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N. 245 São Paulo, Segunda Quinzena de Ouíubro de 1917 ANNO VII

200 réis

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Elidir d'amore o vero... quafrini. PA\3V

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Companhia Progresso Nacional

OrcmÒe fabrica Òe Cerveja, Ç\qm5 (Dineraeõ, CimonaÒas,003 Carbônico, etc, etc*

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Escrophulaa,Darlhros.Bouhas.Boulions.InÜammações do nlnro.Co rimento dos ouvidos.Gonorrhéas.Carlmmulos.Fislulas.Espinhas.Cancros venereos.Rachilismo.Flores Brancas.Ulreras.Tumores.Sarnas.Crj.tas.Rheumatismo em geral.Manchas da pelle.AlTecçÔes SyphililicasUlreras da liocca.Tumores Brancos.AlTcrrõCS do ficado.Dores no pcilo.Tumores nos ossos.Lalejamenlo das arte-rias, do pescoço e íi-nalmente, emtodas as moles-tias proveuien-tes do sanjjue.

Encontra-se emtedas as pharmacias,drogarias e casas quevendem drogas.

ora BrasileiraRua Boa Vista, 5-A - Telephone CENTRAL, 750

S. PAULOFlores naíuraes, Grinaldas, Coroas naíuraes e de bisquit,

Bouqueís e Corbeilles

fk * V|orenoi

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HINIATUBA TO ORIGINAL

GRANDE DEPURATIVO DO SANG.F

Encarregam-* e de DECORAÇÕES

e ORNAMENTAÇÕES artísticas

para festas, bailes, casamentos, etc.

tanto em residências particulares

como em edifícios ou lugares públicos

Chácara Vílla Albertína - Tremembé

Trabalhos ArtísticosPromptidão e esmero

P'_»*_ ___E___Ff_______a_a___________ __9

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S. Paulo, segunda quinzena de Outubro de 1917Numero 245 M «^ M11MW1II

jj EVISTA ILLUSTRADAI 11 DE IMPORTAN-

Dm

REDACÇÃO:

RUA DE S. BENTO N. 28Teleohone N. 2901

CIA EVIDENTE

Exhumação

Quando a memorável campanha ei-vilista, impotente para impedir a as-eenção do marechal ao poder, lançoumão da a rum terrível do ridículo, pa-ra amargurar os tristes dias presidemeiaes, eu, desassombradamente, surginesta revista, e, transformando a pen-na num rebeiique, desanquei comopude o heróe do dito e do tacão debota, com violento patriotismo.

Mas o marechal passou, como pas-sam os incêndios, os terremotos, asguerras, a peste e todos os flagellos,em suinma, que ferem a humanidade.Entretanto, morto "elle", extineto oregimen do riso, extinguiu-se tambéma grande fonte de commentarios bemhumorados, nascida da reacção civi-lista, que, em ultima analyse, não pas-sou de uma immensa troca, de umamonumental pilhéria. E' fácil a prova.Não consta que o grande cabuloso,que o foi só para os outros, tenha en-Irado para um convento, roido peloremorso, afim de expiar todos os males que causou ao seu paiz, nem constaque o paiz o tenha repudiado, man-dando-o ás urtigas. Não; o que se sabeé que o governo brasileiro o dèspa-chou para a velha Europa conflagra-da, onde está desfruetaudo, ao lado desua jovem companheira, as delicias deum estagio lucrativo e tranquillo.

O ex-presidente teve mesmo o seudia de destaque, arriscando-se, numimpeto valoroso, com a espada virgemtilintando, a unia visita ás linhas dafrente franceza. De amigo intimo dokaiser, de admirador ferrenho da ri-gida disciplina prussiana, passou en-tão a ser aluado vermelho e ardentepartidário de Joffre e dos seus valen-tes "poilus". Incoherencia? Não;pura vingança...

For essa época precisamente chega-vam ao Brasil, transmittidas pela Ha-vas, enthusiasticas palavras, attribui-das ao marechal, sobre o poder raili-tar da França, sobre a efficacia tremenda dos seus engenhos de guerra, e,como um fecho digno, a clássica pro-phecia sobre o triumpho das armas da"en tente''.

Em Paris, s. exa. concedera entre-vistas aos jornaes, recebera manifesta-ções, apertara a mão aos grandes ho-mens do dia, s. exa. falara, em suni-ma, talvez em francez, sendo ouvidocom respeitosas enrvaturas. Uma "re-

vanche" completa !...Curioso phenomeuo entretanto se

verificou depois que o grande homemdesappareceu do nosso scenario politi-co. Uma nuvem de tristeza envolveuIodos o.s brasileiros. O assumpto ale-gre, temperado de bom sal, agente po-deroso nas boas digestões, entrou emcrise, tendo mesmo attingido em SãoPaulo o periodo agudo. Ha nesta bellapaulicéa uma tristeza collectiva, de ca-racter chronico.

A comedia politica se desenrola ho-je sem o cômico favorito da patuléa eo povo brasileiro a assiste com um pro-fundo sentimento de enfado.

Para resolver essa crise só inventamdo um novo marechal. Será isso impôs-si vel?

Terminando estas linhas, não possoreprimir um gesto revindicador emprol de s. exa. Pode ter sido um pessi-mo presidente, não contesto, entretan-to, o tpie também ninguém pode con-testar é que foi sempre um optimo as-sumpto...

KION.

Exposição de J-fygierce da São Paulo

Biscoutos DUCHENMedalha de Ouro 1917

O V/. kuizFez annos hontein o governador des-

ta cidade. "O Pirralho" que sempre foium admirador sincero de quantospõem a sua actividade em prol do em-beilezamento desta grande metrópole,não esquecendo as medidas (pie digamrespeito ao hem estar dos seus habi-tantes. envia ao sr. W. Luiz, o prefeitotrabalhador e intelligente um formi-davel quebra-costellas.

Cegueira nasalPr—

Sr. Redactor.

A empreza Mocchi surgiu em S. Pau-lo com um programma de espectaculoslyricos <pie deveras seduziu em mim e.pae de três filhas casadeiras, bem boasraparigas as coifadinhas apezar de ai-go maduras.

Seduzido, tomei (Pasignatura umafrisa para a serie annuneiada. máogrado a minha precária situação finan-ceira, debenturista que sou. Fiz das(ripas dinheiro, reformei letras, em-prestei jóias e no tempo hábil entreicom o preço ajustado.

Definiu-se, pois, claramente, um con-fracto, que a empreza impunha dar-me festas em numero e qualidade an-nunciadas e a mim facultava o com-parecimento a ellas (não sou doutorem leis, mas entendo qne isto se chama contracto unilateral; hei de verifi-cal-oi. Pois bem, senhor Redactor: fuilogrado. O sr. W. Mocchi deu-me a ou-vir, ensandwichado em opera de Car-los Gomes, uma... como direi? umameleca, com perdão da palavra, emfrancez ou coisa (pie o valha, intitula-da ''Narizes Cegos" (Les Avengles-nez) da qual, confesso claramente, não

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O PIRRALHO

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pesquei isto! Pergunto: fui ou não fuiroubado? Estou a ler nos conceitua-dos lábios de V. S. uni sorridente —

foi. A opinião dé V. S. ajusta com a doCódigo Civil, qne consultei, e onde ve-rifico ser senhor de acção contra a su-

pradita empreza culpada dolosamentede substituição de mercadoria...

Ora, se tenho tal direito, seria ine-

pto não recorrer á justiça para fazel-ovaler, não só como escarmento de cul-

pados, mas ainda com intento de previ-nir prophylaticamente attentados fu-

turos deste naipe. Nestes termos, se-nhor Redactor, ven li o pedir a V. S. sedigne dar a publico esta missiva, na

qual convido todas as victimas da le-

são a formar commigo no appello aThemis, deusa, como V. S. sabe, da jus-tiça. Custando cada frisa 80$000 réis

por duas horas de cantorias (interva-los á margem), e durando a flatulencianasal supradita, se não mente a taboa-da o furto foi de 6|666 réis, quantiaesta que no meu caso é dinheiro.

Além disto julgo-me credor de in-

demnisação pelo damno causado emmeu. cérebro por um certo verso queha lá:

Des hibous piaulant sur une tombe.

Não sei francez, confesso-o, mas en-tendo de pecuária e de vozes d'ani-mães, de maneira que, ao ouvir as pa-lavras Des hibous, entendi o que di-ziam e todo me enterneci. Como o res-to do verso me fosse grego, interrogueium visinho do lado.

— Faz-me o obséquio de dizer que é

que estes "dez zebús" fazem?— Piaulent, retrucou-me, a'rir, (píer

dizer, cá na nossa, piam.Senhor Redactor: estarreci!

Posso jurar a V. S. que vae ahi as-neira gorda. O zébú é um bello boi in-

justamente aggredido, que berra, mu-

ge, escoicinha, marra, come arame deespinho, mas, tenha a santa paciênciao poeta, piar é que não pia nem que orachem. Pia o pinto, o passarinho im-

plume, a cobra, e piam até, analógica-mente já se vê, sujeitos que como euvão a Caruso. O zebú, nunca! Ora pois,mal me informou o referido visinhodeste pio, senti na cabeça unia ponta-da agudissima, a qual me poz de molhouns dias, com prejuizo serio dos nego-

cios, medico ao lado, chasadas, dro-

gas, uni castigo. Pergunto: não é jus-to que me indemnisem por perdas edamnos? Pago, então, para ser trau-matisado na parte mais nobre do meuorganismo, o cérebro? Nao quero pormais tempo roubar o precioso espaçode vosso conceituado jornal, e fico-me

por isto. Os prejudicados deverão re-unir-se ás 11 horas no Largo do Rosa-rio para concerto de uma acção con-

juncta. Lá os espero.

Sou de V. S. etc,CONSTANTE LEITOR".

^mmmr ímr

A. Corrêa

Deante desse acontecimento artisti-co, que muito honra a terra de MartinsFontes, apressamo-nos em vir apresen-tar a essa Illustrada Redacçâo os nos-sos parabéns pela preciosa acquisiçãodesse admirável artista, que, aqui, sem-pre viveu como a violeta — escondidoá sombra das folhas de sua modéstia.Com toda a estima,

Sebastião Gonçalves Leite.Adriano de Campos Coutinho.Humberto Peixoto Duarte.

A propósito de A. Corrêa, nosso ca-ricaturista, que tem emprestado aesta revista a graça original do seutraço, recebemos de Santos a seguintecarta, que é, por certo, um documeutodas sympathias de que elle gosa na-quella cidade:

Santos, 10 de Outubro de 1917.illustrada Redacçâo d' "O Pirralho''

S. Paulo.

Saudações cordiaes.Pela leitura de vossa apreciada e ex-

c.ellente revista "O Pirralho", de quesomos leitores constantes e de longadata, verificamos um acontecimentoque muito nos enche de júbilo sinceroe de justo orgulho: Astolpho Corrêa —o adorável e modesto artista santense— de quem somos admiradores, iniciasua preciosa collaboração illustradaem o n. 214, da segunda quinzena deSetembro ultimo.

Os Deuses em ceroulasTrês sonetos dc Emiíio de Meneses

Oliveira Lima

Dp carne molle e polle bambalhona,Ante a própria figura se extasia.Como oliveira, elle não dá azeitona,Sendo lima, parece melancia.

Atravancando a porta (pie ambicionaNão deixa entrar nem entra. E' uma mania!Dão-lhe por isso a alcunha brincalhonaDe para-vento da diplomacia.

Não existe exemplar na actualidadeDe corpo tal e de ambição tamanha,Nem para intriga egual habilidade.

Eis em resumo essa figura estranha:Tem mil léguas quadradas de vaidadeTor milímetros cúbicos de banha.

<§[

O Leader

Dos gloriosos Andradas pouco resta.Apenas

"dois ou três vivem agora

CA por São Paulo, porque em Juiz de ForaO que ha, ou não é Andrada ou então não presta.

Oue essa é a verdade, um delles bem attesta,Pois nada herdou desse fulgôr de outr'ora.Ama o evasivo, o duvidoso adoraE ft dubiedade vive a fazer festa.

E mal sabe o que quer. Fraco e bisonho,Do Guanabara á Câmara anda a esmo,De ser leader mantendo o ingênuo sonho.

Coitado! Nem é leader de si mesmo!— Triste mineiro a disfarçar risonho,A saudade da couve com torresmo. —

Hemeterio

O preto não ensina só grammatica.E' pelo menos o que o mundo diz.Mette-se na dynamica, na estáticaE em muitas coisas mais mette o nariz.

Dizem que quando ensina mathematica,As licções de mais b, de igual a x,Em vez da lousa, com saber e pratica,Sobre a palma da mão escreve a giz.

Uma alumna dizia : Este HemeterioDo ensino fez um verdadeiro angu',Com que empanturra todo o magistério.

E é um felizardo o príncipe zulu',Quando manda um parente ao cemitério,Tem um lucto barato: fica nu'.

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A verdadeira affeição nunca é inspira-da pela belleza moral, mas pelos encantosphysicos. Dize-me com quem andas e eute direi se tens dinheiro.

Joaquim Morse.

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O PIRRALHO

fegaü _—Bege

A luva mágica

Esta mágica é extraordinária de ef-feito e de graça. Quem assistir a ellauma vez e não lhe comprehender otraço, guardará uma impressão ines-quecivel. Pede-se a uma senhora umaluva e fliz-se-lhe que a luva, como to-do objecto que está em contacto como corpo, guarda comsigo a sensibili-dade da pessoa que a usou. O opera-dor pôde, se tem recursos oratórios,anteceder a sua operação com umadissertação pretenciosa sobre scien-cias-occultas ou espiritismo. Feito is-to, colloca a luva sobre uma mesa. To-dos os olhos convergem sobre ella.

O operador dirá á dona da luva:Pense fixamente na sua mão di-

reita, (se a luva fôr da mão direita)mexa mentalmente com os dedos.

• E tocando na luva com a sua "ba-

guette" operatoria, dirá estas pala-vras:

Luva, não vês que a mão da tuadona se está mexendo? Porque per-maneces immovel? Mexe-te também.

Nesse momento, a luva, que deveestar achatada e com a palma volta-da para cima, começa a abrir-se e afechar-se, como se 'dentro delia hou-vesse uma mão invisível.

E' surprehendente esta operação.Entretanto, a despeito do seu grandeeffeito, é de uma simplicidade aindamais surprehendente. O phenomenose realisa da seguinte maneira: Aponta da "baguette", que deve ser deaço, deve estar imantada. Já se sabeque a iman tação, "como

já ficou expli-cado em nosso ultimo numero, se ob-tem esfregando o iinan ou pedra decevar na superfície do aço. Quando ooperador pega na luva, deve ter o cui-dado, emquanto annuncia a sua sorte,de esfregar a ponta imantada da "ba-

guette" pela pellica. Dessa fôrma, to-da vez que elle approxima a "baguet-

te" da luva, esta, como adquirindosensibilidade, começa a abrir-se e afechar-se. Não aconselhamos a todomundo qne tente esta sorte. Só con-Vem tental-a quem tiver estudos desciencia occulta, para imprimir á ope-ração o tom íiiysterioso que ella exige.

O cigarro econômico

Prepara-se uma balinha ou pilulacom os seguintes ingredientes1: alça-çuz, menthol, ácido phenico, formol eborax em pó. Tudo isso em pequenis-sima quantidade, principalmente oácido phenico e o formol, que são caus-ticos. A pilula, assim preparada, tema propriedade, de, posta na bocca. emcontacto com a saliva quente, despe-dir ura fumo abundante.

O operador, para fazer a sua sorte,annuncia que descobriu ura meio eco-nômico de fumar um cigarro sem o ac-cen der. De facto, fingindo que o fuma,

põe-se a èhupal-o e a soltar a fumaça.Convém, emquanto dura a operação,não engulir a saliva, para qne os aci-dos que entram na composição da pi-lula, não tragam perturbações para oestômago.

HERMANN JUNIOE.

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Encontramo-nos hontem, por acaso,numa sala de baile. Como estavas lin-da. Aquelle teu vestido azul celeste,dava-te á silhueta uns tons veladosde melancolia. Aquella tua cabelleiraque se revoltava a todo o instante, eque os teus arininhados dedos acari-ciavam, desfaziam-se num perfume derosas ao sereno. Demais, aquelle co-rado macio dos teus lábios de velludoe aquelle ar communicativo do teusorriso... Como estavas linda. Nãome con tive. Olvidei todo aquelle nossoromance de amor e de lagrimas, emque tiveste um papel tão saliente decrueldade. Cerrei os olhos fascinados

por aquelle furtivo olhar com que oferiste, sobre o abysmo que o attra-hiam; extranho frêmito me abalou osnervos; tive a impressão de que iriaenlouquecer. E foi por que me atrevipedir-te a suprema delicia de uma comtradança. Percebi perfeitamente que oteu primeiro movimento traiu a umsusto enorme. Porque? Todas as mo-ças da tua edade, quando lindas comotu, devem estar sempre seguras deque, por mais frias que tenham sido,sempre têm direito, quando não sejaao esquecimento, ao perdão ao menos.E enlaçados nos arremessamos pelasala, aos accordes daquella valsa ar-rastada qne me canta ainda ao ouvidocheio da tua fala sonora. Como acheideliciosa aquella valsa, deliciosa e per-turba d ora, como o suspiro que te mor-veu nos lábios. Seria por mim? Quemsabe... On revien toujours... Depoisde tudo quanto me fizeste, não sei sedeva accreditar que possa ainda seramado por ti. Nem eu sei mesmo seainda poderei amar-te. O certo porémé que este estado de duvida me tor-tura a alma. E eu que era tão feliz atéhontem antes desse nosso inesperadoencontro. Sabia que te havias ausen-tado. Não sei por que vieste, para a mi-nha ventura talvez, talvez para a mi-nha mina. O caso é que hoje, o quepor ti eu sinto, se quizesse explicarcertameute não o saberia: um contemtamento vago, de envolta com um te-dio immenso; — temor de monge e au-dacia de rei. Encontramo-nos hontem.Fora melhor que não nos encontras-semos nunca. Possas de novo desap-

parecer para a minha vista e para aminha lembrança. Que eu fique recor-dando, sem esperança, a noite de hon-tem, no inixJ;o de alegria e de tristezade que ella foi tão cheia para mim...

Do teuMANE'.

Não se deve abrir o guarda-sol em diasde chuva, nem o guarda-chuva em dias de |sol. Cada objecto tem o seu uso particular.

** *

O verdadeiro fumante não deve pôr nabocca o cigarro pela parte accesa. para nãoqueimar os beiços. Quem quizer queimaros beiços deve fazel-o com creozoto.

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Mi

Couto de Magalhães.

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O PIRRALHO

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I

I

Um jornalista

Coronel Piedade

Traços physicos observadospelos traços graphicos: — Ca-vaignac de espanador velho ar-reliado e macabro, phantasma-gorico e cruel. Pescoço de galli-nha chupada. Flageílado. Ma-traça da Municipalidade e ara-ponga da literatura. Espada vir-gem nasluelas, mas brilhantenas paradas. Um, dois um,dois... Quebrar beccol Alto!e baixo.

Traços moraes: — Não é co-ronel na vida. E'-o só na briosa.Tristebundo. Tachygrapha eomos olhos os discursos do Fonse-ca. Pupilla subtil. Não venhas.Espirito á bessa. Só accendeuma vella: ao diabo. Nunca an-da ao arrepio do seu kepi. Pa-voroso.

Probabilidades psycometri-ca: — Fará na Câmara um pro-jecto que, se passar, Irará gran-des benefícios aos sapadoressympathicos. Lera Nitsche eFreitas Guimarães. Ouvirá oMondego. Fugirá do Caruso.Emmaranhar-se-á nas barbasmonaeaes do Victor Freire, setratar de casas operárias. Dis-parará, náo um tiro, mas mui-tos discursos contra o pre feilo.Será o jettatore da Câmara.Porá os seus ovos de águia nospincaros do Gelasio Pimenta.Não gosta das suas bolas. Poris-so estudará Botânica e irá nobotafóra do General Bolha. Ba-nhos no Bota-Fogo. Terá caspas,mas nunca tratou de tratal-as,para não dar tratos á bola. Este-je preso!

Miguel Meira

Traços physicos observadospelos traços graphicos: — Es-fatura balofa. Paladar sombrio.Voz abemolada de malandro daSaúde. Ventre agressivo, gene-ro Upton. Não têm barbas nabarriga das pernas, como o pro-fessor 01 ero. Pés de cabra, li-terariamente falando. Andarappollineo. Não costuma trope-car em grillos e pulgas.

Traços moraes: — Achegadoa Iodos os presidentes e man-does. Poeta lyrico. Fala todasas línguas, inclusive Zulu', me-nos a Portugueza. Possue dezvolumes de bagaceiras em pu-blicacões. Autor moral de in-

A

suecessos literários, — Gomen-soro — o Magnífico foi o cau-sador dos "narizes cegos".

Náo gosta de Mme. Vargas eembora seja mãe do barão deBel forl e avó do Godofredo deAlencar, os seus instinetos nãosão narigudos.

Probabilidades psycometri-cas: — Será soeio beneméritodo Grêmio Alvares de Azevedo.Far-se-á freira e será vendidoem feira. Se os horizontes náose aclararem, terá fatalmentede bater-se em duello com oJoão Lage, e, medroso como é,dará ás de Villas Diogo, sendo,então, ferido pelo florete doplumitivo labrego na volta doa pá.

Atirei uni limão bravoNa janella <i<> Gustavo:Dou na rosa. deu no cravo.

Deu na curaI><> Bechara.

J. Morse.

Acha-se no Rio o brilhantejornalista japonez KazanKniknra, illustre direetor <lo

> Daisan Tcikoku, de Tol-io.(Dos jornnes).

Hi< nesta lion terra hospitaleira<< jornalista papa-arroz brilhante.nue vae ficar embasbacado deanteDa oxeolsa natureza brnzileira.

Notas |iara uns artigos de primeira,Poríi no""seu eanhonho a caria instante.Também do seu paiz talvez nôs queiraContar alguma cousa interessante.

(.unos são, no om tanto, os fins quo cá o trouxeram?(^ne alto mister que oxíjío scioncia e tino.Quo missão nobre a aqui cumprir lho deram?

Desconfio quo o illustre KaiaUaraVeio ensinar no mundo femininoDe que modo melhor se caia ft cara.

Pindamonhangnba, Setembro de 1!)17.

.TOSE' SILVA.

"Meliar est nos niori quain vklere malajrentis uostris."

Nada melhor <lo que camarão com os-trás.

João do Rio.

TUTadame et Ie chauffeur

Ella é feia o morena : elle, morenoV, lindo. Olhos, cabellos mesma côr.Ella mora na Gloria. O seu pequenoE' chauffeur do automóvel do doutor. . .

EHo é pernóstico; ella. desmiolada.A moça, ao corto, podo-se dizerE' um bello l.vpo de mulher casadaE o moço é ura bello typo de chauffeur.

Mndame o espera na janella, immovol.Sonhando um sonho crystalino o bom.Fonfomindo a busina do automóvel.Dobra elle a esquina, rápido, fonfon !

Fonfon! Madame sonha, num sorriso:Vê-se de auto, com os anjos, a correr,(.Mu» i/lorid! demandando o paraizo,Km plena liberdade com o chauffeur!

Pára no Martinelli elle, sentindoA guelln em sede, em sede o coração.Hebe e garante o seu affeeto infindo.Hebe e garante a boa digestão...

Que eterno amor seus corações inflame.Quando (dies se contemplam, que prazer!Que alegria no rosto de Madame!Que alegria nos olhos do chauffeur!

Sob as nuvens violaceas. ao sól-pôsto,I loira esse id.vlüo a luz cropuscular.Ati velo, esplende de .Madame o rosto ;Esplende, ao vela, do chauffeur o olhar.

Sentada ao collo do Romeu dongoso,Com (pie barulho e escândalo hão de verMadame um dia abandonar o esposoE fugir de automóvel com o chauffeur!

Alguém censura o seu amor bregeiro.Quo (dia é bem digna de rapaz melhor.Mas se amasse Madame a um carroceiro,Digam, respondam, não seria peor!

Se um dia o esposo sabe (e não duvidoQue disso cedo ou tarde vae saber)Toitada da bengala do marido!Coitadinha da bola do chauffeur!

Em grande discroção ora me enjaulo(Que não nos ouçam, em segredo, pois)O chauffeur o madame no "São Paulo".lá foram vistos uma noite os dois.

Esse amor — (pie tristeza ! ou — que delicia !Um fim macabro ou poético vae ter,(Mi no grande automóvel da Policia,Ou no rico automóvel do chauffeur!

FONFON

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1

Xt O PIRRALHO 3DC

Politica Acadêmica

A despeito das innumeras reclamaçõesque têm sido feitas, no sentido de se mu-dar o calçamento da ma Quinze, nem por-isso o sr. prefeito se incommoda. Diz-sefreqüentemente que o calçamento de ma-deira não satisfaz absolutamente ás exi-gencias da época e (jue os seus defeitos sãomanifestos. Numa rua movimentada comoé a rua Quinze de Novembro, semelhantecalçamento não pode persistir. Então,quando passa o irrigador da prefeitura,lançando perdigotos por todos os poros opara todos os lados, a lama escorregadia(pie se forma, faz com que a rua se tornesimplesmente intransitável. O resultado éisso que a toda hora presenciamos: sãomuares que tombam e tornam a tombar.que é uma tombola de tombos. Mas nãofica abi somente, em quedas de animaes,de carros e de carroceiros, o inconvenien-te contra o qual se reclama: a gente que 0gente, vae na onda e cãe também. Aindahontem tivemos o ensejo de assitir a umaqueda (pie. não sabemos como classificar:se de grotescos, sc providencial.

O própria sr. prefeito desabou com todoo seu peso sobre a calçada, sendo provávelque se tivesse magoado. Para não dar obraço a torcer, levantou-se rindo. 1']. rindo.

andou a contar o episódio aos seus amigose conhecidos.

— Nós não somos contra os sports, masachamos (pie só devem sei' cultivados ossports organizados, como o 1'oot-ball. a po-teca. a fubeea e outros. O "bate-parede".

que, como se sabe. consiste em atirar con-tra a parede moedas de nikel ou botões deosso só é cultivado pelos garotinhos darua. l'm matcb desse jogo traz sempre obs-taculos para os transeuntes, pois, apezardisso, os habitantes do palácio dos Cam-pos Elyseos aprazem-se em jogar o "bate-

parede" contra os muros do palácio. Jun-ta-se a estes sportsmen uma leva enormede vendedores ambulantes de pipoca eamendoim torrado os quaes disputam aprimazia no jogo. com ditos picarecos e in-defectivel hynino da victoria alle-guá-guá-guá. fazendo um ruido infernal. Semelhan-ie procedei1 não pode continuar. <> exem-pio deve partir de cima.

Queixam-se ainda contra muita cousaque não estamos dispostos a redigir, porquanto a carência de assumptos obriga-nos a aqui fazer ponto. Voltaremos, que-rendo.

6530

UREKAQuando no espelho, As vezes, por desporto,

Contemplo o men semblante pequenino,Eu sinto na pacovru um desconfortoPor ser muito mais feio que o Josino.

E então desejo ter nascido morto— Folha em branco no livro do Destino:Pois qne ser feio é peor do que ser torto.Bvron foi torto... e bello e peregrino.

Mas tive, a meia-noite, uma lembrançaQne dentro em breve metterei á prova,Ancioso de alegria e de esperança:

Pois minha phantasia me prometteQue hei de ter nina cara toda novaSe a barbinha eu deixar, como o Allegretti!

JOÃO DOS AXZÓES

Era (pmsi hora regulamentar doquarto.

Kapazes e rapazes se agrupavam pe-Ias proximidades das portas das au-Ias, dizendo pilhérias e falando bemda vida alheia. Feição garota, um de-do ao canto dos lábios e nina dasmãos segurando as calcinhas rotasque teimavam em descambar cinturaa baixo, alguém se insinuava pelasarcadas da Academia. Aproximamo-nos para vel-o. lira o representanteda nossa revista.

Então, o <pie significa isto, o quefazes; por estas alturas? Indagamos.

En vim vê o Lan.Mas que Lan! Xào vês que fa-

laudo dessa maneira nos desmorali-zas, a nós e á nossa revista? Aqui nãoexiste pessoa alguma com nm nomede semelhante espécie. Demais, é ne-cessario (pie te avies imniediatamente,pois são horas de levares os originaespara as officinas.

Não. En vim vê o Laú, o LaúLoureiro.

Sim o Raul Loureiro, não é? Maspara que?

Para depois leva os originaes pa-ra as officinas.

Tratava-se. de facto, de mais umabisbilhotice do nosso Pirralho. Soubeque ferviam lá pelas bandas do ar-raiai da Faculdade as candidaturas ápresidência do Centro Acadêmico On-ze de Agosto, e percebendo (pie paraesse togar é apontado com insistênciae probabilidades de victoria o nomedo (piartannista Raul Romeu Lourei-ro, e eis o porque da sua visita aquellecasarão vetusto.

Apresentamol-o ao Raul (pie entãochegava. Nisto porém deu o quarto enos dirigimos para a aula, deixando-os em animada palestra de (pie resul-tou a entrevista (pie o Pirralho está••passando a limpo" pela quinta ousexta vez.

Si não houver nella nenhuma incon-veniencia, publical-a-emos no nossopróximo numero. v

JÚLIO STARACE

Este bravo e talentoso esculptor, cujas?nãos só estão affeitas a modelar obras-pri-mas. está executando um trabalho que.provavelmente, obterá um immenso sueces-so artístico. Trata-se de uma estatueta embronze do "Pirralho", esse garotiuho espi-rituoso e vivaz, que é o gênio da nossarevista. Serve-lhe de modelo um garotinhoautheutico, que ganhou o "record" davenda do nosso ultime» numero.

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Resposta do Snr. Gelãsio Pimenta

Qual oautor ou au-tores predile-ctos?

Vicentede Carvalho,como poeta, e,como prosa-dor, o mesmo.

Tem algum livro publica-do?

Sim. "A Gigarra", que, col-leccionada, dá quatro grossostomos, com illustrações e tri-chromia.

D'entre elles qual é quemais ama?

As secções mais interês-santes: a capa e a "Collabora-

ção das Leitoras", principio efim da revista.

Acredita na unificação li-teraria do nosso paiz ou achaque as duas correntes, a do Nor-te è a do Sul, continuarão inde-pendentes?

Não acredito na unifica-ção. As correntes serão sempreoppostas. Domingues Jaguaribe,Washington Luis, AlbuquerqueLins e Pedro Villaboim, belle-tristas do Norte, fazem uma pa-nellinha á parte. Os literatos doSul são água de outra pipa.

Acredita que o jornalismoseja um factor do desenvolvi-mento intellectual?

Pois, de certo. "A Cigarra"tem cooperado poderosamentepara desenvolver o gasto lite-

rario entre as pessoas do lindosexo.

Qual o typo feminino queprefere?Os typos de belleza, sejaqual fôr a sua nuance, a suacôr, a sua gradação e o seu fei-tio.

De que edade?De qualquer. A belleza não

tem edade.Que qualidades prefere?As de arte, sobretudo pia-

nisticas.Qual o typo masculino que

prefere?Nenhum. Tenho pelo ho-mem uma particular ogeriza.

De que edade?Esta resposta já está pre-

judicada pela anterior.Qual a comida de que mais

gosta?Um "hors-d'oeuvre à Ia"Cigarra", receita do Rosati,que comi uma vez no Trianon.

A bebida?Kephir e soro de leite coa-

lhado.Acredita em phantasmas?Sim. Toda a vez que me

olho ao espelho.Qual o sport que mais

aprecia?Briga de canários.Qual a sua crença religio-

sa?Pantheista.

Sua divisa?Tudo pela

"A Cigarra".

Pelo Theatro

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JO autor d' "0 Picareta"

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CASA CRISTAIvLouças, Porcellanas, Cristaes e Metaes finos:: Grande sortimento de artigos de phantasia:: Deposito de Objectos de vidro nacional ::

Rxxet cie 8ão Bento IV. 28--A » SÃO PAUIvO

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0 PIRRALHO.

o coRonecScena I

(A scena se passa na rua Quinze,á porta do Progredior. São 5horas da tarde. Buzinas deautomóveis, campa/inhadas del)onds electricos, pregões dejornaes. Um camelot, monta-do numas enormes pernas depáo, annuncia, numa voz queninguém ouve, uma mercado-ria que ninguém conhece. Ostranseuntes param para exa-minar o camelot. Os garotosolham-n?o com inveja. Umgrupo de soldados passa,atroando a rua com estridentes cornetadas. Um coronel,chefão politico e prestigiosomembro do P. R. P., conversacom um Espoleta do Inte-rior, typo de poluição basba-

que.)Espoleta (pasmando para o movimen-

to da rua, emquanto, distra-hidamente, enrola um enormecigarro de fumo picado) —

Que mundão de gente, seucoroné! Este Son Pólo estáficando mermo uma grandecapita.

Coronel (cofiando as barbas griza-lhas com uma gravidade se-natorial) — Pois é o que vê.Todo este progresso, este movimento, esta vida é productodo nosso esforço conjugado.O nosso governo é o melhorfactor deste progresso. Olhea liberdade com que esta gen-te se mexe! As nossas leisnão lhe optpjõem empecilhosao passo nem á actividade. Ocidadão é livre. Note como os

soldados consentem que to-dos passeiem, sem prohibir aninguém a liberdade de pas-sear.

Espoleta — Que porgresso! E todaesta gente é eleito?

Coronel — Todos são eleitores, e elei-tores disciplinados.

Espoleta — E a opposição não têmtambém seus eleito?

Coronel — O eleitorado da opposiçãoconstitue. uma parcella semvalor, e todo elle é compostodos peores elementos da so-ciedade.

Espoleta — Mas ouvi clizê que na op-posição has homes intelli-gentes.

Coronel — Ha. Pois o mal da opposi-ção é isso, é dispor de homensintelligentes. Intelligeneia ecompetência são elementosnegativos para a gestão dosaltos cargos electivos.

Espoleta — Uê! .Coronel — E' o que lhe 'digo. Olhe o

Cândido Motta. Só entendede Direito Penal. Mas, comoadministrador na pasta daAgricultura, os seus serviçostêm sido soberbos. Intensifi-cou o plantio de ceraees, acreação do gado. Se não fos-se elle, nem teriamos feijãopara comer.

Espoleta — Mas se elle entendesse deagricurtura não seria inió?

Coronel — Não. Traria a desordemna administração.

Espoleta — Uê!

Scena II

(Mesma decoração, mesmos per-sonagens. A "'Viuva Alegre"passa, envolta nwma nuvem

de poeira, jonfonando a simgaita atroadora. Ha um mo-mento de estupor. O movi-mento commercial paralysa.Um minuto apôs, vae-se nor-malisando a vida. Os garotosrecomeçam os seus pregões.)

Coronel (retomando a sua attitude)— Esta "Viuva Alegre" éuma das coisas mais interês-santes da cidade.

Espoleta — Para que serve?Coronel — Para levar soccorros aòis

feridos.Espoleta — Porque passa gritando

assim?Coronel — E' assim que ella chora o

desastre dos outros. E' opranto official.*

Espoleta — Qué dizê que ella não pó-de vê defuncto sem choro.

Coronel — E' isso. (Observando umhomem que passa, acompa-nhado de uma multidão queo acclama, com grandes ges-tos e gritos.) Alli vae o Ca-ruso, o grande Caruso.

Espoleta — Uê! Mas elle não é tãogrande assim...

Coronel — E' grande pela arte.Espoleta — Que faz elle?Coronel — Canta.Espoleta — Como é bonito sabe can-

tá! Uma veis, em SanfAnnado Passo Fundo, no meio doarraia da villa ergueram umabarraca de bolantim onde ti-uha um paiaço que cantavana viola que era uma boni-teza. Era intaliano.

Coronel — Caruso também é itaíia-uo.

Espoleta — Mas quem sabe não can-tava mió que o outro...

Coronel — Isso nem se discute. Paraa gente ouvir Caruso tem de"morrer" em cineoenta milréis por uma cadeira no Mu-nicipal.

Espoleta — Isso é outro causo. Paraouvir o paiaço eu .morri emquinhentão, e fui de poleiro.E esse Caruso também tocaviola?

Coronel — Não.Espoleta — Uê! Então quem acom-

panha elle?

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Coronel — A orchestra, isto é, uma

porção de músicos.Espoleta — Já sei. Uma banda. Não

deve sê pi6.Coronel — Hoje elle vae cantar os

"•Palhaços".

Espoleta — Eu bem dizia...Coronel — O que?Espoleta — Que esse intaliano era o

mermo que eu vi em SantfAn-na do Passo Fundo. Elle tam-bem cantava de paiaço.

Coronel (perdendo a linha, muito di-vertido) — üê!

CONSELHOS Concurso Polifico

RIDEAl

Nunca se deve engraixar as botas ama-rellas com pomada preta, a não ser (pie sequeira propositalmente mudar o côr ás bo-tas.

Quando uma mulher te disser: "Amo-te", podes jurar qne ella ama o teu dinhei-ro; quando te disser: "Odeio-te", é pro-vavel que te ame com desinteresse.

Quando fores fazer uma vizita de ce-remonia, bate primeiro as palmas ou tocaa campainha da porta. Se não fizeres issoe te mantiveres em silencio, ninguém viráreceber-te.

Quando te perguntarem, por gentile-za, pela tua saúde, responde sempre: "Voubem". Se disseres: "Vou mal", pensarãoquè vaes pedir dinheiro emprestado.

Nunca se deve alisar uma cartola aoarrepio para (pie ella não se assanhe.

Quando unia senhora te cumprimen-tar com um sorriso, não lh'o correspondascom uma gargalhada.

De pessoa (pie diz ser um nosso leitorassiduo, recebemos a carta seguinte:

Sr. Redactor.Ouvi da commissão directora que foi

convidado para o logar de deputado fe-deral o senador Oscar de Almeida. Em-bora não seja eu mais do que um sim-pies eleitor, venho protestar contra essefacto. pois, um senador de um Estado co-mo o nosso só poderá deixar a cadeirapara occupar uma outra no Senado Fe-deral, quando não seja a serviço de umarepresentação digna da nossa câmara alta.Assim é que voto no dr. Oscar de Al-meira para a pasta da Agricultura.

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Ha Academia

Dizia-se que os lentes, que votassem noscandidatos officiaes, teriam um subsidiode GOífOOO diários, vitaliciamente.

0 concurso da Academia tem sido o ciouintellectual do mez. Comquanto fosse espe-rado o resultado, pois um dos concorrentesé membro da conspicna família reinante —a estudan tada não esteve pelos autos.Vaiou estrepitosamente os lentes suborna-dos. emquanto applaudia, enthusiasta, o

• bello gesto dos independentes. Era um go-so ver-se a tourada na "Plaza de Ias Ar-cadas". O Herculano, dentro da suo solen-ne beca, acompanhado do favorito Raphael,investia furioso para os lados, donde par-tiam as assuadas e assovios... Nesse ins-tante, a longa fila dos doutores de Sala-manca entrava para o concilio do julga-mento.

?

Dizia-se que a "Liga Nacionalista" vaeenviar um dos seus membros para fazerconferências na Congregação daquella Fa-culdade.

?

O Alexandre Corrêa quiz escachor comPedro Lessa, Arruda, o positivismo e todasas instituições sociaes: em compensaçãofoi acachapádo pela Congregação, que lhenão deu um voto.

Ao contrario do juizo delle. esta mostrou(pie vale alguma cousa e que os seus mem-bros não são nenhuns asnos.

? oO bacharelando Palma outro dia affixou

um aviso, que assim falava (sem ser Za-

... 'Eis o resultado até agora apurado no

HE50(||P\ í_5Skf__ -*--______—^_ ^J sr D \\_y ê^.j,, w Luiz 108\\) C^_PÍ// Cardoso de Almeida 8

V-*jr\ J. Tibiriçá 3Veiga Miranda 2

/ ^^mm*\] Nereu Pestiana 1

{ç-—6/y / / f? JUSTIQA

Eloy Chaves 246rathrustra) : "Avisa-se aos alumnos da Es- sampaio Vidal 24cola de Guerra.... Assistência foi chama- ^.^ .... 23da com urgência, para soccorrer as victi-mas do terrível assassinio. AGRICULTURA

? Dr. Oscar de Almeida 65Cândido Rodrigues 12

A campanha eleitoral do Centro Acade- julio de Mesquita 6mico vae forte e cabalistica. Coronel Schmidth 4

Entre as centenas de candidatos á Pre-sidencia, contam-se: ¦¦¦¦««¦«¦¦««¦¦¦-¦¦¦¦-¦¦«"-¦'¦¦¦¦¦¦¦a

O Sucupira, leader do partido do mu-que: o Vergueiro, campeão da autonomia daPolônia; o Jo. . .jo. . .Joaquim Sampaio. POSTAL)do partido plutocrata dos meninos boni-tos: o Introncaso, cosmopolita e anarchis-ta declarado, do partido terrorista russo: Com que prazer a^voz t|o dog^Peral Rangel, rábula, da facção dos papa- Ouvl-a mudo, contemplei-os mudo,"aios : etc, etc. Como se um nnjo Nenêsinhn fosse.

? ?

O Arthur Maciel foi por muitos annosaddido militar da Groelandia em Petrogra-do. Dahi a sua idyosincrasia á indisciplinamilitar. Por esse motivo e também por serintimo de Karniloff, Souniokoff. etc, foinomeado critico estrategista do Batalhãoda Faculdade.

?

Os discentes do dr. Gama Cerqueira pe-dem ao illusíre cathedratico fazer as suasprelecções, em voz baixa, para não açor-dar mais o Diogo P. Barros da somnecaque costuma tirar na aula.

?

Consta, com bons fundamentos, (pie oAgenor Araújo foi contractado pela Comp.Lyrica, especialmente, para cantar o prolo-go dos "Palhaços" na próxima temporada.

Quando de noite no meu quarto estudo,A' mente quanta inspiração me trouxe!E esse sonho de amor breve findou-se,Pois hoje sei que ella 0. capaz de tudo.

Sim ! _ um anjinho que do inferno veiuCâ, por descuido, sem que o diabo visse.Vive a mentir; uo que ella diz não creio.

Fala que tem ódio de mim... tolice!Dizer que eu sou terrivelmente feio,E' a única verdade que ella disse. . .

DUM DUM.

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DE S. PAULO

Biscoitos DUCHENMEDALHA DE OURO

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O PIRRALHO = 3CC

— Falia o Barretão —i^r 1

Suarento, offegante, combalido, conse-guimos alçar-nos pela longa escadaria daEscola Polytechnica, ató topar com ovasto salão em que, baralhado com pris-mas de vidro e de madeira, entalado empedrarias irisadas e mais mineraes de todaespécie, labuta o anglo-brazilico dr. Bar-reto. lente de niineralogia do augusto ni-nho de águias da avenida Tiradentes.

Não confundir com a Detenção. . .S. S. terminava nesse momento a sua

succolenta aula. — succolenta e divertida,porque o dr. Barreto, ao par da scienciae do methodo, é homem de fino espirito.Fallava sobre coisas feias, suppomos nós,em linguagem pouco vulgar: brachiopodes.celenterados. "lophophôres, etc. Cá, paranós, as offensas não nos podiam ter sido di-rigidas, porque o egrégio lente não no.s ha-via ainda visto.

Aproveitando uma pausa do dr. Bar-reto, um alunino sacca do bolso uma pedra,qualquer para os profanos da sciencia,e entrega-a ao dr. Barreto: — O que óisto dr. ?

#•

S. S. alçou o.s óculos, elevou os sobrolhosao meio da testa, piscou o olho esquerdo,ageiton os hombros, cheirou o mineral,lambeu-o, riscou-o com uma faca.. .

— Já sei o que elle ó, disse S. S. Istoó que e sciencia, como claro bebo água.Olhem aqui — e correu a mão espalmadasobre a luminosa calva, dc traz paradiante, — para saber assim é preciso es-tudar vinte annos, "sine quá" não ha nadafeito. Já sei o que o "mineról" é. mas. nãodigo. Ninguém sobe escada a começar doquinto degráo. Quem quór conhecer um"mineról", pega "elle". cospe nelle, cheira"elle", lambe "elle" no maçarico. . . Este"mineról" ó "xalcopyrite"... "Tá" di-reito. podem ir se embora, "tá" na hora.

E os rapazes retiraram-se da aula riso-nhos, escadaria abaixo, em algazarra.

Aproximamo-nos do velho Barretão como lá lhe chamam, apezar da birra que S.S. tem com isso.

Queríamos fallar-lhe algumas pala-vras, como representante do "Pirralho" —explicamos.

Indiscretamente tínhamos apreciado osúltimos minutos da sua estupenda aula.

Estou ás suas ordens, camarada.Tenho cincoenta e oito annos e trabalhodesde a manhã até a noite. Ninguém .sabeniineralogia como eu na America do Sul.Comigo é na "piririca". Sou vice-directordo Mackenzie College. . .

O dr. ó brazileiro?Nasci em Pernambuco, si Deus qui-

zer, sim senhor. Estudei em Pariz, depoisem Londres. . .

Mas. o dr. tem pronunciação accen-tuadamente ingleza.

E' verdade amigo, mas, você nãosabe porque é que eu fallo assim. Tudoque ó nacional não vale nada. logo, "seu"fallar em bom portuguez, ninguém me li-gará importância, e fadando como fallo.todos dizem: o velho Barreto sabe, poisfala inglez melhor do (pie portuguez. Quan-do eu me distraio fallo como você falia,mas, a descabida é rápida e eu não deixoque os meninos percebam a minha manha.

Mas, esse facto, commandante. per-mitta a expressão, não pareceria ridículo?

Qual ridículo, nem nada. Pergunteao Shalders o que elle pensa a respeito.Portuguez não tem graça, todo o mundofalia. Entretanto, patriota eu sou até ali...Não admitto que se diga, por exemplo,"tira-linhas", mas sim, "traça-linhas"; —seria um gallicismo imperdoável o pri-meiro caso. Não tolero o allemão que con-serva a sua lingua até no estrangeiro.

Não o coniprehendo. . .O que tem a bocca do Clodomiro com

as calças. Eu chamo-me o velho Barretoe nasci em Pernambuco, o (pie não acon-tece com o Allemão. Quando eu digo aosmeus aluninos. que o Brazil "tá" desgra-gado, que é preciso inglez tomar contadisto para nos salvar, dizem (pie o velhoBarreto "tá" louco.

O di". Barreto, que todos os mezes re-cebe o seu ordenado de capitão de cor-veta licenciado, ou cousa parecida, tinharazão. pois. o nosso paiz, não poderá pro-gredir como todos desejamos, emquantoos seus filhos proeminentes viverem de"sinecuras", emquanto todos não forempatriotas como o dr. Barretu.

De facto. o dr. Barreto tem sido utilis-simo ao nosso paiz: estudou na EscolaNaval, donde sahiu official: logo depoisda praticagein metteu-se numa revolta.Destituído do posto foi estudar miueralo-gia na Europa com as economias do seusoldo. Concedida a amnistia aos revoltosos,o {]v. Barreto passou para a reserva, re-eebeu os soldos atrazados, o. dahi pordiante, sem prejuízo de seus interessesparticulares, recebe mensalmente a gordamamata.

O Barretão tem razão de desejar o do-nlinio inglez.

Felizmente para salvai- o Brasil nós te'mos ainda o dr. Barreto, o dr. Shalders ealgumas dezenas de brazileiros que fal-Iam idiomas estrangeiros com sons filhos.

>Se não fosse assim, o que seria de nós!Emquanto pensávamos assim, com os

nossos botões, o illustre lente, abstracto co-mo é, pegou duma amostra mineral, chei-rou-a, cuspiu na mesma, esfregou-a na cal-va. atirou-a ao chão, assentou-se sobre ella,tornou a cheiral-a e pespegando-me riso-nho e anglosaxonicamente uma formidávelpalmada nas costas gritou:

Arre diabo! Achei! Como claro beboágua...

E dançou rebolando pela sala.Para evitai1 maiores e mais enérgicas

manifestações de alegria despedimo-nosdo dr. Barreto.

Adeus, brachiopode. oh! desculpe,adeus João, sempre ás ordens. :

Obrigado doutor.E ahi está o que disse o Barretão.

JOÃO DE LA'.

Cbez nous¦ ¦ ' .-¦¦... ., ,

Meninos, vossês como vão?

Diga-me que me ama e eu lhe escachareicom as ventas.

Veiga Miranda.

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Era alta, de umaaltura desmesura-da. Quasi três me-tros do pé ao altoda coita. O pagemlouro, que a amava

em segredo e quecompunha em seulouvor rimanceschorosos e baila-das melancólicas,chamava-lhe "Tor-re de Marfim",Era na Eclade-Me-dia, em Florença.Nesse tempo asdonas presavamtanto as suas rou-pas de purpura esetim com passa-manes de ouro erocalha, que asnão despiam nun-ca. Elias não to-mavam banho,Nâo usavam de sa-bão Reuter, nem desabão de coco ouglicerina. Não ti-nham culpa disso.Reuter. o fabrican-

te dos sabões famosos, ainda não exis-tia nesse remoto e mysterioso séculoXIII. As minas de glicerina da Rus-sia ainda não tinham sido descober-tas, e os cocos da Bahia só três séculosdepois é que seriam descobertos por

Cabral.A ausência do banho

concentrava em seucorpo de deusa todo oodor natural que ellecontinha. Um menes-trel de melenas curtas

e com a sua pluma de gallo plantadano alto da gorra, chamou-lhe, numa.trova plangente, "Flor cheirosa"; eamando-a em segredo, só contava osseus amores ás quatro toeiras confi-dentes da sua bandurra. Seu nome eraConegundes. "Garça" era o nome dacadella galga que ella, á hora do solpoente, levava á, tréla, em passeioscontemplativos em torno ao seu cas-tello senhorial.

Conegundes morreu, apezar da im-mortalidade da sua belleza. Passou.Tudo passa na vida, até a belleza im-mortal. E o trovador, que a viu passardesta para melhor, sentindo-se passa-do com tão trágico passamento, dedi-cou-lhe este terceto:

"Tudo passa,Tudo caçaTudo massa."

No fundo, tudo isto é uma massada.Esta obrigação de fazer uma novellamedieval para aproveitar uma velhaillustração de Di Cavalcanti, é o- queha de mais massador.

HERMES PONTES.

Da carteira de um SmarlNenhum elegante pôde considerar-se tal,

se se mostrar com barba de quinze dias. Abarba deve ser feita *pelo menos uma vezpor mez.

O melhor terno de roupa não e* aquel-le que te custou mais caro, mas aquelleque te cáe melhor.

Quando deres adeus com a mão, nãofeches a mão. Esse gênero de saudação sófi feito com os dedos abertos, e só serve pa-ra saudar as pessoas intimas e nunca aspessoas de respeito.

Quando te sentares perto de uma se-nhora no bond, não descances a mão sobreos joelhos delia, nSm que ella seja a espo-sa do teu melhor amigo.

Nunca te esqueças de despir as rou-pas antes de entrar no banho. Ao contra-rio, em vez de lavares o corpo, lavarâs asroupas.

¦»$ — A chuva não é apenas um phenomenometereologico; ó também um pretexto pa-ra usares o teu impermeável, se o tens.

Quando estiveres em sociedade, nãoassoes o teu defluxo aos dedos. Isso é coisaque só se faz na intimidade.

A Queda do Accacio(Poema heroi-comico em três cantos)

Canto primeiro

O Accacio enamorou-se da Christina,E ambos viram no amor um sábioEra ella uma cândida menina,Era elle ura pernóstico marmanjo.

Ella habitava um péssimo sobrado,Sob o esplendido céo da Barra-Funda;Elle — U111 porão soturno e mal caiadoQue de lixo um deposito circumda.

Canto segundo

Num cinema ajustaram, certo dia,(Para um novo Romeu, nova Julietta)Que elle ao quarto da ingênua saltariaDurante a noite mysteriosa e preta.

Sahiria, depois, ao vir da aurora,Exposto ao guarda tropego, importuno,Arriscando ser preso a qualquer hora,Qual reincidente, misero gatuno.

Canto terceiro

Repetiu por um mez a audaz loucura,E um dia, preso, o pernicioso AccacioPoi deslindar a poética aventura,No edifício do Largo do Palácio.

E embora elle saltasse com perícia,E embora se explicasse com talento,Ante a grave Assistência da PoliciaDeu a queda mortal do casamento!

arranjo

FOLK-LORE

Em Romano e Economia,Diz o Amancio, tenho féQue eu, sósinho, espichariaO Raphayette e o Pagé.

?O Porchat sahiu barradoSó porque teve o topeteDe haver, feroz, espichadoO jurista Raphayette.

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í51 1 SENHORITAALICE R. — Otango dança-se comas pernas, comotodas as danças, ex-ceptuando o "one-step" que tambémse dança com oshombros, com acabeça, com os bra-ços e com osolhos. Mas, senho-

rita, que extravagância é essa de virindagar-nos como se dança o tango?Imagina porventura que dispomos deum redactor dançarino para respon-der ás consultas desse gênero? Ora,senhorita...

SENHORITA ALICE RAMON. —"O Pirralho" não publica versos ly*ricos, nem á mão !de Deus padre. Essaphase já passou. "O Pirralho", coma eâade, ganhou uma feição mais sé-ria, e só faz humorismo... De resto,os seus versos são terríveis, se é quese pôde chamar versos ás suas linhascurtas onde o rythmo claudica e min-gúa o senso commum.

SR. A. M. DE LIMA CASTRO. —Lemos os seus versos, ou melhor, amixórdia imbecil que a sua obtusida-de suppoe que são versos. Diz o se-nhor que a sua amada é loura. Poisque lhe faça bom proveito. Diz tam-bem que é bella. Nisso é que não cre-mos. Uma mulher bella não tem oslábios alvos, como o senhor diz nestaquadra:E's bella, és uma flor em botão;Tu não ligas aos tolos e papalvos;Oh !como eu gosto, de todo meu coração,Dos teus lábios que são tão alvos!

Pois fique-se a gostar dessa côr delábios. Nós não gostamos, e sobretudonão gostamos das suas parvoices.

DR. CARDOSO DE ALMEIDA. —Não se zangue comnosco. "O Pirra-lho" não lisonjeia, troça; não faz lou-vor, mas "blague". E' inútil conti-nuar, toda vez que nos encara, a fe-char a carranca.

DR. ÂNGELO MENDES. — Ondeestá a sua collaboração promettida?A secção de Moda não sahiu no nossonumero passado porque V. S., que seincumbiu de fazel-a, não nol-a man-dou. Que ingrato! Nós, por vingança,vamos assoalhar, em torno do seu no-me, uma porção de coisas feias paradesmoralisal-o em certa zona galan-LU • • •

DR. CARLOS DE CAMPOS. — Asreceitas que v. exa. nos enviou e a quedeu o titulo de água de juventa, devemter uma efficaeia extraordinária. Es-tamos certos de que v. exa. as pôz empratica. A sua frescura de adolescen-te, a maciez setinea da sua cutis, a im-plantação maravilhosa dos seus den-tes, a ardente fulguração dos seusolhos, são o melhor attestado da effi-cacia da sua "água de juventa". E di-zer que v. exa. já está roçando o seumeio século de edade...

SR. SALLES GUERRA. — V. pôdeter razão, mas quer-nos parecer queestá tirando braza para a sua sardi-nha. Haeckel disse que nem um ho-mem pôde realizar uma perfeita bel-leza varonil, se não fôr calvo. Ora, ophilosopho allemão é calvo como umjoelho. Assim também v. s. diz que otraço de distincção indispensável nohomem é a proeminencia abdominalOra, v. exa. é barrigudo...

•SR. HENRIQUE SILVA. — Ap-proveitamos o seu retrato para illus-trar a nossa secção de graphologia.Gratos pela dedicatória. Pôde conti-nuar a mandar os seus oráculos.

SR. SIMÕES PINTO. — Estamosinformados que o sr. Guilherme de Al-meida tem em mãos uma carta diri-gida a v. s., postada de Tumbuctú, viaLisboa.

SR. TENOR CARUSO. — As salasda nossa redacção estão sempre ássuas ordens, toda vez que, para fugiraos .cacetes e massadores, v. s. desejeum retiro discreto. Se quizer cantarpara os nossos ouvidos não nos mor-tificará porisso, apezar de que, quasitodo o seu repertório nos seja conhe-

cido atravez dos discos phonogra-phicos.

SR. BENTO OU BENEDICTO. -yNos já sabíamos que as propostas depaz de V. santidade eram inspiradaspelos Impérios Centraes. EmquantoV. santidade' as dirigia, os alliadosiam manjando o tempo.

NHA PULCHERIA. — As colum-nas d'" O Pirralho" estão á sua dis-posição. A sra. tem muito talento edará, de certo, muito brilho á nossaliteratura humorística.

DR. THEODORO BAIEUX. £:Uma dellas foi internada pela policiano asylo do Bom-Pastor. Mas ha ou-trás que ainda não foram interna-das...

SR, AUGUSTO LOPES. — Mande-nos versos humorísticos. O seu sonetoé bom, mas não combina com o gêniodo "O Pirralho".

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AMÉRICO JACOMINO

Num dos amplos salões desta redacção,perante um auditório escolhidissimo, estesympathico e popular violonista, mais eo-nhecido no mundo artistico pelo appellidode "Canhoto", rasgou apaixonadamente o

pinho. Das suas incursões artisticas queacabou de emprehender pelo interior de S.Paulo e Minas, trouxe o "Canhoto" um re-

pertorio novo de toadas caipiras, algumasdas quaes são extremamente lindas.

"Canhoto'' ê verdadeiramente um "cutu-

ba" no pinho!

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O PIRRALHO

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CAMPOS, vastas extensões de terrenosplanos onde cresce o capim para alimentode animaes. — do Jordão, zona do sul deS. Paulo onde os srs. tuberculosos vão eu-rar os seus pulmões avariados. Cidade doEstado do Rio, notável pela sua goiabadade cascão, cuja principal efficacia 6 produ-zil obstrucções intestinaes. Carlos de — se-nador, jornalista, que, pela sua imperecivelmocidade, é cognominado o "Ninon de Lan-elos" da politica'paulista. Toca violoncellonas horas vagas. Meco de — bohemio deoutras eras, hoje atirado Tis "ostrias",

isto é, recolhido á vida privada, no soce-go de uma cadeira de deputado. Sylvio de— irmão de dois precedentes. Ex-bohemiotambém, que se fez homem serio por tra-vessura.

CUNHA, pedaço de páo a que os miecha-nicos e physicos chamam machina simples.Protecção, meio pelo qual se consegue ob-ter um emprego publico, passar num exa-me sem conhecer as matérias ou alcançara benevolência do P. R. P, para eonquis-tar uma posição politica. Synonimia: car-tucho, pistolão. Quando se obtém uma eu-nha por meio de uma carta, é sempre deresultados negativos: falha, o emprego ouo estudante e reprovado nos exames.

Ais verdadeiras cunhas devem vir de ci-ma. Única arma efficaz para obtenção devictorias. Pinheiro da —, jornalista noto-riamente escuro nos óculos e nas idéas, ir-mão siamez de outro, cujo nome ninguémsabe e que ê conhecido nas rodas da Im-prensa pelo appellido de Manduca. Em poe-tica, recurso para encher o verso. — Vás-concellos, synonimo de surucucu, — tira ochapéo, expressão muito usada no antigoregimen. A Republica substituiu-a por estaoutra: Tira o cavallo da chuva". Ultima-mente a que está em voga é esta: "'Não ve-nhas!"

/

CANTO, arte de cantar, cultivada, naopera das ramagens, pelos pintasilgos e ga-turainos; no theatro, por Caruso e outrostenores menores; nos salões indígenas porArmando Mondego; nos "cabarets", pelas"gommeuses" importadas de Montmartre,que são, na opinião do sr. Jülio Prestes, oque ha de mais interessante no gênero. —e Mello, poeta e romancista de alma deli-raute. Phrases: "Trazer de — chorado",

operação muito usada pelos credores paraaborrecer os caloteiros. "Atirado a um—em paz e ás moscas. — chão, canto baixo,rasteiro, entoado ao rez do cMo.

CÉSAR, Manda-chuva entre os antigosromanos. Alguns imperadores modernosadoptaram este titulo, adaptando-o ás suasrespectivas línguas: em allemão, "Kaiser",

que é também conhecido pelo cognpme deflagello da humanidade; em russo "Ozar",

o ultimo dos quaes foi recentemente atira-do ás ortigas; em búlgaro, "Tzar". Nomemuito usado quando é antecedido de Juliq^Júlio — de Mesquita, jornalista cotuba.Júlio —, poeta popular. — Vergueiro, de-putado de olhos verdes, mas sem esperan-ças.

CORRÊA, tira de couro crú que servepara muitas applicações, como amarrarbestas e outras. Quinzinho —, andarilhoindigena. A —, humorista eá da casa. Ale-xandre —, terror dos examinadores da Pa-culdade de Direito.

CHAVES, plural de chave, apparelho deferro, com que se abrem portas e gavetas.Eloy —. o trunfo da Secretaria da Jus-tiça. — de ouro o ultimo e peor verso deum soneto. — da mão, as três linhas prin-cipaes da palma tia dita, que servem dealphaibeto para o Henrique Silva e outrochiromantes. — de um problema, dadosque servem á solução do mesmo. — de pa-rafuso, instrumentos de ferro para enfiarou arrancar pregos.

CARVALHO, arvore europea da famíliade outras do mesmo nome. Ha um exem-plar dessa arvore no largo do palácio. Ho-racio de —, poeta do "Diário Official".Cândido de —, poeta santista, cujos versostêm uma vaga semelhança com as mari-nhas de Benedicto Calixto. Vicente de —,

poeta do mar, Victor Hugo indigena. Cor-nelio Pires pronuncia Carváio, mas 6 erra-do.

Amor Platônico

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Amor e terno

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ni Hf \Marmelada crystal — Comprem-se nas

feiras livres, onde se vendem mais barato,duas dúzias de marmelo. Pizem-se com ospés, sem lhes tirar as cascas nem as pevi-des. Quando es'tão bem pizados, em geitode papa, levem-se ao fogo, juntando-se-lhes água assucarada e deixe-se tudo isso aferver até seccar. Retira-se a massa do fo-go e prepara-se em forma de bolinhas. Asbolinhas assim preparadas ficam excessi-vãmente duras e servem para ser atiradasá cara das pessoas malcriadas e ao foci-nho dos cachorros bravos.

Marmelada commum — Vae-se á con-feifcaria e cõmpra-se, tendo o cuidado de re-gatear o preço, um pedaço de marmelada,pedaço, ladrilho ou tijolo. A fôrma poucoimporta. O tijolo ô muito pesado e só servepara construcção de parede. O ladrilho ser-ve também para calçar os pavimentos ter-reos. O mais pratico é comprar um pedaço.Não custa mais que um tostão. Ef bom ve-rificar que o tostão não seja falso. Se o fôr,a confeitaria recusa-o. Os verdadeiros tos-toes são feitos de nickel. Uma vez compra-da a marmelada, colloca-se na bocea e co-me-se. Esta receita ô de muito fácil exe-cução. E' preciso, porém, limpar os beiçoscom o guardanapo ou lambel-os com a lin-gua para evitar a approxiinação das mos-cas.

Ovos á Ia coque — Adquirem-se. dequalquer maneira, — dados, comprados oufurtados ao gallinheiro do vizinho — ai-guns ovos. Deitam-se em banho Maria.Chama-se "banho Maria" á água que estáfervendo a fogo lento, e não á água emque a Maria tomou banho. Faz-se um fu-rinho no ovo com um palito ou com a pon-ta de um lápis. Se, pelo furo, apparecer aponta de um bico, é porque o ovo tem pin-to. Neste caso deita-se fora o ovo.

Omelette com toucinho inglez — Deixa-se na água quente, durante uns 5 minutos,uma fatia de toucinho inglez, depois enxu-ga-se com um panno bem limpo. Se o pan-no não estiver bem limpo pode sujar o tou-cinho. Depois disto feito, põe o dito touci-nho ao fogo untado com manteiga de ca-cáo que ô para coser sem rachar. O cacáo,que preserva os lábios do frio e do vento,deve também impedir que o fogo estragueos tecidos gordurosos do pedaço inglez.Põem-se por cima disso tudo, ou por baixocomo se queira, dois ovos bem batidos, a

clara primeiro do que a gemma ou vice-versa ou mesmo batidos juntos, porque nãodâ máo resultado e deixa-se correr o mar-fim, isto ô, o tempo. Se dentro de umas 3horas não estiver cheirando a chamusco,as leitoras poderão proval-o que é muitopossivel que não seja um máo prato.

Salada Russa — Este prato, confessa-mos desde já que jamais o experimentamos.E' da actualidade, por isso é que o damospara que o façam.

Cosinham-se nabos brancos chatos,(francez, d'aquelles que Mem Bugalho

comparou com o poeta D'Avray), cenourascom folha e raiz, inteiras, e isto feito, jun-ta-vse-lhe, entre frio e quente, um pouco devinagre com azeite. Depois, um pouco depimenta (e o sr. Gelasio poderá dar a suaopinião sobre a qualidade), cebolas, alhos,sal fino, etc. Prompto o prato, rega-se odito com 2 garrafas de bom vinho. Se fôrpossivel, toma-se logo uma meia dúzia, por-que assim culpar-se-ha o vinho e não a po-lítica, perdão, a salada russa, da indiges-tão que é certa. Experimentem.

RUIM BABOZA.

EPHEMERIDES NACIONAES1S68 — Em Portugal. Soares dos Passos com-

põe o seu poema "Noivado do sepulcro", ini-ciando para o Brasil a escola dos gestos fataese das olheiras fundas. O ultimo representantenacional dessa velha corrente poética é o sr.Leoncio Corrêa.

1916 — Alfredo Pujol resolve fazer parte daAcademia Brasileira de Letras, e, para justificara sua pretenção, faz a sua primeira conferênciasobre Machado de Assis.

1016 — Felix Othero, por desgostos Íntimos,resolve deixar crescer as barbas e cabellos e juranunca mais assistir a espectaculos h/ricos senãode poleiro e como chefe de claque.

1872 — Ernesto Silva toma a sua primeiracamoeca.

1844 — Nascem, em Madrid, a actriz PepaKuiz e, em Braga, o dr. Christiano de Souza.O destino, que os fez nascer no mesmo dia, jun-tou-os para sempre. Dão-se e casam-se bem comoduas luvas mutuas.

1915 — Verificando o burgomestre de S. Pau-lo que a cidade estava desarmada, decretou acreação das suas armas.

Epocha anti-diluviana — O sr. Claro de Go-doy, como simples homem da caverna que era,faz a sua primeira conquista amorosa na pes-sôa de uma jovem troglodita.

1913 —'A Cigarra começa a voar por cimada gente. O sr. Gelasio ganha os primeiros ni-keis.

1920 — 0 sr. Gomes Cardim estreará, comobaixo cômico no "Amor por Anexins". O sr. Va-lente de Andrade far& de rei de congada numafesta ao Coronel Rondon. 0 sr. jovem Bento Ca-margo baptizará á luz da ribalta a "Sograzinha",777.a comedia da sua lavra.

Medio-Evo — Ao dr. Roberto Moreira o sr.Benjamin Motta offereceu um jantar no Tria-non. (O sr. Benjamin usava rabona). O Fon-seca espingarda promoveu uma serenata regadaa sandwich. A serenata foi offerecida ao Pieda-dão.

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De volta do üruouay - Cheio... de gools

SÉPTEMBRO ê o nome de um novolivro de versos do conhecido poeta rio-grandense Manuel do Carmo. Como o seunome indica "Septembro" é um punhadode versos leves e risonhos como um co-meço de Primavera.

Por todo esse azulado mez de Novem-bro elle vae apparecer pelas montras doslivreiros entre as novidades intellectuaesda estação.

Que Outubro seja breve. ..

ACADEMIA ATHLETICA

Alguns moços dotados de boa vontadevão fundar em S. Paulo um cluto para ocultivo da força physica. A iniciativa édas mais louváveis. Praticar-se-âo todos ossports de câmara, como sejam: o jiu-jitsiu,a gymnastica sueca, a lueta grego romanae outros mais, obedientes todos As mais se-veras regras de hygiene. A creação de umcluib dessa natureza era uma coisa que seimpunha e cuja necessidade se fazia sé-riamente sentir.

O athleta contratado para instruetor é oconhecido e popular Dudú, que, como é no-torio, não é apenas o mais forte e o maisperfeito dos nossos athletas, mas tambémé o mais autorisado conhecedor daquellessports physicos.

Dudú, como se sabe, ganhou entre nôs.o record da força, e, ao que parece, é oúnico que ergue cem kilos em ponte.

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Entrou em julgamento o réo LambeFerro, aceusado de ter assassinado,

para roubar, o dr. TJlpiano Pandectas,meretissimo juiz de direito da cornar-ca cie Páo d'Água.

Incumbiu-se da defeza o dr. Cutuba.O illustre advogado examinou as di-versas peças do processo, criticou osummario, insurgindo-se contra a aue-toridade que o presidiu, citou os cri-minalistas e as diversas escolas crimi-naes.

Eis a sua peroração:"Srs. Jurados.

Lambe Ferro poderia ser chamadoLamoe Flor. W um liomem delicado,alma de moça, espirito em lotão mal

desaorochado. Com o mesmo gesto com

que, na noite do crime, pegou da ar-

ma homicida para liquidar o dr. Ulpia,-no Pandectas, poderia ter pegado de

uma flor para lh'a offerecer. Não o

fez, porém,. O destino tem desses* con-

trastes. Em vez de lhe dar a flor a

cheirar, deu-lhe uma facada. Coisas da

vida, Seja como fôr, elle praticou um

acto de caridade. Que é o mundo ? Um

valle de lagrimas. Disse-o o Ecclisias-tes. Disse-o tamoem Jacques d'Avraye

?JQu' est que le monde? Une vdlléede larm£s".

Quando se diz que um homem mor-reu, diz-se tamoem que foi desta paramelhor. Porque? Porque a outra vidaé melhor que esta. Esta é o valle de la-

grimas, aquella um campo de flores. Odr. Pandectas está, a estas horas, co-lhendo flores.

E quem lhe promoveu essa ventura

foi o caridoso Lanibe Ferro com a sua

faca providencial. Diz o summario queo aceusado presente roubou alguns va-lores em dinheiro e jóias. E' verdade.Lambe Ferro não é trouxa. Uma vez

praticado o crime, quero dizer, a obrade piedade com que eliminou o mere-

'tissimo juiz, tratou de fazer uma bus-

ca nas gavetas. Queriam os senhores

que elle sahisse de mãos limpas, isto é,de mãos ensangüentadas? Certo quenão. Elle roubou para cobrar-se da fa-çanha praticada.

Srs. jurados, olhem -para esse ho-mem. E} a oondade em pessoa. E} uminfeliz aoandonado pela esposa, quenunca lhe comprehendeu as perfeições,abandonado pelos filhos, que nuncasouberam amal-o, sem amigos, sem pa-rentes, sem convicções literárias, semsaber fazer verso nem prosa, só nomundo, fez-se apóstolo. Como não ti-

nha, como S. Paulo, a palavra como ar-ma, aãoptou uma faca. A faca, como a

palavra, serve para abrir os corações.Peço a absolvição do aceusado."O orador foi muito applaudido.Lambe Ferro foi unanimente absol-

vido.Na próxima sessão será julgado o

preto Maurício.

MUSA LEITEIRA

Para ver-lhe a filhinha, uma boneca,Quando vou da má dama á leiteria,Ella lê-me os sens versos, onde peccaContra a métrica e contra a ortograpnia.

Diz-me, de leite enchendo uma caneca:"A minha tenda, hei de tornal-a um dia,Numa vasta, escolhida bibliotheca."E parolando acerca da poesia:"Poetas cuja existência a dor denigre,Não sou quem vates fúnebres acceite.Detesto o Nobre, adoro Bastos Tigre.

Comprehendo, digo sem que ella suspeite,Ama o verso que o tédio nos transmigre,Sô aprecia a musa que deleite...

DUM DUM.

CARUSO CARICATURISTA

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2SE PIRRALHO

Fesfa cie §ão JoãoA fazenda de nhâ JoannaTfiva in festa nesse dia.O sôr jâ ia morreno,Pôco a pôco inscurecia.Fora os hóme cumbersavum,Dentro da casa se via,As muié muito apressada,Trabaiáno sem con tia.

Despois de acabada as rezaViéro tudo p'ro terrêro;Bem lá na ponta dum mastroTáva o santo padroêro.Os rojão foro subinoE dano estôro os mortêro;Tudo alli se adevertiaViuvo, casado e sortêro.

A foguêra dano estraloAlegrava a criançada,D'aqui-nadinha o Vadico,O tropêro bate-estrada— Deu c'o Jóca cavorteanop'ra toma sua namorada,A Bininha de nhâ Joanna,Moça fermósa e prendada.

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O Jóca ôiáno o Vadico,Guspiu de banda no chão,Ponbô a viola no peito,Cantáno de sorpetão:

, "Viva a festêra nhâ Joanna"E os demais que aqui estão;"Viva o santo deste dia,"O milagroso São João."

"iSão que nem dois vagalume"Os óio do meu amô"Briâno no inscurecê"Bem no meio duma frô."Bininha muito avexáda,No seu namorado oiô,Que logo rásgáno a violaEsta reposta canto: \"Eu corro por esses mundo,"(Noite e dia sem para,"•Mais minha idéia num sáe"Deste sitio onde ella está..."Nem num dança tão bunito,"Como ella, o tangará,"Nem a rola tem a graça"Que o meu bem sabe mostra."

No pinho garro o JócaE feiz geme num ponteado:"Lá vae a lua corrêno,"Rasgáno o céo estrellado;"Eu gosto é dessa morena,"Do cabello incaxiádo."Bininha antão respondeu,Mordeno o lenço rendado:"Quano a lua rasga o céo,"O céo num fica offendido;"Eu num gosto de vancê"iProque é muito offiricido..."Os pertendentes se oiáro:Vadico insoberbecido,Mais o ôtro, jeruviá,¦Cuntinuô, desinxavido:

"E' disso mêmo que eu gosto:"De muié escoradêra;"Por isso vancê 'ta bôa"P5ra sê minha cumpanhêra."E o cabra que está me oiáno,"Mostráno tanta ciumêra,"Se alembre que eu num ingeito"Nem num conto cum porquêra...

ho acfor Arruda11

O Vadico arrespondeu:"Num respeito valentão;"Num tenho medo de onça"Nem de trigue do sertão,"Quanto mais de quem num presta,"Nem num guenta um impurrão..."E' a barriga de cabôco,"Bainha do meu facão!""Eu te cubro de fumaça!— O Jóca disse e se armo —Guardanape de tropêro;Eu já te induco. fedô!"O Vadico dano um piilo,No cabra logo avanço,O Jóca bateu dois tiroMais nihhum delle acerto. >

O Vadico casco nelle,Õ facão inté cançá,Surrava e dizia ansim:"E' pVocê num arrota;"Tu 'ta catingáno cuêro,"Nótra num ha de torna."Puis adonde que jâ se viu,"Furmiga querê fallá?"...

FIDENCIO DO CIPOA'.

CEMITÉRIO PARNASIANOi

O Francisco entre esqueletosJaz nesta campa sombriaTão lindos, tão bons sonetosSomente o Pati faria!...

K. K.

0EPITAPHIO

Tendo a consciência tranquilla,Aqui jaz ao sol e á chuva,João dos Anzóes — aí amadoNegociante desta villa,Morto sem filhos, nem sócios:E eu, infeliz, triste viuva,Chorando o esposo adorado,"Continuo os seus negócios".

Joanna dos Anzóes.

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CEMITÉRIO PARNASIANO

Joinville Barcellos moraDeste túmulo no centro.Seu nariz ficou p'ra fora,Porque não coube lá dentro!

K.. Louro.

fíQSSTmwm

Bôa VistaJá não ha mais duvida de que, segundo^

rezam as estatisticas, os paulistas mor-rem é de tomar café, de fazer o trian-guio e... de ir toda a noite ao Bôa Vistapara vêr Ali Babá e seus 40.000 ladrões,isto é, o sympathico Arruda e seus 45.000papeis.

lEnchente e mais enchente é o eternoestribilho de todas as chronicas do BôaVista. Mas valha a verdade: é um thea-trinho que bem merece a bella assistênciaque tem tido. Vale a pena vêr e tornar avêr, e vêr mais uma vez e outra mais: —o Arruda no infallivel papel de caipiraque vem á Capital. .. artistica e que nãovae nem ao Butantan e nem ás manobrasda Força Publica; o Prata no papel de"trouxa", para que tem verdadeira...vocação; a Beneventi que, segundo os en-tendidos em astrologia, devia ter nascidona Bahia (é uma mulata e... daquellas) ;a Celeste, a nevropatha e hysterica Ce-leste, com a cumplicidade do Paulo Fer-

raz, a arrebatar as galerias com maxixeshyperfu.. .nambulescos e etc. etc. A "me-nina" Maria Amélia, como sempre fazen-do 10 admiradores em cada espectador.

Durante a quinzena o programma este-ve variadissimo: — lá tivemos "O Pica-reta", "O recruta do 43", a "Festa noO"', a Gran Via" e "algunas cositas mas".

"O Picareta", novidade para S. Paulo,alcançou enorme successo e não sabemosporque foi retirado tão cedo do cartaz. OPrata, o inspector Picareta, esteve deve-ras impagável e ganhou palmas a valer.

Hontem mais uma novidade: "A Pen-são de d. Anna", de Danton Vampré.

No "corpo coral" a Companhia temuma preciosidade que não sabe aprovei-tar: é Fausta, a diabinha, a bailarina, masbailarina de verdade que pisa e dançaque é uma delicia. O "Pirralho" bapti-sou-a de "polaquinha" e por esse nome éconhecida pelos freqüentadores chronicoscio Bôa Vista. A "polaquinha", que é umabellezinha capaz de arruinar varias gera-ções de poetas e philosophos e de fazermuitos Kosciuskos, deve, sem duvida, sermelhor aproveitada no palco.

Laura CotoE' um excellento numero que o Gon-

çalves só com muito esforço conseguiucontractar para o Bôa Vista. Tem tido umsuccesso de arromba. Pudera: uma voz de-liciosa, uma graça... hespanhola, "mu-cho salero" e musicas adoráveis, quemais pôde pretender a assistência?

E viva Ia gracia!

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O PIRRALHO

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po dominio da Moda

Nada temneste mundouma evoluçãomais rápida ebrilhante doque a moda.Não raro mes-mo é ouvir-sedizer de uma.outra cousaqualquer quenão diga res-peito a vestese maneiras,que ella este-ja fora da mo-da, tão sómen-te ás vezesporque não secoaduna como ambiente emque medra ouem que preteri-demedrar;porexemplo: a li-teratura poe-tica do PauloMazoldi.

Mas tudo isto é de um acacianismodo conhecido Conselheiro. Prosigumosno emtanto. E para proseguirmos di-remos que fora da moda também servede indicar certos elementos de "toilet-

te" que já se não usam. Exemplo: asbarbas do dr. Arnaldo Porchat, sabi-do que a moda impõe a cara escanhoa-da. Outro exemplo o fraque do dr.Ricciotti Allegretti, cuja amplitudetem o feitio anti-diluviano. Outro ain-da a "tênue" masculina da dra. Ma-ria Renotti. A moda mais vulgarizadanestes tempos que correm é fazer ofòrso em auto de aluguel, quando setem dinheiro, ou fazer o footing, quan-do se está a nenhum; é commentar aarte do Caruso, pela informação daimprensa; permanecer como basbaquena rua Direita, á hora em que as nor-malistas vêm da Escola.

Para ouvir Caruso é necessário en-vergar a casaca velha de guerra, obri-gada a luvas brancas e algumas opi-niões de algibeira sobre o theatro ly-rico. Para outros casos como corso,passeio e namoro, não se requerem

fflriownêji'

"tòilettes" especiaes, não é necessário

que o individuo esteja muito ou poucovestido. Basta que não esteja nú. *¦.

A moda para as senhora não tem

passado por muitas transformações.As saias ainda se.usam curtas. E' umamoda cuja principal vantagem con-siste na economia de fazenda. Asmeias de seda kká jour" são preferi-veis.

Os chapéos variam até ao infinito:ha-os de abas amplas como guarda-chuvas abertos; ha-os minúsculos, qua-si invisíveis, mas os mais aconselha-veis são aquelles que têm a fôrma deuma cesta de papel embarcada, comdois laços de fita ao lado, como ore-lhas de burro.

A moda das coitas presta-se tam-bem aos mais variados caprichos. Pa-ra as meninas tenras vae muito bemo cabello cortado á altura da nuca.As donzellinhas românticas . podemusar o cabello oxigenado com "acro-

che-coeur" sobre os olhos tristes. Asdamas de certa edade podem usar ca-,bellos grisalhos ou brancos, conformeo seu gráo de velhice. Para estas ulti-mas vão bem os óculos, o ar grave.Qualquer tentativa de "maquillage"

deve ser abandonada, por inútil.

MLLE. IVONNE KOY.

CAMPOS

Campos, Campos, 6 celebro figura,CabuloBO, sagaz como um jesuíta,Que uns aulas do A maneio (em sala escura),Convocas o Diniz.á velha fita;

Cessa a fúria brutal dessa loucura:O espirito de paz, que em nós medita.Já não tolera a trágica imposturaQue faz do verbo uma explosão maldita.

Deixa em descanso os moços torturados,Não soltes mais teus hóstias encrencados,Como (piem tem nas tripas o demônio.

Corteja a Sciencia, a olympica donzella.B vai, como um mendigo, á casa delia,Supplicar de saber um patrimônio.

JOÃO DOS ANZO'ES.

Subindo ao governo, o AltinoQuiz ter um fiel lacaio.Vae, deparou-lhe o destinoO Raphayette Sampaio.

*

Seria um lindo trabalhoPromover um "tête-íi-tête"Do Pagé (Sousa Carvalho)Com o jurista Raphayette.

Mal seguro dos seus dotes,Montando no Hermes, um dia,O Raphayette, aos pinotes,Foi cahir na Academia.

Vinde aos meus braços e eu te recebereino aconchego da mão na cam.

** *

Libertas quae será tamen: deixemos decasamento.

Deve-se dar banho aos pes pelo me-nos uma vez por semana, para evitar ac-cumulação de saes entre os dedos da mão.

Para triturar bem o alimento é pre-ciso mastigal-o. Mas. quem não tiver den-tes. entre no regimen da canja.

Fazer o footing é útil á saúde; com-tanto que o faça a pé e nunca de bonde.

Antes de se tomar o café ou beberum calix de pinga, deve-se lavar a bocca ecuspir em seguida, para que essas bebidastenham sabor.

O melhor processo de mumifiaaçãonão é aquelle que usavam os egypcios, eu-ja durac-ão não vae além de alguns mille-nios. A minha múmia durou quinze annos.

Para se fazer uma transfusão de san-gue perfeita, é preciso extrahir todo o san-gue do doente.

Quem quizer respirar bem pelo narizdeve adquirir o habito de assoar-se.

Nunca se deve ler um livro de cabeçapara baixo. Faz mal á vista e perturba osommo.

O melhor processo de conservar osbigodes pretos é tingil-os constantemente.

DR. AMANiOIO DE CARVALHO.(Conselhos de hygiene).

**

Uni typo que acompanhavaA execução de uma telaAo artista que a pintavaDiz esta phrase singela:

Difficil é, certamente,Quadros pintar, e tão bellos!Volve o artista sorridente:

Mais difficil ó vendel-os. . .

** ¦ .,mv

Certo individuo intringante,De aspecto duro e sinistro.Depois de ser fabricanteDe papeis, fez-se ministro.

Ante os remoques cruéisQue a inveja lhe atira em rosto,Diz: — p'ra chegar a este postoEu fiz todos os papeis. . .

CEMITÉRIO GENERAL

Emquanto jaz sob esta lousa fria,No Brasil sua gloria revoa.

Jamais, jamais na velha Academia,Do Pessoa, em pessoa, o pé soa.

K. HRIT0.

CEMITÉRIO PARNASIANO

Jaz sob esta lousa friaO poeta Ribeiro Couto.Quando sonetos dizia,Todos gritavam: Bis, Couto!

K. Lino.

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O chocolate FALCHI, tão cotado,Tanto sabor e fino gosto encerra,Que é o mais fino que existe sobre a terra,E' o melhor que se encontra no mercado.

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Nenhum neste mercado o vence e bate;Por seu sabor a todo mundo tenta;

Quem por uma só vez o experimentaNão anceia por outro chocolate.

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