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SÃO PAULO, 16 DE DEZEMBRO DE 2014

SÃO PAULO, 21 DE MARÇO DE 2013 - prefeitura.sp.gov.br · A Sabesp e a fábrica de louças e metais sanitários Docol investiram R$ 800 mil na troca de torneiras, vasos sanitários

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SÃO PAULO, 16 DE DEZEMBRO DE 2014

Acaba em tumulto a audiência sobre o uso de parque na Represa Billings

para a construção de moradias populares

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saMesa=&TipoClipping=A&Commodities=0

Audiência pública sobre Parque dos Búfalos é interrompida após tumulto

Após tumulto que gerou agressões entre os presentes, a audiência pública sobre a

região da represa Billings que a Prefeitura de São Paulo planeja usar para conjuntos

habitacionais foi interrompida nessa segunda-feira (15). Segundo o vereador Gilberto

Natalini (PV), apoiador do parque e presente na audiência, manifestantes a favor do

Parque dos Búfalos foram agredidos por membros do movimento de moradia.

"Bateram na gente e ameaçaram a gente de morte", disse Guilherme Coelho,

coordenador da ONG "Minha Sampa". Ele afirmou que os manifestantes entraram em

conflito após a fala de um militante pró Parque dos Búfalos. A sessão aconteceu no

CEU Alvarenga, no bairro Pedreira. A prefeitura afirmou que "houve desentendimento

entre lideranças e ativistas que estavam no local", o que "inviabilizou a continuação da

audiência, que precisou ser interrompida pela Secretaria de Habitação". Um grupo de

pessoas defende a criação de um parque na área da represa Billings conhecida como

Parque dos Búfalos. Eles alegam que a construção de prédios para moradia popular

deverá atingir áreas de nascentes da represa. A prefeitura pretende construir, com o

governo federal e estadual, 3.860 unidades habitacionais pelo programa Minha Casa

Minha Vida. O empreendimento deverá beneficiar 14 mil pessoas. Segundo a

prefeitura, a audiência tinha como objetivo explicar o projeto habitacional para a

comunidade. "A secretaria pretende informar aos moradores todos os detalhes do

projeto de moradia popular, com as intervenções previstas". Ainda segundo a

prefeitura, 70% do terreno será preservado para a implantação de um parque

municipal de 550 mil metros quadrados.

Inaugurada no último sábado a árvore de Natal do Ibirapuera

http://www2.boxnet.com.br/pmsp/Visualizacao/RadioTv.aspx?IdClipping=35983918&IdEmpre

saMesa=&TipoClipping=V&Commodities=0

Crise da água: Doze meses para agir

As chuvas esperadas para dezembro apenas reduzirão os efeitos da seca. Em vez de só torcer por mais chuva, teremos de mudar a forma como usamos a água

O período de chuvas mais intensas na maior parte do país deverá começar agora, em

dezembro, e se estende até março. A meteorologia prevê chuvas. Se elas vierem no

volume normal, trarão alívio imediato para a falta d’água que ameaça as regiões

Sudeste, Nordeste e Sul. Por quanto tempo? “A meteorologia não previa a seca de

2014. É incapaz de dizer se foi um episódio isolado ou se representa um novo padrão”,

diz Alceu Bittencourt, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e

Ambiental (Abes) em São Paulo. “O Sistema Cantareira foi dimensionado para resistir à

crise hídrica de 1956.” A atual seca no Rio São Francisco, a pior em um século, e a de

São Paulo, a pior em 85 anos, impõem novas referências. Redimensionar os sistemas

de abastecimento e recuperar nascentes custará tempo e dinheiro.

A Sabesp, empresa paulista de água e esgoto, prepara-se para abastecer

mananciais com água de reúso. Os governos de Minas Gerais, São Paulo e Rio de

Janeiro entraram em acordo pela transposição do Rio Paraíba do Sul, para

reforçar o abastecimento de São Paulo. Nada disso ficará pronto antes de 2016.

Antes, entre maio e novembro, o Brasil enfrentará mais um período seco. Há duas

opções para os próximos 12 meses: apostar na generosidade das nuvens ou

combater o desperdício. A seguir, exemplos para inspirar governos, empresas e

você a combater a crise da água.

Governos

GESTÃO Estação de tratamento em Niterói, no Rio. A cidade reduziu o desperdício de água à metade (Foto: Arquivo/Agência O Globo)

Conter vazamentos

De cada 10 litros de água tratada, em média 4 se perdem antes de chegar às torneiras.

Escorrem pelo caminho por rachaduras na tubulação. Se o Brasil diminuísse sua média

de perdas de 40% para menos de 20%, como em bons sistemas de distribuição do

mundo, não haveria risco de faltar água. “Teríamos duas décadas para planejar para

uma escassez futura”, diz Carlos Henrique Lima, diretor do grupo Águas do Brasil.

Baixar as perdas de 40% para menos de 20% foi o que a Águas do Brasil fez em Niterói,

no Rio de Janeiro (leia no quadro). “Apenas cumprimos as metas do contrato de

concessão”, diz Lima. “Empresas públicas, como a Cedae (companhia fluminense de

água e esgoto), não se submetem a regulação tão rígida.”

Encarecer o excesso

A Sabesp oferece desconto de 30% na conta de água para quem baixar o consumo em

pelo menos 20%. Segundo a empresa, a campanha recebeu a adesão de 75% da

população paulistana e leva à economia de 3.600 litros por segundo. Para Bittencourt,

da Abes-SP, mais que incentivar a economia, o Estado deve punir o desperdício. “É a

hora de estabelecer limites de consumo individual e cobrar caro de quem excedê-los”,

diz.

Baratear a economia

Criado nos anos 1980, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

(Procel) levou à criação de um selo de eficiência para eletrodomésticos. Em 2009, o

governo federal zerou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os

eletrodomésticos mais eficientes. A medida aqueceu a indústria e estimulou a

economia de eletricidade. Programa semelhante poderia favorecer torneiras,

descargas, lavadoras de roupa e de louça com menor consumo de água. Hoje, o

governo não estimula a compra de produtos de baixo consumo de água, nem os exige

em programas de habitação popular, como o Minha Casa Minha Vida. A prefeitura de

Nova York, nos Estados Unidos, dá US$ 100 a quem trocar um vaso sanitário antigo por

outro moderno, com metade ou um terço do gasto de água.

Informar o cidadão

Em ano eleitoral, os Estados afetados pela seca no Nordeste e Sudeste resistiram a

alertar a população. “Quando cheguei à Inglaterra, em 1974, o alerta era objetivo, em

placas pedindo ‘economize água’”, diz Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de

Hidrologia da Coppe, a pós-graduação em engenharia da Universidade Federal do Rio

de Janeiro (UFRJ). A Sabesp faz campanhas pela economia, mas não informa com

clareza que risco corre o abastecimento. Com informações mais claras, empresas e

famílias poderiam se empenhar mais em evitar o colapso – ou em se preparar para ele.

Impor hidrômetros

O cidadão que vive em condomínios com hidrômetros coletivos não é adequadamente

premiado por economizar nem punido por desperdiçar. A Sabesp diz que hidrômetros

individuais podem baixar o consumo em até 15%. Deveriam ser exigidos como padrão.

E deveria haver incentivos financeiros para custear as obras em condomínios que

mudassem seus sistemas de medição.

Apertar lava a jatos

As prefeituras têm de reforçar a fiscalização aos lava a jatos de automóveis e impor

restrições à atividade. Os maiores sacrifícios nesta crise deveriam vir de consumidores

grandes e irregulares, que prestam serviços não essenciais.

Regular o reúso

O Brasil não tem um padrão de qualidade para a água de reúso. Isso inibe o

investimento de condomínios e empresas em estações de tratamento de esgoto.

“Faltam parâmetros a uma água adequada para regar plantas, lavar carros ou ruas”,

diz Diego Domingos da Silva, engenheiro da Mizumo, fabricante de sistemas de

reaproveitamento de água. “Certos Estados, como São Paulo, adotam exigências mais

rígidas que os Estados Unidos.” Silva diz que regras menos rígidas derrubariam o custo

da água de reúso pela metade.

Empresas

Equipar os prédios

Edifícios com certificados de eficiência energética consomem de 20% a 80% menos

água que seus similares sem selo verde, afirma Sergio Mendes, diretor de

sustentabilidade da empresa de administração imobiliária Cushman & Wakefield.

“Edifícios verdes são até 6% mais caros, mas o custo adicional se paga com gastos

menores de manutenção ao longo da vida útil”, diz.

Guardar chuva

Empresas e condomínios podem investir em sistemas de captação de água da chuva e

reciclagem do esgoto. Após uma reforma, a sede de São Paulo da Câmara Americana

de Comércio (Amcham) reduziu o consumo de água em 35%. Por ano, isso equivale a

mais de 1,6 milhão de litros.

Trocar torneiras

A Sabesp e a fábrica de louças e metais sanitários Docol investiram R$ 800 mil na troca

de torneiras, vasos sanitários e válvulas de descarga de 50 escolas estaduais em São

Paulo. “Ao consumir 40% menos água, o investimento foi recuperado em quatro

meses”, diz Felipe Faria, diretor do Green Building Council Brasil, ONG responsável por

certificar prédios verdes. “Válvulas e torneiras eficientes não custam mais que as

convencionais”, afirma Levi Garcia, diretor da Docol.

Treinar o time

A Amcham treinou melhor a equipe de limpeza. “Usávamos 100 litros de água para

limpar o salão de convenções”, diz a diretora de eventos Daniela Aiach. “Com

treinamento e tecnologia, baixamos esse consumo em 90%.”

Aposentar o regador

Sistemas de irrigação automáticos, com intervalos e quantidade de água programados,

podem reduzir o consumo de água à metade. “Alguns condomínios complementam a

irrigação automática com sistemas de previsão do tempo”, diz Faria.

A receita do molho

“Não podemos mais lavar louça como faziam nossas avós, com torneira aberta”, afirma

Gabriela Yamaguchi, coordenadora da campanha “Água pede água”, do Instituto

Akatu. É possível remover boa parte da sujeira de pratos e panelas com pano ou

guardanapo. Depois, ponha a louça de molho numa bacia com água e gotas de

detergente. “Como a sujeira amolece, basta esfregar de leve com a esponja, para a

louça ficar limpa”, diz a empresária Márcia Chigança. Depois, uma outra bacia cheia de

água limpa pode ser usada para enxaguar toda a louça. Com medidas como as

apresentadas nestas páginas e disciplina, Márcia reduziu a conta de água de casa de R$

180 para R$ 28.

Torneira sem goteira

Uma torneira gotejando desperdiça cerca de 50 litros de água por dia, segundo a

Sabesp. Uma borrachinha de vedação – conhecida em lojas de material de construção

como “courinho” ou “carrapeta” –, por menos de R$ 3, pode acabar com o desperdício

e aumentar a vida útil da torneira.

Máquina de poupar

Máquinas de lavar roupa consomem cerca de 135 litros para lavar 5 quilos de roupa. É

metade do gasto para lavar roupas no tanque, ao longo de 15 minutos. A economia se

esvai ao usar a máquina para lavar pouca roupa.

Toalha impermeável

Toalhas de mesa e descansos de prato impermeáveis, de plástico, não precisam ir à

máquina de lavar. Para limpá-los, bastam detergente e pano úmido.

Válvula redutora

Pequenas peças de plástico, para encaixar em chuveiros, torneiras e descargas,

diminuem a vazão de água e podem reduzir o consumo em até 70%. Fechar

parcialmente o registro geral da casa surte efeito parecido.

As respostas na borra do café

Despeje um pouco de borra de café no vaso sanitário. Se o pó não se depositar no

fundo, é sinal de que a válvula de descarga deixa água passar.

Registro de ocorrência

Para descobrir vazamentos na tubulação de casa, feche o registro geral por pelo menos

uma hora, depois abra. Se o hidrômetro acusar consumo de água, há perda em algum

ponto do encanamento.

Do chuveiro para As roupas...

A água que escorreria pelo ralo, enquanto o chuveiro não aquece, pode ser acumulada

num balde. Use-a para lavar roupa. Como ela ficará no balde, evite usá-la para escovar

os dentes ou cozinhar. Cuide para que a água fique coberta ou seja rapidamente

usada, a fim de não atrair mosquitos da dengue.

...e das roupas para o chão

A água expelida pela máquina de lavar, com sabão e pouca sujeira, pode ser

aproveitada para lavar quintais e outros pisos. Mesmo com sabão, a água pode atrair

insetos, se ficar parada por mais de um dia.

Dos peixes para as flores

A água do aquário dos peixes pode ser reaproveitada para regar o jardim. Ela é rica em

nitrogênio e fósforo, nutrientes importantes para as plantas.

Caldo de legumes

Cozinhar verduras e legumes numa panela de pressão requer cerca de 5 litros de água.

Em vez de ir para o ralo, o caldo pode ser aproveitado para cozinhar arroz, feijão ou

frango, além de fazer sopas.

Lave menos sua calça de brim

Chip Bergh, presidente da fábrica de roupas Levi’s, diz que passa mais de um ano sem

lavar suas calças jeans. Quando muito, limpa sujeiras leves com esponja ou escova. Em

2011, Josh Le, um estudante canadense, usou uma calça por 15 meses sem lavar. Um

exame mostrou que a calça de Josh tinha tantos micróbios quanto uma calça lavada.

Não lave o carro

Lavar o carro gasta entre 250 litros e 500 litros de água. Para evitar o desperdício, a

ONG The Nature Conservancy lançou a campanha “Não chove, não lavo”. “Manter a

frota de São Paulo limpa consumiria 3,5 bilhões de litros”, diz o manifesto. Segundo

Gerson Burin, coordenador técnico do Centro de Experimentação e Segurança Viária

(Cesvi), sujeiras como fezes de passarinho e seiva de árvores atacam a pintura e

precisam ser removidas rapidamente. De resto, o automóvel pode passar semanas

sem água. “Lavar o carro para deixar bonito é desperdício”, diz. “O banho é necessário

quando a sujeira compromete a segurança.” Faróis, vidros e retrovisores sujos podem

distorcer a luz e ofuscar o dono do carro ou quem estiver ao redor. Para evitar esse

problema, basta a água da chuva ou o banho comum nos postos de combustível.

Não dê banho no banheiro

Passar um pano úmido no chão do banheiro ou da cozinha, com produto de limpeza

diluído em 1 litro de água, é mais econômico do que lavar com baldes de água e sabão.

“O brasileiro começou a mudar seus hábitos ao cuidar da casa”, diz Carolina Graciano,

gerente de pesquisa e desenvolvimento da Unilever. “Produtos sem enxágue são mais

práticos e eficientes.”

Não afogue as plantas

“Não é necessário regar o jardim diariamente”, diz Marcel Giovani Costa França,

professor da Universidade Federal de Minas Gerais e especialista em fisiologia vegetal.

Além de desperdiçar água, regar em excesso acaba por lavar os nutrientes da terra.

“As plantas podem ficar desnutridas”, afirma. Para saber se a planta tem sede, basta

encostar um dedo no solo. Terra úmida e folhas viçosas mostram que a planta não está

com sede.

Desafios federativos precisam sem vencidos para acabar com a falta d´água

A forte estiagem que tomou conta de boa parte do país neste ano de 2014 trouxe à

tona a questão do gerenciamento dos recursos hídricos e do fornecimento de água,

serviço público responsável por assegurar um direito fundamental, que integra a

dignidade da pessoa humana, até porque indispensável para a própria sobrevivência.

Inegável, portanto, a responsabilidade do Estado em atender a essa necessidade

pública.

O modo mais adequado e eficiente de fazê-lo, no entanto, depende muito da forma

pela qual se estrutura e organiza o Estado, o que é uma tarefa, desnecessário dizer,

extremamente complexa.

Complexidade que se intensifica quando é escolhido o modelo federativo, em que o

poder se divide territorialmente em unidades autônomas. Isto exige uma delimitação

de competências, encargos e recursos, dando origem a uma multiplicidade de relações

entre entes federados, órgãos e políticas públicas, que devem se harmonizar com

unidade de propósitos para atender a esta e outras necessidades públicas.

Tendo em vista a melhor alocação do fornecimento de bens e serviços públicos, que

deve observar as preferências dos cidadãos, e adequar-se à limitação espacial da

incidência dos benefícios desses bens e serviços, que variam conforme cada caso, o

modelo federativo tende a ser mais eficiente na maior parte dos casos, especialmente

nos Estados de grande extensão territorial, como é o caso do Brasil.

Vencer as dificuldades sempre presentes para aperfeiçoar este desenho do Estado é

um desafio permanente, tarefa a ser cumprida dia após dia, no Brasil e no resto do

mundo. Não é fácil distribuir encargos e financiar políticas públicas com uma

multiplicidade de entes federados autônomos, cujos governantes são eleitos pela

população, no mais das vezes com visões diferentes sobre a melhor forma de gerir a

administração pública, e que devem conviver harmonicamente e agir com unidade de

propósitos na busca do bem comum.

O fornecimento de água, serviço que se insere no contexto das políticas públicas de

gerenciamento de recursos hídricos e de saneamento básico, é daquelas tarefas

especialmente complexas, e as dificuldades para organizar o Estado de modo a

atender essa necessidade básica da população acabam aparecendo em situações de

crise, como a que se está vivenciando.

Está entre aqueles serviços públicos que dificilmente podem ser prestados no âmbito

de uma unidade da federação. Exigem, no mais das vezes, uma cooperação federativa

não só horizontal, mas também e principalmente vertical, com a participação de entes

federados de todos os níveis, e em todos os aspectos — planejamento, execução,

financiamento entre outros. O crescimento das cidades, com o surgimento das

megalópoles e grandes aglomerados urbanos faz com que em muitos casos se

ultrapasse o conceito de interesse local, tornando necessário o compartilhamento de

alguns serviços, nos quais os de fornecimento de água e saneamento se destacam[1].

As regiões metropolitanas tornam-se extremamente úteis para viabilizar uma gestão

eficiente desse serviço, assim como consórcios públicos, parcerias público-privadas e

instrumentos financeiros como fundos e transferências intergovernamentais.

É nesse momento em que vemos a importância e a falta que faz um federalismo bem

construído, com clara delimitação de competências e encargos, especialmente no que

tange aos aspectos financeiros, diretamente afetados por essa estruturação.[2]

Os primeiros registros relevantes de preocupação com o tema no Brasil evidenciam-se

com o Plano Nacional de Saneamento (Planasa), em 1971[3], que abrangia os serviços

de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Financiado por recursos de várias

fontes, nos termos do Sistema de Financiamento do Saneamento, destacam-se os

empréstimos federais concedidos às companhias estaduais de saneamento básico, o

que incentivou a transferência dos serviços, inicialmente difusos entre os entes da

federação, especialmente municípios, para a esfera estadual, o que se reflete no

modelo do sistema atual, e promoveu um avanço, por certo período, nas políticas do

setor.[4]

A Constituição de 1988 trata do tema de forma pouco específica, com destaque para o

artigo 21, XX, que atribui competência à União para “instituir diretrizes para o

desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes

urbanos”; artigo 22, IV, que confere competência privativa à União para legislar sobre

águas; artigo 23, IX, que prevê ser da competência comum da União, dos estados, do

Distrito Federal e dos municípios “promover programas de construção de moradias e a

melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico”; e artigo 26, I, que

inclui entre os bens dos estados “as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,

emergentes e em depósito” (g.n.).

Acrescente-se o artigo 30, incisos I e V, que atribuem aos municípios competência para

legislar sobre assuntos de interesse local e “organizar e prestar, diretamente ou sob o

regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local”, e vê-se

que o conjunto dos dispositivos citados não permite estabelecer com clareza a

titularidade sobre o domínio das águas e o ente competente para prestar o serviço de

distribuição. Faz dessa partilha constitucional de atribuições uma questão

relativamente complexa, com competências exclusivas e não exclusivas, e

competências político-administrativas e legislativas, tornando a titularidade para a

prestação de serviços de saneamento o produto de “uma sofisticada conjugação de

técnicas de repartição de competências do Estado Federal” como bem destacado pelo

hoje Ministro do STF Luís Roberto Barroso em artigo sobre o tema.[5]

A dificuldade na delimitação das competências, de difícil consenso na doutrina,

também transparece na jurisprudência[6], e recentemente voltou a ser debatido em

nossa Suprema Corte, ADI 1842-RJ, em que se constatam as diversas posições sobre o

assunto e a complexidade das relações federativas.

Recentemente o Supremo Tribunal Federal realizou conciliação entre entes federados,

na ACO 2536, movida pelo Ministério Público Federal, em que se discute a

possibilidade de realização de obras pelo estado de São Paulo voltadas à captação de

águas do rio Paraíba do Sul para tentar amenizar o problema de abastecimento de

água, que também banha os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, o que deixa

evidente o conflito federativo presente em matéria de recursos hídricos.[7]

A crise no abastecimento de água que se vê deixa clara a falta de organização e

coordenação federativa nesse assunto, mostrando que o federalismo cooperativo

brasileiro, em aspectos fundamentais para a atenção aos direitos fundamentais dos

cidadãos, é ainda por demais incipiente, e tem muito a evoluir.

As políticas públicas que envolvem o fornecimento e distribuição de águas,

esgotamento sanitário e gerenciamento de recursos hídricos são um grande desafio

para o federalismo cooperativo vigente no Brasil, e que, por uma circunstância da

natureza, tornaram-se de urgente solução.

Não é o caso de se estender em detalhes, até pela superficial abordagem do tema

neste curto espaço, mas é interessante chamar a atenção para alguns aspectos.

De início, note-se que não se pode constatar a falta de legislação sobre o assunto.

A Lei 9.433, de 7 de janeiro de 1997, instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e

criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e tem entre seus

objetivos “assegurar à atual e futura gerações à necessária disponibilidade de água”

(artigo 2º, I), por meio de gestão integrada e planejada, mediante articulação da União

com os Estados (artigo 4º), compondo o sistema órgãos como o Conselho Nacional de

Recursos Hídricos, a Agência Nacional de Águas, os Conselhos de Recursos Hídricos dos

Estados e Distrito Federal, os Comitês de Bacias Hidrográficas, as Agências de Águas e

outros órgãos dos entes federados (artigo 33).

A lei 11.445, de 5 de janeiro de 2007, estabelece as diretrizes nacionais para o

saneamento básico, tendo como um de seus princípios fundamentais o abastecimento

de água (artigo 2º, III), e nela há dispositivos da maior relevância, como a

regulamentação de formas de cooperação, a instituição de fundos para que os entes

federados gerenciem de forma compartilhada os recursos (artigo 13), o planejamento

(artigo 19 ), a regulação (arts. 21 e seguintes), o controle social (art. 47) e as políticas

do setor (artigos 48 e seguintes), dentre outros. O artigo 52 determinou à União

elaborar o Plano Nacional de Saneamento Básico, sob coordenação do Ministério das

Cidades, recentemente aprovado pela Portaria Interministerial 571, de 5 de dezembro

de 2013, produzindo o PLANSAB, com os cenários, diagnósticos, objetivos, estratégias,

metas e programas para o setor no curto, médio e longo prazos.

Vê-se não ser por falta — e até mesmo dizer, falha — de legislação que as torneiras

estão secando nas nossas casas.

Há até normas em demasia tratando do tema. Mas, o que se vê é não estarem sendo

cumpridas — se estivessem, muito provavelmente não faltaria água em lugar algum,

basta ler os diversos textos legais que tratam dessa questão e os vários órgãos que

deveriam planejar, executar e fiscalizar. Um excesso de normas que, ao serem

ignoradas, põe abaixo toda a credibilidade do ordenamento jurídico, inserindo nele

uma multiplicidade de comandos que se transformam em letras mortas, sem qualquer

efetividade, comprometendo a seriedade de todas as demais normas.

Trata-se de mais um caso em que é preciso dar cumprimento à legislação já existente,

tornando real um planejamento que se mostra presente apenas em tese, e utilizar

bem os instrumentos de cooperação federativa, especialmente no que tange ao

financiamento e compartilhamento de recursos entre os entes federados.

Caso contrário, só nos resta adaptar o ditado popular para reconhecer que “em

federação onde falta água, todos brigam e ninguém tem razão”, e começar a treinar a

dança da chuva...

Na luta contra as mudanças climáticas, COP 20 em Lima não preparou o

caminho para Paris

O título do documento final da COP 20 — Conferência da Organização das Nações

Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas — em Lima já desanima. É o “Chamado de

Lima para a ação climática”. A esta altura dos acontecimentos é muito pouco.

Foram 20 Conferências da ONU sobre mudanças climáticas. Desde a Conferência das

Partes de Copenhague, a famosa COP 15, na qual compareceram os chefes de Estado,

já se usava este termo. “A call for action” era o título dos documentos assinados por

grandes empresas globais antes da COP de Copenhague.

Na negociação do Peru, a história se repetiu: uma sucessão de impasses, que levou a

reunião a se atrasar. Em vez de terminar na sexta-feira (12) à meia noite e só terminou

na madrugada deste domingo (14), quando foi aprovado pelos delegados de 195

países que participaram da conferência. E tudo isso para decidir sobre um texto que foi

ficando mais fraco a cada vez que se via que os impasses eram insuperáveis. A

expectativa era que Lima preparasse o terreno para Paris. Não foi.

Era irrealista por duas razões. A primeira é que a regra da ONU de decisão por

unanimidade, e não maioria, impede que se aprove um documento suficientemente

forte. Ela leva ao mínimo denominador comum, e não ao máximo.

A segunda razão é que ninguém toma decisões deste tipo, antes do tempo. A decisão

de Paris só será tomada em Paris. E a pretensão é que no ano que vem, na capital

francesa, seja fechado o primeiro acordo abrangente de redução das emissões.

Ele vai substituir o Protocolo de Kyoto que ficou restrito a alguns poucos países. Paris

pode ser um sucesso se for uma reunião de governantes e se eles entenderem os

riscos que o mundo está correndo nessa luta contra o tempo.

Mulheres são mais vulneráveis às mudanças climáticas

Os eventos climáticos extremos, o aumento da temperatura e a elevação do nível do

mar afetam com mais força as mulheres, especialmente se vivem em um entorno rural

e são pobres, segundo líderes de alto escalão participantes da Cúpula do Clima

realizada em Lima. Ministras e funcionárias tentam fazer com que esse impacto

específico fique registrado em um dos documentos que os 196 países participantes

negociam. O texto servirá de subsídio a um acordo que será assinado em 2015 na

conferência as Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, marcada para Paris.

Um dos esboços chamado coloquialmente de Os Elementos, uma espécie de índice dos

assuntos que serão tratados em Paris, observa que as ações precisam ter um enfoque

de gênero. “Ainda temos o desafio de lutar contra o cinismo, apesar da evidência de

que as mudanças climáticas impactam desproporcionalmente nas mulheres”, explica

Lakshmi Puri, diretora-adjunta da ONU Mulheres e especialista em políticas públicas e

desenvolvimento econômico.

Puri enfatiza como o desenvolvimento das mulheres é freado por culpa dos efeitos do

clima, que desvia e dispersa os recursos necessários nas zonas rurais. “Por causa da

escassez de água, em muitos países em desenvolvimento da Ásia, África e América

Latina as mulheres têm de caminhar distâncias cada vez maiores para encontrar água,

seja pela desertificação ou pelo fato de os níveis dos lençóis freáticos estarem

diminuindo”, diz. O mesmo ocorre com as atividades de pesca ou com a busca de

lenha, o que se traduz em perda de oportunidades para as mulheres que dedicam todo

o seu tempo a questões de mera sobrevivência.

Na Ásia e África, 80% dos trabalhadores na agricultura são mulheres. “Nos eventos

climáticos extremos, como secas, tsunamis ou inundações, a mortalidade de mulheres

é maior. Em um tsunami no Sri Lanka, para cada homem que morreu, faleceram cinco

mulheres. As trabalhadoras em pequena escala não costumam ter direitos à

propriedade da terra e suas perdas em eventos extremos não são quantificadas,

impedindo que possam pedir alguma ajuda como desabrigadas”, acrescenta.

Essa perspectiva de gênero sobre as mudanças climáticas une um grupo de líderes em

torno da Troika de Mulheres Líderes em Gênero e Mudanças Climáticas. Mary

Robinson, ex-presidenta da Irlanda e diretora da Fundação Justiça Climática, é uma

delas. “Necessitamos de equidade de gênero na ação contra a mudança do clima.

Sejamos assertivos em vez de estar na defensiva (...). As mulheres têm de responder

quando não há alimento, quando são vítimas da seca ou das inundações, quando têm

de cuidar da saúde das vítimas. São um pivô no enfrentamento das mudanças

climáticas”, disse em uma das reuniões da cúpula.

Michele Bachelet, presidenta do Chile, Cristiana Figueres, secretária-executiva da

Convenção Marco das Mudanças Climáticas; Maite Nkoana-Mashabane, ministra de

Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul; Patricia Espinosa, ex-presidenta

da COP16 e ex-ministra de Relações Exteriores do México; a comissária da União

Europeia Connie Hedegaard e a rede de ministras do Ambiente também formam parte

do grupo.

O principal documento científico sobre as mudanças climáticas, elaborado pelo Painel

Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), cita pesquisas e evidências

sobre os danos específicos causados pelo aquecimento da terra na população

feminina. O capítulo 17, sobre pobreza e subsistência, assinala que as mulheres

precisam adicionar outros serviços fora da terra para conseguir receitas extras, como

resultado das perdas agrícolas provocadas pelas mudanças climáticas.

Em meio a um panorama pouco alentador, surgem algumas iniciativas esperançosas.

As Nações Unidas premiaram durante a cúpula três experiências de trabalho e

mudanças climáticas com mulheres pobres na Índia, Indonésia e Tailândia. Na Índia,

um sistema de retenção subterrânea de água que opera durante as monções

conseguiu fazer com que 18.000 mulheres de áreas marginais e sem alfabetização

continuem trabalhando na terra durante os tempos de seca. Uma delas relata assim

sua experiência: “Antes nem nos abriam a porta nas comunidades vizinhas porque

pensavam que éramos mendigas. Agora somos autossuficientes”.

Filme 'Brincante' é celebrado em sessão e show de Antonio Nóbrega

A apresentação acontece no Ibirapuera

Antonio Nóbrega - cena do filme "Brincante"

Antonio Nóbrega comanda show e apresenta o filme "Brincante", no Auditório

Ibirapuera - Oscar Niemeyer

No sábado, dia 20, às 19h, o músico, compositor e dançarino Antonio Nóbrega sobe ao

palco da área externa do Auditório Ibirapuera - Oscar Niemeyer, no Parque do

Ibirapuera, para comandar um show, uma ciranda e apresentar o filme "Brincante", de

Walter Carvalho, que fala sobre sua trajetória e do Instituto Brincante. O evento, que

também encerra a programação de 2014 do Auditório, tem entrada Catraca Livre.

O longa-metragem "Brincante" apresenta uma viagem musical na obra de Antonio

Nóbrega, conduzida pelos seus personagens João Sidurino e Rosalina, das peças

"Brincante" e "Segundas Histórias". Em um misto de ficção e documentário, diversas

expressões culturais mostram como esse artista é importante para o imaginário

cultural brasileiro.