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AsAsilhasA meio caminho entre Angra dos Reis e Paraty, um grupo de ilhas ainda está por ser descoberto pelos donos de barcos
Pintura de FundoPintura de FundoTudo o que você precisa saber sobre
são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo
reForma radical
Como um velho barco rebocador virou o trawler mais charmoso de Paraty
turmas da diversão
Por que os passeios de jet em grupo estão se tornando
cada vez mais populares
da divisa
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Índice
Acesse www.nautica.com.br/nauticasudeste e baixe, de gra-ça, esta edição de NÁUTICA SUdeSTe
DIRETOR DE REDAÇÃO Jorge de Souza [email protected]
PRESIDENTE E EDITOR Ernani Paciornik
VIcE-PRESIDENTE Denise Godoy
cOlAbORARAm NESTA EDIÇÃO: Alexandre Sakihama (arte), Aldo macedo (imagens), maitê Ribeiro (revisão)
REDAÇÃO E ADmINISTRAÇÃOAv. brigadeiro Faria lima, 1306, 5o andar, cEP 01451-001,São Paulo, SP. Tel. 11/2186-1000
publicidade
DIRETORA DE PublIcIDADEmariangela bontempo [email protected]
ExEcuTIVOS DE cONTAS Eduardo Santoro [email protected] Eduardo Saad [email protected]
mARKETINGRenata camargos [email protected]
GERENTE DE cIRculAÇÃODébora madureira [email protected]
Guilherme Rabelo [email protected] Ortega [email protected]ís macário [email protected]
PARA [email protected] Tel. 11/2186-1022
NÁuTica SudeSTe é uma publicação da G.R. um Editora ltda. — ISSN 1413-1412. Outubro 2015. Jorn. resp: Denise Godoy (mTb 14037). Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da revista. Direitos reservados.
FOTOS DE cAPA: Jorge de Souza
cTP, Impressão e Acabamento — PROl Gráfica
NESTA EDIÇÃO
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poucos conhecem
TESOURO DE ILHABELA O velho tesouro
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O casal que gastou meia vida construindo este barco
25 ANOS DEPOIS...
OS NOVOS BARCOS QUE O SALÃO MOSTROU
6 Náutica SudeSte
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Aconteceu...
Náutica SudeSte 9
FeSta 10 aNOS Náutica SuLA edição regional de NÁUTICA para a região
sul do país comemorou 10 anos com uma
animada festa em Santa Catarina
A festa foi no Marina Beach Towers, único edifício-marina do país, em Balneário Camboriú
A revista NÁUTICA SUL circula apenas no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
Poucas revistas regionais conseguem completar 10 anos de vida, como NÁUTICA SUL
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muitos convidadosÀ esquerda, Sérgio e Jussara Scheidt. À direita, Lu Picolli, Cinthia Miranda e Michelle Montegutte
casa cheiaAcima, o único edifício-marina do país. Ao lado, Marcio Schaefer, da Schaefer Yachts, com a equipe de Náutica Sul
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O grupo Limer Náutica atua no mercado náutico há mais de 25 anos
A nova loja representa as marcas Tempest, Mestra, FS e Royal Marine
aPReSeNtaÇÃO FOcKeR F400
iNauGuRaÇÃO JN YacHtSA mais nova loja náutica
de Piracicaba, no interior
de São Paulo, acaba de ser
inaugurada. E faz parte
do grupo Limer Náutica
negócio de famíliaJuliano e Ana Paula de Oliveira, com Gecilda e Nilson Januário, da JN Yachts e Limer Náutica
entre amigosClientes e representantes de estaleiros estiveram presentes. Entre eles, Sydnei Ardito, José Carlos Galvão, Eduardo Nakamura, José Eduardo Salemi, da Mestra Boats, e Marcelo Condé, da Tempest
A F400 Gran Coupé é a maior lancha produzida pelo estaleiro Fibrafort
A Porto do Rio é uma das lojas náuticas que mais crescem no litoral norte de São Paulo
A primeira unidade da recém-lançada
Focker F400 chegou à revenda Porto do
Rio, de Caraguatatuba, com muita festa
grande festaAté o dono do estaleiro, Marcio Ferreira (ao lado, com os irmãos Miriam e Marcelo, da Porto do Rio)prestigiou o evento
10 Náutica SudeSte
Aconteceu...
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dois prazeres Enquanto se refrescavam com o drinque do momento na Europa, os convidados puderam conhecer e testar lanchas da série Gran Turismo e um trawler da linha Swift
Aconteceu...
O coquetel Spritz combina vinho e água com gás e fez sucesso no evento
A apresentação foi na Marina Canoa, em Barra do Una, com apoio da Porto Yachts, de Ilhabela
YACHT WEEKENDA revenda carioca Yacht Collection reuniu
clientes e amigos para um gostoso fim de
semana de festas e barcos no resort Portobello
1º BENETEAu SpriTz Entre um gole e outro do coquetel
da moda na Europa, os clientes
das marinas Canoas e Porto Yachts
conheceram de perto alguns modelos
de barcos da famosa marca francesa
A Yacht Collection representa marcas de lanchas de luxo, como Azimut e Sea Ray
Os convidados conheceram muitos barcos e curtiram um evento bem descontraído
fim de semana completoAlém de exposição de barcos, o Yacht Weekend teve comida boa, muitos convidados e até desfile de moda
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região de Paraty temmuitas ilhas. A de Angra
dos Reis, que fica ao lado, ainda mais. Por isso, quem tem
um barco nestas duas cidades quase sempre limita os passeios às ilhas mais próxi-
mas, já que a oferta é tão generosa que não há necessidade de ir longe. Mas este hábito pode ser um
desperdício de oportunidade. Exatamente na divisa entre Angra e Paraty, bem ao centro da enorme baía de Ilha Gran-
de, que banha os dois municípios, há um punhado de pequenas ilhas, bem menos frequentadas e conhecidas, que são igualmen-
te lindas. Em alguns casos, até mais bonitas do que aquelas que os donos de barcos de Angra e Paraty costumeiramente visitam. Como
a idílica ilha do Cedro, um quase mitológico naco do paraíso ao nor-te da baía de Paraty, praticamente só frequentado pelos donos de velei-
ros quando buscam um ancoradouro tranquilo — e lindo — para passar a noite. Mas o pouco conhecimento deste trecho da baía de Ilha Grande
tem um motivo. Além da distância das principais marinas das duas cidades (embora o Bracuhy fique praticamente ao lado), a maior parte das ilhas e ilho-
tas “da divisa”, como informalmente os nativos chamam a faixa de mar que se-para os dois municípios, fazem parte de uma estação ecológica e, por isso, têm
acesso proibido — embora esta proibição não abranja todas as ilhas nem seja tão respeitada assim, por conta da eterna questão sobre o direito público a todas as praias
da nação. Cautelosos, os donos de barcos acabam evitando a região e perdem a opor-tunidade de aproveitar até o que é permitido, o que, por si só, já vale sair da rotina e es-
ticar o passeio até a divisa. Duvida? Então confira.
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texto e fotos jorge de souza
as ilhas da divisa
aqui, sim!Ilha Pelada Pequena: uma gostosa praia e aberta a todos os barcos, porque fica fora da Estação Ecológica
A região que divide Angra dos Reis de Paraty abriga uma série de pequenas ilhas bem menos frequentadas do que as demais, porque algumas fazem parte de uma
estação ecológica. Mas nem todas...
Ilhas da dIvIsa
16 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 17
praias liberadasTanto na ilha do Ventura (acima), quanto na ilha do Cedro (ao lado), o acesso à praia é liberado, embora elas sejam particulares
s “Ilhas da Divisa” não existem em nenhuma carta náu-tica. Não com este nome, que é apenas a maneira como alguns caiçaras identificam o punhado de ilhas que existe na faixa de mar que divide os municípios de An-gra dos Reis e Paraty, às vezes tão próximas uma das outras que não se sabe ao certo a qual cidade elas pertencem. Como as ilhas do Algodão e Sandri, que ficam exatamente em frente ao rio Mambuca-
ba, que marca a divisa dos dois municípios. Até a própria vila de Mambucaba padece de certa confusão causada
pela localização. A vila histórica, cujo ícone é uma igreja de 1863, fica do lado angrense do rio que divide as duas cidades, mas, na ou-
tra margem, já do lado de Paraty, continua sendo Mambucaba — só que não mais a vila histórica.
Os visitantes costumam ficar confusos com esta dupla identida-de, até porque os nativos não dão muita bola para o que dizem os ma-
pas e misturam as duas cidades. Mas isso não importa mesmo. O que conta é aquele trecho lindo e repleto de praias e ilhas. Mesmo assim, é
bem menos frequentado pelos donos de barcos do que as demais áreas de Angra e Paraty. E o motivo é que maioria das ilhas deste trecho da di-
visa fazem parte da Estação Ecológica de Tamoios, que também abrange outras ilhas da região, mas não tão concentradas quanto ali. Como a legis-
lação prevê a total proibição de visitação nas estações ecológicas (no caso de ilhas, com a agravante de uma faixa de proteção de um quilômetro ao re-
dor delas), a região se tornou quase proibitiva para os barcos, apesar de haver outras ilhas naquele trecho que não fazem parte da reserva. Na dúvida sobre
qual ilha pode-se visitar ou não, os donos de barcos acabam preferindo tomar outro rumo em vez de serem surpreendidos pelos fiscais da Estação, que, dentro
do possível, costumam patrulhar a região. Para a grande maioria deles, o trecho da divisa é área proibida e ponto final. Mas não é bem assim.
Com medo de serem multados, os donos de
barcos evitam toda esta região. e acabam
deixando de conhecer até o que é permitido
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ó não pode ficar com o barco parado nas ilhas da Estação, porque, isso sim, é proibido”, diz um cai-çara nativo. “Mas se a pessoa deixar o barco lon-ge ou chegar nadando, não tem problema, por-que praia não tem dono”, completa o raciocínio. Mas não é o que pensa o ICMBio, órgão am-bientalista que sucedeu ao antigo Ibama, mas que ninguém até hoje consegue chamar pelo
novo nome. Para o órgão, se uma ilha faz parte de uma estação ecológica, tudo o que existe nela passa a
ter acesso restrito, inclusive eventuais praias. No entendimento dos ambientalistas, no caso de ilhas, a
classificação ambiental se sobreporia à legislação brasileira sobre o domínio público das praias, num típico caso de exceção à regra.
“É uma questão que dá margem a duas interpretações”, analisa um esclarecido dono de barco da região. “Se o acesso às ilhas é proibi-
do e as praias ficam nas ilhas, então, geograficamente falando, elas também fazem parte da proibição. Mas, como as praias têm legislação
própria, não deveria haver outra regra que contrariasse isso”, pondera. O resultado prático é que cada um analisa a questão a sua maneira. Os
caiçaras dizem que todo mundo pode usar as praias das ilhas, mas os téc-nicos do assunto garantem que não. Ou seja, é uma confusão.
Outro complicador nesta questão é que, sem que ninguém saiba ex-plicar por que, nem todas as ilhas da Estação Ecológica dos Tamoios ficam
reunidas num só local. Ao contrário, elas se espalham por toda a região da baía de Ilha Grande e são intercaladas por outras ilhas que não fazem parte
das restrições, o que só confunde todo mundo. Os donos de barcos que qui-serem saber onde podem parar ou não terão de consultar a carta náutica, até
porque não existem placas nas ilhas avisando da proibição.
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18 Náutica SudeSte
a ilha que é um tesouro
A ilha do Cedro é a melhor surpresa desta parte da baía de Ilha Grande. e ela fica fora da área proibida
Quando buscam um lugar tranquilo, abrigado e (muito) bonito para an-corar e passar a noite a bordo, os do-nos de barcos que realmente sabem das coisas nesta parte da baía de Ilha
Grande não têm dúvidas: vão para a ilha do Cedro, jogam o ferro e curtem a melhor ancoragem da re-gião, não só porque as águas na parte de dentro da ilha são bem seguras, mas porque a ilha é linda — além de ficar fora da área da estação ecológica e não fazer parte das ilhas com visitação proibida.
A ilha do Cedro fica exatamente entre Paraty e Bracuhy (pouco mais de uma dúzia de milhas tanto de um ponto quanto do outro) e oferece duas praias praticamente desertas, além de uma ilhota com uma extraordinária língua de areia. O mar é de piscina (a começar pela cor da água), sem nenhuma ondinha e a beleza das praias é de fazer qualquer um esquecer o que diz o calendário. Não por acaso, o Cedro é a anco-ragem predileta dos cruzeiristas da região que moram em barcos (sempre haverá um ou outro veleiro ancora-do por lá) e também dos pescadores, o que é garantia de um peixinho fresco para o jantar a bordo.
Mas, se por acaso, isso não acontecer, basta de-
sembarcar e bater na casa do mais antigo morador da ilha (que só tem três habitantes), o Almir, que nin-guém conhece pelo nome e sim pelo apelido “Pipi”. Seu Pipi tem 63 anos e mora na ilha desde que se co-nhece como gente, já que nasceu ali mesmo. Deve, inclusive, o seu apelido à própria ilha. “Quando eu nasci, meu pai estava na praia e gritou para a partei-ra, lá dentro, o que tinha saído de dentro da barriga da minha mãe. ‘Saiu um pipizinho’, ela disse. “Pron-to. Ficou pra sempre”, ele conta, simpático e bem-humorado, a todos que chegam à ilha e puxam papo.
Quando sente fome ou dá vontade, Seu Pipi pega a traineirinha e sai puxando a rede em frente às duas praias da ilha, “a de cá e a de lá”, como ele diz, e que também serve quando ele muda de praia, por-que continua sendo “cá” e “lá”, explica, com ado-rável simplicidade. Logo, ele colhe um punhado de camarões-sete-barbas e volta para casa. Sua sobrevi-vência está garantida. Vivendo ali, numa ilha com abundância de mata e água potável, ele não precisa de mais nada. Nem quem chega de fora, ávido por curtir um pouquinho daquele paraíso.
A ilha do Cedro é um achado para quem sempre achou que conhecia tudo entre Angra e Paraty.
morador do paraísoSeu Pipi, um dos únicos três moradores da ilha do Cedro, que tem praias de cinema e águas transparentes
mambucaba dos dois ladosMambucaba fica bem na divisa dos dois municípios. A vila histórica (à esquerda) pertence a Angra, mas muitas casas ficam no lado de Paraty. Ambas são tão ligadas ao mar que o ponto de ônibus (acima) é um barco
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olhe a cor deste mar!
paraty angra
A praia do sul, na ilha sandri, tem cenário de calendário de parede. Pena que ninguém pode ver, muito menos entrar
as ilhas proibidasVárias ilhas da baía de Ilha grande fazem parte da estação ecológica e têm acesso proibido. Boa parte delas fica na região da divisa, mas espalhadas e intercaladas com outras ilhas, onde o acesso é permitido
Reza a lenda que, nos anos 1970, o mafioso italiano Tommaso Buscetta (aquele que, em nome dos bons costumes, a impren-sa brasileira da época preferia chamar de “Buschetta”, embora a pronúncia origi-
nal siciliana fosse “Buxéta”) comprou um belo naco da ilha Sandri, exatamente na divisa entre Angra e Pa-raty, e mandou erguer um hotel, cujo verdadeiro obje-tivo não era abrigar hóspedes e sim um cassino clan-destino, já que se tratava de um fora da lei incorrigível.
O hotel ficou pronto, mas jamais foi inaugurado, porque Buscetta/Buschetta foi preso pouco antes dis-so, em São Paulo, e extraditado. Em seguida, o pré-dio foi saqueado, teve portas e janelas arrancadas. Mas seu esqueleto continua “decorando” — ou, melhor di-zendo, enfeiando — a estupenda paisagem da praia mais bonita da ilha Sandri, a do Sul, ao fundo de uma reentrância quase escondida no entorno da ilha e dona de um mar dessa cor — que, não por acaso, é venera-do pelos mergulhadores.
Pena que você terá que se contentar apenas com
fotos e histórias, porque, sob o ponto de vista (larga-mente combatido) dos ambientalistas, é proibido visi-tar as três praias da ilha Sandri, bem como chegar a menos de um quilômetro da ilha, já que ela faz par-te da Estação Ecológica de Tamoios. Para os turistas, é uma frustração. Mesmo assim, não são poucos os bar-cos que costumam frequentar as verdes águas da ilha Sandri, eventualmente desembarcando pessoas, sob o argumento de que, no país, todas as praias são públicas.
Quem faz isso, fica sujeito a ser advertido, expulso da ilha ou multado. Mesmo assim, muita gente ignora os riscos e visita as praias da ilha Sandri do mesmo jei-to. Também, com um mar dessa cor, quem há de re-sistir à tentação de dar um mergulho na praia do Sul?
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20 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 21
não concentração da área da estação em um grupo de ilhas próximas umas às ou-tras dificulta até a própria fiscalização, porque há poucos agentes com pou-cos barcos para patrulhar uma área tão ampla. Quando recebem a de-núncia de invasão do perímetro de uma das ilhas da estação, os fiscais
costumam levar cerca de duas horas para chegar lá, tempo mais que suficiente para os infratores escaparem. Acontece com cer-ta frequência envolvendo barcos pesqueiros, que se aproximam das ilhas com suas redes. Mesmo sendo detectados, via satélite, na sede da estação,
os fiscais só conseguem abordar os invasores após a demorada colocação do barco da instituição na água e de, às vezes, muitas milhas navegadas. Quando fi-nalmente chegam lá, ou o pesqueiro já foi embora ou espertamente saiu do raio de proteção de um quilô-metro em torno das ilhas da estação. “É um trabalho muitas vezes frustrante”, diz o subchefe da Estação Ta-moios, Eduardo Godoy. “Bem melhor seria se as ilhas ficassem juntas num só pedaço da baía.”
Para saber quais ilhas têm acesso
proibido, só mesmo olhando o
mapa. Porque nem placas elas têm
diante da usinaA Estação Ecológica de Tamoios foi criada como compensação ambiental à construção da Usina Nuclear de Angra dos Reis. Algumas ilhas protegidas ficam bem diante dela
escondida na ilhaA Praia do Sul, com o hotel inacabado, que, reza a lenda, pertencia a um mafioso: a mais bonita da mais famosa das ilhas proibidas
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22 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 23
mnom n omn omn omMno monm onmo nmo nmo nm nm onm onmo nm onm onnm onmo nm onm onm onm nom nomon mnom
tudo azulNa página ao lado,
a ilhota de filme de náufrago do
Saco de Tarituba e as ilhas-irmãs Pelada, ambas
com praias. Acima e abaixo, a tranquilidade
da ilha do Cedro, onde sempre há
um ou outro barco ancorado
Quase sempre, a distância entre uma ilha e outra não passa de alguns minutos navegando. Você sai de uma e já chega na outra
Ilhas da dIvIsa
24 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 25
comentário faz ainda mais sentido quando se analisa o prin-cipal fator que levou à criação da estação ecológica, além
da questão da preservação de algumas ilhas, natural-mente. A estação foi criada como uma forma de “com-pensação ambiental” à construção da usina nuclear de Angra dos Reis, entre as vilas de Mambucaba e Frade, num dos trechos mais espetaculares do litoral sul cario-
ca. Teve, também, o intuito de criar um “cinturão verde” de proteção natural em volta da usina, que já era protegida
pela mata virgem do Parque Nacional da Bocaina ao fundo. Com a proibição do acesso às ilhas, algumas bem diante da usina, o cerco se
completou, impedindo a ocupação humana ao redor dos geradores, além de gerar uma maneira segura de monitorar a qualidade ambiental da região — ou-
tro motivo para que as ilhas da estação ficassem agrupadas, formando uma espé-cie de escudo natural desabitado.
Mas não foi bem o que aconteceu. Algumas ilhas foram transformadas em es-tação, outras não. Talvez, pela dificuldade em desapropriar certas ilhas na ocasião.
Muito provavelmente, porque algumas ilhas interessavam mais à preservação do meio ambiente do que outras. Certo é, quando se olha o mapa da baía de Ilha Grande como
um todo, não faz muito sentido que algumas ilhas tenham acesso proibido e outras não, sendo que, muitas vezes, elas ficam lado a lado.
as ilhas da estação ecológica ficam
espalhadas e não concentradas numa
só região. Numa pode entrar, na
outra não. daí a confusão
onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm
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o caso das ilhas vizinhas de Palmas e Ventura, a meio caminho entre Mambucaba e Paraty. A pri-meira faz parte das restrições, embora fique comple-tamente isolada das demais ilhas da estação e rodea-da por outras dez ilhas que não são. Já a segunda, que fica tão próxima de Palmas que parte dela é tecnicamen-te abrangida pela área de restrição ao redor da outra ilha, é particular, tem uma bonita casa e uma praia pontiaguda ain-da mais linda, que — sorte sua! — pode ser visitada por qual-
quer pessoa e nem o dono da ilha pode impedir isso — o tal direito ao uso público, que, segundo os ambientalistas, as praias das ilhas da estação não per-mitem. Por que uma pode e outra não, se ficam praticamente no mesmo lugar? “Ninguém entende isso”, admite Godoy. “De certa forma, nem nós. A estação foi criada com este formato e assim está. Mas melhor seria mudar.”
Enquanto sofre para tentar explicar aos donos de barcos por que uma ilha pode ser visitada e outra não, a equipe da Estação Tamoios procura praticar o bom senso nas abor-dagens dos barcos ancorados onde não é permitido, o que acontece com certa frequência. Na primeira vez, os fiscais apenas registram o nome do barco, conversam e entregam um folheto com o mapa da região, onde aparecem destacadas as ilhas da estação — uma tentati-va de tornar as ilhas com restrições mais conhecidas do público. Só na segunda abordagem do mesmo barco em local proibido é que o proprietário será autuado e isso pode resultar em uma multa de quase R$ 5 000. “Sempre procuramos esclarecer em vez de punir”, diz Godoy.
bonita e perto
A ilha Pelada Grande (acima)
tem até um barzinho na praia. Quem
não tem barco, aluga um para
fazer a travessia, a partir do Saco de Tarituba (ao
lado), que fica quase em frente
dela
região de Paraty temmuitas ilhas. A de Angra
dos Reis, que fica ao lado, ainda mais. Por isso, quem tem
um barco nestas duas cidades quase sempre limita os passeios às ilhas mais próxi-
mas, já que a oferta é tão generosa que não há necessidade de ir longe. Mas este hábito pode ser um
desperdício de oportunidade. Exatamente na divisa entre Angra e Paraty, bem ao centro da enorme baía de Ilha Gran-
de, que banha os dois municípios, há um punhado de pequenas ilhas, bem menos frequentadas e conhecidas, que são igualmen-
te lindas. Em alguns casos, até mais bonitas do que aquelas que os donos de barcos de Angra e Paraty costumeiramente visitam. Como
a idílica ilha do Cedro, um quase mitológico naco do paraíso ao nor-te da baía de Paraty, praticamente só frequentado pelos donos de velei-
ros quando buscam um ancoradouro tranquilo — e lindo — para passar a noite. Mas o pouco conhecimento deste trecho da baía de Ilha Grande
tem um motivo. Além da distância das principais marinas das duas cidades (embora o Bracuhy fique praticamente ao lado), a maior parte das ilhas e ilho-
tas “da divisa”, como informalmente os nativos chamam a faixa de mar que se-para os dois municípios, fazem parte de uma estação ecológica e, por isso, têm
acesso proibido — embora esta proibição não abranja todas as ilhas nem seja tão respeitada assim, por conta da eterna questão sobre o direito público a todas as praias
da nação. Cautelosos, os donos de barcos acabam evitando a região e perdem a opor-tunidade de aproveitar até o que é permitido, o que, por si só, já vale sair da rotina e es-
ticar o passeio até a divisa. Duvida? Então confira.
14 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 15
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as ilhas da divisa
aqui, sim!Ilha Pelada Pequena: uma gostosa praia e aberta a todos os barcos, porque fica fora da Estação Ecológica
A região que divide Angra dos Reis de Paraty abriga uma série de pequenas ilhas bem menos frequentadas do que as demais, porque algumas fazem parte de uma
estação ecológica. Mas nem todas...
praias liberadasTanto na ilha do Ventura (acima), quanto na ilha do Cedro (ao lado), o acesso à praia é liberado, embora elas sejam particulares
s “Ilhas da Divisa” não existem em nenhuma carta náu-tica. Não com este nome, que é apenas a maneira como alguns caiçaras identificam o punhado de ilhas que existe na faixa de mar que divide os municípios de An-gra dos Reis e Paraty, às vezes tão próximas uma das outras que não se sabe ao certo a qual cidade elas pertencem. Como as ilhas do Algodão e Sandri, que ficam exatamente em frente ao rio Mambuca-
ba, que marca a divisa dos dois municípios. Até a própria vila de Mambucaba padece de certa confusão causada
pela localização. A vila histórica, cujo ícone é uma igreja de 1863, fica do lado angrense do rio que divide as duas cidades, mas, na ou-
tra margem, já do lado de Paraty, continua sendo Mambucaba — só que não mais a vila histórica.
Os visitantes costumam ficar confusos com esta dupla identida-de, até porque os nativos não dão muita bola para o que dizem os ma-
pas e misturam as duas cidades. Mas isso não importa mesmo. O que conta é aquele trecho lindo e repleto de praias e ilhas. Mesmo assim, é
bem menos frequentado pelos donos de barcos do que as demais áreas de Angra e Paraty. E o motivo é que maioria das ilhas deste trecho da di-
visa fazem parte da Estação Ecológica de Tamoios, que também abrange outras ilhas da região, mas não tão concentradas quanto ali. Como a legis-
lação prevê a total proibição de visitação nas estações ecológicas (no caso de ilhas, com a agravante de uma faixa de proteção de um quilômetro ao re-
dor delas), a região se tornou quase proibitiva para os barcos, apesar de haver outras ilhas naquele trecho que não fazem parte da reserva. Na dúvida sobre
qual ilha pode-se visitar ou não, os donos de barcos acabam preferindo tomar outro rumo em vez de serem surpreendidos pelos fiscais da Estação, que, dentro
do possível, costumam patrulhar a região. Para a grande maioria deles, o trecho da divisa é área proibida e ponto final. Mas não é bem assim.
Com medo de serem multados, os donos de
barcos evitam toda esta região. e acabam
deixando de conhecer até o que é permitido
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ó não pode ficar com o barco parado nas ilhas da Estação, porque, isso sim, é proibido”, diz um cai-çara nativo. “Mas se a pessoa deixar o barco lon-ge ou chegar nadando, não tem problema, por-que praia não tem dono”, completa o raciocínio. Mas não é o que pensa o ICMBio, órgão am-bientalista que sucedeu ao antigo Ibama, mas que ninguém até hoje consegue chamar pelo
novo nome. Para o órgão, se uma ilha faz parte de uma estação ecológica, tudo o que existe nela passa a
ter acesso restrito, inclusive eventuais praias. No entendimento dos ambientalistas, no caso de ilhas, a
classificação ambiental se sobreporia à legislação brasileira sobre o domínio público das praias, num típico caso de exceção à regra.
“É uma questão que dá margem a duas interpretações”, analisa um esclarecido dono de barco da região. “Se o acesso às ilhas é proibi-
do e as praias ficam nas ilhas, então, geograficamente falando, elas também fazem parte da proibição. Mas, como as praias têm legislação
própria, não deveria haver outra regra que contrariasse isso”, pondera. O resultado prático é que cada um analisa a questão a sua maneira. Os
caiçaras dizem que todo mundo pode usar as praias das ilhas, mas os téc-nicos do assunto garantem que não. Ou seja, é uma confusão.
Outro complicador nesta questão é que, sem que ninguém saiba ex-plicar por que, nem todas as ilhas da Estação Ecológica dos Tamoios ficam
reunidas num só local. Ao contrário, elas se espalham por toda a região da baía de Ilha Grande e são intercaladas por outras ilhas que não fazem parte
das restrições, o que só confunde todo mundo. Os donos de barcos que qui-serem saber onde podem parar ou não terão de consultar a carta náutica, até
porque não existem placas nas ilhas avisando da proibição.
Ilhas da dIvIsa
18 Náutica SudeSte
a ilha que é um tesouro
A ilha do Cedro é a melhor surpresa desta parte da baía de Ilha Grande. e ela fica fora da área proibida
Quando buscam um lugar tranquilo, abrigado e (muito) bonito para an-corar e passar a noite a bordo, os do-nos de barcos que realmente sabem das coisas nesta parte da baía de Ilha
Grande não têm dúvidas: vão para a ilha do Cedro, jogam o ferro e curtem a melhor ancoragem da re-gião, não só porque as águas na parte de dentro da ilha são bem seguras, mas porque a ilha é linda — além de ficar fora da área da estação ecológica e não fazer parte das ilhas com visitação proibida.
A ilha do Cedro fica exatamente entre Paraty e Bracuhy (pouco mais de uma dúzia de milhas tanto de um ponto quanto do outro) e oferece duas praias praticamente desertas, além de uma ilhota com uma extraordinária língua de areia. O mar é de piscina (a começar pela cor da água), sem nenhuma ondinha e a beleza das praias é de fazer qualquer um esquecer o que diz o calendário. Não por acaso, o Cedro é a anco-ragem predileta dos cruzeiristas da região que moram em barcos (sempre haverá um ou outro veleiro ancora-do por lá) e também dos pescadores, o que é garantia de um peixinho fresco para o jantar a bordo.
Mas, se por acaso, isso não acontecer, basta de-
sembarcar e bater na casa do mais antigo morador da ilha (que só tem três habitantes), o Almir, que nin-guém conhece pelo nome e sim pelo apelido “Pipi”. Seu Pipi tem 63 anos e mora na ilha desde que se co-nhece como gente, já que nasceu ali mesmo. Deve, inclusive, o seu apelido à própria ilha. “Quando eu nasci, meu pai estava na praia e gritou para a partei-ra, lá dentro, o que tinha saído de dentro da barriga da minha mãe. ‘Saiu um pipizinho’, ela disse. “Pron-to. Ficou pra sempre”, ele conta, simpático e bem-humorado, a todos que chegam à ilha e puxam papo.
Quando sente fome ou dá vontade, Seu Pipi pega a traineirinha e sai puxando a rede em frente às duas praias da ilha, “a de cá e a de lá”, como ele diz, e que também serve quando ele muda de praia, por-que continua sendo “cá” e “lá”, explica, com ado-rável simplicidade. Logo, ele colhe um punhado de camarões-sete-barbas e volta para casa. Sua sobrevi-vência está garantida. Vivendo ali, numa ilha com abundância de mata e água potável, ele não precisa de mais nada. Nem quem chega de fora, ávido por curtir um pouquinho daquele paraíso.
A ilha do Cedro é um achado para quem sempre achou que conhecia tudo entre Angra e Paraty.
morador do paraísoSeu Pipi, um dos únicos três moradores da ilha do Cedro, que tem praias de cinema e águas transparentes
mambucaba dos dois ladosMambucaba fica bem na divisa dos dois municípios. A vila histórica (à esquerda) pertence a Angra, mas muitas casas ficam no lado de Paraty. Ambas são tão ligadas ao mar que o ponto de ônibus (acima) é um barco
Náutica SudeSte 19
olhe a cor deste mar!
paraty angra
A praia do sul, na ilha sandri, tem cenário de calendário de parede. Pena que ninguém pode ver, muito menos entrar
as ilhas proibidasVárias ilhas da baía de Ilha grande fazem parte da estação ecológica e têm acesso proibido. Boa parte delas fica na região da divisa, mas espalhadas e intercaladas com outras ilhas, onde o acesso é permitido
Reza a lenda que, nos anos 1970, o mafioso italiano Tommaso Buscetta (aquele que, em nome dos bons costumes, a impren-sa brasileira da época preferia chamar de “Buschetta”, embora a pronúncia origi-
nal siciliana fosse “Buxéta”) comprou um belo naco da ilha Sandri, exatamente na divisa entre Angra e Pa-raty, e mandou erguer um hotel, cujo verdadeiro obje-tivo não era abrigar hóspedes e sim um cassino clan-destino, já que se tratava de um fora da lei incorrigível.
O hotel ficou pronto, mas jamais foi inaugurado, porque Buscetta/Buschetta foi preso pouco antes dis-so, em São Paulo, e extraditado. Em seguida, o pré-dio foi saqueado, teve portas e janelas arrancadas. Mas seu esqueleto continua “decorando” — ou, melhor di-zendo, enfeiando — a estupenda paisagem da praia mais bonita da ilha Sandri, a do Sul, ao fundo de uma reentrância quase escondida no entorno da ilha e dona de um mar dessa cor — que, não por acaso, é venera-do pelos mergulhadores.
Pena que você terá que se contentar apenas com
fotos e histórias, porque, sob o ponto de vista (larga-mente combatido) dos ambientalistas, é proibido visi-tar as três praias da ilha Sandri, bem como chegar a menos de um quilômetro da ilha, já que ela faz par-te da Estação Ecológica de Tamoios. Para os turistas, é uma frustração. Mesmo assim, não são poucos os bar-cos que costumam frequentar as verdes águas da ilha Sandri, eventualmente desembarcando pessoas, sob o argumento de que, no país, todas as praias são públicas.
Quem faz isso, fica sujeito a ser advertido, expulso da ilha ou multado. Mesmo assim, muita gente ignora os riscos e visita as praias da ilha Sandri do mesmo jei-to. Também, com um mar dessa cor, quem há de re-sistir à tentação de dar um mergulho na praia do Sul?
Ilhas da dIvIsa
20 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 21
não concentração da área da estação em um grupo de ilhas próximas umas às ou-tras dificulta até a própria fiscalização, porque há poucos agentes com pou-cos barcos para patrulhar uma área tão ampla. Quando recebem a de-núncia de invasão do perímetro de uma das ilhas da estação, os fiscais
costumam levar cerca de duas horas para chegar lá, tempo mais que suficiente para os infratores escaparem. Acontece com cer-ta frequência envolvendo barcos pesqueiros, que se aproximam das ilhas com suas redes. Mesmo sendo detectados, via satélite, na sede da estação,
os fiscais só conseguem abordar os invasores após a demorada colocação do barco da instituição na água e de, às vezes, muitas milhas navegadas. Quando fi-nalmente chegam lá, ou o pesqueiro já foi embora ou espertamente saiu do raio de proteção de um quilô-metro em torno das ilhas da estação. “É um trabalho muitas vezes frustrante”, diz o subchefe da Estação Ta-moios, Eduardo Godoy. “Bem melhor seria se as ilhas ficassem juntas num só pedaço da baía.”
Para saber quais ilhas têm acesso
proibido, só mesmo olhando o
mapa. Porque nem placas elas têm
diante da usinaA Estação Ecológica de Tamoios foi criada como compensação ambiental à construção da Usina Nuclear de Angra dos Reis. Algumas ilhas protegidas ficam bem diante dela
escondida na ilhaA Praia do Sul, com o hotel inacabado, que, reza a lenda, pertencia a um mafioso: a mais bonita da mais famosa das ilhas proibidas
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tudo azulNa página ao lado,
a ilhota de filme de náufrago do
Saco de Tarituba e as ilhas-irmãs Pelada, ambas
com praias. Acima e abaixo, a tranquilidade
da ilha do Cedro, onde sempre há
um ou outro barco ancorado
Quase sempre, a distância entre uma ilha e outra não passa de alguns minutos navegando. Você sai de uma e já chega na outra
comentário faz ainda mais sentido quando se analisa o prin-cipal fator que levou à criação da estação ecológica, além
da questão da preservação de algumas ilhas, natural-mente. A estação foi criada como uma forma de “com-pensação ambiental” à construção da usina nuclear de Angra dos Reis, entre as vilas de Mambucaba e Frade, num dos trechos mais espetaculares do litoral sul cario-
ca. Teve, também, o intuito de criar um “cinturão verde” de proteção natural em volta da usina, que já era protegida
pela mata virgem do Parque Nacional da Bocaina ao fundo. Com a proibição do acesso às ilhas, algumas bem diante da usina, o cerco se
completou, impedindo a ocupação humana ao redor dos geradores, além de gerar uma maneira segura de monitorar a qualidade ambiental da região — ou-
tro motivo para que as ilhas da estação ficassem agrupadas, formando uma espé-cie de escudo natural desabitado.
Mas não foi bem o que aconteceu. Algumas ilhas foram transformadas em es-tação, outras não. Talvez, pela dificuldade em desapropriar certas ilhas na ocasião.
Muito provavelmente, porque algumas ilhas interessavam mais à preservação do meio ambiente do que outras. Certo é, quando se olha o mapa da baía de Ilha Grande como
um todo, não faz muito sentido que algumas ilhas tenham acesso proibido e outras não, sendo que, muitas vezes, elas ficam lado a lado.
as ilhas da estação ecológica ficam
espalhadas e não concentradas numa
só região. Numa pode entrar, na
outra não. daí a confusão
onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm onm
onm onmo nmo n
o caso das ilhas vizinhas de Palmas e Ventura, a meio caminho entre Mambucaba e Paraty. A pri-meira faz parte das restrições, embora fique comple-tamente isolada das demais ilhas da estação e rodea-da por outras dez ilhas que não são. Já a segunda, que fica tão próxima de Palmas que parte dela é tecnicamen-te abrangida pela área de restrição ao redor da outra ilha, é particular, tem uma bonita casa e uma praia pontiaguda ain-da mais linda, que — sorte sua! — pode ser visitada por qual-
quer pessoa e nem o dono da ilha pode impedir isso — o tal direito ao uso público, que, segundo os ambientalistas, as praias das ilhas da estação não per-mitem. Por que uma pode e outra não, se ficam praticamente no mesmo lugar? “Ninguém entende isso”, admite Godoy. “De certa forma, nem nós. A estação foi criada com este formato e assim está. Mas melhor seria mudar.”
Enquanto sofre para tentar explicar aos donos de barcos por que uma ilha pode ser visitada e outra não, a equipe da Estação Tamoios procura praticar o bom senso nas abor-dagens dos barcos ancorados onde não é permitido, o que acontece com certa frequência. Na primeira vez, os fiscais apenas registram o nome do barco, conversam e entregam um folheto com o mapa da região, onde aparecem destacadas as ilhas da estação — uma tentati-va de tornar as ilhas com restrições mais conhecidas do público. Só na segunda abordagem do mesmo barco em local proibido é que o proprietário será autuado e isso pode resultar em uma multa de quase R$ 5 000. “Sempre procuramos esclarecer em vez de punir”, diz Godoy.
bonita e perto
A ilha Pelada Grande (acima)
tem até um barzinho na praia. Quem
não tem barco, aluga um para
fazer a travessia, a partir do Saco de Tarituba (ao
lado), que fica quase em frente
dela
esmo assim, causou gran-de furor o caso do depu-tado Jair Bolsonaro, que, três anos atrás, foi flagrado pelos fiscais pescando na ilha Samambaia e, indig-nado com a multa recebi-da, reagiu nos corredores de Brasília tentando aca-
bar com a proibição da pesca amadora nas águas da estação. O caso gerou reações adversas de apoio e indignação ao parlamentar e, até hoje, tem de-fensores dos dois lados. O tema é delicado. Como
a própria questão das proibições. As ilhas proibidas sempre geraram polêmicas.
O que todos concordam é que a região é extraor-dinariamente linda. Tome-se como exemplo o fenome-
nal arquipélago formado pela ilha do Cedro e as vizi-nhas ilhas Pelada Grande e Pelada Pequena, todas donas
de praias de cinema e fora dos limites da estação.
o Hotel do Bosque é a melhor opção de hospedagem da região. e tem a peculiaridade de se dividir entre duas cidades
Angra dos Reis tem bons resorts, Para-ty ótimas pousadas, mas nenhuma hos-pedagem é tão privilegiada para quem quer conhecer esta parte da baía de Ilha do que este hotel, o do Bosque (www.
hoteldobosque.com.br). Ele fica em Mambucaba, às margens do rio do mesmo nome, e tão na divisa entre os dois municípios que sua sede fica em uma cidade e a base que ele possui na praia, em outra. Para sair do quarto e chegar à praia, toma-se um simpático barqui-nho, que atravessa o rio — e, tecnicamente, muda de cidade. Mas, quem quiser ir bem mais longe e conhe-cer algumas ilhas da região, pode agendar passeios de barcos ou mesmo alugar uma lancha no próprio hotel, que, sob o ponto de vista geográfico, não poderia ser mais inusitado nem estar mais bem localizado.
para ficardiante das ilhas
Ilhas da dIvIsa
26 Náutica SudeSte
Ilhas da dIvIsa
28 Náutica SudeSte
Para visitar as ilhas desta parte da baía de Ilha Gran-
de (como, de resto, qualquer ilha...) só de barco par-
ticular, já que não existe serviço regular de travessia
para nenhuma delas. Mas isso é fácil de contornar.
Basta recorrer aos barqueiros que fazem passeios
particulares (cobrados por período, com base no preço médio
de R$ 100 por hora navegada), a partir de dois pontos do lito-
ral de Paraty: a vila de Tarituba, bem próxima às ilhas do Cedro,
Pelada Grande e Pelada Pequena (todas com ótimas praias), e a
de Mar Grande, bem diante da Ilha do Araújo e vizinha às ilhas
do Ventura, Comprida e Sapeca. Os barcos não passam de típi-
cas traineiras coloridas e navegam sem muita velocidade, mas
as distâncias são curtas.
Nestes mesmos locais, é possível fretar barcos para pes-
carias, como a escuninha Diego, do pescador Marcos (tel.
24/99944-3798), que cobra R$ 500 por uma noite inteira no
mar. Outra opção, bem melhor, por sinal, é alugar logo um velei-
ro e ser dono do próprio roteiro. Há várias empresas do gênero,
tanto em Angra quanto em Paraty, que alugam ótimos barcos
a vela, com capacidade para quatro ou mais pessoas dormirem
a bordo. Duas delas ficam bem próximas destas ilhas: a Sailaba-
out (tel.24/3370-6429), baseada na Marina Bracuhy, que aluga
veleiros da marca alemã Bavaria, e a Wind Charter (tel. 24/2404-
0020) que tem sede na marina do Engenho, em Paraty, e ofe-
rece diversos veleiros por um preço médio de R$ 1 000 ao dia,
dependendo do barco e da época do ano.
las têm acesso livre e rústicos bares na areia, para receber os visitan-tes com bebidas geladas e porções de peixe frito e camarão. Ou a água clarinha da ilha Sape-ca, já bem próxima a Paraty e, por isso mes-
mo, às vezes, visitada pelas escunas que fa-zem passeios. Ou a bonita praia da imponen-
te ilha do Pico (que tem esse nome, adivinhe por quê?), que pertence ao cineasta Bruno Bar-
reto, mas costuma ser alugada aos interessados. Ou, ainda, a praia deserta que existe do lado de
fora da ilha do Araújo, que, a exemplo de outras nesta região, fica tão próxima do continente que,
às vezes, nem dá para perceber que é uma ilha. Gostou das sugestões? Pois, então, da próxima
vez que pegar um barco em Angra ou Paraty, que tal variar o cardápio do passeio e incluir algumas dessas
ilhas no seu roteiro? Uma coisa é certa: você vai voltar para casa com a certeza de que a Baía de Ilha Grande é
ainda mais bonita do que se imagina.
não precisa ter barcoAs simpáticas escuninhas de Paraty (ao lado)fazem passeios fretados às ilhas mais próximas, como a do Ventura (acima). Para alugá-las, as melhores bases são as vilas de Tarituba e Mar Grande
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As turmAs dA
diversãoo contrário das lanchas e veleiros, jet skis são embarcações fáceis de transportar e de le-var pra lá e pra cá. Entre outras vantagens, essa mobilidade aumenta barbaramente as possibilidades de passeios em outras águas que não as frequentadas habitual-
mente. Basta colocar o jet na carreta e levá-lo, por terra, até outro ponto,
evitando longos e muitas vezes impraticáveis desloca-mentos pela água. Graças a esta praticidade, quem tem um jet pode ampliar os seus horizontes e não precisa ficar confinado numa só região, o que é um facilitador e tanto para quebrar a rotina dos pas-seios náuticos. Mas existe outro apelo ainda mais forte neste sentido: os passeios em grupo, que es-tão se tornando cada vez mais comuns e fre-quentes em todo o país. Porque, acima de tudo, eles são muito divertidos.
Passear de jet ski em grupo é um programa cada vez mais
procurado. E é fácil saber por quê
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s passeios organizados em grupo ou saídas com tur-mas de amigos são a mais eficaz maneira de conven-cer os donos de jet skis a ti-rarem suas máquinas das ga-
ragens e colocá-las na água, atraídos pelo simples apelo de
que outros farão o mesmo, pelo mesmo motivo. Navegando juntos, todos se diver-tem muito, o que não aconteceria se o pas-seio fosse apenas com o amigo de sempre ou, pior ainda, sozinho. “Andar de jet sem ter a companhia de outros jets é como dançar com a irmã: não tem graça”, compara, bem-humora-do, o paulista Paulino Alvarez, que ninguém co-nhece pelo nome e sim pelo apelido “Kilha” (“por causa do tamanho do meu nariz”, ele explica), este sim tremendamente conhecido entre os adeptos dos passeios organizados de jet skis.
Durante anos, Kilha foi o responsável pela orga-nização e execução dos passeios em grupo promovidos pela Sea Doo em todo o país, os Jet Tours, que tinham por objetivo estimular os donos de motos aquáticas a
usarem suas máquinas, e que, na contramão da tendência, foram interrompidos recentemente. Mas os Jet Tours deixaram a semen-te dos passeios organizados. “Passamos cinco anos ensinando os nossos concessionários a organizarem passeios náuticos e a tira-rem algum proveito comercial disso”, diz Fernando Alves, ge-rente de operações da BRP, que produz os jets da marca Sea Doo. “Agora, eles já estão suficientemente treinados e são ca-pazes de organizar os próprios passeios nas suas regiões, com, inclusive, muito mais frequência do que nós éramos capa-zes de fazer”, explica.
Graças a ações desse tipo e ao efeito aglutinador de praticantes, uma das características mais marcan-tes dos jet skis, hoje praticamente todas as regiões do país possuem suas “turmas de jet”, quase sem-pre formadas por entusiasmados homens de meia-idade (ou bem mais do que isso...), que não raro vão nos passeios acompanhados de suas mulhe-res na garupa e dos filhos a bordo de outros jets. Ou seja, duas gerações curtindo o mesmo pro-grama, o que é cada vez mais raro no típico dia a dia das famílias de hoje em dia.
“Nos passeios de jet, eu volto a ter a idade dos meus filhos”, atesta um dos mais assíduos frequentadores dos pas-seios organizados (com bastante fre-quência, por sinal), pela marina Jet Chula, de Bertioga, no litoral de São Paulo, e que chegam, fácil, fácil, aos 50 jets na água.
Os passeios são a forma mais eficaz de tirar os jets das garagens
ANGRA É A MECA
Andar de jet em Angra é o sonho de
todo dono de moto aquática.
Nos passeios organizados,
isso é bem mais fácil. No alto,
um grupo que veio de Minas
Gerais. Ao lado, a 1aJet Parade,
também lá
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Passeios de Jet
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s vezes, temos que estipular um limite máximo de parti-cipantes, porque todo mun-do quer ir junto”, diz Mar-celo Gimenez, o “Chula”, nome que também batiza a sua marina. “Nos passeios que fazemos em Angra
dos Reis, por exemplo, sempre sobra gente, porque a quantidade de participantes é de-terminada pelo caminhão que nós fretamos para levar os jets”, explica Chula, a respeito da mais nova tendência dos passeios do gênero: os que acontecem em locais distantes, sem, con-tudo, precisar ir navegando até lá — o tal bene-fício da facilidade do transporte terrestre dos jets, citado no início desta reportagem.
No último passeio em Angra, Chula reuniu, sem nenhum esforço, os 47 jets que cabiam na carre-ta e passou um fim de semana inteiro navegando ao lado de seus clientes pelas ilhas e praias da região mais bonita do mar do Sudeste. “Um passeio desses deixa boas lembranças e associa diretamente o nome da ma-rina com coisas legais”, explica Chula, que, não por aca-so, transformou os passeios organizados em sua principal
estratégia de marketing. “Você nem precisa fazer esforço na convo-cação dos participantes, porque um sempre chama outro”, ensina.
“Passeios geram um intenso boca a boca”, confirma Fer-nando Alves, da Sea Doo, “porque, no fundo, ninguém gos-ta de andar de jet sozinho”. E ele vai mais fundo na sua aná-lise. “Os passeios organizados conseguem mudar o cenário até nos lugares que os participantes conhecem bem”, teori-za Fernando. “Só o fato de navegar ao lado de outros jets já torna tudo muito mais divertido”.
“Os passeios são essenciais para estimular as pes-soas a usarem os jets que têm”, faz coro o empresá-rio mineiro Guilherme Velloso, dono da concessio-nária Sea Doo GP Mini, de Belo Horizonte. “O cara compra um jet por impulso e, depois, não sabe o que fazer com ele. Cabe a quem vendeu criar si-tuações que o levem a usá-lo, do contrário, ele logo pensará em vender o jet”, diz Guilherme. Como Minas Gerais não tem nem mar, ele or-ganiza passeios pelas represas do estado e, uma vez por ano, leva uma penca de clientes para andar de jet em Angra dos Reis, a mais de 500 quilômetros da cidade onde fica a sua loja. Isso só é possível graças à tal mobilidade dos jets. “Costumo explicar para os meus no-vos clientes que os jets são barcos portáteis, que você pode levar de um canto para ou-tro, sem muito esforço”, explica Guilher-me. “E, para provar isso, convido todo mundo para ir para Angra comigo”.
A nova onda é despachar os jets e ir navegar nas praias do Nordeste
pARAdA pARA
AlMoçoOs passeios
semanais organizados
por Valdir Brito (no alto),
sempre incluem paradas.
Nem que seja para um
churrasquinho na praia
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Passeios de Jet
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uilherme não é o único a fazer isso. Re-
centemente, a empresa BR
Marinas organi-zou, entre as ilhas
da cidade, o 1º Jet Parade, um pas-seio em grupo para qualquer tipo de jet, que pretendia atrair perto de 500 motos aquáticas e até quebrar o recorde mundial de jets na mesma praia. Infelizmente, o mau tempo nos dias do evento afugentou muitos parti-cipantes, mas ele será repetido, em outra ocasião. “Já andei de jet em praticamen-te todo o Brasil e não conheço lugar mais perfeito do que Angra do Reis”, garante Ki-lha, do alto de sua larga experiência em pas-seios de Norte a Sul do país. “Lá, há, pelo menos, uns 20 passeios diferentes para serem feitos por quem estiver com um jet ski. Não
tem aquela coisa de ir sempre para o mesmo lugar, nem repetir o programa. Se eu tivesse que escolher um lugar para manter um jet, seria lá”. Mas, como a maioria dos usuários não tem esta possibilidade, os pas-seios organizados com motos aquáticas em Angra dos Reis quebram um bom galho.
O mesmo vale para outros lugares ainda mais distan-tes, que, de tempos para cá, também passaram a ser visita-dos pelos donos de jets do Rio e de São Paulo. “A nova onda é juntar um grupo, fretar um caminhão para o transporte dos jets e ir, de avião, navegar nas praias do Nordeste”, diz Ki-lha, que, recentemente, guiou um grupo de mais de 20 motos aquáticas de uma turma de São Paulo em um percurso entre Pernambuco e Alagoas. “Foi sensacional, porque aquele é o tre-cho mais lindo do Nordeste, cheio de praias e piscinas naturais. Já estamos programando outras expedições desse tipo”, ele avisa.
“Os passeios também cumprem uma função educativa, por-que, na companhia de outras pessoas, os proprietários ganham confiança e segurança, e vendo de perto como os outros pilo-tam, também aprendem bastante”, garante o mais veterano de todos os organizadores de passeios de jet no país, o paulista Valdir Brito, que há mais 20 anos, todos os fins de semana, con-vida os clientes de sua loja, a Jetco, concessionária Yamaha de
São Paulo (ou donos de qualquer jet, de qualquer marca, não importa) para passear nas águas da Baixada Santis-ta ou ir bem além disso. “É só chegar no Iate Clube de São Vicente aos sábados de manhã e esperar pela tur-ma”, diz Valdir, que invariavelmente programa o pas-seio com uma parada para almoço ou um churras-quinho numa praia vazia. “É raro não juntar menos que 20 jets”, garante. “E quem vai uma vez sempre volta, porque é legal à beça. Vamos nessa?”
8 motivos para aderir aos passeios de jetsEntre nessa você também
Porque você faz novos amigos
Porque o seu jet não fica parado na garagem
Porque é sempre mais seguro navegar acompanhado
Porque passeio não é corrida, embora gere adrenalina
Porque navegar sempre no mesmo lugar não tem graça
Porque é um programa que agrada pais e filhos
Porque conhece lugares onde não iria sozinho
Porque muda a rotina dos fins de semana
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65
43
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Nos passeios, pais e filhos se divertem juntos
Com companhia, dá segurança e confiança para ir mais longe
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Passeios de Jet
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Untitled-1 1 23/09/2015 15:33:32
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Após cinco anos de uma completa reforma, um velho atracador do porto de Santos ressurge como o mais charmoso trawler de Paraty
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oi amor à primeira vista. Quando o empresário paulista Mario Marzagão Neto bateu os olhos nas curvas ele-gantes e arredondadas daquele velho casco de madeira, há tempos quase esquecido numa poita de Paraty, não sossegou até localizar o seu dono e
fazer-lhe uma proposta: daria a sua escuna, em perfeito estado, e ainda pagaria uma boa diferença em dinheiro, para ter aquele barco — mesmo ele já clamando por uma completa reforma. Foi taxado de maluco até pelos ami-gos, mas seguiu em frente no negócio, mais entusiasmado que criança em festa de aniversário. Levou cinco longos anos reformando (praticamente reconstruindo) o barco inteiro, elevou o teto da casaria e mudou por completo a cabine, mas o resultado ficou tão espetacular que, hoje, o velho rebocador-atracador Paraguassu, construído nos anos de 1970 para operar no porto de Santos, virou o mais charmoso e nostálgico trawler de Paraty — e razão para todo mundo virar o pescoço e tecer comentários de admi-ração quando ele passa. “Já cansei de acordar a bordo com o barulho do pessoal tirando fotos”, diverte-se Marzagão, que não liga nem um pouco para o incômodo. Ao contrá-rio, sabe que é uma forma de elogio, tanto ao barco quan-to à qualidade do trabalho que nele foi executado. “O Pa-
raguassu é como uma mulher realmente bonita. Até as outras mulheres reconhecem isso”, compara.
Mas nem sempre ele foi assim. Quando foi compra-do pela família Nakata (aquela, dos amortecedores) e transformado em barco particular, o Paraguassu (nome original do rebocador, que jamais mudou) manteve as características de um barco de serviço. Sua cabine era espartana ao extremo e tão baixa que praticamente só se entrava nela agachado. Depois de anos ancorado no Saco da Ribeira, em Ubatuba, o Paraguassu foi vendi-do a um velejador, que o levou para Paraty e ali ele fi-cou, por outros muitos anos. Até que Marzagão, dono de uma ilha na região, viu o barco e se apaixonou, porque sabia que, depois de uma boa reforma, ele ficaria lindo. E ficou mesmo...
O Paraguassu foi praticamente reconstruído. Mas o casco é o mesmo
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Paraguassu
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Paraguassu só ficou pronto no final do ano passado, após meia década de uma severa reforma, que incluiu até madeiras nobres extraídas do casarão onde Marzagão mora, em São Pau-lo. “Quando minha mulher resolveu reformar a casa, eu já sabia onde iria
aproveitar aquelas vigas de mogno e peroba-rosa que sai-riam do assoalho”, recorda, rindo. Depois de exaustivas sessões de manipulação e envernização (em certas partes do barco, chegaram a ser 15 demãos, o que explica o bri-lho de espelho no chão), o velho piso do casarão virou deque e lambris no barco, cujo casco já era do mais puro ipê. “Só mesmo quase meio século atrás ainda se faziam barcos com uma madeira tão nobre e com curvas tão
elegantes”, suspira Marzagão, que comandou e partici-pou diretamente da reforma do barco inteiro. “Tem gen-te que gosta de fazer, que manda fazer ou compra pron-to. Meu tipo é o primeiro”, explica.
Por “fazer” entenda-se acompanhar com lupa a refor-ma do Paraguassu, primeiro em Paraty, depois na Roger-mar, em Angra dos Reis, duas vezes por semana, durante abnegados cinco anos, e meter o bedelho em cada suges-tão apresentada pela arquiteta naval carioca Ana Claudia Moreno, contratada por Marzagão para reprojetar o in-terior do barco, que ganhou teto mais alto, dois quartos, banheiro, cozinha e uma sala pra lá de bonita e agradá-vel. Só casco e motor não mudaram. O primeiro, de 17 metros de compri-mento, continua tendo a popa curva (chamada de “popa-torpedo”), como nos tempos de antigamente, e o se-gundo ainda é o mesmo Carterpillar de retroescavadeira devidamente ma-rinizado, já que o Paraguassu nasceu para serviços pesados. “Ficou uma beleza”, baba Marzagão. E quem há de dizer que não?
As madeiras nobres da cabine vieram do casarão da família
pronto para zarparDepois da reforma, o Paraguassu ficou baseado em Paraty, onde, inclusive pode ser alugado. Seu posto de comando é original, mas a altura da cabine foi aumentada
a surpresa por dentroSe, por fora, o Paraguassu já
enche os olhos, por dentro,
surpreende. São dois
quartos e uma sala-cozinha
pra lá de agradável
QUER USAR? 0 Paraguassu pode ser alugado, ao preço de R$ 6 000 por dia, com serviços de marinharia. Quem oferece é o site www.airbnb.com.br
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A pintura de fundo com tinta anti-incrustante é obrigatória para qualquer barco que fique parado na água. E a melhor hora é agora, quando o verão está chegando
Quem tem um barco que fica perma-nentemente na água, especialmen-te a salgada, sabe bem que um dos itens mais importantes da manuten-ção de praxe é a pintura do fundo do
casco. Não por razões estéticas, mas sim práticas, porque a tinta usada nas chamadas “obras-vivas”, ou seja, a parte do barco que fica abaixo da linha d’água, tem a função de evitar que o limo, as algas, as cracas e outros organismos presentes na água grudem no casco, aumentando o peso e o arrasto e comprometendo barbaramente a hidrodinâ-mica do barco. Os prejuízos são bem grandes para algo, a princípio, tão simples. Um barco com fundo de casco sujo tem sua capacidade de manobra reduzida, gasta mais combustível e, principalmente, perde velocidade, porque fica mais pesado e não desliza tão bem na água.
Mas é um equívoco achar que a pintura do fundo seja algo simples. Não é. Dá certo trabalho. Mas, de tempos em tempos, é extremamente necessária. Especialmente após um longo período do barco parado na água, como geralmente acontece nos meses de inverno, quando o pouco uso acelera o processo de formação de cracas e in-crustações na parte de baixo do casco. Sorte que existem empresas e profissionais especializados na repintura de cascos, bem como produtos específicos de boa qualidade.
O tema é oportuno, porque o verão já está quase aí e é hora de deixar o barco tinindo. E que tal começar por aquela parte que ninguém vê, mas é fundamental para navegar legal? As respostas às dúvidas mais comuns sobre a pintura de fundo com tinta anti-incrustante es-tão nas páginas seguintes.
por REginA HAtAkEyAmA
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MÃOS À OBRA!
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Pintura de fundo
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Pintura de fundoPintura de fundo
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pintuRA de fundOE as respostas dos especialistas no assunto
Não. Só os que ficam em vagas molhadas, ou seja, permanentemente em contato com a água. “O gelcoat não deve ficar dentro d’água por mais de cinco dias seguidos”, aconselha Alberto Piazza, gerente de pós-venda do estaleiro Schae-fer Yachts. “Por isso, todos os barcos de maior por-te precisam de pintura com tinta anti-incrustante no fundo. Já os menores, que ficam guardados no seco, não precisam desta proteção”. As tintas an-ti-incrustantes, também chamadas de “venenosa” ou “antifouling”, em inglês, geralmente são com-postas de óxido cuproso (um derivado do cobre), cuja função é repelir os organismos marinhos que tentam se fixar na parte submersa dos barcos. Mas também há tintas do gênero livres de cobre e ou-tros metais pesados.
As tintas mais modernas têm entre suas principais caracte-rísticas o uso de substâncias não venenosas (apesar da fama do seu antigo nome), bem como o autopolimento. O adjetivo “ve-nenosa” era muito usado no passado, quando as tintas conti-nham tributilestanho (o TBT) como agente anti-incrustante. Hoje, o agente anti-incrustante das tintas difere em cada mar-ca, mas nenhum deles possui mais nenhuma característica ve-nenosa, como antigamente. “O que as tintas promovem é uma película irritante, mas não mais venenosa, o que dificulta a ade-são dos organismos”, esclarece Sandro de Oliveira, responsável pelo marketing da Weg, que fabrica tintas marítimas. Já o auto-polimento é a qualidade que as tintas têm de se desgastar gra-dativamente pelo atrito com a água, sem perder sua capacidade anti-incrustante. Com isso, o poder da tinta se renova toda vez que se usa o barco, enquanto durar a pintura. Aliás, antes de co-locar o barco pela primeira vez na água depois de pintar o fun-do, é necessário esfregar o casco com uma esponja macia, para ativar os componentes anti-incrustantes.
Quando a tinta anti-incrustante perde o efeito, surge o acú-mulo de limo, que futuramente acolherá uma colônia de algas, que, por sua vez, atrairão as cracas, aqueles moluscos que grudam no casco a ponto de só poderem ser removidos com espátulas. Se não forem eliminadas, as cracas proliferam, causando uma verda-deira infestação no casco. A hora de refazer a pintura é quando as incrustações estão começando a se instalar e não quando o bar-co já estiver infestado. Isso pode ser constatado visualmente, mer-gulhando para inspecionar o casco. “Se houver algas já aderidas ao casco, o ambiente estará propício às cracas e elas, em pouco tempo, irão se fixar onde não houver mais tinta anti-incrustante suficiente”, ensina Rafael Calviño, recomendado restaurador de barcos e dono da Tecnimar, de Santa Catarina. “Em barcos que ficam muito tempo parados, é preciso inspecionar o casco três ve-zes por ano, nem que seja apenas para lavá-lo. Além disso, no fun-do do barco é onde ficam as entradas de água para refrigeração dos motores e dos geradores, as saídas dos banheiros, os anodos e outros equipamentos, que também exigem manutenção periódi-ca”, ele completa. E acrescenta. “O limo e as cracas podem não estar no casco, mas nestas simples saídas e acessórios”, alerta ou-tro especialista no assunto, Alberto Piazza, da Schaefer Yachts.
1 2 3Todo barco precisa de
pintura de fundo?Como funcionam as tintas
anti-incrustantes?Como saber se está na hora de
pintar o fundo do casco?
7 conselhosde quem sabeDicas valiosas para quando for pintar o fundo de um barco
1 Jamais adultere a tinta, usando solventes ou aditivos, como pó de cobre, por exemplo.
2 A pintura deve seguir rigidamente o que recomenda o fabricante. na dúvida, consulte a assistência técnica da marca da tinta.
3 Use sempre a quantidade de tinta adequada ao tamanho do barco. Economizar encurta a vida da pintura e antecipa as incrustações.
4 Aplique uma demão extra nas áreas de maior turbulência e desgaste, como a linha d’água, quilha, roda de proa, leme, estabilizadores, eixo pé-de-galinha e rabeta.
5 Antes de pintar o fundo consulte a meteorologia. nunca pinte quando a umidade relativa do ar estiver acima de 65%.
6 Aproveite a pintura de fundo para trocar anodos, fazer revisão da placa de aterramento, da bucha de eixo do hélice e do alinhamento do eixo do motor.
7 Se precisar colocar o casco no seco depois de ter pintado o fundo e já colocado o barco na água, mantenha o fundo molhado, para a pintura não ressecar e perder seu efeito anti-incrustante.
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Pintura de fundo
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Isso não é tão simples quanto parece e há até fórmulas para calcular a área exata a ser pin-tada e, consequentemente, a quantidade de
tinta a ser com pra da. As fórmulas mais comuns são: para lanchas, boca + calado x comprimen-to da linha d’água, e, para veleiros, boca + calado x 0,75 x comprimento da linha d’água. Ambas da-rão a área a ser pintada em m2, o que é útil para de-terminar a quantidade de tinta necessária. Por que a diferença entre lanchas e veleiros? Porque a lar-gura dos cascos nestes dois tipos de barcos é dife-rente. Na média, o fundo do casco de uma lancha de 40 pés de comprimento mede entre 30 e 40 m2, e o de um veleiro de mesmo comprimento, entre 28 e 32 m2. Daí a diferença também nas fórmulas.
4Como calcular a quantidade exata de tinta que será necessária?
Depende, obviamente, do tamanho do casco. Como refe-rência, para pintar o fundo de lanchas de até 50 pés, Manuel Messias, conhecido especialista em pintura e laminação, pro-prietário da empresa Master Yacht, com bases no Pier 26, no Guarujá, e na Marina Porto Imperial, em Paraty, cobra cerca de R$ 100 de mão de obra por cada pé de comprimento do casco. Já outros profissionais cobram por metro quadrado. Como Rafa-el Calviño, da Tecnimar, de Santa Catarina, que cobra em tor-no de R$ 75 o m2. Já Oswaldo Dores, dono da Contatomar, em-presa prestadora de serviços náuticos e autorizada do estaleiro Azimut, no Iate Clube de Santos, no Guarujá, diz que o custo de tinta e mão de obra para pintar o fundo do casco de uma lan-cha de 60 pés de comprimento fica em torno de R$ 10 mil, sen-do que cerca de R$ 7 mil correspondem apenas à tinta. E esses preços são para barcos que não tenham a necessidade de remo-ção da tinta antiga. “Além da qualidade do serviço, outra van-tagem de contratar pintores profissionais é que eles quase sem-pre trabalham com equipes, o que encurta o prazo de execução do serviço, e já têm um local específico para executar o servi-ço”, defende Vasco Trindade, da Motor Yachts. Mas ele alerta. “Uma coisa é apenas repintar o casco sem fazer uma boa pre-paração para receber a tinta nova, outra é lixar antes o quanto for preciso. E isso faz muita diferença na qualidade do serviço”.
6Quanto um profissional cobra para pintar o fundo de um barco?
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5“Sim, podem”, alerta Fernando Capeloza, ge-
rente de negócios da Akzo Nobel, fabricante das tin-tas marítimas da marca International. “Até alterações no clima do planeta, que obviamente afetam tan-to a temperatura ambiente quanto a da água do mar, podem tornar as cracas mais resistentes às tintas. Por isso, de tempos em tempos, as empresas revisam as fór-mulas de seus produtos”, ele garante.
Com o tempo, os organismos que grudam no fundo do casco podem se tornar imunes às tintas anti-incrustantes?
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Para Silvestre Santos, vendedor técnico da Akzo Nobel, a pintura do fundo de casco deve ser feita por profissionais. “Pode parecer fácil, mas a aplicação exige cuidados, até para a saúde, e os lei-gos não costumam dar a devida importância”, ele garante. Alberto Piazza, do estaleiro Schaefer Ya-chts, concorda: “Esse tipo de serviço requer mão de obra especializada. A aplicação por pessoa não qua-lificada pode prejudicar barbaramente a eficiência da tinta”. E ele explica por quê. “Há uma sequência de primers e tempos de secagem que precisam ser seguidos”. Mas, na opinião de muitos donos de bar-cos — especialmente donos de veleiros, quase sem-pre mais afeitos ao “faça você mesmo” do que os proprietários de lanchas —, se não houver nenhum pintor com boas recomendações ou alguma marina ou estaleiro que ofereça este serviço com compro-vada qualidade, é melhor fazer por conta própria, embora seja um serviço que pode ser demorado, quando não se tem experiência nem ajuda de ou-tras pessoas. Uma das reclamações mais frequentes é quanto à honestidade dos pintores, que costumam alterar a composição da tinta ou aplicar menos que o recomendado pelo fabricante, para obter maior rendimento e, depois, revender a tinta que sobra. “Se a limpeza prévia do casco não for muito bem-feita, a pintura logo soltará, por falta de aderência”, diz Vasco Trindade, diretor da Motor Yachts, em-presa que presta serviços náuticos, sediada na Mari-na Verolme, em Angra dos Reis. “Há até quem mis-ture água na tinta, para render mais”, ele alerta.
Sim, inclusive antes mesmo de o barco ir para a água, por-que as tintas anti-incrustantes foram feitas para ficar em contato com a água, senão a pintura resseca e tem de ser
refeita. Pelo mesmo motivo, sempre que o barco for deixado no seco, será preciso manter o fundo molhado, esguichando água, pelo menos, uma vez por dia. E, dentro d’água, como as tintas anti-incrustantes dependem de autopolimento para cumprirem a sua função, o fundo do barco deve ser limpo uma vez por mês ou, no máximo, a cada 15 dias se o barco não for usado sempre ou se permanecer em local de pouca correnteza ou com muito material orgânico, como manguezais e locais próximos a saídas de esgoto, por exemplo. Em geral, as tintas têm eficácia de um ano, mas, dependendo da manutenção, da qualidade da tinta e da aplicação, esse tempo pode ser de dois ou até dez anos, caso da Coppercoat, tinta importada da Inglaterra à base de epóxi e água e com alto teor de cobre. “A principal característica desse produto é o tempo de proteção contra incrustação e osmose, de dez anos ou mais em barcos de fibra, e seu efeito anticorrosão em cascos de ferro, aço, alumínio e ferro-cimento”, diz Marcos Agra, dono da Rio Marine Service, que distribui a Coppercoat no Brasil. “Outra grande vantagem é que ela não perde a eficácia se o barco ficar no seco, seja pelo tempo que for”, garante. “De-pendendo do estado da tinta do casco, pode-se apenas lixá-lo”, acrescenta Alberto Piazza, da Schaefer Yachts. “Mas, se for preci-so repintá-lo, o fundo do casco deve ser lixado a ponto de retirar uma fina camada da tinta e, em seguida, repintado com uma ou duas demãos. E é importante usar a mesma marca da tinta origi-nal, para evitar reações químicas e manter a garantia do produ-to”, acrescenta o especialista.
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Depois de aplicada, a pintura de fundo requer algum cuidado?
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Dá para fazer a pintura por conta própria ou é preciso contratar um pintor?
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Primeiro, espaço adequado, se possível co-berto. Depois, equipamentos de proteção pesso-al, como macacão, óculos, máscara com filtro, luvas e botas. Já o material é bem farto e inclui fita adesiva para pintura, lixadeira, lixas d’água números 60 a 120, solvente, espátula, bande-jas para tinta, rolos de pelos médios, trinchas de meia a quatro polegadas, para pintar os cantos difíceis, lona para os respingos, estopa e — cla-ro — as tintas. A saber, primer de adesão, primer intermediário e a tinta anti-incrustante em si.
10o que é preciso ter para pintar o fundo de um casco?
“Antes de pintar o fundo do casco do meu veleiro Trinidad 37, pedi alguns orçamentos a empresas e pintores, mas achei todos eles bem caros. Então, decidi fazer eu mesmo o serviço, mesmo jamais tendo feito isso. Peguei dois ajudantes e pus mãos à obra!
Pintar o fundo de um barco não exi-ge nenhuma habilidade específica, mas é importante ter paciência, capricho e atenção a detalhes, como, por exemplo, esperar pelo dia certo. Tem que estar quente, seco e de preferência sem ven-to. Para pintar o meu veleiro usei pincéis e rolinhos e a mesma tinta da pintura anterior, a Micron Premium, da Interna-tional. Se o plano não for lixar o casco até deixá-lo no gel, o mais recomendado é usar sempre a mesma tinta, para garantir a adesão sobre a camada antiga.
Comecei entrando em contato com a as-sistência a clientes do fabricante da tinta e eles me deram orientações valiosas. Em seguida, la-vei muito bem o casco e deixei secar totalmen-te, antes de começar o serviço. A International recomenda três demãos de tinta, com interva-lo de seis horas de secagem entre uma e outra.
A primeira demão consome mais tinta. Nas outras duas, a aplicação pode ser mais ‘esticada’ no rolinho, do contrário a pintura ficará ‘grossa’ demais. Também é importante ter pelo menos um ajudante, para não perder tinta, porque ela resseca rápido na bandeja. Assim, um vai aplicando com o rolo e o outro vem logo atrás, acertando e retocando. Tam-bém deve-se usar um pouco mais de tinta em qualquer qui-na, porque é onde ela irá ‘gastar’ mais depressa, por causa do atrito com a água.
No total, gastei cerca de R$ 2 400 com material, mais R$ 1 700 para tirar e pôr o barco na água e R$ 700 de vaga seca na marina, e levei três dias para pintar todo o fundo do bar-co, respeitando os tempos de secagem. Não foi um trabalho em tempo integral nem fisicamente cansativo. Achei que seria bem mais difícil, Na verdade, foi até fácil”.
A expeRiênciA de queM fezCom dois ajudantes e nenhuma máquina, Carlos Varela pintou o fundo do seu veleiro em três dias e diz que não foi tão difícil
FICOU LEGALVarela nunca havia feito uma pintura de fundo do casco e achava que seria bem difícil. Mas, em três dias, o seu veleiro estava pronto para voltar ao mar
9Não é mais difícil, mas requer mais cuidado,
porque qualquer imperfeição ficará à mostra — e poderá comprometer até o valor de mercado do barco. Por isso, é uma tarefa que costuma ser de-legada a profissionais do assunto. Mas vale muito a pena aproveitar que o barco foi retirado da água para pintar, também, as partes do casco que ficam acima da linha d’água, as chamadas “obras mor-tas”. Mas ela deve ser feita antes de pintar o fun-do, para evitar que a tinta escorra.
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A pintura do casco acima da linha d’água é tão difícil quanto na parte de baixo?
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Um pintor e um ajudante gastam cerca de cinco dias para pintar o fundo de um veleiro de 30 pés ou de uma lancha de 40 pés, se não houver complicações no serviço, porque
a limpeza do casco pode revelar problemas mais sérios. Exemplo: caso haja osmose, ou bolhas no casco causadas pela infiltração de água. Neste caso, será necessário reparar as áreas afetadas e deixá-las secar por até dois a três meses, antes de pintá-las. Claro que um leigo levará bem mais tempo do que um pintor profissional.
A pintura pode ser feita em qualquer época do ano, desde que haja condições de umidade e temperatura adequadas — a saber, tempo seco, com umidade do ar de, no máximo, 65%, para não comprometer a qualidade da pintura. Mas, na prática, a melhor épo-ca é agora, para deixar o barco prontinho para o verão.
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Quanto tempo leva para fazer o trabalho inteiro?
Qual é a melhor época do ano para refazer a pintura de fundo?
A linha Micron Premium, da marca Inter-national, é uma das preferidas pelos profissionais entrevistados nesta reportagem, mas isso não quer dizer que não existam outras de boa quali-dade no mercado. Da própria International, tam-bém a Micron Navigator é muito usada. “Toda tinta anti-incrustante moderna é boa, desde que o pintor seja igualmente bom e siga os proce-dimentos indicados pelo fabricante, como, por exemplo, a quantidade de demãos para obter a espessura da pintura necessária”, pondera o pintor Manuel Messias. Já o restaurador Rafael Calviño exemplifica: “Além da linha Micron, eu recomendo a Wegmarine Plus 1200, para duração de um ano, e a Super 2400, para dois. E tem, também, a Coppercoat, que não requer repintura por uns 10 anos, mas exige limpeza a cada três meses nos primeiros anos, até com-pletar o seu processo de cura”. Também as tin-tas da Coninco são bastante usadas e oferecem boa qualidade.
14Qual a melhor tinta de fundo?
Isso também depende do tipo de uso que tem o barco. “É pre-ciso levar em conta quantas vezes ele navega, em média, por ano, se no local onde ele fica há muitos resíduos na água ou movimen-tação maior ou menor de marés e se o barco costuma navegar em alta ou baixa velocidade, porque o atrito com a água induz ao auto-polimento das tintas anti-incrustantes que têm essa característica”, ensina Rafael Calviño, da Tecnimar.
13Como escolher uma boa tinta?
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“Sim”, diz Sandro de Oliveira, da Weg. “Sempre deve haver algum revestimento aplicado antes do antifouling, seja para auxi-liar na aderência, seja para aumentar a resistência”, explica. “Só não precisa de primer quando a pintura anterior estiver em bom estado e se a pessoa souber qual tinta anti-incrustante foi usada”, ressalva o pintor Manuel Messias. “Nesses casos, deve-se raspar e lavar o fundo do casco com alta pressão e, depois, lixá-lo bem, para corrigir as imperfeições da tinta antiga”, ele ensina. Mas faz uma ressalva. “A nova tinta deve ser igual à antiga ou com fórmu-la parecida, para garantir boa aderência. Mesmo tintas da mes-ma marca nem sempre são compatíveis”, ele alerta. Quando não se souber qual era a tinta antiga, será necessário cobri-la com um primer intermediário, que atuará como uma espécie de selante, isolando componentes eventualmente incompatíveis, e, só então, pintar o fundo com a tinta nova.
16Sempre é preciso aplicar primer?
Embora haja muita gente que defenda que tinta velha só atrapalha e não ajuda a proteger nada, a grande maioria dos pintores profissionais não vê problema em pôr tinta nova sobre a antiga. Oswaldo Dores, dono da empresa especializada Contatomar, chega a não recomendar a remoção total da pintura velha. “Esse serviço praticamen-te dobra o custo e só é realmente necessário quan-do a pintura velha estiver muito grossa ou desco-lando”, diz Oswaldo, que está investindo em um novo sistema de decapagem, nome que se dá à re-moção da pintura anterior, para substituir o lixa-mento e o removedor de tinta pastoso. “O lixa-mento gera poeira e o removedor pode prejudicar o gel. Esse novo sistema remove a tinta com jatos de flocos de espuma abrasiva, que absorvem os de-tritos e podem ser reutilizados”, explica. Já o limi-te para as repinturas varia entre duas e quatro. De-pois disso, é preciso eliminar tudo, até o primeiro primer, tendo, porém, o cuidado de preservar o gelcoat do casco. A remoção total também deve ser feita sempre que a pintura estiver com bolhas causadas pela infiltração na laminação.
17Quando é preciso remover completamente a tinta antiga?
Não. A tinta anti-incrustante serve para qualquer tipo de casco.O que muda é o primer que será aplicado antes e que, este sim, deve ser específico. “Para a pintura básica de
fundo, geralmente são usadas duas camadas de um primer pro-motor de aderência, que vai ajudar na adesão das camadas de tintas”, ensina o também especialista Sandro de Oliveira, da Weg. “Já no sistema de tripla camada, aplica-se também um re-vestimento intermediário ou tie-coat, que, além de dar proteção extra, promove a aderência entre o primeiro primer e a tinta an-ti-incrustante, aplicada por último”, ele completa.
15Na escolha da tinta, faz diferença se o casco é de metal, madeira ou fibra de vidro?
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De acordo com Silvestre Santos, das tintas International, o equipamento ideal para a pintura é a pistola airless, de jato de tinta
sem ar comprimido. E Sandro de Oliveira, da Weg, acrescenta que a pistola airless permite alcançar mais facilmente a espessura recomendada e obter uma película mais uniforme. O dono da Contato Mar, Oswaldo Dores, que adquiriu recentemente um sistema airless, conta que a diferença desse tipo de pistola está nos borrifos, bem mais concentrados, que evitam o desperdício de tinta e não espirram para os lados. “Não há sequer necessidade de pintar o barco em um local fechado”, diz Oswaldo. Todos, porém, concordam que qualquer que seja o meio de realizar a pintura (se rolo, pincel ou pistola), o mais importante é seguir exatamente as instruções do fabricante, aplicar os produtos na espessura exa-ta, respeitar os intervalos entre as demãos e aguardar as condições climáticas ideais para realizar o traba-lho. Até calor em excesso pode atrapalhar. Além dis-so, nunca — jamais! — se deve alterar a tinta com solventes ou outras substâncias, porque ela já vem pronta e qualquer alteração na sua fórmula original resultará em perda de eficiência.
As partes submersas do sistema de propulsão também devem ser pintadas?
Alberto Piazza, da Schaefer Yachts, não aconselha pintar ei-xos e hélices, mas, de resto, tudo deve pintado: rabetas, lemes, pés-de-galinha, flapes, pistões de flapes, braços de plataforma e qualquer metal que estiver abaixo da linha d’água (com exceção, claro, dos anodos), e com a mesma tinta aplicada no fundo do casco. “Nestas partes deve-se, inclusive, aplicar mais tinta, por-que a eficácia do anti-incrustante é menor do que no casco, e é preciso limpá-las constantemente”, concorda Rogério dos San-tos, da empresa também especializada Rogermar, de Angra dos Reis. No entanto, já existe no mercado um revestimento anti-in-crustante específico para a propulsão, chamado Propspeed. Ele é à base de silicone e, segundo o fabricante, deixa as superfícies tão lisas que o limo e as cracas não conseguem se fixar. César Zimbardi, que importa e comercializa o Propspeed no Brasil, diz que a duração desse anti-incrustante pode chegar a um ano e meio, dependendo do uso do barco — neste caso, quanto maior o uso, maior será o desgaste do produto. E sua aplicação só pode ser feita por profissionais treinados pelo fabricante. Um kit do Propspeed custa cerca de R$ 3,2 mil. “Não é um produto barato, mas aconselho o seu uso, porque é um investimento que vale a pena”, concorda Vasco Trindade, da Motor Yachts, que também representa a Propspeed na região de Angra dos Reis.
18rolo, pincel ou pistola? Qual é a melhor forma de pintar o fundo de um barco?
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Através de uma espécie de régua dentada e graduada em micrômetros, específica para pintu-ra. Ela deve ser colocada sobre a superfície com a camada da tinta recém-aplicada e ainda molhada. O último “dente” marcado pela tinta indicará a espessura dessa camada. A opera-
ção deve ser executada a cada demão, somando-se as medidas. Este é o procedimento correto, mas poucos fazem uso dele. Uma alternativa simples para quem não quiser usar a régua é simplesmente dividir o total de galões de tinta pelo número de demãos recomendadas. No caso hipotético de uma pintura que prevê nove galões de uma tinta para a qual se recomenda aplicar três demãos, se-riam três galões por demão. Neste caso, o trabalho do pintor será aplicar todas as camadas da tinta de maneira uniforme por toda a superfície do casco, de forma que nenhuma área receba menos ou mais tinta do que as outras. Isso vale tanto para os primers quanto para as tintas propriamente ditas. Portanto, siga bem as instruções e mãos à obra, porque o verão está chegando.
20Como saber se a pintura alcançou a espessura necessária?
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barco usado é com ele mesmo
Há mais de 30 anos que o paulista Aloisio Christian-sen vive em torno da água. Primeiro, como veleja-dor, atividade na qual chegou a ser bicampeão brasi-
leiro, em 1983 e 1987. Depois, como especialista em compra e venda de embarcações novas e usadas, função que no mer-cado náutico é conhecida como broker ou corretor de bar-cos, na qual ele atua desde o final dos anos de 1990. Aloisio é, portanto, um dos mais experientes profissionais do gêne-
ro, o que lhe rendeu o convite da Associação dos Construto-res de Barcos – Acobar para ser um dos instrutores do primei-ro curso de formação de brokers sob a chancela da principal instituição de estaleiros do país e que vem se somar à tam-bém recém-criada Associação Brasileira dos Corretores de Embarcações – Abracore, no intuito de gerar bons profissio-nais para quem busca ajuda para comprar ou vender bem um barco, algo não tão fácil assim, como ele explica a seguir.
Um dos brokers mais experientes do mercado náutico, Aloisio Christiansen conta por que a sua função é tão relevante e o que
deveria ser feito para facilitar a vida de quem quer vender um barco usado
1 2 3Sem falar na idoneidade e honestidade,
que são princípios básicos em qualquer
atividade, um bom broker deve analisar muito
bem a documentação do barco e o histórico
tanto dele quanto de quem o está vendendo,
a fim de detectar dívidas que possam incluir
o barco como garantia de pagamento,
e acompanhar toda a negociação até a
assinatura do contrato, inclusive depois disso,
orientando o comprador sobre aspectos do
mundo náutico, como escolha de marina e
marinheiro. Uma boa pesquisa pode apontar
até se os motores já tiveram algum problema.
Ele também deve agir com transparência
para os dois lados e, de preferência, ser um
broker independente, ou seja, sem nenhum
vínculo com marcas ou estaleiros, o que
infelizmente acontece com muita frequência.
Além de, claro, entender de barcos e saber
se o preço pedido é justo, porque isso, em
última instância, é a primeira coisa que os
compradores buscam.
Claro que não. Ao contrário, o broker
impede que o barco seja vendido ou com-
prado abaixo ou acima do que ele vale, o
que já representa um bom negócio para os
dois lados. O broker beneficia até os estalei-
ros, porque, para vender barcos novos, eles
precisam pegar usados como parte de paga-
mento e, muitas vezes, nem sabem quanto
aqueles barcos valem, muito menos quanto
tempo levarão para vendê-los e fazer dinhei-
ro. Isso, aliás, é o maior problema dos esta-
leiros. Na média, um terço do que eles rece-
bem na venda de um barco novo vem na
forma de outro usado, o que ultrapassa em
muito a rentabilidade do próprio negócio.
Ou seja, o “lucro” dos estaleiros na venda de
um barco é receber outro barco, o que impli-
ca em achar comprador para ele também. É
como correr atrás do próprio rabo. Não aca-
ba nunca. E o que é pior: um barco leva, em
média, seis meses para ser vendido. Quando
a economia não está em crise, como agora.
Além da crise tem, também, a questão
da não transferência imediata da proprieda-
de do barco para quem for vendê-lo, o que
faz com que o barco fique meses em nome
do antigo dono, mesmo ele já não sendo
mais dele. Nos automóveis isso não acon-
tece, porque os lojistas são obrigados a fa-
zer a transferência de propriedade, median-
te, porém, benefício de 95% de abatimento
nas taxas e impostos. É o correto e deve-
ria valer também para os barcos. Outro fator
que ajudaria muito todo mundo é se a ven-
da de barcos usados fosse reunida em um
sistema único integrado, como uma espécie
de Webmotors náutica. Isso, inclusive, ajuda-
ria no surgimento de uma tabela de preços
para barcos usados, o que hoje é algo qua-
se empírico. A Acobar poderia ajudar nestes
dois casos, como já está ajudando com a
criação dos cursos para formação e creden-
ciamento de verdadeiros brokers. É o pri-
meiro passo.
Qual a maior virtude que um broker deve ter?
Ter um broker encarece as transações?
Qual é o maior problema do setor atualmente?
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3 perguntas
66 Náutica sudeste
220.000
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sexta-feira, 18 de setembro de 2015 17:42:08
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