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75 Revista UFG / Dezembro 2011 / Ano XIII nº 11 RUÍNAS DA MEMÓRIA Gustavo Neiva Coelho 1 Um momento de considerável desenvolvimento econômico no Estado de Goiás aconteceu no início do século XX quando, respondendo a um projeto que teve origem no século XIX, foram inauguradas as primeiras estações da rede ferroviária na região sudeste do estado. A ferrovia incentivou a produção agropecuária, que encontrava agora rápido escoamento para os centros consu- midores do Rio de Janeiro e São Paulo.Algumas cidades como Catalão e Ipameri, não se contentando com a exportação do produto in natura, deram inicio a um processo de industrialização, embarcando, nos vagões ferroviários, o couro, a manteiga, as mantas de charque e grãos limpos em lugar do animal em pé e dos produtos agrícolas em casca. Com a ferrovia chegaram o cinema, o telégrafo, o telefone, a energia elétrica e a possibilidade de se fazer assinaturas de jornais e revistas produzidos nos grandes centros, recebendo-se a informação com uma rapidez até então desconhecida. As cidades que já existiam no percurso seguido pelos trilhos modernizaram-se e, nos longos espaços vazios, intermediários, existentes entre elas, a necessidade de abastecimento das locomotivas fez surgir vários outros núcleos, no entorno das estações, os quais, em tempo reduzido, também vieram a se transformar em importantes entrepostos comerciais, como foi o caso de Goiandira, de Pires do Rio e de Vianópolis. ensaio visual 1 Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás. Professor adjunto da PUC-Goiás. E-mail: <[email protected]>.

RUÍNAS DA MEMÓRIA Gustavo Neiva Coelho 1 · Revista UFG / Dezembro 2011 / Ano XIII nº 11 75 RUÍNAS DA MEMÓRIA Gustavo Neiva Coelho 1 Um momento de considerável desenvolvimento

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RUÍNAS DA MEMÓRIAGustavo Neiva Coelho1

Um momento de considerável desenvolvimento econômico no Estado de

Goiás aconteceu no início do século XX quando, respondendo a um projeto

que teve origem no século XIX, foram inauguradas as primeiras estações da

rede ferroviária na região sudeste do estado. A ferrovia incentivou a produção

agropecuária, que encontrava agora rápido escoamento para os centros consu-

midores do Rio de Janeiro e São Paulo. Algumas cidades como Catalão e Ipameri,

não se contentando com a exportação do produto in natura, deram inicio a um

processo de industrialização, embarcando, nos vagões ferroviários, o couro, a

manteiga, as mantas de charque e grãos limpos em lugar do animal em pé e dos

produtos agrícolas em casca.

Com a ferrovia chegaram o cinema, o telégrafo, o telefone, a energia elétrica e

a possibilidade de se fazer assinaturas de jornais e revistas produzidos nos grandes

centros, recebendo-se a informação com uma rapidez até então desconhecida.

As cidades que já existiam no percurso seguido pelos trilhos modernizaram-se

e, nos longos espaços vazios, intermediários, existentes entre elas, a necessidade

de abastecimento das locomotivas fez surgir vários outros núcleos, no entorno

das estações, os quais, em tempo reduzido, também vieram a se transformar em

importantes entrepostos comerciais, como foi o caso de Goiandira, de Pires do

Rio e de Vianópolis.

ensaio visual

1Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás. Professor adjunto da PUC-Goiás. E-mail: <[email protected]>.

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Entretanto, a consolidação, a partir da década de 1950 do transporte rodoviário

como principal meio de escoamento dos produtos, em detrimento do transporte

ferroviário, fez com que este entrasse em um processo de decadência, provo-

cando a estagnação econômica de várias cidades além do desaparecimento de

grande número de pequenas estações, quer pelo abandono, quer pela demolição

pura e simples.

No decorrer das últimas três décadas, a preocupação com a preservação do

patrimônio ferroviário e da memória desse momento relevante para a economia

do estado fez com que alguns governos municipais iniciassem um processo de

tombamento do que restou desse patrimônio. Algumas estações como as de

Catalão e de Ipameri, tombadas, foram também restauradas e servem hoje, a

primeira, como museu e, a segunda, como biblioteca municipal. Outras, como as

de Ponte Funda, no município de Vianópolis que, já em um processo avançado

de demolição por parte dos funcionários da RFFSA, foi tombada – em estado de

ruína – pela Câmara de Vereadores daquela cidade e, em um processo recente,

foi reconstruída pelo IPHAN, não tendo recebido até o momento nenhuma

destinação de utilidade.

Com uma visão toda especial, Nelson Santos conseguiu documentar, em

vários momentos, a forma como o patrimônio ferroviário em Goiás – edifícios,

maquinário, equipamentos, pontes em estrutura metálica – vem se deteriorando

ao longo dos últimos anos, captando inclusive o estado de abandono em que se

encontra o entorno imediato desses monumentos.

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