SÃO PAULO ABRIL/2012 - portal.cps.sp.gov.br · através do Mapa de Competências em Hospedagem e do ponto de vista da Educação Profissional em Hospedagem, apresentando-se os modelos

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  • CENTRO ESTADUAL DE EDUCAO TECNOLGICA PAULA SOUZA

    ANA LCIA SARTORELLI

    POUSADA-ESCOLA: A APLICAO DE MATRIZES DE COMPETNCIA PARA UMA

    AO ESTRATGICA VENCEDORA

    SO PAULO

    ABRIL/2012

  • ANA LCIA SARTORELLI

    POUSADA-ESCOLA: A APLICAO DE MATRIZES DE COMPETNCIA PARA UMA AO

    ESTRATGICA VENCEDORA Dissertao apresentada como exigncia parcial para obteno do Ttulo de Mestre em Tecnologia no Centro Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza, no Programa de Mestrado em Tecnologia: Gesto, Desenvolvimento e Formao sob orientao do Prof. Doutor Alfredo Colenci Jnior.

    SO PAULO ABRIL/2012

  • ANA LCIA SARTORELLI

    POUSADA-ESCOLA: A APLICAO DE MATRIZES DE COMPETNCIA PARA UMA AO

    ESTRATGICA VENCEDORA

    _________________________________________________

    PROF. DR. ALFREDO COLENCI JNIOR

    __________________________________________

    PROF.. DR SENIRA ANIE FERRAZ FERNANDEZ

    __________________________________________

    PROF. DR ANA TERESA COLENCI TREVELIN

    So Paulo, 02 de Abril de2012

  • minha me, que dedicou-se a me ensinar como ser aluna e professora.

    Ao meu esposo, companheiro de todas as horas, fonte de fora e amor.

    Ao meu filho, alegria da minha existncia.

  • Agradecimentos

    Agradeo a Deus pela vida, pela guia e pela misericrdia.

    Agradeo ao meu orientador Prof. Dr. Alfredo Colenci Jnior, s Prof.s Dr

    Helena Gemignani Peterossi, Dr Senira Anie Ferraz Fernandez, Dr Ana Teresa

    Colenci Trevelin, Dr Eliane Simes e demais professores por me incentivarem

    durante a elaborao do trabalho.

    Agradeo s irms Ivanise da Silva Lima e Zulange Grillo pelo auxlio

    inestimvel e pelas palavras de f, esperana e sabedoria.

    Agradeo aos Professores Carlos Bernardo, Ivone Marchi Lainetti Ramos,

    Stella Maris A. Lobo, Esmeralda Macedo Serpa e Amneris Ribeiro Caciatori pelo

    auxlio, incentivo e apoio.

    Agradeo aos meus alunos, que por esperar em mim mais do que imagino ser

    capaz de oferecer, me mostraram a responsabilidade de me tornar um exemplo para

    eles.

    Agradeo Clo, pessoa dedicada, solcita e sempre pronta a ajudar.

    Enfim, agradeo a todas as pessoas que direta ou indiretamente tornaram

    possvel a elaborao deste trabalho.

  • Resumo

    SARTORELLI, A. L. Pousada-Escola: A Aplicao de Matrizes de Competncia

    para uma ao estratgica vencedora. 2012.122 f. Dissertao (Mestrado em

    Tecnologia) - Centro Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza, So Paulo,

    2012.

    O presente trabalho tem por objetivo apresentar a ferramenta gerencial denominada

    Matriz de Competncia para o desenvolvimento organizacional, a partir da

    identificao qualitativa e quantitativa das competncias necessrias para a

    implementao de estratgias vencedoras de gesto. Para tal foi feita uma reviso

    bibliogrfica baseada nos melhores casos e foi desenvolvida uma aplicao

    especfica numa proposta de Pousada-Escola, entendida como um pequeno

    empreendimento gerador de emprego e renda e promotor, a baixo custo, de

    capacitao de profissionais qualificados e lazer com qualidade e conforto bem

    identificados pelos potenciais usurios. Foram desenvolvidas as matrizes de

    competncia dos profissionais formados pela Pousada-Escola, detalhando o perfil do

    profissional formado por esta. Para avaliao da viabilidade do negcio foi

    desenvolvido o Plano de Negcios com a instalao da Pousada-Escola no Distrito

    de Paranapiacaba em Santo Andr/SP.

    Palavras-chave: Educao Profissional, Hospedagem, Turismo, Matriz de

    Competncias, Cadeia Produtiva do Turismo.

  • ABSTRACT

    SARTORELLI, A. L. Pousada-Escola. 2012. 122 f. Dissertao (Mestrado em

    Tecnologia) - Centro Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza, So Paulo,

    2011.

    The objective of this study is to present a management tool called Competence

    Matrice for an organized development, from an identification of qualitative and

    quantitative needed skill for a installation of winner management strategy. In this

    way, it was developed a bibliographic search looking for the best cases and it was

    done one specific apply for a Hotel Scholl proposal, understood as a small business

    with job and money generation, and with promotion, with low cost, of quality workers

    preparation and quality and good happy times, well verified by potential users.

    Competence matrices for workers prepared by Hotel Scholl it was developed,

    detailing the job assessment of the same. Bearing in mind business viability

    evaluation, a Business Project looking an installation of the Hotel Scholl on

    Paranapiacaba District in Santo Andre/SP was developed.

    Keywords: Professional Education, Hospitality, Tourism, Training, Array of Skills,

    Tourism Production Chain.

  • Lista de Ilustraes

    Esquemas

    ESQUEMA 1 - Cadeia Produtiva do Turismo.............................................................27

    ESQUEMA 2 - Etapas para elaborao da Matriz de Competncia........................28

    Grficos

    GRFICO 1 - Mapa de competncias de uma pousada com as deficincias

    descritas pelo SEBRAE..............................................................................................32

    GRFICO 2 - Cursos oferecidos no Hotel-Escola SENAC.......................................35

    GRFICO 3 - Mapa de Competncias da Pousada-Escola......................................63

    GRFICO 4 - Mapa de Competncias Administrao Profissionalizada baseada no

    Modelo Accor..............................................................................................................69

    Mapas

    MAPA 1 - Mapa de Investimentos Hoteleiros.............................................................23

    Quadros

    QUADRO 1 - Setores operacionais em um Hotel-Escola.........................................34

    QUADRO 2 - Atividades da camareira ....................................................................40

    QUADRO 3 - Atividades do copeiro .........................................................................46

    QUADRO 4 - Atividades do recepcionista................................................................53

    Tabelas

    TABELA 1 - Mapa de Competncias de uma Pousada sem uma Administrao

    Profissionalizada....................................................................................... .................32

    TABELA 2 - Mapa de Competncias da Pousada-Escola......................................62

    TABELA 3 - Administrao Profissionalizada baseada no Modelo Accor..............68

  • Lista de Abreviaturas e Siglas

    A&B Alimentos e Bebidas

    ABIH - Associao Brasileira da Indstria de Hotis

    ABP Aprendizagem Baseada em Problemas

    CBO - Classificao Brasileira de Ocupaes

    CEETEPS Centro Estadual Educao Tecnolgica Paula Souza

    MH Meio de Hospedagem

    MTE - Ministrio do Trabalho e Emprego

    SENAC Servio Nacional do Comrcio

    SINHORES Sindicato de Hotis, Bares, Restaurantes e Similares

    UH Unidade Habitacional

  • Sumrio

    Introduo .........................................................................................................10

    1. Hospedagem ................................................................................................14

    1.1. Evoluo Histrica no Mundo ....................................................................14

    1.1.1. Evoluo Histrica no Brasil ......................................................................17

    1.2. Tipologia de Meios de Hospedagem ..........................................................24

    1.3. Hospedagem na Cadeia Produtiva do Turismo...........................................26

    1.4. Mapa de Competncias em Hospedagem..................................................28

    1.5. Educao Profissional em Hospedagem ....................................................33

    1.5.1. Hotel-Escola ............................................................................................33

    2. Formao Baseada em Competncias .........................................................37

    2.1. Competncias em uma Pousada-Escola ....................................................40

    3. Viabilidade da Pousada-Escola ....................................................................60

    4. Modelo de Administrao Rede Accor .........................................................64

    4.1. Mapa de Competncias com a utilizao do Modelo da Rede Accor ............67

    Concluso .........................................................................................................70

    Referncias Bibliogrficas ................................................................................72

    Glossrio...........................................................................................................76

    APNDICE A Plano de Negcios ....................................................................78

  • 10

    Introduo

    Pela sua importncia socioeconmica, a Hotelaria representa no Brasil um

    grande potencial a ser implantado, principalmente, em investimentos mais

    especficos e dedicados nos empreendimentos de pequeno e mdio porte, capazes

    de gerar emprego e renda com menores investimentos e de atender grupos

    especficos cujas demandas so estabelecidas por temas pontuais ou regionais

    como paisagem, crena, folclore, clima, produo regional: vincola, frutfera,

    laticnios.

    A situao descrita acima motivou esta pesquisa no sentido de melhor

    apresentar os elementos para o desenvolvimento organizacional de um determinado

    tipo de instituio denominada Pousada-Escola, pela sua incipincia e baixa

    disponibilidade no mercado brasileiro, cuja anlise representa uma efetiva

    contribuio ao fortalecimento da Cadeia Produtiva do Turismo e Hotelaria.

    A Pousada-Escola tem, em suas atividades previstas, fornecer alm da

    hospedagem o ensino profissional desenvolvido dentro do ambiente de trabalho.

    Ressalta-se a importncia de um ensino voltado aos pequenos e mdios Meios de

    Hospedagem que no Brasil existem em quantidade maior do que os de grande

    porte. Ser apresentado o modelo de Pousada-Escola dentro do contexto da maioria

    dos destinos tursticos do pas para o turista de lazer, cujo pblico-alvo a

    emergente classe C.

    O objetivo geral desse trabalho analisar os modelos de formao

    profissional em Hotelaria em ambientes reais de hospedagem.

    So objetivos especficos desse trabalho:

    Situar a Pousada-Escola dentro da Cadeia Produtiva do Turismo e

    Hospitalidade;

    Demonstrar o adequado uso do Mapa de Competncias na Pousada-

    Escola como elemento facilitador do processo de desenvolvimento de

    competncias;

    Propor Matrizes de Competncias relativas funes demandadas e aos

    profissionais que podem ser capacitados em uma Pousada-Escola;

    Analisar a viabilidade econmica e financeira de uma Pousada-Escola;

  • 11

    Abordar a Educao Profissional em Hotelaria em uma formao baseada

    em competncias.

    O problema principal, objeto desse trabalho :

    A Pousada-Escola apoiada em um Modelo de Ensino Baseado em

    Competncias representa uma alternativa vlida para a formao de

    profissionais em Hotelaria e Turismo?

    Tem-se at hoje, como hiptese que o modelo de Hotel-Escola tem seu foco

    na formao de profissionais para Meios de Hospedagem de Grande Porte, e que a

    Pousada-Escola pode atender melhor demanda maior do pas em Hotelaria, que

    est relacionada qualificao de profissionais para pequenos meios de

    hospedagem.

    Esse trabalho objetiva apresentar como os modelos existentes funcionam e

    propor, em um modelo intermedirio, solues s questes colocadas. Ele

    relevante considerando a necessidade de capacitao de profissionais em uma rea

    que tende a crescer vertiginosamente nos prximos anos. Os beneficiados so

    instituies de ensino, alunos, empresrios, mercado hoteleiro e governo.

    A metodologia utilizada para esta pesquisa foi exploratria a partir de

    exemplos tomados junto ao mercado e pesquisa bibliogrfica.

    Inicialmente buscou-se estudar uma ou mais Pousadas-Escolas no pas.

    Foram encontradas somente duas, sendo uma na Bahia e outra em Rondnia.

    Foram encontradas referncias sobre a Pousada-Escola da Bahia, porm no houve

    contato. Foi feito contato com a de Rondnia, porm no houve resposta s

    solicitaes. Desta forma, optou-se por utilizar-se informaes de pousadas

    localizadas no distrito de Paranapiacaba em Santo Andr/SP, das competncias dos

    seus profissionais e modelo de administrao hoteleira existente.

    Como tericos de base, destacam-se Beni (2007), Andrade, Brito e Jorge

    (2007) e Martins (2010).

    Foram utilizados dados do relatrio Investimentos no Brasil: Hotis & Resorts

    - 2011da BSH Travel Research, que uma diviso da BSH International. A BSH

    uma empresa completa de hospitality asset management, que opera em todas as

    fases do investimento, desde a identificao de oportunidades, conceituao de

  • 12

    produtos, estruturao de projetos e negcios, montagem de pacotes financeiros e

    gesto do investimento. J a BSH Travel Research diviso da BSH International

    responsvel pela publicao de relatrios de tendncias. Outra fonte de informao

    foram as publicaes do SEBRAE.

    Essa dissertao foi estruturada da seguinte forma:

    Introduo

    Foram apresentados o problema, hiptese, objetivos gerais e especficos,

    justificativa, metodologia e a descrio dos captulos.

    Captulo 1: Hospedagem

    Neste captulo buscou-se demonstrar a aplicabilidade da Pousada-Escola

    considerando-se o contexto histrico e econmico no Brasil e no Mundo. So

    apresentados os investimentos que sero feitos at o ano de 2014 no Brasil. So

    definidos Meios de Hospedagem de pequeno porte com nfase na Pousada. A

    Pousada-Escola apresentada como importante elo da Cadeia Produtiva do

    Turismo. As competncias so apresentadas do ponto de vista das organizaes

    atravs do Mapa de Competncias em Hospedagem e do ponto de vista da

    Educao Profissional em Hospedagem, apresentando-se os modelos existentes,

    com maior nfase no Hotel-Escola.

    Captulo 2: Formao Baseada em Competncias

    Este captulo apresenta o conceito da Formao Baseada em Competncias

    sob o ponto de vista de diferentes autores e sua aplicao em uma Pousada-Escola.

    So apresentadas as Matrizes de Competncia dos profissionais a serem formados

    pela Pousada-Escola.

    Captulo 3: Viabilidade da Pousada-Escola

    apresentada neste captulo a anlise da viabilidade tcnica, econmica e

    financeira da Pousada-Escola, tendo como subsdio o Plano de Negcios

    desenvolvido.

    Captulo 4: Modelo de Administrao da Rede Accor

    Neste captulo apresentado o modelo de Administrao da Rede Accor e as

    vantagens da adoo deste modelo para a Pousada-Escola.

  • 13

    Concluso

    Na concluso apresentada a viabilidade e aplicabilidade da Pousada-Escola

    dentro do contexto histrico e econmico atual.

  • 14

    1. Hospedagem

    1.1.Evoluo Histrica no Mundo

    H registros de hospedagem na antiga Mesopotmia. O marco inicial da

    hospedagem, porm, est situado na Grcia antiga, quando, nos Jogos Olmpicos,

    era providenciado abrigo para os milhares de participantes que vinham de vrios

    locais para uma programao de vrios dias. Segundo a Associao Brasileira da

    Indstria de Hotis (2009), o primeiro hotel que se tem notcia uma hospedaria

    com cerca de 10 mil metros quadrados utilizada para hospedar os participantes da

    Olimpada.

    Durante o Imprio Romano, foram construdas diversas estradas ligando o

    seu vasto domnio. A hospedagem demandada pelos grandes deslocamentos era

    primitiva e podia ocorrer em casas, templos pagos, acampamentos, como tambm

    em tabernas (com m reputao) e hostellun (palacetes frequentados por reis)

    (DUARTE 2005, p. 11).

    As estradas romanas, pela extenso e intenso fluxo de pessoas, exigiam

    vrias paradas durante o deslocamento entre as cidades. Isso propiciou o

    surgimento da hospedagem com fins lucrativos ou de benefcios. Diferentemente

    das hospedagens das Olimpadas, as pousadas romanas faziam parte do sistema

    econmico das cidades, gerando um comrcio entre os viajantes e os moradores e

    at mesmo a troca de mercadorias entre cidades. Essa transformao ocorreu,

    principalmente, aps o grande boom de Meios de Hospedagem nessas estradas.

    Os locais para hospedagem da poca eram insuficientes para atender uma

    grande demanda. Um exemplo o nascimento de Jesus. Por ordem de Csar

    Augusto, todos aqueles que estavam sobre dominao de Roma deveriam se alistar,

    e cada um se alistava segundo a sua cidade. Jos foi a Belm porque, embora fosse

    de Nazar, era da famlia de Davi. Maria ... deu a luz a seu filho primognito, e

    envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque no havia lugar para

    eles na estalagem. (BBLIA SAGRADA EVANGELHO DE SO LUCAS, Captulo 2,

    Versculos 4 a 7)

  • 15

    Com a queda do Imprio Romano e a diminuio da segurana houve um

    declnio expressivo do nmero de hspedes, o que afetou negativamente as

    estalagens.

    O cristianismo proporcionou um novo aumento do fluxo de viajantes, graas

    uma maior sensao de segurana. Na Idade Mdia, a hospedagem era feita em

    mosteiros e abadias. Nessa poca, atender os viajantes era uma obrigao moral e

    espiritual. (ANDRADE 2007, p.18). O conceito de amor ao prximo, com a

    valorizao do bem receber melhorou a relao entre viajantes e os donos de

    hospedarias. A sociedade crist nasceu onde convergiam dois mundos, o oriental e

    o ocidental, e por isso houve rpida expanso.

    Estes locais no possuam como funo principal a hospedagem. Muitos

    deles eram casas particulares onde os viajantes se acomodavam em pequenos

    quartos, estbulos, ou alguns meios eram somente utilizados esporadicamente, em

    datas comemorativas ou durante guerras. Ento a funcionalidade principal destes

    estabelecimentos seria a moradia e no a hospedagem, o mesmo acontecia com os

    mosteiros em que as funes religiosas vinham em primeiro lugar.

    No final da Idade Mdia, com crescimento das cidades e o incio da revoluo mercantil, houve um grande desenvolvimento das estalagens, que passaram a oferecer, alm dos servios de alojamento, refeies e vinhos, cocheiras e alimentao para os cavalos, troca de parelhas e servios de manuteno e limpeza para as charretes ou outros tipos de

    veculos. (DUARTE 2005, p.12)

    Essas estalagens mais preparadas j trabalhavam como agenciadores de

    diligncias, uma vez que se tornavam ponto de sada e de chegada dos viajantes e

    ofereciam passagens para essas viagens.

    No sculo XII, as viagens na Europa voltavam a se tornar mais seguras e

    rapidamente as hospedarias se estabeleceram ao longo das estradas (SINHORES,

    2011), Aos poucos, diversos pases implantavam leis e normas para regulamentar a

    atividade hoteleira, especialmente a Frana e a Inglaterra. Na Frana foram criadas

    leis, para registro de hspedes em 1407 e para regulamentar tarifas das pousadas

    em 1561, enquanto na Inglaterra isso aconteceu em 1.446 (sculo XV) (DUARTE

    2005, p.12). Segundo Associao Brasileira da Indstria de Hotis (2009) no ano de

    1.514 (sculo XVI), os hoteleiros de Londres foram reconhecidos legalmente

    passando de hostelers (hospedeiro) para innholders (hoteleiros).

  • 16

    Na Inglaterra, no perodo de 1750 a 1820, no bojo da Revoluo Industrial, as estalagens foram substitudas pelos inns, que se difundiram em Londres e arredores, e conquistaram a reputao de serem os melhores hospedeiros daquela poca. Os innkeepers diversificaram e valorizaram seus servios, oferecendo alto padro de limpeza e excelente alimentao. medida que

    foram sendo construdas estradas de rodagem e ferrovias ligando os grandes centros s cidades porturias, houve grande aumento na quantidade de hotis, principalmente nestas ltimas. (DUARTE 2005, p.12)

    Com a chegada das ferrovias, muitos estabelecimentos fecharam as portas.

    Os meios de transportes estavam ficando mais rpidos e no mais criavam a

    necessidade de grandes perodos de hospedagem ao longo dos caminhos.

    Hotis e pousadas foram construdos nas redondezas das estaes de trens

    e no mais ao longo das vias por onde passavam as diligncias, pois j havia

    nessas vias muitas hospedarias estabelecidas e muitas outras estavam fechando

    suas portas.

    Segundo Andrade, Brito e Jorge (2007, p. 18) os hotis com staff

    padronizado, formado por gerentes e recepcionistas, aparecem somente no incio do

    sculo XIX.

    Em 1.829 inaugura-se o Tremont House nos Estados Unidos, que foi um

    marco importante para a Hotelaria, pois oferecia quartos com acomodao privada,

    single e double (o conceito anterior ainda era o de grandes quartos com vrias

    camas). Todos os quartos tinham fechaduras e portas, jarro e bacia para higiene

    pessoal e um sabonete de cortesia. Alm disso, surgiu nesta poca o mensageiro

    (DUARTE 2005, p.14).

    Em 1.870 foi construdo o primeiro estabelecimento hoteleiro planejado em

    Paris. As inovaes foram o banheiro privativo em cada quarto e a uniformizao

    dos funcionrios. O pioneiro foi o suo Csar Ritz (DUARTE 2005, p.12). No final

    do sculo XIX e incio do sc. XX a grande pioneira da Hotelaria, a Europa

    (destacando Frana e Inglaterra) ficou estagnada em relao aos Estados Unidos

    (DUARTE 2005, p.14).

    Nessa poca, nos EUA, desenvolveu-se um padro de atendimento com

    dignidade, respeito e principalmente privacidade, diferencial que no existia at o

    momento na Hotelaria.

    Em janeiro de 1.908 foi inaugurado o Statler Hotel em Bfalo, sendo o

    primeiro hotel comercial moderno. Ele usava conceitos anteriores e tinha as

  • 17

    seguintes inovaes: portas corta-fogo nas escadarias principais, fechaduras em

    todas as portas com a maaneta abaixo do tambor da chave, interruptor de luz ao

    lado das portas de entrada nos ambientes, banheiros privativos para cada

    apartamento, gua corrente, espelho de corpo inteiro e jornal matutino gratuito para

    os hspedes. Seu slogan era: A room and a bath a dollar and half (um quarto e um

    banheiro por um dlar e meio) (DUARTE 2005, p. 15).

    Durante a primeira guerra mundial houve uma estagnao na atividade

    hoteleira, embora nessa poca fossem construdos m Nova York hotis famosos

    como Hotel Pensylvania (atual Stlater), New Yorker (de Ralf Ritz) e em Chicago o

    Stevens Hotel (hoje da Rede Hilton). Na dcada de 30 a Grande Depresso fez com

    que 85% das propriedades hoteleiras fechassem ou sofressem interveno judicial.

    (SINHORES 2011)

    No sculo XX que surge a classe mdia, enquanto base para uma

    sociedade de consumo de massa. Nos pases desenvolvidos, o operariado com

    capacidade aquisitiva para o lazer e turismo passa a ser representativo no mesmo

    perodo (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2007, p.18).

    Segundo Jos Ernesto Marino Neto (2011), a crise econmica em 2.008 teve

    um impacto negativo ao longo de 2009 com o apontamento de recesso na Europa,

    sia, EUA e Amrica Latina. Como desdobramento da crise, em 2010, a economia

    da Europa vem sendo afetada negativamente pelo endividamento da Grcia,

    Portugal, Espanha, Itlia, Irlanda e pases do leste europeu. Segundo Leopoldo

    (2011) O ex-presidente do Banco Central, Armnio Fraga, afirmou que uma recada

    da economia internacional no curto prazo poderia provocar uma crise global pior do

    que a registrada em 2008.

    1.1.1. Evoluo Histrica no Brasil

    A hospedagem, no Brasil,iniciou-se com o acolhimento de viajantes em

    fazendas.

    No Brasil Colnia as sedes das fazendas tinham uma arquitetura peculiar, de

    modo a abrigar os visitantes em trnsito que eram acolhidos pelo senhor das terras.

    Quartos sem janela para o exterior, situados na parte central da sede da fazenda,

    permitiam o abrigo solicitado desde que o hspede fosse l encerrado, com

  • 18

    cadeado, por fora, a partir do escurecer, como uma cela, de modo a proteger a

    honra das mulheres da propriedade. S na manh seguinte eram abertas para a

    libertao do acolhido.

    Ao longo do tempo, os donos de fazendas construam na beira da estrada

    ranchos para acomodar viajantes, sem no entanto cobrar nada por isso.

    (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2007, p. 20).

    O aumento de cidades como o Rio de Janeiro fez com que surgisse a

    necessidade de hospedagem, que se resumiam a penses e hospedarias simples.

    Segundo Andrade, Brito e Jorge (2007, p. 20), a vinda da famlia real

    portuguesa mudou a histria da hospedagem no Brasil. Os nobres que

    acompanharam a famlia real se apropriaram de imveis para moradia, porm um

    grande nmero de pessoas que os acompanharam na fuga para o Brasil tiveram que

    se utilizar dos precrios Meios de Hospedagem ento existentes.

    Os proprietrios de penses e hospedarias se depararam com as exigncias

    de pessoas acostumadas com um padro de hospedagem diferente. Alguns

    melhoraram suas instalaes e servios, outros simplesmente utilizaram-se da

    denominao hotel para atrair clientes.

    A presena da famlia real portuguesa e o crescimento das cidades,

    principalmente do Rio de Janeiro, teve em paralelo uma maior oferta de

    hospedagem, e tambm a construo de Meios de Hospedagem com grande

    nmero de unidades habitacionais (ANDRADE; BRITO; JORGE , 2007, p.21).

    No sc. XX, nas dcadas de 30 e 40 a abertura de hotis cassino, que

    atraam um nmero elevado de hspedes e visitantes, representa um novo captulo

    na histria da hospedagem, com instalaes grandiosas e luxuosas.

    A proibio do jogo em 1.948 impactou negativamente na Hotelaria, levando

    ao fechamento de hotis outrora bem sucedidos. Como exemplo, pode-se citar o

    Hotel Quitandinha em Petrpolis, hoje um condomnio residencial, e o Grande Hotel

    Arax em Arax/MG, que permaneceu fechado por um longo tempo e depois foi

    reformado e reaberto graas iniciativa do governo local segundo (ANDRADE;

    BRITO; JORGE, 2007, p. 22).

  • 19

    A Hotelaria no Brasil foi, durante um longo perodo, dominada pela Hotelaria

    familiar, onde mesmo hotis de grande porte ou redes eram de propriedades de

    indivduos e famlias. Um exemplo o Hotel CadOro, inaugurado em 1956, sendo o

    primeiro hotel cinco estrelas de So Paulo (SKUJIS, 2009).

    A instalao do Hotel Hilton em So Paulo, de rede internacional na dcada

    de 1.970 foi um divisor de guas na hospedagem, pois trouxe um novo modelo

    administrativo e operacional para a Hotelaria Brasileira. Foi implantada, ento, uma

    padronizao de servios e uma profissionalizao na administrao de hotis.

    Sendo assim, abriu-se um mercado receptivo s redes internacionais e mudou-se a

    forma de administrar Meios de Hospedagem por parte dos empresrios brasileiros.

    Destacava-se no cenrio nacional o hotel Maksoud Plaza, fundado em 1979 e

    referncia em qualidade.

    As redes que se instalaram no pas inicialmente adquiriam imveis, os

    decoravam e os administravam. Como exemplo, podemos citar a Rede Accor, que

    iniciou sua expanso no Brasil atravs de unidades da marca Novotel com prdios

    prprios, sendo que at 1983, o crescimento da companhia aconteceu por

    intermdio da implantao de unidades hoteleiras desta marca. J entre 1985 at

    2001, houve um crescimento vigoroso do nmero de empreendimentos da marca

    Parthenon, tambm pertencente Rede Accor. (LEITE; LUCENA, 2009, p.161)

    A Rede Accor pertence ao Grupo Accor, e atua no ramo de viagens, servios

    e Hotelaria (Travel, Services and Hotels). A diviso de Hotelaria no Brasil conta com

    as marcas Sofitel, Pullman, Novotel, Mercure, Ibis e Formule 1. As marcas

    representam nveis de servio diferentes, com um pblico bem especfico. A marca

    Sofitel (Superior) a mais luxuosa da rede, destinada a um pblico de alto poder

    aquisitivo. A marca logo abaixo do Sofitel a Pullman, que destina-se a viajantes

    negcios e seu pblico alvo "upscale". No nvel intermedirio esto as marcas

    Novotel e Mercure. O Novotel atende tanto os que turistas de negcio como famlias

    que viajam a lazer. J o Mercure busca integrar-se s culturas locais, com

    decorao temtica, sendo mais focado no Turismo de Negcios (midscale).

    Com relao aos hotis econmicos, tm-se as marcas Ibis e Formule 1. A

    marca Ibis refere-se a hotis simples nas instalaes e servios com uma tarifa

    acessvel, situando-se na categoria de hotis econmicos. J o Formule 1 atua no

  • 20

    segmento supereconmico, com o mnimo de instalaes e servios necessrios,

    sem, no entanto, deixar de atender s necessidades dos clientes.

    Houve uma mudana importante, mais acentuadamente na dcada de 90,

    onde essas mesmas redes passaram a focar sua atuao na administrao de

    Meios de Hospedagem utilizando-se de recursos de fundos de penso e investidores

    para a criao de novos Meios de Hospedagem.

    Um dos fatores que impulsionou o aumento do nmero de Meios de

    Hospedagem foi a legislao favorvel aos flats ou apart hotis (BARRETO;

    BURGOS; FRENKEL, 2003; TRIGO, 2002, 2003). Concebidos inicialmente para

    longas estadias, com padro diferenciado (pequena sala, cozinha e quarto), eles

    podiam ser construdos em reas onde os hotis no eram permitidos, pagando,

    tambm, um imposto reduzido em relao a estes. No perodo de 1985 a 2001 a

    Rede Accor teve um crescimento maior na marca Parthenon, de flats.

    Aproveitando as condies favorveis, foram construdos muitos

    empreendimentos que levavam o nome de flat, porm eram destinados a estadias

    curtas, com padro de construo e tamanho das Unidades Habitacionais bem

    prximas ao de hotis.

    A construo desenfreada de flats com a promessa de fcil e lucrativo retorno

    financeiro ao investidor fez com que o mercado da cidade de So Paulo ficasse

    saturado, o que frustrou a expectativa daqueles que nele investiram (Revista Hotis,

    2011).

    A queda das torres gmeas em 2001 trouxe mudanas profundas Hotelaria.

    O fluxo de turistas no mundo teve uma queda acentuada por alguns meses, e um

    mercado como o paulistano, nessa poca, com oferta maior que a demanda, se

    adaptou a uma nova situao.

    Uma das maneiras encontradas pelos Meios de Hospedagem de mdio porte

    para sobreviver crise gerada no Turismo foi utilizar um procedimento gerencial j

    aplicado nos pequenos Meios de Hospedagem, a multifuncionalidade, que a

    atuao de um mesmo profissional em diversas funes e setores.

    Pode-se usar como exemplo um hotel pertencente a uma rede nacional de

    hotis e flats. Localizado nos Jardins, bairro de classe mdia alta de So Paulo,

  • 21

    tinha no seu quadro de colaboradores quatro mensageiros, trs telefonistas e quatro

    recepcionistas atuando no front desk.

    A equipe foi reduzida quase que metade, em uma ao de reduo de

    custos. Os recepcionistas continuaram no hotel, um mensageiro e uma telefonista

    foram promovidos a auxiliares de recepo e as atividades do mensageiro e da

    telefonista foram incorporadas s tarefas habituais do recepcionista. A mudana

    gerou uma economia que tornou mais competitiva a tarifa do hotel, impactando em

    pequena escala na qualidade de servios, mas, em grande escala no volume de

    trabalho daqueles que ficaram.

    Alm do acmulo de funes no prprio setor, os profissionais tiveram que,

    com certa frequncia, auxiliar em outros departamentos, como eventos e

    governana, onde o quadro de colaboradores tambm foi reduzido, buscando-se a

    vantagem competitiva baseada em baixo custo. Pode-se considerar como referncia

    o modelo defendido por Porter (1996, p.2): Uma maior eficincia significa custos

    unitrios mais baixos.

    No caso dos empreendimentos de grande porte, houve uma reduo do

    nmero de colaboradores, porm pelo maior nmero de profissionais, manteve-se

    um desdobramento menor das funes dos colaboradores.

    Essa frmula foi empregada em diversos hotis de mdio porte de outras

    redes, que utilizaram essa estratgia, dentre outras, para reduzir seus custos e se

    tornarem mais competitivos.

    O que ocorreu ento, foi uma proximidade entre os Meios de Hospedagem de

    mdio porte e os de pequeno porte no que diz respeito necessidade de um

    profissional flexvel, multifuncional e com competncias mltiplas.

    Segundo Leite e Lucena (2009, p.163), a partir de 1999, ocorreu um

    crescimento expressivo do nmero de hotis Ibis da Rede Accor, pois nesse perodo

    os investimentos em hotis econmicos passaram a superar o investimento em

    hotis de luxo. Outro fato significativo ocorreu em 2006, quando a marca Accor

    mudou o nome da marca de flats Parthenon para Mercure.

    Ainda segundo o mesmo autor (2009, P.162) baseando-se no modelo bem

    sucedido adotado na Frana, os hotis da Novotel no Brasil deveriam ser

    construdos prximos s rodovias, perto dos grandes entroncamentos e nas

  • 22

    entradas de grandes cidades. A construo do Novotel prximo Marginal Tiet

    gerou dvidas no mercado quanto sua viabilidade, mas, mostrando ser

    posteriormente um excelente negcio.

    Jos Ernesto Marino Neto (2011, p. 7), mostra que o Brasil sofreu menos com

    a crise mundial de 2008 do que os EUA e Europa. Segundo o IBGE, em 2009 o PIB

    teve retrao de 0,2%, sendo considerado o pior resultado da economia brasileira

    desde 1992. Contudo, dados do IBGE mostram a recuperao da economia

    brasileira a partir do segundo trimestre de 2009. Ao final de 2009 o Brasil teve a sua

    economia no mesmo nvel anterior crise.

    O ano de 2010 ficou marcado pelo aumento de trabalhadores com carteira

    assinada e o aumento do poder de compra das classes C e D, e o crescimento de

    75% da economia, transformando o Brasil na stima maior economia no mundo,

    atraindo U$ 48,5 bilhes de investimentos estrangeiros diretos. um pblico que

    pode adquirir servios aos quais antes no tinham acesso, incluindo-se o Turismo.

    Seu poder aquisitivo permite acesso s pousadas, sendo o grupo que predomina

    nessas.

    O ndice Nacional de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2010 em

    5,91%, estando acima da meta do governo, que era 4,5%. De acordo com o Ministro

    da Fazenda Guido Mantega, o Brasil registrou em 2010 uma velocidade de

    investimentos maior do que o da China. Os investimentos avanaram 20% no Brasil,

    enquanto na China o aumento foi de 13%. O ministro levantou tambm que os

    investimentos no Brasil tm crescido de duas a trs vezes mais que o ritmo do PIB

    (Produto Interno Bruto). O Brasil apresenta-se, ento, como um mercado emergente

    e promissor na rea de Turismo e Hotelaria. (JOS ERNESTO MARINO NETO,

    2011, P.8)

    Para 2011, o Governo Federal props gerar cerca de trs milhes de

    empregos e manter a taxa inflacionria estabilizada. Segundo dados do Ministrio do

    Trabalho e Emprego em outubro, o Brasil ultrapassou a marca dos 2 milhes de

    empregos. Leopoldo (2011) informa que, segundo o Ministro Interino da Fazenda

    Nelson Barbosa, o crescimento do PIB em 2011 deve ficar entre 3,5 e 4%. Segundo

    o mesmo autor, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que a meta de R$

    117,89 bilhes de supervit primrio para 2011 foi elevada em R$ 10 bilhes e

    passou para R$ 127,89 bilhes. Tais dados demonstram o crescimento da

  • 23

    economia e o ingresso de um contingente considervel de pessoas economicamente

    ativas, potenciais hspedes do parque hoteleiro nacional.

    Segundo Marino Neto (2011, p.8) amplamente comentado o considervel

    nmero de brasileiros que realizam viagens internacionais graas estabilidade do

    dlar e, de acordo com o Ministrio do Turismo, o mercado interno est aquecido e

    com perspectiva de fechar o ano de 2011 com o aumento da base de viajantes

    fomentada pela entrada da classe C no mercado de consumo.

    Os hotis de So Paulo j se apresentam com ocupao elevada e

    representam uma restrio mobilidade, com a necessidade de maiores

    investimentos para atender a uma demanda crescente (REVISTA HOTIS, 2011).

    Segundo Jos Ernesto Marino Neto (2011, p.12), percebe-se que somente na

    Regio Nordeste h uma predominncia de investimentos em Meios de

    Hospedagem de Grande Porte (Resorts). Nas demais regies, predominam

    investimentos em hotis econmicos.

    A Rede Accor, depois de passar vinte anos investindo nos hotis midscale,

    passa a expandir-se com foco nos hotis econmicos e supereconmicos.

    MAPA 1 Mapa de Investimentos Hoteleiros. Fonte: Marino Neto (2011, p.15)

  • 24

    O mapa mostra que os investimentos concentram-se predominantemente nos

    hotis econmicos, com exceo do Nordeste, onde os investimentos so

    concentrados em resorts, meios de hospedagem luxuosos e com oferta completa de

    lazer, recreao, alimentao, eventos e hospedagem.

    A previso para 2012 de uma inflao entre 4,5% e 5%, com o crescimento da

    economia previsto em 5% e do PIB em 4%, (LEOPOLDO, 2011).

    Com todas as previses realizadas, o atual cenrio do Brasil no aspecto

    global e o otimismo dos investidores demonstram maior credibilidade para que cada

    vez mais o pas se desenvolva.

    1.2. Tipologia de Meios de Hospedagem

    Segundo a EMBRATUR (2011) so padres comuns a todos os Meios de

    Hospedagem quanto a servios:

    a portaria/recepo apta a permitir a entrada, sada, registro e liquidao

    de conta dos hspedes, durante as 24 horas do dia; (...) c) limpeza e arrumao diria da UH, fornecimento e troca de roupa de cama e banho, bem como de artigos comuns de higiene pessoal, por conta do estabelecimento; (...) f) pessoal de servio em quantidade e com a qualificao necessrias ao perfeito funcionamento do meio de hospedagem;

    g) pessoal mantido permanentemente uniformizado e/ou convenientemente trajado, de acordo com as funes que exeram.

    J Ismail (2009, p. 38) explica que um tipo de meio de hospedagem o hotel,

    que pode ser classificado pelo seu porte:

    Pequenos de 01 a 150 Unidades Habitacionais

    Mdios de 151 a 400 UHs

    Grandes de 401 a 1.500 UHs

    Mega acima de 1.500 UH

    Outra forma de classificao de hotis est relacionada categoria,

    anteriormente padronizada como estrelas, de 01 a 05 estrelas, sendo os mais

    luxuosos apresentando servios diversificados como os de 05 estrelas e os mais

    simples os de 01 estrela.

    Exemplos de meio de hospedagem de pequeno porte so os Bed & Breakfast,

    estabelecimentos onde o proprietrio da residncia disponibiliza ao hspede um

  • 25

    quarto e o caf da manh, havendo a preocupao de se compatibilizar o perfil do

    hspede com o do hospedeiro, a fim de criar um ambiente agradvel e transformar a

    experincia da hospedagem em algo especial. H opes de Bed & Breakfast ou

    Cama e Caf em 51 pases e no Brasil nas cidades do Rio de Janeiro e Olinda.

    Outro meio de hospedagem econmico o Hostel, anteriormente chamado de

    Albergue da Juventude. um meio de hospedagem que surgiu na Alemanha,

    inicialmente direcionado para estudantes, que se expandiu para o mundo todo pelo

    baixo custo e oportunidade de interao entre os hspedes. O hspede ou

    alberguista aluga a cama, no o quarto, ficando em quartos coletivos e dispondo de

    rea comum para lazer, cozinha comunitria e, em alguns casos, lavanderia coletiva.

    H Hostels em diversos pases do mundo e em 19 Estados Brasileiros.

    O motel um pequeno meio de hospedagem facilmente encontrado no pas.

    Seu conceito original era de hotis de beira de estrada onde os hspedes

    estacionavam seus carros defronte s unidades habitacionais. Seu pblico-alvo

    eram viajantes que descansavam antes de seguir viagem e hspedes que viajavam

    a negcios. No Brasil esse meio de hospedagem ficou caracterizado pela alta

    rotatividade, com permanncia calculada por horas e no por dirias.

    O meio de hospedagem de pequeno porte mais comum a pousada, que

    segundo Martins (2011, p.3) possui at 30 unidades habitacionais, atendendo cerca

    de 70 hspedes e oferecendo caf da manh e lanches rpidos como sanduches,

    bolos, tortas e refrigerantes. As pousadas tm diferentes padres de luxo e servios,

    podendo ser simples, como casas de pescadores adaptadas, ou sofisticadas, com

    instalaes suntuosas e servios diversificados e de alto nvel.

    As pousadas apresentam caractersticas diversas relacionadas sua

    localizao. As de praia privilegiam a interao com a paisagem, oferecendo

    varandas, redes e cadeiras para um maior conforto. J as urbanas, por sua vez,

    tanto so utilizadas por pessoas que viajam a negcios como a lazer, e seu

    diferencial pode ser o oferecimento de boa localizao e wireless.

    As pousadas, assim como os hotis, esto se especializando em explorar as possibilidades da regio onde esto instaladas, tais como: elementos histricos, esportes radicais, as frutas tpicas, a culinria tradicional, lazer praia ou lazer montanha, o ambiente de fazenda, clima de montanha, etc. (MARTINS 2011, p.3)

  • 26

    Numa poca onde os esportes radicais se tornam mais comuns, as pousadas

    fluviais podem aproveitar esse potencial oferecendo rafting, boia cross, canioning e

    outros. J as rurais, podem oferecer a experincia de vivenciar o dia a dia de um

    homem do campo, um caf da manh generoso e atividades como caminhadas e

    passeio cavalo.

    1.3. Hospedagem na Cadeia Produtiva do Turismo

    Segundo Beni (2007, p.173), a complementaridade do produto turstico

    demonstra interdependncia dos produtores da cadeia produtiva, pois o turista avalia

    sua experincia no todo, sem analisar individualmente os diversos servios. Assim, a

    imagem do produto turstico para o turista a do conjunto, sendo que o mal

    desempenho de uma das unidades produtivas da cadeia compromete o resultado

    final.

    A Cadeia Produtiva do Turismo se compe de vrios setores, representada

    graficamente No Esquema 1, e envolve:

    Setores Lderes;

    Servios Relacionados;

    Indstrias Relacionadas;

    Atividades de Apoio.

    A Pousada-Escola est situada na Cadeia Produtiva no Setor Lder em

    Hospedagem, e no Servio de Apoio em Capacitao. Desta forma, ela assume dois

    papis relevantes para o desenvolvimento do produto turstico, contribuindo para a

    melhoria da qualidade dos servios oferecidos no contexto onde estiver inserida.

  • 27

    ESQUEMA 1 - Cadeia Produtiva do Turismo. Fonte: SEBRAE, 2011

  • 28

    Um fortalecimento da posio da pousada faz com que esta seja melhor

    reconhecida como importante elo da Cadeia Produtiva, auxiliando o

    desenvolvimento regional, que, conforme Alves et al (2010, p.23)

    (..) o resultado da articulao e interao entre os capitais humano, social, natural e empresarial de um determinado local, sendo:

    Capital humano: representa o conjunto dos conhecimentos, habilidades, competncias e realizaes de uma determinada regio. Capital social: resultado da organizao de diferentes atores, que criam laos de confiana e estabelecem acordos, favorecendo assim a coordenao. Capital natural: conjunto de bens oferecidos pela natureza que permite o

    equilbrio necessrio para a manuteno da vida. Capital empresarial: capacidade empreendedora de fazer acontecer e realizar.

    Luna (2012, p.1) apresenta levantamento do IBGE em 2011, segundo o qual o

    Brasil possua 5.036 meios de hospedagem com um total de 373.673 leitos

    disponveis, entre hotis, motis, pousadas, apart-hotis, penses e albergues.

    Deste total, 14,5% so estabelecimentos de Luxo ou Superior/ Muito Confortvel e

    85,5% hospedagens com mdio ou baixo conforto.

    Considerando o grande contingente de meios de hospedagem de mdio e

    pequeno porte, a Pousada-Escola pode contribuir ao atender a demanda por

    hospedagem de qualidade e proporcionar uma melhoria na qualidade em servios

    de pequenos meios de hospedagem atravs da qualificao do seu pessoal.

    1.4. Mapa de Competncias em hospedagem

    Nos meios acadmicos e empresariais, as competncias vm sendo

    discutidas (...) no nvel da pessoa (a competncia do indivduo), das organizaes

    (as core competences) e dos pases (sistemas educacionais e formao de

    competncias). (FLEURY E FLEURY 2001, p. 183).

  • 29

    O Mapa de Competncias surge dentro do planejamento de uma empresa. As

    etapas de sua elaborao so:

    ESQUEMA 2 Etapas para elaborao da Matriz de Competncia. Fonte: COLENCI

    JNIOR(2011)

    Segundo King, Foyler e Zeithaml (2002) as competncias diferenciam a

    empresa das demais e geram vantagens competitivas.

    Um Mapa de Competncias pode ser dividido da seguinte forma:

    Nvel A: Pessoal com poder de deciso. Apresentam a espinha dorsal da empresa. So substitudos pelo de nvel B ou por meio de recrutamento externo. Nvel B: Pessoal de suporte. Est sendo preparado e observado. Ou vai para o nvel A, ou sai da empresa. Nvel C: Pessoal de atividades gerais. Os melhores vo para o nvel B, os

    demais sero substitudos. (JNOR, 2011)

    Planejamento

    Estratgico

    Recursos Disponveis:

    prprios;

    de terceiros

    de projetos de

    fomento.

    Internamente:

    Pontos fortes e fracos

    Define

    Externamente:

    Ameaas;

    Barreiras; Oportunidades

    Metas e

    Objetivos

    Misso e Viso Plano de negcios

    Capacitao do pessoal para atingir metas e

    objetivos

    Mapa de Competncias

    Empresa

  • 30

    O Mapa de Competncias para Gesto de Negcios do SEBRAE (2011, p. 1),

    revela se o empreendedor est preparado para conduzir o negcio e aponta quais

    competncias precisa desenvolver. Ele abrange vinte e duas competncias, que

    mostram como a tcnica, estratgia e comportamento do futuro empresrio

    interferem no funcionamento da empresa.

    Compreender e distinguir melhor as competncias de uma empresa pode

    trazer inmeros benefcios. A identificao de lacunas de competncias pode indicar

    reas em que preciso investir para proteger ou aumentar a condio competitiva

    da empresa. (KING; FOYLER; ZEITHAML, 2002, p.37)

    A utilizao do Mapa de Competncias na Pousada-Escola auxilia na viso de

    quais competncias esto bem estabelecidas e quais precisam ser melhor

    desenvolvidas. Trata-se de um importante instrumento de gesto em um modelo de

    negcios baseado em competncias, onde estas so mapeadas a partir do domnio

    e do uso adequado na rotina de trabalho.

    O Mapa pode ser utilizado por qualquer negcio, independentemente do seu

    porte. Este Mapa composto de trs tipos de competncias: tcnicas, estratgicas e

    comportamentais:

    Tcnicas So as competncias relativas s atividades operacionais:

    produo, processos, controles das finanas e dos materiais, vendas e distribuio;

    Estratgicas So as competncias referentes a viso sobre o mercado e

    tendncias, e sobre as mudanas que impactam o negcio. Dizem respeito

    explorao das informaes disponveis no mercado sobre associativismo, anlise e

    planejamento, gesto de pessoas, marketing e outros conhecimentos.

    Comportamentais So as competncias que facilitam o relacionamento com

    outros empreendimentos, com fornecedores e clientes. a maneira de empreender,

    negociar e liderar pessoas e equipes. Esto ligadas postura diante dos negcios e

    do comportamento como empreendedor.

    Segundo Alves; et al (2010, p.18-19) as micro e pequena empresas de

    Turismo tm os seguintes desafios no ingresso ao mercado:

    Ser menos suscetvel s variaes de demanda do mercado;

    Negociar com grandes parceiros da indstria do Turismo;

  • 31

    Gerar indicadores para anlise dos resultados da empresa;

    Analisar e focar nas necessidades do turista-alvo;

    Utilizar a tecnologia da informao e comunicao (TIC);

    Ser reconhecida como elo da cadeia produtiva do Turismo;

    Apresentar capacidade empresarial madura no desenvolvimento de

    negcios e na identificao de oportunidades;

    Ter capital de giro suficiente;

    Conhecer a estrutura de acesso aos servios financeiros e microcrdito;

    Capacitao e desenvolvimento continuado dos colaboradores;

    Diminuir o ndice de rotatividade dos colaboradores;

    Buscar a cooperao e o associativismo com outras micro e pequenas

    empresas;

    Formalizar sua empresa.

    A TABELA 1 foi desenvolvida de acordo com as lacunas apontadas acima. A

    cada item foi atribudo uma nota de 0 a 10, para demonstrar o patamar de cada item

    na organizao, levando em considerao as dificuldades apontadas e o seu

    impacto nas competncias organizacionais.

    Segundo King, Foyler e Zeithaml (2002, p.41), o alto desempenho est

    relacionado a um consenso sobre as competncias essenciais.

    Como ferramenta para a conscincia sobre suas competncias essenciais,

    aps o desenvolvimento da tabela, foi elaborado pela autora o GRFICO 1, que

    facilita a visualizao das deficincias e foras da organizao. Por meio dele,

    possvel elaborar um plano de ao focado na melhoria de cada item.

  • 32

    TABELA 1 - Mapa de Competncias de uma Pousada sem Administrao

    Profissionalizada Competncias Notas

    Formao de preo 6

    Controle financeiro 6

    Vendas 7

    Atendimento ao cliente 8

    Eficincia energtica 7

    Tcnicas de produo 7

    Logstica e distribuio 7

    Normas ISO 9000 7

    Comercializao 7

    Empreendedorismo 7

    Liderana 8

    Negociao 5

    Desenvolvimento de equipes 6

    Associativismo 6

    Scios empresariais 6

    Gesto de pessoas 6

    Marketing 5

    Anlise de mercado 5

    Busca de recursos financeiros 5

    Anlise e planejamento financeiro 6

    Contabilidade 6

    Qualidade 7

    6,36

    GRFICO 1 Mapa de competncias de uma pousada com as deficincias

    descritas por Alves; et al (2010, p.18-19)

    0

    2

    4

    6

    8

    10 Formao de preo

    Controle financeiros Vendas

    Atendimento ao cliente

    Eficincia energtica

    Tcnicas de produo

    Logstica e distribuio

    Nomas ISSO 9000

    Comercializao

    Empreendedorismo Liderana

    Negociao Desenvolvimento de equipes

    Associativismo

    Scios empresariais

    Gesto de pessoas

    Marketing

    Anlise de mercado

    Busca de recursos financeiros

    Anlise e planejamento

    Contabilidade Qualidade

  • 33

    1.5. Educao Profissional em Hospedagem

    O ensino em Hospedagem baseia-se de modo geral em cursos

    profissionalizantes de curta durao para funes operacionais, profissionalizantes

    de nvel tcnico, tecnolgicos, bacharelado e ps-graduao.

    Instituies de ensino pblicas e privadas oferecem cursos

    profissionalizantes, podendo ser ministrados exclusivamente off-job, ou seja, em

    sala de aula e utilizando-se de laboratrios da rea de Alimentos e Bebidas e

    Hospedagem; predominantemente off-job, em sala de aula e laboratrios, com

    perodos determinados em Hotel-Escola e predominantemente on-the-job, com o

    aluno aprendendo na prtica, atuando em hotis-escola que oferecem os servios

    de um hotel 4 ou 5 estrelas. O ensino em sala de aula e laboratrios especficos

    tambm utilizado nesse sistema.

    1.5.1. Hotel-Escola

    Como caso de sucesso em Hotel-Escola foi escolhido o Grande Hotel SENAC

    de Campos do Jordo, que, segundo informaes do Guia 4 Rodas (2011) um

    prdio de 1944 que j abrigou um cassino e est em uma rea de 400 mil m.

    Dispe de dois restaurantes, sala de convenes com 210 lugares e ampla rea de

    lazer que inclui playground, piscina trmica, sala de ginstica, ginsio e quadras.

    O Hotel-Escola SENAC referncia em educao profissional na rea de

    hospedagem, preparando profissionais para atuao em todos os departamentos

    existentes em um hotel. Para proporcionar uma oferta de formao profissional to

    diversificada, o Hotel-Escola demanda uma estrutura complexa e a oferta de

    servios de alto padro.

  • 34

    O Hotel-Escola contm os seguintes setores operacionais:

    QUADRO 1 Setores operacionais em um Hotel-Escola

    Setor Descrio

    Reservas Responsvel pela reserva de unidades habitacionais e reas de

    eventos

    Recepo Responsvel pelo check-in (registro do hspede), atendimento s

    solicitaes e contingncias do hspede, guarda e transporte

    interno de bagagem, cobrana de despesas dos hspedes, controle

    das receitas do hotel e check-out (fechamento da conta)

    Eventos Responsvel pela organizao de eventos corporativos ou

    particulares, envolvendo servios como alimentos e bebidas, som,

    luz, shows, entretenimento, etc.

    Lazer e

    Recreao

    Proporciona aos hspedes e participantes de eventos atividades de

    recreao e lazer, assim como orienta na utilizao de

    equipamentos como piscina, fitness center, quadras, etc.;

    Governana um dos setores do back-office, responsvel pela arrumao e

    limpeza das unidades habitacionais e reas comuns, assim como

    servios diferenciados aos hspedes no que se refere ao quarto.

    Controla o uso e lavagem dos uniformes e das roupas dos

    hspedes

    Lavanderia Em alguns casos terceirizada, mas quando existente executa a

    lavagem do enxoval (roupa de cama, mesa e banho), uniformes e

    roupas dos hspedes

    Alimentos e

    Bebidas

    Engloba as subreas de cozinha e salo:

    Salo: onde o cliente tem contato com a equipe e usufrui dos

    servios. Envolve a atividade de recepo e atendimento

    durante o caf da manh, almoo, jantar, coquetis e

    banquetes;

    Cozinha: rea de preparo de alimentos, sendo separada em

    subsetores com entradas e pratos frios, ptisserie, pratos

    quentes, etc.

  • 35

    O Centro Universitrio SENAC Campus Campos do Jordo uma das

    principais referncias no ensino das reas de Turismo, Hotelaria e Gastronomia.

    Alm das reas do hotel, disponibiliza-se ao aluno laboratrios de governana,

    recepo, informtica, alimentos e bebidas, lavanderia modelo e a cozinha

    pedaggica. O campus se localiza no bosque do Grande Hotel Campos do Jordo,

    onde eles tm a oportunidade de estagiar e vivenciar o desenvolvimento das

    atividades de um hotel de alto padro.

    O Hotel-Escola SENAC de Campos do Jordo oferece cursos nas seguintes

    reas:

    GRFICO 2 - Cursos oferecidos no Hotel-Escola SENAC

    A concentrao de cursos na rea de Alimentos e Bebidas explica-se pela

    alta complexidade do setor, com divises e especialidades que demandam diversos

    profissionais com grande conhecimento de cada processo.

    Pode-se perceber uma grande diversidade de cursos oferecidos, o que se

    justifica pela alta complexidade e nvel de exigncia de um hotel de alto padro.

    Sendo assim, o modelo de ensino no Hotel-Escola SENAC exige professores

    altamente especializados.

    A estrutura fsica exigida para um Hotel-Escola em um modelo de hotel

    prprio complexa e exige grande investimento inicial. Alm disso, necessria

    uma manuteno constante, com despesas mensais altas.

    39; 57%

    8; 12%

    6; 9%

    5; 7%

    3; 4%

    2; 3% 2; 3%

    2; 3%

    1; 2%

    Cursos

    Alimentos e Bebidas

    Gesto

    Extenso Universitria

    Ps-graduao

    Recepo

    Governana

    Graduao

    Eventos

    Lazer e Recreao

  • 36

    Com relao complexidade de competncias a serem desenvolvidas, h a

    necessidade de muitos profissionais para a orientao dos alunos.

    O custo do curso, tendo em vista os custos envolvidos, alto e acessvel a

    um grupo de alunos com alto poder aquisitivo.

    A formao do profissional dirigida para atuao em grandes Meios de

    Hospedagem, com estrutura complexa e servios diversificados.

    O ensino em hotis-escola tem como foco atender demanda por

    profissionais em Meios de Hospedagem de grande porte. Segundo Alves; et al

    (2010, p.7) o Turismo est entre os setores de maior crescimento no mundo (...)

    abrigando em sua cadeia produtiva cerca de 90% de Micro e Pequenas Empresas.

  • 37

    2. Formao Baseada em Competncias

    A formao baseada em competncias, que foi difundida a partir da dcada

    de 90 nas Amricas e Europa, foi implantada no Brasil aps a promulgao da LDB

    de 1996, fundamentando o desenvolvimento de planos de curso tanto na educao

    profissional quanto no Ensino Mdio (RAMOS, 2012, p.1).

    Trata-se de um modelo que leva em considerao aspectos comportamentais,

    conhecimentos, valores e habilidades a serem desenvolvidos para uma melhor

    atuao profissional. H controvrsias em relao sua aplicao. Rovai (2007, p.6)

    considera que a ruptura no sistema produtivo impe educao profissional

    substituir a lgica da formao para o posto de trabalho pela lgica da competncia

    e que a noo de adaptabilidade, assim compreendida, representa a ascendncia

    da dimenso psicolgica sobre a sociolgica na formao profissional

    Em relao essa ruptura Manfredi (2000, P.35) considera que o sistema de

    ensino baseado em competncias transfere a responsabilidade da formao para o

    indivduo e, ao ser individualista, retira da educao o seu aspecto social.

    J Marinho (2009, p.5073) considera que a construo de um perfil

    profissional atuante e participativo tem no desenvolvimento de competncias uma

    estratgia privilegiada e til.

    O uso do modelo de competncias justifica-se considerando que:

    O trabalho no mais o conjunto de tarefas associadas descritivamente ao cargo, mas se torna o prolongamento direto da competncia que o indivduo mobiliza em face de uma situao profissional cada vez mais mutvel e complexa. Esta complexidade de situaes torna o imprevisto cada vez

    mais cotidiano e rotineiro. (FLEURY E FLEURY, 2001, p.187)

    Barreto (2006, p.206) destaca que uma maior flexibilidade e o alinhamento da

    estratgia da empresa com a estratgia de gesto de pessoas so melhorias

    advindas do uso do sistema de Gesto por Competncias.

    Uma metodologia adequada ao processo de aprendizagem na Pousada-

    Escola a ABP (Aprendizagem Baseada em Problemas). Ela favorece o

    aprendizado do aluno, visto que seu aproveitamento 70 a 80% maior do que

    quando ele l ou ouve uma explicao a respeito do assunto. A ABP tem como foco

    o aprendizado, e no o ensino (ENEMAR E KJAERSDAM, 2009, p. 25).

  • 38

    Levando em considerao a complexidade dos servios em Turismo,

    considera-se que o ensino em um ambiente onde as aulas so dentro do ambiente

    de trabalho e ministradas por profissionais experientes propicia a formao de bons

    profissionais e a melhoria das condies socioeconmicas das comunidades.

    Os profissionais formados na Pousada-Escola podero atuar em pousadas,

    motis, hostels e hotis de pequeno porte. Esses podero, ao optar pela formao

    completa, operar seu prprio negcio, passando da condio de colaborador para a

    de empresrio.

    A Pousada-Escola deve utilizar aquilo que o Hotel-Escola tem de melhor,

    contemplando porm as necessidades de um mercado formado predominantemente

    por Meios de Hospedagem de pequeno e mdio porte, que no demandam uma

    formao to complexa quanto a oferecida pelo modelo tradicional, pois segundo

    Martins (2010, p. 18) os processos de uma pousada so bastante simples, e

    envolvem o processo de reservas, recepo e atendimento ao cliente, arrumao e

    limpeza dos quartos, rea social e rea exterior, preparo de refeies, bebidas,

    lavanderia, fechamento das contas dos clientes e recebimento dos valores.

    Este modelo de ensino favorece o desenvolvimento das competncias tcitas,

    em seus conhecimentos intuitivos que no podem ser totalmente expressos. A forma

    de arrumar uma cama ou como efetuar uma reserva so exemplos de competncias

    explcitas, que so facilmente copiadas. J a habilidade de solucionar uma situao

    de conflito ou emergencial so exemplos de aspectos tticos da competncia,

    difceis de copiar, e que provm da experincia dos profissionais, sendo

    desenvolvidas perante situaes reais no ambiente de trabalho. (KING, FOYLER E

    ZEITHAML, 2002, p.38)

    Os cursos oferecidos na Pousada-Escola so estruturados em mdulos de

    200 a 400 horas, onde cada grupo de alunos fica em um setor da Pousada-Escola

    (recepo, governana ou cozinha). Dessa forma, trs grupos atuariam e

    aprenderiam simultaneamente, desenvolvendo as competncias explcitas e tcitas.

    Haveria a opo de cursar somente um dos mdulos ou todos, para uma formao

    multifuncional.

    Um aspecto importante do curso a nfase no desenvolvimento da

    hospitalidade, a arte de receber com excelncia e humanismo os hspedes. Essa

  • 39

    cultura est na base do desenvolvimento das matrizes de competncias dos

    profissionais. Uma atmosfera de acolhimento e ateno aos hspedes uma

    competncia robusta, difcil de reproduzir, aumentando a vantagem competitiva da

    Pousada-Escola e dos Meios de Hospedagem que contratarem os profissionais nela

    formados. (KING, FOYLER E ZEITHAML, 2002, p.39)

    A Educao Profissional em Hotelaria requer investimentos para estender a

    qualificao de pessoal a todo o pas. Martins (2010, p.5) ressalta que, dentre as

    principais dificuldades vivenciadas no cotidiano do mercado hoteleiro est a mo de

    obra no qualificada dos funcionrios, especialmente nos pequenos centros, assim

    como a falta de profissionalismo. O autor ressalta que este fator ameaa as

    pousadas tendo em vista a baixa disponibilidade de mo de obra qualificada.

    Avena (2003, p. 8) coloca que os profissionais operacionais dos Meios de

    Hospedagem como as camareiras e copeiros, importantes para a qualidade dos

    servios oferecidos, no dispe de Educao Profissional de Nvel Bsico

    adequadamente desenvolvido. Esses profissionais, no geral, apresentam

    deficincias na sua formao escolar bsica e, em alguns casos, no completaram o

    Ensino Fundamental. Isso dificulta a sua formao para o mercado de trabalho

    dentro de um modelo tradicional de formao profissional.

    Segundo a Classificao Brasileira de Ocupaes (CBO) do Ministrio do

    Trabalho e Emprego, para uma camareira exigida escolaridade at a 4 srie (ou

    5 ano) do Ensino Fundamental. Para a atividade de copeiro necessrio o Ensino

    Fundamental incompleto. J a atividade de recepcionista exige-se o Ensino Mdio

    completo.

    Jnior e Baldocchi (2011) demonstram como os diversos setores produtivos

    do pas sofrem com a falta de formao bsica. Um dos desafios da educao

    profissional em Hotelaria superar as dificuldades geradas tanto pela baixa

    escolaridade quanto pelo baixo nvel da educao bsica no Brasil. Segundo Colenci

    Jnior; et al(2007, p.7), (...) o aluno no pode ser visto simplesmente como um

    produto, mas como o resultado de todo o processo educacional, convergindo na

    formao de um cidado autnomo e consciente de suas responsabilidades perante

    sua comunidade e seu pas.

  • 40

    Beni (2007, p.158) destaca trs pontos fundamentais para o xito em

    Turismo: preo, qualidade e capacitao adequada dos Recursos Humanos. Essa

    qualidade obtida no Hotel-Escola, porm sua formao visa meios de hospedagem

    complexos, que segundo dados do IBGE (2011) correspondem a somente 14,5% da

    oferta do pas.

    A formao oferecida na Pousada-Escola atenderia a um contingente maior

    de estabelecimentos, e prepararia o aluno para atuar em diversos meios de

    hospedagem.

    2.1. Competncias em uma Pousada-Escola

    Para elaborao de uma Matriz de Competncias voltada Educao

    Profissional em Hotelaria, utilizou-se a Classificao Brasileira de Ocupaes (CBO)

    do Ministrio do Trabalho e Emprego, focando-se nas atividades e competncias

    relativas ao profissional de uma Pousada.

    Segundo a CBO as camareiras:

    Limpam, arrumam, organizam, vistoriam e abastecem apartamentos (...) quartos e banheiros, em hotis (...); mantm em ordem, conservam, classificam e organizam (...) vesturios de clientes (...), identificando e controlando as sadas, devolues e substituies das roupas e acessrios;

    atendem e auxiliam os hspedes (...) em suas solicitaes e necessidades pessoais e profissionais.

    So atividades da camareira segundo a CBO:

    QUADRO 2 Atividades da camareira

    Item Tarefa Periodicidade

    1 Limpar banheiros Diria

    2 Limpar quartos Diria

    3 Trocar roupas de cama e banho A cada 2 dias

    4 Arrumar camas Diria

    5 Repor acessrios do quarto e do banheiro Diria

    6 Cumprir procedimentos pr-estabelecidos para atendimento personalizado

    Diria

    7 Aspirar carpete e estofados Diria

    8 Aspirar carpete cortinas e colches Semanal

    9 Remover manchas de carpete Quando necessrio

  • 41

    10 Pentear carpete e tapetes Mensal

    11 Substituir lmpadas Quando necessrio

    12 Executar limpeza peridica profunda Mensal

    13 Preparar o ambiente para desinfeco e desinfestao dos apartamentos

    Quando necessrio

    14 Preparar o apartamento para manuteno preventiva Quando necessrio

    15 Virar os colches Semanal

    16 Abastecer o mini bar Diria

    17 Controlar o envio e a devoluo de roupas dos hspedes da lavanderia

    Diria

    18 Aprontar o apartamento de acordo com as solicitaes dos hspedes

    Diria

    19 Atender necessidades pessoais especficas de hspedes Quando necessrio

    20 Arrumar e desfazer as malas dos hspedes quando solicitado

    Quando necessrio

    21

    Verificar o apartamento na sada do hspede:

    Conferir o enxoval do quarto e do banheiro

    Verificar o consumo do mini-bar

    Verificar o funcionamento dos equipamentos

    Verificar o estado de mveis e instalaes

    Diria

    22 Priorizar limpeza dos apartamentos Diria

    23 Solicitar manuteno de equipamentos e instalaes Diria

    24 Solicitar reposio de materiais e equipamentos em falta Diria

    25 Requisitar materiais para o almoxarifado Diria

    26 Comunicar-se via telefone, bip e rdio Diria

    27 Registrar objetos esquecidos por hspedes Quando necessrio

    28 Relatar a situao de ocupao do apartamento Diria

    29 Transmitir sugestes dos hspedes para a governana Diria

    30 Relatar barulhos e rudos suspeitos nos apartamentos Diria

    31 Informar problemas ocorridos com hspedes e colaboradores

    Diria

    32 Relatar a presena de pessoas estranhas Quando necessrio

    33 Dialogar com hspedes Diria

    34 Participar de reunies Semanalmente

    So competncias pessoais das camareiras:

    1 Demonstrar comportamento tico;

    2 Trabalhar em conformidade com o manual de procedimentos do meio de

    hospedagem;

  • 42

    3 Trabalhar em equipe;

    4 Zelar pelos pertences pessoais dos hspedes;

    5 Atuar em situaes de emergncias;

    6 Demonstrar discrio;

    7 Demonstrar asseio;

    8 Solucionar problemas relativos ao local de trabalho;

    9 Estimar prazos necessrios para execuo dos servios;

    10 Demonstrar responsabilidade;

    11 Evidenciar capacidade de conviver com diferentes pessoas;

    12 Demonstrar ateno;

    13 Manifestar segurana;

    14 Manter silncio;

    15 Demonstrar agilidade;

    16 Demonstrar boas maneiras;

    17 Manifestar solidariedade;

    18 Avaliar a qualidade do servio executado;

    19 Demonstrar flexibilidade;

    20 Participar de programas de treinamento;

    21 Zelar pelo conforto acstico da rea em que atua;

    22 Manifestar preocupao com detalhes;

    23 Evidenciar criatividade.

    Baseando-se nessas informaes, montou-se a matriz de competncia do

    mdulo de camareira, apresentada a seguir.

  • 43

    Matriz de competncia mdulo camareira Perfil profissional da camareira e competncias requeridas:

    Demonstrar comportamento tico e discrio: Atuar de forma tica e profissional sem

    preconceito com relao aos hspedes e demais colegas de trabalho, no

    comentando ou divulgando fatos e informaes da vida pessoal dos hspedes e do

    seu ambiente de trabalho.

    Atuar em situaes de emergncia: Manter a calma em situaes adversas,

    orientando e auxiliando os envolvidos para evitar e minimizar riscos e acidentes.

    Manter silncio: Respeitar o descanso e privacidade dos hspedes, atuando de

    forma silenciosa, evitando conversas desnecessrias e, quando necessrio, falando

    em voz baixa.

    Zelar pelo conforto acstico da rea em que atua: Atuar de forma a fazer o mnimo

    de barulho possvel, programando suas atividades de modo a evitar ou minimizar

    rudos.

    Manifestar segurana: Mostrar-se como profissional que domina os procedimentos e

    atividades de sua responsabilidade

    Evidenciar capacidade de conviver com diferentes pessoas: Relacionar-se com

    pessoas de diversas culturas, origem e nvel social.

    Trabalhar em equipe: Interagir no grupo na busca da excelncia em atendimento e

    na fidelizao dos hspedes, participar de reunies em busca de solues para

    problemas do setor.

    Demonstrar responsabilidade: Estar atento a suas atribuies de tal maneira que as

    mesmas sejam desempenhadas dentro ou alm do esperado, no prazo necessrio e

    na amplitude que foi solicitada. Registrar os objetos esquecidos pelos hspedes.

    Demonstrar agilidade: Capacidade de obter um resultado excelente no menor tempo

    possvel Manifestar solidariedade: Entender o outro e se comunicar de tal maneira a

    estabelecer um relacionamento acolhedor ao mesmo tempo em que no ultrapassa

    o limite da intimidade excessiva.

    Evidenciar criatividade: Habilidade em buscar a melhor alternativa perante situaes

    imprevistas

  • 44

    Demonstrar Flexibilidade: Capacidade de se adaptar asa diferentes demandas,

    clientes diversos e equipe buscando sempre o melhor resultado

    Solucionar problemas relativos ao local de trabalho: Resolver situaes diversas de

    maneira a satisfazer as partes envolvidas, revertendo de maneira satisfatria

    situaes negativas

    Demonstrar boas maneiras: Atender os hspedes com educao, cortesia,

    mostrando ao mesmo as caractersticas de hospitalidade e profissionalismo.

    Participar de programas de treinamento: Buscar reciclar seus conhecimentos e

    habilidades aproveitando as oportunidades de atualizao profissional.

    Fluncia verbal: Capacidade de se comunicar com clareza na lngua portuguesa via

    telefone, bip e rdio, com hspedes e equipe

    Facilidade de comunicao com as outras reas envolvidas: Obter o melhor

    resultado para a empresa e os clientes em constante interao com as outras reas

    do hotel, informando situao de ocupao do apartamento, relatando barulhos e

    rudos suspeitos nos apartamentos e a presena de pessoas estranhas nos andares.

    Solicitar manuteno de equipamentos e instalaes, reposio de materiais e

    equipamentos em falta e requisitar materiais para o almoxarifado.

    Respeitar hierarquia: Relacionar-se com a governana, transmitindo sugestes dos

    hspedes, informando problemas ocorridos com hspedes e colaboradores.

    Manifestar preocupao com detalhes: Executar seu trabalho, efetuando todas as

    tarefas necessrias com qualidade.

    Trabalhar em conformidade com o manual de procedimentos: Atuar com rapidez

    dentro de uma rotina padro, limpando banheiros e quartos, trocando roupas de

    cama e banho, repondo acessrios do quarto e do banheiro, aspirando carpete,

    estofados, cortinas e colches, removendo manchas de carpete, penteando carpete

    e tapetes, realizando abertura de camas, substituindo lmpadas, executando

    limpeza peridica profunda, preparando o ambiente para desinfeco e

    desinfestao dos apartamentos, preparando o apartamento para manuteno

    preventiva, virando os colches, abastecendo o carrinho suporte para arrumao

    dos apartamentos e abastecendo o mini bar.

  • 45

    Avaliar a qualidade do servio executado: Analisar os ambientes verificando a

    arrumao, limpeza, conferindo o enxoval do quarto e do banheiro, verificando se o

    funcionamento e estado de equipamentos, mveis e instalaes e a reposio de

    itens esto dentro do padro exigido. Verificar o apartamento na sada do hspede,

    verificando o consumo do frigobar, se o hspede no esqueceu algum pertence e se

    no houve subtrao de algum item ou dano a algum mvel ou equipamento.

    Zelar pelos pertences pessoais dos hspedes: Arrumar o quarto de forma que os

    pertences dos hspedes permaneam no mesmo lugar, zelando para que no haja

    nenhum dano a eles.

    Demonstrar asseio: Cuidar da imagem pessoal, apresentando-se asseada e

    arrumada. Utilizar-se de tcnicas de limpeza e arrumao para disponibilizao do

    quarto limpo, arrumado e higienizado.

    Estimar prazos necessrios para execuo dos servios: Analisar os servios a

    serem efetuados e planejar seu trabalho a fim de atender a demanda do setor,

    priorizando limpeza dos apartamentos.

    Demonstrar ateno: Atentar para as necessidades dos hspedes, no que diz

    respeito s suas solicitaes e aos detalhes da arrumao e limpeza.

    Cuidar de vesturios de clientes: Zelar para que o vesturio de clientes seja

    devidamente identificado, controlando o envio e a devoluo de roupas dos

    hspedes da lavanderia e engraxando sapatos quando necessrio.

    Atender as solicitaes dos hspedes: Atender as solicitaes dos hspedes quanto

    s suas preferncias e necessidade, arrumando e desfazendo malas dos hspedes

    quando solicitado. Acompanhar a mudana de apartamento, minimizando o

    desconforto.

    Pr requisitos: Formao:

    Essencial: Escolaridade at a 4 srie do ensino fundamental Desejvel: Escolaridade entre 4 a 7 sries do ensino fundamental

    Experincias: Sem necessidade de experincia profissional prvia

    Amplitude:

    Responde pelo resultado na governana Hspedes Gerente e equipe

    Reporte: Gerncia

  • 46

    Outra atividade que ser desenvolvida ser a de copeiro, que, conforme

    definio da CBO o profissional que:

    Atende os clientes, recepcionando-os e servindo refeies e bebidas em restaurantes, bares, clubes, cantinas, hotis, eventos e hospitais; montam e desmontam praas, carrinhos, mesas, balces e bares; organizam, conferem e controlam materiais de trabalho, bebidas e alimentos, listas de espera, a limpeza e higiene e a segurana do local de trabalho; preparam

    alimentos e bebidas, realizando tambm servios de vinhos.

    So atividades do copeiro em uma pousada segundo a CBO:

    QUADRO 3 Atividades do copeiro

    Item Tarefa Periodicidade

    1 Entregar o cardpio Diria

    2 Tirar o pedido Diria

    3 Mapear mesa para entrega de pratos Diria

    4 Encaminhar pedidos para cozinha e bar Diria

    5 Servir aperitivos Diria

    6 Servir bebidas Diria

    7 Administrar o fluxo de pratos entre a cozinha e as mesas Diria

    8 Checar pedido antes de servir Diria

    9 Servir bandeja Diria

    10 Servir alimentos e bebidas Diria

    11 Checar a conta Diria

    12 Trazer a conta Diria

    13 Recepcionar o cliente Diria

    14 Informar previso de tempo de espera Diria

    15 Acomodar o cliente Diria

    16 Acompanhar o cliente mesa Diria

    17 Questionar as preferncias do cliente Diria

    18 Dar sugestes Diria

    19 Descrever as opes do cardpio Diria

    20 Esclarecer as dvidas do cliente Diria

    21 Fornecer informaes ao cliente Diria

    22 Atender reclamaes do cliente Diria

    23 Organizar estrutura de apoio (montar mise-en-place) Diria

    24 Providenciar gelo Diria

    25 Selecionar produtos (limpeza e outros) Diria

    26 Montar kits de descartveis (guardanapos, talheres, sal) Diria

    27 Passar o enxoval de mesa (toalha, etc.) Diria

  • 47

    28 Forrar a bandeja Diria

    29 Montar a mesa, bandeja, balco e bar Diria

    30 Arrumar a mesa Diria

    31 Selecionar alimentos e bebidas Diria

    32 Repor o material de apoio (fazer mnage) Diria

    33 Repor bebidas em geral Diria

    34 Substituir toalhas Diria

    35 Verificar a quantidade e disponibilidade de produtos Diria

    36 Verificar material de trabalho (utenslios e equipamentos) Diria

    37 Requisitar utenslios, equipamentos e produtos de limpeza Diria

    38 Verificar estoque de bebidas e alimentos Diria

    39 Controlar prazo e data de validade de alimentos e bebidas Diria

    40 Controlar sobras e perdas Diria

    41 Controlar desperdcios Diria

    42 Controlar acesso de pessoas Diria

    43 Verificar cumprimento das normas sanitrias Diria

    44 Verificar segurana do local de trabalho Diria

    45 Colocar bebidas para gelar Diria

    46 Descongelar alimentos Diria

    47 Preparar sucos e drinks Diria

    48 Preparar sanduches Diria

    49 Preparar frutas Diria

    50 Enfeitar drinques, coquetis e pratos Diria

    51 Observar a apresentao dos pratos Diria

    52 Preparar o caf Diria

    53 Desmontar o carrinho Diria

    54 Desmontar mesas Diria

    55 Recolher as bandejas Diria

    56 Recolher loua, talheres, copos Diria

    57 Guardar louas, copos e prataria Diria

    58 Tirar toalhas Diria

    59 Guardar produtos Diria

    60 Arrumar o espao Diria

    61 Inventariar bebidas consumidas Diria

    62 Inventariar o material (louas, pratarias, enxoval de mesa) Diria

    63 Encaminhar enxoval de mesa para lavanderia Diria

  • 48

    64 Lavar utenslios Diria

    65 Secar a loua Diria

    66 Esterilizar instrumentos e materiais Diria

    67 Limpar equipamentos de refrigerao Diria

    68 Limpar equipamentos em geral Diria

    69 Limpar balco e bancada Diria

    70 Limpar bandejas Diria

    71 Retirar restos de comida Diria

    72 Limpar mesa Diria

    73 Separar lixo Diria

    74 Limpar o cho Diria

    75 Destinar o lixo Diria

    So competncias pessoais do copeiro:

    1 - Manter-se disciplinado;

    2 - Cuidar da aparncia e higiene pessoal;

    3 - Contornar situaes adversas;

    4 - Demonstrar cordialidade;

    5 - Cultivar a sensibilidade;

    6 - Cultivar tica profissional;

    7 - Manter-se dinmico;

    8 - Demonstrar pacincia;

    9 - Demonstrar educao;

    10 - Participar de treinamentos e cursos;

    11 - Lidar com estresse;

    12 - Manter-se atualizado;

    13 - Discriminar sabores, odores e cores;

    14 - Ler peridicos e jornais relativos rea;

    15 - Demonstrar capacidade de organizao;

    16 - Manter-se atento;

  • 49

    17 - Demonstrar discrio;

    18 - Sugerir melhorias;

    19 - Manter equilbrio emocional;

    20 - Demonstrar habilidades bsicas em informtica;

    21 - Desenvolver conhecimento tcnico da rea;

    22 - Demonstrar criatividade;

    23 - Ouvir atentamente (saber ouvir);

    24 - Participar de eventos profissionais;

    25 - Demonstrar noes de outros idiomas (ingls, espanhol);

    26 - Participar de concursos;

    27 - Frequentar associaes de classes e grupos tcnicos.

    A partir das informaes obtidas, foi elaborada a Matriz de Competncias do

    copeiro, apresentada a seguir:

  • 50

    Matriz de competncia mdulo copeiro

    Perfil profissional do copeiro e competncias requeridas:

    Manter-se disciplinado e demonstrar capacidade de organizao: observar as rotinas

    de trabalho, organizando suas atividades de forma a agilizar o atendimento ao

    hspede sem perder de vista a qualidade do servio.

    Cuidar da aparncia e higiene pessoal: Apresentar-se com boa aparncia, cuidando

    do asseio pessoal, importante para demonstrar ao hspede sua preocupao com a

    higiene e manipulao dos alimentos e bebidas.

    Contornar situaes adversas: Habilidade em manter a calma e o bom senso em

    situaes imprevistas e/ou extremas.

    Demonstrar cordialidade, pacincia e educao, manter equilbrio emocional e lidar

    com estresse: Cuidar para que o hspede se sinta acolhido, agindo com cortesia

    mesmo perante hspedes irritados ou mal humorados.

    Cultivar a sensibilidade: Capacidade de entender o outro e se comunicar de tal

    maneira a estabelecer um relacionamento acolhedor ao mesmo tempo em que no

    ultrapassa o limite da intimidade excessiva

    Cultivar tica profissional e discrio: No comentar sobre atitudes e conversas dos

    hspedes.

    Manter-se dinmico: Agir com rapidez e presteza, mantendo a qualidade dos

    servios.

    Manter-se atualizado, ler peridicos e jornais relativos rea, participar de

    treinamentos e cursos e desenvolver conhecimento tcnico da rea: Buscar reciclar

    seus conhecimentos, ampliando e melhorando sua atuao atravs de capacitaes

    e informaes obtidas nas mdias.

    Lidar com estresse: Manter-se calmo, mesmo em situaes de trabalho intenso e

    perante pessoas

    Discriminar sabores, odores e cores: utilizar os sentidos para fornecer aos hspedes

    alimentos e bebidas bonitos, saborosos e cheirosos, elaborados com tcnica e

    qualidade.

  • 51

    Manter-se atento, sabendo ouvir: Fazer com que o hspede se sinta nico, digno de

    ateno e bem atendido.

    Sugerir melhorias: Na anlise do seu trabalho, da observao das preferncias e

    comentrios dos hspedes sugerir melhorias nos alimentos, bebidas e rotinas de

    trabalho da pousada.

    Demonstrar habilidades bsicas em informtica: ser capaz de utilizar o sistema

    hoteleiro.

    Demonstrar criatividade: Inovar nos alimentos e bebidas e buscar solues

    diferentes para problemas e demandas do setor.

    Demonstrar noes de outros idiomas (ingls, espanhol): comunicar-se se utilizando

    dos termos, expresses e frases comuns sua atividade.

    Recepcionar o hspede com ateno, encaminhando ao local de sua preferncia e

    informando-o, quando for o caso, do tempo de espera. Fornecer as informaes

    necessrias com clareza, auxiliando o hspede nas suas escolhas.

    Servir o hspede com cortesia e simpatia, atuando com eficcia desde a entrega do

    cardpio at a entrega dos alimentos e bebidas na mesa do hspede, checando a

    conta antes de entreg-la.

    Organizar o ambiente de trabalho, agindo para que no falte nenhum item

    necessrio ao servio , controlando desperdcios e atuando de acordo com a

    segurana do trabalho e as normas para higiene e manipulao de alimentos .

    Preparar alimentos e bebidas com qualidade, cuidando para que sua apresentao

    seja atrativa aos hspedes.

    Agir com presteza na desmontagem de mesas, recolhendo com cuidado louas,

    talheres e copos, higienizando e organizando o ambiente, preparando-o para o

    prximo hspede. Controlar o material otimizando a sua disponibilidade.

    Lavar, secar e higienizar utenslios, instrumentos, equipamentos, piso e materiais,

    observando as boas prticas de higiene, separando e acondicionando o lixo da

    forma mais adequada.

  • 52

    Pr requisitos: Formao:

    Essencial: 4 srie do Ensino Fundamental Desejvel: Fundamental completo

    Amplitude:

    Responde pelo resultado em atendimento na rea de Alimentos e Bebidas Hspedes Gerente e staff

    Nveis de delegao: Autonomia parcial na gesto da rea de Alimentos e Bebidas

    Reporte:

    Gerncia

  • 53

    Segundo a CBO, os recepcionistas:

    Recepcionam e prestam servios de apoio a clientes, pacientes, hspedes, visitantes e passageiros; prestam atendimento telefnico e fornecem informaes em escritrios, consultrios, hotis, hospitais, bancos, aeroportos e outros estabelecimentos; marcam entrevistas ou consultas e

    recebem clientes ou visitantes; averiguam suas necessidades e dirigem ao lugar ou a pessoa procurados; agendam servios, reservam (hotis e passagens) e indicam acomodaes em hotis e estabelecimentos similares; observam normas internas de segurana, conferindo documentos e idoneidade dos clientes e notificando seguranas sobre presenas estranhas; fecham contas e estadas de clientes. Organizam informaes e

    planejam o trabalho do cotidiano.

    So atividades do recepcionista segundo a CBO:

    QUADRO 4 Atividades do recepcionista

    Item Tarefa Periodicidade

    1 Identificar o espao fsico da empresa Quando necessrio

    2 Interagir com os outros departamentos Diria

    3 Conferir documentos com identificao Diria

    4 Conferir idoneidade dos clientes Diria

    5 Controlar a presena de pessoas estranhas Diria

    6 Registrar acompanhantes Diria

    7 Evitar a divulgao de informaes sobre hspedes Diria

    8 Organizar materiais de trabalho Diria

    9 Averiguar a previso de chegada e sada individual e de grupo Quando necessrio

    10 Imprimir relatrios de controle Diria

    11 Bloquear apartamento Quando necessrio

    12 Providenciar solicitaes de reservas especiais Diria

    13 Preparar o mise-en-place Diria

    14 Imprimir a listagem dos grupos com sada prevista para o dia Quando

    necessrio

    15 Averiguar horrio de sada dos grupos Quando

    necessrio

    16 Averiguar agenda semanal de eventos Quando

    necessrio

    17 Participar de reunies na troca de turnos Diria

    18 Planejar o dia seguinte Diria

    19 Agendar reservas dos clientes Diria

    20 Fazer reserva Diria

  • 54

    21 Acionar servio de higienizao Diria

    22 Acolher o cliente Diria

    23 Anunciar a chegada do cliente Diria

    24 Cadastrar hspedes Diria

    25 Pedir forma de garantia de pagamento Diria

    26 Verificar disponibilidade de apartamentos Diria

    27 Fornecer as chaves dos apartamentos aos clientes Diria

    28 Fornecer informativos e regulamentos internos ao hspede Diria

    29 Propor associao de programas de fidelidade Diria

    30 Auxiliar os hspedes com informaes tcnicas sobre a pousada

    Diria

    31 Transferir o hspede para outras acomodaes Quando necessrio

    32 Dar informaes turs