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Se foi o concílio de Trento que acrescentou os livros apócrifos à Bíblia por que eles estavam em edições anteriores como a Vulgata de Jerónimo ou o próprio Lutero os incluiu na sua tradução?
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Se foi o concílio de Trento que acrescentou os livros apócrifos à Bíblia por que eles estavam em edições anteriores como a Vulgata de Jerónimo ou o próprio Lutero os incluiu na sua tradução?
Em resumo a situação é esta:
Os livros que os evangélicos chamam apócrifos e os católicos chamam deuterocanónicos são obras geradas durante o período posterior aos últimos profetas inspirados, no denominado período intertestamentário. Em geral não foram escritos em hebraico, mas em grego (ou seja como for, apenas contamos com o texto grego).
Nunca foram aceites como canónicos pelos hebreus, a quem foi confiada a Palavra de Deus (o Antigo Testamento).
A razão pela qual foram utilizados e apreciados pelos cristãos é que, em número variável segundo os manuscritos, estavam incluídos nos códices da tradução para o grego do Antigo Testamento conhecida como Septuaginta, produzida em Alexandria entre os séculos III e I a.C.
Apesar dos antigos escritores cristãos ocasionalmente os terem usado, em geral predominou a opinião de Jerónimo de considerar como canónicos os livros do AT do cânon hebreu. Os apócrifos/deuterocanónicos foram considerados como úteis para edificação mas não para basear doutrinas neles, num nível portanto inferior aos do cânon hebreu.
Jerónimo os incluiu na sua tradução a contragosto, e para estabelecer a sua posição acrescentou um prólogo em que estabelecia e fundamentava a sua própria posição.
Os apócrifos/deuterocanónicos continuaram pois nos manuscritos tardios da Bíblia, e foram incluídos nas traduções protestantes para línguas vernáculas, como a de Lutero, a Versão Autorizada (King James) e a espanhola Reina-Valera.
A posição protestante histórica é basicamente a mesma de Jerónimo.
O que ocorreu há pouco menos de 500 anos é que um concílio ocidental (o de Trento) se atreveu a fazer algo que a Igreja católica em sentido estrito – isto é, universal – jamais fez, a saber, afirmar dogmaticamente que estes livros tardios eram inspirados e portanto parte integral do Antigo Testamento.