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Princípios
• “... são verdades fundantes de um sistema deconhecimento, como tais admitidas, porserem evidentes ou por terem sidocomprovadas, mas também por motivos deordem prática de caráter operacional, isto é,como pressupostos exigidos pelasnecessidades da pesquisa e da práxis”.
(Reale, Miguel. Lições preliminares deDireito. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 1995, p.299. )
Princípios
• Em nossa cultura jurídica, há uma tendência emrelegar os Princípios a um segundo plano, comofonte subsidiária do direito, elegendo a normajurídica como fonte primária:
• “Art. 8º - As autoridades administrativas e aJustiça do Trabalho, na falta de disposiçõeslegais ou contratuais, decidirão, conforme ocaso, pela (...) e outros princípios e normasgerais de direito, principalmente do direito dotrabalho, e, (...)”
Princípios
• Se os Princípios são verdades
fundamentais que sustentam este ramo de
ciência (Direito do Trabalho), evidente que
estas verdades não podem ser confrontadas
por normas legais ou contratuais.
• Daí se concluir que os Princípios devem
ser as fontes primárias do Direito do
Trabalho e, por conseqüência, fundamental
é o seu estudo.
Princípios
• O maior Princípio do Direito do Trabalho éo Princípio Protetor que enuncia:
Nas relações de trabalho subordinado oempregado é hipossuficiente e precisa deproteção.
• Esta é uma verdade. Resta saber se estaverdade é “evidente” ou foi empiricamenteconstatada.
• Para tanto, veremos alguns dadoshistóricos:
Dados Históricos
• 1ª Fase: Causas do surgimento:
– Revolução Francesa. Liberdade, igualdade e
fraternidade. Não intervenção. Liberdade e
igualdade ao contratar.
– Revolução Industrial: Novo modelo de
relação de trabalho. Surge o denominado
Capitalismo “Selvagem”. Visa-se o lucro.
Piora gradativa das condições da classe
proletariada: Desemprego; Baixos salários;
utilização da mão-de-obra feminina e infantil;
acidentes de trabalho, extensas jornadas.
Dados Históricos
• 1ª Fase: Causas do surgimento:
– Primeira reação: Grêmios
– Manifesto Comunista (1848)
– Enciclica “Rerum Novarum” (1891)
– Retratam a chamada “questão social” que
resulta da não intervenção do Estado Liberal
nestas relações.
Dados Históricos
• 2ª Fase: Surgimento:
– Estado intervém através da edição de leis que
limitam a liberdade de contratar.
– Reação ao comunismo proposto por Marx
(1848) e aos apelos da Igreja (1891).
– Primeiras Leis: “Legislação Industrial”
– Dificuldade de classificação doutrinária deste
contrato nos moldes da Lei Civil (compra e
venda, locação, mandato, etc). Necessidade
de destacar do Direito Civil.
Dados Históricos
• 3ª Fase: Consolidação:
– Proliferação de legislação específica no
campo do trabalho e no campo
previdenciário.
– Constitucionalismo Trabalhista: México
(1.917) e Alemanha (1.919)
– Criação da OIT (1.919)
– Grande interesse para o Brasil: “Carta del
lavoro” (Itália, 1.927).
– CLT (1.943)
– Constituição Federal (1.988).
Momento contemporâneo. Mudança de Paradigmas.
• 4ª Fase: Mudança de paradigmas
– 1.980: Alteração do pensamento político
Mundial. EUA e Inglaterra. Neoliberalismo.
URSS: Fim do regime (e da ameaça)
comunista.
– Globalização. Circulação de capital. Busca de
condições mais favoráveis à produção.
– Revolução Tecnológica: Desemprego
estrutural. Enfraquecimento dos Sindicatos.
– Flexibilização.
Quadro Geral
Estado
Liberal
Estado do
Bem Estar
Social
Estado
Neoliberal
(em transição)
Pensamento
Político
Liberalismo Intervencionis
mo
Neoliberalismo
Pensamento
Econômico
Capitalismo
Selvagem
Capitalismo
Social
Globalização
Pressuposto Igualdade Desigualdade Igualdade
Coletiva
Instrumento Contrato Lei Contrato
Coletivo
Brasil. Situação jurídica atual.
• A CF vigente estabelece a primazia do
valor do trabalho em seus três
fundamentos. Vejamos:
– Fundamento Político:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (sem
grifos no original)
Brasil. Situação jurídica atual.
–Fundamento Econômico:
Art. 170. A ordem econômica, fundada navalorização do trabalho humano e na livreiniciativa, tem por fim assegurar a todos existênciadigna, conforme os ditames da justiça social,observados os seguintes princípios: (sem grifos nooriginal)
–Fundamento Social:Art. 193. A ordem social tem como base o primado
do trabalho, e como objetivo o bem-estar e ajustiça sociais. (sem grifos no original)
Brasil. Situação jurídica atual.
– Estas são as diretrizes constitucionais básicas da
sociedade brasileira.
– O art. 7º da CF é considerado cláusula pétrea, não
suscetível de alteração via emenda.
– Assim, ainda que os ares do neoliberalismo soprem
para o nosso país, não é possível a alteração do
modelo “intervencionista” vigente sem a promulgação
de nova Constituição.
– Ademais, o Brasil é signatário do Pacto de San José, a
Convenção Interamericana de Direitos Humanos que
estabelece que os regimes jurídicos são sempre
progressivos em relação aos direitos humanos
concedidos aos cidadãos dos países signatários.
Conclusão
• A hipossuficiência do empregado em relação ao
empregador é uma verdade empiricamente
constatada em face à evolução histórica das
relações de trabalho subordinado.
• Qualquer estudo do Direito do Trabalho deve
partir desta premissa, sob pena de desvirtuar a
ciência na sua identidade.
• A realidade moderna não constitui novidade
histórica. Representa um retorno às premissas
existentes em período anterior ao surgimento do
Direito do Trabalho.
Retornando aos Princípios
• Do Princípio Protetor derivam outros
Princípios peculiares do Direito do Trabalho, a
se ter em mente:
– P. Da irrenunciabilidade de direitos (art. 444,
CLT)
– P. da verdade real (material).
– P. da condição mais benéfica (art. 468, CLT).
– P. da norma mais favorável (art. 7º, caput, da CF)
– P. do “in dubio pro operario”.
Princípio Protetor.
• Se as partes são desiguais é preciso que sejam
tratadas de forma desigual em sentido contrário, a
fim de encontrar a igualdade jurídica.
• Isonomia: Tratar igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais na medida de sua
desigualdade
• Evidentemente que o Direito do Trabalho considera
a proporção de subordinação jurídica, excluindo
algumas regras protetivas dos “altos empregados”.
• Também na interpretação da manifestação de
vontade de cada qual há que se considerar o grau de
subordinação.
Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos.
• Permitir que o empregado pudesse renunciar aosdireitos que lhe são assegurados pelo ordenamentojurídico seria tornar inócuo todo o esforço protetivo.A condição de inferioridade do empregado nacontratação não autoriza a validação demanifestações de vontade contrárias ao mínimogarantido no ordenamento jurídico.
• Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto delivre estipulação das partes interessadas em tudo quanto nãocontravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratoscoletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridadescompetentes.
Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos. Cont.
• Existem, entretanto, exceções legais. Situações em que oempregado pode, por contrato individual, minorar aproteção legal. Exemplos:
• Art. 59 - A duração normal do trabalho poderá ser acrescidade horas suplementares, em número não excedente de 2(duas), mediante acordo escrito entre empregador eempregado, ou (...)
• Art. 462, § 1º - Em caso de dano causado pelo empregado,o desconto será lícito, desde de que esta possibilidade tenhasido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
• Art. 469, § 1º - Não estão compreendidos na proibição desteartigo: os empregados (...) e aqueles cujos contratos tenhamcomo condição, implícita ou explícita, a transferência, (...).
Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos. Cont.
• As hipóteses, entretanto, como exceção que são,
devem ser aplicadas restritivamente.
• Não há validade, assim, em cláusulas contratuais
que tenha por objetivo restringir ou invalidar a
aplicação das normas protetivas.
• Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com
o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos
preceitos contidos na presente Consolidação.
Princípio da Verdade Material.
• O Contrato de trabalho é um contrato-
realidade.
• Suas “cláusulas” são escritas no cotidiano
do exercício do contrato.
• Esta realidade “material” prevalece sobre
qualquer verdade “formal”.
• Assim não fosse, fácil seria, por via oblíqua,
afastar a incidência das normas protetivas
nas relações de emprego. Ex: Contrato de
trabalho autônomo.
Princípio da Condição Mais Benéfica.
• Aplicável a um conflito de fatos, ou seja, de
situações reais.
• Justamente por ser um contrato-realidade, as
condições contratuais são estabelecidas no
cotidiano, através do exercício do próprio
contrato. Num conflito entre duas ou mais
situações, prevalece a mais favorável.
• Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a
alteração das respectivas condições por mútuo
consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta
ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de
nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Princípio da Norma Mais Favorável
• Aplicável a um conflito de normas, ou seja,
quando forem aplicáveis à situação fática mais
de um regramento jurídico.
• Torna relativa a pirâmide de Kelsen.
• É preciso que ambos sejam aplicáveis ao fato.
• Não se aplica quando a norma superior for
proibitiva.
• Exceção quanto à flexibilização.
• Interpretar os incisos do art. 7º da CF segundo
o regramento contido no caput.
Princípio da Norma Mais Favorável. Cont.
• Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
• Está claro, assim, que as normas de Direito do
Trabalho garantem um mínimo de direito e não um
máximo de direito, de sorte que normas futuras,
ainda que inferiores, podem ampliar sua garantia
sem se tornarem inválidas.
Princípio da Norma Mais Favorável. Cont.
• A flexibilização, como vimos, é a possibilidade de
negociação coletiva “in pejus”, ou seja, piorando a
condição prevista.
• Esta teoria colide frontalmente com o Princípio da
Norma Mais Favorável e com o caput do art. 7º da
CF retro transcrito.
• Logo, o instituto deveria ser interpretado sempre de
forma restritiva e somente quando expressamente
autorizado (art. 7º, VI, XIII e XIV, CF).
Princípio da Norma Mais Favorável. Cont.
• Art. 611-A da CLT, a entrar em vigor em
11/11/2017, entretanto, caminha em sentido
contrário.
• Explicita hipótese em que a negociação
coletiva prevalece sobre a Lei (negociado
sobre legislado), além de outras.
• O art. 611-B, a entrar em vigor na mesma
data, fixa em rol taxativo o que não pode ser
negociado.