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ENERGIA SOLAR

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ENERGIA SOLAR

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Conceitos

Fonte Conversão

Tecnologias

Estado em Portugal

Actualidade Futuro

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Fonte O Sol, no seu centro, os núcleos de átomos de hidrogénio fundem-se origi-nando núcleos de hélio. A sua superfície atinge uma temperatura de perto dos 6.000ºK. A energia resultante desta reacção é radiada para o espaço, e parte dela atinge a atmosfera terrestre com uma intensidade de cerca de 1.373 W/m&sup2. Uma vez que parte da energia inicial é reflectida ou absorvida pela atmosfe-ra, num dia de céu claro é possível medir junto a superfície terrestre num pla-no perpendicular, cerca de 1.000 W/m&sup2. Esta radiação disponível à superfície terrestre divide-se em três componen-tes: - Directa: a que vem "directamente" desde o disco solar; - Difusa: a proveniente de todo o céu excepto do disco solar, das nuvens, gotas de água, etc. - Reflectida: proveniente da reflexão no chão e dos objectos circundantes. A soma das três componentes é denominada como radiação global, e repre-senta, nas condições já referidas, cerca de 1.000 W/m&sup2. Para Lisboa, num plano inclinado (cerca de 40º) e orientado a Sul, o valor médio diário de potência da radiação solar global directa pode atingir os 414 W/m&sup2.

Conversão Existem duas formas diferentes de utilizar a energia solar: - Activa: transformação dos raios solares noutras formas de energia: térmi-ca ou eléctrica. - Passiva: aproveitamento da energia para aquecimento de edifícios ou pré-dios, através de concepções e estratégias construtivas.

CONCEITOS

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Energia solar térmica activa Princípio: qualquer objecto exposto à radiação solar "Q" aquece. Simultaneamente, há perdas por radiação, convecção e condução, que aumentarão com a temperatura do corpo. Chega um momento em que as perdas térmicas, "Qp", se igualam aos ganhos devidos ao fluxo energético incidente, atingindo-se a temperatura de equilíbrio, "tc". Assim, no equilíbrio tem-se: Q = Qp Se conseguirmos extrair continuamente uma parte do calor produzido mudaremos as condições do equilíbrio anterior, ficando: Q = Qp + Qu Qu => Energia extraída do corpo ou energia útil. Vantagens: tanto na sua forma mais simples, obtenção de água quente, como em outras aplicações do género, a significativa poupança energética e económica (que chega a atingir em alguns casos mais de 80%), e ainda a grande disponibilidade de tec-nologia no mercado, são factores que transformaram a energia solar térmica uma das mais comuns, vantajosas e atractivas formas de energia renovável. Desvantagens: o elevado investimento inicial na instalação solar, apresenta-se por vezes como o maior entrave ao desenvolvimento desta solução. Principais aplicações: - Produção de Água Quente Sanitária (AQS), para uso doméstico, hospitais, hotéis, etc.: temperatura inferiores a 60ºC, com períodos míni-mos de utilização do equipamento solar entre oito e dez meses por ano.

Estas instalações dimensionam-se, normalmente, para as necessidades energéticas anuais, evitando assim excedentes energéticos nos meses de verão; - Aquecimento de piscinas: dependendo do tipo e finalidade da piscina, os valores da temperatura de utilização variam entre 25-35ºC, sendo pos-sível a aplicação a piscinas de utilização anual ou sazonal (verão);

- Aquecimento ambiente: do ponto de vista tecnológico é possível a utili-zação da energia solar para o aquecimento ambiente de forma activa dos edifícios, no entanto esta aplicação está limitada pela utilização em apenas 3 a 4 meses por ano, sendo assim economicamente menos interessante;

- Arrefecimento ambiente: é possível produzir frio combinando energia solar com máquinas de absorção ou sistemas híbridos (solar-gás), que operam a temperaturas na ordem dos 80 ºC (máquinas de Brometo de Lítio), ou 120 ºC (máquinas de Amónia/H2O), o que, combinado com o aquecimento ambiente no inverno, tornam estas aplicações muito interessantes, quer do ponto de vista ambiental com a redução de consumo de energia primária, quer do ponto de vista económico, com a rentabilização total do sistema; - Produção de água a elevadas temperaturas destinada a uso industrial: tempera-turas superiores a 80 ºC e 100 ºC (água saturada ou vapor), com aplicações industriais directas, de pré-aquecimento de água de processo ou vapor para produção de energia eléctrica (temperaturas de superiores a 450 ºC). - Outras aplicações: aplicações de baixa ou intermédia temperatura, como estufas, secadores desalinizadores, secadores, destoxificadores (Ultra Violeta) e ainda cozinhas solares.

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Energia solar eléctrica ou Fotovoltaica (PV) Princípio: A conversão directa da energia solar em energia eléctrica envolve a transferência dos fotões da radiação incidente para os electrões da estrutura atómica desse material. Nos materiais semicondutores sob o efeito de uma radiação luminosa, a energia dos fotões inci-dentes é directamente transferida para o sistema electrónico do material, podendo excitar elec-trões da banda de valência para a banda de condução e dando origem à criação de pares elec-trão (absorção). Para obter uma corrente eléctrica é criada uma estrutura de separação dos por-tadores de carga fotogerados, por acção do campo eléctrico interno, antes de se recombinarem. Segue-se logo a extracção das cargas em corrente contínua para utilização: efeito Fotovoltaico. Vantagens: A energia fotovoltaica é uma das mais promissoras fontes de energia renováveis. A vantagem mais clara é a quase total ausência de poluição. Para além desta vantagem a ausên-cia de partes móveis susceptíveis de partir, não produz cheiros ou ruídos, têm baixa ou nenhu-ma manutenção, e com tempo de vida elevados para os módulos. Desvantagens: No entanto uma das principais limitações dos dispositivos fotovoltaicos é o seu baixo rendimento, isto é, uma baixa conversão da energia solar em energia eléctrica. A razão deste facto reside fundamentalmente na deficiente exploração do espectro da radiação incidente (sol) por parte dos dispositivos. Outro inconveniente é os custos de produção dos painéis, estes devidos principalmente à pouca disponibilidade de grandes quantidades de materiais semicon-dutores, e de processos de obtenção, por vezes, muito caros. No entanto este factor está pro-gressivamente a desaparecer com os desenvolvimentos das deposições e das microtecnologias. Principais aplicações: - Electrificação remota: actualmente uma das principais aplicações da energia fotovoltaica é a possibilidade de fornecer energia eléctrica a lugares remotos, onde os custos da montagem de linhas eléctricas é superior ao sistema fotovol-taico, ou existe a impossibilidade deste tipo de fornecimento;

- Sistemas autónomos: bombagem de água para irrigação, sinalização, alimen-tação de sistemas de telecomunicações, etc. - Aplicação de micro-potência: relógios, maquinas de calcular, etc. - Integração em edifícios: a integração de módulos fotovoltaicos na envolvente dos edifícios (paredes e telhados) é uma aplicação recente, podendo represen-tar reduções de custos construtivos e energéticos. A energia produzida em excesso pode ser vendida à companhia eléctrica, e quando existem insuficiên-cias, esta pode ser comprada; - veículos: automóveis de recreio providos de células fotovoltaicas, com sufi-ciente potência para movimentá-los.

Energia solar passiva Princípio: aproveitamento da energia solar, incidência dos raios solares, para aquecimento de edifícios ou prédios, através de concepções e estratégias construtivas. Vantagens: o baixo custo de algumas soluções, como o bom planeamento e orientação do edifí-cio que podem resultar consumos energéticos evitados até 40%. Principais aplicações: Quanto às possíveis aplicações, em qualquer edifício habitacional, de escritórios ou industrial, podem ser aplicadas soluções de eficiência energética e de ener-gia solar passiva, tendo em conta as questões de projecto e estudo de forma a maximizar este tipo de aproveitamento energético.

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Tecnologias Existem vários tipos de tecnologia para o aproveitamento e conversão da energia solar: - Colector solar; - Painel fotovoltaico; - Outras tecnologias térmicas activas; - Tecnologias passivas.

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Colector Solar A mais comum das tecnologias de aproveitamento da energia solar térmica activa é o colec-tor solar. Existem vários tipos de colectores: - Planos; - Concentradores; - CPC ou concentradores parabólicos compostos; - De tubo de vácuo.

Colector plano Este tipo de colector é o mais comum e destina-se a produção de água quente a temperatu-ras inferiores a 60 ºC. Este é formado por: - Cobertura transparente: para provocar o efeito de estufa e reduzir as perdas de calor e ainda assegurar a estanquicidade do colector. - Placa absorsora: serve para receber a energia e transforma-la em calor, transmitindo-a para o fluido térmico que circula por uma série de tubos em paralelo ou serpentina. Para obter maiores rendimentos existem superfícies selectivas que absorvem como um corpo negro mas perdem menos radiação. - Caixa isolada: serve para evitar perdas de calor uma vez que deverá ser isolada termica-mente, para dar rigidez e proteger o interior do colector, dos agentes externos.

Ao fazer circular o fluido térmico através dos tubos dos colectores, retira-se calor destes podendo aproveitar este calor para aquecer um depósito de água.

Colectores concentradores Para atingir temperaturas mais elevadas há que diminuir as perdas térmicas do receptor. Estas são proporcionais à superfície deste. Reduzindo-a em relação á superfície de capta-ção, consegue-se reduzir as perdas térmicas na proporção dessa redução. Os sistemas assim concebidos chamam-se concentradores, e concentração é precisamente a relação entre a área de captação (a área de vidro que serve de tampa á caixa) e a área de recepção. Acontece que, quanto maior é a concentração mais pequeno é o ângulo com a normal aos colectores segundo o qual têm que incidir os raios solares para serem captados, pelo que o colector tem de se manter sempre perpendicular aos raios solares, seguindo o sol no seu movimento aparente diurno. Esta é uma desvantagem, pois o mecanismo de controle para fazer o colector seguir a tra-jectória do sol, é bastante dispendioso e complicado, para além de só permitir a captação da radiação directa.

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CPC ou colectores concentradores parabólicos

O desenvolvimento da óptica permitiu muito recentemente a descoberta de um novo tipo de concentradores (chamados CPC ou Winston) que combinam as propriedades dos colectores planos (também podem ser montados em estruturas fixas e têm um grande ângulo de visão o que também permite a captação da radiação difusa) com a capacidade de produzirem temperaturas mais elevadas (>70ºC), como os concentradores convencionais do tipo de len-tes.

A diferença fundamental entre estes colectores e os planos é a geometria da superfície de absorção, que no caso dos CPC's a superfície absorvedora é constituída por uma grelha de alhetas em forma de acento circunflexo, colocadas por cima de uma superfície reflectora. A captação solar realiza-se nas duas faces das alhetas já que o sol incide na parte superior das alhetas e os raios que são reflectidos acabam por incidir na parte inferior das alhetas, aumentado assim ainda mais a temperatura do fluido e diminuindo as perdas térmicas.

Colectores de tubo de vácuo Estes consistem geralmente em tubos de vidro transparente cujo interior contêm tubos metálicos (absorvedores). A atmosfera interior dos tubos livre de ar o que elimina as perdas por convenção os de tubo de vácuo, elevando assim o rendimento a altas temperaturas devido a menores coeficientes de perda a eles associados. Tipos aquece um fluido, este tem tendência a estratificar-se ficando a parte mais quente na zona superior. No sistema de termosifão a água aquecida pelo Sol no colector, sobe "empurrando" a água mais fria do depósito, forçando-a a tomar o seu lugar, descendo, para subir novamente quando, por sua vez for aquecida. O depósito deve ficar acima do colector, senão dá-se o fenómeno inverso quando já não houver sol (termosifão invertido). Estes sistemas são compostos pelo colector solar, depósito acumulador, purgador, vaso de expansão e outros pequenos acessórios.

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Tipos de sistemas solares térmicos Os dois principais tipos de sistemas de energia solar térmica são: - Circulação em termosifão; - Circulação forçada.

Circulação em termosifão O mesmo fluido a temperaturas diferentes tem também densidades diferentes, quanto maior é a sua temperatura menor a sua den-sidade. Por isso, quando se aquece um flui-do, este tem tendência a estratificar-se ficando a parte mais quente na zona supe-rior. No sistema de termosifão a água aque-cida pelo Sol no colector, sobe "empurrando" a água mais fria do depósito, forçando-a a tomar o seu lugar, descendo, para subir novamente quando, por sua vez for aquecida. O depósito deve ficar acima do colector, senão dá-se o fenómeno inverso quando já não houver sol (termosifão inverti-do). Estes sistemas são compostos pelo colector solar, depósito acumulador, purgador, vaso de expansão e outros pequenos acessórios.

Circulação forçada

Nas situações em que não é viável a colocação do depósito acima da parte superior dos colectores e para os grandes sistemas em geral é necessário usar bombas electrocirculado-ras para movimentar o fluido térmico. A bomba poderá ser comandada por um sistema de controlo automático (o comando diferencial). O sistema de controlo (comando diferencial) está regulado de modo a pôr a bomba em fun-cionamento logo que a diferença de temperatura (Tout - Tdep) entre os colectores e o depó-sito seja de 5 ºC Sistemas compostos por: - colector solar, - depósito acumulador, - bomba electrocirculadora, - controlador diferencial, - purgador, - vaso de expansão - e outros acessórios.

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Energia solar eléctrica ou Fotovoltaica (PV)

A energia fotovoltaica pode ser produzida de várias formas, com grandes variações de efi-ciência e custos. Podem-se dividir em dois grupos básicos: tecnologia de células discretas e tecnologia de película fina integrada. - Silício monocristalino: fatias de blocos monocristais de silício crescente. Actualmente as células chegam a ter uma espessura de 2.000 microns. As células de investigação chegam aos 24% de eficiência, as comerciais perto de 16%. - Silício policristalino: fatias obtidas a partir de blocos de silício de pureza intermédia. Estas células são menos caras de fabricar e menos eficientes, as de investigação têm cerca de 18% e as comerciais aproximam-se aos 14%. - Malha dendrítica: filme de silício monocristalino vazado de um cadinho de silício fundido, numa malha dendrítica. - Galio Arsenio (GaAs): Material semicondutor de que são feitas as células de alta eficiên-cia, usado especialmente na tecnologia espacial. As células de investigação chegam aos 25% e aos 28% baixo luz do sol concentrada. Multiconjunções de células de GaAs podem chegar aos 30% de eficiência. - Tecnologia de película fina integrado Cobre Indio Desilenio (cuInSe2, ou CIS): um fil-me fino de material policristalino, que experimentalmente chega aos 17% de eficiência. Módulos de grandes dimensões atingem 11%. - Silício amorfo (a-Si): usado na sua maioria em produtos de consumo como relógios e cal-culadoras, a tecnologia a-Si e também usada em sistemas de edificações integradas, tro-cando o vidro de cor por módulos semitransparentes. Os painéis actualmente mais comercializados são compostos por conjuntos de células de silício monocristalino ou policristalino, ligadas em paralelo ou em série, e com rendimentos que variam entre os 10 e 13%. A potência destes depende do tipo de ligação feita entre as diversas células (em série ou paralelo). Esta potência pode variar desde poucos Watts até 200 Watts (valores de equipamento comercializado).

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Sistemas solares fotovoltaicos

Além do painel fotovoltaico o sistema é geralmente composto por: - Grupo acumulador (baterias): onde a energia é armazenada para uso posterior quando não há luz solar; - Um controlador de carga: de forma a gerir a "entrada" e "saída" de energia das baterias; - Inversor de corrente: uma vez que os painéis produzem Corrente Contínua, e a maior parte dos electrodomésticos consomem Corrente Alterna; - Sistema de apoio: quando a energia solar disponível é insuficiente.

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Outras tecnologias Outros mecanismos de aproveitamento da energia solar térmica são: - Fornos ou cozinhas solares: os três tipos básicos de cozinhas são:

- A cozinha de reflectores parabólicos onde a luz solar é focada num ponto ou ao longo dum eixo axial onde é colocado o alimento ou o recipiente. - A cozinha de caixa consiste numa caixa com uma cobertura transparente, para criar efeito de estufa, e de reflectores para aumentar a radiação incidente. - A cozinha de painel consiste num conjunto de reflectores que focam a luz solar directa-mente no recipiente com a comida e de forma a reter o calor este recipiente é rodeado por um saco de plástico ou um balão de vidro. - Dessalinizadores: ao incidir os raios solares na caixa do desalinizador as moléculas de água da solução salina ganham energia até eventualmente evaporarem ficando o sal no fun-do do recipiente. As gotas de água desalinizada condensam na parte interior da cobertura transparente (inclinada) e escorrem para um canal. - Destoxificadores: é possível o aproveitamento dos raios UV para a descontaminação de efluentes orgânicos contaminados, fazendo passar estes efluentes através de tubos transpa-rentes que são "iluminados" por espelhos com configurações de parábolas ou CPC, tendo uma grande vantagem que é a de poderem funcionar mesmo quando exista nebulosidade, uma vez que as nuvens são transparentes aos raios UV.

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Tecnologias passivas - Orientação do imóvel (ganhos directos): uma boa orientação, disposição interior das fracções e de elementos verticais transparentes com devida protecção (janelas, solários, clarabóias), pode evitar até 20% das necessidades de aquecimento.

- Isolamento térmico dos edifícios: construções em paredes duplas com isolamento inter-médio, janelas com vidro duplo, e outro tipo de isolamentos são soluções que diminuem bastante as cargas térmicas, tanto de aquecimento como de arrefecimento, nos edifícios. - Paredes trombe: paredes com grande inércia térmica, que são usadas para "guardar" o calor quando a parede e atingida pela radiação solar. Esta energia acumulada é depois radiada directamente para o interior do edifício a partir da outra face da parede, sendo pos-sível o seu arejamento através de duas aberturas.

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Actualidade

Solar Activo

Portugal é um dos países da Europa com maior disponibilidade de radiação solar. Uma forma de dar ideia desse facto é em termos do número médio anual de horas de Sol, que varia entre 2.200 e 3.000 para Portugal e, por exemplo, para Alemanha varia entre 1.200 e 1.700 h.

Contudo, este recurso tem sido mal apro-veitado para usos tipicamente energéti-cos. Basta verificar alguns dos números relativos à difusão dos colectores solares térmicos na Europa , não só na Orla Mediterrânea como em países como a Alemanha é a Áustria, para compreender que algo deveria ser feito em Portugal para a promoção da energia solar. (ver seguinte tabela).

Mercado Europeu de Energia Solar Térmica

Fonte: ASTIG - Active Solar Thermal Group

Estado em Portugal

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Estima-se, para Portugal, a existência de um total de 225.000 m² de colectores térmicos insta-lados, tendo o mercado uma reduzida expressão nos últimos anos, traduzida em apenas cerca de 5.000 m²/ano.

O potencial actual de aplicação de sistemas solares térmicos activos em diferentes sectores é:

Fonte: Forum Energias Renováveis em Portugal Quanto ao Fotovoltaico, as principais aplicações em Portugal centram-se nas áreas das teleco-municações, sinalização, electrificação rural e bombagem de água para irrigação, com cerca de 1.000 kWp instalados em 2001, distribuído por: - 52% sector doméstico (sistemas isolados da rede); - 20% nos serviços (redes telemóveis, sos, parquímetros, etc.; - 26% sistema ligados à rede; - 2% sistemas de I&D. O país, devido às suas condições climáticas, possui excelentes condições para a conversão fotovoltaica com índices de produção entre os 1000 e os 1500 kWh por ano, por cada kWp ins-talado. Várias são as razões apontadas para o fraco desenvolvimento da energia solar em Portugal: - Algumas más experiências no primeiro período de expansão do solar (década de 80), asso-ciadas à falta de qualidade dos equipamentos e, sobretudo, das instalações, o que afectou negativamente a sua imagem; - Falta de informação específica sobre as razões do interesse e as possibilidades desta tecno-logia junto dos seus potenciais utilizadores; - Custo elevado do investimento inicial, desencorajando a adopção de uma solução que, pode competir com as alternativas convencionais; - Barreiras técnicas e tecnológicas à inovação ao nível da indústria, da construção e da instala-ção de equipamentos térmicos; - Insuficiência e inadequação das medidas de incentivo. Entretanto, muitos países fizeram notáveis avanços na promoção desta tecnologia já banaliza-da em alguns deles e novos e mais fiáveis equipamentos foram aparecendo no mercado, dan-do origem a uma verdadeira indústria solar térmica e fotovoltaica na Europa. Mesmo em Portu-gal, para além dos mais variados equipamentos importados, já existem hoje alguns colectores solares térmicos de tecnologia portuguesa, havendo indústria nacional que pode contribuir com o fabrico de equipamentos de qualidade e existindo competência na área da engenharia e capacidade de instalação de sistemas, bem como de controlo e certificação da sua qualidade actualmente a cargo do LECS - Laboratório de Ensaios de Colectores Solares do INETI.

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A situação do mercado em Portugal até aqui, porém, tem contrastado com a tendência de expansão que se observa na maior parte dos nossos parceiros europeus. A título comparati-vo, a Alemanha, onde a radiação solar é muito inferior à nossa (pouco mais de metade em termos médios anuais), é hoje o líder na Europa com mais de 4 milhões de m² de colectores térmicos instalados e campanhas de incentivos do solar fotovoltaico como a campanha dos "100.000 tectos solares". A Grécia, país muito semelhante a Portugal em termos económi-cos, energéticos e populacionais, tem um mercado interno anual de solar térmico de 30 vezes superior ao nosso, com cerca de 3 milhões de m² de colectores térmicos instalados. Apesar das condições desfavoráveis do mercado nacional, algumas experiências passadas de sucesso com energia solar merecem ser realçadas, existindo ainda muitos sistemas a funcionar convenientemente, há já muitos anos, por todo o país. Alguns foram mesmo objec-to de demonstração e monitorização, mostrando claramente o valor da tecnologia.

Solar Passivo Nos últimos dez anos, a legislação portuguesa estabeleceu dois regula-mentos térmicos que visam a melhoria dos edifícios, quer em termos da qualidade da envolvente, quer em termos dos respectivos sistemas energéticos de climatização, que foram importantes instrumentos na melhoria das condições de conforto e da eficiência energética do par-que nacional construído: - O "Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios" (RCCTE), Decreto-Lei 40/90, de 6 de Fevereiro, visa directamente a melhoria da qualidade térmica da envolvente dos edifícios, no sentido da "melhoria das condições de conforto sem acréscimo do consumo de energia". Ainda que considerado bastante moderado em termos de exigên-cia, teve um impacto significativo na forma de construir em Portugal levando a que a maioria dos edifícios já utilizem isolamentos térmicos, o vidro duplo passou a ser a norma nas boas construções e, sobretudo, os utilizadores já perguntam por estes pormenores quando adqui-rem um edifício ou apartamento. - O "Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios" (RSECE), Decreto-Lei 118/98, de 7 de Maio, visa fundamentalmente os edifícios com sistemas, de for-ma a melhorar a sua eficiência energética. Este regulamento estabelece um conjunto de regras de modo que "as exigências de conforto e de qualidade do ambiente impostas no interior dos edifícios, possam vir a ser asseguradas em condições de eficiência energética".

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Futuro O cenário futuro para a energia solar mostra-se com algumas mudanças a médio prazo. O recente Programa E4 (Eficiência Energética e Energias Endógenas, Resolução do Concelho de Ministros n.º 157/2001 de 27 de Setembro), prevê uma serie de acções e incentivos com vista ao desenvolvimento da energia solar. Por exemplo, para a energia solar térmica activa o sub-programa "Água Quente Solar para Portugal", tem como meta alcançar um mercado sustentado de 150.000 m² de colectores instalados por ano, e com um objectivo de até 2010 a instalação de 1 milhão de m&sup2. Para atingir este fim bastante ambicioso, estão previstas medidas de promoção de ima-gem do solar, vias alternativas de desenvolvimento do mercado, certificação de qualidade, incentivos (MAPE) e outras medidas com-plementares. Nas áreas do solar fotovoltaico prevê-se a promoção da produção de electricidade a partir desta fonte, tendo em atenção a Directiva sobre a produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis, que estipula, para Portugal, uma meta indicativa de 39% de renováveis no consumo bruto de electricidade, prevendo-se como meta os 50 MWp de potência fotovoltaica instalada em 2010, o que nos colocará ao nível ou mesmo acima dos outros países da União Europeia, em termos de potência fotovoltaica instalada per capita (actualmente de apenas 0,1 W per capita).

Os dois principais vectores de desenvolvimento dos sistemas fotovoltaicos em Portugal serão os sistemas ligados à rede eléctrica e os sistemas autónomos destinados a elec-trificação rural. A título de curiosidade, apenas com a área disponível em coberturas de edifícios em Portugal, seria possível produzir toda a electricidade que consumimos através de equi-pamento fotovoltaico.

A implantação de 60 m² de fotovoltaico, nos cerca de 3.1 milhões de edifícios residên-cias, resultariam em cerca de 33200 GWh/Ano (consumo em 1995), rebatendo assim a falsa ideia de que uma contribuição substancial de solar fotovoltaico necessitaria da ocupação de uma área enorme, com grandes custos emergentes dessa mesma ocupa-ção. Para o solar térmico passivo e para a eficiência energética dos edifícios está previsto o "Plano Nacional para a Eficiência Energética nos Edifícios", com um objectivo estruturante, no sentido de influenciar a actividade de todos os agen-tes que actuam no sector, dos promotores aos utilizadores finais.