69
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS CAMPUS DE ARIQUEMES RONALDO FELICIANO DE AMORIM TRATAMENTO DE EFLUENTES EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM INDÚSTRIA DE LATICÍNIO NA REGIÃO DO VALE DO JAMARI - RO Ariquemes 2014

RONALDO FELICIANO DE AMORIM - ri.unir.br Ronaldo F... · TRATAMENTO DE EFLUENTES EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM INDÚSTRIA DE LATICÍNIO NA REGIÃO DO VALE DO

Embed Size (px)

Citation preview

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR

CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

CAMPUS DE ARIQUEMES

RONALDO FELICIANO DE AMORIM

TRATAMENTO DE EFLUENTES EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO: UM

ESTUDO DE CASO EM INDÚSTRIA DE LATICÍNIO NA REGIÃO DO VALE DO

JAMARI - RO

Ariquemes

2014

ii

RONALDO FELICIANO DE AMORIM

TRATAMENTO DE EFLUENTES EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO: UM

ESTUDO DE CASO EM INDÚSTRIA DE LATICÍNIO NA REGIÃO DO VALE DO

JAMARI - RO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

Departamento de Engenharia de Alimentos da

Universidade Federal de Rondônia – UNIR, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Bacharel em Engenharia de Alimentos.

Orientadora: Profª. Dra. Tânia Maria Alberte

Ariquemes

2014

iii

Dados de publicação internacional na publicação (CIP)

Biblioteca setorial 06/UNIR

A524t Amorim, Ronaldo Feliciano de.

Tratamento de efluente em lagoas de estabilização: um estudo de caso em indústria de laticínio na região do Vale do Jamari-RO. / Ronaldo Feliciano de Amorim. Ariquemes-RO, 2014.

70 f.: il. Orientadora: Prof(a). Dra. Tânia Maria Alberte.

Monografia (Bacharelado em Engenharia de Alimentos) Fundação Universidade Federal de Rondônia. Departamento de Engenharia de Alimentos, Ariquemes, 2014.

1. Tratamento de efluentes. 2. Laticínios. 3. Lagoas de estabilização. I. Fundação Universidade Federal de Rondônia. II. Título.

CDU: 628.3: 637.1

Bibliotecária Responsável: Danielle Brito Silva, CRB: 11-766.

iv

v

DEDICATÓRIA

À minha esposa, Valquíria e minha filha Alice;

À minha orientadora, Profª Dra Tânia Maria Alberte.

vi

Agradecimentos

À Deus, que, sem ele, eu não teria chegado até aqui;

À minha querida esposa Valquíria, pelo apoio e compreensão;

À Universidade Federal de Rondônia e ao Departamento de Engenharia de Alimentos, pela

oportunidade da realização do curso;

Agradeço à minha orientadora, Profª Dra. Tânia Maria Alberte, pela confiança, apoio intelectual

e financeiro, pela oportunidade de aprendizado oferecida, e por ser um grande exemplo

profissional;

Aos meus pais e meus irmãos, pelo apoio e incentivo intelectual e financeiro.

Ao responsável técnico da indústria e em estudo.

vii

RESUMO

O crescimento da produção de alimentos representa importância econômica e ambiental em

razão, principalmente, do crescente aumento populacional e consequentemente maior consumo

de alimentos, como o aumento da produção e consumo de leite e derivados. Para o

processamento do leite utiliza-se grande quantidade de água que resulta em uma alta produção

de efluente com elevada carga orgânica principalmente devido ao soro, que quando lançado

juntamente com o efluente torna ainda maior o poder poluente do resíduo a ser descartado em

corpo receptor, sendo imprescindível seu correto tratamento. O presente estudo teve como

objetivo principal a análise da eficiência do sistema de tratamento de efluente por lagoas de

estabilização de um laticínio da região do Vale do Jamari – RO, através da determinação de

parâmetros físico-químicos como: temperatura, pH, DQO, DBO5, óleos e graxas, turbidez e

material flutuante. Para a avaliação dos parâmetros foram realizadas coletas em duas etapas,

mês de setembro e novembro. Os resultados das amostras realizadas demostraram que os

parâmetros abordados na pesquisa, de maneira geral, não alcançaram os limites exigido pelos

padrões de lançamento de efluentes estabelecido na legislação, demonstrando que o sistema de

tratamento de efluentes utilizado pela empresa está, nas condições estudadas, operando com

baixa eficiência de redução de compostos poluentes, com pH na faixa de 3,62, redução de 49,20

% de DQO, 50 % de DBO5, 54 mg.L-1 de óleos e graxas, 236 UNT de turbidez, 54 mg.L-1. Estes

valores encontrado mostram uma baixa eficiência e podem ter ocorrido principalmente devido

à grande quantidade de soro ácido descartada sem recuperação junto ao efluente gerado no

sistema de tratamento da indústria, o que pode provocar queda acentuada nos valores de pH e

consequentemente reduzir a ação dos microrganismos do sistema biológico nas lagoas de

estabilização no sistema em estudo.

Palavras-chave: Tratamento de efluente, laticínio, lagoas de estabilização.

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Consumo de água por litro de leite processado. .................................................................... 21

Figura 2- Grade de limpeza manual e caixa de areia. ........................................................................... 31

Figura 3 - Sistema de tratamento por lagoa facultativa. ........................................................................ 43

Figura 4 - Sistema tratamento por lagoa anaeróbia seguida por lagoa facultativa. ............................... 45

Figura 5 – Ilustração de tratamento de efluente por lagoas aeradas facultativas. ................................. 46

Figura 6 - Tratamento por lagoa aerada de mistura completa seguida por lagoa de decantação. ......... 47

Figura 7 - Fluxograma com identificação de pontos de coleta nas respectivas etapas. ......................... 51

Figura 8- Sistema de tratamento primário realizado no laticínio. ......................................................... 55

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Aquisição de leite por regiões em dados trimestrais selecionados de 2012 e 2013. ............ 17

Tabela 2 - Diferentes tipos de águas residuárias e valores de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

atribuídas às mesmas. ............................................................................................................................ 22

Tabela 3 - Qualidade do efluente de laticínio com e sem recuperação do soro. ................................... 23

Tabela 4 - Características dos efluentes líquidos gerados em diferentes tipos de processamento em

indústria de laticínio. ............................................................................................................................. 24

Tabela 5 - Classes e respectivos usos da água conforme a Resolução CONAMA nº 357 (2005) ........ 26

Tabela 6 - Resultados obtidos na sedimentação utilizando o cloreto férrico como coagulante em efluente

de indústria láctea. ................................................................................................................................. 33

Tabela 7 - Resultados obtidos na sedimentação utilizando o sulfato de alumínio como coagulante em

efluente de indústria láctea. ................................................................................................................... 34

Tabela 8 - Vantagens e desvantagens do sistema de tratamento de efluentes por lagoas. .................... 39

Tabela 9 - Estimativa da eficiência esperada nos diversos níveis de tratamento na Estação de tratamento

de efluentes (ETE). ................................................................................................................................ 40

Tabela 10 - Eficiência do sistema de tratamento preliminar em interação com lagoa de estabilização. 47

Tabela 11 - Caracterização dos principais sistemas de lagoas para a redução de DBO, DQO, sólidos

suspensos (SS), Amônia, Nitrogênio, Fósforo e coliformes ................................................................. 48

Tabela 12 - Questionário aplicado à usina beneficiadora de leite. ........................................................ 50

Tabela 13 - Questionário aplicado ao técnico responsável pela indústria para levantamento de dados do

laticínio. ................................................................................................................................................. 56

Tabela 14- Resultados das análises de pH e temperatura referentes à primeira fase da pesquisa. ........ 56

Tabela 15 - Resultados das análises físico química referente as amostras da segunda fase da pesquisa.

............................................................................................................................................................... 57

Tabela 16 - Eficiência do tratamento primário X tratamento secundário. ............................................ 58

x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APHA - American Public Health Association

CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

CNRH -Conselho Nacional de Recursos Hídricos

DBO -Demanda bioquímica de oxigênio (mg.L-1)

DQO -Demanda química de oxigênio (mg.L-1)

IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística

IDARON -Agência de Defesa Sanitária

Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia

IFRO -Instituto Federal de Rondônia

OD -Oxigênio dissolvido (mg.L-1)

pH -Potencial Hidrogeniônico

SEAGRI -Secretaria de Agricultura, Pecuária e

Regularização Fundiária

TOG -Teor de Óleos e Graxas (mg.L-1)

UNT -Unidades Nefelométricas de Turbidez

xi

LISTA DE SÍMBOLOS

A - área (m2)

H - profundidade (m)

L - carga de DBO total afluente, solúvel +

particulada (kg DBO5/dia)

Lv - taxa de aplicação volumétrica (Kg DBO5

/m³. dia) - eficiência

PF - Peso do filtro

RFP - Peso do filtro com o resíduo seco

Q - vazão média afluente (m³/dia)

So - concentração inicial

Se - concentração final

t - tempo de detenção (dia)

V - volume requerido para lagoa (m³)

V - volume requerido para a lagoa (m³)

V - volume (m3)

VA - Volume da amostra

xii

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 14

2 - OBJETIVO ...................................................................................................................................... 16

2.1 - OBJETIVO GERAL ................................................................................................................... 16

2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................... 16

3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................ 17

3.1- PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL ........................................................................................ 17

3.1.1 - Produção de leite em Rondônia:............................................................................ 18

3.2 - PRODUÇÃO INDUSTRIAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS ............................... 18

3.3 - EFLUENTES EM INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS .................................................................. 19

3.3.1- Caracterização dos efluentes de indústrias de laticínios ....................................... 22

3.4 - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DOS RECURSOS HÍDRICOS .................................................... 24

3.4.1- Padrões de lançamento e de qualidade do corpo receptor .................................... 25

3.4.2 - Legislação dos recursos hídricos no estado de Rondônia ..................................... 27

3.5 - TRATAMENTO DE EFLUENTES ............................................................................................ 28

3.5.1 - Tipos de tratamento ............................................................................................... 30

3.5.1.1 - Tratamento Físico ........................................................................................... 31

3.5.1.2 - Tratamento Químico ....................................................................................... 32

3.5.1.3 - Tratamento Biológico ...................................................................................... 34

3.5.1.4 - Lodo ativado .................................................................................................... 35

3.5.1.5 - Sistemas de tratamento de efluentes por reatores anaeróbios ........................ 37

3.6 - SISTEMAS DE TRATAMENTO POR LAGOAS ........................................................................ 38

3.6.1 - Lagoas anaeróbias ................................................................................................. 40

3.6.2 - Lagoas facultativas ................................................................................................ 42

3.6.3 - Lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas ............................................ 44

3.6.4 - Lagoas aeradas facultativas .................................................................................. 45

3.6.5 - Lagoas aeradas de mistura completa seguidas de lagoas de decantação............. 46

4 - MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................. 49

4.1- UNIDADE INDUSTRIAL AVALIADA ....................................................................................... 49

4.2 - AVALIAÇÃO GLOBAL DA EMPRESA .................................................................................... 49

4.3 - COLETA E TRANSPORTE DAS AMOSTRAS .......................................................................... 50

4.4 - DETERMINAÇÕES ANALÍTICAS ............................................................................................ 52

4.4.1 - pH ........................................................................................................................... 52

xiii

4.4.2 - Temperatura ........................................................................................................... 52

4.4.3 - Demanda Química de Oxigênio (DQO) ................................................................ 52

4.4.4 - Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5) ........................................................... 53

4.4.5 - Óleos e gorduras (método de Soxhlet) ................................................................... 53

4.4.6- Turbidez .................................................................................................................. 54

4.4.7- Material flutuante ................................................................................................... 54

5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................................... 55

5.1 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DA INDÚSTRIA 55

5.2 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICO QUÍMICA DO EFLUENTE GERADO ..................................... 56

6 – CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 62

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: ..................................................................................................... 63

ANEXO A ............................................................................................................................................. 68

14

1- INTRODUÇÃO

A evolução industrial foi de extrema importância para o desenvolvimento tecnológico,

consequentemente, o mundo passou a produzir mais e melhor. Isto fez com que houvesse

melhor distribuição de produtos, porém, junto com a industrialização, veio à geração de

resíduos que é extremamente prejudicial ao meio ambiente.

Dentre as indústrias geradoras de resíduos poluentes estão às beneficiadoras de

matérias primas alimentícias, que geram grandes volumes de resíduos orgânicos, altamente

poluentes, o que pode desencadear além de desequilíbrio ambiental, doenças em humanos e

animais, principalmente por demandarem enorme quantidade de água no processamento.

O grande volume de água necessário para o beneficiamento do leite coloca as indústrias

de laticínios como uma das principais geradoras de efluentes industriais. Em média para cada

litro de leite beneficiado são gerados aproximadamente 3,5 litros de efluente. Como o

beneficiamento de leite no Brasil é superior a 20 bilhões de litros o que corresponde à geração

de mais de 60 bilhões de litros de efluente por ano ( IBGE 2013 e CASTRO 2007)

Estes efluentes apresentam uma elevada demanda química e bioquímica de oxigênio

como consequência da grande quantidade de lipídios, carboidratos e proteínas, que conferem

ao sistema uma alta carga orgânica; o despejo de tais efluentes, quando lançado de modo

inadequado gera alterações ambientais, altera corpos hídricos, além de grandes impactos no

ecossistema.

Devido aos problemas citados, a tendência do cenário global é impor, através de

legislações e restrições comerciais, o tratamento do resíduo gerado para que o mesmo atinja o

padrão de qualidade ambiental, ou seja, que o efluente quando lançado nos corpos d’água não

apresente riscos ambientais.

Para um equacionamento eficiente do processo de tratamento de efluentes é necessário

que se conheçam quais tecnologias existem pera que o tratamento atenda as exigências legais,

detalhes da composição do efluente a ser tratado, quantidade do efluente gerado, variação de

carga que poderá ocorrer e, às condições climáticas onde será construída a estação de

tratamento.

Normalmente, para minimizar os riscos do lançamento de águas residuárias

provenientes de indústrias de laticínios em corpos receptores, utiliza-se o tratamento

15

convencional que, na maioria das vezes, emprega tecnologia simples, de fácil operação e baixo

custo. Tais tratamentos utilizam frequentemente processos biológicos, considerados eficientes

para a maioria dos poluentes, por reduzir consideravelmente os níveis de matéria orgânica dos

efluentes até condições de lançamento em corpos receptores.

Os efluentes gerados nas indústrias de laticínios, em termos de poluição hídrica, têm um

alto teor de material orgânico presente em sua composição. As lagoas de estabilização são

tradicionalmente usadas no tratamento deste tipo de efluente, pois além do baixo custo de

implantação e manutenção, mostram-se eficazes na remoção da carga poluidora. No Estado de

Rondônia, devido ao clima quente e úmido, há em tese, condições favoráveis para implantação

de Lagoas de Estabilização para o tratamento de efluentes derivados da indústria de laticínios,

e é certamente o meio mais utilizado nos laticínios desta região.

16

2 - OBJETIVO

2.1 - OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência do sistema de tratamento de efluentes

de um laticínio localizado na região do Vale do Jamari - RO, que utiliza métodos convencionais

de tratamento por meio de lagoas de estabilização.

2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Fazer levantamento bibliográfico dos diferentes tipos de tratamento dos efluentes

gerado por indústrias de laticínios;

Caracterizar o efluente e o tratamento por meio de análise dos parâmetros:

temperatura, pH, demanda química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de

oxigênio (DBO), óleos e graxas, turbidez, material flutuante;

Avaliar a biodegradabilidade dos efluentes gerados na indústria de laticínio,

levando em consideração o processo de tratamento utilizado;

Comparar os resultados obtidos em relação a legislação estadual de proteção do

meio ambiente nº 547 (1993) em consonância com A Resolução do Conselho

Nacional do Meio Ambiente CONAMA nº 430 (2011).

17

3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1- PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL

O Brasil vem se destacando entre os grandes produtores de leite sendo o sexto maior

produtor mundial, representando 4,4 % da produção mundial de leite, sendo que nos últimos 10

anos foi o país que apresentou maior taxa de crescimento na produção (CASTRO, 2007).

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que em 2013 o

Brasil apresentou crescimento na produção e industrialização de leite.

Segundo o IBGE, através de dados trimestrais selecionados de 2012 e 2013, a

aquisição de leite subdividida em regiões brasileiras se compota conforme apresentado na

Tabela 1.

Tabela 1 - Aquisição de leite por regiões em dados trimestrais selecionados de 2012 e 2013.

Grandes Regiões Participação 3º trimestre 2012

(%)

Participação 3º trimestre 2013

(%)

Norte 4,8 5,0

Nordeste 5,4 5,0

Sudeste 36,9 40,1

Sul 40,1 37,2

Centro-Oeste 12,8 12,7

Fonte: IBGE, 2012 /2013.

Conforme os dados apresentados na Tabela 1, grande parte da aquisição do produto

encontra-se na região sudeste do país (40,1 %), seguido pela região sul, com participação de

37,2 %. As regiões norte e nordeste participaram com percentuais iguais, 5,0 % cada uma delas.

Comparado ao ano anterior observou-se ganho de participação das regiões norte e

sudeste no 3º trimestre de 2013, enquanto que as demais regiões registraram ligeira queda

(IBGE, 2013).

18

3.1.1 - Produção de leite em Rondônia:

De acordo com levantamentos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística do Estado de Rondônia (IBGE), Rondônia tem uma média de produção acima de 2,2

milhões de litros de leite por dia, sendo considerado o maior produtor de leite da região norte e

a 9ª maior bacia leiteira do país (IBGE, 2012).

Segundo a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia

IDARON, no ano de 2013, a região do Vale do Jamari teve uma produção de leite que variou

de 409.742 a 453.260 litros/dia, sendo a produção anual do estado de 706,6 milhões de litros

de leite, que foram processados em 72 indústrias beneficiadoras.

Das cercas de 140 agroindústrias de laticínios e cooperativas leiteiras na região do vale

do Jamari até 2013, 89 eram registradas apenas no município de Ariquemes (SEMAIC -

Secretaria Municipal de Agricultura e Comércio, 2014).

3.2 - PRODUÇÃO INDUSTRIAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS

Nas últimas décadas a sociedade tem sentido o forte impacto ambiental que as mais

distintas atividades industriais têm causado sobre o ambiente e trazendo, como consequência,

a destruição e até mesmo extinção de muitos recursos naturais, fazendo com que todo um

sistema comece a repensar o modelo de desenvolvimento adotado (NETO, 2007).

Devido aos diversos usos diretos e indiretos dos recursos hídricos em atividades

industriais, surge à necessidade da preservação e recuperação dos mesmos, algo que já vem

ocorrendo e a cada dia tornando-se mais evidente. A poluição dos corpos de água tornou-se um

problema mundial e seu controle é o maior desafio da gestão dos recursos hídricos, tanto no

Brasil como no mundo (TEODORO et al, 2013).

Estudos realizados por Freire (2000) relatam que a indústria costuma ser

responsabilizada, e muitas vezes com razão, pela consequente contaminação ambiental,

principalmente devido a alguns fatores de extrema importância como o acúmulo de matérias

primas e insumos e a disposição inadequada de resíduo oriundo da sobra dos processos de

conversão da matéria prima em produto.

O processamento de matéria prima demanda grande volume de água, o que contribui

significativamente para a contaminação dos corpos d’água, fato este devido principalmente da

19

ausência de sistemas de tratamento eficientes para suprir toda a demanda de efluentes líquidos

produzidos durante o processamento (FREIRE, 2000).

3.3 - EFLUENTES EM INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS

Diante da importância do setor de produção de leite e derivados, surgem problemas

ligados principalmente ao controle ambiental, pois as indústrias de laticínios produzem grandes

quantidades de efluentes líquidos e estes, por sua vez, apresentam alta carga orgânica.

As empresas lácteas ocupam de forma direta e indireta grande fatia da indústria

alimentícia, representando significativa contribuição em relação ao lançamento de material

poluidor de águas e solo, tornando, necessário e obrigatório o tratamento dos resíduos líquidos

antes do seu lançamento, seja em corpos d’água ou no próprio solo. A quantidade de poluentes

das indústrias de laticínios varia bastante, dependendo, sobretudo do tipo de processo e do

controle exercido no gasto de água (SARAIVA, 2008).

O processamento dos produtos lácteos, em geral envolve diversos compostos e/ou

substâncias como carboidratos, sais minerais, vitaminas e água. Os efluentes dessas indústrias

são constituídos principalmente de leite diluído, materiais sólidos flutuantes, detergentes,

lubrificantes, desinfetantes, areia, açúcar, pedaços de frutas (em caso da produção de iogurte),

essências e condimentos diversos (no caso da produção de queijos e manteiga), que são diluídos

na água de lavagem dos equipamentos, tubulações, pisos e demais instalações da indústria

(MACHADO et al, 2002).

Andrade (2011) explica que as indústrias de laticínios englobam grande número de

operações e atividades que variam em razão dos produtos a serem obtidos. O processamento

dos produtos lácteos, em geral envolve diversos compostos e/ou substâncias como carboidratos,

sais minerais, vitaminas e água. Entretanto, existem algumas operações genéricas fundamentais

que são comuns a todos os processos produtivos. Entre estas estão: operações de recepção,

processamento, tratamento térmico, elaboração de produtos, envase e embalagem,

armazenamento e expedição. Entre as indústrias alimentícias, as processadoras de leite são as

mais poluentes, em razão do seu elevado consumo de água e geração de efluentes líquidos. Em

decorrência da complexidade da composição destes efluentes são necessárias associações de

diversos níveis de tratamento para a obtenção de efluentes com as qualidades requeridas pelos

padrões de lançamento.

20

A forma de tratar o efluente normalmente adotada em indústrias de laticínios, envolve

o uso de tratamento primário para a remoção de sólidos, óleos e gorduras presentes no efluente,

tratamento secundário para a remoção de matéria orgânica e nutrientes e, em alguns casos,

tratamento terciário como tratamento final (polimento).

São inúmeras as possíveis consequências do lançamento de efluentes de laticínios em

cursos d’água. Entre elas estão principalmente o aumento de matéria orgânica que favorece o

desenvolvimento de microrganismos consumidores de oxigênio, fato que pode promover uma

situação de anaerobiose. Outra consequência do lançamento irregular efluentes de laticínios é

uma possível alteração do pH graças à fermentação e presença de detergentes à base de

hipocloritos. Além disso, a presença de sólidos em suspensão tem como consequência o

aumento da turbidez da água (POKRYWIECKI, 2013).

A vazão dos efluentes líquidos das indústrias de laticínios está relacionada diretamente

com o volume de água consumido por ela. O consumo de água na indústria de laticínio de

pequeno porte é considerado expressivo, logo a identificação dos pontos críticos onde se

concentram a maior geração de líquidos em todo o processo de produção e implantação de

sistemas de tratamento de efluentes é necessário, pois visa contribuir com a redução da geração

de efluentes e da poluição das águas. Dentre as indústrias que processam alimentos, as

processadoras de produtos lácteos contribuem de maneira expressiva para a contaminação dos

corpos d’água, tendo em vista que o beneficiamento do leite gera resíduo poluidor decorrente

de compostos orgânicos em suspensão presentes no efluente. A quantidade de resíduo gerado

na atividade do beneficiamento lácteo pode variar de 1 a 5 vezes o volume de leite processado,

dependendo do produto a ser produzido e do nível de automação das indústrias de laticínios

(MATOS, 2010).

A Figura 1 elaborada por Castro (2010) apresenta o consumo de água gasto por um

laticínio localizado na região da Zona da Mata Mineira para processar um litro de leite em

indústria de pequeno porte.

21

Figura 1- Consumo de água por litro de leite processado.

Fonte: CASTRO (2007).

Os dados apresentados na figura demonstraram um coeficiente de 5,67 litros de água

para cada litro de leite processado, o que segundo Castro (2007) está acima da média quando

comparado com outras literaturas (3,2 litros de água/litros de leite).

Dependendo da indústria é incluído o soro e também produtos provenientes das etapas

de limpeza. A matéria orgânica está contida na fração de sólidos solúveis, mas normalmente é

medida de forma indireta pela demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de

oxigênio (DQO). A DBO mede a quantidade de oxigênio necessária para que os

microrganismos degradem a matéria orgânica. A DQO é a quantidade de oxigênio necessária

para oxidar quimicamente a matéria orgânica. As matérias orgânicas ao serem biodegradada

nos corpos receptores causam um decréscimo da concentração de oxigênio dissolvido (OD) no

meio hídrico, prejudicando a qualidade ou mesmo inviabilizando a vida aquática (MAGNO,

2010).

A Tabela 2 apresenta valores de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) para

diferentes tipos de resíduos provenientes de indústrias alimentícias.

Observa-se pela Tabela 2 que os efluentes gerados por laticínios são mais poluentes,

quando medidos em termos de DBO, que o de indústrias processadoras de outros segmentos de

alimentos.

22

Tabela 2 - Diferentes tipos de águas residuárias e valores de Demanda Bioquímica de Oxigênio

(DBO) atribuídas às mesmas.

Águas residuárias DBO (mg.L-1)

Efluente de alimentos – enlatados 500-2.000

Efluente de cervejarias 500-2.000

Efluente de processamento de óleo comestível 15.000-20.000

Efluente de matadouros (sem recuperação de

resíduos)

30.000

Efluente de laticínios (sem recuperação de soro

de queijo)

40-48.000

Fontes: adaptado de MENDES et al (2005).

Observam-se pela Tabela 2 que os efluentes gerados por laticínios sem recuperação de

soro são os mais poluentes entre os tipos de resíduo citados quando medidos em Demanda

Bioquímica de Oxigênio (DBO).

3.3.1- Caracterização dos efluentes de indústrias de laticínios

Os resíduos gerados por laticínio estão entre os mais agressivos devido ao alto teor de

matéria orgânica que possuem; matéria orgânica essa proveniente principalmente de perdas de

leite no material destinado ao tratamento de efluentes. Estas perdas são, em sua maioria, devido

a restos de produtos nos tanques, tubulações, no chão, água de lavagem, perdas nos

evaporadores, nas máquinas de envase, soro de queijo e leitelho (SARAIVA, 2008).

Segundo Lima (2013), os efluentes gerados no processo de higienização de indústrias

beneficiadoras de leite são compostos por gorduras, carboidratos (lactose, principalmente) e

proteínas, sobretudo caseínas, que passam a ser contaminantes se lançados diretamente nos

corpos hídricos receptores. Os poluentes inorgânicos, em especial o nitrogênio e o fósforo, são

gerados em grandes quantidades em processadoras de laticínios uma vez que o leite possui cerca

de 3% de proteínas e 1000 mg. L-1 de fósforo. O valor característico da Demanda Bioquímica

de Oxigênio (DBO) e da Demanda Química de Oxigênio (DQO) para efluente industrial de

laticínio é de 2790 e 5143 mg. L-1, respectivamente.

Os efluentes destas indústrias são constituídos principalmente de leite diluído, materiais

sólidos flutuantes, detergentes, lubrificantes, desinfetantes, areia, açúcar, pedaços de frutas (em

caso da produção de iogurte), essências e condimentos diversos (no caso da produção de queijos

23

e manteiga), que são diluídos na água de lavagem dos equipamentos, tubulações, pisos e demais

instalações da indústria (POKRYWIECKI, 2013).

O soro é um dos efluentes líquidos que mais contribuem para a alta carga poluidora

das indústrias de laticínios, sendo que nele está contida aproximadamente metade dos sólidos

de leite integral. Cerca de 85 a 90 % do volume do leite destinado à fabricação de queijos

resultam em soro. O soro de queijo contém a metade do extrato seco do leite, representado por

lactose, proteínas solúveis e sais. Em média, para fabricação de 1 kg de queijo são necessários

de 10 litros de leite, com geração de 9 kg de soro. A constituição aproximada do soro de leite é

de 93 % de água, 5 % de lactose, 0,9 % de proteínas, 0,3 % de gordura, 0,2 % de ácido lático e

pequenas quantidades de vitaminas. Portanto, o descarte do soro de leite afeta de forma

significativa a qualidade do efluente líquido gerado pelas indústrias que não estão adaptadas

para sua recuperação, conforme pode ser observado na Tabela 3 (SARAIVA 2008).

Tabela 3 - Qualidade do efluente de laticínio com e sem recuperação do soro.

Parâmetros (mg.L-1) Instalação com Recuperação

do Soro

Instalação sem Recuperação

do Soro

DBO5 2.397 5.312

DQO 5.312 20.559

Gorduras 96 463

N Total 90 159

P Total 26 21

Fonte: European Commission – Integrated Pollution Prevention and Control. Jan. 2006. Citado por

Saraiva (2008).

As características físico-químicas dos efluentes originados dos laticínios são valores

aproximados, ou seja, são indicativos do que se poderia esperar de uma situação média. Os

valores reais só podem ser obtidos por meio de monitoramento realizado em linha de

processamento específica.

A DBO5 é o parâmetro padrão usado para avaliar o potencial poluidor de efluentes

líquidos, em que é predominante a matéria orgânica biodegradável. É também parâmetro

fundamental para definição do tipo de tratamento mais adequado. Outro parâmetro importante

para caracterização físico-química do efluente da indústria de laticínios é a relação entre

DBO5/DQO, que suscita os seguintes comentários: os efluentes líquidos brutos “não tratados”

de laticínios apresentam valores de DBO5/DQO na faixa de 0,50 a 0,70. Quanto maior esse

24

valor, maior é a fração biodegradável dos efluentes e mais indicada é o seu tratamento por

processo biológico (SARAIVA 2008).

Na Tabela 4 estão as características dos efluentes líquidos gerados em diferentes tipos

de processamento realizado por diferentes indústrias processadoras.

Tabela 4 - Características dos efluentes líquidos gerados em diferentes tipos de processamento

em indústria de laticínio.

Parâmetros Analisados Tipos de Indústria

1 2 3 4 5 6

DBO5 (mg.L-1) 1033 487 a 1319 3420 290 875 761

DQO (mg.L-1) 1397 873 a 1740 4430 2010 1365 1370

Sólidos não-filtráveis

totais (mg.L-1) 520 329 a 494 420 915 776 471

Sólidos totais (mg.L-1) - 993 3300 - 1870 1406

Sólidos sedimentáveis

(mg.L-1) - 14 1 1,5 0,1 1,7

Nitrogênio total (mg.L-1) - 26,5 a 43,2 86,2 56,7 25,5 11,3

Fósforo total (mg.L-1) 5,75 4,5 a 5,9 14,2 18,8 6,8 8,8

Óleos e graxas (mg.L-1) 562 253 575 - 100 -

Temperatura (º C) - 29 31 29 38 28

Fonte: Minas Ambiente/CETEC (1998) citado por SARAIVA (2008).

(1) Posto de recepção e refrigeração; (2) leite pasteurizado e manteiga (3); leite pasteurizado e iogurte;

(4) leite esterilizado e iogurte; (5) leite condensado; e (6) leite em pó.

3.4 - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DOS RECURSOS HÍDRICOS

A legislação ambiental é uma condicionante que deve ser observada rigorosamente no

tratamento dos efluentes industriais, principalmente no que diz respeito às concentrações dos

parâmetros da carga orgânica (DBO e DQO) a serem lançados no ambiente (MAGNO 2010).

A forma de dar sustentabilidade e equidade aos usuários dos recursos hídricos se deu

por meio da promulgação da legislação ambiental, entre as quais: Lei nº. 9.433 (janeiro de

1997), que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos; Lei nº. 9.984 (julho de 2000) que

criou a Agência Nacional de Águas; e a Resolução nº 16 (maio de 2001) do Conselho Nacional

de Recursos Hídricos (CNRH) que estabeleceu critérios gerais para a outorga de direito de uso

de recursos hídricos (HESPANHOL, 2008).

A Lei nº. 9433, de 08/01/1997, reconhecida como a Lei das Águas, criou no Brasil a

Política Nacional de Recursos Hídricos apresenta em seu Art. 3º - inciso III, que a gestão de

recursos hídricos tem que ser integrada com a gestão ambiental; no art. 9º da referida lei os

25

corpos de água são enquadrados em classes. O enquadramento dos corpos de água, segundo os

usos preponderantes, visa assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes

a que forem destinadas e diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações

preventivas permanentes.

3.4.1- Padrões de lançamento e de qualidade do corpo receptor

Os padrões de qualidade da água variam de acordo com o tipo de uso. Assim, os

padrões de potabilidade (água destinada ao abastecimento humano) são diferentes dos de

balneabilidade (água para fins de recreação de contato primário), os quais, por sua vez, não são

iguais aos estabelecidos para a água de irrigação ou destinada ao uso industrial. Mesmo entre

as indústrias, existem requisitos variáveis de qualidade, dependendo do tipo de processamento

e dos produtos das mesmas (SARAIVA, 2008).

Uma forma de definir a qualidade das águas dos mananciais é enquadrá-las em classes,

em função dos usos propostos para as mesmas, estabelecendo- se critérios ou condições a serem

atendidos.

De acordo com o uso da água, a mesma sofre diferentes classificações (Resolução

Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº 357). Em relação à quantidade de sal,

podem ser classificadas em doce, salobras e salinas. A Tabela 5 apresenta as classes e

respectivos usos da água doce.

26

Tabela 5 - Classes e respectivos usos da água conforme a Resolução CONAMA nº 357 (2005)

CLASSES USOS

ÁGUA

DOCE

ÁGUA

DOCE

ESPECIAL

- abastecimento para consumo humano, com desinfecção;

- preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas;

- preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de

proteção integra.

1

- abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;

- proteção das comunidades aquáticas;

- recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e

mergulho, conforme Resolução CONAMA n. 274, de 2000;

- irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se

desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas

sem remoção de película; e

- proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas

2

-abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;

- proteção das comunidades aquáticas;

- recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e

mergulho, conforme Resolução CONAMA n. 274, de 2000;

- irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de

esporte e lazer, com os quais o público possa vir ater contato direto;

- aquicultura e à atividade de pesca

3

- abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou

avançado;

- irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;

- pesca amadora;

- recreação de contato secundário; e

- dessedentação de animais

4

- navegação;

- harmonia paisagística

Fonte: Resolução CONAMA no 357, de 2005.

De acordo com a resolução n° 430 do CONAMA, de 13 de maio de 2011, os efluentes

não poderão conferir ao corpo receptor características de qualidade em desacordo ao seu

enquadramento. Os efluentes, de qualquer fonte poluidora, somente poderão ser lançados

diretamente no corpo receptor desde que obedeçam as condições e padrões previstos pelo

CONAMA n° 430, conforme descrito abaixo:

a) pH entre 5 a 9;

27

b) temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor

não deverá exceder a 3°C no limite da zona de mistura;

c) Materiais sedimentáveis: até 1 mL. L -1 em teste de 1 hora em cone Inhoff. Para o

lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os

materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;

d) Óleos e graxas: ausente;

e) Ausência de materiais flutuantes;

f) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5 a 20°C): remoção mínima de 60% de

DBO sendo que este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de estudo de

autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas do enquadramento do

corpo receptor.

Segundo Resolução CONAMA no 357, enquanto não aprovados os respectivos

enquadramentos, as águas doces serão consideradas classe 2, exceto se as condições de

qualidade atuais forem melhores, o que determinará a aplicação da classe mais rigorosa

correspondente.

3.4.2 - Legislação dos recursos hídricos no estado de Rondônia

Conforme legislação estadual de Rondônia, Lei nº 547, de 30 de dezembro de 1993,

fica proibido qualquer ação de agentes poluidores ou perturbadores, bem como o lançamento

ou liberação de poluentes sobre o meio ambiente. Consideram-se poluentes todas e quaisquer

formas de matéria lançada ou liberada na água, no ar, solo ou subsolo. Logo, todo o efluente

com potencial poluidor deverá ser tratado antes de ser lançado ao corpo receptor, e a eficiência

deste tratamento que deverá ser alcançada, será depende da classificação dos rios.

Segundo Chernicharo (1997), um dos parâmetros que mais tem merecido a atenção

dos órgãos de controle ambiental é a DBO. Para os padrões de lançamento de efluentes, vários

estados brasileiros têm imposto um limite de DBO do efluente de 60 mg.L-1, como é o caso,

por exemplo, de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Em outros estados, se tem utilizado o

conceito de eficiência de remoção mínima, e em outros, ainda, como o Rio de Janeiro, a

remoção mínima ou a concentração máxima de DBO em função da carga orgânica bruta. No

Rio Grande do Sul, foram estabelecidas concentrações máximas para faixas de vazões efluentes.

28

Uma vez que os rios do estado de Rondônia ainda não estão oficialmente enquadrados

em classes, os mesmos seguem a resolução do CONAMA n° 357, que relata: enquanto não

aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão consideradas classe 2 exceto

se as condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinará a aplicação da classe

mais rigorosa correspondente.

a) não será permitida a presença de corantes artificiais que não sejam removíveis por

processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais;

b) coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes

termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras coletadas

durante o período de um ano, com frequência bimestral

c) Cor: até 70 mg pt. L -1;

d) turbidez: até 100 UNT;

e) DBO5 dias a 20º C até 5 mg. L -1;

f) Oxigênio dissolvido (OD), em qualquer amostra, não inferior a 5 mg. L -1.

Os limites de DBO poderão ser elevados, caso o estudo da capacidade de

autodepuração do corpo receptor demonstre que os teores mínimos de OD previstos não serão

desobedecidos em nenhum ponto do mesmo nas condições críticas de vazão. Os efluentes de

qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente ou indiretamente, nos

corpos de água, desde que obedeçam as condições citadas pela lei nº 547, e em consonância

com a Resolução CONAMA nº 430 (2011).

3.5 - TRATAMENTO DE EFLUENTES

O surgimento de grandes contaminações de toda ordem como reflexo não apenas de

problemas econômicos e sociais, mas também da utilização indevida dos recursos naturais, tem

sido constatadas ao longo do tempo. A poluição da água constitui-se um grande problema a ser

enfrentado pela sociedade que vêm degradando o meio ambiente em um ritmo cada vez mais

acelerado. A utilização de água pela indústria pode ocorrer de diversas formas, tais como:

incorporação ao produto; lavagens de máquinas, tubulações e pisos; águas de sistemas de

resfriamento e geradores de vapor; águas utilizadas diretamente nas etapas do processo

industrial ou incorporadas aos produtos; esgotos sanitários dos funcionários. Exceto pelos

volumes de águas incorporados aos produtos e pelas perdas por evaporação, as águas tornam-

29

se contaminadas por resíduos do processo industrial originando assim os efluentes líquidos

(SILVA e EYNG, 2013).

Os efluentes líquidos ao serem despejados causam a alteração de qualidade nos corpos

receptores e consequentemente a sua poluição. Historicamente o desenvolvimento urbano e

industrial ocorreu ao longo dos rios devido à disponibilidade de água para abastecimento e a

possibilidade de utilizar o rio como corpo receptor dos resíduos. O fato preocupante é quanto o

aumento das atividades industriais e o número de vezes que um mesmo rio recebe resíduos

industriais, e seguir servindo como fonte de captação para a próxima cidade ao longo das

margens.

A poluição hídrica pode ser definida como qualquer alteração física, química ou

biológica da qualidade de um corpo hídrico, capaz de ultrapassar os padrões estabelecidos para

a classe, conforme o seu uso preponderante. Considera-se a ação dos agentes: físicos materiais

(sólidos em suspensão) ou formas de energia (calorífica e radiações); químicos (substâncias

dissolvidas ou com potencial solubilização); biológicos (micro-organismos). A poluição

origina-se devido a perdas de energia, produtos e matérias primas, ou seja, devido à ineficiência

dos processos industriais. O ponto fundamental é compatibilizar a produção industrial com a

conservação do meio ambiente (SILVA e EYNG, 2013).

A poluição gerada pelos efluentes líquidos industriais deve ser controlada inicialmente

pela redução de perdas nos processos, incluindo a utilização de processos mais modernos,

redução do consumo de água incluindo as lavagens de equipamentos e pisos industriais, redução

de perdas de produtos ou descarregamentos destes ou de matérias primas na rede coletora. Além

da verificação da eficiência do processo, deve-se questionar se este é o mais moderno,

considerando-se a viabilidade técnica e econômica.

Os processos de tratamento a serem adotados, as suas formas construtivas e os

materiais a serem empregados são considerados a partir dos seguintes fatores: a legislação

ambiental regional; o clima; a cultura local; os custos de investimento; os custos operacionais;

a quantidade e a qualidade do lodo gerado na estação de tratamento de efluentes industriais; a

qualidade do efluente tratado; a segurança operacional relativa aos vazamentos de produtos

químicos utilizados ou dos efluentes; explosões; geração de odor; a interação com a vizinhança;

confiabilidade para atendimento à legislação ambiental; possibilidade de reuso dos efluentes

tratados (GIORDANO, 2004).

30

Os sistemas de tratamento de efluentes são baseados na transformação dos indesejados

dissolvidos e em suspensão em gases inertes e ou sólidos sedimentáveis para a posterior

separação das fases sólida/líquida. Sendo assim se não houver a formação de gases inertes ou

lodo estável, não podemos considerar que houve tratamento. Um ponto importante a ser

observado é que não deve gerar resíduos desnecessários devido uso do tratamento. (SILVA e

EYNG, 2013).

Em geral o tratamento é classificado através dos seguintes níveis: preliminar, primário,

secundário e terciário. O tratamento preliminar baseia-se apenas na remoção dos sólidos

grosseiros e o tratamento primário visa remover os sólidos sedimentáveis e parte da matéria

orgânica. Em ambos, predominam os métodos físicos e várias. Em relação aos tratamentos

secundário e terciário, predominam mecanismos biológicos, cujo objetivo é principalmente a

remoção de matéria orgânica e eventualmente nutrientes como nitrogênio e fósforo (SILVA,

2013).

3.5.1 - Tipos de tratamento

Para adotar um dos tipos de sistema de tratamento de efluentes gerados por uma

indústria é necessário caracterizar o tipo de efluentes, o clima da região e o custo da área onde

será construído o sistema de tratamento. Estes fatores existentes são determinantes para o

equacionamento adequado do sistema de tratamento. É nesta etapa que são obtidas informações

quanto à composição, vazão do efluente e suas variações, comportamento climático

(temperatura média, insolação, ventilação) e o custo da área requerida para definir qual o tipo

de tratamento a ser adotado, podendo ser físico, químico, biológico ou uma combinação destes

(MENDES et al, 2005).

O volume e a concentração dos despejos industriais variam dentro de amplos limites,

dependendo dos processos de fabricação empregados e dos métodos de controle dos despejos.

Com isto, a caracterização de efluentes é uma tarefa básica para o equacionamento adequado

do problema de tratamento. É nessa etapa que são obtidas informações quanto à composição e

vazão da água residuária, levando em conta suas variações ao longo do tempo, em função das

atividades responsáveis por sua geração. Com base nessas informações, podem ser adotados

métodos físicos, químicos ou biológicos ou combinações destes, no tratamento de efluentes.

31

3.5.1.1 - Tratamento Físico

Os métodos físicos de tratamento abrangem a remoção de sólidos de dimensões

relativamente grandes, sólidos em suspensão, areia e lipídeos. Para essa finalidade são

utilizadas grades, peneiras simples ou rotativas, caixas de areia (desarenadores), tanques de

remoção de óleos e graxas e decantadores (MENDES et al, 2005).

A Figura 2 ilustra um sistema de tratamento físico preliminar utilizado para remover

sólidos grosseiros composto por grades e caixa de areia.

Figura 2- Grade de limpeza manual e caixa de areia.

Fonte: Adaptados de MATOS (2001) citado por SILVA (2001).

As grades destinam-se a reter sólidos grosseiros em suspensão e são utilizadas para a

proteção de bombas, válvulas e outros equipamentos. Peneiras são dispositivos destinados à

retenção de partículas mais finas. As caixas de areia destinam-se a retenção de detritos pesados

inertes em suspensão nas águas residuárias e são usadas para proteger bombas e tubulações

contra abrasão e entupimento. Os tanques de decantação são empregados na separação de

sólidos sedimentáveis contidos em águas residuárias. Na remoção de lipídeos em estado livre,

geralmente são utilizadas caixas de gordura comuns que permitem sua separação por retirada

manual ou por meio de raspadores na superfície. Para melhor desempenho dessas caixas, devem

ser evitadas temperaturas superiores a 35 °C e pH acima de 8,5 na alimentação da caixa, pois

nessas condições ocorre a saponificação ou emulsificação e o excesso de detergentes prejudica

a eficiência de separação pela formação de gotículas de menor tamanho, com menor velocidade

ascensional. No caso de formação de emulsão, esta deve ser quebrada pela adição de produtos

químicos e utilização de flotadores com ar dissolvido. Apesar da eficiência de remoção

melhorar significativamente, a flotação apresenta custos operacionais elevados, além de gerar

lodo químico, que deve ter uma destinação adequada (MENDES et al, 2005).

32

Os procedimentos citados permitem uma depuração dos resíduos, mas as substâncias

contaminantes não são degradadas, apenas transferidas para uma nova fase, embora o volume

seja significantemente reduzido, sem serem efetivamente degradados.

De acordo com Magno (2010), no caso de indústrias de laticínios, o processo de

gradeamento é empregado para remoção de coágulos de leite em fábricas de queijo, sendo a

equalização de vazões empregada especialmente em indústrias de laticínios onde o período de

trabalho é curto, ou onde os despejos são intermitentes. Fábricas que empregam soluções

alcalinas fortes, uma vez ao dia, na limpeza dos equipamentos, poderão utilizá-las para manter

o pH do despejo dentro de uma faixa desejada e que não interfira no tratamento biológico. O

processo de sedimentação é normalmente usado para a remoção dos sólidos suspensos,

existindo referências para dimensionamento de decantadores, principalmente secundários, com

um tempo de detenção substancialmente maior do que o empregado nos decantadores

convencionais (em decorrência da formação de flocos biológicos leves). Os óleos e gorduras,

removidos, em geral, pelas caixas de gordura ou equipamentos de flotação mais sofisticados

(que retiram também parte dos óleos emulsionados, aumentando a eficiência de tratamento),

devem ter destinação apropriada, sendo encaminhados para reaproveitamento ou para aterro

sanitário.

3.5.1.2 - Tratamento Químico

Os métodos químicos de tratamento de efluentes líquidos são utilizados para remover

material coloidal, cor e turbidez, odor, ácidos, álcalis, metais pesados e óleos. A neutralização

de despejos industriais pode ser necessária, não só para se evitar o lançamento de águas ácidas

ou alcalinas no corpo de água receptor, mas também, como medida necessária para proteção.

Os processos químicos permitem uma remoção parcial de sólidos totais, com o emprego de

compostos como sulfato de alumínio, cloreto férrico e sulfito ferroso. Entretanto, os reagentes

químicos empregados são de custos elevados e a remoção de sólidos dissolvidos é bastante

reduzida (MENDES et al, 2005).

O tratamento de efluente líquido por processo químico é geralmente acompanhado do

processo físico. O produto químico provoca desestabilização de partículas devido à

neutralização das cargas negativas, isto promove uma aglomeração de partículas, formando

flocos que tendem a sedimentar ou flotar, dependendo de seu tamanho e de sua densidade,

tornando possível a separação por processos físicos (FERREIRA, 2012; SANTOS et al, 2009).

33

Muitos fatores influenciam a coagulação, entre os quais se destacam a quantidade de

coagulante, o tempo de mistura e o pH do efluente. Há pelo menos uma zona de pH em qualquer

efluente, no qual a boa floculação ocorre no tempo mais curto com uma determinada dose de

coagulante, ou então em um determinado tempo com a mínima dose de coagulante. A

coagulação, sempre que possível, deve ser realizada dentro desta zona ótima de pH. De maneira

a tornar a coagulação econômica e eficiente. Porém, a quantidade de coagulante também

influencia no tempo requerido para a formação de floculo (SANTOS et al, 2009). Análises

realizadas no estudo de coagulantes mostraram uma similaridade nas eficiências do cloreto

férrico e sulfato de alumínio, os quais apresentaram os melhores resultados, em geral. Nesta

etapa observou-se que os flocos formados com os coagulantes de alumínio eram maiores e mais

resistentes que os formados com os demais coagulantes. Porém, os flocos formados com todos

os coagulantes eram relativamente finos. Também foi verificado que o pH final, após a adição

dos coagulantes, era próximo a 4,6. Os resultados dos experimentos realizados com amostra de

efluente bruto (presença de soro) e mais três amostragem de efluentes sem presença de soro foi

demonstrado na tabela 6, onde apresenta resultados de turbidez, demanda bioquímica de

oxigênio (DQO) e teor de óleos e graxas (TGO), referente à utilização do cloreto férrico como

coagulante na unidade piloto de sedimentação.

Tabela 6 - Resultados obtidos na sedimentação utilizando o cloreto férrico como

coagulante em efluente de indústria láctea.

Amostragem Turbidez (NTU) DQO (mg.L-1) TGO (mg.L-1)

Efluente bruto 883,3 989,5 26,0

Efluente 1 23,2 328 2,3

Efluente 2 22,8 358 2,4

Efluente 3 18,0 360 1,2

Eficiência de redução

média (%)

97,6 63,0 92,4

Fonte adaptada de SANTOS et al, (2009).

Na Tabela 7 encontram-se os resultados com o sulfato de alumínio. Para o cálculo da

eficiência média, considerou-se o valor médio dos parâmetros encontrado nas análises do

efluente tratado.

34

Tabela 7 - Resultados obtidos na sedimentação utilizando o sulfato de alumínio como

coagulante em efluente de indústria láctea.

Amostragem Turbidez (NTU) DQO (mg.L-1) TGO (mg.L-1)

Efluente bruto 921,7 924,7 37,5

Efluente 1 29,2 329 2,5

Efluente 2 11,7 328 0,2

Efluente 3 12,9 370 2,7

Eficiência média (%) 98,0 64,8 95,2

Fonte adaptada de SANTOS et al, (2009).

Observa-se que o fato dos flocos serem quebrados quando se utiliza o cloreto férrico

como coagulante não exerce influência no resultado final, uma vez que os resultados

apresentados foram bastante similares com ambos os coagulantes.

Analisando os dados obtidos, verifica-se uma significativa redução de TOG e turbidez,

atingindo boa porcentagem de eficiência, mostrando que o processo de sedimentação por

coagulação apresenta-se bastante eficaz no tratamento do efluente da indústria láctea. Apesar

da eficiência de remoção de DQO apresentar valores superiores a 60 % para os dois coagulantes

utilizados, nota se que se faz necessário um tratamento complementar (SANTOS et al, 2009).

3.5.1.3 - Tratamento Biológico

O tratamento aplicado em efluentes da indústria de laticínios é, em sua grande maioria,

do tipo biológico, cuja finalidade é remover matéria orgânica como consequência do

metabolismo de oxidação e síntese de novas células (SANTOS et al, 2009).

São tratamentos frequentemente utilizados, pois permitem a depuração de grandes

volumes de efluente transformando os compostos orgânicos em CO2 e H2O e novas células

(tratamentos aeróbios), ou CH4 e CO2, (tratamentos anaeróbios), com custos relativamente

baixos (FREIRE et al, 2000).

Nestes tipos de tratamento, a biomassa se utiliza do substrato presente no efluente

como fonte de energia para manter suas funções metabólicas. Estes processos permitem que a

matéria orgânica seja convertida em energia e outras células. A biomassa pode ser separada em

um decantador devido à sua propriedade de floculação (VON SPERLING, 2002).

Os sistemas biológicos de tratamento de resíduos devem atender alguns aspectos:

remoção da matéria orgânica, redução da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) do resíduo

a ser tratado e se possível à degradação de compostos químicos orgânicos de difícil degradação.

Em águas residuárias potencialmente tratáveis por processos aeróbios, a estabilização dos

35

despejos é realizada por microrganismos aeróbios e facultativos; nos processos anaeróbios os

microrganismos atuantes são os facultativos e anaeróbios. Os processos aeróbios podem ser

lodos ativados, filtro biológico, lagoa de estabilização aeróbia, entre outros.

Nos processos anaeróbios dos tratamentos de despejos, a decomposição da matéria

orgânica é realizada na ausência de oxigênio molecular. Esta degradação refere-se às reações

que reduzem as dimensões de partículas, tornando-as solúveis ou, em nível molecular, por um

processo de quebra de cadeias existentes. Os produtos finais do processo são metano e

compostos inorgânicos, incluindo o dióxido de carbono, ácido sulfídrico e amônia. Ao contrário

dos processos aeróbios, os processos anaeróbios não necessitam de equipamentos de aeração

artificial e há geração de biogás (CH4), que pode ser aproveitado na indústria como fonte de

energia. O processo anaeróbio possui baixa produção de biomassa, apenas 10 a 20% do volume

produzido no aeróbio. (MENDES et al, 2005).

3.5.1.4 - Lodo ativado

O sistema de lodo ativado é utilizado em nível mundial no tratamento de efluentes

industriais e domésticos. Este sistema é mais indicado quando se trata de grande quantidade de

efluente, pequeno espaço disponível ao tratamento e alta concentração de fósforo e compostos

nitrogenados. Entretanto, este sistema exige um nível de mecanização superior a outros sistemas

de tratamento, bem como maior consumo de energia (VON SPERLING, 2002).

Trata-se um processo biológico onde a matéria orgânica, na presença de oxigênio

dissolvido e sob agitação, é oxidada por ação de microrganismos específicos até compostos

como CO2, H2O e novas células, alcançando 98 % de redução de DBO. A degradação do

substrato orgânico ocorre no tanque de aeração e a separação do efluente tratado do lodo gerado

ocorre no decantador secundário, onde há a sedimentação da biomassa gerada, permitindo que

o efluente saia “limpo”. Em contrapartida à degradação da matéria orgânica, há grande geração

de lodo, denominado lodo ativado ou “lodo biológico”, sendo este um dos principais problemas

associados a este tipo de tratamento de efluentes (SANTOS, 2007).

Devido à recirculação do lodo do decantador ao tanque de aeração, a concentração de

sólidos em suspenção no tanque de aeração neste sistema é bastante elevada quando comparada

a uma lagoa de mistura completa, sem recirculação. O tempo de retenção hidráulica é baixo,

aproximadamente de 6 a 8 horas. Em virtude da recirculação dos sólidos, estes permanecem

por um tempo superior ao líquido no reator, sendo o tempo de retenção celular ou idade do lodo

36

definida como a relação entre a quantidade do lodo biológico existente e a quantidade removida

no sistema de tratamento por dia. O maior tempo de permanência dos microrganismos no

sistema permite garantir uma elevada eficiência do tratamento de lodo ativado, pois a biomassa

possui tempo suficiente para metabolizar praticamente toda a matéria orgânica (SANTOS,

2007).

Azzolini e Faro (2013) realizaram um monitoramento da eficiência do sistema de

tratamento do tipo lodo ativado e lagoas de estabilização em efluentes de um laticínio da região

meio oeste de Santa Catarina. Para avaliar o desempenho do sistema de tratamento utilizaram

dados referentes ao período de agosto a dezembro de 2012. As amostras dos efluentes para a análise

em laboratório foram coletadas em seis pontos, desde o efluente bruto, até a saída final do

tratamento. Após a coleta das amostras no sistema de tratamento da indústria e a realização de

seus procedimentos analíticos em laboratório, foram obtidos resultados para os parâmetros

físico-químicos de: Oxigênio dissolvido, sólidos totais, demanda bioquímica de oxigênio e

demanda química de oxigênio.

No ponto de coleta denominado saída final do sistema de tratamento, pôde ser

observado um aumento médio de aproximadamente 98,8% na concentração de oxigênio

dissolvido (OD) em relação ao mesmo parâmetro no efluente bruto, mostrando grande

eficiência do sistema de tratamento quanto a este parâmetro de qualidade, favorecendo a vida

aquática do rio receptor, bem como o deixando em conformidade com os padrões estabelecidos

pela Resolução CONAMA (AZZOLINI e FARO, 2013).

Foi observado que na saída flotador, a concentração de sólidos totais presente no

efluente diminuiu cerca de 60 %, atendendo portanto a finalidade da existência dos tratamentos

primários. Todavia, no ponto de medição saída final, a concentração de sólidos caiu para 1.600

mg. L-1, conferindo um decréscimo, em média, de 76,4 %, sendo considerada então a eficiência

para o sistema de tratamento em estudo.

Em relação ao parâmetro DBO no ponto de medição saída do flotador, observou-se que

a média de DBO decresceu quanto ao efluente bruto, aproximadamente 70 %, o que mostrou

que o flotador é um importante componente no tratamento, já que proporciona uma grande

redução na maioria dos parâmetros, inclusive na DBO. É importante salientar ainda que a

relação DQO/DBO5 demonstrou que a fração biodegradável é alta do efluente do laticínio,

apresentando valores na faixa de 0,50 a 0,70. Quanto maior o valor desta relação maior é a

fração biodegradável dos efluentes e mais indicado é o seu tratamento por processos biológicos.

37

Quando a relação DQO/DBO5 apresenta valores baixos, ou seja, menores que 2,5,

indica-se que o efluente possui caráter de biodegradabilidade elevado (VON SPERLING,

2005).

Em relação ao parâmetro DQO no ponto de medição saída do flotador, observou-se que

a média de DQO decresceu quanto ao efluente bruto, aproximadamente 65 %, o que demonstrou

que o flotador foi um importante componente no tratamento. A eficiência do sistema para este

parâmetro de qualidade foi de 99,6 % em média, sendo considerada satisfatória (AZZOLINI e

FARO, 2013).

3.5.1.5 - Sistemas de tratamento de efluentes por reatores anaeróbios

A princípio todos os efluentes orgânicos podem ser tratados por via anaeróbia, se os

efluentes forem de fácil degradação, tornando o processo econômico e eficiente. Este tipo de

tratamento tem sido muito aplicado em tratamento de efluentes industriais agrícolas,

alimentícios, bebidas, entre outros. As características da tecnologia anaeróbia com a redução

da matéria orgânica por bactérias anaeróbias conta com baixa produção de lodo, baixo consumo

de energia, economia na implantação e operação dos sistemas, aplicação de alta carga orgânica

e possibilidade de operação com elevado tempo de retenção de sólidos e baixo tempo de

retenção hidráulica, favorecem a utilização destes sistemas de tratamento (CHERNICHARO,

2007).

Devido às condições climáticas do Brasil, esta tecnologia tem sido ainda mais utilizada

uma vez que estes tipos de sistemas de tratamentos são altamente dependentes de temperaturas

em torno de 30,0 ºC, temperaturas estas que predominam no clima equatorial do Brasil. Isto

permite que o país assuma a posição de vanguarda no cenário mundial devido à aceitação e à

disseminação de reatores anaeróbios, principalmente os de reatores de fluxo ascendente e manta

de lodo (UASB).

A biodegradação anaeróbia depende de uma população microbiana diversificada e

estável. Esses microrganismos sintetizam a matéria orgânica, transformando-a em metano e

dióxido de carbono. A eficiência do processo depende das interações entre as diversas espécies

bacterianas e ainda das condições específicas de operação, como temperatura, pH e tipo de

substrato, entre outros. Dos fatores físicos que afetam a atividade microbiana, a temperatura é

dos mais importantes na seleção das espécies, pois pode afetar a velocidade do metabolismo

das bactérias, o equilíbrio iônico e a solubilidade dos substratos (CAMPOS et al 2004).

38

A produção de metano pode ocorrer em uma faixa bastante ampla com dois os níveis

de temperatura ótima: faixa mesofílica, 30 a 35ºC e a faixa termofílica, 50 a 55ºC . Deve-se

optar por temperaturas que, em termos de custo benefício, ofereçam melhor resultado. Em

contrapartida, há algumas desvantagens a serem citadas em relação a este tipo de tratamento:

deficiência de remoção de nitrogênio e fósforo, que muitas vezes não atendem aos estreitos

limites de lançamento de DQO, instabilidades dos reatores anaeróbios, estreita dependência de

nutrientes como nitrogênio e fósforo, bem como sensibilidade a baixas temperaturas. Com

relação aos sólidos sedimentáveis nos efluentes dos sistemas anaeróbios, apenas

ocasionalmente se ultrapassa 1 ml. L-1 em efluentes dos reatores UASB, pela subida ocasional

de placas de lodo do fundo da zona de decantação, onde o lodo retido ainda produz um pouco

de gás. A saída de sólidos sedimentáveis pode ser minimizada pelo uso de cortinas, para reter

os sólidos que flutuam e impedir a sua saída pelos vertedores do efluente da zona de decantação

(CHERNICHARO, 2007).

Em sistemas de tratamento de efluentes em indústrias de laticínios, na biodegradação

anaeróbia, a lactose passa a ácido láctico diminuindo os valores de pH. A eficiência do processo,

em termos de redução de DBO, pode ser baixa. Em uma segunda fase, durante a fermentação

metanogênica, os ácidos orgânicos produzidos passam a metano e o dióxido de carbono. A

DBO é então removida do sistema como gás. Se as duas etapas atingirem um estado de

equilíbrio, consegue-se controlar bem o sistema. A eficiência do sistema chega

aproximadamente a 50 % na remoção de DBO com o tempo de detenção de 4 dias (MAGNO,

2010).

3.6 - SISTEMAS DE TRATAMENTO POR LAGOAS

De acordo com Von Sperling (2002) o sistema de tratamento por lagoas de

estabilização constitui-se a forma mais simples para tratar os efluentes. Há diversos sistemas de

lagoas com diferentes tipos de simplicidade, operacionalidade e requisito de área. Entre eles

estão:

Lagoas facultativas;

Lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas;

Lagoas aeradas facultativas;

Sistemas de lagoas aeradas de misturas completas seguidas por lagoas de

decantação;

39

Lagoas de maturação.

A Tabela 8 apresenta algumas vantagens e desvantagens do sistema de tratamento de

efluentes por lagoas.

Tabela 8 - Vantagens e desvantagens do sistema de tratamento de efluentes por lagoas.

Sistema Vantagens Desvantagens

Lagoa facultativa Eficiência satisfatória na remoção de

DBO;

Razoável eficiência na remoção de

patógenos;

Redução de custo de implantação e

operação.

Necessidade de maior área;

A simplicidade operacional pode trazer

o descaso na manutenção (crescimento

de vegetação);

Possível necessidade de remoção de

algas do efluente;

Lagoaanaeróbia

seguida de lagoa

facultativa

Idem as lagoas facultativas;

Exigência de área inferior às

facultativas únicas.

Idem as lagoas facultativas;

Possibilidade de odores indesejáveis;

Remoção de lodo em intervalos anuais;

Lagoa aerada

facultativa

Construção, operação e manutenção

bastante simples;

Exigência de área ainda menor que

item anterior;

Resistência à variação de carga;

Redução de odores.

Necessidade de equipamentos;

Pequeno aumento no nível de

sofisticação;

Exigência de energia relativamente

elevada.

Lagoas aeradas de

mistura completa

seguida de

decantação

Idem lagoas aeradas facultativas;

Menor exigência de áreas de todos os

sistemas de lagoas.

Idem as lagoas aeradas facultativas;

Preenchimento rápido da lagoa devido

a decantação de lodo (remoção de 2 a 5

anos).

Lagoas de

maturação

Elevadas eficiências na remoção de

patógenos;

Razoável eficiência de remoção de

nutrientes.

Idem sistema de lagoas precedente;

Requisito de área bastante elevado.

Fonte: Von Sperling (2002).

O sistema de tratamento de efluente por lagoas pode ser dividido em níveis de acordo

com o grau de remoção que se deseja. O tratamento primário é um mecanismo físico destinado

à remoção de sólido grosseiro em suspensão (materiais de maiores dimensões, sólido

decantáveis e flutuantes). O tratamento secundário, geralmente constituído por lagoas ou por

reatores biológicos, remove grande parte da matéria orgânica, podendo remover pequena

parcela de nutrientes como nitrogênio e fósforo. Os reatores biológicos ou lagoas empregadas

para esta etapa do tratamento reproduzem os fenômenos naturais da estabilização da matéria

orgânica que ocorrem no corpo receptor. O tratamento terciário, nem sempre presente,

geralmente é constituído de unidade de tratamento físico-químico, cuja finalidade é a remoção

complementar da matéria orgânica, dos nutrientes e poluentes específicos e desinfecção do

efluente tratado. (OLIVEIRA, 2006).

40

A forma adotada com mais frequência para a construção de lagoas é a sua posição em

série, que se distribuem em:

Lagoa primária: recebe o esgoto bruto;

Lagoa secundária: recebe o efluente da lagoa primária, usualmente lagoa

anaeróbia;

Lagoa terciária é destinada a lagoa de maturação.

A tabela 9 apresenta a estimativa da eficiência de redução para cada etapa de processo

de tratamento de efluente por lagoas.

Tabela 9 - Estimativa da eficiência esperada nos diversos níveis de tratamento na Estação de

tratamento de efluentes (ETE).

Tipo de

tratamento

Matéria orgânica

(remoção de DBO)

%)

Sólidos em

suspensão (remoção

de SS %)

Nutrientes (remoção

de nutrientes%)

Bactérias

(remoção %)

Preliminar 5-10 5-20 Não remove 10-20

Primário 25-50 40-70 Não remove 25-75

Secundário 80-95 65-95 Pode remover 70-99

Terciário 40-99 8-99 Até 99 Até 99,99

Fonte: adaptado de Secretaria do Meio Ambiente, CETESB, (1988) citado por OLIVEIRA (2006).

3.6.1 - Lagoas anaeróbias

As lagoas anaeróbias constituem-se em uma forma alternativa de tratamento, onde a

existência de condições estritamente anaeróbias é essencial. Tal é alcançado através do

lançamento de uma grande carga de DBO por unidade de volume da lagoa, fazendo com que a

taxa de consumo de oxigênio seja várias vezes superior a taxa de produção (VON SPERLING,

2002).

Segundo Von Sperling (2002), a conversão anaeróbia se desenvolve em duas etapas: a

liquefação e formação de ácidos (através de bactérias acidogênicas) e formação de metano

(através de bactérias metanogênicas). Estas bactérias metanogênicas são bastante sensíveis as

condições ambientais, portanto deve-se evitar que sua taxa de reprodução se reduza,

ocasionando neste caso em: interrupção da remoção da DBO e geração de maus odores. Na

primeira etapa não há remoção da DBO, apenas a conversão da matéria orgânica em outras

moléculas mais simples e depois ácidos, enquanto que na segunda etapa do processo é que a

DBO é removida, sendo os ácidos produzidos na primeira fase, sendo convertido em metano.

41

Alguns parâmetros de projeto das lagoas anaeróbias segundo Von Sperling (2002) são:

• tempo de detenção;

• taxa de aplicação volumétrica;

• profundidade.

O critério do tempo de detenção baseia-se no tempo para a reprodução das bactérias

anaeróbias. O critério da taxa de aplicação volumétrica é estabelecido em função da necessidade

de um determinado volume da lagoa anaeróbia para a estabilização da carga de DBO aplicada.

a) Tempo de detenção

O tempo de detenção hidráulica normalmente situa-se na seguinte faixa:

t = 3,0 a 6,0 dias.

Com tempos inferiores a 3,0 dias, poderá ocorrer que a taxa de saída das bactérias

metanogênicas com o efluente da lagoa seja inferior à sua própria taxa de reprodução, a qual é

lenta (fatores biológicos). Desta maneira, nestas condições, não seria possível a manutenção de

uma população bacteriana estável. Além da eficiência da lagoa anaeróbia reduzir, ocorreria o

aspecto mais grave do desequilíbrio entre a fase acidogênea e a metanogênea. A consequência

seria o acumulo de ácidos no meio, com geração de maus adores, pelo fato de haver poucas

bactérias metanogênicas para dar continuidade à conversão dos ácidos (VON SPERLING,

2002).

As lagoas anaeróbias têm que funcionar como lagoas anaeróbias estritas, não podendo

oscilar entre condições anaeróbias, facultativas e aeróbias.

Cálculo do volume requerido:

V = t x Q (1)

V = volume requerido para lagoa (m³);

t = tempo de detenção (dia);

Q = vazão média afluente (m³/dia).

b) Taxa de aplicação volumétrica

Segundo Von Sperling (2002) a taxa de aplicação volumétrica (Lv) a ser adotada é

função da temperatura. Locais mais quentes permitem uma maior taxa (menor volume). A

42

consideração da carga volumétrica é importante, pois certos despejos, como os industriais,

podem variar bastante a relação entre a vazão e a concentração de DBO (carga = concentração

x vazão). Assim, apenas o critério do tempo de detenção é insuficiente. As taxas mais adotadas

em nosso meio estão na faixa de:

Lv = 0,1 a 0,3 kg DBO5 /m³.dia

O volume requerido é calculado através da equação:

V = L/Lv (2)

V = volume requerido para a lagoa (m³);

L = carga de DBO total afluente, solúvel + particulada (kg DBO5/d);

Lv = taxa de aplicação volumétrica (Kg DBO5 /m³. d).

c) Profundidade

Segundo Von Sperling (2002), a profundidade das lagoas anaeróbias é elevada, para

garantir a predominância das condições anaeróbias, evitando que ela trabalhe como facultativa.

Cálculo da profundidade

A = V/H (3)

Onde:

A = área (m2);

V = volume (m3);

H = profundidade (m).

Valores geralmente adotados:

H = 3,5 m a 5,0 m

3.6.2 - Lagoas facultativas

Lagoas facultativas são aquelas que apresentam no seu perfil duas camadas: uma

anaeróbia (ao fundo) e outra aeróbia (na superfície). Devido à existência destas camadas

ocasionadas pela profundidade empregada em sua construção (3,0 – 4,0 metros), a carga

orgânica presente nos efluentes é removida por meio destes dois processos bioquímicos, a

degradação aeróbia e a anaeróbia (METO e SANTOS, 2007).

43

Dentro das lagoas facultativas, além da zona aeróbia e anaeróbia, ocorre uma terceira

zona de tratamento dos efluentes, denominada zona facultativa. A matéria orgânica em

suspensão sedimenta constituindo o lodo do fundo (zona anaeróbia), onde corre a decomposição

da matéria orgânica por microrganismos anaeróbios. A matéria orgânica dissolvida permanece

suspensa, formando uma camada superficial (zona aeróbia), sendo oxidada por meio da

respiração aeróbia, onde o oxigênio consumido é suprido pela fotossíntese realizada pelas algas,

mantendo o equilíbrio entre o consumo e produção de oxigênio. Na zona intermediária, onde a

penetração da luz solar é menor, ocorrer à ausência de oxigênio livre. Esta zona onde grupos de

bactérias sobrevivem tanto na presença de oxigênio (condições aeróbias) quanto na ausência de

oxigênio (condições anaeróbias), é denominada zona facultativa. Este mecanismo é o sistema

mais simples de lagoas de estabilização, sendo que o processo baseia-se na retenção do efluente

por um período suficiente para que a estabilização da matéria orgânica ocorra. As vantagens e

desvantagens deste tipo de tratamento estão na predominância dos fenômenos naturais, na

simplicidade e confiabilidade do processo (justamente por ser processo natural), e o fato de não

necessitar de equipamentos, reduzindo custos e facilitando a operação das mesmas (VON

SPERLING, 2002).

O processo de lagoas facultativas é essencialmente natural, por esta razão, a

estabilização da matéria orgânica se processa em taxas muito lentas, necessitando de um tempo

de retenção superior a 20 dias. Por outro lado, o fato de ser um processo totalmente natural está

associado a uma maior simplicidade operacional (SILVA, 2011).

Outra característica das lagoas facultativas é que elas requerem grande requisito de

área para o melhor aproveitamento da energia solar utilizada pelas algas no processo de

fotossíntese. A Figura 3 apresenta um esquema típico de um sistema de lagoas facultativas.

Figura 3 - Sistema de tratamento por lagoa facultativa.

Fonte adaptado de: VON SPERLING (2005), citada por SILVA (2011).

44

As lagoas facultativas, que geralmente vem após lagoa anaeróbia, podem ser

dimensionadas segundo os critérios de taxa de aplicação superficial (Ls). A taxa de aplicação

superficial é o principal parâmetro de projeto de lagoas facultativas (carga orgânica por unidade

de área) e baseia-se na necessidade de se ter uma determinada área de exposição à luz solar na

lagoa, para que o processo de fotossíntese ocorra, com o objetivo de se garantir o crescimento

de algas, produzindo-se assim o oxigênio suficiente para suprir a demanda. A área requerida

pela lagoa, em ha, é calculada em função da taxa de aplicação superficial Ls expressa em Kg

DBO5/ha.dia e da carga de DBO (L), expressa em Kg DBO5/dia, ou seja, A = L/Ls. O tempo de

detenção resultante poderá, em algumas situações, ser menor devido à prévia remoção da DBO

da lagoa anaeróbia (VON SPERLING, 2002).

3.6.3 - Lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas

As lagoas anaeróbias têm sido utilizadas para tratamentos industriais

predominantemente orgânicos com elevado teor de DBO, como o efluente de laticínios. As

lagoas anaeróbias não requerem qualquer equipamento especial, têm baixíssimo consumo de

energia e apresentam cerca de 50 % a 70 % de eficiência na remoção de DBO, o que demonstra

a necessidade de uma unidade de tratamento posterior, como a lagoa facultativa. Esta

combinação permite uma economia de 45 a 70 % de requisito de área quando comparado com

lagoa facultativa única (VON SPERLING, 2002).

Segundo Von Sperling (2002) as lagoas anaeróbias são reservatórios mais profundos

(3,0 a 5,0m) por isso necessita de menor área quando comparados com lagoas facultativas. De

acordo com Silva (2011), neste sistema de lagoas predominam o processo de decomposição da

matéria orgânica por bactérias anaeróbias e por ser de baixa eficiência é comum utilizar-se, em

série, lagoa anaeróbia mais lagoa facultativa.

A Figura 4 mostra o fluxograma típico de um sistema de lagoas em série, anaeróbias

seguidas por lagoas facultativas.

45

Figura 4 - Sistema tratamento por lagoa anaeróbia seguida por lagoa facultativa.

Fonte: Adaptado de VON SPERLING (2005), citado por SILVA, (2011).

A existência de uma etapa anaeróbia em um reator aberto é sempre uma causa de

preocupação, devido à possibilidade de maus odores. Caso o sistema seja bem equilibrado, a

geração de maus odores não deve ocorrer, mas eventuais problemas operacionais podem

provocar a liberação de gás sulfídrico (H2S), ocasionando então maus odores no sistema de

tratamento (VON SPERLING, 2002).

3.6.4 - Lagoas aeradas facultativas

Sistemas de tratamento de efluentes por lagoas aeradas facultativas são utilizados

quando há necessidade de sistemas de lagoas aeróbias com dimensões mais reduzidas, em que

o oxigênio é suprido por aeradores, tornando o sistema com maiores níveis de sofisticação e

maior gasto de energia (VON SPERLING, 2002).

A principal diferença com relação à lagoa facultativa convencional é quanto à forma

de suprimento de oxigênio. Enquanto que na lagoa facultativa convencional o oxigênio é obtido

pela fotossíntese, na lagoa aerada facultativa o oxigênio é obtido pelo uso de aeradores,

atribuindo ao sistema de tratamento um nível de complexidade maior (em termos de

manutenção e operação quando comparada com lagoas facultativas convencionais).

As lagoas facultativas convencionais sobrecarregadas e sem área para expansão,

podem ser transformadas em lagoas aeradas facultativas, através de inclusão de aeradores.

Devido este sistema de tratamento também ser por lagoa facultativa, uma grande parte

dos sólido da biomassa bacteriana (formada em decorrência da aeração) sedimenta, sendo

decomposta anaerobiamente no fundo da lagoa (SILVA 2011).

A Figura 5 apresenta o fluxograma de um sistema de lagoas aeradas facultativas.

46

Figura 5 – Ilustração de tratamento de efluente por lagoas aeradas facultativas.

Fonte: Adaptado de VON SPERLING (2005), citado por SILVA, (2011).

3.6.5 - Lagoas aeradas de mistura completa seguidas de lagoas de decantação

Segundo Von Sperling (2002), na lagoa aerada de mistura completa, a energia em

movimento introduzido pela aeração cria uma turbulência que garanti a oxigenação e permite

que todos os sólidos sejam mantidos dispersos no meio líquido.

Os sólidos mantidos em suspensão e em mistura completa, são matéria orgânica

contida no efluente e também as bactérias (biomassa). Desta forma há um maior contato matéria

orgânica/bactérias, promovendo uma elevada eficiência do sistema.

As lagoas aeradas de mistura completa são essencialmente aeróbias. Neste sistema os

aeradores servem não só para oxigenar o efluente, mas para manter a biomassa em suspensão.

Este sistema apresenta um tempo de detenção entre 2 e 4 dias, sendo um tipo de sistema não

adequado para o lançamento direto, pois ainda contém elevado teor de sólidos em suspenção.

Por esta razão, as lagoas são seguidas de lagoas de decantação, onde a decantação e

sedimentação destes sólidos ocorrem. Os sólidos em suspensão produzidos nas lagoas aeradas

tendem a sedimentar, sendo o tempo de decantação relativamente baixo, cerca de 2 dias,

implicando na necessidade de remoção do lodo de 1 a 5 anos. Dentre os sistemas de lagoas, o

sistema citado é o que requer menor requisito de área (VON SPERLING, 2002).

A Figura 6 ilustra um sistema de lagoas aeradas de mistura completa – lagoas de

decantação.

47

Figura 6 - Tratamento por lagoa aerada de mistura completa seguida por lagoa de decantação.

Fonte: Adaptado de VON SPERLING (2005), citado por SILVA, (2011).

Magno (2010) avaliou parâmetros relativos à eficiência do sistema de tratamento por

lagoas aeradas em efluentes provenientes de laticínio. O sistema de tratamento de efluentes

analisado era composto por pré-tratamento (grades, separador de gordura) e sistema biológico

composto por lagoa de estabilização.

A Tabela 10 apresenta valores do efluente do laticínio avaliado em relação aos

parâmetros: pH, temperatura, DBO5, DQO, sólidos totais e sólidos sedimentáveis. O efluente

foi coletado na entrada e saída do sistema de tratamento.

Tabela 10 - Eficiência do sistema de tratamento preliminar em interação com lagoa de

estabilização.

Parâmetro Efluente bruto Efluente tratado Limite

pH 6,58 5,50 > 5 e < 9

Temperatura ºC 28,00 30,00 < 40 ºC

DBO (mg.L-1) 1251,00 149,83 -

DQO (mg.L-1) 2568,80 162,54 -

Sólidos Totais (mg.L-1) 423,00 70,01 60,00

Sólidos Sedimentáveis

(mg.L-1)

0,50 0,28 < 1

Fonte: adaptado de MAGNO (2010).

Pelos dados obtidos, observou-se, em relação ao parâmetro DBO, uma redução de

1251 para 91,06 mg.L-1, o que representa eficiência da remoção de matéria orgânica

biodegradável de aproximadamente 88,02 %, indicando que o tratamento por lagoas de

estabilização em efluente de laticínio foi eficiente quanto a remoção da matéria orgânica

biodegradável. Em relação ao parâmetro DQO, houve redução 2568,80 mg.L-1 para 165,13

mg.L-1, representando eficiência de remoção da matéria orgânica de 93,57 %. A relação

48

DQO/DBO encontrada para o efluente foi de 1,08. Esta relação demonstra a predominância da

matéria orgânica não biodegradável em relação à parcela biodegradável.

A Tabela 11 apresenta uma comparação entre as principais características dos

diferentes tipos de lagoas analisadas (VON SPERLING, 2002).

Tabela 11 - Caracterização dos principais sistemas de lagoas para a redução de DBO, DQO,

sólidos suspensos (SS), Amônia, Nitrogênio, Fósforo e coliformes

Item geral Item específico

Sistema de lagoas

Facultativa Anaeróbia

facultativa

Aerada

facultativa

Aeradas de

mistura

completa

- decantação

Eficiência

DBO (%) 75-85 75-85 75-85 75-85

DQO (%) 65-80 65-80 65-80 65-80

SS (%) 70-80 70-80 70-80 80-87

Amônia (%) < 50 < 50 < 50 < 30

Nitrogênio (%) < 60 < 60 < 60 < 30

Fósforo (%) < 35 < 35 < 35 < 35

Coliformes (%) 90-99 90-99 90-99 90-99

Fonte: VON SPERLING (2002).

49

4 - MATERIAL E MÉTODOS

4.1- UNIDADE INDUSTRIAL AVALIADA

O laticínio em estudo está situado na Região do Vale do Jamari e recebe, em média

100 mil litros de leite por dia, produzindo queijo mussarela e creme de soro de leite de uso

industrial.

A empresa possui sistema de tratamento de efluentes físico e biológico,

respectivamente, tratamento primário e tratamento secundário. O efluente gerado na produção

de leite e derivados, bem como lavagem de instalações e equipamentos, são descartados

separadamente do soro produzido são misturados em um tanque (denominado tanque de

mistura) antes do sistema de tratamento primário. O tratamento primário é composto por um

tanque de mistura para o efluente bruto e o soro, peneiras para reter material grosseiro, caixa de

areia para reter material mais denso que o efluente (desarenador) e caixa de gordura (flotador).

O efluente após passar por estes processos de tratamento é encaminhado por gravidade

para o tratamento secundário. Este é composto por seis lagoas de estabilização que seguem a

seguinte sequência: duas lagoas anaeróbias com profundidades 3 m, uma lagoa aerada

facultativa com profundidade de 1,5 m e três lagoas facultativas com profundidade de 1,5 m,

além de uma última lagoa que funciona como um “sumidouro”, onde então o resíduo tratado

percola no solo.

4.2 - AVALIAÇÃO GLOBAL DA EMPRESA

Foram feitas visitas técnicas à unidade industrial em estudo para realização de

levantamento de dados em relação ao sistema de tratamento de efluentes, aplicando-se um

questionário e uma lista de verificação para auxiliar na avaliação, além de tomada de amostras

para análise experimental no sistema de tratamento. Para tanto foram observados aspectos

como: características dos resíduos gerados, volume de água utilizada na produção,

quantificação e qualificação dos efluentes, espaço destinado à construção do sistema de

tratamento, profundidade e extensão das lagoas, quantidade de efluente lançada diariamente,

entre outras informações.

Na Tabela 12 é mostrado o questionário aplicado no laticínio como referencial de

avaliação.

50

Tabela 12 - Questionário aplicado à usina beneficiadora de leite.

Nº Pergunta

1 Capacidade média da instalação (m3)

2 Capacidade média de produção (m3)

3 Capacidade média de produção de soro (m3)

4 Gasto médio de água (m3)

5 Resíduo gerado

6 Destino dos resíduos

7 Tratamento do efluente gerado

8 Controle no consumo de água

Fonte: O autor.

4.3 - COLETA E TRANSPORTE DAS AMOSTRAS

As coletas das amostras foram coletadas nos meses de setembro e novembro de 2014.

Foram coletadas amostras de 350 mL em garrafas PET previamente higienizadas do efluente

bruto e em cada etapa do sistema de tratamento.

As amostras do efluente foram coletadas em duas etapas em meses diferentes: a

primeira coleta no mês de setembro, a segunda coleta no mês de novembro.

Os pontos em negrito identificado no fluxograma de tratamento indica os locais de

coleta.

51

Figura 7 - Fluxograma com identificação de pontos de coleta nas respectivas etapas.

Fonte: O autor.

- Ponto de coleta

Foram coletadas amostras de efluentes na indústria em estudo, nos pontos identificados

no fluxograma de tratamento.

Na primeira série de coleta os pontos coletados foram:

1 - Saída do tratamento primário;

2 - Saída da primeira lagoa anaeróbia;

3 - Saída da segunda lagoa anaeróbia;

4 - Saída da terceira lagoa aerada facultativa;

5 - Saída da quinta lagoa facultativa;

6 - Saída da sexta lagoa facultativa.

Na segunda série de coleta os pontos coletados foram:

1 - Saída da fábrica, antes do tratamento primário;

52

2 - Saída do tratamento primário;

3 - Saída da primeira lagoa anaeróbia;

4 - Saída da sexta lagoa facultativa.

Após a coleta, as amostras foram mantidas sob refrigeração para sua preservação e

posteriormente colocadas em gelo, acondicionadas em caixas isotérmicas e conduzidas ao

Laboratório de Engenharia de Alimentos da Fundação Universidade Federal de Rondônia,

UNIR, Campus Ariquemes, onde foram mantidas congeladas até o momento da análise das

mesmas.

4.4 - DETERMINAÇÕES ANALÍTICAS

Para caracterização físico-química dos efluentes líquidos foram determinados os

seguintes parâmetros: temperatura, DQO, DBO5, pH, material flutuante, turbidez, óleos e

graxas de efluente do laticínio em estudo. As análises foram realizadas pelo Laboratório

Qualittá, localizado na cidade de Ji-Paraná, RO.

O laudo das análises encontram-se no Anexo A.

4.4.1 - pH

Foi utilizado potenciômetro digital com o eletrodo mergulhado diretamente na amostra

sem diluição e sob constante agitação. A medida do pH da primeira fase da coleta das amostras

(mês de setembro), foi realizada no Laboratório de Engenharia de Alimentos da Fundação

Universidade Federal de Rondônia, UNIR, Campus Ariquemes. A medida do pH da segunda

fase da coleta das amostras (mês de novembro), foi realizada no Laboratório Qualittá.

4.4.2 - Temperatura

Foi analisada a temperatura das amostras no momento da coleta com termômetro

(Incoterm) com escala de 0 a 100 °C. O termômetro foi inserido no frasco onde foi coletada a

amostra. Esperou a estabilização e foi anotada a temperatura.

4.4.3 - Demanda Química de Oxigênio (DQO)

De acordo com a metodologia proposta por APHA (2005), a análise foi fundamentada

na reação da amostra, sob aquecimento por 2 horas, com um forte agente oxidante, dicromato

53

de potássio, em sistema fechado. Compostos orgânicos oxidáveis reagem, reduzindo o íon

dicromato para íon crômico de cor verde. A determinação da DQO foi feita por análise em

espectrofotômetro com leitura a 620 nm.

4.4.4 - Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5)

Foi determinada conforme descrito em APHA (2005). Para preparo da água de diluição

das amostras, foi colocada água destilada para oxigenar por 20 horas. A saturação da água com

oxigênio foi feita com aerador de aquário. Posteriormente à saturação e após descanso de 30

minutos, para cada litro de água saturada foi colocado 1 mL de solução-tampão fosfato, 1 mL

de solução de sulfato de magnésio, 1 mL de solução cloreto de cálcio e 1 mL de solução cloreto

férrico. Colocou-se o volume calculado da amostra e completou-se até 300 mL com água de

diluição. Um frasco foi tampado para evitar bolhas no interior do mesmo, codificado e incubado

por 5 dias a 20 °C. No outro frasco, foi dosado imediatamente o oxigênio dissolvido, com duas

repetições, obtendo, assim, a concentração média de oxigênio dissolvido. Após cinco dias foi

determinado o oxigênio dissolvido do outro frasco que foi incubado. Além das amostras foi

preparado o branco com água de diluição.

A eficiência de redução de DQO foi determinada tomando-se os valores da concentração

inicial (So) e final (Se) do efluente, a cada lagoa avaliada, bem como no efluente à entrada do

sistema de tratamento. A eficiência do tratamento () foi avaliada em termos de percentagem

de redução de DQO, calculada pela fórmula:

100x So

SeSo (4)

= eficiência;

So = concentração inicial;

Se = concentração final.

4.4.5 - Óleos e gorduras (método de Soxhlet)

As amostras foram previamente acidificadas até pH 2,0, com ácido clorídrico 1:1.

Posteriormente, as amostras foram transferidas para um funil de separação onde adicionou-se

30 mL do extrator hexano. Em seguida, essa solução foi agitada por 2 min, seguido de repouso

54

até separação de fase. A fase aquosa foi descartada e a fase orgânica, contendo a gordura, foi

submetida à centrifugação. O material centrifugado foi transferido para um balão usado na

destilação e em seguida filtrado com 10 g de sulfato de sódio (Na2 SO4). Este balão foi acoplado

a um sistema de destilação onde foi realizada a separação do hexano da gordura (APHA, 2005).

4.4.6- Turbidez

A turbidez foi obtida por equipamento turbidímetro com as amostras em temperatura

ambiente.

4.4.7- Material flutuante

Foi realizada segundo metodologia descrita por Silva (1997). Alíquotas de 5,0 mL da

amostra foram filtradas através de um filtro de fibra de vidro (MILLIPORE AP 20),

previamente seco e tarado; em seguida, o filtro foi colocado em estufa a 105 °C, para secagem

completa até peso constante. O teor de sólidos suspensos foi obtido pela diferença de peso entre

peso do filtro com o resíduo seco a 105 °C e peso do filtro dividido pelo volume da amostra.

A

FF

V

pPR

(5)

RFP = Peso do filtro com o resíduo seco.

PF = Peso do filtro.

VA = Volume da amostra.

55

5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 - CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DA

INDÚSTRIA

A empresa geradora do efluente em estudo é de médio porte, possuindo instalações

para processar até 250 mil litros de leite.

A indústria opera com menos de 50 % da sua capacidade, gastando em média 100 mil

de litros de água por dia para o processamento do leite. Além do processamento do leite e

derivados, a água também é gasta em outras atividades que o laticínio possui, como:

higienização da indústria, higienização de caminhão tanques e lavagem de pátios gerando em

média 190 mil litros de efluente dia com alta carga orgânica e sem recuperação de soro.

O soro e o efluente gerados pela indústria são descartados através de tubulações

diferentes e só são misturados em um pequeno tanque, denominado tanque de mistura, onde

também é adicionado cinza previamente dissolvida para controle do pH do efluente.

O sistema de tratamento de efluente da indústria é composto por tratamento primário

e secundário. O tratamento primário é composto por um tanque de mistura para o efluente bruto

e o soro, peneiras para reter material grosseiro, caixa de areia para reter material mais pesado

que a areia ou de dimensão próxima a areia e caixa de gordura com flotador para óleo graxas e

outros materiais flutuantes. A Figura 8 apresenta a etapa do processo de tratamento primário

realizado na indústria.

Figura 8- Sistema de tratamento primário realizado no laticínio.

Fonte: O autor.

Após o efluente passar pelo tratamento primário, o mesmo é destinado por gravidade

para o tratamento secundário ou biológico. O sistema biológico é composto por lagoas de

estabilização, obedecendo a seguinte sequência: duas lagoas anaeróbias, seguidas por uma

56

terceira lagoa, denominada lagoa aerada facultativa. Após a lagoa aerada facultativa o efluente

passa por mais três lagoas facultativas, totalizando seis lagoas. Ao final do processo de

tratamento, o efluente já tratado é dispensado em uma última lagoa que funciona como um

“sumidouro”, sendo então absorvido pelo solo.

A Tabela 13 apresenta o questionário aplicado com o técnico responsável pela

indústria que contribuiu para o estudo em questão.

Tabela 13 - Questionário aplicado ao técnico responsável pela indústria para levantamento de

dados do laticínio.

Nº Pergunta Resposta

01 Capacidade de processamento de leite 250 mil litros

02 Capacidade média de produção 100 mil litros

03 Capacidade média de produção de soro 90 mil litros

04 Resíduo gerado 190 mil litros

05 Destino dos resíduos sólidos Seleção e destino (local reservado

pela empresa fora da fabrica)

06 Tratamento da água utilizada para o processo Filtro de areia clorada a 1,5 ppm

07 Consumo de água 100 mil litros

08 Tratamento do efluente gerado Sistema de tratamento (lagoas de

estabilização)

Fonte: O autor.

5.2 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICO QUÍMICA DO EFLUENTE GERADO

A Tabela 14 apresenta dados referentes às amostras coletadas na primeira fase da

pesquisa (realizada no mês de setembro) com valores de pH e temperatura das amostras de

efluente (com mistura de soro) após a saída do tratamento primário e das lagoas de estabilização

(tratamento secundário). As análises de pH das amostras coletadas foram realizadas no

Laboratório de Engenharia de Alimentos da Fundação Universidade Federal de Rondônia,

UNIR, Campus Ariquemes.

Tabela 14- Resultados das análises de pH e temperatura referentes à primeira fase da pesquisa.

Parâmetro Amostra 01 Amostra 02 Amostra 03 Amostra 04 Amostra 05 Amostra 06

Ph 3,60 2,29 3,05 3,29 3,56 3,97

Temperatura

(ºC)

30 29 29 29 29 29

Fonte: O autor.

Onde:

Amostra 01: Saída do tratamento primário;

57

Amostra 02: Saída da primeira lagoa anaeróbia;

Amostra 03: Saída da segunda lagoa anaeróbia;

Amostra 04: Saída da terceira lagoa aerada facultativa;

Amostra 05: Saída da quinta lagoa facultativa;

Amostra 06: Saída da sexta lagoa facultativa.

A Tabela 15 apresenta dados referentes às amostras coletadas na segunda fase da

pesquisa (realizada no mês de novembro), das amostras de efluente bruto (com mistura de soro)

e das lagoas de estabilização.

Tabela 15 - Resultados das análises físico química referente as amostras da segunda fase da

pesquisa.

Parâmetro Amostra

01

Amostra

02

Amostra

03

Amostra

04 Eficiência

Referência

CONAMA nº 430

pH 3,56 2,47 1,84 3,62 - 5 – 9

Temperatura

(ºC) 32 30 29 29 - -

DQO mg. L-1 3810 2155 2349 1935 49,20 % -

DBO mg. L-1 1800 1050 1140 900 50,00 % 60%

Óleos e Graxas

mg. L-1 4908 2492 2321 54 98,90 % Ausente

Turbidez UNT 698,9 957,1 1366,4 236,5 66,20 % 100 UNT

Materiais

flutuantes Presente Ausente Ausente Ausente 100 % Ausente

Fonte: O autor.

A ordem das amostras avaliadas correspondem às seguintes etapas de tratamento:

Amostra 01: Saída do efluente da fábrica, antes do tratamento primário;

Amostra 02: saída do tratamento primário;

Amostra 03: Saída da primeira lagoa anaeróbia;

Amostra 04: Saída da sexta lagoa facultativa.

Na tabela 16 estão dispostos os resultados das análises físico-químicas quanto a

eficiência do sistema de tratamento primário (fisico) e tratamento secundário (biológico).

58

Tabela 16 - Eficiência do tratamento primário X tratamento secundário.

Parâmetro Eficiência

tratamento primário

Eficiência

tratamento secundário

Óleos e graxas 50 % 48,9 %

Turbidez _ 66 %

Remoção de DBO5 42 % 8 %

Remoção de DQO 43,% 6,20 %

Materiais flutuantes 100 %; -

Ph 3,56 - 2,47 2,47 - 3,62

Fonte O autor.

Os resultados dos parâmetros apresentados conforme Tabelas 14 e 15 demonstram que

o sistema de tratamento é eficiente somente quanto à remoção de materiais flutuantes, e que

apenas o tratamento primário é suficiente para remover a presença destes e atender à legislação.

A temperatura variou de 29 a 30ºC durante todo o tratamento do efluente, apresentando

condições favoráveis ao crescimento de microrganismos. De acordo com Chernicharo (2007) a

temperatura ótima é na faixa de 30 a 35ºC.

Quanto ao parâmetro óleos e graxas, pode-se observar que o tratamento preliminar

reduziu cerca de 50 %, sendo que o tratamento primário com a presença da caixa de gordura foi

onde este parâmetro alcançou maior redução; a eficiência da redução deste material nas lagoas

de estabilização foi de apenas 48,9 % de redução, totalizando uma redução de 98,90 %. Porém,

pela Resolução CONAMA n° 430 e lei estadual Lei Nº 547 que dispõe sobre os limites máximos

de lançamento de efluente em relação ao parâmetro óleos e graxas, o mesmo deve ser ausente.

Em relação ao parâmetro turbidez as análises demonstraram que na saída da primeira

lagoa anaeróbia, houve um acréscimo de 95 % em relação ao efluente gerado pela indústria,

sendo que a turbidez só apresentou redução na saída das lagoas facultativas, com cerca de 33

% de redução, alcançando o valor de 236,5 UNT, sendo que pela legislação citada

anteriormente, o mesmo não deveria ultrapassar 100 UNT. A redução da Turbidez de 698,9

NTU para 236,5 UNT, possivelmente foi causada pela diminuição do material particulado em

suspensão decorrente da diminuição da carga orgânica causada pelo trabalho de

microrganismos aeróbios e anaeróbios.

As mesmas legislações citadas anteriormente determinam que os valores de DBO5

devem ser reduzidos em 60 %. No tratamento de efluentes em estudo, os valores de DBO5

apresentaram redução de 50 %. Apesar de apresentar bons resultados relacionados à eficiência

59

da estação de tratamento, em se tratando de lagoas anaeróbias e facultativas, o efluente tratado

encontra-se acima dos valores máximos estabelecidos pela legislação. De acordo com a

legislação, os limites destes parâmetros poderão ser ultrapassados desde que o corpo receptor

possua capacidade de depuração. No estudo em questão, o efluente não é descartado em corpo

receptor e sim sofre disposição no solo, portanto deveriam ser atingidos os 60 % de redução.

Vale apena observar que os resultados descritos na Tabela 15 e 16 demonstram que o

sistema de tratamento primário foi responsável por 42% de remoção de DBO5, enquanto que o

sistema de tratamento secundário (compostos por 06 lagoas) apresentou apenas 8% de redução,

indicando baixa eficiência do sistema biológico.

Os valores de DQO apresentaram comportamento semelhante aos de DBO5

alcançando 49,20 % de redução. Ao reportar à legislação nacional, cuja referência em termos

de lançamento de efluentes era a Resolução CONAMA 357/05 (BRASIL, 2005), então

substituída pela Resolução CONAMA 430/11 (BRASIL, 2011), em que se estabelece as

condições e padrões de lançamento de efluentes, verifica-se que não são estabelecidos valores

para a DQO.

A biodegradabilidade dos efluentes foi outro fator avaliado por meio da relação

DQO/DBO5. Segundo Von Sperling (2005), a relação DQO/DBO5 tende a aumentar em relação

à inicialmente verificada, graças à redução sequencial da fração biodegradável presente. Assim,

quanto maior a eficiência do tratamento biológico na remoção da matéria orgânica

biodegradável, maior será a relação entre os valores tratados de DQO e DBO5 podendo chegar

a 4,0 ou 5,0, quando comparados com os resultados brutos da relação DQO e DBO5. Neste

estudo, a relação DQO/DBO5 do efluente bruto apresentou média de 2,12, enquanto que o

efluente tratado apresentou para a mesma relação o valor de 2,15. Esses valores mostram que,

mesmo no estado bruto, o efluente apresenta características biodegradáveis. Quando a relação

DQO/DBO5 apresenta valores baixos, ou seja, menores que 2,5, indica-se que o efluente possui

caráter de biodegradabilidade elevado (VON SPERLING, 2005). Ao analisar de forma geral os

resultados obtidos por este trabalho de relação DQO/DBO5 tratados, observa-se que os valores

encontrados sugerem que o efluente tratado na estação de tratamento do laticínio estudado é

potencialmente biodegradável.

Já a relação DBO5/DQO apresentou valor médio de 0,47. Segundo Saraiva (2008) o

efluente com presença de soro influência cerca de 4 vezes mais no aumento da DBO,

apresentando valores de DBO5/DQO na faixa de 0,40 a 0,70. Quanto maior esse valor, maior é

60

a fração biodegradável dos efluentes e mais indicado é o seu tratamento por processo biológico,

como no caso em estudo.

Como pode-se observar, dos sete parâmetros avaliados, cinco encontraram-se fora dos

padrões exigidos para descarte de efluente, o que, nas condições avaliadas, demonstraram baixa

eficiência do tratamento em questão. Este fato pode ser decorrente da elevada acidez do afluente

(pH de 3,56), sendo que os valores de pH sofrem sucessivas quedas ao longo do tratamento,

alcançando pH final de 3,52. De acordo com Von Sperling (2002) os microrganismos presentes

em tratamento de efluentes por processos biológicos, desenvolvem-se bem em pH próximo da

neutralidade, sendo a faixa ótima de 6,0 a 8,0. Possivelmente, as condições de pH apresentadas

pelo sistema em questão, a fase acidogênica estaria predominando no sistema de tratamento em

detrimento da fase metanogênica, fato este que explicaria a baixíssima eficiência em relação

aos valores de DBO e DQO apresentados pelas lagoas de estabilização.

De acordo com Silva (2011) o tratamento de grande volume de efluente com alta carga

orgânica por meio de lagoas anaeróbias seguida por lagoas facultativas é o mais indicado,

porém neste caso, as condições de pH do efluente no sistema de tratamento em estudo é crítica

e para se ter um tratamento anaeróbio eficiente, o pH deve ser controlado.

Magno (2010) relatam que para elevar o pH do efluente é necessária adição de cal

pois valores de pH mais próximos da neutralidade favorecem o crescimento de microrganismos

responsáveis por transformar a matéria orgânica em CH4 e CO2.

Os valores apresentados, nas específicas condições avaliadas, indicam que as lagoas

anaeróbias do sistema de tratamento estão basicamente funcionando por processo físico de

“decantação”, apresentando baixíssimo rendimento em relação a atuação como sistema

biológico de tratamento.

Segundo Giordano (2004) a aquisição de equipamentos modernos para o

processamento e beneficiamento da matéria prima leite e derivados é necessária pois o maior

aproveitamento do subproduto, principalmente o soro, reduzirá de maneira considerável a carga

orgânica e consequentemente diminuirá o tempo de retenção hidráulico, minimizando custos

com o tratamento, principalmente em relação à área requerida para implantação.

De acordo com Saraiva (2008) a utilização de processos tecnológicos avançados de

produção reduzem a quantidade de água consumida nos processos (produção mais limpa) e,

61

consequentemente, a produção de efluentes, sendo mais coerente com o modelo de

desenvolvimento sustentável.

A indústria em estudo possui equipamentos e instalações modernas, gastando em

média 1 litro de água para cada litro de leite processado e, mesmo lançando o soro in natura,

não ultrapassa o volume de 2 litros de efluente para cada litro de leite processado, sendo a média

nacional de 3,5 litros de efluente para cada litro de leite processado. Porém, como já citado, a

concentração de matéria orgânica é muito elevada, possivelmente devido ao descarte in natura

do soro junto ao efluente da indústria (CASTRO 2007).

Atualmente está em fase de implantação um sistema de filtração do soro produzido,

onde o mesmo será concentrado até cerca de 70 %. Esta filtração/concentração será realizada

por sistema de filtração por membrana, sendo o permeado aproveitado para comercialização e

o efluente descartado no sistema de tratamento, possivelmente terá sua concentração de matéria

orgânica reduzida, diminuindo o impacto ambiental gerado pelo mesmo.

62

6 – CONCLUSÃO

O estudo realizado na revisão bibliográfica possibilitou a conclusão de que o processo

de tratamento de efluentes em indústrias de beneficiadoras do leite e derivados é uma atividade

bastante complexa e que no dimensionamento de uma estação de tratamento, demanda estudos

aprofundados quanto à qualidade de efluente gerado, o clima, temperatura média da região,

exigência pela legislação regional e Resolução CONAMA 430.

Por meio das análises realizadas do efluente coletado no sistema de tratamento em

estudo, foi possível caracterizar o perfil de redução de matéria orgânica com o tratamento do

efluente realizado pelo sistema de tratamento existente na empresa em estudo e quantificar sua

eficiência.

Os valores da relação DQO/DBO para o efluente gerado demostra que o efluente em

estudo possui biodegradabilidade elevada logo o tratamento biológico é o mais adequado para

o laticínio em questão.

A eficiência quando comparada com a legislação apresentou valores deficientes quanto

ao pH, DQO e DBO5, óleos e graxas e turbidez, nas análises foi possível demostrar redução

significativa mas ainda encontram-se fora dos limites exigidos por legislações.

Para o melhor entendimento e comprovação do funcionamento do sistema estudado e

sua eficiência, sugere-se realizar um efetivo monitoramento dos efluentes em tratamento nas

lagoas de estabilização durante períodos de seca e chuva, e que as coletas se deve dar em

diferentes horários, permitindo assim um acompanhamento das modificações das variáveis

avaliadas em relação ao tempo por período mínimo de um ano, para então sugerir um

tratamentos auxiliares se necessário.

63

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

ANDRADE, L. H. Tratamento de efluente de indústria de laticínios por duas

configurações de biorreator com membranas e nano filtração visando o reuso. 2011. 231

f. Dissertação (Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) -

Universidade federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

APHA. Standard methods for the examination of waste e wastewater. 21. Ed.

Washington, DC: American Public Association, 2005.

AZZOLINI, J. C. e FARO, L. F. Monitoramento da eficiência do sistema de tratamento de

efluentes de um laticínio da região Meio. Unoesc & Ciência. V. 4, n. 1, p. 43-60, 2013.

BRASIL. Política nacional de recursos hídricos. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento

de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o

art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de

dezembro de 1989. Brasília, DF: PNRH, 1997. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm>. Acesso em: 15 jun. 2014.

BRASIL. Conselho nacional de recursos hídricos. Resolução nº 16, de 8 de maio de 2001.

Estabelece critérios gerais para a outorga de direito de uso de recursos hídricos. Brasília, DF:

CNRH, 2001. Disponível em: <

http://www.aesa.pb.gov.br/legislacao/resolucoes/cnrh/16_2001_criterios_gerais_outorga.pdf>

. Acesso em: 16 set. 2014.

BRASIL. Agência Nacional de Águas. Lei no 9.984, DE 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a

criação da Agência Nacional de Águas, entidade federal de implementação da Política

Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de

Recursos Hídricos, e dá outras providências. Brasília, DF: ANA, 2000. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9984.htm>.Acesso em: 14 jun.2014.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 357, de 17 de março de

2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu

enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e

dá outras providências. Brasília, DF: CONAMA, 2005. Disponível em: <

http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646>. Acesso em: 15 out. 2014.

64

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011.

Dispõe sobre as condições de lançamento de efluente, completa e altera a resolução nº 357 de

17 de março de 2005. Brasília, DF: CONAMA, 2011. Disponível em: <

http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646 > Acesso em: 15 out. 2014.

CAMPOS, C. M. M.; LUIZ, F. A. R.; BOTELHO, C. G.; DAMASVENO, L. H. Soares.

Avaliação da eficiência do reator UASB tratando efluente de laticínio sob diferentes cargas

orgânicas. Scielo. Ciênc. agrotec. vol.28, nº. 6, Lavras. Nov./Dec. 2004

CHERNICHARO, C. A. L. Reatores anaeróbios. 2° ed. Belo Horizonte: Departamento de

Engenharia Sanitária e Ambiental – UFMG, 2007.

CASTRO, V. C. Diagnóstico do consumo de água, da geração de efluentes e de resíduos

sólidos em um laticínio de pequeno porte. 2007. 69 f. Dissertação apresentada ao programa

de pós-graduação em ciência e tecnologia de alimentos. Para obtenção do título de Magister

Scientiae. Universidade Federal de Viçosa. Minas Gerais, 2007.

FREIRE R. S.; PELEGRINI, R.; KBOTA, L. T.; DURÁN, N. Novas tendências para o

tratamento de resíduos industriais contendo espécies organocloradas. Scielo - Universidade

Estadual de Campinas. Vol. 23, nº. 4, 504-511, 2000.

FERREIRA, R. P. Uso de coagulantes naturais como pré-tratamento de efluente de

laticínio. 2012. 76 f. Monografia apresentada à Escola de Engenharia de Lorena da

Universidade de São Paulo como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro

Químico. Lorena, 2012.

GIORDANO, G. Tratamento e controle de efluentes industriais. 2004. 81 f. Prof. Adjunto

do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente. Universidade Estadual do Rio

de Janeiro - UERJ, 2004.

HESPANHOL, I. Um novo paradigma para a gestão de recursos hídricos. Scielo. Estud.

av.v.22 nº.63 São Paulo 2008.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e de Estatística. Indicadores: produção agrícola.

Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 10 jun. 2014.

65

IDARON, Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia

Levantamento de dados sobre a produção de leite em Rondônia, 2013. Disponível em: <

http://www.idaron.ro.gov.br/Multimidia/downloads/docs/Producao_de_leite_em_Rondonia-

divulgacao.pdf > 20 maio 2014.

LIMA, V. I. A. ; ALVES, S. M. C.; OLIVEIRA, J. F.; BATISTA, R. O.; PINHEIRO, J. G.

SOUSA, L. D. Desempenho do sistema de tratamento de água residuária de laticínios e os

efeitos de sua disposição em Argissolo. Instituto Nacional do Semiárido. V.2, n.2, p.93-101,

2013.

MAGNO, P. S. L. Tratamento de efluentes em lagoas de estabilização: Em estudo de caso

em indústria de laticínio, 2010. 73 f. Dissertação apresentado para obtenção do título de

mestre em Ciências Ambientais do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da

Universidade de Taubaté-SP, 2010.

MATOS, A. T.; ABRAHÃO, S.; MONACO, P.A.L.; SARMENTO, A. P. & MATOS, M. P.

Capacidade extratora de plantas em sistemas alagados utilizados no tratamento de águas

residuárias de laticínios. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental , v.14,

n.12, p.1311–1317, 2010.

MENDES, A. A.; CASTRO, H. F.; PEREIRA, E. B.; JUNIOR, A. F. Aplicação de lipases no

tratamento de águas residuárias com elevados teores de lipídeos. Departamento de

Engenharia Química, Faculdade de Engenharia Química de Lorena, Quím. Nova vol. 28 nº.

2 São Paulo, 2005.

NETO, M. S. A. Tratamento de águas residuárias de suinocultura em reator anaeróbio

compartimentado seguido de reator UASB. 2007. F 170. Dissertação apresentada à

Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Jaboticabal. 2007.

NETO, J. O. & SANTOS, H. I. Análise da eficiência das lagoas facultativas da estação de

tratamento de efluente municipal de Inhumas-Goiás. Goiânia, 2007/1. Acadêmico de

Engenharia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás, Professor orientador do Projeto

Final de Curso, Biólogo. Doutor - Universidade Católica de Goiás.

OLIVEIRA, A.S. Tratamento de esgoto pelo sistema de lodo ativado no município de

Ribeirão Preto, SP: avaliação da remoção de materiais pesados. Ribeirão Preto, 2006.

Dissertação apresentada à escola de enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São

Paulo.

66

POKRYWIECKI, T. S GUMY, M. P. TONIAL, I.B.; POKRYWIECKI, J. C. Avaliação do

processo de tratamento de efluentes de laticínios. Instituto Nacional do Semiárido.V.2, n.2,

p.93-101, 2013.

RONDÔNIA, Proteção do meio ambiente. Lei Nº 547, de 30 de dezembro de 1993.

Regulamenta a Lei Nº 547, de 30 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a preservação e

controle da poluição ambiental e estabelece normas disciplinadoras da espécie. Porto Velho

RO: Disponível em:<

http://www.remade.com.br/br/legislacao_estadual_lei.php?num=15&title=lei%20n%ba%205

47,%20de%2030%20de%20dezembro%20de%201993>. Acesso em: 05 jun. 2014.

SALAZAR, R. F S. Aplicação de processo oxidativo avançado (POA) como pré -

tratamento de efluente de laticínio para posterior tratamento biológico. Dissertação

(Mestrado em Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena - Universidade de São

Paulo. Lorena, 2009. 210 f.

SANTOS, A. M.; SILVA, S. R.; CARVALHO, S. H. V.;SOLETTI, J. I. Tratamento de

efluentes lácteos através de coagulação química e Sedimentação. Scielo. Unidade Acadêmica

Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Alagoas. Tabuleiro dos Martins, Campus A.

C. Simões, Maceió - AL, 2009.

SANTOS, D. M. Contribuição ao desenvolvimento de processos químicos incentivados

por micro ondas para pré-descarte do resíduo sólido de tratamentos por lodo ativado.

2007. 141f. Dissertação apresentada à Escola de Engenharia Mauá de tecnologia para

obtenção do título de mestre em Engenharia de processos químicos e bioquímicos. São

Caetano do sul.

SARAIVA, C. B. Potencial poluidor de um laticínio de pequeno porte: um estudo de

caso. 2008. 68 f. Dissertação apresentada à universidade Federal de Viçosa, como exigência

do programa de Pós-graduação em ciência e tecnologia de Alimentos. Viçosa. 2008.

SILVA, A. R. B. Tratamento de efluentes na indústria de laticínios. 2013. 21f. Monografia

de graduação apresentada à Universidade Federal de Uberlândia para aprovação na disciplina

de Projeto de Graduação do curso de Engenharia Química. Uberlândia – MG; 2013.

SILVA, A.C.F.M. Tratamento de resíduos líquidos de laticínios em reator anaeróbio

compartimentado seguido de leitos cultivados. 2010. 148f. Tese apresentada à Banca

Examinadora para obtenção do título de Doutor em Engenharia Agrícola na Área de

Concentração em Água e Solo. Campinas 2010.

67

SILVA, D. J. P. Resíduos na indústria de Laticínios. 2011. 20f. Série Sistema de Gestão

Ambiental. Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos

Ciência e Tecnologia de Alimentos Viçosa-Mg, 2011.

SEAGRI - Secretaria de Agricultura, pecuária e regularização Fundiária. Cenário do setor

lácteo em Rondônia. Disponível em <

http://www.cpafro.embrapa.br/media/arquivos/documentos/cenariosetor_ro.pdf> Acesso em:

14 set.. 2014.

SILVA, J. L. D. J. Levantamento da situação da estação de tratamento de esgoto de

cajazeiras no bairro cajazeiras na cidade de Mossoró - RN, 2011. Monografia apresentada

à Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, 2011.

SILVA, F.K e EYNG, J. O. Tratamento de águas residuais de indústria de laticínios: um

estudo comparativo entre os métodos de tratamento com bioflitro e com o sistema

convencional de lagoas. Unisul, v. 1, n. 2, p. 4 – 2, 2013.

TEODORO, A.; IDE, C. N.; RIBEIRO, M. L. BROCH, S. A. O. SILVA, J. Implementação

do conceito Capacidade de Diluição de Efluentes no modelo de qualidade da água QUAL-

UFMG: estudo de caso no Rio Taquarizinho (MS). Scielo. Eng. Sanit. Ambiental. Vol.18, nº.

3, Rio de Janeiro, July / Sept. 2013.

VON SPERLING, M. Lagoas de estabilização. 2° Ed.- Belo Horizonte. Departamento de

engenharia sanitária ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais; 2002.

VON SPERLING, M. Lodo ativado. 2° Ed.- Belo Horizonte. Departamento de engenharia

sanitária ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais; 2002.

68

ANEXO A

69