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Trabalho de Conclusão de Curso Página 1
Universidade federal de São João del-Rei Departamento de Ciências Naturais
Bacharelado em Química-UFSJ Trabalho de Conclusão de Curso
SÍNTESE E AS PROPRIEDADES ESTRUTURAIS, ESPECTROSCOPICAS E FOTOLUMINESCENTES de
Y2O3: 7% DE Eu3+ E 4% DE Ca2+ VARIANDO A QUANTIDADE DE PRATA.
Discente: Adriana Aparecida de Moura Almeida
São João del-Rei, Junho de 2015
Trabalho de Conclusão de Curso Página 2
SÍNTESE E AS PROPRIEDADES ESTRUTURAIS, ESPECTROSCOPICAS E FOTOLUMINESCENTES de
Y2O3: 7% DE Eu3+ E 4% DE Ca2+ VARIANDO A QUANTIDADE DE PRATA
Projeto de Conclusão do Curso de Química Bacharelado, apresentado à Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito parcial para obtenção do título Bacharel em Química. Autor: Adriana Aparecida de Moura Almeida Docente Orientador: Prof. Dr. Jefferson Luis Ferrari Modalidade do Trabalho: Pesquisa
São João del-Rei – Junho de 2015
Trabalho de Conclusão de Curso Página 3
SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................................................4
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................5
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................10
2.1- Objetivo geral..................................................................................................................10
2.2- Objetivos Específicos......................................................................................................10
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL.................................................................................10
3.1 CARACTERIZAÇÕES .....................................................................................................11
3.1.1. Análise Termogravimétrica (TG) e Análise Termogravimética Diferencial (DTA) .......11
3.1.2 Difratometria de Raios X (DRX) ....................................................................................11
3.1.3. Espectroscopia de Fotoluminescência (EF) ................................................................11
3.1.4.Tempo de Vida(t.v)........................................................................................................12
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................................12
4.1. Análises termogravimétricas (TGA-DTA)........................................................................12
4.2 Difratometria de Raios-X(DRX) .......................................................................................13
4.3 Espectroscopia de fotoluminescência (EF) .....................................................................15
4.4 Tempo de Vida(t.v) ..........................................................................................................17
5 CONCLUSÕES ..................................................................................................................21
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................22
Trabalho de Conclusão de Curso Página 4
RESUMO
O óxido de ítrio (Y2O3) é uma excelente matriz hospedeira de íons terras raras, pois
apresenta características químicas e físicas apropriadas para obtenção de materiais com
interessantes propriedades fotoluminescentes e/ou magnéticas. Materiais fotoluminescentes
são comumente utilizados em diversos tipos de aplicações, tais como: detectores
fluorescentes, células solares, painéis de geração de imagem, área biomédica, dentre
outros. Destre algumas dessas aplicações, esses dispositivos a base de Y2O3 dopado com
Eu3+ são de grande interesse para o desenvolvimento tecnológico. Sendo assim, este
trabalho tem como objetivo sintetizar o Y2O3 contendo Eu3+ e Ca2+ inicialmente diferente
quantidade de prar para avaliar o efeito da presença destes íons nas propriedades
estruturais e fotoluminescentes das amostras obtidas. Estes materiais a base de Y2O3 foram
preparados pelo método de co-precipitação fixando a quantidade 7% em mols de Eu3+, 4%
em mols de Ca2+ e variando a % de prata em 1, 3, 5, 7, e 10% em mol. A partir das análises
termogravimétricas, foi verificada a formação de um material estável termicamente em
temperaturas superiores a 700 °C. Os materiais foram tratados termicamente a em
temperatura de 900 e 1000 °C por 4h. Por meio das análises de Difratometria de Raios- X
(DRX) foi verificada que todas as amostras sintetizadas independente das concentrações de
prata tratadas a 900 °C apresentaram a formação da fase cúbica de Y2O3, enquanto que as
tratadas a temperatura de 1000 °C apresentaram a formação da fase monoclínica do Y2O3 e
a de fase prata. Foi possível verificado que os materiais contendo 5, 7 e 10% em mols de
prata tratados a maiores temperaturas apresentam menores valores de tempo de vida,
confirmando que a presença de diferentes fases prejudica as propriedades ópticas dos
materiais obtidos, pois a sua intensidade de emissão é muito menor quando comparada aos
outros materiais obtidos a 900 °C. Todas as amostras apresentaram a transição 5D0→7F2
(~612 nm) com intensidade máxima de emissão. Percebe-se também que os materiais
tratados a 900 °C apresentam semelhanças nos espectros de emissão independente do
comprimento de excitação e da proporção de prata. Já as amostras contendo 5, 7 e 10% de
prata tratadas a 1000 °C apresentaram um deslocamento da banda de emissão atribuída a
transição 5D0→7F2 .Este efeito se deve provavelmente a formação de outras fases, que
prejudica as propriedades fotoluminescentes e proporciona menores valores de tempo de
vida. Em resumo verificou-se que os materiais contendo 1 e 3% em mols de prata
apresentaram maiores tempo de vida em ambos (t1 e t2). Portanto, estes materiais contendo
menos proporções molares de prata, apresentaram melhores propriedades
fotoluminescentes. Isto os torna candidatos promissores para serem aplicados em diversas
áreas tecnológicas principalmente como dispositivos ópticos eletrônicos, fotônicos, até
mesmo como como marcadores biológicos, dentre outros.
Trabalho de Conclusão de Curso Página 5
1.Introdução
Os íons terras raras (TR3+) recebem o nome de terras por serem derivados de óxidos
e minerais e raras porque são de difícil obtenção, purificação e devido a sua descoberta
tardia. O termo raro não refere a sua abundância, uma vez que, os TR3+ não são escassos
na crosta terrestre sendo a maioria destes elementos mais abundantes do que o ouro e a
prata (JONES, 2003), por exemplo. Estes TR3+ pertencem à série dos Lantanídeos que
estendem desde o Lantânio (Z = 57) ao Lutécio (Z = 71), acrescidos dos elementos
Escândio (Z = 21) e o Ítrio (Z = 39).
O estado de oxidação, termodinamicamente mais estável é o trivalente (3+), sendo
característico da grande maioria dos lantanídeos, entretanto para alguns íons também se
observa os estados 2+. Portanto, os TR3+, pertencentes ao bloco f, constituem e se
caracterizam pelo preenchimento gradativo do antepenúltimo nível energético ([Xe]. 4f
n5s25p65d0-106s2) (LEHN, 1995), (LEE, 2011). A maioria dos compostos TR3+ apresentam
propriedades físico-químicas semelhantes, devido à proximidade dos valores dos raios
iônicos que eles apresentam e também devido à presença de elétrons no orbital f no quarto
nível de energia. Assim, a diferença na configuração eletrônica dos elementos, quando
esses são incorporados em matrizes, promove o aparecimento de diferentes propriedades,
como por exemplo, fotoluminescência e propriedades magnéticas (CAMARGO, 2008).
Atualmente pesquisas revelam que os TR3+ têm sido promissores no
desenvolvimento de dispositivos óptico-eletrônicos. Estes íons quando adicionados em
matrizes adequadas, promovem o surgimento de propriedades fotoluminescentes,
agregando valor à sua aplicação e comercialização. Além disso, alguns materiais
fotoluminescentes contendo TR3+, quando à esses adicionados um segunda TR3+, pode
contribuir com a melhoria das propriedades já existentes (CAMARGO, 2008).
Desta forma, a adição de pequenas quantidades de TR3+ em matrizes hospedeiras é
uma das maneiras de se obter materiais com propriedades espectroscópicas interessantes.
Portanto, estes materiais possuem diversas aplicações tecnológicas, como por exemplo,
sistemas de diagnósticos por meio da detecção de raios-X (OZUNA, et al; 2004), em
dispositivos fotônicos (JOANNOPOULOS, et al ; 1997), painéis geradores de imagens
(GHIS ,et al; 1991), amplificadores ópticos (TANABE, et al; 2000), lasers (DELOACH, et al;
1993), detecção fluorescente (SOUKKA ,et al; 2005), área biomédica, engenharia (DAS, et
al; 2008), controle ambiental (XIAO, et al; 2007), células solares (JIANG, et al; 2003), entre
outras. Sendo assim, o que torna os TR3+ excelentes dopantes são suas transições
eletrônicas intraconfiguracionais f-f que caracterizam suas propriedades fotoluminescentes.
Os TR3+ apresentam os orbitais 4 f (orbital interno) semipreenchidos. Dessa forma, a
camada 4f é blindada pela camada 5s e 5p. Deste modo os elétrons da camada 4f
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praticamente não sofrem influências dos efeitos do campo dos ligantes e do ambiente
químico ao seu redor. Consequentemente, as transições entre os níveis de energia dos TR3+
possuem comportamento praticamente de um átomo isolado, com larguras de linhas
estreitas e quase não dependendo da matriz hospedeira. (UDO, 2008).
Materiais luminescentes absorvem energia, promovendo os elétrons para níveis mais
energéticos. Posteriormente, os materiais emitem essa energia em forma de luz, fóton
(BLASSE, 1994).. Se a excitação dos elétrons ocorrer para níveis maiores de energia por
meio da absorção de fótons, esses materiais são chamados de materiais fotoluminescentes
(BLASSE, 1994). A fotoluminescência é divida basicamente em duas classes: fluorescência
e fosforescência, sendo que ambas ocorrem quando há absorção de energia e re-emissão
de fótons na forma de energia luminosa, no entanto, a fosforescência possui um intervalo de
tempo mais longo quando comparado com a fluorescência que emite essa energia num
intervalo muito curto de tempo.
Dentre os diversos tipos de materiais fotoluminescentes, destacam-se os materiais
que são constituídos por uma matriz hospedeira e um íon ativador, tipicamente um TR3+,
Dentre os íons TR3+, o Eu3+ possui configuração eletrônica 4f6, e, quando excitado ao nível
5L7 (~ 390 nm), sofre um decaimento para os níveis 5DJ (J = 0, 1, 2 e 3) através de perdas de
energia não radiativas (ZHILONG, et al; 2010). As bandas presentes no espectro de
emissão do Eu³+ são de fácil interpretação espectral atribuída aos níveis 5D0→7FJ (MALTA,
et al; 1991), conforme mostrado na Figura 1.
Figura 1: Níveis de energia do íon Európio. ( SILVA, 2010)
As bandas referentes às transições intraconfiguracionais f-f ocorrem
aproximadamente nos seguintes comprimentos de onda, dependendo da matriz que o íon
terra rara está inserido: 5D0→7F0 (~578nm), 5D0→
7F1 (~592nm), 5D0→7F2 (~612nm), 5D0→
7F3
(~651nm), 5D0→7F4 (~700nm) (YUANHUA, et al ;2003). Na transição 5D0→
7F0 ambos os
estados não são degenerados porque J=0 e não sofrem efeito do campo cristalino (Stark).
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Quando o espectro de emissão apresenta mais de uma banda associada a esta transição, é
um indício da formação de mais de uma simetria na região ocupada pelo Eu3+. Portanto,
indica como a vizinhança ao redor do íon influi nesta transição, sendo muito utilizada como
sonda estrutural, uma vez que, sua utilização como dopante nos permite explorar ambientes
cristalinos e a estrutura local, onde ele se encontra. (THIM, et.al; 2003; KIDO et al; 2002).
Como mencionado anteriormente, as transições intraconfiguracionais não são muito
perturbadas pelo ambiente cristalino, entretanto, ao adicionar íons na estrutura cristalina
provocará um desdobramento dos níveis espectroscópicos pela influência do campo
cristalino. A Figura 2 mostra que a degenerescência dos níveis assumem valores de (2J+1).
Figura 2. Níveis de energia do Eu3+ com desdobramentos de 2J+1 pela influência do campo
cristalino, assim como o espectro de emissão. (BORGES, 2013).
A dopagem de matrizes com Eu3+ fornece outras vantagens, dentre elas pode-se
citar a transição 5D0→7F1, que é de natureza dipolo magnético (transição de referência), uma
vez que sua intensidade não sofre interferência do campo cristalino ao seu redor. Já a
transição 5D0→7F2 é de caráter dipolo elétrico forçado, por isso é hipersensível ao ambiente
químico, no qual o íon está inserido. Sendo assim, uma desvantagem que pode prejudicar a
intensidade fotoluminescente, é que quando os íons Eu3+ estiverem inseridos em um sítio de
simetria S6 que apresenta um centro de inversão (i) (JIA, et al; 2000) intensidade desta
transição é minimizada e se o momento de dipolo elétrico for nulo, tornando esse transição
proibida. Portanto, é de suma importância que esta transição ocorra, pois esta é responsável
pela cor de emissão vermelha do Eu3+. Devido a esta característica, esse íon é muito
utilizado como laser de estado sólido, na indústria para fabricação de lâmpadas e
dispositivos ópticos. Diante disso, os materiais contendo íons Eu3+ apresentam um grande
potencial para aplicações tecnológicas (FERRARI, et al; 2009).
Trabalho de Conclusão de Curso Página 8
Em geral, a obtenção de materiais com propriedades ópticas, de condução elétrica,
magnética, constitui-se da escolha de uma matriz hospedeira apropriada e de íons com
propriedades desejadas. Portanto, para obtenção de materiais com propriedades
fotoluminescentes é necessário levar em consideração a matriz hospedeira utilizada. Uma
vez que, se a matriz não possuir baixos fônons de rede, perda de energia através de
vibrações atômicas pode comprometer a intensidade fotoluminescente, os quais podem
favorecer transições não radiativas que diminuem a intensidade de fotoluminescência
comprometendo as propriedades espectroscópicas dos materiais.
Vários estudos desenvolvidos ressaltam que o Y2O3 possui atraentes propriedades
como: estabilidade química, ampla transparência, band-gap em torno de 5,6 eV, alto índice
de refração e principalmente baixo fônons de rede (DAS, et al; 2008). Além disso, o íon Y3+
presente na estrutura apresenta algumas propriedades químicas importantes, como por
exemplo, raio iônico muito semelhante aos demais TR3+. Portanto, como os Y3+ e Eu3+
possuem raios iônicos similares com uma diferença de 0.047 Å, estes íons podem se
localizar na matriz como impureza substitucional. Sendo assim, o Y2O3 é uma excelente
matriz hospedeira para incorporação de TR3+ (ATANABE, et al; 2012) principalmente o Eu3+.
O Y2O3 apresenta natureza dos sesquióxidos de terra rara, e podem apresentar
diferentes fases cristalinas que são dependentes da metodologia experimental e dos
precursores utilizados, sendo a estrutura cúbica de corpo centrado a mais comum
(FERRARI, 2006). A Figura 3 apresenta a estrutura cristalina cúbica de corpo centrado do
Y2O3, contendo no total 80 átomos (FORNASIERO, et al; 1999). A cela unitária cúbica do
Y2O3 consiste então, de um total de 32 sítios de cátions Y3+ coordenados na forma de
octaedros distorcidos e 48 sítios iguais de O2-. Os cátions Y3+ podem ocupar dois sítios de
simetria distintos, sendo que, os cátions Y1 ocupam 75% dos sítios com simetria pontual C2
e, os cátions Y2 ocupam 25% dos sítios de simetria pontual S6, o qual apresenta um centro
de inversão (CAPOBIANCO, et al ; 2000).
Figura 3. Cela Unitária da Estrutura do Y2O3, com o plano (001) paralelo ao plano da página.
(MONTES, 2004).
Os dois sítios catiônicos Y3+ do Y2O3 podem ser dopados com TR3+ substituindo
ambos os sítios. Portanto, os dois sítios podem ser substituídos com igual probabilidade
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(MITRIC, et al; 1993). A Figura 4 apresenta os dois sítios de simetria encontrados na
estrutura do Y2O3.
Figura 4. Representação da simetria C2 e S6 na estrutura cristalina de Y2O3. Fonte:
(MAYRINCK, et al; 2014).
Ao inserir Ca2+ em proporções e temperaturas adequadas em matrizes de Y2O3:Eu3+
há um aumento na intensidade fotoluminescente (ZHILONG, et.al ,2010), o que contribui
significamente para melhorar as propriedades espectroscópicas dos materiais . Isto pode ser
explicado provavelmente devido ao fato da possível substituição de íons trivalentes Y3+ e/ou
Eu3+ por Ca2+ divalentes na matriz, compensações de cargas deverão ocorrer,
consequentemente, a formação de vacâncias de oxigênio influenciarão o espectro de
emissão do Eu3+. Outro fato importante que deve ser levado em conta é que o Ca2+ podem
estar situados no interstício da matriz, uma vez que estes apresentam maior raio iônico que
os íons Y3+ e/ou Eu3+. Desta forma, quando Ca2+ são incorporados na matriz, mudanças em
torno do Eu3+pode alterar o sítio de simetria local no qual o TR3+ se encontra causando
distorções na simetria S6 (presença de centro de inversão). Consequentementemudanças
espectrais podem ser observadas e avaliadas.
O aumento da intensidade de emissão afeta significativamente a eficiência quântica,
tempo de vida e outros parâmetros espectrais, melhorando assim o desempenho óptico.
(FERRARI, J. L. et. al., 2012). Dessa maneira, obter materiais que apresentem melhorias
nas propriedades ópticas é extremamente relevante para obtenção de materiais com
interessantes propriedades espectroscópicas, visando aperfeiçoar suas aplicações.
Desta forma, com intuito de melhorar ainda mais as propriedades fotoluminescentes
foram incorporadas diferentes concentrações de prata ao sistema. Diversas pesquisas
revelam que ao adicionar prata o efeito de acoplamento dinâmico pode ocorrer de modo a
intensificar a intensidade de fotoluminescência do Eu3+ no sistema (cade as referência que
falam isso? A minha fala pouca coisa) FERRARI, 2006). Se um campo eletromagnético
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interagir com nanopartículas de prata, a frequência de osclação do campo elétrico promove
uma oscilão dos elétrons de superfície da nanopartículas de prata. Na sequência, o dipolo
gerado promove o aparecimento de um campo que pode interferir construtivamente com a
emissão do terra rara, promovendo uma amplificação da fotoluminescência emitida pelo
material.
No entanto, deve-se levar em conta a influência que a prata exerce sob o material,
uma vez que, a razão de transferência de carga entre a nanopartículas metálica e o TR3+é
dependente da concentração de TR3+, tamanho na nanopartículas metálica e da frequência
de excitação (MALTA, et.al,1991).
2.OBJETIVO
2.1 Objetivos Gerais
Sintetizar materiais a base de Y2O3, contendo Eu3+, Ca2+ variando a quantidade de
prata, tratando os em diferentes temperaturas de tratamento térmico por 4h e averiguar
suas potenciais propriedades estruturais e espectroscópicas.
2.2 Objetivos Específicos:
Preparar e caracterizar amostras de Y2O3 contendo 7% em mols de Eu3+ e 4% em
mols de Ca2+ e verificar os efeitos da variação de prata em 1, 3, 5, 7, e 10% no
sistema;
Analisar o efeito das diferentes temperaturas de tratamento térmico (900 e 1000 °C);
Avaliar as propriedades estruturais das partículas dos materiais obtidos;
Analisar as propriedades espectroscópicas dos sistemas em diferentes
comprimentos de excitação (394 e 463 nm) ;
Relacionar as aplicações dos materiais obtidos com suas propriedades
espectroscópicas e estruturais.
3.Procedimento Experimental
Os materiais a base de Y2O3 contento 7% em mols de Eu3+, 4% em mols de Ca2+ e
X% em mols de prata foram preparados via co-precipitação. Inicialmente foram preparadas
soluções ácidas precursoras dos cátions (Y3+ e Eu3+) a partir dos seus respectivos óxidos
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Y2O3 (Synth 99,9%) e Eu2O3 (Synth 99,9%).com concentração igual a 2,65 x 10-3 mol L-1 e
1,0 mol L-1, respectivamente. ( Estas soluções foram padronizadas via titulação
complexométrica com EDTA 0,01 mol L-1.
Os sistemas foram preparados com base na relação molar entre Y3+:Eu3+:Ca2+ e
prata, fixando-se em todas as amostras a dopagem de 7% em mols de Eu3+ em relação à
quantidade de Y3+. Vale ressaltar que, em trabalhos anteriores, foram demonstrados que 7%
em mols de Eu3+(MAYRINCK, et al; 2014) e 4% em mols de Ca2+(ALMEIDA, 2014),
apresentaram melhores propriedades fotoluminescentes utilizando a mesma metodologia de
preparação dos materiais. A quantidade de Y3+ utilizada foi proporcional à obtenção de 0,3 g
de Y2O3. Já as soluções aquosas de CaCl2.2H2O e AgNO3 foram preparadas a partir de uma
porcentagem fixa de 4% Ca2+ e 1, 3, 5, 7 e 10% de Ag+ adicionados em relação à
quantidade total de mols de Y3+.
Para síntese das amostras de Y2O3 contendo 7% em mols de Eu3+ e 4% mols de
Ca2+ e X% em mols de prata foram obtidos através de 100 mL de solução precursora de Y3+,
50 mL da solução de Eu3+, 50 mL da solução precursora de Ca2+ e 100 ml de prata. Foram
adicionados a solução precursora de Y3+ os respectivos cátions em proporções constantes
de 7% Eu3+, 4% Ca2+ e variação de prata ,foi adicionada uma solução saturada de ácido
oxálico como agente precipitante. Os precipitados obtidos foram lavados, centrifugados e
mantidos em estufa por 4h a temperatura de 65 °C. O precipitado foi macerado em almofariz
de ágata e em seguida tratado termicamente a 900 e 1000 °C por 4h, com taxa de
aquecimento de 10 °C/min utilizando um forno mufla modelo EDG 3P-S sob atmosfera
estática de ar.
3.1 CARACTERIZAÇÕES
3.1.1. Análise Termogravimétrica (TG) e Análise Termogravimética Diferencial (DTA):
Análise Termogravimétrica permitiu avaliar a perda de massa dos precipitados precursores,
em atmosfera de ar estático. As curvas TG e DTA foram obtidas utilizando uma
termobalança modelo DTG-60H da SHIMADZU. Os precursores foram submetidos a
tratamento térmico partindo-se da temperatura ambiente até 1000 °C com rampa de
aquecimento de 10 °C/min.
3.1.2 Difratometria de Raios X: A estrutura cristalina dos materiais obtidos após os
tratamentos térmicos foram averiguadas por difração de raios-X (DRX), utilizando um
difratômetro SHIMADZU com radiação, K do Cu0, = 1,5418 Å, monocromador de grafite,
varredura de 0,02 graus, entre 2 = 10˚-80˚).
3.1.3. Espectroscopia de Fotoluminescência: Os materiais obtidos após tratamentos
térmicos em diferentes temperaturas foram submetidos à espectroscopia de
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fotoluminescência para a obtenção dos espectros de emissão e de excitação. Os espectros
de emissão foram coletados utilizando um espectrofluorímetro SPEXF2121/Jobin-Yvon
Fluorolog, com excitação em 255 nm utilizando uma lâmpada de Xe 450 W
fotomultiplicadora como detector. Os espectros de emissão foram coletados em temperatura
ambiente na região entre 550 nm a 750 nm com fendas de emissão e excitação de 1 nm e 5
nm, respectivamente. Os espectros de excitação foram obtidos na região entre 350 e 550
nm fixando-se a emissão em 612 nm utilizando fenda de excitação e de emissão de 5 e 2
nm, respectivamente. Os dados de fotoluminescência foram coletados em ângulo de 22,5°
em relação à fonte de excitação.
3.1.4.Tempo de Vida : As curvas de tempo de vida dos materiais obtidos após tratamentos
térmicos em diferentes temperaturas foram obtidas utilizando um espectrofluorímetro
SPEXF2121/Jobin-Yvon Fluorolog. A excitação foi realizada utilizando uma lâmpada
pulsada fixando o comprimento de onda em 255 nm, e fixando o comprimento de onda
emissão em 611 nm. Todas as curvas foram obtidas em temperatura ambiente.
4.RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Análises termogravimétricas (TG-DTA)
Os percussores obtidos, após terem sidos mantidos na estufa a 65 °C por 4 h foram
submetidos à Análise Termogravimétrica (TG) e Análise Termogravimétrica Diferencial
(DTA) com objetivo de analisar a perda de massa, processos físicos e químicos que
envolvem variação de energia tais como: decomposição térmica dessas amostras. Os
resultados obtidos são apresentados na Figura 5 (A a F).
Trabalho de Conclusão de Curso Página 13
Figura 5: Análises termogravimétricas do precursor Y2(C2O4)3.nH2O contendo 7% em mol de
Eu3+ e 4% em mols de Ca2+ e (A) 0, (B) 1, (C) 3, (D) 5, (E) 7 e (F) 10% em mols de prata.
Por meio das curvas de TG e de DTA foi possível verificar a formação de um material
estável termicamente em temperaturas superiores a 700 °C. Percebe-se também a perda de
aproximadamente 60% da massa inicial para todos os materiais. As curvas de DTA
apresentam picos endotérmicos em aproximadamente 100, 200, 400 referentes às etapas
de reações de decomposição e um pico exotérmico em aproximadamente 650 °C atribuído
a formação estável do produto em temperaturas superiores a aproximadamente 700 °C. Foi
possível observar também que independente da concentração de prata todas as curvas TG
apresentam perdas de massas distintas em três fases, em aproximadamente 100, 400 e
650 °C. A análise da curva TG indica que a primeira perda de massa ocorre até
aproximadamente 100 °C e corresponde a perda de moléculas de água residuais dos
precursores. Este comportamento pode ser verificado pelo processo endotérmico
apresentado na curva de análise DTA. Pode ser observado outro pico endotérmico em
aproximadamente 200 °C referente à decomposição do precursor oxalato e formação do
carbonato de ítrio desidratado, também foi possível observar que a amostra sem prata
apresentou este pico menos intenso. O aquecimento dos precursores aproximadamente
entre 400 e 450 °C resulta em uma segunda perda que pode ser atribuída à decomposição
do oxalato de ítrio e formação de carbonato de ítrio Y2(CO3)2 e a liberação de CO(g)
(EBATCO-EXPONENCIAL, 2014), esta decomposição pode ser evidenciada pelo pico
endotérmico em aproximadamente 400 °C. Conclui-se que em temperaturas entre 650 e
800 °C observa-se a última perda de massa e um pequeno pico exotérmico referente a
decomposição do Y2(CO3)2 em óxido de ítrio com liberação de CO2(g) (EBATCO-
EXPONENCIAL,2014) e acima dessa temperatura há formação estável do material de Y2O3
contendo 7% Eu3+:4%Ca2+ e variação em mols prata, pois não houve mais perda significativa
da massa .
4.2 Difratometria de Raios X
Foram feitas análises de difratometria de raios-X dos materiais obtidos. A Figura 6
apresenta os difratogramas das amostras Y2O3 contendo 7% em mols de Eu3+, 4% em mols
de Ca2+ e quantidade de prata presente nas proporções de 0, 1, 3, 5, 7 e 10 % em mols.
Trabalho de Conclusão de Curso Página 14
Figura 6: Difratogramas de raios X dos materiais Y2O3 contendo 7% em mols de Eu3+, 4%
em mols de Ca2+ e variação da quantidade de prata, tratados termicamente (A) 900 e (B)
1000 °C por 4 h.
Diante da análise dos difratogramas foi possível constatar que o Y2O3 formado
pertence ao sistema cristalino cúbico de corpo centrado (CCC representada no gráfico por
c), uma vez que, as reflexões foram atribuídas aos planos (211), (222), (400), (411), (332),
(510), (521), (440), (530), (611), (622), (444) e (721), de acordo a ficha cristalográfica n° 00-
005-0574. Como observado nos difratogramas, pode-se concluir que para todos os materiais
obtidos, o Eu3+ substitui o Y3+ independente da temperatura de tratamento térmico, pois não
houve formação de Eu2O3. Essa substituição ocorre facilmente, devido ao fato do tamanho
do raio iônico do Eu3+ (1,087 Å) e do íon Y3+ (1,040 Å) ser muito similar (HUHHEY; KEITER
et al; 1993) sendo ambos para número de coordenação igual a 6 (SHANNON,1976).
Os materiais Y2O3 contendo 7% em mols de Eu3+, 4% em mols de Ca2+ e variação da
quantidade de prata tratados termicamente a 900 °C apresentaram também somente a fase
cúbica do Y2O3. No entanto, as amostras contendo 5, 7 e 10% em mols de prata tratadas
termicamente a 1000 °C apresentam picos de reflexão nas posições 2θ = 33,89; 40,08;
57,58 e 64,63 (FERRARI, 2006) referentes à formação da fase monoclínica(representada no
gráfico por M) de Y2O3 e as reflexões localizadas em 2θ = 13,2°; 16,8°; 18,0°; 38,2° e 44,4°
atribuídas à formação de Ag. Portanto, pode-se concluir que os materiais obtidos contendo
Eu3+, Ca2+ e variação da quantidade de prata e a partir das diferentes temperaturas de
tratamento térmico (900 e 1000 °C) utilizadas contribuíram para a formação de outras fases.
A metodologia utilizada assim como os precursores, são outros fatores que influenciam na
formação de outras fases (FERRARI, 2006) que não é o caso deste trabalho, uma vez que,
os materiais obtidos foram sintetizados somente pelo método de co-precipitação e partindo
do precursor Y2O3.
Trabalho de Conclusão de Curso Página 15
4.3 Espectroscopia de fotoluminescência
Os espectros de excitação foram obtidos fixando-se a emissão em 612 nm,
exatamente na posição referente à transição 5D0 → 7F2 do Eu3+. Os espectros de excitação
dos materiais contendo ou não prata obtidos a diferentes temperaturas são apresentados na
Figura 7.
Figura 7: Espectros de excitação dos materiais Y2O3 contendo 7% em mols de Eu3+, 4% em
mols de Ca2+ e variação da quantidade de prata tratados termicamente a (A) 900 e (B) 1000
°C por 4 h.
Pode-se observar que o aumento da concentração de prata provoca um aumento da
intensidade das bandas de emissão referentes às transições intraconfiguracionais do nível
fundamental 7FJ do Eu3+ para níveis de maior energia: 7F0 → 5L6 (394nm), 7F1 → 5L7
(400nm), 7F0 → 5D2 (463nm), 7F0 → 5D1 (525nm), 7F0 → 5D1 (532nm), 7F0 → 5D0 (578 nm)
(BUARQUE, 2014), (CALDINO, et al; 2013), (FERHI, et al ; 2009). Diante desses resultados,
foi possível concluir que as transições mais intensas ocorrem com excitações em 394 e 463
nm, entretanto, a intensidade dessas bandas é dependente da concentração de prata e da
temperatura de tratamento.
Foram realizadas análises de fotoluminescência de emissão, e as amostras foram
excitadas em 394 e 463 nm. Desta forma, é possível possível observar na Figura 8 que
independentemente da temperatura de tratamento térmico, concentração de prata ou do
comprimento de onda de excitação, todos os materiais apresentaram propriedades
fotoluminescentes, inclusive aquelas com ausência de prata.
Trabalho de Conclusão de Curso Página 16
Figura 8: Espectros de emissão dos materiais Y2O3 contendo 7% em mols de Eu3+, 4% em
mols de Ca2+ e variação da quantidade de prata tratados termicamente por 4 h a (A) 900, (B)
1000 °C sob excitação em λexc = 394 nm e (C), (D) 1000 °C e λexc = 463nm.
Inicialmente, foi feita uma comparação qualitativa dos espectros obtidos. Foi
verificado que independente da concentração de prata todas as amostras apresentaram a
transição 5D0→7F2 (~612 nm) com intensidade máxima de emissão. A partir dos espectros,
percebe-se também que os materiais tratados a 900 °C apresentam semelhanças nos
espectros de emissão independente do comprimento de onda de excitação e da
concentração de prata.
Já os espectros de emissão dos materiais contendo 7 e 10% em mols de prata
tratadas a 1000 °C apresentam um deslocamento da banda de emissão 5D0→7F2. Já a
banda referente às transições 5D0→7F0(C2) e 5D0→
7F1 (S6) do Eu3+ diminuem ou
desaparecem.
Sendo assim, diante destes resultados os materiais contendo acima de 5% em mols
de prata, independente do comprimento de onda de excitação apresentaram menores
intensidades fotoluminescentes. Essa diminuição de intensidade pode estar relacionada com
Trabalho de Conclusão de Curso Página 17
o aumento da quantidade de prata no sistema e formação de fases de prata e de Y2O3
monoclínica, como discutida na Difratometria de Raios X na seção 4.2 deste trabalho. Outro
fato que pode ocorrer e interferir na intensidade fotoluminescente são as perdas por
desativação não radiativas atribuídas a presença de defeitos (FERRARI, 2006).
Percebe-se também que as únicas amostras tratadas a 1000 °C que não
apresentaram deslocamento destas transições foram as amostras contendo 1 e 3% em mols
de prata e estas também apresentaram maior intensidade fotoluminescente.
Verificou-se que por meio das analises dos espectros de fotoluminescência que as
amostras tratadas a menores temperaturas independente do comprimento de excitação ou
concentração de prata apresentaram somente a fase cúbica de Y2O3, já os materiais
tratados a 1000 °C apresentaram a formação de diferentes fases prejudicando as
propriedades espectroscópicas dos materiais, uma vez que, a intensidade de
fotoluminescência diminui e a banda referente à transição 5D0→7F2 (~612nm) característica
da emissão vermelho do Eu3+ desloca de posição devido às formações das fases
monoclínica e a presença da fase de prata.
4.4 Tempo de Vida
Como a maioria das amostras excitadas em 394 nm qualitativamente apresentaram
maior intensidade fotoluminescente, estas foram submetidas à análise de tempo de vida. O
tempo de vida foi calculado a partir das curvas de decaimento exponenciais obtidas. Estas
curvas foram ajustadas a um decaimento exponencial de segunda ordem. Esses cálculos
determinam o tempo de vida t1, na maioria das vezes, este tempo é atribuído ao tempo de
vida da simetria S6 e t2 ao sítio de simetria C2 como mostrado na Figura 9..
Trabalho de Conclusão de Curso Página 18
Figura 9: Curva de tempo de vida do material Y2O3 contendo 7% em mols de Eu3+, 4% em
mols de Ca2+ e 7% em mols de prata tratada termicamente a 900 °C com excitação e
emissão fixados em 394 e 612 nm.
Os valores de tempo de vida (t1) são apresentados na Figura 10 (A) e (B) o tempo
de vida (t2). Observa-se que todas as amostras contendo Eu3+ apresentaram tempos de vida
na ordem de milissegundos.
Figura 10. Tempo de vida (A) t1 e (B) t2 dos materiais Y2O3 contendo 7% em mols de Eu3+,
4% em mols de Ca2+ e variação da quantidade de prata com tratamentos térmicos a (A) 900
e (B) 1000 °C por 4 h com excitação e emissão fixadas em 394 e 612 nm.
Diante da análise dos gráficos, pode-se notar que o material contendo 3% em mols
de prata tratados a 900 °C apresenta maior valor de (t1) Figura 10 (A), referente à simetria
(S6). Esta porcentagem em mols de prata deve estar promovendo uma distorção mais
significativa, uma vez que, esta simetria apresenta um centro de inversão e como
mencionado anteriormente quando os Eu3+ estão situados neste sítio, a transição
responsável pela emissão da cor vermelho pode ser comprometida e até mesmo não
ocorrer se o dipolo elétrico for nulo .
Entretanto, o t2 referente ao sítio (C2) Figura 10 (B) apresentam menores valores de
tempo de vida com o aumento da concentração de prata, porém a partir da amostra
intermediária 5% em mols de prata, aumenta consideravelmente o tempo de vida. Sendo
assim, foi possível observar que o material contendo 7% em mols de prata tratado a 900 °C
apresentou maior valor do tempo de vida. Diante destes resultados conclui-se que os íons
Eu3+ provavelmente estão situados em sítios C2, esta simetria não possui centro de inversão,
consequentemente não prejudica as propriedades fotoluminescentes, resultando em valores
Trabalho de Conclusão de Curso Página 19
de tempo de vida maiores. Conclui-se então, que as amostras contendo 3 e 7% em mols de
prata tratadas a 900 °C apresentaram maiores valores de t1 e t2.
Já com o aumento da temperatura há um aumento do volume da fração cristalina e
consequentemente uma diminuição dos defeitos e dos processos não-radiativos. Este
comportamento é válido para as amostras contendo 1 e 3% em mols deprata, como pode
ser comprovado através dos valores do t1 e t2 , uma vez que , a adição de 1% em mol de
prata no sistema proporciona um aumento no tempo de vida.
No entanto, os materiais contendo acima de 3% em mol de prata, percebe-se que o
os valores de t1 e t2 decresce consideravelmente. Istose deve provavelmente a formação de
outras fases como mencionado anteriormente na Difratometria de raios-X seção 4.2 e como
discutido na espectroscopia de fotoluminescência seção 4.3 deste trabalho. Pode-se
concluir então, que essa diminuição provavelmente está relacionada com a presença de
defeitos e formação de outras fases que pode levar a extinção da emissão (FERRARI,
2006).
Diante dos resultados obtidos, podemos dizer que o material contendo 1% em mols
tratado a 900 °C e os 5, 7 e 10% em mols de prata tratados a 1000 °C apresentaram
menores valores de t1 e t2 que as amostras sem prata. Percebe-se também que a maioria
dos materiais tratados a 900 °C possuem t1 e t2 maiores que os tratados a 1000 °C (exceto
para as amostras 1 e 3% de prata). Esse fato pode estar relacionado com os defeitos e
formação de outras fases a maiores temperaturas, como discutido anteriormente.
Os valores dos tempos de vida encontrados estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Valores de tempo de vida dos materiais Y2O3 contendo 7% em mols de Eu3+, 4%
em mols de Ca2+ e variação da quantidade de prata tratados termicamente a (A) 900 e (B)
1000 °C por 4 h com excitação em 394 nm.
TEMPO DE VIDA (ms)
% Ag+ 900 °C 1000 °C
t1 t2 t1 t2
0 1,45
3,03 1,41 1,40
1% 1,41 1,89 2,54 2,59
3% 1,75 1,79 2,65 2,69
5% 1,69 1,65 1,40 1,49
7% 1,60 3,45 0,20 0,30
10% 1,55 1,62 0,15 0,25
Pode-se concluir que as amostras contendo 1 e 3% em mols de de prata possuem
ambos os tempo de vida (t1 e t2) diretamente proporcional a temperatura de tratamento
Trabalho de Conclusão de Curso Página 20
térmico e observa-se uma diminuição no tempo de vida para as demais. Sendo assim, os
materiais contendo maiores proporções de prata tratados a maiores temperaturas foram os
únicos que apresentaram uma considerável diminuição nos valores de t1 e t2.
Contudo, devemos ressaltar que ambos os (t1 e t2) dos materiais contendo menores
proporções molares de prata tratados a 1000 °C apresentam altos valores de tempo de vida.
Estefato deve ser relevante, pois o t1 frequentemente refere-se a simetria S6 e este também
apresentou um longo decaimento de tempo de vida. Conclui-se então, que estas amostras
provavelmente distorcem mais a simetria S6. Este fato é muito interessante, pois o aumento
da intensidade fotoluminescente é diretamente proporcional ao tempo de vida. Portanto
estes materiais provavelmente possuem melhores propriedades espectroscópicas.
No entanto, os materiais contendo acima de 5% em mols de prata apresentam a fase
de prata e de Y2O3 monoclínico. Portanto, a formação destas fases podem provocar a
diminuição ou extinção das transições 5D0→7F0 simetria (S6),
5D0→7F1 simetria (C2), o
deslocamento e diminuição da intensidade da transição 5D0→7F2 responsável pela cor de
emissão vermelha do Eu3+. Desta forma, os materiais contendo 1, 3% em mols de prata
tratados a 1000 °C apresentaram maiores valores de t1 referente a simetria (S6) dentre todos
os materiais, isto se deve provavelmente ao fato destes materiais não apresentarem a
ausência das transições 5D0→7F0 simetria (S6),
5D0→7F1 simetria (C2).Portanto os Eu3+
estarão ausentes nestes sítios de simetria. Entretanto os materiais contendo 5, 7 e 10% em
mols de prata possuem consideravelmente menores tempos dentre todos os materiais,
estes apresentam mais de uma fase que consequentemente afetam as propriedades
espectroscópicas e contribuem significativamente para diminuir o tempo de vida das
amostras contendo maiores quantidade de prata tratadas a 1000 °C como apresentado na
Tabela 1.
5. CONCLUSÃO
Os materiais Y2O3 7% em mols de Eu3+, 4% em mols de Ca2+ e variação de 1, 3, 5, 7
e 10% em mols de prata foram obtidos via método de co-precipitação e apresentaram
excelentes propriedades fotoluminescentes. Os resultados de TG/DTA mostram que os
materiais fotoluminescentes obtidos são estáveis e podem ser sintetizados a temperaturas
superiores a 700 °C e que todas as amostras independentes da quantidade em mols de
prata apresentaram somente picos endotérmicos atribuídos às reações de decomposição.
Segundo as análises de DRX, foi possível confirmar que todas as amostras sintetizadas
independente dos comprimentos de excitação e das concentrações de prata tratadas a 900
°C apresentaram somente a fase cúbica de Y2O3. Enquanto, as amostras contendo acima de
Trabalho de Conclusão de Curso Página 21
5% em mols de prata tratadas termicamente a 1000 °C apresentaram a fase monoclínica de
Y2O3 e a fase de Ag. Percebe-se também que os materiais tratados a 900°C apresentam
semelhanças nos espectros de emissão independente do comprimento de excitação e da
concentração em mols de prata. Já as amostras contendo maiores proporções de prata
tratadas a 1000°C apresentaram uma diminuição ou ausência das transições 5D0→7F0,
5D0→7F1 e um deslocamento e diminuição da banda de emissão atribuída a transição
5D0→7F2.
Outro fato importante que deve ser levado em conta é as compensações de carga,
ou seja, vacâncias de oxigênio poderão ser formadas a partir da substituição de cátions de
diferentes cargas. Essas vacâncias provocam distorções na simetria (S6) contribuindo assim
com o aumento ou diminuição da fotoluminescência dependendo da temperatura de
tratamento térmico e da concentração de dopantes.
Sendo assim, a partir das análises estruturais e espectroscópicas das amostras
obtidas foi possível correlacionar suas propriedades estruturais e fotoluminescentes, onde
os materiais contendo (5, 7 e 10% em mols de prata) tratados a temperaturas superiores a
1000 apresentaram menores valores de tempo de vida, confirmando que a presença de
diferentes fases prejudicam as propriedades espectroscópicas dos materiais. Portanto, a
sua intensidade de emissão e o tempo de vida são muito menores quando comparados aos
outros materiais.
Pode-se concluir que os materiais de Y2O3: 7%Eu3+: 4%Ca2+ e variação na
quantidade de prata foram sintetizados e caracterizados, apresentaram interessantes
propriedades espectroscópicas. Os materiais contendo 1 e 3% de prata tratados a 1000 °C
apresentaram maiores valores de t1,isto é indício que os íons Eu3+ provavelmente estão
situados em uma simetria S6 distorcida, tornando estes materiais promissores candidatos
para serem aplicados em diversas áreas tecnológicas, principalmente como dispositivos
ópticos eletrônicos, fotônicos, dentre outros.
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