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A hipnoterapeuta dos portugueses Tratamento de Fobia com Regressão A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que existam 400 milhões de pessoas com algum tipo de fobia. Estudos epidemiológicos recentes demonstraram que as fobias são a perturbação mais comum em todo o mundo, estimando-se que entre 5 a 10% da população seja afetada por estas condições perturbadoras e, por vezes, incapacitantes. Mas afinal o que é uma fobia? Qual o motivo pelo qual limita o nosso dia a dia? rubrica 24 ZEN ENERGY Abril 2017 evitação das situações causadoras de medo, é denominado fobia, medo patológico ou ansiedade disfuncional. O que é uma fobia? As fobias referem-se ao medo excessivo de um objeto, circunstância ou situação incomodam bastante. Este tipo de medo contribui para uma prevenção antecipada, de forma a não sermos afetados. A isto chama-se ansiedade funcional. Quando esse medo é desproporcional à ameaça, por definição irracional, com fortíssimos sinais de perigo, e também seguido de S entir medo é normal, as situações desconhecidas podem condu- zir a algum tipo de ansiedade. Ter medo pode definir-se como uma sensação de perigo ou que algo mau esteja prestes a acontecer, sendo, no geral, acompanhado por sintomas físicos que

rubrica - Dra. Rosa Basto€¦ · História familiar. Se alguém da família tiver algum tipo de fobia, existem mais possibilidades de desenvolvê-la também. Mas os especialistas

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Page 1: rubrica - Dra. Rosa Basto€¦ · História familiar. Se alguém da família tiver algum tipo de fobia, existem mais possibilidades de desenvolvê-la também. Mas os especialistas

A hipnoterapeuta dos portugueses

Tratamento de Fobia com Regressão

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que existam 400 milhões de pessoas com algum tipo de fobia. Estudos epidemiológicos recentes demonstraram que as fobias são a perturbação mais comum em todo o mundo, estimando-se que entre 5 a 10% da população seja afetada por

estas condições perturbadoras e, por vezes, incapacitantes. Mas afinal o que é uma fobia? Qual o motivo pelo qual limita o nosso dia a dia?

rubrica

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evitação das situações causadoras de medo, é denominado fobia, medo patológico ou ansiedade disfuncional.

O que é uma fobia?As fobias referem-se ao medo excessivo de um objeto, circunstância ou situação

incomodam bastante. Este tipo de medo contribui para uma prevenção antecipada, de forma a não sermos afetados. A isto chama-se ansiedade funcional. Quando esse medo é desproporcional à ameaça, por definição irracional, com fortíssimos sinais de perigo, e também seguido de

Sentir medo é normal, as situações desconhecidas podem condu-zir a algum tipo de ansiedade. Ter medo pode definir-se como

uma sensação de perigo ou que algo mau esteja prestes a acontecer, sendo, no geral, acompanhado por sintomas físicos que

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Factores de risco

Idade. Alguns tipos de fobia desenvolvem-se cedo. Outras podem ocorrer durante a adolescência e há aquelas que também surgem no início da vida adulta.História familiar. Se alguém da família tiver algum tipo de fobia, existem mais possibilidades de desenvolvê-la também. Mas os especialistas suspeitam que as crianças são capazes de adquirir fobias somente observando as reações de alguém próximo.Temperamento. O risco de se desenvolver uma fobia específica aumenta se tiver temperamento difícil ou um comportamento mais inibido e retraído do que o normal.Evento traumático. Passar por uma situação traumática ou por uma série de eventos traumáticos podem levar ao desenvolvimento de uma fobia.

Conheça os sintomas

Os sinais e sintomas dependem do tipo de fobia. No entanto, indepen-

dentemente do tipo, algumas caraterísticas são notadas em todos os indivíduos:

• Sentimento de pânico incon-trolável, terror ou temor em relação a uma

situação de pouco ou nenhum perigo real.

• Sensação de que deve evitar uma situação, algo ou alguém que teme.

• Incapacidade de levar a vida normalmente, por causa de um medo

ilógico.

• Presença e aparecimento de algumas reações físicas e psicológicas,

como sudorese, taquicardia, dificuldade para respirar, sensação de pânico

e ansiedade intensos.

• Saber que o medo que sente é irracional e exagerado, mas ser incapaz

de o controlar.

específica, fazendo parte do quadro de perturbações de ansiedade. Existem três grandes ramos de fobias: fobia específica, fobia social e agorafobia. A fobia específica, mais comum nas mu-lheres, é o medo intenso e persistente de um objeto ou situação (medo de cães, de andar de elevador ou avião, conduzir, cobras, aranhas, etc.), enquanto a fobia social, mais popular entre os homens, é o medo intenso e persistente de situa-ções em que possa ocorrer embaraço e humilhação (medo de falar em público, de serem observados e avaliados, etc.). Por outro lado, as pessoas com agorafobia evitam situações em que seria difícil obter ajuda, como em espaços fechados, ruas movimentadas ou locais que as façam sen-tir encurraladas (shoppings, túneis, pontes, autoestradas). Um dos grandes motivos que leva as pessoas a desenvolverem fobias deve-se ao estado de ansiedade extrema em que se encontram. Atualmente, é comum as pessoas desempenharem múltiplas funções em simultâneo, gerando stress - que é ansie-dade generalizada. No entanto, não podemos dissociar esta explicação dos diversos fatores que despoletam estes quadros de ansieda-de, nem do facto de existirem pessoas que são mais propensas para o efeito, devido à sua condição genética e história de vida. Esta sintomatologia acompanhada pelo pânico ou mesmo ataques de pânico leva a que os pacientes fóbicos evitem a todo o custo as situações que desencadeiam o processo fóbico, alterando por completo as suas rotinas. Outros mecanismos de associação entre o objeto (situação) e as

emoções fóbicas incluem a modelagem, que normalmente acontece quando o indivíduo observa a reação dos outros e transfere a in-formação, sendo advertida ou até ensinada a ter medo. Quantas vezes não ouvimos um adulto a dizer a uma criança que se ela se portar mal aparece um cão mau? E quantas vezes um adulto manifesta à frente de uma criança o seu próprio medo fóbico? A criança observa e aprende o mesmo medo. Podemos ainda referir dois fatores que surgem como consequência de evitar as situações que desencadeiam a fobia. O primeiro é dei-

xar de acreditar que se possui recursos para lidar com os sintomas e, por isso,

ficamos dependentes de alguém para nos dirigirmos a qualquer lugar. O segundo fator prende-se com a super valorização dos sin-tomas. Estas pessoas acham que vão morrer, ter um ataque cardíaco ou que possuem uma doença grave. O catas-trofismo dos sintomas leva estes pacientes a um desespero e au-mento crescente na

busca de cuidados médicos e psicológicos.

Quais as causas? As causas são bastante variadas e muitas vezes desconhecidas. Existem fortes indícios de que a fobia possa estar relacionada com o histórico familiar, levando a crer que fatores genéticos representam um papel importante na origem do medo persis-tente e irracional. No entanto, sabe-se também que as fobias podem ter uma ligação direta com traumas e situa-ções passadas. Isso acontece, porque a maioria dos problemas emocionais e comportamentais é desencadeada pelas dificuldades enfrentadas ao longo da vida. Todos passamos por momentos difíceis, mas algumas pessoas desenvolvem sen-timentos de angústia, que podem evoluir para um quadro de fobia.

As fobias refe-rem-se ao medo excessivo de um objeto, circuns-

tância ou situação específica, fazendo parte do quadro de

perturbações de ansiedade

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Caso Clínico

Mónica Figueiredo tem 23 anos e uma fobia invulgar quando pediu ajuda ao programa A Tarde É Sua (TVI). Foi à consulta com pânico de balões e de tudo o que pudesse rebentar, como fogo-de-artifício, estalinhos de Carnaval ou foguetes. Esta fobia não a deixava viver livremente, uma vez que não desfrutava da passagem de ano e, muitas vezes, deixava de ir a festas onde existisse a possibilidade de haver balões. A Mónica acreditava que a origem desta fobia pudesse estar num episódio que ocorreu quando era criança, numa noite de fim de ano, em casa da avó. “O meu pai conta que rebentaram balões durante uma passagem de ano, em casa da minha avó. Eu tinha três ou quatro anos, estava a dormir e acordei com o barulho dos balões a rebentarem. Na altura, não reagi. Só mais tarde é que percebi que a relação com os balões nunca mais foi a mesma. O meu pai gravou esse momento e quando vi o vídeo, anos mais tarde, senti um certo desconforto.” A partir daí, a Mónica deixou de ir a festas de aniversários que tivessem balões. “Embora possa parecer uma coisa sem importância, a verdade é que esta fobia condiciona a minha vida de forma extrema. Na rua, mudo de caminho frequentemente para não me aproximar de uma criança com um balão. Deixei de ir a festas de aniversário de filhos de amigos ou familiares ou a passagens de ano, porque tenho medo de estar em contato com o fogo-de-artificio, petardos e garrafas de champanhe. Só de pensar que vou estar próxima de uma destas opções, tenho ataques de ansiedade consecutivos.” O episódio mais recente em que esta fobia se manifestou foi na festa do ISCTE, onde se formou em Psicologia. “Cheguei à festa pronta para aproveitar os últimos momentos da vida académica. Quando soou um estrondo, deixei de andar, de sentir as pernas. Estava muito mal e quase desmaiei. Só queria sair dali.” A família também sofreu com esta fobia, principalmente o irmão mais novo. “O meu irmão nunca levou balões para casa das festas onde ia, nem entrava no carro com balões se eu estivesse presente.” Para a Mónica, qualquer balão era uma ameaça. O medo, a ansiedade e o pânico consumiam-na, deixando-a à parte daquilo que continuava a ocorrer. Ela ficava sem forças, mas querendo a todo o custo superar a fobia. (Vídeo do programa no canal do Youtube – Clinica Dra. Rosa Basto)

Testemunho de

Mónica Figueiredo

Após o tratamento e saída do programa, a Mónica enviou a seguinte mensagem:

“Estive a pensar sobre o que havia de lhe dizer. É difícil encontrar as palavras certas para uma pessoa que conseguiu mudar a minha vida. Uma vida cheia de condicionamentos e “nãos” por todo o lado. Agora tenho liberdade para dizer “sim, vou” e “não quero ir” quando me apetecer. Sem medo! O sofrimento de 23 anos desapareceu! Não há palavras para lhe agradecer o ser extraordinário que é, uma profissional exímia e competente. Um agradecimento a toda a equipa da TVI que esteve ao seu lado, assim como à equipa da sua clínica, e também por toda a paixão que colocam no que fazem. Parabéns pelo excelente trabalho e que a vida a recompense na mesma medida!”

Mónica Figueiredo

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Rosa Basto

Licenciada em PsicologiaHipnoterapeutaCriadora do método Terapia Diamante®

Presidente da Associação Internacional de Hipnose Clínica e Terapias Integrativas (AIHCT)Presença quinzenalmente na TVI com a rubrica “Curar com a Hipnoterapia” no programa A Tarde É SuaFormadora nacional e internacional de Hipnose Clínica e PNL e Terapia Diamante®

[email protected]: 218 222 403 / Porto: 224 017 112

O tratamento

O tratamento foi feito com hipnoterapia. No início, trabalhei com uma técnica da PNL (Programação Neurolinguística), bastante eficiente nestes casos. Mas não resultou a 100% nesta situação, pelo que utilizei a regressão na idade. Esta técnica é muito poderosa, pois permite ir à origem do problema. Recuou à infância, ao evento na casa da avó e a uma vida passada, onde viveu na Primeira Guerra Mundial. Nessa vida, contou que era muito pobre e que os pais perderam a casa (relatou que foi demolida e o estrondo que a casa fez ao cair foi horrível, como se fossem bombas a estourar), e tiveram que emigrar (sentiu-se abandonada). Com a partida dos pais, foi para um orfanato, onde a maltrataram e passou fome. Saiu do orfanato aos 18 anos e foi viver sozinha numa cidade grande. Viveu sempre sozinha, sem amigos ou família. Contraiu tuberculose e contou detalhadamente todos os pormenores. O quarto onde vivia era húmido e cheirava a mofo. Certo dia, já doente, ao

sair do emprego, sentiu um medo de morte. A cidade estava a ser bombardeada e ela, debilitada, tentava fugir, mas perdeu as forças. Um desconhecido levou-a para o hospital, onde tudo estava em alvoroço. Quando foi socorrida já tinha muita falta de ar. Apesar de os médicos lhe ter colocado um “balão” de oxigénio, ela não resistiu e acabou por morrer naquele momento.

Breve análise

Momento da morte da vida passada: falta de ar, barulho de bombas e “balão” de oxigénio. Sentimento no momento da morte:

sozinha, assustada, perdida.Ao perceber que a fobia vinha dessa

época, a Mónica compreendeu o porquê de se sentir incomodada com o som de balões a rebentarem e do fogo-de-artifício. Os balões e o som que fazem ao rebentar estavam associados a um evento de um passado longínquo onde morreu. Na sua mente, os balões significavam morte e era por isso que tinha tanto medo. Compreendeu também porque é que tinha, nesta vida, uma autoestima baixa e um sentimento de abandono. Todos esses sentimentos vinham do passado. Após a regressão foi muito mais fácil trabalhar o amor-próprio e aproveitar a vida. Se na vida passada não teve essa oportunidade, esta será a sua grande missão na vida atual: aprender a amar, mas sobretudo ser amada. Hoje, já não tem medo de balões nem de fogo-de-artifício. A autoestima melhorou significativamente e agora resta-lhe aproveitar a vida para ser feliz!

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