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NORMA CONTABILSTICA E DE RELATO FINANCEIRO 28

BENEFCIOS DOS EMPREGADOS DIS 3211

Mdulo 1

ANA CRISTINA PINTO FERREIRA

1

Nota Prvia

O presente trabalho foi elaborado expressamente para as aces de formao eventual da OTOC, assim, no pretende ser um ponto de chegada, mas apenas um ponto de partida, constituindo a procura de alguma consistncia na forma como o tema ser abordado ao longo do Pas.

A OTOC promoveu um conjunto alargado de formaes relacionadas com o Sistema de Normalizao Contabilstica, sendo que este trabalho trata de uma pequena parte daquele tema.

As fontes de pesquisa, designadamente a legislao consultada, encontram-se expressas nas notas de rodap que incluem este trabalho, e nas referncias bibliogrficas.

No permitida a utilizao deste trabalho, para qualquer outro fim que no as aces de formao da OTOC, sem autorizao prvia e por escrito da OTOC, entidade a quem foram cedidos os direitos de autor.

2

NORMA CONTABILSTICA E DE RELATO FINANCEIRO 28 BENEFCIOS DOS EMPREGADOS

PROGRAMA1. Introduo 4

2. Benefcios dos empregados

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2.1.

Benefcios a curto prazo dos empregados

10 11 12 15 17 18 22 25 26 27 27 28 29 30

2.1.1. Salrios, ordenados e contribuies para a segurana social 2.1.2. Licena anual paga e licena por doena paga 2.1.3. Participao nos lucros e bnus 2.1.4. Benefcios no monetrios 2.2. Benefcios ps-emprego

2.2.1. Benefcios definidos 2.2.1.1. 2.2.1.2. 2.2.1.3. Planos multi-empregador Planos Estatais Benefcios segurados

2.2.2. Planos de contribuio definida 2.3. 2.4. 2.5. Outros benefcios a longo prazo dos empregados Benefcios de cessao de emprego Benefcios de remunerao em capital prprio

3. Cdigo de Contas

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Referncias Legislativas e Bibliogrficas

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3

NORMA CONTABILSTICA E DE RELATO FINANCEIRO 28 BENEFCIOS DOS EMPREGADOS

1. Introduo

Com a aprovao em 13 de Julho de 2009 (Decreto-Lei158/2009, 13 de Julho de 2009) do Sistema da Normalizao Contabilstica, e com a posterior publicao de toda a legislao directamente relacionada com aquele normativo, designadamente:

Estrutura Conceptual - Aviso 15.652/2009, de 07 de Setembro; Cdigo de Contas Portaria 1.011/2009, de 09 de Setembro; Modelos de Demonstraes Financeiras Portaria 986/2009, de 07 de Setembro; Normas Contabilsticas e de Relato Financeiro - Aviso 15.655/2009, de 07 de Setembro; Norma Contabilstica e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades - Aviso 15.654/2009, de 07 de Setembro; Normas Interpretativas - Aviso 15.653/2009, de 07 de Setembro;

o modo de pensar a contabilidade vai ser profundamente alterado.

Surge assim, a necessidade de iniciar um processo de aprendizagem sobre:

novos conceitos, todos reflectidos na Estrutura Conceptual e nas Normas; novas formas de reconhecimento e mensurao das operaes, de acordo com o disposto nas Normas Contabilsticas e de Relato Financeiro; novos modelos de apresentao e divulgao das informaes que fazem parte das Demonstraes Financeiras, conforme modelos aprovados.

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Esta necessidade vai de encontro ao objectivo deste manual, que pretende esclarecer o tema tratado na Norma Contabilstica e de Relato Financeiro 28 Benefcios dos Empregados.

Esta Norma Contabilstica e de Relato Financeiro, publicada, juntamente com todas as restantes, no Aviso 15.655/2009, de 07 de Setembro, tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 19 Benefcios dos Empregados, adoptada pelo texto original do Regulamento (CE) n. 1126/2008 da Comisso, de 3 de Novembro. Este enquadramento ser importante nos casos em que existam alteraes s normas internacionais.

Assim, no caso de as normas internacionais terem sido alvo de alteraes, estas alteraes podero ser acolhidas em Portugal, logo que as correspondentes normas tambm sejam alteradas.

Prev-se que o Sistema de Normalizao Contabilstica mantenha uma actualizao constante face aos normativos internacionais, por forma a promover a harmonizao contabilstica e a comparabilidade das demonstraes financeiras das entidades. Esta actualizao dever ser concretizada pela publicao, no futuro de NCRF revistas, ou actualizadas.

Ora, no que respeita aos Benefcios aos Empregados, a Norma Internacional de Contabilidade IAS 19 Benefcios dos Empregados, adoptada pelo texto original do Regulamento (CE) n. 1126/2008 da Comisso, de 3 de Novembro, no teve ainda qualquer alterao, estando prevista unicamente a publicao de uma IFRS na primeira metade do ano de 20111.

1

Conforme Work Plan for IFRS disponvel no site do iasb http://www.iasb.org/Current+Projects/IASB+Projects/Post-employment

5

De referir tambm que sempre que na presente NCRF existam remisses para as normas internacionais de contabilidade2, entende -se que estas se referem s adoptadas pela Unio Europeia, nos termos do Regulamento (CE) n. 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de Julho e, em conformidade com o texto original do Regulamento (CE) n. 1126/2008 da Comisso, de 3 de Novembro.

O tratamento deste tema constava dos diversos captulos do Plano Oficial de Contabilidade, em vigor at 31 de Dezembro de 2009, desde os critrios valorimtricos at s Directrizes Contabilsticas (DC 19). Com a aprovao do SNC, todos os assuntos relacionados com os Empregados foram aglutinados nesta norma.

Com a NCRF 28, pretende-se prescrever a contabilizao e a divulgao dos benefcios dos empregados.

Assim, ao longo deste manual tentaremos enquadrar e definir os Benefcios dos Empregados.

Posteriormente iremos verificar as contas do Cdigo das Contas que esto relacionadas com os movimentos dos Benefcios dos Empregados.

As regras de reconhecimento e mensurao sero explanadas por tipo de benefcio, recorrendo sempre que possvel a exemplificao por recurso aos lanamentos contabilsticos a realizar. No sendo o mbito deste trabalho, iremos fazer breves referncias s alteraes fiscais associadas a este tema.

As divulgaes a efectuar, quer por estarem referidas nesta norma, quer as que sejam exigidas por outras normas, designadamente a NCRF 5 Divulgaes de Partes Relacionadas, sero tambm abordadas neste trabalho.Na NCRF 28, o tratamento prescrito para os benefcios ps-emprego de benefcios definidos remete para esta verso da IAS 19.2

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Em jeito de concluso, iremos apresentar as diferenas entre o Plano Oficial de contabilidade, em vigor at 31 de Dezembro de 2009, e o Sistema de Normalizao Contabilstica, no que se refere ao tema em causa.

Esta norma no trata dos direitos dos empregados. Estes esto legislados no Cdigo do Trabalho3. Esta norma define como reconhecer e mensurar os direitos e montantes atribudos pela legislao especfica.

Assim, ao longo deste manual, iro ser feitas algumas referncias ao Cdigo do Trabalho, principalmente quanto ao enquadramento dos benefcios.

3

Lei 7/2009, de 12 de Fevereiro

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2. Benefcios aos empregados

Genericamente, esta Norma aplica-se a uma entidade empregadora na contabilizao dos benefcios dos empregados.

Os Benefcios dos empregados so todas as formas de remunerao dadas por uma entidade em troca do servio prestado pelos empregados. Ou seja, neste conceito lato, os Benefcios dos empregados incluem:

todas as compensaes pelo servio prestado pelos empregados, sejam estas em dinheiro, ou em espcie, referentes ao perodo em que o empregado est em funes ou posteriores a este perodo; as contribuies para a segurana social, ou outros regimes sociais (Caixa Geral de Aposentaes..); outros valores a pagar aos empregados, por obrigaes assumidas pela entidade relacionadas com os seus empregados; outros valores a pagar a terceiros, por exigncia legal, ou obrigaes assumidas pela entidade (Exemplo: Seguros de acidentes de trabalho).

Assim, os benefcios dos empregados aos quais esta Norma se aplica incluem aqueles proporcionados:

a) Segundo planos formais ou outros acordos formais entre uma entidade e empregados individuais, grupos de empregados ou seus representantes; b) Segundo requisitos legais, ou atravs de acordos sectoriais, pelos quais se exige s entidades para contriburem para planos nacionais, estatais, sectoriais ou outros multi-empregador; ou

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c) Pelas prticas informais que dem origem a uma obrigao construtiva4. Neste caso, a entidade pode estar impedida de alterar as suas prticas informais, no por exigncia legal, mas porque a alterao dessas prticas iria causar um dano inaceitvel no seu relacionamento com os empregados.

Estes benefcios incluem os benefcios proporcionados quer a empregados quer aos seus dependentes e podem ser liquidados por pagamentos feitos quer directamente aos empregados, aos seus cnjuges, filhos ou outros dependentes quer a outros, tais como empresas de seguros.

Um empregado usufrui dos benefcios tratados nesta norma porque proporciona servios entidade, sejam estes servios executados numa base de tempo completo, de tempo parcial, permanente, acidental ou temporria.

Para os fins desta Norma, os empregados incluem tambm directores e outro pessoal de gerncia/administrao, sejam estes detentores do capital ou no.

Os benefcios aos empregados assumem as seguintes formas:

Benefcios a curto prazo dos empregados; Benefcios psemprego; Outros benefcios a longo prazo dos empregados; Benefcios de cessao de emprego; Benefcios de remunerao em capital prprio.

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Por definio da NCRF 21, uma Obrigao construtiva uma obrigao que decorre das aces de uma entidade em que: (a) por via de um modelo estabelecido de prticas passadas, de polticas publicadas ou de uma declarao corrente suficientemente especfica, a entidade tenha indicado a outras partes que aceitar certas responsabilidades; e (b) em consequncia, a entidade tenha criado uma expectativa vlida nessas outras partes de que cumprir com essas responsabilidades.

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2.1.

Benefcios a curto prazo dos empregados

Por definio da norma ( 8), para um benefcio dos empregados ser qualificado como de curto prazo, so necessrias duas condies simultneas:

no sejam benefcios de cessao de emprego e benefcios de compensao em capital prprio;

que se venam na totalidade dentro de doze meses aps o final do perodo em que os empregados prestem o respectivo servio.

De salientar que estes benefcios j so benefcios adquiridos, uma vez que no se encontram condicionados ao futuro.

Os benefcios a curto prazo dos empregados incluem: Salrios e Ordenados; Contribuies para a segurana social; Ausncias permitidas a curto prazo em que se espera que as faltas ocorram dentro de doze meses aps o final do perodo em que os empregados prestam o respectivo servio, por exemplo: Licena anual paga e licena por doena paga; Participao nos lucros e bnus (se pagveis dentro de doze meses do final do perodo em que os empregados prestam o respectivo servio); Benefcios no monetrios (tais como cuidados mdicos, habitao, automveis e bens ou servios gratuitos ou subsidiados)5,

relativos aos empregados correntes, ou seja relativos aos empregados em exerccio de funes na empresa.5

Devem ser includos no contrato de trabalho do funcionrio, e com implicaes fiscais no mbito do IRS dos funcionrios, uma vez que iro ser tributados como rendimentos em espcie usufrudos pelos titulares.

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2.1.1. Salrios, ordenados e contribuies para a segurana social

Nos gastos com pessoal, devero ser includas as retribuies a pagar aos empregados, ou seja os valores recebidos pelos empregados como pagamento do servio prestado, ou do exerccio das suas funes.

A legislao laboral6 estabelece como retribuio a prestao a que, nos termos do contrato, das normas que o regem ou dos usos, o trabalhador tem direito em contrapartida do seu trabalho. Esta retribuio compreende a retribuio base e outras prestaes regulares e peridicas feitas, directa ou indirectamente, em dinheiro ou em espcie.

Ainda no mbito da legislao laboral, designadamente de acordo com o cdigo de trabalho, o artigo 260 refere que no se consideram retribuio:

a) As importncias recebidas a ttulo de ajudas de custo, abonos de viagem, despesas de transporte, abonos de instalao e outras equivalentes, devidas ao trabalhador por deslocaes, novas instalaes ou despesas feitas em servio do empregador, salvo quando, sendo tais deslocaes ou despesas frequentes, essas importncias, na parte que exceda os respectivos montantes normais, tenham sido previstas no contrato ou se devam considerar pelos usos como elemento integrante da retribuio do trabalhador; Aplica-se, com as necessrias adaptaes, ao abono para falhas e ao subsdio de refeio; b) As gratificaes ou prestaes extraordinrias concedidas pelo empregador como recompensa ou prmio dos bons resultados obtidos pela empresa; c) As prestaes decorrentes de factos relacionados com o desempenho ou mrito profissionais, bem como a assiduidade do trabalhador, cujo pagamento, nos perodos de referncia respectivos, no esteja antecipadamente garantido;6

Artigo 258 do Cdigo do Trabalho

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d) A participao nos lucros da empresa, desde que ao trabalhador esteja assegurada pelo contrato uma retribuio certa, varivel ou mista, adequada ao seu trabalho.

No entanto para efeito do clculo dos gastos com o pessoal, aos quais se refere esta norma, o conceito mais abrangente, uma vez que para alm das retribuies, tambm so considerados como gastos com o pessoal situaes que o cdigo de trabalho exclui daquele conceito, e situaes que nem sequer so tratadas naquele cdigo7.

Assim, os gastos com pessoal incluem os salrios, ordenados, subsdio de alimentao, outros subsdios, prmios de produtividade, outros prmios, comisses pagas aos funcionrios, pagamento de trabalho complementar, ajudas de custo, bem como as contribuies para a segurana social.

Ou seja todos os valores, cujo pagamento ser por recurso meios monetrios, que a empresa assume no momento em que celebra um contrato de trabalho com cada empregado.

2.1.2. Licena anual paga e licena por doena paga

A legislao laboral refere que as faltas podem ser justificadas ou injustificadas. Sendo que as faltas injustificadas implicam sempre a perda de retribuio. O valor da retribuio a pagar definido no ponto anterior j estar afectado destas faltas.

Quanto s faltas justificadas, o Cdigo de trabalho refere as seguintes:

a) As dadas, durante 15 dias seguidos, por altura do casamento; b) A motivada por falecimento de cnjuge, parente ou afim;7

Legislao da Segurana Social (a partir de 1 de Janeiro de 2011, o Cdigo dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurana Social, aprovado pela Lei n. 110/2009, de 16 de Setembro).

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c) A motivada pela prestao de prova em estabelecimento de ensino; d) A motivada por impossibilidade de prestar trabalho devido a facto no imputvel ao trabalhador, nomeadamente observncia de prescrio mdica no seguimento de recurso a tcnica de procriao medicamente assistida, doena, acidente ou cumprimento de obrigao legal; e) A motivada pela prestao de assistncia inadivel e imprescindvel a filho, a neto ou a membro do agregado familiar de trabalhador; a) A motivada por deslocao a estabelecimento de ensino de responsvel pela educao de menor por motivo da situao educativa deste, pelo tempo estritamente necessrio, at quatro horas por trimestre, por cada um; f) A de trabalhador eleito para estrutura de representao colectiva dos trabalhadores; g) A de candidato a cargo pblico, nos termos da correspondente lei eleitoral; h) A autorizada ou aprovada pelo empregador; i) A que por lei seja como tal considerada.

As faltas referidas acima, determinam a perda de retribuio nas seguintes situaes:

a) Por motivo de doena, desde que o trabalhador beneficie de um regime de segurana social de proteco na doena; b) Por motivo de acidente no trabalho, desde que o trabalhador tenha direito a qualquer subsdio ou seguro; c) Por motivo de assistncia inadivel e imprescindvel a filho, a neto ou a membro do agregado familiar do trabalhador; d) A autorizada ou aprovada pelo empregador.

Assim, vo existir situaes de licenas, faltas e dispensas que no determinam perda de quaisquer direitos, salvo quanto retribuio. Estas licenas, faltas e dispensas, para efeito do valor dos benefcios dos empregados vo deduzir ao montante da retribuio do funcionrio.

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No entanto, h vrias situaes em que uma entidade remunera os empregados mesmo quando estes no se encontram no exerccio das suas funes por ausncia, tais como:

Frias; Doena e incapacidade a curto prazo; Maternidade ou paternidade; Servio dos tribunais; Servio militar.

O direito a ausncias permitidas subdivide -se em duas categorias:

a) Acumulveis;

As Ausncias permitidas no gozadas acumulveis so as que so reportveis e possam ser usadas em perodos futuros se o direito do perodo corrente no for usado totalmente.

Nestes casos, se no forem gozadas, podem ser adquiridas, ou seja, os empregados tm direito a um pagamento em dinheiro quanto ao direito no utilizado ao sarem da entidade, ou no adquiridas, sendo que neste caso, os empregados no tm direito a um pagamento a dinheiro pelo direito no utilizado ao sarem.

Assim, surge uma obrigao medida que os empregados prestam servio que aumente o seu direito a ausncias permitidas futuras.

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b) No acumulveis.

As ausncias permitidas no acumulveis no so possveis de transferir para outros perodos temporais. Elas esgotam-se no momento em que deveriam ser gozadas, ou seja, elas ficam perdidas se o direito do perodo corrente no for totalmente usado e no do aos empregados o direito de um pagamento a dinheiro por direitos no utilizados quando sarem da entidade.

A ttulo de exemplo, temos os pagamentos por doena (na medida em que os direitos passados no utilizados no aumentam os direitos futuros), licena por maternidade ou paternidade ou ausncias permitidas por servio nos tribunais ou servio militar.

2.1.3. Participao nos lucros e bnus

Conforme referido acima, os lucros das sociedades podem, mediante deliberao em Assembleia Geral de scios/accionistas, ser distribudos aos detentores de capital e aos trabalhadores (inclui rgo de gesto), mediante o pagamento de gratificaes.

Estas gratificaes esto excludas do conceito de retribuio constante no artigo 260 do Cdigo do Trabalho.

Foi sendo prtica, na medida em que tal permitido pelos resultados obtidos, as entidades atriburem, por deliberao em Assembleia Geral, gratificaes, quer aos administradores e gerentes, quer aos funcionrios.

Uma entidade pode no ter obrigao legal8 de pagar uma gratificao, uma vez que estes pagamentos dependem unicamente de propostas do rgo de gesto das8

Por definio da NCRF21, uma obrigao legal: uma obrigao que deriva de:(a) um contrato (por meio de termos explcitos ou implcitos); (b) legislao; ou

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entidades, que devero ser aprovados em Assembleia Geral de Accionistas/Scios, e no so derivados da lei.

No entanto, o pagamento de tais gratificaes e bnus, pela prtica das entidades, por vezes implica que as entidades se vejam com a obrigao de satisfazer as expectativas dos empregados.

Nestes casos, a entidade tem uma obrigao construtiva, isto porque no tem alternativa realista seno de pagar a gratificao.

De acordo com a NCRF 21 Provises, Passivos Contingentes e Activos Contingentes, uma obrigao construtiva uma obrigao que decorre das aces de uma entidade em que:

a) por via de um modelo estabelecido de prticas passadas, de polticas publicadas ou de uma declarao corrente suficientemente especfica, a entidade tenha indicado a outras partes que aceitar certas responsabilidades; e b) em consequncia, a entidade tenha criado uma expectativa vlida nessas outras partes de que cumprir com essas responsabilidades

Em POC, estas gratificaes nunca eram registadas, como um custo, sendo que eram uma reduo ao impacto que os resultados tinham no capital prprio da empresa. Assim, o resultado que permanecia na empresa, resultante da aplicao dos resultados proposta ou no pelo rgo de gesto, estava afectado do montante que tinha sido distribudo aos trabalhadores e detentores do capital.

As gratificaes pagas quer aos administradores/gerentes, quer aos trabalhadores, eram tratadas como sendo uma aplicao dos resultados. No entanto, com aplicao desta norma, as gratificaes a pagar devero ser reconhecidas nos gastos do exerccio em que o servio foi prestado entidade.(c)

outra operao da lei.

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A estimativa das gratificaes, reconhecidas como gasto, devero ser objecto de aprovao em Assembleia Geral, sendo que o resultado lquido a aprovar j tem considerado o efeito dos gastos provenientes das gratificaes.

No que respeita aos lucros distribudos aos detentores do capital, que no sejam trabalhadores da empresa, mantm-se um direito do detentor do capital, conforme dispe o artigo 21 do Cdigo das Sociedades Comerciais9. Nestes casos, esta distribuio de lucros no assume a forma de gratificao, e no dever ser considerada como as prescritas nesta norma.

Estas gratificaes, ou participaes nos lucros e bnus, so consideradas benefcios dos empregados de curto prazo, sempre e s se forem pagveis nos 12 meses aps o fim do perodo. Nos casos em que o perodo econmico coincide com o ano civil, estas devero ser pagas durante o ano seguinte.

2.1.4. Benefcios no monetrios

Os empregados de uma entidade podem beneficiar, para alm das retribuies pagas em dinheiro, de benefcios no monetrios, tais como, por exemplo:

Habitao Automvel Seguros de sade Outros seguros Viagens de Frias ..

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Artigo 21 CSC 1- Todo o scio tem direito: a) A quinhoar nos lucros; b) .

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Nestes casos os empregados usufruem de outros meios e bens, como retribuio pela prestao do servio na entidade.

Convm referir que o Cdigo do Trabalho estabelece limitaes ao pagamento de retribuies em espcie, e refere, no artigo 259 que:

a) A prestao retributiva no pecuniria deve destinar-se satisfao de necessidades pessoais do trabalhador ou da sua famlia b) O valor das prestaes retributivas no pecunirias no pode exceder o da parte em dinheiro, salvo o disposto em instrumento de regulamentao colectiva de trabalho.

2.2.

Benefcios psemprego

A relao laboral que se estabelece entre a entidade e o empregado, cessa nas seguintes situaes:

a) Caducidade do contrato b) Despedimento10 c) Resoluo ou denncia do contrato pelo trabalhador

As causas de caducidade do contrato de trabalho so:

a) Verificando-se o seu termo, para os contratos a prazo, este caduca no fim do prazo; b) Por impossibilidade superveniente, absoluta e definitiva, de o trabalhador prestar o seu trabalho ou de o empregador o receber, tais como o caso de morte do empregado, extino de pessoa colectiva ou encerramento de empresa; c) Com a reforma do trabalhador, por velhice ou invalidez.

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De acordo com o Cdigo do trabalho, pode existir despedimento por facto imputvel ao trabalhador, despedimento colectivo, despedimento por extino de posto de trabalho ou despedimento por inadaptao.

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Nos casos de reforma do empregado, por velhice ou invalidez, este poder beneficiar de benefcios psemprego, sempre que a entidade, por opo proporcione esses benefcios. Nestes casos estamos a falar de pagamentos aps a reforma do empregado a ttulo de:

Penses Outros benefcios de reforma Seguro de vida ps-emprego Cuidados mdicos ps-emprego

A atribuio destes benefcios aos empregados, normalmente est precedida de negociaes entre a entidade e as comisses de trabalhadores, ou os representantes dos trabalhadores, nas quais so definidos os planos de benefcios ps-emprego e so elaborados acordos formais ou informais pelos quais uma entidade proporciona benefcios ps - emprego a um ou mais empregados.

No existe, assim qualquer obrigao legal11, para a entidade, de atribuir estes benefcios aos seus empregados, podendo existir uma obrigao construtiva decorrente da prtica da entidade e das expectativas que foram criadas aos empregados. A existncia de um plano de benefcios ps-emprego, s por si, j cria fundadas expectativas aos empregados, de que iro usufruir deste benefcio.

Estes benefcios no so benefcios de cessao de emprego, ainda que sejam pagveis aps a concluso do emprego.

Existem vrios tipos de benefcios ps-emprego, com nveis de responsabilidade diferentes para a entidade e regalias diversas para os empregados.

11

Conforme nota de roda p 8

19

Os planos de benefcio ps-emprego classificam-se como planos de benefcios definidos ou como planos de contribuio definida, dependendo da substncia econmica do plano que resulte dos seus principais termos e condies.

A norma em anlise estabelece as seguintes categorias de benefcios ps-emprego:

Benefcios definidos Planos multi-empregador Planos estatais Benefcios segurados

Planos de contribuio definida

Uma entidade deve aplicar esta Norma a todos os acordos de benefcios ps-emprego, que envolvam o estabelecimento de uma entidade separada para receber as contribuies e pagar os benefcios.

Assim, esta norma aplica-se unicamente s situaes em que existe interveno de seguradoras ou fundos prprios, que recebem os prmios pagos pela entidade, e que procedem ao pagamento dos benefcios aos beneficirios.

Os activos de um plano de benefcios ps-emprego compreendem:

a) Activos detidos por um fundo de benefcios a longo prazo de empregados; e b) Aplices de seguros elegveis, sendo que nesta situao o produto da aplice tem as mesmas condies dos activos.

20

Um fundo de benefcios a longo prazo de empregados, detm activos e/ou aplices de seguros elegveis (desde que sejam emitidas por uma seguradora, que no seja uma parte relacionada da entidade que relata), e que:

a) Sejam detidos por uma entidade (um fundo) que esteja legalmente separada da entidade que relata e exista unicamente para pagar ou financiar os benefcios dos empregados; b) Estejam disponveis para ser usados, unicamente, para pagar ou financiar os benefcios dos empregados; c) No estejam disponveis para os credores da prpria entidade que relata (mesmo em falncia); e d) No possam ser devolvidos entidade que relata, salvo se/ou:

Os restantes activos do fundo sejam suficientes para satisfazer todas as respectivas obrigaes de benefcios dos empregados do plano ou da entidade que relata; ou Os activos sejam devolvidos entidade que relata para a reembolsar relativamente a benefcios de empregados j pagos.

Assim, os activos do plano, bem como as aplices de seguro elegveis, tm que ser detidos por uma entidade legalmente separada da que contribui para o plano, e s podem ser utilizados para o fim a que se destinam, ou seja pagar aos empregados os correspondentes benefcios.

No caso de a entidade ter um fundo com gesto prpria, no se aplica o disposto nesta norma, mas sim a NCRF 21 Provises, Activos e Passivos Contingentes para efeitos de quantificao e registo das responsabilidades assumidas pela entidade.

21

2.2.1. Benefcios definidos

Inicialmente a norma define os planos de benefcios definidos, por excluso do conceito dos planos de contribuio definida. Assim, a norma refere que os planos de benefcios definidos so planos de benefcios ps-emprego que no sejam planos de contribuio definida.

Nos casos dos planos de benefcios definidos, a entidade define e estabelece quais os benefcios que pretende atribuir aos empregados, e assume a responsabilidade de que estes usufruam desses benefcios na reforma. A ttulo de exemplo, nos casos em que a reforma estabelecida por lei no corresponda totalidade do vencimento do empregado no activo, a entidade pode decidir acordar com os trabalhadores que lhes ir complementar o vencimento para a totalidade.

O que fica acordado entre a entidade e o trabalhador, o benefcio que este usufrui, e no o montante a pagar pela entidade pelo benefcio atribudo aos empregados. Este montante depende de estudos complexos e especficos, e clculos que podero ser efectuados por acturios. Estes clculos incluem vrios factores de incerteza e pressupostos, designados como pressupostos actuariais, conforme ponto 4.2.1..

Assim, nos planos de benefcios definidos:

a) A obrigao da entidade a de proporcionar os benefcios acordados com os empregados correntes e antigos; e b) O risco actuarial e o risco de investimento recaem, na substncia, na entidade. Se a experincia actuarial ou de investimento forem piores que o esperado, a obrigao da entidade pode ser aumentada.

22

A entidade necessita de vrias informaes para poder reconhecer o plano de benefcios definidos, normalmente constantes relatrios emitidos pelos fundos, elaborados com base em estudos actuariais, tais como:

a) Custo dos servios correntes, como sendo o aumento no valor presente da obrigao de benefcios definidos resultante do servio do empregado no perodo corrente. b) Custo de juros, que corresponde ao aumento durante um perodo no valor presente de uma obrigao de benefcios definidos que surge porque o benefcio a pagar est um ano mais prximo da sua liquidao. c) Retorno esperado em quaisquer activos do plano e sobre qualquer direito de reembolso reconhecido como um activo, ou seja o juro, dividendos e outro rdito proveniente dos activos do plano, juntamente com ganhos ou perdas nos activos do plano realizados e no realizados, menos quaisquer custos de administrar o plano e menos qualquer imposto a pagar pelo prprio plano. d) Ganhos e perdas actuariais, que devem ser todos imediatamente reconhecidos, e que compreendem: Ajustamentos de experincia (os efeitos de diferenas entre os anteriores pressupostos actuariais e aquilo que realmente ocorreu); e Os efeitos de alteraes nos pressupostos actuariais12. Os pressupostos actuariais a serem usados na determinao do custo de benefcios de

12

Pressupostos actuariais normalmente usados na determinao do custo para a empresa de proporcionar benefcios de reforma: a taxa de desconto presumida na determinao do valor actuarial presente dos benefcios de reforma prometidos, com respeito a servios prestados at data de valorizao, reflecte as taxas de longo prazo ou uma aproximao a elas, pela qual se espera que sejam liquidadas tais obrigaes; os activos do plano so valorizados pelo justo valor. Quando tais justos valores sejam estimados ao descontar os fluxos de caixa futuros, a taxa de retorno a longo prazo reflecte a taxa mdia de proveito total (juros, dividendos e mais valias) que se espera que seja obtida nos activos do plano durante o perodo de tempo at que os benefcios sejam pagos; quando os benefcios de reforma sejam baseados nos ordenados futuros, como o caso no ordenado final e planos de carreira mdia, os aumentos de ordenados data do terminus reflectem factores tais como inflao, promoes e recompensas de mrito;

23

reforma

devero

ser

pressupostos

apropriados

e

compatveis,

incorporando nveis de ordenados projectados data da reforma. e) Custo do servio passado, ou seja o aumento no valor presente da obrigao de benefcios definidos quanto ao servio de empregados em perodos anteriores, resultantes no perodo corrente da introduo de, ou alteraes a, benefcios ps-emprego ou outros benefcios a longo prazo dos empregados. O custo do servio passado pode ser ou positivo (quando os benefcios sejam introduzidos ou melhorados) ou negativo (quando os benefcios existentes sejam reduzidos); f) O efeito de quaisquer cortes ou liquidaes.

Nestes planos, a obrigao da entidade no est limitada quantia que concorda contribuir para o fundo, podendo a responsabilidade da entidade exceder as contribuies que so feitas anualmente para o fundo.

No caso destes Planos de benefcios definidos, a principal incgnita que as entidades tm que estimar o montante a pagar aos empregados pela atribuio destes benefcios. Isto porque este valor depende de vrios factores, tais como a rotao dos empregados na empresa (estes benefcios so calculados no pressuposto de que todos os empregados no activo se mantero at idade da reforma), eventuais falecimentos de empregados no activo, alteraes de vencimentos dos empregados, inflao, os montantes da reforma a pagar pela segurana social13, valorizao e composio dos activos do plano, entre outras situaes.

so tomados em considerao aumentos automticos de benefcios de reforma, tais como ajustamentos do custo de vida. Quando na ausncia de exigncias formais para aumentar os benefcios, seja a prtica da empresa ou o plano a conceder tais aumentos numa base regular, presume-se que os aumentos continuaro.13

Assunto objecto de discusso poltica recente.

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Para alm do referido anteriormente, a responsabilidade da entidade pode superar as contribuies efectuadas, nos casos de a entidade assumir uma obrigao legal ou construtiva por meio de:

a) Uma frmula de benefcios do plano que no esteja exclusivamente ligada quantia das contribuies; b) Uma garantia, seja indirectamente atravs de um plano ou directamente, de um retorno especificado nas contribuies; ou c) Aquelas prticas informais que do origem a uma obrigao construtiva, tais como quando uma entidade tem um passado de benefcios crescentes para antigos empregados para se manter a par da inflao mesmo quando no existe obrigao legal de o fazer.

2.2.1.1.

Planos multiempregador

Os planos multiempregador podem ser planos de benefcios definidos ou de contribuio definida, desde que no sejam planos estatais que:

a) Ponham em conjunto activos contribudos por vrias entidades que no estejam sob controlo comum; e b) Usem esses activos para proporcionar benefcios aos empregados de mais de uma entidade, na base de que os nveis de contribuies e de benefcios so determinados no olhando identidade da entidade que emprega os trabahadores em questo.

Nestes planos multiempregador, uma entidade adere a um fundo, eventualmente j existente, para proporcionar benefcios aos seus empregados. Este fundo conta tambm com a adeso de outras vrias entidades, sem qualquer relacionamento entre elas.

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Assim previamente ao reconhecimento destes planos, a entidade dever conseguir classificar o plano como sendo de benefcios definidos, ou de contribuio definida.

2.2.1.2.

Planos Estatais

Tal como os planos multiempregador, os planos estatais podem ser planos de benefcios definidos ou de contribuio definida.

Os planos estatais so estabelecidos pela legislao para cobrir todas as entidades (ou todas as entidades numa particular categoria, por exemplo um sector especfico) e so operados por um governo nacional ou local ou por outra organizao (por exemplo, uma agncia autnoma criada especificamente para esta finalidade) que no est sujeita a controlo ou influncia pela entidade que relata.

Alguns planos estabelecidos por uma entidade proporcionam no s benefcios obrigatrios que so substitutos dos benefcios que de outra forma seriam cobertos por um plano estatal bem como benefcios voluntrios adicionais. Tais planos no so planos estatais.

Os planos estatais so caracterizados como de natureza de benefcios definidos. Muitos planos estatais so contribudos numa base de pay as you go, ou seja, as contribuies so fixadas a um nvel que se espera ser suficiente para pagar os benefcios requeridos que se venam no mesmo perodo. Por outro lado, os benefcios futuros obtidos durante o perodo corrente sero pagos com contribuies futuras.

Contudo, na maioria dos planos estatais, a entidade no tem obrigao legal ou construtiva de pagar esses futuros benefcios Desta forma, a sua nica obrigao a de pagar as contribuies medida que se vencem e se a entidade deixar de empregar membros do plano estatal, no ter obrigao de pagar os benefcios obtidos pelos seus prprios empregados em anos anteriores.

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Por esta razo, os planos estatais so normalmente planos de contribuio definida, sendo casos raros os planos estatais de benefcios definidos.

2.2.2. Benefcios segurados

Nos benefcios segurados a entidade pode acordar com os funcionrios pagar prmios de seguro para contribuir para o fundo de um plano de benefcios ps emprego.

Na generalidade das situaes, estes planos so planos de contribuio definida, excepto se a entidade assumir outras obrigaes com os empregados, tais como: a) Pagar os benefcios dos empregados directamente quando se vencem; b) Pagar contribuies adicionais se o segurador no pagar todos os benefcios futuros dos empregados.

2.2.3. Planos de contribuio definida

De acordo com a definio da norma, os planos de contribuio definida so planos de benefcios ps emprego pelos quais uma entidade paga contribuies fixadas a uma entidade separada (um fundo) e no ter obrigao legal ou construtiva de pagar contribuies adicionais se o fundo no detiver activos suficientes para pagar todos os benefcios dos empregados relativos ao servio destes no perodo corrente e em perodos anteriores.

Assim, a responsabilidade da entidade resume-se ao pagamento do prmio acordado com a seguradora ou fundo, e fica limitada ao valor destas contribuies.

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Os riscos associados ao fundo (relacionados com questes actuariais ou de investimento) recaem no empregado, uma vez que os montantes a receber dependem dos activos disponveis no fundo.

Desta forma, nos planos de contribuio definida:

a) A obrigao legal ou construtiva da entidade limitada quantia que ela aceita contribuir para o fundo. Assim, a quantia dos benefcios ps emprego recebidos pelo empregado determinada pela quantia de contribuies pagas por uma entidade (e, se for caso, tambm pelo empregado) para um plano de benefcios ps emprego ou para uma entidade de seguros, juntamente com os retornos do investimento provenientes das contribuies; e b) Em consequncia, o risco actuarial (que os benefcios possam vir a ser inferiores aos esperados) e o risco de investimento (que os activos investidos possam vir a ser insuficientes para satisfazer os benefcios esperados) recaem no empregado.

2.3.

Outros benefcios a longo prazo dos empregados

Os outros benefcios a longo prazo dos empregados incluem benefcios tais como:

Licena de longo servio ou licena sabtica Jubileu Outros benefcios de longo servio Benefcios de invalidez a longo prazo A participao nos lucros e bnus (se no forem pagveis completamente dentro de doze meses aps o final do perodo)

Remuneraes diferidas pagas doze meses ou mais aps o fim do perodo no qual seja obtida

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Estes benefcios no so benefcios ps-emprego, nem benefcios de cessao de emprego, mas vencem-se a mais de 12 meses aps o final do perodo em que os empregados prestam o respectivo servio, e como tal s so pagveis naquela altura.

Para alm do facto de o seu vencimento ser a mais de 12 meses aps o final do perodo em que os empregados prestam o respectivo servio, no existem outras diferenas entre estes benefcios e os de curto prazo.

2.4.

Benefcios de cessao de emprego

J foram referidas no ponto 2.2. as causas de cessao da relao laboral. Nos benefcios de cessao de emprego, estamos perante situaes de despedimento.

Nalguns casos, conforme legislao laboral e acordos entre entidade patronal e trabalhadores, a cesso da relao laboral, poder dar origem ao direito a uma compensao a pagar ao empregado.

Estes Benefcios por cessao de emprego14, so benefcios dos empregados pagveis em consequncia de:

a) A deciso de uma entidade cessar o emprego de um empregado antes da data normal da reforma; ou b) Deciso de um empregado de aceitar a sada voluntria em troca desses benefcios.

Um exemplo destas situaes so as compensaes e indemnizaes pagas aos empregados pela cessao da relao laboral, por iniciativa da entidade.

14

Ou seja, de terminus da relao laboral

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2.5.

Benefcios de remunerao em capital prprio

Estamos perante situaes de benefcios de remunerao em capital prprio sempre que existem benefcios dos empregados pelos quais:

(a) Os empregados tm direito a receber instrumentos financeiros de capital prprio emitidos pela entidade (ou pela sua empresa me); ou (b) A quantia da obrigao da entidade para com os empregados depende do preo futuro de instrumentos financeiros de capital prprio emitidos pela entidade.

Estes benefcios podem estar subordinados a planos de remunerao em capital prprio, que so acordos formais ou informais pelos quais uma entidade proporciona benefcios de remunerao em capital prprio para um ou mais empregados.

Nestes casos, os empregados recebem, por exemplo, aces da entidade, como retribuio pelo servio prestado na entidade.

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3. Cdigo de Contas

O DL 158/2009, de 13 de Julho, que aprova o SNC, refere que ir ser publicado por portaria um cdigo de contas, que no ser um documento exaustivo.

Com a Portaria 1.011/2009, de 9 de Setembro, foi publicado o cdigo de contas que inclui:

1) Quadro sntese de contas; 2) Cdigo de contas; e 3) Notas de enquadramento Assim, as contas a ter em considerao, no reconhecimento e mensurao dos benefcios dos empregados so as seguintes contas a pagar/receber:

23 Pessoal 231 Remuneraes a pagar 2311 Aos rgos sociais 2312 Ao pessoal 232 Adiantamentos 2321 Aos rgos sociais 2322 Ao pessoal 237 Caues 2371 Dos rgos sociais 2372 Do pessoal 238 Outras operaes 2381 Com os rgos sociais 2382 Com o pessoal 239 Perdas por imparidade acumuladas

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Convm ter em ateno a definio remunerao constante, quer na NCRF 28, quer na NCRF 5 Divulgao de Partes Relacionadas, que bastante lata.

Assim, para efeito das normas a remunerao inclui todos os benefcios dos empregados sob todas as formas de retribuio paga, a pagar ou proporcionada pela entidade, ou em nome da entidade, em troca de servios prestados entidade.

Tambm inclui as retribuies pagas em nome da empresa -me da entidade com respeito aos servios prestados entidade. Neste conceito alargado, a remunerao inclui:

a) Benefcios de curto prazo de empregados no activo; b) Benefcios ps-emprego; c) Outros benefcios de longo prazo dos empregados; d) Benefcios por cessao de emprego; e e) Pagamento com base em aces.

Desta forma, na conta 23 Pessoal, devero ser reconhecidos todos os activos e passivos relacionados com as remuneraes.

24 Estado e outros entes pblicos .. 242 Reteno de impostos sobre rendimentos15 .. 245 Contribuies para a Segurana Social

Conforme nota de enquadramento dever ser subdividida de acordo com a natureza dos rendimentos que esto na origem desta reteno.

15

32

No que respeita utilizao do regime do acrscimo, o reconhecimento dos benefcios dos empregados implica movimentos contabilsticos nas contas:

27 Outras contas a receber e a pagar ... 272 Devedores e credores por acrscimos (periodizao econmica) ... 2722 Credores por acrscimos de gastos 273 Benefcios ps-emprego

Por outro lado, principalmente em situaes do reconhecimento de valores descontados, pela utilizao do regime do acrscimo, podero ter que ser utilizadas contas de diferimentos, designadamente:

28 Diferimentos

281 Gastos a reconhecer ...

Nas contas de Gastos, os benefcios dos empregados so reconhecidos nas seguintes contas:

63 Gastos com o pessoal

631 Remuneraes dos rgos sociais 632 Remuneraes do pessoal 633 Benefcios ps-emprego 6331 Prmios para penses 6332 Outros benefcios

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634 Indemnizaes 635 Encargos sobre remuneraes 636 Seguros de acidentes no trabalho e doenas profissionais 637 Gastos de aco social 638 Outros gastos com o pessoal

De acordo com o plano de contas publicado, e que foi transcrito acima, as contas a receber/pagar tm alguma desagregao, mas consoante a informao que a entidade pretenda, estas contas podero ser subdividas de vrias formas.

Ainda nas contas a receber/pagar, mas no que respeita a outras contas a receber, para facilitar a verificao e anlise daqueles saldos, sugerimos uma subdiviso por valor a tipo de valor a pagar:

27 Outras contas a receber e a pagar 272 Devedores e credores por acrscimos (periodizao econmica) 2722 Credores por acrscimos de gastos 27221 Pessoal16 272211 Encargos com frias 272212 Gratificaes a pagar 272213 .

No que respeita aos diferimentos, o cdigo de contas apenas se refere uma conta para todos os gastos a reconhecer. Assim, e para melhorar a anlise da informao da entidade e possibilitar maior informao aos servios da empresa, sugerimos tambm uma desagregao desta conta, de acordo com o tipo de gasto a reconhecer.

Nomenclatura de acordo com o nome da conta 23 do cdigo de contas. Tambm poderia ser, por exemplo benefcios dos empregados.

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Assim, no que se reporta aos benefcios dos empregados, sugerimos uma subdiviso para o pessoal (nomenclatura associada conta 23 do cdigo de contas):

28 Diferimentos 281 Gastos a reconhecer 2811 Pessoal

No entanto, no que respeita s contas de gastos, o cdigo de contas apenas inclui as contas principais. Assim, e de acordo com a entidade, o plano de contas a utilizar dever conter todas as subcontas necessrias ao bom entendimento e compreensibilidade dos valores reconhecidos como gastos com pessoal. Nesta desagregao dever ser tida em considerao quer os programas informticos utilizados, quer a informao que a Gesto das entidades necessita, proveniente dos registos contabilsticos, sintetizados num balancete.

A ttulo de sugesto, as contas de pessoal podero ser desagregadas da seguinte forma:

as contas 631 - Remuneraes dos rgos sociais e 632 - Remuneraes do pessoal: 63*01 Remuneraes 63*02 Subsdio de Alimentao 63*03 Prmios 63*04 Gratificaes 63*05 Ajudas de Custo 63*06 Encargos com frias 63*07 Outros Benefcios dos empregados .. 63*09 Benefcios no monetrios

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as contas 635 - Encargos sobre remuneraes: 6351 Contribuies para a Segurana Social 63511 rgos Sociais 63512 - Pessoal 6352 ADSE 63521 rgos Sociais 63522 - Pessoal 6353 Caixa Geral de Aposentaes 63531 rgos Sociais 63532 - Pessoal ..

As contas de 636 - Seguros de acidentes no trabalho e doenas profissionais, 637 Gastos de aco social, 638 Outros gastos com o pessoal, podero ser desagregadas entre rgos Sociais e Pessoal, bem como em todos os gastos que sejam relevantes para a informao a prestar Gesto das entidades.

No que respeita s notas de enquadramento, o Cdigo de Contas aprovado nesta portaria, e que ser utilizado pelas entidades sujeitas ao SNC, e cuja utilizao aconselhada a sua utilizao pelas entidades no abrangidas pelo SNC17, no tem muitas explicaes utilizao e movimentao das contas.17

a)

Conforme dispe o DL 158/2009, de 13 de Julho, no art. 4 esto sujeitas aplicao do SNC: as entidades cujos valores mobilirios estejam admitidos negociao num mercado regulamentado devem elaborar as suas contas consolidadas em conformidade com as normas internacionais de contabilidade adoptadas nos termos do artigo 3. do Regulamento (CE) n. 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Julho. b) As entidades obrigadas a aplicar o SNC, que no sejam abrangidas pelo disposto no nmero anterior, podem optar por elaborar as respectivas contas consolidadas em conformidade com as normas internacionais de contabilidade adoptadas nos termos do artigo 3. do Regulamento (CE) n. 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Julho, desde que as suas demonstraes financeiras sejam objecto de certificao legal das contas. c) As entidades cujas contas sejam consolidadas de acordo a alnea a) devem elaborar as respectivas contas individuais em conformidade com as normas internacionais de contabilidade adoptadas nos termos do artigo 3. do Regulamento (CE) n. 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Julho, ficando as suas demonstraes financeiras sujeitas a certificao legal das contas.

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Alis, todo o SNC est elaborado com base no pressuposto de que as regras e procedimentos contabilsticos associados ao reconhecimento e mensurao, esto prescritos nas correspondentes Normas Contabilsticas e de Relato Financeiro, e no nas notas explicativas includas no cdigo de contas.

No entanto, apesar do que foi atrs referido, o Cdigo de contas aprovado inclui, nas contas a movimentar associadas aos benefcios dos empregados algumas notas de enquadramento, bem como sugestes de lanamentos a efectuar.

Assim, o cdigo das contas refere notas de enquadramento para as seguintes contas relacionadas com o reconhecimento dos benefcios dos empregados.

231 Remuneraes a pagar O movimento desta conta insere-se no seguinte esquema normalizado: 1. fase pelo processamento dos ordenados, salrios e outras remuneraes, dentro do ms a que respeitem: dbito, das respectivas subcontas de 63 Gastos com o pessoal, por crdito de 231, pelas quantias lquidas apuradas no processamento e normalmente das contas 24 Estado e outros entes pblicos (nas respectivas subcontas), 232 Adiantamentos e 278 Outros devedores e credores, relativamente aos sindicatos, consoante as entidades credoras dos descontos efectuados (parte do pessoal); 2. fase pelo processamento dos encargos sobre remuneraes (parte patronal), dentro do ms a que respeitem: dbito da respectiva rubrica em 635 Gastos com o pessoal Encargos sobre remuneraes, por crdito das subcontas de 24 Estado e outros entes pblicos a que respeitem as contribuies patronais; 3. fase Pelos pagamentos ao pessoal e s outras entidades: debitam-se as contas 231, 24 e 278, por contrapartida das contas da classe 1.

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242 Reteno de impostos sobre rendimentos Esta conta movimenta a crdito o imposto que tenha sido retido na fonte relativamente a rendimentos pagos a sujeitos passivos de IRC ou de IRS, podendo ser subdividida de acordo com a natureza dos rendimentos.

272 Devedores e credores por acrscimos Estas contas registam a contrapartida dos rendimentos e dos gastos que devam ser reconhecidos no prprio perodo, ainda que no tenham documentao vinculativa, cuja receita ou despesa s venha a ocorrer em perodo ou perodos posteriores.

273 Benefcios ps -emprego Regista as responsabilidades da entidade perante os seus trabalhadores ou perante a sociedade gestora de um fundo autnomo.

6331 Prmios para penses Respeita aos prmios da natureza em epgrafe destinados a entidades externas, a fim de que estas venham a suportar oportunamente os encargos com o pagamento de penses ao pessoal.

Conforme j foi referido, no SNC, as regras e procedimentos de reconhecimento e mensurao no se esgotam nas notas de enquadramento, sendo que estas apenas do algumas (ou poucas indicaes), sobre um processo de reconhecimento e mensurao que se encontra prescrito em cada norma.

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Referncias Legislativas e Bibliogrficas

Sistema de Normalizao Contabilstica aprovado pelo DL 158/2009, de 13 de Julho Estrutura Conceptual, Aviso 15.652/2009, de 07 de Setembro Cdigo de Contas, Portaria 1.011/2009, de 09 de Setembro Modelos de Demonstraes Financeiras, Portaria 986/2009, de 07 de Setembro Normas Contabilsticas e de Relato Financeiro, Aviso 15.655/2009, de 07 de Setembro, designadamente: NCRF 1 Estrutura e Contedo das Demonstraes Financeiras NCRF 5 Divulgaes de Partes Relacionadas NCRF 4 Polticas Contabilsticas, Alteraes nas Estimativas Contabilsticas e Erros NCRF 12 Imparidades de Activos NCRF 21 Provises, Passivos Contingentes e Activos Contingentes Norma 24 Acontecimentos aps a data do Balano NCRF 28 Benefcios dos Empregados IAS 19 Benefcios dos Empregados, adoptada pelo texto original do Regulamento (CE) n. 1126/2008 da Comisso, de 3 de Novembro Cdigo do Trabalho, aprovado pela Lei 7/2009, de 12 de Fevereiro Legislao da Segurana Social em vigor Cdigo dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurana Social, aprovado pela Lei n. 110/2009, de 16 de Setembro Sistema de Normalizao contabilstica explicado, Joo Rodrigues Sistema de Normalizao contabilstica explicado, Rui M.P.Almeida, Ana Isabel Dias, Fernando Carvalho Documento Envio e publicao dos documentos de prestao de contas anuais relativos ao exerccio de 2005, previstos no artigo 245. do Cdigo dos Valores Mobilirios e artigo 8. do Regulamento da CMVM n. 4/2004 Obrigaes de longo prazo e obrigaes indexadas inflao, Pedro Machado Pires, ISP

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