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tsi tsi! Eu não vou pro seus lados!” – referência à letra da música de jazz “Moon River” - Holt Labor Library (http://www.holtlaborlibrary.org/ ) 1

Rosa Parks

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Page 1: Rosa Parks

“tsi tsi! Eu não vou pro seus lados!” – referência à letra da música de jazz “Moon River” - Holt Labor Library (http://www.holtlaborlibrary.org/)

Rosa Parks, Cem Anos da “Mãe dos Direitos Civis”

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Page 2: Rosa Parks

Foto: AP/Gene Herrick “Os brancos o acusariam de causar problema quando tudo que você fizesse fosse agir como um ser

humano normal, em vez de agir como um servo”. Rosa Parks (1913- 2004)

No dia 01 de Dezembro de 1955, na cidade de grande contingente negro Montgomery, no Alabama, a costureira e secretária Rosa Parks estava voltando para sua casa de ônibus quando o motorista a avisou de que ela deveria dar o seu lugar a um homem branco. Ela se recusou! Assim se iniciou a difusão da luta pelos Direitos Civis nos EUA (luta pela igualdade perante a lei, sem distinção de cor, credo ou gênero). Essa luta, lembremos, foi chefiada por mulheres e homens negros que, desde meados dos anos cinquenta organizaram-se para combater a discriminação racial, a desigualdade econômica e vários outros atentados contra a dignidade humana. Rosa Parks foi uma das percussoras do movimento de resistência pacífica, desobediência civil e a não cooperação com o autoritarismo no séc. xx, exemplos que seriam posteriormente ampliados e seguidos por líderes como Martin Luther King, entre outros.

No sul dos Estados Unidos dos anos cinquenta a “lei da segregação racial” impedia que uma pessoa negra fizesse uso de assentos de ônibus reservados somente às pessoas de cor branca. Por sua vez, as pessoas de cor negra tinham de se sentar nos bancos de trás. O ato de protesto de Rosa Parks ao “não ceder seu lugar” fez com que o motorista chamasse a polícia. Ela foi presa em flagrante, sendo obrigada a pagar uma multa para sair da prisão. Martin Luther King a visitou e eles planejaram um boicote aos ônibus da cidade, que obteve muito sucesso entre os negros, durando 385 dias no total. Como resultado de seus protestos pacíficos, ambos foram presos, e King teve sua casa bombardeada por grupos racistas. Mas suas ações não foram vãs. Com a percepção dos prejuízos da companhia de transporte (que há mais de ano vinha sofrendo com a ausência do dinheiro do transporte pago pelos negros), a Corte Suprema dos EUA pôs fim à segregação racial nos ônibus de Montgomery no Alabama. Em 21 de Dezembro de 1956, para marcar o fim do segregacionismo nos ônibus, Martin Luther King e um Pastor branco chamado Glen Smiley entraram num coletivo e se sentaram lado a lado na primeira fila. Os anos seguintes foram marcados pelos protestos pacíficos e violentos que levou ao assassinato de dezenas de militantes, mas também ao aumento da participação de minorias nas altas esferas da sociedade Norte-Americana. Em 1999, Rosa Parks, com 86 anos de idade foi condecorada pelo então presidente Bill Clinton com a “medalha de Ouro de Honra” do Congresso Norte-Americano. “Essa medalha é um encorajamento para que todos nós continuemos até que todos tenham seus direitos resguardados.” Disse Rosa Parks na cerimônia.

Entenda o sistema de segregação nos ônibus de Montgomery ativo até 1956 – os esquema de segregação racial implícitos ou explícitos, legais (dentro da lei) ou

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ilegais (fora da lei) tem seus fundamentos na disputa por espaço político, social e econômico. Paralelamente o sistema de segregação dos ônibus demonstra a ação consciente do Estado para ampliar o espaço de um grupo eleito, em detrimento dos grupos de “indesejáveis”. No caso dos coletivos de Montgomery, os brancos que entravam iam ocupando (por lei) a parte privilegiada da frente do transporte público, preenchendo-o até chegar ao fundo. Por sua vez, os negros que entravam no ônibus ocupavam os últimos assentos, e iam ocupando-os paulatinamente de trás para frente, caso não houvessem brancos sentados neles. No limite, havendo um único assento duplo ocupado por um branco, um negro que entrasse ficaria de pé, sendo que ao contrário, havendo um único assento duplo ocupado por um negro, um branco que entrasse teria o direito de ocupa-lo sozinho, forçando o negro a se levantar. Em caso de lotação, na medida em que mais brancos viessem a entrar no ônibus, os negros teriam (por lei) de se levantar e dar aos brancos seus assentos, causando a consequente expansão de espaço para os brancos dentro do sistema.

"Outra mulher foi presa e jogada na cadeia porque se recusou a levantar-se de seu lugar no ônibus para que um branco se sentasse. É a segunda vez desde o caso de Claudette Colvin que uma mulher negra foi presa pela mesma razão. Isto não deve continuar. Os negros também têm direitos e se os negros não andarem de ônibus, eles não poderão operar. Três quartos dos usuários são negros e ainda que sejamos presos ou tenhamos de ficar de pé com bancos vazios. Se nada fizermos para parar com essas prisões, elas continuarão. Da próxima vez poderá ser você, ou sua filha, ou sua mãe. O caso dessa mulher será julgado na segunda-feira. Nós estamos, desta forma, pedindo a cada negro para não entrar nos ônibus na segunda em protesto pela prisão e pelo julgamento. Não andem nos ônibus para trabalhar, para ir à cidade, para ir à escola ou para qualquer coisa na segunda-feira. Vocês podem se dar ao luxo de não ir à escola por um dia se não tiverem outros meios de ir que não por ônibus. Você também pode deixar de ir à cidade por um dia. Se você trabalha, pegue um táxi ou caminhe. Mas por favor, crianças e adultos, não andem de ônibus na segunda. Não andem em nenhum ônibus na segunda."

(Circular com 35 mil exemplares lançados por Jo Ann Robinson, ativista do grupo “Concelho Político das Mulheres”, impressos na noite em que Rosa Parks foi presa).

O legado de Rosa Parks à frente da desobediência civil não violenta lançou seus frutos não só na sociedade norte-americana, mas em todo o mundo. Depois dos terríveis e gloriosos anos de luta pelos Direitos Civis, ações de desobediência foram se tornando mais e mais comuns como formas clássicas da demonstração pública de descontentamento em relação às injustiças; sendo o boicote, a greve, a assinatura de manifestos de repúdios, a emissão de textos de protestos, as manifestações e passeatas, exemplos deste legado de reinvindicações hoje consideradas totalmente legítimas. São ativas ainda hoje, portanto, a causa das mulheres, a luta LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros), o movimento negro e a luta de centenas e centenas de outro grupos defensores dos Direitos Humanos, que podem ter em sua retaguarda exemplos digníssimos como foi o caso da “mãe dos Direitos Civis”, Rosa Parks, que faria cem anos no dia 4 de fevereiro de 2013.

Renato Araújo/ Fevereiro de 2013

([email protected])

Saiba Mais

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Rosa Parks & Jim Jaskin My Story. New York: Dial Books, 1992.http://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa_Parks http://teacher.scholastic.com/rosa/sittingdown.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_dos_direitos_civis http://www.salon.com/2013/02/03/

rosa_parks_i_had_been_pushed_as_far_as_i_could_stand/ http://en.wikipedia.org/wiki/Martin_Luther_King,_Jr.

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