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1 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ SUPERINTENDENCIA DE EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE DELVANA LUCIA DE OLIVEIRA ENFRENTAMENTO DO FRACASSO ESCOLAR: UM COMPROMISSO COM A APRENDIZAGEM PONTA GROSSA 2008

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ ... · “Escolaridade obrigatória e o papel do Estado”, que discute a ... Atribuições dos profissionais que atuam nas Salas de

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

SUPERINTENDENCIA DE EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

DELVANA LUCIA DE OLIVEIRA

ENFRENTAMENTO DO FRACASSO ESCOLAR: UM COMPROMISSO COM A

APRENDIZAGEM

PONTA GROSSA

2008

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DELVANA LÚCIA DE OLIVEIRA

CADERNO TEMÁTICO

“ENFRENTAMENTO DO FRACASSO ESCOLAR: UM OMPROMISSO COM A

APRENDIZAGEM”

Produção Didática apresentada ao Programa

Desenvolvimento Educacional – PDE,

Secretaria de Estado da Educação do Paraná .

Disciplina Pedagogia.

Orientadora: Profº. Drª. Esméria de Lourdes

Saveli

Ponta Grossa

3

2008

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................5

UNIDADES...............................................................................................10

1. ASPETOS LEGAIS E HISTÓRIOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA................10

1.1Ensino Fundamental na história – breves consideradas...................

2. ESCOLARIDADE OBRIGATÓRIA E O PAPEL DO ESTADO......................14

2.1O papel do Estado frente às políticas educacionais.....................14

3. REFLEXÕES SOBRE O FRACASSO ESCOLAR NO ENSINO

FUNDAMENTAL................................................................................28

3.1A Formação continuada no enfrentamento do fracasso

escolar...........................................................................................31

4. AVALIAÇÃO E O CONTEXTO ESCOLAR................................................35

4.1Avaliação e os aspectos legais......................................................35

4.2 Avaliação na escola: superando limites........................................36

REFERÊNCIAS

CRONOGRAMA

4

INTRODUÇÃO

A elaboração deste material constitui-se resultado da trajetória dessa

professora alfabetizadora, pedagoga na rede estadual, quando se deparou

com as dificuldades de aprendizagem das crianças nas 5ª séries. A

participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), proposto

pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, permitiu o interesse pela

temática do fracasso escolar como objeto de estudo e reflexão para ser

discutido com os pedagogos da rede estadual paranaense. Nesse sentido, é

necessário implementar ações que objetivem compreender as classes de

apoio como recurso para desenvolver a aprendizagem dos alunos.

Sendo assim, propôs-se o projeto “Enfretamento do fracasso escolar:

um compromisso com a aprendizagem”, o qual será desenvolvido no

Colégio Estadual 31 de março, que oferece Ensino Fundamental e Ensino

Médio. Os alunos da 5ª série serão o público alvo desse trabalho, os

mesmos encontram-se divididos em 5 turmas. Em 2006, o referido colégio

implantou as Salas de Apoio para atendimento em horário contrário às

estudantes apresentassem dificuldades de aprendizagens nas disciplinas de

Língua Portuguesa e Matemática.

As ações que serão desenvolvidas pelo projeto acima citado, têm

como um de seus objetivos principais discutir a importância da articulação

do trabalho do pedagogo na apresentação de medidas que possibilitem a

implementação das Salas de Apoio. Para tanto, propõe-se como estratégia

de ação a modalidade grupo de estudos, envolvendo num primeiro

momento os pedagogos e depois os professores atuantes nas 5ª séries. O

conteúdo das discussões será registrado em um diário de bordo para

posterior análise e reflexão que subsidiarão os trabalhos subseqüentes.

Os encontros serão quinzenais previstos para o período de março a

junho, perfazendo um total de oito. Cada momento terá duas horas de

duração. A bibliografia complementar à discussão será entregue aos

participantes com antecedência. Essa modalidade de intervenção tem

características da pesquisa-ação. A pesquisa-ação permite que as

5

intenções, os objetivos, em termos de pesquisa e de ação possam ser

definidos e redefinidos ao longo do caminho (SAVELI, 2003).

Os conteúdos indicados para as discussões estão sendo apresentados

nesse caderno em quatro unidades, sendo que a primeira intitulada

“Aspectos legais e históricos da educação brasileira”, da trajetória da

educação no Brasil, de modo a evidenciar as conquistas e os percalços do

que se estabelece como ensino obrigatório. Na continuidade, tem-se a

“Escolaridade obrigatória e o papel do Estado”, que discute a

responsabilidade do Estado frente aos direitos sociais, dentre eles destaca-

se o direito á educação.

A terceira unidade “Reflexões sobre o fracasso escolar no Ensino

Fundamental”, busca compreender as causas do fracasso escolar sem a

intenção de apontar apenas um culpado, mas sim com a responsabilidade

de perceber que a escola é parte integrante de um sistema educacional.

A última unidade apresenta eixos do processo de avaliação, os quais

objetivam sinalizar pontos que necessitam ser observados no processo de

aprendizagem e no de ensino. Sendo assim, explicita-se a importância do

estabelecimento de critérios, de modo a promover uma prática avaliativa

“democrática e emancipatória”.

Além desses textos, propõe-se, também leitura e discussão da

legislação educacional, nesse caso os documentos que instituem as Salas

de Apoio à Aprendizagem e seus antecedentes, a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional nº 9.394/96, a Deliberação nº007/99 do Conselho

Estadual de Educação, bem como as resoluções e instruções emanadas da

Secretaria de Estado da Educação, destacando os seguintes aspectos:

LDBEN nº 9.394/96

Art. Cabe ao sistema de ensino criar condições possíveis para que o direito à aprendizagem seja garantido ao aluno.

Art. 13

III – zelar pela aprendizagem dos alunos;

IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento.

6

Art.32 O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante:

I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meio básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo.

Deliberação nº 07/99

Art.1º

§ A avaliação deve possibilitar novas alternativas para o planejamento do estabelecimento de ensino e do sistema de ensino como um todo.

Salienta-se a importância das questões legais, tendo em vista a

necessidade de se compreender as práticas de enfrentamento do fracasso

escolar como um direito assegurado pela legislação educacional que orienta

todo sistema de ensino. Portanto, “zelar pela aprendizagem dos alunos”

exige ações que comprometam e envolvam o Conselho Nacional de

Educação, o Ministério de Educação e Cultura (MEC), o Conselho Estadual

de Educação (CEE), a Secretaria de Estado da Educação (SEED) e os

estabelecimentos de ensino na elaboração, execução e avaliação do contido

em suas propostas pedagógicas.

Com intuito de atender aos dispositivos das leis acima citadas, a

SEED-PR implanta as Salas de Apoio à Aprendizagem através da Resolução

nº 208/04 e da 1Instrução nº 04/04, documentos que orientam a

implantação desse recurso pedagógico nas escolas pertencentes à rede

estadual:

Art. 1º Implementar uma ação pedagógica para enfrentamento dos problemas relacionados ao ensino de Língua Portuguesa e matemática e às dificuldades de aprendizagem, identificadas nos alunos matriculados na 5ª série do Ensino Fundamental, no que se refere aos conteúdos de leitura e cálculo.

Art. 2º Estender o tempo escolar dos alunos das 5ª série com defasagens de aprendizagem de leitura, na escrita e no cálculo.

Assim, os artigos da referida resolução demonstram a

responsabilidade da mantenedora frente às questões da não aprendizagem

dos alunos matriculados nas 5ª séries, no que diz respeito aos conteúdos de

leitura, escrita e cálculo ministrados nessa etapa da educação obrigatória.

1 Instrução nº04/04 – Atribuições dos profissionais que atuam nas Salas de Apoio à

Aprendizagem – 5ª série do Ensino Fundamental, da Rede Pública Estadual.

7

As estatísticas apontadas pela SEED-PR revelam que a reprovação nessa

série aumenta a cada ano, demonstrando, também, que a maior dificuldade

centra-se nas disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa, razão pela

qual a instituição das salas de apoio intensificou o tempo de trabalho com

essas áreas do conhecimento.

A aumento do tempo escolar para os alunos das 5ª séries, exigiu da

mantenedora uma proposta de trabalho que respeitasse os ritmos de

aprendizagens dos alunos, de modo a permitir que os mesmos pudessem

avançar para outros patamares, desde que submetidos às constantes

intervenções do professor da sala de apoio. No que se refere à

implementação desse recurso na rede estadual de ensino, elaborou-se

cadernos pedagógicos que objetivaram subsidiar o trabalho realizado nas

salas de apoio.

Além dessa ação há também os encontros de professores e

pedagogos envolvidos nas salas de apoio promovidos pela SEED e os

regionais organizados pelos NREs, os quais objetivam subsidiar os docentes

com questões teóricas e práticas das disciplinas de Língua Portuguesa e

Matemática. O trabalho realizado pelos professores exige acompanhamento

constante, daí a importância dos registros para sinalizar os avanços no

processo de aprendizagem dos alunos, possibilitando aos mesmos aulas, em

período contrário, com atendimento individualizado.

No início de 2008 a Secretaria de Estado da Educação apresenta a

Resolução nº 371/2008 e a Instrução n° 001/2008, revogando os

documentos anteriores e disposições em contrário, sem desconsiderar o

princípio básico dessa ação que é o de propiciar aos alunos mais um espaço

de aprendizagem, conforme o disposto em seu artigo 1º:

Art. Criar as Salas de Apoio à Aprendizagem, a fim de atender os alunos da 5ª série do Ensino Fundamental, nos estabelecimentos que ofertam esse nível de Ensino, no turno contrário ao qual estão matriculados.

Já a Instrução nº 001/2008 acrescenta ao seu conteúdo:

I. DOS CRITÉRIOS PARA ABERTURA E ORGANIZAÇÃO DAS TURMAS

8

Os estabelecimentos de ensino terão abertura automaticamente de 01(uma) Sala de Apoio à aprendizagem de Língua Portuguesa E 01 (uma) de Matemática a cada 03 (três) turmas de 5ª série ofertadas, independentemente do turno.

II. DOS PROFISSIONAIS RESPONSÁVEIS PELO FUNCIONAMENTO DAS SALAS DE APOIO À APRENDIZAGEM

1. Atribuições da Direção e Equipe Pedagógica

1.1 Apresentar e discutir a legislação específica do Programa Salas de Apoio à Aprendizagem com o coletivo da escola.

4. 1 Apresentar e discutir a legislação específica do Programa Salas de Apoio à Aprendizagem para as escolas sob sua jurisdição, acompanhando sua implantação e funcionamento.

No que diz respeito aos acréscimos feitos pela atual instrução

destaca-se a diminuição do número de turmas, pois a cada 03 turmas de 5ª

série será ofertada uma turma de Sala de Apoio à Aprendizagem, sendo que

na instrução anterior a oferta era a cada 04 turmas de 5ª série. Sendo

assim, explicita-se que esse fato tende a contribuir com o processo de

democratização de ensino, uma vez que um número maior de alunos com

dificuldades de aprendizagem poderão beneficiar-se desse atendimento.

O item referente aos profissionais responsáveis pelo encaminhamento

das Salas de Apoio à Aprendizagem mereceu especial atenção, porque

destaca a ação da direção, das equipes pedagógicas e dos núcleos regionais

na apresentação e discussão dos documentos legais que embasam essa

proposta. Tal procedimento pode colaborar com esse trabalho, tendo em

vista que a sua efetivação depende de ações oriundas do coletivo da escola.

Por essas razões enfatiza-se nessa proposta de implementação

pedagógica, a importância da articulação do trabalho do pedagogo no

espaço escolar, de modo a assegurar a participação de todos os sujeitos nos

encaminhamentos propostos a partir do Projeto Político Pedagógico. Tem –se

então na rede estadual do Paraná, a implantação das Salas de Apoio à

Aprendizagem, portanto sua implementação exige um “ olhar” para as

questões teóricas e metodologias, desde que essas constituam-se aportes

para muitos outros saberes necessários à prática educativa nos dias de

hoje.

9

UNIDADE 1

ASPECTOS LEGAIS E HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

1.1 Ensino Fundamental na história - breves considerações

No que diz respeito à elaboração das constituições brasileiras, desde

a primeira datada de 1823 até a atual 1988 constata-se que ao longo da

história da educação do nosso país as mesmas focalizaram questões que

acabaram por assumir diferentes contornos, de maneira a envolver sujeitos

diversos à medida que esse conjunto de normas jurídico constitucional se

modificava, objetivando atender as demandas advindas de um momento

social e político.

Segundo Fávero (2001), “o conjunto de normas jurídico-constitucionais

constitui um campo aberto à realização de pesquisas sistemáticas, na área

da educação”. Ação importante para que se possa compreender e perceber

os avanços e as conquistas da educação, uma vez que a análise desses

textos e de suas fontes primárias revelam as interfaces da educação.

Os estudos das constituições brasileiras têm já contribuído para que

possamos perceber progressivamente suas questões recorrentes tais como:

obrigatoriedade e gratuidade do ensino, liberdade do ensino, ensino público

versos ensino privado, ensino religioso nas escolas públicas, centralização x

descentralização e financiamento do ensino, enfim questões que foram se

somando à trajetória das constituições.

Cabe, ainda, uma ressalva à constituição de 1946 a qual inicia o ciclo

das diretrizes e bases da educação brasileira, sendo assim destaca-se a

primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei nº. 4.024/61 que

garantiu o compromisso político de ampliar a educação obrigatória de

quatro para seis anos. No entanto, o contexto de implantação dessa lei deu-

se num momento político de muitas disputas entre o público e o privado, de

modo que o Projeto de Lei foi encaminhado pelo Presidente Eurico Gaspar

Dutra à Câmara Federal, tendo sido sancionado, somente em 1961, ou seja,

10

após 13 anos de muitos conflitos originários dos interesses de grupos que

disputavam espaços políticos naquele momento, Saviani (1988).

Em 1964, acontece o golpe militar entendido pelos setores

econômicos como necessário à manutenção da ordem socioeconômica, que

se sentia ameaçada pelos movimentos contrários ao regime político

dominante daquela época, (SAVIANI 1999).

A nova situação exigia adequações no âmbito educacional, o

que implicava mudanças na legislação que regulava o setor.

Entretanto, como já foi assinalado, o governo militar não considerou

necessário editar, por completo, uma nova lei de diretrizes e bases

da educação nacional. E isso é compreensível porque, se tratava de

garantir a continuidade de ordem socioeconômica, as diretrizes

gerais da educação, em vigor, não precisam ser alteradas. Basta

ajustar a organização do ensino ao novo quadro político, como um

instrumento para dinamizar a própria ordem econômica (SAVIANI,

1999, p.21).

Como se pode observar não havia interesse em se modificar todo o

texto da Lei nº. 4.024/61, mas sim alguns de seus dispositivos, afim de que

se pudesse garantir a continuidade da ordem socioeconômica. Nesse

espaço de discussão surge a Lei 5.692/71 que conservou alguns aspectos

da lei anterior, modificando o Ensino primário e Ensino médio, que

passaram a denominar-se Ensino de 1º Grau e Ensino de 2º Grau. Além

disso, a partir dessa Lei a obrigatoriedade escolar foi modificada de quatro

para oito anos de duração, importante fato histórico da ampliação Ensino

Fundamental.

Segundo Jamil Cury, a Constituição Federal de 1988 no que diz

respeito à educação nacional permitiu a coexistência de sistemas de ensino

em diferentes esferas, objetivando uma maior articulação entre as normas e

as finalidades gerais, por meio de competências privativas, concorrentes e

comuns. O fato é que em decorrência dessa articulação entre os sistemas

de ensino, explicita-se a exigência de um Plano Nacional de Educação que

11

possibilite o cumprimento de ações estabelecendo objetivos e metas a

serem cumpridos. “Sistema implica organização sob normas comuns que

obrigam a todos seus integrantes” Saviani (1999).

No que concerne aos aspectos históricos do Plano Nacional de

Educação, essa idéia remonta desde a Constituição de 1934, originário do

“Manifesto dos Pioneiros da Educação” que desejavam a reconstrução

educacional, “ de grande alcance e de vastas proporções um plano com

sentido unitário e de bases científicas ...” Esse documento contribui com a

inclusão de um artigo na Constituição Brasileira de 16 de Julho de 1934,

que assim expressa:

Art. 150. Compete à União: a) fixar o plano nacional de educação,

compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e

especializados; e coordenar e fiscalizar a sua execução, em todo o

território do País (...).

Art. 152. Compete precipuamente a Conselho Nacional de Educação,

organizado na forma de lei, elaborar o plano nacional de educação

para ser aprovado pelo Poder Legislativo e sugerir ao Governo as

medidas que julgar necessárias para a melhor solução dos

problemas educativos, bem como a distribuição adequada dos

fundos especiais.

As demais constituições também defendiam a idéia de Plano Nacional

de Educação determinado por lei, maneira pela qual o referido documento é

estabelecido nos dias de hoje. Vale destacar que o primeiro Plano Nacional

de Educação é de 1962, portanto na vigência da primeira LDB nº. 4.024/61

constituindo-se num conjunto de metas que deveriam ser alcançadas no

prazo de oito anos, em 1965 sofrem revisão devido à introdução de normas

descentralizadoras e estimuladoras da elaboração de planos estaduais.

Na continuidade, a LDBEN nº. 9.394/96 no Art. 9º inciso I, delega que

a responsabilidade de elaboração do Plano Nacional é da União em

colaboração com o Distrito Federal, Estado e Municípios. Além desse artigo,

há também o Art.87 das Disposições Transitórias que estabelece o prazo de

12

um ano, após publicação da nova LDB, para que a União encaminhe ao

Congresso Nacional o Plano Nacional de Educação com diretrizes e metas

para os próximos dez anos, devendo estar de acordo com a Declaração

Mundial sobre Educação para Todos.

O Plano Nacional de Educação, instituído pela Lei nº. 10.172/01, o

qual atende ao disposto no Art. 214 da Constituição Federal de 1988

determina que: A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração

plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus

diversos níveis e à integração das ações do Poder Público.

Com este embasamento legal tem-se, no atual cenário, o Plano

Nacional de Educação composto de objetivos e metas para cada nível da

educação brasileira. Esse documento tem a pretensão de efetivar ações

emergentes e necessárias aos sistemas de ensino, além de representar a

possibilidade da sociedade em geral, acompanhar e participar do processo

de implementação das políticas públicas para a educação. “A principal

medida de política educacional decorrente da LDBEN é sem dúvida o Plano

Nacional de Educação,” Saviani (1999).

13

UNIDADE 2

ESCOLARIDADE OBRIGATÓRIA E O PAPEL DO ESTADO

E necessário acreditar na possibilidade de ir

além do amanhã, sem ser ingenuamente

idealista. É necessário perseguir as utopias,

como relação dialética entre denunciar o

presente e anunciar o futuro. É necessário

antecipar o amanhã pelo sonho de hoje. O

sonho é um sonho possível ou não? Se é menos

possível, trata-se para nós, de sabermos como

torná-lo mais possível.

Paulo Freire

2.1 O papel do Estado frente as políticas educacionais

Ir além do amanhã tem sido uma constante na história da

humanidade que através de lutas tem tornado sonhos possíveis, sonhos que

têm possibilitado às pessoas viver dignamente num país onde as

desigualdades são muitas. Daí a importância de não ser simplesmente um

idealista, faz-se necessário a realização de práticas que se traduzam em

conquistas dos direitos sociais, das políticas educacionais, enfim o

necessário para uma vida cidadã3.

Entendemos ser este o papel do Estado, ou seja, representar e cuidar

dos direitos das pessoas pertencentes à nação, para que possam acreditar

que esse amanhã será sempre possível. Assim sendo, salientar a função do

Estado enquanto protetor dos direitos dos cidadãos seria uma questão

óbvia, se não vivêssemos numa sociedade capitalista que se utiliza dos

recursos públicos para a sua sobrevivência.

14

Nessa unidade, objetivamos discutir o papel do Estado no que diz

respeito à garantia da escolaridade obrigatória. Para tanto, buscar-se-á

conhecer sua origem através das pesquisas sobre as teorias políticas de

Estado, questão complexa que necessita tanto do olhar da sociologia da

educação como dos estudos acerca das políticas educacionais.

Segundo Carnoy (1988), a crise econômica que os países capitalistas

enfrentam atualmente tem influenciado o Estado que passou a fazer parte

desse sistema gerindo-o. Assim, num momento em que o capitalismo

enfraquece mundialmente o Estado do bem-estar “da solução”, também se

mostra fraco frente às demandas de uma sociedade que aprende a intervir

de maneira diferente exigindo, portanto, das autoridades que as

representam diferentes encaminhamentos. Em relação à crise mundial

sofrida pelo capitalismo, Carnoy afirma que:

Toda produção teórica reconhece essa profunda alteração. Alguns

reivindicam que a transformação fundamental está na forma

dominante do capitalismo (...). Além disso, o capitalismo passou a

depender do subsídio direto e indireto do Estado- um subsídio que é

maior do que a soma paga pelas corporações , através de impostos

diretos ou indiretos. Outros enfatizam a transformação como uma

“vitória” da classe trabalhadora dentro do contexto de uma

sociedade de classes: daí a redefinição dos direitos individuais na

sociedade, direitos estes que o Estado é obrigado a sustentar (...),

freqüentemente em conflito com os direitos fundamentais de

propriedades inerentes ao capitalismo. (CARNOY, 1988, p.311)

Assim, situam-se as produções teóricas que apontam o

enfraquecimento do capitalismo, a primeira causa exaltando o seu domínio

exacerbado sobre recursos de arrecadação. Já a segunda estaria na

organização e resposta dos trabalhadores a essa sociedade mantida em

classes, ação que exige do Estado o cumprimento de seu papel enquanto

protetor dos direitos individuais, fato que acaba por incidir sobre a

sustentação que o mesmo dá ao sistema capitalista.

15

Ainda, nessa perspectiva o referido autor apresenta uma terceira

questão, com a qual afirma que tal crise não é do capitalismo, mas sim do

próprio Estado que ao se incumbir de atender aos direitos da maioria

esvazia os recursos que atenderiam às minorias, ou seja, a classe que tende

a se beneficiar dessa situação. Logo, tem-se como proposta aumentar as

funções do Estado de modo a afastá-lo “das massas”, “reprivatizá-lo” para

reduzir sua presença frente às questões sociais e econômicas. Nessa linha

de pensamento citamos Azevedo:

Defensores do “Estado Mínimo”, os neoliberais creditam ao mercado

a capacidade de regulação do capital e do trabalho e consideram as

políticas públicas as principais responsáveis pela crise que perpassa

as sociedades. A intervenção estatal estaria afetando o equilíbrio da

ordem, tanto no plano econômico como no plano social e moral, na

medida em que tende a desrespeitar os princípios da liberdade e da

individualidade, valores básicos do ethos capitalismo (AZEVEDO,

2001, p.12).

Nesse contexto, entende-se a prática de privatização do Estado

distanciamento como uma ação necessária ao atendimento dos interesses

individuais. Ora, um governo que atende a essa demanda dificulta a

implementação de políticas públicas em qualquer área da sociedade,

fazendo com que a mesma aconteça como uma questão natural de modo a

obscurecer suas conseqüências sociais e históricas.

Azevedo (2001), e autores por ela citados alertam que a presença do

“Estado fraco” não pode confundir-se como a liberdade à democracia, uma

vez que tal afastamento abre mais espaço para o individualismo. Portanto

“menos Estado e mais mercado” é a máxima que sintetiza suas

postulações, que tem como princípio chave a noção da liberdade individual,

tal como concebida pelo individualismo e pelo liberalismo clássico

(AZEVEDO, 2001, p.11).

Esse pressuposto institui-se através de um convencimento que

imobiliza “as massas”, tudo que se faz necessário enquanto política social

para possibilitar benefícios e proteção às pessoas, dentro e fora do mercado

16

de trabalho, acaba por torna-se um fator negativo na visão capitalista.

Assim, toma-se um direito trabalhista, por exemplo, como o grande vilão

causador da indolência, do desestímulo à competitividade, ao

individualismo que muito interessaria a essa concepção tende a proteger

interesses econômicos.

Ressalta-se aqui, o que já se afirmou no início dessa discussão a

respeito das teorias de Estado, as quais ainda necessitam de muitos

estudos para que possamos compreender melhor sua natureza complexa.

Para Carnoy (1988), existem diferentes pontos de vista entre as teorias de

Estado, porque umas acreditam que, simplesmente, atender a vontade da

maioria não gera economia, outras que colocam o Estado, completamente,

distante da sociedade civil, portanto não responsável pela desigualdade que

há em uma sociedade de classes e, também, uma terceira posição que

estuda o Estado capitalista no contexto de uma sociedade organizada em

classes.

Carnoy (1988) apresenta várias teorias de Estado, mas sintetiza seu

posicionamento destacando as teorias liberais e corporativistas do Estado

capitalista, bem como as teorias de Estado na perspectiva de Classe. Em

relação à teoria capitalista apresenta duas situações: a primeira baseada

nas ideais de Adam Smith vê o Estado distante tanto das necessidades

sociais como das individuais, tendo na burocracia sua plataforma de poder;

na segunda questão o Estado assume papel central e colabora muito para o

crescimento do capitalismo, enfraquecendo a democracia, tem-se então o

corporativismo.

Já as teorias de Estado na perspectiva de classe fundamentadas no

marxismo

(...) percorreram um longo caminho desde Marx, Engels e Lênin, e

embora se possa encontrar muita coisa nos numerosos textos de

Marx (e Engels), é justo dizer que os teóricos marxistas atuais

desenvolvem uma análise política que estava incompleta na obra de

Marx”. (CARNOY, 1988, p.316)”.

17

CARNOY ainda explicita que:

As análises marxistas atuais podem ser caracterizadas por dois

traços. Primeiro elas geralmente se opõem a visão de Lênin sobre o

Estado: o Estado não é considerado simplesmente como um

instrumento da classe dominante. Em segundo lugar, elas

contestam a idéia de uma teoria universal sobre o Estado: ao invés

de proporem uma visão única do Estado capitalista, eles

argumentam a favor de análises históricas específicas no seio das

concepções universais relativas ao Estado e á sociedade capitalista.

(CARNOY, 1988, p.317)”.

Neste ponto concorda-se com Carnoy (1988), quando o mesmo

analisa criticamente as teorias marxistas, de modo a apontar a evolução

que houve entre os teóricos marxistas no que tange ao papel do Estado. A

resposta à afirmação do referido autor pode ser encontrada nos textos dos

teóricos atuais que estudam essa temática, os quais têm apontado que a

forma de agir do Estado sobre a sociedade civil tem sido contestada por

pessoas que pertencem a movimentos sociais.

Embora se constate que nos dias de hoje muito há ainda por se fazer

a respeito do papel do Estado frente ao modelo capitalista, através da

participação das pessoas em entidades representativas da sociedade civil.

“Por mais que esse modelo continue a existir a se reproduzir e a exibir sua

nocividade em escala mundial. Ele não parece mais dar conta de suas

contradições e ambigüidades, e perde consensos de modo generalizado”.

(NOGUEIRA, 2005, p.77)

A propósito citamos Azevedo (2001) a qual afirma:

Tudo depende da estratégia acionada pela dominação hegemônica

das classes dominantes, em busca de “consentimento”. A noção de

interesse geral do “povo”, apesar de ideológica, implica que sejam

atendidos determinados interesses econômicos de certas classes

dominadas, mesmo que esses interesses, eventualmente,

contrariem os interesses econômicos predominantes- - de todo

18

modo, estas práticas são compatíveis com os interesses políticos e,

portanto, com a dominação hegemônica. (AZEVEDO, 2001, pp.

45,46)

Com esses elementos percebe-se que há no cenário atual o convívio

entre democracia e capitalismo, mesmo que as formas “selvagens’ de

capitalismos tenham sido desvendadas a mesma ainda continua a

amedrontar e sobrepor-se há uma sociedade que vem aprendendo reagir.

Diante desse contexto, pode-se inferir algumas das causas pelas

quais se lançam ainda estratégias de dominação hegemônica. Dentre elas

citamos, em alguns momentos, as próprias entidades ditas representantes

das sociedades civil que por falta de conhecimento, ou mesmo por

interesses próprios e velados, nos momentos de conflito não se pronunciam

a favor da sociedade, de modo a permitir que o Estado se incline aos

interesse do capital.

Daí a perceber a necessidade de um grande aprendizado, o qual

demanda tempo e vivência em situações que exigem participações de

caráter social e político.

Assim, pode-se analisar tais fatos ora como avanços, ora como

retrocessos conforme palavras do autor abaixo:

O cenário continua marcado pela incerteza, mas há como que uma

fresta de luz no horizonte, por onde se insinua uma leitura mais

otimista do futuro próximo. O que antes era consenso, já não é mais.

O que antes se ignorava solenemente (como a exclusão) hoje é

motivo de preocupação e agiganta-se na consciência coletiva. De

repente começamos a registrar um tom diferente nos discursos

proferidos por porta-vozes insuspeitos. Da ênfase exclusiva e quase

fanática nos efeitos positivos do ajuste neoliberal, passou-se admitir

abertamente sua extraordinária capacidade de produzir efeitos

negativos, até então não reconhecidos ou menosprezados

(NOGUEIRA, 2005, p.79).

19

Ele ainda explicita uma realidade que já se faz presente em nossos

dias, a consciência coletiva, a vontade de muitos na obtenção dos mesmos

objetivos tem surtido efeitos até do ponto de vista legal, principalmente

quando se trata de favorecer grupos historicamente e socialmente

desfavorecidos em nosso meio4. Segundo Azevedo (2001), se faz presente

também a contradição, pois ao mesmo tempo em que se conquista direitos

paga-se “literalmente” por um capitalismo que se ascende de diversas

formas.

Nogueira (2005) explicita uma realidade que já se faz presente em

nossos dias, a consciência coletiva, a vontade de muitos na obtenção dos

mesmos objetivos tem surtido efeitos até do ponto de vista legal,

principalmente quando se trata de favorecer grupos historicamente e

socialmente desfavorecidos em nosso meio.

A esse autor comenta que o neoliberalismo conteve o capitalismo em

termos econômico, inflacionário, no entanto não dispensou o Estado Nação

das conseqüências desse ato que a todo o momento apresenta-se de modo

nocivo.

Várias são as facetas dos problemas que circundam o Estado e afeta a

sociedade civil tal como a reforma do próprio Estado, os acordos com os

organismo internacionais face aos problemas educacionais e sociais. Enfim,

a questão política acaba por determinar o estilo de governo o que tende a

atingir a relação Estado/sociedade.

2.2 Em busca do direito para uma educação de qualidade

Vivemos um momento em que muito se discute a respeito da

educação obrigatória, crianças e adolescentes têm o direito de aprender e

estar na escola, direito previsto desde a constituição de 1824 e que a partir

de 1988, com a atual constituição passa a ter um caráter público e

subjetivo5. Tal mudança dá aos pais ou responsáveis a condição de exigir do

20

Estado, o acesso de seu filho no 1º ano do Ensino Fundamental que a partir

das Leis 11.114/05 e 11.274/06 passa a ter a duração de nove anos,

permitindo o ingresso da criança ao ensino obrigatório no ano em que a

mesma complete seis anos de idade, portanto dos 6 anos aos 14 anos.

Que a ações têm assegurado à criança o direito de estar na escola?

- Instrumentos

- Sujeitos

- Avaliações dos resultados

Por que o Ensino Fundamental é direito público subjetivo?

No que concerne aos antecedentes dessa legislação, pode-se salientar

que a conquista da educação obrigatória teve seu início em 1961, através

da primeira lei de diretrizes e bases da educação nacional, Lei nº. 4.024/61

que garantiu quatro anos de ensino obrigatório e assumiu o compromisso

político, junto a organismos internacionais, de ampliar para seis anos até o

início da década de 70. Em 1971, tem-se esse direito efetivado quando

então a Lei 5.692/71 amplia para oito anos o ensino obrigatório, atendendo

o aluno dos 7 aos 14 anos.

Apesar disso, a garantia da necessária ampliação de vagas para

atender às crianças continuou sendo um desafio no campo das políticas

públicas. Assim, a última LDBEN nº. 9.394/96, em suas disposições

transitórias, evidencia a importância de o país criar condições para o

ingresso da criança de seis anos no Ensino Fundamental. Essa idéia é

ressaltada pelo Plano Nacional de Educação, que em sua meta dois propõe

a ampliação do Ensino Fundamental de nove anos, à medida que o

atendimento de 7 a 14 anos esteja universalizado.

Assim, constatamos pela trajetória da legislação no que diz respeito

ao direito à educação obrigatória que o mesmo foi sendo conquistado ao

longo da história da educação brasileira. Nesse sentido, Bobbio diz que :

21

O elenco dos direitos do Homem se modificou, continua a se

modificar, com mudança das condições históricas, ou seja, dos

carecimentos e dos interesses, das classes no poder, dos meios

disponíveis para a realização dos mesmos, das transformações

técnicas etc. (...) direitos que a declaração do século XVIII nem se

quer mencionavam , como direitos sociais, são agora proclamados

com grande ostentação nas recentes declarações.( BOBBIO, 2004,

p.38)

Vale ressaltar que por muitas décadas a legislação educacional foi

expressão dos interesses de uma minoria. A Constituição Federal de 1988

consegue mudar o rumo dessa história atendendo mais aos anseios da

sociedade, de determinada classe social, quase sempre representado por

grupos favorecidos economicamente. Tais mudanças se confirmam nas

palavras de Cury o qual evidencia o movimento realizado pela sociedade

civil:

A constituição formaliza em si, como lei maior, algo que os sujeitos

sociais já defendiam e em certo sentido haviam conquistado na

prática. Dessa maneira, a Constituição Federal de 1988 vai

incorporar em seu preâmbulo, entre outros princípios, o de

assegurar ao Brasil uma “sociedade fraterna e pluralista”. O art. Iº

da Constituição assinala como um dos fundamentos do “Estado

Democrático de Direitos” a “dignidade da pessoa humana” e o

“pluralismo político”. O artigo 3º afirma ser “objetivo fundamental”

da República “promover o bem de todos, sem preconceitos de

origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de

discriminação” o art. 4º estabelece como princípio o “repúdio ao

terrorismo e ao racismo”. (CURY, 2005, p. 27-28)

Assim, constata-se que o texto constitucional imprime em seus

primeiros artigos a proteção e o reconhecimento dos direitos emergidos da

vontade e da heterogeneidade que constitui o povo brasileiro. Tal fato

decorre de um processo histórico que não considerou as diferentes etnias

na formação do nosso país, o que contribuiu com a segregação e

marginalização das minorias e de todos aqueles vistos como diferentes.

22

A garantia desses direitos expressos na carta magna significou um

grande avanço em prol de uma sociedade mais justa e igualitária, no

entanto havia ainda a necessidade de reconhecê-los como direito social,

legitimando essa questão têm-se o Art. 6º da referida lei que assim se

expressa:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a

moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e á infância, a assistência aos desamparados, na forma

desta Constituição.

Segundo Cury (2005), o artigo acima certifica a defesa dos direitos

sociais expressos na Constituição Federal de 1988, dos quais o primeiro

listado é a educação. Diante desse fato pode-se mais uma vez inferi-la

como sendo um importante direito na promoção e defesa de uma vida

social mais digna, pois no cumprimento do mesmo têm-se a possibilidade

de se beneficiar dos demais.

Nesse ponto, faz-se uma ressalva à educação para todos e com

qualidade embora muita discursos já enfatizem a problemática das práticas

educacionais explicitadas em resultados que não condizem com o aparato

legal que preconiza e ampara uma boa escolaridade às crianças, aos jovens

aos adultos e também aos idosos que estiveram ou abandonaram a escola

por razões diversas.

Em busca dessa qualidade na educação, os artigos 205, 206 e 208

assim se expressam:

Art.. 205 - A educação direito de todos e dever do Estado e da

família, será promovida e incentivada com a colaboração da

sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho.

Art.. 206 – O ensino será ministrado com base nos seguintes

princípios:I- igualdade de condições para o acesso e permanência na

escola; II – liberdade de aprender e ensinar, pesquisar e divulgar o

pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de idéias e de

concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e

23

privadas de ensino; IV – gratuidade de ensino público em

estabelecimentos oficiais; V – valorização dos profissionais do

ensino, garantidos, na forma de lei, planos de carreira para o

magistério público, com piso salarial profissional e ingresso

exclusivamente por concurso público, na forma da lei; VII – garantia

de padrão de qualidade.

Art. 208 – O dever do Estado com a educação será efetivado

mediante a garantia de: I – ensino fundamental obrigatório e

gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os

que ele não tiveram acesso na idade própria; II – progressiva

universalização do ensino médio gratuito; III – atendimento

educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino; IV – atendimento em

creche e pré escola às crianças de zero a seis anos de idade; V –

acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação

artística, segundo a capacidade de cada um; VI – Oferta de ensino

noturno regular, adequado ás condições do educando; VII –

atendimento ao educando , no ensino fundamental, através de

programas suplementares de material didático-escolar, transporte,

alimentação, e assistência à saúde.

Para Cury:

A efetivação desses princípios mede-se por fatos e não apenas por

normas legais, ainda que imperativas. Esse é um caminho difícil.

Parece que, no Brasil, é menos difícil derrubar ditaduras que

construir uma sólida democracia. A ética de reconhecimento está

inscrita na Constituição e na LDB. Ela sinaliza a possibilidade de algo

melhor em vista de uma prática democrática que incorpore a

riqueza sociocultural como espaço consciente e escolhido de

sujeitos que se tornam tão iguais quão diferentes. (CURY, 2005, p.

37)

Como já se disse apesar das leis expressarem uma grande

preocupação com a melhoria do ensino, de modo a buscar a universalização

da educação básica, não é o que se tem constatado nos resultados das

avaliações externas em todo o território nacional. Fato que se dá pela não

consideração às diferenças nos processos de ensino e aprendizagem, como

conseqüência do modelo homogeneizado dos sistemas educativos o que se

24

constitui num dos principais fatores geradores das dificuldades de

aprendizagem e da participação dos alunos na escola, o que se traduz em

altos índices de repetição e abandono escolar.

As diferenças no espaço da sala de aula são desqualificadas e tidas

como desajustes aos padrões estabelecidos como “normais”, quando na

verdade deveriam ser considerados como objetos de estudos para o melhor

direcionamento das intervenções pedagógicas, de modo a redimensionar o

processo de ensino e aprendizagem.

Logo, essa é uma prática que possibilita a implementação do que

está posto Constituição Federal de 1988 e por conseqüência na Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 e outras que delas se

derivem para garantir aos sujeitos o direito à educação escolarizada,

respeitando seu modo de ser, pensar e agir sobre o mundo.

Nesse sentido, Cury afirma que:

O direito à educação parte do reconhecimento de que o saber

sistemático é mais do que uma importante herança cultural. Como

parte do patrimônio cultural, o cidadão torna-se capaz de se apossar

de padrões cognitivos e formativos pelos quais tem maiores

possibilidades de participar dos destinos de sua sociedade e

colaborar na sua transformação. Ter o domínio de conhecimentos

sistemáticos é também um patamar sine qua non a fim de poder

alargar o campo e o horizonte desses novos conhecimentos. (CURY,

2005, p.20)

A indicação a respeito da qualidade do ensino faz-se necessária,

porque sem a mesma não se pode garantir o direito a uma aprendizagem

carregada de significados, pois “o problema fundamental em relação aos

direitos do homem, hoje, não é tanto justificá-los, mas protegê-los trata-se

de um problema não filosófico, mas político” (BOBBIO, 2004, p.43).

Com essa afirmação o referido autor alerta sobre a importância de se

criar meios, condições de proteção a esses direitos, a fim de que os mesmos

se concretizem. Logo, tendem a extrapolar a questão filosófica e segue para

a área política, uma vez que exige atitudes do poder público no sentido de

25

protegê-los e implementá-los, o que se transforma num grande desafio

numa sociedade marcada por interesses de classes.

O direito à obrigatoriedade escolar vem se moldando num contexto

capitalista. Assim, ao longo da história utilizou-se da educação para garantir

a continuidade desse sistema, ou seja, a escola constitui-se num dos

principais espaços para a implementação dos ideais dominantes. Daí a

necessidade premente da sociedade civil organizar-se frente a essas

questões, o que tem resultado em conquista de direitos sociais de modo a

exigir do Estado formas de proteção para os mesmos. A esse respeito

BOBBIO salienta:

É com o nascimento do Estado de direito que ocorre a passagem final do ponto de vista do príncipe para o ponto de vista dos cidadãos. No Estado despótico, os indivíduos singulares só têm deveres e não direitos. No Estado absoluto, os indivíduos possuem, em relação ao soberano, direitos privados. No Estado de direito, o indivíduo tem, em face do Estado, não só direitos privados, mas também direitos públicos. O Estado de direito é o Estado dos cidadãos. (BOBBIO, 2004, p 74)

Tem-se, então o Estado de direitos que objetiva garantir a plenitude

de uma vida cidadã, que acontece à medida que se busca garantias básicas

de sobrevivências. Nesse sentido, situamos o direito à educação como um

direito humano, conforme o estabelecido no Plano Nacional de Educação em

Direitos Humanos (PNEDH) o qual entende o direito no seu sentido amplo,

portanto decorrentes da dignidade do ser humano, comportando entre

outros: o direito à educação, à saúde, à moradia, ao lazer, à segurança, ao

trabalho, à diversidade cultural, enfim a uma vida com qualidade.

O PNEDH possui a compreensão de que os sujeitos devam ter uma

vida cidadã democrática, calcada nos princípios de liberdade, igualdade e

diversidade, enfim uma vida ativa e participativa que impulsione a

formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. Daí ser a

educação um processo fundamental tanto na constituição de um direito

humano, como também um meio indispensável para a realização e a

obtenção de outros direitos sejam eles individuais ou coletivos.

26

No que diz respeito à Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino

Médio, etapas da Educação Básica, o Plano Nacional de Educação em

Direitos Humanos explicita ser de suma importância propiciar desde a

infância, a formação de sujeitos de direito, destacando pessoas e grupos

desconsiderados pela sociedade. Nessas considerações, a educação em

direitos humanos se situa tendo como referenciais os seguintes princípios:

- A educação básica, como um primeiro momento do processo educativo ao longo de toda a vida, é um direito social inalienável da pessoa humana e dos grupos sócio culturais;

- A educação básica exige a promoção de políticas públicas que garantam sua qualidade;

- A construção de uma cultura de direitos humanos é de especial importância em todos os espaços sociais. A escola tem um papel fundamental na construção dessa cultura, contribuindo na formação de sujeitos de direito, mentalidades e identidades individuais e coletivas;

- A educação em direitos humanos, sobretudo no âmbito escolar, deve ser concebida de forma articulada ao combate do racismo, do sexismo, discriminação social, cultural, religiosa e outras formas de discriminação presentes na sociedade brasileira;

- A promoção da educação intercultural e do diálogo interreligioso constitui componente inerente á educação direitos humanos;

- A educação em direitos humanos deve ser um dos eixos norteadores da educação básica e permear todo o currículo, não devendo ser reduzida á disciplina ou á área curricular específica. (BRASIL, 2003, p.17)

Entender o direito à educação como um direito humano é também,

conferi-lo com o disposto na Constituição da República Federativa do Brasil

de 1988, no que concerne à obrigatoriedade do Ensino Fundamental como

direito público subjetivo, do qual se espera uma educação com princípios

humanizadores. A implementação desse direito obriga o Estado a criar

formas de efetivação e proteção quando o mesmo for negado à criança, a

um jovem, um adulto ou um idoso que em idade própria não teve a

oportunidade de freqüentar ou concluir essa etapa da educação obrigatória.

Conforme CURY (2005), um direito público subjetivo é aquele em que

o titular ao direito pode exigir direta e imediatamente do Estado o

cumprimento de um dever e de uma obrigação; o Estado tem buscado

cumprir a legislação, no entanto, apesar dos altos índices de acesso, a

escola para todos está longe de ser preparada para lidar com a

27

complexidade e diversidade cultural. Nossa sociedade é desigual, portanto

o acesso ao conhecimento também.

Apesar de se ter o respaldo legal no art. 208 da constituição de 1988

o qual assim se expressa:

§1º o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público e subjetivo.

§2º O não-oferecimento do ensino do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa na responsabilidade da autoridade competente.

Portanto, a efetivação da democratização da aprendizagem exige que

o Estado de direitos esteja em constante vigília, pois os dirigentes ainda se

mostram irredutíveis ao cumprimento dessa questão. Outro ponto a ser

salientado diz respeito ao importante papel da sociedade civil como

guardiã dos direitos educacionais. Para a proteção do direito público

subjetivo, aponta-se, também a definição e implementação de políticas

educacionais que favoreçam tal situação, bem como a eqüitativa

distribuição dos recursos financeiros no setor educacional.

Nessa linha de pensamento destacamos a contribuição de CARVALHO

o qual afirma que:

È possível alegar que nem sempre a essa prioridade legal tem correspondido um esforço concreto no sentido de se estabelecer políticas públicas que venham a contribuir de forma efetiva para que o acesso à escolarização resulte numa aproximação crescente dos objetivos para ela estabelecidos pela constituição: (...).Contudo, è inegável que os legisladores constitucionais e o poder público reconhecem a importância vital da educação na formação de valores e condutas vinculadas ao respeito pela dignidade humana e pelo Estado Social Democrático e de Direito, conforme disposto na Carta Constitucional. (CARVALHO, 2004, p.10)

Azevedo (2001), “ A política educacional definida como policy (...) é

um fenômeno que se produz no contexto das relações de poder expressas

na politics - política no sentido da dominação” (...) . Nesse sentido, a

afirmação da referida autora responde a questão posta por Carvalho (2004),

no que diz respeito ao desvirtuamento de uma política pública em relação

aos seus objetivos iniciais, uma vez que o contexto no qual a mesma se

28

insere pode estar carregado de interesses os quais se apresentam de

diferentes maneiras.

Tal questão também aparece no espaço do sistema de ensino, das

redes e das escolas que em muitas situações desvirtuam a implementação

das políticas educacionais e dos direitos educacionais, por razões culturais,

sociais, e por desconhecerem os dispositivos legais que regem aquela

situação. Isso se efetiva em ações concretas que excluem, reprovam alunos

que constantemente têm seu direito à educação violado, por pessoas que

deveriam criar mecanismos que garantissem sua aprendizagem e sua

permanência no ensino obrigatório.

29

UNIDADE 3

UMA REFLEXÃO SOBRE O FRACASSO ESCOLAR NO ENSINO

FUNDAMENTAL

O Ensino Fundamental, etapa obrigatória da educação básica, tem

recebido especial atenção nos estudos a respeito do fracasso escolar, pois a

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional enfatiza que as ações

empreendidas nos sistemas de ensino, nas redes e conseqüentemente nas

escolas devem ser em função da aprendizagem dos alunos. No entanto, as

estatísticas2 têm revelado o contrário. Existe um afunilamento nas turmas

de 5ª a 8ª série, constata-se que o número de crianças ingressantes nas 5ª

séries diminui, consideravelmente, em relação aos concluintes das 8ª

séries.

Existe um afunilamento nas turmas de 5ª a 8ª série,

constata-se que o número de crianças ingressantes nas 5ª séries

diminui, consideravelmente, em relação aos concluintes das 8ª

séries.

Que ações a escola tem empreendido para o enfrentamento

dessa questão?

Quem são os alunos que chegam às 5ª?

Quais suas necessidades de aprendizagem?

A passagem dos alunos para os anos finais do Ensino Fundamental

cerca a escola de preocupações, pois a maioria dos professores têm

preferência pelas séries posteriores. Na verdade queremos evidenciar que a

repetência nas 5ª séries tem sido elevada, por isso está a exigir

intervenções que objetivem mudanças nesse quadro.

2 Ensino Fundamental Distribuição percentual de matrícula por série Brasil, (1975 a

2002) In: Diretrizes Curriculares para a Rede Estadual – Fonte Brasil (1998) Censo Escolar/

INEP (1999 a 2002).

30

Portanto, esse contexto constitui-se em um dos cenários do fracasso

escolar já estudados e interpretados pela psicologia e a sociologia,

conforme apontamentos de pesquisas etnográficas que se voltam para o

interior da escola. Nessa perspectiva, destacam-se os estudos de Patto:

A luta pela melhoria da qualidade do ensino público, que passa pela

necessidade de diagnosticar suas condições de funcionamento, foi

retomada, portanto, em novas bases filosóficas, a partir da segunda

metade dos anos setenta. (PATTO, 1996, p.119)

Ainda nessa linha de pensamento citamos Azanha (1990), que

explicita a importância de se compreender a não aprendizagem dos alunos

através de análises das práticas que acontecem na escola, para tanto

ressalta a necessidade das pesquisas focarem como objeto de estudos a

realidade dos estabelecimentos de ensino e das salas de aula.

Propõe-se, então, um olhar para a escola como espaço de pesquisa,

tendo os documentos oficiais como fonte que possibilite a recuperação da

história desse estabelecimento de ensino. Além, da necessária atenção a

esses textos, recomenda-se também a utilização de instrumentos que

permitirão a observação do cotidiano escolar, o que poderá resultar em

elementos reveladores das causas do fracasso escolar, desde que tomados

numa leitura que permita situar a escola como parte do sistema de ensino.

As afirmações acima tomam consistência à medida que averiguarmos

as histórias de fracasso nas atas dos conselhos de classe e nos

instrumentos que medem o conhecimento dos alunos: provas, registros de

notas que deveriam ao menos sinalizar os conteúdos apreendidos pelos

alunos. Nesse sentido, Sampaio, 2004, apresenta o resultado de sua tese de

doutorado realizada na primeira metade da década de 1990, na rede

pública estadual da cidade de São Paulo, na qual se percebeu as causas

apontadas pela escola para justificar o insucesso dos alunos mediante o

currículo estabelecido:

Nas justificativas dos professores sobre a reprovação, é freqüente

indicar-se que o aluno não assimilou ou não atingiu, uma vez que os

conteúdos específicos e habilidades são tratados como objetivos a

atingir. Em muitos Recursos aos conteúdos e habilidades associa-se

31

a indicação de fatores que prejudicam a aquisição esperada; são

fatores ligados a atitudes dos alunos em sala de aula, hábitos de

estudo e acompanhamento fora da escola e também dificuldades de

aprendizagens [...] (SAMPAIO, 2004, p.98)

Os dados acima parecem isentar a escola, no que se refere a sua

responsabilidade com a aprendizagem dos alunos, culpando-os por seus

próprios fracassos uma vez que os fatores que determinam as reprovações

estão intimamente ligados aos hábitos e atitudes que eles possuem. Tal

questão permite que façamos a inferência de que há uma dissociação entre

ensino e aprendizagem, ou seja, uma concepção de ensino que não concebe

trabalho discente e docente num processo interligado, exigindo a constante

e necessária intervenção.

A seguir destacamos situações levantadas pela autora, as quais foram

extraídas de documentos utilizados pela escola, atestando problemas dos

alunos em relação às suas aprendizagens nas disciplinas curriculares.

Dentre os quais se cita:

Nair 5ª série, que tem 11 anos, segundo conselho de classe, falta

tudo: “Não faz tarefas não estuda, não traz material, é imatura

distraída desinteressada”. Alda, da 7ª série, os professores afirmam

que a aluna não tem condições para cursar a 8., pois não fez jus á

oportunidade de recuperação. Rogério, da 8ª Série, reprovado em

Matemática, História, Geografia e Ciências, afirma-se na ata do

Conselho de Classe, que já chegou “sem pré-requisito” e tem baixa

participação, é desinteressado, não faz tarefas, tem dificuldades de

assimilação de expressão oral e escrita. (SAMPAIO, 2004, p. 99, 100

e 102).

Embora a pesquisa de Sampaio tenha acontecido no início dos anos

noventa, tem se ainda presente nas escolas tal realidade, o que impede o

avanço dos alunos para as séries posteriores com garantia de uma

qualidade de ensino. Registros semelhantes aos citados podem ser

encontrados em atas de conselhos de classe de inúmeras escolas,

atestando a criança ou o adolescente como sendo os únicos responsáveis

pelas suas não aprendizagens.

32

Portanto, constata-se a ausência do papel da escola no que diz

respeito às intervenções, a qual parece justificar-se através da imaturidade

dos alunos, falta de pré-requisitos, a não realização das tarefas por falta de

acompanhamento em casa, a falta de atenção decorrente das atitudes em

sala e muitas outras que poderiam ser encontradas nesse universo de

queixas que objetivam tão somente esconder o insucesso do ensino

escolarizado.

As questões apresentadas parecem camuflar os vários fatores que

comprometem a aprendizagem, o que não permite uma análise que aponte

a responsabilidade do sistema de ensino no qual se insere a escola.

Além disso, a influência das teorias de aprendizagem, a formação

continuada de professores, o papel do currículo, enfim as raízes históricas

das causas do fracasso escolar, salientamos que as estatísticas publicadas

na década de trinta já revelavam não só os altos índices de evasão e de

reprovação.

Que fatores têm contribuindo com o fracasso escolar?

Que outras ações a escola poderia estar implementando para o

enfretamento do fracasso escolar?

Patto (1996), mostra em seus estudos o então primeiro ano do curso

primário como um ponto de estrangulamento do sistema educacional

brasileiro.

3.1 A formação continuada no enfrentamento do fracasso escolar

Como já dissemos no início dessa discussão, hoje as 5ª séries têm

sido um dos alvos do fracasso escolar, por isso destacamos aqui a

importância da formação continuada dos professores, como um direito que

os mesmos tem de participar de cursos ou encontros que lhes dê a

possibilidade da constante interlocução com seus pares.

Nesse sentido, destacamos as palavras de Patto:

33

Dada a necessidade que de modo geral os educadores manifestam

de um real interlocutor, e dada a natureza complexa da

interlocução que possibilita a mudança do esquema conceitual que

serve de referência à ação, fica a questão de se definir a natureza

deste “interlocutor qualificado” que venha a colaborar com grupos

de educadores na superação da maneira irrefletida, estereotipada,

preconceituosa, pragmática e sem perspectivas humano-genérica

com que lidam com a tarefa de ensinar. Em termos muito gerais,

diríamos que este profissional deve estar capacitado para uma

escuta que, criticamente, informada, leve em conta as fantasias, as

angústias e defesas que acompanham qualquer processo de

mudança. (PATTO, 1996, p. 351-352 )

Concordamos com a autora na questão da interlocução, pois os

educadores necessitam distanciar-se de suas práticas para que possam

pensar refletir sobre como têm encaminhado o trabalho pedagógico. Para

tanto, faz-se necessária a presença de um interlocutor, um profissional

qualificado, fundamentado teoricamente, e que ao mesmo tempo

estabeleça com os professores um diálogo que lhes permita resgatar o

cotidiano da sala de aula.

Assim sendo, o conceito de formação continuada se fundamenta na

concepção de que a formação profissional não se restringe à formação

inicial, posto que esta precisa ser atualizada, ampliada e reelaborada num

permanente processo de repensar a própria prática e de compreender as

diferentes configurações que se apresentam a cada momento.

A formação continuada, ou permanente constitui-se num direito do

professor e tem como base estudos pesquisas que argumentam ser a

formação um fator relevante na qualidade da educação.

Que elementos o grupo destacaria como sendo importante no

processo de formação continuada?

Nessa perspectiva, há estudos que destacam a importância da

pesquisa etnográfica nos cursos de formação inicial, como sendo uma

maneira de aproximar futuros docentes de situações reais da sala de aula e

34

da escola como um todo. Além disso, tem-se também a possibilidade de

envolver o professor em situações nas quais o mesmo poderá pensar e

intervir na sua própria prática, desde que reflita a respeito das questões

teóricas que a fundamenta.

Para André apud Reali

Os resultados de nossa pesquisa deixam evidente o que a literatura

enfatiza reiteradamente: se pretende afetar a qualidade do ensino e

da aprendizagem, é preciso criar espaço de formação continuada

para os professores. Torna-se necessário criar oportunidades para os

docentes refletirem sobre sua prática e adquirirem subsídios que os

levem a reconstruí-la em direção ao sucesso escolar de todos os

alunos (1996, p.99)

Cumpre destacar a importância da pesquisa na desmistificação da

relação teoria prática, tendo em vista os métodos de investigação que

possibilitem aos professores analisar as ações empreendidas para o

desencadeamento do processo de ensino e aprendizagem. Acredita-se,

também, que “o sucesso escolar de todos os alunos” proferido por André

(1996), atrela-se ao alcance dos resultados dessas pesquisas nas

recomendações, orientações de políticas públicas de formação de docentes

que objetivem atender a essas demandas.

Dessa forma, tenta-se superar o distanciamento existente entre

pesquisa e práticas de formação docente, de modo a permitir que o

professor perceba que além do seu envolvimento com as questões teóricas,

suscitadas pela sua prática e pelos os estudos propostos pelo condutor da

pesquisa, há também a responsabilidade dos gestores em propiciar aos

mesmos momentos de formação continuada.

Sobre esse aspecto enfatiza-se que a formação docente deve conter

elementos que propiciem ao professor tomar a realidade social como um

importante indicativo da ação que realiza, de maneira a compreender que a

exigência da profissão docente está além do domínio de métodos e

técnicas.

Nesse sentido, Cita-se Gamboa apud Reali, o qual afirma que:

35

(...) a ênfase à formação docente não é dada ao aprendizado de

técnicas e métodos didático-pedagógicos, ou mesmo ao domínio de

conteúdos enciclopédicos, mas a compreensão da dinâmica social

na qual se inserem e têm sentido os processos educativos. A inter-

relação entre educação e sociedade torna-se o referencial

necessário da prática docente (1996, p.129).

Ainda, para esse autor a aproximação do fazer pedagógico com as

exigências sociais tende a acontecer pela compreensão da pedagogia como

teoria da educação. Significa dizer, que a mesma não apenas reconhece a

prática educativa, mas volta-se sobre ela para sinalizar pontos de avanços,

pois a sua contribuição está em sistematizar as reflexões que se originam

dos processos educativos.

Kramer (2001) colabora com a discussão dizendo que não se pode

tomar a formação continuada dos professores como uma questão

prodigiosa, ou seja, aquela atitude capaz de solucionar todos os problemas

sociais. Em virtude disso, a pesquisadora desta que:

Na base do processo de transformação está, inegavelmente, a

reorganização do trabalho pedagógico nos diferentes níveis, o que

depende de decisão política. Há que se ter em vista que a formação

do professor que está em serviço é feita na escola e a ela devem

estar voltada as demais instâncias, a fim de que fortaleçam os

professores em termos teórico-práticos, possibilitando-lhes uma

reflexão constante sobre sua atuação e os problemas enfrentados, e

uma instrumentalização naqueles conhecimentos imprescindíveis ao

redimensionamento de suas práticas (KRAMER, 2001, p.81).

Sobre a questão da reorganização do trabalho pedagógico, dentre

outras, refere-se aqui ao papel do pedagogo não como aquele que verifica

os livros de chamada, cobra os planos e avaliações, mas, sim, o que

possibilita aos professores situações em que juntos possam rever suas

próprias práticas. A postura ética dos profissionais da escola, (...), é assim

extremamente relevante para ajudar a imprimir a cooperação e autonomia

necessárias à reorganização do trabalho pedagógico (Kramer, 2001, p.86).

Contata-se nessa reflexão a característica social e política inerente à

ação do pedagogo, o qual deve assumir a tarefa de organizar o trabalho na

36

escola sem rejeitar contribuições já produzidas pelos grupos, mesmo que

em algumas circunstâncias muitos desses conhecimentos necessitem serem

problematizados. Nesse ponto, citamos a importância da linguagem como

“organizadora e reguladora da conduta, a linguagem é, simultaneamente,

conhecimento e produção individual” (...) (Kramer, 2001, p.86).

Assim, enfatiza-se que a formação continuada que busca a

participação ativa dos sujeitos pauta-se em estratégias que permitam aos

envolvidos perceberem em suas próprias histórias, elementos

determinantes de suas maneiras de agir e pensar sobre as questões da

docência.

37

UNIDADE 4

AVALIAÇÃO E O CONTEXTO ESCOLAR

A autonomia da escola é algo que

se põe em relação à liberdade de

formular e executar um projeto

educativo.

Azanha

4.1 Avaliação e os aspectos legais

Nos dias de hoje muito se discute sobre a autonomia da escola, no

entanto salienta-se a importância de um fazer pedagógico que envolva o

coletivo. Nesse sentido, a participação de todos deve ser bem planejada

para que os sujeitos sintam-se responsáveis pela elaboração, execução e

avaliação da proposta pedagogia, conforme o disposto nos artigos 12 e 13

da lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

Art.12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas

comuns as de seu sistema de ensino terão a incumbência de:

I – elaborar e executar a sua proposta pedagógica;

Art.13. Os docentes Incumbir-se-ão de;

I – participar da elaboração da proposta pedagógica do

estabelecimento de ensino;

Os artigos acima expressam as incumbências dos estabelecimentos

de ensino, e também, o que cabe aos docentes na condução e na efetivação

dessa proposta. Esse fato expressa uma grande conquista ao longo da

história da educação.

A tarefa educativa tem como um dos seus pressupostos a autonomia

pedagógica dos estabelecimentos de ensino, para tanto ela precisa garantir.

O direito do aluno à aprendizagem, fato que implica na organização de

procedimentos que possibilitem o acompanhamento do processo de ensino

e aprendizagem, o que deverá ser entendido como.

38

A autonomia é o fundamento da concepção democrático –

participativa de gestão escolar, razão de ser do projeto pedagógico –

curricular. Ela é definida como faculdade das pessoas autogovernar-

se, de decidir sobre seu proferiu destino ( LIBANEO, 2004, p.141).

Nesse sentido, é fundamental o entendimento de que a escola torne-

se protagonista na construção de seu projeto pedagógico, desde que

compreenda que essa autonomia no sistema educacional possui limites, os

quais tendem a garantir a aprendizagem do aluno. Tais limites podem ser

observados na legislação educacional, nesse caso a Deliberação 07/99 do

Conselho Estadual de Equação do Paraná que em seu artigo 10 dispõe

sobre:

Art. 10 O aluno cujo aproveitamento escolar for insuficiente poderá

obter aprovação mediante recuperação de estudos proporcionados

obrigatoriamente pelo estabelecimento.

Assim, a recuperação de estudos torna-se um meio pelo qual o aluno

supera as dificuldades encontradas durante o processo de ensino e

aprendizagem, garantindo a todos novas oportunidades por meio de ações

planejadas intencionalmente. Enfatiza-se que esse mecanismo tem como

um dos seus princípios básicos o respeito à diversidade de características e

de ritmos de aprendizagens dos alunos.

Dessa forma, o desenvolvimento das atividades deverá pautar-se nas

necessidades que surgirão no trabalho efetivado na escola. Isso significa

que o professor elaborará critérios, os quais o auxiliarão na observação e

análise das atividades realizadas pelos alunos, como na avaliação do seu

próprio fazer pedagógico.

4.3Avaliação na escola: superando limites

O ato de avaliar se faz presente nas atividades do dia-a-dia, pois

constantemente as pessoas se deparam com situações que exigem

tomadas de decisões sempre baseadas em um processo avaliativo. Assim,

tais escolhas às vezes permitem que os sujeitos pensem sobre o significado

ou implicações das opções que realizam.

39

O processo de tomar decisões acontece desde a infância, o ser

humano lança mão de experiências vividas, dos conhecimentos

historicamente acumulados. A partir dessas afirmações conclui-se que o

refletir sobre fatos decorre de um processo cultural, das várias formas de

pensar e agir do grupo ao qual pertence, que caracteriza as diferentes

sociedades existentes no mundo. Ainda nessa linha de pensamento Lima

afirma que:

Para efetivar a compreensão, o ser humano vale-se de padrões de

comportamento existentes e de conhecimentos organizados como

referências para seu pensamento. Isso implica o estabelecimento de

relações: avaliar é, portanto, um processo complexo, no qual o

significado do que está sendo avaliado é sempre construído em

relação a algum modelo ou referencial preexistente no meio cultural

do indivíduo que avalia. A avaliação como forma de atividade

humana tem essa função básica de situar algo em um contexto

amplo ( LIMA, 2002, p.29).

Com isso, enfatiza-se que as ações das pessoas são constantemente

avaliadas pelo outro, o qual se utiliza de gestos, comentários, acenos e

olhares que se dão num processo de interação entre as pessoas. Esses

conhecimentos da vida prática acabam sendo utilizados em várias

situações, inclusive, no meio escolar, pois quando a criança inicia sua vida

estudantil percebe nas reações do professor que o que realiza agrada ou

desagrada, está certo ou está errado.

Enfim que, a avaliação se faz presente em todo o percurso escolar

apresentando-se de diversas formas, no entanto a criança, o adolescente, o

adulto, maioria dos casos não conseguem compreender o processo de

avaliação pelo qual são avaliados, pois os critérios utilizados não são

apresentados com clareza, o “erro” torna-se elemento central nesse

processo os avanços são desconsiderados.

Tal a afirmação se confirma nas palavras de Luckesi

40

O que ocorre na prática da avaliação educacional escolar é que

dificilmente os professores definem com clareza, no ato do

planejamento do ensino, qual é o padrão de qualidade que se

espera da conduta do aluno, após ser submetido a uma determinada

aprendizagem. E, então, torna-se muito ampla a gama de

possibilidades de julgamento. Como não há um padrão de qualidade

estabelecido com certa clareza, a variabilidade de julgamento se dá

conforme o estado de humor de quem está julgando; e, desse modo,

a prática de avaliação se torna arbitrária, podendo, conforme

interesses, tomar caracteres mais ou menos rigorosos (LUCKESI,

1995, p.66-80).

Essa prática desqualifica a avaliação que deveria ser formativa e

colaborar com o processo de ensino e aprendizagem, de modo a ser um

instrumento que sinalize os aspectos a serem retomados tanto para aquele

que aprende como para aquele que ensina. Nesse ponto, levanta-se a

hipótese de que o não estabelecimento de critérios, por parte dos

professores, no processo de avaliação pode estar relacionado à falta de

conhecimento que o mesmo possui da disciplina que ministra, de maneira a

não conseguir destacar aspetos dessa área do conhecimento que seriam

relevantes à aprendizagem dos alunos.

Logo, o pensar sobre avaliação exige o conhecimento de várias

questões que habitam o universo escolar, bem como o entendimento de

que a forma como a mesma é encaminhada e trabalhada em seus

resultados incide sobre a uma concepção de educação que se revela a cada

ação realizada.

Para Fernandes apud Silva

Pensar sobre avaliação é ter que relacionar vários fatores, tanto do

ponto de vista macro, das políticas educacionais quanto num nível

meso, o institucional, como também num nível micro, o espaço da

41

sala de aula, onde se desenrolam todas as questões concretas do

processo de ensino e aprendizagem (2003, p.93).

Ressalta-se que em se tratando da avaliação da aprendizagem

escolar, a compreensão de que a escola pertence a um sistema maior se faz

necessária à medida que se pretende exigir a implementação de políticas

educacionais que fortaleçam práticas de avaliação “ deve apontar para a

busca do melhor de todos os alunos, por isso diagnóstica, e não voltada

para a seleção de uns poucos, como se comportam os exames” Luckesi

(2000).

1

As ações desenvolvidas estão relaciona-se às necessidades de

aprendizagens diagnosticadas.

Os resultados dos indicadores externos são divulgados e trabalhados

no contexto escolar

Os instrumentos utilizados na organização do trabalho pedagógico

permitem que o professores participem das decisões coletivas.

O movimento para a mudança dessa prática requer a participação do

coletivo da escola, organizado coordenado por aqueles que possuem essa

responsabilidade, portanto os pedagogos atuantes nas escolas da rede

estadual podem junto a seus professores, de posse da realidade de sua

escola propor ações que interfiram significativamente na condução do

processo do ensino e da aprendizagem. Assim, se faz necessário

redimensionar os momentos de encontro já propostos pela mantenedora, de

maneira a compreender que tais indicativos sinalizam discussões em torno

da realidade de cada estabelecimento de ensino.

Outro aspecto que pode ser evidenciado quando se discute práticas

avaliativas diz respeito ao cuidado que se deve ter com os alunos, em

especial aqueles matriculados nas 5ª séries, público alvo desse trabalho. Há

que se retomar aqui ações que permitam a essas crianças aprender sem

42

perder o “colorido” de suas infâncias. Assim, pensar na infância e para a

infância implica em reavaliar procedimentos pedagógicos que podem estar

impedindo a compreensão desses alunos, daí o número alto das retenções

nessa série.

A sugestão para o enfrentamento dessa questão indica mais uma vez

a importância do trabalho em grupo, os pedagogos em conjunto com seus

professores, planejando situações de avaliação que possibilitem a essas

crianças a utilização de outras formas da linguagem oral e escrita, de

maneira a colocá-las também em outros espaços. Não há dúvidas de que

esses outros instrumentos avaliativos proporcionariam ao professor uma

verificação mais fidedigna da aprendizagem, uma vez que a criança tem

mais possibilidades de interagir com o outro e melhor estruturar seu

pensamento.

Os registros realizados por ocasião de encontros pedagógicos tem

possibilitado a reconstrução da memória de ações já propostas, de

modo a permitir ao grupo uma visão ampla de todo trabalho

desenvolvido pela escola.

Os trabalhos coletivos estimulam a avaliação das ações propostas no

Projeto Político Pedagógico.

Focaram-se esses aspectos no tema avaliação, sem a intenção de

encontrar culpados para a questão do fracasso escolar que aqui se discute,

mas sim para sinalizar que a possibilidade de mudança desse quadro está

no trabalho coletivo, no entendimento que cada educador necessita ter da

importância do seu trabalho frente às demandas da escola pública, Assim,

não haverá preteridos, comandantes, ou patrões, e sim, companheiros que

comemoram e atribuem sentidos às experiências vividas.

43

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dispondo sobre a educação de nove anos para o ensino

fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos

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a 41.

46

Cronograma de Ações

Etapas Fev. 13/0

3

27/0

3

16/0

4

27/0

4

14/0

5

28/0

5

10/0

6

25/0

6

Apresentação

Projeto de

Implementaçã

o

x

1º Encontro x

2º Encontro x

3ª Encontro x

4ª Encontro x

5ª Encontro x

6ª Encontro x

7º Encontro x

8ª Encontro x