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SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA Aula 2: Educação em Saúde Ambiental: Educação em Saúde e a importância para o processo saúde/doença, Educação participativa e a relação desse tipo de educação na Saúde Ambiental. Alfabetização Ecológica, marco histórico e a importância para a formação da sociedade para o desenvolvimento sustentável (Fritjof Capra), importância da existência de comunidades sustentáveis.

SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA

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SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA

SANITÁRIA

Aula 2: Educação em Saúde Ambiental:

Educação em Saúde e a importância para o processo

saúde/doença, Educação participativa e a relação desse

tipo de educação na Saúde Ambiental. Alfabetização

Ecológica, marco histórico e a importância para a

formação da sociedade para o desenvolvimento

sustentável (Fritjof Capra), importância da existência de

comunidades sustentáveis.

O que é ser profissional da saúde?

É contribuir para melhorar a saúde e obem-estar da população, atendendo às suas necessidades de saúde. A pesquisa e inovação contribuem para a geração de

conhecimentos e proporcionam uma atenção à saúde eficiente e de qualidade.

(¿Investigación em Atención Primária? [Editorial] Aten Primaria 2003;31 (5):281-4.)

Conhecer o perfil dos pacientes que frequentam os serviços de saúde é o primeiro passo para se traçar estratégias de ação

para melhor atender a esta população.

É importante conhecer:

1) a origem dos pacientes;2) o ambiente em que vivem;3) a escolaridade; 4) os hábitos de vida;

5) os fatores de risco.

O que o profissional da saúde precisa saber:

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Elementos Constituintes da Educação

Educando- sujeito que se educa

Educador- sujeito que educa

• O meio externo atua sobre o homem

• O homem também atua sobre o meio (há uma

contribuição no sentido de transformar , ou fazer

evoluir)

• Isso acontece sempre??

Fonte: SARRAMONA, J. ,Fundamentos de Educación, Barcelona, Ediciones CEAC

O educador deve O educando deve ser

exercer influência influenciado

O Homem é um ser flexível

Pode ser influenciado

(Educabilidade)

Pode influenciar

(Educatividade)

O que é Educação em Saúde?

1) Cuidados pessoais que objetivam evitar doenças,parecendo que a saúde em si se revela em um problemaindividual?

Educação da pessoa resolve o problema?

2) É apenas uma responsabilidade dos profissionais desaúde que levam a informação correta para o público-alvo?

CONHECIMENTO APREENSÃO DA REALIDADE

APRENDIZADO MODIFICAÇÃO CONHECIMENTO

Para o Comitê de Especialistas em Planejamento e Avaliação dosServiços de Educação em Saúde da Organização Mundial de Saúde –OMS:

"o foco da educação em saúde esta voltado para a população e paraa ação”.

De uma forma geral seus objetivos são encorajar as pessoas a:

a) adotar e manter padrões de vida sadios;

b) usar de forma judiciosa e cuidadosa os serviços de saúdecolocados à sua disposição

c) tomar sua próprias decisões, tanto individual comocoletivamente, visando melhorar suas condições de saúde e ascondições do meio ambiente".

Educação em saúde deve promover:

1) o senso de identidade individual2) a dignidade e a responsabilidade3) a solidariedade e a responsabilidade comunitária.

Não basta ver a doença

Ver o indivíduo como um todo

ENFOQUE MULTIPROFISSIONAL

HISTÓRICO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE

1924 – Criação do Primeiro Batalhão de Saúde no Rio de Janeiro;

1925 – Criação da Inspetoria de Educação Sanitária e Centros deSaúde em SP

finalidade: "promover a formação da consciência sanitária dapopulação e dos serviços de profilaxia geral e específica".

Surge o título de educador sanitário para a divulgação denoções de higiene para alunos das escolas primárias estaduais.

1935 – Criação da fundação do Ministério da Educação e Saúde –MÊS

Foi criado o "Serviço Nacional de Educação Sanitária“ para formar nacoletividade brasileira uma consciência familiarizada com problemasde saúde".

1940 - Os Serviços de Educação Sanitária limitavam suasatividades à publicação de folhetos, livros, catálogos e cartazes;

1942 – Criação do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) - quereconheceu a educação sanitária como atividade básica de seusplanos de trabalho.

1958 – 12ª Assembléia Mundial da Saúde, em Genebra:

Finalidade: reafirmar "que a educação sanitária abrange a soma detodas aquelas experiências que modificam ou exercem influêncianas atitudes ou condutas de um indivíduo com respeito à saúde ".

1962 –5ª Conferência de Saúde e Educação Sanitária, em Filadélfia:

Finalidade: reafirmar "os serviços de educação sanitária tem quedesempenhar um papel importante para saltar o abismo quecontinua existindo entre descobrimentos científicos da medicina esua aplicação na vida diária de indivíduos, famílias, escolas edistintos grupos da coletividade".

Entre 1964 e 1980 – Criação da Superintendência de Campanhas deSaúde Pública – SUCAM

1988 – Criação do SUS

1989 – Incorporação do Projeto Nordeste II – Informação,Educação e Comunicação.

1996 – Criação do Projeto Saúde na Escola.

1998 – Definição de uma Diretoria de Programas fazendo o ProjetoSaúde na Escola evoluir para um Programa de Educação em Saúde.

1986 – Primeira Conferência Internacional, Ottawa, Canadá.

Finalidade: reafirmar a Promoção da saúde

2003 – Criação de uma área técnica no Ministério da Saúde

Formação da institucionalização = espaço formalizado com sujeitospara a reflexão crítica e (re)descoberta de outras práticas para oprocesso de educação em saúde;

Participação de Movimentos sociais e Movimentos profissionais(pessoas que atuam nos serviços de saúde).

Critica-se a concepção positivista = a educação em saúde é vista deforma reducionista (cujas praticas são consideradas impositivas,prescritivas de comportamentos ideais desvinculados da realidade edistantes dos sujeitos sociais, tornados objetos passivos dasintervenções, na maioria das vezes, preconceituosas, coercitivas epunitivas).

A educação em saúde DEVE ser uma pratica na qual existe a participação ativa da comunidade.

Educação em Saúde

Não é possível compreender ou transformar a

situação de saúde de um indivíduo/ grupo sem

pensar que ela é produzida nas relações com o meio

físico, social e cultural.

Fator de promoção e proteção à saúde e estratégia

para a conquista dos direitos de cidadania.

Educação no Brasil

Na cultura e na legislação se fala da concepção de que

saúde é direito de todos e dever do Estado.

Políticas públicas reais: favorecem a cultura de que a saúde

se concretiza mediante o acesso a serviços, particularmente

ao tratamento médico.

A implementação de modelos centrados em hospitais, em

consultas médicas e no incentivo ao consumo abusivo de

medicamentos = atenção à saúde baseada principalmente em

ações curativas = desencadeadas apenas quando umadoença já está instalada.

Educação no Brasil – Educação Popular

Importante para construção da participação, servindo como uma

nova consciência sanitária e democratização das políticas

públicas.

Não é um estilo de comunicação e estilo, mas também um

instrumento de gestão com ações sociais.

Não pode ser somente uma prática social, que acontece de

forma pontual nos sistema de saúde, mas sim tem que ser

amplamente realizada nos diversos serviços de saúde, me todo

o país.

DESAFIO: Formação de profissionais da saúde capazes de

uma relação participativa com a população e os seus

movimentos.

Educação no Brasil ONTEMBRASIL E SAÚDE = Redemocratização do país e a constituição

de um sistema de saúde inclusivo.

1986 --- 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) ---- Tema:

“Democracia é Saúde”

Descentralização do sistema de saúde e implantação

de políticas sociais que defendessem e cuidassem da vida.

O relatório final da 8ª CNS lançou os fundamentos da proposta

do SUS (1988).

SUS = política do estado brasileiro pela melhoria da qualidade de

vida e pela afirmação do direito à vida e à saúde, dialoga com as

reflexões e os movimentos no

âmbito da promoção da saúde.

PROMOÇÃO DA SAÚDE Uma das estratégias de produção de saúde;

Um modo de pensar e de operar articulado às demais políticas e

tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro;

Contribui na construção de ações que possibilitam responder às

necessidades sociais em saúde.

No SUS, a estratégia de promoção da saúde é: uma possibilidade de

enfocar os aspectos que determinam o processo saúde-adoecimento

em nosso País.

violência, desemprego, subemprego, falta de saneamento

básico, habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de

acesso à educação, fome, urbanização desordenada, qualidade

do ar e da água ameaçada e deteriorada; e potencializam formas

mais amplas de intervir em saúde.

MODELOS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDEMODELO TRADICIONAL ou PREVENTISTA:

Segue os pressupostos da antiga saúde pública ---- prevenção de

enfermidades de âmbito individual.

Ações educativas ---- mudança de comportamentos

individuais.

MODELO RADICAL:

Promoção da saúde pela conscientização crítica sobre os aspectos

da realidade pessoal e coletiva.

Estimula a identificação na coletividade das origens dessa realidade

Desenvolve planos de ação com intuito de transformar a realidade.

Ações educativas voltadas para teoria do construtivismo = interação

do sujeito com o meio social em que ele vive. Fundamentado nas

idéias de Paulo Freire

Ações educativas = práticas de ensino-aprendizagem

desenvolvidas junto à população com a finalidade de debater e

promover a tomada de decisão em relação a atitudes e práticas de

saúde, num processo reflexivo e crítico de ambos os atores,

docentes e discentes, considerando:

• Presença dos sujeitos: onde o sujeito ao ensinar aprende e ao

aprender ensina;

• Objetivos mediatos e imediatos: o educador que mostra seus

objetivos não pode manter-se neutro em relação a prática educativa

nem em sua posição ética e política;

• Métodos, processos, técnicas de ensino, materiais didáticos: a

metodologia escolhida deve se manter coerente com os objetivos

traçados.

AÇÕES EDUCATIVAS

“Primeiro, a lagoa ficou preta. Depois, os peixes começaram

a morrer. Por fim, as autoridades declararam a terra condenada.

Stefano Galli estende a mão trêmula sobre seus hectares

envenenados e conta a história de um negócio bom demais para

ser verdade.

Após comprar sementes numa loja local de insumos

agrícolas num dia primaveril de 1999, o fazendeiro de 67 anos foi

abordado por um vendedor que o persuadiu a testar um novo

fertilizante em sua terra. O negócio: 500 kg grátis, com um aperto

de mãos para comprar mais no futuro se ele ficasse satisfeito.

Sem o conhecimento de Galli, a palha escura que ele

espalhou em seus campos de trigo, milho e legumes era lixo

industrial altamente tóxico. Depois das primeiras chuvas pesadas,

os peixes começaram a boiar em uma lagoa que recebe as águas

escoadas.

"Sinto minha terra morrendo diante dos meus olhos", diz

Galli, para quem a fazenda conservada por sua família talvez já não

tenha nenhum valor.”

Caso Real

EDUCAÇÃO = Pilar para construção de uma nova relação sociedade e

meio ambiente.

O livro Alfabetização ecológica, assinado por Fritjof Capra, volta o

pensamento para a formação de sujeitos ecologicamente

alfabetizados.

Alfabetização Ecológica

III Fórum Social Mundial (2003), Porto Alegre = primeiros

movimentos de uma nova educação ambiental brasileira.

Definição dos limites e possibilidades de um modelo

biologista de educação ambiental, a Alfabetização

Ecológica.

Alfabetização Ecológica = desenvolvimento da capacidade

de se perceber as conexões da vida, manifestadas nas

relações ecológicas.

Pessoa ecologicamente alfabetizada = tem conhecimento

necessário para compreender as relações com o meio

ambiente.

O debate sobre a Alfabetização Ecológica:

um marco na história

Alfabetização Ecológica

Fritjof Capra comenta que:

1) A crise ecológica é uma crise de educação.

2) O problema é de educação e não está na educação.

3) Toda educação é educação ambiental com a qual

ensinamos aos jovens que somos parte integral ou separada

do mundo natural.

4) A meta não é o mero domínio de matérias específicas, mas

estabelecer ligações entre a cabeça, a mão, o coração e a

capacidade de reconhecer diferentes sistemas.

Quatro partes interdependentes ditam a alfabetização

ecológica:

-Visão;

-Tradição/Lugar;

-Relação;

- Ação.

Foram inspiradas na sabedoria do povo okanagan, indígenas

residentes no Canadá.

Alfabetização Ecológica

VISÃO: olhares para a construção, a longo prazo, da

sustentabilidade.

TRADIÇÃO/LUGAR: relações entre os conceitos de progresso e

desenvolvimento, com preservação dos modos de vida

tradicionais.

RELAÇÃO: inter-relação entre os diferentes componentes da

comunidade.

AÇÃO: consideração dos diferentes envolvidos nas decisões,

visando as soluções sistêmicas globais para o desenvolvimento

de melhores relações, em prol de sociedades sustentáveis.

Alfabetização Ecológica

Sustentabilidade EcológicaComunidade sustentável = aquela capaz de satisfazer suas

necessidades e aspirações sem reduzir as probabilidades afins para as

próximas gerações.

Eco-alfabetização e Eco-planejamento

Eco-alfabetização = primeiro passo para sustentabilidade.

Eco-planejamento = segundo passo – movimentar-se.

Planejamento = direcionar os fluxos de energia e da matéria, para a

finalidade humana.

Eco-planejamento (ecodesign) = processo onde os objetivos humanos

são entrelaçados com os padrões maiores e os fluxos do mundo natural.

Aplicar o conhecimento ecológico para o replanejamento fundamental das

nossas tecnologias e instituições sociais = estabelecer uma ponte entre o

planejamento humano e os sistemas ecologicamente sustentáveis da

Natureza.