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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESPÍRITO SANTO
Promotoria de Justiça de Ecoporanga
Rua Noêmia Martins, 26, Centro – 29.850-000 – Ecoporanga -ES Tel: 27.3755.1135
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA
COMARCA DE ECOPORANGA/ES.
Inquérito Civil: 2015.0023.2742-67 (IC 004/2016)
PEDIDO DE MEDIDA DE URGÊNCIA
PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, por intermédio do Promotor de Justiça com atuação na Promotoria de Justiça
de Ecoporanga, in fine assinado, com fundamento no art. 129, II e III, art. 1º, III da Carta
da República de 1988, c/c art. 1º, IV da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 (Lei de Ação
Civil Pública), vem propor a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE LIMINARES
em face do MUNICÍPIO DE ECOPORANGA, pessoa jurídica
de direito público, representada pelo Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal ELIAS
DAL COL, pelos fatos e fundamentos adiante expostos:
1 . D O S F A T O S :
Conforme apurado em Inquérito Civil n. 2015.0023.2742-67 (IC
04/2016) instaurado pela Promotoria de Justiça de Ecoporanga ao longo de muitos anos
foram surgindo em Ecoporanga parcelamentos ilegais do solo. Apurou-se que atualmente
existem de 40 loteamentos clandestinos sendo os seguintes: Homero Amante, Portal de
Ecoporanga, Walter Nardacci Figueiredo (2), Vista Alta dos Pinheiros, Primavera,
Invasão, Vale Encantado, Jardim Paulista, Argentino Leandro da Silva, João Antônio
Teixeira, Angélica Palácio Dal Col, Jorge Antônio de Souza, Amélia Guilhermina de
Almeida, Ecoville, Camilo, Geraldo Zortea, Caversan, Délio Rodrigues Correa, Faria
Amante, Temponi, Olívia Caldeira, Benedita Monteiro (Prefeitura Municipal de
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Ecoporanga), Campo de Aviação (Prefeitura Municipal de Ecoporanga), Jones Natanael
Alves, Programa Habitar Brasil, Rua Curitiba, Bela Vista (Prefeitura Municipal de
Ecoporanga), Palmeira, Ailton Baeta, Carlito Coimbra, Alvorada (Prohab), Geraldino
Pinheiro dos Santos, Vista Bela, Jovino Petronil, Carlos Geicimar Caldeira, Imperador,
Jardim de Aroma e Parque dos Pássaros, 4 Esteios.
A descrição da infraestrutura existente nos loteamentos acima
descritos está contida nos anexos ao ofício pedido pela Prefeitura de Ecoporanga -
GAB21/2015 - às fls. 06/11. Porém, não se tem informações pormenorizadas como se o
loteamento está inserido em área rural, em área não edificável ou de preservação
permanente, se há registro imobiliário, dentre outros, em que pese o empenho do
Ministério Público em efetuar o presente levantamento junto ao município.
Por outro, lado, por recomendação do Ministério Público, a
Prefeitura de Ecoporanga procedeu à notificação para realização de intervenções dos
loteamentos às seguintes pessoas:
1. Kleberson Leandro da Silva – Loteamento 4 Esteios;
2. Geni Faria Amante – Loteamento Homero Amante e no
Bairro Benedita Monteiro;
3. Maria Odília Baeta – Loteamento do portal de Ecoporanga;
4. Marcos Antônio Figueiredo – Loteamento Walter Nardaci
Figueiredo e na Rua Governador Valadares - Centro;
5. Raustange Alves Rodrigues – Loteamento Primavera;
6. Argentino Leandro da Silva – Loteamento próximo ao rio
Dois de Setembro;
7. Jorge Antônio de Souza – Loteamento Antônio Lopes
Neto;
8. Elias Camilo dos Santos – Loteamento no Bairro Benedita
Monteiro;
9. Geraldo Zorteá – Loteamento na saída para o distrito de
Joassuba;
10. Dalva de Oliveira Carvesan – Loteamento próximo a
Clínica Santa Paula;
11. Eurípedes Pereira de Moraes – Loteamento Imperador;
12. Ilson Lopes Cansado – Loteamento Jardim de Aroma;
13. Jovino Petronil – Loteamento saída para o distrito de
Imburana, Bairro Santa Mônica;
14. David Pereira – Loteamento no distrito de Imburana;
Verificou que estão sob a responsabilidade do município de
Ecoporanga os loteamentos:
1. Invasão – Bairro Santa Mônica;
2. Bela Vista – Bairro Vila Nova;
3. Angélica Palácio Dal Col – Parque de Exposição e Bairro
Vila Nova;
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4. PME (ao lado do campo de aviação) – Bairro Vila Nova;
5. Programa Habitar Brasil – Bairro Santa Mônica;
6. PME – Bairro Vila Nova.
Contudo, parcelamentos desse tipo não possuem equipamentos de
bem-estar e obras básicas adequadas de infraestrutura, como aquelas destinadas ao
adequado escoamento das águas pluviais, esgotamento sanitário, coleta de lixo,
abastecimento de água potável, iluminação pública, energia elétrica pública e domiciliar,
vias de circulação e áreas públicas (verde e institucional) corretamente projetadas.
Nos dizeres de Cláudia Maria Beré, em artigo que publicou na
revista Temas de Direito Urbanístico nº. 4, Imprensa Oficial, 2005, pág. 215, nos
parcelamentos ilegais do solo a população vive sem segurança na posse, seja pela
impossibilidade de registrar seus títulos ou, pior, por haver comprado seus lotes de quem
não era dono. Vive, igualmente, em condições urbanísticas precárias, em locais
impróprios para o parcelamento, por vezes distantes dos centros urbanos (zona rural), por
vezes em locais que acarretam risco à saúde (terrenos aterrados com lixo) ou à
incolumidade física (áreas com risco de inundações e deslizamentos). Muitas vezes não
foram executadas as obras de infraestrutura e os locais não possuem os serviços urbanos
básicos, como água, esgoto, luz. Não há equipamentos públicos próximos, tais como
creches, escolas, postos de saúde. Não há transporte coletivo nas proximidades. A
ilegalidade dos parcelamentos do solo desenha um quadro de exclusão social que precisa
ser revertido.
A infração, praticada por alguns, é reiteradamente copiada por
outros, proliferando-se os loteamentos clandestinos. Inúmeras pessoas acabam residindo
em áreas rurais, gerando esgoto, lixo, demandando outros serviços públicos, mas com
construções não aprovadas, sem recolhimento dos impostos incidentes (INSS da obra,
IPTU etc) e em total desrespeito ao Plano Diretor.
Os prejuízos afetam o desenvolvimento de toda a cidade,
envolvendo questões urbanísticas e ambientais (danos à flora, fauna, recursos hídricos,
contaminações do solo etc). Os ônus acabam suportados pela comunidade, em especial
pelos que respeitam a legislação.
Situações de ilegalidade desse tipo de parcelamentos do solo
somente ensejam uma de duas possíveis soluções: ou se regulariza o parcelamento, após
o cumprimento de todas as exigências legais (inclusive aquelas que determinam o
cumprimento de padrões urbanísticos, a realização de obras, etc.), ou, em sendo inviável
tal regularização, procede-se ao seu desfazimento, tanto no aspecto fático, fazendo o
imóvel retornar às suas características originais, quanto no aspecto jurídico.
Tais ações se incluem dentre as obrigações do poder público
municipal descritas na Lei de Parcelamento do Solo Urbano, Estatuto da Cidade, Plano
Diretor Municipal, que possui o poder de polícia para tanto, o que não foi atendido pelo
município de Ecoporanga.
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A Municipalidade, além de se omitir quanto ao dever de
fiscalização quando da implantação dos loteamentos e ainda pelo fato de não executar as
ditas obras e serviços, também não compeliu os responsáveis a realizá-las, consoante
prescrito na Lei de parcelamento do solo urbano.
Embora o Município de Ecoporanga tenha notificado os
responsáveis pelos loteamentos, não adotou qualquer outra medida para resolver a
questão. Repita-se, não impediu que os lotes fossem comercializados antes da aprovação
do projeto e registro e, mesmo depois de consolidada a situação, não promoveu sua
regularização como determina a lei.
Assim, em face da flagrante omissão do poder público municipal
em fiscalizar e regularizar o parcelamento do solo de Ecoporanga e até mesmo em
fornecer dados relacionado a este, é a presente demanda para que este proceda ao seu
levantamento, use o poder de polícia para compelir os loteadores para regularizar os
loteamentos existentes, desfaça-os, não sendo possível a regularização ou, caso
impossíveis tais medidas, que pratique todos os atos necessários para a oferta da
infraestrutura legal destes.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS
ILEGALIDADE DO PARCELAMENTO DO SOLO –
INFRAÇÃO À ORDEM URBANÍSTICA
Com o propósito de disciplinar o uso do solo urbano, assim
garantindo condições satisfatórias de habitação à população urbana, com respeito ao meio
ambiente urbano e natural, editou-se a Lei nº. 6.766, de 19 de dezembro de 1979.
Este diploma, em seu artigo 2º., definiu loteamento para fins
urbanos como sendo toda a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com
abertura de novas vias de circulação, modificação ou ampliação das vias existentes.
Ainda, definiu desmembramento com o mesmo teor, mas com a diferença de não haver
abertura de novas vias de circulação, ou seja, quando houver integral aproveitamento do
sistema viário existente.
Ali também estão consignados os requisitos mínimos para que
qualquer parcelamento seja aprovado, registrado e executado, tais como medidas mínimas
dos lotes, reserva de áreas públicas, obrigatoriedade de obras mínimas de infraestrutura
urbana etc., requisitos esses que sempre devem ser analisados em conjunto com a
legislação de cada município.
Prestigiando a necessidade de licença oficial, a Lei 6.766/79 proíbe
que o parcelamento se inicie sem a autorização dos órgãos públicos (arts. 12 e 13). E essa
norma, que submete o parcelamento à aprovação e ao registro, é de ordem pública, motivo
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pelo qual seu descumprimento importa grave ofensa à comunidade, a ponto de configurar
delito contra a Administração Pública (art. 50, I, e par. único, I), de natureza formal,
caracterizado pela simples potencialidade de dano, perigo esse abstrato e presumido pela
lei com a mera prática da conduta incriminada (cf. RUY ROSADO DE AGUIAR JÚNIOR,
“Normas penais sobre o parcelamento do solo urbano”, “in” “Direito do Urbanismo -
Uma Visão Sócio-Jurídica”, coordenação de Álvaro Pessoa, IBAM/SP, 1981, págs. 212
e 214; JORGE MEDEIROS DA SILVA, “Direito Penal Especial”, Ed. Revista dos
Tribunais, 1981, pág. 68; ARNALDO RIZZARDO, “Promessa de Compra e Venda e
Parcelamento do Solo Urbano”, Ed. Revista dos Tribunais, 1983, 2ª ed., pág. 170; RT
637/243).
Em verdade, a modificação ou a criação de áreas urbanas é, por
natureza, uma função pública, atribuída, essencialmente, ao Município.
Por essa razão, o parcelador, demonstrando ser dono do imóvel a
ser parcelado, antes de iniciar o empreendimento, deve submetê-lo à aprovação do Poder
Público, ao qual cabe subordiná-lo à satisfação dos padrões de desenvolvimento urbano
definidos pela legislação, dentre os quais figuram, no mínimo, os indicados na Lei
6.766/79 (art. 4º, I a IV e §§) e no Plano Diretor (Lei Municipal nº. 1.235, de 2006).
Em última análise, o sistema instituído por esse diploma está
impregnado pela ideia de que o parcelamento do solo, por se assentar na exploração do
domínio, deve subordinar-se, como aquele direito, à sua função social.
Bem a propósito, comentando a noção de propriedade que anima a
atual Constituição, JOSÉ AFONSO DA SILVA salienta que “o constituinte desejou
inserir, na estrutura mesma da concepção e do conceito de propriedade, um elemento de
transformação positiva que a ponha ao serviço do desenvolvimento social (...), de tal
sorte que a propriedade não se concebe senão como função social” (cf. “Curso de Direito
Constitucional Positivo”, 8ª ed., Malheiros Editores, 1992, pág. 247).
Em harmonia com esse princípio (que constitui o fundamento da
atribuição, do reconhecimento e da garantia da propriedade), a supremacia geral que o
Estado exerce em seu território sobre todas as pessoas, bens e atividades habilita-o a
múltiplas modalidades de intervenção, como as que se contêm no poder de polícia. Deste
derivam aquelas limitações de ordem pública para o uso das faculdades inerentes ao
domínio e para o exercício das atividades econômicas, que se condicionam, portanto, à
satisfação das necessidades vitais da coletividade (cf. JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Curso
de Direito Constitucional Positivo”, págs. 246 e 256; HELY LOPES MEIRELLES,
“Direito Administrativo Brasileiro”, 17ª ed., Malheiros Editores, 1992, págs. 117-119 e
537-540).
A desordenada ocupação do solo, resultante da não-observância às
normas urbanísticas, conduz:
a) à proliferação de habitações edificadas sem critérios técnicos
(insegurança);
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b) ao surgimento de focos de degradação do ambiente e da saúde
(despejo de resíduos domésticos em cursos d'água, córregos, ruas, disposição de lixo a
céu aberto, desmatamento, comprometimento de áreas de mananciais com perda da
qualidade e redução da quantidade de água - insalubridade);
c) ao adensamento populacional desprovido de equipamentos
urbanos e comunitários definidos em lei (art. 4º, § 2º e art. 5º, parágrafo único, Lei
6.766/79) e incompatível com o meio físico (má localização), gerando o crescimento
caótico da cidade;
d) à marginalização dos seus habitantes com o incremento das
desigualdades sociais e reflexos na segurança da população.
A obediência ou a ofensa aos padrões urbanísticos
necessariamente projeta seus efeitos por toda a parte, alcançando indiscriminadamente
quem more ou, eventualmente, transite pela cidade. Está em causa a defesa de condições
adequadas para a vida coletiva (HELY LOPES MEIRELLES, Direito de Construir, 4ª
edição, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1983, p. 91), instaurando-se entre os
possíveis interessados "tão firme união que a satisfação de um só implica de modo
necessário a satisfação de todos; e, reciprocamente, a lesão de um só constitui, ipso facto,
lesão da inteira coletividade" (JOSÉ CARLOS BARBOSA MOREIRA, Temas de
Direito Processual, 3ª série, Ed. Saraiva, São Paulo, p. 195).
RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO PELA
REGULARIZAÇÃO DOS LOTEAMENTOS
Objetivando o conforto e a estética da cidade e a defesa da saúde e
da recreação dos munícipes, a infraestrutura exigida de loteamentos urbanos assenta-se
em considerações de ordem pública. Por opção política, expressa na legislação de
regência, as prestações impostas ao loteador - continentes do dever de executar obras e
serviços de interesse social -, são necessárias ao bem-estar da coletividade urbana. A
omissão do empresário não torna essas atividades menos necessária - longe disso: apenas
justifica a intervenção saneadora do Poder Público, voltada à realização de tais trabalhos,
por ele mesmo eleitos como indispensáveis ao bem comum.
Aliás, nos estudos contemporâneos de Direito Urbanístico é firme
a tendência de superar a tradicional concepção de que haveria, nesse caso, simples
exercício de faculdade derivada do domínio, para qualificar a modificação ou a criação
de áreas urbanas como uma função pública, atribuída, essencialmente, ao Município. Por
isso se sustenta, na doutrina, que o particular, quando realiza um loteamento urbano e
nele executa obras e serviços de infraestrutura, está, em verdade, "em nome próprio, no
interesse próprio e às próprias custas e riscos (...), exercendo uma atividade que pertence
ao Poder Público Municipal, qual seja a de oferecer condições de habitabilidade à
população urbana" (cf. JOSÉ AFONSO DA SILVA, "Direito Urbanístico Brasileiro",
Ed. Revista dos Tribunais, 1981, págs. 376 e 562-563; em sentido semelhante:
EDUARDO GARCÍA DE ENTERRÍA e LUCIANO PAREJO ALFONSO, "Lecciones
de Derecho Urbanistico", Editorial Civitas, Madrid, 1981, 2ª ed., págs. 113/115 e
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172/174; REGINA HELENA COSTA, "Princípios de Direito Urbanístico na
Constituição de 1988", "in" "Temas de Direito Urbanístico - 2", Editora Revista dos
Tribunais, 1991, págs. 118/127; EURICO DE ANDRADE AZEVEDO, "O Projeto de
Lei de Desenvolvimento Urbano", in "Revista do Advogado", nº 18, julho/85, págs.
36/37).
Exatamente por ser uma atividade essencialmente pública, é a
Administração Municipal quem deve realizá-la, sempre que o loteador se abstenha de
praticar a conduta a que se obrigara. O Poder Público, nessa hipótese, não estará
exercendo, em substituição, uma atividade do particular, mas cumprindo, em verdade,
função que nunca deixou de ser sua. Daí não se segue, por certo, que a omissão do loteador
tenha a virtude de exonerá-lo daquele dever, que segue sendo seu também. Se a
Municipalidade fizer as obras, é claro que deverá buscar o ressarcimento junto ao
empresário, cujo patrimônio a lei onera com esses custos urbanísticos, como contrapartida
da mais-valia que lhe permite alcançar com a realização do loteamento (cf. JOSÉ
AFONSO DA SILVA, "Direito Urbanístico Brasileiro", pág. 552; REGINA HELENA
COSTA, ob. cit., pág. 126). O que a Administração Municipal não pode é invocar, como
defesa, um pretenso "benefício de ordem", para livrar-se de tarefa em cujo cumprimento
encontra sua própria razão de ser.
Situação normal (que integra a fisiologia do sistema) é, portanto, a
de permanência do loteamento na comunidade. E se esta qualifica os serviços e as obras
omitidos como integrantes do seu padrão de desenvolvimento - tanto que os converteu
em norma urbanística - só resta à Municipalidade, para respeitar o interesse coletivo,
executá-los, por si mesma, ou compelir o loteador a agir. Do contrário, o preceito
urbanístico não seria imperativo nem haveria efetivo controle do uso, do parcelamento e
da ocupação do solo urbano. Em última análise, admitir que o loteamento permaneça
como está é impor à cidade a convivência com urbanização a que as normas de regência
são hostis, estimulando, assim, o império da ilegalidade.
Se não bastassem os fundamentos versados nos itens precedentes,
há norma legal, impondo ao Município o dever de agir. Estatui, a respeito, o art. 40, caput,
da Lei 6.766/79: "A Prefeitura Municipal (...), se desatendida pelo loteador a notificação,
poderá regularizar loteamento ou desmembramento não autorizado ou executado sem
observância das determinações do ato administrativo de licença, para evitar lesão aos
seus padrões de desenvolvimento urbano e na defesa dos direitos dos adquirentes de
lotes".
Na interpretação daquele preceito, não se pode dar supersticiosa
importância à expressão legal ("A Prefeitura Municipal poderá regularizar
loteamento..."). Embora o verbo poder melhor se ajuste a mera faculdade (sujeita,
portanto, ao exclusivo arbítrio de seu titular), nem sempre o legislador o emprega nesse
sentido. CARLOS MAXIMILIANO, em obra que nasceu clássica, esgotou esse tema:
"Em geral, o vocábulo pode (...) dá idéia de ser o preceito em que se encontra meramente
permissivo, ou diretório e deve (...) indica uma regra imperativa. Entretanto, estas
palavras, sobretudo as primeiras, nem sempre se entendem na acepção ordinária. Se, ao
invés do processo filológico de exegese, alguém recorre ao sistemático e ao teleológico,
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atinge, às vezes, resultado diferente: desaparece a antinomia verbal, pode assume as
proporções e o efeito de deve. Assim acontece quando um dispositivo, embora redigido
de modo que traduz, na aparência, o intuito de permitir, autorizar, possibilitar, envolve
a defesa contra males irreparáveis, a prevenção relativa a violações de direitos
adquiridos, ou a outorga de atribuições importantes para proteger o interesse público.
Pouco importa que a competência ou autoridade seja conferida direta, ou indiretamente;
em forma positiva, ou negativa: o efeito é o mesmo; os valores jurídico-sociais conduzem
a fazer o poder redundar em dever, sem embargo do elemento gramatical em contrário.
Em regra, para a autoridade, que tem a prerrogativa de ajuizar, por alvedrio próprio,
da oportunidade e dos meios apropriados para exercer suas atribuições, o poder se
resolve em dever (cf. ob. cit., parágrafos 332-333, págs. 336/337).
Ademais, a interpretação literal é, dentre todos, o método menos
seguro para a apreensão do sentido e do alcance de qualquer norma jurídica. As palavras
empregadas pelo legislador são simplesmente o ponto de partida em qualquer exegese,
que não se pode resumir aos limites literais, mesmo porque a análise, de que se trata, é
jurídica e não sintática. Como enfatiza CARLOS MAXIMILIANO, "o processo
gramatical será o primeiro na ordem metódica, em gradação tradicional, porém não em
valor, importância: interpretação, por excelência, é a que se baseia no elemento
ideológico" (ob. cit., pág. 156, par. 122).
De resto, é princípio assente, em Direito Administrativo, que o
poder atribuído à Administração converte-se, para seus agentes, em dever. Não é por
outro motivo que se qualifica o poder de polícia como poder-dever ou dever-poder. Com
a habitual argúcia, HELY LOPES MEIRELLES pontifica: "A ação do Poder Público é
sempre um poder-dever. Se o Município tem o poder de agir em determinado setor, para
amparar, regulamentar ou impedir uma atividade útil ou nociva à coletividade, tem,
correlatamente, o dever de agir, como pessoa administrativa que é, armada de
autoridade pública e de poderes próprios para a realização de seus fins" (cf. "Direito
Municipal Brasileiro", Ed. Revista dos Tribunais, 4ª ed., 1981, pág. 117).
Realmente, não se compreende como possa o agente público
decidir se lhe cabe agir, quando a lei lhe indicou o modo de fazê-lo. A todo poder
correspondem deveres e responsabilidades próprias, exatamente porque se trata de um
direito-função, atribuído ao titular para a consecução de finalidades precisas. Ao agente
público, mais do que a qualquer dos outros integrantes da sociedade, compete o dever de
atuar com o fim de fazer o loteamento realizar o seu escopo e cumprir sua função social.
Não é outra a conclusão que se extrai do sistema instituído pela Lei
6.766/79. Este, sempre que o loteador se mantenha inerte, aponta, claramente, para a
necessidade de realização direta, pelo Poder Público Municipal, das atividades que
condicionaram a aprovação do loteamento. Esse dever (associado ao propósito de dotá-
lo com os meios adequados) justifica a exigência de garantia em parcelamentos com obras
pendentes, providência indicada como requisito do registro (art. 18, inciso V). É ele,
ainda, que anima a previsão de levantamento, pelo Município, das importâncias
depositadas pelos prestamistas, nos casos em que tenha realizado as atividades omitidas
pelo empresário (art. 40).
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Afinal, na execução do loteamento, não há, apenas, o interesse do
empresário, mas, sobretudo, o interesse da coletividade urbana. E a Administração
Municipal é a principal responsável pela consecução dessa meta, responsável, como é,
pelo bem-estar da população urbana e pelo funcionamento harmônico das atividades
locais de interesse coletivo, a ela competindo promover a melhor ordenação da cidade e
a mais justa utilização dos espaços habitáveis (cf. HELY LOPES MEIRELLES,
"Estudos e Pareceres de Direito Público", vol. II, Ed. Revista dos Tribunais, 1977, pág.
443).
Para além desses motivos, outro fundamento, autônomo e
suficiente, permite a extensão de idêntico dever à Municipalidade: a omissão, por esta,
do seu dever de fiscalizar a implantação do loteamento.
Em interessante estudo sobre as licenças urbanísticas, LÚCIA
VALLE FIGUEIREDO argumenta que, no âmbito da Lei 6.766/79, por lhes incumbir a
fiscalização de todo o parcelamento do solo, há "obrigatoriedade de as municipalidades
procederem as obras de infra-estrutura, se estas não forem realizadas pelo loteador" (cf.
"LICENÇAS URBANÍSTICAS", in "Revista de Direito Público", volumes 57-58, págs.
222 a 232, especialmente págs. 223-224).
Diz a ilustre Professora: "Quem deixou de exercer adequada
fiscalização, deverá proceder as obras de infra-estrutura. Os problemas atinentes a essas
obras não dizem respeito aos adquirentes dos lotes. Sequer teriam esses possibilidades
de levar a efeito referidas obras. Não será o particular que deverá arcar com qualquer
ônus. E muito menos não conseguir ver regularizada sua construção porque o loteamento
passa a ter a conotação de loteamento clandestino ou por não ter licença, ou por ter
execução desconforme com a licença outorgada. O particular nada tem a ver com a
omissão do Poder Público" (cf. ob. e loc. cit., pág. 224; em sentido semelhante:
NARCISO ORLANDI NETO, "Os Loteamentos Irregulares e sua Regularização",
"in" "Revista do Advogado", AASP, nº 18, julho/85, págs. 14/15).
PEDIDOS
PEDIDO DE CONCESSÃO DE MEDIDAS LIMINARES1
1 Cláudia Maria Beré, no artigo intitulado O Papel do Ministério Público no Parcelamento do Solo Urbano,
publicado na obra Temas de Direito Urbanístico, volume 3, Imprensa Oficial, 2001, págs. 336/337, destaca:
“A necessidade de se prevenir ou fazer cessar o dano prontamente levou os Promotores de Justiça a
requererem diversos tipos de liminares, as quais, no mais das vezes, têm sido concedidas pelo Poder
Judiciário. São elas:
a) proibição da prática de atos de parcelamento material do imóvel, tais como supressão de
vegetação, movimentação de terras, abertura de ruas, demarcação de quadras e lotes (Agravo de
Instrumento nº. 094.109.5/9, Campinas, TJSP, Rel. Aldemar Silva, j. 05/08/99);
b) proibição de publicidade, vendas e recebimento de prestações (Agravos de Instrumento nº.
066.509-4/6-00, 068.157-4/8-00, 068.159-4/7-00 e 068.160-4/1-00, São Carlos, TJSP, Rel. Cezar
Peluso, j. 04/08/98);
c) colocação de placas ou faixas na área, informando que, por decisão judicial, o parcelamento não
pode ser executado e não podem ser vendidos lotes (Agravo de Instrumento nº. 150.263.4/4,
Cândido Mota, TJSP, Rel. Silveira Neto, j. 08/06/00);
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A Lei 7.347/85, com a redação dada pela Lei nº. 10.257, de
10/07/2001, a par de estabelecer expressamente a possibilidade de utilização da Ação
Civil Pública para a tutela do Meio Ambiente (art. 1º., inciso I) e da Ordem Urbanística
(art. 1º., inciso III), prevê a possibilidade de concessão de mandado liminar (art. 12).
Além disso, a mesma Lei de Ação Civil Pública estabelece serem
aplicáveis à espécie dispositivos do Código de Processo Civil e o Código de Defesa do
Consumidor (arts. 19 e 21).
Prevê o sistema processual civil brasileiro que o Juiz poderá
antecipar total ou parcialmente os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde
que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e haja
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.
O Código de Defesa do Consumidor, dispensando pedido do autor
e excepcionando, assim, o princípio dispositivo, autoriza o Magistrado a antecipar o
provimento final, liminarmente, e a determinar de imediato medidas satisfativas ou que
assegurem o resultado prático da obrigação a ser cumprida (art. 84).
No presente caso, é imperiosa a concessão da medida liminar com
esse conteúdo tutelar preventivo, pois estão perfeitamente caracterizados os seus
pressupostos, consistentes no "fumus boni iuris" e no "periculum in mora".
A plausibilidade do direito é manifesta, pois o parcelamento do
solo não foi aprovado pelos órgãos públicos, nem submetido ao registro imobiliário,
providências sem as quais são proibidos o início de obras e a alienação dos lotes (Lei
6.766/79, arts. 2º, "caput", 3º, "caput", 12, 12, 18, 37).
d) exibição de compromissos de compra e venda e apresentação de rol de adquirentes (Agravos de
Instrumento nº. 234.757-1, São Paulo, TJSP, Rel. Álvaro Lazzarini, j. 04/04/95, e nº. 111.330-5/9,
Sumaré, TJSP, Rel. Paulo Shintate, j. 10/08/99);
e) bloqueio de matrícula imobiliária (Agravo de Instrumento nº. 107.879.4/5, São José do Rio Preto,
TJSP, Rel. Ivan Sartori, j. 19/08/99);
f) indisponibilidade ou bloqueio de bens, para garantia do cumprimento de obrigação de fazer e da
indenização pleiteadas (Agravo de Instrumento nº. 99.040-4/6, Bauru, TJSP, Rel. Roberto Stucchi,
j. 09/03/99, e Agravo de Instrumento nº. 119.657.5/9, Vicente de Carvalho, TJSP, Rel. Corrêa
Vianna, j. 28/09/99);
g) anotação publicitária (objeto de parecer no Protocolado CG nº. 8.505/00, da Comarca de
Piracicaba);
h) execução de obras de infra-estrutura (Agravo de Instrumento nº. 120.589-4/7, Vargem Grande do
Sul, TJSP, Rel. Antonio Carlos Marcato, j. 07/10/99).
“O deferimento dessas medidas, necessárias para se prevenir o dano, ou sua propagação, ou a garantir
sua reparação, impõe pesadas restrições ao parcelador, de tal modo que, quando se trata de pessoa solvente,
muitas vezes ela acaba celebrando acordo na ação civil pública, para não ter que sofrer aquelas restrições
ao longo de todo o processo. Tal resultado é muito bom, pois além de haver a solução do problema, essa
solução é relativamente rápida e não fica na pendência de um processo demorado, com inúmeros recursos,
para ser implementada”.
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A situação de ilegalidade apontada nesta inicial deve ser contida
de imediato, para que não se ampliem os danos causados aos padrões urbanísticos, ao
meio ambiente, e certamente, a terceiros que venham a adquirir lotes do imóvel objeto
desta ação, desavisados das consequências nefastas de tal ato.
Urge, assim, seja concedida medida liminar, não sendo razoável
sujeitar a comunidade e os adquirentes potenciais, até o provimento jurisdicional
definitivo, aos efeitos deletérios já mencionados, decorrendo sérios riscos quanto aos
resultados úteis da presente demanda.
Se o parcelamento prosseguir e não houver ampla divulgação da
sua ilegalidade, a reparação ou indenização dos danos urbanísticos e ambientais será de
difícil reparação, com previsível comprometimento do padrão de desenvolvimento
urbano.
Deve-se impedir, portanto, a continuidade do parcelamento, por
meio de provimento cautelar, independentemente de prévia justificação, de sorte a
resguardar a eficácia da ordem, se concedida ao final.
O risco de perecimento do direito é nítido, pois, com o decurso do
tempo, aumentam as possibilidades de que os parceladores vendam outros lotes, que haja
fracionamento dos lotes já vendidos e que outras construções não aprovadas acabem se
iniciando, gerando adensamento populacional sem a respectiva infraestrutura em Zona
Rural, em APA, em área de manancial de abastecimento público e de proteção
permanente.
Diante do exposto, sem prejuízo das penas previstas para o crime
de desobediência (art. 330 do Código Penal) e sob cominação de multa diária, sujeita a
correção monetária e juros, devida por qualquer ato praticado em desacordo à ordem
judicial, estimada, nesta data, em R$1.000,00 (mil reais), que deverá reverter ao Fundo
Estadual de Reparação de Interesses Difusos Lesados, REQUER a concessão de
MEDIDA LIMINARES, inaudita altera pars e sem justificação prévia, para determinar:
1) no prazo de 60 dias, estruturar órgão de fiscalização municipal, regulamentando
procedimentos para o exercício dos poderes de polícia administrativa das edificações,
nos termos da legislação própria, com destaque para as notificações, autuações de
infrações administrativas, de embargos de obras e de interdições de uso de bens imóveis,
contribuindo, assim, para que se evite a proliferação de loteamentos irregulares ou
clandestinos;
2) no prazo de 60 dias efetivar medidas para que os loteamentos já descritos
comprometam-se a fazer o seguinte:
a) Formalizar junto à Prefeitura Municipal de Ecoporanga no prazo de 30 dias
requerimento de aprovação do projeto urbanístico do empreendimento, devidamente
instruído com a documentação necessária e cronograma-físico financeiro de obras, a
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serem executadas após a obtenção do alvará de urbanização e da licença ambiental
corretiva, que devem incluir, pelo menos:
b.1) sistema de esgotamento sanitário, a fim de impedir o lançamento de esgoto in natura
a céu aberto nas vias de circulação e demais lugares, mediante implantação de projeto
que contemple a adequada destinação dos efluentes sanitários;
b.2) sistema de drenagem pluvial;
b.3) implantação de pavimentação, colocação de sarjetas e meio-fio;
b.4) implantação de arborização nas vias públicas, conforme projeto aprovado pela
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ecoporanga;
b.5) cercamento das áreas verdes, institucionais, de preservação permanente, praças e
outra áreas não edificáveis;
c) Realizar as obras necessárias à contenção dos processos erosivos verificados no
empreendimento, por profissional habilitado e mediante anotação de responsabilidade
técnica, encaminhando relatório das intervenções realizadas ao compromitente ao final
do prazo;
d) Elaborar e requerer a aprovação dos projetos de esgotamento sanitário e abastecimento
de água à CESAN;
e) Abster-se de iniciar a implantação das obras de infraestrutura do loteamento até a
obtenção da respectiva licença ambiental e aprovação urbanística pelo Município de
Ecoporanga;
f) Elaborar plano de recuperação de área degradada simplificada e apresentar ao órgão
ambiental no prazo fixado no licenciamento ambiental, devendo implantá-lo conforme
cronograma aprovado pelo órgão ambiental;
g) Abrir nova matrícula para o imóvel no cartório do registro de imóveis de Ecoporanga
e efetuar o registro do loteamento no prazo máximo de 03 (três) meses após a aprovação;
h) Apresentar, trimestralmente, à Promotoria de Justiça da Comarca de Ecoporanga,
relatório pormenorizado acerca do cumprimento das obrigações assumidas no presente
ajuste;
i) Exercer imediata e efetiva vigilância sobre as áreas reservadas para áreas institucionais,
verdes e de preservação permanente para impedir eventuais invasões, até o recebimento
do loteamento pelo Município de Ecoporanga;
3) Fixar IMEDIATAMENTE nos loteamentos Homero Amante, Portal de Ecoporanga,
Walter Nardacci Figueiredo (2), Vista Alta dos Pinheiros, Primavera, Invasão, Vale
Encantado, Jardim Paulista, Argentino Leandro da Silva, João Antônio Teixeira,
Angélica Palácio Dal Col, Jorge Antônio de Souza, Amélia Guilhermina de Almeida,
Ecoville, Camilo, Geraldo Zortea, Caversan, Délio Rodrigues Correa, Faria Amante,
Temponi, Olívia Caldeira, Benedita Monteiro (Prefeitura Municipal de Ecoporanga),
Campo de Aviação (Prefeitura Municipal de Ecoporanga), Jones Natanael Alves,
Programa Habitar Brasil, Rua Curitiba, Bela Vista (Prefeitura Municipal de Ecoporanga),
Palmeira, Ailton Baeta, Carlito Coimbra, Alvorada (Prohab), Geraldino Pinheiro dos
Santos, Vista Bela, Jovino Petronil, Carlos Geicimar Caldeira, Imperador, Jardim de
Aroma e Parque dos Pássaros, 4 Esteios placas informativas, esclarecendo-se ao público
que se trata de loteamento clandestino ou em fase de regularização, fazendo constar os
seguintes dizeres: “qualquer edificação no local dependerá de prévia autorização do
município de Ecoporanga, sob pena de embargo da obra, interdição do imóvel ou
demolição”;
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4) Recomende às distribuidoras de energia elétrica e água tratada que se abstenham de
efetuar ligações nos imóveis clandestinos;
5) Notifique os loteadores, adquirentes de lotes, posseiros ou similares às obrigações de
não fazer, de cumprimento imediato, consistentes em se absterem de:
a) realizar vendas, promessas de venda, reservas, hipotecas, ou quaisquer negócios
jurídicos que manifestem intenção de vender lotes do parcelamento (loteamento) aqui
discutido, ou alterar a situação jurídica dos mesmos, inclusive a alienação parcial de
gleba, de lotes ou de chácaras;
b) praticar atos de supressão de vegetação, de terraplanagem, remoção de terra,
demarcação de quadras e lotes, abertura de ruas e vias de acesso ou circulação;
c) iniciar, prosseguir, continuar ou finalizar quaisquer obras, entre as quais, edificação
nos lotes (habitações, poços, fossas, divisas, etc.) ou implantação de redes de águas,
esgoto, eletricidade e de iluminação;
d) modificar, de qualquer forma, o estado atual do imóvel e suas eventuais benfeitorias,
bem como, da vegetação ainda existente;
6) Recomende ao IEMA, INCRA, Polícia Ambiental, Polícia Civil que tomem as
medidas adequadas para que a legislação seja cumprida e que o objeto desta ação seja
acatado;
7) Determine que comunique ao Cartório de Registro de Imóveis de Ecoporanga acerca
da existência de parcelamento ilegal de solo para que este consigne tal informação nas
certidões a ele relativa, promovendo a publicidade e evitando que os consumidores sejam
enganados.
PEDIDOS DEFINITIVOS
Pede-se, ainda, ao final, a TOTAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO
para:
1) que o Município de Ecoporanga notifique todos os loteadores para que
regularizem o parcelamento do solo com a obtenção das aprovações necessárias,
registro perante o Cartório do Registro de Imóveis e execução das obras de
infraestrutura e para que não parcelem ou vendam lotes sem ter as aprovações e
registros, podendo aplicar as sanções cabíveis ao parcelador com advertência,
multa, embargo e até mesmo demolição, na forma do artigo 38 da Lei 6.766/79;
2) em caso nos quais a regularização se mostre inviável, que o Município de
Ecoporanga notifique os loteadores para que desfaçam o parcelamento, com a
recomposição da gleba ao estado anterior, inclusive com a recomposição da
vegetação nativa;
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3) Não sendo efetuada a regularização ou o desfazimento dos loteamentos, que seja
o município de Ecoporanga condenado a promover a execução das obras de
infraestrutura necessária ao regular funcionamento dos loteamentos, conforme
descrito em lei;
4) Tornar definitivas as medidas determinadas a título de liminar;
5) A citação da requerida, no endereço do preâmbulo, para contestar, querendo, a
presente ação, sob pena de serem considerados verdadeiros os fatos aqui narrados;
6) A produção de todas as provas admitidas em Direito, notadamente juntada de
novos documentos, oitiva de testemunhas, realização de perícias e inspeções
judiciais;
7) A cominação, na sentença, de multa diária, para o caso de descumprimento das
obrigações no prazo fixado na decisão que deverá reverter ao Fundo Estadual de
Reparação de Interesses Difusos Lesados;
8) Dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros encargos, desde logo, à
vista do disposto no artigo 18, da Lei n.º 7.347/85, e no artigo 87, do Código de
Defesa do Consumidor;
9) Que seja julgada procedente a ação, em todos os seus termos, condenando-se os
réus nas demais cominações legais.
Dá-se à a causa o valor estimado de R$1.000,00 (mil de reais).
Ecoporanga, 20 de abril de 2017.