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Saúde comunitária em Moçambique: repensando os desafios da distância e da coesão social nas áreas rurais Albert Farré ISCTE-IUL, UNIVERSITY OF PRETORIA

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Saúde comunitária em Moçambique: repensando os desafiosda distância e da coesão social nas áreas rurais

Albert FarréISCTE-IUL,

UNIVERSITY OF PRETORIA

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• Revisão documental da problemática a nível internacional.• Análise do contexto histórico e social do sul de Moçambique.

- Experiência de campo.

- Revisão bibliográfica: antropología; políticas de saúde; história.

• Trabalho de campo: entrevistas em Marrúcua.

- Colaboração com o ARPAC.

- Colaboração com Ernesto Nharivale em Marrucua (preparação das entrevistas e tradução durante o trabalho de campo).

• 21 entrevistas, feitas em casa das pessoas que aceitaram a nossa visita.

• Devolução de resultados.

Metodologia, contexto e fases da pesquisa

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Os debates da saúde comunitária no mundo

• Acesso a serviços de saúde. Distância.

• Custos versus qualidade:

– Número e formação dos agentes comunitários.

– Seguimento dos agentes comunitários pelo sistema nacional de saúde.

– Condições de trabalho dos agentes comunitários.

• Comunicação. Contexto fora de unidade sanitária.

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Saúde comunitária no sul de Moçambique• Contexto institucional dos APE.

– Sistema Nacional de Saúde (doadores).

– Descentralização administrativa.

– Relações com a Medicina Tradicional.

• História social (Mobilidade):

– Migrações

– Comércio transfronteiriço (mukhero).

– Guerras: crimes e deslocações.

– Parentesco (o mais invisível).

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Saúde materno infantil e parentesco (1)

• Importância de família materna.

– Nos primeiros anos de vida. (Caso Onofre)

– Na fase adulta. (Caso de Júlia Amanda)

• Importância do grupo de siblings.

– Relação entre irmas e irmãos aumenta enquanto estes atingen a vida adulta. (Caso de José Octávio e de Ximena Pinto)

– São co-responsáveis da saúde dos seus descendentes.

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Saúde materno infantil e parentesco (2)

• Causas sociais das doenças:

- Problemas com a fertilidade e gravidez associa-se a problemas com parentes.

- Condutas não aceitáveis podem provocar problemas de saúde a terceiros (parentes).

- As linhagen não mora no mesmo local, está espalhada pelo país/países (controlo social).

- Embora seja uma sociedade patrilineal, tanto homens como mulheres pertencem a duas linhagens.

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Exemplos (Marrúcua)

• O caso do “Mazana”, agente de saúde:

- Técnico de farmácia reformado que de Maputo regressa a Marrucua.

- Trabalha numa farmácia privada e ouve, aconselha e trata (com medicamentos) a quem bate na sua porta. É muito respeitado.

- Comprende que a medicina tradicional tem uma esfera própria.

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Conclusões

• Importância de conhecer não só a lingua, mas o contexto social e as “práticas invisíveis” do parentesco.

• Atitude de saber escutar, e respeitar as hierarquias locais. Só assim é posivel conseguir “quebrar o silêncio”.

• Saber que existem diferentes maneiras de diagnóstico e de tratamento, e muitas vezes não são incompatíveis (outras sim).

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Conclusões (cont.)

• Saber localizar e contornar os conflitos.

• Saber relativizar a comunidade como unidade geográfica. Muitas vezes os vizinhos, na prática, não pertencem a mesma comunidade.

• Saber lidar com as burocracias em transformação, e com um nível de recursos (humanos e financeiros) inferior ao necessário.

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Conclusões (final)

• Estas competências todas exigem agentes de saúde com grandes capacidades comunicativas, e uma formação cívica e de ciências sociais no mínimo equiparável à formação técnica em saúde.

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Obrigado