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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO · se comunicar verbalmente por algum gênero, assim como é impossível não se comunicar verbalmente por algum texto” (MARCUSCHI, 2009, p. 154)

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

Ficha de Identificação - Artigo Final

Professor PDE/2012

Título O inglês no nosso dia a dia: o trabalho, nas aulas de língua inglesa, com rótulos e embalagens brasileiras que contém estrangeirismos.

Autor Edna Maria Wolski de Lima

Escola de Atuação Colégio Estadual José de Anchieta- EFMNP

Município da Escola Santa Maria do Oeste

Núcleo Regional de Educação Pitanga

Professor Orientador Ms Ana Paula de Castro Sierakowski

Instituição de Ensino Superior Unicentro

Disciplina/Área de ingresso no PDE

Língua Inglesa

Resumo: Este artigo analisa os resultados do Projeto de Intervenção Pedagógica intitulado “O Inglês no dia a dia: O trabalho, nas aulas de Língua Inglesa, com rótulos e embalagens brasileiras que contém estrangeirismo”, com o objetivo geral de trabalhar o gênero textual rótulos e embalagens brasileiras que contém estrangeirismos, o qual foi implementado com alunos do 6º ano do Colégio Estadual José de Anchieta –EFMNP, Santa Maria do Oeste, pois durante muito tempo observou-se que os educandos não percebiam a importância de estudar a LEM (Língua Estrangeira Moderna). Muitas vezes, os alunos não são motivados em casa, são muitos deles crianças que apresentam déficit de aprendizagem, alunos que vêm de assentamentos, ou da zona rural. Além disso, poucos deles têm acesso à internet, e, para muitos, o contato com a língua estrangeira fica muito distante de sua realidade. Também traz o resultado da unidade didática trabalhada nas aulas, durante a implementação do Projeto, por meio das ações desenvolvidas.

Palavras-chave gênero textual; rótulos e embalagens; estrangeirismos.

O INGLÊS NO NOSSO DIA A DIA: O TRABALHO, NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA, COM RÓTULOS E EMBALAGENS BRASILEIRAS

QUE CONTÉM ESTRANGEIRISMOS

Autora: Edna Maria Wolski de Lima1 Orientadora: Profª. Ana Paula de Castro Sierakowski2

RESUMO: Este artigo analisa os resultados do Projeto de Intervenção Pedagógica intitulado “O Inglês no dia a dia: O trabalho, nas aulas de Língua Inglesa, com rótulos e embalagens brasileiras que contém estrangeirismo”, com o objetivo geral de trabalhar o gênero textual rótulos e embalagens brasileiras que contém estrangeirismos, o qual foi implementado com alunos do 6º ano do Colégio Estadual José de Anchieta –EFMNP, Santa Maria do Oeste, pois durante muito tempo observou-se que os educandos não percebiam a importância de estudar a LEM (Língua Estrangeira Moderna). Muitas vezes, os alunos não são motivados em casa, são muitos deles crianças que apresentam déficit de aprendizagem, alunos que vêm de assentamentos, ou da zona rural. Além disso, poucos deles têm acesso à internet, e, para muitos, o contato com a língua estrangeira fica muito distante de sua realidade. Também traz o resultado da unidade didática trabalhada nas aulas, durante a implementação do Projeto, por meio das ações desenvolvidas. PALAVRAS CHAVE: gênero textual; rótulos e embalagens; estrangeirismos.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo mostrar os resultados do trabalho com o gênero

textual rótulos e embalagens que contém estrangeirismos, com a finalidade de

demonstrar aos alunos que a língua inglesa está presente no dia a dia, pois muitos

desconhecem a língua inglesa, ou, mesmo que a conheçam, não atribuem um significado

pertinente à sua importância, simplesmente por acreditarem que habitualmente não fazem

uso dela. Não são raras às vezes que os alunos acreditam ser o inglês desnecessário,

quando relacionado com as demais disciplinas como a matemática e o português, por

exemplo. No entanto, a devida importância ao aprendizado de uma língua estrangeira não

é dada, nem mesmo nos dias de hoje, em que a língua faz-se tão presente, seja na área

de educação, tecnologia, pesquisa, ou entretenimento e encontra-se cada vez mais

integrado com outros países. É, nesse sentido, ímpar conhecer outra língua, e a escola é

o local em que os alunos têm maior acesso para adquirir esses conhecimentos.

Outro grande obstáculo encontrado no ensino de língua inglesa reside, muitas

vezes, no domínio do professor em repassar seus conhecimentos aos alunos de modo

que eles aprendam e assimilem essa disciplina, pois segundo Leffa (2006):

A formação de um professor de línguas estrangeiras envolve o domínio de diferentes áreas de conhecimento, incluindo o domínio da língua estrangeira que ensina, e o domínio da ação pedagógica necessária para fazer a aprendizagem acontecer na sala de aula. (LEFFA, 2006, p.336)

1 Graduada em Língua Portuguesa e Inglesa: Professora PDE 2012.

2 Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Maringá; professora da Universidade Estadual do Centro-Oeste.

São muitos os problemas e as barreiras que permeiam o ensino e a aprendizagem

de maneira geral e estes problemas se agravam na disciplina de inglês. Pensando na

necessidade em adequar o ensino de inglês ao cotidiano do aluno, surge a possibilidade

de utilizar os rótulos e embalagens de produtos brasileiros que contém estrangeirismos,

para despertar o interesse em aprender essa língua.

2. O GÊNERO TEXTUAL NA SALA DE AULA

Não é possível falar em uma língua, sem falar em gênero, como, “é impossível não

se comunicar verbalmente por algum gênero, assim como é impossível não se comunicar

verbalmente por algum texto” (MARCUSCHI, 2009, p. 154). Para que a aprendizagem se

efetive é necessário que se recorra a meios e métodos de ensino que possibilitem aos

alunos melhor entendimento do que estão lendo e muitas vezes consumindo. Nesse caso,

o gênero textual, rótulos e embalagens, pois “é uma forma de chamar a atenção do aluno

para a real função da língua na vida diária e nos seus modos de agir e interagir”

(MARCUSCHI, 2009, p.56), sem preocupar-se apenas com o ensino da gramática em si,

de forma isolada, “com atenção especial para a linguagem em funcionamento e para

atividades culturais e sociais” (MARCUSCHI, 2009, p.157) em que se encontra essa

língua.

Para tanto, os alunos precisam ser incentivados a analisar os diversos gêneros

tanto escritos como orais, verbais e não verbais para assim, identificar as particularidades

de cada um, e sejam estimulados à produção da escrita e leitura. Dessa forma, a escola

precisa formar leitores críticos que consigam construir significados para melhor

entendimento de cada gênero a ser estudado, observando as funções sociais da escrita

nos mais variados contextos, e isso pode se dar por meio dos gêneros em sala de aula,

diferenciando-os em verbal, não verbal audiovisual e gestual. Nessa perspectiva, é tarefa

do professor oportunizá-los o contato com esses gêneros (HILA, 2009, p.159).

Vale ressaltar também que o ambiente escolar é algo de extrema importância, pois

é nesse meio que circula o maior número de informações, que permite ao aluno viver e

criar situações de enriquecimento linguístico, como também deve oferecer a ele a

oportunidade de utilizar a linguagem para experimentar o direito de expressar-se com

autonomia( PICANÇO e PEREIRA,s/d ,p.6).

Deve-se falar, neste momento, dos tipos textuais, ou seja, dos gêneros, que

servem como mecanismos para ensinar os alunos. Conforme as DCEs (2008):

O trabalho com a língua estrangeira moderna fundamenta-se na diversidade de gêneros textuais e busca alargar a compreensão dos diversos usos da linguagem, bem como a ativação de procedimentos interpretativos alternativos no processo de construção de significados possíveis pelo leitor. (DCEs, 2008, p.58),

Para os estudiosos de gêneros é preciso entendê-los como se entende a própria

noção de língua, pois “todas as esferas da atividade humana, estão sempre relacionadas

com a utilização da língua” (BAKHTIN, 1997, p.279). E é por meio dela que há o

entendimento necessário para então nos comunicarmos.

Nesse sentido, no dia a dia, faz-se uso de diversificados gêneros linguísticos sem,

às vezes, dar-se conta disso. Bakhtin (1997) afirma que:

Para falar, utilizamo-nos sempre dos gêneros do discurso, em outras palavras, todos os nossos enunciados dispõem de uma forma padrão e relativamente estável de estruturação de um todo. Possuímos um rico repertório dos gêneros do discurso orais (e escrito). Na prática, usamo-los com segurança e destreza, mas podemos ignorar totalmente a sua existência teórica (BAKHTIN, 1997, p. 301).

Marcuschi (2009) contribui mencionando que os gêneros textuais são muitas

vezes respaldados nas práticas sociais. Conforme o autor, na dinâmica da vida social e

cultural, esses gêneros podem sofrer variações temáticas, forma composicional e estilo.

Logo:

Os gêneros textuais, por sua vez, são os textos que encontramos em nossa vida diária, em situações comunicativas e que, apresentam padrões sócios comunicativos característicos, definidos por composição funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas. Alguns exemplos de gênero textual são: bilhete, reportagem, resenha, carta, romance, conto, receita, bula e assim por diante (MARCUSCHI, 2009, p. 155).

Percebe-se, que é por meio dos gêneros que muitas aulas podem ser organizadas,

fazendo com que o aluno reflita sobre suas práticas sociais e aprenda sobre sua língua ou

uma língua estrangeira. Dessa forma, pode-se possibilitar o trabalho com inúmeros

gêneros em sala de aula, como: bilhetes, propagandas, cartas, manuais de instrução,

anúncios, bem como embalagens de produtos, rótulos, entre outros.

3. A IMPORTÂNCIA LÍNGUA ESTRANGEIRA NOS DIAS ATUAIS

A língua inglesa, hoje, faz-se presente em nossa vida tanto no processo de

globalização como na tecnologia, surge, a necessidade em buscar estratégias para

adquirirmos esse conhecimento, pois a língua inglesa tornou-se um meio de comunicação

necessária para o aperfeiçoamento profissional.

Paiva (2005) ressalta que:

[...] aprender uma língua é tão importante como aprender uma profissão. Esse idioma tornou-se necessário para a vida atual que, para conseguirmos aprimorar qualquer atividade profissional, seja no campo da medicina, da eletrônica, física etc., temos de saber falar inglês (PAIVA, 2005, p. 19).

A escola deve mostrar aos educandos a importância de estudar a língua inglesa

para que percebam o quanto está inserida em nosso meio e o quanto faz-se necessário

aprender a LEM para possibilitar melhor compreensão do que está em nossa volta e

permitir conhecer outras culturas. A língua inglesa é usada em grande parte do mundo,

pois está presente em nosso meio, com os demais meios de comunicação, da ciência e

tecnologia. Embora a aprendizagem de LEM “sirva com o meio para progressão no

trabalho, deve-se também contribuir para formar cidadãos críticos e transformadores”

(DCEs, 2008, p.56), dessa forma, o aluno precisa também saber que a língua inglesa, em

diversos momentos se faz necessária, mesmo não morando em grandes centros, mas

também que seja crítico em relação ao que vê, ouve ou compra.

O uso dos estrangeirismos é pedagogicamente uma ferramenta importante para

ensinar os educandos, pois parte-se daquilo que eles têm contato e conhecimento. Nesse

sentido, usar os rótulos e embalagens pode ser um momento para que os alunos

percebam a língua inglesa, pois, desde o momento em que levantamos, estamos

cercados de vocábulos de outra língua. Exemplo disso, é quando escovamos os dentes

com creme dental Close up, lavamos as mãos com sabonete Dove, usamos o shampoo

para lavarmos o cabelo, ligamos o som com o Play.

Estes vocábulos são utilizados por nós todos os dias, e muitas vezes nem

percebemos tratar-se de uma língua estrangeira, a língua inglesa. O uso dos

estrangeirismos está incorporado na língua materna, devido à “grande fonte

contemporânea de empréstimos ao português e às demais línguas”, vistos com grande

frequência, pois de um “lado estão os termos da tecnologia e da pesquisa avançada, e de

outro lado, o do consumo e dos negócios, tornando-se, o uso do estrangeirismo comum à

língua materna” (GARCEZ e ZILLES, apud FARACO, 2001, p. 22).

Além disso, o texto muitas vezes, é trabalhado em sala de aula de maneira

superficial sem atribuir-lhes um significado e estabelecer relações pertinentes a ele e “na

medida em que os alunos reconheçam que os textos são representações da realidade,

terão uma posição mais crítica em relação a outros textos” (DCEs, 2008, p. 65). Isso se

dá no momento em que o professor apresenta os diferentes textos, ou seja, os diferentes

gêneros textuais em salas de aula, para que não sejam leitores ingênuos, mas que “sejam

críticos, reajam aos textos com os quais se deparam e entendam que atrás deles há um

sujeito, uma história, uma ideologia” (DCEs, 2008,66), e, que, além disso, também fazem

parte desse processo.

Neste sentido, a aprendizagem de línguas estrangeiras no Brasil merece uma

abordagem intensiva no ensino da leitura envolvendo estratégias, onde cada texto deve

ser lido cuidadosamente e com profundidade para que haja o máximo de compreensão.

4. ESTRANGEIRISMO EM RÓTULOS E EMBALAGENS COMO ESTRATÉGIA DE

LEITURA

Segundo Kaufman e Rodriguez (1995, p.14) a função informativa é “uma das

funções mais importantes dos textos”. Assim, nos rótulos, e entende-se por rótulo toda

inscrição, legenda e imagem, ou toda matéria descritiva, ou gráfica que esteja escrita,

impressa, estampada, gravada ou colada sobre a embalagem. E embalagem o recipiente

destinado a garantir a conservação e facilitar o transporte e manuseio dos produtos3·, que

contém estrangeirismos, além da função de apresentar informações importantes do

produto, como prazo de validade, composição, peso, entre outros, pode-se trabalhar os

vocábulos que estão presentes nas embalagens ou mesmo nos rótulos. Ainda segundo os

autores citados:

A linguagem não aparece como uma barreira que deva ser superada, mas sim conduz o leitor da forma mais direta possível a identificar e caracterizar as diferentes pessoas, acontecimentos e fatos que constituem o referente, denominado de função referencial do texto (KAUFMAN e RODRIGUEZ, 1995, p.14).

Os textos nunca são construídos por meio de uma única função de linguagem,

mas se manifestam por meio das funções que fazem parte da comunicação. Informam

ainda sobre o que vendem com a intenção de criar no receptor a necessidade de

comprar.

“A informação é parcial à medida que apresenta somente o positivo, porque

procura transformar aquilo que oferece em objeto de desejo” (KAUFMAN e RODRIGUEZ,

1995, p.40-41). Desse modo, esses textos se ocupam da função apelativa da linguagem,

procurando utilizar a linguagem para obter a atenção do receptor.

Como estratégia para conquistar a atenção, o interesse do aluno, o professor de

língua estrangeira pode utilizar rótulos e embalagens que contém estrangeirismos, pois

além de apresentar um texto diferenciado, ele também está levando estratégias de leitura

para chamar a atenção dos alunos e mostrar quantas informações pertinentes estão

inseridas e que são importantes em cada rótulo estudado. O aluno poderá conscientizar-

se na escolha correta e consciente dos produtos que consomem, bem como as

informações neles presentes, ampliam seu vocabulário, e aprendem de maneira lúdica.

5. METODOLOGIA

Para que o projeto se realizasse, ele foi executado por meio de uma unidade

didática organizada em apostilas impressas para que todos os alunos tivessem acesso e

realizassem as atividades. O material escolhido foi rótulos / embalagens, pois trata-se de

um material concreto e que todos têm acesso; apresenta, além disso, informações

relevantes, bem como o estrangeirismo.

Inicialmente, os alunos tiveram o primeiro contato com o gênero textual abordado,

no qual observaram rótulos brasileiros que contém estrangeirismos, por meio do vídeo

http://www.youtube.com/watch?v=hCD9TB6UGEE&feature=fvwre4. Também puderam

observar outros rótulos/embalagens disponíveis em sala de aula, bem como as suas

particularidades, o acesso às importantes informações como as características, o peso, o

nome, data de validade dos produtos e também os estrangeirismos presentes.

Durante esta atividade percebeu-se que os alunos têm conhecimento dos rótulos /

embalagens, mas não reconhecem que a língua estrangeira está muito próxima deles.

Houve ainda, levantamento do vocabulário para melhor entendimento, explicitação do

objetivo em estudar esse gênero, aspectos gramaticais como: adjetivos, cores, numerais,

a expressão how many. O trabalho realizado com a gramática deu-se para que os alunos

pudessem entender o funcionamento dessa língua e observar principalmente o uso dos

adjetivos encontradas em muitas embalagens, no caso o do sabonete Dove estudado em

sala de aula para a confecção dos rótulos.

Durante a realização das atividades foram apresentadas as embalagens do

sabonete Dove, creme dental close up e o chocolate kinder ovo em barra. Os alunos

realizaram as atividades escritas no material impresso, e puderam observar na TV

pendrive as diferentes embalagens, bem como as partes que compõem um rótulo ou

embalagem e diferenciar os produtos de limpeza com produtos alimentícios, e o uso do

estrangeirismo.

Quanto ao estudo das embalagens os alunos puderam perceber que nem todas

as embalagens apresentam as mesmas características, diferenciando-se em produtos de 4 Acesso em 11/09/12.

alimentos com produtos de higiene. Apresentaram muita dificuldade quanto à realização

das atividades escritas no uso dos adjetivos, visto que os alunos não tinham domínio do

que são substantivos e adjetivos em língua materna, o que dificultou a realização das

atividades, porém com auxílio de outras atividades que não estavam previstos no material

puderam realizá-las.

Durante o trabalho para a realização das produções finais, os alunos fizeram

grupos de três elementos, pesquisaram em dicionários para buscar novos adjetivos para a

produção. Houve ainda dificuldade nas pesquisas, pois os alunos não tinham o hábito de

manusear os dicionários. Foram retomadas as atividades impressas para que pudessem

entender o uso dos adjetivos em inglês, porém, um grupo não conseguiu assimilar o uso

do adjetivo.

6. DISCUSSÃO

A implementação foi desenvolvida por meio de uma Unidade Didática, com os

alunos do 6º ano, da disciplina de língua inglesa, do Colégio Estadual José de Anchieta

EFMNP, Santa Maria do Oeste. Foi utilizado o gênero textual rótulos e embalagens que

contém estrangeirismos, com o objetivo de mostrar ao aluno que esse vocabulário é

comum em seu cotidiano, despertando maior interesse para a aprendizagem da língua

inglesa a partir da relação entre a língua e o seu uso, incentivando a prática da escrita e

da leitura de uma forma dinâmica e criativa, despertando o interesse do educando em

pesquisar as palavras inglesas existentes nos rótulos.

Para possibilitar a compreensão dos gêneros textuais por meio de rótulos e

embalagens iniciou-se a primeira atividade com vídeo para observação do estrangeirismo

presente no nosso dia a dia. Houve grande interesse dos alunos pela aula devido às

informações contidas e que não eram percebidas, como: peso, nome, validade, e o

estrangeirismo que se passava tão despercebido.

Nas aulas seguintes, já com grande número de embalagens trazidas pelos

alunos, foram identificadas as informações onde houve muito interesse. Também um

momento de grande aprendizagem como levantamento de vocabulário, aspectos

gramaticais, como adjetivos, cores, numerais. Foi também difícil para responder e atender

a tantas perguntas. Num desses momentos um aluno perguntou o porquê de tantos

estrangeirismos, se somos brasileiros. A aula tomou outro rumo, onde foram necessárias

novas ações como, por exemplo, explicar que o estrangeirismo é “o uso de palavras e

expressões estrangeiras em português” (GARCEZ e ZILLES, apud FARACO, 2001, p.15),

que essa língua está inserida em nosso meio, e que se faz presente devido a

globalização, pelo uso dos “termos da tecnologia, da pesquisa avançada, do consumo e

dos negócios” (GARCEZ e ZILLES, apud FARACO, 2001, p. 22) e que dessa forma a

presença desses estrangeirismos se justificam nesses rótulos. Observou-se uma

curiosidade muito grande e mais atenção às embalagens e rótulos, sendo realizados os

objetivos propostos no conteúdo.

No aspecto gramatical foram trabalhadas com adjetivos, cores, numerais e a

expressão how many. Tais atividades foram realizadas com grande interesse e

participação dos alunos, pois o trabalho com unidade didática nos dá essa possibilidade,

de envolver os diversos conteúdos que estejam contemplados no gênero.

Muitos alunos tinham a embalagem do sabonete dove. Aproveitando esse

material foram realizadas atividades como: identificar as características presentes, num

primeiro momento em língua materna, logo após em língua estrangeira, em que houve

dificuldade no entendimento dos alunos, sendo necessárias intervenções e pesquisas em

dicionários, visto que o maior problema era de vocabulário.

Houve entusiasmo, aprendizagem e também interesse em analisar as outras

embalagens como do creme dental close up, do chocolate kinder bueno white. Também

puderam observar, por meio de vídeos, as diferentes embalagens e que estão em muitos

produtos como os de limpeza, alimentícios, refrigerantes, e balas. Foi sugerida uma lista

de produtos da casa de cada aluno. Percebeu-se que conheciam o produto, sabiam

pronunciá-lo, mas não sabiam escrever e à medida que os alunos citavam os nomes dos

produtos também escreviam no quadro, e faziam as correções necessárias. Nessa

atividade, houve grande aprendizagem, pois além de identificar o estrangeirismo, também

identificavam as características dos produtos. Foram confeccionados cartazes, fixados em

murais onde foram colocadas as embalagens com a identificação de suas características

como: peso, marca, validade, ingredientes e origem. Foi uma atividade muito importante,

que despertou o interesse pelas informações já que alguns materiais também favoreciam

curiosidade no aspecto lúdico.

A partir das atividades desenvolvidas, os alunos estavam cientes de cada uma

das partes das embalagens. Conversou-se sobre a importância em saber escolher os

produtos, observar dados que influenciam na hora da escolha. Os alunos também

refletiram a importância de uma alimentação saudável, cuidados com a higiene e cuidar

do corpo, os quais questionaram num outro momento junto à professora de ciências as

informações nutricionais nas embalagens. Eles puderam compreender a finalidade dessas

informações, como também observar que as embalagens diferenciam-se uma das outras,

algumas com informações nutricionais e outras, ingredientes.

Para que o trabalho com rótulos e embalagens fosse efetivado, uma das

atividades foi produzir rótulos e embalagens a partir das informações e aprendizagem

durante a implementação do projeto. Os alunos, em pequenos grupos, trouxeram de casa

embalagens já utilizadas para produção. Outros alunos recortaram cartolinas e

produziram diferentes rótulos, como de sabonete, shampoo, perfume e cremes.

Foi uma atividade que levou muitas aulas, pois além da dúvida de qual produto

produzir, tiveram dificuldade na escrita do inglês. Esse foi momento mais difícil do projeto,

necessitando de muitas intervenções como reescrita, pesquisa no dicionário, desenho das

embalagens.

As embalagens foram confeccionadas e apresentadas pelos grupos aos demais

na sala de aula, respondendo aos questionamentos, mostrando a finalidade de estudar os

rótulos e apresentando as características. Segue abaixo algumas das produções:

Figura 1 – Cartaz de rótulos

Fonte-Lima. E.M.W.

Os alunos puderam perceber a influência da língua inglesa em nosso meio e que

muitas palavras estão incorporadas em nossa língua, por meio de pesquisas nas

embalagens.

Figura 2 – Rótulos nas embalagens

Fonte: Lima. E.M.W.

Os alunos usaram a criatividade para confecção dos produtos, aproveitando

embalagens recicláveis.

Figura 3 – Rótulos nas embalagens

Fonte: Lima. E.M.W.

7. O Grupo de Trabalho em Rede (GTR)

Nas discussões realizadas no Grupo de Trabalho em Rede (GTR), sobre as

ações desenvolvidas na escola, percebemos que durante a aplicabilidade do projeto em

sala de aula torna-se mais difícil quando trabalhamos na prática com o aluno, pois é

durante esse período que percebemos o que deu certo e o que realmente não funcionou,

a teoria é muito diferente da prática. E principalmente, quando não conhecemos nosso

alunado, visto que recebemos educandos de diversas escolas, do interior, de

assentamentos, alunos esses que tem pouco contato com a L.E.M.

Os professores que participaram do GTR, afirmaram que trabalhar com o gênero

textual Rótulos e Embalagens que contém estrangeirismos, por ser um tema concreto,

que se faz presente no dia a dia do aluno e que todos têm acesso, é um material

riquíssimo para mostrarmos a influência da língua inglesa e o quanto esta se faz presente

em suas vidas. Concordaram, ainda, que esse conteúdo abre um leque para trabalhar

com outras disciplinas, tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio, envolvendo

questões relevantes como meio ambiente, alimentos saudáveis e não saudáveis,

qualidade de vida, consumismo, enfim, outras possibilidades.

Os professores também comentaram e discutiram que os rótulos e embalagens

são um dos canais mais importantes de comunicação entre produto e consumidor, pois é

por meio dele que o fabricante pode informar persuadir e vender seu produto, e o aluno

deverá perceber que as embalagens costumam ser atraentes para chamar a atenção do

consumidor e que cabe a eles saber o que realmente irão consumir.

Comentaram ainda que aprender a identificar um número significativo de rótulos

dos produtos mais rotineiros dos supermercados retirando informações necessárias,

torna-se um leitor mais crítico.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A grande motivação para desenvolver a presente pesquisa foi a realização de

atividades com o objetivo de superar as dificuldades encontradas em sala de aula como

docente da disciplina de LEM – Inglês – e mostrar, dessa forma, que essa língua faz-se

presente em nosso meio.

As propostas nortearam-se no sentido de mostrar que podem ser utilizados, por

meio do gênero textual rótulos e embalagens brasileiras com estrangeirismos, desde suas

características, aspectos de análise linguística, noções sobre informações nutricionais,

consumismo, alimentos saudáveis, e a influência dos estrangeirismos em muitos desses

produtos. Acredita-se, dessa forma, que as aulas tornam-se mais significativas no

momento em que se leva para a sala de aula materiais concretos e que os alunos têm

contato.

Outro ponto importante que deve ser evidenciado foi que os alunos puderam

observar o estrangeirismo presente nas embalagens, pois muitos não se deram conta de

como aparecem tantas palavras de outras línguas no nosso cotidiano. Isso fez com que e

a cada dia os alunos trouxessem para a sala de aula novas embalagens. Portanto, cabe

ressaltar o quanto isso está inserido no nosso cotidiano, levando os alunos a entender a

importância em aprender uma segunda língua.

O trabalho com rótulos e embalagens por meio de unidade didática foi de suma

importância para aquisição de conhecimento. Embora leve tempo para a organização do

material, mesmo que os alunos tenham dificuldades, e não tenham domínio total de

vocabulário, eles conseguiram desenvolver as atividades impressas, souberam identificar

o estrangeirismo presente, e identificar as características das embalagens. Dessa

maneira, os alunos produziram rótulos e embalagens.

Trabalhar a partir de um gênero textual, leva o aluno a refletir sobre a importância

de observar os produtos que adquirem, facilitando a aprendizagem de maneira lúdica,

aprendendo as características nos rótulos. Apenas como ponto negativo, foi o

conhecimento do vocabulário, pois a língua inglesa é vista por muitos desses alunos,

apenas em sala de aula. No entanto, os objetivos de trabalhar com esse gênero foram

alcançados, uma vez que os alunos foram capazes de observar o quanto a língua inglesa

se faz presente em nosso meio, e despertando neles o interesse em pesquisar novos

vocábulos.

REFERÊNCIAS

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<http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/glossario/glossario_r.htm>. Acesso em

09/05/13.

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Paulo: Parábola Editorial, 2001.

HILA, Cláudia. V.D. Resignificando a aula de leitura a partir dos gêneros textuais. In:

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KAUFMAN, Ana Maria; RODRIGUEZ, Maria Helena. Escola, leitura e produção de

Textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

LEFFA, Vilson J. (Org.) O professor de línguas: construindo a profissão. Pelotas:

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MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão.

São Paulo: Parábola, 2009.

O inglês faz parte de sua vida.

http://www.youtube.com/watch?v=hCD9TB6UGEE&feature=fvwre. Acesso em 11/09/12

PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e. (Org.) Ensino de Língua Inglesa: Reflexões

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PARANÁ. Secretaria do Estado de Educação – Departamento de Educação Fundamental.

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2008.

PICANÇO, Zilda Ferreira; PEREIRA, Francisca Elisa de Lima. A importância da leitura e

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em:<portal.Mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/tcc_aimportancia.pdf > (acesso em 02/11/13)