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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
ARTIGO CIENTÍFICO:
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO DO SOLO
NO ENSINO FUNDAMENTAL
Fonte: A autora.
PROFESSORA PDE 2010: WANDA MARIA TAMBORLIM
ORIENTADORA: ANA TIYOMI OBARA
NÚCLEO: MARINGÁ
ÁREA: CIÊNCIAS
MARINGÁ
2012
WANDA MARIA TAMBORLIM
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO DO SOLO NO
ENSINO FUNDAMENTAL
Artigo científico apresentado à
SEED, como requisito para
obtenção do título de professor
PDE, área de concentração:
Ciências.
Orientadora: Prof.ª. Drª. Ana Tiyomi Obara
MARINGÁ
2012
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO DO SOLO NO
ENSINO FUNDAMENTAL
Wanda Maria Tamborlim Altrão1
Ana Tiyomi Obara2
RESUMO
O presente artigo, fruto de revisão de literatura sobre a temática abordada, relata a proposta didática desenvolvida com alunos de uma 5ª série do Ensino Fundamental, de uma escola da rede pública estadual do Paraná, ”Colégio Estadual Humberto de Campos – Ensino Fundamental e Médio”, do município de Atalaia, NRE de Maringá. O objetivo do presente trabalho foi desenvolver uma abordagem em Educação Ambiental, com ênfase no que se refere à importância do solo , a partir de uma seqüência didática desenvolvida nas aulas de Ciências, visando conscientizar os alunos da importância do manejo adequado do solo, considerando ser o mesmo um recurso essencial para a sobrevivência dos seres vivos, tanto no que se refere na perspectiva de aumento de produção dos alimentos, quanto no que diz respeito à manutenção do equilíbrio dos ecossistemas terrestres. Assim, partindo da concepção que o ensino de Ciências deve estimular o aluno a construir seu conhecimento científico a partir de suas práticas cotidianas , foram contextualizados e problematizados conceitos acerca da temática em questão, por meio de atividades teóricas e práticas, considerando os conhecimentos prévios dos alunos e levando-o a conceitos mais elaborados . As avaliações das atividades desenvolvidas durante toda a seqüência didática possibilitou constatar que é vasto o conhecimento que os alunos trazem do contexto em que vivem e que tais conhecimentos devem ser considerados e valorizados para que o conhecimento científico seja efetivamente construído. Palavras-chave: Educação Ambiental; Solo; Práticas de Conservação.
1 Wanda Maria Tamborlim Altrão. Pós Graduada em Morfologia Aplicada a Organização do
Ambiente Escolar e de Trabalho/UEM/PR. Graduada em Ciências pela FAFIPA/PR com habilitação em Matemática/APEC/SP. 2 Ana Tiyomi Obara. Professora do Departamento de Biologia/UEM.
1. INTRODUÇÃO
A importância do solo como recurso essencial para a sobrevivência dos
seres vivos é inegável. Para muitas pessoas, no entanto, o solo representa
somente o meio para o cultivo de plantas. Além da concepção existente de ser
o solo apenas um recurso inesgotável, com condições de ser explorado ao
extremo sem precisar de cuidados e manejos específicos.
Diante disso, o estudo do solo por meio da educação formal,
possibilitando que o conhecimento científico sobre a sua importância e os
problemas decorrentes do uso e manejo inadequados sejam trabalhados com
os alunos, é fundamental para a sua proteção e conservação.
A despeito da crescente preocupação com as questões ambientais por
parte da população em geral, há, ainda, um longo caminho a ser trilhado, no
sentido de uma mudança na forma do ser humano se relacionar com seu
ambiente. Infelizmente, para muitos o ambiente é essencialmente um recurso a
ser explorado, sem a preocupação com o seu esgotamento e degradação.
Na perspectiva de possibilitar uma reflexão critica sobre a complexa
relação homem e ambiente, a Educação Ambiental, no espaço formal, busca
incorporar a temática ambiental nas diferentes disciplinas, tendo em vista que é
a escola um dos mais importantes veículos de informação, assim como atesta
Tamoio, (2002, p.35).
A escola deve desempenhar, junto à comunidade, a função social de transformação e auto superação, no qual o processo de elaboração destes com o seu espaço natural e social é vital para uma Educação Ambiental comprometida com as transformações do contexto sociocultural.
Entretanto, o problema que se enfrenta é que nem todos têm acesso à
educação formal. Nesse sentido, muitas pessoas ficam à margem das
discussões sobre as questões ambientais, restringindo-se apenas aquelas
divulgadas pela mídia. Outro fator a ser considerado, é que, embora exigida no
ensino formal e não-formal pela Política Nacional de Educação Ambiental (Lei
9795/1999) e sugerida como tema transversal no currículo escolar pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a Educação Ambiental está longe
de ser uma proposta compreendida e desenvolvida nas escolas.
A problemática é justificada por muitos pela falta de infraestrutura nas
escolas ou ainda, pelo despreparo dos professores que possam vir atender a
tal demanda. Assim, o que se observa é que quando os professores afirmam
estarem desenvolvendo um trabalho de Educação Ambiental, em muitos casos
este se efetua de maneira desarticulada, com mero intuito de pontuar datas
comemorativas como: Dia da Árvore, Semana do Meio Ambiente, Dia da Água
e etc., reproduzindo assim um conhecimento fragmentado e
descontextualizado com a realidade cotidiana dos alunos.
Tal situação impossibilita a formação integral dos educandos, porque
não gera conhecimentos capazes de efetivar uma mudança de comportamento
dentro e fora da comunidade escolar, ou seja, não se efetiva a formação de
cidadãos que possam contribuir na transformação da sociedade. Assim, o
ensino de Ciências ou qualquer outra disciplina, sobrepõe-se ao mero ensino
do conteúdo pelo conteúdo.
O trabalho de Educação Ambiental deve ser oferecido continuamente
em todas as fases do ensino formal e, também, nos espaços não formais
(casa, rua, bairro, clube, igreja, etc.), com o intuito de que os alunos e toda a
comunidade tomem consciência do seu meio e adquiram conhecimentos,
valores e posturas que os tornem aptos a agir individual e coletivamente.
Em outras palavras, é necessário que o ser humano compreenda que a
vida dos seres vivos depende da nossa morada que é o Planeta Terra, bem
como, atente para as questões tão sérias que atingem nosso ambiente que
infelizmente são causadas pelas ações humanas. Em suma, faz-se urgente
refletir sobre o desafio de manter o Planeta Terra apto para a sobrevivência e o
desenvolvimento da humanidade e de suas próximas gerações.
Para tal, é fundamental que a prática pedagógica seja entendida como
uma atividade humana que, na sua essência tenha como referência a ênfase
no conhecimento científico, mas que exige sua transposição didática, ou seja,
um processo em que o saber científico passa por uma série de transformações
até constituir-se em saber sistematizado; o saber científico transformado em
conteúdo escolar, passando por um processo de transformação para tornar-se
um conteúdo a ser ensinado e aprendido no contexto escolar, assim como
afirma Saviani:
[...] para existir a escola não basta à existência do saber sistematizado. É necessário realizar as suas condições de sua transmissão e assimilação. Isso implica dosá-lo e sequenciá-lo de modo que a criança passe gradativamente do seu não domínio ao seu domínio (SAVIANI, 2008 p. 18).
Nessa perspectiva, se o desafio é possibilitar ao aluno o acesso ao
conhecimento científico, se defendermos que a escola é um espaço
humanizador, acreditamos que a prática pedagógica docente e os conteúdos
trabalhados necessitam de um novo olhar. Deve-se analisar até que ponto a
forma que estes conteúdos tem sido trabalhados atendem as demandas
educacionais ou se ao contrário, têm provocado o distanciamento dos alunos e,
consequentemente, resultando no fracasso, na marginalização e, por que não
dizer, na exclusão social.
Julgamos pertinente a citação abaixo para elucidar nosso pensamento
acerca do trabalho a ser desenvolvido na disciplina de Ciências, em relação à
temática que é objeto de estudo deste trabalho:
[...] o ensino de ciências no primeiro grau, entre outros aspectos, deve contribuir para o domínio das técnicas de leitura e escrita; permitir o aprendizado dos conceitos básicos das ciências naturais e da aplicação dos princípios aprendidos a situações práticas; possibilitar a compreensão das relações entre a ciência e a sociedade e dos mecanismos de produção e apropriação dos conhecimentos científicos e tecnológicos; garantir a transmissão e a sistematização dos saberes e da cultura regional e local. (FRACALANZA; AMARAL; GOUVEIA, 1986, p. 26-27)
Em outras palavras, os conteúdos de ensino empregados nas aulas de
Ciências, assim como nas demais disciplinas escolares devem ser planejadas
de modo que as ideias, as teorias e o conhecimento que os alunos trazem
consigo possam ser problematizadas a fim de que isto possa se transformar ou
desencadear novos conhecimentos . Dizendo de outra forma, o que se espera
é que as hipóteses e teorias anteriormente formuladas pelos alunos possam
ser reformuladas ou substituídas dando lugar a concepções cientificamente
aceitáveis.
Diante do exposto, o objetivo desse trabalho, em linhas gerais, foi
desenvolver os fundamentos da Educação Ambiental, nas aulas de Ciências,
com ênfase no estudo do Solo. Também buscou-se tecer algumas
considerações sobre a importância da mediação docente enquanto elemento
essencial para o ensino e a apropriação do conhecimento, tendo como público
alvo os alunos de 5ª Série do Ensino Fundamental, beneficiados com um
trabalho pedagógico sob a perspectiva da mediação instrumental, por meio de
atividades práticas e em campo, possibilitando ao educando fazer observações
do meio, detectando problemas que atingem o seu meio ambiente, formulando
e confrontando hipóteses e buscando soluções, bem como, descobrindo o valor
do ensino de ciências na construção de uma comunidade sustentável e a real
possibilidade de harmonia ciências/homem/natureza.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Um novo olhar no Ensino de Ciências
Nas últimas décadas, como resultado da universalização do acesso ao
ensino, com as mudanças da sociedade em todos os seus aspectos e no
mundo do trabalho, a escola tem sido chamada a modificar seus conteúdos,
objetivos e metodologias de ensino. Todavia, embora as discussões acerca do
ensino de Ciências ganhem cada vez mais espaço entre professores e demais
profissionais relacionados à área, ainda deparamo-nos com teorias e
metodologias centradas puramente no professor, cuja metodologia utilizada
são as aulas expositivas, ou por meio de fadados textos com extensos
questionários a serem respondidos.
Quando assim concebida, a prática pedagógica para o ensino de
Ciências ou qualquer outra disciplina, nega-se o pressuposto de que a
construção do saber feita pelo aluno se dá no curso de sua história social,
conforme atesta Carvalho (2005, p. 54):
As investigações sobre como ensinar Ciências têm trazido mudanças na idéia existente sobre quem aprende e quem ensina. Em geral, esses estudos trabalham com o pressuposto de que um aluno constrói seu saber no curso de sua história social, através de confrontos, interações e informações obtidas nos diferentes lugares em que vive como: a família, a escola, os amigos, a igreja, entre outros. Muitos professores ignoram ou evitam essas representações, enquanto outros buscam conhecer e valorizar as concepções prévias dos alunos vendo-as como fonte de motivação.
De acordo com o autor, o ensino e a aprendizagem de Ciências devem
sair das discussões puramente pedagógicas e serem abordadas de forma mais
ampla, de modo que, ao considerar o conhecimento prévio do aluno em relação
ao conteúdo estudado. Tal conteúdo deve ser ampliado por meio de
intervenções coerentes e significativas de tal modo que chegue ao ponto
máximo esperado: o conhecimento científico reelaborado pela transposição
didática.
Nessa perspectiva, conforme as considerações de BARROCO (2005),
considerando que os conceitos espontâneos resultam no cotidiano do aluno,
nas suas interações e comunicações direta com tudo que o cerca e
considerando também que o conhecimento científico é fruto da produção
humana acumulada pelos sujeitos ao longo de sua história, não há como
desconsiderar que a prática pedagógica hoje na disciplina de Ciências (ou
qualquer outra disciplina) deva ter como objetivo principal a apropriação dos
conteúdos científicos, de forma elaborada, mediatizada pela ação do professor
e da escola, de modo a superar as práticas espontaneístas.
O “novo olhar” dado ao ensino dos conteúdos das Ciências, precisa
considerar que a prática pedagógica deva ir além de atividades de
identificação, observação, constatação, descrição e comparação em si
mesmas. O conteúdo abordado deve também, ser trabalhado partindo do todo
para as partes e das partes para o seu todo, de forma articulada com os
demais conteúdos das outras disciplinas.
Alguns autores como Luz e Marques (1989), enfatizam que o que
verdadeiramente se busca como ensino de Ciências é um aluno sendo
convenientemente iniciado no mundo das ciências de forma que este produza
saber científico voltado para a busca da melhoria de vida neste planeta. Em
outras palavras, este ensino deve servir para a formação da consciência critica
do cidadão, revertendo em ações voltadas à melhoria de vida da sua
comunidade. Ter um aluno com consciência crítica atualmente, só é possível
quando ele tem a oportunidade de pensar, questionar, criar, formular hipóteses
e obtiver as respostas destas hipóteses.
Em suma, ensinar Ciências pode e deve ser um desafio, mas é
também a oportunidade de grandes realizações para o professor em
proporcionar aos seus educandos ganhos significativos que poderão perdurar
por toda sua vida, influenciando decisões cotidianas, tornando-os sujeitos
reflexivos, questionadores, interessados pela pesquisa.
2.2. A (in) consciência do homem sobre a importância do solo
Diferente dos animais irracionais, o homem adapta esse ambiente a si
mesmo explorando-o e de acordo com suas necessidades (nem sempre
corretamente), por meio de seu trabalho.Segundo Saviani:
À medida que determinado ser natural se destaca da natureza e é obrigado, para existir, a produzir a sua própria vida, é que ele se constitui propriamente enquanto homem. Em outros termos, diferentemente dos animais que se adaptam à natureza, os homens têm de fazer o contrário, eles adaptam a natureza a si. (SAVIANI, 1994 p.152)
A citação remete à reflexão de que compreender a espécie humana
como ser social cria condições para analisar o homem em seu aspecto
histórico e natural, bem como, constatar que , desde as primeiras modificações
feitas até o dia de hoje, não há ambiente no planeta que não tenha sofrido
modificações provocadas pela ação do homem.
Essa ação de provocar modificações em seu meio, veio de forma
desenfreada, ocasionando a degradação ambiental, demonstrando a
incompreensão humana de que sua vida depende da preservação de sua
morada que é o planeta Terra, bem como conscientizar-se de que sua própria
ação ameaça toda a humanidade, isto é, a sobrevivência e o desenvolvimento
das suas próximas gerações.
Nessa perspectiva, mais uma vez, salienta-se aqui a necessidade de
um trabalho contínuo na educação formal e não formal, assim como já
mencionamos anteriormente, pois só assim a tomada de consciência atuará
diretamente na realidade local, sem perder de vista a sua dimensão planetária.
Para tal, a escola deve estar aberta e preparada para garantir ao seu alunado a
inserção no contexto cultural do qual estão presentes, tendo ciência de que não
basta ensinar os conteúdos curriculares se não for levado em conta a
preparação , a conscientização dos sujeitos para a importância da formação de
conceitos éticos e sociais.
Outro fator relevante a ser destacado é que hoje muito se fala da
Educação Ambiental, entretanto, a ênfase dada está nas questões relativas à
água, lixo, ar, aquecimento global , deixando de lado um dos componentes
indispensáveis para a continuação da vida no planeta que é o Solo; recurso
natural que demora milhões de anos para se formar e se tornar fértil e que tão
rapidamente, devido a ações inconseqüentes do homem, pode degradar-se,
tornando-se improdutivo, muitas vezes até de forma irreversível devido às
práticas inadequadas de manejo.
Assim, apesar de o Solo ser um importante recurso natural que merece
ser conscientemente bem tratado e valorizado, percebe-se que o assunto
envolvendo a temática nem sempre é bem explorado em sala de aula. Muitas
vezes os professores não conseguem fazer a transposição didática, ou ainda,
não relacionam o conteúdo ao conhecimento prévio do aluno advindo de suas
vivências cotidianas.
Vale ressaltar aqui também que, quando se trata do conteúdo solo,
falta ainda uma ênfase maior no sentido de mostrar que é através da
agricultura, atividade realizada no solo, que garantimos a nossa alimentação e
matéria-prima necessária á nossa sobrevivência e é por isso que necessitamos
de um solo de boa qualidade e bem conservado.
Portanto, elaborar e desenvolver uma proposta didática cujo tema
versa sobre o manejo e a conservação visa sensibilizar o público envolvido
para a gravidade de sua degradação, conscientizando-o de que este recurso
natural é de fundamental importância para a manutenção da vida que dele
depende.
Nessa perspectiva, a referida proposta de trabalho apresentada e
desenvolvida, vem ao encontro das Diretrizes Curriculares de Ciências para a
Educação Básica, do Estado do Paraná, que propõe formar sujeitos que
construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o contexto
social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento, sejam
capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. (PARANÁ,
2008).
Neste mesmo contexto, Brown (1992 apud TAMOIO, 2002, p. 23)
reforça: a “Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano
considera que a solução dos problemas ambientais passa obrigatoriamente
pela educação”. Diante da carência de sensibilidade da maioria das pessoas
frente ao solo, a educação se faz ainda mais necessária, no sentido de se
promover uma mudança de valores e atitudes.
Diante do exposto, nossa crença é a de que somente na escola, local
apropriado para a circulação do saber sistematizado, será possível desenvolver
o espírito consciente para alcançar aquilo que é o objeto de estudo desse
trabalho: o desenvolvimento crítico sobre a importância e o manejo do Solo.
3 METODOLOGIA
O artigo apresenta o resultado de um trabalho desenvolvido no
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL (PDE), criado pelo
Governo do Estado do Paraná, cuja principal meta é a formação continuada e a
valorização dos professores da Rede Pública de Ensino do Estado.
A proposta de intervenção pedagógica foi desenvolvida com uma 5ª
série do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Humberto de Campos, no
município de Atalaia – PR, envolvendo 30.alunos, numa faixa etária
compreendida entre.11 e 13 anos.
A metodologia utilizada teve como ponto de partida a revisão da
literatura acerca da teoria apresentada por estudiosos sobre o assunto em
questão, bem como atividades de campo realizadas em forma de
experimentos, visitas a locais próprios que evidenciaram mais concretamente o
pretendido nos objetivos desse trabalho, visando promover a curiosidade, a
elaboração e comprovação de hipóteses dos alunos bem como, a análise e
conclusão dos problemas levantados.
Com o intuito de mobilizar e otimizar a implementação do Projeto de
Intervenção Pedagógica na Escola, primeiramente, o projeto foi apresentado à
Direção e à Equipe de Coordenação Pedagógica, com as devidas explicações
e objetivos e cronograma já montado. Em seguida, a apresentação foi feita a
todo corpo docente da instituição de ensino. O próximo passo foi mobilizar os
alunos envolvidos, explicando-lhes as etapas do trabalho. Os pais dos
mesmos, também, foram convocados para uma reunião, em que foi possível
explicar o projeto e solicitar o consentimento da participação dos filhos (termo
de autorização), considerando que a proposta contemplaria várias aulas de
campo.
O trabalho consistiu numa “Seqüência Didática” com diferentes
atividades, que visaram levantar os conhecimentos prévios dos alunos, para
num momento seguinte, incorporar novos saberes já sistematizados sobre a
temática. A implementação contou com sete atividades , constituídas em mais
ou menos vinte e duas aulas de cinqüenta minutos. As aulas foram
desenvolvidas em sala e fora dela. E relação aos recursos didáticos, foram
utilizados TV Pendrive, vídeos abordando a temática, revistas com artigos
correspondentes.
As atividades elaboradas para a Sequência Didática estão descritas a
seguir:
ATIVIDADE 1: Meio ambiente e problemas ambientais
Nesta aula foram levantadas as concepções prévias dos alunos a
respeito do meio ambiente e, também, discutidas as relações entre o homem e
o ambiente e as conseqüências dessas relações. Historicamente, a
humanidade sempre considerou o ambiente tudo o que lhe é externo, como
sendo algo ilimitado, à sua disposição.
Em grupo de 3 a 4 alunos foi solicitado que respondessem as
questões:
1) O que significa a expressão Meio Ambiente? Você faz parte do Meio
Ambiente?
2) Faça um desenho do meio ambiente. (numa cartolina)
3) Levante alguns problemas ambientais do meio onde vive.
Nesta última questão, cada grupo fez uma análise dos principais
problemas encontrados: a) na escola, b) em suas residências, c) no bairro e d)
na cidade, como um todo.
Foi solicitado que os alunos fizessem um relatório, com descrições,
análises e pontos de vistas da atividade desenvolvida, de modo a possibilitar a
reflexão e ação do educando no meio em que vive. Além de ampliar o
vocabulário e aprimorar a produção textual (escrita). Para facilitar a produção
do gênero textual Relatório, foi pedido aos alunos que se orientem pelo
questionamento: O quê? Quem? Quando? Como? E Por quê?
As três questões foram colocadas no grande grupo para apresentação
e discussão, em que a professora fez as complementações necessárias.
Para dar continuidade a essa atividade, os alunos receberam cópia do
texto “Conservando o Meio Ambiente” do livro Ciências Naturais no dia-a-dia,
(ALVARENGA, et al., 2004, p. 88-91) para leitura e discussão e logo após
responderam a seguinte questão:
4) O que poderemos fazer para proteger o meio ambiente?
A partir das sugestões dos alunos para preservar o ambiente, foram
anotadas em um papelote, pela professora, as respostas dos alunos, a fim de
por meio de tais anotações, fazer as mediações necessárias entre o que era
conhecimento prévio do aluno com o saber sistematizado.
ATIVIDADE 2: A formação do solo
As discussões realizadas nesta atividade tiveram como objetivo
explicar sobre a formação do solo (intemperismo).
Em grupo os alunos foram orientados a responder as seguintes
questões:
1) Para o grupo, o que é o SOLO?
2) Como se formou o SOLO?
Cada grupo apresentou a sua resposta em um cartaz e a professora foi
intervindo e problematizando quando necessário.
Diante das respostas dessas duas questões, as principais ideias a
serem exploradas foram: a) a associação da formação do solo com a ação do
intemperismo e dos seres vivos; b) a associação da presença de húmus, com a
existência de microrganismos e com a fertilidade do solo e c) comparação entre
diferentes tipos de solo e sua origem (rocha mãe).
Para os alunos compreenderem melhor sobre a formação do solo e
seus diferentes tipos foi proposta a leitura de dois textos: “Origem e
transformação do solo” extraído do livro Ciências, Natureza & Cotidiano
(TRIVELLATO, et al., 2006, p. 8-13). “Os tipos de solo” extraído do livro
Ciências Integradas (ALVARENGA, et al, 2008, p. 60-62).
Após a leitura dos textos, os alunos em grupo apresentaram as
respostas das questões abaixo em forma de debate.
1) O que é intemperismo? Como ele acontece? Para que serve?
2) O processo de formação do solo é demorado?
3) Todos os solos são iguais? O que os diferenciam?
Em seguida, os alunos foram orientados a realizar uma pesquisa com
os agricultores da região, tendo como base as seguintes questões norteadoras:
1) Qual o tipo de solo que predomina em nossa região? Ele é considerado um
solo fértil? Quando um solo é considerado fértil?
2) Ao plantar uma determinada cultura, como você sabe se o solo é apropriado
para tal? Quem o instrui para isto?
O desenvolvimento do debate e da pesquisa feita com os agricultores
teve como objetivo levar os alunos à reflexão e a estabelecer relações sobre a
formação e tipo do solo e o tempo em que o mesmo demora para se formar.
ATIVIDADE 3: Observação do solo da região de Atalaia
Esta atividade consistiu numa visita a campo na zona rural do
município de Atalaia para os alunos observarem o solo. Ali pode ser
problematizada a questão da degradação do solo (erosão): como ela começa e
as principais medidas de conservação (plantio direto, curvas de nível) e sua
importância para que o solo não perca os nutrientes e garanta grandes
produções.
Nesta atividade, salientou-se o grande problema da erosão,
especialmente a erosão laminar, que muitas vezes não percebemos, mas que
causa grandes prejuízos. Neste processo, a camada superficial do solo
(nutrientes) é levado para áreas mais baixas, causando o empobrecimento do
solo. Segundo Bertoni (2008, p. 76): “A erosão laminar arrasta primeiro as
partículas mais leves do solo, e considerando que a parte mais ativa do solo de
maior valor, é a integrada pelas menores partículas, pode-se julgar os seus
efeitos sobre a fertilidade do solo.”
Depois da visita ao campo foi solicitado para que os alunos fizessem
um desenho de uma propriedade rural com as práticas de conservação do solo
que eles acham importantes.
Cada aluno apresentou seu desenho explicando as práticas de
conservação e para que servem. A professora fez as mediações necessárias,
destacando principalmente as práticas de preservação dos solos e outras que,
ao contrário, os destroem.
Para ampliar o conhecimento dos alunos sobre “técnicas de combate à
erosão” a professora forneceu textos, livros didáticos e alguns sites para
consulta:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3odosolo
http://www.ceplac.gov.br/radar/conservacaosolo.htm
ATIVIDADE 4: Observação das técnicas de manejo e conservação do solo
Para demonstrar na prática o que foi visto na atividade anterior, foram
realizados dois experimentos no pátio da Escola com tipos diferentes de
conservação do solo, ressaltando a importância da cobertura vegetal e das
curvas de nível. Na discussão dos resultados, ressaltou-se que a água escoada
superficialmente carrega consigo as partículas superficiais do solo, isto é, os
nutrientes, resultando numa produtividade menor.
Procedimento dos experimentos:
Foram construídas quatro caixas de madeira retangular de 50 por 70
centímetros, com algumas perfurações na base para evitar que a água
acumule na caixa.
O primeiro par de caixas (Figura 1) serviu para demonstrar o
Experimento 1, sobre a importância da cobertura vegetal (plantio direto), o
segundo par de caixas (Figura 2) serviu para demonstrar o Experimento 2, que
tratou do plantio em curvas de nível. Foram colocados suportes embaixo das
caixas na parte superior para que ocorresse uma pequena declividade, como
acontece com a maioria dos terrenos em nossa região.
EXPERIMENTO 1 – IMPORTÂNCIA DA COBERTURA VEGETAL
Figura 1 - Caixa com solo sem cobertura vegetal e caixa com solo com cobertura vegetal
morta. Fonte: A autora.
Procedimento:
Foi realizada uma simulação de chuva com o regador, despejando a
água a cerca de 30 cm de altura, em cada uma das caixas sobre o lado mais
elevado e coletar a água. Comparou-se a cor da água e a quantidade de solo
das duas caixas, ressaltando assim, a perda dos nutrientes da superfície do
solo.
EXPERIMENTO 2 – PLANTIO EM CURVAS DE NÍVEL
Figura 2 - Caixa com solo com curvas de nível e caixa com solo sem curvas de nível. Fonte: A
autora.
Procedimento:
Com o mesmo procedimento de simulação de chuva do experimento 1,
os alunos foram orientados a comparar a quantidade de água, a cor do solo e
os efeitos da erosão.
Após a realização desses experimentos, foram apresentadas algumas
questões para debate:
1) Há alguma diferença na quantidade de solo removido das caixas? Em qual
delas a infiltração da água é maior?
2) No experimento 1, qual o efeito da vegetação?
3) No experimento 2, em qual das duas situações a água provoca mais
erosão?
Explicar a apresentação do vídeo do youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=UrPrNskK1yo
4) Observe as fotos (Figura 3 e Figura 4) e explique as vantagens e
desvantagens dos tipos de plantio utilizado.
Figura 3 - Plantio direto com cobertura vegetal morta. Fonte: A autora.
Figura 4 - Plantio convencional com erosão laminar. Fonte: A autora.
Após os experimentos e apresentação do vídeo os alunos fizeram
relatório que foi apresentado e discutido no grande grupo.
Os experimentos podem facilitar o estudo dos solos, uma vez que
representam o objeto de estudo de modo tridimensional, podendo portanto, o
fenômeno ser analisado de vários ângulos, o que permite ao educando
comparar, observar, simular e ainda relacionar com o registro feito durante a
visita ao campo.
ATIVIDADE 5 - Plantio de árvores
Foi realizada uma atividade de campo na zona rural, onde os alunos
plantaram mudas de árvores. Foi o momento de problematizar que o
desmatamento afeta o solo e todos os seres vivos. Segundo Branco (2002,
p.37): “Solo e vegetação exercem papel fundamental no controle das chuvas e
no equilíbrio do ciclo hidrológico.” Assim eles puderam perceber que o plantio
das mudas é só uma pequena parte do que é preciso fazer para restaurar
nossas matas.
Foi discutido, ainda, que ao retirar a cobertura vegetal o solo fica
desprotegido e diretamente exposto à chuva, que carrega a parte orgânica para
os rios ou lugares mais baixos, empobrecendo o solo e assoreando os rios. Ao
contrário, que quando existem árvores, a queda da água é amortecida pelas
folhagens e as raízes ajudam na absorção da água da chuva pelo solo e
impedem a formação de enxurradas.
Nessa atividade foi discutida a importância das árvores, com base no
seguinte questionamento:
Quais as conseqüências para o solo a derrubada de uma floresta?
Esta prática teve como objetivo conscientizar e sensibilizar o educando
em relação ao impacto ambiental causado pelo desmatamento e explicitar o
quanto à arborização é importante para o equilíbrio da natureza.
ATIVIDADE 6 – Montagem da horta escolar
No pequeno espaço existente no colégio, os alunos e a professora
construíram a horta escolar, com o intuito de trabalhar e disseminar os
conhecimentos sobre a conservação ambiental, a importância da fertilidade do
solo e a absorção de água para o bom desenvolvimento das plantas.
Partiu-se da premissa que uma alimentação saudável é um dos pontos
fundamentais para a manutenção e melhoria da qualidade de vida do ser
humano, mas para isso, precisamos do solo bem conservado e com nutrientes
necessários para que não precise utilizar produtos químicos; diante disso,
foram ressaltadas a importância da matéria orgânica no crescimento e
desenvolvimento das plantas e a necessidade de um solo fofo e poroso, que
permita a entrada e saída do ar e da água.
Foi problematizado com os alunos que muitas vezes as atividades
agrícolas são desenvolvidas de forma inadequadas, sem o uso das estratégias
de conservação. Por isto, o solo fica compactado e sem matéria orgânica.
Como resultado, depois de alguns anos a produção diminui, o solo se esgota e
as plantas não crescem mais.
Após as explicações, foi solicitado a todos os alunos, que elaborassem
um texto sobre as relações entre a água, o solo e a vegetação.
ATIVIDADE 7 – Palestra de um agrônomo
Para ampliar os conhecimentos dos alunos e sanar algumas dúvidas,
foi convidado um agrônomo, que ministrou uma palestra com o intuito de
explicar sobre a importância da conservação do meio ambiente, mais
especificamente, da conservação do solo para a continuidade da vida em
nosso planeta.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desenvolver os princípios e a prática de educação ambiental nas aulas
de Ciências permite que os alunos, ao mesmo tempo, construam o saber
científico e a postura crítica e reflexiva frente os dilemas ambientais da vida
moderna.
No presente trabalho, pôde-se observar que as atividades
desenvolvidas ampliaram o universo de conhecimentos dos alunos sobre a
problemática ambiental e, mais, especificamente, sobre a importância do
manejo adequado do solo, conforme descrição a seguir.
ATIVIDADE 1 – Meio ambiente e problemas ambientais
Esse momento foi ricamente aproveitado para discutir as relações do
homem com a natureza e suas interferências.
Esta foi uma atividade bastante significativa, nossos alunos sabem
muita coisa sobre o assunto, no entanto esse é um saber, ainda, limitado e isso
pode ser comprovado quando foi lhes foi solicitado que desenhassem o meio
ambiente .
Grande parte dos desenhos retratou apenas imagens de árvores, rios,
mares, florestas. Isso possibilitou a compreensão de que para a maioria dos
alunos , o ambiente é essencialmente a natureza e seus recursos. Muitos dos
desenhos passam uma visão do belo, bucólico, de uma natureza intocada
(Figura 5).
Figura 5 -Desenho de meio ambiente de um grupo de alunos.
Em outras palavras percebeu-se que não há um entendimento de meio
ambiente,relacionado com o contexto em que estão inseridos, isto é, como algo
real daquilo que realmente é.
No entanto, a partir do momento em que questionados sobre os
problemas ambientais dos locais que eles mais freqüentam, percebeu-se uma
mudança de postura dos alunos em suas respostas., ou seja, demonstraram
um conhecimento significativo a respeito da questão. Os alunos citaram
inúmeros problemas ambientais que interferem na qualidade de vida onde eles
moram, como: Lixo jogado na rua, na sala de aula e nos terrenos baldios;
derrubada das árvores na zona urbana; bueiros entupidos pelo lixo; queimadas
da cana e do lixo doméstico.
Isso comprova a hipótese de que, as mediações intervenções do
professor são relevantes para a sistematização dos conhecimentos dos alunos.
Também vale salientar que muitos dos alunos já tinham um
posicionamento crítico, quando solicitados a escrever as atitudes que se pode
ter em prol da preservação do meio ambiente. Dentre as várias ações citadas,
destacam-se: Colocar o lixo no local adequado; plantar árvores; uso de sacolas
retornáveis; evitar o uso de materiais plásticos descartáveis, como copos e
sacolas; reciclagem do lixo; economizar água ao escovar os dentes e tomar
banho.
A atividade propiciou a constatação de que, como educadores não
podemos desistir de dinamizar nossas aulas de modo que os alunos possam,
não somente construir o conhecimento adquirido nas salas de aulas para si,
mas que possam usá-lo em benefício para a comunidade da qual faz parte, ou
seja, que estes possam se tornar agentes transformadores em nossa
sociedade.
ATIVIDADE 2 – A formação do solo
Essa ação desenvolvida mostrou num primeiro momento que o
conhecimento dos alunos em relação ao solo era bem restrito.
Entretanto, após contextualização da formação da terra primitiva, da
ação do intemperismo, entre outros processos, a visão dos alunos sobre o solo
passou a ser outra, passando a ter consciência de que este demorou milhões
de anos para se formar e que o tipo de solo está intimamente ligado com a
rocha que o formou.
Dessa atividade, culminou uma iniciativa de convidar os agricultores
para uma entrevista Por sugestão da professora, procuraram a EMATER,
órgão responsável pelas questões ambientais do município e com a ajuda do
secretário, conseguiram marcar uma reunião com um grupo de agricultores.
Muitos alunos até gravaram o conteúdo, outros transcreveram na íntegra a fala
dos entrevistados, enquanto uns, apenas relataram. A fala dos agricultores
possibilitou aos alunos um entendimento de que em nossa região há variados
tipos de solo, mas o predominante é o solo misto. Eles enfatizaram, ainda, a
importância da orientação dos técnicos e agrônomos no que se refere aos
cuidados com o solo.
É importante enfatizar que a prática de pesquisa não é comum na
escola. A organização demandou mais tempo que o previsto. No entanto,
conforme destacado, é notória a importância de atividades que levem os alunos
ATIVIDADE 3 – Observação do solo da região de Atalaia
Esta ação teve como objetivo reconhecer a importância do
conhecimento científico para explicar o fenômeno na prática, confrontando e
estabelecendo uma relação entre o ponto de vista dos alunos e os conceitos
científicos. A atividade permitiu, ainda, desenvolver nos alunos as habilidades e
posturas necessárias ao bom desenvolvimento de trabalhos em campo, como:
pontualidade, trabalho em equipe, disciplina, organização, concentração e
observação direta dos fenômenos estudados na teoria. Foi também a
oportunidade de constatar do quanto podemos envolver nossos alunos com
propostas didáticas que saiam do tradicional.
Assim, pode-se afirmar, mais uma vez que essa foi uma atividade que
superou a expectativa, dado o empenho dos alunos e o envolvimento nas
discussões feitas. E , como já foi elucidado, embora as atividades práticas não
sejam comuns no cotidiano dos alunos, em questão, raros foram os alunos que
se dispersaram ou confundiram a aula de campo, com um passeio.
ATIVIDADE 4 – Observação das técnicas de manejo e conservação do
solo
Esta foi uma atividade que consistiu em duas experiências, sendo a
primeira de experimentação sobre solo com cobertura vegetal e solo sem
cobertura vegetal, e a segunda com solo com prática de conservação, ou seja,
com curva de nível e solo sem curva de nível.
Após o término da experiência, os alunos puderam concluir, na primeira
experiência, que a quantidade de solo removido sem a cobertura vegetal é
maior, pois a vegetação além de proteger o solo, devolve os nutrientes a ele.
Tal afirmativa pode ser vislumbrada quando na caixa que não tinha cobertura
vegetal, a água que saiu do regador fez buracos no solo , provocando erosão e
levando consigo o solo e seus nutrientes. O mesmo pode ser observado no
solo que não havia sido preparado com as curvas de nível, ou seja, a água que
nele caiu foi escoada provocando erosão.
Também na observação das imagens nas quais estavam
representados o solo com plantio direto e com cobertura vegetal e o solo com
plantio convencional, sem cobertura vegetal, os alunos sistematizaram, após
contextualização e problematização da professora, o quanto os métodos de
conservação do solo são importantes para sua não degradação e para o bom
desenvolvimento das culturas. Foi uma atividade considerada bastante
interessante , pois foi possível comprovar tudo o que teoricamente havia sido
discutido, ou seja houve uma transposição clara da teoria na prática,
destacando a importância das práticas de conservação.
ATIVIDADE 5 - Plantio de árvores
Também nessa atividade de campo que teve por objetivo responder a
problematização de quais seriam as conseqüências para o solo com as
derrubadas das florestas, ou seja , a conscientização e sensibilização do
educando no que se refere ao impacto ambiental causado pelo desmatamento,
bem como da importância da arborização para o equilíbrio da natureza.
Pôde-se, mais uma vez comprovar a grande importância de possibilitar
aos alunos práticas pedagógicas que muitas vezes não são dinamizadas no
contexto da sala de aula. A experiência, de acordo com a fala de muitos
alunos, deixou claro que houve um entendimento do por que e para que deve-
se plantar as árvores. Em suma, os alunos compreenderam que plantar não
significa um mero cumprimento da lei, mas sim, um compromisso daqueles que
preocupam-se com o meio ambiente em que estão inseridos , tanto para seu
bem estar próprio quanto para o da sociedade como um todo.
ATIVIDADE 6 - Montagem da horta escolar
Nessa atividade , que pode ser considerada como a que mais
correspondeu e até superou a expectativa quando da elaboração da sequência
didática, na qual alunos e professor construíram uma horta , passo a passo
houve acompanhamento e participação dos alunos . A cada etapa
desenvolvida, tudo o que foi proposto enquanto objetivo , foi alcançado com
esmero pois, houve um entendimento do quanto é importante a presença da
matéria orgânica como subsidio para um solo rico. Além disso, também ficou
evidente a necessidade de que o solo esteja úmido e arejado para o plantio das
sementes e mudas. Em outras palavras, os alunos concluíram , mais uma vez
que o tratamento para com o solo necessita de conhecimento , reconhecimento
e conscientização de seu valor para que possa dar resultados positivos em prol
dos seres vivos. Também vale destacar que, muitos alunos reconheceram e
comentaram entre si e com o professor a importância de se ter uma horta
produzindo alimentos saudáveis para a manutenção e qualidade de vida.
ATIVIDADE 7– Palestra de um agrônomo
Foi um momento bastante importante no qual os alunos participaram
bastante fazendo colocações coerentes , bem como, sanando suas dúvidas.
Também este foi um momento peculiar, pois a presença de um
profissional no assunto há dias em discussão, deixou os alunos bastante
afoitos e curiosos para saber mais e mais sobre questões relativas ao tema. Foi
possível também, verificar pela fala dos alunos entre si que alguns deles até se
decidiram que no futuro pretendem ser “agrônomos”. Isso vem evidenciar a
todos nós educadores que quando nos colocamos frente a um trabalho e
procuramos oferecer canais variados para o entendimento do assunto, nossas
aulas se tornam mais ricas, mais significativas, e o que é melhor, nossos
alunos têm mais chance de sistematizar seus conhecimentos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a realização desse trabalho, pôde-se constatar que apesar do
tempo ter sido curto, pois um trabalho nesses moldes demanda um tempo
maior, o resultado foi bastante satisfatório e que utilizar-se de novas
metodologias e de novas estratégias didáticas é uma maneira bastante
eficiente para tornar o ensino de Ciências mais significativo. Cada atividade
desenvolvida permitiu que os alunos refletissem sobre a importância do solo e
sobre os problemas decorrentes de um manejo inadequado.
Também foi possível comprovar que propiciar aos alunos espaços nos
quais eles possam participar, expor opiniões, sem decorar conceitos, torna as
aulas mais agradáveis e o que é mais importante, mais significativas e
produtivas, principalmente quando lhe permite explorar o meio em que vive.
6. REFERÊNCIAS
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