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8 1. APRESENTAÇÃO O Plano de Desenvolvimento do Assentamento - PDA é um meio de desenvolver junto aos assentados do Projeto de Assentamento Lamarca a consciência de preservação e recuperação ambiental, revertendo situações de baixa produção em ampliação de renda, por meio de incentivos e assessoramento social, produtivo e ambiental, buscando melhorias na infraestrutura por meio de trabalhos que sigam os princípios da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural PNATER, cujo objetivo é melhorar os aspectos socioeconômicos- ambientais do assentamento. O PA Lamarca, instituído no dia 24 de agosto de 2007, com código de SIPRA RO0171000, criado pelo processo de criação 543000011422007, atualmente não apresenta em sua totalidade a condição de projeto de desenvolvimento sustentável, em virtude da descontinuidade das ações desenvolvidas dentro do assentamento tanto pelas instituições públicas quanto privadas, cujas ações são desenvolvidas esporadicamente ou com interrupções, o que provoca desânimo por parte dos agricultores. A falta de união da comunidade, também compromete o desenvolvimento de trabalhos que poderiam solucionar alguns dos problemas comuns. O PDA abrange um conjunto de ações planejadas, visando garantir ao Projeto de Assentamento Lamarca o nível desejado de desenvolvimento sustentável, melhorando a qualidade de vida destes agricultores a curto, médio e longo prazo. Aliado a isso, visa proporcionar aumento de renda dos agricultores beneficiários, como a melhoria das condições de vida e cidadania, requisitos básicos para o alcance do sonhado desenvolvimento, através das possíveis soluções levantadas nas quatro dimensões trabalhadas: social, econômica, infraestrutura e ambiental, resultantes da aplicação de metodologias e ferramentas que buscam a maior interação possível dos envolvidos como a Intervenção Participativa dos Atores INPA, sobre as políticas governamentais e de parcerias institucionais e privadas pertinentes. Este documento identifica os problemas e as potencialidades do assentamento a partir do diagnóstico participativo elaborado com as famílias assentadas, incluindo a participação por gêneros e gerações (homens, mulheres,

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8

1. APRESENTAÇÃO

O Plano de Desenvolvimento do Assentamento - PDA é um meio de

desenvolver junto aos assentados do Projeto de Assentamento Lamarca a

consciência de preservação e recuperação ambiental, revertendo situações de baixa

produção em ampliação de renda, por meio de incentivos e assessoramento social,

produtivo e ambiental, buscando melhorias na infraestrutura por meio de trabalhos

que sigam os princípios da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão

Rural – PNATER, cujo objetivo é melhorar os aspectos socioeconômicos- ambientais

do assentamento. O PA Lamarca, instituído no dia 24 de agosto de 2007, com

código de SIPRA RO0171000, criado pelo processo de criação n°

543000011422007, atualmente não apresenta em sua totalidade a condição de

projeto de desenvolvimento sustentável, em virtude da descontinuidade das ações

desenvolvidas dentro do assentamento tanto pelas instituições públicas quanto

privadas, cujas ações são desenvolvidas esporadicamente ou com interrupções, o

que provoca desânimo por parte dos agricultores. A falta de união da comunidade,

também compromete o desenvolvimento de trabalhos que poderiam solucionar

alguns dos problemas comuns.

O PDA abrange um conjunto de ações planejadas, visando garantir ao Projeto

de Assentamento Lamarca o nível desejado de desenvolvimento sustentável,

melhorando a qualidade de vida destes agricultores a curto, médio e longo prazo.

Aliado a isso, visa proporcionar aumento de renda dos agricultores beneficiários,

como a melhoria das condições de vida e cidadania, requisitos básicos para o

alcance do sonhado desenvolvimento, através das possíveis soluções levantadas

nas quatro dimensões trabalhadas: social, econômica, infraestrutura e ambiental,

resultantes da aplicação de metodologias e ferramentas que buscam a maior

interação possível dos envolvidos como a Intervenção Participativa dos Atores –

INPA, sobre as políticas governamentais e de parcerias institucionais e privadas

pertinentes.

Este documento identifica os problemas e as potencialidades do

assentamento a partir do diagnóstico participativo elaborado com as famílias

assentadas, incluindo a participação por gêneros e gerações (homens, mulheres,

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idosos, jovens e crianças) com a moderação da equipe de assistência técnica

prestadora de serviços para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –

INCRA, por meio da Chamada Pública INCRA/SR - 17/RO Nº 01/2011, originária do

contrato CRT 11.000 celebrado com a Associação de Assistência Técnica e

Extensão Rural do Estado de Rondônia – EMATER-RO, seguido da definição da

agenda de prioridades para cada dimensão; ressalvadas as responsabilidades dos

assentados envolvidos e prazos estabelecidos para a condução do Plano de

Desenvolvimento do Assentamento Lamarca, de forma que assegurem a

consolidação do projeto de assentamento, sempre respeitando os códigos e

posturas municipais, estatuais e federais.

1.1. Objetivos

1.1.1. Geral

Identificar os problemas e potencialidades levantados na comunidade e

diretamente pelos agricultores envolvidos, por meio de metodologias participativas

do envolvimento e comprometimento da comunidade inerente às dimensões

trabalhadas no PA. Planejar e implantar ações para fins de solucionar as

problemáticas pertinentes às questões priorizadas pelos beneficiários da reforma

agrária no PA Lamarca.

Seguir as premissas do Decreto nº 4.739, de 13 de junho de 2003, que

transfere a competência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -

MAPA, relativa à assistência técnica e extensão rural, para a Secretaria de

Agricultura Familiar – SAF do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, bem

como da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PNATER (Lei

n° 12.188 de 11 de janeiro de 2010), e do Programa Nacional de Assistência

Técnica e Extensão Rural – PRONATER, que possuem objetivo comum de

estimular, animar e apoiar iniciativas de desenvolvimento rural sustentável, que

envolvam atividades agrícolas e não agrícolas, tendo como premissa central o

fortalecimento da agricultura familiar, visando trazer qualidade de vida aos

assentados da Reforma Agrária.

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1.1.2. Específicos

- Incluir o máximo de famílias assentadas na reflexão e análise crítica sobre a

realidade sócio econômica ambiental do assentamento dentro da proposta do

desenvolvimento sustentável;

- Preconizar a união e a interação da comunidade na priorização dos problemas

comuns;

- Estabelecer estratégias por meio de formação ou reestruturação de organizações

sociais ou grupos informais dos agricultores envolvidos em parcerias com o INCRA,

SEDAM, IDARON, CEPLAC, EMBRAPA, EMATER, PREFEITURA MUNICIPAL e

suas secretarias e demais órgãos ou parceiros que possam ser inseridos no

contexto, objetivando a melhoria na qualidade de vida e sustentabilidade para os

agricultores familiares do PA Lamarca.

- Prestar serviços de ATER com responsabilidade e qualidade, considerando a

equidade nas relações de gênero, geração, raça e etnia e na contribuição para a

segurança e soberania alimentar e nutricional.

2. Metodologia

2.1. Da Elaboração do Plano

Para a construção do Plano de Desenvolvimento do Assentamento Lamarca,

foi escolhido um lugar estratégico à participação direta do maior número de

agricultores nas oficinas, além de oferecer condições de infraestrutura básica para a

realização dos eventos. A sede da Igreja Presbiteriana Renovada, localizada no PA

Lamarca, Gleba 01, Linha C-50 e Travessão B1 foi a escolhida, por oferecer melhor

infraestrutura; e a direção da igreja prestou grande apoio para a realização destes

e outros eventos coletivos. A equipe técnica de ATER/INCRA, núcleo de

Theobroma, adotou e realizou 03 oficinas como estratégia de trabalho para a coleta

dos dados primários. Na primeira, a equipe trabalhou com o planejamento e a

sensibilização dos atores; na segunda, com o autodiagnóstico do projeto de

assentamento, e por último, com a priorização dos problemas e a elaboração do

plano de ação para a solução dos principais problemas do PA Lamarca.

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Os assentados formaram comissões, cada qual representando uma dimensão

social, produtiva, infraestrutura e ambiental. Os problemas foram detectados e

priorizados utilizando-se de ferramentas como “mapas do passado, presente e

futuro”, “problemas e potencialidades”, “construção dos bonecos”, priorização dos

problemas (votação com as “carinhas tristes, indiferentes e felizes”, todas elas sendo

técnicas voltadas para o envolvimento direto dos agricultores no processo de

construção do autodiagnóstico de fácil entendimento para subsidiar a escrita do

PDA).

Primeiro Encontro

Na primeira oficina, trabalhou-se com técnicas de mobilização e

sensibilização do público alvo. Por se tratar de um trabalho ímpar, o envolvimento de

todo o assentamento foi considerado, iniciando o processo com a apresentação das

famílias de agricultores e posteriormente dos técnicos e parceiros colaboradores.

Assim, cada pessoa pôde se apresentar, dizendo há quanto tempo residia no

assentamento. Da mesma forma, cada um pôde socializar suas expectativas em

relação aos trabalhos da assistência técnica contratada para o PA, oportunizando

assim, entrosamento e compreensão mais detalhada dos trabalhos.

Para dar continuidade aos trabalhos foi aplicada a dinâmica da “Teia de

Aranha”, que visa reforçar a importância da participação da comunidade nos

trabalhos para a construção do Plano de Desenvolvimento do Assentamento – PDA,

fazendo que cada membro perceba que há uma parcela de responsabilidade a ser

assumida por todos.

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Figura 01: Sensibilização – Dinâmica Teia de aranha, PA Lamarca. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

Figura 02: Sensibilização – Dinâmica Teia de aranha, PA Lamarca. Fonte: INCRA/EMATER-RO,CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

Em seguida, foi realizada a dinâmica do olho mágico, cujo objetivo foi

sensibilizar os participantes sobre a necessidade do conhecimento do assentamento

como um todo. A dinâmica inicia-se com um álbum seriado constituído de várias

folhas de papel madeira com orifícios que vão aumentando à cada página passada,

sendo que as primeiras páginas não permitem a identificação da figura apresentada.

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Ao virar as páginas, pouco a pouco vão aparecendo partes da figura, causando no

público grande curiosidade e instigando-os a pensar. As pessoas identificam que há

alguma imagem por detrás do orifício, porém, não conseguem definir do que se

trata. Neste momento, os participantes são estimulados a descobrirem o que tem ali.

Ao virar as páginas, os agricultores ficam surpresos, visto que há um novo orifício na

folha, maior que o último, e à medida que se viram as folhas de papel a imagem vai

se ampliando até que visualizem a mesma por completo, e para a surpresa de

todos, trata-se de um cenário comum a todos, pertinente a paisagem do PA - uma

represa na propriedade do Sr Elias Vidal Ribeiro e Dona Derly Gomes Ribeiro. Os

agricultores participam em grande número, pois a curiosidade toma conta do local.

O moderador questiona sobre o local e fomenta uma grande chuva de

opiniões sobre a figura. O objetivo desta dinâmica foi revelado pelo moderador, cuja

intenção é saber o quanto os agricultores conhecem sobre a realidade onde vivem.

Neste momento, os presentes são convidados a uma reflexão acerca da importância

de saber e conhecer a própria realidade a fundo, para tomar as medidas necessárias

na busca da resolução de problemáticas comuns.

Na sequência, passou-se à dinâmica dos mapas do passado, presente e

futuro, para resgatar histórias da colonização da região e também para saber o

quanto os agricultores conhecem da realidade própria, divulgando algumas

informações pertinentes ao PA, via exposição em plenária. Ao meio dia foi servido o

almoço seguido de breve intervalo para descanso e na retomada houve a

apresentação dos mapas.

O grupo do mapa do passado apresentou seu trabalho expondo a história da

colonização do PA que, segundo relato dos agricultores, surgiu na época em que

cultivavam sobretudo arroz, milho e outras culturas anuais em áreas coletivas.

Acessavam a área por alguns carreadores, onde muitas vezes havia conflitos. Os

proprietários de grandes áreas os impediam de transitar, fechando as porteiras e os

revistavam por várias vezes impedindo-os de seguirem. O Movimento Liga

Camponesa Pobre – LCP era quem apoiava os agricultores da região. A

comunidade deixou claro que sempre enfrentou dificuldades para conseguir

infraestrutura e benfeitorias no local.

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Os agricultores foram estimulados a falarem sobre o que perceberam ao

participarem da dinâmica, onde foi observada a visão centralizadora que os atores

têm em relação à própria realidade. Na maioria das vezes estão preocupados

apenas com os problemas pessoais, de suas parcelas, de sua linha a que

pertencem. Em uma comunidade onde as pessoas não conhecem a sua realidade,

dificilmente conseguirá resolver problemas comuns.

No mapa do passado puderam observar as dificuldades encontradas pelos

pioneiros - cerca de sete anos- até que o PA fosse estabelecido em 04 de outubro

de 2007. Estes bravos agricultores entravam nas poucas picadas existentes, abertas

na maioria das vezes para a exploração ilegal de madeiras. Os assentados

relataram o sofrimento enfrentado nesta longa caminhada, onde muitas vezes

arriscavam-se embarcando de carona em carrocerias de caminhões carregados com

toras, para acessarem os núcleos urbanos; outras vezes cortavam grandes trechos

a pé, carregando os pertences e mercadorias necessárias.

Um fato muito interessante observado durante o discurso dos agricultores que

viveram no PA durante aquela época, é a forma em que eram unidos e organizados,

pois sozinhos jamais venceriam todas as adversidades encontradas na época, e

perceberam que estavam ali pelos mesmos objetivos, a citar: a de possuir uma

porção de terra. Estes assentados sempre trabalhavam em grupo, porém, cada um

era responsável por alguma atividade e se sentia responsável também pela

necessidade de ajudar o próximo, uma vez que o outro se preocupava amplamente

com este ou com seus familiares. Relataram as maiores dificuldades enfrentadas,

geralmente inerentes à saúde, formas de organização da agricultura, dentre diversas

dificuldades.

A malária era muito expressiva naquela época. A presença dos animais

silvestres também foi bem comentada a exemplo de onças. Na fala, sempre

correlacionavam com a situação do presente, em que a união não é mais praticada

como antes. Disseram que os animais eram vistos com mais frequência, a caça fazia

parte da sobrevivência do grupo.

O mapa do presente desenhado e apresentado pelos agricultores revelou a

situação atual do PA. A questão da infraestrutura foi bem destacada, tanto os

avanços como as dificuldades. Relataram as conquistas de agricultores que já

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trabalhavam em comunidades através de associações e grupos informais. Os

agricultores identificaram as linhas e vias de acesso ao PA, estradas abertas,

pontes, bueiros, barracão da Igreja, tanques de leite, ônibus escolares.

O mapa do futuro contou com a presença de jovens agricultores que citaram a

necessidade de áreas de lazer, poços artesianos para sanar os problemas de falta

de água que atingem algumas parcelas; recuperação de áreas degradadas como

nascentes, recuperação de estradas com o cascalhamento, construção de pontes de

concreto para resolver o problema frequente de manutenção de pontes de madeira e

alguns bueiros. Expressaram a necessidades de regularização ambiental para a

atividade da piscicultura; produção de frutas cítricas, suporte técnico, melhoramento

genético dos rebanhos, acesso às linhas de crédito rural, cursos técnicos específicos

e selo municipal para comercializar os produtos agroindustrializados.

Problemas e Potencialidades

Ao tratar de problemas do assentamento, a interatividade e a participação dos

assentados são imprescindíveis, pois geram uma ansiedade de revelá-los para

possíveis e soluções dos mesmos. As potencialidades são pouco destacadas e

outras vezes nem percebidas. Os grupos foram divididos nas quatro dimensões:

social, infraestrutura, ambiental e produtiva.

A dimensão Social foi a primeira a ser apresentada, com a citação dos

problemas: falta de áreas de lazer, posto de saúde, profissional de odontologia e

falta de uma ambulância no PA. As potencialidades são: associação, união e grupos

informais.

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Figura 03: Dinâmica dos Problemas e Potencialidades Dimensão Produtiva. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

A dimensão social é fundamental para entender melhor a dinâmica de vida da

comunidade em si, pois é uma dimensão que está diretamente relacionada às

demais. Dentre as problemáticas e potencialidade identificadas no PA, a educação

foi um dos fatores mais discutidos, relacionado à estrutura física das escolas,

transporte escolar, qualidade dos professores e alimentação escolar. A organização

social, cultura e lazer também foram temas. A saúde também sempre está entre as

prioridades dos assentados, justamente pela maior dificuldade de acesso à mesma.

Figura 04: Dinâmica dos Problemas e Potencialidades Dimensão Social. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

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A dimensão Produtiva está diretamente relacionada à produção primária e

secundária do assentamento. Esta dimensão trata de auxiliar os envolvidos na

obtenção da maior diversificação de produção nas parcelas, promovendo

capacitação e especialização da mão de obra dos agricultores, orientações sobre

técnicas de preparo dos solos e aquisição de insumos e material genético adequado,

bem como auxiliar nas demais decisões sobre as atividades do homem do campo; a

organização dos sistemas produtivos, que geralmente são os principais problemas

encontrados nas parcelas e nas comunidades como um todo, devido a não

apresentarem muita habilidade nas práticas de comercialização de seus produtos a

preços justos, uma vez que as organizações sociais são frágeis e não se observa o

hábito de venda coletiva de produtos, com muita incidência de vendas individuais a

atravessadores que não valorizam a produção agrícola, taxando preços bem aquém

dos praticados nos mercados. Na comunidade do PA Lamarca estas são realidades

constatadas durante a oficina de início das atividades anuais e também nas outras

atividades decorrentes do ano.

Figura 05: Dinâmica dos Problemas e Potencialidades. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12 Autodiagnóstico, 2013.

Na dimensão Infraestrutura aborda os investimentos no conjunto das

instalações necessárias às atividades do homem rural, como exemplo: estradas,

pontes, energia, posto de saúde, escolas, ônibus escolares, igreja, campo de

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futebol, barracão de Associação, tanques de leite, botija de inseminação, construção

e reforma das casas, saneamento básico, instalações para atividades produtivas,

como: tulha, terreirão, curral, barracão de ordenha e cercas. Os problemas citados

foram: má conservação das estradas, péssima qualidade das pontes durante o

período chuvoso, falta de algumas pontes e bueiros, falta de um posto de saúde nas

dependências do PA, problemas com o transporte escolar, como ônibus velhos e

falta de cinto segurança nos mesmos, poucos caminhões para o escoamento da

produção leiteira, falta de poços artesianos em algumas parcelas, difícil acesso as

políticas de distribuição de calcário e falta de implementos agrícolas.

Potencialidades: solo produtivo, produção de leite e gado para o abate, suinocultura

e avicultura para subsistência, e piscicultura.

A dimensão Ambiental trata dos aspectos ambientais no tocante à transição

de agricultura tradicional aos métodos agroecológicos, entendimento e observância

às cartas legais, visando conciliar a conservação ou uso racional dos recursos

naturais com o desenvolvimento das atividades que geram os produtos e renda das

famílias. Os problemas citados são: Falta de água e falta de poços artesianos em

algumas parcelas, uso de agrotóxicos, derrubadas das matas ciliares que protegem

os corpos d’água, falta de regularização ambiental das atividades de piscicultura. As

potencialidades foram: fruticultura, reservas legais, propriedades bem servidas por

águas, temperatura ideal para a produção de alimentos, umidade relativa do ar ideal.

Figura 06: Dinâmica dos Problemas e Potencialidades Dimensão Ambiental. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

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Dinâmica dos Balões

A dinâmica dos Balões tem por objetivo sensibilizar os participantes sobre os

benefícios de se viver em comunidade, aguçar os sentidos de fraternidade e

igualdade entre os envolvidos, podendo até incentivar os trabalhos em grupo. Para

realizar esta dinâmica, cada agricultor recebeu um balão colorido, onde depois de

inflado, todos deviam jogar os balões para cima sem deixá-los cair. A tendência é

cada um cuidar apenas do seu balão, depois que alguns balões caírem ao chão,

encerra-se a atividade e incentiva a reflexão, o que, via de regra, sensibiliza o

público e fomenta a expressão perfeita dos sentimentos pertinentes.

Figura 07: Dinâmica dos Balões. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12, Theobroma. Autodiagnóstico, 2013.

Cada balão representava os problemas do assentamento. Em geral, as

pessoas estão mais preocupadas em resolver os problemas próprios e que as

afetam diretamente. Outras vezes, apenas criticam a situação precária do PA, e não

participam ativamente do processo para a resolução destes. Esta dinâmica revela

exatamente que se as pessoas passarem a ajudar ao próximo, pensando na

coletividade e vivendo como uma comunidade organizada, todos unidos para a

resolução dos problemas comuns, mais facilmente estes problemas poderão ser

resolvidos, o que os torna automaticamente mais brandos, tal qual um balão

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flutuando no ar. Diferentemente, quando os responsáveis pela resolução dos

problemas são poucos para resolver todos os problemas comuns. Estes poucos

terão trabalhos muito árduos e permanecerão penando, devido ao volume de

problemas sobre seus ombros.

A dinâmica também reforça a parcela que cada um representa diante das

responsabilidades da comunidade, exemplificando que ninguém está a expensas de

colaborar, sob pena de sobrecarregar aos que estão próximos. Isto demonstra,

ainda, que cada um é peça fundamental no processo de desenvolvimento daquela

sociedade, tornando-os sensíveis à convivência cada vez mais harmonizada e

organizada.

Figura 08: Dinâmica dos Balões. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12, Theobroma, Autodiagnóstico, 2013.

O sentimento de responsabilidade para com o próprio balão foi significativo,

porém, ninguém se preocupou com o balão do próximo, ficando claro a importância

de proteger todos os balões, independentemente de quem era os responsáveis

pelos mesmos. Esta ferramenta sensibiliza sobre a solidariedade e companheirismo

que deverá existir na comunidade, trazendo também lições de trabalhos em grupo

que são fundamentais no processo de desenvolvimento do PA.

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Elaboração das perguntas

Para o trabalho de elaboração das perguntas da “Pesquisa-ação” no PA

Lamarca, todos os pesquisadores foram reunidos. A atividade iniciou-se com a

divisão dos grupos de acordo com a área do PA a ser trabalhada, objetivando que

cada pesquisador saísse de suas ações rotineiras e descobrissem o que ocorre nas

propriedades vizinhas para maior interação entre os participantes, que trabalhariam

nas quatro dimensões pesquisadas nos encontros anteriores.

Antes da elaboração das perguntas, foram relembrados todos os problemas

das dimensões Social, Ambiental, Produtiva e Infraestrutura. Os pesquisadores

foram orientados a elaborarem perguntas objetivas e que estivessem de acordo com

os problemas levantados na comunidade.

QUESTIONÁRIO DA PESQUISA-AÇÃO

EDUCAÇÃO:

1- Há pessoas analfabetas em sua casa?

( ) não há ( )um ( )dois ( )três ( )acima de três

2- Há filhos em idade escolar sem estudar? ( )sim ( )não. Existe alguém em sua

casa que está atrasado nos estudos (ensino Fundamental ou médio)? ( )sim

( )não

3- Você conhece a alimentação escolar que é oferecida aos seus filhos? ( )sim

( )não. Ela é de boa qualidade? ( )sim ( )não

4- Você acompanha de alguma forma as atividades escolares de seus filhos?

De que forma?

5- Você está satisfeito com o ensino escolar oferecido aos seus filhos? ( ) sim

( ) não Caso negativo dê a sua sugestão: SAÚDE:

6- Onde você busca atendimento à saúde? Você está satisfeito com os serviços de

saúde prestados? ( ) Theobroma ( ) Vila Palmares ( ) Outros

7- Você faz algum tratamento preventivo de saúde? ( )sim ( )não. Qual (is)?

8- Você tem acesso a medicamentos básicos?

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9- Você usa medicamentos homeopáticos (medicamentos naturais: chás, xaropes,

garrafadas, ervas medicinais)? ( )sim ( )não Quais?

10- Há ambulância dentro do PA Primavera? ( )sim ( ) não. Caso não haja, onde ela

está localizada? CULTURA E LAZER:

11- Quais as atividades culturais praticadas em sua comunidade?

( ) igreja ( ) esportes ( ) datas comemorativas ( )outros

12- Participa de alguma forma de organização social? Qual (is)? ( )associação ( )sindicato ( ) grupo informal ( ) cooperativa ( ) outros

13- Você segue alguma religião? Qual? ( ) nenhuma.

14- Qual(is) atividade(s) cultural(s) você gostaria que existisse no PA? 15- Na sua comunidade há comemorações coletivas tradicionais?

AMBIENTAL:

16- Você preserva as matas ciliares das águas existentes em seu lote?

( ) sim ( ) não ( ) não há corpos d'água na parcela

17- Você está de acordo com o reflorestamento do seu lote? Por quê?

18- Qual o destino do lixo inorgânico (plásticos, vidros, metais etc) gerado em sua

parcela/lote? ( ) queima ( ) enterra ( ) reciclagem ( ) outros

19- Quais as fontes de água presentes em seu lote?

( )mina ( )nascente ( )igarapé ( ) córrego ( ) somente poço

( )outros Se for igarapé, qual o nome?

20- Você utiliza agrotóxico? ( )sim ( )não. Qual o destino das embalagens

contaminadas? ( ) queima ( ) enterra ( )devolve para posto de recolhimento ( ) eutiliza

( ) outros PRODUTIVA:

21- O que é produzido/criado em seu lote?

( ) aves ( ) suínos ( )caprinos/ovinos ( ) bovinos ( )outros

22- Você faz uso de adubos orgânicos? ( )sim ( ) não. Qual (is)?

23- Você é a favor de uma cooperativa no PA? ( ) sim ( )não.

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23

24- Quais os produtos que poderiam ser processados nesta cooperativa?

25- Quais as maiores dificuldades que você encontra para produzir no lote?

INFRAESTRUTURA:

26- Qual a frequência da manutenção a pontes, estradas e bueiros?

( )semestral ( ) anual ( )a cada dois anos ( )em situação crítica

( )não sabe

27- Você acha que as salas de aula da Escola Pólo oferecem qualidade para o

ensino aprendizagem?

28- Há internet e telefonia pública em sua comunidade (agrovila)? Caso positivo, a

qualidade é satisfatória? 29- O transporte escolar é de qualidade? Caso negativo diga quais os problemas

encontrados: 30- A água que você consome é de boa qualidade e em quantidade suficiente? Há a

necessidade de um poço artesiano em sua agrovila?

Segundo Encontro

No segundo encontro do Plano de Desenvolvimento do Assentamento

Lamarca, os agricultores reuniram-se novamente no barracão da Igreja

Presbiteriana. Inicialmente foram relembrados todos os problemas identificados no

assentamento durante a oficina inicial e outras metodologias grupais aplicadas aos

agricultores. Os agricultores relembraram a importância da organização social e o

trabalho em grupo para facilitar o processo de resolução dos problemas.

Em seguida, uma reflexão possibilitou a compreensão do processo para a

primeira etapa que resultará na elaboração do plano de ação. Nesta etapa de

priorização dos problemas foi explicado de forma simples `a Comunidade, que não

seria possível resolver todos os problemas elencados de uma única vez. Assim,

os problemas de cada dimensão foram priorizados, sendo três ações para cada

dimensão, e quando houve empate, as duas questões empatadas também eram

priorizadas. Logo após, os problemas foram apresentados à plenária. A priorização

foi realizada em formato de votação, por meio de “carinhas de expressões diferentes

“ que representavam a gravidade de cada problema.

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Cada agricultor recebia para cada questão, três carinhas ( chorando,

triste e sorrindo), e a cada problema apresentado por dimensão era votado. Cada

um votava com apenas uma carinha. A contagem dos votos foi feita por um técnico e

havia um agricultor que estava na posição de fiscal para firmação da seriedade da

priorização dos problemas, afinal, o início do processo de evolução do assentamento

se dá neste momento.

O método de votação, por meio de carinhas que representam

emoções diferentes de choro, tristeza, e sorriso, facilita o entendimento do grau dos

problemas para a priorização, visto que cada um possui um peso diferente na vida

do agricultor.

Figura 09: Método de Carinhas, PA Lamarca. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

Com a conclusão da votação, procedeu-se a contagem de quais problemas

haviam recebido o maior número de carinhas chorando (), as que representavam o

maior nível de gravidade. Os três problemas mais votados foram priorizados, e nos

casos de empate, priorizava-se um a mais. Vale ressaltar, que devido ter um público

mínimo, os agricultores sugeriram apenas dois grupos, abrangendo duas dimensões

por grupos: infraestrutura e social, produtiva e ambiental.

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Identificação e Priorização do PA Lamarca, Theobroma - RO

25

Problemas nas dimensões Infraestrutura e Social TOTAL TOTAL TOTAL

Falta de manutenção de pontes, bueiros e estradas 24 00 00

Falta de professores, ônibus escolares, ensino e merenda de qualidade 15 09 01

Falta de médicos, ambulância, melhor atendimento por parte dos funcionários dentista e

laboratório

23 01 00

Falta de união 24 00 00

Falta de um posto de saúde 20 04 00

Ano letivo que inicia com atraso (mês de abril/junho) 24 00 00

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Problemas nas dimensões Produtiva e Ambiental TOTAL TOTAL TOTAL

Falta de Incentivo técnico 00 02 22

Falta de incentivo ao crédito rural 09 10 02

Faltam documentos dos lotes (lado esquerdo do PA) 14 02 06

Falta de poços artesianos 16 04 01

Ataque de pragas (cigarrinhas) 12 07 02

Falta de coleta de embalagens de agrotóxicos 15 07 01

Falta de matas ciliares (margens dos rios/igarapés) 15 08 07

Existência de fogueiro (incendiário) 07 10 07

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2.2. A Assistência Técnica e Extensão Rural no Acompanhamento a Implantação

do Plano

O PDA representa a realidade do Assentamento e deve ser coerente e estar ao

alcance da comunidade, e que esta possa contribuir para a concretização das ações.

Com intuito de alcançar seus objetivos, realizou-se a aplicação do Autodiagnóstico

participativo para análise do sistema socioeconômico-ambiental e de infraestrutura. A

assistência técnica deverá ser regida e embasada à luz de Cartas Legais como a CF,

Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PNATER (Lei n° 12.188

de 11 de janeiro de 2010), Novo Código Florestal (Lei n° 12.727 de 17 de outubro de

2012), dentre outros que o regulamentam. A participação dos assentados é

fundamental no processo do Autodiagnóstico, pois garante:

• Resultados conforme a própria realidade;

• Apropriação do autoconhecimento;

• Representação dos interesses da comunidade local na

proposta de desenvolvimento;

• Escolha de projetos de acordo a sua aptidão;

• A efetivação do plano elaborado.

O método da Intervenção Participativa dos Atores permite a caracterização e o

diagnóstico da área de influência do Projeto de Assentamento Lamarca; a

identificação dos problemas, potencialidades e segundo levantamento de

informações, a partir da participação da comunidade na construção da proposta de

desenvolvimento, análise e aprovação do plano subdividido nos programas setoriais

(organização da infraestrutura, produtivo, social, ambiental), para que sejam

elencadas as prioridades dentre os principais problemas, as possíveis soluções,

desencadeadas em ações e/ou projetos a curto, médio e longo prazo, que foram

traçados pelas famílias assentadas, com apoio da Assistência Técnica e Extensão

Rural, por meio de um processo participativo, reflexivo e integrador, possibilitando aos

atores realizar uma análise crítica da realidade coletiva, para proporcionar a tomada

de decisões favorável ao alcance futuro do desenvolvimento local e rural sustentável,

priorizando a agricultura familiar, a evolução social e a consciência ambiental.

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O plano envolveu uma equipe multidisciplinar do núcleo de Theobroma do

programa de ATER/INCRA, onde atuam no Projeto de Assentamento Lamarca. As

equipes são formadas por quatro técnicos: uma Engenheira Florestal, dois Técnicos

em Agropecuária e uma Pedagoga.

Participaram como parceiros da elaboração do plano, no fornecimento de

dados secundários: o INCRA, EMATER, Prefeitura Municipal de Theobroma e suas

secretarias municipais, IDARON e FUNASA.

3. CARATERIZAÇÃO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO – PA LAMARCA

3.1. Geral

O Projeto de Assentamento Lamarca, polígono com perímetro de 13.993,88

metros e área total de 999,6217 ha, situado na Gleba Burareiro 243, Projeto Fundiário

Jaru - Ouro Preto, no município de Theobroma RO, criado pela portaria INCRA de n°

72, de 04 de outubro de 2007. A área é rica em recursos hídricos, com vários

igarapés permanentes e nascentes que formam uma grande malha hidrográfica. Os

solos apresentam uma fertilidade natural para culturas anuais e formações de

pastagens, boas para lavouras perenes e silvicultura, exigindo sistemas mais

tecnificados de exploração. Fertilidade de fraca a baixa, porém dentro do padrão de

solo comum no Estado, prestando para exploração voltada ao mercado de consumo,

desde que observadas algumas adequações técnicas.

Figura 10: Documento oficial de criação do PA Lamarca. Fonte: INCRA

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A criação do Projeto de Assentamento Lamarca (Figura 10) possibilitou o

assentamento de 33 unidades agrícolas familiares, proporcionando um benefício

social direto e imediato a aproximadamente 99 pessoas, e se deu mediante a

necessidade de terra para assentamento rural de famílias em Rondônia, surgindo

como uma alternativa para atendimento a parte das famílias que se encontravam em

acampamentos em condições de absoluta precariedade, aguardando o

posicionamento definitivo do INCRA-SR 17/RO.

3.2. Específica:

Denominação do Imóvel: Lote 243, Gleba Burareiro Licitada

Denominação do Assentamento: Projeto de Assentamento Lamarca;

Retomada: Decreto n° 72 de 04/10/2007;

Data de Imissão de Posse: 06/11/2007;

Portaria INCRA/Data de Criação: Portaria n° 72;

Distância sede(s) municipal (is): 36 km da sede do município de

Theobroma e 314 km de Porto Velho;

Valor total dos investimentos realizados em benfeitorias e créditos (após

imissão de posse):

Área Total: 999,6217 ha

Área Registrada: 999,6217 ha

Área Medida: 999,6217 ha

Área Média por Família: 33,2900 ha

Capacidade do Imóvel: 33 parcelas

Número de Famílias Atualmente: Atualmente existem 17 unidades agrícola

familiar regular, no entanto, a capacidade do assentamento prevista na portaria

de criação é de 33 unidades unidade familiar.

Entidades representativas dos assentados

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

Unidade Avançada de Ariquemes

CNPJ: 00.375.972/0024-57

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Endereço: Avenida Capitão Silvio, n° 2028, Setor de Grandes Áreas.

E-mail: [email protected]

Telefone/fax: (69) 3535-5568

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

Posto de Atendimento de Jaru

CNPJ: 00.375.972/0024-57

Endereço: Rua Florianópolis, n° 3169, Bairro Centro

Telefone/fax: (69) 3521-2865

E-mail: [email protected]

EMATER – Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do

Estado de Rondônia

ATER/INCRA – Assistência Técnica e Extensão Rural

CNPJ: 05.888.813/0001-83

Endereço: Avenida 13 de Fevereiro, 1314, Centro, Theobroma - RO

Telefone/fax: (69) 3523-1218

E-mail: [email protected]

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Theobroma

CNPJ: 03.010.172/0001-34

Endereço: Av. JK, 1445 – Centro, Theobroma - RO

Telefone: (69) 3523-1120

Representante Legal: José Carlos Alves Oliveira

E-mail: [email protected]

Prefeitura Municipal de Theobroma-RO

CNPJ: 84.727.601/0001-90

Endereço: Avenida 13 de Fevereiro, n° 1431, Centro

Telefone: (69) 3523-1144

E-mail:[email protected]; [email protected]

Câmara Municipal de Theobroma-RO

CNPJ: 63.789.614/0001-14

Endereço: Avenida 13 de Fevereiro, 3248, Centro, Theobroma - RO

Telefone/fax: (69) 3523-1295

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e-mail: [email protected]

4. DIAGNÓSTICO RELATIVO À ÁREA DE INFLUÊNCIA DO PA

LAMARCA

4. 1. Localização e Acesso

O município de Theobroma localiza-se entre os municípios de Jaru, Ariquemes,

Vale do Paraíso e Vale do Anari, distante a aproximadamente 357 km da capital do

estado de Rondônia, Porto Velho, entre as coordenadas geográficas Latitude Sul

10°14’ 20” e de longitude WGr 62°21’30”. A cidade surgiu como núcleo urbano de

apoio rural ao Projeto de Colonização Padre Adolfo Rohl, com o nome de Theobroma,

em homenagem ao nome científico do cacaueiro (Theobroma cacao), árvore da

família das Esterculiáceas, matéria-prima utilizada na fabricação de chocolate, cujo

cultivo tem grande importância na região.

O projeto de emancipação do município tramitou na Assembleia Legislativa do

Estado de Rondônia com o nome de Theobroma, sido incluído no item VII, do

parágrafo único do artigo 42 das Disposições Transitórias da Constituição Estadual de

1989, para conseguir sua autonomia político administrativa. Arguida a

inconstitucionalidade do ato, o município foi criado pela Lei nº 371, de 13 de fevereiro

de 1992, assinada pelo governador Oswaldo Piana Filho, com área desmembrada do

Município de Jaru.

O projeto de assentamento Lamarca localiza-se, a partir da Rodovia Federal

BR-364, a 4 km da cidade de Jaru, sentido Ariquemes, entre à direita na linha 603 de

acesso à Theobroma, percorre 47 km (passa por Theobroma) e pelo PA Primavera,

até a Vila Palmares, de onde segue por mais 03 km e entra a direita, na linha SC-03,

que corta o PA Santa Catarina, no sentido Leste/Oeste por 06km, percorre todo o

trecho da linha SC-03 até alcançar a lateral esquerda do PA Lagoa Nova, segue-se

no sentido Sul/Norte, por 1,5km numa estrada vicinal extra oficial; na lateral direita do

PA Lagoa Nova, até alcançar a linha 08 que atravessa o PA Lagoa Nova no sentido

Leste/Noroeste, numa extensão de 3,5km, até alcançar a linha 06, na lateral direita do

lote 244 – da Gleba Burareiro Licitação no travessão B-113 por 2km, segue à

esquerda (sentido Norte/Sul) até alcançar a linha C-50 que serve de limite entre os

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lotes 244 e 269, 243 e 268, além de outros. Do ponto extremo da lateral esquerda do

lote 244 a partir do travessão ponto extremo da lateral esquerda do lote 244, percorre-

se na linha C-50 cerca de 2km para atingir a lateral esquerda do lote 243, percorre-se

na linha C-50 em toda frente do lote 243, por exatos 2.000,21m até atingir o ponto

extremo da lateral direita do referido lote, alcançando o projetado, mas não aberto,

travessão B-109.

Posição Geográfica

Extremo Norte: E= 555.010,87 e N= 8.896.968,91 – M 109

Extremo Sul: E= 557.012,24 e N= 8.896.868,39 – M III

Extremo Leste: E= 557.007,71 e N= 8.891.967,80 – M III –N

Extremo Oeste: E= 555.007,52 e N= 8891.977,20 – M 109- N

4.2. Contexto Sócio Econômico e Ambiental da Área de Influência do Projeto

de Assentamento Lamarca

4.2.1. Condições Climáticas

Figura 11: Mapa comparativo de classificação do clima mundial segundo Köppen-Geiger. Fonte: INMET.

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O Estado de Rondônia encontra-se localizado em uma zona de transição entre

a região equatorial e a região tropical, onde normalmente a temperatura do ar é

elevada e uniforme ao longo do ano. Analisando a distribuição espacial da

temperatura, verifica-se uma temperatura média anual de 25,2 ºC, onde existe

tendência de valores mais altos no extremo noroeste, e mais baixos no extremo sul do

Estado. Em 2008, os maiores valores foram registrados em Guajará-Mirim, com

média anual de 26,3ºC e os menores em Vilhena, com média de 23,2ºC, Machadinho

do Oeste e Cacoal apresentaram média de 25,0ºC.

Figura 12: Temperatura média anual (ºC). Fonte: REMAR, 2008.

Com relação à temperatura máxima, a média anual foi de 30,9ºC. As médias

mais elevadas foram observadas no norte do Estado, especificamente na região oeste

deste (Figura 12). Segundo REMAR (Rede de Estações Meteorológicas Automáticas

de Rondônia) em 2008, Machadinho do Oeste foi o município que registrou o maior

valor, com média de 31,6ºC. O mês que apresentou maior valor de temperatura

máxima foi agosto, com média 34,5ºC, e dezembro, os valores mais baixos com

média de 29,0ºC.

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Figura 13: Temperatura média máxima anual (ºC). Fonte: REMAR, 2008.

Quanto à temperatura mínima, a média anual foi de 21,1ºC. As menores

médias foram registradas no sul de Rondônia e as maiores no setor norte (Figura 13).

Em Theobroma, o menor valor registrado foi de 19,0 ºC.

Figura 14: Temperatura média mínima anual (ºC). Fonte: REMAR, 2008.

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A média anual de umidade relativa do ar observada, pelo REMAR em 2008

(Figura 14), foi de 81,3%. Os valores de umidade superiores a 81% ocorrem no

período de novembro a maio e valores inferiores a 71% de julho a setembro, sendo

agosto o mês mais seco com média de 68,1%.

Figura 15: Umidade Relativa Média Anual (%). Fonte: REMAR, 2008

A distribuição do total médio anual da precipitação para o estado de Rondônia

consta que os maiores valores foram registrados ao norte, e os menores na região

oeste e sudoeste (Figura 15); Machadinho do Oeste, com 2.563,8 mm sendo o maior

valor registrado. O total médio de precipitação sobre o estado de Rondônia foi de

1.907 mm, para um total de 129 dias com chuva, o que representa uma média de 14,8

mm/dia.

O mês que mais choveu foi janeiro, com média de 337 mm e o mais seco foi

julho com média 1,8 mm. A maior precipitação máxima em 24 horas foi de 133,8

mm, registrada em Machadinho do Oeste no mês de janeiro.

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Figura 16: Precipitação total média anual (mm). Fonte: REMAR, 2008.

As regiões de Machadinho do Oeste até as proximidades de Ariquemes

apresentaram em 2008 o maior excedente hídrico do Estado(Figura 16), com 1.449,9

mm e consequentemente a menor deficiência hídrica, 255 mm.

Figura 17: Excedente Hídrico e Déficit Hídrico de Rondônia (mm). Fonte: REMAR, 2008.

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Considerando que os meses de transição, quanto à precipitação, são maio e

setembro; espera-se também o fim e o início do período de déficit hídrico. Para o

município de Theobroma (Figura 17), constata-se que, o período de déficit hídrico

praticamente teve início em maio, assim como determina a climatologia.

A evapotranspiração potencial anual média da bacia do Ji-Paraná obtida a

partir das compostas mensais foi de 1379 mm, variando de 96 mm em junho, a 139

mm em outubro. O balanço hídrico modelado mostra claramente, um período de

déficit hídrico, com início em junho e estendendo-se a outubro. Este se inicia quando

as chuvas na região tornam-se insuficientes, ocasionando a diferenciação entre a

evapotranspiração real (ETr) e potencial (ETP), pode observar a figura 18 abaixo.

Figura 18: Balanço Hídrico mensal da Bacia do Rio Ji-Paraná ou Machado. Fonte: Anais XII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Goiânia, Brasil, 16-21 abril 2005, INPE, p. 2563-2569. Balanço hídrico da bacia do Ji-Paraná (RO) por modelo hidrológico simples,

espacialmente distribuído.

4.2.2. Hidrografia

A hidrografia (Figura 19) da região é representada pelo Rio Jaru, afluente do

Rio Machado de caráter perene, drenagem dendrítica, principal coletor desta

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microrregião, por sua vez afluente da bacia do Rio Madeira, o principal meio de

escoamento hídrico do estado de Rondônia.

O Rio Machado, cuja bacia de captação atinge 878,11 Km2, ocupa 19,93% do

território municipal conforme Tabela 01, e materializa o limite leste de Ariquemes.

Tem como principais efluentes os igarapés Quinze e do Repartimento. A bacia

hidrográfica do município de Theobroma compreende os rios Limãozinho, Niterói,

Toquefone, Rio Soledade, Rio São João e Rio Jaru, sendo servido por vários igarapés

que banham suas terras. Dentre os principais rios mencionados estão o Toquefone e

Rio Jaru que servem de limite entre os municípios de Jaru e Theobroma. Área

geográfica: 2.197,42 km². (IBGE - 2002).

Figura 19: Mapa da hidrografia do Estado de Rondônia. Fonte: SEDAM, 2002.

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TABELA 01: Distribuição da bacia do rio Machado em sub-bacias.

Fonte: SEDAM (2002)

4.2.3. Relevo e Solos

O relevo do município de Theobroma (figura 20) constitui um relevo misto

apresentando partes acidentadas em vista da Serra dos Pacaás, Serra do Padre e a

Serra Sem Calça, possuindo grandes reservas auríferas. Está inserido no Território

Central, localizado nas terras baixas da Encosta Setentrional do Planalto Brasileiro,

cuja altitude média varia entre os 200 e 300 metros. Sendo que os pontos mais altos

são classificados como colinas suavizadas e icebergs isolados. No trecho onde tal

território está instalado, corresponde a grande concentração de jazidas de cassiterita,

fazendo parte do conjunto da Província Estanífera de Rondônia.

O relevo qualifica condições de declividade, comprimento de encostas e

configuração superficial dos terrenos, que afetam as formas de modelado (formas

topográficas) de áreas de ocorrência das unidades de solo. As distinções são

empregadas para prover informação sobre praticabilidade de emprego de

equipamentos agrícolas, mormente os mecanizados, e facilitar inferências sobre

suscetibilidade dos solos à erosão. São reconhecidas as seguintes classes de relevo

na região:

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Plano – superfície de topografia esbatida ou horizontal, onde os

desnivelamentos são muito pequenos, com declividades variáveis de 0 a 3%.

Suave ondulado – superfície de topografia pouco movimentada,

constituída por conjunto de colinas ou outeiros (elevações de altitudes relativas

até 50m e de 50 a 100m), apresentando declives suaves, predominantemente

variáveis de 3 a 8%.

Ondulado – superfície de topografia pouco movimentada.

Carta: SC-20-Z-A-II-1 – Theobroma – RO

Altitude

Figura 20: Imagem do Relevo de Theobroma – RO.

Fonte: EMBRAPA, 2009.

Em função da diversidade litológica e do relevo, os solos apresentam grandes

variações em suas propriedades morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas. Nas

serras e cristas com influência de rochas intermediárias ou básicas são

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predominantes os Nitossolos Vermelhos Eutróficos e Distróficos, com menor

freqüência ocorrem Nitossolos Háplicos, Latossolos Vermelhos e Vermelho-Amarelos

Distróficos, todos classificados como solos bem drenados, com predomínio de textura

argilosa ou muito argilosa. Nas depressões interplanálticas, em ambientes ainda

dissecados com relevo de topos aplainados ou em encostas que drenam para os

cursos d´água, ocorrem os solos predominantes na área de estudo, Latossolos

Amarelos Distróficos, ácidos e com alta saturação por alumínio.

Figura 21: Mapa de classes de solos do Estado de Rondônia. Fonte: SEDAM, 2002.

Esses solos quando sofrem alguma influência de rochas intermediárias podem

apresentar caráter mesoférrico. Os solos formados de lateritos imaturos, quando

apresentam plintita ou petroplintita no perfil, são classificados como Latossolos ou

Argissolos plínticos (no quarto nível categórico) ou mesmo Plintossolos Argilúvicos e

Pétricos, esse solos são mais comuns nos terços médios e inferiores de encostas,

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onde afloram as plintitas, porém também podem ocorrer em relevos aplainados, onde

são predominantes Latossolos e com menor frequência Argissolos Amarelos.

Nos terraços aluviais, próximos aos igarapés, em ambiente de hidromorfismo,

formados de sedimentos do quaternário, ocorrem Gleissolos Háplicos e mais

raramente os Melânicos. No vale do Rio Jaru são comuns os Gleissolos Háplicos

Distróficos Plínticos, onde o horizonte Plíntico ocorre abaixo da seção de controle e

do horizonte Glei.

Os Latossolos, que são os solos predominantes na região, compreendem solos

constituídos por material mineral, com horizonte B latossólico imediatamente abaixo

de qualquer um dos tipos de horizonte no diagnóstico superficial, exceto hístico. São

solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado de

enérgicas transformações no material constitutivo. Os solos são virtualmente

destituídos de minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo,

e têm capacidade de troca de cátions baixa, inferior a 17cmolc/kg de argila sem

correção para carbono, comportando variações desde solos predominantemente

cauliníticos, com valores de Ki mais altos, em torno de 2,0, admitindo o máximo de

2,2, até solos oxídicos de Ki extremamente baixo.

Variam de fortemente a bem drenados, embora ocorram solos que têm cores

pálidas, de drenagem moderada ou até mesmo imperfeitamente drenada,

transicionais para condições com certo grau de gleização. São normalmente muito

profundos, sendo a espessura do solum raramente inferior a um metro. Têm

sequência de horizontes A, B, C, com pouca diferenciação de suborizontes, e

transições usualmente difusas ou graduais.

Em distinção às cores mais escuras do A, o horizonte B tem aparência mais

viva, as cores variando desde amarelas ou mesmo bruno-acinzentadas até vermelho-

escuro-acinzentadas, nos matizes 2,5YR a 10YR, dependendo da natureza, forma e

quantidade dos constituintes - mormente dos óxidos e hidróxidos de ferro - segundo

condicionamento de regime hídrico e drenagem do solo, dos teores de ferro na rocha

de origem e se a hematita é herdada dela ou não. No horizonte C, comparativamente

menos colorido, a expressão cromática é bem variável, mesmo heterogênea, dada a

natureza mais saprolítica.

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43

O incremento de argila do A para o B é pouco expressivo ou inexistente e a

relação textural B/A não satisfaz os requisitos para B textural. De um modo geral, os

teores da fração argila no solum aumentam gradativamente com a profundidade, ou

permanecem constantes ao longo do perfil. A cerosidade, se presente, é pouca e

fraca. Tipicamente, é baixa a mobilidade das argilas no horizonte B, ressalvados

comportamentos atípicos, de solos desenvolvidos de material com textura mais leve,

de composição areno-quartzoso, de interações com constituintes orgânicos de alta

atividade ou com pH positivo ou nulo.

São, em geral, solos fortemente ácidos, com baixa saturação por bases,

distróficos ou alumínicos. Ocorrem, todavia, solos com média e até mesmo alta

saturação por bases, encontrados geralmente em zonas que apresentam estação

seca pronunciada, semiáridas ou não, ou ainda por influência de rochas básicas ou

calcárias.

São típicos das regiões equatoriais e tropicais, ocorrendo também em zonas

subtropicais, distribuídos, sobretudo, por amplas e antigas superfícies de erosão,

pedimentos ou terraços fluviais antigos, normalmente em relevo plano e suave

ondulado, embora possam ocorrer em áreas mais acidentadas, inclusive em relevo

montanhoso. São originados a partir de diversas espécies de rochas e sedimentos,

sob condições de clima e tipos de vegetação os mais diversos.

4.2.4. Vegetação e Fauna

Rondônia apresentava 53,7% de sua cobertura vegetal original como Floresta

Ombrófila Aberta. Apenas 3,9% era Floresta Ombrófila Densa. A Floresta Estacional

Semidecídua tomava 2,1%, savana (5,5%), áreas pioneiras sob influência fluvial

(3,7%), zona de transição (8,3%), formações aluviais (0,24%) e outras formações

(22,56%), como mostra a Figura 22. O município de Theobroma possui sua formação

vegetal condicionada ao clima e aos fatores edáficos, as condições de drenagem e

disponibilidade de nutrientes. O estado de Rondônia possui toda a área situada na

região amazônica, sendo coberta 65% por florestas densas. Exceto a Chapada dos

Parecis e certos trechos da Serra dos Pacaás Novos, que apresentam grandes

extensões de campos serrados e cerradões.

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Theobroma é coberto por dois tipos de matas: matas de terra firme: situadas

nas partes mais altas, salvas das enchentes onde predominam as madeiras de lei

como Mogno, Cedro, Maracatiara, Itaúba, Roxinho, Cerejeira, Angelim, dentre muitas

outras além das Seringueiras e Castanheiras que muito contribui para a economia da

região. Mata de várzea: ocorrem em terrenos baixos, planos e alagadiços que

margeiam rios e igarapés inundados o ano inteiro. Além destes tipos específicos de

matas também podemos encontrar os campos sujos ou mesmo limpos.

Os campos sujos, observados nestas regiões são conseguintes de antigas

pastagens, que se tornaram inválidos por vegetação secundária do tipo palmeiras,

tornando-se enormes cerrados que crescem a cada dia. Junto à fronteira do Estado

do Amazonas, há uma faixa de Floresta Ombrófila Densa, áreas de Savana e de

Tensão Ecológica (contatos entre tipos de vegetação). Theobroma possui regiões

antropizadas representadas, principalmente por assentamentos rurais. As reservas

florestais são comuns às propriedades rurais, o que determina menor fragmentação.

Até 1998, mais da metade destas áreas, num total de 66% da cobertura florestal

ainda era mantida (BATISTELLA, 2001).

Figura 22: Classes de vegetação do Estado de Rondônia. Fonte: SEDAM, 2002.

A fauna é representada pela zona ZZ5 (Figura 23), correspondente à região ao

norte da serra dos Pacaás Novos, a leste do Rio Mamoré, ao sul do Rio Madeira e a

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oeste do Rio Machado ou Ji-Paraná. A Mastofauna e a Avifauna são bem delimitadas

em todos os limites, com exceção ao leste, feito pelo rio Machado ou Ji-Paraná.

Algumas das espécies que representam essa zona são, aves como a arara

(Anodorhinchus hiacinthinus), arara canindé (Ara ararauna) mutum (Mitu tuberosa),

Jacamim (Psophia viridis), tiriba (Pyrrhua perlata), araçari (Selenidera gouldi);

primatas como o macaco aranha (Ateles chamek), macaco prego (Cebus apelia) ,

preguiça (Bradypus tridatilus); felinos como a jaguatirica (Leopardus pardalis), onça

(Felis catus); variadas outras espécies como o porco do mato (Pecari tajacu), anta

(Tapirus terrestris), tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla), paca (Cuniculus paca),

cutia (Dasyprocta aguti) e tatu (Dasypodidae cabassous), dentre riquíssimos outros

espécimes.

Os principais problemas quanto à sobrevivência destes animais ainda são

inerentes a caça e a pesca predatórias, motivadas pela alimentação do homem do

campo ou simplesmente por esporte; outro fator considerável é o incremento do

desmatamento das áreas de reserva legal e, principalmente das áreas de

preservação permanente que têm o importante papel de formar corredores ecológicos

para que estes animais possam trocar material genético, além de cumprir com seus

nichos ecológicos, semeando diversidade animal e vegetal nas áreas geográficas

onde ocorrem.

Figura 23: Regiões zoogeográficas do Estado de Rondônia. Fonte: SEDAM, 2002.

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4.2.5. Unidades de Conservação

O Estado de Rondônia possui uma área de 23.851.280,00 ha, da qual 19,83%

destinam-se às Unidades de Conservação. Atualmente o Estado conta com 59

Unidades de Conservação (Figura 24), sendo: 25 Reservas Extrativistas

(1.390.196,99 ha), quatro Estações Ecológicas (245.241,60 ha), oito parques

(1.717.492,32 ha), quatro Reservas Biológicas (629.895,60 ha), 13 florestas estaduais

(756.280,86 ha), quatro Reservas Particulares do Patrimônio Nacional – RPPN’s

(2.760,59 ha) e uma Área de Proteção Ambiental - APA (6.141,00 ha).

Figura 24: Ilustrativo das Unidades de Conservação do Estado. Fonte: SEDAM, 2002.

As Unidades de Conservação dividem-se em dois grupos, como mostra a

Tabela 02, Unidades de Uso Sustentável e Unidades de Proteção Integral.

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TABELA 2: Unidades de Conservação por grupo de classificação

As Unidades de Conservação são de responsabilidade dos Governos Federal,

Estadual, Municipal ou de domínio particular, de acordo com o decreto de criação das

mesmas, o Estado de Rondônia possui: três Unidades de Conservação Municipais, 41

Unidades de Conservação Estaduais, 11 Unidades de Conservação Federais e 04

Unidades de Conservação de Domínio Particular, conforme quadro 01 abaixo.

Existem hoje, no Instituto Chico Mendes da Biodiversidade - ICMBio, propostas de

criação de uma Floresta Nacional e uma Reserva de Rendimento Sustentado. A

Tabela 3 mostra as unidades de conservação existentes na área de influência do

município, o que retrata a riqueza biológica da região. Theobroma não apresenta

nenhuma área de unidade de conservação consolidada. Existem algumas áreas

próximas como o município de Machadinho do Oeste, na área de influência que

possuem unidades de conservação, assim como nos municípios de Vale do Anari e

Governador Jorge Teixeira.

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TABELA 3: Unidades de Conservação localizadas na área de influência do PA

Lamarca, no município de Machadinho – RO

FONTE: SEDAM/GEFUN/NUCOA – Unidade de Machadinho do Oeste (2010)

Há um fator muito preocupante sobre estas áreas protegidas em todo o Brasil,

não sendo diferente em Rondônia, que é a ocorrência de derrubadas seguidas de

queimadas e variadas formas de devastação dentro ou no entorno destas. Existe uma

enorme preocupação em agir em defesa destes preciosos bens da natureza, dada à

sua importância e significado para a humanidade antes que sejam dizimados e

corram prejuízos imensuráveis (figura 25).

Denominação da Projeto de Área (ha) Área (ha) Perímetro

Unidade Conservação transferência Proposta Demarcação (metros)

1 Resex. Roxinho INCRA 882,2141 882,2141 17.714,32

2 Resex. Seringueiras INCRA 537,4691 537,4691 13.100,71

3 Resex. Garrote INCRA 802,5166 802,5166 16.856,88

4 Resex. Mogno INCRA 2450,1162 2450,1162 30.396,68

5 Resex. Piquiá INCRA 1448,9203 1448,9203 25.617,08

6 Resex. Angelim INCRA 8923,2090 8923,2090 53.895,00

7 Resex. Itaúba INCRA 1758,0759 1758,0759 23.904,05

8 Resex. Ipê INCRA 815,4633 815,4633 12.539,19

9 Resex. Jatobá INCRA 1135,1793 1135,1793 18.255,49

10 Resex. Maçaranduba INCRA 5566,2166 5566,2166 40.344,98

11 Resex. Maracatiara INCRA 9503,1294 9503,1294 63.553,63

12 Resex. Sucupira INCRA 3188,0291 3188,0291 29.963,43

13 Resex. Castanheira INCRA 10200,0000 10200,0000 51.707,92

14 Resex. Aquariquara INCRA 18100,0000 18100,0000 108.400,00

15 Resex. Freijó INCRA 600,3607 600,3607 12.662,27

16 Fers. Cedro INCRA 2566,7434 2566,7434 25.430,24

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Figura 25: Desmatamento Dentro e Fora das Áreas Protegidas, até o Ano de 2008, na Região da Reserva Biológica do Jaru, área de influência do PA Lamarca. Fonte: Plano de Manejo da Reserva Biológica do Jaru. Encarte 1 Contextualização da Unidade de Conservação.

Há ainda a Reserva Biológica REBIO Jaru, além das demais áreas protegidas

na região, conforme figura 25, na área de influência do município, perfazendo divisa

com vários municípios da região. A REBIO Jaru é como todas as constantes no

estado, uma importante área de reserva biológica para o local, visto que possui a

função de proteção de espécimes diversos, de fauna, flora, fontes de água dentre

outros patrimônios naturais.

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Figura 26: Localização da Reserva Biológica Jaru no Estado

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Quadro 1: Situação legal das Unidades de Conservação do Estado de

Rondônia.

4.2.6. Situação Social e Demográfica

A rede urbana do Estado é composta, basicamente, pelos núcleos

demográficos ao longo da BR-364, destacando-se, além da capital Porto Velho, as

cidades do centro-sul do Estado, em função de certo dinamismo agroindustrial. São

os casos de Ji-Paraná e Cacoal, que disputam a liderança do interior, mas com clara

vantagem para a primeira cidade. A estrutura urbana demonstrada no mapa da

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evolução urbana no Estado é resultante das três gerações detectadas por Coy (1988).

Theobroma é um município de pequeno porte, com aproximadamente 11.000

habitantes, passando ao status de município no dia 13 de fevereiro de 1992. Trata-se

de um município praticamente rural, pouco se tem em termos de desenvolvimento na

agroindústria, algumas associações e um laticínio, transformando a matéria prima em

produtos agroindustrializados, no mais, a produção é consumida in natura ou escoada

em pequena escala a municípios próximos.

Figura 27: Mapa da evolução urbana do Estado de Rondônia. Fonte: SEDAM, 2002.

Havia de início, apenas os núcleos tradicionais ao norte e noroeste do Estado,

respectivamente Porto Velho e Guajará-Mirim, oriundos da ferrovia Madeira-Mamoré.

Em seguida surgiram os núcleos pioneiros ao longo da BR-364, em torno dos antigos

postos telegráficos (Ji-Paraná, Pimenta Bueno e Vilhena) e/ou por conta dos projetos

de colonização (Ouro Preto do Oeste). Por último, as cidades surgem nas novas

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áreas de assentamento ao longo dos eixos secundários da expansão da colonização

(Rolim de Moura). A urbanização territorial do estado constata que 63% da população

rondoniense ou rondoniana reside em cidades e 36% nas dez maiores cidades. O

quadro 02 mostra a população do Estado de Rondônia, demonstrando o total

distribuído por gênero e rural e urbana.

Quadro 02 : População de Municípios de Rondônia no ano de 2012.

Posição Microrregião População % da pop. Total

1 Porto Velho 613 757 35.51%

2 Ji-Paraná 315 964 18.28%

3 Cacoal 246 464 14.26%

4 Ariquemes 192 354 11.13%

5 Vilhena 149 595 8.65%

6 Guajará-Mirim 79 879 4.62%

7 Alvorada D'Oeste 74 999 4.34%

8 Colorado do Oeste 55 202 3.19%

Fonte: IBGE, Resultado do Censo 2012.

Esse sistema de povoamento é balizado por dois modos de produção do

espaço geográfico, duas dimensões de velocidade de mudança: um histórico, ligado à

evolução dos processos de exploração ecológica, isto é, da produção do urbano

propriamente dito, e outro tecnológico, em função da conectividade às redes informais

responsáveis pela contração do espaço-tempo (PUMAIN, 1997). Os projetos de

colonização agrícola consistiram como o principal atrativo a ocupação do Estado,

então se esperava que a comercialização de produtos agrícolas e a prestação de

serviços à população rural fossem as principais funções das pequenas cidades que

cresceram no ultimo decênio. Contudo, embora dada a devida importância à essas

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funções, a urbanização também está relacionada ao crescimento da atividade

industrial, tanto no domínio da economia formal como na informal. A Tabela 4mostra a

evolução da população no período 1950/2000.

TABELA 4: Evolução populacional em Rondônia (1950-2000)

Não há dúvidas de que o processo de ocupação territorial a partir de 1980,

quando ocorreu acentuada imigração para a região, caracteriza-se pela crescente

urbanização da população, mesmo assim, mais de dois terços da população residia

em áreas rurais (38%). Em 1996, no entanto, sabe-se que uma parcela significativa

das famílias de pequenos proprietários rurais reside nas cidades e vilas, então é

possível que exista um contingente maior que dependa das atividades rurais e

agrícolas, embora residindo nas cidades.

4.2.7. Zoneamento Sócio Econômico Ecológico

Conforme o Zoneamento Sócio Econômico Ecológico de Rondônia - ZSEE-RO,

segunda aproximação, em Theobroma, a subzona predominante é a que se classifica

como áreas com grande potencial social, com alto potencial de ocupação humana;

área com estabilidade ambiental; área destinada à intensificação e consolidação das

atividades agropecuárias, agroflorestais, florestais, agroindustriais, industriais e

minerais; área com desmatamento restrito ao limite da área de reserva legal e

fomentada as atividades de recuperação das áreas de preservação permanentes;

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áreas com estradas de acesso. Estão dotadas de infraestrutura suficiente para o

desenvolvimento das atividades agropecuárias, sobretudo estradas de acesso;

concentram as maiores densidades populacionais do Estado; nelas se localizam os

assentamentos urbanos mais importantes.

Os custos de oportunidade da preservação já se tornaram excessivamente

elevados para garantir a conservação. Aptidão agrícola predominantemente boa.

Apresenta vulnerabilidade natural à erosão predominantemente baixa. Esta subzona

ocupa toda a extensão territorial do município e por isso exige posturas de uso do

solo e manejo em conformidade com o ZSEE-RO, para que o futuro da região seja

seguro. Toda a extensão territorial do município (2.190,10 km²) se encontra definida

de acordo com as diretrizes traçadas pela Subzona 1.1 do ZSEE-RO, que retrata

regiões com intensa ocupação.

Figura 28: Zoneamento Sócio-Econômico-Ecológico. Fonte: SEDAM, 2007.

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4.2.8. Uso da terra, Economia e Sistemas de Produção.

Segundo o IBGE (1999), o sistema de Classificação de uso atual da terra leva

em consideração o tipo de uso da terra na data do mapeamento, o manejo

empregado e a estrutura da produção (relações sociais de produção), com isso

caracterizam da melhor maneira possível as classes de uso definidas.

O mapa de uso da terra (Figura 29) está baseado em informações de 1996

(Rondônia, 1998), mas utilizando-se os dados do Censo Agropecuário 1995/1996

para complementar as informações do mapa, pode-se ter uma idéia do uso da terra

no Estado.

Figura 29: Uso da terra do Estado de Rondônia (SEDAM, 2002)

De qualquer forma, podem-se agrupar as categorias em três grandes blocos:

vegetação nativa (floresta e cerrado), ocupando 18.427.242 ha, representando

77,61% da área territorial do Estado; áreas de serviço (cidades e vilas, área

construída e áreas de expansão urbana), somando 32.863 ha, 0,14% da área do

Estado; e áreas produtivas (as demais classes), que atinge 5.069.633 ha, significando

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21,35% da área do Estado. O quadro 3 abaixo apresenta dados sobre tendências

relacionadas ao uso da terra em Rondônia. A primeira observação importante é

relativa ao número de estabelecimento e a área total desses estabelecimentos, que

em 10 anos (1985 - 1995) reduziu de 80.615 para 76.956 estabelecimentos, no

entanto a área se expandiu de 6.032.647 ha para 8.890.440 ha, que representavam,

em 1995, 37% da área territorial do Estado, 37,8% correspondiam à área aberta ou

antropizadas. Isso significa que 67,2% da área dos estabelecimentos ainda não

tinham sido significativamente alteradas, em 1995. Embora a área desmatada tenha

sido subestimada, pois a área aberta já ultrapassava cinco milhões de ha de terras,

contudo estes dados servem de indicadores gerais de tendências no uso da terra em

Rondônia.

O PA Lamarca apresentou grandes áreas desprovidas de vegetação nativa

(floresta ombrófila densa), tipo de vegetação original de quase 100% da área do

município; tais áreas encontram-se com o percentual de apenas 13,55% ainda

cobertos pela vegetação nativa, seguido de 86,45% da sua área antropizada segundo

consta no mapa A3 confeccionado para fins de mensurar a estratificação ambiental

dos agroecossistemas do Projeto de Assentamento.

Os sistemas de produção atualmente se caracterizam pela pecuária leiteira,

que são praticamente a única fonte de renda das famílias e produção de lavouras

temporárias para a subsistência, com pouca comercialização da produção existente.

Dentre a produção agrícola do PA pode-se citar, sobretudo lavouras anuais

como milho, mandioca e amendoim, inhame, cará, batata doce, além de

curcubitáceas; observou-se a prática de culturas temporárias, em forma de quintais

agrícolas para autoconsumo dos agricultores, com a presença de frutas diversas:

manga, abacaxi, caju, goiaba, laranja, limões, coco, ingá, araçá boi, amora, acerola,

pitanga, jaca, dentre outras espécies frutíferas. A presença destas frutíferas favorece

as famílias tanto na produção de alimentos como também para ajudar no conforto

térmico, fornecendo sombra em seus quintais.

Ocorreram alguns depoimentos de agricultores que relataram perder suas

benfeitorias como cercas, lavouras de café, reservas legais e áreas de preservação

permanente por incidências repetidas de incêndios que ocorreram na região,

devastando o que sobrava destes fragmentos florestais e de lavouras. A comunidade

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citou em várias atividades coletivas este fato, que até ocasionou na expulsão do

responsável por provocar os incêndios na região, tratando-se de beneficiário em RB

que foi obrigado a mudar-se da parcela.

Quadro 03: Principais produtos das lavouras temporárias e permanentes de

Theobroma em 2012.

Área plantada ou destinada à colheita, área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e

valor da produção dos principais produtos das lavouras temporárias e permanentes, em ordem

decrescente de área colhida, segundo os Municípios. Rondônia – 2012

Área

plantada

ou

destinada

à colheita

(ha)

Área

colhida

(ha)

Quantidad

e

produzida

(t)

Rendime

nto

médio

(kg/ha)

Valor R$

(1000 )

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário Theobroma 2012.

Nota-se que Theobroma produziu em 6.034 ha de área, sendo que as lavouras

temporárias respondem por 2.284 ha e as permanentes com 3.750 ha; com destaque

para a cultura do café, responsável por 2.500 ha, o que gerou uma renda de

9.702.000,00 em renda pela comercialização do produto beneficiado; produziu cacau

em amêndoa em 950 ha, o que gerou um total de 2.257.000,00 reais em renda; o

milho está entre os três produtos agrícolas mais cultivados na cidade, com área de

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840 ha e gerou renda superior a R$ 500.000,00, devido ao cultivo ser basicamente

para a subsistência da família e para o consumo de animais domésticos.

A produção do PA Lamarca é inexpressiva, uma vez que a atividade de

destaque é a pecuária leiteira, onde toda a produção é para fins de autoconsumo e

comercialização para os laticínios da região. Não há registros de comercialização de

outros produtos agrícolas, devido ao tipo do solo e aos reincidentes incêndios nas

lavouras de café e queimadas em áreas de reserva legal que praticamente não se

encontram mais na área. Até mesmo as pastagens são insuficientes, devido ao baixo

retorno de nutrientes que se perderam com estas práticas acidentais; pratica-se a

agricultura de subsistência no local, com produção suficiente para a alimentação das

famílias.

5. DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO LAMARCA

5.1. Condições Físicas e Edafoclimáticas do PA Lamarca

5.1.1. Relevo

O relevo apresenta-se plano forte ondulado, tendo em vista a

compartimentação topográfica e sua forma. Nesta região encontramos o planalto

rebaixado da Amazônia, caracterizados por áreas aplainadas e relevos dissecados,

embora esta monotonia seja quebrada algumas vezes pela presença de pequenos

blocos de relevos topograficamente mais elevados e com feições geomorfológicas

bastante diferenciadas daquelas que caracterizam o planalto rebaixado,

caracterizados pela ausência de drenos definidos.

5.1.2. Solos

A área possui solos que suportam uma exploração voltada ao mercado de

consumo, com aptidão de regular a boa nos sistemas semidesenvolvido e

desenvolvido de exploração agrícola, porém, necessita-se seguir as recomendações

do ZSEE, que é a classificou como apropriada para projetos de reforma agrária, com

estímulo ao incremento da produtividade agropecuária, a implantação de técnicas

agrícolas modernas, a implantação de projetos de irrigação, além de incentivos para

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a criação de agroindústrias, de forma que venha a maximizar os custos de

oportunidade representados pelo valor da floresta.

Por suas características físicas e morfológicas encontradas, apresentam boa

resistência à erosão superficial, e por outro lado são muito propensos a incidência de

erosão em voçorocas em caso de retirada de sua vegetação nativa. Os tipos de solo

do PA Lamarca são classificados como: Latossolo Vermelho Amarelo Distróficos que

atende 75% do solo, e Latossolo Amarelo Álicos, que envolve cerca de 25% da ares

do PA.

5.1.3. Recursos Hídricos

O PA está localizado na Bacia do Rio Machado, sendo bem servido por água

principalmente na estação chuvosa, através do Rio Majaru, igarapés e córregos

permanentes e intermitentes presentes na região, mas tem o inconveniente de

escassez hídrica no período da estação seca com referência aos mananciais de

menor porte.

O uso atual dos recursos hídricos no assentamento restringe-se ao consumo

humano, doméstico, pecuária, agricultura, pesca e ainda em menor escala para a

atividade de piscicultura.

5.1.4. Flora

O PA ainda apresenta, segundo o Mapa A2, um percentual de apenas

13,55% de cobertura vegetal nativa, indicando que a área encontra-se com sua

vegetação defasada, fora dos limites estabelecidos em legislação vigente,

utilizando-se de 86,45% da área desta para as outras atividades desenvolvidas nas

parcelas, não estando ainda a área georreferenciada para a subdivisão das 33

Unidades Familiares.

São ocorrentes no Projeto de Assentamento Lamarca, caracterizado com

vegetação de Floresta Ombrófila Aberta submontana, com faciação da floresta

Ambrófila Densa, apresentando o que resta da biodiversidade; entre as espécies mais

comuns pode-se encontrar: Ipês (Tabebuia spp), Angelim Pedra (Dinizia excelsa),

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Caixeta (Tabebuia cassinoides), Caroba (Jacaranda copaia), Amapá (Brosimum

parinarioides), Maracatiara (Astronium lecointei), Farinha Seca (Dimorphandra mollis),

Bolão (Schistostemon retusum), Cumaru Ferro (Dipteryx odorata Willd.), Sumaúma

(Ceiba pentandra), Garapeira (Apuleia Leiocarpa (Vog.) (Macbr), Bandarra

(Schizolobium amazonicum), Pinho Cuiabano (Parkia Multijuga), Embireira (Deguelia

Hartschabachii), Copaíba (Copaífera multijuga), Faveiro (Dimorphandra mollis Benth),

Embaúba (Cecropia peltata), Andiroba (Carapa guianensis),Cacau (Theobroma

cacao),Cajarana/Cajá-Manga (Spondias dulcis), Caju (Anacardium occidentale),

Sucupira (Bowdichia brasiliensis), Copaíba (Copaifera multijuga), Seringueira (Hevea

brasiliensis), Cerejeira (Torresia acreana), Castanha do Brasil (Bertholethia excelsa),

dentre outras e aindauma grande diversidade de Bromélias (Bromeliaceae),

Orquídeas (Orchidaceae) e plantas sarmentosas (que apresentam gavinhas).

Outra espécie ocorrente em toda a região e que faz parte da cultura e tradição

das famílias é o açaí (Euterpe oleraceae), muito utilizado o seu fruto, fonte riquíssima

de ferro, onde são consumidos em forma de suco, também conhecido como vinho;

alguns agricultores enxergam a oportunidade de cultivar o açaí de touceira (Euterpe

precatoria), como oportunidade de recuperação de áreas de APP’s, ou áreas

degradas para minimizar o impacto ambiental existentes nas propriedades do PA.

5.1.5. Fauna

Conforme observado no Mapa A2 em anexo, a vegetação original do PA

Lamarca foi praticamente dizimada, segundo o depoimento dos assentados, devido

a queimadas consecutivas na área a também pelos desmatamentos ocorridos em

épocas anteriores ao estabelecimento do Projeto de Assentamento. Face a este

cenário, hoje quase não se encontram mais animais nos limites do PA, a não ser

alguns que transitam no local para acessar os remanescentes de floresta, ou

acessar a água.

O Assentamento pertence à zona ZZ5 (Distribuição geográfica dos animais),

representada por uma grande diversidade de animais, mamíferos, aves, peixes,

insetos e répteis. De acordo com o depoimento dos assentados, na época em que

chegaram ao PA foi constatada a existência de algumas espécies na região, a saber:

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Entomofauna – Caracterizado por uma rica biodiversidade, abelhas indígenas e

européias (Hymenopteras – Apis mellifera spp.), corta paus e escaravelhos

(Coleopteros).

Avifauna – Arara-vermelha (Ara chloroptera), Arara-canindé (Ara ararauna), Jandaia

(Aratinga leucophthalmus), Periquito (Brotogeris sp), Papagaio (Erythrura psittacea),

Mutum (Mitu tuberosa), Jacamim (Psophia viridis), Inhambu (Tinamus tão), Macuco

(Tinamus solitarius), Jacu (Tayassu pecari), dentre outras espécies de aves.

Ictiofauna – Acará (Geophagus brasiliensis), Lambari (Astyanax sp), Traíra (Hoplias

malabaricus), Peixe-elétrico (Apteronotus albifrons), Arraia (Potamotrygon albifrons),

Piau (Leporinus sp), Pacu (Piaractus mesopotamicus), Mandi (Pimelodus

maculatus),Surubim (Pseudoplatystoma fasciatum) dentre outros.

Herpetofauna – Cobra Coral (Micrurus Lemniscatus), Pico de Jaca (Lochesis Muta),

Jararaca (Bothrops jararaca), Jacaré (Caiman yacaré).

Mastofauna – Macaco (Ateles chaguarouba), Anta (Tapirus terrestris), Onça Pintada

(Panthera onca), Gato Mourisco (Herpailurus yagouarondi), Irara (Eira barbara),

Cutia(Myoprocta exilis), Paca (Agonti Paca), Capivara (Hydrochaeris hydrocaeris),

Veado Roxo (Mazama gouazoupira), Veado Vermelho (Mazana americana), queixada

(Tayassu pecari), Cateto (Pecari tajacu), Tatu (Priodontes maximus), dentre outros

mamíferos.

Sabe-se que no início das ocupações dos lotes, algumas áreas da região ainda

eram preservadas, porém, a área pertinente ao PA Lamarca já estava parcialmente

aberta pelos antigos proprietários do Burareiro/lote 243, e podia-se perceber a rara

presença de alguns animais silvestres maiores e que necessitam de grandes

territórios para sobreviver, como a Anta (Tapirus terrestris), Porco-do-Mato (Pecari

tabaju), Capivara (Hydrochaeris hydrocaeris), Cutia (Myoprocta exilis), Tatú-Galinha

(Dasypus novemcinctus). Alguns destes espécimes sofreram grande pressão,

sobretudo no início da colonização do Burareiro/lote, este fator é atribuído em grande

parte, devido aos problemas de vias de acessos a cidade, para que se pudessem

adquirir carne, em que aumentou o consumo desses animais silvestres. Por outras

vezes, os animais migraram pela expansão da fronteira agropecuária, ou ainda foram

alvo de caça esportiva, o que também contribuiu para o pequeno número de

representantes da fauna silvestre no local.

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5.1.6. Uso do Solo e Cobertura Vegetal

O impacto ambiental provocado pela ação colonizadora dos assentados se deu

antes do processo de assentamento das famílias, em decorrência do estabelecimento

do Burareiro/Lote 243 e adjacências; de certa forma, a abertura do local somado à

distância da sede da cidade e as condições de acesso ao local na época facilitaram a

supressão da floresta existente na área, uma ação necessária à sua colonização, em

que as famílias recém chegadas efetuaram algumas derrubadas, área aberta para a

construção das primeiras instalações como casas, tulhas, galinheiros, chiqueiros,

dentre outras e implantação dos cultivos. Porém, as famílias assentadas normalmente

implantam sistemas agrícolas nos moldes da agricultura itinerante (derruba e queima),

observando-se superficialmente as condições de solo, sua estrutura, condições

topográficas do terreno, os recursos hídricos, bem como outras especificações da

região, e sem a preocupação de conter os agentes causadores da erosão e percas de

recursos hídricos, com o uso da prática de rotação de culturas, consórcios e

manutenção de cobertura vegetal, e ainda, sem a manutenção da fertilidade do solo,

o que não contribui para a manutenção das características químicas do solo,

prejudicando seriamente estes sistemas com o passar do tempo.

A maior proporção de áreas abertas está relacionada com a expansão das

áreas ocupadas por pastagens cultivadas, que no território brasileiro, a partir da

década de 1970, deveu-se principalmente à expansão da pecuária na região de

Cerrado e da Amazônia (FARIA et al., 1971).

TABELA 5: Distribuição de uso e ocupação do solo no Projeto de Assentamento

Lamarca, Theobroma– RO

ÁREA CULTIVADA Unidade (ha)

Áreas Reserva Legal/Mata Nativa 13,55%

Áreas Antropizadas/Pousio/Capoeira 2,30%

Áreas Antropizadas/Uso do Solo 86,45%

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Áreas de Preservação Permanente 7,78%

Fonte:INCRA/EMATER-RO,CRT 11.000/12, Theobroma, Autodiagnostico, 2013

Conforme tabela 5 pode-se observar o uso e ocupação do solo no PA, ao

aumento do cultivo de espécies de gramíneas do gênero Brachiaria com fins de

práticas da atividade de pecuária. No PA Lamarca a área ocupada por pastagens,

dentre os cultivares de Brachiaria, uma das mais utilizadas é o Capim-Marandu

[Brachiaria brizantha (A. Rich.) Stapf cv. Marandu], caracterizado por formar touceiras,

com hábito de crescimento prostrado, possui mérito especial pela sua resistência ao

ataque das cigarrinhas (Zulia spp. e Deois flavopicta), bom valor nutritivo, alta

produção de matéria seca e de sementes.

5.1.7. Reserva Legal e Área de Preservação Permanente

Constatou-se que a maioria das parcelas ou a totalidade da área do PA não

possui o percentual preservado que seria o total destinado a Reserva Legal das

parcelas, o que traz grandes prejuízos para o PA, que possui apenas alguns

exemplares de algumas espécies arbóreas, tais como:

-MARACATIARA (Astronium lecointei): Utilizada na fabricação de

móveis.

-IPÊ (Tabebuia serratifolia): Utilizado em construções externas, esquadrias,

lambris e venezianas, trabalhos em torno e principalmente em tacos, degraus de

escala, taboas de assoalho, etc. Há pelo menos duas espécies de Ipês utilizadas

frequentemente: Ipê amarelo (Tabebuia serratifolia) e Ipê roxo (Tabebuia sp).

- CEREJEIRA (Torresia acreana): Móveis diversos, por ser madeira com rara

beleza devido aos desenhos desuniformes de seus veios e anéis de crescimento à

mostra pela coloração diferenciada.

- CASTANHEIRA DO BRASIL (Bertolethia excelsa): Muito procurada para

todo e qualquer tipo de estrutura rural ou urbana, devido às suas características de

resistência, densidade, cor, cheiro, durabilidade, dentre outros inúmeros requisitos

de qualidade desta madeira, sendo, dentre todas as espécies, a mais cobiçada;

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mesmo sendo espécie protegida por diversas leis, considera-se em risco de

extinção.

- CEDRO (Cedrella odorata): Utilizado para esculturas e obras de talha,

molduras, lambris, esquadrias, móveis em geral, confecções de pequenas caixas

para embalagens de luxo, instrumentos musicais, ainda devido ao seu agradável

cheiro, propiciando o seu uso nos interiores de construções civis etc., além de

várias outras espécies que foram dizimadas da região mesmo antes do local ser

destinado à Reforma Agrária.

As árvores são utilizadas mais comumente para madeira de cerca, curral,

tulhas, dentre outras infraestruturas básicas. Alguns agricultores ressaltam que,

para que se possa fazer um reflorestamento, o ideal seria a existência de algum

meio que eles possam adquirir as mudas, sem ônus quaisquer para o

empreendedor que optar por esta ação. Poucos concordam em produzir as próprias

mudas e utilizá-las para os fins de incremento de áreas verdes. Há ainda o risco

imensurável de perdas de inúmeros outros produtos e seres da floresta que já se

extinguiram ou estão sob o iminente risco de perdas de seus genomas, muitos dos

quais sem sequer terem sido identificados oficialmente.

Segundo o INMET – Instituto Nacional de Meteorologia registra os focos de

calor (queimadas) em toda a área do continente, sendo o satélite NOAA-15 o mais

abrangente, passando sobre as áreas duas vezes ao dia, pela manhã e à noite,

registrando focos com exatidão, um dos instrumentos mais eficazes contra as

queimadas em funcionamento, além dos Sistemas de Vigilância da Amazônia –

SIVAM, há também a Embrapa Monitoramento por Satélite, que acompanha desde

1991, a evolução das queimadas no Brasil por monitoramento orbital, com base em

dados fornecidos pelos satélites NOAA-AVHRR, captados e disponibilizados pelo

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Os resultados de suas pesquisas,

bem como mapas semanais, mensais e anuais das queimadas nos estados e

regiões do Brasil estão disponíveis no site <www.queimadas.cnpm.embrapa.br>,

que podem ser também acompanhados pela população interessada a qualquer

instante via internet.

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Figura 30: focos de calor em 04/06/2013 – Fonte: INMET (Satélite NOAA-15)

5.1.8. Estratificação Ambiental dos Agroecossistemas

O levantamento de solos fornece os estratos mais pormenorizados que se

pode haver do ambiente. A estratificação pode ser classificada utilizando-se as

chamadas regiões pedoclimáticas do Brasil (AB’SABER, 1971). O domínio

pedobioclimático da Amazônia corresponde a área coberta por floresta equatorial e

tropical, floresta com palmáceas (babaçu); há a ocorrência de cerrado nas áreas de

transições, nas divisas do Brasil ao norte e em direção ao Planalto Central do sul. São

comuns Latossolos e solos Podzólicos (alta saturação por Alumínio), pobres e de

baixíssima capacidade de troca catiônica (CTC). Nas áreas de ruptura do declive das

elevações e nos locais de drenagem mais deficientes são comuns os solos com a

presença de plintita. Ocorrem também, não raramente, solos de melhor fertilidade,

relacionados com as aluviões dos rios que são influenciados pelos sedimentos

depositados naturalmente e nas áreas de intrusões de rochas máficas.

A classe de Latossolo Vermelho Amarelo é bastante ampla no que se refere à

coloração e mesmo quanto aos teores de óxido de ferro (Fe2O3). Estes solos são

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muitos expressivos no domínio pedobioclimático do Mar de Morros Florestados,

ocorrendo extensivamente também no Planalto Central. São geralmente álicos

(apresentam teores consideráveis de alumínio) ou distróficos (com pouca matéria

orgânica ou nutrientes minerais), mas podem ser eutróficos (com bastante matéria

orgânica ou nutrientes minerais) em extensões consideráveis nas regiões mais secas.

A classe de Podzólico Vermelho Amarelo é o solo com B Textural mais comum no

Brasil, e é razoavelmente bem distribuído no território brasileiro, inclusive na

Amazônia. Ocupa na paisagem, via de regra, as áreas de relevo mais acidentado,

com superfícies pouco suaves e áreas de relevo suave mais jovem (rebaixadas).

Os tipos de solos Latossolos e Podzólicos são tipicamente cauliníticos

(formados a partir da caulinita) e goethíticos (formados a partir da goethita) e

possuem o horizonte A delgado. A riqueza química encontra-se ligada à presença da

vegetação, condição fundamental para que sejam ricos ou extremamente pobres em

matéria orgânica, ou seja, são muito vulneráveis a sistemas tradicionais. A queima faz

aumentar temporariamente o teor de nutrientes na superfície, porém as repetitivas

colheitas seguidas de queimadas sem a reposição dos nutrientes ao solo decrescem

a níveis não compensadores a partir do terceiro ano.

Plantas perenes nativas ou culturas especiais, como pimenta do reino, abacaxi,

é que se têm mantido melhor. As pastagens de diferentes cultivares de Brachiaria sp

apresentaram bons resultados, sob manejo mínimo.

Os solos hidromórficos (com formações envolvendo regiões alagadiças ou de

veredas) ocorrem comumente em áreas transicionais para cerrado e floresta, são

pobres e geralmente rasos, expressando a pobreza das rochas de origem, como

quartzitos e rochas pelíticas pobres (filitos e micaxistos), estes de pedoforma mais

suaves nos contornos, mesmo quando o relevo é muito pronunciado.

O PA Lamarca apresenta em sua totalidade solos com fertilidade baixa a fraca,

água durante a maior parte do ano, topografia plana na maioria de sua extensão,

sendo favorável ao desenvolvimento de atividades agrícolas e pecuárias diversas.

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5.1.9. Capacidade de Uso do Solo

Conforme o Sistema FAO/Brasileiro, criado no Brasil no início da década de 60,

sendo este um sistema de classificação de aptidão agrícola, esse sistema considera

implicitamente na sua estrutura, os denominados níveis de manejo, reconhecendo

que os problemas de solo não são igualmente importantes para o grande e o pequeno

produtor. Para uma agricultura mecanizada os problemas relativos aos impedimentos

à mecanização são fundamentais, enquanto que para agricultura familiar que em

geral não utiliza frequentemente máquinas, isto já não é tão importante.

Esse sistema de classes de aptidão agrícola, também considera uma

estimativa de viabilidade de redução dos problemas através do uso de capital e de

técnicas. Vale ressaltar que existem problemas mais complexos e outros de maior

simplicidade, e que possivelmente por falta de capital, contexto da agricultura familiar,

para os mesmos não haverá técnicas de redução, porém, existem técnicas de

convivência, as quais sintetizam as qualidades do ecossistema em relação a cinco

importantíssimos parâmetros a serem considerados: nutrientes, água, oxigênio,

mecanização e erosão, sendo manejos aplicáveis à agricultura familiar,

proporcionando produção satisfatória.

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Figura 31: Mapa de classes de aptidão agrícola dos solos de Rondônia.

Fonte: SEDAM, 2002.

Ao analisar a tabela-guia da classificação de aptidão agrícola da região tropical

úmida (Resende Itália, 2002), foi possível verificar que os solos do PA Lamarca

podem ser classificados com aptidão regular para os parâmetros nutrientes, oxigênio

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e erosão, enquanto que para água e mecanização são classificados como inaptos. No

entanto, existem práticas de manejo pertinentes às classes de viabilidade de

melhoramento, conforme cada parâmetro para a questão de deficiência de nutrientes.

Existem as técnicas de correção da acidez do solo, adubação verde, adubação com

NPK (química), adubação foliar, incorporação de esterco e rotação de culturas, além

de técnicas mistas como a agrosilvicultura ou sistemas agroflorestais.

Para deficiência de água, recomenda-se o plantio em faixas, ajustamento de

cultivos à época das chuvas, seleção de culturas adaptadas à falta de água,

principalmente no período da seca. Para deficiência de oxigênio, que pode ocorrer em

solos hidromórficos do assentamento, pode-se realizar a construção de valas ou

trabalhos de drenagem. Para suscetibilidade à erosão, realizar o mínimo de preparo

do solo (aração mínima e gradagem leve), enleiramento de restos culturais e terraços

em nível, cultivos em contorno, pastoreio controlado (em casos de maiores declives),

interceptores como barricadas ou paliçadas e controle de voçorocas. Quanto aos

impedimentos à mecanização, pode-se realizar a limpeza e sistematização do terreno,

remoção de pedras e de restos vegetais (troncos e raízes), em casos de solos

friáveis, há a alternativa da drenagem do terreno.

Uma característica representativa dos solos desta região é a relação entre o

tipo de horizonte B e utilização em agricultura, o que evidência a validade do uso

desta característica diferencial (B Textural ou B Latossolo) em classificação de solos,

que no caso dos Latossolos, a principal limitação é a carência de nutrientes. As outras

condições de solos que interessam ao uso, como os atributos físicos, são bons ou,

pelo menos, razoáveis. Desse modo, com a mudança nos aspectos socioeconômicos,

é possível tornar esses solos bastante produtivos, pelo investimento em práticas

conservacionistas ou até mesmo o emprego de tecnologias diversas. É possível que

este fator tenha maior importância para o futuro da população local do que se pode

pensar, visto que grande parte das áreas do município e, consequentemente, do

território do Projeto de Assentamento Lamarca estão embasadas em solos com as

características supracitadas.

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5.1.10. Análise Sucinta dos Potenciais e Limitações dos Recursos Naturais e da

Situação Ambiental do Assentamento

Os recursos naturais como água, solo, fauna e flora, constituem-se no maior e

mais importante patrimônio produtivo disponível no PA, porém necessitam de maior

atenção quanto ao seu uso racional. Para se implantar um modelo de

desenvolvimento sustentável no assentamento, considerando os aspectos

socioeconômicos e ambientais, depende da avaliação do impacto ambiental

provocado pela ação antrópica decorrente das atividades agropecuárias e florestais

desenfreadas, sem a adoção de práticas de conservação ambiental, devido a

ocorrência de derrubadas às margens de rios e igarapés (áreas de preservação

permanente) em áreas de declividade acentuada e demais áreas frágeis bem como o

plantio de culturas perenes de forma a não considerar o relevo predominante (plantio

em níveis ou terraceamentos).

5.2. Organização Espacial Atual

O projeto de assentamento Lamarca está subdividido em uma gleba,

abrangendo a Linha C-50, Travessão B-01, tendo acesso também através Linha

vicinal 603 e alguns travessões, com uma capacidade de assentamento de 33

parcelas ou lotes, o que pode servir ao mesmo número de famílias ou ainda assentar

100 pessoas.

Observando o Mapa B1, percebe-se que o PA encontra com apenas 13,55%

de reserva legal, o que caracteriza que está em condição de degradação. As áreas

antropizadas correspondem a maioria do percentual do PA. Isto pode ocasionar

grandes prejuízos econômicos à comunidade, visto que não se pode produzir sem

emprego mínimo de tecnologias para recuperação destes solos. Os corpos hídricos,

via de regra, encontram-se assoreados, o que também trás insegurança às famílias.

As pontes e bueiros encontram-se maior parte do ano com problemas

estruturais devido ao tipo de solo (arenoso). Estes estão sempre necessitando de

reparos. A comunidade solicitou a construção de bueiros e pontes de concreto para

sanar estes problemas.

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Uma solução possível será a recuperação das APP’s para conter o grande

volume de areia que é transportado para dentro da estrada durante o inverno

amazônico.

Quanto ao fornecimento de energia, o público do assentamento foi atendido

pelo programa Luz para Todos do governo federal e executada pela Eletronorte, que

concluiu a instalação de praticamente todas as parcelas, exceto algumas que não

tiveram representação por parte dos agricultores durante o período de eletrificação do

PA. O projeto de assentamento está com a eletrificação em fase de conclusão das

instalações, de acordo com os levantamentos de dados no local, conforme figura 32

abaixo.

Figura 32: Acesso à energia elétrica no PA. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

Galpões de Associação ou Grupos Informais

Muitas emendas parlamentares dependem de associações para que haja o

repasse de recursos, pois, através destes, os assentados são beneficiados com

melhoria para o desempenho de suas atividades nas parcelas. Um projeto de

assentamento, em que não há associações ativas, sofre muitas dificuldades para a

conquista de recursos e melhorias da infraestrutura local. A associação que

atualmente faz parte do PA Lamarca, ainda não possui uma estrutura para realização

de suas reuniões, plenárias e demais atividades. Estas acontecem, provisoriamente,

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utilizando-se da estrutura onde está instalado o tanque de leite. Umas das conquistas

dos assentados foi o recebimento de um tanque de granelização de leite, o qual

melhora a qualidade do leite e passa a agregar valor à produção leiteira do PA.

Quadro 4: Associação do PA Lamarca

Associação Local

Associação dos Produtores do Assentamento

Lamarca - ASPROMARCA

Linha C-50, Travessão B-1

Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

O PA Lamarca é um assentamento que possui apenas uma igreja evangélica,

por meio da qual, a comunidade rural tem acesso maior ao meio cultural e de lazer,

devido às festas comunitárias, religiosas e manifestações diversas de louvor que

realizam. Foi também o local que abrigou todas as atividades coletivas da equipe de

ATER/INCRA com grande receptividade, sendo também a principal estrutura de apoio

às atividades coletivas da comunidade e para o convívio social.

Figura 33: Vista parcial Igreja Evangélica do PA Lamarca durante Oficina de

Sensibilização.

Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

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Fontes de Água

O poço amazônico é a forma predominante da fonte de água no PA, apesar de vasta

malha de recursos hídricos presentes no assentamento. Em alguns locais foi

diagnosticada a falta de água nos períodos mais críticos da seca, ou até mesmo no

início destes períodos. Alguns poços secam por total, dificultando a vida dos

agricultores no local. Este é um problema socioambiental que poderá ser resolvido

através de elaboração e destinação de projeto técnico à FUNASA. A comunidade já

se manifestou quanto a esta importante demanda; e a assistência técnica deverá agir

em busca de parcelas para elaboração de projeto técnico, a fim de promover esta

ação em parceria com as instituições envolvidas.

5.3. Situação do Meio Socioeconômico e Cultural

5.3.1. Histórico do Projeto de Assentamento Lamarca

A trajetória da conquista da área deu-se através da evolução dos

acontecimentos de importância histórica, descrita pelos assentados durante o

autodiagnóstico e também com a aplicação da dinâmica dos mapas do passado,

presente e futuro, que resgatou o histórico do PA Lamarca, conforme descrito abaixo:

1999: chegada das primeiras sete famílias, escolha do local do acampamento e

construção dos barracos. Em seguida, foi chegando outras famílias onde se uniram

para abrir aproximadamente sete alqueires de mata para dar início ao primeiro cultivo

no acampamento, onde o arroz foi a cultura principal. Outras espécies foram

plantadas no entorno da área como: abóbora, milho, melancia, pepino mandioca,

mamão e outros. A produção de arroz foi a mais expressiva, o que permitiu até

comercializar o excedente. Assim continuou no ano seguinte, onde foram

diversificados os cultivos, incluindo o feijão e o milho, ambos para o autoconsumo.

2001: redução do cultivo agrícola, pois os fazendeiros dificultaram o acesso

dos acampados para escoar seus produtos; e até mesmo trafegar do acampamento à

estrada que dava acesso à cidade de Theobroma. Acesso este que só era possível, a

pé, num percurso de aproximadamente 08 quilômetros, carregando suas mercadorias

para consumo das famílias. Nessa época, os assentados relataram perseguições

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feitas por jagunços, que abordavam os acampados na porteira de acesso ao

acampamento com violência e maus tratos.

2001-2012: Algumas famílias foram surgindo, outras desistindo das parcelas;

as instituições que mais contribuíram para a comunidade foram o INCRA e a

Prefeitura Municipal de Theobroma, através de várias atuações via suas secretarias;

praticamente não tinham acesso à assistência técnica, pela dificuldade de acesso ao

local; geralmente se deslocavam através de caronas, com motocicletas ou carros, ou

até mesmo à pé até encontrar algum meio de transporte para os conduzir à sede dos

municípios .

2013: Chegada do Programa de Assistência Técnica, do INCRA

(ATER/INCRA).

Origem

A população do município de Theobroma tem sua origem advinda de vários

Estados brasileiros, dentre os mais importantes estão: Minas Gerais, Espírito Santo,

Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia entre outros. Assim, possui uma formação

populacional e cultural muito diversificada e rica, devido aos costumes e

conhecimentos oriundos de muitos estados brasileiros.

Quadro 05: Naturalidade da População do PA Lamarca

Naturalidade Beneficiários (a)

RO 17

PR 06

ES 08

MS 03

MG 14

MT 03

Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

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5.3.2. População e Organização Social

A população do assentamento está representada, na sua maioria, por casais. A

figura 34 mostra o estado civil dos assentados. A zona rural é um ambiente

predominantemente familiar, cujos casais trabalham em parceria para produção e

sustentabilidade da família. A mulher do campo e os jovens veem tomando lugar de

destaque na criação de pequenos animais e agregação de valor dos produtos rurais,

com a produção de subprodutos como queijos, doces, pães, artesanatos, dentre

outros produtos.

Figura 34: Estado civil dos assentados. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

A geração de renda por parte das mulheres e jovens tem contribuído para o

desenvolvimento sustentável da família rural. O governo acreditando na

potencialidade das mulheres, criou linhas de crédito específico para o público

supracitado tais como: O PRONAF – Mulher, PRONAF Jovem, Apoio Mulher, dentre

outros meios de incentivo para que os mesmos possam contribuir cada vez mais com

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a renda familiar, tornando-se agentes ativos nas contribuições da renda familiar e com

a permanência destes no campo.

Analisando o autodiagnóstico, através da quantidade de famílias existentes no

PA, observa-se que o número de membros por família é de baixa à média, já que em

sua maioria possuem de três a cinco membros, ou seja, uma média de quatro

integrantes por família. Para o perfil de agricultura familiar, quando o número de

membros é muito baixo, o que podemos citar como exemplo de uma a duas pessoas,

dificulta o processo de produção, pois reduz a quantidade de mão de obra, fator que

pode reduzir drasticamente a produtividade das parcelas. Este fator também ocorre

quando há a presença de agricultores idosos ou com restrições por motivos de saúde.

Um dos motivos para o baixo número de membros por família é o êxodo rural dos

jovens que vão para a cidade em busca de trabalhos esporádicos ou mesmo de

empregos formais, onde se tornam trabalhadores assalariados.

A migração dos jovens rurais para as cidades é um dos maiores problemas

sociais que ocorre nas famílias integradas à agricultura familiar do país. Devido à

dificuldade de gerar renda, ou até mesmo por fatores culturais onde os pais não

possuem o costume de repassar aos filhos parte da renda oriunda do trabalho deles,

ocasiona a saída do jovem o quanto antes da propriedade, com o intuito de

alcançarem a independência financeira. Muitas vezes esses jovens não abandonam

a convivência no meio rural, voltam ao ambiente sempre que possível em feriados,

folgas e fins de semana para visitarem os familiares; e ainda praticam algumas

atividades rurais com a família.

Um dos costumes observados na produção agrícola, que é oriunda de regiões

frias, é a aragem do solo. Esta é uma técnica empregada pelos agricultores vindos

dessas regiões, porém, não deveria ser utilizada, ou utilizar o mínimo possível, visto

que a aragem interfere nos atributos físicos do solo, sabido que o excesso de

mecanização pode provocar com o decorrer dos anos, a compactação do solo, o que

futuramente prejudicará a produtividade local. No entanto, outros valores culturais

contribuem com o desenvolvimento do assentamento, como a produção de alimentos

derivados do leite, pois a maioria das famílias possui a habilidade em produzir esses

produtos, repassada empiricamente de uma geração para outra.

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Grupos informais e Associações

Os grupos informais são formas de organizações sociais importantíssimas para

o desenvolvimento do assentamento. Atualmente é muito comum a formação de

grupos formais para aquisição e manutenção de tanques de granelização do leite.

Conforme figura 35, no PA Lamarca prevalece à presença de sindicalizados e

sócios de associações, buscando o desenvolvimento do PA através de uma

organização social.

Figura 35: Participação dos assentados nas organizações sociais.

Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

Benefícios Sociais

Dentre os benefícios fornecidos pelo governo federal, o Programa Bolsa

Família ainda é o programa que beneficia um maior número de famílias no PA

Lamarca, porém, não é o suficiente para gerar uma boa qualidade de vida, o benefício

apenas contribui para o combate a pobreza ou extrema pobreza.

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Figura 36: Assentados beneficiados com programas federais Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

O benefício social que prevalece no PA é programa Bolsa Família um

programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de

pobreza e de extrema pobreza em todo o País. Este programa ainda é o que

beneficia um maior número de famílias, seguindo de aposentadoria e pensão

conforme figura 36, porém não é o suficiente para gerar qualidade de vida aos

beneficiários, pois apenas contribui para erradicação da pobreza e fome zero entre os

cidadãos brasileiros que estão baseados na garantia de renda, inclusão produtiva e

no acesso aos serviços públicos.

5.4. Infraestrutura Física, Social e Econômica

O PA Lamarca dispõe de pouca estrutura de uso coletivo, sendo a principal,

uma igreja evangélica que dispõe de um o barracão onde são realizadas as reuniões

da comunidade, além das atividades da igreja.

No Assentamento Lamarca, o meio de comunicação mais utilizado é a Antena

Rural, a qual permite que telefones móveis funcionem através da conexão com a

antena. As operadoras são: Oi, Claro, Vivo e Tim.

Fora do Assentamento, o meio de comunicação utilizado é o telefone instalado

no posto telefônico comunitário (Orelhão), o qual fica na Vila Palmares- distante

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aproximadamente 25 km, e próximo ao posto de saúde e escola Pólo da Vila

Palmares.

Quando os produtores não possuem nenhum meio de comunicação, esta se

faz através de outros produtores, que partindo da boa vontade, se deslocam de suas

casas para repassarem alguma informação.

5.5. Sistemas Produtivos

O assentamento Lamarca se destaca pelo grande potencial para exploração

agropecuária, principalmente para as atividades do Setor Primário, com maior

intensidade na atividade da pecuária leiteira que se apresenta como a principal fonte

de renda do PA.

Sistemas de Criação

Os sistemas de criação do PA Lamarca são praticados de forma extensiva

destacando-se a bovinocultura de leite, além de outras criações e comercialização

dos seguintes animais: equino, muar e suíno.

A pecuária leiteira é uma das principais atividades econômicas desenvolvidas

nesse assentamento. Vale ressaltar, que o solo do assentamento apresenta um bom

potencial para uso de forrageiras, porém, a maiorias dos agricultores não utilizam esta

prática. O uso de pastagens como base da alimentação do rebanho proporciona

redução nos custos de produção em comparação com sistemas que utilizam grãos na

dieta. No entanto, a produção forrageira, bem como o intenso ataque de cigarrinha

das pastagens somando-se à degradação das pastagens, vem reduzindo a produção

de forragens e, consequentemente, tornando-se um entrave à produção do leite.

A baixa produção animal nos trópicos é atribuída, principalmente, a uma

nutrição inadequada, em consequência da sazonalidade na produção forrageira.

Durante os meses de alta precipitação, o pasto apresenta maior velocidade de

rebrota, o que resulta em adequado desempenho animal. Entretanto, durante a seca

ocorre perda de peso, ocasionando o baixo consumo de matéria seca digestível,

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atribuído ao fato do pasto estar maduro e a baixa disponibilidade de forragem

(EUCLIDES et al., 1990 citado por Monteiro, 2009).

A expansão das áreas de pastagens chegou ao seu limite, e o crescimento da

atividade agropecuária depende da intensificação e tecnificação do uso do solo.

Espécies forrageiras que aumentem a produtividade animal e ajudem na recuperação

de pastagens degradadas são de fundamental importância para a sustentabilidade da

atividade pecuária. Portanto desse modo as técnicas de manejo, como correção e

adubação de pastagens, piqueteamento das pastagens, silagem e uso de métodos

alternativos de irrigação no período de seca, devem ser desenvolvidas para o uso

mais eficiente da forragem.

Para atingir patamar excelente, no sistema de criação, é necessário que se

adquira animais melhorados, selecionar animais para uso de técnicas de reprodução

como a inseminação artificial, visando aumentar a produtividade desses animais.

Além dos insumos usados, os agricultores utilizam vacinas, medicamentos e

suplementação mineral, por meio da oferta da mistura de sal mineral com sal branco.

A ração comercial também é utilizada para atender à necessidade no período da

seca. Os produtos acima referidos são comprados no comércio local de Theobroma e

região.

Quanto à criação de animais de pequeno porte, destacam-se a avicultura e a

suinocultura, para o consumo e comercialização do excedente. O sistema de criação

de aves é extensivo destinado à produção de carne e ovos. Com relação aos suínos,

os produtores utilizam manejo e instalações rústicas (pocilgas) e a produção é

destinada ao consumo das famílias. Nesse contexto, constatou-se que a

comercialização desses animais é realizada esporadicamente, e apenas algumas

famílias o fazem, quando apresentam excedentes.

O assentamento tem um grande potencial para criação de pequenos animais

como: aves, caprinos e ovinos. A carne poderia ser consumida pelos assentados,

garantindo a segurança alimentar e nutricional, pois além de ser saborosa, apresenta

boa qualidade nutricional. Com relação à piscicultura, apresenta sistemas produtivos

rústicos e de pequena escala. Há grande potencial para o incremento da atividade

tanto para o autoconsumo quanto comercial, desde que observadas as condições

para a implantação da atividade, em áreas não muito arenosas.

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Sistema de Cultivo

A atividade agrícola é explorada em sua maioria para subsistência, ou seja, a

produção é voltada para consumo da família, sendo o excesso da produção

comercializada, conforme figura abaixo.

Figura 37: Exploração do solo PA Lamarca.

Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

Há ainda uma prática de cultivo de hortaliças, sobretudo para autoconsumo das

famílias, em que são cultivadas nestas áreas diversas espécies de verduras, ervas

medicinal e algumas cucurbitáceas, além de legumes diversos, que demandam

pequenas áreas do quintal ou das roças e fazem grande diferença na composição da

alimentação saudável das famílias, podendo contribuir também para o trato de

animais criados nas propriedades.

Diante do exposto pode-se constatar que o sistema de produção é puramente

familiar, porém, sem uso ainda de alguma tecnologia que possa a vir agregar mais

qualidade aos produtos e, consequentemente, maior valor aos produtos gerados no

Assentamento.

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Comercialização e Abastecimento

O comércio de bovinos e suínos do assentamento é realizado para abatedores

particulares, caracterizando baixos preços e perdas na produção. No caso dos

bovinos ocorre a venda dos bezerros e vacas descartadas gerando uma renda e

receita na propriedade.

A produção agropecuária é realizada no mercado local de Theobroma e região.

A comercialização da produção não é programada. Parte dos agricultores utiliza-se da

organização formal, como associação, para fazer a entrega do leite nos tanques, os

quais estão localizados em duas instalações rústicas fora da sede da associação, em

razão de não ter, ainda, sede fixa. Alguns agricultores comercializam de forma

individual, sem fazer um planejamento prévio para abastecimento constante e

uniforme no mercado, promovendo a desvalorização do produto, por não ter

uniformidade no abastecimento local para atender a demanda.

Os insumos empregados na produção agropecuária são provenientes de

compra no comércio local e região. Parte das sementes para uso na agricultura é

adquirida de programas do governo promovido pela SEAGRI e EMATER-RO, ou

sementes provenientes de safras anteriores.

São boas as condições de infraestrutura de apoio e logística para o

escoamento da produção no assentamento. O PA Lamarca tem recebido apoio da

Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Obras, para a recuperação de

estradas e via de acesso, principalmente as linhas principais e carreadores, pontes e

bueiros para garantir o escoamento da produção.

5.5.1 Análise Sucinta dos Sistemas Produtivos

O sistema produtivo do PA Lamarca, possui alguns aspectos positivos para o

desenvolvimento agropecuário como: clima, solo de média fertilidade, relevo bom, boa

disponibilidade de água e mão de obra familiar, porém, apresenta algumas limitações

como: não utilizam técnicas adequadas no preparo do solo, correção, adubação,

plantio e colheita. Mesmo com essas dificuldades encontradas para a produção,

estes agricultores estão abertos e preparados para investir em tecnologias que

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possam vir a aumentar a produção e a renda familiar, bem como conservar o solo e

meio ambiente. O uso da mecanização agrícola no assentamento não é realizado em

nenhuma das propriedades, mas apenas uma pequena porcentagem pratica o uso de

forma manual e o uso de tração animal no preparo do solo

Dentre os problemas enfrentados nos empreendimentos rurais destacam-se o

baixo nível tecnológico e o escoamento deficiente da produção, devido à falta de

transporte e conservação das estradas vicinais, junto com a falta de recursos

financeiros para a aplicação das alternativas tecnológicas adequadas, englobando a

dificuldade de acesso à linha de crédito; desconhecimento das práticas de uso e

conservação de solo; beneficiamento e comercialização da produção, além dos

problemas causados por ataques de pragas e doenças.

5.6. Serviços de Apoio à Produção

Após a criação e demarcação do Projeto de Assentamento Lamarca, este

passou a receber assistência técnica pela primeira vez pela equipe INCRA/EMATER,

por meio do contrato INCRA CRT 11.000/12, que ocorreu início das atividades no ano

de 2013.

5.6.1. Assistência Técnica e Pesquisa

O PA Lamarca nunca recebeu assistência técnica, devido à sua idade de

estabelecimento, porém sempre houve o desenvolvimento de trabalhos na região

pelos órgãos de assistência técnica e pesquisa.

EMATER-RO

Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia.

Os esforços da EMATER englobam as atividades: reuniões, palestras, visitas

técnicas, capacitação profissional do agricultor, através de cursos e demonstração de

técnicas agropecuárias, distribuição de sementes e mudas certificadas, manejo

integrado de pastagens e o combate a cigarrinhas das pastagens. O Programa

Inseminar, através do abastecimento de nitrogênio às botijas de sêmen, e o ATER

(Assistência Técnica e Extensão Rural) que é acrescido de atividades, que envolvem

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a assessoria técnica, social e ambiental. Durante os anos em que não tinha

Assistência Técnica disponível para esta comunidade, a EMATER-RO elaborou

projetos de crédito PRONAF- A em parceria com o INCRA que forneceu a Declaração

de Aptidão ao PRONAF-DAP, permitindo o acesso ao crédito para estas famílias

assentadas.

IDARON

A IDARON (Agência de Defesa Sanitária Agrosilvipastoril do Estado de

Rondônia) tem a função de fiscalizar a vacinação contra febre aftosa e brucelose, no

intuito de manter o rebanho bovino livre de doenças. Também realiza o controle de

trânsito dos animais e fiscaliza os estabelecimentos de abate, para que os animais

não sejam transportados sem a Guia de Trânsito Animal (GTA), garantindo aos

consumidores, produtos de origem animal dentro das normas de qualidades

estabelecidas mundialmente. Além de outras atividades relacionadas à defesa

sanitária vegetal e uso racional de defensivos agrícolas, faz a emissão de permissão

de trânsito de vegetais, fiscalização da emissão de Certificado Fitossanitário de

Origem – CFO e cadastramento de agrotóxicos.

O município possui duas Unidades Locais de Sanidade Animal e Vegetal -

ULSAV, sendo 01 unidade na sede do município; e outra unidade na Vila Palmares,

onde atendem a diversos agricultores do PA Lamarca.

INCRA

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) nos últimos

anos, incorporou entre suas prioridades a implantação de um modelo de

assentamento, com a concepção de desenvolvimento sustentável. O objetivo é

implantar modelos compatíveis com as potencialidades e biomas de cada região do

País e fomentar a integração espacial dos projetos. As atividades desenvolvidas pela

Unidade Avançada de Ariquemes, no corrente ano, são: Crédito Habitação, Crédito

Reforma de Moradia, Programa Terra Sol, emissão de DAP (Declaração de Aptidão

ao PRONAF), aquisição de tanques de leite, entre outros programas e projetos.

SEDAM

A Secretaria de Estado e Desenvolvimento Ambiental – SEDAM, Unidade de

Ji-Paraná, desenvolve trabalhos voltados à conscientização ambiental, por meio de

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programas e ações educativas voltadas para a solução de problemas ambientais,

tendo como princípio fundamental, o desenvolvimento sustentável.

É uma parceria importante no desenvolvimento dos trabalhos que estão sendo

realizados junto ao público beneficiário da reforma agrária e população como um todo,

ajudando na conscientização ambiental e com a aplicação do Licenciamento das

propriedades pelo Sistema de Monitoramento e Licenciamento Ambiental – SIMLAM.

Atualmente, dispõe do Cadastro Ambiental Rural – CAR, importante instrumento para

o desenvolvimento sustentável do estado de Rondônia; e sua página digital pode ser

acessada à distância. O município não possui uma unidade da SEDAM; e a demanda

da região é atendida pela unidade do município de Ji-Paraná, ou mesmo pela capital-

Porto Velho.

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais - STTR

O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais têm a função de atuar

em favor do produtor rural buscando vários benefícios disponíveis no município. É

uma importante instituição de fortalecimento das atividades rurais, visto que contribui

e apoia os integrantes do setor, prestando serviços como elaboração de DAP’s,

proteção à comunidade rural.

SEFIN

Os proprietários rurais podem adquirir a nota do produtor para assim

comercializarem a produção de sua propriedade. Tais medidas são de suma

importância para a comprovação da renda do produtor. A legalização da

comercialização da produção, por meio do bloco de nota do produtor rural,

proporciona uma comercialização mais justa, e ainda, serve como comprovante de

renda, documentação necessária para adesão aos benefícios do INSS e crédito rural.

Secretaria Municipal de Ação Social

A Secretaria de Ação Social do município representa grande importância para o

município, e tem por atribuições: Elaborar, executar, incentivar e desenvolver

programas e projetos em defesa dos direitos da mulher, do idoso, da criança, do

adolescente e pessoas com necessidades especiais.

O tratamento psicológico é oferecido no Centro de Referência de Ação Social -

CRAS, atendendo aos pacientes tanto da área rural quanto da área urbana. Para que

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seja feito este atendimento, os pacientes precisam ter sido encaminhados por um

médico ou pela orientação pedagógica da escola.

Secretaria Municipal de Educação

A Secretaria de Educação do Município de Theobroma é composta por sete

escolas municipais, uma escola estadual de ensino fundamental e médio e um

supletivo para a Educação de Jovens e Adultos – EJA

Secretaria Municipal de Saúde

O município conta com cinco equipes de Programa de Saúde da Família (PSF),

compostas por equipe básica de saúde (médico, enfermeiro, técnico de Enfermagem

e Agente de Saúde), sendo que os médicos não são exclusivos de cada equipe.

Secretaria Municipal de Obras

O município possui 03(três) motos niveladoras, 03(três) pás carregadeiras,

01(uma) retroescavadeira, 04(quatro) caminhões caçamba e 01(um) caminhão pipa.

Para complementação destas atividades, a Prefeitura Municipal conta com o apoio do

Governo do Estado, da liberação dos recursos do FITA para contratação de motos

niveladoras, pás carregadeiras, caminhões caçambas, entre outros com a finalidade

de promover o cascalhamento das estradas vicinais. Através das emendas dos

parlamentares são liberados recursos pelo Governo do Estado para complementação

dos recursos aplicados nas melhorias das estradas vicinais.

5.6.2. Crédito

No assentamento Lamarca a principal linha de crédito disponível para os

assentados resume-se ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar (PRONAF), destinado aos pequenos produtores rurais, onde neste programa

de financiamento o produtor conta com as seguintes linhas de crédito do PRONAF: A,

B, A/C, Mais Alimento, Mulher, Floresta, Jovem, com juros reduzidos, de modo que o

produtor possa investir na sua propriedade e assim, produzir mais alimentos e

consequentemente aumento da renda.

A Instrução Normativa INCRA Nº 93, de 5 de março de 2010, fixa valores e

normas gerais para a implementação do Crédito Instalação aos beneficiários dos

projetos da Reforma Agrária, que consiste no provimento de recursos financeiros, sob

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forma de concessão de crédito, visando assegurar os meios necessários para

instalação e desenvolvimento inicial e/ou recuperação dos projetos do Programa

Nacional de Reforma Agrária. São modalidades de concessão de Crédito Instalação:

Apoio Inicial; Apoio Mulher; Aquisição de Materiais de Construção; Fomento; Adicional

do Fomento; Semiárido; Recuperação/Materiais de Construção; Reabilitação de

Crédito Produção e Crédito Ambiental. Foram aplicados créditos instalações

beneficiando mais de 50% das famílias assentadas no ano de 2009.

5.6.3. Capacitação Profissional

O Projeto de Reforma Agrária contempla a agricultura familiar para agregar

qualidade aos projetos do assentamento rural. Para chegar a essa qualidade é

preciso capacitar. Assim, para a capacitação profissional dos agricultores do PA

Lamarca, a equipe do ATER/INCRA bem como parceiros das Instituições públicas e

privadas administrará vários cursos e palestras, contemplando temas das áreas:

ambiental, social e econômica.

5.7. Serviços Sociais Básicos

5.7.1. Educação

O Projeto de Assentamento conta com a Escola Polo Municipal Josué de

Castro, localizada no PA Antônio Conselheiro. O núcleo escolar mais próximo ao

assentamento atende a demanda do assentamento e demais localidades.

As aulas são diárias de segunda às sextas-feiras das 7:15 h a 11:15 h período

matutino e das 12:15h as 16:30h no período vespertino. Aproximadamente 367

alunos estão matriculados na Polo e cursam desde o ensino infantil até o 9º ano, e

contam com uma equipe pedagógica, num total de 41 funcionários. O corpo docente é

composto por 12 professores formados em: pedagogia, Libras, Letras/Inglês, Religião,

História, matemática e educação física. Destes, 06 têm especialização entre

supervisão e orientação educacional, metodologia de ensino, libras e gestão

educacional.

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A escola possui uma estrutura de alvenaria, uma cozinha e dois banheiros,

sendo um masculino e um feminino, com cinco repartições cada. Os funcionários têm

sanitários exclusivos, sendo um feminino e masculino. Possui cinco salas de aula;

uma cantina; sala da Direção; uma sala dos professores; um pátio coberto para

recreação. A frota de ônibus que atende a escola é de 02 ônibus. De acordo com o

levantamento de dados, os agricultores estão satisfeitos com a infraestrutura da

escola, sendo esta inaugurada este ano, no mês de março.

A alimentação da escola é atendida pelo PNAE – Programa Nacional de

Alimentação Escolar. Existem alimentos oferecidos pela agricultura familiar da região,

já que o programa exige a compra de no mínimo 30% dessas famílias. A alimentação

escolar (Quadro 06) representa também um dos problemas reconhecidos pelos

agricultores e pais de alunos. Os mesmos alegam que as crianças chegam em casa

reclamando que a alimentação não estava saborosa; e quando tem carne dizem que

é pouca.

Quadro 06: Cardápio da alimentação escolar nos 100 dias letivos da Escola Pólo Josué de Castro

DIA DA SEMANA 09:00 horas 15:00 horas

Segunda-feira Repolho + tomate; Arroz

Feijão; Carne moída; Abóbora refogada; Suco de acerola

Banana maçã

Repolho + Tomate; Arroz

Feijão; Carne moída; Abóbora refogada; Suco de acerola; Banana maçã

Terça-feira Cenoura + tomate; Arroz; Feijão

Frango cozido; Mandioca cozida

Suco de cupuaçu; Mexerica

Cenoura + tomate; Arroz; Feijão

Frango cozido; Mandioca cozida

Suco de cupuaçu; Mexerica

Quarta-feira Mamão; Leite integral;

Achocolatado; Pão francês;

Margarina.

Mamão; Leite integral;

Achocolatado; Pão francês

Margarina.

Quinta-feira Repolho; Arroz; Feijão; Frango cozido; Macarrão parafuso

Suco de acerola; Mexerica

Repolho; Arroz; Feijão; Frango cozido; Macarrão parafuso; Suco de acerola; Mexerica

Sexta-feira Canjicão Canjicão

Fonte: Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Recreação (2013)

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90

Nível de Escolaridade do Assentamento

Desde o início do século passado, pessoas que não podiam mais viver do seu

trabalho foram obrigadas a buscar alternativas em outras regiões. O êxodo rural

possibilitou a saída dos jovens muito cedo da casa de seus pais, fazendo com que os

mesmos tivessem que trabalhar como prestadores de serviço para poder se manter,

logo, o abandono dos estudos era previsível. Outros na época eram impossibilitados

de frequentarem a escola pelos próprios pais, para que pudessem ajudar no roçado,

gerando renda para o sustento da família. Essa é uma realidade que perpetuou por

muitos anos, e que hoje faz parte da história da maioria dos agricultores do PA

Lamarca, que deseja mudança na educação de seus filhos.

O retrato dos assentamentos da reforma agrária é representado por

agricultores que lutaram para conseguirem um pedaço de terra na região amazônica,

trabalharam o suficiente e não tiveram mais tempo para frequentarem escola ou dar

continuidade aos estudos. No projeto de Assentamento Lamarca a realidade não é

diferente, conforme figura 39 abaixo.

Figura 38: Escolaridade dos beneficiários do PA Lamarca. Fonte: INCRA/EMATER- RO. CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

Hoje a educação para adultos é um problema apontado pelas famílias que

vivem no assentamento, pois não há esse tipo de educação. A descontinuidade dos

estudos representa uma taxa dos beneficiários e dos cônjuges.

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5.7.2. Saúde e Saneamento

O Projeto de Assentamento Lamarca não possui qualquer representação

mínima de saneamento básico, pois não existe coleta de lixo dentro do PA.

O abastecimento de água potável é feito em sua maioria por poço amazônico

que tem aproximadamente 8 a 10m de profundidade, e isto torna possível a

contaminação por Coliformes Fecais. As demais fontes de água são: rios, igarapés e

cacimba. Devido a água ser uma das maiores fontes de proliferação de micro-

organismos, o tratamento da água ainda é a única forma das famílias evitarem esta

contaminação. Assim, o tratamento da mesma é feito por meio do uso contínuo de

hipoclorito de sódio.

O destino do lixo inorgânico é um fator preocupante tanto na área social de

saúde, quanto na área ambiental, apesar de estarem relacionados. O elevado índice

de famílias que utilizam do método de queimar o lixo como opção de destino final é

significativo, o que contribui para o desenvolvimento de doenças do aparelho

respiratório, principalmente em crianças e idosos, já que muitas vezes embalagens

tóxicas estão presentes no meio do lixo, como é o caso das embalagens de

agrotóxicos.

Quanto ao lixo orgânico entendido basicamente por rejeitos domésticos, recebe

um destino menos preocupante para o meio ambiente, pois os mesmos são utilizados

para alimentação dos animais domésticos e adubação orgânica.

Até o presente momento não foi identificado nenhum caso de alcoolismo e uso

de drogas dentro do PA, no entanto, sabe-se que dentro do município de Theobroma

há registros de usos de substâncias entorpecentes. Diante deste fator faz-se

necessário estar atentos aos trabalhos de conscientização e prevenção contra estes

males, realizando visitas técnicas de orientação, palestras educativas e distribuição

de materiais educativos etc.

O atendimento hospitalar do município é feito por ordem de chegada ou grau

de gravidade. Não há preferência de atendimento para a zona rural. A média de

atendimento está acima do que é permitido pelo Conselho Regional de Medicina –

CRM. O posto de saúde não faz cirurgias e partos, nestes casos os pacientes são

encaminhados para o Hospital Municipal de Jaru. Se o paciente estiver em estado

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grave, o mesmo é encaminhado para o Hospital da cidade de Ji-Paraná ou a capital

Porto Velho. O hospital dispõe de duas ambulâncias para o transporte de pacientes

transferidos ou encaminhados a outras localidades.

O projeto de assentamento Lamarca é assistido pela equipe de PSF da

Unidade Básica de Saúde localizada na Vila Palmares, pertencente ao município de

Theobroma. A unidade possui uma estrutura com uma sala de emergência/curativo;

uma sala de estar (descanso/repouso); uma sala de consulta médica; um laboratório

da FUNASA; um almoxarifado; uma sala de consulta de enfermagem; uma sala de

vacina e triagem; seis banheiros (masculino e feminino) adaptados para idosos e

deficientes físicos.

As consultas de enfermagem acontecem às quintas-feiras com a realização de

preventivos (Papa Nicolau), e o Pré-Natal realizado às terças feiras. Todos os dias no

período vespertino são realizadas consultas médicas . O atendimento aos pacientes

é por ordem de chegada, porém, as crianças têm preferência. Não tem limite de

fichas para serem distribuídas, e a cada 15 dias é realizada vacinação para crianças,

jovens e adultos. A equipe do laboratório vai uma vez por semana para fazer coleta

de exames dos pacientes. Também são feitos os primeiros-socorros em caso de

ferimentos, curativos e triagem com aferição da pressão arterial e temperatura. O

atendimento diário é realizado por técnicos (as) de enfermagem e enfermeiro(a).

5.7.3. Lazer

A falta de lazer, por faixa etária dos assentados, é um dos fatores sociais

preocupantes, devido não ter uma área de lazer com parques, campos de futebol,

vôlei etc. Apesar das poucas opções, os mesmos participam das atividades culturais e

religiosas que são realizados no PA.

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Figura 39: Participação em eventos sociais. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

5.7.4. Cultura

No assentamento as atividades culturais que predominam são os jogos

esportivos (campeonato de futebol), festas religiosas, festas juninas e festas de rodeio

que acontecem nas proximidades do PA.

Figura 40: Eventos sociais existente no PA. Fonte: ATER/EMATER-RO, CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

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5.7.5. Habitação

Com o objetivo de suprir as necessidades básicas dos agricultores, fortalecer

as atividades produtivas do campo, auxiliar na construção de suas unidades

habitacionais, o INCRA oferece aos assentados o crédito Instalação, que é concedido

em várias modalidades, dentre elas, materiais para construção ou para reforma de

casas. O assentamento é constituído de 52% das casas de alvenaria.

Figura 41:Tipo de habitação no PA Lamarca. Fonte: INCRA/EMATER-RO CRT 11.000/12. Autodiagnóstico, 2013.

O contrato de reforma da “moradia” apresenta a cláusula obrigatória da

construção do banheiro no interior da casa com as respectivas instalações

hidrossanitárias, para proporcionar maior conforto aos beneficiários, o que também

contribui muito para a permanência dos colonos nas devidas parcelas.

O restante das modificações fica a critério dos moradores, podendo recuperar

telhado, madeiramento, esquadrias, ou ainda, ampliar cômodos, instalar cerâmica e

etc. Este benefício proporciona conforto, saúde e qualidade de vida aos assentados.

Para a realização deste trabalho, a mão de obra pode ser aproveitada dos próprios

beneficiários que atuam, além de agricultores, como pedreiro, carpinteiro e eletricista.

Vale ressaltar, que a partir do ano de 2013, o INCRA deixa de ser responsável pelo

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crédito instalação, passando esta responsabilidade para a Caixa Econômica Federal

e Banco do Brasil S/A.

5.8. Análise das limitações, potencialidades e condicionantes

Ao analisar as limitações do PA Lamarca observa-se que uma das

características que abrange a maioria dos assentados é a falta de geração de renda,

por meio das parcelas, pois, até o presente momento, os cultivos são de culturas

rápidas como: milho, abacaxi e mandioca, geralmente para auto consumo. Para se ter

uma terra mais apta à produção faz-se necessário o uso de tecnologias, correção do

solo e se tornar auto-sustentável.

Umas das alternativas vistas pelos assentados para o aumento da geração de

renda é a criação de gado leiteiro, devido às pastagens ser mais desenvolvidas nas

propriedades. Outra potencialidade dos assentados é o fato de ter alto grau de

articulação com as esferas Municipal, Estadual e Federal, visando buscar melhorias e

políticas públicas.

As limitações para o desenvolvimento do PA variam conforme o nível de

manejo do solo, da floresta e também conforme o contexto socioeconômico local.

Assim, diante dos recursos escassos e com limitações intrínsecas relativas à união e

convivência coletiva, prevê-se que a criatividade será a solução, vivenciando a ideia

de que não existe ambiente ruim, há apenas usos inapropriados dos recursos naturais

e também do patrimônio humano.

6. PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO

PROJETO DE ASSENTAMENTO LAMARCA

6.1. Apresentação

O plano de ação do Lamarca é o conjunto de métodos e medidas, juntamente

com as ações de ATER/INCRA, os recursos e medidas da Reforma Agrária e demais

políticas públicas municipais, estaduais e/ou federais existentes para fomentar o

desenvolvimento sustentável do PA, pertencente ao município de Theobroma/RO, na

Região Central deste Estado. Este plano contemplará as principais ações da Política

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Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e

Reforma Agrária – PNATER e o Programa Nacional de Assistência Técnica e

Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária – PRONATER (Lei nº

12.188 de 11 de Janeiro de 2010), por meio da apresentação de ações e projetos que

possam solucionar as questões adversas ao melhor manejo da terra pelo público

beneficiário da Reforma Agrária, levantadas durante as oficinas de sensibilização,

visitas técnicas e o autodiagnóstico pesquisado pelos próprios agricultores.

A metodologia de trabalho utilizada para a coleta de dados foi embasada na

Intervenção Participativa dos Atores – INPA e também nos moldes do Diagnóstico

Rural Participativo – DRP, de onde surgiu o autodiagnóstico da comunidade. Os

atores participaram do processo de reconhecimento da realidade em que estão

inseridos, para que se sentissem responsáveis pela resolução dos problemas

identificados por si mesmos, com fins de engajá-los na tomada de decisões e

executar ações necessárias para atingir os objetos esperados, tudo com o auxílio e

orientação do corpo técnico atuante.

6.2. Objetivos e Diretrizes Gerais

●Contribuir para a melhoria da qualidade do meio rural do PA Lamarca, tendo como

foco o fortalecimento da agricultura familiar, buscando a competitividade da

agricultura rondoniense, bem como adequando os produtos às exigências dos

consumidores;

● Estimular a produção de alimentos regionalmente adaptados, bem como a

diversificação de cultivos, visando alcançar a segurança alimentar sustentável da

população;

● Estimular e apoiar o desenvolvimento rural, através de ações de caráter educativo,

executadas conjuntamente com entidades parceiras públicas e privadas, com vistas à

execução e implementação de ATER, voltados para a saúde, educação, nutrição,

fomento, agroindústria, armazenagem, comercialização e meio ambiente;

● Participar na definição das políticas agrícolas nas esferas Federal, Estadual e

Municipal;

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● Adotar o planejamento das ações com base no território rural, sempre considerando

os aspectos econômicos, sociais, ambientais, culturais e políticas de desenvolvimento

sustentável;

● Apoiar os agricultores familiares no resgate do saber local, capaz de servir como

ponto de partida para ações transformadoras da realidade;

● Potencializar processos de inclusão social e de fortalecimento da cidadania, levando

em consideração os aspectos éticos, étnicos, culturais, sociais, econômicos, políticos

e ambientais;

● Estimular a utilização de tecnologias apropriadas e o aproveitamento dos recursos

naturais, com base no zoneamento socioeconômico e ecológico do Estado;

● Elaborar estudos estratégicos que visem agregar valores à produção e favoreça

maior eficácia produtiva e inovadora das organizações de produtores, com intuito de

projetá-las no ambiente competitivo;

● Contribuir na orientação dos processos de organização social rural e de capacitação

de produtores, de jovens e de mulheres rurais;

● Manter a sociedade informada do papel exercido pelo ATER/INCRA através da

EMATER/RO no contexto da economia rondoniense, intensificando e ampliando a

comunicação social, a fim de criar uma imagem positiva da instituição, sobretudo

perante as autoridades e usuários de ATER.

6.2.1. Organização Espacial

O cadastro realizado pela equipe de ATER/INCRA nos meses de janeiro a

março de 2013 identificou o total de 33 famílias. Das famílias que residem e exploram

a parcela diretamente, entre assentados e ocupantes, destes 12 são assentados

regulares e 21 ocupantes, todos pertinentes a uma mesma linha e gleba única,

compreendendo área total de 999,9217 ha.

A concentração de lotes no PA é inexpressiva, não sendo identificada como um

problema gravíssimo, uma vez que foram identificados alguns lotes em que o

beneficiário desistiu de viver no local, repassando suas parcelas a terceiros que já

possuíam. Fato este que restringe a aplicabilidade de recursos do INCRA,

prejudicando o desenvolvimento econômico, social e ambiental da comunidade, pois

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com um número considerável de parcelas irregulares, diminui o repasse do Ministério

do Desenvolvimento Agrário para investimento em áreas de assentamento, como

repasses de verbas para contratar a assistência técnica, que depende do número de

famílias regularizadas, uma vez que estas políticas não são destinadas à agricultores

sem o reconhecimento e anuidade do INCRA, ficando às margens de benefícios

diversos.

6.2.2. Serviços e Direitos Sociais Básicos

Aos Serviços e direitos sociais faz-se necessário buscar solucionar problemas

nas seguintes áreas:

-Educação:

Zelar pela inclusão dos assentados que tenham interesse em estudar, por meio

da implantação do Programa de Educação de Jovens e Adultos do município -

PROEJA;

Garantir capacitação profissional para atender demandas nas dimensões

social, ambiental e econômica;

Buscar melhorias nas condições de circulação nas estradas, para evitar

transtornos para os alunos que utilizam transporte escolar.

-Saúde:

Assegurar o direito ao atendimento médico-odontológico da população através

de programas curativos e preventivos oferecidos pelo SUS;

Assegurar o direito ao atendimento de agente comunitário de saúde na atenção

básica no próprio PA.

-Cultura e esporte:

Identificar áreas que possam ser exploradas para atividades de lazer e

incentivar a realização de eventos culturais, que visem resgatar valores, dentre outras

ações que venham surgir no decorrer da execução das atividades.

Vale ressaltar, que estas ações serão executadas por meio das comissões

formadas para acompanhamento do plano, demais assentados da Reforma Agrária e

equipe de ATER/INCRA.

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6.2.3 - Sistemas Produtivos

O grande interesse dos assentados é o investimento na pecuária leiteira,

levando em conta que a maior parte das propriedades é composta por área de

pastagem, fazendo desta atividade um potencial a ser explorados no PA. Para o

sucesso desta atividade é preciso que o serviço de ATER busque recursos para

aquisição de animais com aptidão para produção de leite e também com este recurso,

inserir novas tecnologias que propiciem uma melhora nesta fonte de alimentação

existente como: diversificação das forrageiras existentes, utilização de campineira e

canaviais como alternativa de suplementos no período de estiagem, implantação de

sistema de manejo de pastagem em forma de unidades demonstrativas, buscando

facilitar assimilação destas tecnologias pelos agricultores.

Para a agricultura será necessário aplicação de calcário para correção do solo,

que poderá ser solucionado, por meio de uma parceria entre assentados, secretaria

municipal de agricultura e SEAGRI. Para adquirir calcário, por meio desta correção

dos solos, os assentados irão ter resultados positivos em sua produção.

6.2.4. Meio Ambiente

Conforme identificado no levantamento do autodiagnóstico observou-se uma

grande área ciliar desprotegidas, por se tratar de áreas essenciais e de proteção

diferenciada. Pretende-se construir, com o apoio da comunidade, viveiros

comunitários e temporários de essências florestais e frutíferas, no intuito de reduzir ou

minimizar este impacto ambiental.

Uma das alternativas para se obter bons resultados é orientar os assentados,

por meio de visitas técnicas, mutirões entre outras atividades demandadas, para que

preservem os recursos edáficos e hídricos, com grande produtividade por área a

curto, médio e longo prazo e que implantem sistemas agroflorestais, que são formas

de uso dos recursos naturais, cujas espécies lenhosas (árvores, arbustos e palmeiras)

são utilizadas em associação com cultivos agrícolas e/ou animais, numa mesma área,

de maneira simultânea ou numa seqüência temporal.

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6.2.5. Desenvolvimento organizacional

O desenvolvimento organizacional pode ser visto como um instrumento da

administração. Passa também pelos conceitos de organização, de cultura e de

mudança organizacional dentro de pressupostos da teoria comportamental.

As políticas públicas destinadas a esta ação contribuíram fortemente para o

desenvolvimento organizacional da região. Para fins de levantamento de dados

sobre o desenvolvimento organizacional do PA, utilizou-se de metodologias como a

pesquisa-ação na comunidade pertinente, para inserir os assentados na

responsabilização sobre suas necessidades, visto que o foco do desenvolvimento

organizacional é uma forma de mudança planejada pelos próprios atores. Esta

mudança iniciou-se com a formação de duas comissões no assentamento para a

resolução de problemáticas nas dimensões: social e infraestrutura, ambiental e

produtiva, de forma a responsabilizar voluntariamente algumas lideranças para que

as ações sejam realizadas no grupo e pela própria comunidade inserida.

Dessa forma, a constituição das Comissões do PDA do PA Lamarca, é o

primeiro passo para a resolução das demandas desta comunidade, e ficaram assim

constituídas:

Quadro 07: Comissões de acompanhamento do PDA.

Comissões para Acompanhar a Execução do Plano de Ação – PA

Lamarca.

Dimensão Produtiva e

Dimensão Ambiental

Dimensão Social e

Dimensão Infraestrutura

Josafá, Valdenor, Rivelino e

Roberto.

Edelson, Edilene, Elias, Enedina

Fonte: INCRA/EMATER-RO, CRT: 11.000/12, Autodiagnostico, 2013.

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Para o sucesso deste trabalho é preciso contar com a participação da

associação, visto que através de uma organização social soluciona-se diversas

demandas, pois a mesma representa uma comunidade, envolvendo-as ao máximo

possível, pois somente com a participação de um número efetivo de participantes se

pode chegar a resultados plausíveis. O PA Lamarca conta atualmente com uma

associação, em situação regular. Desta forma, unir as duas organizações em

atividades comuns para agregar o maior número de opiniões é o meio mais viável de

se lograr resultados positivos.

6.2.6. A Assessoria técnica, Social e Ambiental no Acompanhamento à

Implementação do Plano

A equipe técnica de ATER/INCRA está inserida na base da implantação do

plano de Desenvolvimento do assentamento, tendo em vista a execução do

programa. A equipe técnica e assentados devem agir de forma integrada e

participativa, acreditando no trabalho de desenvolvimento dos parceiros municipal,

estadual e federal de forma sustentável.

O alvo principal é tornar as unidades de produção estruturadas, inseridas de

forma competitiva no processo de produção, voltadas para o agronegócio da

agricultura familiar. Tomando como referência o PDA, é o que será expresso nos

projetos executivos para ampliação do potencial produtivo, introdução de processos

de beneficiamento, além dos cuidados dirigidos à comercialização e aos grupos

sociais.

Para acompanhar as ações propostas, as comissões formadas serão

responsáveis pelo monitoramento das atividades, finalização e fechamento dos

trabalhos, tendo como referência o plano de ação formulado por meio das oficinas e

levantamentos do autodiagnóstico.

A equipe técnica atuará com ações que terão o sentido de identificar recursos,

viabilizar a formulação do projeto executivo. As atividades relacionadas à saúde serão

acompanhadas com trabalhos de educação continuada, cujas famílias rurais

receberão orientações sobre saúde sexual e reprodutiva; planejamento familiar; saúde

do trabalhador rural; segurança alimentar, saúde bucal e saúde preventiva, por meio

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102

da atenção primária em saúde, por meio de atividades com palestras, oficinas e dias

especiais.

Quanto às atividades na dimensão econômica, a assistência será realizada

conforme as técnicas agroecológicas, por meio de visitas, reuniões, palestras, cursos,

além de montar e acompanhar a unidade demonstrativa experimental, na temática

recuperação e manejo de pastagem e formação de área de canavial para alimentação

animal, e elaboração de projetos.

A assessoria técnica do INCRA desenvolverá esforços que estimulem trabalhos

de Educação Ambiental, em parceria com o SEDAM; promoverá visitas temáticas

sobre questões ambientais e ações de reposição de áreas de Reserva Legal;

promoverá mutirão para coleta e destinação de embalagens de agrotóxicos

(IDARON); acompanhar e orientar na implantação de viveiros de espécies frutíferas e

florestais; esclarecimentos sobre os dispositivos legais inerentes ao meio ambiente;

sensibilizará parceiros e jovens agricultores quanto às questões ambientais que

ocorrem no PA; promoverá intercâmbios referentes a modelos de recuperação

ambiental de RL’s e APP’s. Os parceiros para estas atividades orientadoras do

processo de desenvolvimento sustentável serão: SEMAGRI, Prefeitura Municipal de

Theobroma e demais secretarias municipais, CEPLAC, SEDAM, SENAR e outras

entidades governamentais ou não governamentais afins.

6.3. Programas

Este programa possui o objetivo de descrever e desenvolver atividades

conjuntas com os parceiros envolvidos no processo, direta ou indiretamente, de forma

a contemplar as ações necessárias e orientadoras do processo de desenvolvimento

sustentável.

Os programas descritos seguem os anseios e necessidades do PA, cujo

objetivo é descrever e desenvolver atividades em conjunto com os parceiros

envolvidos no processo, de forma direta ou indireta, para contemplar as ações

necessárias e orientadoras do processo de desenvolvimento sustentável do PA. Este

Plano de Desenvolvimento do Assentamento visa contribuir para o fortalecimento da

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103

agricultura familiar, sendo que estes foram construídos pelos próprios agricultores, por

meio de oficinas para a construção deste Plano.

Ordenar os programas segundo a prioridade das famílias, de forma a orientar

os parceiros a melhorar e encaminhar suas demandas em termos de viabilidade,

diante dos recursos disponíveis.

6.3.1. Programa Organização Espacial

As ações a serem executadas no programa de organização espacial devem

respeitar a vontade com base no diagnóstico estabelecido, bem como as

necessidades levantadas pelos agricultores e devem ser definidas e aprovadas pela

comunidade e pelo INCRA. O PA Lamarca é dotado de estruturação bem definida e

aceita pelo público beneficiário. Cabe alguns ajustes por parte de maiores insumos

para a aquisição de agroindústrias, com objetivo de agregar valores maiores aos

produtos oriundos da produção no PA, contemplando em conjunto com esta ação

também, a organização social, ambiental e produtiva, conforme plano de ação da

dimensão de infraestrutura.

Quadro 08: Plano de Ação - Dimensão Infraestrutura

Problemas: O que fazer? Como fazer? Quem vai

fazer?

Quando fazer?

Falta de

conservação das

Estradas, pontes e

bueiros.

Recuperação e

cascalhamento das

estradas, conserto

de pontes e

bueiros.

Solicitar reunião com

comissão do PA, junto a

Prefeitura Municipal de

Theobroma, Sec. Mun.

de Obras e vereadores.

Edelson,

Edilene, Elias,

Enedina e

ATER/INCRA

Julho 2013

Falta qualidade e

segurança nos

ônibus escolares.

Reforma dos ônibus

escolares e/ou

substituição dos

mesmos.

Formar uma comissão

para conversar com

secretário de educação e

prefeito de Theobroma.

Edelson,

Edilene, Elias,

Enedina e

ATER/INCRA

Julho 2013

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Falta de

implementos

agrícolas.

Organizar a diretoria

da Associação.

Reunir os agricultores do

PA.

Edelson,

Edilene, Elias,

Enedina e

ATER/INCRA

Julho 2013

Fonte: INCRA/EMATER-RO, CRT: 11.000/12, Autodiagnóstico, 2013.

6.3.2. Programa Produtivo

Para executar o programa produtivo é preciso estruturar atividades produtivas

dos assentados, bem como inclusão produtiva e promoção da segurança alimentar

das famílias existentes no PA. Contudo, faz-se necessário aumentar a produção

para incrementar a renda dos beneficiários, a partir da geração de excedentes nas

propriedades. Através do acesso ao crédito rural, estradas para escoar a produção

e ter acesso às políticas públicas básicas, etc.

A equipe de ATER visa estimular atividades produtivas sustentáveis e

agroecológicas, além de articulações com os órgãos e entidades com a finalidade de

fortalecer a autonomia dos assentados, através de acompanhamento técnico e social.

Conforme priorização nas oficinas de autodiagnostico, segue abaixo o cronograma e

calendário das ações a serem trabalhadas neste plano.

Quadro 09: Plano de Ação - Dimensão Produtiva

Problemas: O que fazer? Como fazer? Quem vai fazer? Quando

fazer?

Falta de máquinas

agrícolas

Audiência com

autoridades

responsáveis

Requerimento para solicitar

máquinas agrícolas através

de emenda parlamentar.

Josafá, Valdenor,

Rivelino, Roberto e

ATER/INCRA

Julho

2013

Preço baixo do

leite

Melhorar a qualidade do

leite, beneficiamento do

produto; organização dos

produtores de leite.

Reunião com

representantes: Sec. Mun.

de Agricultura; Prefeitura

Mun. de Theobroma;

Comissão do PA;

Josafá, Valdenor,

Rivelino, Roberto e

ATER/INCRA

Julho

2013

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105

Associação do PA.

Falta de calcário Adquirir Calcário através

de grupos.

Levantar demanda e

solicitar parceria entre

associações de

produtores rurais e

prefeitura para frete.

Josafá, Valdenor,

Rivelino, Roberto,

ATER/INCRA

Julho

2013

Ataques de

cigarrinhas

Controlar e eliminar a

pragas de pastagem.

Mutirão para aplicação de

fungos (Metarryzum

anispopliae), sob

orientação da Assistência

Técnica do Incra.

Josafá, Valdenor,

Rivelino, Roberto e

ATER/INCRA

Julho

2013

Fonte: INCRA/EMATER-RO, CRT: 11.000/12, Autodiagnóstico, 2013.

6.3.3. Programa de Garantias de Direitos Sociais

A garantia dos direitos sociais visa levar ao conhecimento dos agricultores

informações que possam facilitar o acesso aos direitos fundamentais básicos,

promovendo à inserção dos mesmos nos programas direcionados a saúde,

educação, cultura, lazer etc. As demandas votadas e priorizadas pelos assentados

no autodiagnóstico, busca torná-los como autor principal de ações para a melhoria

do PA, conforme quadro abaixo:

Quadro 10: Plano de Ação - Dimensão Social

Problemas: O que fazer? Como fazer? Quem vai

fazer?

Quando

fazer?

Falta de união Estabelecer um compromisso

para aperfeiçoamento da força

do grupo.

Através das reuniões

trabalhar dinâmicas de

fortalecimento do grupo.

Edelson,

Edilene, Elias,

Enedina e

ATER/INCRA

Julho

2013

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106

Falta de posto

de saúde

Levantar demanda de número de

famílias a serem atendidas;

repassar demanda à Sec. Mun.

de Saúde de Theobroma.

Realizar audiência com a

Secretaria de Saúde.

Edelson,

Edilene, Elias,

Enedina e

ATER/INCRA

Julho

2013

Falta de

professores na

Escola Josué de

Castro

Contratar professores

urgentemente para

preenchimento de vagas de

disciplinas específicas da escola

Josué de Castro.

Realizar audiência com a

Secretaria Municipal de

Educação e Prefeitura de

Theobroma e comissão do

PA.

Edelson,

Edilene, Elias,

Enedina e

ATER/INCRA

Julho de

2013

Atraso no início

das aulas

Reunir-se com secretaria

municipal de educação,

juntamente com prefeito

municipal, para nivelar o inicio

do ano letivo com as demais

escolas do município

Encaminhar Ofícios, para

solicitar audiência com as

autoridades responsáveis.

Edelson,

Edilene, Elias,

Enedina e

ATER/INCRA

Julho

2013

Fonte: INCRA/EMATER-RO, CRT: 11.000/12, Autodiagnóstico, 2013.

6.3.4. Programa de Garantia de Direitos Ambientais

Este programa possui o objetivo de descrever e desenvolver atividades

conjuntas com os parceiros envolvidos no processo, direta ou indiretamente, de forma

a contemplar as ações necessárias e orientadoras do processo de desenvolvimento

sustentável, via ações abaixo descritas:

Quadro 11: Plano de Ação - Dimensão Ambiental

Problemas: O que fazer? Como fazer? Quem vai fazer? Quando

fazer?

Falta de poços

artesianos

Construir poços

artesianos

comunitários no PA.

Elaborar projeto técnico e

encaminhar para a FUNASA.

Josafá, Valdenor,

Rivelino, Roberto e

ATER/INCRA

Julho

2013.

Poluição de

águas e solos

com

agrotóxicos

Conscientização e

uso de práticas

alternativas.

Evitar o uso de agrotóxicos e

promover cursos de

práticas alternativas.

Josafá, Valdenor,

Rivelino, Roberto e

ATER/INCRA

Julho

2013

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107

Derrubadas de

matas ciliares

Abandonar esta

prática

Não derrubar as matas nestas

áreas frágeis e possibilitar a

recuperação das áreas que já

estavam degradadas.

Josafá, Valdenor,

Rivelino, Roberto e

ATER/INCRA

Julho

2013

Falta coleta de

embalagens.

de Agrotóxicos.

Orientar família na

tríplice lavagem da

embalagem e

promover o

recolhimento das

mesmas em parceria

com a IDARON.

Mutirão para coleta de embalagens;

orientar as famílias sobre os danos

causados a saúde, através da

contaminação com agrotóxicos.

Josafá, Valdenor,

Rivelino, Roberto,

IDARON e

ATER/INCRA

Julho

2013.

Fonte: INCRA/EMATER-RO, CRT: 11.000/12, Autodiagnóstico, 2013.

6.3.5. Programa de Desenvolvimento Organizacional e de Gestão do Plano

O Programa de Desenvolvimento Organizacional de Gestão do Plano foi

elaborado da seguinte forma: as comissões foram formadas a partir de votação em

plenária com os agricultores do PA Lamarca. Cada comissão será responsável por

uma dimensão, e serão encarregados em acompanhar as atividades do plano. As

ações serão desenvolvidas a partir das parcerias com instituições municipais e

Estaduais, em especial os órgãos: INCRA, EMATER, IDARON, EMBRAPA, SEDAM,

Prefeitura e suas Secretarias.

Para gestão do Plano de Desenvolvimento do Assentamento Lamarca, será

agendada audiências nas instituições para tratar das negociações oficialmente com

cada representante das entidades. Estas reuniões têm a participação ativa dos

agricultores do PA, que solicitam a resolução dos problemas priorizados durante as

oficinas do autodiagnóstico. Serão preenchidas atas que oficializam o encontro. Por

conseguinte, o acompanhamento do plano será contínuo, assistida pela assistência

técnica (ATER) com o INCRA até a resolução.

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108

Quadro 12: Plano de Ação de Acompanhamento do PDA.

Atividade Onde/Local Quando Como Responsável Envolvidos

Estabelecer

parcerias

com

entidades

de apoio ao

PDA.

Entidades

parceiras e no

barracão da

associação

ASPROMARCA

Curto

prazo

Formalizar parcerias

com os parceiros

listados no plano

para apoio efetivo e

acompanhamento da

gestão do PDA.

Comissão eleita

pelos

beneficiários e

equipe de

ATER.

Prefeitura

Municipal,

Secretarias

Municipais,

INCRA,

IDARON,

SENAR,

ELETRONORT

E.

Fonte: INCRA/EMATER-RO, CRT: 11.000/12, Autodiagnostico, 2013.

6.3.6. Assessoria Técnica, Social e Ambiental – ATER/INCRA

A Assessoria Técnica terá o papel de facilitar o processo de transição entre

uma cultura de subsistência para uma cultura organizada e estruturada, priorizando

tecnologias alternativas que venha diminuir o uso de agrotóxicos, agregar valores a

produção fortalecendo a geração de renda nas propriedades dos assentados.

A partir do Zoneamento Sócio Econômico Ecológico foi possível identificar

todas as possibilidades de exploração agrícola das terras da propriedade e também

as indicações quanto ao manejo adequado dos solos, com as técnicas aplicáveis

para cada situação socioambiental, respeitando os atributos de cada tipo de solo

existente no assentamento.

Durante a execução do autodiagnóstico, ficou claro para os agricultores, que

muitos dos problemas apontados podem ser resolvidos em grupo, enquanto outros

realmente necessitam da interferência de renomadas instituições que atuam na

região. Para atingir um produto de qualidade deve haver esforço de todos os

agricultores envolvidos, em lugar de trabalharem em grande escala, nos moldes de

agricultores convencionais.

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A evolução do desenvolvimento do Assentamento Lamarca nas dimensões

social, econômica, ambiental e de sua infraestrutura depende principalmente da

atuação dos beneficiários, das comissões definidas para a gestão do PDA. Os

técnicos participaram das discussões, considerando que a competência destes na

execução dos serviços de ATER/INCRA constantes do planejamento devem

continuar até a sua avaliação, de forma integrada e junto das famílias assentadas,

os atores principais e os maiores interessados no sucesso do programa.

6.4. Indicativos de Sustentabilidade – Sobre o Projeto, Subprograma e/ou

Programa.

A viabilidade econômica do Plano está estreitamente ligada à viabilidade dos

modelos produtivos individuais a serem adotados pelos assentados, que deverão

ser implementadas atividades de formação continuada que dará o direcionamento e

suporte as ações da assistência técnica no que se refere a produção,

comercialização, fortalecimento da organização local e dos direitos sociais,

ambientais e culturais em interação com os parceiros envolvidos no plano.

Os principais indícios de viabilidade de desenvolvimento social, ambiental,

produtivo e de infraestrutura do PA Lamarca são: presença de associação, presença

de igreja, articulação política dos agricultores, localidade de fácil acesso,

infraestrutura das áreas de influência e boa qualidade de recursos naturais da região.

O Plano de Desenvolvimento do Assentamento - PDA foi realizado mediante

aplicação de metodologias de sensibilização para a priorização dos problemas e

identificação das potencialidades encontradas pelos próprios assentados. A equipe

de ATER/INCRA junto com os assentados construíram os planos de ação a serem

desenvolvidos com resultados a curto, médio e longo prazo. A partir dos problemas

apresentados foram elaborados os planos temáticos com a participação dos

assentados em todos os momentos.

Faz-se necessário que os agricultores sigam as orientações técnicas

repassadas pela ATER/INCRA, as quais visam respeitar o meio ambiente usando

técnicas agroecológicas, para que alcancem a sustentabilidade do PA.

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110

6.5. Disposições Gerais

As ações do PDA almejam o direcionamento dos grupos de mulheres e dos

jovens assentados em várias atividades econômicas que possibilitem a geração de

renda, como forma de inclusão dos gêneros e gerações para que estes se fixem no

campo, visto que a maioria destes já contribui para os trabalhos da parcela e,

consequentemente, ajudam na composição da renda das famílias. Algumas

mulheres e jovens participam das decisões frente aos assuntos da associação,

opinam em debates, oficinas, reuniões, dentre outras formas de inclusão nas

esferas da sociedade.

Pretende-se incentivar cada vez mais a atuação destes atores, visando o

desenvolvimento de ações educativas e elaboração de projetos de crédito

específicos para viabilizar as suas atividades. Pretende-se ainda construir

organizações coletivas voltadas para estes, fomentando a geração de renda

monetária própria para que não sofram o êxodo rural

Um forte potencial para o desenvolvimento destas ações no PA é a conquista

da participação deste público, que pode trazer inovações para as parcelas, uma vez

que este público deve ser capacitado de forma mais modernizada, com temáticas

que os atraiam e sejam atuais à realidade destes, que, via de regra, encontram-se

nos bastidores e quase nunca encontram oportunidades diferenciadas para que se

mantenham nas atividades rurais. Algumas mulheres do PA já estão produzindo

seus produtos com autonomia, geralmente para o consumo das famílias, mas ainda

sem geração de renda.

Outras famílias ainda não estão estabelecidas no local por não possuírem

renda proveniente de atividades agropecuárias nas parcelas, alegando que a

fertilidade natural dos solos é muito fraca e necessitam de correção/adubação para

desenvolver suas atividades.

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7. Detalhamento dos mapas/croquis em anexo.

Mapa A1 – Mapa da bacia ou sub-bacia de localização do projeto de

assentamento

O Mapa A1 demonstra que o PA Lamarca está localizado na bacia hidrográfica

do Rio Machado, possuindo apenas o total de 13,55% de sua vegetação original

nativa; a área antropizada compreende 46,73%. Estas áreas antropizadas também

contém as estruturas das parcelas (cercas, currais, casas e demais estruturas) bem

como para as áreas produtivas. Observa-se que a maioria das parcelas estão

ocupadas por pastagens, com criação de gado bem expressiva, sendo a principal

atividade econômica do PA.

Mapa A2 - Mapa de uso atual da terra e cobertura vegetal

O Mapa A2 apresenta percentual de áreas produtivas/antropizadas em 86,45%,

onde destas 2,30% representam a vegetação secundária ou capoeiras; as áreas de

preservação permanente ocupam 7,87%, perfazendo o total de áreas preservadas em

2,51% e 5,36% de APP a recuperar. Esta grande quantidade de APP a recuperar

deve ser corrigida o quanto antes, visto que os solos arenosos da região possuem

grande tendência a ocasionar erosões . Há ainda a questão da conservação dos

corpos hídricos, que em solos arenosos com manejo inadequado, sofrem

assoreamentos com extrema facilidade. Estes solos geralmente necessitam da

contenção destes processos erosivos e de assoreamentos com a construção de

paliçadas para conter os deslizamentos, ou a utilização de sacos de areia na parte

inferior dos degraus para diminuir a ação da água das enxurradas. Os trabalhos de

orientação aos agricultores para a construção de viveiro coletivo, objetivando a

produção de mudas de espécies ripárias para fins de recuperação das margens dos

igarapés e córregos das parcelas e adjacentes devem ser iniciados o quanto antes.

A reserva legal compreende apenas o total de 13,55%, percentual baixíssimo

para a função ecológica que esta representa. A baixa ocorrência de reserva legal

pode causar inúmeros transtornos à comunidade, uma vez que os solos hidromórficos

e arenosos presentes na região devem ser utilizados sob manejo específico, pois

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tendem à degradação mesmo sem antropização, o que deve ser corrigido da mesma

forma e no mesmo prazo estabelecido para a recuperação das APP’s. Inúmeros

outros problemas podem ocorrer devido à falta da Reserva Legal na região, que

podem ocorrer tanto na dimensão ambiental, quanto na social e, sobretudo para as

questões econômicas da comunidade. Em face ao atual cenário nacional, com vistas

à modificações no Código Florestal, torna-se complexo questionar sobre a

recuperação das Reservas Legais de cada parcela; porém, deve-se argumentar sobre

o tema com fins de persuadir os agricultores sobre a manutenção destas áreas, se

possível, prevendo a recuperação destas, visto que as dificuldades para a

manutenção das famílias nas parcelas degradadas se tornará bem mais difícil.

A principal cultura encontrada no Projeto de Assentamento é a Brachiaria sp, e

são encontradas as culturas com fins de subsistência, principalmente: mandioca,

hortaliças, cucurbitáceas, frutíferas perenes e semi-perenes. A cultura semi-perene

mais encontrada na área é a de bananas de variedades diversas, sem a

comercialização do excedente, seguida de abacaxi. Encontra-se a criação de

pequenos animais, somente para a subsistência.

Mapa A3 – Croqui da Estratificação Ambiental dos Agros-Ecossistemas

Analisando o Mapa A3 do PA Lamarca, podemos verificar que a

estratificação ambiental distribui-se em: áreas de reserva legal/mata nativa

compreendendo apenas 13,55%; área antropizada: 2,30%, compondo as áreas de

vegetação secundária, pousio ou capoeira; uso de solo em um total de 86,45%. As

áreas de preservação permanente consolidadas representam o percentual de

7,87%, com 5,36% degradadas e necessitando de recuperação imediata. Apenas

2,51% das APP’s estão em situação regular.

Mapa A4 – Mapa da Organização Territorial Atual

O PA Lamarca apresenta organização espacial em formato retangular, com

boa disponibilidade de águas superficiais, estando em grande parte em processo de

degradação. As áreas de preservação permanente que estão sob áreas antropizadas

devem ser recuperadas, com a previsão de construção de viveiro comunitário para a

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produção de mudas de espécies florestais e frutíferas conforme demanda da

comunidade; esta medida deve ser iniciada de imediato, para a adequação destas.

As áreas produtivas também precisam ser mantidas, uma vez que estas estão

sob indícios de perca da produtividade, o que ocasionará o decréscimo na renda das

famílias, uma vez que recuperá-las custará bem mais que simplesmente manter a

fertilidade natural dos solos com técnicas simples e alternativas, utilizando-se de

poucos insumos adquiridos nas propriedades. Há necessidade de realizar

capacitações para que a comunidade aplique estas técnicas.

As benfeitorias encontradas nas propriedades são as casas, tulhas, cercas e

currais; há também no local dois tanques de granelização de leite e um único templo

religioso - a Igreja Presbiteriana Renovada, que sedia os eventos comunitários em

geral.

Mapa B1 – Mapa do anteprojeto de Parcelamento Incluindo Áreas Reserva

Legal e Preservação Permanente e Infraestrutura Existente e Projetada

O PA Lamarca não apresenta desenho da sua divisão em lotes. A área

comunitária ainda não está definida e as atividades da comunidade acontecem

sempre na sede da igreja. Falta nesse PA a construção de uma sede da associação,

para que ocorram as atividades coletivas desta, entretanto, não há previsão para dar

início à construção. As estradas estão construídas, porém, necessitando recuperação

e cascalhamento. O abastecimento de água em alguns lotes é satisfatório, mas há

locais onde falta água, e deve-se prever a construção de um poço artesiano para ser

instalado na futura sede da associação ou outra área comunitária como o pátio da

igreja, visando o acesso à água para que as atividades da comunidade venham ser

realizadas (construção de horta comunitária, viveiro, igreja, tanque de granelização de

leite entre outras). A comunidade possui acesso à eletrificação rural em 100% das

parcelas onde vivem os agricultores regulares.

A área de reserva legal está dentro dos parâmetros exigidos pela legislação

vigente; e as áreas de preservação permanente estão em sua maioria conservadas,

mas há uma parcela que necessita ser recomposta com urgência.

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O parcelamento da área deverá ser definido com base nos limites de áreas

protegidas (APP’s), devendo iniciar os processos de conservação ou recomposição

dos recursos hídricos de imediato, constituindo-se na base de todo e qualquer

planejamento para as ações ambiental, produtiva, social ou de infraestrutura. Esta

ação deve prever a construção de viveiro de mudas permanente e de forma coletiva,

visando a produção de mudas de espécies florestais nativas e frutíferas para a

recuperação das áreas degradas.

Quanto ao uso das terras destinadas à agricultura de sequeiro e irrigada,

devem ser cuidadosamente trabalhadas, com a escolha de variedades mais

produtivas para o incremento da produtividade.

As pastagens plantadas devem ser cultivadas e manejadas de acordo com o

as exigências de cada forrageira e com base na análise de solos para o planejamento

correto da atividade, com o uso de calagem e adubação, se necessário. Os níveis de

rendimento e custo da atividade podem variar de acordo com o cultivar selecionado,

uso de irrigação e também deve-se fazer o uso de sais minerais de qualidade e em

quantidade exigida;

O extrativismo na região só poderá ser praticado após a recomposição das

áreas de Reserva Legal, destinando-se futuramente à alimentação saudável e

também para compor a renda das famílias, com o cultivo das espécies regionais como

o açaí (Euterpe oleraceae) bem como para os frutos da castanheira (Bertholetia

excelsa), com um pouco mais de prazo para a produção de frutos, que também

podem ser cultivados como forma de atividades florestais geradoras de renda. Há nos

remanescentes de vegetação nativa e secundárias, diversidade de sementes, cipós,

resinas, óleos e demais produtos da floresta que possuem potencial para a confecção

de artesanatos e medicamentos. A região também poderia servir para o cultivo de

plantas que toleram a presença de alumínio (abacaxi), e que suportem solos áridos e

ácidos (caju), seguindo-se o princípio de cultivar conforme os solos da região

permitem, possibilitando o incremento da produção com fins de processamento da

polpa do abacaxi ou venda do fruto in natura. Do caju poderiam produzir a amêndoa e

a polpa, ambos com valor nutricional e comercial reconhecidos nacionalmente.

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Os quintais devem ser os mais diversos possíveis para a alimentação das

famílias e dos animais criados nas propriedades. Com a previsão da venda da

produção excedente; as ações de ATER/INCRA devem priorizar o cultivo de frutas,

hortaliças, tubérculos e curcubitáceas, com o objetivo de incentivar o consumo de

alimentação saudável e natural.

As reservas florestais devem ser pelo menos mantidas ou recompostas, se

possível, uma vez que a degradação da vegetação nativa está bem aquém do

requerido na legislação vigente.

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