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Rosa Damasceno

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Rosa Damasceno Theater

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ROSA DAMASCENO

RUI SILVA MARTINS

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AUTORIARUI SILVA MARTINS

FONTESBIBLIOTECA MUNICIPAL DE SANTARÉMCÂMARA MUNICIPAL DE SANTARÉMGRANDELA AIRES

2009

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Rosa Damasceno

Actriz contemporânea nasceu no Porto a 23 de Fevereiro de 1849, faleceu no Gradil a 5 de Outubro de 1904. Seu pai era militar e quando faleceu, veio Rosa com sua mãe para o Alentejo e entrou como actriz numa compan-hia ambulante, dirigida por um antigo actor e empresário chamado Lopes. Percorreu com a companhia diversos teatros da província, agradando sempre muito, até que Marcolino Pinto Ribeiro antigo actor do teatro de D. Maria II, vendo-a representar, ficou tão entusiasmado, que lhe aconselhou que viessem para Lisboa porque a nova actriz tinha bastante mérito para fazer uma carreira artística distinta. Marcolino apresentou-a então ao comissário régio, o Dr. Luís da Costa Pereira que a admitiu e lhe deu um pequeno papel, escriturando-a ás noites, como se usava muitas vezes nessas época. Construía-se o teatro da Trindade e o seu director o falecido Francisco Palha, tendo conhecimento das disposições para a cena e os dotes de formosura de que era dotada Rosa Damasceno, propôs-lhe escritura, realizando-se o seu debute no dia da inauguração do referido teatro a 30 de Novembro de 1867, ent-rando nas duas peças que se representaram, A mãe dos pobres, drama em 5 actos, de Ernesto Biester, e O Xerez da viscondessa, comédia em 1 acto, tradução de Francisco Palha. O êxito, que obteve, foi dos mais satisfatórios. Representou então em grande parte do reportório, cultivando também a opereta, em que muito sobressaía a sua voz maleável e de um timbre agradável. Mencionaremos as seguintes peças: A familia Benoiton, Conspiração na aldeia, O senhor Procopio Baeta, Pupilas do Sr. reitor, Boa desforra, Ultima moda, Casamento singular, As amazo-nas de Tor mes, Ouros, copas, espadas e paus, Campainhas, Avarento, Baile da condessa, Novelia em acçao, Casa de Orates, Peor inimiga, Quem desdenha, Um murro e um lenço, Quatro mulheres numa casa, Mãos de fidalgo, Amores de primavera, O Barba Azul, A gata borralheira, O rouxinol das salas, As três rocas de crystal, etc. Rosa Damasceno passou depois para o teatro de D. Maria II, que então era explorado por uma empresa particular. Foi ali que a sua carreira se tornou mais gloriosa, tomando também parte em muitas peças do reportório, receben-do frenéticos aplausos que o público sempre lhe dispensava como uma das suas actrizes predilectas. Entrou então na Mantilha de renda, Amigo Fritz, Fourchambault, Tio Milhões, Madrugada, O alfageme de Santarém, Os Velhos, João de Thommaray, Marquez de Villemer, Sociedade onde a gente se aborrece, Os fidalgos da Casa Mourisca, Duque de Vizeu, Varina, Cigarra, Arlesiana, Abbade Constantino, D. Affonso Vi; Alcacer-Kibir, O intimo, Guerra em tempo de paz, Amigo das mulheres, O bibliothecario, D. Leonor TelIes, Hamlet, Triste viuvinha, Metter-se a redemp-tor, etc. Esteve depois no teatro de D. Amélia, desde 1898 até à data do falecimento. Neste teatro ainda aumentou consideravelmente o seu enorme reportório, apresentando-se nas peças O que morreu d’amôr, Maridos de Leon-tina, Amôr de mãe, Meia noite, Côrte na aldeia, Degeneradas, Corrida do facho, Fromont & C.ª, Castello his torico, Outro eu, Pouca sorte, Torrente, Auto pastoril, Segredo do PolichinelIo, Paço de Veiros, Ressurreição, Cruz da esmola, Segredo da confissão, etc. A ultima peça que representou foi O Adversario. Rosa Damasceno fez uma digressão ao Brasil em 1892, percorrendo o Rio de Janeiro, S. Paulo, etc. Era casada com o actor Eduardo Brazão.

Transcrito por Manuel Amaral

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o contextoDesde a eclosão do liberalismo e do movimento romântico, durante a primeira metade do séc.XIX, que a actividade teatral entusiasmou a burguesia vitoriosa santarena, A sociedade local, antevendo a importância que o teatro reves-tia, procurou realizar espectáculos, promover a escrita e a publicação de novas obras que versassem temas locais, incentivou a constituição de grupos amadores e investiu na criação de salas, para a representação de companhias locais e nacionais.Os primeiros lugares teatrais, foram igrejas profanadas, conventos e sedes de paróquias extintas, como o convento de S.Domingos, a igreja da Graça dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, a igreja de S.Martinho e a igreja de S.João do Alporão.Em 1849, foi constituída uma sociedade, intitulada Teatro de S.João do Alporão, para o efeito, os seus accionistas, obtiveram os bons ofícios do Visconde de Fonte Boa, governador civil naquela época e um dos sócios do teatro, para que fosse disponibilizada totalmente a igreja romano-gótica pertencente à antiga Ordem de Malta.Adaptada a sala de espectáculos, aí se representou teatro, desde 29 de Dezembro de 1849 até 1875, o melhor da dramaturgia romântica do país. Um movimento à volta da defesa do templo de S.João do Alporão, afastou de lá o teatro, a igreja foi depois entregue à comissão instaladora do Museu Distrital de Santarém.Na segunda metade do séc.XIX, surgiram ainda mais quatro teatros, o Teatro Clube Ribeirense, o Teatro de San-tarém, que a 4 de Julho de 1894, passou a designar-se de Teatro Rosa Damasceno, o Teatro Taborda e o Teatro AliançaDe todos, aquele que nascia para ser uma autêntica sala de espectáculos e introduzia inovação no contexto da actividade teatral, era o Teatro Rosa Damasceno.

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a primeira sala

A construção deste teatro, pressupôs uma grande alteração urbana no planalto do Alpram (Alporão). Primeiro o pro-jecto desta nova sala de espectáculos, previa a demolição da igreja de S.Martinho, desafectada ao culto deste 1849, depois as alterações afectaram parte dos terrenos pertencentes ao Conde de Óbidos, junto ao recinto muralhado daquele trecho da cidade e acabaram por desarticular o que restava da estrutura urbana naquele aglomerado, onde outrora existira a Judiaria de Santarém.Mais tarde, criaram-se novos alinhamentos, base da avenida da Alcáçova, acesso moderno às Portas do Sol, trans-formado em miradouro e jardim da cidade.A decisão do novo teatro, deveu-se ao Clube de Santarém, associação sócio-cultural da elite de Santarém, fundada em 1851. Foi contratado para o projecto o arquitecto José Luís Monteiro (1849-1942). O projecto do teatro previa uma ocupação de 800 lugares, com plateia, 70 camarotes e uma grande galeria.A concepção arquitectónica estava adequada à época, o arquitecto romântico recebera uma formação nos diferentes estilos arquitectónicos, dominando alguns aspectos da aplicação de novos materiais (ferro), aceitando as correntes revivalistas em voga. Nele pontificava o ecletismo misturado com um saber e distinto requinte.A influência clássica é assumida na organização da fachada, na modelação dos frontões circulares e quebrados das janelas e nas pilastras decorativas. Numa platibanda corrida foram colocadas quatro estatuetas, representando as musas do teatro.Iniciou-se a construção a 5 de Dezembro de 1877, mas a sua inauguração oficial só se efectuou, 8 anos mais tarde. A abertura ao público esteve dependente da conclusão da pintura do tecto, entregue ao pintor Pereira Júnior. No interior dispunha ainda de uma galeria de 20 medalhões com os retratos dos principais actores portugueses.Entre 1884 2 1894, o teatro foi conhecido com Teatro de Santarém. Apenas em 4 de Julho de 1894, numa represen-tação da Companhia do Teatro Normal de Lisboa, em que intervieram Eduardo Brasão, Rosa Damasceno e Augusto Rosa, foi decidido denominar a sala de espectáculos com o nome Rosa Damasceno, esta recebeu das mãos do Clube, a chave do teatro em prata, dentro de um estojo, em cuja tampa e num escudete de prata se lia – chave do Teatro Rosa Damasceno em Santarém, Julho, 1894.

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a segunda sala

O surto de interesse pelo cinema e a própria evolução da arte dramática, fizeram com que o Clube de Santarém decidisse transformar o Teatro Rosa Damasceno, quer para o poder dotar de maior número de lugares, como para o adequar à projecção de filmes.Para este desafio, o Clube requisitou os serviços de um conhecido arquitecto, Amílcar Pinto, que para a nova remod-elação tomou como modelo a experiência arquitectónica do Cinema-Teatro Eden de Lisboa, atribuído a Cassiano Branco.A nova sala procura romper com a tradição oitocentista da arquitectura de Santarém, enveredando pela arte mod-erna, pela arte deco, que nos anos 30 começou a fase mais significativa da sua voga. De acordo com o projecto, a lotação destinava-se a 1400 espectadores, a plateia teria 600 lugares, duas ordens de balcões e 10 camarotes laterais à semelhança do cinema Tivoli em Lisboa.A fachada seria beneficiada por um balanço, que nos diferentes pisos iria comportar na sala de espera, o grande salão e um bar. O edifício adequava-se à arte cénica, se bem que os interesses de projecção cinematográfica, prev-alecessem. Este aspecto veio a caracterizar a sala, pela dupla função de cine-teatro.Amílcar Pinto aproveitou do antigo teatro, uma parede mestra com cunhais em cantaria de calcário, como se pode observar nas traseiras do edifício, se bem que a tivesse alteado, para integrar o espaço reservado às estruturas de maquinaria e cenografia, sobretudo para a colocação das teias e urdimento.Tudo o resto foi uma meticulosa obra, em que o arquitecto se entregou todo, tanto no desenho geral, tanto nos por-menores dos diversos espaços, como no design dos equipamentos necessários ao funcionamento da sala.A primeira máquina de projecção foi colocada no lugar para a rodagem das fitas em 1938, altura em que o Teatro-Cinema Rosa Damasceno foi inaugurado na presença dos presidentes da Câmara Municipal (António Bastos), do Clube de Santarém e do seu arquitecto.A primeira representação teatral teve lugar no dia da inauguração, pela Companhia Rey Colaço, tendo por actriz principal, Amélia Rey Colaço.

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A PRIMEIRA SALA SÉC.XIX A SEGUNDA SALA SÉC.XX A TERCEIRA SALA SÉC.XXI

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a terceira sala

O Teatro Rosa Damasceno ao longo do tempo teve uma importância enorme na cidade de Santarém, é uma refer-ência cultural, um espaço social de encontro repleto de memórias. Nos últimos tempos funcionou como sala de cinema, depois um abandono total, chega até nós um edifício esquecido que sofreu um incêndio que o devastou por completo, restando apenas a fachada.Após uma investigação de toda a história desta sala única e várias entrevistas, entendi que deveria fazer algo para devolver dignidade a este lugar, não esqueçamos a mágoa que existe entre muitas pessoas de Santarém, pelo esquecimento desta referência cultural. É essencial reabilitar este lugar, quando falo de lugar, não falo apenas do edifício, mas também do centro histórico, que precisa urgentemente de atenção. Tem de se intervir com uma visão contemporânea, devolver a sua função real e provocar um chamamento de volta àquele lugar.No meu entender, não faz sentido manter o edifício existente, encontra-se demasiado degradado e as necessidades do Homem de hoje são bem diferentes do que à 50 anos atrás. O que motiva as pessoas a usar certos espaços? Não é a sua estética, mas a sua função, os seus usos, a identidade do Teatro Rosa Damasceno não é a sua fachada, são as suas memórias de espectáculos, de encontros sociais, políticos e intelectuais. Quando indagamos do que as pessoas se recordam do Rosa Damasceno, a reposta é unânime: dos espectáculos de teatro, de música, de revista, dos comícios eleitorais, etc. Só podemos concluir que uma intervenção insensível a estas respostas, vai fragmentar ainda mais uma cidade com uma identidade fragmentada.

Ao olhar aquele lugar, vi imediatamente o seu potencial, toda a paisagem que se encontra nas suas traseiras, o per-curso que se faz desde da porta de manços até às portas do sol, um lugar que pode ser frequentado a vários níveis.Logo resolvi criar permeabilidades, de modo as pessoas poderem percorrer este novo espaço, poderem fazer um percurso e usufruírem de uma paisagem tão scalabitana. Depois a criação de novos volumes com diferentes funções, sendo o maior, o principal, a sala de espectáculos e eventos, capaz de responder aos novos requisitos. O outro volume é para salas de ensaio, este serve para aulas de varias temáticas culturais, é um espaço para ser usado no quotidiano e para se complementar com o edifico em frente (Circulo Cultural Scalabitano). O último volume, sendo o menor, mas com uma grande importância, pretende ser um local social de encontro, mas também de cultura, pelo qual comporta uma galeria de exposições.

Penso que este meu contributo, serve para dar luz a uma questão importante que se encontra esquecida, para relem-brar que Santarém é uma cidade cheia de historia, mas uma cidade para se usar e não apenas se olhar.

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TEATROENSAIO

GALERIAPÚBLICO

PAISAGEM

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A - TeatroB - GaleriaC - Salas de ensaioD - Espaço Público

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PLANTA DE IMPLANTAÇÃO

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PLANTA DO PISO -1

1_ELEVADOR2_ACESSO PISO 03_INSTALAÇÕES SANITÁRIAS4_ÁREA TÉCNICA

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PLANTA DO PISO 0

1_ACESSO TEATRO2_PALCO3_ÁREA TÉCNICA/CAMARINS4_ACESSO ESTACIONAMENTO5_BAR/LOUNGE6_ACESSO GALERIA7_SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS8_INSTALAÇÕES SANITÁRIAS9_ELEVADOR10_ACESSO ESTACIONAMENTO

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PLANTA DO PISO 1

1_PLATEIA2_PALCO3_ÁREA TÉCNICA/CAMARINS4_GALERIA5_SALAS DE ENSAIO6_INSTALAÇÕES SANITÁRIAS7_ELEVADOR

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PLANTA DO PISO 2

1_PLATEIA2_PALCO3_ÁREA TÉCNICA/CAMARINS4_SALAS DE ENSAIO5_INSTALAÇÕES SANITÁRIAS6_ELEVADOR

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COBERTURA

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ALÇADO SUL ALÇADO NASCENTE

ALÇADO NORTE ALÇADO POENTE

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CORTE A-A´

CORTE B-B´

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