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Árvore de Decisão Aplicada à Exploração e Produção de Petróleo - Teoria e Prática, com Estudo de Caso Leonardo Ricardo Alves Sarro e Thiago dos Santos Ferreira Projeto de Graduação apresentado ao Corpo Docente Curso de Engenharia do Petróleo da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro de Petróleo. Orientador: Regis da Rocha Motta, Ph. D., DIC Rio de Janeiro Agosto/2019

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Árvore de Decisão Aplicada à Exploração e Produção de Petróleo - Teoria

e Prática, com Estudo de Caso

Leonardo Ricardo Alves Sarro e Thiago dos Santos Ferreira

Projeto de Graduação apresentado ao Corpo

Docente Curso de Engenharia do Petróleo da

Escola Politécnica da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Engenheiro de

Petróleo.

Orientador: Regis da Rocha Motta, Ph. D., DIC

Rio de Janeiro

Agosto/2019

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Sarro, Leonardo Ricardo Alves/ Ferreira, Thiago dos

Santos

Árvore de DecisãoAplicada à Exploração e

Produção de Petróleo - Teoria e Prática, com Estudo

de Caso/ Leonardo Ricardo Alves Sarro e Thiago dos

Santos Ferreira – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politécnica, 2019.

IX, 49 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Regis da Rocha Motta

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia do Petróleo, 2019.

ReferênciasBibliográficas: p. 48-49.

1. Tomada de Decisão. 2. Árvore de Decisão. 3.

Análise de Risco. 4. Estudo de Caso.

I. da Rocha Motta, Regis. II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de

Engenhariade Petróleo. III. Árvore de

DecisãoAplicada à Exploração e Produção de

Petróleo - Teoria e Prática, com Estudo de Caso.

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Agradecimentos

A Deus e a nossa família…

Primeiramente a Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao longo das nossas

vidas, e não somente nestes anos como universitários, mas que em todos os momentos,

é o maior mestre que alguém pode conhecer.

Ao orientador Regis da Rocha Motta, por todo auxílio e paciência ímpar neste trabalho,

bem como em toda a graduação.

Ao Corpo Docente e todos os funcionários da Universidade Federal do Rio de Janeiro

pela formação de cidadãos que se importam, acima de tudo, com a sociedade em que

vivem e agem sempre com respeito ao próximo, bem como de engenheiros, capazes de

aplicar com ética os conhecimentos adquiridos para o desenvolvimento industrial, a

exploração sustentável das nossas riquezas naturais e a construção da infraestrutura de

nossa Nação, de forma a contribuir para o avanço da nossa comunidade em todos os

aspectos.

Aos nossos pais, familiares, namoradas e amigos, que sempre nos deram apoio, não

somente na confecção desta monografia, mas em todos os momentos durante o curso,

principalmente nos mais difíceis.

A todos que, de alguma forma, colaboraram para que este trabalho se tornasse possível.

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Resumo do Projeto de Fim de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Petróleo da

Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como um dos requisitos

necessários para obtenção do grau de Engenheiro de Petróleo.

Árvore de Decisão Aplicada à Exploração e Produção de Petróleo -

Teoria e Prática, com Estudo de Caso

Leonardo Ricardo Alves Sarro e Thiago dos Santos Ferreira

Agosto/2019

Orientador: Regis da Rocha Motta

Curso: Engenharia do Petróleo

Esse trabalho busca explicar a teoria subjacente a decisões com risco em projetos de

exploração e produção de petróleo, focalizando-se em Árvore de Decisões. Esta

ferramenta é explicada em detalhe e aplicada a um Estudo de Caso em Exploração e

Produção de óleo e gás. Detalha-se a ferramenta Árvore de Decisão e em seguida entra a

apresentação da Função Utilidade, a qual pode ser utilizada na análise de um problema

de decisão. Nesse ponto, observa-se com detalhes a representação do comportamento do

tomador de decisão diante de um caso envolvendo risco, através da aplicação da Teoria

de Utilidade, da análise de sensibilidade, e a utilização do conceito de participação

financeira ótima (Share) em um projeto de upstream, mostrando a possibilidade de

compartilhamento de projetos, objetivando maximizar o retorno de um tomador de

decisão. No estudo de caso, percebe-se, na prática, a aplicação dos conceitos abordados

no presente trabalho, através de um exemplo com situações vivenciadas pelas empresas

do setor petrolífero.

Palavras-chaves: Tomada de Decisão, Árvore de Decisão, Análise de Risco

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Decision Tree Apply to Petroleum Exploration and Production -

Theory and Practice, with Case Study

Leonardo Ricardo Alves Sarro e Thiago dos Santos Ferreira

August/2019

Advisor: Regis da Rocha Motta

Course: Petroleum Engineering

This paper seeks to explain the underlying theory of risky decisions in oil exploration

and production projects, focusing on the Decision Tree. This tool is explained in detail

and applied to an upstream Case Study. The Decision Tree tool is detailed and then the

Utility Function is presented which can be used in the analysis of a decision problem.

At this point, it is observed in detail the representation of the behavior of the decision

maker with respect to a case involving risk, through the application of the Theory of

Utility, of the sensitivity analysis, and the use of the concept of Optimum Share

showing the possibility sharing of projects, aiming to maximize the return of a decision

maker. In the case study, one can see in practice the application of the concepts

discussed in this paper, by means of a case that exemplifies situations experienced by

the oil companies.

Key Words: Decision Take; Decision Tree; Risk Analysis

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SUMÁRIO

Introdução ......................................................................................................................... 1

1. Tomada de Decisão ...................................................................................................... 3

1.1. Indústria do Petróleo .............................................................................................. 3

1.2. Tomando Decisões ................................................................................................. 4

1.2.1. Análise de Decisão .......................................................................................... 4

1.2.2. Boas Decisões e Bons Resultados ................................................................... 5

1.2.3. Desafios da Tomada de Decisão ..................................................................... 5

2. Árvore de Decisão ........................................................................................................ 7

2.1. Elementos de uma Árvore de Decisão ................................................................... 8

2.2. Modelagem Decisória ............................................................................................ 9

3. Análise de Risco ......................................................................................................... 13

3.1. Valor Monetário Esperado (VME) ...................................................................... 13

3.2. Teoria da Utilidade .............................................................................................. 16

3.3. Tomadores de decisão .......................................................................................... 16

3.3.1. Aversão ao risco ............................................................................................ 16

3.3.2. Propensão ao risco ......................................................................................... 16

3.3.3. Indiferença ao risco ....................................................................................... 17

3.4. Função-Utilidade ................................................................................................. 17

3.5. Coeficiente de Aversão ao Risco (γ) .................................................................... 18

3.6. Tipos de Função-Utilidade ................................................................................... 19

3.6.1. Função Linear ................................................................................................ 19

3.6.2. Função Exponencial ...................................................................................... 19

3.6.3. Função Logarítmica....................................................................................... 20

3.7. Definição de função utilidade para uma empresa ................................................ 20

3.8. Valor Esperado de Utilidade (VEU) .................................................................... 21

3.9. Equivalente Certo (EqC) ...................................................................................... 22

3.10. Comparação entre VME e EqC.......................................................................... 23

3.11. Share Ótimo ....................................................................................................... 23

4. Estudo de Caso ........................................................................................................... 24

4.1. Resultados Obtidos .............................................................................................. 28

4.1.1. Estrutura da Árvore ....................................................................................... 28

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4.1.2. Teorema de Bayes ......................................................................................... 29

4.1.3. Árvore Ótima................................................................................................. 32

4.1.4. Resumo Estatístico ........................................................................................ 33

4.1.5. Gráfico de Probabilidade ............................................................................... 34

4.1.6. Gráfico Cumulativo ....................................................................................... 35

4.1.7. Análise de Risco ............................................................................................ 37

Conclusão ....................................................................................................................... 46

Bibliografia ..................................................................................................................... 48

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1: Elementos de uma Árvore de Decisão ........................................................... 8

Figura 2.2: Diferença estrutural da árvore para dois eventos A e B dependentes ............ 9

Figura 2.3: Múltiplas decisões iniciais: identificação de estratégia ............................... 10

Figura 2.4: Decisão única com múltiplas incertezas: identificação de cenários ............ 11

Figura 3.1 - Árvore exemplo para o VEU ...................................................................... 21

Figura 4.1: Árvore modelo do estudo de caso ................................................................ 24

Figura 4.2: Árvore de probabilidade inicial.................................................................... 29

Figura 4.3: Árvore de probabilidade inicial invertida .................................................... 30

Figura 4.4: Árvore de decisão do problema ................................................................... 31

Figura 4.5: Árvore ótima pelo VME (indiferente ao risco) ............................................ 32

Figura 4.6: Gráfico de Probabilidade ............................................................................. 34

Figura 4.7: Gráfico Cumulativo ..................................................................................... 36

Figura 4.8: Gráfico de Sensibilidade (Eq. Certo x Tol. Risco) ...................................... 37

Figura 4.9 - Gráfico de Estratégia (Eq. Certo x Tol. Risco) ........................................... 38

Figura 4.10 - Gráfico de Sensibilidade (Eq. Certo x Share Ótimo) ............................... 39

Figura 4.11 - Gráfico de Estratégia (Eq. Certo x Share Ótimo) ..................................... 40

Figura 4.12 - Gráfico tornado ......................................................................................... 41

Figura 4.13 - Gráfico Radar ............................................................................................ 42

Figura 4.14 - Gráfico de Sensibilidade Bidirecional ...................................................... 43

Figura 4.15 - Gráfico de Estratégia Bidirecional ............................................................ 44

Figura 4.16: Árvore ótima (tolerância ao risco de $100MM) ........................................ 45

Figura 4.17: Árvore ótima (tolerância ao risco de $10MM) .......................................... 45

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 4.1: Investimentos ............................................................................................... 25

Tabela 4.2: Perfil de produção por poço ........................................................................ 26

Tabela 4.3: Cronograma físico do desenvolvimento da produção ................................. 27

Tabela 4.4: Custos operacionais ..................................................................................... 27

Tabela 4.5: Valor residual dos equipamentos ................................................................. 27

Tabela 4.6: Probabilidades do resultado dado a sísmica ................................................ 30

Tabela 4.7: Especificação da melhor decisão ................................................................. 33

Tabela 4.8: Parâmetros estatísticos por locação ............................................................. 33

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INTRODUÇÃO

Em um universo cada vez mais concorrido e intensivo, as decisões a serem tomadas

tornam-se progressivamente mais importantes e a escolha por uma definição equivocada

pode, na maioria dos casos, trazer consequências irremediáveis. Portanto, a motivação

para elaboração desta monografia deve-se a importância em analisar os riscos nas

operações. Um procedimento que auxilia as empresas e pessoas à tomada de decisão,

visando reduzir os riscos de maneira efetiva e veloz, considerando todas as

possibilidades, transfigura-se em um excelente diferencial.

Neste trabalho, o objetivo foi estudar a fundo uma das ferramentas de auxílio à tomada

de decisão, a Árvore de Decisão e as diferentes métricas e técnicas que podem ser

utilizadas em conjunto com essa ferramenta. Este estudo será feito com foco na

indústria petrolífera, que dentre os demais setores da economia, devido principalmente

ao grande volume de dinheiro envolvido em suas decisões e seus riscos inerentes, ao

fato de o Petróleo ser um produto estratégico e valorizado no mercado internacional e

por esse ser um ramo que incentiva o desenvolvimento de novos conhecimentos, é um

dos setores que mais utilizam ferramentas de análise de decisão com risco.

No Capítulo 1 será apresentada a Teoria da Decisão, seu desenvolvimento, o motivo

pelo qual o interesse por conhecê-la seja cada vez maior, além de sua utilização como

ferramenta para a análise de risco.

No Capítulo 2 será mostrada a Árvore de decisão que é uma ferramenta para análise e

resolução de problemas e é o pilar central do desenvolvimento desse trabalho, pois

serve de base para as próximas abordagens. Junto com a apresentação da Árvore serão

mostrados os elementos que a compõe, a metodologia para montagem e resolução, a

utilização de software PrecisionTree como ferramenta de apoio, o conceito de

informação adicional e o valor que uma informação pode possuir em um problema

decisório.

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O Capítulo3 é focado em detalhar as técnicas que podem ser utilizadas para realizar

uma tomada de decisão, com foco na indústria de petróleo. Será apresentada a técnica

do Valor Monetário Esperado (VME), que é comumente empregada em problemas de

Árvore de Decisão; a Teoria da Utilidade que leva em conta a postura do tomador de

decisão frente ao risco; e a Técnica de determinação do Equivalente Certo que

possibilita a determinação do Share Ótimo que um tomador de decisão deve tomar

como forma de maximizar a sua função utilidade e compartilhar decisões de risco com

outros interessados, além de indicar em que casos as técnicas deverão ser utilizadas,

através dos tipos de função utilidade.

No Capítulo 4 serão mostrados estudos de caso para avaliar como os conceitos

abordados no trabalho podem ser empregados no dia a dia das empresas da indústria do

petróleo.

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1. TOMADA DE DECISÃO

Tomar uma decisão pode significar em como decidir a opção, dentre duas ou mais

opções, que melhor satisfaça os propósitos preestabelecidos. A boa tomada de decisões

não é uma habilidade proveniente de algum processo evolutivo da natureza (Hastie e

Dawes, 2001) e sim, como qualquer outra, uma habilidade que pode ser lapidada através

do estudo teórico e da experiência oriunda da prática.

É importante ressaltar o papel da incerteza no processo de decisão. A mesma sendo

considerada adequadamente, pode resultar em tomadas de decisões diferentes daquelas

que seriam tomadas caso fosse desprezada. Não há um único número para decidir uma

alternativa, isto é, ao tomar uma decisão, há uma série de resultados possíveis

juntamente com as probabilidades associadas.

Quanto mais informações o tomador tiver, melhores são as decisões e mais rapidamente

e facilmente são alcançadas, com isso há um aumento da confiança do tomador.

Portanto, a incerteza, bem como a análise de risco e a sensibilidade, são fatores

fundamentais da avaliação de uma decisão e devem ser ponderadas em um estudo após

as principais operações terem sido determinadas.

1.1. Indústria do Petróleo

A indústria do petróleo tem como atribuições explorar, avaliar e produzir o petróleo e

gás. Seu ciclo de vida inicia-se na avaliação de uma reserva e vai até o abandono,

passando por exploração, desenvolvimento e produção. Nestes processos há vários

momentos em que se exige tomadas de decisões, as quais dependem do tempo, dos

recursos da empresa e do cenário o qual o sistema está inserido. Estes procedimentos

podem ser tanto modestos (horário de trabalho de algum colaborador ou decisões

envolvendo alguns milhares de dólares) como protuberantes (horário de trabalho de

milhares de colaboradores ou investimentos envolvendo bilhões de dólares).

Ter uma boa performance nem sempre é resultado de uma boa tomada de decisão e

gestão de incertezas. Na indústria do petróleo, isto pode ser inserido no contexto do

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preço do petróleo e gás, os resultados podem ser enigmáticos quando os preços das

commodities estão altos. Quando os preços estão reduzidos, os desempenhos são mais

indicadores. Tendo como exemplo, no período de 2005 a 2008, foi constatado um

formidável crescimento no preço do petróleo, desse modo, estes projetos concederam

lucros consideravelmente maiores do que foi projetado no momento que as decisões de

aplicação de capital foram tomadas.

1.2. Tomando Decisões

Uma decisão representa uma destinação consciente e irrevogável de recursos para

atingir alvos pretendidos. “Consciente” compreende-se que envolve raciocínio,

percepção. “Irrevogável” porque caso haja mudança de ideia futuramente, haverá

perdido tempo e dinheiro.

Objetivos, alternativas e informações, estes são os três elementos sobre os quais uma

decisão é avaliada. Os objetivos são os básicos da decisão, sem conhecê-los, é

impossível julgar qual alternativa é a mais apropriada. As informações são utilizadas

para prever o desempenho de cada alternativa em cada objetivo. Deve haver mais de

uma alternativa, caso contrário, não há decisão a ser tomada. Muitas vezes uma das

alternativas é “não fazer nada”.

1.2.1. Análise de Decisão

Segundo Bratvold (2010), Ron Howard, um dos fundadores da Decision Science, foi o

primeiro a introduzir o termo “análise de decisão” em um artigo sobre energia

nuclear.Ele descreveu a “disciplina da análise de decisão” como um “procedimento

sistemático para transformar problemas de decisão opaca em problemas de decisão

transparentes por uma sequência de etapas transparentes”.

O método de análise de decisão deve ser entendido como um diálogo entre o tomador de

decisão e os analistas. Analistas, no contexto da indústria do petróleo, significam rico

campo de disciplinas, tais como geociência, economia, direito e todas as engenharias

envolvidas como de reservatórios, de perfuração, entre outras.

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1.2.2. Boas Decisões e Bons Resultados

Deve-se diferenciar decisões de resultados. Um bom resultado (ou resultado) é “um

estado futuro que o tomador aprecia em relação a outras possibilidades”. Uma boa

decisão é “uma ação tomada que é logicamente coerente com os objetivos, as

alternativas percebidas, as informações obtidas e as preferências que o tomador sente”.

Em um mundo incerto, boas decisões podem levar a resultados ruins e vice-versa.

Quando em uma situação de decisão não há incerteza, o resultado é determinado quando

a decisão é tomada, logo um bom resultado certamente é oriundo de uma boa decisão.

Quando a incerteza está presente, pode ser que fatores incontroláveis (sorte, por

exemplo) influenciem o resultado, portanto,o mesmo pode ser ruim mesmo que a

decisão seja boa. O contrário pode acontecer e, neste caso, a sorte é muitas vezes

confundida com a habilidade.

1.2.3. Desafios da Tomada de Decisão

As decisões são difíceis dentro do ciclo de vida do upstream e envolvem questões

diferentes. No entanto, alguns desafios são comuns à maioria das decisões. Como por

exemplo:

• Incerteza - As decisões de E&P são particulares e são baseadas em informações

incertas.

• Complexidade - Pode haver inúmeras decisões, cada uma com vários fatores a

serem considerados, podendo ter uma sequência complexa e interações entre

decisões e incertezas.

• Múltiplos Objetivos - A maioria das empresas de E&P usa múltiplos objetivos

em suas tomadas de decisão. É difícil comparar o desempenho de diferentes

alternativas de decisão usando métricas múltiplas e muitas vezes concorrentes.

• Ambiguidade - Muitas vezes há falta de clareza sobre os objetivos reais e sua

importância relativa.

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• Ansiedade sobre as consequências - As consequências de um resultado de

decisão, que é incerto, podem ser significativas para o tomador de decisão, para

a organização e todos os seus funcionários, ou para as comunidades e ambientes

em que opera. Isto sendo agravado pelo montante envolvido nas operações da

indústria petrolífera.

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2. ÁRVORE DE DECISÃO

Uma árvore de decisão é uma ferramenta de suporte à tomada de decisão que usa um

gráfico no formato de árvore e demonstra visualmente as condições e as probabilidades

para se chegar a resultados. Uma árvore de decisão é uma forma de visualizar as regras

de negócio que levam a determinados grupos de indivíduos, construídos com base em

uma variável alvo. Caracteriza de maneira satisfatória o ambiente de projetos

exploratórios, sendo bastante aplicada na modelagem de decisões que englobam os

seguintes estágios:

• Modelar, minuciosamente, um contexto, no qual há inúmeras decisões sequenciais e

eventos que possam variar.

• Calcular o valor esperado de diferentes possibilidades de decisão, tendo como

objetivo optar pela que minimiza oscustos.

• Obter a distribuição de probabilidade para os payoffs da decisão ótima.

• Através das probabilidades dos eventos, obter uma análise de sensibilidade que

mostre alternativas à decisão considerada ótima.

A árvore de decisões é estruturada de forma que mostre todos os possíveis cenários,

utilizando uma estrutura ramificada, podendo ser altamente ramificada, dependendo da

variedade de decisões e situações distintas envolvidas, como no caso de diversos

grandes projetos de E&P de óleo e gás, fazendo-se necessário usar softwares para obter

o resultado ótimo.

O programa PrecisionTree, ferramenta englobada pelo pacote Decision Tools, será

utilizado para desenvolvimento do estudo. Conceituadíssima na indústria do petróleo,

graças a sua interface com Excel, que possibilita, em tempo real, a visualização das

modificações do valor dos parâmetros inseridos em células que são referências

elementares.

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2.1. Elementos de uma Árvore de Decisão

Uma Árvore de Decisão é composta por Nós de Decisão e Probabilísticos, além de nós

terminais. O PrecisionTree se utiliza de quadrados verdes para mostrar nós de

decisão, círculos vermelhos para nós probabilísticos, e triângulos azuis para Nós de

payoffs, que são chamados de nós terminais, por não possuírem ramificações.

Os Nós de Decisão representam pontos onde tomador de decisão deve optar por um dos

caminhos possíveis. Os Nós de Evento Aleatório, conhecidos em inglês como

Chanceforks, referem-se aos pontos onde o tomador de decisão não tem opção de

escolha, pois trata-se de um evento incerto no qual cada resultado possível desse tipo de

nó possui uma probabilidade de ocorrência.

A árvore de decisão propriamente dita é oriunda da integração dos elementos básicos

em uma única estrutura. Entretanto, os ramos que derivam de cada nó,obedecem modelo

conforme a espécie do nó; estes podem ser decisórios, probabilísticos ou terminais. O

ramo, no primeiro caso, terá na parte superior escrito ou “verdadeiro” ou “falso”,

conforme seja o mesmo, respectivamente, caminho ótimo ou não. Já na parte inferior do

ramo, haverá o valor de retorno da decisão. Um ramo é um caminho, ou parte de um

caminho, que pode ser percorrido na árvore. Chama-se ramo completo o que se inicia

no ponto de origem da Árvore e termina em resultado final do último evento. Desta

maneira tem-se que o resultado final do problema será composto por ramos completos.

Figura 2.1: Elementos de uma Árvore de Decisão

(Fonte: Software PrecisionTree)

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2.2. Modelagem Decisória

Desde que os eventos incertos sejam independentes, a ordem em que se apresentam não

tem relevância, entre decisões diferentes. Entretanto, se dois eventos forem

relacionados, A e B por exemplo, a disposição, indubitavelmente, influenciará no

resultado, pelo fato de serem probabilidades condicionadas.

A Figura 2.2 demonstra esse fato mostrando a diferença estrutural da árvore quando se

teminicialmente apenas a probabilidade de ocorrência do evento A e posteriormente

apenasdo evento B. A sequência entre dois nós não precisa necessariamente seguir a

ordem deresolução dos eventos incertos, a não ser que haja nós intermediários entreeles.

Figura 2.2: Diferença estrutural da árvore para dois eventos A e B dependentes

(Fonte: BRATVOLD, R.B., BEGG, S.: Making Good Decisions)

A montagem da árvore segue mais a linha da praticidade e facilidade de visualização

das probabilidades condicionadas de interesse. Pode-se ainda, utilizando uma análise de

sensibilidade, diminuir as dimensões da árvore. Isso deve-se à exclusão de decisões que

têm uma expectativa ínfima e combinações, de um modo geral, impraticáveis.

Tem-se, na Figura 2.3, um cenário em que as múltiplas decisões iniciais e suas possíveis

combinações entre si são o objetivo básico do projeto. Veja-se que a decisão um possui

três alternativas, a decisão dois possui duas alternativas e a decisão três tem três

alternativas. Resultam dezoito possíveis combinações de decisões. Porém, é comum que

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este espaço amostral de decisões inclua combinações adversas ou com baixa

viabilidade. Concentrando-se somente nas alternativas que são executáveis e que

permitam tomar estratégias de ação, portanto, todas as outras combinações são

desconsideradas, reduzindo, de maneira eficiente, o tamanho da árvore.

Figura 2.3: Múltiplas decisões iniciais: identificação de estratégia

(Fonte: BRATVOLD, R.B., BEGG, S.: Making Good Decisions)

A Figura 2.4 simboliza um contexto na qual há uma única decisão e múltiplas

incertezas. Cada escolha de decisão possui no total seis nós terminais e a adição de mais

incertezas resultaria em um crescimento veloz. O foco é a exclusão das combinações

desfavoráveis, de maneira similar ao caso anterior, porém selecionando agora um

conjunto de eventos probabilísticos que constituirão os chamados cenários.

Page 21: Árvore de Decisão Aplicada à Exploração e Produção de ... · Árvore de Decisão; a Teoria da Utilidade que leva em conta a postura do tomador de decisão frente ao risco;

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Figura 2.4: Decisão única com múltiplas incertezas: identificação de cenários

(Fonte: BRATVOLD, R.B., BEGG, S.: Making Good Decisions)

Processos decisórios de vasta abrangência, como um plano de desenvolvimento de

projetos exploratórios, utilizam, de maneira simultânea, os dois procedimentos para

minimizar a extensão do problema. Na prática, o estudo de estratégia e cenários em

conjunto é aplicado constantemente, considerando primeiramente os cenários e

posteriormente o desenvolvimento de estratégias para cada um deles.

A seguir está descrita passo a passo uma metodologia que pode ser utilizada para a

construção e a resolução de uma Árvore de Decisão.

1. Identificar os Nós de Decisão e de Evento aleatório do problema;

2. Modelar o problema de forma que os Nós se encaixem de forma lógica e

cronológica;

3. Estando agora diante do desenho gráfico da Árvore devem-se identificar os ganhos

ou perdas de cada Nó de Decisão e as probabilidades de ocorrência de cada evento

de um Nó de Evento Aleatório;

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12

4. Determinar os ganhos ou perdas finais para cada um dos ramos, ou seja, para cada

resultado final possível para o problema, o qual é geralmente expresso em termos

monetários, muitas vezes esse ganho mensurado utilizando VPL, Fluxo de Caixa,

Retorno em dinheiro, entre outras formas de medidas de retorno;

5. Calcular os Valores Esperados de cada Nó de Evento Aleatório Final da Árvore. O

Valor Esperado é calculado pela soma da multiplicação probabilidade de ocorrência

de cada evento possível de um nó de Evento aleatório pelo seu resultado final

(média ponderada);

6. Escolher para valor esperado do nó de decisão a alternativa que possua o maior

Valor Esperado. Fazer essa escolha significa dizer que a decisão que deverá ser

tomada, caso se esteja diante desse Nó de decisão, é seguir pelo caminho de maior

Valor Esperado e que a outra possibilidade de caminho é um caminho rejeitado;

Devem-se repetir os passos 5 e 6 iniciando-se no resultado final da árvore até que se

chegue ao Nó de origem, que é o primeiro Nó da árvore. Após isso, a Árvore estará

resolvida e, a partir da origem, será possível identificar os caminhos que deverão ser

percorridos pelo tomador de decisão, de acordo com os resultados aleatórios que

acontecerão.

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3. ANÁLISE DE RISCO

Existem diversos critérios usados para auxiliar na tomada de decisões de projetos. Para

analisar economicamente investimentos em que estejam envolvidos eventos provindos

de variável aleatória, os quais apresentam incertezas que influenciam nos resultados

futuros, métodos, como Valor Presente Líquido (VPL), precisam ser aplicados em

conjunto às ferramentas mais refinadas de análise de decisão.

A Teoria da Decisão, apesar de levar em conta as incertezas oriundas da análise de

investimentos, não avalia o grau de aversão ao risco por parte dos tomadores de decisão.

Nesse contexto entra a Teoria da Utilidade, para tentar avaliar melhor esse

comportamento.

3.1. Valor Monetário Esperado (VME)

O valor esperado é a soma dos produtos da probabilidade de ocorrência de um evento

com o retorno medido daquele evento. No caso de valor monetário esperado está-se

considerando como medida de resultado final de um evento uma medida monetária.

𝑉𝑀𝐸 = ∑(𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟). (𝑝𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒) = 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑑𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑝𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠

𝑛

𝑗=1

O valor esperado é, por definição, o resultado médio que será alcançado por um evento

probabilístico repetido infinitas vezes. A alternativa a ser escolhida será aquela que

apresentar maior VME, podendo ser positivo ou negativo.

Agora será utilizado um exemplo ilustrativo bem simples para compreender como, na

prática, aplica-se a metodologia do VME em situações cotidianas que requerem

decisões imediatas. Imagine-se a seguinte situação: um apresentador de um programa de

TV convida pessoas na rua para participar de um quadro em que ele joga uma moeda

não viciada pro ar e, no caso de dar cara, ele as paga R$ 100,00 e, caso der coroa, não as

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paga nada, mas também não pede nada em troca. Valeria a pena participar desse

quadro?

Pode-se calcular o Valor Monetário Esperado (VME) de cada uma das alternativas: o

Valor Presente Líquido (VPL), que é o valor ofertado pelo apresentador, e a

probabilidade de ocorrência de cada um dos eventos, que é de 50% para dar cara ou

coroa em uma moeda não viciada.

O Valor Monetário Esperado (VME) é o critério de comparação a ser utilizado para

selecionar a melhor decisão em situações de incerteza.

A tomada de decisão através do Valor Monetário Esperado (VME) estabelece que a

alternativa a ser aceita deve apresentar o maior VME positivo.

VME = VPLs.Ps +VPLf.Pf

Onde:

• VPLs: Valor Presente Líquido do Sucesso; Ps: Probabilidade de Sucesso;

• VPLf: Valor Presente Líquido do Fracasso; e Pf: Probabilidade de Fracasso.

Assim:

• VME aceitar = 0,5.100 + 0,5.0 = R$ 50,00

• VME recusar = R$ 0,00

Como o VME da alternativa de participar do jogo é de R$ 50,00 e o de não participar é

zero, é claro que a decisão é optar por participar, pois não há chance de perdas.

Continuando a aplicação da metodologia de avaliação de oportunidades de negócios

através da maximização do Valor Monetário Esperado (VME), supondo que o indivíduo

tenha agora que tomar uma decisão entre participar de um outro quadro onde o mesmo

apresentador oferece R$10.000,00 caso dê cara na moeda, e dessa vez, dando coroa, a

pessoa teria que dar R$ 1.000,00 para o apresentador (Caso A) ou de uma aposta com

um amigo onde ganharia R$ 10,00 no caso de dar cara e perderia R$ 1,00 no caso de

coroa (Caso B). Qual seria a melhor decisão a ser tomada?

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VME = VPLs.Ps +VPLf.Pf

VMEa = 0,5.10.000 + 0,5. (-1.000) = R$ 4.500

VMEb = 0,5.10 + 0,5. (-1) = R$ 4,00

Conforme já aponta automaticamente o programa “PrecisionTree”, a linha de ação que

maximiza o VME é a de aceitar o jogo oferecido pelo apresentador, já que o VME do

Caso A de R$ 4.500,00, é muito superior aos R$ 4,00 esperados no Caso B. Porém é

preciso avaliar se o tomador de decisão tem recursos financeiros para suportar uma

perda de R$ 1.000,00, e o critério de tomada de decisão (VME) não leva em

consideração a quantidade de dinheiro exposta ao risco de perdas, ou seja, o risco

financeiro da alternativa escolhida.

O grande problema do método VME é que ao desconsiderar o risco financeiro, ele

ignora a capacidade do tomador de decisão em arcar com perdas financeiras. Logo, a

utilização do método é aconselhável para quem está em uma posição de indiferença ao

risco financeiro, o que não é o caso de um gestor na indústria do petróleo, pois os riscos

associados à indústria do petróleo são inúmeros, indo desde questões geológicas, até

questões políticas, envolvendo quantias elevadas.

Dessa forma, percebe-se que é necessário considerar os riscos financeiros na avaliação

de projetos em que estejam envolvidas incertezas de quaisquer naturezas. No exemplo

estudado viu-se que os tomadores de decisão não agem baseados somente na

maximização do VME; mas também precisam avaliar o grau de risco a que estão

expostos, de forma a decidir se aceitam correr tal risco. Para isso, faz-se necessário a

utilização de um método capaz de avaliar projetos levando em conta um equilíbrio entre

o critério de maximização do VME e o posicionamento dos tomadores de decisão

perante ao risco financeiro. Nesse contexto utiliza-se a Teoria da Utilidade.

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3.2. Teoria da Utilidade

A Teoria da Utilidade surge como um método de análise de investimentos capaz de

considerar as preferências individuais dos tomadores de decisão em relação ao risco,

podendo ser utilizada em problemas onde se tenham riscos ou incertezas, conseguindo

analisar quantitativamente e qualitativamente diferentes tipos de situações, não

precisando necessariamente que se tenha um valor numérico atrelado diretamente à

variável analisada, para gerar um valor para a função utilidade.

3.3. Tomadores de decisão

Os tomadores de decisão costumeiramente são classificados de formas distintas, quanto

à sua postura perante o risco: avessos ao risco, indiferentes ao risco; ou propensos ao

risco.

Fatores como patrimônio acumulado, o montante envolvido, e a ousadia perante uma

situação de risco, são os principais que são levados em conta para determinar o

comportamento do tomador de decisão.

3.3.1. Aversão ao risco

Aversão ao risco é a relutância de uma pessoa para aceitar um negócio com um retorno

incerto, em vez de outro negócio com um retorno esperado mais certo, mas

possivelmente menor. Como por exemplo, um investidor avesso ao risco que prefere

investir numa aplicação bancária com uma taxa de juros baixa, mas sem riscos, em vez

de investir no mercado de ações, que poderia render um retorno muito mais alto, porém

com um risco considerável no processo.

3.3.2. Propensão ao risco

O tomador de decisão propenso ao risco é o que prioriza a oportunidade de ganho.

Mesmo podendo ter perdas consideráveis, gosta de se aventurar em empreendimentos

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arriscados. Essa postura é típica em situações onde o valor em caso de perda é bem

menor que valor do patrimônio do tomador de decisão.

3.3.3. Indiferença ao risco

O tomador de decisão que é indiferente ao risco toma suas decisões seguindo somente o

critério de maximização do valor monetário esperado (VME) e não leva em conta seu

patrimônio e nem o montante que irá perder em caso de o empreendimento dar errado.

Apesar da grande capacidade financeira de suportar perdas, as empresas petrolíferas

apresentam um certo nível de aversão ao risco, devido à limitação orçamentária.

No mundo dos negócios, os investidores sempre almejam empreendimentos em que

consigam ter o maior retorno, em caso de riscos equivalentes, e o menor risco, em caso

de retornos financeiros iguais, sempre visando maximizar o retorno esperado e

minimizar o risco do projeto.

A ideia por detrás de um investidor abrir mão de um maior retorno financeiro para

minimizar o risco (aversão ao risco) ou preferir maximizar o retorno, mesmo

enfrentando um risco elevado (propensão ao risco), é conhecida como trade off entre

risco e retorno. Sendo assim, considerando a postura do investidor frente ao risco, este

modelo decisório será capaz de determinar a melhor decisão a ser tomada.

3.4. Função-Utilidade

A definição de uma função-utilidade adequada é necessária para demonstrar, de forma

mais realista possível, o comportamento de um indivíduo perante ao risco, e como

mencionado anteriormente, cada função se adéqua a um determinado tipo de

comportamento distinto. Utiliza-se como molde, funções matemáticas para enquadrar de

forma analítica, o comportamento dessas funções, aliado a parâmetros experimentais

que ajudam a ajustar ainda melhor essas funções à realidade. Funções como a linear,

exponencial e logarítmica são amplamente utilizadas nesse contexto.

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Uma das questões mais importantes e fundamentais, portanto, é conseguir escolher a

função utilidade que se adapte bem à situação em questão. Em alguns casos consegue-se

ter uma leitura clara de qual função utilidade utilizar no problema pois já se sabe que tal

função se adéqua ao problema em questão. Entretanto nem sempre acontece dessa

forma, sendo necessária a utilização de outras metodologias para tentar um melhor

ajuste da função utilidade para o caso proposto, o que nem sempre é tão simples.

3.5. Coeficiente de Aversão ao Risco (γ)

O coeficiente de aversão ao Risco se propõe a medir quantitativamente a aversão ao

risco por parte de um tomador de decisão, estando sempre presente nas funções-

utilidade, e sendo um valor particular para se adequar exclusivamente ao

comportamento de cada empresa. É inversamente proporcional à tolerância ao risco ( 𝛾

= 1 / Tolerância ao risco) e é calculado da seguinte forma:

𝛾 =−

𝑑2𝑈

𝑑𝑥2 (concavidade da curva de utilidade)

𝑑𝑈

𝑑𝑥(tangente da curva de utilidade)

Sendo U, a função utilidade.

De forma que:

• 𝛾> 0, significa aversão ao risco

• 𝛾 = 0, significa indiferença ao risco

• 𝛾< 0, significa preferência ao risco

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3.6. Tipos de Função-Utilidade

A utilidade é um parâmetro que revela a dimensão do interesse, para certo indivíduo, de

cada uma das ocorrências, além do que, é um valor abstrato. Por conseguinte, o alto

nível de subjetividade é notável; portanto, cada pessoa em determinada situação possui

uma decisão particular, nunca podendo ser extrapolada para um tomador de decisão

e/ou cenário diferentes.

Existem diversos tipos de Função Utilidade. Abaixo encontram-se algumas das

principais delas.

3.6.1. Função Linear

É um tipo de função utilidadeonde é possível modelar o comportamento de um

indivíduo indiferente ao risco.

𝑈(𝑥) = 𝛾𝑥

Como, 𝑑𝑈

𝑑𝑥= 1 e

𝑑2𝑈

𝑑𝑥2 = 0 , temos: 𝛾= 0, logo temos um caso de indiferença ao risco.

3.6.2. Função Exponencial

A função utilidade exponencial consiste em uma exponencial amortecida negativa,

podendo ser utilizada em casos onde o coeficiente de aversão ao risco não se altere com

a renda (x).

𝑈(𝑥) = −𝑒−𝛾𝑥

A função-utilidade exponencial é a mais empregada, dentre todas apresentadas, graças à

facilidade de modelagem do coeficiente de aversão ao risco. Entretanto vale ainda

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mencionar que em um cenário onde se pode ter altas perdas, há funções como a tangente

hiperbólica, que se ajusta melhor à situação.

3.6.3. Função Logarítmica

A função utilidade logarítmica pode ser obtida através da imposição de um perfil de

aversão ao risco, onde o coeficiente de aversão ao risco decaia com a renda (x), de

forma que se a renda de uma empresa aumenta, espera-se um comportamento menos

avesso ao risco.

𝑈(𝑥) = 𝑙𝑛(𝑥 + 𝛾 ), 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝛾 > 0, 𝑥 > −𝛾

3.7. Definição de função utilidade para uma empresa

Para se definir uma função utilidade para uma empresa, segundo WALLS e Dyer

(1996), deve-se avaliar o comportamento desta em cenários de investimentos de risco,

através da análise do histórico das decisões da empresa ao longo do tempo.

É possível utilizar um dos modelos apresentados anteriormente para definir a função

utilidade. O modelo exponencial é utilizado por WALLS e Dyer (1996) como base, por

considerá-lo como o mais difundido dentre os modelos. Denotam que este modelo não é

o mais correto para todas as empresas, entretanto, é mais simples e tem uma boa

aproximação dos resultados para quando se tem uma boa base de dados.

WALLS e Dyer (1996) entendem que, para a definição da equação de utilidade, em

empresas de petróleo, deve-se tratar cada investimento como uma distribuição binomial,

onde os eventos são independentes e sua probabilidade se mantém inalterada

independentemente do tempo. De acordo com os mesmos, a distribuição binomial pode

ser aproximada por umadistribuição normal, se a probabilidade de sucesso não for

próxima de 0 nem de 1, mesmo que o tamanho da amostra for pequeno. Sendo assim, o

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equivalente certo para a função utilidade pode ser calculado e será explicado mais

adiante.

3.8. Valor Esperado de Utilidade (VEU)

É calculado de maneira similar ao Valor Monetário Esperado (VME), sendo que no

caso do Valor Esperado de Utilidade, devem-se multiplicar as probabilidades (P) de

cada evento pela Utilidade (U) resultante da função utilidade. Quando se entra em um

evento com o Retorno Monetário como input, o resultado numérico de output da função

utilidade é a Utilidade resultante.

𝑉𝐸𝑈 = ∑(𝑝𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒). (𝑈𝑡𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒)

𝑛

𝑗=1

O projeto deve ser aceito e realizado apenas se apresentar um VEU positivo, caso não,

deverá ser abandonado, por analogia à metodologia do Valor Monetário Esperado.

Quando se está diante de uma Árvore de Decisão que está sendo resolvida pela

Utilidade, baseando a escolha em VEU, deve-se optar pela escolha com maior VEU.

Figura 3.1 - Árvore exemplo para o VEU

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O Valor Esperado da Utilidade no Nó de Decisão é dado por:

VEU = Ps.U(VPL1) + Pf.U(VPL2)

Onde:

• VPL1e VPL2 ➝ Resultado Monetário Esperado para os eventos 1 e 2,

respectivamente;

• Pse Pf➝ Probabilidade de sucesso e fracasso, respectivamente.

Assim:

• VEUA = p1.U(VPL1) + p2.U(VPL2)

• VEUB = 0

Se VEUA> VEUB, opta-se por realizar o projeto, caso contrário deve-se abandonar o

mesmo.

3.9. Equivalente Certo (EqC)

O EqC corresponde ao menor valor monetário certo e seguro que o tomador de decisão

aceita, deixando de se arriscar em uma dada situação incerta.

Exemplificando, considerando-se que uma pessoa tem uma loteria com:

• probabilidade P de ganhar X;

• probabilidade (1- P) de ganhar Y (com X>Y);

Haverá uma alternativa Z, tal que X>Z>Y, que, ocorrendo com certeza (P =100%)

torne a pessoa indiferente em termos de preferência entre X , Y e Z , onde Z é o

Equivalente Certo (EqC) da loteria.

Através da comparação entre o Equivalente Certo (EqC) e o Valor Monetário Esperado

(VME) do negócio, tem-se o chamado "Prêmio de risco", que é dado pela diferença

entre o VME e o EqC. Que pode ser entendido como uma recompensa ao tomador de

decisão pelo risco de perda ao decidir pela opção arriscada em detrimento ao ganho

certo, dado pelo EqC.

• Indiferente ao Risco: EqC = VME

• Propenso ao Risco: EqC>VME

• Avesso ao Risco: EqC< VME

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Por definição, o valor da Utilidade do EqC é igual ao Valor Esperado da Utilidade:

U(EqC) = VEU

3.10. Comparação entre VME e EqC

Um ponto a favor do método VME para o tomador de decisão é a utilização de um

pensamento claro e lógico. Entretanto, este método possui fatores desfavoráveis,

especialmente no quesito de não conseguir analisar a aversão ao risco do tomador de

decisão.

Em outras palavras, a diferença entre o VME e EqC, caso exista, está diretamente

relacionada ao comportamento do tomador de decisão frente ao risco.

3.11. Share Ótimo

É comum que uma organização opte por não assumir integralmente um determinado

investimento, pois procura dividir o risco inerente ao empreendimento com outras

empresas e amenizar o prejuízo, em caso de o investimento dar errado.

O Equivalente Certo convenientemente modelado, através do uso da função utilidade,é

utilizado para se encontrar o percentual de participação (x) ótima de um projeto.

Considerando uma função utilidade exponencial, 𝑈(𝑥) = −𝑒−𝛾𝑥, que apresenta uma

tolerância (ou aversão) ao risco constante para pequenos ou grandes montantes, se

obtém a seguinte relação :

𝐸𝑞, 𝐶𝑒𝑟𝑡𝑜 = (−1

𝛾) ln (𝑃𝐴𝑒−𝛾𝑥𝑉𝑃𝐿𝐴 + 𝑃𝐵𝑒−𝛾𝑥𝑉𝑃𝐿𝐵 )

Onde:

• (γ) é o coeficiente de aversão ao risco;

• PA, PB são as probabilidades dos eventos A e B;

• VPLA,VPLB são os resultados desses eventos;

• (x) é o nível de participação (share) no projeto.

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4. ESTUDO DE CASO

Estudando um caso hipotético da indústria do petróleo, tem-se o prospecto 1-BMC-X-

RJS, situado em um bloco exploratório na bacia de Campos na faixa de lâmina d’água

de 1000 a 1400 metros, com 250 km² de área, será avaliado economicamente e com

base nisso terá que se decidir se o prospecto é ou não um bom investimento.

A seguinte árvore de decisão está aberta para a diretoria:

Figura 4.1: Árvore modelo do estudo de caso

1 - A diretoria decide não perfurar o poço pioneiro: não há gastos, mas também não há

receitas.

2 - A diretoria decide perfurar o poço pioneiro.

3 - O poço descobre óleo nas condições previstas (60% de chance).

4 - O poço não descobre óleo (40% de chance): não há o que fazer, a não ser incorrer no

prejuízo do poço já perfurado.

5 - A diretoria decide investir no desenvolvimento da produção.

6 - A diretoria decide não investir no desenvolvimento da produção.

Em se descobrindo óleo nas condições previstas (60% de chance), o desenvolvimento

da produção será feito através de 30 poços e várias opções de Unidades Estacionárias de

Produção (UEPs). Os respectivos cronogramas de poços são dados na tabela 5.3. O gás

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será transferido da UEP para uma estação em terra por um duto de 12’’ e 130 km de

extensão, sendo 115 offshore (afastados da costa). O óleo será escoado por um navio de

alívio (shuttletanker) para o terminal.

As tabelas 4.1, 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5, representam, respectivamente, os investimentos

unitários, o perfil de produção de óleo e gás, o cronograma físico, os custos

operacionais e os valores residuais do projeto. Os valores contemplados nas tabelas

foram estimados de acordo com os usuais na indústria petrolífera.

Tabela 4.1: Investimentos

Item Investimento (MM US$)

Perfuração do Poço Pioneiro 120,00

Perfuração de desenvolvimento submarina 40,00

Completação submarina (ANM $2 MM) 40,00

UEP (1) 2000,00

1 manifold para 4 poços 10,00

Interligação Poço/ UEP 12,00

Interligação Poço/ Manifold 5,00

Interligação Manifold/UEP 5,00

Duto onshore ($/Pol.m) 19,00

Duto offshore ($/Pol.m) 30,00

Abandono da UEP + Poço (molhada) 540,00

Abandono da UEP + Poço (seca) 48,00

Sísmica 30,00

(1) Inclui interligação com Sistema de escoamento de óleo/gás

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Tabela 4.2: Perfil de produção por poço

Ano ÓLEO (mil bpd) GÁS (mil m³/dia)

1 10,00 313

2 7,80 292

3 5,80 198

4 4,80 128

5 4,00 86

6 3,40 57

7 3,00 42

8 2,80 39

9 2,60 35

10 2,50 30

11 2,40 32

12 2,36 34

13 2,32 32

14 2,28 34

15 2,24 33

16 2,20 31

17 2,00 28

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Tabela 4.3: Cronograma físico do desenvolvimento da produção

Atividade 2003 2004 2005 2006 2007 2008 a 2022 Total

Perfuração

12 12 6 0

30

Completação

12 12 6 0

30

Interligação

12 12 6

30

UEPs 31,3% 67,7%

100%

Dutos

(offshore/onshore)

X

• Abandono em 2022.

Tabela 4.4: Custos operacionais

Item Custo Annual

Fixos por ano 5% do investimento da UEP

Intervenções em poços Intervenção por poço a cada 3 anos com

duração de 25 dias

Taxa Diária Sonda/Serviços (mil

US$/dia)

120

Transporte de óleo por navio Navios com capacidade de 135 mil m³

Taxa diária Navio/Serviços (mil

US$/dia)

35

• Ciclo da viagem de 6 dias e ocupação efetiva de 70% da capacidade.

Tabela 4.5: Valor residual dos equipamentos

Item Vida útil (anos) Ano de incidência Forma de depreciação

UEPs, ANM, Bundles

Flexíveis

20 2022 Linear

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• Observações:

o Todas as completações serão molhadas

o Tempo de perfuração/completação/interligação é de 30 dias cada

o Preço do barril de Petróleo: $45,00

o Preço do m³ de gás: $0,07 (15% do gás não será comercializado)

4.1. Resultados Obtidos

Realizou-se o fluxo de caixa descontado utilizando os dados do problema apresentado.

Os resultados, localizados ao final de cada ramo da Árvore, foram obtidos utilizando o

Valor Presente Líquido (VPL), sendo a Taxa de Desconto equivalente a quinze por

cento ao ano (15% a.a.).

4.1.1. Estrutura da Árvore

A natureza do problema é analisar diferentes situações entre perfurar um poço pioneiro

ou abandonar, e além disso a realização de sísmica também será levada em

consideração.

Considerando dados estatísticos, verificou-se que em média dentre os poços em que são

detectados contendo óleo, 80% são oriundos de sísmica boa e 20% de sísmica ruim.

Com base nos dados que foram fornecidos, pode-se desenhar uma árvore, com os nós e

ramos probabilísticos, inicialmente.

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Figura 4.2: Árvore de probabilidade inicial

(Fonte: Software PrecisonTree)

4.1.2. Teorema de Bayes

O teorema de Bayes mostra como alterar as probabilidades a priori tendo em vista novas

evidências para obter probabilidades a posteriori. Podendo ser descrito pela seguinte

relação:

𝑃(𝐴|𝐵) = P(B|A)P(A)

𝑃(𝐵)

Para modelagem de decisões do problema do Estudo de Caso, é apropriado que a

estrutura dos ramos da árvore se inverta para que a sequência cronológica fique

satisfatória (ou seja, a sísmica vindo antes de se saber se o poço é seco ou não),

alcançando as probabilidades condicionadas dos eventos exploratórios (poço seco e

poço descobridor) considerando a sísmica em bom e mau estados.

Emprega-se o Teorema de Bayes para o cálculo que é realizado das probabilidades da

árvore invertida, onde para dois eventos 1 e 2 não independentes, tem-se:

i) Presença de sísmica boa;

ii) Presença de sísmica ruim;

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Obtemos uma nova disposição, onde a sísmica ocorre primeiro à perfuração do poço

(ordem cronológica correta). Assim temos que, dado uma sísmica em bom estado, a

probabilidade do poço ser descobridor é igual a 92,3%, dando ao tomador uma

confiança maior ao decidir.

Por intermédio da ferramenta “Revisão Bayesiana” do PrecisionTree, tem-se a estrutura

da árvore invertida com suas respectivas probabilidades.

Figura 4.3: Árvore de probabilidade inicial invertida

(Fonte: Software PrecisonTree)

Contempla-se o considerável ganho de tempo que a ferramenta de revisão bayesiana

propicia, principalmente em processos decisórios de projetos industriais que têm, por

vezes, um número elevado de ramificações.

Tabela 4.6: Probabilidades do resultado dado a sísmica

(Fonte: Software PrecisonTree)

Resultado P (Resultado | Sísmica Boa) P (Resultado | Sísmica Ruim)

Poço Descobridor 0,923 0,25

Poço Seco 0,077 0,75

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31

A modelagem decisória completa do problema considerará todos os dados financeiros e

calculará todos os payoffs de cada nó e ramo; também retornará a escolha de decisão

ótima.

Estão evidenciados em amarelo, as entradas (inputs) do modelo que de acordo com os

valores que podem assumir, cogitada em uma faixa de valores reais, influenciarão a

escolha da decisão considerada ótima e os valores monetários esperados.

A porcentagem de participação no evento e a tolerância ao risco são parâmetros

fundamentais e incertos, que serão estudados, com o objetivo de encontrar um valor que

otimize a relação entre Risco e Retorno (trade-off), mesmo com as incertezas que estão

envolvidas.

Figura 4.4: Árvore de decisão do problema

(Fonte: Software PrecisonTree)

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Como dito anteriormente, os valores ao final de cada ramificação da árvore são oriundos

do cálculo do VPL de cada cenário. Considerando o abandono do projeto, o VPL é igual

a zero, pois não há custos nem ganhos. O custo para realização da sísmica é equivalente

a 30 milhões de dólares e para perfuração do poço pioneiro é equivalente a 120 milhões

de dólares. O VPL para poço descobridor utilizando a sísmica é igual a 2,609 bilhões de

dólares, já para poço descobridor sem sísmica é igual a 2,639 bilhões de dólares.

No momento da análise de risco de um determinado projeto, é necessário um perfil de

risco que é composto por diversos parâmetros, curvas e gráficos. Será visto a seguir que

é possível gerar um relatório que contempla essas informações.

4.1.3. Árvore Ótima

O procedimento utilizado para que o caminho ótimo da árvore seja gerado, será através

do comando “Sugestão de política” do menu “Análise de decisão”, o programa

PrecisionTree mostra a estrutura formada pela melhor escolha de decisão seguida de

nós probabilísticos. Não são exibidos os outros ramos e nós da árvore. A figura 4.5

fornece a disposição da árvore ótima do problema em questão e sugere como decisão

ótima furar o poço pioneiro, para fins de teste. A tabela 4.7 demonstra o caminho ótimo

por nó, além do benefício relacionado a cada decisão (melhor escolha e segunda melhor

escolha).

Figura 4.5: Árvore ótima pelo VME (indiferente ao risco)

(Fonte: Software PrecisonTree)

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Tabela 4.7: Especificação da melhor decisão

(Fonte: Software PrecisionTree)

Escolha ótima Probabilidade Benefício da escolha

correta (melhor - pior)

Benefício da escolha correta

(melhor - segunda melhor)

Fura Poço 100% 1517,84 12

Desenvolve 60% 2759,74 2759,74

4.1.4. Resumo Estatístico

O relatório elaborado o qual contém os principais parâmetros estatísticos do problema

está expresso na Tabela 4.8. Observando os valores do coeficiente de variação, percebe-

se, mesmo que sutilmente, uma maior dispersão dos valores referentes à sísmica em

comparação à opção de furar o poço. Isso constitui um primeiro indicativo para a

tolerância ao risco mínima que deve ser assumida pelo gestor, caso queira-se prosseguir

de acordo com a decisão considerada ótima.

Tabela 4.8: Parâmetros estatísticos por locação

(Fonte: Software PrecisonTree)

Estatítiscas Sísmica Furar Poço

Média 1505 1517

Mínimo -150 -120

Máximo 2609 2639

Desvio padrão 1351 1337

Coeficiente de Variação 90% 88%

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4.1.5. Gráfico de Probabilidade

Esse grupamento de resultados é utilizado com a finalidade de deduzir a função de

distribuição; a mesma constituirá o perfil de risco. A representação gráfica da Figura 4.6

apresenta todos os retornos financeiros com suas probabilidades de ocorrência

particulares.

Vê-se que, como agora se trata de três opções distintas com diferentes cenários

probabilísticos para um mesmo e único nó inicial de decisão; o software examina todas

as escolhas plausíveis e realiza a superposição no mesmo gráfico do perfil de risco,

possibilitando o contraste visual para identificação e comparação de cada uma das

alternativas de decisão.

Figura 4.6: Gráfico de Probabilidade

(Fonte: Software PrecisonTree)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

-50

0 0

50

0

10

00

15

00

20

00

25

00

30

00

Pro

bab

ilid

ade

Probabilidades para Árvore de decisãoRegião de estratégia do nó ''Decisão''

ABANDONA

SÍSMICA

FURA_POÇO_GEOLOGIA

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Dados do gráfico

ABANDONA SÍSMICA FURA_POÇO_GEOLOGIA

Valor Probabilidade Valor Probabilidade Valor Probabilidade

1 0 100,0% -150 40,0% -120 40,0%

2 2609,74 60,0% 2639,74 60,0%

Note-se que, entre os cenários mais pessimistas para ambos locais, é a sísmica que terá

probabilidade maior de ter o maior prejuízo. Além disso, observe-se que o caso otimista

de maior valor monetário esperado terá diferença de 30 milhões de dólares entre

perfurar o poço e a sísmica, com 60% de probabilidade de ocorrência em ambos os

casos.

4.1.6. Gráfico Cumulativo

Há a possibilidade de reproduzir um gráfico com perfil de risco cumulativo. A Figura

4.7 exibe uma distribuição de densidade cumulativa para todas as escolhas de decisão.

O gráfico deixa à mostra qual a probabilidade de um payoff ser menor ou igual a um

determinado valor, mostrando a evolução para um valor de retorno positivo.

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Figura 4.7: Gráfico Cumulativo

(Fonte: Software PrecisonTree)

Dados do gráfico

ABANDONA SÍSMICA FURA_POÇO_GEOLOGIA

Valor Probabilidade Valor Probabilidade Valor Probabilidade 1 - Infinito 0,0% -Infinito 0,0% -Infinito 0,0%

2 0 0,0% -150 0,0% -120 0,0%

3 0 100,0% -150 40,0% -120 40,0%

4 Infinito 100,0% 2609,74 40,0% 2639,74 40,0%

5

2609,74 100,0% 2639,74 100,0%

6 Infinito 100,0% Infinito 100,0%

Vê-se que a obtenção do melhor retorno financeiro será probabilisticamente maior para

furar o poço, estando de acordo com a decisão ótima. Para um intervalo de valores de

payoff negativo, os eventos têm a mesma probabilidade que é equivalente a 40%, sendo

que furar poço apresenta um déficit menor. Para intervalo de payoff positivo, ambos

possuem a mesma probabilidade para uma diferença de 30 milhões de dólares entre os

cenários.

0%

20%

40%

60%

80%

100%-5

00 0

50

0

10

00

15

00

20

00

25

00

30

00

Pro

bab

ilid

ade

cum

ula

tiva

Probabilidades cumulativas para Árvore de decisãoRegião de estratégia do nó ''Decisão''

ABANDONA

SÍSMICA

FURA_POÇO_GEOLOGIA

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37

4.1.7. Análise de Risco

Necessita de uma análise de como varia o equivalente de certeza em função de alguns

parâmetros estratégicos, a fim de se obter uma avaliação da tolerância ao risco de um

projeto. O valor monetário que um indivíduo aceita receber para não entrar em um

empreendimento deve ser quantificado especialmente em função dos custos, lucros e

percentual de participação no empreendimento; através do uso da função utilidade. A

tolerância ao risco e o share ótimo devem ser analisados em relação ao equivalente de

certeza.

A figura 4.8 ilustra um gráfico com o comportamento do equivalente de certeza em

função de variações na tolerância ao risco.

Figura 4.8: Gráfico de Sensibilidade (Eq. Certo x Tol. Risco)

(Fonte: Software PrecisonTree)

Porém, é fundamental que se tenha o conhecimento de como a variação da tolerância ao

risco influenciará nas alternativas de decisão em termos do equivalente certo. Investiga-

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se o gráfico da região de estratégia, explicitado na Figura 4.9, que exibe a interseção das

linhas de decisão conforme valores de tolerância ao risco assumidos. Observa-se que,

após um certo valor de tolerância ao risco, o equivalente de certeza ultrapassa a linha de

abandonar o projeto (passa para um valor positivo), a partir desse valor mínimo do

risco, que equivale a $60.000.000,00, o projeto é aceito para progredir.

Figura 4.9 - Gráfico de Estratégia (Eq. Certo x Tol. Risco)

(Fonte: Software PrecisonTree)

De fato, conforme a tolerância ao risco aumenta, chega-se um momento em que a

realização da sísmica deixa de ser atrativa e opta-se por perfurar o poço de teste

geológico.

Na prática, no entanto, verifica-se que é comum a formação de consórcios por diferentes

empresas com objetivo de diluir os riscos e custos envolvidos no arrendamento de

blocos. Desta forma, o equivalente de certeza tem a possibilidade de variar de acordo

com o percentual de participação da empresa (share) no projeto e com o lucro obtido e

isto deve ser levado em consideração em uma nova análise de sensibilidade ilustrada no

gráfico da Figura 4.10.

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39

O gráfico da Figura 4.10 ilustra o comportamento do equivalente de certeza em relação

à variação do percentual de participação no empreendimento, dada uma tolerância ao

risco de $100MM. O coeficiente de aversão ao risco (γ) influencia de maneira bastante

considerável o formato da curva. Observe-se que uma participação muito elevada não

gera valores atrativos no equivalente de certeza, justificando a prática de formação de

consórcios.

Observe-se que os valores de participação ótima serão precisamente a abscissa

correspondente aos topos da curva que maximizam o equivalente de certeza.

Figura 4.10 - Gráfico de Sensibilidade (Eq. Certo x Share Ótimo)

(Fonte: Software PrecisonTree)

Note-se que uma participação acima de 50% além de não desejável, devido aos pesados

custos envolvidos e elevada exposição aos riscos, é não recomendável pelo baixo

equivalente de certeza associado. O pico corresponde ao percentual de participação de

20% que maximizam o equivalente de certeza. É neste ponto de máximo que as

empresas devem se basear para decidir seu percentual de participação em um consórcio.

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Figura 4.11 - Gráfico de Estratégia (Eq. Certo x Share Ótimo)

(Fonte: Software PrecisonTree)

Vê-se que em todas as possibilidades de share, a decisão de fazer a sísmica domina por

ter o maior equivalente de certeza, chegando a maximizá-lo para uma participação

ótima de 20%. Já a decisão ótima de furar o poço de teste geológico terá um share

ótimo para um nível de participação de 10%.

No que se refere a uma visão comparativa de qual das referidas entradas (share ou

tolerância ao risco), irá impactar mais no equivalente de certeza em termos de amplitude

ou extensão, pode-se recorrer ao gráfico de tornado da Figura 4.12.

O número de barras corresponde ao número de entradas que se está variando ao longo

do eixo horizontal. A barra mais longa representa, portanto, a variável de entrada que

tem maior impacto sobre o valor esperado de saída. Nele, é fácil ver que o equivalente

de certeza é mais sensível à tolerância ao risco do que ao percentual de participação no

empreendimento.

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41

Figura 4.12 - Gráfico Tornado

(Fonte: Software PrecisonTree)

Caso queira-se saber a linearidade entre a mudança percentual das variáveis de entrada e

o valor esperado, pode-se usar o gráfico de radar. Em tal gráfico, pode-se notar, através

da inclinação das curvas, a mudança relativa no valor esperado a uma variação unitária

das variáveis de entrada. Pode-se observar que a tolerância ao risco terá maior

influência sobre o equivalente de certeza por variação unitária, desde que seja positiva.

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42

Figura 4.13 - Gráfico Radar

(Fonte: Software PrecisonTree)

Caso queira-se visualizar o efeito da variação simultânea destas entradas no equivalente

de certeza, recorre-se ao gráfico de sensibilidade bidimensional da Figura 4.14. Nele, as

entradas de tolerância ao risco e percentual de participação encontram-se

respectivamente nos eixos X e Y e o equivalente de certeza, no eixo Z. O conjunto de

valores que o par ordenado, formado pela tolerância ao risco e o share ótimo, podem

assumir, dará origem a uma superfície conforme mostrado na Figura 4.14.

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Figura 4.14 - Gráfico de Sensibilidade Bidirecional

(Fonte: Software PrecisonTree)

Há ocasiões, no entanto, que é relevante saber também qual conjunto de valores que as

entradas podem assumir para cada alternativa de decisão. Nesse caso, recorre-se ao

gráfico da região de estratégia bidirecional que é formado por valores de tolerância ao

risco e de share ótimo.

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Figura 4.15 - Gráfico de Estratégia Bidirecional

(Fonte: Software PrecisonTree)

Observa-se que, na maior parte da região de estratégia impera a decisão ótima de

realização da sísmica. Vê-se que é necessário que se tenha no mínimo $250 MM de

tolerância ao risco e 80% de share ótimo para que a decisão de perfuração do poço para

teste geológico possa ser tomada.

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A Árvore ótima do problema levando em consideração uma tolerância ao risco de $ 100

MM e share igual a 100%, é dada pela Figura 4.16, e sugere como decisão ótima a

realização da sísmica.

Figura 4.16: Árvore ótima (tolerância ao risco de $100MM)

(Fonte: Software PrecisonTree)

Note-se que, alterando apenas a tolerância ao risco para $10 MM, a Árvore de decisão

ótima muda completamente, e passa a sugerir o abandono como a melhor decisão a ser

tomada (o risco passa a ser intolerável).

Figura 4.17: Árvore ótima (tolerância ao risco de $10MM)

(Fonte: Software PrecisonTree)

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CONCLUSÃO

Inicialmente, os principais tópicos da tomada de decisão, com enfoque na indústria

petrolífera, foram abordados. Após isso, o método da Árvore de Decisão foi sintetizado

com os fatos mais significativos. Desse modo, um bom nível de detalhamento de

algumas das principais técnicas que são utilizadas juntamente com a Árvore para

tomada de decisão, foi obtido.

No estudo de caso, utilizando um caso hipotético que contém premissas análogas às

reais, foi possível realizar uma boa modelagem do problema e chegar a resultados

satisfatórios. Com a produção de gráficos e planilhas e com o conhecimento adquirido

no desenvolvimento desta monografia, foi possível elucidá-los corretamente.

O ponto essencial neste estudo foi, utilizando o Equivalente Certo, a determinação do

Share Ótimo e da Tolerância do Risco, dois parâmetros importantíssimos na indústria,

principalmente na do petróleo, e que geralmente são aplicados pelas grandes empresas

nos momentos de tomada de decisão de grandes projetos.

Analisando tais parâmetros, verificou-se que a Tolerância ao Risco tem uma

sensibilidade maior que o Share Ótimo. Portanto, fixando o Share em cem por cento,

estudou-se a variação da Tolerância ao Risco e notou-se que, a partir de determinado

valor, a árvore ótima do estudo de caso se alterou, gerando decisões distintas para os

cenários, ilustrando claramente a grande influência deste parâmetro.

O objeto de estudo foi a indústria do petróleo por ser a área de interesse do curso em

questão, sendo possível ter maior afinidade com a elaboração do projeto. Entretanto,

conforme o desenvolvimento do trabalho e a evolução da parte teórica, ficou

comprovado que toda a temática abordada aqui pode perfeitamente, necessitando de

poucos ajustes, ser aplicada a qualquer outro setor sem perder a eficiência da técnica

utilizada. Vale ressaltar a dificuldade na obtenção dos dados desta indústria.

A dificuldade de localizar na literatura um texto único que englobe todo conteúdo

abordado no trabalho é um ponto a ser ressaltado. Portanto, este Trabalho de Conclusão

de Curso torna-se um legado por agrupar todo esse material em um único local,

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47

podendo ser consultado e examinado por alunos para futuros trabalhos que tenham

como abordagem este mesmo tema. Sugere-se a utilização de dados reais, a fim de

compará-los com os que foram obtidos neste Projeto de Graduação.

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