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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 1

ISSN 0103-0779

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

S e ç õ e s

3 e 420 e 2125 a 2732 e 33

4756

Novidades de Mercado ...............................................................Flashes .................................................................................Agribusiness ..........................................................................Registro ................................................................................Lançamentos Editoriais .................................................................Vida Rural - soluções caseiras .........................................................

T e c n o l o g i a

R e p o r t a g e m

Associação de agricultores é exemplo de desenvolvimentorural sustentávelReportagem de Paulo Sergio Tagliari ...................................................................

Produção de leite orgânico promete reduzir custosReportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari ...................................................

28 a 31

35 a 37

O p i n i ã o

Brava genteEditorial ................................................................................................................

Administrar a águaArtigo de Airton Spies ..........................................................................................

Desenvolvimento local e o agronegócio catarinenseArtigo de Djalma Rogério Guimarães ....................................................................

2

54

55Esta é a edição n o 50 desta revista que chega em suas

mãos trazendo oito artigos técnicos e duas reportagenscom temas de interesse do setor agropecuário.

A reportagem "Associação de agricultores é exem-plo de desenvolvimento rural sustentável" nos mostrao quanto é útil e necessária a organização dos agricul-tores objetivando vender produtos livres deagroquímicos, protegendo assim a saúde e o meioambiente.

Dos artigos técnicos, dentre oito que são aborda-dos, destacamos: Ocorrência de resíduos de antibióti-cos no leite de consumo produzido no Estado de SantaCatarina; Manejo sustentado do palmiteiro na pequenapropriedade catarinense e Multiplicação rápida devideiras.

A pequena propriedade rural, que caracteriza omodelo agrícola catarinense, é prioridade do trabalhoda Epagri. A nossa revista busca contribuir com ofortalecimento desta idéia apresentando exemplos atra-vés de artigos técnicos e matérias jornalísticas.

Boa leitura!

5

8

11

15

22

38

43

48

Multiplicação rápida de videirasArtigo de Luiz Antonio Biasi ................................................................................

Antracnose e bacteriose do maracujazeiro:causas, sintomas e diferenciação das doençasArtigo de Luiz Augusto Martins Peruch, Anne-Lore Schroeder ePaulo Henrique Tschoeke ......................................................................................

Coleta higiênica do sangue dos animais visando seuuso para consumo humanoArtigo de Adelino Renuncio e Antônio José Simões Hamad ................................

Caracterização, danos e alternativas para o controle doácaro-da-leprose dos citrosArtigo de Luís Antônio Chiaradia, José Maria Milanez e Luiz César de Souza .....

Biometria testicular e condição corporal em touros de corte nas regiõesdo Vale do Itajaí, Norte, Nordeste e Grande FlorianópolisArtigo de Canuto Leopoldo Alves Torres e João Lari Félix Cordeiro .....................

Manejo sustentado do palmiteiro (Euterpe edulis M.) napequena propriedade catarinenseArtigo de Rudimar Conte, Maurício Sedrez dos Reis, Miguel Pedro Guerra,Rubens Onofre Nodari e Alfredo Celso Fantini ......................................................

Épocas de semeadura do milho para as regiões de Chapecóe Campos NovosArtigo de Roger Delmar Flesch e Angelo Mendes Massignam ..............................

Ocorrência de resíduos de antibióticos no leite de consumoproduzido no Estado de Santa CatarinaArtigo de Nelson Grau Souza ...............................................................................

As matérias e artigos assinados nãoexpressam necessariamente a opinião da

revista e são de inteira responsabilidade

dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento,

mesmo que parcial, só será permitidamediante a citação da fonte e dos autores.

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2 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

REVISTA QUADRIMESTRAL Gallotti, Jean Pierre Rosier, Jefferson Araujo Flaresso, João LariFélix Cordeiro, Roger Delmar Flesch, Yoshinori Katsurayama

COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDIÇÃO:Carlos Alberto Rebelo, Celso Dalagnol, Cezar Itaqui Ramos, DorliMário Da Croce, Emilio Dela Bruna, Ênio Schuck, Gilson JoséMarcinichen Gallotti, Ildebrando Nora, Irceu Agostini, João LariFélix Cordeiro, Luiz Gonzaga Ribeiro, Milton Geraldo Ramos,Raul de Nadal, Robert Harri Hinz, Rosemary Gerber

JORNALISTA: Márcia Corrêa Sampaio (MTb 14.695/SP)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTA: Mariza T. Martins

CAPA: Vilton Jorge de Souza

PRODUÇÃO EDITORIAL: Daniel Pereira, Janice da Silva Alves,Maria Teresinha Andrade da Silva, Marlete Maria da SilveiraSegalin, Rita de Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira, VâniaMaria Carpes

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira e Zulma MariaVasco Amorim - GMC/Epagri, C.P. 502, fones (0XX48)239-5595 e 239-5536, fax (0XX48) 239-5597, 88034-901Florianópolis, SC.Assinatura anual (4 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE : Florianópolis: GMC/Epagri - fone (0XX48)239-5673, fax (0XX48) 239-5597 - São Paulo, Rio de Janeiroe Belo Horizonte: Agromídia - fone (0XX11) 259-8566, fax(0XX11) 256-4786 - Porto Alegre: Agromídia - fone (0XX51)221-0530, fax (0XX51) 225-3178. Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -TrimestralEditada pela Epagri (1999- )1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa Catari-

nense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II. Empresade Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia de SantaCatarina, Florianópolis, SC.

15 DE JULHO DE 2000

Impressão: Epagri CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação da Empresade Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa CatarinaS.A. - Epagri , Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, CaixaPostal 502, 88034-901 Florianópolis, Santa Catarina, Brasil,fone (0XX48) 239-5500, fax (0XX48) 239-5597, internet:http://www.epagri.rct-sc.br, e-mail: [email protected]

EDITORAÇÃO: Editor-Executivo: Celívio Holz, Editores-Assis-tentes: Paulo Henrique Simon, Paulo Sergio Tagliari

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES TÉCNICAS:PRESIDENTE: Celívio HolzSECRETÁRIO: Paulo Henrique SimonMEMBROS: Antônio Carlos Ferreira da Silva, Carlos LeomarKreuz, Celso Augustinho Dalagnol,Gilson José Marcinichen

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

ISSN 0103-0779

Brava genteBrava genteBrava genteBrava genteBrava gente

No mês de julho duas datas sãoreservadas no calendário parahomenagear o colono e o agricultor:dias 25 e 28, respectivamente. Nestasdatas normalmente são realizadas astradicionais festas do colono, comfeiras, exposições, rodeios,procurando destacar a importânciadesta profissão para a economia docampo e da cidade. Também nestasoportunidades acontecem protestosreclamando mais apoio à classeprodutora, levantando bandeiras deinconformismo.

Em momentos como este ficamosa imaginar a força interior que deveter um colono/agricultor parasuportar tantas adversidades econtinuar firme na sua tarefa maiorde produzir alimentos. Depois desuportar variações de clima e tempo,como geadas, secas, granizo, frioexcessivo, enchentes, etc.; depois deenfrentar as dificuldades de plantar,colher e armazenar o que sobra; depoisde concorrer para vender o seuproduto por um preço justo e muitasvezes não conseguir; depois de lutarpara pagar as suas dívidas; depois detudo isto e muito mais, esta bravagente ainda tem ânimo paracontinuar, com toda a sua força, aproduzir riquezas que são transferidas

para as cidades. Riquezas, peladificuldade com que estes alimentos,que chegam à mesa do consumidor,foram produzidos. E o maisimpressionante de tudo é que, apesarde todos os sacrifícios, o colono/agricultor ainda tem otimismo paradar esperança a seus filhos, paradefender a sua causa e para acreditarque existem melhores caminhos. Sealguém tinha dúvida do que é aperseverança, este é o verdadeiroretrato dela.

Esta é a oportunidade que temos dereconhecer a importância destes“pequenos grandes produtores”,verdadeiros embriões do desenvol-vimento, transmitindo nossa profundasolidariedade, nosso respeito e, nomínimo, tentando contribuir para queeles consigam manter a dignidade eexercer a cidadania plena. E nossorespeito significa facilitar as formasde aumentar a renda destes agricul-tores e suas famílias, com criatividade,com soluções tecnológicas, comcondições mais humanas de trabalho,com crédito adequado à realidade decada um, preços justos e novosincentivos à produção de alimentos,entre muitos outros caminhos.

O Sistema Catarinense de PesquisaAgropecuária e Extensão Rural de

Santa Catarina, que tem como missão:conhecimento, tecnologia e extensãopara o desenvolvimento sustentáveldo meio rural em benefício dasociedade, sistematicamentepersegue os objetivos de promover apreservação, recuperação, conser-vação e utilização sustentável dosrecursos naturais; buscar a com-petitividade da agricultura cata-rinense frente aos mercadosglobalizados, adequando os produtosàs exigências dos consumidores; e,como conseqüência, promover amelhoria da qualidade de vida dasfamílias do meio rural e pesqueiro. Eum dos parceiros principais destacaminhada em busca do desenvol-vimento econômico e social tem sidoo colono/agricultor e a sua família,com todas as dificuldades queconhecemos muito bem. A esteprotagonista de nossas ações,personagem maior do “filme” chama-do desenvolvimento sustentável,fica o nosso reconhecimento pelagarra, força de vontade, dinamismoao mostrar sua experiência, aptidãopara aprender mais, espíritoinovador e compromisso com a suafunção de produtor de alimentos. Onosso abraço de energia e tecnolo-gia.

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 3

NOVIDADES

DE MERCADO

Cebola mercedesCebola mercedesCebola mercedesCebola mercedesCebola mercedesO híbrido de cebola Mercedes

lançado há quatro anos em SãoPaulo pela Petossed está reani-mando o plantio de cebola no país.Plantado inicialmente em Pieda-de, SP, de onde se expandiu parao Vale do São Francisco, Goiás eMinas Gerais, ele foi fundamen-tal para manter na atividade oscebolicultores que estavam desa-nimados diante da baixa produti-vidade e da concorrência exter-na. Mais recentemente, o grandepoder de adaptação se reveloutambém no sul do país, onde estámelhorando a produtividade emotivando os produtores de San-ta Catarina e Rio Grande do Sul,dois Estados que se destacam naprodução de cebola.

O híbrido Mercedes desen-volve uma casca grossa e de coramarelo-dourada, firme e comvárias camadas, o que o tornacapaz de desbancar a concorrên-cia externa, representada pelacebola argentina. Produz bulbosuniformes, de formato globular ede tamanhos médio e grande. Éresistente à raiz rosada, doençacausada pelo fungo de solo Phomaterrestris, qualidade que permiteaproveitar as áreas antesdesativadas devido à infestaçãopelo fungo. É dotado de saborsuave que o torna mais agradá-vel.

De formato ereto e cerosas,as folhas facilitam a irrigação e omelhor controle de patógenos,como fungos e bactérias. Essehíbrido possui um sistemaradicular forte e agressivo, comraízes fortes e numerosas quepermitem melhor absorção de

nutrientes e água e, por conse-qüência, facilitam o maioradensamento de plantas no cul-tivo.

Maiores informações pelo

fone (0XX19) 294-8059, fax(0XX19) 253-0731, e-mail:[email protected]. Jor-nalista responsável: MariaAparecida Passos Ramos.

com excesso de pêlos. O novo pro-duto da Schering-Plough Veteri-nária é particularmente indicadopara o massageamento de eqüinos,para a prática de atividades espor-tivas ou de trabalho. Mas tambémpode ser utilizado em todas asespécies de animais: bovinos, ovi-nos, caprinos, suínos, caninos efelinos.

Calminex creme é mais práti-co e mantém a elevada eficácia daformulação original, apresentan-do ação analgésica, anti-reumáti-ca e adstringente. Calminex cre-me é indicado nas contusões,distensões e luxações dos animaisdomésticos, pois os componentesde sua exclusiva fórmula, na apre-sentação creme, penetram rapi-damente através da pele dos ani-mais, facilitando sua absorção epropiciando uma rápida ação tópi-ca. Calminex creme é apresenta-do em embalagem de 100g.

Mais informações podem serconseguidas na Central de Aten-dimento Schering-Plough, fone0800-117788. Jornalista respon-sável: Fernanda A. Torres, fone(0XX11) 814-4015, fax (0XX11)210-1560, e-mail: [email protected].

Novo Calminex creme espalhaNovo Calminex creme espalhaNovo Calminex creme espalhaNovo Calminex creme espalhaNovo Calminex creme espalhamais fácilmais fácilmais fácilmais fácilmais fácil

O tradicional produtoCalminex acaba de ganhar umanova e moderna fórmula, idealpara contusões e massagea-mento dos animais.

A Schering-Plough Veteri-nária está lançando no mercadoCalminex creme, produto queespalha facilmente sobre o cor-po do animal, mesmo em locais

Nuflor* Premix –Nuflor* Premix –Nuflor* Premix –Nuflor* Premix –Nuflor* Premix –Nova versão doNova versão doNova versão doNova versão doNova versão doantibiótico paraantibiótico paraantibiótico paraantibiótico paraantibiótico para

suínossuínossuínossuínossuínosA suinocultura brasileira já

pode contar com um antibiótico deúltima geração em nova apresen-tação. Trata-se de Nuflor* Premix,em pó, produto desenvolvido pelaSchering-Plough Veterinária es-

#

A Empresa de Pesquisa Agropecuária e

Extensão Rural de Santa Catarina S.A.

– Epagri – está lançando, no mês de

agosto, duas novas cultivares de arroz

irrigado: SCS - BRS - 111 e SCS - 112.

Procure mais detalhes nas Estações

Experimentais de Itajaí,

fone (0XX47) 344-3677,

fax (0XX47) 346-5255, e Urussanga,

fone/fax (0XX48) 465-1209.

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4 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

Novidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercado

pecialmente para o tratamentode suínos.

Nuflor* Premix é um poten-te antibiótico, com base emflorfenicol, e possui uma amplamargem de atuação em bactéri-as gram-positivas e gram-nega-tivas, sendo indicado para pro-blemas respiratórios e intesti-nais dos suínos. O produto éextremamente eficaz e seguro.É uma extensão de uso e novaapresentação do Nuflor*

Injetável, antibiótico para bovi-nos lançado em 1997 e que anoapós ano vem se consolidandocomo a opção mais segura para otratamento dos animais.

Maiores informações sobre oproduto podem ser obtidas na Cen-tral de Atendimento Schering--Plough, fone 0800-117788. Jor-nalista responsável: Fernanda A.Torres, fone (0XX11) 814-4015,fax (0XX11) 210-1560, e-mail:[email protected].

O fungicidaO fungicidaO fungicidaO fungicidaO fungicida‘Priori’ melhora a‘Priori’ melhora a‘Priori’ melhora a‘Priori’ melhora a‘Priori’ melhora aprodutividade daprodutividade daprodutividade daprodutividade daprodutividade da

sojasojasojasojasojaA Zeneca Agrícola está colo-

cando no mercado um novo e re-volucionário conceito de defensi-vo agrícola contra as doenças defim de ciclo da soja. Trata-se de‘Priori’, um fungicida com base noativo Azoxystrobin, substânciadesenvolvida pela Zeneca a partirde uma molécula encontrada nocogumelo comestível europeuOudemansiella mucida. Além deter um excelente perfil ambiental,‘Priori’ oferece o melhor resulta-do do mercado.

Pesquisas realizadas nos últi-mos 2 anos em mais de 260 áreasde plantio, envolvendo cerca de 60técnicos da Zeneca e de entidadescomo Embrapa e universidadesfederais e estaduais, mostraramque as áreas tratadas com ‘Priori’chegaram a colher entre 6 e 10sacas a mais por hectare do quetestemunhas e entre 2 e 4 sacas amais por hectare do que em lavou-ras tratadas com fungicidas con-vencionais.

Além da alta produtividade,‘Priori’ confere o ‘efeito verde’ nasfolhas e uma coloração amarelo--ouro na vagem e nos grãos, tra-

Gentocin* Mastite tem agora novaGentocin* Mastite tem agora novaGentocin* Mastite tem agora novaGentocin* Mastite tem agora novaGentocin* Mastite tem agora novaembalagem e dois tipos de cânulaembalagem e dois tipos de cânulaembalagem e dois tipos de cânulaembalagem e dois tipos de cânulaembalagem e dois tipos de cânula

Uma cânula que possibilitadois tipos de aplicação (com in-serção tradicional e parcial) euma embalagem em cor amare-la são as novidades da Schering--Plough Veterinária para seuproduto antimastítico Gentocin*Mastite. Para melhor diferenci-ar suas embalagens, o Gentocin*Mastite 250mg agora tem a coramarela.

As duas apresentações deGentocin* Mastite – 150mg e250mg –, passam a contar comuma cânula que permite duasmaneiras de aplicar o produto,de acordo com a preferência doveterinário: a inserção tradicio-nal e a inserção parcial da cânu-la. A mesma cânula possui duasopções de comprimento, retiran-do-se apenas a ponta da tampaou a tampa inteira.

Gentocin* Mastite é um an-tibiótico de amplo espectro, comaltos níveis de concentração deGentamicina, ideal para o trata-mento da mastite. Gentocin*

Mastite 150mg, em sua embala-gem branca, é ideal para o trata-mento de animais de pequena emédia produtividade. O Gentocin*Mastite 250mg, em embalagemamarela, é indicado para animaisde alta produtividade e casos derecidivas de tratamento com ou-tros produtos.

A Schering-Plough Veteriná-ria é líder nacional do segmentode produtos terapêuticos veteri-nários – com uma participação de18% do mercado –, sendo uma dasdivisões da Indústria Química eFarmacêutica Schering-Plough,segundo maior laboratório nacio-nal.

Mais informações sobre aSchering-Plough Veterinária esua linha de produtos podem serobtidas na Central de Atendimen-to Schering-Plough, fone 0800-117788. Jornalista responsável:Fernanda A. Torres, Letra Comu-nicação, fone (0XX11) 814-4015,fax (0XX11) 210-1560, e-mail:[email protected].

zendo de volta os anos douradosda lavoura da soja. Para garantireste resultado, ‘Priori’ deve seraplicado com o adjuvante‘Nimbus’, que é específico para ofungicida. Além disso, a açãodeve ser preventiva, com a apli-cação entre os estágios R 5.1e R 5.3, momento em que secomeça a sentir, no tato, o enchi-mento das vagens, independen-temente do aparecimento ou nãode fungos.

Jornalistas responsáveis:Sergio Ignacio e GuilhermoBenitez, fone (0XX11) 3044-4966, e-mail: [email protected].

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Agropecuária

Catarinense

Uma das melhores

revistas de agropecuária

do país!

o

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 5

VideiraVideiraVideiraVideiraVideira

Multiplicação rápida de videirasMultiplicação rápida de videirasMultiplicação rápida de videirasMultiplicação rápida de videirasMultiplicação rápida de videiras

Luiz Antonio Biasi

s parreirais brasileiros são for-mados com mudas oriundas ba-

sicamente de dois sistemas de produ-ção, um com a formação da mudadiretamente no local definitivo do vi-nhedo e outro com a formação damuda antes da implantação.

Na forma mais tradicional e reco-mendada realiza-se a estaquia lenhosados porta-enxertos, durante o inver-no, no local definitivo do vinhedo e noano seguinte as copas são enxertadaspela garfagem lenhosa a campo. Tam-bém pode-se enraizar os porta-enxer-tos em recipientes, geralmente sacosplásticos, e alguns meses depois levá--los a campo. No processo da forma-ção da muda antes da implantação dovinhedo, a garfagem lenhosa é reali-zada pelo processo da enxertia demesa manual ou mecânica. Nestecaso, a enxertia é realizada com esta-cas lenhosas dos porta-enxertos aindanão enraizados. Após a enxertia asmudas permanecem numa câmaraespecial para fornecer a temperaturae a umidade necessárias para umaboa cicatrização do enxerto e início doenraizamento. Em seguida sãotransferidas para embalagens comsubstrato adequado e mantidas poralguns dias em condições de alta umi-dade. Aos poucos as mudas são coloca-das num ambiente mais seco comsombreamento parcial paraaclimatização. Só após estaremaclimatizadas é que as mudas sãolevadas ao campo (1).

Em ambos os sistemas de produ-ção de mudas são utilizadas estacaslenhosas para obtenção dos porta-en-xertos. Este tipo de estaca é ideal paraestes sistemas, que trabalham com aenxertia lenhosa durante o período dedormência e necessitam de cresci-mento vigoroso do porta-enxerto.

A viticultura brasileira tem se ex-pandido rapidamente em áreas novas,principalmente em regiões de climaquente, gerando uma grande deman-da de material vegetativo sadio para aformação dos vinhedos, nem sempredisponível. Formas mais rápidas demultiplicação de material propagativosadio são importantes neste contexto,tanto para a formação de matrizeirosquanto para a propagação em largaescala de porta-enxertos. A multipli-cação rápida já foi obtida com sucessopor meio das técnicas de estaquiasemilenhosa e micropropagação.

A estaquia semilenhosa, por traba-lhar com estacas pequenas e por estasserem coletadas de brotações em cres-cimento, permite um rendimentomuito grande de estacas a partir deuma planta matriz, podendo-se utili-zar estacas finas, que seriam descar-tadas como estacas lenhosas por apre-sentarem baixo vigor (2). Essa estaquiatambém permite a obtenção de óti-mos resultados de enraizamento (3),mesmo para cultivares de difícilenraizamento, como as da espécieVitis rotundifolia (4), que apresentammaior dificuldade de propagação pormeio de estacas lenhosas (5).

A micropropagação é utilizada emescala comercial em diversos paísescom tradição vitícola, sendo ainda deuso restrito no Brasil, onde os siste-mas de produção usados são maiseconômicos. A enxertia verde sobreporta-enxertos micropropagados é umdos sistemas utilizados na Europa paraa formação de mudas de videira (6).

O cultivo de videiras in vitro possuium potencial muito grande de multi-plicação, além da possibilidade de lim-peza clonal para a obtenção de matri-zes livres de vírus, por meio das técni-cas de cultura de meristemas e

termoterapia (7).

Estaquia semilenhosa

A estaquia semilenhosa é uma téc-nica de fácil execução, demandandoapenas algumas condições especiaispara a sua realização e êxito.

Devido à presença da folha na esta-ca, o ambiente para a realização daestaquia deve possuir elevada umida-de para evitar o estresse hídrico e amorte da estaca. Esta condição emgeral é obtida de forma adequada emcasas-de-vegetação com sistemas deirrigação por nebulização intermiten-te. Existem diversos tipos de bicosnebulizadores e aspersores econtroladores automáticos de rega quepodem ser utilizados, desde que man-tenham o ambiente com a umidaderelativa do ar elevada. A temperaturaé outro fator que deve ser observado,pois durante o verão em casas-de--vegetação com elevada insolação podeocorrer a necrose das folhas por desi-dratação. Para evitar este problemapode-se utilizar sombrite sobre o localde estaquia.

A manutenção da integridade dafolha é o fator mais importante para osucesso da estaquia (Figura 1). Oscuidados já começam durante a coletados ramos, cuja base deve ser imedi-atamente colocada dentro de baldescom água após o corte. De preferên-cia, realizar a coleta no início da ma-nhã e preparar as estacas em localsombreado, ou dentro da câmara comnebulização, logo após a coleta, evi-tando assim a desidratação do mate-rial.

As estacas podem ser preparadascom apenas um nó no ápice com umafolha inteira. Durante o preparo éprudente que as estacas sejam molha-

O

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6 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

VideiraVideiraVideiraVideiraVideira

das constantemente ou colocadas den-tro de recipientes com água até arealização da estaquia, a fim de evitarque as folhas murchem.

Em geral não há necessidade de seutilizarem reguladores de crescimen-to para estimular o enraizamento,pois a presença da folha é suficientepara fornecer as substâncias necessá-rias para que ocorra o enraizamento(Figura 2). Por isso são fundamentaisos cuidados para a manutenção dafolha em bom estado, pois a sua quedaprematura significa a perda da estaca.

O crescimento das raízes é propor-cional à área foliar da estaca (3). Por-tanto, deve-se evitar o corte das fo-lhas, a não ser que elas sejamexageradamente grandes dificultan-do a estaquia.

Outro fator importante é osubstrato utilizado, que deve permitirum bom arejamento, já que as condi-ções de umidade são elevadas. Exis-tem diversas misturas comerciais pró-prias ou também pode-se formular opróprio substrato, desde que se utili-zem materiais com elevado espaçoporoso.

As estacas semilenhosas enraízamrapidamente e com três semanas já

podem ser transferidas para recipien-tes individuais ao ar livre.

meio de cultura MS (9), a formulaçãomais conhecida e utilizada em labora-tórios de cultura de tecidos, com aconcentração de sais reduzida pelametade e suplementado com umacitocinina, de preferência BAP (6-ben-zilaminopurina) em concentrações de5 a 10µM. Após um período de cerca de60 dias para o crescimento dos ápicesmeristemáticos e 30 dias para o cres-cimento da gema axilar dos segmentonodais, a multiplicação é realizadapelo seccionamento das plantas jáestabelecidas em segmentos com umafolha que são transferidas para novosfrascos. A característica de crescimen-to da videira com poucas brotaçõeslaterais e entrenós longos torna estaforma de subcultivo mais adequada(Figura 3) (10).

O intervalo de repicagem é geral-mente de 30 dias, com uma taxa demultiplicação que varia com a cultivargirando em torno de 3 a 5. Para culti-vares mais vigorosas, a multiplicaçãoocorre sem a necessidade de adição dereguladores de crescimento ao meiode cultura. O enraizamento para es-tas cultivares pode ocorrer natural-mente durante a fase de multiplica-ção, dispensando a fase de indução deraízes pela utilização de auxinas (Fi-gura 2).

Este tipo de multiplicação, sem apassagem por estádios morfogenéticosde desdiferenciação e diferenciaçãocelular, aliada à baixa taxa de utiliza-ção de reguladores de crescimento e àproliferação por gemas axilares e não--adventícias, garante uma grande es-tabilidade genética para estes proto-colos de micropropagação.

Ao final do processo in vitro, comas plantas completas e desenvolvidas,elas são transferidas para aaclimatização ao ambiente externo deforma semelhante ao procedimentocom as estacas semilenhosas em câ-mara de nebulização intermitente,onde permanecem por cerca de doismeses até serem levadas ao ar livre(Figura 4).

O crescimento das mudas obtidaspor estaquia semilenhosa (3) e pormicropropagação (11) é inferior quan-do comparado com o de mudas obtidaspela estaquia lenhosa, o que é lógico

Figura 1 – Estaca semilenhosa

enraizada do porta-enxerto ‘Jales’ (IAC

572) em condição de nebulização

Micropropagação

A videira apresenta boas respostasde regeneração e crescimento, pordiversas técnicas de cultivo in vitro,ao contrário de outras plantas frutífe-ras lenhosas. O processo usual demicropropagação é realizado pelo cul-tivo de ápices meristemáticos ou seg-mentos nodais (8).

Para a obtenção de explantes commenor índice de contaminação, maisuniformes fisiologicamente e de ma-neira mais prática, pode-se utilizar abrotação de estacas lenhosas. O pro-cedimento consiste na coleta de esta-cas lenhosas durante o inverno, quesão tratadas com fungicidas, envolvi-das em jornal úmido, acondicionadasem sacos plásticos e armazenadas emrefrigerador para posterior utilização.Para obter os explantes basta colocaras estacas em recipientes com água e,a partir das brotações das estacas,retirar os segmentos nodais ou osápices meristemáticos.

O cultivo inicial é realizado no

Figura 2 – Aspecto do enraizamento de

uma estaca semilenhosa do porta-enxerto

de videira ‘Jales’ (IAC 572)

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 7

VideiraVideiraVideiraVideiraVideira

pela grande reserva que estas estacaspossuem, possibilitando um cresci-mento inicial mais rápido, enquantoas mudas micropropagadas e deestaquia semilenhosa crescem às cus-tas unicamente dos produtos da suafotossíntese. Estas mudas não permi-tem a enxertia pela garfagem lenhosano primeiro ciclo de crescimento (12),devendo ser enviveiradas para poste-rior enxertia ou utilizadas no sistemada produção com enxertia verde. Con-tudo, estes dois métodos permitem aobtenção de um grande volume demudas num espaço de tempo bemmenor do que no sistema tradicional.

Literatura citada

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ra produção de mudas de videira. Novas

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LANE, R.P.; DANIELL, J.W.;

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dormant muscadine grape cuttings.

HortScience , Alexandria, v.17, n.4,

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06. MARTIN, C.; COLLAS, A. De la culture

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Montpellier, v.109, n.3, p.61-68, 1992.

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n.4, p.556-564, 1998.

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micropropagação. Revista do Setor de

Ciências Agrárias, Curitiba, v.16, n.1-

2, p.153-158, 1997.

Luiz Antonio Biasi, eng. agr., Dr., Cart.

Prof. 81.872, Crea-RS, professor adjunto,UFPR/Departamento de Fitotecnia e

Fitossanitarismo, Setor de Ciências Agrárias,C.P. 19.061, 80001-970 Curitiba, PR, fone

(0XX41) 350-5607, fax (0XX41) 350-5601,e-mail:[email protected].

Figura 3 – Micropropagação do porta-enxerto de videira

‘Campinas’ (IAC 766) a partir de segmentos nodais

Figura 4 – Plantas aclimatizadas do porta-enxerto de videira

‘Campinas’ (IAC 766)

o

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8 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

MaracujáMaracujáMaracujáMaracujáMaracujá

Antracnose e bacteriose do maracujazeiro:Antracnose e bacteriose do maracujazeiro:Antracnose e bacteriose do maracujazeiro:Antracnose e bacteriose do maracujazeiro:Antracnose e bacteriose do maracujazeiro:causas, sintomas e diferenciação das doençascausas, sintomas e diferenciação das doençascausas, sintomas e diferenciação das doençascausas, sintomas e diferenciação das doençascausas, sintomas e diferenciação das doenças

Luiz Augusto Martins Peruch, Anne-Lore Schroeder ePaulo Henrique Tschoeke

s perdas provocadas por doen-ças são consideradas fatores

limitantes ao desenvolvimento da cul-tura do maracujazeiro nas regiões decultivo desta frutífera. Em função daocorrência de doenças, a produção dacultura apresenta uma queda acentu-ada e, a partir do momento que ocor-rem problemas em áreas mais exten-sas, muitos produtores têm abando-nado a cultura nas regiões produtorasdesta fruta. Por vezes, o maracujápassa a ser plantado em áreas livresde contaminação, caracterizando-o,assim, como uma cultura nômade.Para a redução das perdas provocadaspor doenças em um pomar, inicial-mente, é necessária a correta identi-ficação das doenças que ocorrem nolocal. A correta identificação de umadoença é o primeiro passo para osucesso de um programa de controlee uma produção de frutas de altaqualidade. No cultivo do maracujazei-ro, a bacteriose e a antracnose sãodoenças com sintomas similares, mascausadas por diferentes patógenos.Isto tem provocado confusão nadiagnose no campo, causando a ado-ção de práticas de controle equivoca-das, o que resulta no controle defici-ente das doenças e em aumento doscustos de produção. Neste artigo sãodescritos as causas, os sintomas e adistribuição das doenças nas áreas decultivo no Estado, bem como a dife-renciação das duas doenças atravésda sintomatologia (antracnose ebacteriose).

Antracnose

Causa e distribuição daantracnose

A doença antracnose, causada pelofungo Colletotrichum gloeosporioides,é considerada a principal doença dacultura do maracujazeiro em SantaCatarina (1). Esta ocorre de formaendêmica nos pomares de maracuja-zeiro do Estado, isto é, todos os poma-res apresentam a doença com maiorou menor severidade. Quando as con-dições ambientais são favoráveis àocorrência da mesma, altas tempera-turas e períodos chuvosos, aantracnose causa grandes perdas nocampo e na comercialização.

Sintomas da antracnose

A antracnose é uma doença queinfecta toda a parte aérea da planta,provocando sintomas nas folhas, fru-tos e ramos (1). Os sintomas iniciaisnas folhas são pontos encharcados deformato arredondado (Figura 1). Onúmero e tamanho das manchas sãovariáveis, coalescentes ou não, queem estágio avançado provocam anecrose do tecido foliar. Estas apre-sentam formato irregular, cor mar-rom-clara a escura, sem bordos defi-nidos (Figura 2). Olhando-se com maisatenção, podem ser observados pe-quenos pontos pretos (acérvulos) so-bre as manchas na parte superior e/ou inferior da folha. Nos frutos são

Figura 1 –Sintomas

iniciais da

antracnose na

folha: pequenos

pontos de cor

marrom-clara eformato

arredondado

A

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 9

constatados dois tipos de sintomas:manchas superficiais e podridões. Ossintomas denominados manchas su-perficiais nos frutos são manchas cir-culares ou irregulares, cor creme amarrom-clara, com bordos úmidos eindefinidos. Estas podem coalescer,cobrindo parte ou quase todo o fruto,mas sempre apresentando-se superfi-ciais e secas. Já os sintomas de podri-dões iniciam-se com o desenvolvimen-to das manchas superficiais que pro-gridem para manchas circulares decor marrom-clara a escura, com bor-dos encharcados que em estágio avan-çado produzem podridão úmida e de-primida. Esta podridão ocorre aindaem frutos verdolengos ou maduros--amarelados, atingindo a polpa e alte-rando seu sabor. Em condições úmi-

das observam-se numerosos acérvuloscomo pontos alaranjados sobre a po-dridão. Nos ramos, a doença manifes-ta-se através da formação de cancros.Estes apresentam-se como lesões su-perficiais irregulares, de coloraçãoesbranquiçada a creme, com numero-sos pontos negros que correspondemaos acérvulos formados sobre a partelesionada. O avanço da lesão no ramopode provocar os sintomas desecamento dos ramos e morte dosponteiros.

Bacteriose

Sintomas e distribuição dabacteriose

Inicialmente descrita no Brasil no

Estado de São Paulo (2), esta doençafoi detectada nos principais Estadosprodutores do país (3). No final de1996, a doença foi detectada em SantaCatarina a partir de amostras oriun-das do município de Jacinto Machado(3). A bacteriose do maracujazeiro,causada por Xanthomonas campestrispv. passiflorae, é considerada uma dasdoenças mais importantes da cultura.Através de testes bioquímicos, fisioló-gicos e de patogenicidade (4), confir-mou-se que o agente causal da doençaé Xanthomonas campestris pv.passiflorae, a mesma bactéria descri-ta em outros Estados brasileiros. Atu-almente, a doença está restrita aosmunicípios produtores do sul do Esta-do. Nas regiões produtoras do litoralcentral e norte de Santa Catarina nãoexistem registros da ocorrência damesma, apesar do grande risco depropagação da doença para as demaisregiões produtoras do Estado.

Sintomas da bacteriose

Assim como na antracnose, abacteriose também causa sintomasem folhas, frutos e ramos. Nas folhaspodem ser observados dois tipos demanchas: local e sistêmica (3). Asmanchas locais (Figura 3) são man-chas parcialmente delimitadas pelasnervuras, ligeiramente circulares, decor verde-escura nos bordos e mar-rom na parte central. O sintomaanasarca é bastante típico nestas le-sões locais. As manchas sistêmicas(Figura 4) caracterizam-se por man-chas marrons com bordos definidos,formato irregular, tamanho variável,muitas vezes comprometendo gran-des áreas de tecido foliar. Grandeparte das vezes, um aspectotranslúcido pode ser observado nosbordos das lesões sistêmicas. Valelembrar que os dois tipos de manchas,a local e a sistêmica, podem ser obser-vados numa mesma folha (Figura 5).A doença causa nos frutos lesões par-das ou esverdeadas, oleosas, circula-res ou irregulares, com margens bemdefinidas (5). As lesões são inicial-mente superficiais, mas podem ocasi-onar o apodrecimento do fruto. Outracaracterística importante dos sinto-

Figura 2 –Mancha típica

da antracnosena folha:

formato

irregular, cor

creme a

marrom-clara,bordos não

definidos

Figura 3 –Manchas locais

da bacteriose

sãoparcialmente

delimitadas

pelas nervuras,

apresentando

um aspectoencharcado

(anasarca), de

cor marrom no

centro e

verde-escuranas bordas das

manchas #

MaracujáMaracujáMaracujáMaracujáMaracujá

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10 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

MaracujáMaracujáMaracujáMaracujáMaracujá

mas nos frutos é a possibilidade deocorrer a coalescência ou união dasmanchas, atingindo grande parte dasuperfície dos frutos. Nos ramos pro-voca um secamento progressivo, bemdelimitado, e escurecimento dos teci-dos vasculares. Por ocasião da poda,uma compressão dos ramos infectadospode resultar no aparecimento de pusbacteriano.

A diferenciação das duas doenças

A correta identificação daantracnose e da bacteriose através dasintomatologia não é uma tarefa fácil.Folhas, frutos e ramos podem expres-sar sintomas bastante similares, exi-gindo uma atenção especial nos deta-

lhes a fim de diferenciá-las. O ponto--chave na diferenciação das duas doen-ças é a observação dos sintomas nasfolhas. A bacteriose provoca dois tiposde sintoma, enquanto a antracnoseprovoca apenas um tipo. Para a corre-ta separação das duas doenças, o téc-nico pode basear-se em duas diferen-ças: a ocorrência de manchas locais(Figura 3) e a presença de anasarcasnas manchas sistêmicas. Quando otécnico constata a ocorrência de le-sões locais, isto significa que o pomarestá infectado com a bacteriose. Já adiferenciação da mancha sistêmica dabacteriose e a mancha por antracnoserequer maior atenção pela semelhan-ça dos sintomas. Observando apenaseste tipo de mancha (sistêmica), o

técnico deve procurar áreastranslúcidas e oleosas nos bordos dasmesmas. Caso não seja observada talcaracterística, o pomar não estaráinfectado pela bacteriose. Vale lem-brar que é bastante comum a ocorrên-cia das duas doenças numa mesmafolha, fruto ou ramo. Como a bactériadepende de ferimentos e aberturasnaturais para a penetração, uma le-são causada pelo fungo (antracnose)pode servir de porta de entrada para abactéria, o que pode confundir o técni-co no processo de avaliação da doença.

Literatura citada

1. SCHROEDER, A.L.; PERUCH, L.A.M.;BERTOLINNI, E.; PIVA, C.R.Ocorrência da antracnose do maracujáamarelo no Estado de Santa Catarina.Summa Phytopathologica, v.23, n.1,p.60, 1997.

2. PEREIRA, A.L.G. Uma doença bacterianado maracujá (Passiflora edulis Sims.)causada por Xanthomonas passiflorae.Arquivos do Instituto de Biologia, v.36,n.4, p.163-174, 1969.

3. PERUCH, L.A.M.; SCHROEDER, A.L.;BERTOLINNI, E.; CALVETTE, K.Ocorrência da mancha oleosa domaracujá no Estado de Santa Catarina.Fitopatologia Brasileira, v.22, n.29(Supl.), p.237, 1997.

4. SCHAAD, N.W. Laboratory guide foridentification of plant pathogenicbacteria. 2.ed, Sta. Paul: 1988, APS,57p.

5. MALAVOLTA JÚNIOR., V.A. Bacteriosesdo maracujazeiro. In: RUGGIERO, C.ed. Maracujá: do plantio a colheita.Jaboticabal: Funep, 1998, p.217-229.

Luiz Augusto Martins Peruch, eng. agr.MSc., Cart. Prof. 43.432-1, Crea-SC,Universidade Federal de Santa Catarina/Departamento de Fitotecnia, Laboratório deFitopatologia, C.P. 476, 88040-900Florianópolis, SC, fone (0XX48) 331-5423, fax(0XX48) 334-2014, e-mail: [email protected]; Anne-Lore Schroeder, eng.agr., Dr., Cart. Prof. 6.905, Crea-SC,Universidade Federal de Santa Catarina/Departamento de Fitotecnia, Laboratório deFitopatologia, C.P. 476, 88040-900 Floria-nópolis, SC, fone (0XX48) 331-5423, fax(0XX48) 334-2014, e-mail: [email protected] Paulo Henrique Tschoeke, eng. agr.,Cart. Prof. 52.348-8, Crea-SC, UniversidadeFederal de Santa Catarina/Departamento deFitotecnia, Laboratório de Fitopatologia, C.P.476, 88040-900 Florianópolis, SC, fone (0XX48)331-5423, fax (0XX48) 334-2014, e-mail:[email protected].

Figura 4 –Manchas

sistêmicas da

bacteriose sãoirregulares, de

cor marrom,

com bordos

bem definidos e

encharcados

Figura 5 –Folha demaracujazeiro

apresentando

manchas locais

e sistêmicas

causadas peladoença

bacteriose

o

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 11

Alimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humana

Adelino Renuncio eAntônio José Simões Hamad

sangue dos animais de abateé um produto consumido em

larga escala em muitos países desdedatas imemoráveis. Seu consumo podedar-se na forma de sangue integralatravés de variadas formulações demorcelas, pudins e vários outros pre-parados caseiros ou industriais. Osangue que se destina ao consumohumano deve provir de animais apro-vados previamente pela inspeção ve-terinária e coletado de forma higiêni-ca, para então poder ser aproveitadoem forma de sangue integral ou deseus constituintes, como por exemploo plasma, constituído de várias prote-ínas, principalmente albuminas eglobulinas, que têm excelentes pro-priedades emulsificantes (1,2).

Deve-se considerar, ainda, que asempresas estão deixando de se bene-ficiar de um possível agregado econô-mico não aproveitando esse produto,além de poupar investimentos paraviabilizar o tratamento de efluentesquando o sangue é lançado no sistemade esgotos, visto seu elevado poderpoluidor.

No caso específico de SantaCatarina, pela falta de condições deutilização do sangue para consumohumano e pelo volume produzido nãojustificar a instalação de uma estrutu-ra para fabricar farinha de sangue, asempresas obrigam-se a desperdiçá-lopela falta de uma tecnologia adequadapara a coleta higiênica do mesmo,como determinam os dispositivos le-gais (3).

O Estado de Santa Catarina estáenvidando esforços no sentido de en-quadrar o setor de abate de animais às

normas internacionais de higiene esanidade; logo, é oportuno buscarem--se as alternativas que possibilitemesse importante avanço. Todo o in-vestimento tecnológico só se justifica-rá e só terá sucesso, no entanto, sesatisfazer a dois requisitos básicos:melhorar a qualidade do produto so-bre o qual é aplicado e propiciar retor-no econômico.

A partir de dados da CompanhiaIntegrada de Desenvolvimento Agrí-cola de Santa Catarina – Cidasc (4)sobre animais abatidos nos pequenosabatedouros do Estado (Tabela 1), pode--se verificar que o montante de san-gue que pode ser aproveitado no abateapenas de bovinos e suínos é de7.544.000 litros/ano, os quais pode-riam ser aproveitados como sangueintegral na elaboração de produtosderivados ou, com o rendimento mé-dio de 65% em plasma, resultariamem 4.903.360 litros de plasma/ano. Omesmo levantamento mostra que ovolume de sangue lançado ao meioambiente por pequenos abatedourosde suínos e bovinos no Estado anual-mente é de 7.760.000 litros.

Tabela 1 – Demonstrativo do potencial de aproveitamento de sangue dos abatedouros deSanta Catarina

Animais abatidos Volume por animal Sangue parcial(por ano) (litro) (litro)

Bovinos 500.000 13,50 6.750.000Suínos 300.000 2,70 810.000Aves 3.600.000 0,06 216.000

Total - - 7.760.000

Fonte: Cidasc (4).

O custo relativo ao investimentopara a coleta e processamento do san-gue e o custo do tratamento do sanguelançado como efluente são equivalen-tes, demonstrando com isso que exis-te indiscutível viabilidade econômicaem investimentos feitos com o objeti-vo de recolher o sangue em unidadesde abate. Os custos operacionais sereduzem com a amortização proporci-onada pelos rendimentos provenien-tes da venda dos derivados, e no casodo sangue as vantagens são duplas,pois, enquanto o mesmo representaentrada de recursos, diminui saídascom o abrandamento dos investimen-tos em tratamento de efluentes (5).

De acordo com o Regulamento deInspeção dos Produtos de OrigemAnimal (3), é permitido o aproveita-mento do sangue para alimentaçãohumana em até 10% de plasma para afabricação de embutidos. Sua coleta,porém, deve realizar-se através demétodo comprovadamente higiênico.

Desta forma, e considerando o altovalor nutricional do sangue, a capaci-dade potencial de explorá-lo, a polui-ção que o sangue acarreta quando

Espécie

O

#

Coleta higiênica do sangue dos animaisColeta higiênica do sangue dos animaisColeta higiênica do sangue dos animaisColeta higiênica do sangue dos animaisColeta higiênica do sangue dos animaisvisando seu uso para consumo humanovisando seu uso para consumo humanovisando seu uso para consumo humanovisando seu uso para consumo humanovisando seu uso para consumo humano

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12 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

Alimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humana

despejado no meio ambiente, o altocusto para tratar os efluentes e aexistência de um mercado potencialpara seus derivados, tem-se comoobjetivo mostrar a viabilidade do usoda técnica da faca vampiro (Figura 1)na coleta higiênica do sangue de ani-mais bovinos e suínos em pequenosabatedouros de Santa Catarina comoum método simplificado, alternativoao usado nos países mais desenvolvi-dos.

Material e métodos

Os frigoríficos Frigofox, em Lages,Rodeio e Real, em Chapecó, SC, foramselecionados como amostra do uni-verso de estabelecimentos de peque-no porte destinados ao abate de ani-mais no Estado. Suas instalações deabate são registradas no Serviço deInspeção de Produtos de Origem Ani-mal e contam com inspeção perma-nente de médico veterinário.

Bovinos com idade aproximada dequatro anos, provenientes de proprie-dades das regiões próximas aos referi-dos estabelecimentos, e suínos com

idade de 80 dias, oriundos de proprie-dades pertencentes ao próprio estabe-lecimento, acompanhados de Guia deTrânsito Animal – GTA –, foram utili-zados no experimento.

Para a coleta do sangue, foramutilizados os seguintes equipamen-tos, esquematizados na Figura 1: facade açougue (para abrir a barbela dosanimais), faca vampiro (instrumentode aço, composto por uma lâminaperfurante, oca, com 20cm de compri-mento, cabo também oco, de maneiraa permitir que uma vez tendo pene-trado nos grandes vasos do pescoço doanimal o sangue possa fluir da lâminapara o cabo e deste para a mangueiracoletora), mangueira coletora (depolipropileno, adaptada ao cabo dafaca vampiro, que conduz o sanguedesde a faca até o recipiente do san-gue), saco de polipropileno com capa-cidade para 20 litros (com aprovaçãodo Departamento Nacional de Ali-mentos – Dinal – para ser utilizadoem alimentos), bandeja depolipropileno (para conter o sacocoletor), caixa de isopor (para acondi-cionar o saco que contém o sangue),

bombona plástica com tamparosqueada (à qual se ajusta a man-gueira de coleta), frascos esteriliza-dos com tampa roscada, soda cáustica(para higienização final do equipa-mento) e álcool a 97oGL.

As técnicas operacionais adotadassão passíveis de aplicação emabatedouros de pequeno porte pelopessoal do próprio estabelecimento deabate.

As operações seguiram normasdeterminadas pelo Ministério da Agri-cultura e do Abastecimento – MA – eforam desenvolvidas na seqüêncianormal da rotina de abate realizadapelos estabelecimentos.

Quando do recebimento, todos osanimais estavam acompanhados deGTA, firmado por médico veterinário,e permaneceram em dieta hídrica pelomenos 8 horas antes do abate. Pormédico veterinário oficial foi realiza-do o exame ante mortem, com a fina-lidade de assegurar a higidez dos ani-mais abatidos. Foi efetuada lavaçãoabundante dos animais, com o objeti-vo de diminuir a carga microbiológicadas partes externas. A insensibilizaçãofoi feita por concussão cerebral. Se-guiu-se uma lavação criteriosa doanimal, com auxílio de mangueira deágua clorada com alta pressão (100psi), aplicando-se a esfregação neces-sária para retirada das sujidades maisaderidas. A preparação para sangrianos bovinos foi feita por abertura dabarbela, com dissecação de uma áreade aproximadamente 35cm na regiãode aplicação da sangria. Nos suínos,por lavação com álcool a 97 oGL ouaplicação de vassoura de fogo sobre aregião de aplicação da faca vampiro.

A sangria foi realizada por introdu-ção da faca vampiro na região dosgrandes vasos do pescoço, próximo aotórax do animal, alcançando ascarótidas, as jugulares e até o cajadoaórtico. Nos bovinos foi tomado ocuidado de afastar a pele que foi pre-viamente dissecada, para tornar aoperação mais asséptica.

O sangue foi coletado em embala-gens plásticas previamente prepara-das e desinfetadas com álcool a 97oGLou água clorada na dosagem mínimade 0,05%. Cada grupo amostralcorrespondia à coleta do sangue de

Nota: (A) faca vampiro; (B) mangueira de PVC de 3/4; (C) caixa de isopor; (D) junções de PVCcom redução de 1" para 3/4"; (E) bombona de 20 litros com tampa roscada.

Figura 1 – Equipamento de coleta de sangue de bovinos e suínos porprocesso simplificado

A

B

C

E

D

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Alimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humana

três animais. O tempo de coleta nãoultrapassou os 60s. Foram recolhidos,em média, 13,5 litros de sangue porbovino e 2,5 litros de sangue por suí-no. No período compreendido entre asoperações de coleta de um animalpara outro, os instrumentos utiliza-dos foram colocados em seus respecti-vos esterilizadores, ali permanecendoaté a sua próxima utilização.

A redução da temperatura foi feitautilizando-se gelo em escamas coloca-do em caixa de isopor, sobre o qual foicolocado o saco ou a bombona destina-dos a recolher o sangue.

Com a finalidade de deixar o mate-rial pronto para nova utilização, pro-cedeu-se a seguir a lavação e desinfec-ção conforme o prescrito no Regula-mento de Inspeção dos Produtos deOrigem Animal (3) (lavação em man-gueira com água clorada a 0,05% epressão de 120 psi; lavação com sodacáustica (NaOH) a 0,5%; enxágüe comágua corrente durante 15 minutos).

As amostras foram colhidas emgrupos de três por saco ou bombonana presença de lâmpada com chamaacesa, de forma a garantir ambienteasséptico. O sangue foi separado emfrascos de 100ml cada um, formando

as amostras que foram conduzidas aolaboratório.

As análises microbiológicas(coliformes de origem fecal,Staphylococcus aureus e salmonela)foram realizadas junto ao núcleo dedesenvolvimento de pesquisas em ali-mentos – Nuta –, do CentroAgroveterinário da Universidade doEstado de Santa Catarina – Udesc –, eàs instalações laboratoriais daEmbrapa, em Concórdia, SC, confor-me metodologia recomendada.

Visando tornar economicamenteviável o acesso de pequenas empresasde abate ao método proposto, foi utili-zada a coleta do sangue de três ani-mais em apenas um saco plástico oubombona, devidamente higienizados,de forma a diminuir o número derecipientes a serem utilizados no pro-cesso de coleta, possibilitando, assim,um custo operacional menor do queaquele requerido pelo método com-pleto em circuito fechado que serviude modelo para o presente trabalho(7).

Resultados e discussão

As análises microbiológicas reali-

Tabela 2 – Resultados das análises microbiológicas em sangue de bovinos e suínos

Coliformes de Staphylococcus Salmonela

origem fecal aureusGrupo Amostras (NMP/100ml) (UFC/ml) (25ml)

Bovinos Suínos Bovinos Suínos Bovinos Suínos

1 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml1 2 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml

3 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml

4 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml2 5 2,0 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml

6 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml

7 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml3 8 2,0 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml

9 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml

10 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml4 11 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml

12 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml

13 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml5 14 2,0 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml

15 < 0,3 < 0,3 < 102 < 102 Ausência em 25ml Ausência em 25ml

zadas nas amostras remetidas aoslaboratórios apresentaram os resul-tados constantes da Tabela 2.

O Regulamento de Inspeção dosProdutos de Origem Animal (3), quan-do trata do aproveitamento do sangue(artigo 417), não fixa nenhumparâmetro microbiológico, determi-nando apenas que as condições decoleta sejam consideradas higiênicaspelo serviço de inspeção oficial e quea metodologia deva permitir que sejarejeitado o sangue do animal que ve-nha a ser condenado pela inspeçãoveterinária oficial. O Decreto-Lei Es-tadual 3.748 (1993), que regulamentao serviço de inspeção estadual, emseus artigos 391, 392 e 393, repete asmesmas determinações (3). A Porta-ria 01 do Departamento Nacional deVigilância Sanitária (8) permite umapopulação de: - NMP de coliformes deorigem fecal = 5 x 102/g; NMP, conta-gem direta (máximo) deStaphylococcus aureus = 103/g; au-sência de salmonela em 25g.

Nos exames laboratoriais realiza-dos em 30 amostras (Tabela 2), foiconstatada a presença de coliformesde origem fecal em apenas três amos-tras, e, mesmo nestas, a contamina-

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14 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

Alimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humanaAlimentação humana

ção encontrada foi de NMP = 2/100ml,muito abaixo, portanto, do padrão to-lerado pela Portaria 01. As amostrasem que houve a constatação decoliformes de origem fecal foram reti-radas de grupos de amostra onde amaioria delas foi negativa, mesmoapós a homogeneização do grupoamostral.

Partindo-se do princípio de que oscinco grupos amostrais foramfracionados em três subunidades porgrupo (Tabela 2), analisadas separa-damente, e que apenas três delas (asde número 5, 8 e 14), pertencentes agrupos diferentes, apresentaram con-taminação por coliformes de origemfecal, assim mesmo com baixa con-centração (NMP = 2/100ml), acredita--se tratar-se de contaminação cruza-da, pós-processo de coleta. Isto de-monstra que o “Método da faca vampi-ro simplificado” atende aos requisitoshigiênico-sanitários de coleta de san-gue para pequenos abatedouros.

Recomenda-se, dessa forma, a uti-lização deste método como alternati-va para o aproveitamento dosubproduto, de forma econômica esanitariamente viável, para o consu-mo humano.

As principais recomendações a se-rem feitas dizem respeito ao treina-mento do pessoal operacional, em fun-ção de o serviço ser realizado emestabelecimentos que dispõem de ins-talações bastante simples. Pelo fatode contarem com a presença do servi-ço médico veterinário oficial, tem-se agarantia da sanidade dos animais aba-tidos, através do exame ante mortem,que evita o abate de animais comsintomas de doenças que podem serdetectadas antes dos animais seremabatidos, e através do exame postmortem, realizado nas vísceras e de-mais órgãos, que assegura a identifi-cação de patologias que poderiam terpassado despercebidas no exame an-terior.

Assim, satisfeita a exigência de seestar trabalhando com animais sadi-os, torna-se necessário observar rígi-dos princípios no processo de manipu-lação, para que se possa garantir aqualidade dos produtos dali deriva-dos. Tratando-se especificamente do

sangue, é aceito como tecnicamenteverdadeiro que o sangue de animaishígidos é bacteriologicamente seguropara o emprego como alimento huma-no, desde que higienicamente mani-pulado (9).

Para ser utilizado como sangueintegral nos alimentos que pode cons-tituir ou dos quais pode fazer parte,basta que se faça a coleta higiênica eque se acrescente 3% de sal comum(NaCl), o que permite conservá-lo pordois dias à temperatura de 2 oC (7).

Não é objetivo do presente traba-lho aprofundar-se na economicidadedo aproveitamento do sangue, porém,através de alguns dados já trabalha-dos, pode-se concluir que aeconomicidade fica implícita.

O incremento de capital investidopara o tratamento dos efluentes quan-do do não-aproveitamento do sangue,tem um custo equivalente ao das adap-tações necessárias ao seu aproveita-mento. O custo dos equipamentos decoleta para o método apresentado épouco significativo, principalmente seo objetivo é o uso do sangue integral,para com ele elaborar vários produtosde alto valor nutricional e que já sãoconhecidos da população, como oschouriços e cozidos de sangue.

Considerando-se um estabeleci-mento com capacidade para o abate de25 bovinos por dia, cada um contribu-indo com 13,5 litros de sangue, tere-mos no final do abate a quantidade de337,5 litros de sangue, sendo seu va-lor mínimo (considerando-se que ovalor da morcela é de R$ 2,30/kg –dados de 1997) de R$ 776,26.

Conclusão

Pelos resultados obtidos e à luz dalegislação que regulamenta o assun-to, pode-se concluir que:

• é higienicamente viável o apro-veitamento do sangue recolhido peloprocesso da faca vampiro simplificadoproposto, para seu aproveitamento noconsumo humano;

• a praticidade do método viabilizaseu uso imediato e o torna factível deser adotado nos pequenos abatedouros;

• por se tratar de um método bara-to, pode ser recomendada sua aplica-

ção, desde que sejam tomados todosos cuidados já mencionados neste tra-balho, especialmente no que se referea treinamento de pessoal;

• a viabilidade econômica está te-oricamente implícita pelo baixo custoem adaptações e equipamentos deque demanda a implantação do méto-do exposto.

Literatura citada

1. TYBOR, P.T.; DILL, C.W. Functionalproperties of proteins isolated frombovine blood. Journal of Food Science,v.40, p.155-159, 1975.

2. EMCOMIN (Santiago, Chile). Plasmin.Santiago, Chile, 1980. 6p. (Emcomin.Folleto de Divulgación).

3. BRASIL. Ministério da Agricultura. Regu-lamento de inspeção dos produtos deorigem animal. Brasília, 1952. p.38-43.

4. CIDASC. Situação do abate de animais emSanta Catarina. Florianópolis, 1993.2p. (CIDASC. Boletim Técnico, 1).

5. KERRIGAN, J.; DUBJOHANN, A. Bloodwaste and mayor pollution problem.National provisioner. v.160, n.20, p.164-166, 1971.

6. BRASIL. Ministério da Agricultura. Padro-nização das técnicas de examesmicrobiológicos e físico-químicos,Brasília, 1980. 36p.

7. FILSTRUP, P. Handbook for the meatby-products industry. Sweden: Alfa-Laval, 1976. 38p.

8. BRASIL. Ministério da Saúde. Portarian.01-DINAL/MS de 28 de janeiro de1987. Aprova os padrões microbiológicospara os produtos expostos à venda ou dealguma forma destinados ao consumo.[S.1.: s.n.], [19—].

9. OCKERMAN, H.W.; HANSEN, C.L.Industrialización de subproductos deorigen animal. Zaragoza, España:Acribia, 1994. p.12-26.

Adelino Renuncio, méd. vet., M.SC., CRMV506/SC, Cidasc, Rodovia Admar Gonzaga,1.486, Itacorubi, C.P. 256, 88034-210Florianópolis, SC, fone (0XX48) 239-4060,fax (0XX48) 239-4001, e-mail: [email protected] e Antônio JoséSimões Hamad, eng. quím., Ph.D., UFSC/CCA/Departamento de Ciência e Tecnologiade Alimentos, Rodovia Admar Gonzaga, 1.346,Itacorubi, 88034-001 Florianópolis, SC, fone(0XX48) 334-4888, fax (0XX48) 331-9943,e-mail: [email protected].

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 15

CitriculturaCitriculturaCitriculturaCitriculturaCitricultura

Caracterização, danos e alternativas para oCaracterização, danos e alternativas para oCaracterização, danos e alternativas para oCaracterização, danos e alternativas para oCaracterização, danos e alternativas para ocontrole do ácaro-da-leprose dos citroscontrole do ácaro-da-leprose dos citroscontrole do ácaro-da-leprose dos citroscontrole do ácaro-da-leprose dos citroscontrole do ácaro-da-leprose dos citros

Luís Antônio Chiaradia, José Maria Milanez eLuiz César de Souza

Brasil é o maior produtor mun-dial de frutas cítricas e suco

concentrado de laranja. A produçãonacional de citros é deaproximadamente 18,8 milhões detoneladas, destacando-se o Estado deSão Paulo com 83% desta produção(1). O setor citrícola do país, queenvolve segmentos da atividadeagrícola, transporte, industrializaçãoe comercialização de insumos e daprodução, gera aproximadamente 400mil empregos diretos e movimentoeconômico superior a 5 bilhões dedólares anuais.

O Estado de Santa Catarina é osétimo produtor nacional de citros,com 8 mil citricultores, 10.200hacultivados e produção aproximada de180 mil toneladas de frutas por ano.Em Santa Catarina, a citricultura gera880 empregos diretos e mais de 9.500indiretos, com receita e agregação devalores ao produto na ordem de 20milhões de reais anuais (2).

Os citros, por serem culturaspermanentes, predispõem-se àocorrência de pragas, e entre elasdestaca-se o ácaro-da-leproseBrevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939)(Acari, Tenuipalpidae), que é umapraga-chave. Este ácaro transmite aleprose, doença virótica que reduz aprodução e a qualidade das frutas,além de danificar as árvores. Osagrotóxicos usados em seu controleelevam os custos de produção e causamproblemas ambientais (3).

Informações da bioecologia doácaro-da-leprose em pequenospomares e nas condições climáticasdo Estado de Santa Catarina sãofundamentais para implementar o seu

manejo integrado de pragas na culturados citros. O objetivo deste trabalhofoi estudar a flutuação populacionaldeste ácaro na Região OesteCatarinense e verificar seucomportamento em relação a algumaspráticas de manejo dos pomares.

Caracterização do ácaro

O ácaro-da-leprose apresenta ocorpo fortemente achatado, sendoconhecido também por ácaro-plano,característica morfológica que facilitao seu deslocamento pela ação do vento.

As fêmeas são de coloração

alaranjada, com manchas escuras nodorso, que podem variar de acordocom a temperatura, alimentação eidade do espécime (Figura 1A).Possuem aproximadamente 0,30mmde comprimento e 0,16mm de largura.Os machos são semelhantes às fêmeas,mas possuem o corpo um pouco menore afilado na extremidade posterior.

Os ovos são de coloração carmim,formato elíptico, medem cerca de0,1mm de comprimento e sãoprincipalmente encontrados aderidosnas fendas das lesões de verrugose(Figura 1B). O período de incubaçãovaria de 8 a 25 dias, aumentando

O

Figura 1 – (A) espécimes e (B) elevado número de ovos de B. phoenicis abrigados

junto às lesões de verrugose da casca de uma laranja

AAAAA

BBBBB

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16 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

CitriculturaCitriculturaCitriculturaCitriculturaCitricultura

proporcionalmente com a redução datemperatura. O ciclo de vida destaespécie, que compreende as fases deovo, larva (três pares de patas),protoninfa, deutoninfa e adulto(Figura 2), ocorre num período de 18dias, com temperatura de 30oC, e 49dias, sob 20oC (3).

Hábitos e danos da praga

O ácaro B. phoenicis é praga deampla distribuição geográfica, sendoencontrado em diversos países,principalmente naqueles situados emregião compreendida entre os Trópicosde Câncer e Capricórnio. Seu hábitopolífago permite encontrá-lo emdiversas espécies vegetaispertencentes a mais de 80 gêneros,entre elas: citros, abacateiro,pessegueiro, macieira, pereira,videira, mamoeiro, goiabeira, cafeeiro,grevílea, azaléia e até em plantasinvasoras, tais como o picão-preto e acorda-de-viola.

Nas plantas cítricas, este acarino é

encontrado principalmente nas lesõesde verrugose dos frutos localizados naparte interna da copa das árvores,com destaque para os remanescentesda colheita e temporões. Na ausênciade frutos, este ácaro localiza-sepreferencialmente nos últimos nós decrescimento dos ramos do ano,principalmente naqueles da parteinterna da copa das árvores (4).

Nos citros, este ácaro é o vetor dadoença conhecida por leprose, que semanifesta em frutos, ramos e folhas.Os ácaros não nascem infectados como vírus, mas indivíduos que sealimentam em plantas doentesadquirem o patógeno e transmitem adoença ao se alimentarem em plantassadias. Os primeiros sintomas destadoença aparecem nas árvores entre17 e 20 dias após a infecção econtinuam a surgir por até 2 mesesapós o controle do ácaro (3).

Os sintomas da leprose nos frutosse caracterizam inicialmente pelosurgimento de manchas de cor verde--pálida na casca, que gradualmente

evoluem para a coloração marrom ese tornam deprimidas e corticosas,sendo em frutas verdes circundadaspor um halo de cor amarela, quedesaparece com o amadurecimentodas frutas (Figura 3A). As frutas comestes sintomas, além de perderemseu valor comercial, caem precoce-mente.

Na casca dos ramos, a doença semanifesta pelo aparecimento demanchas de coloração marrom-fer-rugínea (Figura 3B), que evoluempara rachaduras com estruturassalientes, causando a morte dostecidos vegetais e até podem secartotalmente os ramos quando estaslesões os circundam. Nas folhas,surgem manchas cloróticas de formatoarredondado (Figura 3C), que podemapresentar formações resinosassalientes na parte central. As folhascom sintomas geralmente caem edeixam as árvores desfolhadas (Figura3D).

A leprose geralmente se manifestaem reboleiras, mas pode se dispersarpor todo o pomar se o vetor da doençanão for controlado. Em pomaresdoentes, os sintomas da viroseevoluem gradativamente, deixam asárvores debilitadas, predispõem oaparecimento do declínio e invia-bilizam a exploração comercial dasfrutas. Em terrenos férteis e poma-res bem nutridos, as árvores comleprose podem apresentar brotaçãonormal e mascarar temporaria-mente a doença, mas em poucotempo os sintomas são novamentevisíveis, inclusive nos ramos e folhasnovas.

No Estado de São Paulo, o ácaro--da-leprose ocorre durante todo o ano,porém as maiores infestações sãoverificadas no período de inverno, quese caracteriza pela baixa precipi-tação pluviométrica e temperaturaspróximas de 30oC (5). Na RegiãoOeste de Santa Catarina, em doisexperimentos conduzidos empomares de laranjeiras da variedadeValência, com a finalidade de acom-panhar a flutuação populacional desteacarino, caracterizou-se na análisepreliminar dos resultados elevadainfestação desta praga durante todo o

Figura 2 – Fases de vida do ácaro-da-leprose B. phoenicis

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 17

CitriculturaCitriculturaCitriculturaCitriculturaCitricultura

ano, principalmente no períodocompreendido entre os meses desetembro e dezembro. Foi verificado,também, que os períodos mais secosfavoreceram o aumento da populaçãodeste ácaro.

Manejo integrado doácaro-da-leprose

Para prevenir o aparecimento daleprose nos pomares, reduzir adispersão do acarino e manter a suainfestação em níveis de equilíbrio, sãonecessários alguns cuidados e a adoçãode práticas de controle.

As mudas cítricas necessárias àinstalação e ampliação de pomares oupara reposição de árvores nos pomares

existentes devem ser sadias, paraevitar a introdução da doença. Porisso, estas mudas só devem seradquiridas de viveiros idôneos.

A instalação de quebra-ventos éuma das práticas recomendadas parareduzir a dispersão deste acarino.Neste sentido, quebra-ventos comfaixas de capim-cameron sãorecomendados na fase de implantaçãodos pomares. Os quebra-ventosdefinitivos devem ser implantados comespécies vegetais que sejamperenifólias e de copas espessas, tendoo cuidado de não utilizar espécieshospedeiras desta praga, como no casoda grevílea-robusta.

A antecipação da colheita,desinfecção química do material

utilizado nesta operação (escadas,caixas e sacarias) e eliminação deplantas hospedeiras são medidascomplementares no combate do ácaro--da-leprose.

O monitoramento desta praga empomares infectados é uma prática quedeve ser feita permanentemente,através de amostragens quinzenaisnos períodos chuvosos e semanais nosperíodos de estiagem. Nestasamostragens, devem ser observadostrês frutas ou três ramos de pelomenos 1% das árvores do pomar. Asleituras devem ser feitas com auxíliode lupa de bolso de dez aumentos e1cm2 de campo fixo, através do métodode varredura, que consiste naobservação em toda a superfície dacasca dos frutos até localizar ácaros(3).

Os frutos a serem observadosdevem ter mais de 1,5cm de diâmetroe estar situados na parte interna dacopa das árvores, preferencialmenteos remanescentes da colheita e queapresentem lesões de verrugose, sobas quais o acarino costuma se abrigar.Quando não existirem frutos, asamostragens devem ser feitas noúltimo nó de crescimento de ramos doano, dos ramos que estejam situadosna parte interna da copa das árvores.

O controle químico do ácaro-da--leprose só é recomendado parapomares que apresentem sintomasda doença e somente nas reboleirasatacadas, visto que os ácaros nãoinfectados pelo vírus não causamdanos. O nível de ação estipulado paracontrole do ácaro-da-leprose empomares infectados é de 3% dos frutosou ramos inspecionados, com apresença de pelo menos um ácaro, emsuas fases jovem e/ou adulta. Nocombate desta praga, deve ser dadapreferência aos produtos seletivos emétodos ecológicos de aplicação, taiscomo utilização de acaricidasgranulados de solo. Como medidacomplementar é recomendado podaros ramos doentes para eliminar olocal onde ácaros podem adquirir ovírus causador da leprose.

A cobertura vegetal intercalar dospomares, principalmente com espéciesque produzem flores, é uma prática

Figura 3 – Sintomas da leprose em citros: (A) lesões típicas em frutos verdes e

maduros, (B) ramos com lesões da doença, (C) folhas de citros com manchas

cloróticas típicas da doença e (D) árvore desfolhada pela ocorrência da virose

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16,6b

12,1ab

7,3a7,9a

0

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12

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16

18

Aveia + mucuna-anã Vica + trigo-mourisco Vegetação nativa Sem cobertura

vegetal

Tratamentos

me

ro m

éd

io d

e a

ros

recomendada para reduzir a infestaçãode ácaros fitófagos. Os principaisinimigos naturais destes acarinos sãoácaros predadores, principalmente ospertencentes à família Phytoseiidae,que se alimentam alternativamentecom pólen (4). Estes ácaros podemsobreviver na cobertura intercalar dopomar e combater a praga quandoinicia sua infestação. Em alguns locaisna Europa, os ácaros fitoseídeos sãocriados para ser liberados no nível decampo, prática que no futuro poderáser implementada também em nossomeio.

Em um experimento conduzido nomunicípio de Chapecó, utilizandodiferentes coberturas vegetaisintercalares implantadas em pomarde seis anos constituído de laranjeirasda variedade Valência, enxertadassobre Poncirus trifoliata, foi verificadoque o plantio de vica (Vicia sativa L.)no período de inverno/primavera(Figura 4), seguido do plantio de trigo--mourisco ou trigo-sarraceno (Fago-pyrum esculentum Moench) no perío-do de verão/outono e o uso de aveiapreta (Avena strigosa Scherb) noinverno seguido do plantio de mucuna--anã (Stizolobium deeringianumBort.), apesar das elevadas infestaçõesde ácaros verificadas, apresentarammenor número de B. phoenicis em re-lação às parcelas sem cobertura vege-tal e com cobertura natural compostade inços e que receberam roçadasperiódicas (Figura 5). Cada parcela doexperimento constou de 35 árvores,dispostas em 5 filas, com 7 árvores porfila, totalizando 840m2/parcela. Asavaliações foram realizadas no mêsde outubro, quando a aveia e a vicaestavam implantadas como coberturasvegetais. As amostragens do ácaro--da-leprose foram realizadas no nívelde campo, procedendo à contagem donúmero de acarinos observados nacasca de 20 frutos/parcela.

Para estudar o efeito da aplicaçãode dejetos líquidos de suínos na copa

das árvores cítricas sobre a populaçãodo ácaro-da-leprose foi montado um

experimento em um pomar delaranjeiras variedade Valência, com

oito anos e dispostas em espaçamentode 6 x 4m. O delineamento adotado foi

árvores. Foi aplicado o equivalente a45 mil litros de dejetos líquidos desuínos por hectare, por aplicação,utilizando um distribuidor tracionadoa trator de pneus (Figura 6). Aavaliação da população do ácaro-da--leprose foi realizada 30 dias após aúltima aplicação de dejetos, atravésda contagem do número de acarinos

blocos casualizados com quatrotratamentos e seis repetições, sendoos tratamentos: sem aplicação dedejetos (testemunha); uma aplicaçãode chorume no mês de janeiro; duasaplicações, sendo uma em janeiro eoutra em março; e três aplicações,sendo nos meses de janeiro, março ejunho. Cada parcela constou de doze

Figura 4 – Cobertura intercalar de vica em pomar de laranjeiras. Chapecó, SC.

Outubro de 1999

Figura 5 – Número médio de Brevipalpus phoenicis observados em 20 laranjas de

árvores situadas nas diferentes coberturas vegetais intercalares. Chapecó, SC. Outubro

de 1999

Nota: Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem pelo Teste de Duncan a 5%.

CitriculturaCitriculturaCitriculturaCitriculturaCitricultura

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0,27a

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Número de pulverizações

Tratamentos

Núm

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éd

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CitriculturaCitriculturaCitriculturaCitriculturaCitricultura

presentes em 4 frutas/parcela.A análise dos resultados mostrou

menor infestação de B. phoenicis nasparcelas pulverizadas com dejetos desuínos (Figura 7). Por ocasião dacolheita observou-se o aumento daprodutividade e a melhora na qualidadedas frutas diretamente proporcional

Catarinense sugere a necessidade domonitoramento permanente desteacarino, principalmente naquelespomares com árvores que apresentemsintomas da leprose ou que estejamsituados próximos de pomares com adoença. A menor infestação de B.phoenicis nos tratamentos comcoberturas vegetais intercalares e coma aplicação de dejetos de suínos sobrea copa das árvores cítricas caracterizaestas práticas, como alternativascapazes de reduzir a infestação doácaro-da-leprose nos pomares decitros, além de serem práticasrecomendadas na proteção efertilização do solo.

Literatura citada

1. NEHMI, I.M.D.; FERRAZ, J.V.; NEHMIFILHO, V.A. (Coord.) Agrianual 98 -Anuário de Agricultura Brasileira. SãoPaulo: FNP, 1998. 481p.

2. RAIO X da citricultura no Estado de SantaCatarina. Jornal da Acacitrus,Florianópolis, v.3, 8 jun. 1998, p.5.

3. CHIAVEGATO, L.G. Ácaros da cultura doscitros. In: RODRIGUES, O; VIEGAS,F.; POMPEU JUNIOR, J.; AMARO,A.A., Citricultura brasileira. 2.ed.Campinas: Fundação Cargill, 1991. v.2,p.601-641.

4. GRAVENA, S. Manejo integrado de pragasdos citros do Brasil. In: RODRIGUES,O.; VIEGAS, F.; POMPEU JUNIOR, J.;AMARO, A.A., Citricultura brasileira.2. ed. Campinas: Fundação Cargill, 1991.v.2, p.852-891.

5. OLIVEIRA, C.A.L. de. Flutuação popu-lacional e medidas de controle do ácaroda leprose Brevipalpus phoenicis(GEIJSKES, 1939) em citros. Laranja,Cordeirópolis, v.1, n.7, p.01-32, 1986.

Luís Antônio Chiaradia, eng. agr., M. Sc.,Epagri/Centro de Pesquisa para PequenasPropriedades, C.P. 791, 89801-970 Chapecó,SC, fone (0XX49) 323-4877, fax (0XX49) 323-0600, e-mail: [email protected], José

Maria Milanez, eng. agr., Ph. D. Epagri/Centro de Pesquisa para PequenasPropriedades, C. P. 791, 89801-970 Chapecó,SC, fone (0XX49) 323-4877, fax (0XX49) 323-0600, e-mail: [email protected] e LuizCésar de Souza, graduando em Agronomiana Universidade do Oeste de Santa Catarinae estagiário na Epagri/Centro de Pesquisapara Pequenas Propriedades, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone (0XX49) 323-4877, fax(0XX49) 323-0600.

ao número de aplicações de chorume.Os resultados obtidos nestes

experimentos agregam informaçõescapazes de contribuir para oaprimoramento do manejo integradodas pragas dos citros. A constataçãode elevadas infestações do ácaro-da--leprose durante todo o ano no Oeste

Figura 6 – Pulverização com dejetos de suínos nas copas das árvores de citros.

Chapecó, SC. Junho de 1999

Figura 7 – Número médio de Brevipalpus phoenicis observados em quatro

frutas de árvores com diferentes tratamentos de aplicação de dejetos de suínos.

Chapecó, SC. Julho de 1999

Nota: Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem pelo Teste de Duncan a 5%.

o

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20 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

FLASHES

O seguro agrícola no BrasilO seguro agrícola no BrasilO seguro agrícola no BrasilO seguro agrícola no BrasilO seguro agrícola no Brasil -Plough Veterinária, os veteriná-rios deverão escrever artigoscientíficos baseados em pesqui-sas clínicas com um ou mais dosseguintes produtos: Florfenicol(Nuflor) – injetável e Premix –,Flunixin Meglumine (Banamine),Enrofloxacina (Flotril) eGentomicina 150 e 250mg(Gentocin Mastite). As pesquisasdevem ser feitas com animaisdomésticos e silvestres, excluin-do-se os pequenos roedores eoutros animais de laboratório. Oprêmio oferecerá quatro viagensao Panamá, para quatro artigoscientíficos julgados por uma co-missão formada por membros doComitê Científico Internacionalda revista “A Hora Veterinária”.Os resultados serão divulgadosem uma solenidade no início domês de setembro de 2000, em datae local a serem definidos.

Os trabalhos premiados noano de 1999 não poderão con-

correr ao prêmio de 2000. Osconcorrentes poderão enviarum ou mais artigos em papele/ou disquete (ou por e-mail),com no máximo 20 laudascada um (laudas de 25 linhascom no máximo 60 toques),incluindo as ilustrações, até odia 31 de julho de 2000, para:Schering-Plough Veterinária,C.P. 18.388, 04699-970 São Pau-lo, SP, site: www.splough.com.br, e-mail: [email protected].

Jornalista responsável:Fernanda A. Torres, fone(0XX11) 814-4015, fax (0XX11)210-1560, e-mail: [email protected]. Maiores informa-ções sobre o “2o Prêmio PesquisaClínica Schering-Plough Vete-rinária” podem ser obtidas nosite www.splough.com.br ou naCentral de AtendimentoSchering-Plough, fone 0800-117788.

Em todo o mundo, o seguroagrícola é um dos mais impor-tantes instrumentos de políticaagrícola. Para manter-se com-petitivo num cenário de abertu-ra da economia e pagar suasdívidas, o agricultor brasileironão pode correr o risco de umaquebra de safra.

Deve-se destacar, também,ser o seguro agrícola indutor detecnologia e que o produtor quedispõe dessa proteção temmaior acesso ao crédito e maisfacilidade para a venda ante-cipada de sua produção. Assimsendo, o presidente da Repú-blica, Fernando Henrique Car-doso, determinou aos Minis-térios da Fazenda, do Orçamen-to e Gestão e da Agricultura e doAbastecimento que estudemalternativas de implantação deum seguro agrícola, de modo aminimizar os elevados riscosassociados à atividade rural.

A médio prazo, espera-se

que, a exemplo de outros países,as seguradoras privadas possamoferecer ao produtor não apenasa possibilidade do seguro rural,mas a oferta de serviços de admi-nistração e gerenciamento deriscos, envolvendo o seguro daprodução, o seguro-garantia devenda para entrega futura, oseguro do transporte até o desti-no, análise de risco, moni-toramento da lavoura, avaliaçãodo projeto, auxílio na tomada dedecisão e seguro de renda (pro-dutividade e preços, este por meiode concomitante operação dehedge em bolsas de futuros e deopções).

Um sistema como esse, semdúvida, propiciará excelentes al-ternativas para a atração de no-vos investimentos para o campo,diminuindo a dependência do cré-dito oficial.

Elaborado pelo Ministério daAgricultura e do Abastecimento,MA/SPA, 1999.

TTTTTributação na agriculturaributação na agriculturaributação na agriculturaributação na agriculturaributação na agricultura

Na área de tributação, a bandeira do Ministério continua sendo ainclusão na reforma tributária.

Atualmente transita no Congresso Nacional a desoneração deimpostos sobre a cesta básica, com implicações econômicas do lado daprodução e sociais do lado do consumo. A eliminação de tributos sobreos insumos agrícolas (que faz parte do projeto) evitará o problema dacumulatividade.

No curto prazo, o Plano Agrícola prevê a redução de 9% para 3%do imposto de importação de fertilizantes e o estabelecimento dealíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI – de nomáximo 5%, a vigorar no próximo ano, nas máquinas e equipamentosagrícolas.

Elaborado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, MA/SPA, 1999.

Schering-Plough VSchering-Plough VSchering-Plough VSchering-Plough VSchering-Plough Veterinária lança oeterinária lança oeterinária lança oeterinária lança oeterinária lança o22222ooooo Prêmio de PesquisaPrêmio de PesquisaPrêmio de PesquisaPrêmio de PesquisaPrêmio de Pesquisa

A Schering-Plough Veteri-nária está lançando a segundaversão de seu “Prêmio de Pes-quisa Clínica Schering-PloughVeterinária”, voltado para mé-dicos veterinários atuantes noBrasil. Os quatro ganhadoresserão contemplados com uma

viagem, com acompanhante, aoPanamá, para participar do 17o

Panvet – Congresso Panamerica-no de Ciências Veterinárias –, quese realizará de 11 a 15 de setembrode 2000, na cidade do Panamá.

Para concorrer ao 2o Prêmiode Pesquisa Clínica Schering-

Cientistas se unem para explicarCientistas se unem para explicarCientistas se unem para explicarCientistas se unem para explicarCientistas se unem para explicarbenefícios da biotecnologiabenefícios da biotecnologiabenefícios da biotecnologiabenefícios da biotecnologiabenefícios da biotecnologia

O CropGen, uma iniciativa de cientistas que pretendem esclarecerdúvidas e explicar os benefícios da biotecnologia, começará a funcio-nar até o final de março, quando suas idéias estarão sendo divulgadaspor meio da internet e de um serviço telefônico no Reino Unido. OCropGen será um painel formado por cientistas e especialistas emagricultura, botânica, microbiologia, ecologia e direitos do consumi-dor, que irá fornecer informações e suscitar debates entre a opiniãopública, a imprensa e grupos de diversos interesses.

O anúncio coincidiu com a conferência de três dias sobre alimentosgeneticamente modificados realizada em Edimburgo, Escócia, quereuniu cerca de 400 cientistas, políticos e ambientalistas de 14 países,patrocinada pela Organização para a Cooperação e DesenvolvimentoEconômico. A conferência é parte de uma série de reuniões organi-zadas pela entidade a pedido do G-8, que requisitou mais informaçõessobre o tema.

O idealizador e líder do grupo é Vivian Moses, professor debiotecnologia da divisão de ciências da vida da Kings College, deLondres (Inglaterra), diretor do Centro de Antropologia Genética daUniversity College London e professor emérito de microbiologia daQueen Mary & Westfield College, em Londres. “O desafio do CropGenserá explicar os benefícios atuais e futuros das plantas geneticamentemodificadas”, afirmou Moses. Segundo ele, a idéia do painel deespecialistas contará com o apoio de várias empresas ligadas àbiotecnologia, entre elas a Monsanto, que se comprometeram a apoiartodas as pesquisas científicas e a não vetar qualquer posição tomadapelos membros do grupo. Autor de diversos livros sobre biotecnologia,divulgou que o painel de especialistas irá focar suas atenções nasquestões-chave dos debates em torno das plantas geneticamentemodificadas, que são a saúde humana, o seu impacto ambiental e acontraposição entre riscos e benefícios.

Informações sobre o professor Vivian Moses podem ser obtidas napágina da University College London (http:www.ucl.ac.uk/tcga/people/vivian.html).

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 21

F lashesF lashesF lashesF lashesF lashes

Software da Embrapa avaliaSoftware da Embrapa avaliaSoftware da Embrapa avaliaSoftware da Embrapa avaliaSoftware da Embrapa avaliasaúde de suínossaúde de suínossaúde de suínossaúde de suínossaúde de suínos

conta da classificação dos beneficiários em Grupos A, B, C e D e daabertura no Programa de linha de crédito destinada ao financiamentode investimentos em infra-estrutura de beneficiamento,processamento e comercialização da produção agropecuária, de pro-dutos artesanais, assim como para a exploração de turismo e lazerrural. Elaborado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento,MA/SPA, 1999.A Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária –Embrapa –, vinculada ao Minis-tério da Agricultura e do Abaste-cimento, desenvolveu umsoftware inédito no Brasil quefaz um verdadeiro “raio X” dasaúde dos rebanhos suínos. Tra-ta-se do Programa para Avalia-ção Patológica no Abate de Suí-nos – ProApa Suínos. Destina--se à identificação e quanti-ficação das lesões causadas pordoenças crônicas – uma das cau-sas da redução da performancedos animais e dos aumentos docusto de produção da suinocul-tura nacional.

Segundo o pesquisador Nél-son Mores, da Embrapa Suínose Aves (Concórdia, SC), a classi-ficação e quantificação das le-sões permite traçar o perfil pato-lógico dos rebanhos avaliados,ou seja, permite à assistênciaveterinária implantar e avaliara eficácia das estratégias de con-trole das doenças como: trata-mentos, vacinações, alteraçõesde manejo e correção de fatoresde risco. O sistema traz vanta-

gens à indústria, aos produtores econsumidores.

No Brasil, o número de suínosabatidos fiscalizado pelo SIF supe-ra 14 milhões de animais. Dessetotal, 2,4% perdem peso em con-seqüência de doenças. São maisde 23.500t/ano de carcaça que nãoentram no mercado, represen-tando 31,2 milhões de reais.

O ProApa reverte essa situa-ção porque melhora a eficiênciada produção de suínos. O sistemapode também trazer ganhos à in-dústria pelo menor índice de con-denação de carcaças e vísceras.Ao produtor, pode reduzir o uso demedicamentos já que ele passa aconhecer melhor a situação sani-tária do seu plantel. O consumi-dor, por sua vez, passa a contarcom carne de mais qualidade nomercado.

O software foi desenvolvidopela Embrapa Suínos e Aves emparceria com a SimbioseInformática Rural Ltda.

Mais informações: EmbrapaSuínos e Aves, fone (0XX49) 422-8555. Texto da jornalista TâniaMaria Giacomelli Scolari.

Programa Nacional dePrograma Nacional dePrograma Nacional dePrograma Nacional dePrograma Nacional deFortalecimento da AgriculturaFortalecimento da AgriculturaFortalecimento da AgriculturaFortalecimento da AgriculturaFortalecimento da Agricultura

Familiar – PronafFamiliar – PronafFamiliar – PronafFamiliar – PronafFamiliar – Pronaf

A agricultura familiar é de fundamental importância para aeconomia brasileira como inibidora do êxodo rural, geradora deempregos e produtora de alimentos, pelo que continua sendo objetode uma política diferenciada.

Um grupo de agricultores vinha enfrentando dificuldades decor-rentes da inadequação dos instrumentos então existentes e da insu-ficiência de recursos para contemplá-los. Assim entendendo, o go-verno iniciou a implantação do Pronaf na safra 1995/96, cujo desem-penho foi bastante positivo durante os quatro anos de suaoperacionalização.

Em 1997, foram financiados em custeio e investimentos cerca de496 mil contratos, no valor aproximado de R$ 1,637 bilhão. Em 1998,o número de contratos financiados cresceu para 710 mil e os recursosaplicados foram da ordem de R$ 1,815 bilhão. Ou seja, o número decontratos foi ampliado em 43% e o valor financiado cresceu em 11%.Para a safra agrícola 1999/2000, foram alocados R$ 3,460 bilhões, paracusteio e investimento, representando um acréscimo de 91% emrelação ao volume de recursos aplicados em 1998, devendo atingir 1,2milhão de contratos na próxima safra. Em 1999, o destaque ficou por

Internacionalização deInternacionalização deInternacionalização deInternacionalização deInternacionalização demercados futurosmercados futurosmercados futurosmercados futurosmercados futuros

mundiais de soja, negocia-secerca de sete vezes o volumeda produção mundial dessa ole-aginosa.

Agora, com a perspectiva dedinamização do mercado de fu-turos, os produtores, as coope-rativas, os comerciantes, as in-dústrias e os exportadores terãomelhores condições para fazervenda e compra para entregafutura, dando liquidez ao mer-cado e maior segurança para arealização de negócios de médioprazo. Como ocorre em outrospaíses de agricultura desenvol-vida, isso deverá atrair capitaisprivados, internos e externos,para a compra e financiamentoda produção, significando nãoapenas aliviar o Estado do ônusque hoje lhe recai no tocante aofornecimento de crédito para aatividade, como também criarbases mais sólidas para que aagricultura brasileira torne-semais competitiva.

Evidentemente que um pro-dutor que tem proteção de pre-ços por meio de operação emmercados de futuros represen-ta menor risco bancário, o quelhe facilitará a obtenção de cré-dito, seja formal ou informal (comcompradores internos ou exter-nos, por exemplo). Para as in-dústrias e exportadores, por suavez, o hedge feito numa bolsaestrangeira é mais imperfeitoque o realizado no mercadointerno, posto que as variáveisque interferem na formaçãodos preços externos, dependen-do do produto, podem ser muitodiferentes das variáveis inter-nas.

Elaborado pelo Ministério daAgricultura e do Abastecimen-to, MA/SPA, 1999.

Como se sabe, o Brasil é umimportante exportador agrícola, oque significa que parte dos com-pradores de nossos produtos estáno exterior. Todavia, até agorahavia um tratamento assimétricoàs pessoas ou empresas que ope-ram com produtos agrícolas brasi-leiros, já que os investidores es-trangeiros não podiam operar nosmercados de futuros de nosso país,mas os brasileiros podiam operarnas bolsas estrangeiras, o que oslevava a fazer a cobertura de seusriscos de preços em bolsas do ex-terior, principalmente nos Esta-dos Unidos. Enquanto isso, nomercado interno, havia mais ven-dedores do que compradores, de-primindo os preços e reduzindo ovolume de negócios. Objetivandocorrigir essa distorção, o Conse-lho Monetário Nacional aprovoua operação de investidores exter-nos nos mercados de futuros agrí-colas no Brasil.

Com o processo de globalizaçãoda economia e de crescenteintegração das nações em blocoseconômicos, a sobrevivência deuma atividade econômica como aagricultura torna imprescindívela busca permanente dacompetitividade, o que passa pelaexistência de mercados transpa-rentes e que ofereçam liquidez econfiabilidade.

Hoje existem no Brasil con-tratos de futuros para café, açú-car, soja, algodão, milho e boigordo. À exceção do café, o merca-do de futuros agrícolas no Brasilainda pode ser consideradoincipiente. O total de contratosnegociados não atinge 1% dasafra, enquanto que na Argenti-na esse percentual está na casados 40%. Na Bolsa de Chicago, aprincipal formadora dos preços

o

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22 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

Gado de corteGado de corteGado de corteGado de corteGado de corte

Biometria testicular e condição corporal emBiometria testicular e condição corporal emBiometria testicular e condição corporal emBiometria testicular e condição corporal emBiometria testicular e condição corporal emtouros de corte nas regiões do Vtouros de corte nas regiões do Vtouros de corte nas regiões do Vtouros de corte nas regiões do Vtouros de corte nas regiões do Vale do Itajaí,ale do Itajaí,ale do Itajaí,ale do Itajaí,ale do Itajaí,

Norte, Nordeste e Grande FlorianópolisNorte, Nordeste e Grande FlorianópolisNorte, Nordeste e Grande FlorianópolisNorte, Nordeste e Grande FlorianópolisNorte, Nordeste e Grande Florianópolis

Canuto Leopoldo Alves Torres eJoão Lari Félix Cordeiro

ste estudo foi conduzido pela Es-tação Experimental de Itajaí,

órgão da Epagri, em 90 propriedadesentre as melhores, nas regiões acimamencionadas, envolvendo 36 municí-pios. Objetivou conhecer a saúdereprodutiva dos touros de corte aíexistentes, preenchendo assim umalacuna por saber-se que o touro é umfator importante na melhora dos índi-ces de fertilidade e, conseqüentemen-te, dos níveis de produtividade dapecuária. Sabe-se que o touro repre-senta mais de 90% de qualquer me-lhora que se pode fazer em rebanhopela facilidade de se poder aplicarneles maior pressão de seleção (1).Cada centímetro acrescido à circunfe-rência escrotal (CE) significa um au-mento de 13kg no peso dos animais,existindo correlação entre o peso e aCE (2).

Outros pesquisadores relatam quetestículos maiores estão também re-lacionados com idade mais precoce àpuberdade, conseqüentemente à pri-meira cria e melhora na taxa de con-cepção, um dos grandes entraves dapecuária no Estado e no país (3). Ou-tros estudos mostram ser a CE amelhor indicação inerente à fertilida-de presentemente disponível, estan-do ainda ligada à maior e melhorqualidade diária de espermatozóide(4).

É necessário lembrar que a idadeideal para ser medida a CE é aos 12meses e 18 meses, principalmenteesta última; nos animais acima de 5anos, sua importância decresce.

Em virtude de sua grande impor-tância prática, foi um dos pontosprioritários observados durante a con-dução do projeto Prevalência de pro-blemas reprodutivos em touros decorte, executado nestas regiões, pelosautores. É uma medida de fácil obten-ção, exeqüível em qualquer proprie-dade (Figura 1) e altamente repetitível

entre os técnicos. É feita usando umafita métrica comum, medindo os tes-tículos na porção mediana do escrotona posição de maior diâmetro, envol-vendo as duas gônadas e pele escrotal.É técnica simples, muito importantena seleção dos touros, ainda poucoconhecida pelos criadores, conformecomprovado durante este estudo.

Figura 1 – Medição da

circunferência escrotal

usando-se uma

fita métrica

E

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 23

Gado de corteGado de corteGado de corteGado de corteGado de corte

Resultados

Na Tabela 1 encontram-se os da-dos de biometria testicular, idade econdição corporal médias dos tourosexaminados. Analisando-a percebe-sediferença estatística (P < 0,5) peloteste de F, entre os touros de origemeuropéia e os de origem zebuína ouindiana, o que encontra explicação nofato de os touros de origem européiaserem mais precoces e mais pesados,conforme exame da condição corpo-ral, nesta tabela. Sabe-se que a CE épositivamente ligada à condição cor-poral, inclusive influenciando-a (2).

Outro aspecto importante a res-peito da biometria testicular é o fatode que os animais com maior CE têmmaior capacidade de ganhar peso etransmitir essa característica aos seusdescendentes.

Para avaliação da condição corpo-ral ou escore adotou-se a classificaçãoa seguir (5), adaptada pelos autores, aqual é subjetiva, com estasespecificações:

1 – muito magro: o animal apre-senta a ponta dos ísquios descarnada,costelas individualizadas e peleaderida.

2 – magro: apresenta a espinhadorsal proeminente, mais carne que aanterior, a base da cauda fendida e apele aderida.

3 – regular: condição de carne in-termediária, moderadamente carnu-da, com a base da cauda menos fendi-da, pele solta.

4 – gordo: uniformemente cobertode gordura nas costelas, lombo, espi-nha dorsal e inserção da cauda.

5 – muito gordo: acúmulo de gor-dura nas costelas, lombo, espinhadorsal e inserção da cauda.

Para os casos duvidosos na avalia-ção dos escores, adotaram-se valoresintermediários de 0,5 ponto na escala.

Quanto à idade dos animais, namaioria das vezes era fornecida pelocriador, obtida de seus registros e/ouanotações, e quando inexistente eraavaliada com base na aparênciafenotípica (exterior) do animal.

Na Tabela 2 observam-se as dife-rentes classificações dos touros per-tencentes às várias raças, tanto de

Tabela 1 – Biometria testicular e condição corporal de 473 touros examinados nas

regiões do Vale do Itajaí, Norte, Nordeste e Grande Florianópolis

Idade Circunferência Condição

Touros média escrotal corporal

(meses) (cm) (1 a 5)

Europeus: média de 218 animais 45,1 NS 36,7 a 3,3 cS = 4,7 S = 0,6

Zebuínos: média de 255 animais 44,6 NS 33,8 b 3,1 dS = 4,2 S = 0,5

CV % 51,1 12,7 18,3

Notas: a) CV = Coeficiente de variação.b) NS = Diferença não-significativa.c) Letras diferentes diferem estatisticamente (P,0,05) pelo teste de F.

Tabela 2 – Classificação dos touros de diferentes raças segundo a circunferência escrotal

(Colégio Brasileiro de Reprodução Animal – CBRA – 1992)

Raças indianas

Excelente Muito bom Bom Questionável Total

de

No de % No de % No de % No de % animais

animais animais animais animais

Nelore 42 28,77 44 30,10 35 23,97 25 17,12 146SantaGertrudes 17 65,40 4 15,40 5 19,23 - - 26Tabapuã 8 47,10 4 23,50 2 11,77 3 17,65 17Nelore Mocha 7 50,00 4 28,60 3 21,43 - - 14Guzerá 4 44,50 2 22,20 3 33,33 - - 9Mestiça Zebu 8 42,10 8 42,10 2 10,53 1 5,27 19Canchim 3 37,50 3 37,50 2 25,00 - - 8Gir 3 50,00 1 16,70 2 33,30 - - 6Caracu 2 66,70 1 33,30 - - - - 3Simbrasil 3 100,00 - - - - - - 3Indubrasil 2 66,70 - - - - 1 33,34 3Brahmann - - 1 100,00 - - - - 1Total 99 - 72 - 54 - 30 - 255% 39 - 28 - 21 - 12 - -

Raças européias

Excelente Muito bom Questionável Total

deNo de % No de % No de % animais

animais animais animais

Charolesa 47 37,30 51 40,50 28 22,22 126Simental 18 48,70 15 40,50 4 10,81 37Mestiça européia 4 25,00 8 50,00 4 25,00 16Parda suíça 9 69,20 3 23,10 1 7,69 13Normanda 3 42,90 4 57,10 - - 7Marchigiana 4 80,00 - - 1 20,00 5Red Angus - - 3 100,00 - - 3HPB - - 2 66,70 1 33,33 3Jersey - - 2 50,00 2 50,00 4Chianina 1 50,00 1 50,00 - - 2Hereford - - 1 100,00 - - 1Piamontesa - - 1 100,00 - - 1Total 86 - 91 - 41 - 218% 39 - 42 - 19 - -

Raça

Raça

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Gado de corteGado de corteGado de corteGado de corteGado de corte

origem zebuína quanto européia, se-gundo a biometria testicular e segun-do os critérios recomendados peloColégio Brasileiro de Reprodução Ani-mal (6).

Nesta tabela, 12 touros de origemzebuína e 19 de origem européia,totalizando 15,04% dos animais exa-minados, estão enquadrados na cate-goria de questionáveis. Isso significadizer que aproximadamente 7% dostouros pesquisados têm problema deinfertilidade ou subfertilidade, preju-dicando o desempenho reprodutivo dorebanho.

Sabe-se que touros adultos com CEabaixo de 30cm exibem uma percen-tagem de vacas gestantes, após a esta-ção de monta, abaixo de 31%.

Animais classificados comoquestionáveis devem ser descartadosda reprodução em virtude dosmalefícios que acarretam.

A CE, apesar de sua simplicidadena execução, tem enorme importân-cia como instrumento capaz de contri-buir efetivamente na melhora dosrebanhos e nos índices da eficiênciareprodutiva e produtiva da pecuárianestas regiões e/ou Estado.

Finalizando, é mostrada nas Tabe-la 3 e 4 a classificação dos tourossegundo a biometria testicular de acor-

do touro de corte: funções, anormalida-des e fatores que a influenciam. CampoGrande, MS: Embrapa-CNPGC, 1993.128p. (EMBRAPA-CNPGC. Documen-tos, 51).

2. OBA, E.; BICUDO, S.D.; RAMOS, A.A.Biometria testicular e desempenho dascaracterísticas reprodutivas e produti-vas de animais da raça Nelore. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE PES-QUISA DE ZEBU, 1., 1988, Uberaba,MG. Anais. Uberaba: Epamig, 1989.p.421-434.

3. COULTER, G.H.; FOOTE, R.H. Bovinetesticular measurements as indicatorsof reproductive performance and theirrelationship to productive traits in cattle:a review. Theriogenology, v.11, n.4,p.297-311, 1979.

4. PALASZ, A.T.; CATES, W.F.; BARTH, A.D.;NAPLETOFT, R.J. The relationshipbetween scrotal circunference andquantitative testicular traits in yearlingbeef bull. Theriogenology, v.42, p.115-126, 1994.

5. GONZALES, F.H.D. Efeito da condiçãocorporal de novilhas sobre a fertilida-de, o perfil metabólico pós-serviço e asobrevivência embrionária. Viçosa:UFV, 1991. 122p. Tese de Doutorado.

6. FONSECA, V.O.; VALE FILHO, V.R.; MIESFILHO, A.; ABREU, J.J. de. Procedi-mentos para exame andrológico e ava-liação de sêmen animal. Belo Horizon-te: Colégio Brasileiro de ReproduçãoAnimal, 1999. 72p.

Canuto Leopoldo Alves Torres, méd. vet.,M.Sc., CRMV 0035, Epagri/Estação Experi-mental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí,SC, fone (0XX47) 346-5244, fax (0XX47) 346-5255 e João Lari Félix Cordeiro, méd. vet.,M.Sc., CRMV 0099, Epagri/Estação Experi-mental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí,SC, fone (0XX47) 346-5244, fax (0XX47) 346-5255.

do com a idade.

Agradecimentos

A todos que tornaram possível aexecução deste estudo, especialmen-te aos médicos veterinários da Com-panhia Integrada de Desenvolvimen-to Agrícola de Santa Catarina – Cidasc– e à Senhorita Salete Andrioli, auxi-liar administrativa da subárea de Taió,pela inestimável ajuda na seleção daspropriedades.

Literatura citada

1. SILVA, A.E.D.F.; DODE, M.A.M.; UNA-NIAN, M.M. Capacidade reprodutiva

Tabela 4 – Classificação andrológica de touros baseada na circunferência escrotal, con-forme proposto pela Sociedade Americana de Theriogenologia

ClassificaçãoIdade (cm)

(meses)Excelente Muito bom Questionável

De 12 a 14 > 34 30 < 34 < 30De 15 a 20 > 36 31 < 36 < 31De 21 a 30 > 38 32 < 38 < 32Acima de 30 > 39 34 < 39 < 34

Tabela 3 – Classificação andrológica de touros zebus baseada na circunferência escrotal

Classificação

Idade (cm)(meses)

Excelente Muito bom Bom Questionável

De 24 a 35 > 32 30 < 32 28 < 30 < 28De 36 a 47 > 34 32 < 34 30 < 32 < 30De 48 a 59 > 36 34 < 36 332 < 34 < 32Acima de 60 > 38 36 < 38 33 < 36 < 33

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 25

AGRIBUSINESS

Embrapa Suínos e Aves lança manualEmbrapa Suínos e Aves lança manualEmbrapa Suínos e Aves lança manualEmbrapa Suínos e Aves lança manualEmbrapa Suínos e Aves lança manualsobre avaliação patológica de suínossobre avaliação patológica de suínossobre avaliação patológica de suínossobre avaliação patológica de suínossobre avaliação patológica de suínos

no abateno abateno abateno abateno abate

Tiger: a cenoura híbridaTiger: a cenoura híbridaTiger: a cenoura híbridaTiger: a cenoura híbridaTiger: a cenoura híbridadesenvolvida para o Brasildesenvolvida para o Brasildesenvolvida para o Brasildesenvolvida para o Brasildesenvolvida para o Brasil

A Embrapa Suínos e Aves,vinculada ao Ministério da Agri-cultura, com sede em Concór-dia, Santa Catarina, acaba delançar um Manual de Identifica-ção sobre a Avaliação Patológicade Suínos no Abate, cujo objeti-vo é auxiliar os veterinários nacorreta identificação, quanti-ficação e padronização de lesõesem carcaças e vísceras de suínosabatidos. Tais avaliações são im-portantes na tomada de decisãoquanto à necessidade deimplementação de medidas decontrole e de avaliação da eficá-cia de estratégias de combate,como programas de vacinação,tratamentos, alterações no ma-nejo e correção de fatores derisco. Além disso, também aten-de ao objetivo de ser um docu-mento orientador a veterinári-os e estudantes que ainda nãoestão suficientemente treinadosna identificação de graduaçãode lesões em suínos.

Segundo Nelson Morés, pes-quisador da área de patologiaanimal da Embrapa Suínos eAves e um dos autores da publi-cação, os sistemas modernos deprodução de suínos podem terseus índices de produtividadereduzidos em razão da ocorrên-cia de doenças crônicas. Essas

doenças podem ser identificadas equantificadas por meio de examesmacroscópicos das vísceras e car-caças dos suínos abatidos. Nessemanual, essas doenças são apre-sentadas em fotografias – resul-tado de anos de trabalho emmonitoramento patológico juntoao Laboratório de Sanidade Ani-mal da Embrapa Suínos e Aves –que mostram as diferentes gra-duações das principais lesões quepodem ser observadas noscornetos nasais, pulmões, serosas,estômago, intestino, fígado, rins,bexiga, ovários, útero e pele.

É importante lembrar que aEmbrapa Suínos e Aves dispõe deum sistema informatizado –software ProAPA – que, após oprocessamento dos dados obtidosnos exames das vísceras, forneceos índices de prevalência e de se-veridade dessas doenças.

Interessados em adquirir essapublicação – o custo é de 8 reais –e/ou o programa ProAPA – o custoé de 300 reais para pessoa física e319 reais para pessoa jurídica –mais 2 reais para as despesas pos-tais – poderão solicitá-los junto àÁrea de Vendas da Embrapa Su-ínos e Aves pelo fone (0XX49)442-8555.

Texto de Tânia MariaGiacomelli Scolari.

Produtores de cenoura quefazem o cultivo de inverno têmagora uma grande opção: é acenoura híbrida de inverno Tiger,que a Petoseed desenvolveuespecialmente para as condiçõesclimáticas do Brasil. Maisresistente à alternária, este híbridofacilita o plantio principalmenteno início e no final do ciclo, quandoas condições climáticas são maisadversas e os riscos da doençaaumentam.

Tiger foi plantada comer-cialmente na safra de inverno de1999 por produtores de São Paulo,Minas Gerais, Paraná e RioGrande do Sul, quando confirmoutodas as características e osresultados obtidos em ensaiosanteriores. É um híbrido que sedestaca pelo vigor das plantas,uniformidade de germinação eemergência. As folhas de coloraçãomais escura são mais curtas,firmes, eretas, o que facilita ostratos culturais. Essascaracterísticas facilitam acomercialização em maço e poreste motivo Tiger teve grandeaprovação na região de Mogi dasCruzes, SP, onde essa forma decomercialização é bastantecomum. As raízes, de melhorcoloração interna e externa, pelelisa, são uniformes, cilíndricas ecompridas, quebram menosdurante a colheita e lavagem.Tiger se destacou também naresistência ao transporte a longasdistâncias e nas menores perdas

por ataques de fungos ebactérias na fase de pós-colheita.

Recomendada para plantiosde março a julho na RegiãoSudeste e de fevereiro a agostona Região Sul, Tiger estáagradando aos produtorestambém pela produção eprodutividade alcançadas. Emplantios comerciais em diversoslocais e épocas, a produtividademédia, em caixas de cenouranão lavada, foi 12,5% maior emrelação às variedadestradicionais. Na classificação,após a lavagem das cenouras,estas vantagens se mantiveram.Por sua uniformidade, Tigerproduziu 50% menos cenourasfora do padrão comercial(grandes) e 30% menos cenouras“descarte”. “O rendimentoeconômico alcançado 11,2%maior em comparação aosmateriais tradicionais certa-mente levará a um aumento daárea plantada na próxima safrade inverno”, afirma o agrônomoJosé Ricardo Machado, queacompanhou os ensaios e osplantios comerciais. E acres-centa: “Estas qualidades refle-tirão diretamente em umamelhor aceitação pelos comer-ciantes e pelos consumidoresfinais, que procuram não-so-mente um produto com melhoraparência, mas também maissaudável e nutritivo”.

Mais informações pelo fone(0XX11) 9105-7428.

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26 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

Zeneca lança nova tecnologia emZeneca lança nova tecnologia emZeneca lança nova tecnologia emZeneca lança nova tecnologia emZeneca lança nova tecnologia eminseticida microencapsuladoinseticida microencapsuladoinseticida microencapsuladoinseticida microencapsuladoinseticida microencapsulado

Embrapa cria reserva florestal paraEmbrapa cria reserva florestal paraEmbrapa cria reserva florestal paraEmbrapa cria reserva florestal paraEmbrapa cria reserva florestal parapesquisaspesquisaspesquisaspesquisaspesquisas

como características: altaeficácia, devido ao rápido efeitode choque, excelente performancesobre ampla gama de pragas eprolongado efeito residual;flexibilidade , por ser recomen-dado para o controle de pragas dasprincipais culturas, podendo seraplicado através de diversos tiposde equipamentos, em qualquerfase das mesmas, e indicado paraculturas anuais e perenes;confiabilidade, devido à altaconsistência de resultados, sendoeficiente em condições adversasde temperatura e umidade;segurança, por apresentar baixorisco para o aplicador, para o meioambiente, para os inimigosnaturais e abelhas.

Disponível em duas concen-trações, Karate Zeon 50CS,registrado para as culturas dealgodão, batata, café, cebola,couve, feijão, milho, soja, tomatee trigo; e Karate Zeon 250CS,registrado para soja e milho. Oproduto encontra-se registradopara todo o Brasil, exceto noParaná, onde encontra-se em fasede cadastramento.

Maiores informações: X-PressAssessoria em Comunicação,Ricardo Muza/Guilhermo Benitez/Sergio Ignacio, fone (0XX11) 3044-4966, e-mail: [email protected].

Está chegando ao mercadobrasileiro um novo inseticidamulticulturas, com a modernatecnologia Zeon de micro-cápsulas desenvolvida e pa-tenteada pela Zeneca Agrícola,líder mundial em formulaçõesmicroemcap-suladas: KarateZeon, formulado com base emágua, o que representa baixorisco para o aplicador e maiorsegurança para o meioambiente. Trata-se de umaevolução que reúne pro-priedades de altíssima espe-cialização com muita eficiên-cia e segurança, sendo indicadopara mais de 500 cultivos emmais de 100 países. Suascaracterísticas diferen-ciadasconferem alta aderência àsuperfície das folhas e ramos, oque reduz a lavagem por águada chuva e irrigação.

Após a secagem do produtona planta, inicia-se a liberaçãodo ingrediente ativo, presenteno interior das microcápsulas,permitindo então o contato e aingestão pelos insetos e pra-gas existentes. Karate Zeonatua no sistema nervoso,provocando paralisia e morte deuma série de pragas, preser-vando aves, abelhas e insetosbenéficos.

Esse novo inseticida tem

A Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária –Embrapa –, vinculada aoMinistério da Agricultura e doAbastecimento, vai transformar750ha de floresta de seu centro depesquisa no Estado do Acre emReserva Particular de PatrimônioNatural – RPPN. A iniciativapermitirá a conservação e aproteção da área contra invasõese depredação do meio ambiente. Aempresa conta com o apoio deórgãos federais como o Ibama – ea Polícia Federal. Ao mesmotempo, a iniciativa vai garantir aexecução de pesquisas sobrerecursos naturais não madeireirose investimento em educaçãoambiental.

Os levantamentos feitos atéagora pela Embrapa Acreidentificaram pelo menos 900espécies diferentes de plantas,incluindo recursos medicinais,seringueiras, castanheiras, óleosessenciais e condimentos. A faunaapresenta grande diversidade deaves e pequenos animais comomacacos, porco, veado, jacu, paca,mambira e cutia.

São estes elementos quecostumam atrair caçadores queentram na reserva de forma ilegale praticam crimes contra o meioambiente e o patrimônioparticular. Para citar um exemplodos prejuízos causados com estaspráticas, numa breve caminhadapela mata é possível identificarpicadas recentes, clareiras,queimadas, restos de animais

deixados no caminho edepredação de plantas deinteresse comercial.

Com a criação da reserva,que ocupará quase 60% da áreatotal da Embrapa Acre, haveráreforço na fiscalização e,principalmente, prioridade naanálise e concessão de recursosdo Fundo Nacional de MeioAmbiente – FNMA – parainvestimento em pesquisas.

A Embrapa, seguindo astendências das políticas dedesenvolvimento regionais, teminteresse em estudos de impactoambiental sobre recursosflorestais não-madeireiros emanejo de animais silvestres.As informações levantadaspoderão trazer benefícios paraas populações tradicionais dafloresta como seringueiros,extrativistas, índios, ribeirinhose produtores em sistemasagroflorestais.

As RPPNs existem desde1990, por meio de um programado Ibama, e pretendemestimular a conservação dadiversidade biológica brasileira.Em todo o país existem 252RPPNs, perfazendo quase 426mil hectares protegidos. Asmaiores concentrações estão noPantanal (43%) e na florestaamazônica (28%).

Jornalista Soraya Pereira –Embrapa Acre, fone (0XX68)224-3931. Visite a página daEmbrapa na internet: www.embrapa.br.

´AltaGenetics e Central VR compram´AltaGenetics e Central VR compram´AltaGenetics e Central VR compram´AltaGenetics e Central VR compram´AltaGenetics e Central VR compram50% do T50% do T50% do T50% do T50% do Touro Grande Campeão naouro Grande Campeão naouro Grande Campeão naouro Grande Campeão naouro Grande Campeão na

ExpoGoiás´ExpoGoiás´ExpoGoiás´ExpoGoiás´ExpoGoiás´

Henoc da Silver conquistou otítulo de Reservado GrandeCampeão da Expozebu/2000 eGrande Campeão da ExpoGoiáse, também, ganhou novos proprie-tários: a Central VR e a AltaGe-netics compraram 50% do tourode propriedade do criador JoséRoberto da Silveira, da FazendaSilver, localizada em CampoFlorido, MG.

Segundo Heverardo deCarvalho, diretor da AltaGenetics,o touro Henoc da Silver é o novoraçador do Nelore, pois ele

representa o que o atual criadordeseja: alto ganho de peso,fertilidade e rentabilidade, aliadoa precocidade no acabamento decarcaça e expressão racial. Parase ter uma idéia, Henoc pesou819kg aos 550 dias,apresentando ponderal de1,434g/dia – recorde na raçaNelore aos 18 meses.

Filho de Bitelo da SS(também em coleta da AltaVR-BV) com a vaca Safra daPalmital, Henoc com 20 meses,é apontado por muitos téc-

AgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusiness

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 27

nicos como reve-lação na raçaNelore. Porém, sãoos resultados empista que compro-vam estas previ-sões e sua qualidadegenética. Além dostítulos na Expozebue ExpoGoiás, Henoccom apenas 12meses foi Reser-vado Grande Cam-peão da Expoinelem 1999 – um títuloinédito, consi-derando sua idade.

O touro Henocjá está em coletana AltaVR-BV(empresa fruto daparceria entre aCentral VR, AltaGenetics e BelaVista), sendo queas reservas desêmen já podem serfeitas com osrepresentantes daempresa em todo o país.Informações pelo fone (0XX34)

336-1840 ou pela internet:www.altagenetics.com.br.

Koll Lube e Blade WKoll Lube e Blade WKoll Lube e Blade WKoll Lube e Blade WKoll Lube e Blade Wash garantemash garantemash garantemash garantemash garantemlonga vida às lâminas das máquinaslonga vida às lâminas das máquinaslonga vida às lâminas das máquinaslonga vida às lâminas das máquinaslonga vida às lâminas das máquinas

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As máquinas de corte de cabeloOster e os tosadores Oster paraanimais de grande e pequeno portesão reconhecidos mundialmentepela sua qualidade e durabilidade,possuindo a mais avançadatecnologia do setor.

Para um melhor aproveita-mento, e para que estes aparelhospossam ter seu desempenho ideal,é preciso que seja realizado umtrabalho constante de manu-tenção de suas lâminas de corte.

Por este motivo, a Osterapresenta aos usuários de suasmáquinas dois produtos desenvol-vidos especificamente paragarantir que as lâminasmantenham a sua qualidade decorte e tenham suavida útil prolongada.São eles o KoolLube – líquidoresfriador Osterpara lâminas – e oBlade Wash –líquido limpadorOster para lâminas.

O Kool Lube éum agente químicolubrificante, que aomesmo tempo limpae resfria a lâminainstantaneamente,reduzindo a fricçãoe evitando o supe-raquecimento e odesgaste, aumen-tando assim, conse-qüentemente, avida útil do produto.De fácil utilização,basta pulverizá-loalgumas vezes sobrea lâmina durante atosa ou o corte. Pornão conter CFC é

inofensivo à camada de ozônio epode ser aplicado mesmo com amáquina em funcionamento.

O Blade Wash é um líquidolimpador e também lubrificanteque remove facilmente os pêlos,cabelos e outros detritos acumu-lados nas lâminas.

Kool Lube e Blade Washpodem ser encontrados em PetShops, lojas de artigos paracabeleireiros, magazines e emoutros pontos de venda ondesão comercializadas asmáquinas Oster.

O serviço de atendimentoOster está à disposição dosconsumidores através do fone0800-112320.

Prata-zulu: nova opção contra aPrata-zulu: nova opção contra aPrata-zulu: nova opção contra aPrata-zulu: nova opção contra aPrata-zulu: nova opção contra asigatoka-negra da bananeirasigatoka-negra da bananeirasigatoka-negra da bananeirasigatoka-negra da bananeirasigatoka-negra da bananeira

Uma nova variedade debanana resistente ao mal dasigatoka-negra, doença quedizima em até 100% os bananais,está sendo lançada pela EmpresaBrasileira de Pesquisa Agro-pecuária – Embrapa –, vinculadaao Ministério da Agricultura edo Abastecimento. Trata-se dacultivar Prata-zulu, que secaracteriza pelo sabor agridoce,semelhante ao da cultivar Prata--comum, alto nível de resistênciaà doença, boa produtividade epresença de pedúnculos rígidos,o que lhe confere resistência aodespencamento. Com todasessas vantagens, a Prata-zuluestá sendo recomendada pelaEmbrapa aos produtores, tendoem vista a comercializaçãoimediata.

A resistência ao despenca-mento permite à nova variedadeo transporte a longas distâncias,tornando o produto acessível àexportação. Atualmente, todasas bananeiras cultivadas comobjetivo de comercialização sãosuscetíveis à sigatoka-negra,explica o fitopatologista JoséClério, pesquisador da EmbrapaAmazônia Ocidental (Manaus,

AM) e responsável pelaspesquisas. Por se tratar de doençade cultura perene, a rotação decultivares e o uso de controlequímico oneram muito o custo deprodução. Por isso, a utilização decultivares resistentes constitui--se na estratégia mais técnica eeconomicamente viável para ocontrole da doença.

A Embrapa iniciou os estudosem 1998, após coletar uma cultivarde bananeira no município de RioPreto da Eva (distante 80km deManaus), denominada de Prata--zulu, e que apresentavacaracterísticas desejáveis no quese refere às doenças sigatoka--negra e sigatoka-amarela.Estabeleceu-se então umapopulação da cultivar no campoexperimental da EmbrapaAmazônia Ocidental. As plantassão cultivadas no espaçamento3 x 3m, tendo plantas de pacovãem volta infectadas com o fungoMicosphaerella figiensis, otransmissor da sigatoka. Foramavaliadas as variáveis relativas aresistência e componentes deprodução. As variáveis relativas aresistência foram: período deincubação, período de latentes,

número de folhas viáveis noflorescimento, folha mais jovemcom sintomas e severidadebaseada na proporção de áreafoliar lesionada na folha número10.

Com relação aos compo-nentes de produção avaliaram-sepeso do cacho, peso da palma,número de pencas, peso do fruto,comprimento do fruto, diâmetrodo fruto, quantidade de frutos ealtura da planta no floresci-mento. Os resultados obtidosindicam que a cultivar Prata-zulu,

com um período de incubação de33,8 dias, período latente de 60,1dias, número de folhas viáveisno florescimento, apresentareação de resistência ecomporta-se como altamenteresistente à sigatoka-negra nabananeira.

Mais informações: EmbrapaComunicação para Transfe-rência de Tecnologia , fone(0XX61) 448-4278. PatríciaZimmermann, e-mail: [email protected] e Iara Falcão,e-mail: [email protected].

AgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusiness

o

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28 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Associação de agricultores é exemplo deAssociação de agricultores é exemplo deAssociação de agricultores é exemplo deAssociação de agricultores é exemplo deAssociação de agricultores é exemplo dedesenvolvimento rural sustentáveldesenvolvimento rural sustentáveldesenvolvimento rural sustentáveldesenvolvimento rural sustentáveldesenvolvimento rural sustentável

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

Agregar valor através da agroindustrialização rural de pequeno porte é um dos

principais objetivos da Agreco

Pequenos agricultores familiares das Encostas da Serra Geral no

sul de Santa Catarina decidem se associar para vender seus produtos

livres de agroquímicos e elaborados com cuidados ambientais e comalta qualidade biológica e sanitária. Para agregar valor à sua produção,

através de projeto financiado pelo Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf – e apoiados por

entidades civis e governamentais, constroem agroindústrias

rurais de pequeno porte. A história desta associação e sua situaçãoatual é o tema desta reportagem.

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 29

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Pioneirismo

Com a crescente e constantedescapitalização da agricultura, osprodutores rurais tentam buscar for-mas alternativas de sobrevivência.Uma delas, a produção orgânica dealimentos, tem sido uma saída viávelpara muitas famílias de pequenos emédios agricultores em todo o Brasil.De forma associativa, estes pequenosempresários rurais estão conseguin-do reverter situações críticas comoêxodo rural, baixa comercialização erenda, poluição ambiental, e assimpor diante. Um exemplo de sucessoem organização de agricultores fami-liares vem do sul de Santa Catarina.Trata-se da Associação dos Agriculto-res Ecológicos das Encostas da SerraGeral – Agreco –, fundada em 1996 nopequeno município de Santa Rosa deLima.

Inicialmente com apenas 12 pio-neiras famílias de agricultores, hoje aAgreco possui mais de 200 famíliasassociadas, espalhadas em 11 municí-pios, sendo 54 só em Santa Rosa deLima, e o número não pára de cres-cer.

Em 1991, no município de SantaRosa de Lima, um caminho de aproxi-

pais cidades do Estado, além de 3pequenos mercados localizados emmunicípios da região. Também estáorganizando 2 pontos de serviço deentrega de cestas em Florianópolis. AAgreco ainda está em vias de fecharnegócio com 2 grandes redes de su-permercados.

Parcerias e trabalhoparticipativo

A pequena associação cresceu eatualmente a Agreco está ampliandoe diversificando suas atividades pro-dutivas. Desde o início, o rumo adota-do foi o da participação, ou seja, todasas decisões sempre foram tomadasdepois de intensas reuniões e discus-sões entre os associados e diretoria,apoiados pelos técnicos e entidadesque estão ajudando no crescimento eaprimoramento da Agreco, destacan-do-se as prefeituras dos municípiosenvolvidos, a Universidade Federalde Santa Catarina, a Secretaria deEstado do Desenvolvimento Rural eda Agricultura e sua empresa vincula-da Epagri, o Banco do Brasil, o Bancodo Estado de Santa Catarina e o Mi-nistério do Desenvolvimento Agrá-rio. Um programa que tem sido muitoimportante para a Agreco é o Desen-volver (Programa de Desenvolvimen-to da Agricultura Familiar Catarinen-se pela Verticalização da Produção) –convênio CNPq/Funcitec/Epagri.

Para agregar mais valor à produ-ção, a Agreco recebeu uma importan-te ajuda do Pronaf. Com recursos queatingem 2,5 milhões de reais, um

Cuidados na higiene e boa apresentação

dos produtos orgânicos são preocupação

constante dos agricultores associados

Projeto da

Agreco,

financiado

pelo Pronaf,

está gerandoemprego e

renda para os

agricultores no

sul de Santa

Catarina

mação entre os que foram para acidade (outros centros urbanos) e osque ficaram no campo (o próprio mu-nicípio como um todo) foi se dese-nhando pelo congraçamento, atravésda realização de uma festa típica local,a Gemüse Fest. A partir dela e dereuniões que a seguiram, parceriasforam nascendo e se fortalecendo.Esta foi a semente que formou a Agrecoe que teve um impulso importantecom a entrada em cena de uma redede supermercado catarinense, o San-ta Mônica. O proprietário, EgídioLocks, natural de Santa Rosa de Lima,que esteve viajando pela Europa, no-tou a crescente demanda dos consu-midores europeus pelos produtos or-gânicos, ecológicos, e resolveu desa-fiar os agricultores familiares locais aproduzir hortigranjeiros desta forma.Nesta parceria, ele procuraria garan-tir os canais de comercialização para aprodução.

Durante os quatro últimos anos,os produtos orgânicos da Agreco, amaioria hortaliças, vinham sendocomercializados principalmente narede de supermercados Santa Môni-ca, garantindo uma renda estável econstante às várias famílias rurais daregião. Entretanto, recentemente osupermercado fechou suas portas,causando um prejuízo que foi absorvi-do de forma conjunta pelos associa-dos. Mas, no todo, a Agreco soubeamortecer o impacto da perda desteimportante cliente. Hoje a produçãoda Agreco está sendo canalizada paraclientes diversificados. São 35 pontosde venda em 10 redes de supermerca-dos com lojas instaladas nas princi-

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30 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

ambicioso projeto de implantação depequenas agroindústrias rurais estáem andamento englobando os muni-cípios de Anitápolis, Gravatal, RioFortuna, Armazém, Grão-Pará, SãoMartinho, Paulo Lopes, Rancho Quei-mado, Alfredo Wagner e Santa Rosade Lima. O projeto, elaborado portécnicos do Centro de Estudos e Pro-moção da Agricultura de Grupo –Cepagro –, envolve cerca de 211 famí-lias, gerando 707 empregos diretos nomeio rural, o que significa um custopor emprego de R$ 3.536,00. Diga-sede passagem que este custo é bemmais baixo que o aplicado na indús-tria urbana, que gira em torno deR$ 20.000,00 a R$ 100.000,00 por pos-to de trabalho criado.

A engenheira agrônoma SarahVidal, bolsista do CNPq e vinculada aoPrograma Desenvolver para assesso-rar a Agreco em Gestão Agrícola,revela que cada unidade agroindustrialdo projeto (são ao todo 53, 14 já estãoprontos, 10 em construção e faltaminiciar mais 29 unidades) engloba, emmédia, 4 famílias. A renda mensalmédia a ser alcançada em cada unida-de agroindustrial será de R$ 2.283,00,o que equivale a R$ 573,00 por família.Cada grupo de famílias forma umcondomínio, que é a forma jurídicaencontrada para organizar melhor os

agricultores. Além disso, todos osagricultores envolvidos (211 associa-dos) com o “Projeto de AgroindústriasModulares em Rede” estarão ligados,dentro da Agreco, a uma Unidade deApoio Gerencial – Ucag – hoje funcio-nando com o nome de comissão deprodução e comercialização. Para as-sessorar e apoiar todo este complexo,o Programa Desenvolver coloca naregião da Agreco uma equipe de técni-cos e engenheiros especialistas emcomercialização, processamento egestão. Na assessoria técnica ao setorprimário também participam profissi-onais locais das prefeituras eextensionistas da Epagri nos municí-pios de abrangência da associação. Oprojeto conta ainda com a assessoriade dois engenheiros do ProgramaDesenvolver, um sanitarista e outrocivil, que não são específicos pois pres-tam apoio técnico também a outrasregiões.

Entre os 53 projetos de agroin-dústria, divididos em 14 tipos de uni-dade, incluem-se processamento decana, processamento mínimo de hor-taliças, beneficiamento de hortaliças,processamento de raízes, produção deconservas, beneficiamento de leite,industrialização de leite, beneficia-mento de mel, abate e processamentode suínos, abate de aves, beneficia-mento de grãos, beneficiamento deovos e panificação. “Como se vê, adiversificação de produtos oriundosdo processamento agroindustrial estápermitindo aos agricultores uma ren-da mais constante, inclusive está re-vertendo o êxodo rural, ou seja, fami-liares dos produtores da Agreco que

foram buscar empregos nas cidadesmaiores estão retornando”, conta oengenheiro agrônomo Lúcio Schmidt,um dos assessores técnicos da Agrecoe ex-secretário de Agricultura de San-ta Rosa de Lima. Além do Lúcio e daSarah, a Agreco possui a assessoriapermanente de uma engenheira quí-mica, a Cléia Boing, e uma engenheirade alimentos, a Ângela MoraesTeixeira, responsáveis pela área deprocessamento.

Melhoria através daagroindustrialização

Não tem sido fácil atingir o nível deorganização e capacitação que a Agrecodetém atualmente. Tanto técnicosquanto agricultores passaram e estãopassando por constantes seminários ecursos de atualização em temas comoagroecologia, gestão agrícola, merca-dos e comercialização, entre outros.Recebem capacitação dos próprios téc-nicos da Agreco e Programa Desen-volver, como também de outras Orga-nizações não-governamentais – Ongs–, como por exemplo o Centro Vianei,de Lages, que possui experiência emtécnicas de educação rural e tem ela-borado muitas das cartilhas utilizadanos cursos. Além disso, reuniões se-manais, quinzenais e mensais são re-alizadas com os associados, represen-tantes dos condomínios, além das vi-sitas periódicas feitas pelos técnicosnas propriedades. Por ser um modeloparticipativo de gestão, os própriosagricultores buscam compartilharexperiências entre si, procuram ter

Antonio Willemann: orgulho em produ-

zir hortaliças orgânicas

Diversificação

da produção é

destaque no

Programa

Desenvolver

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 31

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

também voz ativa nas decisões quedizem respeito diretamente à sua as-sociação e, não raro, realizam visitase viagens para conhecer outros proje-tos de desenvolvimento rural susten-tável.

Falando em sustentabilidade, umdos pioneiros na produção orgânica daAgreco é o Sr. Antonio Willemann, deSanta Rosa de Lima, que conta com acolaboração de sua esposa, a DonaAna, e de mais dois filhos. Ele temcinco estufas, quatro financiadas peloPronaf, com hortaliças diversificadas,tais como radiche, cenoura, couve--flor, etc. O Sr. Antônio tem orgulhode plantar tomate sem venenos, que éembalado higienicamente, assim comotodos os seus produtos comercializadoshoje em vários mercados. “Estou tris-te porque perdemos um grande clien-te, o supermercado Santa Mônica,inclusive perdi renda, mas espero quelogo as coisas melhorem, pois tenhomuita boa produção para entregar”,fala convicto o produtor.

Quem está mais satisfeito com suaprodução é o Sr. Valnério Assing, daComunidade de Rio dos Índios, emSanta Rosa de Lima, que sedia umaunidade de processamento de cana--de-açúcar, financiada pelo Pronaf nomontante de R$ 28.700,00, mas que,segundo o agricultor, o valor totalchega a quase R$ 50.000,00, incluindomão-de-obra e outros custos. Esta uni-dade tem capacidade para elaborarcerca de 250kg de açúcar mascavo e80kg de melado ao dia, mas por en-quanto a produção, como está no iní-cio, não chega a tanto. Ele trabalhaem parceria com seu irmão, o Romeu,

e está previsto que mais duas famí-lias poderão usufruir destaagroindústria. Atualmente o açúcarmascavo produzido é vendido ao preçode R$ 1,40, e experimentalmente afamília do Sr. Valnério está elaboran-do uma rapadurinha ao preço de R$0,35 o saquinho.

Outro projeto pioneiro na região éa criação de gado leiteiro utilizando osistema voisin, ou seja, os animaispastejam num sistema rotativo empiquetes, que não recebem adubosquímicos sintéticos, somente o ester-co animal. O Sr. João Herdt, da Comu-nidade de Rio dos Índios, tem umaárea de pastejo que atinge atualmen-te 9ha com 27 animais da raça Jerseye recebe orientações técnicas de pro-fessores do Centro de Ciências Agrári-as – CCA – da Universidade Federalde Santa Catarina. Ele faz parte, juntocom outras 4 famílias, de uma unida-de de industrialização de leite queconta com resfriador, pasteurizador,queijaria, etc. Uma das metas dosagricultores é colocar queijo e leitecoloniais orgânicos no mercado, apro-veitando o know-how e a tradiçãodestes produtores, reconhecidos emtodo o sul de Santa Catarina.

E para confirmar a tendência dediversificação e qualidade dos produ-tos, uma nova unidade de produção deconservas está sendo ativada, perten-cente ao Condomínio Becker egerenciada pelo Sr. Ademir Becker,em parceria com seu irmão Célio. Sãoinicialmente duas famílias beneficia-das pela unidade financiada peloPronaf no valor de R$ 22.350,00, masoutros produtores rurais associados

da Agreco também esperam aprovei-tar esta agroindústria para agregarvalor às suas produções. Os produtosque estão sendo comercializados, ini-cialmente no município e posterior-mente em outros mercados, são va-gem, cebolinha, pepino, couve-flor,em conservas isoladamente ou na for-ma de picles, variando o preço entreR$ 1,50 e R$ 2,00 o vidro de 300g. OsBecker estão também investindo noabacaxi, com 24 mil pés plantadospara serem utilizados na forma decompotas.

Mas as ações da Agreco não serestringem só à produção e à industri-alização. O projeto é mais amplo, vi-sando também um alcance social ecultural. Neste sentido, vale regis-trar a criação de uma associação deagroturismo, a Acolhida na Colônia,formada atualmente por 20 famíliasem 5 municípios da região, que sãoRancho Queimado, Anitápolis, RioFortuna e Gravatal, além de SantaRosa de Lima. A idéia surgiu quandovisitantes das cidades vinham com-prar os produtos da colônia e senti-ram vontade de permanecer mais tem-po nas propriedades e técnicos e agri-cultores de outros Estados e municí-pios vinham conhecer o projetoAgreco. Os agricultores resolveramentão criar suas próprias pousadasturísticas, onde acolhem os visitan-tes, oferecendo, a preços módicos,refeições e pernoites.

E, por fim, quando do surgimentoda própria Agreco, houve a necessida-de dos agricultores buscarem créditofinanceiro a taxas mais justas e razo-áveis, sem as tradicionais exigências,burocracias e encargos que os bancostradicionais praticam. Assim, foi cria-da a Credicolônia, uma cooperativa decrédito direcionada à realidade e ne-cessidade dos microempresários ru-rais, com sede em Santa Rosa de Limae abrindo atualmente filiais em RioFortuna e Anitápolis.

Os trabalhos da Agreco hoje sãoum exemplo para muitos grupos deagricultores que estão se organizan-do, não só em Santa Catarina, mastambém em outros Estados do país.As pessoas que desejarem mais infor-mações sobre a Agreco podem telefo-nar para (0XX48) 654-0038, entrar nosite: www.agreco.com.br ou contatarpelo e-mail: [email protected].

Unidade deprocessamentodecana-de-açúcarpode elaborar250kg deaçúcar mascavoe 80kg demelado ao dia

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32 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

REGISTRO

Ações da Defesa Sanitária AnimalAções da Defesa Sanitária AnimalAções da Defesa Sanitária AnimalAções da Defesa Sanitária AnimalAções da Defesa Sanitária Animal Ornamentais de Santa Catarina.Maiores informações: professor

Enio Luiz Pedrotti, através do fone(0XX48) 331-5442, fax (0XX48) 334-2014, e-mail: [email protected]/ou Márcia C. Sampaio, no fone(0XX48) 239-5503, e-mail:[email protected]. A páginado encontro na internet é:www.cca.ufsc.br.

A experiência doA experiência doA experiência doA experiência doA experiência doconsórcio peixe–suínoconsórcio peixe–suínoconsórcio peixe–suínoconsórcio peixe–suínoconsórcio peixe–suínono Alto Vno Alto Vno Alto Vno Alto Vno Alto Vale do Itajaíale do Itajaíale do Itajaíale do Itajaíale do Itajaí

Márcia Janice Freitas da CunhaVaraschin

A piscicultura é uma atividadeque vem sendo incentivada pelogoverno de Santa Catarina hámais de 25 anos, quer através daconstrução de novas unidades, queratravés da assistência técnica, pes-quisa e organização dos produtores.A produção de alimento natural éestimulada nos viveiros, adicionan-do-se pequenas quantidades de adu-bos orgânicos. Os dejetos de suínossão os subprodutos mais usados pe-los produtores em função da disponi-bilidade e, sobretudo, pelo baixo cus-to e resultados de produção. O gover-no de Santa Catarina, através daAcaresc (atual (Epagri), trouxe parao Alto Vale do Itajaí a tecnologia dacriação integrada de peixes comdejetos suínos como sendo mais umaopção de renda para o produtor ru-ral.

No final de 1996, a Associação dePreservação do Meio Ambiente doAlto Vale do Itajaí – Apremavi –lançou dois documentos – enviados adiversos órgãos, inclusive à Promo-toria Pública – alertando para o pro-blema do aumento da poluição das

A Defesa Sanitária Animal temcomo objetivo o aumento da produ-ção e produtividade dos rebanhos, aadequação dos níveis de qualidadeaos padrões aceitos internacional-mente e a eliminação das barreirassanitárias para a comercialização in-terna e externa de animais e seusprodutos.

A garantia do plantel pecuáriodecorre da execução de grandesprogramas nacionais e de ações con-tinuadas das campanhas de va-cinação dos animais, da inibição dedifusão das doenças pelo controle dotrânsito e da diminuição do risco deintrodução de doenças exóticas nopaís, mediante controle das im-portações de animais e seus produ-tos.

Quadro atual da saúde dos ani-mais:

Programas Nacionais de DefesaSanitária Animal

Febre aftosa

• ampliação progressiva da zonalivre (Estados do Rio Grande do Sul ede Santa Catarina) com a erradicaçãoda doença em todo o país até 2005;

Peste suína clássica

• reconhecimento progressivo dezonas livres e erradicação na áreatotal do país até 2002;

Doença de Newcastle

• reconhecimento progressivo dezonas livres e erradicação na totalida-de do país em 2002.

Maiores informações: Ministérioda Agricultura e do Abastecimento,MA/SPA, Brasília, 1999.

Florianópolis sedia Encontro Nacional deFlorianópolis sedia Encontro Nacional deFlorianópolis sedia Encontro Nacional deFlorianópolis sedia Encontro Nacional deFlorianópolis sedia Encontro Nacional deSubstratos para PlantasSubstratos para PlantasSubstratos para PlantasSubstratos para PlantasSubstratos para Plantas

De 17 a 20 de setembro próximo,no Praia Mole Park Hotel, emFlorianópolis, acontece o II Encon-tro Nacional de Substratos para Plan-tas, que vai discutir, basicamente,questões ligadas a produção e uso desubstratos – todo e qualquer materi-al utilizado para crescimento de plan-tas em bandejas, vasos, sacos plásti-cos e outros. O evento, que devereunir mais de 250 participantes, édirigido aos produtores de mudas deplantas ornamentais, florestais, fru-tíferas e olerícolas, aos usuários deplantas em vasos, desde o produtoraté a dona de casa, e às indústriasque produzem os substratos.

Especialistas de comprovados co-nhecimento e experiência em nívelinternacional estarão palestrando so-

bre temas como adubação desubstratos, uso de materiais alterna-tivos, métodos de análise de substratose uso econômico deste insumo, entrevários outros.

“Pretendemos que os produtorespresentes saiam do encontro com umamelhor compreensão dos benefíciosdo uso correto de substratos”, disse ocoordenador do evento e professor doCurso de Agronomia da UniversidadeFederal de Santa Catarina, Enio LuizPedrotti, lembrando que esta compre-ensão vai tornar mais eficiente o pro-cesso de produção de plantas no Brasile abrir mercados nacionais e interna-cionais para a comercialização de plan-tas de alta qualidade.

A promoção do encontro é da Câ-mara Setorial de Flores e Plantas

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 33

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

águas do Alto Vale do Itajaí pordejetos suínos e sua relação diretacom a proliferação de borrachudos,além da construção de viveiros emáreas de preservação permanente.Eles afirmavam que esta tecno-logia estava trazendo mais preju-ízos do que benefícios para apopulação, por ser uma das princi-pais causas do aumento de polui-ção ambiental e da proliferação deborrachudos.

A pedido do Banco Mundial, comoparte da avaliação do ProjetoMicrobacias/Bird, o Instituto de Pla-nejamento e Economia Agrícola deSanta Catarina – Instituto Cepa/SC– fez recentemente um estudo paraverificar, face a estas denúncias,que providências foram tomadaspelos atores envolvidos na ativi-dade: produtores; responsáveis pelofomento, geração e difusão detecnologia; fabricantes de insumos eequipamentos; responsáveis pelacomercialização, processamento eindustrialização do produto; órgãosambientais; Banco Mundial e Proje-to Microbacias e a própria Organiza-ção não-governamental – Ong – de-nunciante.

A partir das denúncias daApremavi, foi possível verificar quesignificativo esforço, energia e tra-balho foram despendidos para clare-ar os fatos. A maior parte dos atoresenvolvidos nesta problemática agiupositivamente com vistas às solu-ções. As mudanças na orientação dostrabalhos da Epagri foram muito sig-nificativas e pertinentes. Atualmen-te, o setor responsável pela pisci-cultura é um dos que têm maiorpreocupação com as questõesambientais.

A Apremavi desempenhou umpapel importante ao fazer a denún-cia. Os desafios colocados, que a prin-cípio pareciam uma ameaça aoprocesso produtivo, tiveram seu

lado positivo, pois serviram paraorganizar os produtores e conscien-tizá-los da questão ambiental. Hojeeles estão bastante interessados nalegalização de sua atividade, pressio-nando os órgãos responsáveis paraque isso aconteça o mais breve possí-vel.

Percebeu-se que o Banco Mundialteve um papel decisivo no encaminha-mento da solução do problema. Ele éuma referência e atuou de maneirabastante pedagógica, incentivando odiálogo e a formação de parceria entreos interessados. Suas contribuiçõestambém se deram sob a forma derecomendações, as quais foram feitasnas diversas missões vindas a SantaCatarina quando esta questão sempreera discutida.

Alguns órgãos ambientais, apesarde todas as dificuldades de recursos ede entendimentos entre eles quantoàs suas atribuições, dispuseram-se arever certas posturas, tidas até entãocomo permanentes, tentando adequaro licenciamento de uma atividade àsua realidade. Entretanto, olicenciamento ambiental ainda nãofoi efetivado pela Fundação do MeioAmbiente – Fatma –; este seria ocoroamento de todo o processo, tor-nando a piscicultura um exemplo paraoutras atividades.

Hoje a piscicultura é o segmentomais organizado e o único que estábuscando o licenciamento ambiental.Ela está até mesmo servindo demodelo para outras atividades,que, ao ver o que os piscicultoresestão conseguindo fazer juntos,estão se organizando nos mesmos mol-des.

Ao que tudo indica, apesar da for-ma e do conteúdo inadequados dasdenúncias, a maioria dos envolvidosacredita que os seus resultadosforam positivos. Hoje a atividadeestá mais bem situada quantitativae qualitativamente. As pesquisas e

a capacitação dos técnicos foramviabilizadas, os produtores estão maisprofissionalizados e conscientes deseu papel. Melhorou o relacionamen-to entre as instituições públicas quebuscam falar uma mesma lingua-gem sobre o assunto. As indústriasestão procurando se adequar às ne-cessidades que surgiram, desenvol-vendo novas tecnologias com vistasà redução do impacto ambiental. E,por fim, o mais importante, todosestão pensando mais no meio am-biente, considerando-o fundamentalem suas decisões.

Entretanto, algumas ações aindase fazem necessárias. Entre elas, oestabelecimento urgente dolicenciamento da atividade pelos ór-gãos ambientais competentes, atépara que a piscicultura venha a serrealmente um exemplo para outrasatividades. Este seria o “coroamento”de todo o processo de discussão, ne-gociação e estudos pelo qual a pisci-cultura tem passado.

Existe também a necessidade depadronização dos procedimentos re-lativos à atividade, porque, em fun-ção da complexidade da questãoambiental, cada órgão tem procura-do ajustar a forma que lhe seja maisconveniente.

Por fim, mas não menos impor-tante, é preciso haver uma posiçãooficial única das autoridades (muni-cipais, estaduais ou federais) comrelação a tudo o que envolve a ativi-dade, porque, quando cada um falauma linguagem ou assume posturasdiferentes, os prejudicados são oscidadãos e o meio ambiente.

Márcia Janice Freitas da CunhaVaraschin, economista, M.Sc., InstitutoCepa/SC. Rodovia Admar Gonzaga,1.486, C.P. 1.587, 88034-001Florianópolis, SC, fone (0XX48) 334-5155, fax (0XX48) 334-2311, e-mail:[email protected], internet: http://www.icepa.com.br.

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 35

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Produção de leite orgânico prometereduzir custos

Reportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari

consciência pela preservação emelhoria do meio ambiente está

cada vez mais crescente na sociedade.Ao mesmo tempo o cidadão, oconsumidor, está mais exigente emrelação à qualidade do alimento quecompra, procurando produtossaudáveis, com higiene e segurança.Neste sentido a produção ecológica ouorgânica está aparecendo como umaalternativa bastante viável do pontode vista ambiental e tambémeconômico e social, já que promove ageração de emprego e renda no meiorural. Uma experiência nova que estásurgindo aos poucos no Brasil é acriação de vacas leiteiras no sistemaorgânico, que utiliza ao máximo osrecursos naturais da propriedade,racionaliza o manejo da alimentaçãodo gado, praticamente tudo com baseem pasto. Além disso, propicia umarenda mais segura ao produtor e, éclaro, evita o uso de agroquímicos napropriedade rural.

Alimentação com base empasto

No município de Getúlio Vargas,RS, em uma propriedade com 16ha nalocalidade de Ventara Baixa, o agri-cultor Amauri Zorzan iniciou em 1998a conversão de sua produção leiteiraconvencional para o sistema orgâni-co. Quem orientou tecnicamente oprodutor foi o engenheiro agrônomo

Animais alimentados com pasto produzem mais a menor custo

Marco Antônio Hoffmann, ex-profes-sor da Universidade de Passo Fundo eatual proprietário da empresaSustentagro Ltda., e que também éespecialista no sistema ecológico deprodução de pastos, o chamado siste-ma Voisin. Este sistema consiste basi-camente na utilização das pastagenscom a divisão da área em piquetes, detal forma que o gado vai passando depiquete em piquete e comendo o pastono melhor momento fisiológico para orebrote. A diferença do sistema Voisinpara outro semelhante, o pastoreio

rotativo, é que o primeiro utiliza maiso campo nativo e adubação orgânica,ao passo que o rotativo usa mais pastoexótico e adubação química. Mas am-bos ajudam a melhorar a produtivida-de leiteira do rebanho. Para o agrôno-mo, o criador que quiser ter maisrendimento e renda terá que organi-zar o rebanho, ou seja, sua experiên-cia como professor e consultor mos-trou que muitos produtores de leitetêm excesso de machos nas proprie-dades, animais que não produzem eque representam gastos. Hoffmann

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36 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

aconselha que o produtor se livre dosmachos. O próximo passo é reduzir oueliminar a alta utilização de concen-trados e silagem, que representamaumento nos custos. O método Voisiné um sistema que utiliza estes prin-cípios, mas que exige do empresáriorural um investimento inicial emcercas elétricas e na implantaçãode pastagens. O consultor estimaque as cercas custem de R$ 20,00a R$ 60,00/ha e as pastagens, entreR$ 110,00 e R$ 200/ha. O custo dacerca varia em função dos materiaisexistentes na propriedade que pos-sam ser aproveitados. As pastagenssão permanentes e podem ser amorti-zadas ao longo dos anos.

Zorzan, que é considerado peque-no criador, iniciou a mudança para osistema orgânico em janeiro de 1998e o pastoreio em maio do mesmo anocom 40 piquetes de 1.200m2 cada um;em 1999 passou para 65 piquetes ehoje em dia está com 70 piquetes,considerado o mínimo para a sua situ-ação.

Hoffmann revela que, sempre quepossível, recomenda um númeromaior de piquetes, mais de 100, espe-cialmente quando os rebanhos sãomaiores. Quanto à pastagem, eleutiliza pensacola, trevo branco eazevém como permanentes e quicuio,cornichão, sorgo e capim sudão comocomplementares anuais.

No começo, Amauri Zorzan conta-va com quatro vacas em lactação queproduziam 40 litros/dia, depois com-prou mais animais do tipo PC, utili-zando recursos próprios e empresta-dos, ficando com dez vacas em lactaçãoem meados de 1999, que produziam156 litros/dia, com 19,5 litros/vaca, ouseja, um incremento por unidade depraticamente 100%, que vem man-tendo até hoje. Para Marco Hoffmann,o segredo desta boa performance estána alimentação com pasto de qualida-de e no manejo do rebanho e dospastos. “Noventa por cento do leite édevido ao pasto”, aponta o técnico e

É possível produzir uma boa consorciação de pasto commanejo adequado e adubação orgânica

dando apoio a pequenos produtorescomo o Amauri Zorzan e incenti-vando para entrarem na produçãoorgânica. A idéia é organizá-los emuma associação própria para obteremmelhores vantagens na comer-cialização e compra de produtos einsumos.

Homeopatia

Para atingir o status de produtororgânico, não adianta só substituir osadubos químicos por fertilizantes or-gânicos e evitar os agrotóxicos. Aquestão da sanidade animal tambémé fundamental. E um passo importan-te é a utilização de produtos homeopá-ticos no tratamento das doenças dogado, principalmente a mamite, que

revela que um pouco deração também é dado,cerca de 2kg, a partir dos20 litros/vaca. A ração éfeita na propriedade, com-plementar ao que ofereceo pasto, e inclui fubá demilho e quirera de soja,oriundos de lavouras or-gânicas, sem uso deagrotóxicos e adubos quí-micos solúveis. Amauritambém produz a sojaorgânica que é exportadapara a Europa, através daSustentagro Ltda. emparceria com a empresaparanaense Terra Pre-servada, e é um dos 344agricultores orgânicos as-sessorados pela empresade Marco Hoffmann naregião do noroeste gaú-cho.

A comercialização doleite na cooperativa localao preço de R$ 0,25 brutoe R$ 0,215 líquido é valorde produto convencional,já que ainda não existeum mercado formadopara o produto orgânicono município. Só recentemente é quese formou uma empresa na região, aProlac – Produtos AlimentíciosColorado, que vai começar a produzirleite e derivados ecológicos. Mas ocusto real da produção do Amauri(com depreciação, custos fixos,etc.)está em torno de R$ 0,131, o que dáum lucro efetivo de R$ 0,884/litrovendido. Logo, com uma produção de156 litros/dia x 30 x 0,884 = R$ 393,12de lucro líquido mensal só do leite.Descontados os custos fixos, o custopor litro de leite do produtor cai paraR$ 0,1087, de modo que a ele o lucrolíquido aparece maior do que o citadoinicialmente.

O Sindicato Unificado dos Traba-lhadores na Agricultura Familiar –Sutraf –, de Getúlio Vargas, está

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Família Zorzan adotou o tratamento homeopático e a sanidade dorebanho melhorou

"Sistema orgânico de pastejo torna as vacas menos estressadas", afirma oengenheiro agrônomo Marco Hoffmann

ataca constantemente as vacas leitei-ras. Atualmente Amauri Zorzan estásendo orientado pelo médico veteri-nário Adriano Ribeiro Echevarne, daempresa de consultoria Tecnopool,que trata as doenças como a mamite

ou mastite substituindo os antibióti-cos normalmente recomendados parao caso pelo tratamento homeopático.Para se ter uma idéia dos bons resul-tados alcançados, na primeira compradas vacas PC vieram três matrizes

com mastite, e após o tratamentohomeopático só restou uma aindainfectada, mas com a chamadamamite subclínica, que não é tão pre-judicial. O custo do tratamento home-opático é menor, cerca de R$ 5,00,contra R$ 12,00 do alopático ou con-vencional.

E o sucesso da homeopatia já nãoestá mais restrito a um ou outroprodutor. No Brasil inteiro, experiên-cias exitosas estão surgindo. Várioscursos técnicos e científicos emhomeopatia animal começam a proli-ferar, possibilitando a capacitação deprofissionais, produtores e interessa-dos. Em Santa Catarina, por exemplo,a Epagri, em parceria com o Centro deCiências Agrárias – CCA – da Univer-sidade Federal de Santa Catarina e aFundação de Apoio ao Desenvolvi-mento Rural Sustentável – Fundagro– recentemente realizou um semi-nário pioneiro no Estado sobre a pro-dução de leite orgânico e já se prevêque, em breve, alguns projetos nalinha dos laticínios orgânicos apare-çam. Além disso, perto de GetúlioVargas, RS, no município de Colorado,mais famílias de produtores troca-ram o tratamento com antibióticospela homeopatia e fitoterapia e pra-ticamente varreram as doenças dostambos, conforme registra matériarecente no jornal Zero Hora, de PortoAlegre, RS. Mas não ficam por aí asnovidades. O periódico gaúcho revelatambém que, no início do ano, umacriadora de Passo Fundo possuía 19vacas jersey com mastite crônica. Asvacas resistiam aos antibióticos e es-tavam ameaçadas de ir ao descarte.Mas quatro meses de tratamento ho-meopático garantiram a cura dosanimais. O mesmo periódico citaainda a opinião do diretor técnico daAssociação Gaúcha de Criadores deGado Holandês, José Luiz Rigon:“Se for para baixar custos e melhorara sanidade do rebanho, vejo combons olhos este tratamento alterna-tivo”.

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38 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

PalmitoPalmitoPalmitoPalmitoPalmito

Manejo sustentado do palmiteiro (Manejo sustentado do palmiteiro (Manejo sustentado do palmiteiro (Manejo sustentado do palmiteiro (Manejo sustentado do palmiteiro (Euterpe edulisEuterpe edulisEuterpe edulisEuterpe edulisEuterpe edulisM.) na pequena propriedade catarinenseM.) na pequena propriedade catarinenseM.) na pequena propriedade catarinenseM.) na pequena propriedade catarinenseM.) na pequena propriedade catarinense

Rudimar Conte, Maurício Sedrez dos Reis, Miguel Pedro Guerra,Rubens Onofre Nodari e Alfredo Celso Fantini

s florestas tropicais têm recebi-do, ultimamente, um novo

enfoque quanto a sua utilização, onde,basicamente, foram incorporados prin-cípios e fundamentos que possam dara esses recursos um uso sustentadoao longo dos anos (1).

A Floresta Tropical Atlântica –FTA –, que abrange as diferentesformações florestais no Estado deSanta Catarina, tem sido alvo demuitos estudos nos últimos anos. Umadas espécies mais bem estudadas des-se ecossistema é o palmiteiro (Euterpe

edulis M.), mostrando grande potenci-al para manejo sustentado pois, alémde ser uma importante fonte de rendadas áreas florestadas, desempenhaum papel ecológico fundamental noecossistema pela sua interação com afauna.

O palmiteiro, também conhecidocomo juçara, jiçara, içara, palmito--juçara, palmiteiro-doce, ensarova,ripa, é uma espécie de sombra, ocor-rendo no interior de diferentes forma-ções florestais que lhe proporcionamsombreamento. A maior abundânciaencontra-se quando associado a flo-restas que atingiram o seu máximodesenvolvimento.

Atualmente, após drástica redu-ção das populações naturais depalmiteiro, esta espécie volta a repre-sentar um papel de grande importân-cia para a conservação da FTA. Istoporque o palmiteiro representa umdos principais suportes para a trans-formação de áreas até então conside-radas improdutivas, em florestas al-tamente produtivas, uma vez que aespécie é uma das essências flores-tais de ciclo relativamente curto ecapaz de produzir, após um manejoadequado, uma produção anual semimplicar aumento de gastos cominsumos (2).

A legislação para manejo dopalmiteiro no Estado de Santa Catarina(Portaria Interinstitucional no 1) sebaseia em estudos desenvolvidos pelaUniversidade Federal de SantaCatarina, ao longo de vários anos (2 e3). O sistema de manejo prevê a ma-

nutenção de um certo número deindivíduos, em fase reprodutiva, paraque ocorra a ressemeadura natural.Esse número, de acordo com estudosrealizados (4), gira em torno de 50 a 60indivíduos/ha, sendo a permanênciadesse número de indivíduos funda-mental para garantir a estrutura ge-nética e demográfica da espécie (Figu-ra 1). Além disso, o corte das plantasdeve ser feito a partir de um determi-nado diâmetro, que é estabelecido apartir do crescimento da espécie (5)(estabelecido em 9cm, de acordo coma Portaria). Isso implica o aproveita-mento da regeneração natural damesma, a partir do crescimento dasplantas que permaneceram e da con-tínua reposição de sementes paramanutenção do banco de plântulas.Assim, a reposição dos indivíduos ex-traídos pelo corte será feita pelo pró-prio dinamismo da espécie.

Tendo em vista a importância dopalmiteiro no contexto da FTA, estetrabalho teve por objetivo apresentarindicadores técnicos e econômicos parao manejo sustentado do palmiteiro(Euterpe edulis M.) no Estado de San-ta Catarina, a partir de uma unidadedemonstrativa de manejo implantadana Floresta Nacional de Ibirama, SC– Flona de Ibirama, SC.

Material e métodos

O estudo foi desenvolvido na Flonade Ibirama, SC, a partir de julho de1997, em uma área de 38ha de florestaem estádio secundário avançado de

O manejo sustentado do palmiteiro éuma realidade em Santa Catarina

A

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PalmitoPalmitoPalmitoPalmitoPalmito

sucessão florestal. Esta área foiestabelecida para servir como umaunidade demonstrativa de difusão detecnologia para o manejo do palmiteirono Estado de Santa Catarina.

Os dados foram obtidos através deinventário florestal, com amostragemaleatória simples, e utilizando parce-las de 40 x 40m (1.600m2) como unida-des amostrais. Neste sentido, foramdemarcadas 25 parcelas, consideran-do os critérios estatísticos de suficiên-cia amostral para um nível de erro de10%, conforme determina a legisla-ção.

Para amostragem das plantas adul-tas, as parcelas de 40 x 40m foramsubdivididas em subparcelas de 10 x10m, no sentido de otimizar aamostragem e facilitar o mapeamentodas plantas na parcela. Paraamostragem da regeneração, foramdelimitadas duas faixas de 2 x 40m,em forma de cruz, no meio de cadaparcela, sendo cada faixa dividida emsubparcelas de 2 x 2m (4m2), constitu-indo um total de 39 subparcelas(156m2).

As plantas com estipe exposta su-perior a 1,30m foram devidamentemapeadas e etiquetadas. Para cadaplanta foram coletados dados de diâ-

metro à altura do peito - DAP (diâme-tro medido a 1,30m na estipe), atravésde paquímetro florestal, e o estádiofenológico nas categorias reprodutivae jovem. Considerou-se comoreprodutivas as plantas que apresen-tavam cacho ou mesmo sinais de emis-são de cachos caso essas não apresen-tassem infrutescências. Já a catego-ria jovem foi utilizada para as plantasque não se enquadravam na categoriaanterior.

Para avaliação da regeneraçãonatural, foram avaliadas todas as plan-tas com altura de estipe exposta infe-rior a 1,30m, consideradas pertencen-tes ao banco de plântulas da espécie,

as quais foram agrupadas nas seguin-tes classes: Classe I - plântulas comaté 10cm; Classe II - plantas de 11 a50cm; Classe III - plantas maiores de50cm de altura de inserção da folhamais jovem e com estipe exposta infe-rior a 1,30m.

A estimativa de produção de palmi-to foi baseada numa equação de rendi-mento desenvolvida para a espécie naregião de Blumenau, SC, que utilizacomo parâmetro a relação entre oDAP e o rendimento em creme dapalmeira (Rendimento(g) = 4,194 xDAP2) (6). De posse dessas estimati-vas foi elaborada uma análise econô-mica para o primeiro ciclo consideran-do um ciclo de corte de cinco anos,com base em instrumentos tradicio-nais de análises de projetos.

Resultados e discussão

Características da população depalmito

A Tabela 1 apresenta o resumo doinventário para o palmiteiro realizadoem 1997 na Flona de Ibirama, SC, naárea de 38ha. A amostragem resultouem uma estimativa por hectare de609 indivíduos com estipe expostaacima de 1,30m, sendo que deste total131 indivíduos são reprodutivos, alémde 20.488 plantas pertencentes àregeneração natural da espécie.

Para caracterizar a estruturademográfica da espécie nesta área deestudo, a Figura 2 apresenta adistribuição de freqüência por classediamétrica das plantas de palmiteirocom altura de estipe exposta superior

Figura 1 – Planta matriz de palmiteiro - a manutenção de um estoque mínimo dematrizes é fundamental para garantir a sustentabilidade do sistema de manejo

Tabela 1 – Resumo do inventário florestal para o palmiteiro, a partir de umaamostragem de 25 parcelas, realizado na Flona de Ibirama, SC

Número de Número de Número de plantas da regeneração

plantas plantas natural/classe/ha

> 1,30(A) reprodutivas(ha) (ha) I II III

609 131 18.113 1.798 577

Total/ha - 20.488 (B)

(A) Número de plantas por hectare com estipe exposta acima de 1,30m.(B) Total de plantas por hectare pertencentes à regeneração natural do palmiteiro.

#

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40 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

PalmitoPalmitoPalmitoPalmitoPalmito

a 1,30m. Dentro desta categoria osjovens participam com 478 plantas/ha(78,5%) e são encontrados em maiornúmero entre as classes diamétricasde 2 a 12cm. Já os indivíduosreprodutivos apresentam umafreqüência de 131 plantas/ha (21,5%),sendo que sua ocorrência se dá apartir da classe diamétrica 6, porém,é a partir da classe diamétrica 10 quese observa a maior abundância,representando a maioria dos indivíduosnessas classes superiores.

Figura 2 – Distribuição de freqüência das plantas de palmiteiro com estipe expostasuperior a 1,30m, na Flona de Ibirama, SC

0

20

40

60

80

100

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Jovens

Reprodutivas

Total

Classes diamétricas (cm)

Núm

ero

de p

lanta

s

Jovens = 478 plantas/ha

Reprodutivas = 131 plantas/ha

Total = 609 plantas/ha

Figura 3 – Detalhe da regeneração natural do palmiteiro, mostrando a grandeabundância da espécie na floresta

O grande número de plantasobservado na regeneração natural sedeve também ao grande número deplantas em fase reprodutiva para estapopulação de palmito (Tabela 1). Estefato é de fundamental importância nomanejo sustentado da espécie, umavez que permite a reposição do estoqueextraído da floresta. Além disso, ogrande número de indivíduosreprodutivos permite a seleção deindivíduos com alta produtividade defrutos (Figura 1), o que garante, mesmo

com a retirada de algumas matrizespor ocasião da exploração da área, acontinuação do processo de reposiçãode plantas no chamado banco de mudasda espécie (Figura 3).

A produtividade de palmito

De acordo com a legislação esta-dual para manejo do palmiteiro (Por-taria Interinstitucional no 1 ou a novalegislação em discussão), são pas-síveis para exploração as plantascom DAP acima de 9cm, exceto umestoque mínimo de matrizes, cons-tituído por um número de 50 indi-víduos em fase reprodutiva, por hec-tare.

Desta forma, se explorados todosos indivíduos acima de 9cm de DAP,seriam passíveis de exploração 251indivíduos/ha. Porém, com amanutenção de 50 indivíduosreprodutivos (matrizes) por hectare,obteve-se como disponíveis paraexploração 202 planta/ha (Tabela 2).Neste caso o estoque de matrizes foidistribuído nas diferentes classesdiamétricas nas proporções de suadistribuição original.

Através da estimativa de produçãode palmito, baseada na equação derendimento para a região deBlumenau (Rendimento (g) = 4,194 xDAP2), obteve-se uma produtividadede 147,67kg/ha (intervalo de confian-ça ±13,88kg/ha) de palmito no primei-ro ciclo de exploração, o que proporci-ona um rendimento, em peso drena-do, de 492 vidros de 300g/ha, (± 46vidros, de acordo com o intervalo deconfiança).

O rendimento em palmito obtidona primeira exploração normalmenteé mais acentuado e se estabiliza comvalores menores nos próximos ciclosde corte em função da taxa de cresci-mento dos indivíduos remanescen-tes. Neste sentido, é de fundamentalimportância o monitoramento pós--exploratório da área sob manejo, vi-sando acompanhar o crescimento dosindivíduos remanescentes. Além dis-so, o monitoramento permitirá avali-ar se o estoque de plantas matrizesestá adequado para manter uma rege-neração natural compatível para re-

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 41

PalmitoPalmitoPalmitoPalmitoPalmito

1.Engenheiro agrônomo, Atlântica AssessoriaAgroambiental, Registro, SP.

Tabela 2 – Estimativa de rendimento de palmito por hectare, considerando o diâmetrolimite de corte – DLC – de 9cm e a permanência de 50 matrizes/ha

RendimentoDAP(cm) Individual Classe

(g) (kg)

2 13 594 1135 686 50 17 37 08 30 09 29 29 2 27 379 10,23310 33 33 3 30 462 13,86011 32 32 5 27 555 14,98512 35 35 5 30 655 19,65013 28 28 7 21 764 16,04414 32 32 8 24 882 21,16815 26 26 9 17 1.108 18,83616 17 17 5 12 1.142 13,70417 9 9 2 7 1.284 8,98818 7 7 1 6 1.435 8,61019 1 1 0 1 1.595 1,59520 1 1 1 0 1.763 0,021 1 1 1 0 1.939 0,0

147,673Total/ha 609 251 50 202 [±13,881]

Notas: a) P.E. = Passíveis de exploração.b) D.E. = Disponíveis para exploração.c) N = nitrogênio.d) Rendimento (g) = 4,194DAP2 (6).

N/ha P.E Matrizes D.E

posição dos indivíduos extraídos peloprocesso exploratório.

Análise econômico-financeira domanejo do palmito

Segundo informações de empresasligadas à exploração de palmito noEstado de São Paulo, a mão-de-obrade uma pessoa consegue abater emtorno de 70 plantas/dia, juntamentecom o transporte até o pátio deestocagem (Ronaldo Ribeiro1, comu-nicação pessoal). De acordo com aTabela 2, o número de plantas dispo-níveis para exploração no primeirociclo é de 202 plantas/ha. Desta for-ma, a mão-de-obra necessária paraexploração de 1ha será de 2,9 dh (diashomem).

A Tabela 3 apresenta a descrição

dos custos de exploração de palmito,por hectare, para o primeiro ciclo deexploração. O custo decorrente daelaboração plano de manejo e da lega-lização da área para manejo foi de R$71,14/ha. Já as operações para explo-ração do palmito apresentaram umcusto de R$ 75,50/ha. Além disso, oImposto Territorial Rural – ITR – giraem torno R$ 5,00/ha para um períodode cinco anos.

O valor de mercado do palmito,segundo informações coletadas juntoa indústrias de conservas nas regiõesde Brusque e Guaramirim, em SantaCatarina, gira em torno de R$ 1,20/vidro de 300g, considerando o sistemade comercialização feita ao produtorpela produtividade na fábrica.

De posse dos custos do processo deexploração do palmito e do valor demercado pago pela indústria debeneficiamento, foi elaborado um fluxode caixa anual com valores atualizadospara uma taxa de 6% ao ano (Tabela4). As estimativas foram feitas paraum período de cinco anos, com a áreade 38ha dividida em cinco talhões de7,6ha (considerando um ciclo decorte de cinco anos). A estimativapara os próximos ciclos poderá serfeita através do monitoramento pós-

Tabela 3 – Custos para exploração de 1ha de palmito na Flona de Ibirama, SC, para oprimeiro ciclo de corte

ValorR$

Custo inicial

Honorários para elaboração do projeto(A) ha 53,72Taxa de liberação do manejo (Fatma)( B) ha 10,28Taxa de fiscalização (Ibama)(C) ha 7,14Total custo inicial - 71,14

Custo operacional

Mão-de-obra para exploração de palmito ha 40,50Transporte interno/externo ha 30,00Manutenção de equipamentos ha 5,00Total custo operacional - 75,50

ITR (ciclo de corte de 5 anos) ha 5,00

(A) Honorários do engenheiro: 1.849 Ufir para áreas até 25ha; acresce 1%/ha sobre o valorbase para áreas maiores. (Ufir julho de 1999 = R$ 0,97).

(B) Taxa de liberação para exploração do palmito: 400 Ufir.(C) Taxa de fiscalização: R$ 271,50 para áreas até 250ha; acresce R$ 0,50/ha para áreas

maiores.

Descrição Unidade

#

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PalmitoPalmitoPalmitoPalmitoPalmito

-exploratório da área sob manejo.As estimativas demonstram que a

exploração de palmito na área sobmanejo da Flona de Ibirama, SC, éaltamente rentável na primeira ex-ploração. Os custos iniciais são abati-dos no primeiro ano, através do cortedo primeiro talhão, com um saldolíquido atualizado de R$ 951,00. Jápara o segundo ano em diante a remu-neração decorrente do manejo corre-to da espécie proporciona uma rendalíquida correspondente a 2,37 saláriosmínimos mensais (base R$ 136,00,outubro de 1999) para este ciclo decorte.

A taxa de rentabilidade do dinheiroinvestido no processo de exploraçãodo palmito, estimada através da taxainterna de retorno – TIR –, foi de139%, o que viabiliza a exploração dopalmito considerando um custo deoportunidade de 6%. Deve ser ressal-tado que o custo da terra não foiincluído nesta estimativa tendo emvista a exploração de apenas umaespécie, aliado ao fato de que estaárea não pode ser utilizada para ou-tros fins a não ser o manejo de espé-cies nativas, de acordo com a legisla-ção florestal.

Considerações finais

O manejo sustentado do palmiteirona Flona de Ibirama, SC, demonstroualta viabilidade de acordo com os indi-cadores econômicos apresentados. Aremuneração da exploração do palmi-to é bastante significativa quandocomparada com uma atividade agríco-la, tendo em vista que a renda estásendo proporcionada por apenas um

dos recursos que a floresta pode pro-porcionar.

Áreas de floresta como esta queapresentam um rendimento econô-mico zero quando mantidas intocadas,se manejadas corretamente, passama oferecer um rendimento econômicosignificativo para a propriedade. Alémda renda gerada, este tipo de manejoproporciona outro benefício aindamaior, pois garante a manutenção dabiodiversidade do ambiente.

Além disso, os resultados obtidosatravés do manejo sustentado do pal-mito nesta unidade demonstrativa de38 ha reforçam a viabilidade da utili-zação sustentada desta espécie naspequenas propriedades catarinenses.

Agradecimentos

Ao Núcleo de Unidade deConservação do Ibama/SC.

Ao Sr. Wilmar Del CastanhelSpricigo – chefe da Flona de Ibirama.

Literatura citada

1. SILVA, Z.A.G.P. da G.; BRAZ, E.M. Identi-ficação do custo de produção do manejoflorestal sustentado e seus reflexos nasserrarias do Estado do Acre. In: CON-GRESSO FLORESTAL PANAMERI-CANO, 1.; CONGRESSO FLORESTALBRASILEIRO, 7., 1993, Curitiba, PR.Anais... Curitiba, PR: SBS/SBEFF, 1993.v.2. p.363-366.

2. REIS, A.; REIS, M.S. dos; NODARI, R.O.;GUERRA, M.P.; QUEIROZ, M.H. Ocultivo do palmiteiro (Euterpe edulis)no Sul do Brasil. In: ENCONTRO FLO-RESTAL ESTADUAL, 6., Nova Prata,RS. Anais... Nova Prata, 1987, p.633-642.

3. FANTINI, A.C.; REIS, A.; REIS, M.S.;GUERRA, M.P. Sustained yeldmanagement in the tropical forest: aproposal based on the autoecology ofthe species. Sellowia, Itajai, v. 42-44, p.25-33, 1992.

4. REIS, M.S. dos. Distribuição e dinâmica davariabilidade genética em populaçõesnaturais de palmiteiro (Euterpe edulisMartius). Piracicaba, SP:ESALQ, 1996.210p. Tese de Doutorado

5. REIS, M.S.; REIS, A.; NODARI, R.O.;GUERRA, M.P.; FANTINI, A.C.;ENDER, M.; BASSANI, A. Incrementocorrente anual do palmiteiro (Euterpeedulis Martius) na floresta ombrófiladensa. Ínsula, Florianópolis, v.19, p.51-56, 1991.

6. FANTINI, A.C.; REIS, A.; REIS, M.S.;GUERRA, M.P.; NODARI, R.O. Corre-lações entre parâmetros fenotípicos e aprodutividade de palmito em Euterpeedulis Martius. In: CONGRESSO NA-CIONAL SOBRE ESSÊNCIAS NATI-VAS, 2., 1992, São Paulo, SP. Anais...São Paulo: Instituto Florestal, 1992.v.4, p.534-536

Rudimar Conte, eng. agr., mestrando doCurso de Pós-graduação, UFSC/CCA/Departamento de Fitotecnica/Núcleo dePesquisas em Florestas Tropicais, C.P. 476,88034-001 Florianópolis, SC, fone (0XX48)334-2266, fax (0XX48) 334-2014, e-mail:[email protected], Maurício Sedrez dosReis, eng. agr., Dr., UFSC/CCA/Departamento de Fitotecnica/Núcleo dePesquisas em Florestas Tropicais, C.P. 476,88034-001 Florianópolis, SC, fone (0XX48)334-2266, fax (0XX48) 334-2014, e-mail:[email protected], Miguel Pedro Guerra,eng. agr., Dr., UFSC/CCA/Departamento deFitotecnica/Núcleo de Pesquisas em FlorestasTropicais, C.P. 476, 88034-001 Florianópolis,SC, fone (0XX48) 334-2266, fax (0XX48) 334-2014, e-mail: [email protected], Rubens

Onofre Nodari, eng. agr., Dr., UFSC/CCA/Departamento de Fitotecnica/Núcleo dePesquisas em Florestas Tropicais, C.P. 476,88034-001 Florianópolis, SC, fone (0XX48)334-2266, fax (0XX48) 334-2014, e-mail:[email protected] e Alfredo CelsoFantini , eng. agr., Dr., UFSC/CCA/Departamento de Fitotecnica/Núcleo dePesquisas em Florestas Tropicais, C.P. 476,88034-001 Florianópolis, SC, fone (0XX48)334-2266, fax (0XX48) 334-2014, e-mail:[email protected].

Tabela 4 – Fluxo de caixa anual, com atualização dos valores, para o primeiro ciclo deexploração de palmito na Flona de Ibirama, SC

Ano

Descrição

0 1 2 3 4 5

Custo inicial 38ha 2.703,32 - - - - -Custo/talhão 7,6ha - 611,18 611,18 611,18 611,18 611,18Receita bruta/talhão - 4.487,04 4.487,04 4.487,04 4.487,04 4.487,04Fluxo -2.703,32 3.875,24 3.875,24 3.875,24 3.875,24 3.875,24Fluxo atualizado (6%) -2.703,32 3.654,35 3.445,09 3.251,33 3.069,19 2.894,80

o

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 43

MilhoMi lhoMi lhoMi lhoMi lho

Épocas de semeadura do milho para as regiõesÉpocas de semeadura do milho para as regiõesÉpocas de semeadura do milho para as regiõesÉpocas de semeadura do milho para as regiõesÉpocas de semeadura do milho para as regiõesde Chapecó e Campos Novosde Chapecó e Campos Novosde Chapecó e Campos Novosde Chapecó e Campos Novosde Chapecó e Campos Novos

Roger Delmar Flesch eAngelo Mendes Massignam

milho é cultivado em todas asregiões do Estado de Santa

Catarina, nas mais diversas condi-ções climáticas, por um contingentesuperior a 150 mil famílias, numaárea de 755 mil hectares (1).

A duração do ciclo de desenvolvi-mento do milho é determinada pelogenótipo, pelo ambiente e pelainteração entre estes dois fatores. Atemperatura do ar é um dos fatoresambientais mais importantes, pois re-presenta a necessidade de energiapara a planta completar o seu ciclo (2).Para cada processo fisiológico da plan-ta, há uma temperatura ideal queestimula a sua continuidade, enquan-to que temperaturas acima ou abaixoda ideal podem inibir este processo.De maneira geral, a atividadefotossintética paralisa quando a tem-peratura cai abaixo de 10°C, e tempe-raturas iguais ou superiores a 26°Cpodem promover a aceleração da fasedo florescimento, bem como tempera-turas inferiores a 15,5°C podemretardá-la (3). Temperaturas baixasna fase inicial da cultura podem com-prometer o sucesso da lavoura porcausarem falhas na germinação, en-quanto que ao final do ciclo podemimpedir que se complete o enchimen-to de grãos.

No Estado de Santa Catarina, asadversidades climáticas são fatoresdeterminantes da época de semeadu-ra do milho. A deficiência de água noOeste de Santa Catarina geralmenteocorre de novembro a janeiro. Esteperíodo coincide com o subperíodopendoamento-espigamento do milho,crítico com relação a deficiência deágua, podendo comprometer a produ-

ção de grãos. Dados obtidos emChapecó confirmam que aevapotranspiração nos meses de no-vembro a fevereiro é máxima, ocasiãoem que é preciso reposição de água nosolo, pois há grandes riscos de perdasna produtividade (4). Um fator agra-vante nesse período é que as chuvassão localizadas, de grande intensida-de em curto espaço de tempo e comlongos intervalos entre uma chuva eoutra.

A escolha do período ideal paraimplantar uma lavoura de milho emcada região é um dos fatoresdeterminantes do sucesso da mesma.Semeaduras anteriores ao período re-comendado ou muito tardias podemcomprometer a produtividade e o re-torno econômico esperado. Por outrolado, híbridos de milho com ciclosdiferentes normalmente apresentamcomportamentos distintos na lavou-ra, com produtividades que variam deacordo com a época de semeadura.

O objetivo deste estudo foi deter-minar e recomendar as melhores épo-cas de semeadura de milhos híbridos,de ciclos distintos, para as regiões deChapecó e Campos Novos.

Descrição do trabalho

Este trabalho foi composto por 2experimentos instalados anualmentenas áreas experimentais da Epagri deChapecó e Campos Novos, SC, nosanos agrícolas 1996/97, 1997/98 e 1998/99. Em Chapecó (670m de altitude) osexperimentos foram instalados sobreum Latossolo Roxo Distrófico(Erexim) e em Campos Novos (947mde altitude), sobre um Latossolo

Húmico Distrófico (Durox). Três hí-bridos de milho, cada um represen-tando ciclos diferentes (Cargill 901 –superprecoce, Pioneer 3099 – precocee Agroceres 1051 – normal), foramsemeados em 9 datas, a partir de21/8 de cada ano, espaçadas em 21dias entre si. O milho foi semeado a90cm de distância entre fileiras e des-bastado para uma população final de55 mil plantas/ha. A adubação foi feitacom base no laudo de análise do solopara a obtenção de uma produtividadeigual ou superior a 6.000kg/ha.

Resultados obtidos

• FenologiaAs datas de semeadura e o número

médio de dias para a emergência dos3 híbridos, em Chapecó e CamposNovos, são apresentados na Tabela 1.De maneira geral, não houve variaçãono período de emergência entre os 3híbridos de milho avaliados. Por seruma região mais quente do queCampos Novos e por isso apresentartemperatura do solo mais alta, onúmero de dias entre a semeadura ea emergência sempre foi menor emChapecó, com exceção em 2/10, quandoo número de dias para emergir foiigual em ambos os locais. Em Chapecó,desde fins de agosto até meados deoutubro, a emergência ocorreu entre10 e 13 dias, cuja pequena diferençadeveu-se à variação anual do climanesse período. A partir da segundaquinzena de outubro, a emergênciaaconteceu ao redor de uma semana.Em Campos Novos, na semeadurarealizada em 21/8, a emergência domilho demorou 24 dias, em média,

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44 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

Chapecó

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120

130

21/8 11/9 2/10 23/10 13/11 4/12 23/12 15/1 5/2

Flo

ração m

asculina (

dia

s)

Agroceres 1051

Cargill 901

Pioneer 3099

Campos Novos

30

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60

70

80

90

100

110

120

130

21/8 11/9 2/10 23/10 13/11 4/12 23/12 15/1 5/2

Datas de semeadura

Flo

raç

ão m

ascu

lin

a (

dia

s)

Agr ocer es 1 051

Cargill 901

Pioneer 30 99

Tabela 1 – Dias da semeadura à emergência do milho em nove épocas de semeadura, emdois locais de Santa Catarina. Média de três anos

Semeadura Chapecó Campos Novos

21/8 13 2411/9 10 142/10 12 1223/10 7 913/11 8 144/12 6 1023/12 5 1115/1 5 105/2 6 8

representando quase o dobro do temporegistrado em Chapecó. Esteprolongado número de dias paraemergir expôs as sementes e asplântulas de milho a um maior ataquede patógenos do solo e teve, comoconseqüência, uma significativa

redução da população de plantas. Apartir de outubro, o período para aemergência situou-se ao redor de 10dias.

O número de dias entre asemeadura e o pendoamento dos 3híbridos de milho é apresentado na

Figura 1. Em geral, o período até afloração masculina diminuiu com oatraso das semeaduras, estabilizou apartir da semeadura de dezembro eaumentou a partir de janeiro. O híbridoAgroceres 1051 foi 8 e 10 dias maistardio, em média, do que os híbridosPioneer 3099 e Cargill 901,respectivamente, para ambos oslocais. Na comparação entre locaispode-se observar que todos os híbridostiveram o período até a floração maislongo em Campos Novos, cujos valoresforam de cerca de 20, 13 e 10 dias nassemeaduras de 21/8, 11/9 a 13/11 e de4/12 até 5/2, respectivamente, emfunção da temperatura mais baixanessa região.

A duração média, em dias, dasemeadura à floração masculina domilho variou de acordo com a época desemeadura, devido à necessidade daplanta de atingir determinada somade temperatura para florescer.Entretanto, o número de dias dafloração masculina até a maturaçãofisiológica, para ambos os locais, foimais ou menos constante, variandoentre 55 e 60 dias, não apresentandoinfluência da época de semeadura.Assim, a partir da floração, é possívelprogramar a época da colheita, bemcomo os cultivos que sucederão acultura do milho.

• Rendimento de grãosDurante os três anos de

experimentação, não houvedeficiência de água a ponto de causardanos significativos no desempenhodas plantas. O rendimento médio degrãos dos três híbridos de milho,cultivados em diferentes datas desemeadura, em Chapecó e CamposNovos, é apresentado na Tabela 2.Nesta tabela pode ser verificado quehouve diferença em produtividadeentre os híbridos nos dois locais. EmChapecó, o híbrido Agroceres 1051 foio mais produtivo, seguido do Cargill901 e Pioneer 3099. Em Campos Novoshouve uma inversão na ordem doshíbridos quanto a produtividade. Oshíbridos Pioneer 3099 e Cargill 901tiveram produtividades semelhantes,porém superiores ao Agroceres 1051.As diferenças de comportamentonestes dois locais podem ser explicadaspelo ambiente, mais especificamente

Figura 1 – Dias entre semeadura e floração masculina de três híbridos de milho emnove datas de semeadura, em dois locais de Santa Catarina. Média de três anos

MilhoMi lhoMi lhoMi lhoMi lho

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 45

MilhoMi lhoMi lhoMi lhoMi lho

pela temperatura, e pela origem dogenótipo. O híbrido Agroceres 1051 éde origem tropical e apresentou

melhor desempenho em Chapecó, queé uma região mais quente do queCampos Novos. Os híbridos Pioneer

3099 e Cargill 901 são obtidos a partirde germoplasma de clima temperado,que lhes confere melhor desempenhoem regiões mais frias.

A produtividade dos três híbridosde milho em Chapecó é apresentadana Figura 2, na qual pode ser visto queAgroceres 1051 foi mais produtivo nassemeaduras de agosto, setembro enovembro e teve produtividades equi-valentes aos outros dois híbridos nasdemais datas de semeadura. Pioneer3099 apresentou as menores produti-vidades desde setembro até final dedezembro. De maneira geral, o híbri-do Cargill 901 teve produtividadesintermediárias na maioria das datasde semeadura. A ocorrência de geadaprecoce em 18 e 19/4/99 prejudicougrandemente o milho semeado emjaneiro e fevereiro daquele ano. Dosresultados pode-se inferir queAgroceres 1051 tem melhor desempe-nho no cultivo do cedo. A partir de2/10 até 23/12, os híbridos Agroceres1051 e Cargill 901 são mais produti-vos, portanto, a escolha do híbrido autilizar na lavoura poderá ser feita deacordo com a preferência do produtor.As semeaduras de janeiro e fevereirocausam uma queda drástica na produ-tividade, independentemente do cicloescolhido.

Em Campos Novos (Figura 3), ostrês híbridos não conseguiram com-pletar o ciclo nas semeaduras de ja-neiro e fevereiro, devido aos friosoutonais e ocorrência de geadas, nostrês anos de experimentação. Pioneer3099 e Cargill 901 apresentaram umacurva de rendimento semelhante apartir de 2/10, ao contrário doAgroceres 1051, cujo rendimento degrãos oscilou de acordo com a épocade semeadura e apresentou as maisbaixas produtividades em 2/10 e nasduas semeaduras de dezembro. Devi-do ao seu ciclo mais longo e aos friosoutonais, Agroceres 1051 não conse-guiu completar o enchimento de grãosnas semeaduras de dezembro, razãopela qual não se recomenda o seucultivo neste mês, em Campos Novos.Pelo ciclo mais curto, Pioneer 3099 eCargill 901 ainda apresentam umaprodutividade média razoável na se-meadura de 4/12, porém, semeadurasposteriores a esta data devem ser

Tabela 2 – Rendimento médio de grãos (kg/ha) de três híbridos de milho, em dois locaisde Santa Catarina. Média de três anos

Híbridos Chapecó Campos Novos

Agroceres 1051 6.984 a 5.279 bCargill 901 6.509 b 5.527 aPioneer 3099 6.111 c 5.624 aMédia 6.532 5.476

Nota: Médias seguidas por letras diferentes nas colunas diferem significativamente entre si.

0

1.000

2.000

3.000

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21/8 11/9 2/10 23/10 13/11 4/12 25/12 15/1 5/2

Data de semeadura

Re

nd

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nto

(k

g/h

a)

Agroceres 1051

Cargill 901

Pioneer 3099

23/12

Figura 3 – Rendimento de grãos de três híbridos de milho de diferentes ciclos em setedatas de semeadura. Campos Novos, SC, média de três anos

Figura 2 – Rendimento de grãos de três híbridos de diferentes ciclos em nove datas desemeadura. Chapecó, SC, média de três anos

0

1.000

2.000

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4.000

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8.000

21/8 11/9 2/10 23/10 13/11 4/12D ata de semea dura

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(kg/h

a)

Agroceres 1051

Carg ill 901

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23/12

#

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46 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

vas, seguindo-se a semeadura de se-tembro, que teve produtividade se-melhante à de novembro. Merece aten-ção o resultado obtido em 21/8. Emcada data de semeadura, foram colo-cadas 3 sementes de milho por cova,cujas plântulas foram desbastadas parauma por cova, exceto em 21/8 quandoas plântulas levaram cerca de 24 diaspara emergir e tiveram um estandede 44 mil plântulas/ha sem o desbas-te, menor que a população final dese-jada (55 mil plantas/ha). Numa seme-adura normal de lavoura, esta redu-ção de estande pelo solo friocorresponderia a uma população finalao redor de 15 mil a 20 mil plantas/ha,insuficiente para garantir a produtivi-dade de 5.626kg/ha obtida no experi-mento. Em função do elevado númerode dias para emergir e da granderedução do estande final de plantas,não se recomenda a semeadura domilho no mês de agosto na região deCampos Novos, bem como em locaiscom altitude semelhante. Da mesmaforma, as semeaduras de dezembroapresentam uma produtividade mé-dia muito aquém de 6.000kg/ha e ca-racterizam-se como arriscadas. Já foireferido anteriormente que os híbri-dos Pioneer 3099 e Cargill 901 podemalcançar cerca de 5.000kg/ha no iníciode dezembro, porém o custo/benefíciode uma semeadura nesta data deveser levado em consideração.

Conforme visto nos resultados apre-sentados, a escolha da época de seme-adura é um fator importante para

garantir uma boa produtividade demilho. De maneira geral, as semea-duras no cedo dão maior produtivida-de de milho, uma vez que as plantastêm toda a primavera e verão paracrescer e maturar, antes que os friosoutonais prejudiquem o seu desenvol-vimento. Ainda, a semeadura do mi-lho no cedo resulta em floração maiscedo, evitando os riscos de estressescausados pelas altas temperaturas ebaixa umidade durante a polinizaçãoe enchimento de grãos, além de per-mitir uma colheita antecipada e commenor umidade deles. Contudo, a se-meadura no cedo (setembro a meadosde outubro) é dependente da tempera-tura do solo para uma rápida emer-gência e deve ser realizada a umaprofundidade de 3 a 5cm, para evitaratrasos e garantir a germinação, alémde necessitar cerca de 20% a mais desementes para compensar as perdascausadas pelo solo frio.

Por outro lado, quando a semeadu-ra é realizada cedo demais (agosto), ossolos estão mais úmidos e frios e sãoresponsáveis pela alta mortalidade desementes e plântulas e, por conse-qüência, pela baixa densidade final deplantas. As semeaduras tardias, porsua vez, são dependentes da tempera-tura do solo para um rápido cresci-mento. Se o solo estiver seco, haveráatraso na emergência. Além disso, assemeaduras tardias podem afetar orendimento de grãos, que decrescedrasticamente à medida que se atrasaa semeadura a partir de 1o de janeiro,devido às baixas temperaturas de ou-tono no período de enchimento deles.

Considerações finais

As conclusões e recomendaçõespara Chapecó e Campos Novos podemser estendidas para regiões próximase com altitudes semelhantes, no Esta-do de Santa Catarina.

Dos resultados obtidos em Chapecó,pode-se fazer as seguintes recomen-dações:

• o milho, independentemente dociclo do híbrido, pode ser semeadodesde 20/8 a 31/12;

• as semeaduras do milho a partirde 10/9 até 10/10 são as mais produ-tivas, seguidas pelas semeaduras na

Tabela 3 – Rendimento médio de grãos de três híbridos de milho em nove datas desemeadura e em dois locais de Santa Catarina. Média de três anos

Rendimento de grãosDatas de (kg/ha)semeadura

Chapecó Campos Novos

21/8 7.599 b 5.625 d11/9 8.101 a 6.058 bc7/10 8.317 a 6.257 ab23/10 7.729 b 6.559 a13/11 7.636 b 5.679 cd4/12 6.677 c 4.691 e23/12 5.877 d 3.406 f15/1 4.223 e -5/2 2.548 f -

Nota: Médias seguidas por letras diferentes nas colunas diferem significativamente entre si.

evitadas para estes dois tipos de híbri-dos devido à baixa produtividade.

O rendimento médio conjunto dostrês híbridos de milho, nas nove datasde semeadura, em Chapecó e CamposNovos, é apresentado na Tabela 3.Dos resultados de Chapecó, tem-seque a melhor época de semeadura demilho situa-se desde meados desetembro até meados de outubro, comprodutividades acima de 8.000kg/ha,e como segunda opção sugere-sesemear de 20/8 até meados desetembro e de meados de outubro ameados de novembro. As semeadurasde dezembro ainda garantem umaprodutividade média ao redor de6.000kg/ha, porém o produtor deveter em mente que, à medida que asemeadura do milho se aproxima dofinal do ano e após, a produtividade édecrescente, não se recomendando,portanto, as semeaduras de janeiro efevereiro na região de Chapecó e emaltitudes acima de 600m. Deve serressaltado que as produções obtidasem todas as épocas de semeaduraforam baseadas num investimentopara produzir 6.000kg de milho/ha,porém esta produção esteve longe deser alcançada em janeiro e fevereiro.Contudo, é importante que o solo nãofique descoberto desde janeiro até opróximo cultivo. Como opção para asemeadura em janeiro há a cultura dofeijão e/ou plantas de cobertura deverão.

Em Campos Novos, as semeadu-ras de outubro foram as mais produti-

MilhoMi lhoMi lhoMi lhoMi lho

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 47

MilhoMi lhoMi lhoMi lhoMi lho

segunda quinzena de outubro, emnovembro e fins de agosto;

• as semeaduras de janeiro efevereiro não devem ser realizadascomo lavouras comerciais, devido àbaixa produtividade;

• o híbrido Agroceres 1051 é maisprodutivo do que o Pioneer 3099 e oCargill 901, principalmente no cultivodo cedo (fins de agosto a meados desetembro).

Dos resultados obtidos em CamposNovos, pode-se fazer as seguintesrecomendações:

• o milho pode ser semeado desde10/9 até meados de novembro com aperspectiva de produção ao redor de6.000kg/ha;

• as semeaduras de outubro são asmais produtivas, ficando comosegunda e terceira opções assemeaduras de setembro e novembro,respectivamente;

• não semear o milho em agosto,dezembro e janeiro devido aos altosriscos causados pelas adversidadesclimáticas;

• os híbridos Pioneer 3099 e Cargill901 são mais produtivos e estáveis doque o Agroceres 1051, nesta região.

Literatura citada

1. CENSO AGROPECUÁRIO 1995-1996:Santa Catarina. Rio de Janeiro: IBGE,n.21, 1997.

2. GOMES, J. Parâmetros ambientais e épocasde semeadura. In: IAPAR. A cultura domilho no Paraná. Londrina, 1991,p.51-61. (IAPAR. Circular, 68).

3. BERGER, J. Maize production and themanuring of maize. Zurich: Conzett &Hubert, 1962. 315p.

4. ALTHOFF, D.A.; BRAGA, H.J.; VIEIRA,H.J. Determinação das melhores épocasde plantio do milho precoce e tardiopara a região oeste de Santa Catarina.Florianópolis: Empasc, 1986. 37p.(EMPASC. Documentos, 88).

Roger Delmar Flesch, eng. agr., Ph.D.,Cart. Prof. 1.298-D, Crea-SC, Epagri/Centrode Pesquisa para Pequenas Propriedades,C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone (0XX49)323-4877, fax (0XX49) 323-0600, e-mail:[email protected] e Angelo MendesMassignam, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.6.968-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experi-mental de Campos Novos, Doutorando naUniversidade de Queensland, Brisbane,Austrália, e-mail: [email protected].

o

Avaliação de cultivares para o Es-tado de Santa Catarina 2000/2001.Boletim Técnico no 107. 152p.

Como faz anualmente, a Epagri estáeditando mais um Boletim Técnico coma avaliação de cultivares para o Estadode Santa Catarina, anteriormente pu-blicado como recomendação. O objetivodesta publicação é manter técnicos eagricultores permanentemente orienta-dos e atualizados quanto à escolha dascultivares mais adaptadas e produtivasnas diversas regiões agroclimáticas doEstado.

Este documento representa o esforçodos pesquisadores ligados às diferentesunidades de pesquisa da Epagri, na bus-ca contínua de maior produtividade,melhor qualidade e alta competitividadedos produtos agropecuários do Estadode Santa Catarina.

Cadeias produtivas do Estado deSanta Catarina: Maçã. Boletim Téc-nico no 105. 94p.

Este trabalho destaca as principaisfases que envolvem a cadeia produtivada maçã no Estado de Santa Catarina,dentro dos contextos nacional e interna-cional.

* Estas e outras publicações da Epagri podem ser adquiridas na sede da Empresa emFlorianópolis, ou mediante solicitação ao seguinte endereço: GMC/Epagri, C.P. 502,88034-901 Florianópolis, SC, fone (0XX48) 239-5500.

macieira a principal fonte de renda. Tra-ta-se de um setor competitivo, geradorde empregos e de renda mas que, comoqualquer outra atividade, também en-frenta desafios constantes para se man-ter no mercado.

Impactos sociais, econômicos eambientais na MicrobaciaHidrográfica do Lajeado São José,Chapecó, SC – Estudo de caso. Docu-mentos no 203. 50p.

O engenheiro agrônomo M. Sc. LauroBassi, consciente da necessidade de es-tancar o processo de degradação dosrecursos naturais, apresenta este estu-do de caso, que representa o esforço deuma comunidade na recuperação e pre-servação dos seus recursos naturais.Mostra que a parceria entre sociedade,iniciativa privada e poder público, seconduzida com objetivos comuns, trazbons resultados.

O objetivo deste estudo é apresentaros impactos econômicos, sociais eambientais ocorridos na MicrobaciaHidrográfica do Lajeado São José, comoconseqüência da implantação das açõese melhoramentos programados no pla-no de manejo da microbacia, sob orien-tação da equipe técnica do ProjetoMicrobacias/Bird.

A introdução da mucuna em San-ta Catarina. Documentos no 204. 30p.

Este trabalho, de autoria de JoséCezar Pereira e Paul Richard MomsenMiller, foi apresentado como um dosrequisitos para aprovação no Curso dePós-Graduação em Agroecossistemas(curso de mestrado do Centro de Ciên-cias Agrárias da UFSC) em 1997.

O presente estudo tem por objetivoprincipal resgatar a história da mucunaem Santa Catarina, ressaltando suasqualidades, especialmente do ponto devista da recuperação e do melhoramentodo solo.

Cadeias produtivas do Estado deSanta Catarina: Flores e plantas or-namentais. Boletim técnico no 106.51p.

O presente trabalho, de autoria dasengenheiras agrônomas Petra RafaellyBudag e Tatiana Pavei da Silva, apre-senta um panorama histórico estaduale nacional, a descrição dos elos da cadeiae a análise da real conjuntura do setor.Reflete a situação do processo produtivodas plantas ornamentais do Estado deSanta Catarina.

LANÇAMENTOSEDITORIAIS

Segundo os autores, os engenheirosagrônomos da Epagri José Itamar daSilva Boneti, Jorge Dotti Cesa, JoséLuiz Petri e Roque Hentschke, o setortem propiciado o desenvolvimento devárias regiões do Estado, notadamentea de Fraiburgo e de São Joaquim, quepossuem na exploração da cultura da

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48 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

Gado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiro

Ocorrência de resíduos de antibióticosOcorrência de resíduos de antibióticosOcorrência de resíduos de antibióticosOcorrência de resíduos de antibióticosOcorrência de resíduos de antibióticosno leite de consumo produzido no Estado deno leite de consumo produzido no Estado deno leite de consumo produzido no Estado deno leite de consumo produzido no Estado deno leite de consumo produzido no Estado de

Santa CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta Catarina11111

Nelson Grau Souza

om o desenvolvimento da anti-bioticoterapia, notadamente

após a Segunda Guerra Mundial, osantibióticos passaram a ser cada vezmais utilizados na pecuária para otratamento das doenças infecciosas,como fator de crescimento nas dietase também como conservante dos ali-mentos.

Na pecuária leiteira, a doença maisimportante é a mastite e, para seucontrole nos animais infectados, di-versos antibióticos e quimioterápicossão administrados diretamente no úbe-re infectado, por via sistêmica ou comas duas formas combinadas.

A ordenha dos animais assim tra-tados revela nitidamente a presençados antibióticos em uso, num períodode até 144 horas após a última aplica-ção (1), podendo a penicilina Gprocaínica, a penicilina G potássica ea dihidroestreptomicina serem encon-tradas em concentrações suficientespara inibir culturas lácteas, causandoperdas econômicas às indústrias dequeijo e leite fermentado (2).

Além da mastite, outras doençasacometem o gado leiteiro, havendonecessidade do emprego de diversosantibióticos administrados por diver-sas vias e com períodos de eliminaçãovariáveis.

A determinação da presença deresíduos de antibióticos nos alimen-tos torna-se uma questão importantena inspeção de produtos de origemanimal, pelo fato de a atuação

bacteriostática destes inibidores criarcondições adversas à multiplicação daflora de contaminação, podendo, prin-cipalmente no leite, mascarar os tes-tes de qualidade, como redução decorantes, dissimulando assim a máqualidade do produto (3).

Objetivou-se neste trabalho deter-minar a ocorrência de resíduos deantibióticos no leite comercializadopara o consumo humano no Estado deSanta Catarina e a viabilidade do usode um método baseado na inibição docrescimento bacteriano, o ADM – test(Antimicrobial Diffusion Method).

A estratégia para utilização dostestes para determinação de resíduosde antibióticos e quimioterápicos(inibidores) no leite compreendem doisdiferentes aspectos:

• segurança tecnológica, propici-ando o pagamento do leite com basena qualidade, passível de penalidadesjudiciais;

• segurança toxicológica, com baseem critérios governamentais para asaúde pública, através de leis para aprodução e comercialização de ali-mentos.

Em Santa Catarina, as proprieda-des típicas produtoras de leite sãopequenas. 61% delas possuem até 20hae 29% entre 20 e 25ha, sendo que 84%dos produtores são proprietários. Oleite é produzido durante todo o anocom piques elevados de oferta no ve-rão e queda no inverno. Todos osestudos desenvolvidos para verificar a

situação da pecuária leiteira no Esta-do evidenciaram que esta atividadeencontra-se num patamar de desen-volvimento extremamente baixo,mantendo os índices de produtividadedos últimos dez anos praticamenteinalterados. O rebanho é composto deanimais mestiços sem raça definida(61%), fêmeas de raças para corte(19%) e raças leiteiras puras (20%). Aspropriedades possuem em média dezvacas e estão distribuídas por todo oEstado, não havendo de forma defini-da a caracterização em “bacias leitei-ras”, dificultando sobremaneira a as-sistência técnica e a difusão detecnologias para o setor. Estes produ-tores respondem por 71% do total deleite produzido (4).

A determinação da qualidade doleite é de interesse tanto das indústri-as quanto dos órgãos responsáveispelo controle de qualidade.

Aspectos gerais dosantibióticos relativos àsaúde pública

Entende-se por antibiótico todo ocomposto químico produzido por ummicrorganismo, possuindo a proprie-dade, em solução diluída, de inibir ocrescimento de outros microrganis-mos ou mesmo os destruir (5).

Todos os antibióticos, a par dosextraordinários efeitos curativos, po-dem causar efeitos indesejáveis, osquais dependem do indivíduo, da dro-

1. Extraído da dissertação de mestrado do autor.

C

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 49

Gado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiro

ga, da forma e das doses utilizadas,podendo colocar a vida do usuário emrisco ou produzir seqüelas orgânicas.

Estes efeitos colaterais podem ser:• de natureza irritativa• de natureza alérgica:- benignos (urticária, dermatites)- graves (choque anafilático)É importante salientar que estes

efeitos aparecem após o uso anteriorda droga, mas é importante lembrarque o indivíduo já pode ter sido sensi-bilizado por fungos produtores da dro-ga (existentes no meio ambiente) ou

Tabela 1 – Avaliação dos resíduos de antibióticos e sulfonamidas no leite(outubro de 1990), Limite Máximo de Resíduo – LMR permitido e

Consumo Diário Aceitável – CDA

LMR(mg/kg)

1 Benzilpenicilina 0,004 0,3 mg/pessoa2 Oxitetraciclina 0,1 0 a 0,003 mg/kg3 Sulfadimidina 0,025 a 0,050 0 a 0,004 mg/kg4 Cloranfenicol Não estimado(A) Não estimado(A)

(A) Resíduo não-aceitável.Fonte: Heeschen (1991) (7).

Tabela 2 – Resíduos de antibióticos no leite: níveis “seguros” (FDA 1991)

Resíduos Seguro Tolerância

Penicilina 10UI/ml 0Cefapirina 20µg/ml 0Cloxacilina 10µg/ml 0Ampicilina 10µg/ml 0Amoxicilina 10µg/ml 0Tetraciclina 80µg/ml –Clortetraciclina 30µg/ml 0Oxitetraciclina 30µg/ml –Eritromicina 50µg/ml 0Tilosina – 50µg/mlSulfametazina 10µg/ml –Sulfadimetoxina 10µg/ml 10µg/mlSulfamerazina 10µg/ml –Sulfatiazol 10µg/ml –Sulfadiazina 10µg/ml –Novobiocina – 100µg/mlGentamicina 30µg/ml –Neomicina 150µg/ml –Estreptomicina 125µg/ml –

Fonte: Heeschen (1991) (7).

Nº Componente CDA

por alimentos contendo esta droga(por exemplo: leite) (6).

O Comitê para Aditivos eContaminantes em Alimentos do FDA(Food and Drug Administration) suge-re níveis máximos de resíduos parauma pessoa adulta permitido por dia,como mostra a Tabela 1, e níveis deantibióticos no leite considerados “se-guros”, conforme a Tabela 2.

O leite contendo resíduos de anti-bióticos torna-se portanto um alimen-to extremamente perigoso para a saú-de pública, pois sua ingestão poderá

provocar o aparecimento de cepas debactérias antibiótico-resistentes, tra-zendo dificuldades de tratamento deinfecções posteriores, podendo até cau-sar choques anafiláticos em indivídu-os com alta sensibilidade (2).

A resistência bacteriana pode sernatural ou adquirida. A naturalcorresponde a uma característica daespécie bacteriana, sendo todas asamostras da espécie resistentes. Naadquirida, somente parte das amos-tras possui resistência, dependendobasicamente da intensidade do uso doantibiótico (8).

Um conceito importante, que deveficar claro, refere-se ao fato de o anti-biótico não causar resistência. A re-sistência adquirida é um fenômenoespontâneo da bactéria, sendo osantimicrobianos apenas agentesseletores de amostras resistentes. Aaquisição de resistência por uma célu-la bacteriana sensível é sempre decor-rência de uma alteração genética quese expressa bioquimicamente e quepode ser determinada por mutaçõescromossômicas simples (atinge ape-nas um antimicrobiano) ou múltiplas,tornando a bactéria resistente a doisou mais antimicrobianos (9). (Tabela3)

Aspectos referentes àpresença de resíduos deantibióticos no leite

A presença de mais de um tipo deresíduo de antibiótico no leite é umaforte possibilidade, visto que o produ-to comercial fluído consumido é umamistura de leite de várias origens noque se refere a propriedades e atéregiões. O significado da presençadestes resíduos e suas combinaçõespermanece sem respostas (9).

Os resíduos de antibióticos no leitedevem ser determinados por váriasrazões:

• alguns resíduos podem causarreações extremamente sérias em con-sumidores sensíveis;

• resíduos são geralmente ilegais;• alguns resíduos de antibióticos

podem interferir no processamentode derivados do leite;

• os resíduos são indicativos de

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Gado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiro

Oeste

LitoralNorte

Vale doItajaí

Planalto

LitoralSul

Tabela 3 – Capacidade de adquirir resistência pelas principais bactériaspatogênicas

Bactéria Capacidade de adquirir resistência

Staphylococcus +++(A)

Streptococcus pyogenes ±(A)

Streptococcus pneumoniae ±Neisseria gonorrhoeae ++Neisseria meningitidis ±Enterobacteriaceae ++++(B)

Pseudomonas +++Haemophilus influenzae ++Anaeróbios ±(C)

Micobactérias ++Espiroquetídeos ±

(A) Adquirem resistência com alguma facilidade para certos antibióticos, masnão para penicilinas.

(B) A Salmonella typhi raramente se torna resistente.(C) O Bacteroides fragilis adquire resistência com facilidade.Notas: a) ± Menor capacidade de adquirir resistência.

b) ++++ Maior capacidade de adquirir resistência.Fonte: Trabulsi (1996) (8).

que o leite pode ter sido obtido deanimais doentes (9).

Mesmo após o aquecimento de 85 a90

oC durante 10 minutos, os antibióti-

cos continuam a apresentar ação ini-bitória, dado que nos mostra que oaquecimento prévio para testes emplataforma não interfere na detecçãode possíveis resíduos no leite (10).

O uso de antibióticos para o trata-mento de mastite, especialmente noperíodo de seis semanas antes do par-to, pode determinar a presença deresíduos no leite (11). Substânciasinibidoras naturais como a lysozima ea lactoferrina, presentes no colostro,final de lactação e leite de animaiscom mastite, podem dar resultadosfalso-positivos no leite não aquecido(12).

O tempo de eliminação do antibió-tico depende do tipo, via de inoculação,dose, estado sanitário e fisiológico doanimal, alcançando até 144 horas emvacas com mastite e 96 horas emvacas sadias (13).

Metodologia

Amostragem – foram coletadas e

analisadas, no período de setembro de1996 a setembro de 1997, amostras deleites pasteurizados tipo C integral,semidesnatado e desnatado (8 mar-cas, 322 amostras) e tipo “longa vida”(UHT) (3 marcas, 62 amostras). Paraamostragem foram utilizados leitesem suas embalagens comerciais, ad-quiridos nos estabelecimentos de va-rejo, aleatoriamente, em cinco regi-ões preestabelecidas no Estado, con-forme Figura 1.

A quantidade total de amostras,determinada por modelo estatístico,foi de 384, sendo que a quantidade deamostras por marca foi determinadapelo percentual de leite processadopelo laticínio sobre o total processadono Estado.

A quantidade de amostras por re-gião foi determinada pelo percentualde leite processado pela indústria naregião sobre o total de leite processa-do pela indústria no Estado, conformeTabela 4.

Figura 1 – Regiões preestabelecidas no Estado para amostragem

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Gado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiro

Método de análise

A presença de resíduos deantibióticos nas amostras de leite foiverificada utilizando-se o ADM – test,kit comercializado no Brasil pela CHr.Hansen (tubos com meio de culturaágar nutriente contendo esporos doBacillus stearothermophilus var.calidolactis e o indicador púrpura debromocresol). Na ausência desubstâncias antimicrobianas o meiotorna-se amarelo (resultado negativo)e na presença de concentraçõessuficientemente altas deantimicrobianos capazes de inibir ocrescimento do microrganismo testeo meio permanece na cor púrpura(resultado positivo). Quando há umaconcentração muito baixa deantimicrobianos, o meio adquire uma

Tabela 4 – Distribuição das amostras por laticínio nas cinco regiõespreestabelecidas no Estado

Leite recebidoUnidades Amostras(por região) Quantidade Participação (no)

(milhões de litros) (%)

Coopercentral 132,09 47,12 180Sul do Estado - 2 4,62 6Vale do Itajaí - 3 29,03 40Oeste Catarinense - 9 84,22 115Planalto - 1 8,40 11Litoral Norte - 1 5,82 8

Laticínio Tirol Ltda 61,41 21,90 84Oeste Catarinense - 8

Gumz Irmãos S/A 24,77 8,83 34Oeste Catarinense - 2 6,80 10Litoral Norte - 1 1,94 3Planalto Norte - 1 3,18 4Vale do Itajaí - 1 12,85 17

Lactoplasa 12,26 4,43 17Planalto Serrano - 2

Cooperativa Arco-íris 9,89 3,52 14Parmalat – Oeste/SC

Outros 39,87 14,20 55

Total 280,29 100,00 384

Figura 2 – Resultados encontrados nas amostras por estação do ano

0

10

20

30

40

50

60

70

(%)

P rimavera Verão Outono Inverno

Positivas Suspeitas Negativas

tonalidade intermediária (resultadosuspeito).

Antes de proceder à análise, todasas amostras foram aquecidas a 80

oC

por 10 minutos, com o objetivo deeliminar o efeito dos inibidoresnaturais do leite. Após adicionar 0,1mldas amostras de leite, os tubos foramincubados em banho-maria por 2 horase 30 minutos a 64

oC.

Resultados e discussão

O índice de amostras com resulta-do positivo para a presença de antibi-óticos foi de 50,5%, suspeito 43,7% enegativo 5,7%, demonstrando queexistem falhas nas várias etapas dacadeia produtiva do leite. Na figura aseguir, apresentamos os resultadospor época do ano.

Analisando-se a Figura 2, observa--se uma maior ocorrência de amos-tras positivas na primavera e deamostras suspeitas no verão. Istodeve-se à característica sazonal daprodução de leite no Estado, determi-nada, provavelmente, pela queda dafertilidade do rebanho nos meses debaixa oferta de alimentação (outono –inverno), fazendo com que se concen-trem as coberturas no verão e, conse-qüentemente, os partos na primave-ra, aumentando o uso de antimicro-

Estação

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bianos neste período (maior ocorrên-cia de infecções – mastites, metrites).No período de verão há uma maioroferta de leite oriundo de proprieda-des que não se utilizam, ou se utili-zam pouco, de insumos (rações, medi-camentos), havendo, portanto, umamaior diluição do leite com resíduosde antibióticos, provocando uma ele-vação no número de amostras suspei-tas (baixa concentração de resíduos).

Percebe-se, ainda, que em todas asestações do ano houve presença deantimicrobianos, demonstrando tantoa utilização inadequada destesprodutos quanto a não-observação doprazo de carência recomendado peloslaboratórios para a utilização do leitepara consumo humano. Com base nosresultados, verifica-se que a presençade resíduos está interferindodiretamente na qualidade do leiteconsumido em Santa Catarina e, pro-vavelmente, nos processos industriais,com a inibição de culturas lácteassensíveis utilizadas, bem como pro-blemas de saúde pública, comointoxicações e processos alérgicos.

Constatamos na bibliografia revi-sada que a principal causa da presen-ça de resíduos de antibióticos no leiteé o tratamento da mastite, principalpatologia do rebanho leiteiro, seguidodos tratamentos das afecções do apa-relho reprodutivo.

Os trabalhos de pesquisa referin-do-se à presença de inibidoresbacterianos no leite vêm cada vezmais enriquecendo a literatura mun-dial, demonstrando a preocupação dospesquisadores com seu significado.

Já na década de 50, nos EstadosUnidos, investigações foram levadasa efeito pela Food and DrugAdminstration – FDA – constatandoresíduos de antibióticos em 11,6% dasamostras.

Alguns autores constataram a pre-sença de mais de um tipo de antibióti-co em 63% das amostras de leitecoletadas no comércio de Nova Jersey(2).

No Brasil foi detectada a presençade resíduos de antibióticos no leitetipo B (5,49% das amostras) e C (1,25%

das amostras), industrializados ecomercializados na cidade de BeloHorizonte, MG (13).

Conclusões

As falhas na cadeia produtiva doleite trazem sérias conseqüências paraa qualidade do produto, permitindoalta ocorrência/permanência de resí-duos no produto final consumido pelapopulação, comprometendo a saúdepública.

O meio teste (ADM) utilizadomostrou-se prático e eficiente,possuindo as características exigidaspara utilização em plataforma derecebimento de usinas debeneficiamento, como método deidentificação rápida da presença deresíduos de antimicrobianos no leite,a baixo custo.

Recomendações

A assistência técnica deve estaralerta para que o uso dos agentesantimicrobianos no tratamento dasafecções dos animais seja adequado,orientando os produtores para que:

• não disponibilizem para o consu-mo humano leite de vacas tratadascom substâncias antimicrobianas (an-tibióticos ou sulfonamidas), enquantoo produto estiver sendo eliminadopelo leite (respeitar prazo de carên-cia);

• evitem tratamentos desnecessá-rios, principalmente das mastitessubclínicas, nos animais em lactação;

• evitem aumentar a dosagem dosantimicrobianos, usando sempre adosagem recomendada pelo laborató-rio;

• adotem um plano de controle damastite que contemple medidas pre-ventivas, como higiene da ordenha edos equipamentos, ambiente limpo eapropriado para os animais, trata-mento das vacas secas;

• procurem utilizar produtos commenores prazos de carência ou que,comprovadamente, não deixam resí-duos no leite.

Tendo em vista a importância que

representa para a viabilidade da ativi-dade, o controle da mastite e outrasafecções que acometem o rebanholeiteiro, impossibilitando a proibiçãodo uso de antibióticos como recursoterapêutico e as conseqüências nefas-tas da permanência destes resíduosno leite, alertamos as autoridadesconstituídas para a necessidade deuma legislação mais moderna e coe-rente, que exija um maior controlenas plataformas de recepção das in-dústrias, tornando obrigatória a pes-quisa de substâncias inibidoras noleite, a par dos exames de rotina.

É necessário ainda ter consciênciade que, além da atividade historica-mente remunerar mal o produtor,dificultando sobremaneira a atuaçãoda assistência técnica, há um merca-do agroveterinário com uma ofertamuito grande de produtos malregistrados, mal fiscalizados e cadavez mais difundidos. A utilização dedefensivos e medicamentos veteriná-rios, sem recomendação e/ou acom-panhamento técnico, é uma realidadeque deve ter maior atenção dos ór-gãos de fiscalização e defesa da saúdepública.

Literatura citada

1. MELLO FILHO, A; SANDOVAL, L.A.;RODRIGUES, N.R.; XIMENES, J.Inibidores bacterianos no leite de con-sumo da capital, São Paulo, Brasil. Re-vista do Instituto Adolfo Lutz, n.25/27,p.69-93, 1967.

2. BRADY, M.S.; KATZ, S.E. Antibiotic/antimicrobial residues in milk. Journalof Food Production, New Jersey, USA,v.51, p.8-11, 1998.

3. McEWEN, S.A. ; BLACK, W.D. ; MEEK,H.A. Antibiotic residues (Bacterialinhibitory substances) in milk of cowstreated under label and extra-labelconditions. Canadian VeterinaryJournal, Guelph, ON, v.56, n.8, p.527-534, 1992.

4. INSTITUTO CEPA-SC. Diagnóstico dabovinocultura de leite em SantaCatarina - Codesul: (versão prelimi-nar). Florianópolis, 1993. 17p.

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 53

5. VILELA, C.S. Identificação rápida de resí-duos de antibióticos no leite. Revista doInstituto de Laticínios Cândido Tos-tes, Juiz de Fora, MG, v.35, n.210,p.37-40, jul./ago., 1980.

6. TAVARES, S. W. Manual de antibióticose quimioterápicos antiinfecciosos. SãoPaulo: Atheneu, 1990. p.3-124.

7. HEESCHEN, W.H. Residues of antibioticsand sulfonamides in milk. Boletim doIDF-1283, p.3-11, 1991.

8. TRABULSI, L. R. Microbiologia. 29ed., SãoPaulo: Atheneu, 1996. 386p.

9. BRADY, M.S.; WHITE, N.; KATZ, S.E.Resistance development potential ofantibiotic/antimicrobial residues levelsdesignated “safe levels”. Journal of FoodProduction, New Jersey, USA, v.56,p.229-233, 1993.

10. RODRIGUES, R.; CERQUEIRA, M.M.O.P., RUBINICH, J.; FONSECA, L.M.Detecção de alguns resíduos deantibioticos no leite. Arquivo Brasilei-ro de Medicina Veterinária e Zootecnia,v.45, n.4, p.419-426, 1993.

11. HILL, B.M.; SMALL, J.M. Antibioticresidue release at the beginning oflactation following dry cow therapy.New Zealand Veterinary Journal.Wellington, N.Z., v.33, p.105-107, 1985.

12. VERMUNT, R.M.; STADHOUDERS, J.;LOEFFEN, G.J.M.; BAKKER, R.Improvements of the tube diffusionmethod for detection of antibioticand sulfonamides in raw milk.Netherlands Milk and Dairy Journal,Wageningen, N.L. v.47, n.1, p.31-40,1993.

13. FAGUNDES, C.M. Persistência de antibi-óticos no leite bovino em condiçõesexperimentais e prevalência no leitetipo B e C consumido em Belo Horizon-te 1978 (Minas Gerais; Brasil). BeloHorizonte: UFMG, 1980. 57p. Tese deMestrado.

Nelson Grau Souza, méd. vet., M.Sc., Cart.Prof. 0521, CRMV-SC, Epagri/Centro de Trei-namento de Agronômica – Cetrag, 89188-000, Agronômica, SC, fone/fax (0XX47) 542-0141.

Fundagro

Fundação de Apoio ao

Desenvolvimento Rural Sustentável

do Estado de Santa Catarina

Uma organização não-governamental para apoiar o setor

agrícola público e privado do Estado de Santa Catarina.

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Gado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiro

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54 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

OPINIÃO

Administrar a água

Airton Spies

o último verão, Santa Catarinamais uma vez enfrentou os efeitos

catastróficos da seca. Vários municípiosdecretaram estado de emergência ou ca-lamidade pública em função da falta deágua para o consumo humano e animal.As perdas nas lavouras e na produçãoanimal foram enormes e seus efeitos seestendem muito além do período da es-tiagem, pois inviabilizam muitas pro-priedades que não conseguem pagar suasdívidas. Não há dúvida de que a seca é umfator causador de êxodo rural e de ruptu-ra da estrutura social.

A água talvez represente o maior pa-radoxo do mundo atual. Embora seja asubstância mais comum do planeta Ter-ra, cobrindo quase que 80% de sua super-fície, a água potável é muito escassa, poisrepresenta apenas 3% do total. A situa-ção piora ainda mais, segundo a ONU,pois apenas 1% da água potável estáacessível para o consumo e os outros 2%estão retidos em forma de gelo nas calo-tas polares.

As pequenas propriedades ruraisestão passando por muitas dificuldades,com as perdas de colheitas e os preçoshistóricos dos principais produtos agrí-colas em declínio, devido ao suprimentodo mercado com produções em grandeescala a custos menores. Assim são for-çadas a competir empregando tecnologiasque aumentem a produtividade, mas quepor outro lado também significam maiscustos. Mais custos, por sua vez, signifi-cam mais riscos. As tecnologias disponí-veis permitem atingir níveis de produti-vidade muito acima do que a realidadeatual apresenta. Por exemplo, pesqui-sas indicam que o milho tem potencialpara produzir 9.000kg/ha, com irrigação,mas os produtores em SC estão atingin-do médias que não passam de 3.000kg/ha, segundo o Instituto Brasileiro de Ge-ografia e Estatística – IBGE – e o Insti-tuto de Planejamento e Economia Agrí-cola de Santa Catarina – Instituto Cepa/SC.

A lógica do pequeno produtor rural ésimples: com pouco capital disponível ecom o risco das intempéries a que aslavouras estão sujeitas atualmente, in-vestir em tecnologias de alto custo seriaassumir um risco muito alto, talvez insu-portável para a propriedade. Então eledecide gastar pouco, correr pouco risco,mesmo sabendo que a produtividade será

baixa. Isso consolida o ciclo da pobreza.Mas estará o produtor errado na lógica desua decisão? Talvez não, principalmentese olhar para os inúmeros vizinhos que játiveram que deixar ou vender suas propri-edades por não conseguirem pagar suasdívidas.

Se ocorrem tantas estiagens e se cau-sam tantos prejuízos, seria SantaCatarina então um Estado seco, impró-prio para investimentos na agropecuária?Não, absolutamente não, quando conside-rarmos que chove em média mais de1.500mm/ano. Isso é muita água, parapadrões internacionais. Na Austrália, porexemplo, nas regiões de maior produçãoagrícola e pecuária, não chove mais de800mm/ano. O mesmo ocorre na região deCanterbury, na Nova Zelândia, grandeceleiro de produção de grãos e leite do país.

A diferença é que nesses lugares aprodução agrícola cresceu a partir de pro-jetos que permitiram administrar a água.Foram construídos reservatórios e siste-mas de retirada de água do subsolo queviabilizam a irrigação. E esta tambémparece ser a saída para a agricultura fami-liar do Brasil. É preciso guardar e admi-nistrar parte da enorme quantidade deágua que a chuva generosamente nos trazem certas épocas do ano, mas que infeliz-mente escorre rapidamente para os rios edaí para o mar. Na Austrália a prioridadedos produtores de algodão já é o desenvol-vimento de tecnologias que permitam di-minuir as perdas de água por evaporaçãonos reservatórios.

A situação descrita até aqui nos per-mite sugerir uma ação que certamentedaria uma nova perspectiva para a agri-cultura familiar. É preciso fazer estudosurgentes e implantar projetos de reserva-tórios de água comunitários, que possamabastecer as necessidades das proprieda-des rurais quanto a irrigação, consumoanimal e humano, além de oferecer opor-tunidades para atividades econômicascomo criação de peixes e turismo. Tam-bém ajudariam a assegurar o abasteci-mento urbano. É sabido que em torno dosmananciais e reservatórios de água a vidaaflora, o desenvolvimento acontece. Aténas áridas reservas de vida selvagem daÁfrica essa lição fica clara. Os animais seconcentram em torno das fontes de água,pois ali há vida e as cadeias alimentaresse completam.

Com a disponibilidade de água, aspropriedades familiares poderiam inves-tir em atividades de alta densidade econô-mica, como olericultura, fruticultura, pro-dução de flores e criação intensiva de ani-mais, aumentando sua renda e suasustentabilidade. Os produtores pode-

riam produzir mais em menos áreas,utilizando as terras realmente aptas paraa agricultura e destinando as outras paraatividades como reflorestamento ou pas-tagens perenes. O impacto positivo dadisponibilidade de água para irrigaçãose dá em dois sentidos: um pela reduçãode perdas de colheita por estiagens eoutro pela possibilidade de investimen-to com confiança em tecnologias maisprodutivas.

Os dados dos estudos conduzidos pelaEpagri através do projeto Melhoria dossistemas produtivos da agricultura fa-miliar de Santa Catarina indicam que otamanho do negócio agrícola não depen-de somente da área de terra disponível.Depende, sim, do que e de como a propri-edade produz. Ou seja, é possível fazergrandes negócios em pequenas proprie-dades fazendo expansão por intensifica-ção. A irrigação é, portanto, a chave paraabrir as oportunidades para a proprieda-de investir em atividades que utilizamtecnologias mais produtivas (e talvezmais caras) mas com retornos positivos,dentro de limites de risco administráveis.

Investir em infra-estrutura para ad-ministrar a água deveria ser prioridadena ação dos governos no campo, pois elapromove desenvolvimento duradouro.Contudo, barragens e reservatórios de-veriam ser muito bem planejados, comestudos de impacto ambiental, econômi-co e social, para evitar os erros que jáforam cometidos no passado. Não deve-riam ser projetos megalomaníacos, acomunidade deveria ser ouvida. Outrasações como reflorestamento, manuten-ção de matas ciliares, plantio direto etécnicas de conservação e eficiência nouso da água deveriam ser combinadas.Nos EUA, o Rio Colorado foi afetado porum sistema de retenção de suas águasem barragens, construído na década de30, e nos períodos de seca suas águas nãochegam mais ao mar. Os resultados sãocatastróficos, pois a maravilha que per-mitiu produzir abundantemente numlugar causou enormes danos ao meioambiente e à economia em outro. Portan-to, não se pode incorrer no erro de resolverum problema criando outro. Mas, conti-nuar com a situação atual em que aagricultura familiar está sendoinviabilizada por estiagens em uma re-gião de alta pluviometria como SantaCatarina também é inadmissível.

Airton Spies, eng. agr., administrador deempresas, M.Sc., Cart. Prof. 30.737-1-D,Crea-SC, Epagri, C.P. 502, fone (0XX48)239-5566, fax (0XX48) 239-5597, 88034-901Florianópolis, SC, e-mail: [email protected].

N

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Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000 55

CONJUNTURA

Desenvolvimento

local e o agronegóciocatarinense

Djalma Rogério Guimarães

iversos Estados do Brasil, em particu-lar, Santa Catarina, estão desenvolven-

do esforços institucionais, públicos e privados,que buscam mudar o enfoque tradicional dedesenvolvimento rural, através de novos crité-rios metodológicos, categorias, estratégias eperspectivas. Estamos assistindo a um proces-so de construção de novos paradigmas, a partirda sistematização de experiências bem-sucedi-das, e também dos fracassos e dainsustentabilidade de alguns planos e projetostradicionais.

Ao mesmo tempo, o meio rural vem expe-rimentando profundas transformações, molda-das pela combinação de velhos e novos proble-mas estruturais, tais como persistência da es-trutura fundiária concentradora, crescimentodas áreas metropolitanas, esgotamento domodelo de industrialização, aumento nas tran-sações econômicas entre campo e cidade, êxodorural, mudança nos padrões de consumo, eleva-ção das expectativas e demandas comunitárias,descentralização de poderes e democratizaçãoda sociedade, crescimento demográfico e au-mento da pobreza. Tudo isso obriga o Estadoa renovar as políticas e as estratégias de desen-volvimento rural e a desafiar os velhos modelos,demandando um grande esforço de criatividade.

A internacionalização da economia explica,em boa medida, os ajustes nas políticasagropecuárias e nos modelos de desenvolvi-mento rural. Este novo cenário global caracte-riza-se, entre outros fatores, pela expansãomundial dos fluxos financeiros, pela eliminaçãodas barreiras ao livre comércio, pelo fortaleci-mento dos poderes comerciais que operam emescala supranacional, pela redefinição do papeldo Estado e pela quase permanenteimplementação de políticas de estabilizaçãoeconômica. Quase todos os governos defendemuma maior inserção das sociedades na economiamundial, fazendo com que a dimensão políticamundial se torne muito mais complexa eimprevisível, resultando em questões de natu-reza planetária, como a fome, a degradaçãoambiental e a ingovernabilidade, que demandamsoluções e esforços internacionais.

Mas os efeitos da crise econômica e da dete-rioração social e política têm sido diferencia-dos. Em geral, a maior parte da populaçãoafetada pela negação de acesso às necessidadesbásicas e pelas precárias condições de renda etrabalho vive no meio rural. Como sabemos, a

pobreza rural se revela associada aos sistemasagropecuários tradicionais, em particular, ao gran-de e heterogêneo segmento da agricultura famili-ar.

Em Santa Catarina, de acordo com as estima-tivas baseadas nos critérios de classificação doPrograma Nacional de Fortalecimento da Agri-cultura Familiar – Pronaf –, o segmento da agri-cultura familiar representa um universo de 180mil famílias, ou seja, mais de 90% da populaçãorural. Estas famílias de agricultores, apesar deocuparem apenas 41% da área rural, são responsá-veis por mais de 70% da produção agrícola e pes-queira do Estado, destacando-se na produção de67% do feijão, 70% do milho, 80% dos suínos eaves, 83% do leite e 91% da cebola. Assim, paracada cinco empregos gerados na agricultura e napesca, quatro são oriundos da agricultura fami-liar.

O desenvolvimento local, como um processodinâmico que ocorre nas pequenas unidadesterritoriais e nos agrupamentos humanos inseri-dos nos municípios e nas comunidades, consti-tui-se numa alternativa capaz de promover oprogresso econômico e a melhoria da qualidade devida da população rural, pois representa umatransformação nas bases econômicas e na organi-zação social em nível local, resultante damobilização da própria sociedade, que explorasuas capacidades e suas potencialidades especí-ficas. Como um processo consistente e susten-tável, o desenvolvimento local deve levar emconsideração as oportunidades, a viabilidade e acompetitividade da economia, juntamente com odesenvolvimento regional e o global.

Globalização e desenvolvimento local nãosão alternativas opostas e excludentes. Ao mes-mo tempo em que a economia se globaliza,surgem novas e crescentes iniciativas no nívellocal. Desta forma, o desenvolvimento localconstitui-se numa grande opção para o desenvol-vimento do meio rural catarinense, porque une asforças comunitárias e municipais em busca doprogresso e do dinamismo. A crescente demandada sociedade por produtos diferenciados, ondeos consumidores exigem segurança no que conso-mem para a melhoria da qualidade de vida e apreservação da saúde, abre caminhos e potencializao desenvolvimento local através da agriculturafamiliar. No entanto, a estratégia para a agricul-tura familiar passa pelo desenvolvimento de umbom agronegócio.

A territorialidade e o saber fazer estão come-çando a se incorporar aos sistemas de produçãodas cadeias agroalimentares, fortalecendo a agri-cultura familiar, via organização da comunidade.Alguns produtos já são reconhecidos nos grandescentros consumidores do país e do MercadoComum do Sul – Mercosul –, tendo-se comoexemplos o alho da região de Curitibanos, acachaça de Luiz Alves, a cebola da região deItuporanga, o queijo serrano e muitos outros.

Além de gerar empregos e renda no meio

rural, o desenvolvimento local constitui-se ain-da, na mola propulsora do desenvolvimentoestadual como um todo, pois seus efeitosincidem diretamente sobre todos os setores daeconomia catarinense. A sociedade está cons-ciente desta integração entre os diversos seto-res da economia, o que vem a fortalecer o apoiopara as tomadas de decisão que se fizeremnecessárias.

Um meio rural dinâmico supõe a existênciade uma população que faça dele um lugar de vidae de trabalho e não apenas um campo deinvestimento ou uma reserva de valor. A perdade vitalidade dos espaços rurais emerge preci-samente quando se ampliam no meio rural osespaços socialmente vazios. Na maioria dospaíses considerados de capitalismo avançado,isto vem acontecendo onde a população rural,particularmente a parcela vinculada à atividadeagrícola, tem a constituição ou a reprodução doseu patrimônio ameaçado e onde as condiçõesde vida dos que vivem no campo, sejam ou nãoagricultores, não asseguram a paridadesocioeconômica em relação à população urba-na, ou pelo menos a redução da distância socialentre os cidadãos rurais e urbanos.

Sintonizado com esta situação, o Institutode Planejamento e Economia Agrícola de SantaCatarina – Instituto Cepa/SC – vem desenvol-vendo diversos projetos e estudos relacionadoscom a área social, econômica, tecnológica, cien-tífica e organizacional, voltados para o desen-volvimento agrícola, pesqueiro e florestal, comênfase na agricultura familiar catarinense, atra-vés de estudos e análises dos cenários, domercado e dos preços, além dos diversos seg-mentos dos sistemas produtivos no Estadocatarinense, no Brasil e no Mercosul. Estesistema de informações vem a facilitar adefinição e/ou correção de políticas públicase privadas e proporcionar o conhecimento dasmelhores alternativas de produção ecomercialização para o desenvolvimento localde cada uma das porções do territóriocatarinense.

Integrado aos demais órgãos públicos eprivados do setor agrícola estadual, o InstitutoCepa/SC busca criar condições para que osagricultores e pescadores, com suas respecti-vas famílias, possam continuar exercendo suasatividades no meio em que residem, com vistasa reduzir o êxodo rural. Visa, desta forma,alcançar os meios necessários para o desenvol-vimento local sustentável, onde os agricultorese os pescadores com as suas famílias possamver no trabalho a fonte de renda e a estabilidadeeconômica, o bem-estar e a garantia de sualiberdade, dignidade e satisfação.

Djalma Rogério Guimarães, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 1.144-D, Crea-SC, Epagri/InstitutoCepa/SC, Rodovia Admar Gonzaga, 1.486, C.P.1.587, 88034-001 Florianópolis, SC, fone(0XX48) 334-2322, fax (0XX48) 334-2311, e-mail: [email protected].

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56 Agropec. Catarin., v.13, n.2, jul. 2000

VIDA RURALSOLUÇÕES CASEIRAS

O pinheiro brasileiroO pinheiro brasileiroO pinheiro brasileiroO pinheiro brasileiroO pinheiro brasileiroTodos conhecemos e apreciamos a be-

leza do pinheiro brasileiro e o fruto deste,o pinhão.

Segundo Nascimento Ceccato, o pinhobrasileiro é cientificamente conhecido pe-los nomes de Araucaria angustifolia eAraucaria brasiliana.

A araucária é uma árvore de grandeporte, da família botânica Araucariaceae,ordem das Coníferas, cujo desenvolvimen-to chega a atingir de 40 a 50m de altura eaté 2m de diâmetro. É essência nativa daRegião Sul do Brasil, vegeta em comumcom outras plantas, tais como imbuia,canela, cedro, erva-mate, guamirim, den-tre outras.

O pinhão na alimentaçãohumana

Os pinhões podem ser empregados naalimentação humana da seguinte forma,como orienta João Rodrigues Mattos(1972):

• Pinhões cozidos – Uma panela sim-ples ou de pressão presta-se bem para ocozimento de pinhões, os quais ficam ado-cicados e gostosos.

• Pinhões assados – Os pinhões sãoassados na chapa, no forno, em “sapecada”e no “borralho”.

– Pinhão assado na chapa: os pinhõeslevam cerca de 8 minutos para seremassados na chapa.

– Pinhões assados no forno de fogão:ficam saborosos e levam cerca de 35 minu-tos para assar.

– “Sapecada”: para assarmos pinhõesdeste modo, devemos amontoar as grimpasdo pinheiro em determinado lugar, colocaros pinhões em cima e cobrir com outracamada de grimpas. Por fim, ateamos fogo.Após algum tempo os pinhões estarão assa-dos. Geralmente, a “sapecada” é realizadapróximo ao pinheiro do qual foram tiradosos pinhões.

– “Borralho”: na região dos pinhais, nosEstados de Santa Catarina e Rio Grande doSul, no inverno, estação de frios intensos, écostume de seus habitantes manterem o“fogo de chão”. Numa cozinha, geralmentede terra batida, contém uma área mais oumenos quadrada, de pedras planas, no cen-tro da qual faz-se o fogo. Os pinhões sãoassados no braseiro durante cerca de 8minutos. Depois são macetados com ummacete de madeira. Ficam muito saboro-sos.

• Paçoca de pinhões – Os pinhões sãocozidos, depois moídos em máquina demoer carne ou em pilões. Assim preparados,podem ser comidos com leite.

• Farinha de pinhões – A farinha depinhões sem a película marrom que envolvea amêndoa é clara, porém, com aquela, épouco acastanhada. Em mistura com afarinha de trigo serve para a confecção depão (cerca de 50%).

Fonte: MATTOS, J.R. O pinheiro brasilei-ro. São Paulo: Grêmio Politécnico,1972. 620p.

Torta são joão de pinhão

Massa

Ingredientes:1 xícara de creme de leite gelado sem

soro4 colheres de sopa de margarina½ xícara de açúcar2 gemas2 colheres de café de fermento2 ½ xícaras de farinha de trigo

Modo de fazer:• Juntar todos os ingredientes, ligan-

do-os bem sem amassar.• Deixar descansar enquanto prepara

o recheio.

Recheio

Ingredientes:1 xícara de açúcar2 ½ xícaras de pinhão moído1 xícara de batata-doce cozida e amas-

sada1 xícara de leite de coco1 colher de sopa rasa de canela1 colher de café de açúcar de baunilha150 gramas de uvas-passas embebi-

das em conhaque ou vinho

Modo de fazer• Levar ao fogo o açúcar, o pinhão, a

batata-doce e o leite de coco.• Mexer até soltar do fundo da panela.• Retirar do fogo e acrescentar a cane-

la, o açúcar de baunilha e as passas.• Montar a torta forrando a fôrma com

a massa e colocando o recheio.• Decorar com tiras ou rolinhos da

mesma massa.• Levar ao forno em temperatura

moderada.

Receita de Angela Pinotti premiada naIII Festa Nacional do Pinhão, maio/1991,Lages, SC, na categoria Doces.

Qualidade nutricional da amêndoa do pinhão

Descrição Unidade Valor

Umidade % 50,40Matéria seca (MS) % 49,60Cinzas (matéria mineral) % 1,50Matéria orgânica (MO) % 48,10Nitrogênio (N) % 0,39Proteína bruta (PB) % 2,50Gordura bruta (extrato etéreo) % 1,10Fibra bruta (Matéria fibrosa) % 0,60Extrativos não nitrogenados (carboidratos) % 43,90Energia bruta Kcal/kg 1.946

Fonte: Epagri (1990) – Laboratório de Nutrição Animal.

Atenção:• A araucária é o ouro das madeiras do mundo (mesmo verde, não empena, não lasca e não torce. Pode ser usada

interna e externamente. É a única que cresce sempre reta e sem bifurcações).• O pinheiro é brasileiro, vamos preservá-lo, salvá-lo.• O pinheiro é riqueza social e ambiental, deixe-o viver conosco.• O cultivo racional da araucária vai melhorar nosso ambiente