltrados no meio científico. Isto porque, fenômenos tidos como milagres ou mistérios passam a ser objeto da ciência.

Os parapsicólogos da linha do Professor Joseph Banks Rhine, que iniciou seus estudos na Duke University, Carolina do Norte, nos Estados Unidos, encaram os fenômenos como de natureza psicológica; consideram a

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natureza extrafísica da mente e a possibilidade de sua sobrevivência após a morte e inclusive, a comunicação (ou transmissão) telepática após a morte física.

O professor Harry Price, da Universidade de Oxford, Estados Unidos, sustenta a tese que “a mente humana sobrevive à morte e tem o mesmo poder da mente do homem vivo de influenciar outras mentes do mundo material.”

O Professor Soal, da Universidade de Londres, Inglaterra, realizou com êxito experiências de “voz direta” (ou pneumatofonia), onde a voz de um comunicante espiritual é ouvida no espaço sem a presença de um médium.

Louise Rhine realizou inúmeras experiências na Duke University, Estados Unidos, as quais sugerem a participação de inteligências extra-corpóreas, conforme comentários do livro “O Novo Mundo da Mente“ de Joseph Banks Rhine, seu esposo.

Ao contrário dos pesquisadores citados, existem alguns que seguem a linha de Robert Amadou, que na França, reforça a posição católica segundo a qual os fenômenos são de ordem inferior, relacionados ao psiquismo primitivo, ou animal. Portanto, não podem provar nada a respeito da alma ou de sua sobrevivência. Muitos ministros religiosos, talvez preocupados com esta súbita incursão da ciência em “terreno alheio”, divulgam com veemência os conceitos desta linha parapsicológica.

Na Rússia, Leonid Vassíliev considera serem todos os fenômenos paranormais como meramente fisiológicos. Exemplificando: se uma sensitiva russa, colocando as mãos sobre um texto, consegue lê-lo com os olhos

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vendados, deve possuir nas terminações nervosas dos dedos, estruturas visuais desconhecidas...

O Professor J. Herculano Pires, do Instituto Paulista de Parapsicologia, publicou através da editora Edicel, um excelente livro, “Parapsicologia Hoje e Amanhã,” no qual coloca didaticamente todo o histórico e as perspectivas futuras desta nova ciência, apresentando inclusive, as diversas visões das melhores escolas de Parapsicologia.

No que diz respeito à questão das vidas sucessivas, a Parapsicologia muito tem contribuído, ao contrário do que afirmam alguns religiosos, para a comprovação da teoria da reencarnação.

Pesquisadores russos, dentre os quais destaca-se o Professor Vladimir Raikov, efetuaram experiências por sugestão hipnótica que denominaram “reencarnações sugestivas.” Nestes casos, os sensitivos se descreviam, em detalhes, vivendo em outra época, em outra cidade, com outra personalidade, mas com a mesma individualidade.

As investigações sobre reencarnação, no meio universitário tiveram, ao que parece, no Professor Dr. Hamendras Nat Banerjee, da Universidade de Jaipur, província de Rajastan, na Índia, o pioneiro que abriu novos caminhos às pesquisas subsequentes.

A partir de 1954, O Dr. H. N. Banerjee estabeleceu uma sistemática rigorosa para a documentação dos casos registrados. Vários livros, nos quais apresenta o resultado de seus trabalhos, foram editados em inglês pela própria universidade, alcançando repercussão internacional.

O número de casos que compunha o fichário de suas pesquisas já ultrapassava a 1000, em 1974.

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Uma das dificuldades naturais para a aquisição da respeitabilidade internacional ao seu trabalho esteve sempre ao fato do mesmo ser dirigido por um indiano. Como a Índia é composta por uma população de caráter iminentemente reencarnacionista, e seu povo considerado místico, no sentido pejorativo do mesmo, ocorre, automaticamente, um preconceito científico por parte de outros grupos pertencentes a diferentes etnias.

Considerando esta adversidade, Banerjee passou a tomar extrema cautela, por vezes excessiva, com relação às suas conclusões, quando havia oportunidade de definir a reencarnação como um fenômeno comprovado cientificamente.

Em função da tendência preconceituosa com relação à Índia e aos indianos, Banerjee sustentou sempre uma posição rigorosamente científica, embora chegasse a admitir ser a reencarnação a hipótese mais lógica para explicar os fenômenos pesquisados.

De autoria do Professor Dr. Ian Stevenson, o livro “Twenty Cases Sugestive of Reincarnation,” que foi traduzido para o português com o título correspondente (20 Casos Sugestivos de Reencarnação), apresenta uma investigação detalhada de duas dezenas de casos escolhidos do seu arquivo universitário que, na época, já continha 600 casos. Posteriormente, ampliou-se para mais de 2000 casos devidamente documentados.

Stevenson, assim como Banerjee, não segue o método do seu colega russo Raikov, que optou pela regressão de memória utilizando técnicas hipnóticas. Tanto o investigador norte-americano como o indiano, ao contrário de Raikov, preferem o exame dos relatos

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espontâneos de lembranças de vidas anteriores reveladas por crianças.

Conforme estes cientistas, os casos espontâneos têm a vantagem da naturalidade; enquanto o processo de regressão de memória pela hipnose é artificial e o mais criticável pelos adversários das pesquisas, os quais atribuem as informações às fantasias do inconsciente.

Stevenson desenvolveu seus trabalhos na Universidade da Virgínia, Estados Unidos, onde, além de médico, exerceu o honroso cargo de Diretor do Departamento e Psiquiatria, além de dedicar-se às pesquisas de MEC (Memória Extra Cerebral).

Apesar da seriedade das pesquisas em muitas universidades, em diversos países, inclusive no Brasil, o desinteresse dos meios universitários e das instituições científicas em muitos centros, pela Parapsicologia, deixou-nos sujeitos à invasão da charlatanice. Assim ocorre em todos os ramos da ciência: se os canteiros estão aptos para receber as sementes, mas não se semear flores, o mato e as ervas daninhas tomam conta do local.

As características do povo brasileiro parecem favorecer a maior incidência de fenômenos.

É provável que o número de paranormais no Brasil seja superior a de outro país qualquer. Muitos paranormais se transformam em charlatões porque não recebem amparo e nem orientação das organizações científicas, que aliás, preferem persegui-los e processá-los ao invés de estudá-los.

Curiosamente, quem, em princípio estaria incumbida de lembrar aos homens a sua natureza imortal,

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justamente a Igreja, parece estar disposta a contestar as provas da sobrevivência do homem.

Alguns sacerdotes tem se especializado em rejeitar qualquer fenômeno que ateste a existência dos espíritos.

Lamentavelmente, existem sacerdotes que vêm usando de truques mágicos para falar e procurar demonstrar fenômenos paranormais.

Determinadas atitudes, como a anteriormente mencionada, tornam cada vez mais difícil a aceitação por parte da comunidade científica, das provas da reencarnação obtidas por parapsicólogos. Entretanto, as provas vêm se avolumando com o passar do tempo.

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CAPÍTULO XLVII

ANTROPOSOFIA

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O termo Antroposofia significa sabedoria do homem. Conforme o “Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa,” o termo correto seria antroposofia, embora adote-se comumente a grafia com apenas um “s”.

A Antroposofia teve origem no movimento teosófico que se ramificou em função de divergências conceituais de seus pensadores, com Helena Petrovna Blavatsky.

A Sociedade Teosófica, fundada em 1875, apresentou como expressão maior, aquela que literalmente passaria a história como Madame Blavatsky, teosofista russa que obteve iniciação no Budismo esotérico durante viagens de estudo que fez à Índia, à África e à América.

O fundador da Antroposofia, quando este movimento separou-se da Sociedade Teosófica, foi o austríaco Rudolf Steiner, nascido em 1861 e desencarnado em 1925.

Steiner foi estudioso em matemática e ciências naturais. Suas teorias sobre educação, usando a arte como terapêutica para deficientes mentais, tiveram resultados significativos.

Steiner realizou vários trabalhos em diversos setores do conhecimento; sendo a medicina antroposófica e a educação, talvez, os que encontraram maior receptividade entre os profissionais das áreas em questão.

Rudolf Steiner deixou inúmeras referências à reencarnação em suas obras. Observemos em “Reencarnação e Carma: Sua Significação na Cultura Moderna,” o trecho transcrito abaixo:

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“Que significaria a reencarnação para o todo da consciência do homem, para o todo de sua vida de sentimento e de pensamento? As pessoas que pertenceram às épocas iniciais da civilização ocidental e a grande maioria das que vivem no tempo presente agarram-se ainda à crença de que a vida espiritual do homem, após a morte, é inteiramente separada da sua vida terrena. O conhecimento da reencarnação e do carma transforma inteiramente esta idéia. O que está na alma de um homem que passou através das portas da morte tem significação não só para a esfera além da Terra, mas o próprio futuro da Terra depende do que foi a vida dele, entre o nascimento e a morte. Toda a configuração futura do planeta, bem como a vida social do homem no futuro, depende de como os homens viveram em suas reencarnações anteriores. Um homem que assimilou essas idéias sabe: de acordo com o que fui na vida, terei um efeito sobre tudo quanto tem lugar no futuro, sobre toda a civilização do futuro! O sentimento de responsabilidade será intensificado até um ponto que anteriormente seria impossível e outras intuições morais irão seguir-se.”

Segundo estudiosos e analistas de questões

religiosas e filosóficas, as teorias antroposóficas teriam alguns fundamentos cristão combinados com misticismo alemão e forte “tempero” esotérico.

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As almas humanas procederiam de Deus, tal qual os raios solares procedem do sol, tendo sido aprisionadas pela matéria em consequência do pecado.

A libertação da alma pode ser favorecida pela prática de determinados exercícios espirituais e físicos.

Cristo teria tido outras encarnações anteriores, dentre as quais como Mitra e Dionísio.

A sede do movimento antroposófico se instalou em Basiléia e foi denominada Goetheanum. Devido à ação de populares fanáticos e adversários, sua sede foi incendiada em 1922, tendo sido reconstruída posteriormente.

Para percebermos ainda melhor a visão reencarnacionista de Rudolf Steiner, transcreveremos mais um trecho de uma de suas obras: PERGUNTA: É possível compreender, de acordo com a Lei da reencarnação e do Carma, como uma alma altamente desenvolvida pode renascer numa criança indefesa, não desenvolvida? Para muitas pessoas, o pensamento de que temos de começar várias vezes, desde a infância, é intolerável e ilógico. RESPOSTA: Tal como o pianista deve esperar que o construtor de pianos faça um em que possa expressar suas idéias musicais, a alma deve esperar com as faculdades que adquiriu numa vida anterior, que as forças do mundo físico tenham construído os órgãos corporais até o ponto em que possam expressar essas faculdades. Se a alma simplesmente entrasse no mundo em seu estágio anterior, seria um estrangeiro nele.

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O período de infância é vivido a fim de trazer harmonia entre a velha e anova condição.

Como poderia um dos mais talentosos romanos antigos aparecer em nosso mundo presente, se tivesse simplesmente nascido em nosso mundo com os poderes que adquiriu?

Um poder só pode ser empregado quando em harmonia com o mundo derredor.

O pensamento de que temos de nascer como criança não é, portanto, nem ilógico nem intolerável. Pelo contrário; seria intolerável o nascermos como um homem completamente desenvolvido num mundo em que seríamos estrangeiros.

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CAPÍTULO XLVIII

LOGOSOFIA

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Carlos Bernardo Pecotche, pensador argentino, foi o fundador da primeira Escola de Logosofia, em 1930, na cidade de Córdoba, Argentina.

Pecotche, nascido em 1901 e falecido em 1963, naquela cidade, lá desenvolveu seus estudos que posteriormente se disseminaram pela Argentina, Uruguai e Brasil.

Atualmente, se encontram grupos logosóficos não só nas Américas, mas também em outros continentes.

A Logosofia é uma doutrina ético-religiosa que tem por objetivo ensinar o ser humano a autotransformação por meio de um processo de evolução consciente, libertando assim, o pensamento das influências sugestivas.

A Logosofia considera que os pensamentos são autônomos e independentes da vontade individual, e que nascem e cumprem suas funções sob influência de estados psíquicos e morais.

O primeiro Congresso Internacional de Logosofia foi realizado em Montevidéu, em 1960. No Brasil, o primeiro evento internacional efetivou-se em 1965, através da 1ª Jornada Logosófica Internacional.

Os logósofos, denominação atribuída a pessoas que se dedicam ao estudo da Logosofia, não se consideram religiosos.

Apesar de não observarmos referências claras à reencarnação nesta doutrina, há nas obras de Pecotche uma expressão que lembra o seu conteúdo filosófico.

Em diversas obras logosóficas detectamos ensinamentos sobre conhecimentos que o indivíduo já trás consigo ao nascer.

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“A herança de si mesmo,” terminologia utilizada pelos autores logosóficos, apresenta características diferentes dos conceitos reencarnacionistas clássicos; pois, não relaciona esta “herança” com as vidas passadas. No entanto, as modernas filosofias espiritualistas que contém a reencarnação como base de seus raciocínios, consideram que o indivíduo embora se apresente como um nova “persona”, a cada nova encarnação é, na essência, a mesma individualidade, e herda de si mesmo o seu aprendizado do passado que ficou estratificado a nível inconsciente. As principais obras de Pecotche foram: - Axiomas Y Principios de Logosofia; - Perlas Biblicas; - Nueva Concepción Politica; - El Espiritu (Raumsol).

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CAPÍTULO XLIX

FÍSCA QUÂNTICA

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CONCEITO DE FÍSICA Denomina-se Física a ciência que tem por objetivo

o estudo as propriedades da matéria, bem como, as leis que tendem a modificar seus estado ou seus movimentos sem modificar sua natureza.

Divisão da Física

Com o progresso da ciência, o termo Física já não consegue definir, nem mesmo abranger todas as propriedades gerias da matéria. Em função disto, utiliza-se a denominação ciências físicas compreendendo diversos e importantes ramos entre os quais, a Física Quântica.

FENÔMENOS FÍSICOS

De acordo com a conceituação tradicional, as propriedades gerais da matéria, portanto, o objeto de estudo das ciências físicas, são reveladas por intermédio dos órgãos dos sentidos. Assim, a visão nos permite avaliar a forma e a coloração dos corpos, bem como seu deslocamento. A audição nos fornece as sensações motoras. O tato permite a determinação da pressão e da temperatura. E assim por diante.

Todas as propriedades da matéria podem sofrer modificações que são denominadas fenômenos físicas. Desta maneira, a queda de um objeto, a movimentação da água ou a trajetória de um raio luminoso, independentemente da natureza da luz, são exemplos de fenômenos que modificam apenas o aspecto exterior dos corpos, sem alterar sua essência química.

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Os exemplos citados são, portanto, de fenômenos físicos, e seu estudo pertence às ciências físicas.

Diferentemente dos fenômenos mencionados, quando a essência da matéria, ou a substância que o compõe transforma-se em outra, temos um fenômeno químico. Por exemplo, a combustão do fósforo transformando-o em carvão.

Ramos da Física

As ciências físicas podem, de forma simplificada, serem subdivididas em sete disciplinas: 1.Mecânica (Estática e Dinâmica; 2.Acústica 3.Ótica 4.Eletricidade 5.Termologia 6.Geofísica 7.Física Atômica e Nuclear

Física Atômica e Nuclear

Este ramo da Física foi o precursor da Física Quântica. A Física Atômica estuda os fenômenos associados ao átomo; enquanto a Física Nuclear se detém especificamente nos fenômenos ligados ao núcleo do átomo.

Utiliza-se, também, a denominação Microfísica para designar este importante ramo das ciências físicas que vem revolucionando os conceitos clássicos do conhecimento científico.

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As descobertas de Albert Einstein, com a consequente Teoria da Relatividade, passaram a demonstrar não mais um universo físico, mas um universo energético.

Os fenômenos da Física Nuclear, desde a transformação da matéria em energia aos demais fenômenos decorrentes, exigiram o aparecimento de novas concepções físicas. Surgiu, então, a Mecânica Quântica, que tem por finalidade investigar a dualidade onda-corpúsculo, ou matéria e energia.

Tornou-se evidente, para as ciências físicas, que determinados fenômenos ocorrem pelo fato da matéria em determinados momentos, se expressar como onda e em outro corpúsculo; ora é energia, ora é matéria densa. Assim, a natureza ondulatória da luz explicaria a propagação das ondas de Raio X; enquanto que a natureza corpuscular desta mesma luz explicaria os fenômenos do efeito fotoelétrico.

Física Quântica

A Física tradicional teve em Isaac Newton sua base fundamental. O paradigma mecanicista, que de forma popular foi representado pela queda da maçã da árvore, observada e estudada por Newton, levando-o a enunciar a Lei da Gravitação Universal (Lei da Gravidade), abriu as portas para o desenvolvimento das ciências físicas.

No crepúsculo do segundo milênio, em 1900, Max Planck promoveu o início da revolução na Física, enunciando a Teoria dos Quanta.

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Quanta é um apalavra latina, plural de “quantum”. Os “Quanta” são pacotes de energia associados a radiações eletromagnéticas.

Max Planck, prêmio Nobel de Física em 1918, descobriu que a emissão da radiação é feita por pequenos blocos ou “pacotes” de energia descontínuos.

A descontinuidade da emissão das radiações rompeu com o determinismo matemático e absolto da Física clássica. Surgiu, então, o determinismo das probabilidades e estatístico.

Cinco anos depois, em 1905, Albert Einstein enuncia a Teoria da Relatividade, cujo resultado foi a destronização do pensamento mecanicista positivista (materialista) e a introdução de novas concepções que, em muitos aspectos, aproximam-se da metafísica e da visão espiritualista.

Em função das descobertas de Max Planck e, sobretudo, a partir da Teoria da Relatividade, o universo que vivemos deixa de ser tridimensional (comprimento, largura e altura), passando a apresentar outras possibilidades de dimensões, não detectadas pelos sentidos físicos, bem como outras possiblidades de concepção de tempo.

Joham Carl Friedrich Zollner, na obra “Física Transcendental”, aborda com muita propriedade os temas quarta dimensão e hiperespaço, referindo-se a experiências realizadas em Leipzig, Alemanha. No mencionado livro, Zollner comenta a possibilidade de um objeto efetuar a passagem para outra dimensão, desaparecendo dos olhos do observador e retornar às

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dimensões convencionais, voltando a ser percebido pelos nossos órgãos visuais. Vejamos algumas noções sobre espaço e dimensões:

Ao avaliarmos a extensão de um determinado espaço, por exemplo, de uma reta, utilizamos uma escala rígida como uma régua. Se a reta for maior que a régua, procuraremos verificar quantas vezes a régua cabe na extensão da reta.

Estamos assim, avaliando um elemento de apenas uma dimensão. A reta possui somente comprimento; não possui as outras dimensões: largura e altura.

Quando falamos em uma linha reta, podemos representá-la por um traço; ou seja, uma sucessão de pontos sobre uma superfície plana. Mas, na realidade, o traço, por mais fino que seja, nunca será apenas uma linha; pois terá mais de uma dimensão a largura do traço, por exemplo. Entretanto, nós não lembramos dessa realidade. Representamos a reta como uma linha ignorando a outra dimensão que é sua largura.

O fato de ignorarmos a largura de uma reta, não torna menos real a sua existência. Assim, também, representamos uma linha reta como uma sucessão de pontos que compõem a mesma.

Os pontos estariam situados rigorosamente em uma única direção.

Podemos conceber, contudo, que a linha não usufrui dessa propriedade.

É possível imaginar uma linha onde seus pontos mudem de direção imperceptivelmente.

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O espaço linear seria então encurvado; e do encurvamento da linha unidimensional (comprimento) surge o plano bidimensional (comprimento e largura).

A idéia de um arame fino retorcido dá-nos a imagem de como se obtém a segunda dimensão a partir do encurvamento da primeira.

Da mesma forma, um plano bidimensional constituído de comprimento e largura, que representaríamos por uma face polida de uma lâmina de metal, igualmente pode ser encurvado.

Ao efetuarmos o encurvamento, obrigaremos a superfície a ocupar um espaço de três dimensões.

Surge assim, o espaço tridimensional físico em que vivemos: comprimento, largura e altura.

Da mesma forma como é possível encurvar a linha e o plano, os físicos admitem ser viável, outrossim, encurvar o nosso espaço tridimensional onde vivemos. Afinal, seria nosso espaço físico uma exceção? Ou, o limite do universo? Porque estaria isento de curvatura? Em outras palavras, estaríamos no limite dimensional da série de espaços reais possíveis? Em função disto, pesquisadores admitem não só existir a quarta dimensão, mas “n” dimensões, ou infinitas dimensões no universo.

A compreensão de seres quadridimensionais só poderá estabelecer-se através de uma analogia.

Podemos ter má idéia aproximada de como seriam os objetos ou seres de um mundo imaginário de quatro dimensões, comparando as propriedades dos objetos de duas dimensões, com os objetos de três dimensões.

Assim como já vivemos em época na qual se imaginava ser a Terra um orbe plano, e depois descobriu-

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se ser ela arredondada, analogamente, até o advento da Teoria da Relatividade afirmava-se que o espaço físico era isento de curvaturas (euclidiano).

Considera-se, atualmente, a possibilidade do espaço ser encurvado, formando imensa figura cósmica tetradimensional.

Admite-se, pois, de conformidade com a Física moderna, a possibilidade de espaços paralelos e universos paralelos. Eis a pergunta: Porque não, a existência de seres vivendo paralelamente ao nosso mundo?

Albert Einstein admite encurvamento do “continuum espaço-tempo”. Sua teoria vem sendo desenvolvida gradativamente pelos físicos da novíssima geração que consideram ser possível chegar aos componentes últimos da matéria através de micro-curvaturas do espaço-tempo.

O conjunto de conhecimentos acerca da lei da gravidade desenvolvido nos moldes da Teoria de Einstein gerou a Geometrodinâmica Quântica. Através dessa nova disciplina científica, a Física Quântica se refere aos “miniblackholes” (mini-buracos negros) e aos “miniwhiteholes” (mini-buracos brancos), onde um objeto ou ser pode surgir ou desaparecer do “continuum espaço-tempo.”

A realidade fundamental das nossas dimensões, conforme este modelo, é figurada como “um tapete de espuma espalhada sobre uma superfície ligeiramente ondulada”, onde as constantes mudanças microscópicas na espuma equivalem às flutuações quânticas.

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As bolhas de espuma, conforme se refere John Wheeler, na obra “Superspace and Quantum Geometrodynamicas”, página a264, são formadas pelos mini-buracos negros e mini-buracos brancos, os quais surgem e desaparecem (como bolhas de espuma de sabão) na geometria do “continuum espaço-tempo.”

Os mencionados mini-buracos negros e brancos seriam, portanto, portas para outras dimensões do universo. Através dos mesmos, seres aparecem ou desaparecem, passando a não mais existir em uma dimensão e existindo em outra dimensão do universo.

Os mini-buracos brancos negros são, para os físicos, formados por luz auto-capturada gravitacionalmente.

Embora nos pareça difícil de compreender estas elocubrações da Física Quântica, a partir delas os cientistas estão começando a introduzir um novo conceito: o da consciência pura; não como uma entidade psicológica, mas sim, como uma realidade física.

A considerar a existência de uma consciência, na visão do universo segundo o modelo que criaram, aproximam-se das questões espirituais.

Diversos físicos modernos passaram, no momento atual, a se interessar por conhecimentos esotéricos e filosofias orientais.

Consideram eles, ser surpreendente a semelhança dos conceitos filosóficos da sabedoria milenar do oriente com as conclusões da Física Quântica.

A nova Física está chegando à conclusão de que existem outras vias de acesso ao conhecimento, além dos métodos da atual ciência.

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Há evidências de que nossa mente, em certas circunstâncias, consegue desprender-se das “amarras” do corpo biológico e sair para outros planos em um corpo sutil e etéreo, mas tão real quanto o nosso corpo astral.

Nesse novo estado, há a possibilidade da consciência individual integrar-se com a consciência cósmica e aprender diretamente certas verdades, certos conhecimentos que podem também serem adquiridos normalmente; mas somente após exaustivos processos experimentais e racionais usados pela ciência.

O Dr. Fritjof Capra, pesquisador em Física teórica das altas-energias, no Laboratório de Berkeley, Estados Unidos, escreveu os livros “O Tao da Física,“ “O Ponto de Mutação” e “Sabedoria Incomum”. Nestas obras, o eminente físico traça um paralelo importante entre a sabedoria oriental e moderna Física.

Ele admite que a exploração do mundo subatômico revelou uma limitação das idéias clássicas da ciência. O Dr. Fritjof considera, aprofundando suas reflexões a este respeito, ser o momento da revisão de seus conceitos básicos.

A antiga visão mecanicista já cumpriu a sua função, e deve ceder lugar a novos conceitos de matéria, espaço, tempo e causalidade.

Fritjof Capra indica com um dos melhores modelos da realidade, aquele que é chamado de “bootstrap”, pelos físicos. Traduzindo em termos compreensíveis, equivale dizer que a existência de cada objeto, seja um átomo ou uma partícula, está na rigorosa dependência da existência de todos os demais objetos do universo.

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Qualquer um deles jamais poderia ter realidade própria se todos os objetos não existissem.

Há uma identificação com os princípios holísticos nesta assertiva.

O modelo proposto pelos físicos resulta do fato dos mesmos, assim como os meditadores do oriente, terem chegado à mesma conclusão:

A matéria em sua constituição básica é simplesmente uma ilusão, ou Maya, como dizem os budistas.

A aparente substancialidade da matéria decorre do movimento relativo criador de formas.

Se a matéria é uma ilusão, certamente, há de existir algo que seja transcendente a esta matéria e seja mais real que a ilusão...

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CAPÍTULO L

FÍSICA QUÂNTICA E REENCARNAÇÃO

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INTRODUÇÃO Desde o advento da Filosofia até a Física moderna

que busca-se reduzir a aparente complexidade dos fenômenos naturais em algumas idéias fundamentais e simples.

Francisco Fialho, autor de “A Eterna Busca de Deus,” Editora Edicel, considera ser a Física Teórica a mais impressionante e maravilhosa demonstração da capacidade de colaboração dos homens da ciência, resultando na obtenção de preciosos frutos com sementes de espiritualidade.

Os sábios da Escola de Mileto já admitiam a existência de uma natureza essencial ou constituição real das coisas. Chamavam-na de Physis.

Tales de Mileto declarava que todas as coisas estavam cheias de deuses.

Anaximandro via o universo como um ser vivo, mantido pela pneuma, a respiração cósmica.

Segundo René Descartes, Toda a filosofia é uma árvore. As raízes são a Metafísica; o trono é a Física e os ramos são todas as ciências.

Na história da Filosofia há uma sequência, uma conquista gradual dos espaços etéricos e incertos do conhecimento. De um lado do mundo das idéias, onde brilha o sol e o vôo é livre. E, do outro, o mundo dos fenômenos; a úmida e enevoada caverna a ser desbravada.

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DESENVOLVIMENTO À medida que as teorias evolucionistas em Biologia

se firmaram, a visão do universo como uma máquina, foi substituída pela visão de um sistema em permanente mudança, no qual estruturas complexas se desenvolveram a partir de formas mais simples.

Da mesma forma, a Física moderna revela a unidade básica do universo. Mostra-nos que não podemos decompor o mundo em unidades infinitamente pequenas com existências independentes.

Ao contrário, ao penetrarmos nas menores partículas conhecidas, evidencia-se uma teia complexa de relações entre as várias partes com o todo unificado.

A Física Quântica passou a exigir uma revisão radical do que se entendia, por senso comum, como estrutura da matéria. Niels Bohr expressou-se desta forma: ”Onda e partícula material são formas complementares de uma mesma realidade. Uma realidade que está além da nossa capacidade.”

Denomina-se, dentro da Mecânica Quântica, a Lei da Complementaridade. Esta é uma possibilidade de uma partícula se manifestar em determinadas circunstâncias como onda.

De certa forma, é uma admissão da passagem de um mundo de uma dimensão para outro de dimensão mais sutil.

Outra surpreendente conclusão foi o chamado Princípio da Inseparabilidade. Embora para nós, leigos em Física Quântica, todos estes conceitos nos parecem

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difíceis, conseguimos perceber o extrafísico presente nas entrelinhas. Vejamos: uma partícula, ao interagir com outra, mantém um vínculo que independe do espaço e do tempo. É como se comunicassem telepaticamente. Uma sempre registrando o que ocorre com a outra. Esta concepção, atribuindo onisciência e onipresença a estruturas materiais, nos faz lembrar do Escritor e Professor de Filosofia Ernesto Bozzano, que, no início do século XX, propunha a Teoria do Éter de Deus.

Alguns físicos consideram que, quando ocorreu no início do universo o Big Bang, a explosão que teria dado origem a todas as partículas, todos os elementos estavam interconectados, e o que acontece em qualquer ponto, atualmente, é sentido por todos os demais participantes da dança cósmica. Esse é o Princípio da Inseparabilidade, que contribuiu para a origem das modernas propostas holísticas, estabelecendo a importância das conexões à distância.

ORDEM SUPER IMPLÍCITA E REENCARNAÇÃO

Além do espaço-tempo em que vivemos, David Bohm considera a existência de um oceano de energia de outra dimensão, denominando-o de Ordem Implícita não manifesta.

A Teoria Moderna sustenta, portanto, que o vácuo contém uma energia, até agora desconhecida pelos físicos, por não ser captada pelos instrumentos da ciência.

A matéria, segundo esta visão, não passaria de uma pequena onda nesse mar de energia.

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A ordem implícita ultrapassa aquilo que denominamos matéria.

David Bohm denomina “ordem explícita” o espaço-tempo tridimensional onde vivemos. Ou seja, o mundo material, o qual, na realidade, estaria separado por uma ilusão da “ordem implícita”, que seria um nível mais profundo não manifesto e multidimensional.

Para David Bohm, além das “ordens explícita e implícita,” existiria no universo a denominada “ordem super-implícita” ou princípio ordenador que atuaria na ordem implícita, a qual, por sua vez, agiria na ordem explícita.

Explicando de forma mais simples, a ordem explícita nada mais é que a matéria. A ordem implícita é o mundo energético (fluídico). E a ordem super-implícita equivale ao espírito.

A “totalidade ininterrupta” é uma noção básica do pensamento de David Bohm. Ele considera que além da existência em nosso mundo, há uma projeção em um oceano energético.

Conforme postula David Bohm, as formas dos organismos se originam na “ordem implícita”. Uma forma se desenvolve mediante o processo de projeção: a onda que se projeta da totalidade do oceano energético, mergulha e desaparece no oceano, reprojetando-se inúmeras vezes.

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CONCLUSÃO

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O homem primitivo, intimamente ligado à natureza que o rodeava, expressava de forma espontânea e verdadeira a sua espiritualidade.

Através de seu instinto, sentia a existência do transcendental; sentimento este que pulsava, de forma nítida, na essência energética daqueles seres simples e ignorantes, vazios de conhecimentos; porém, plenos de autenticidade.

À medida que a civilização humana começou a galgar novos degraus da escala do progresso, deixando cada vez mais de ser instintiva, passou a reprimir para os porões do inconsciente as percepções inatas e verdadeiras.

Deixando para trás a infância histórica, a humanidade passou a uma fase de contestação sistemática, tal qual o adolescente que recusa “a priori” os conceitos estabelecidos.

Na procura de respostas para as inúmeras indagações que acometem a mente, a humanidade passa a duvidar até mesmo dos seus instintos.

A crença no extrafísico, antes alicerçada na própria naturalidade dos sentimentos inatos, passa a ser substituída pela dúvida, e, sobretudo, a exigir a participação do lado racional.

Entretanto, o homem moderno, esteja ele ligado à ciência ou à filosofia, procura cruzar a fronteira do lado racional e integrar-se aos valores percebidos pelo seu próprio psiquismo, de forma subjetiva.

O paradigma mecanicista de Isaac Newton vem cedendo lugar à concepção de um universo energético, aberto a outras dimensões.

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Não mais a atitude infantil do homem primitivo que apenas, por via inconsciente, aceitava a exigência espiritual, nem tampouco a postura adolescente da rejeição preconceituosa de qualquer referência à espiritualidade.

Estamos no início de um novo milênio As perspectivas futuras apontam para uma ciência e uma religião não mais estagnada, dogmática, preconceituosa e “onipotente”.

O universo passa a ser observado e sentido, não mais como uma morada dos anjos alados, nem como constituído apenas de matéria tridimensional.

A multidimensionalidade da matéria, já admitida pela Física moderna, abre as portas para a percepção da existência do mundo espiritual.

A humanidade já não se satisfaz com os preceitos rígidos das religiões dominantes.

O homem atual é um ser que indaga e quer saber, afinal, quem é, de onde vem e para onde vai.

A dissociação existente entre ciência e religião, verdadeiro abismo criado pelos homens, levou os indivíduos a terem uma visão fragmentária da vida.

Os conselhos religiosos, tão úteis em épocas remotas, hoje tornaram-se obsoletos em relação à evolução contemporânea.

As orientações dos ministros religiosos foram sendo substituídas pelos médicos, psicólogos, pedagogos, etc.

O que frequentemente observamos, é a influência de respostas às ansiedades íntimas do indivíduo ou da própria sociedade.

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O que lhes falta? Porque profissionais extremamente capacitados, sérios e estudiosos se sentem limitados para compreender o sofrimento humano?

Porque pessoas justas, às vezes sofrem tanto, e, paralelamente, outras, egoístas, que se comprazem no sofrimento do próximo, prosperam tanto?

Há indivíduos que vive apenas semanas, meses, ou poucos anos; enquanto outros vivem quase um século! Por quê?

Porque para uns a felicidade é constante, e para outros, a miséria e os sofrimento é inevitável?

Porque alguns seriam acometidos pelo destino com as mais terríveis malformações congênitas?

Por que certas tendências inatas são tão contrastantes com o meio onde surgem? De onde vêm?

Não há como responder a estas questões, conciliando a crença em uma Lei Universal, justa e sábia, se considerarmos uma vida única para cada criatura.

O ateísmo e materialismo são consequências inevitáveis da rejeição às crenças tradicionais, surgindo, naturalmente, pela recusa inteligente a uma fé cega em um ser que preside os fatos da vida sem qualquer critério de sabedoria, amor e justiça.

A cosmovisão espiritista, alicerçada no conhecimento das vidas sucessivas, onde residem as causas mais profundas dos nossos problemas atuais, nos traz resposta coerentes.

O conceito da reencarnação propicia uma ampla lente através da qual poderemos enxergar a problemática da vida.

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As aparentes injustiças e desigualdades sociais, vivenciadas momentaneamente pelas criaturas, têm justificativa nos graus diferentes de evolução em que se encontra no momento. Além disso, sabe-se, pelas leis da reencarnação, que cabe a todas as criaturas um único destino: a felicidade.

A evolução inexorável é feita pelas experiências constantes e pelo aprendizado decorrente.

Os atos do indivíduo ocasiona uma sequência de causas e efeitos que determinam as necessidades da reencarnação, a si própria, em tal meio ou situação. Nunca existe punição. Existe sim, consequência lógica.

Há colheita obrigatória, decorrente da livre semeadura, e sempre novas oportunidades de semear.

Cada ser leva para a vida espiritual a sementeira do passado, trazendo-a inconscientemente consigo ao renascer. Se uma existência não for suficiente para corrigir determinados erros, outras vidas serão necessárias para resolver uma determinada tendência. É a longa caminhada da vida.

Nossos atos do dia-a-dia, por sua vez, são também novos elementos que se juntam ao nosso patrimônio energético, pois os arquivos que criamos são campos de energia, influenciando intensamente, atenuando ou agravando as desarmonias energéticas estabelecidas pelas vivências anteriores.

A teia do nosso destino, portanto, não exclusivamente determinada pelo nosso passado. O livre arbítrio que possuímos tece também os fios desta teia a cada momento, num dinamismo sempre renovado.

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A diversidade infinita das aptidões, em face das faculdades e dos caracteres, tem fácil compreensão.

Nem todos os espíritos que reencarnam tem a mesma idade. Milhares de anos ou séculos pode haver na diferença de idade espiritual entre dois indivíduos. Além disso, alguns galgam velozmente os degraus da escada do progresso. Enquanto outros sobem a escada lenta e preguiçosamente.

A todos será dada a oportunidade do progresso, pelos retornos sucessivos.

Necessitamos passar pelas mais diversas experiências, aprendendo a obedecer para sabermos mandar; sentir as dificuldades da pobreza para sabermos usar a riqueza sabiamente; repetir muitas vezes para absorver novos valores e conhecimentos; desenvolver a paciência, a disciplina e o desapego aos valores materiais.

São necessárias existências de estudo, de sacrifício, para crescermos em ética e conhecimento.

Voltamos ao mesmo meio; frequentemente ao mesmo núcleo familiar, para reparar nossos erros com o exercício do amor.

Deus, portanto, não pune e nem premia. É a própria lei da harmonia que preside a ordem das coisas.

Agirmos de acordo com natureza, no sentido da harmonia, é prepararmos nossa elevação, nossa felicidade.

Não usamos o termo “salvação”, pois, historicamente, esse termo está vinculado ao “salvacionismo igrejista”, uma solução que vem de fora. Na realidade, aceitamos a evolução, a sabedoria e a felicidade para todas as criaturas.

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“Nenhuma das ovelhas se perderá”, disse Jesus. Fazendo-nos conhecer os efeitos da lei da

responsabilidade, demonstrando que nossos atos recaem sobre nós mesmos, estaremos permitindo o desenvolvimento da ordem, da justiça e da solidariedade social, tão almejada por todos.

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SOBRE O AUTOR

Rômulo Borges Rodrigues é Escritor, Terapeuta Holístico, Mestre de Reiki, Consultor e Numerólogo.

Trabalha com Reflexologia, Reiki, Massagem, Florais, Aconselhamento Terapêutico, Técnicas de Relaxamento, Hipnose, Regressão, Terapia de Vidas Passadas e Numerologia.

Estuda e pesquisa sobre a espiritualidade há vinte anos.

Foi membro da Associação Internacional Amigos da Natureza (AIANATU - SP), na qual fez parte do trabalho de cura espiritual. Foi nessa associação onde alguns de seus dons espirituais foram desarquivados.

Também foi membro da Ordem dos Filhos da Luz (Piracicaba - SP). Foi integrante da Ordem dos Templários, onde foi dirigente do Hospital de cura espiritual de uma das suas sedes.

Atualmente, é coordenador do Projeto Social Nova Era na cidade de São Paulo, no qual dá palestras e ministra tratamento alternativo gratuito para o público, utilizando várias técnicas terapêuticas.

Escreve sobre vários temas; bem como, canaliza textos transmitidos pela Grande Fraternidade Branca Universal através da mentalização consciente.

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É autor das seguintes obras:

•Uma Civilização Adormecida e Decadente. •Momento Apocalíptico – “Prelúdio do Juízo Final”. •Arcanjos e Arquétipos. •Guia Prático dos Anjos. •Numerologia – A Ciência Milenar dos Números. •REIKI – ENERGIA VITAL UNIVERSAL (Harmonia, Equilíbrio e Cura). •OS FLORAIS DE BACH – Equilíbrio e Harmonia Através das Essências. •O PODER DA MENTE – A Chave Para o Desenvolvimento

das Potencialidades do Ser Humano. •Os Ensinamentos de Siddartha Gautama, o Buda •Cuide de Você e Tenha Mais Qualidade de Vida (Vols. I, II, III e IV). •A Regência Cósmica •Alimentação Saudável = Saúde Perfeita (Vols. I, II, III e IV).

• REFLEXOLOGIA (Massagem Podal) – Equilíbrio e bem-estar através da planta dos pés. • A PODEROSA INFLUÊNCIA DOS NÚMEROS SOBRE AS NOSSAS VIDAS – O que a Numerologia revela sobre o passado, o presente e o futuro. • QUALIDADE DE VIDA – Definição e conceitos. •OS MECANISMOS DA MENTE – A sua natureza comportamental.

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