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TecnoSaúde O JORNAL DAS TECNOLOGIAS DA SAÚDE Fevereiro 2008 Edição n.º XV No dia 2 de Novembro, através da Portaria N.º 1429/2007, o Ministério da Saúde veio atribuir competências às farmácias de venda ao público, nas áreas altamente especializadas e diferenciadas de diagnóstico e terapêutica. Com esta medida, o Ministro da Saúde violou o regime jurídico das farmácias de oficina, contido no Decreto Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto, dado não estar previsto, neste diploma, qualquer competência das farmácias nas áreas de diagnóstico e terapêutica, nem tão pouco do INFARMED, enquanto entidade reguladora do sector. FARMÁCIAS PODEM PRESTAR SERVIÇOS SEM CONTROLO DE QUALIDADE Ministério Público constitui como arguidos um médico e um técnico de higiene e segurança no trabalho por co-autoria de exercício ilegal em cardiopneumologia. Pág. 4 Pág. 12

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Fevereiro 2008Edição n.º XV

No dia 2 de Novembro, através da PortariaN.º 1429/2007, o Ministério da Saúde veio atribuir competências às farmácias de venda ao público,

nas áreas altamente especializadase diferenciadas de diagnóstico e terapêutica.

Com esta medida, o Ministro da Saúde violou o regime jurídico das farmácias de oficina,

contido no Decreto Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto, dado não estar previsto, neste diploma, qualquer competência das farmácias nas áreas de diagnóstico e terapêutica, nem tão pouco do

INFARMED, enquanto entidade reguladora do sector.

FARMÁCIAS PODEM PRESTAR SERVIÇOS

SEM CONTROLODE QUALIDADE

Ministério Público constitui como arguidos um médico e um técnico de higiene e segurança no trabalho por co-autoria de exercício ilegal em cardiopneumologia.

Pág. 4

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Editorial

Nesta edição02 | Editorial03 | Dirigente do SCTS premiado por trabalho científico04 | Farmácias podem prestar serviços sem controlo de qualidade05 | ESTeS de Coimbra tem novo Director07 | SCTS presente no JIB/2007 – Paris08 | EPBS reuniu com deputados do Parlamento Europeu09 | Qualidade do Ensino das Tecnologias da Saúde reconhecido

internacionalmente10 | Tempos de necessária mudança na EPBS

11 | Instituto de Genética Médica: dos favores aos direitos12 | Exercício ilegal em Medicina do Trabalho chega a tribunal13 | Eventos Profissionais e Científicos14 | Implementação de um Sistema de Qualidade numa Instituição de Saúde

Pública ou Privada versus trabalho inqualificado15 | Portugal desce na classificação internacional do desenvolvimento humano16 | Breves17 | A propósito do livro branco das relações laborais

Não me situando no grupo dos eurocépticos, nem tão pouco dos que afirmando a defesa da partilha dos povos da Europa, acham que não podemos abdicar de parte da nossa soberania. Situo-me, claramente, do lado daqueles que defendem a sua cultura, a sua história, a sua identidade e as suas referências e, isso, faz toda a diferença no dito processo de globalização.

De facto no processo de construção de uma nova Europa po-lítica, social e económica, são demasiadas as interrogações. Diria, mesmo, serem mais as interrogações do que as certezas sobre o processo político da Europa.

Afirmo-o porque para além da prevalência das economias so-bre as políticas, só por si perversas para o desenvolvimento humano integrado, estas estão a perder expressão e sentido democrático, como se verifica ao nível da não auscultação dos povos, como é exemplo a metodologia de ratificação do Tratado de Lisboa. Não porque, em face da complexidade do mesmo, me sentisse habilitado para a sua melhoria, antes sim porque me sinto perante um novo paradigma da democracia. Um sentimento de não partilha democrática, em favor de uma elite política que, qualquer que seja a sua benevolência, está a esvaziar o meu sentido de cidadania e responsabilidade.

No mesmo sentido situo a aplicação do Tratado de Bolonha ao ensino superior que, do seu espírito inicial pouco resta. Diria, mesmo, estar agora totalmente travestido, dada a inexistência de articulação das suas grandes componentes: empregabili-dade, adaptabilidade, conformação académica e competitivi-dade.

2 | Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde

Ficha técnicaDirector: Almerindo Rego | Propriedade: Sindicato das Ciências e Tecnologias da SaúdeRua Dr. Campos Monteiro, 170 | 4465-049 S. Mamede de Infesta MTS | Telef.: 229 069 170 | Fax: 229 069 179 | Email: [email protected] | www.scts.pt

E, afirmo-o porque:a) O Processo de Bolonha deveria ser um instrumento de rup-

tura com os vícios e corporativismo, instalados no ensino superior. De um ensino que continua a ser desenvolvido em função das necessidades da escola e não da sociedade;

b) Desta ruptura, dever resultar uma maior aproximação dos conteúdos do ensino às necessidades do mercado de tra-balho;

c) Nesta aproximação, mais do que formalmente ajustar os antigos cursos a uma nova nomenclatura e ciclos de forma-ção, deveria modernizar-se toda a estrutura dos cursos exis-tentes, alguns já sem qualquer sentido, por desajustados das necessidades sociais e do mercado de trabalho;

d) Desta reformulação, todo o ensino superior, de carácter profissionalizante, deveria obedecer a contingentes de alu-nos que correspondessem às necessidades do mercado de trabalho;

e) Os perfis de formação do ensino de carácter profissionali-zante deveriam constituir-se num todo coerente, rentabi-lizando-se as capacidades adquiridas na formação inicial, com um currículo europeu mínimo.

Cinco questões simples e objectivas. Questões que fazem toda a diferença em relação à prática instalada, bastando para tal verificar-se que estamos a formar quatro vezes mais profissio-nais do que o mercado de trabalho necessita.

“A circulação das pessoas é um processo natural, ancestral e ligado à curiosidade de conhecer outras culturas e povos. Não pode, contudo, ser transformado no desenraizamento cultural e familiar, enquanto necessidade de sobrevivência.”A.R.

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Aliás, a não serem tidas em linha de conta estas questões, como actualmente acontece em Portugal, nomeadamente ao nível do ensino das tecnologias da saúde, poderemos ser con-frontados com o facto do Processo de Bolonha nos transfor-mar num País de emigrantes, por inexistência de capacidade de absorção do mercado de trabalho.

Claro que, para esta questão, alguns novos pensadores do mer-cado global e do neoliberalismo, defendem que cada vez mais devemos olhar os outros países como uma oportunidade.

Sem entrar em teorização política sobre novas concepções, afi-gura-se-me, contudo, estarmos perante um paradoxo, e senão vejamos: se o nosso ensino não for competitivo, como pre-tende o Ministro Mariano Gago ao aprovar planos de estudo de 180 ECTS, quais as oportunidades dos nossos licenciados? Praticamente nenhumas.

Jorge Balteiro, Prof. Assistente da ESTeS de Coimbra e membro da Direcção Nacional do SCTS, foi premiado pela Comissão de Fomento da Investigação em Cuidados de Saúde Primá-rios do Ministério da Saúde, presidida pelo Prof. Doutor Daniel Serrão.

Trabalho integrado no seu Mestrado em Toxicologia da Uni-versidade de Aveiro, subordinado ao tema “Indução de resis-tência e avaliação de sensibilidade de Giardia Lamblia e anti-parasitários, recorrendo a uma nova metodologia”, mereceu a honra de, em sessão solene, realizada no Grande Auditório Egas Moniz, da Faculdade de Medicina de Lisboa, à qual es-tiveram presentes, entre outros, o então Ministro da Saúde, Prof. Doutor Correia de Campos, o Presidente do INSA Ricardo Jorge I.P., Prof. Doutor José Pereira Miguel e o Prof. Doutor Daniel Serrão.

Licenciado em farmácia em 2000, pela ESTES de Coimbra, agora Mestrado pela Universidade de Aveiro, com 40 anos de idade, afirma-se, assim, como o exemplo da qualidade que os profissionais das tecnologias da saúde estão a atingir.

Dirigente Nacional do SCTS desde 1998, bem como responsá-vel do Departamento de Formação Permanente para a Região

Dirigente do SCTSpremiado por trabalho científico

Mas, pior ainda, se a esta realidade se associar o facto de Portugal investir num primeiro ciclo de licenciatura de 240 ECTS, e por tal competitiva, mantendo contingentes de for-mação que o mercado de trabalho português não absorve, ficamos confrontados com o absurdo, ou seja: Portugal investe do seu erário público na formação e, esta, será rentabilizada por outros países, porque os profissionais se vêem obrigados a emigrar.

Não quero com isto afirmar que devemos manter a ancestral posição de pequeninos e agarrados ao nosso cantinho euro-peu. Nada disso. O que quero afirmar é que a circulação de pessoas deve ser uma opção, profissional ou outra. Não pode é promover o desenraizamento social e cultural dos povos, por falta de opções.

Vale a pena pensar nisto. tAlmerindo Rego

Centro, sendo um homem sereno, humilde e determinado, deu-nos a todos uma lição de vida e de capacidade das novas gerações de profissionais das tecnologias da saúde.

De facto, compatibilizando a sua actividade de dirigente sin-dical, professor, formador e investigador, demonstrou todas as potencialidades do nosso ensino, das nossas profissões e dos nossos docentes. Diríamos mesmo: afirmou todo o potencial do ensino politécnico quando orientado, também, para a in-vestigação.

O Presidente da Direcção Nacional do SCTS, Almerindo Rego, colocado perante este enorme sucesso de Jorge Balteiro, não pôde deixar de afirmar: este foi um acontecimento que nos deixa a todos, e muito em particular ao Sindicato, orgulhosos. De facto sentimos este prémio como algo para o qual colabo-ramos. Algo que, conforme afirmou em tempos o Director da ESTES de Coimbra, Prof. Jorge Conde, ex-dirigente do SCTS, é um produto da “Universidade de S. Mamede” (leia-se do Sindicato).

Parabéns Jorge Balteiro. É destes momentos que resultam as mudanças e o reconhecimento das novas gerações de profis-sionais das tecnologias da saúde. t

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4 | Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde

Mas, mais grave que esta grosseira violação da lei e do papel das farmácias na prestação de serviços e cuidados de saúde, é o facto de com esta medida se promover um consumismo de cuidados de saúde, cuja abordagem diagnóstica será sempre duvidosa, dado que o cidadão não é previamente informado e preparado para o exame que possa vir a efectuar, transfor-mando os resultados a obter numa farsa clínica.

A situação criada pelo Ministério da Saúde reveste-se de uma grande gravidade e irresponsabilidade, pois, para além de colocar as farmácias fora de qualquer controlo em matéria de exames de diagnóstico e terapêutica, permite uma concor-rência desleal com os laboratórios e clínicas de diagnóstico e terapêutica, sujeitas a regras específicas de licenciamento, fiscalização e qualificação de recursos humanos.

E, se já não fosse suficientemente grave a situação descrita, a autorização concedida pelo Ministério da Saúde às farmá-cias incorpora riscos de cartelização de serviços e cuidados de saúde, bem como de hipotética usura, dada a inexistência de mecanismos de controlo das actividades de diagnóstico e terapêutica, pois, associado a eventuais check-ups, efectuados sem equipamento fiável, pessoal qualificado e cidadãos devi-damente preparados e informados para os exames, os resul-tados a obter serão, inevitavelmente, grosseiros e susceptíveis de posterior esclarecimento médico, naturalmente através de novos exames, integralmente pagos pelos utentes.

Claro que, quanto a nós, a referida medida do Ministério da Saúde não é ingénua.

Ao contrário, de forma subliminar, o Ministério da Saúde desresponsabiliza-se pela área de prevenção, esvaziando os Centros de Saúde das acções que deveriam desenvolver, de-signadamente nos rastreios do cancro, da diabetes, das doen-ças cardiovasculares, da obesidade, da osteoporose, etc. Pior ainda: atirando os cidadãos para consumismos em saúde, cuja factura será sempre particular e, com isto, agravando os cus-tos privados em saúde, já hoje os mais elevados da Europa.

Aliás, se dúvidas existissem sobre os riscos, designadamente de publicidade enganosa ao nível de alguns rastreios em cur-so, tomamos como exemplo dois casos bem recentes, que fo-ram noticiados pela comunicação social : o rastreio do cancro da próstata, efectuado na Assembleia da República a diversos deputados, bem como os electrocardiogramas efectuados por enfermeiros em algumas farmácias.

No caso dos electrocardiogramas efectuados por enfermeiros estamos perante uma abordagem diagnóstica escandalosa-

mente inqualificada, pois, não sendo competência dos en-fermeiros; não tendo, estes, preparação para ler um traçado cardiológico, das duas uma: ou se está a enganar o cidadão empurrando-o para médicos que não terão acesso a um rela-tório técnico do exame ou, pior ainda, a dar indicações clínicas erradas e, por tal, susceptíveis de um cidadão estar a fazer um enfarte miocárdio e dizerem-lhe que está tudo bem.

Perante toda esta trapalhada, o Sindicato das Ciências e Tec-nologias da Saúde denunciou os factos à Entidade Reguladora da Saúde e à Autoridade da Concorrência, bem como solicitou uma audiência à Comissão Parlamentar de Saúde, a qual se veio a realizar no dia 16 de Janeiro.

Nesta reunião, o SCTS apresentou a situação descrita, bem como o facto da ERS afirmar não ter competência para actuar junto das farmácias, verificando-se os seguintes cenários:a) Nem a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) nem o Infar-

med têm competências de fiscalização das farmácias ao nível dos actos clínicos de diagnóstico e terapêutica, cons-tituindo-se, tal facto, num vazio legal, oportunamente reco-nhecido pela ERS;

b) Não existe qualquer directiva comunitária que permita às farmácias actuar fora do âmbito do medicamento;

c) Não existe a possibilidade de, técnica e fisicamente, as far-mácias actuarem em diagnóstico e terapêutica;

d) O Infarmed está a violar a lei e as orientações do então Ministro da Saúde em matéria de titulação profissional, facto que deverá merecer a fiscalização da Assembleia da República;

e) A comissão de saúde deveria reconhecer não estarem reu-nidas quaisquer condições para as farmácias actuarem fora do circuito do medicamento.

Na mesma linha de acção o SCTS denunciou o facto do Infar-med se colocar como um Estado dentro do Estado, violando as leis e protegendo corporativamente as farmácias, nome-adamente quanto à manutenção dos registos de prática de Ajudantes de Técnico de Farmácia, abolidos pelo Decreto-Lei n.º 320/99, de 11 de Agosto e, assim, agravando o desempre-go dos licenciados em farmácia.

Pese embora a sensibilidade da Comissão Parlamentar da Saúde para as questões denunciadas, o SCTS não deixou de vincar o facto de ser permitido às farmácias actuar nas áreas de diagnóstico e terapêutica e, não ser permitido aos labora-tórios de análises clínicas a venda de medicamentos. É que não há cuidados de saúde mais nobres e menos nobres. Há, tão somente, cuidados de saúde devidamente regulados. t

Farmácias podem prestar serviçossem controlo de qualidade(Continuação da 1ª página)

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TecnoSaúde | Fevereiro 2008 | �

No passado dia 26 de Outubro, realizaram-se as eleições para Director da ESTeS de Coimbra, apresentando-se dois candida-tos com percursos de ensino distintos, o Prof. Jorge Conde e o Prof. João Gil.

Dada a diferença de perfil profissional e académico dos dois candidatos, bem como a expressiva margem de votos recolhi-dos pelo Prof. Jorge Conde, a TECNOSAÚDE entendeu por bem entrevistar o actual Director da ESTeS de Coimbra, tentando perceber o que já mudou e o que irá mudar, dada a experiência de vida académica, política e profissional deste professor.

Das respostas obtidas pode, desde já, extrair-se um forte sen-timento de mudança estratégica da escola e do ensino das tecnologias da saúde, podendo considerar-se um bom ponto de partida para uma nova dialéctica deste ensino.

Contudo, mais do que expectativas ou avaliações precoces sobre o que a nova Direcção da ESTeS de Coimbra pensa, im-porta ouvir o seu novo Director:

TSaúde - Prof. Jorge Conde, apresentou-se às eleições para a Direcção da ESTeS de Coimbra, à qual concorreram dois candidatos. Ganhou por uma margem expressiva. Quer co-mentar?Prof. JC - Os resultados são apenas a expressão da vontade de mudança que a comunidade escolar desejava. Apesar da Direcção anterior ter feito um bom trabalho, havia como os resultados demonstraram, disponibilidade para a mudança. Quando apresentamos o nosso projecto, falamos de mudança de estilo, mas de continuidade da obra, iniciada, muito anos antes. E se a Direcção liderada pela Dra. Lúcia Costa fez um bom trabalho, não posso deixar de elogiar, com agrado, o tra-balho da que a antecedeu, presidida pela Dra. Fátima Rosa-do, tendo como Subdirector o nosso saudoso amigo Francisco Grade. Nestas eleições concorriam dois projectos, um que se afirmava de continuidade e outro que se afirmava de cresci-mento e de inovação. Concorriam também duas formas distin-tas de estar no seio da comunidade escolar.

TSaúde - Significa isso que o seu projecto de ensino para a ESTeS de Coimbra, encerra em si uma ruptura com a actual concepção de escola e de ensino?Prof. JC - Não, em absoluto. O que encerra essa ruptura é Bo-lonha. A ESTeS Coimbra, como todas as instituições de ensino superior, estão no caminho para uma nova forma de ensinar e de aprender e para uma nova concepção de escola. Com Bo-lonha o modelo profissionalizante que adoptamos há muitos anos, faz não só sentido, como deve ser aprofundado. Esta-mos em crer que a nossa escola saberá responder cabalmente,

ESTeS de Coimbratem novo Director

como sempre fez a mais este desafio. Bolonha terá de ser aplicado no máximo no ano lectivo que se inicia em 2009 e a ESTeS Coimbra, além de ter os cursos prontos para esse passo, pretende investir na alteração da didáctica do ensino e da aprendizagem, para poder garantir um novo e melhor ensino. Iniciaremos já este ano um plano de formação de professores naquilo que são as orientações metodológicas de Bolonha.

TSaúde - Em 2006, enquanto dirigente do Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde, elaborou um estudo sobre o ensino da saúde, no qual traçava duras criticas à situa-ção instalada no ensino das tecnologias da saúde. Quer comentar?Prof. JC - As críticas mantêm-se actuais. Continuamos a ter escolas e cursos a mais e continuamos a ter muito ensino de qualidade duvidosa. Pensamos que é importante um estudo alargado sobre a mais-valia destes profissionais na prestação de cuidados de saúde, de forma a acabar com o exercício ile-gal destas profissões. Quem tem a missão de fiscalizar deve fazê-lo de forma permanente e acintosa. Se isto for feito o pa-norama do mercado de trabalho melhora, mas só melhora. O número de escolas e de cursos deve ser repensado, até porque não vamos conseguir que Bolonha nos abra as portas desse mercado de trabalho global e comum que se pretendia criar. Refiro no entanto que as minhas críticas foram e são dirigidas a quem deve regular e não a quem ensina ou aprende.

TSaúde - Neste último ano e meio, após o seu estudo, algu-ma coisa mudou para melhor?Prof. JC - Apenas um dado nos faz acreditar que podemos estar melhor. Não foram aprovados mais cursos, nem mais es-colas. Mas também nada evoluiu. Não está feita a adaptação a Bolonha; os segundos ciclos (Mestrados) não avançaram, os corpos docentes carecem de maior estabilidade e é preciso investir em campos próprios (ou descongestionados) de aulas práticas e de estágios para garantir a excelência do ensino.

TSaúde - O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Su-perior anunciou que, até final de 2007, seriam definidas re-gras de certificação e acreditação do ensino e das escolas.

Director e Subdirectora da ESTeS Coimbra na Tomada de Posse

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� | Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde

Até ao momento não se conhece nada. Que consequências terá tal medida no ensino das tecnologias da saúde?Prof. JC - Foram já definidos os princípios gerais do que é a avaliação e acreditação das instituições de ensino superior. O Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (DR 174 de 10/09/2007) prevê estes mecanismos, que terão de estar a funcionar até à entrada do próximo ano lectivo. Refira-se no entanto que sempre houve mecanismos e a nossa escola passou nos últimos anos por pelo menos dois processos de avaliação do seu ensino: um nacional, feito pela ADISPOR em 2005 e outro internacional pela EUA em 2007, ambos com bons resultados.

se do tradicional jornal fosco a preto e branco), liderei duas organizações de congressos que extravasaram o que era há-bito nas organizações do SCTS. Acho por isso que a minha passagem foi positiva para os dois lados.

TSaúde -É conhecida a tese do SCTS sobre a grande neces-sidade de aproximação e comunicação entre o ensino e o exercício. Concorda com ela?Prof. JC -Concordo. Mas tenho sobre isso uma ideia muito própria. O ensino tem sido um motor de desenvolvimento técnico, científico e social muito grande para as profissões. Além de grande e embora possa não parecer, tem sido muito rápido. Os professores têm liderado grandes mudanças e se mais não tem sido feito é por falta de acompanhamento da grande massa humana que compõe o exercício. É fácil traduzir isto em números se olharmos para quem alimenta as mesas dos congressos, as páginas das revistas científicas e mesmo para os corpos dirigentes das organizações. E permitam-me que inclua nesta liderança de mudança, os colegas que apesar de se manterem no exercício, são também professores e con-tactam com esta realidade no dia-a-dia. Mas a grande apatia que se vive no exercício não é unânime e também o exercício tem grandes valores e grandes líderes, ainda que em número insuficiente para o corpo que é preciso liderar. Esta aproxima-ção aqui levantada não pode ser feita à custa da travagem do movimento do ensino, mas pela aceleração do movimento do exercício. E é preciso investir do lado do exercício em mais investigação científica e em mais crescimento social.

TSaúde -No seu ponto de vista quais os ganhos dessa apro-ximação, nomeadamente ao nível do enriquecimento cultu-ral e estratégico dos professores?Prof. JC - Penso que é implícito que vejo as coisas ao contrário. Lamento mas enriquecimento cultural todos precisamos, os professores são na minha opinião os que mais capital têm nesta área. O enriquecimento que está por fazer é do cresci-mento científico e social dos profissionais. É preciso que todos se consciencializem da importância da formação ao longo da vida, para que as invasões no nosso terreno de competên-cias possam ser travadas; e entendo que só o conseguiremos fazer se mostrarmos crescimento científico diário. Não serão leis que mudarão a imagem que os outros profissionais têm de nós. Não se continuarão a admitir profissionais de áreas paralelas, não regulamentadas, no dia em que formos capazes de nos impor não pela via política, mas pela via das compe-tências e do saber. Não menos importante é o saber estar e esse adquire-se pela via do crescimento social que é preciso fomentar. Termino como comecei, afirmando que os professo-res me parecem ser os que estão menos mal neste processo de afirmação.

TSaúde - Todos sabemos das fragilidades constituídas ao nível da investigação. Que medidas preconiza para a ESTeS de Coimbra?

TSaúde - Quais os projectos imediatos e de médio prazo que preconiza para a escola?Prof. JC - Os projectos imediatos centram-se na criação de melhores condições de trabalho. Queremos alargar o espaço físico da escola, construindo mais um piso e aproveitando me-lhor algum do espaço existente. Queremos também continuar a investir na formação do corpo docente e não docente, de forma a prestarmos cada vez melhor serviço. Vamos arrancar logo que possível com a formação pós-graduada, não só no formato pós-graduação, mas também no formato mestrado. Tentaremos fomentar condições, para se produzir cada vez mais investigação científica. Queremos ser uma unidade de ensino de excelência, mas para isso vamos procurar abrir as portas à comunidade, aos doentes, e eventualmente criarmos no nosso seio, uma unidade de prestação de cuidados de saú-de nas nossas áreas de ensino.

TSaúde -Como vê a sua passagem pela Direcção Nacional do Sindicato das Ciências e Tecnologias da saúde (SCTS)?Prof. JC - Positiva para ambos os lados. Apesar de ter chegado à Direcção do SCTS, com 12 anos de experiência na Direc-ção da minha associação profissional (a APTEC), 5 dos quais como Presidente, o nível de entrosamento político de uma direcção sindical é superior ao nível de uma direcção associa-tiva. Aprendi bastante do ponto de vista do comportamento nos palcos políticos. Mas acho que dei um grande contributo ao SCTS, nalgumas áreas: o ensino, onde tenho uma visão diferente de quem vê de fora; a imagem onde entre outros contributos criei uma nova cara para o Tecnosaúde (lembram-

Director e Subdirectora da ESTeS Coimbra com o Presidente do IPC

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TecnoSaúde | Fevereiro 2008 | 7

Pelo 4º ano consecutivo o SCTS esteve presente no JIB (Journees Internacionales de Biologie) que se realizou de 7 a 9 de No-vembro em Paris.

SCTS presente no JIB/2007 – ParisConstituindo um dos maiores certames do Mundo na área laboratorial, são apresentadas as maiores inovações tecnoló-gicas, bem como realizadas diversas conferências e debates sobre as questões mais actuais.

O SCTS, fazendo-se representar por Luís Dupont e Fernando Zorro, com o apoio administrativo de Angelina Santos, esteve presente com um Stand Europeu, integrado por diversas orga-nizações europeias de técnicos, tendo sido procurado por di-versos colegas que se deslocaram a Paris e que, naturalmente, demonstraram o seu agrado pela presença do Sindicato.

No decurso das Jornadas, a delegação portuguesa participou num debate, subordinado ao tema “Horizontes 2010. Da formação inicial às responsabilidades dos técnicos, o que vai mudar”.

Estando presentes, neste debate, representantes da Bélgica, Espanha, França, Itália e Portugal, coube à nossa delegação animar a discussão da problemática e dos novos desafios da área laboratorial, nomeadamente quanto aos novos perfis profissionais e de competências, bem da conceptualização de direcção técnica que defendemos.

Uma vez mais, as pistas foram lançadas internacionalmente, alimentando todo um debate que terá de envolver todos os recursos humanos da área laboratorial. t

Prof. JC - A ESTeS Coimbra fazendo pouco, publicando pouco é provavelmente a Escola de Tecnologias da Saúde que mais publica. Temos no entanto consciência, que fazemos muito pouco. Nestes 20 dias de liderança, desafiamos já todos os colegas a caminharem para projectos de investigação cientí-fica próprios. Assim iremos tentar chegar às entidades finan-ciadoras como a Fundação para a Ciência e Tecnologia e a outras fundações, mas vamos também estabelecer parcerias com Centros de Investigação já instalados no terreno, com a indústria, com prestadores de cuidados de saúde e com ou-tras escolas. Queremos fomentar principalmente a investiga-ção clínica e laboratorial, mas temos na escola massa crítica para caminhar na área tecnológica e na área comportamental. Queremos colocar os nossos professores (e porque não os ex-alunos) a serem citados como investigadores de referência.

TSaúde - Se tivesse a possibilidade de, politicamente, apli-car uma grande medida estruturante do ensino das tecno-logias da saúde, qual escolheria?Prof. JC - Infelizmente acho que o ensino das tecnologias da saúde não precisa de uma grande medida estruturante. As tecnologias da saúde sim, precisam de várias medidas.

Em primeiro lugar da auto-regulação para eliminar os ilegais que praticam cuidados de saúde com a conivência dos em-presários e dos directores das unidades de saúde onde tal acontece. Em segundo lugar é preciso educar para a mudan-ça comportamental nos locais de trabalho; como já referi as nossas funções são muitas vezes usurpadas por outros licen-ciados; tal só acontece por não sabermos estar, por não nos afirmarmos, por termos medo de assumir a nossa identidade e por vezes mesmo o nosso saber. Em terceiro lugar vivemos uma crise de liderança e a geração abaixo dos 30 anos está mais preocupada (se calhar justamente) em viver o dia-a-dia do que em lutar pelo futuro que começamos a construir há muitos anos. Por último e lamento insistir, é preciso saber ser pois não basta sê-lo é preciso parecê-lo; quero dizer com isto que precisamos de aumentar a auto-estima e de nos colocar ao nível dos outros licenciados em saúde o que nem sempre temos conseguido fazer.Quanto à sua pergunta em concreto, aproveitaria o novo sis-tema de avaliação do ensino que temos de criar e regulamen-tar, para subir o nível de exigência e com isso a curto prazo teria menos e melhor ensino. Mas esta medida é transversal a quase toda a administração pública e ao próprio Pais. t

Luís Dupont e Fernando Zorro no JIB

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� | Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde

Joel Hasse Ferreira com presidente do SCTS no jantar de encerramento

Nos dias 1 a 4 de Novembro de 2007, na cidade de Tavira, reuniu o Conselho Europeu da EPBS (European Association for Professions in Biomedical Science).

Tendo como agenda nuclear a aplicação do Processo de Bo-lonha na Europa, a formação profissional contínua, as com-petências do cientista biomédico (análises clínicas / anatomia patológica) e a constituição de uma Plataforma Europeia para a Titulação Profissional, nos termos da Directiva Comunitária N.º 36/2005, esta reunião teve como ponto alto da sua agen-da a presença do Deputado Europeu do Partido Socialista, Joel Hasse Ferreira, com o qual foram definidos importantes objec-tivos no âmbito do Parlamento Europeu.

Aqui importa destacar o compromisso do Deputado Europeu Joel Hasse Ferreira de, ao nível do Parlamento Europeu, promo-ver a apresentação pública da EPBS, bem como do objectivo de a EPBS se constituir numa Plataforma Europeia, reconhecida pela Comissão Europeia, para efeitos da avaliação e reconheci-mento e qualificações e titulações profissionais, enquanto ins-trumento nuclear da livre circulação e mútuo reconhecimento dos profissionais das Ciências Biomédicas.

Honrando tal compromisso, o Deputado Europeu Joel Hasse Ferreira promoveu já, para o dia 12 de Fevereiro, uma reunião

EPBS reuniu com deputadosdo Parlamento Europeu

da Direcção da EPBS com deputados dos diversos Estados da União Europeia, bem como da Noruega, Suiça e Islândia, en-quanto países que subscrevem diversas orientações da U.E.

Nesta reunião, na qual estarão presentes cerca de cinquenta deputados, individualidades e dirigentes da E.P.B.S., estará, igualmente, presente o Presidente do Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde, Almerindo Rego, enquanto patroci-nador e facilitador da nova etapa e projecção da EPBS nas instâncias comunitárias.

Constituindo-se este evento em mais uma importante página da vida da EPBS, tudo indica estarmos perante uma extraor-dinária oportunidade de afirmação da cooperação europeia, à qual não serão estranhas as iniciativas ao nível dos países que recentemente aderiram à União Europeia e, com os quais estão em preparação os respectivos contactos.

Desta nova etapa da vida da EPBS, inevitavelmente, resulta-rão novos ganhos em áreas profissionais como a radiologia, a farmácia, a ortóptica, etc., bastando para tal a experiência recolhida poder disseminar-se, dados os percursos e experiên-cias organizacionais distintas. t

Delegações da EPBS reunidas Direcção da EPBS na condução dos trabalhos

Foto de família, EPBS, SCTS, Joel Hasse Ferreira e Macário Correia

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TecnoSaúde | Fevereiro 2008 | 9

Qualidade do Ensino das Tecnologias da Saúde reconhecido internacionalmente

No âmbito das reuniões anuais do Conselho Europeu da EPBS (European As-sociation for Professions in Biomedical Science), está constituído o Fórum Es-tudante Europeu da EPBS, no qual os alunos debatem os problemas próprios da sua realidade, trocando experiências e avaliando o nível científico alcançado através dos respectivos modelos de ensino.

Criado no ano de 2005, o prémio europeu da EPBS para melhor trabalho cien-tífico dos estudantes, em 2006, na reunião de Roma, foi o primeiro prémio atribuído ao estudante português, Armando Caseiro, com o tema: “The poly-morphism – 1C>T in the annexin V Kozak sequence and the risk of miocardial infarction”.

Enchendo de orgulho os estudantes portugueses, em 2007, em Tavira, o aluno César Pereira obteve o segundo prémio com o trabalho “Epigenetic regulation og CDH1, p16, COX2 and EGFR genes through methialation in gastric Carcino-ma and Chronic Gastrits”, sendo o primeiro prémio atribuído a um aluno Sueco com o trabalho “Interaction in Cocultivation between Acanthamoeda culbertso-ni and vibrio cholerae 01 El Tor”, realizado por Linddwall V.

Da experiência vivida pelo aluno português, ao qual solicita-mos uma opinião, aqui deixamos o seu testemunho:

“Foi com enorme prazer que representei os estudantes de Análises Clínicas e Saúde Pública Portugueses no Fórum Estu-dante na Reunião Anual da EPBS em Tavira.

A recepção foi calorosa, tanto pelos membros residentes da EPBS como também pelos estudantes estrangeiros. Encontrei um ambiente onde reinava a alegria e a simpatia, onde se criaram laços de amizade e houve oportunidade de trocar co-nhecimentos e experiências.

Estiveram presentes estudantes da Alemanha, Áustria, Bélgi-ca, Eslováquia, Irlanda, Noruega, Suécia e como não podia deixar de ser Portugal. Apesar de algumas barreiras linguísti-cas, estas não resistiram à boa disposição e desvaneceram-se por completo com o passar do tempo.

No entanto, o objectivo da participação dos estudantes não era apenas a confraternização e divertimento, tivemos tam-bém de cumprir tarefas. A nossa ordem de trabalhos consistiu na discussão do formato original do Europass, as suas vanta-gens, desvantagens e falhas deste inovador Curriculum Vitae, tendo em conta a nossa profissão de Profissionais de Saúde e também face aos requisitos das entidades empregadoras.

O outro tema deste Fórum Estudante foi a discussão do CPD (Continuing Professional Development), ou seja, o Desenvol-

vimento Profissional Contínuo. O objectivo deste tema foi de-bater em que consiste o CPD, como é constituído e o seu peso na avaliação curricular em cada país participante.

Após interessante debate sobre estes dois assuntos coube aos participantes do Fórum Estudante apresentar as conclusões à comunidade EPBS presente. Deste modo e acerca do primeiro tópico nós, estudantes, concluímos que o Europass não está adequado à nossa profissão, sendo necessário a inclusão de um tópico referente ao desenvolvimento profissional, onde se incluiriam as publicações, apresentações orais, congressos/se-minários e cursos/workshops. Sugerimos também a inclusão do modelo Europass adoptado para as Ciências Biomédicas e respectivas instruções de preenchimento na página da In-ternet da EPBS.

Quanto ao Desenvolvimento Profissional Contínuo gerou-se alguma confusão no Fórum Estudante já que em alguns países este assunto era desconhecido, pelo menos, pelos respectivos estudantes. Assim, sugerimos aos delegados presentes que, a EPBS actuasse como mediador nesta questão, tendo como ideal a implementação deste programa de modo semelhante ao Processo de Bolonha.

Como representante português dos estudantes das Ciências Biomédicas senti-me muito lisonjeado e honrado pela partici-pação numa experiência tão enriquecedora. Creio ser necessá-rio salientar a boa organização do evento e, como tal, tenho a desejar os meus parabéns por este sucesso internacional. “t

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Tempos de necessária mudança na EPBS

A EPBS (European Association for Professions in Biomedical Science), na sua história, incorpora todo o processo evolutivo da União Europeia, designadamente o seu espaço económico e político, no qual a cooperação entre Estados, bem como a normalização de diversas áreas como a qualificação profissio-nal, o ensino, a formação ao longo da vida e o reconhecimento das qualificações profissionais, assumem um papel de relevo.

Desta evolução, resultante da ruptura organizacional do Co-mité Europeu da IFBLS (international Federation in Biomedical Laboratory Scientist), a EPBS atravessou toda uma fase de consolidação da sua estrutura mínima de organização, suporte financeiro e relançamento do diálogo interno, apresentando-se, agora, com a consistência bastante para evoluir para novos patamares de intervenção e afirmação das linhas de orien-tação profissional para todos os Estados da Europa, como é exemplo a aplicação do Processo de Bolonha, os standards profissionais, a formação profissional contínua e a validação das competências para efeitos de titulação profissional.

Para esta nova etapa do seu desenvolvimento, e para além do reforço interno da sua capacidade de intervenção e iden-tificação com a região europeia em que se insere, terá de, naturalmente, definir as suas políticas de relação extra euro-peias, afirmando todo o potencial da União Europeia no resto do Mundo.

Deste novo enquadramento de concepção das suas acções, identificada que está juridicamente com o espaço europeu, terá de partir para um quadro de relação mais alargado, no qual a IFBLS ocupa um lugar privilegiado, dado todo um pas-sado comum entre diversas organizações da Europa e do resto do Mundo.

Claro que sendo desejável tal quadro de relacionamento insti-tucional e de cooperação com a IFBLS, não menos importante é a necessidade de clarificação dos papéis da EPBS e da IFBLS, nas quais algumas associações de Estados da U.E. têm dupla inscrição.

E, afirmo tal necessidade porque, se por um lado não se pode negar a dupla inscrição na EPBS e na IFBLS, tal facto não pode constituir-se em factor de intromissão e condicionamento ex-terno da EPBS, antes, sim, no instrumento que deverá clarificar a importância e o papel de cada associação internacional, tor-nando transparente a sua relação institucional, sem qualquer risco de domínio e limitação da acção da EPBS e da IFBLS.

Mais ainda, penso que sendo desejável a aproximação e coo-peração institucional, caso se mantenha a dupla inscrição de

The EPBS (European Association for Professions in Biomedical Science), in its history, incorporates all the process of development of the European Union, namely its economical and political space, in which the cooperation among States, as well as the normalization of several areas such as professional qualification, education, lifelong learning and the acknowledgement of professional qualifications, assume a relevant role.

From this evolution, resulting of the organizational rupture of the European Committee from IFBLS (International Federation in Biomedical Laboratory Scientist), the EPBS has undergone an entire phase of consolidation of its minimum structure of organization, financial support and re-launching of internal dialogue, presenting itself now with enough consistency to evolve for further degrees of intervention and affirmation of the lines of professional orientation for all European States, as it is an example the application of the Bologna Process , the professional standards, continuous professional learning and the validation of competencies for effect of professional designation.

For this new stage of its development, and beyond the internal reinforcement of its capacity of intervention and identification with the European region in which it is integrated, it will need to, very naturally, define its politics for extra European relationships, affirming all the potential of the European Union in the whole World.

From this new framework of the conception of its actions, identified as it is in juridical terms with the European space, it will have to set up for an enlarged scenario of relationships, in which the IFBLS detains a privileged place, given the common past between several organizations from Europe and the rest of the World.

Of course that being completely desirable such scenario of institutional relationships and the cooperation with the IFBLS, not less important is the need for clarification of the roles of the EPBS and the IFBLS, in which some associations of the E.U. States have double subscription.

And, I affirm such need because, if on the one hand we can not deny the double subscription in the EPBS and the IFBLS, such fact should not constitute a factor of intromission and external conditioning of the EPBS, but indeed turn out to be the instrument that should clarify the importance and the role of each international association, showing the transparency of its institutional relationship, without any risk of dominium and limitation of the action of the EPBS and the IFBLS.

Furthermore, I think that being desirable the proximity and institutional cooperation, in case the double subscription is kept

10 | Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde

Time of necessary change at the EPBS

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for some associations of the European States, it will be difficult to deepen the internal trust of the members of EPBS.

I am conscious that, inevitably, in the next meeting of the European Council of the EPBS, to take place in Slovakia, this will be one of the fundamental issues, which the organizations from EPBS can not escape from. May that be that in case there is no clarification, the risks of internal division, implicit or expressed, will be maintained, or because the new stage of the relationship with the European Commission and the European Council, may end fatally fragile.

This is, for the reasons presented, the moment in which the EPBS must promote its development and the political conscientiousness, without which it will not develop new concepts of projection and professional affirmation, based on biomedical sciences, as field of self knowledge of biomedical scientists (clinical analyses / pathological anatomy), as well as science more close to the health sciences and more distant from medical sciences.

To understand this, is to understand the nucleus of the problem and the paradigm of professional development. This must be the challenge of the new Direction of EPBS, resulting from the elections which will take place in Slovakia. t

TecnoSaúde | Fevereiro 2008 | 11

Almerindo RegoMembro do Conselho Europeu da EPBS

Almerindo RegoMember of the European Council of EPBS

Em Julho de 2007, o Instituto de Genética Médica Jacinto Ma-galhães (IGM) foi integrado no Instituto Nacional de Saúde Ri-cardo Jorge, assumindo o estatuto de serviço desconcentrado.

Com esta fusão, manteve-se a tutela do Ministério da Saúde sobre o novo INSA I.P., embora com todas as suas ambiguida-des quanto a integrar ou não o Serviço Nacional de Saúde.

Como resultado desta ambiguidade, tendo o IGM diversos téc-nicos em situação de contrato a termo, que entretanto foram caducando, a responsável do IGM foi fazendo passar a ideia que o assunto se resolveria, fazendo-se novos contratos, desde que os referidos técnicos não envolvessem o Sindicato das Ci-ências e Tecnologias da Saúde (SCTS). Pura chantagem.

Pacificamente, ou não, os referidos profissionais cederam à chantagem, passando um elevado número à situação de está-gio não remunerado (!!!), enquanto a Instituição lhes acenava com a sub contratação, através de uma empresa externa. Pura ilegalidade.

Claro que o SCTS não ficou parado. Para o Sindicato esta era uma das mais descaradas tentativas de violação da lei e dos direitos dos técnicos em causa, pese embora aterrorizados com a possibilidade de perderem a sua oportunidade de emprego.

algumas das associações dos Estados Europeus, dificilmente se aprofundará a confiança interna dos membros da EPBS.

Estou consciente que, inevitavelmente, na próxima reunião do Conselho Europeu da EPBS, a realizar na Eslováquia, esta será uma questão de fundo, à qual as organizações da EPBS não se poderão furtar. Seja porque a não existir clarificação, os riscos de divisão interna, implícitos ou expressos, se manterão, seja porque a nova etapa da relação com a Comissão Europeia e o Conselho da Europa, podem sair fatalmente fragilizada.

Este é, pelas razões expressas, o momento em que a EPBS terá de promover o seu desenvolvimento e consciencialização política, sem o que não poderá desenvolver novos conceitos de projecção e afirmação profissional, assentes nas ciências biomédicas, enquanto campo de saber próprio dos cientistas biomédicos (análises clínicas / anatomia patológica), bem como ciência mais próxima das ciências da saúde e mais dis-tante das ciências médicas.

Perceber isto, será perceber o núcleo do problema e do pa-radigma do desenvolvimento profissional. Este terá de ser a aposta da nova Direcção da EPBS, resultante das eleições que irão decorrer na Eslováquia. t

Denunciada a situação à comunicação social, o assunto deixou de ser segredo de “polichinelo”, ficando, entre outros aspec-tos, a saber-se que os técnicos já sem emprego, tinham sido objecto de elevados investimentos da IGM na sua formação, correndo-se o risco de estes se perderem. Tudo muito elevado e responsável.

Perante este cenário, o SCTS solicitou uma audiência urgente ao Ministro da Saúde, propondo, em simultâneo, que os profis-sionais em causa fossem contratados nos mesmos termos do Serviço Nacional de saúde, dada a tutela ser a mesma e, por tal, não fazer sentido qualquer desigualdade de tratamento.

Como resultado desta acção do SCTS, no dia 3 de Janeiro o Ministro da Saúde determinou que se efectuassem os referidos contratos, tendo do facto dado conhecimento ao Sindicato.

Moral da história: Aos profissionais em causa de nada valeu te-rem cedido à chantagem da IGM, abdicando da sua dignidade pessoal e profissional. Não fosse a acção determinada do SCTS estariam agora no desemprego. Esperemos que a lição tenha servido para alguma coisa. t

Instituto de Genética Médica:dos favores aos direitos

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12 | Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde

Numa decisão inédita em Portugal, após denúncia do Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde, o Ministério Público de Bragança deduziu acusação, com termo de identi-dade e residência, contra um médico e um técnico de higie-ne e segurança no trabalho, por co-autoria de usurpação de funções próprias dos cardiopneumologistas, facto punível nos termos do Código Penal.

Inserido no âmbito da aplicação da legislação sobre higiene, segurança e saúde no trabalho, o Hospital de Bragança con-tratou a firma Medicisforma para prestação de serviços da área de Medicina do Trabalho, Higiene e Segurança, aos seus trabalhadores.

Esta firma, prestando tais serviços nas instalações do Hospital de Bragança, foi-se socorrendo das instalações, equipamentos e pessoal dessa unidade hospitalar, através de protocolo efec-tuado para o efeito.

Dos exames constantes do protocolo faziam parte os electro-cardiogramas e as espirometrias, enquanto actividades pró-prias dos cardiopneumologistas.

Não tendo a Medicisforma pessoal próprio com tal habilitação profissional, e depois de contactos com o Hospital que, entre-tanto manifestou a impossibilidade do seu serviço de cardiolo-gia cooperar com a referida empresa, decidiram contratar uma enfermeira para realizar as espirometrias.

Dado a enfermeira não fazer a menor ideia da natureza do exame, o Dr. Manuel Adriano da Silva Lopes, especialista em patologia clínica e medicina do trabalho, sócio da Medicisfor-ma, adestrou empiricamente a enfermeira Vera Lúcia para o efeito, enviando-a para o Hospital de Bragança, no qual efec-tuou mais de uma centena de espirometrias.

Estranhamente, contudo, o Ministério Público não acusou a re-

ferida enfermeira da autoria dos factos comprovados, razão pela qual, o Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde (SCTS) solicitou a reapreciação do processo, integrando a

enfermeira no lote dos acusados, requerendo a abertura da instrução.

Qualquer que seja o desfecho deste processo, o SCTS encara o mesmo como um momento histórico para as profissões das tecnologias da saúde.

De facto, existindo milhares de situações análogas, para as quais não se têm reunido os testemunhos indispensáveis, nem tão pouco a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde ter demonstrado capacidade de intervenção, este processo é um sinal inequívoco do que pode e deve mudar na prestação de serviços e cuidados de saúde de qualidade.

Como nota não menos interessante, é o facto do SCTS, há cerca de um ano, solicitar sucessivas audiências ao Ministro do Trabalho, por motivo das ilegalidades generalizadas nos serviços e empresas da área da Medicina no Trabalho, não tendo, até ao momento, recebido qualquer resposta!!!

E, esta questão não é menos importante, pois, nos termos do Decreto-Lei N.º 26/94, de 1 de Fevereiro, compete ao Ministério do Trabalho autorizar as actividades das empresas da área da Medicina do Trabalho, obrigando estas à “Existência de recur-sos humanos suficientes e com as qualificações profissionais exigidas” (sic) in alínea a), do Artigo 10.º, do referido Decreto.

Dado a situação identificada pelo Ministério Público estar generalizada em Portugal, o SCTS, uma vez mais, insistiu em ser recebido pelo Ministro do Trabalho, tendo, entretanto, so-licitado uma reunião com carácter de urgência à Comissão Parlamentar do Trabalho, Segurança Social e Administração Pública, tendo em vista um rigoroso inquérito à situação ins-talada. t

Exercício ilegal em Medicina do Trabalhochega a tribunal

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TecnoSaúde | Fevereiro 2008 | 13

JORNADAS E ENCONTROS DO SCTSMantendo o princípio de aproximar as suas actividades aos seus associados, o Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde vai realizar, no primeiro semestre, de 2008, em Macedo de Cavaleiros, Viseu, Évora, Ribeira Grande e Funchal, umas Jornadas que terão como temas:› Acreditação dos Serviços de Saúde› Bolonha e o Ensino das Tecnologias da Saúde› Créditos de formação na Avaliação do Desempenho› Auto-Regulação Profissional› Nova Carreira. Novas oportunidades. A coordenação na nova organização dos serviços de saúde. O papel do Conselho Téc-nico.

Esta iniciativa pretende, igualmente, promover o debate de ideias e proporcionar um conhecimento mais detalhado das questões gerais e mais importantes para todas as profissões das tecnologias da saúde.

RIBEIRA GRANDE –Auditório do Centro CulturalDia 8 de Março de 2008

VISEU – Auditório do Hospital de ViseuDia 29 de Março de 2008

FUNCHAL – Escola de Hotelaria e Turismo da MadeiraDia 12 de Abril de 2008

MACEDO DE CAVALEIROS – Auditório da Associação Comercial Dia 19 de Abril de 2008

ÉVORA – Évora HotelDia 10 de Maio de 2008

Igualmente em curso, está a realização destas Jornadas para os alunos da Escola Superior de Saúde Egas Moniz, em data a fixar.

CONGRESSO DA APTACNos dias 15 e 16 de Março de 2008, no Auditório da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, vai realizar-se o IX Congresso da Associação Portuguesa de Técnicos de Análises Clínicas e Saúde Pública.Integrando-se na nova dinâmica da APTAC, este Congresso surge num momento crucial destes profissionais, assumindo-se como uma nova iniciativa de ruptura com conceitos ances-trais da profissão.Este Congresso está a ser acompanhado com toda a aten-ção pelo Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde, pois,

Eventos Profissionais e Científicos

como se sabe, o SCTS propôs ao Governo uma nova filosofia de acesso ao exercício em análises clínicas, assente numa di-ferente metodologia de titulação profissional.

CONGRESSO DA APTECNos dias 28, 29 e 30 de Março de 2008, no Hotel Praia Gol-fe, em Espinho, vai realizar-se o 14º Congresso Português de Cardiopneumologia.Incorporando toda uma nova concepção do Fórum das Tec-nologias da Saúde, na abordagem conceptual do desenvolvi-mento e projecção das profissões, promete ser um momento alto da cardiopneumologia.Temas como a Auto-Regulação Profissional, o Processo de Bo-lonha e a Profissão na Comunidade, irão constituir-se, inevita-velmente, nos pilares centrais do congresso, dadas as transfor-mações que estão a ocorrer nas políticas de saúde.

CONGRESSO DA APLFNos dias 23, 24 e 25 de Maio, no Hotel Tuela, no Porto, vai realizar-se o VI Congresso Nacional dos Licenciados em Far-mácia.Dada a recente polémica que tem envolvido as novas políti-cas de farmácia e do medicamento, associado ao facto de em Portugal existirem duas licenciaturas para o mesmo tipo de actividades, este Congresso promete ser polémico e criativo, a exemplo de anteriores congressos.Questões como a que recentemente o Sindicato das Ciências e Tecnologias lançou, por causa da possibilidade das farmá-cias poderem actuar na área de diagnóstico e terapêutica, poderão vir a constituir-se em mais um ponto de interesse. Aguardamos os desenvolvimentos.

CONGRESSO DA AETELNos dias 29, 30 e 31 de Maio, na cidade de Sevilha, vai reali-zar-se o XXI Congresso da Associação Espanhola dos Técnicos Especialistas de Laboratório.Tendo como tema central “Genética e Reprodução”, contará com a participação de grandes especialistas espanhóis.Como sempre, este Congresso contará com um pré-curso so-bre o tema, o qual terá lugar durante o dia 29 de Maio.Os interessados em participar neste Congresso, poderão con-tactar os respecticos serviços para:

C/Mayor, 6 – 1º Local 3 – 28013 MadridTelefone: 915225197ou [email protected]

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14 | Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde

A implementação de um Sistema de Qualidade em qualquer Sistema de Saúde obriga a que os responsáveis e os profissio-nais obtenham informação de forma a melhor compreender o Sistema de Qualidade e os requisitos/critérios das Normas de Referência, que se vão adoptar.

Durante o processo de tomada de decisão é importante envol-ver-se no sistema escolhido de forma a implementar um siste-ma de qualidade consistente e capaz de evoluir. Cada Norma ou Manual tem requisitos ou critérios próprios que devem ser bem conhecidos e compreendidos por todos os profissionais e especialmente pelos profissionais nomeados para a imple-mentação desse sistema. Estes profissionais escolhidos pela Direcção de Serviço deverão ter a formação adequada e pró-pria para que possam implementar e melhorar continuamente o sistema de qualidade.

Contudo, independentemente da referência normativa da en-tidade certificada, é necessário não criar ilusões, pois nenhum sistema garante por si só a satisfação quer dos clientes quer dos profissionais em relação à qualidade dos serviços prestados.

Qualquer Sistema escolhido (Certificação pela ISO 9001:2000; Acreditação pelo King`s Fund ou pelo Joint Comission; Acredi-tação pela ISSO 17025 ou 15189, estas próprias de Labora-tórios de Análises Clínicas,…) pode tornar a Instituição mais organizada, desde que seja feito um esforço por todos os profissionais para manterem um sistema de melhoria contí-nuo, mantendo activa e continuamente o ciclo PDCA. Para os serviços de saúde que optam por uma certificação segundo a Norma ISSO 9001:2000, deverão ter em mente que o cami-nho em direcção à qualidade não termina com a obtenção de um “Certificado de Garantia de Qualidade da Empresa”. A evolução deve continuar no sentido da excelência.

Se olharmos para a definição de um processo de certificação podemos constatar que certificar consiste em demonstrar a conformidade das características de um produto, serviço ou sistema, face a um documento de referência que estabeleça e quantifique os parâmetros que devem ser verificados.

A melhor forma de envolver qualquer profissional é pedir-lhe que escrevam o que fazem, como, onde e de que modo exe-cutam as suas tarefas e onde as registam. Para que, depois de implementado um sistema de qualidade, funcione é necessá-

rio que cada profissional reconheça que é importante para o seu trabalho e que estão de acordo com as decisões estraté-gicas da Gestão.

Ao analisar as exigências das Normas seleccionadas as Insti-tuições e os Profissionais dar-se-ão conta que muitos dos cri-térios já são cumpridos, no entanto não estão sistematizados podendo melhorar-se os registos e as práticas clínicas.

Normalmente as Instituições têm como obrigatoriedade de analisar o trabalho que há para fazer e quem o pode fazer. Deve avaliar as competências próprias e decidir que tipo de tarefa é que cada profissional pode fazer, no entanto quer em Instituições Públicas quer em Instituições Privadas que estão já Certificadas ou Acreditadas por Instituições devidamente Acreditadas ou reconhecidas para o fazer, continua a ser no-tório o trabalho inqualificado. Trabalho inqualificado esse, que já tem sido notícia em alguns casos, nomeadamente quando morrem utentes nas mãos de Auxiliares de Limpeza de La-boratórios a realizar trabalho de Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica. À semelhança deste caso vêem-se enfermeiros a fazer eletrocardiogramas em determinadas urgências ou clínicas privadas, bem como Bioquímicos e Biólogos a traba-lharem em Laboratórios de Hospitais EPE, sem qualquer título profissional. Se formos para outros Hospitais, também EPE, conseguimos encontrar enfermeiros a exercer em serviços de sangue, efectuando análises laboratoriais que são da inteira responsabilidade dos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica. Continuamos a ver profissionais licenciados de uma profissão a exercer trabalho de licenciados de outras profissões.

Se analisarmos tudo isto, pensamos para que serve um Siste-ma de Qualidade se se continua a dar emprego a profissionais que não têm qualificação para tal?!

A melhor forma de combater tal inqualificação e ilegalidade era o Governo criar uma Norma Portuguesa aproveitando o que de útil têm os referenciais normativos conhecidos. À se-melhança do que se passa em França, e mais concretamente Paris, o Governo criou uma Entidade denominada ANAES (que criou uma norma própria baseada na ISO e no King`s Fund e no Joint Comission) que tem por obrigação colaborar na Acre-ditação de todos os Hospitais de Paris, sendo um processo obrigatório para todos, mas por etapas. Portugal é dos países mais ricos em legislação e se quisesse ver os seus serviços de

Implementação de um Sistemade Qualidade numa Instituição de Saúde Pública ou Privada versus trabalho inqualificado

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TecnoSaúde | Fevereiro 2008 | 1�

saúde públicos ou privados devidamente Qualificados no Tra-tamento de Cuidados de Saúde a toda a população, criaria um sistema ou Instituição única (por que não a junção do IPAC e o IQS) e criarem uma norma Portuguesa onde estivessem pre-sentes os critérios mais prementes das outras normas, com o objectivo claro de verificar a qualificação e o profissionalismo dos vários profissionais.

Diria mesmo, sendo desejável a aplicação dos melhores pa-drões de qualidade na certificação, Portugal não pode ignorar o facto de ter segmentos de qualidade, nomeadamente de recursos humanos, do mais elevado nível mundial, devendo, por tal, estarem reflectidas nas suas normas. t

Cidália Silva

Segundo as Nações Unidas, no âmbito do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Portugal baixou do 28.º para o 29.º lugar.

Este indicador, constituído na base de três dimensões (ter uma vida longa e saudável, ser instruído e ter um nível de vida digno), classifica os países como de nível elevado (39.5%), médio (48%) e baixo (12,4%).

As causas próximas desta descida de Portugal no ranking mundial, tudo indica, estarão associadas ao baixo crescimento económico e à deterioração do mercado de trabalho, sendo de salientar, segundo a CGTP-IN, os seguintes aspectos:

• As desigualdades na distribuição do rendimento são mui-to mais elevadas em Portugal. Os 10% mais ricos têm um rendimento 15 vezes superior aos 10% mais pobres, o que compara como repartições menos desequilibradas na No-ruega (3,9) e em Espanha (6);

• O baixo crescimento económico dos últimos anos condu-ziu a uma degradação da situação no mercado de trabalho com um elevado desemprego (7,7% em 2005). A Espanha, apesar de ter uma taxa de desemprego mais alta que a de Portugal, tem uma menor incidência do desemprego de lon-ga duração;

• Verificam-se progressos na área educativa sendo de realçar que 94% dos adultos sabe ler e escrever. O esforço públi-co com a educação melhorou com um nível de despesa de 5,7% do PIB face a 4,6% em 1991. Ainda assim, a despesa pública com a educação é inferior à apresentada pela Islân-dia (8,1%) e, em geral, com outros países nórdicos – Norue-ga (7,7%), Suécia (7,4%), Finlândia (6,5%);

• Registam-se também progressos na área de saúde. A espe-rança de vida à nascença passou de 68 anos em 1970-1975 para 77,2 anos em 2000-2005. Mas há ainda progressos a alcançar e aspectos que são preocupantes. A esperança de vida é neste último período superior a 80 anos em diversos

países, incluindo Espanha. Por outro lado, são preocupantes a incidência da SIDA e da tuberculose;

• Os dados sobre a tecnologia são também preocupantes para o futuro do desenvolvimento do país. Indicadores relevantes como a utilização da Internet, a despesa em investigação e desenvolvimento (I&D), o número de patentes e o número de investigadores em I&D mostram atrasos face a outros países desenvolvidos. Os indicadores tecnológicos são des-favoráveis (com excepção da utilização de telemóveis, em que há mais do que um por pessoa);

• As emissões de dióxido de carbono por pessoa são menores que em Espanha, mas têm vindo a subir, passando de 4,3 toneladas em 1990 para 5,6 em 2004;

• Portugal aparece ligeiramente melhor classificado nas ques-tões da igualdade entre homens e mulheres (28º lugar). A taxa de participação das mulheres na actividade económica é relativamente elevada (55,7%) ainda que mais baixa que na Islândia e Noruega. Noutros indicadores, a situação por-tuguesa é mais desfavorável, como o número de deputadas nos parlamentos nacionais, mesmo que a participação seja em geral baixa (mas na Suécia é de 47,3%);

• Há indicadores negativos sobre o crime e justiça, sendo de referir que o número de reclusos por 100 mil pessoas é ele-vado quando comparado com o de outros países da UE, ainda que inferior ao de Espanha. A mesma conclusão se re-tira quando se observam as estatísticas sobre os homicídios intencionais, ainda que os dados não sejam estritamente comparáveis;

• Portugal aparece como um país com um baixo nível de so-lidariedade internacional quando olhamos para o indicador da ajuda ao desenvolvimento, sendo de apenas 0,21% do rendimento nacional (e menor que em 1990 em que era de 0,24%), muito distante do limiar fixado pelas Nações Unidas (0,7%). t

Portugal desce na classificação internacionaldo desenvolvimento humano

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• Depois de, em Maio de 2006, o SCTS ter demonstrado o excessivo contingente de alunos em formação, o que não foi levado em conta pelo Ministro Mariano Gago, agora também o Prof. Doutor Pedro Lourtie o vem afirmar, em recente estudo entregue ao então Ministro Correia de Campos. Esperemos que, finalmente, o bom senso impere, pois caso contrário, em breve atingiremos uma taxa de desemprego assustadora.

• Recentemente, o Presidente do Governo Regional dos Açores afirmou: “o País está a ser governado por directores gerais.” Podendo ser excessiva tal afirmação, enquanto figura de retórica, o facto é que o Director Geral do Ensino Superior tem vindo a autorizar cursos com 180 ECTS (3 anos), contrariando os estudos encomendados pelo Governo e o parecer do então Ministro Correia de Campos, os quais recomendam 240 ECTS (4 anos), para o primeiro ciclo de licenciatura.

• É de todos conhecida a difícil situação que atravessa o movimento sindical, com os sindicatos em múltiplas ocasiões “à beira de um ataque de nervos”. Contudo, tal não justifica que no Plenário de Sindicatos da CGTP IN, realizado no dia 13-10-2007, na FIL, assistíssemos a deploráveis incidentes e apupos de diversos sindicalistas, pelo simples facto de, depois de aprovada uma moção relativa ao Tratado Reformador da União Europeia, um dirigente do Conselho nacional da CGTP IN, ter expressado uma opinião contrária à maioria, quanto à forma

como esta deveria ser apresentada ao poder político. Assim não vamos lá. A democracia não pode, nem deve, ser somente formal e, os representantes dos trabalhadores têm de dar exemplo.

• Ainda na vigência do Governo do Dr. Durão Barroso, o SCTS sensibilizou o Secretário de Estado do Ensino para os ganhos em saúde e educação com a integração dos profissionais das tecnologias da saúde no ensino especial. Na vigência do actual Governo, esta ideia tem vindo a ser aplicada. Agora, para clarificar esta nova situação laboral e de emprego, no decurso da revisão da actual carreira, o SCTS defende a constituição de regras específicas para estes profissionais, a negociar com o Ministério da Educação.

• Cada vez mais se adensam as suspeitas que, embora o então Ministro da Saúde defenda a manutenção dos serviços públicos do SNS, esta é uma capa que esconde as realidades que se vão constituindo. De facto, depois das concessões de gestão dos serviços de imagiologia do C. H. Alto Minho e do Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro pretende fazer o mesmo em áreas como a fisioterapia, radiologia e análises clínicas, a coberto dos seus estatutos de C.H.E.P.E.

• Mesmo depois de, com toda a clareza, o então Ministro da Saúde ter afirmado que os registos de prática nas farmácias eram ilegais, o Infarmed continua a efectuar registos de prática, comportando-se como um

Estado dentro do Estado Português. Apetece perguntar: Será que é só auto – recriação ou tem as costas protegidas na violação da lei?

• No dia 12 de Abril, a ESTeS – Porto vai realizar o IV Colóquio de Farmácia, subordinado ao tema “Comunicação e Informação na Relação com o Utente”. Enquadrado neste evento será apresentado um painel de debate sobre o “Novo Contexto Legislativo na Farmácia”, para o qual o SCTS foi convidado. Iniciativa oportuna face aos novos acontecimentos que envolvem os “apêndices” criados recentemente, através de uma contestada Portaria do então Ministro da Saúde.

• No final do ano passado, em Sessão Plenária da Assembleia da República, foi aprovado o “Regime das Associações Públicas Profissionais”, o qual vem disciplinar e enquadrar as Ordens Profissionais existentes e a criar. Perante tal facto, e na sequência dos compromissos assumidos pela generalidade dos grupos parlamentares, e muito em especial do PS e do PSD, estão em curso os necessários contactos do SCTS na Assembleia da República, tendo em vista a Constituição da nossa Ordem, desejando-se a sua constituição no decurso do presente ano. É de referir que a Petição da OPTDT, entregue ao Presidente da Assembleia da República, para a mesma finalidade, foi apreciada no dia 19 de Dezembro de 2007, reforçando assim a acção que vem sendo desenvolvida pelo SCTS e o Fórum das Tecnologias da Saúde.

Breves

1� | Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde

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1º Ciclo 124,5 102,0 40,6% 36,1%2º ciclo+3º ciclo 119,6 107,1 39,0% 38,0%Secundário 38,0 39,2 12,4% 13,9%Superior 24,7 33,9 8,1% 12,0%

TOTAL 306,8 282,2 100,0% 100,0%

TecnoSaúde | Fevereiro 2008 | 17

A Resolução do Conselho de Ministros N.º 160/2006, de 2 de Novembro, criou a Comissão do Livro Branco das Relações Laborais.Desta Resolução resultava como objectivo que, a referida co-missão, avaliasse as relações entre a lei e as regulamentações do trabalho, propondo medidas que flexibilizassem toda a es-trutura jurídica das relações laborais e de emprego.Suscitando, desde logo, uma posição defensiva dos Sindicatos, face aos problemas crescentes do desemprego, do boicote à contratação colectiva, da sucessiva precariedade das relações

A propósito do livro branco das relações laboraisTecnologias da Saúde lideram o desemprego na saúde

Nível de Escolaridade dos patrões portugueses em 2007

Nível de Escolaridade 1º Trim.2003 1º Trim. 2007 % do TOTAL Mil Mil 1º Trim.2003 1ºTrim.2007

Dados fornecidos pelo INE

1º Ciclo 460,1 424,2 63,1% 58,6%2º ciclo+3º ciclo 183,6 196,3 25,2% 27,1%Secundário 52,4 46,4 7,2% 6,4%Superior 33,3 56,8 4,6% 7,8%

TOTAL 729,4 723,7 100,0% 100,0%

Nível de escolaridade dos trabalhadores por conta própria

Nível de Escolaridade 1º Trim.2003 1º Trim. 2007 % do TOTAL Mil Mil 1º Trim.2003 1ºTrim.2007

Dados fornecidos pelo INE

contratuais, da intenção do Governo transportar para Portugal os princípios da flexigurança, etc., havia que aguardar pelo estudo, por forma a ter-se uma ideia mais precisa sobre a evo-lução do neoliberalismo no mundo laboral.Tornado público este estudo em final de 2007, o seu conteúdo não se pode considerar uma surpresa para os Sindicatos, dado vir confirmar as piores expectativas.Antes de qualquer comentário sobre as soluções preconizadas pela Comissão, importa atentar em alguns dos dados contidos no estudo:

2005 3 152.820 158.740 2005 6 147.390 114.240 2005 9 121.590 139.790 2005 12 129.020 142.830 2006 3 154.450 149.640 2006 6 146.070 111.970 2006 9 119.640 143.590 2006 12 119.500 147.200

2005 550.820 555.600 2006 539.660 552.400

Criação e Destruição de Emprego em Portugal em 200� e 200�

Ano Mês Emprego Criação Destruição

Fonte: Livro Branco Relações Laborais

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1� | Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde

Perante estes números avassaladores, importa, desde logo, perguntar: qual o domínio em que devem incidir as políti-cas laborais? Na flexibilização das relações laborais (leia-se maior precariedade e liberdade de despedir trabalhadores)? Na qualificação de patrões e trabalhadores? Na reformulação da natureza do tecido produtivo? Perguntas para as quais não existem respostas objectivas.Mas, pior ainda. Se por um lado é baixíssima a escolaridade de patrões e trabalhadores, o desemprego de licenciados da área das tecnologias da saúde aumentou abruptamente, tendo cres-cido 35,7% entre Novembro de 2006 e Novembro de 2007, representando já mais de 15% dos activos empregados.Perante este cenário que vem confirmar as preocupações apresentadas pelo Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde em Maio de 2006 ao Governo, na pessoa do Secretário de Estado do Ensino Superior, sem que tal tenha determinado qualquer alteração à politica de contingentes de alunos do ensino das tecnologias da saúde, afigura-se-nos que, de facto, o problema do emprego e da empregabilidade não se situa na maior flexibilização das relações laborais.

De facto, perante este cenário, onde as tecnologias da saúde lideram já o ranking dos licenciados desempregados, estiman-do o Sindicato que, em final de 2010, sejam cerca de 50% do total dos profissionais, não nos restam dúvidas que urge tomar medidas urgentes. Medidas que não passam pela pre-carização do trabalho, antes sim por toda uma reformulação da formação e do ensino. Por alterações às políticas de ensino, orientando-as para as necessidades do mercado de trabalho e, não, como agora, para o negócio, público e privado, da for-mação de indivíduos sem expectativa de emprego.E, esta mudança não é menor. Ela assume uma dimensão re-estruturante de políticas produtivas, ajustadas à natureza do País que somos, pois, mesmo que benevolamente, olhemos o Processo de Bolonha aplicado ao ensino superior como uma oportunidade, não podemos transformar Portugal num País de emigrantes. Pior ainda: pondo o erário público e as famí-lias a pagar o investimento de uma formação que, ou não é aproveitado ou, a sê-lo, sê-lo-á por países que se limitarão a empobrecer-nos, aproveitando os nossos investimentos mal direccionados. t

Paises Taxa de criação de emprego Taxa de destruição de emprego

Canada: 1981-1991 14,5% 11,9%Dinamarca: 1983-1989 16,0% 13,8%Finlândia: n1986-1991 10,4% 12,0%França: 1991-~1996 10,2% 10,3%Alemanha: 1983-1990 9,0% 7,5%Itália: 1984-1992 12,3% 11,1%Suécia: 1985-1992 14,5% 14,6%Reino Unido: 1998-2005 15,2% 14,6%EUA: 1984-1991 13,0% 10,4%

PORTUGAL: 2001-2006 (ISS) 13,3% 11,8%PORTUGAL: 1995-2005 (QP) 14,0% 11,4%

Taxa média anual de criação e destruição de emprego em Portugal e em outros paises

Fonte: Livro Branco Relações Laborais

A termo Sem termo A termo Sem termo

2004 32,0% 12,3% 43,8% 8,6%2005 33,4% 12,9% 46,7% 9,3%

Taxas de criação e destruição de emprego associadasa contratos a termo (a prazo) e a contratos sem termo

Anos Taxa destruição contratos Taxa criação contratos

Fonte: Livro Branco das Relações Laborais (pág. 32)

Periodo Desempregados Desempregados a receber subsidio % de desempregados a receber subsidio

1º Trim. 2004 347.200 290.200 83,6%1º Trim. 2005 412.600 298.900 72,4%1º Trm. 2006 429.600 316.600 73,7%1ºTrim. 2007 469.900 295.700 62,9%2ºTrim. 2007 440.500 276.700 62,8%3ºTrim. 2007 444.400 264.200 59,5%

Variação do desemprego e do número de desempregadosa receber subsídio de desemprego entre 2004 e 2007

Fonte: Livro Branco Relações Laborais

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TecnoSaúde | Fevereiro 2008 | 19

“Nunca esqueças que cada dia te oferece uma oportunidade – a oportunidade de criar memórias de vida num outro ser humano.Tu tens um poder, que significa que qualquer um que receba os teus serviços está nas tuas mãos e sujeito aos teus sentimentos, estado de espírito, empenho, quer estejas a ter um bom dia ou não.No meio de uma situação sem esperança tu podes optar por ser uma boa ou má lembrança que o paciente jamais esqueça.”

Ingegerd Seljeskog

Açores . 8 de Março

Viseu . 29 de Março

Madeira . 12 de Abril

Macedo de Cavaleiros . 19 de Abril

Évora . 10 de Maio

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