70
rtro

rtro 19

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Nº 19 Rtro Portuguese Fashion & Lifestyle Magazine, Revista de Moda & Lifestyle Portuguesa

Citation preview

Page 1: rtro 19

rtro

magazineNº 19

Page 2: rtro 19

rtro

mag

azin

eEditorial

Já alguma vez deram por vocês a sair de uma página na internet que mal abriu, só porque era muito lenta? Já deixaram de ler um artigo porque tinha mais de uma página? Ou passaram uma música à frente só para chegar à vossa parte favorita? E quem nunca recor-reu à internet para evitar esperar semanas (às vezes meses) pela sua série favorita? É quase certo que todos nós já sucumbimos a pelo menos uma destas “tragédias” do quotidiano. Hoje não basta ter o que queremos. Tem de ser quando queremos. De preferência agora. As constantes inovações tecnológicas permitem-nos actualmente o luxo da velocidade. Esperar, antes uma virtude, é agora uma escolha. É sobre esta cultura da velocidade que reflectimos este mês, não só a um nível global mas também especificamente sobre o fenómeno da fast fashion e suas consequências para a Moda e para o Planeta.

Mas vamos com calma. Só assim será possível apreciar devida-mente os trabalhos da fotógrafa Elisabete Morais e da designer Diana Matias, que compõem a dose dupla de Jovens Talentos deste mês. É também bem jovem o talento da personalidade escolhida para a rubrica It Boy: Romeo Beckham.

No meio de tudo isto, ainda tivemos tempo de trocar algumas palavras com a (também) jovem blogger Nádia Sepúlveda.

Com o nosso estilo de vida acelerado é preciso não nos esque-cermos de tratar bem da nossa principal ferramenta de contacto com o mundo: os olhos. Nesta edição abordamos a importância dos desmaquilhantes de olhos, e incluímos algumas sugestões de produtos para o efeito.

E porque a velocidade não pode nunca intrometer-se entre nós e a nossa individualidade, damos seguimento à rubrica DIY.

Não se esqueçam de descobrir por que é que esta RTRO cheira a Le Parfum de Elie Saab e por que é que o tom dominante é o prateado.

Tudo isto e mais nesta edição da RTRO!

Boa leitura

Margarida CunhaEditora

Page 3: rtro 19

rtro

mag

azin

e

editora

Margarida Cunha

redactores

Ana Rodrigues

Catarina Oliveira

Beatriz Subtil

Helena Lopes

Joana Vilaça

Margarida Cunha

Mariana Sá

Mónica Dias

Patricia Silvério

Pedro Resende

layout

Manuel Costa

paginação

Manuel Costa

Ana Dias

foto de capa

Ayla Soares

rtrostaff

A rtro está sempre à pro-cura de modelos, fotógrafos,

stylists, maquilhadores, designers, que queiram

colaborar, expor os seus tra-balhos, se achas que tens o que é preciso contacta-nos

para o nosso email.

www.rtromagazine.com [email protected]

Page 4: rtro 19

Índice Focus on DesignerPhillip Lim

6Blogger ChatNádia Sepúlveda

14

it girlO fenómeno

58

Color mePrateado

10

Peguei, usei e meti-te no cestoOu o fenómeno da Fast Fashion

50it Boyfrom an "it fam-ily"

60 É bom, não foi?Ou uma reflexão sobre a Cultura da Velocidade

38

Page 5: rtro 19

Jovens TalentosElizabete Morais

24

Ler. Ver. Ouvir.

66

20Just DIY

Desmaquilhantes de Olhos

22 30

Smells like…Le Parfum by Elie Saab

64

Jovens TalentosDiana Matias

68Wishlist Chic vs Cheap!

Page 6: rtro 19

por Pedro Resende

Focus on

Designers

Page 7: rtro 19

From the Orient to the

World

Phillip Lim

6 – 7 | rtro

6 – 7 | rtro

Page 8: rtro 19

Nasceu em 1973 na Tailândia e das suas origens orientais partiu um estilo único que viria, anos mais tarde, a conquistar a moda e o mundo em geral. Phillip Lim foi o talento emergente do Council of Fashion Designers of America do ano de 2007, dois anos depois de ter lançado a sua marca, 3.1 Phillip Lim. Nome estranho? Nem por isso…

Não se pensarmos nos trabalhos que reali-zou em moda antes de se singrar como criador singular. Estagiário de Katayone Adeli, funda-dor de uma marca de básicos, a Development, Phillip Lim traçou um percurso notável até que, juntamente com Wen Zhou, amigo e fabricante de tecidos, funda em 2005 a sua marca própria. Não satisfeito apenas com o seu nome enquanto marca, acrescentou-lhe a sua idade da altura, idade partilhada com o seu amigo e co-fundador, 31. E assim nasce uma das marcas mais joviais e elegantemente chiques da actualidade.

Phillip Lim conseguiu, em poucos anos, manifestar o seu sentido estético e trazê-lo ao mundo, mantendo a sua visão de moda mas mantendo em vista o factor comercial das peças que cria. O resultado? Sessenta (sim, 60) milhões de dólares americanos de lucro no ano de 2011, uma série de linhas secundárias (entre as quais swimwear, roupa infantil, lingerie ou eyewear) e uma série de prémios e galardões que lhe trouxeram fama e proveito enquanto criador de um “effortless chic”, como descreve Mark Holgate, da Vogue.

Actrizes e personalidades com o apoio de marca, como é o caso de Natalie Portman, uma série de desfiles que estação após esta-ção surpreendem pela falta de monotonia que parece ser geral na maioria dos criado-res. Phillip Lim é um novo fôlego. Novo, sim, em tempo. Maduro, sim, em experiência. Mas com uns pulmões que parecem gritar bem alto que a criatividade é uma arma que, além de arte, gera lucro.

Focus, world, he is here to stay!!!

1 Philip Lim Spring/Summer 20132 Phillip-lim Prefall 20133 Philip Lim Spring/Summer 2013

Focus on designers

Page 9: rtro 19

8 – 9 | rtro

Page 10: rtro 19

por Catarina Oliveiraqatch.wordpress.com

meNão há tonalidade que represente melhor

o frio do que o metalizado prateado. Pode não ser uma cor propriamente dita, mas não é para ser ignorada nesta rubrica da RTRO.

Baço, holográfico, espelhado ou apenas um cinzento brilhante, todos os tipos de prateado são aceitáveis. E em todo o corpo. Como tendência funciona bem em acessó-rios, e não podemos deixar de mencionar o quão irresistível é ter umas unhas com apliques prateados. Numa época em que manicures loucas estão em voga, este estilo não perdeu terreno, não deixa de ser arro-jado, mas consegue ter imensa elegância, para qualquer ocasião.

Page 11: rtro 19

O prateado surge-nos na passerelle com alguma timidez, pois não são todas as casas que fazem uso deste tom gelado. No entan-to há importantes exemplos a ter em conta nestes últimos meses de Inverno. Sugestões que podem ainda ser aproveitadas antes da Primavera surgir, e que fazem a transgres-são para a estação quente de maneira muito fácil. Prova disso é Jill Sander, que consegue mostrar-nos um vestido totalmente pratea-do com um simples mas peça-chave casaco por cima. Nunca o prateado teve tanta classe. Outras marcas apresentam-nos mais versões de como este metalizado consegue ser usado em look total. Blumarine arrisca e apresenta

um conjunto espelhado do qual podem ser tiradas ideias para conjugar com peças mais suaves. Paco Rabanne distancia-se da forma espalhada e cria um prateado baço que encai-xa bem no branco.

Como esta tonalidade pode não ser ao gosto de toda a gente, desta vez decidimos dividir as sugestões em dois tipos. Para os mais discretos, o prateado aparece como pequenos acessórios que complementam qualquer tipo de roupa. Para quem quiser usar prateado como parte integrante do visual, sugerimos peças-chave que não passaram despercebidas, mas que fazem jus a este tom.

1 Jil

San

der

Aut

/Int 2

012/

132

blum

arin

e A

ut/In

t 201

2/13

3 Pa

co R

aban

ne O

uton

o In

vern

o 20

12/1

3

10 – 11 | rtro

Page 12: rtro 19

aldoshoes.com 30,93€

topshop.com 67€

blanco.com 25,99€

uterque.com 59,95€

Color me

Page 13: rtro 19

solestruck.com 304€

asos.com 12,50€

net-a-porter.com 634€

net-a-porter.com 160€

12 – 13 | rtro

Page 14: rtro 19

Os blogs de moda são sem dúvida uma peça funda-mental na indústria da moda, cada vez mais assumem um papel relevante, inspirando, opinando, democra-tizando através de pessoas reais com opiniões reais. Nádia Sepúlveda de 23 anos, bracarense e estudan-te de Medicina, é sem dúvida uma dessas bloggers. Encontra-se por detrás do My Fashion Insider, um blog onde se pode ler e ver de tudo um pouco, inspira-ções, looks, fotografias, escrita, sempre com um cunho muito pessoal. A moda e o estilo por aqui andam de mãos dadas, porém esta blogger não se proíbe de falar de outros assuntos bastante actuais e interessantes. Assim, nesta edição, a RTRO quis conhecer melhor a Nádia, dona de um estilo único repleto de bom gosto e originalidade.

Blogger Chatpor Joana Vilaçathefashiondreamcatcher.blogspot.com

Page 15: rtro 19

14 – 15 | rtro

Page 16: rtro 19

Blogger chat

Page 17: rtro 19

Antes de mais, como pergunta da praxe, o que te motivou a criar um blog? Já tinhas conhecimento da existência de outros blogs de moda/estilo antes de criares o teu?

O que eu queria mesmo mesmo era arranjar um local onde partilhar o meu arquivo gigantesco de editoriais e fotos de modelos...e as roupas que usava para não repetir conjuntos! Estávamos em Outubro de 2009 e na altura não conhecia nenhum blog de moda!

O que é que nos podes dizer acerca da Nádia, da Nádia que está por detrás do My Fashion Insider? O que é que os teus leitores/seguidores deveriam saber que ainda não sabem?

Hmmm, eu acho que já sou bastante transparente no blog! Cada vez mais gosto de partilhar coisas pessoais, porque acho que é isso que aproxima mais os leitores! Acho que até já sabem mais do que quereriam! Hehehe

Todos os dias actualizas o teu blog com diversos conteúdos, é muito difícil para ti encontrar diariamente matéria nova e inte-ressante? Ou é algo que surge de forma espontânea e natural sem grande necessidade de pesquisa prévia?

Vai surgindo todos os dias! Eu sou muito organizada, portanto vou anotando as ideias que vou tendo, para depois concretizar!

Sempre achei bastante interessante o facto de tirares as tuas próprias fotos completamente sozinha, apenas com a ajuda de um tripé. Tem alguma história caricata que gostarias de parti-lhar connosco?

Já tive gente que me perguntou se era modelo, se estava a fazer aquilo para algum projecto, e uma das situações mais engraçadas foi quando uma senhora veio com as duas filhas de mão dada e me fez pergun-tas muito interessada sobre as fotos e sobre o que fazia! Ainda hoje, ela ainda passa por mim às vezes, e ainda pergunta se tudo vai bem!

Para além dos teus looks, dicas, vídeos e inspirações diárias um dos conteúdos que parece ter grande sucesso são os teus posts de opinião. É importante para ti expressares no blog a tua opinião independentemente de esta não se relacionar com o Mundo moda?

Sim, porque este blog é bem mais que um blog de moda... é o meu espaço e, uma vez que me interesso por tantos assuntos distintos, gosto de partilhar muitos desses pedacinhos com os meus leitores!

16 – 17 | rtro

Page 18: rtro 19

O teu estilo tem passado por diversas evoluções, neste momento assumes uma estética mais clean e minima-lista, o que provocou esta mudança? Algo em específico?

Já há um ano que sentia a necessidade de acalmar, de me tornar mais coesa. A universidade foi, para mim, a altura da liberdade, de usar mil e uma coisas diferentes...um dia român-tica, no outro gótica...e comecei a cansar-me de olhar para o espelho e ver tanta gente diferente.

Se te dessem a oportunidade de escolher qualquer peça, independentemente do preço e do designer, qual seria?

Uma peça desenhada pelo Alexander McQueen. Venerava o designer, era brilhante, e a morte dele sensibilizou-me!

Recentemente começaste a fazer vídeos de compras, de maquilhagem, com dicas, com updates entre outros assuntos. Estás a pensar apostar mais nesta vertente ou é apenas uma rubrica que complementa o teu restante trabalho? 

Para já é complementar. Mas penso que o vídeo não chegará a substituir as fotos...são coisas diferentes!

Se tivesses que optar ou por moda ou por estilo, qual seria a tua escolha?

Estilo. É bom quando olhamos para a foto de alguém e dize-mos “estava bem vestida” independentemente do que está “in”.

O teu blog tem três anos, já deves conhecer bastante bem a realidade da moda portuguesa bem como da blogos-fera. Na tua opinião o que existe de melhor e pior na blogosfera e na moda portuguesa?

A Moda Portuguesa está cheia de talento, especialmente jovem! Adoro ver as criações de novos criadores! O problema é que, como em muitos ramos, acaba-se por valorizar (apenas) aquilo que se conhece, os mesmos designers de sempre. Na blogosfera acaba por acontecer um pouco isso também! Há muita qualidade na blogosfera portuguesa, mas nem sempre é a mais valorizada!

Blogger chat

Page 19: rtro 19

Falando agora de Braga, sendo tu uma blogger bracarense, achas que Braga tem evoluído em termos de estilo pessoal? Encontras inspiração nas ruas de Braga?

Eu acho que Braga tem muita gente cheia de pinta! Já vejo muitas pessoas a ousar, a ser diferentes, e isso é algo que me deixa cheia de orgulho!

A nossa revista chama-se RTRO. O que é para ti ser “retro”?

É nostalgia, olhar o passado de uma forma terna e abraçá-lo!

18 – 19 | rtro

Page 20: rtro 19

por Ana Rodriguestoroseparade.blogspot.com

JuST

Nesta edição a RTRO traz de volta o artigo apenas

e só dedicado ao DIY – do it yourself. Temos ideias,

propomos e queremos saber quais têm sido as vossas

experiências neste tipo de criação!

Desta vez sugerimo-vos duas ideias mais clean

da blogger love aesthetics: uma clutch transparente

e uma caixa de jóias!

DIY!A blogger love aesthetics é especialista em nos trazer

ideias que, para além de geniais, são absolutamente

fáceis de se fazer em casa. Desta vez optamos por vos

mostrar duas dicas que ela nos apresentou no seu blog

e que, para quem é fã do minimalismo, vai de certeza

querer experimentar! Em primeiro lugar, e tal como

descrevemos atrás, a primeira ideia vai para uma clutch

transparente. Para conseguirmos obter este fantástico

objecto precisamos de apenas duas caixas de VHS de

tamanhos diferentes, cola e algum material de metal

para as unir (que facilmente se conseguirá encontrar

em lojas especializadas, lojas de ferragens).

Como fazer? Em primeiro lugar, é necessário

destacar das caixas todo e qualquer plástico ou papel

envolvente e deixá-las com a aparência da primeira

imagem que vos mostramos. Em seguida, deve-se

unir as duas caixas com cola (que deverá ser bastante

resistente). Por fim, fazem-se dois furos do tamanho

Page 21: rtro 19

dos parafusos a ser utilizados para prender as anilhas

que vão ser utilizadas para colocar uma fivela, sempre

que se quiser utilizar a bolsa de outras maneiras para

além de clutch (ver imagem abaixo). O resultado?

Uma clutch minimalista e clean feita a partir de duas

caixas de VHS em pouquíssimo tempo! Super prática

e acessível.

Em primeiro lugar fazem-se duas aplicações do

verniz bege de forma a obter uma textura uniforme

nas unhas e, de seguida, aplica-se o verniz preto

somente na zona da “meia lua” conforme represen-

tado na imagem acima. Se pretenderem podem ainda

colocar um top coat que ajuda a secar o verniz, dar

brilho e aumenta a durabilidade deste. De acordo com

o gosto de cada um de vós podem adequar as cores

conforme desejarem e não se restringirem somente

a este exemplo.

Enviem-nos as vossas propostas DIY! Na próxima

edição será seleccionada uma das ideias que nos

enviarem e apresentada na revista juntamente com

mais duas outras propostas encontradas em blogs

deste tipo de criação.

Só precisas de enviar um texto com os teus dados

(nome, cidade onde vives, endereço do blog pessoal

(opcional)), a lista de material necessária para o DIY

bem como todos os passos e fotografias before e after

do DIY e enviar para: [email protected]

Fonte:

www.love-aesthetics.blogspot.pt

www.girlalamode.co.uk

A segunda ideia vai-vos deixar ainda mais entu-

siasmados, isto porque, a caixa de jóias é ainda mais

simples de obter: apenas é necessária uma caixa de

bombons transparente e retirar toda e qualquer publi-

cidade que venha a envolver o objecto. Podem utilizá-la

conforme o exemplo que mostramos no artigo, para

guardar acessórios/jóias ou então, podem-lhe dar

qualquer outra finalidade!

Este mês trazemos ainda uma outra proposta para

vocês: um half moon nail DIY! Foi-nos apresentado pela

blogger Girl a la mode e achamos interessante divulgar

a ideia que ela nos proporcionou. Novamente simples

de obter, são apenas necessários dois vernizes (preto

e bege) e um top coat.

20 – 21 | rtro

Page 22: rtro 19

Desmaquilhantes de Olhos

Tal como a nossa pele, também os nossos olhos precisam de cuidados, principalmente se temos problemas de visão, em que qualquer tipo de agressão externa possa provocar desconforto ou até uma reacção alérgica.

Para quem usa maquilhagem no dia-a-dia, é de ter em conta que, tal como temos cuidado a escolher os produtos que quere-mos utilizar para nos maquilharmos, também devemos ter esse mesmo cuidado aquando da escolha de produtos para remo-ver a maquilhagem.

Existem inúmeros produtos para remover maquilhagem da pele toda, desde géis, sprays e até mesmo toalhitas desmaqui-lhantes, no entanto é muito importante ter também uma gama de produtos para desmaquilhar os olhos, já que a pele que os rodeia, bem como as pestanas, são zonas bastante sensíveis e de alto risco de criar alergias devido à maquilhagem.

No meu dia-a-dia, uso sempre um desmaquilhante de olhos líquido, aplicando-o com um algodão e massajando suavemen-te até a maquilhagem sair. Neste momento estou a usar o da Bioten, que podem encontrar à venda em qualquer supermerca-do. No entanto, já utilizei também desmaquilhantes específicos para remover maquilhagem à prova de água, já que esta é mais ‘’persistente’’.

Apresento aqui diversos produtos à minha escolha, que podem encontrar em lojas das grandes superfícies, farmácias e em supermercados.

por Beatriz Subtil

Page 23: rtro 19

22 – 23 | rtro

Page 24: rtro 19
Page 25: rtro 19

por Patrícia Silvério

Elisabete Morais

Jovens talentos

24 – 25 | rtro

Page 26: rtro 19

Como é que surgiu a paixão pela fotografia?

Na minha infância nunca tive muito contacto com fotógrafos profissionais ou câma-ras profissionais, no entanto, passava muito tempo a folhear o álbum de família, cada retrato, cada momento fazia-me viajar no tempo e sentir a necessidade de continuar o processo e ser eu a fotógrafa. Com uma pequena máquina fotográfica de bolso Kodak Ektra, que os meus pais compraram quando namoravam, fui fotografando os momentos familiares, com amigos etc. até tornar-se num vício e o meu pai oferecer-me a primeira máquina fotográfica de 35mm. Mais tarde, entro em Artes no secundário e fico mais sensível em relação à estética, composição, enquadramento, a fotografia começa a ser vista de uma forma diferente, do registo dos momentos familiares e com os amigos, passei a fotografar quase diariamente (já com uma pequena máquina digital) e a usar a fotografia para expressar os dramas de teenager, muitos auto-retratos, muitos por-menores e registos do quotidiano, sempre com um carácter bastante pessoal.

O que é que procuras na fotografia?

Continuo a procurar o que procurava com 15 anos, expressar o que sinto, mas agora com 23 anos o que sinto é diferente, sou sensível a outras questões, que não dizem só respeito ao meu "eu" mas ao que me rodeia. Essencialmente procuro libertar fantas-mas e fantasias inspirados no meu dia-a-dia, no que me é próximo.

O teu trabalho concentra-se muito na captação de momentos, retratos, objec-tos, paisagens... Mas na tua fotografia é constante ver que captas imenso as emoções Humanas? O que é que mais gostas de fotografar?

Sim é verdade, principalmente nos meus últimos trabalhos das "foto-histórias" há sempre um lado metafórico para expressar determinadas emoções. O retrato da mulher de branco, com as pétalas a cair da mão, serve como presságio para o que vai acon-tecer, embora a sua expressão facial não seja muito reveladora. O que mais me alicia na fotografia é essa capacidade de "contar histórias", de fazer com que por momentos alguém entre num mundo diferente, num mundo que fala de nós através de metáforas.

Elisabete Morais apaixonou-se por fotografia desde muito cedo. Licenciada em Tecnologias da Comunicação e com o mestrado em fase final, Elisabete Morais é uma entusiasta da Fotografia e Vídeo Documental. Na fotografia, ela explora as emoções humanas, procura libertar fantasmas e fantasias inspiradas no seu quotidiano.

Jovens talentos

Page 27: rtro 19

26 – 27 | rtro

Page 28: rtro 19

Jovens talentos

Page 29: rtro 19

Licenciaste-te em Tecnologias da Comunicação, em Aveiro. E actualmente encontras-te a frequentar um Mestrado? Tens alguns projectos em mente?

Neste momento estou a terminar o mestrado, em Outubro entrego o ensaio fotográfico e vou expor o meu projecto na Galeria Geraldes da Silva no Porto). Pretendo continuar com as minhas "foto-histórias" e mais tarde reuni-las em livro. Tenho também traba-lhado com alguns músicos de Castelo de Paiva na realização de vídeoclipes (http://www.facebook.com/IrmaosBrothers e http://www.facebook.com/auraportugal) e no registo de alguns movimentos artísticos underground e espontâneos, sem fins lucra-tivos; pretendo continuar inserida neste tipo de projectos e ajudar a promover, ao que nós chamamos de "cena paivense".

Onde podemos encontrar o teu trabalho?

As fotografias mais pessoais podem encontrá-las no meu blog: http://mariabaunilha.blogs.sapo.pt/Os outros trabalhos encontram-se neste site:http://be.net/elisabetemoraisE nas redes sociais tenho também uma página onde vou divulgando o que ando a fazer: http://www.facebook.com/elisabetecoimbramorais

28 – 29 | rtro

Page 30: rtro 19
Page 31: rtro 19

por Helena Lopes

Jovens talentosDiana Matias

Diana Matias, apesar de ser uma jovem designer de moda, já não é um nome desconhecido na área da moda. Já há algum tempo que apresenta as suas colecções no espaço Bloom do Portugal Fashion, espaço dedica-do a jovens designers. Fomos falar um pouco com ela sobre a sua paixão, a moda, e sobre a sua última colecção.

30 – 31 | rtro

Page 32: rtro 19

Como surgiu o teu interesse pela moda?

Cresci no ambiente desta indústria. Os meus pais tinham uma fábri-ca. Produziam peças para clientes/marcas nacionais e internacionais. Desde muito cedo, nos tempos livres em que não tinha aulas, ocupava-

-me a construir vestuário para as bonecas, etc, com as sobras de tecidos. Mais tarde, quando necessário, ajudava na entrega das encomendas. Comecei a ter curiosidade em perceber como é que o processo inicia-va e decidi ir estudar design de moda.

Como é criar uma colecção? Como é que tudo começa?

O trabalho inicia com a pesquisa. Imagens, matérias, influências, expe-riências etc, juntas começam a fazer sentido e levam a conclusões. Filtro a informação. Com o decorrer da colecção, são acrescentados detalhes e são retirados aqueles que no conjunto não têm 'corpo' ou estão descon-textualizados. As peças são pensadas de forma a que, singularmente, tenham peso e que no coordenado tenham equilíbrio.

Onde procuras inspiração para as tuas colecções? Tens alguma referência?

Como referi acima, a inspiração parte, fulcralmente, de pesquisa e expe-riências. Crio uma imagem total que é desfragmentada peça a peça. Foco a diversidade de materiais nos mesmos tons da base e texturas, de forma a que cada coordenado seja composto por sobreposição de peças com diferentes 'linguagens' mas que na totalidade tenham força e um aspecto limpo em simultâneo.

É esta a base do trabalho que tenho vindo a desenvolver.

Jovens talentos

Page 33: rtro 19

32 – 33 | rtro

Page 34: rtro 19

Jovens talentos

Page 35: rtro 19

Achas que desde a tua primeira colecção, Morphology, até à última tens crescido profissionalmente?

Há uma preocupação constante de acrescentar algo de novo, nunca visto. O processo criativo é uma aprendizagem. Com o decorrer das colecções são feitas correcções e anteriores 'obstáculos' acabam por ser dissipados na estação seguinte. Há questões que não funcionam e não são repetidas, outros pormenores são repensados e no novo ambiente funcionam. Novos contactos vão surgindo e que acabam por simpli-ficar a execução.

Já há algum tempo que apresentas as tuas colecções no espaço Bloom do Portugal Fashion. Como surgiu a oportunidade?

Após conclusão do curso, criei juntamente com cinco amigos, três desig-ners de moda, um designer gráfico e um editor de moda, um colectivo:

'Wolke Bos'. Consistia numa plataforma de visibilidade. Foi criado pela necessidade de dar a conhecer o nosso trabalho num registo distinto do já existente. Entretanto, surgiu o convite por parte do Miguel Flor, coordenador do espaço Bloom para apresentar na primeira edição do projecto. A mostra acontecia em ambos os espaços. Devido a factores económicos e falta de apoios, o Wolke Bos ficou em stand-by e continuei a apresen-tar no espaço Bloom.

Nesta última edição do Portugal Fashion, ao contrário das ante-riores, apresentaste a tua colecção em Lisboa e não no Porto, como de costume. Sentiste alguma diferença?

A diferença mais significativa é a nível de imprensa. Somos menos desig-ners e a focagem no nosso trabalho é mais concentrada. Surgiram mais entrevistas e posts relacionados com o meu desfile do que em estações anteriores e a afluência de pessoas e entidades da capital, que desco-nheciam o meu trabalho, tiveram a oportunidade de aceder fisicamente.

34 – 35 | rtro

Page 36: rtro 19

Também ao contrário dos outros anos, a tua colecção foi apre-sentada no primeiro dia do Portugal Fashion e, juntamente com outros designers, abriste o evento. Como foi abrir o primeiro dia de desfiles? Sentiste alguma pressão que de outra forma não sentirias?

Apresentar no primeiro dia é uma 'vantagem'. A curiosidade de saber o que vai ser apresentado desde a season passada é notável. A dificuldade maior é a nível de timing. A diferença de dias é mínima mas o processo de execução é forçosamente avançado.

Em apenas três palavras, como descreverias a tua colecção primavera-verão 2012-2013?

Textura, clean, detalhe.

Na colecção primavera-verão 2012-2013, tal como nas anterio-res "V" e "Sacro", predominam os tons preto e branco. Porquê estas duas cores?

Foi uma opção relacionada com o conceito. A mistura de materiais e texturas foi pensada em bases preto e branco.

Como caracterizas ou visualizas a mulher que veste as tuas criações?É uma mulher descontraída, clean, singular com uma forte postura mas que aprecia pequenos/grandes detalhes.

Onde te esperas ver daqui a 10 anos?

Gostaria de voltar a estudar, noutro país, talvez. Ter um estágio para completar a minha formação e experiência. Há a constante necessidade de 'reciclagem'. Dedicar o meu tempo 100% à moda uma vez que neste momento não é possível e continuar a desenvolver a label. Apresentar numa fashion week de outro país, ter projecção e visibilidade internacionalmente. Por aí... Um dia de cada vez! ahah

Jovens talentos

Page 37: rtro 19

36 – 37 | rtro

Page 38: rtro 19
Page 39: rtro 19

Mahatma Gandhi disse um dia que há mais na vida do que aumentar a sua velocidade. Claro que o famoso pacifista não viveu para testemunhar os 38 segun-dos em que esgotaram os bilhetes para o concerto de regresso das Spice Girls, em 2007, em Londres. Nem para ver os bilhetes para assistir a Harry Potter and the Deathly Hallows Part 2 a esgotar na América, uma semana antes da estreia. Ou, mesmo em Portugal, o caso do segundo concerto em Coimbra dos U2, em que os bilhetes saíram de circulação... 4horas após serem colocados à venda. Ah: o concerto só decorreu no ano seguinte, em 2010.

É bom, não foi? Ou Uma Reflexão

sobre a Cultura da Velocidade

por Margarida Cunha

38 – 39 | rtro

Page 40: rtro 19

É bom, não foi

Page 41: rtro 19

VELOCIDADE FURIOSA

É unanimemente aceite que vivemos numa socie-dade pautada pela velocidade a vários níveis, sobretudo no que diz respeito ao consumo. Como referiu um internauta, parece que estamos sempre a ir na direcção do próximo fenómeno, prontos a deixar aquilo de que gostávamos ontem para nos agarrarmos ao que vier amanhã. Quer a produção diga respeito a bens alimen-tares, culturais ou materiais em geral, a verdade é que, tendo ganho balanço a partir da Revolução Industrial (com os avanços que as suas inovações tecnológicas permitiram), o ritmo nunca mais decresceu. De tal modo que nos vemos hoje inseridos numa realidade que privilegia o imediatismo, o agora. No seu livro The Culture of Speed: The Coming of Immediacy, John Tomlinson explica o conceito de imediatismo como tratando-se de algo pertencente ao tempo corrente ou instante, ocorrendo sem atraso ou lapso no tempo. Consequentemente, refere, assistimos à emergência de uma cultura da instantaneidade, caracterizada pela rápida distribuição de produtos, pela grande dispo-nibilidade dos mesmos e pela gratificação imediata. Não surpreende, portanto, que ainda hoje muitos jovens guiem a sua conduta pela premissa associada a James Dean, “live fast, die young”. Existe, portanto, uma percepção generalizada de que o agora prevale-ce sobre outros tempos. Esta afirmação é corroborada pelo artigo Immediacy Bias in Consumer Attitudes and

Choices over Time, da investigadora da universidade canadiana de Calgary, Katherine White. Neste, a espe-cialista defende a existência de um “immediacy bias”, ou seja, as pessoas consideram as emoções imedia-tas mais intensas do que as temporal ou socialmente distantes. Como exemplo, refere que, na percepção do público, um vídeo visto recentemente despole-ta emoções mais intensas do que um vídeo visto no passado – independentemente da ordem em que os mesmos são visualizados.

O OUTRO LADO DA RAPIDEZ

No entanto, nem tudo o que é caracterizado pelo rápido consumo e fácil absorção é consensualmen-te percebido como positivo. Foi o que descobriram os investigadores Jonah Berger e Gaël Le Mens no seu estudo publicado em 2008, How adoption speed affects the abandonment of cultural tastes. A pesqui-sa que efectuaram permitiu-lhes concluir que gostos (preferências) que tenham sido adoptados rapida-mente são abandonados com a mesma rapidez. Isto porque, explicam, as escolhas associadas ao gosto são vistas como representações simbólicas. Ora, uma vez que que as modas são interpretadas como algo negativo, as pessoas evitam que escolhas relevan-tes para a produção de identidade sejam baseadas na popularidade crescente, precisamente porque acreditam que esta será curta. Berger e Le Mens afir-

40 – 41 | rtro

Page 42: rtro 19

mam ainda que uma parte das nossas escolhas não se baseia exclusivamente nos benefícios funcionais mas no significado simbólico, o que explica precisa-mente essa conclusão: a popularidade pode tornar um determinado bem menos atractivo. Mas esta é apenas uma parte de uma moldura muito maior.

A velocidade de consumo estende-se a áreas como a alimentação, tendo-se traduzido num aumento signi-ficativo quer no número de pessoas que consomem fast food, quer na frequência com que o fazem. Esta opção, além de pouco nutritiva, produz efeitos noci-vos para a saúde. O mais recente International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) concluiu que existe uma correlação positiva entre o consumo infan-til de fast food e fragilidades como a asma e eczemas.

Em áreas como o trabalho, a pressão constante em ser cada vez mais produtivo em cada vez menos tempo conduz a uma mão-de-obra stressada – tradu-zindo-se muitas vezes num fenómeno célebre pelo seu termo americano “burn out”, definido pela Psicologia como exaustão prolongada.

Numa cultura tão avançada tecnologicamente – em que as ferramentas de que dispomos foram alegadamen-te criadas para facilitar o processo de comunicação – há quem considere que o resultado final é precisamente o contrário. No seu artigo de 2010, Social Communication in a Technology-Driven Society: A Philosophical Exploration of Factor-Impacts and Consequences, Donovan A.

É bom, não foi

Page 43: rtro 19

42 – 43 | rtro

Page 44: rtro 19

É bom, não foi

Page 45: rtro 19

44 – 45 | rtro

Page 46: rtro 19

McFarlan refere que os serviços de mensagens de texto e de mensagens instantâneas, disponibilizados pelos computadores pessoais e pelos telemóveis, contribuí-ram para uma comunicação ineficaz. A sua premissa é fundamentada em novos jargões e maneiras de falar que daí emergiram, os quais considera que afectam a língua inglesa. Tal sucede porque, como explica, a tecnologia veio colocar a tónica da comunicação na valorização da rapidez, isto é, privilegiando a gratificação imediata e até a impaciência – o que, por conseguinte, nos torna menos pacientes perante mecanismos de comunicar menos imediatos.

DEMASIADO RÁPIDO?

Atentemos nos smartphones. A integração de diferentes funções (email, instant messaging, câmara fotográfica, telefone, etc) nos dispositivos móveis não cumpre um propósito meramente exibicionista, mas também a possibilidade de executar diferentes tarefas mais rapidamente. O próprio editor de texto, à medida que escrevo, propõe-me sugestões de pala-vras, em função das iniciais que digito. Também a popularidade crescente das redes sociais atesta a nossa preferência pelo agora, na medida em que se alimentam de “informação” fragmentada em peque-nas doses e em constante actualização. E o que dizer dos artistas da cultura pop contemporânea, cujos singles nascem, vivem e morrem em semanas? Não

É bom, não foi

Page 47: rtro 19

precisamos de ir longe. Pensemos nas plataformas e aplicações de que usufruímos diariamente. Quantos de nós lêem os termos e condições de uso? “I accept”, dois vocábulos que sintetizam uma atitude que privi-legia a velocidade em detrimento da compreensão dos nossos direitos e deveres.

À nossa volta acontece tudo tão rapidamente que a informação nunca chega a sê-lo, pois não há maneira de processar de forma tão célere todos os dados a que somos expostos. Num mundo em que temos acesso a tudo, muitas vezes acabamos por não saber nada.

O tempo ascende a um estatuto quase religioso. Rentabilizamo-lo para fazermos mais. Mas a execu-ção de múltiplas tarefas – ainda que possa traduzir-se em numerosas acções – traduzir-se-á necessariamen-te em resultados? Ou em progresso? Estará na altura de abrandar, como defende o movimento Slow, cele-brizado por Carl Honoré?

Retomando a citação inicial, Ghandi afirmou que há mais na vida do que aumentar a sua velocidade. Talvez haja. Só precisamos de tempo para saber o quê.

46 – 47 | rtro

Page 48: rtro 19

É bom, não foi

Page 49: rtro 19

48 – 49 | rtro

Page 50: rtro 19
Page 51: rtro 19

Quem viu o filme Louca por Compras (Confessions of a Shopaholic) sabe que há uma cena em que, mal as portas de uma loja em saldos abrem, um rebanho de mulheres histéricas e dispostas a matar invade o espaço, agarrando-se a todas as peças de roupa e acessórios que lhes despertam interesse. Apesar de se tratar de uma obra de ficção, não fica muito longe do lançamento da colecção de roupa desenhada por Karl Lagerfeld para a H&M. Concebida para durar algumas semanas, a linha praticamente esgotou no primeiro dia. É apenas um entre muitos exemplos que poderiam ser citados para ilustrar a febre pela fast fashion.

Peguei, usei e meti-te no

cestoOu

o fenómeno da

Fast Fashion

por Margarida Cunha

50 – 51 | rtro

Page 52: rtro 19

NEED FOR SPEED

Segundo Mersiha Memic e Frida N. Minhas, no seu artigo The fast fashion phenomenon, esta consiste numa forma de produ-ção e consumo nascida no final dos anos 70 e início dos anos 80, como resposta dos produtores americanos de vestuário e acessórios à competição dos rivais vindos de leste e de outros países que praticavam preços baixos. Há quem refira ainda que tudo começa nos anos 60, com as grandes casas a iniciarem-se nas suas colecções de pronto-a-vestir. A fast fashion caracteri-za-se, assim, por uma rápida produção de artigos a baixo custo, de forma a acompanhar, quase em tempo real, o ciclo de vida das tendências – ou, como disse Oona McSweeney, represen-tante da empresa de previsão de tendências Stylesight, “It's see it now, buy it now, wear it now”. O objectivo é, claro, obter vantagem competitiva sobre a concorrência. Este fenómeno só é possível graças à insaciável sede de consumo dos poten-ciais clientes e às elaboradas campanhas de comunicação das marcas – sustentadas pelo patrocínio de celebridades e pela compra de espaço publicitário em revistas de Moda de renome, tais como Vogue e Elle.

Na verdade, a fast fashion distingue-se da concepção tradicio-nal de Moda essencialmente através do factor tempo. Opta-se por criar mais linhas com um ciclo de vida mais curto. Marcas como a H&M e a Primark podem lançar novas colecções a cada 4 ou 8 semanas – a cadeia espanhola Zara pode chegar às 20 tempo-radas por ano. De facto, nas fábricas os prazos de entrega dos artigos passou, em alguns casos, de 90 para 60 (e às vezes 45) dias. Rompe-se, assim, com a calendarização típica das colecções em duas temporadas (Primavera/Verão e Outono/Inverno). Não surpreende, portanto, que emerjam as resort e capsule collections.

Fast fashion

Page 53: rtro 19

52 – 53 | rtro

Page 54: rtro 19

O REVERSO DA ETIQUETA

Se, para os consumidores, a Moda rápida se torna no paraí-so do vestuário e acessórios, para os designers a realidade opera de forma diferente. Donatella Versace, por exemplo, já afirmou que as linhas nascidas das colaborações entre desig-ners reputados e as cadeias de pronto-a-vestir beneficiam mais estas últimas do que os estilistas. Já Eugene Rabkin – editor-

-chefe da revista StyleZeitgeist – escreveu, num editorial para o site The Business of Fashion, que para marcas como a Target e a H&M o sucesso das colecções é obtido essencialmente ao nível da exposição mediática, visto que o seu contributo para o volume global de vendas é muito reduzido. Rabkin refere, assim, que a visibilidade que estas linhas geram corresponde a milhões investidos em publicidade, conduzindo as pesso-as às lojas.

O ritmo cada vez mais frenético da procura (e, consequen-temente, da oferta) reflecte-se ainda numa área para muitos sagrada: a qualidade dos produtos. Nomes proeminentes como Diane Von Furstenberg ou Miuccia Prada já vieram a público manifestar o seu desagrado, tendo mesmo afirmado, respec-tivamente, que a fast fashion é excessiva e que os produtos resultantes das colaborações são cópias baratas. Rabkin também problematiza as consequências deste padrão de consumo para a Moda em geral, realçando aspectos como a filosofia de produ-ção, antigamente apoiada na sensibilidade estética e na atenção ao detalhe. Aborda também a questão do gosto, que não pode ser medido pela aquisição de peças, mas pela experiência, pelo esforço e pelo conhecimento.

Não poderiam ainda deixar de ser abordadas as facetas ambiental e humana da fast fashion. Em Novembro do ano passado, o site de especialidade Fashionista publicou um artigo acerca do impacto negativo deste fenómeno na Natureza – na sequência da divulgação, por parte da Greenpeace, do relató-rio Toxic Threads: The Big Fashion Stitch-Up. Neste pode ler-se que testes efectuados em 141 peças de vestuário provenientes

Fast fashion

Page 55: rtro 19

54 – 55 | rtro

Page 56: rtro 19

de 20 marcas demonstraram que qualquer uma destas conti-nha vestígios de químicos nocivos. A destacarem-se como as piores surgiam Calvin Klein, em que 88% das peças apre-sentavam químicos perigosos, Levi's, com 82%, e Zara, com 70%. Dados que coincidem com as descobertas de Elizabeth Cline, autora do livro Overdressed: The Shockingly High Cost of Cheap Fashion. Numa incursão ao Bangladesh, a jornalis-ta assistiu a despejos massivos de corantes de vestuário em valas e lagoas. Já na China, refere que a poluição do ar era de tal modo espessa, que mal conseguia fotografar o que quer que estivesse um pouco para além da auto-estrada.

E o que dizer das condições de trabalho a que estão expostas diariamente milhares de pessoas? De acordo com a colunista do The Globe and Mail, Katrina Onstad, em 2011 registaram-se 2400 casos de trabalhadores que desmaiaram numa fábrica de vestu-ário e calçado no Cambodja, fruto da má ventilação do espaço e da subnutrição. Onstad acrescentou que, segundo a Cambodian Coalition for Apparel Workers, o salário mínimo naquele país ronda os 66 dólares – que não chega a metade do que é preciso para cobrir as necessidades mais elementares.

O FUTURO PELO BURACO DA AGULHA

Apesar de tudo, os consumidores parecem permanecer (mais por opção do que por ignorância) inconscientes quanto ao rumo que este ritmo de consumo poderá tomar. Comprar (sobretu-do roupa) tornou-se num desporto e numa terapia de tal modo enraizados, que dificilmente haverá recuos, quer da parte da procura, quer da oferta. Ainda assim, Elizabeth Cline, na obra citada, propõe soluções que não envolvem transacções mone-tárias. Num verdadeiro gesto de revivalismo, Cline apela... à costura. Relatando a sua própria experiência, a autora revela que as pessoas são bem mais minuciosas em relação ao seu estilo do que julgam, o que, assegura, explica em parte a nossa frustração relativamente ao que temos nos nossos armários. Os pormenores que nos desagradam (o corte, a cor, a forma

Fast fashion

Page 57: rtro 19

como assenta) podem ser contornados através da costura. A filosofia de DIY (Do It Yourself) proposta pela autora, além de traduzir-se na personalização dos objectos (tornando-nos parte da produção), reflecte uma nova atitude perante a roupa – que, desse modo, abandona o estatuto de bem descartável para se tornar num bem com potencial. Potencial para ser altera-do conforme a nossa vontade. Algo estático e aparentemente com um ciclo de vida definido passa a ser algo orgânico, reci-clável em função dos nossos desejos.

Como consequência desta opção, Cline começou a pres-tar mais atenção aos detalhes, tendo apurado a capacidade de reconhecer produtos de qualidade.

À semelhança de todas as grandes mudanças, nada será conseguido se não for precedido de uma alteração na nossa mentalidade. É preciso repensar hábitos e questionar esti-los de vida. É necessário que o que é tomado como certo seja submetido ao julgamento da dúvida. Cabe-nos a nós, consu-midores, lançar as bases para uma nova forma de olhar para o vestuário. Só assim será possível remendar o futuro. Ponto por ponto.

56 – 57 | rtro

Page 58: rtro 19

it girl

por Helena Lopes

O fenómeno

Page 59: rtro 19

É uma das poucas raparigas que pode dizer que já lançou duas colecções de roupa para a Madewell e que tem uma carteira da Mulberry em seu nome. Encontramo-la frequentemente nas listas das mais bem vestidas e na primeira fila dos desfiles de moda mais cobiçados. Aguarda o lançamento do seu livro (previsto para Setembro de 2013), onde irá abordar questões essencialmente relacionadas com moda e onde irá incluir alguns desenhos pessoais, esboços e fotografias. De quem estou a falar? Se disseram Alexa Chung, então acertaram.

A modelo britânica tem um estilo inigualável e mistura o estilo masculino com o feminino de uma maneira que mais ninguém consegue. E são duas realidades tão opostas e distintas que se torna difí-cil de acreditar. Para os mais desconfiados temos os três prémios que ganhou em três anos seguidos nos British Fashion Awards como confirmação de que o seu estilo é admirado e respeitado por todos. Os prémios foram nada mais, nada menos que o British Style Award, prémio atribuído a um ícone de estilo que capte na perfeição o estilo britânico, e a Alexa fá-lo como ninguém.

O seu estilo é genuíno e talvez por esta razão lhe tenham dado o título de “it girl”. Talvez por esta razão o The New York Times a tenha considerado “a Kate Moss da nova geração”. Talvez por esta razão Karl Lagerfeld, que é apenas o designer de moda mais influente de todo o mundo, a tenha caracterizado como “bonita, inteligente e uma mulher moderna”. Talvez por esta razão, Anna Wintour, que é apenas uma das mulheres mais poderosas no mundo da moda, a tenha considerado “o fenómeno”. Talvez por esta e muitas outras razões a Alexa seja admirada em todo o mundo e se tenha tornado um ícone de estilo para toda uma geração.

58 – 59 | rtro

Page 60: rtro 19
Page 61: rtro 19

it boy!

from an “It Family”!

por Pedro Resende

Depois de It Boys duradouros terem sido referi-dos nas páginas da RTRO, é a vez de um que só agora dá as primeiras pisadas no mundo da moda, mas que nem por isso perde o factor “IT”. Com nome de perso-nagem da ficção de Shakespeare, o filho Romeo de Victoria e David Beckham protagoniza agora a nova campanha da Burberry, junto de nomes como Edie Campbell e Cara Delevingne e fotografado pelo It Boy da última edição, Mario Testino.

De uma família conhecida também pela sua presença no mundo da moda (evolutiva, é certo) e com uma mãe designer de moda desde há já alguns anos, Romeo aparece agora na sua primeira campa-nha publicitária. Um lançamento perfeito para uma das marcas mais icónicas do panorama britânico.

Agora, o nome de Romeo parece aparecer nas mais diversas fontes direccionadas para a moda e as imagens que correrão o mundo (sendo que a campa-nha ainda não foi lançada oficialmente) parecem

prever um futuro risonho para a criança de 10 anos. Criança? Sim… e este é um factor condicionante na possível carreira de Romeo. Sobre uma possível apari-ção na edição britânica da revista Vogue, para muitos o passo seguinte na carreira de Romeo, a editora da publicação Alexandra Schulman explica que tal será, até ver, impossível. Mantendo presente o pacto que diversas publicações Condé Nast fizeram, Schulman relembra que o Health Initiative prevê que apenas maiores de 16 anos figurem nas páginas das várias revistas Vogue presentes mundo fora.

Não em Vogue mas em Burberry, o que é certo é que Romeo caiu nas boas graças do director da campa-nha, o próprio Christopher Bailey, e de todos quantos estiveram presentes na sessão fotográfica cujos resul-tados estarão disponíveis em breve. Um IT boy para o futuro, iniciado por Mario Testino, filho de uma IT FAMILY onde os protagonistas continuam a ser David e Victoria Beckham!

60 – 61 | rtro

Page 62: rtro 19

It boy

Page 63: rtro 19

Burberry Prorsum Spring 2013 Campaign, by Mario Testino

62 – 63 | rtro

Page 64: rtro 19
Page 65: rtro 19

por Mónica Dias

Smells like…

Le Parfum by Elie Saab

"Uma ode à luz" que "celebra o esplen-dor e o brilho do feminismo". São estas as palavras que a marca utiliza para descrever Le Parfum, o perfume de Elie Saab assina-do por Francis Kurkdjian, lançado em 2011. Composto por extractos de madeira e florais, inclui flores de laranjeira e jasmim que dão um toque mediterrâneo a esta criação.

O frasco de vidro, desenhado por Syvie de France, adopta o estilo barroco.

Para além do perfume, é possível também adquirir uma colecção com desodorizante, body lotion, body cream e gel de banho.

64 – 65 | rtro

Page 66: rtro 19

lEr.VEr. ouVir.por Mariana Sá

LerOs Filhos da Droga

Autor: Christiane F.

Editora: Bizâncio

Ano: 2011

Não sei bem porquê, mas só ouvi falar deste livro recente-mente. Só tinha lido “algo do género” na adolescência: “A Lua de Joana”. Na altura, marcou-me. Mas, com este livro é que me apercebi do verdadeiro drama da droga e da espi-ral descendente que lhe está associada. Não é uma chapada na cara. É um murro no estômago.

Não há como ficar indiferente a esta história, contada na 1ª pessoa por uma jovem, que aos 12 anos começou a fumar charros e aos 13 já se prostituía para conseguir pagar a sua dose diária de heroína.

Aquilo que começou como escape à vida opressora, num dos vários bairros industriais de Berlim (sem qualquer preocu-pação com a qualidade de vida), evoluiu rapidamente para uma dependência a sério. Com direito a ressaca dolorosa, caso não conseguisse a tão desejada dose de heroína.

A perspectiva da mãe de Christiane é, também, brutal. Bem reveladora da inicial negação e desespero após o confronto com a realidade, e as poucas soluções e tratamento/ acom-panhamento na altura (1977).

É um relato duro, que mostra como é fácil tudo se descon-trolar. Que há riscos que, simplesmente, não devem ser corridos, já que o resultado pode ser terrível e irreversí-vel. Certamente, não ficarão indiferentes com esta história.

Page 67: rtro 19

VerMata-os suavemente (Killing Them Softly)

Realização: Andrew Dominik

Elenco:Brad Pitt, James Gandolfini

Ano: 2012

Género: Drama/ Thriller/ Crime

“Mata-os suavemente” é um filme estranho. Aliás, Brad Pitt tem tido o condão de escolher projectos bem curiosos, ulti-mamente. É melhor nem falar no anúncio da Channel nº5 (material fantástico para humoristas). Mas o que torna o filme estranho, não é o enredo. São os diálogos parale-los entre Brad Pitt (Jackie) e James Gandolfini (Mickey). Autênticos interlúdios, bem surreais, entre aquilo que verda-deiramente interessa. Ao longo do filme, também vamos levando com uma crítica ao estado da economia america-na e as promessas de recuperação de Barack Obama (em plena campanha para o primeiro mandato).

Quanto ao enredo, basicamente, três espertos decidem dar um golpe “genial” no esquema de jogos ilegal da máfia, que supostamente levaria a que as culpas caíssem noutro colo. Mas, não poderia ser assim tão simples.

Nessa altura, Jackie Cogan (Pitt) é contratado para “resol-ver” o mistério. Descobrir os ladrões, tratar-lhes da saúde e acabar com as pontas soltas.

Como Jackie é um gajo simpático e gosta de fazer o jeito às pessoas, vai tratar de tudo. Resta saber como é que tudo é resolvido, e como um assassino no século XXI lida com a burocracia.

OuvirAzari & III – Azari & III (2012)

Produtorres: Dinamo Azari e Alixander III

Editora: Loose Lips, Island

Ano: 2012

Género: house, electronic.

Os DJs estão cada vez mais na moda, e 2012 foi o ano da música de dança. Ainda que uma boa parte das músicas produzidas, mais comercial, não fosse mais que uma produ-ção manhosa, seguindo um formato repetido até à exaustão.

Não é este o caso. Os Azari & III lançaram o primeiro álbum este ano, ainda que já trabalhassem juntos desde 2008. São eles: Christian Farley (Azari), Alphonse Lanza III (III), Cédric Gasaida (Starving Yet Full) e Fritz Helder. Os dois primeiros são DJs e produtores, enquanto os outros dois assumem o papel de vocalistas e entertainers. E são a combi-nação perfeita. Cédric com uma voz incrivelmente melo-diosa e Fritz com uma voz dura e imperiosa. Os dois preen-chem as batidas e melodias dinâmicas, inspiradas nos anos 80, que se infiltram no nosso corpo e nos obrigam a mexer.

Os primeiros singles do grupo “Hungry for the Power” e “Reckless with your love” (sobre a era da promiscuidade) atraíram a atenção de Tiga. Mais DJs se seguiram, como Nicolas Jaar ou Jamie Jones, tendo saído várias mixagens das músicas destes canadianos.

Vale a pena a escuta. Mesmo que não seja o vosso género habitual. Comecem logo pela “Manic”, para perceberem o poder de uma combinação perfeita entre instrumental/batida, letra e vocais. Sigam a dica. Difícil, vai ser difícil resistir a clicar no “repeat”.

66 – 67 | rtro

Page 68: rtro 19

vspor Ana Rodriguestoroseparade.blogspot.com

12

3

4

Chic

Wishlist 1Jil Sander, aprox. 715€

2Marni, aprox. 1095€

3Alexander Wang, aprox. 270€

4Phillip Lim, aprox. 610€

Page 69: rtro 19

vs1

2

3

4

Cheap!

1Topshop, aprox. 72€

2Zara, aprox. 30€

4Topshop, aprox. 55€

3Monki, aprox. 40€

68 – 69 | rtro

Page 70: rtro 19