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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED€¦ · 1 Pedagoga participante do PDE - 2010 2 Professora Dra. - Orientadora da UEPG 2. 1. INTRODUÇÃO O presente artigo expressa os

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEEDSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE

FICHA PARA CATÁLOGOARTIGO FINAL

Professor PDE/2010Título A escola como espaço de trabalho e formação de

professoresAutor Eli Cristina DominguesEscola de atuação Colégio Estadual Padre José de AnchietaMunicípio da escola JaguariaívaNúcleo Regional de Educação Wenceslau BrazOrientador Vera Lucia MartiniakInstituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPGDisciplina/Área PedagogiaRelação Interdisciplinar Todas as disciplinas do Ensino Fundamental e

MédioPúblico Alvo Gestor, Pedagogo e ProfessoresLocalização Colégio Estadual Padre José de Anchieta

Rua Abílio Russi, 319Jardim MatarazzoJaguariaíva – PR

Resumo Este artigo discute a importância da formação continuada de professores e aborda o cotidiano escolar como espaço de reflexão coletiva, por acreditar que essa formação seja um dos caminhos necessários para efetivação de um ensino de qualidade nas escolas públicas. O objetivo deste texto é apresentar os resultados e as reflexões realizadas durante o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE onde procurou sensibilizar e mobilizar os professores a refletirem sobre a importância da prática do trabalho coletivo dentro do espaço escolar. Para tanto, buscou-se a implementação de um projeto de formação continuada que fortalecesse e desenvolvesse suas potencialidades por meio da organização de grupos de estudos, construindo um comprometimento coletivo com o processo de ensino e de aprendizagem, valorizando tanto a prática realizada pelos docentes no cotidiano escolar quanto o estudo que provém das pesquisas científicas.

Palavras-chave professores, formação continuada, trabalho coletivo

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A ESCOLA COMO ESPAÇO DE TRABALHO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Domingues, Eli Cristina1

Martiniak, Vera Lucia2

RESUMO

Este artigo discute a importância da formação continuada de professores e aborda o cotidiano escolar como espaço de reflexão coletiva, por acreditar que essa formação seja um dos caminhos necessários para efetivação de um ensino de qualidade nas escolas públicas. O objetivo deste texto é apresentar os resultados e as reflexões realizadas durante o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE onde procurou sensibilizar e mobilizar os professores a refletirem sobre a importância da prática do trabalho coletivo dentro do espaço escolar. Desta forma, o trabalho coletivo favorece a discussão, o diálogo, a interação, o enriquecimento e fortalecimento do trabalho educativo nos momentos de realização da formação de professores em serviço. Para tanto, buscou-se a implementação de um projeto de formação continuada que fortalecesse e desenvolvesse suas potencialidades por meio da organização de grupos de estudos, construindo um comprometimento coletivo com o processo de ensino e aprendizagem, valorizando tanto a prática realizada pelos docentes no cotidiano escolar quanto o estudo que provém das pesquisas científicas. A fim de atingir o proposto, utilizou-se da aplicação de questionários para diagnosticar temas de interesse dos professores e, mediante os resultados obtidos foi possível levantar suas necessidades, dificuldades encontradas, bem como formas de intervenção consideradas importantes pelos professores para melhorar sua prática pedagógica.

Palavras-chave: professores, formação continuada, trabalho coletivo

1 Pedagoga participante do PDE - 20102 Professora Dra. - Orientadora da UEPG

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1. INTRODUÇÃO

O presente artigo expressa os estudos realizados sobre a formação

continuada e a proposta de implementação pedagógica, desenvolvida por meio do

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, do Governo do Estado do

Paraná, durante o ano de 2011. O PDE está integrado às atividades de formação

continuada em educação, com o objetivo de proporcionar aos professores da rede

pública estadual subsídios teóricos-metodológicos para o desenvolvimento de ações

educacionais sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de sua prática

pedagógica.

Durante o primeiro semestre do curso foram realizados estudos que culminou

com a elaboração do projeto de intervenção na escola, conforme a necessidade e

interesses percebidos. No segundo semestre foi construído a produção didático

pedagógica para implementação prática do projeto, possibilitando aos professores

momentos de estudos e reflexões sobre suas práticas pedagógicas.

Este estudo é resultado de um trabalho gestado e articulado com intenções

de iniciar discussões acerca de questões que envolvem a formação continuada de

professores e a necessidade de uma reflexão mais efetiva sobre a complexidade do

espaço escolar, bem como um olhar interdisciplinar sobre o trabalho que se realiza

na escola.

Assim, optou-se por uma proposta de formação continuada que fosse

realizada dentro do espaço escolar, por meio da realização de grupo de estudos,

onde foi discutido problemas e necessidades levantadas pelos professores, textos e

vídeos de alguns autores sobre formação continuada e material didático produzido

no segundo semestre do PDE sobre trabalho coletivo.

O objetivo maior deste projeto foi apresentar com os gestores e professores

de uma determinada instituição escolar, localizada no município de Jaguariaíva,

uma proposta de formação em serviço, onde seria discutido os problemas por eles

enfrentados no dia a dia da escola, na tentativa de trabalhar o mais próximo possível

da realidade da comunidade escolar, buscando coletivamente, por meio da interação

nos grupos, encontrar caminhos possíveis para amenizar esses problemas e, outras

formas de pensar a educação e a escola.

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Para melhor compreensão sobre o assunto em questão será apresentado

inicialmente o conceito sobre formação continuada em serviço centrada no espaço

escolar. No segundo momento, como foi realizado o processo de implementação na

escola, bem como a maneira dos professores e a escola avaliaram essa proposta de

capacitação, como se desenvolveu o Grupo de Trabalho em Rede e considerações

finais sobre o tema.

Aborda também, por meio da análise dos dados obtidos a partir dos relatos

dos professores, sujeitos da pesquisa, os pontos positivos da formação continuada

em serviço, e suas contribuições para a prática pedagógica dos participantes.

FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO

A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN 9394/96) tornou-

se crescente os investimentos em relação a formação continuada dos profissionais

da educação. O título VI – Dos Profissionais da Educação – artigo 61, postula como

um dos fundamentos para a formação de profissionais da educação: “[...] a

associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço”. O

artigo 63, da mesma Lei, orienta que os institutos superiores de educação manterão

“[...] programas de educação continuada para os profissionais de diversos níveis”

(BRASIL, 1996, p. 24).

A partir desta Lei foram criados Parâmetros (1997) e Referenciais (2002) que

estabelecem critérios para a formação dos professores da Educação Básica e, um

dos pressupostos para a formação dos professores é destacar o desenvolvimento

profissional permanente como uma necessidade intrínseca à atuação, portanto, um

direito do professor.

Segundo esses referenciais, a formação permanente inclui a formação inicial

e a continuada: a inicial ocorre nos cursos de habilitação e a continuada refere-se à

formação dos professores já em exercício, em programas dentro e fora da escola.

Assim, toda a iniciativa das instituições escolares no intuito de promover a

“profissionalização docente” caracteriza-se como formação continuada: cursos,

palestras, seminários, congressos, entre outros.

A formação continuada consiste em ações de formação que podem ser

realizadas dentro da jornada de trabalho e fora da jornada de trabalho:

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[...] dentro da jornada de trabalho (ajuda professores iniciantes, participação no projeto pedagógico da escola, entrevistas e reuniões de orientação pedagógica – didática, grupos de estudo, seminários, reuniões de trabalho para discutir a prática com os colegas, pesquisas, mini-cursos de atualização, estudos de caso, conselho de classe, programas de educação a distância, etc) e fora da jornada de trabalho (congressos, cursos, encontros, palestra). Ela se faz por meio de estudo, da reflexão, da discussão e da confrontação das experiências dos professores. É de responsabilidade da instituição, mas também do próprio professor, porque o compromisso com a profissão requer que ele tome para si a responsabilidade com a própria formação (LIBÂNEO, 2001, 191).

O Ministério da Educação, em 2005, institucionalizou a formação continuada

de professores com a criação da Rede Nacional de Formação Continuada. A Rede

tem o objetivo de associar a prática de formação docente na articulação entre a

pesquisa e produção acadêmica desenvolvida nas Universidades, tendo como

princípios:

- A formação continuada é exigência da atividade profissional no mundo atual;

- A formação continuada deve ter como referencial a prática docente e o

conhecimento teórico;

- A formação continuada vai além da oferta de cursos de atualização e treinamento;

- A formação para ser continuada deve integrar-se no dia-a-dia da escola;

- A formação continuada é componente essencial da profissionalização docente.

A formação continuada, de acordo com o documento, deve visar o

desenvolvimento profissional do professor e, alerta para que não se desconsiderem

as dimensões pessoais, pois a subjetividade é parte intrínseca à profissão.

Constata-se que, em qualquer das modalidades, as necessidades, os interesses e

os anseios docentes, são sempre negligenciados. Segundo o documento:

[...] se a formação continuada supõe cursos, palestras, seminários, atualização de conhecimentos e técnicas, ela não se restringe a isso, mas exige um trabalho de reflexão teórica e crítica sobre as práticas e de construção permanente de uma identidade pessoal e profissional em íntima interação. [...] Deve-se considerar o professor como sujeito, valorizando suas incursões teóricas, suas experiências profissionais e seus saberes da prática, permitindo que, no processo, ele se torne um investigador capaz de rever sua prática, atribuir-lhe novos significados e compreender e enfrentar as dificuldades com as quais se depara (BRASIL, 2005, p. 25).

Assim sendo, as escolas têm organizados grupos de estudos em prol da

melhoria da qualidade da educação e, nesses espaços há possibilidade da

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formação do professor ocorrer em serviço. Com essa organização de

funcionamento a escola pode promover a aprendizagem continuada ao professor,

equipe diretiva e equipe pedagógica.

Desenvolver a cultura da formação continuada no espaço escolar divide

responsabilidades e multiplica o compromisso de todos na busca de soluções para

os desafios cotidianos.

Não há dúvida que o fazer coletivo, participativo e articulado propicia novas

possibilidades de relações entre os professores envolvidos no processo educacional,

melhorando o diálogo e a convivência no ambiente escolar. Nesse sentido, cabe a

esses profissionais dinamizar o processo de formação que possibilite projetar, refletir

e atuar coletivamente.

A formação dos profissionais da educação deve ser prioridade nas ações da

escola, com momentos organizados com foco a atender as necessidades teórico-

prático vivenciada na ação pedagógica, pois, quanto mais se conhece as

dificuldades enfrentadas nas práticas escolares e como cada profissional analisa

suas práticas e as fundamenta, mais contribuições poderá efetivar na formação dos

profissionais e consequentemente na ação em sala de aula.

De acordo com os referenciais para Formação dos Professores:

[...] a formação continuada de professores destaca-se como um tema crucial e, sem dúvida, uma das mais importantes dentre as políticas para a educação, pois os desafios colocados à escola exigem do trabalho educativo outro patamar profissional, muito superior ao hoje existente (BRASIL, 2002, p. 26).

Para o professor sentir-se sujeito do processo de formação continuada

significa constituir uma sólida formação teórica, construída no coletivo; o professor

precisa ser provocado a pensar ações para rever a sua prática pedagógica;

necessita de espaços e tempos previstos e organizados após os eventos, para

discutir e expor dentro do coletivo escolar.

[...] o trabalho docente precisa ser concebido e desenvolvido de maneira coletiva, inserido e orientado por um projeto educativo, capaz de expressar os compromissos da escola diante das necessidades comunitárias e sociais. Nessa concepção o professor está em constante processo de

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desenvolvimento profissional, onde a formação contínua se coloca como elemento central (ALMEIDA, 1999, p. 39).

Diante do exposto compreende-se que a reflexão não é procedimento que

resolverá todos os problemas de desenvolvimento e valorização dos professores,

pois inclui melhorias nas condições de trabalho, uma melhor remuneração e

possibilidades concretas de ampliar conhecimentos, rever o que sabe e o que ainda

necessita aprender para aprofundar seus estudos teóricos e aperfeiçoar a sua

prática dentro da sala de aula. Baseado nessas problemáticas, a formação

continuada de professores tem sido revista, discutida, analisada e tencionada pelos

pesquisadores da área, destacando a importância do desenvolvimento da cultura da

formação continuada no espaço escolar.

É importante ressaltar que não se pode colocar a formação profissional como

único fator para o sucesso das aprendizagens que cabe à escola garantir: várias são

as condições necessárias para assegurar a qualidade educacional, dentre elas a

qualidade da formação inicial dos professores e o desenvolvimento profissional

contínuo por meio de ações internas e externas.

Uma questão colocada atualmente é a qualidade da formação que o professor

recebe ao longo da carreira, e que, embora seja insuficiente, é uma condição sine

qua non para sua profissionalização.

Segundo os referenciais para Formação dos Professores:

O processo permanente de desenvolvimento profissional a que todos os educadores têm direito envolve formação inicial e continuada, sendo que a formação continuada ocorre com o professor já no exercício de suas atividades (BRASIL, 2002, p. 40).

É por meio da formação continuada colaborativa e do compromisso assumido

por todos os envolvidos que o resultado no processo de ensino e de aprendizagem

pode se efetivar e, é essencial que todos compreendam a escola como espaço de

gestão democrática, onde as ações propostas são resultados de opções e decisões

e, que estas definem o percurso do processo educativo desenvolvido na escola.

A formação continuada concentra-se na interligação do cotidiano escolar com

reuniões entre professores, gestores e a equipe pedagógica do estabelecimento de

ensino para “[...] realizar estudos, partilhar dúvidas, questões e saberes num

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processo contínuo e coletivo de reflexão sobre os problemas e as dificuldades

encontradas e o encaminhamento de soluções (BRASIL, 2005, p. 25).

De todos os fatores que influenciam a qualidade da escola, o professor é, sem

dúvida, o mais importante. Por isso, a formação (inicial e continuada) faz tanta

diferença.

“A idéia de desenvolvimento profissional permite redimensionar a prática profissional do professor, colocando-a como resultante da combinação entre o ensino realizado pelo professor e sua formação contínua, permeada pelas condições concretas que determinam a ambos. Também pressupõe a articulação dos professores com as condições necessárias ao seu desempenho e à sua formação e a quebra do isolamento profissional que impede a transmissão de conhecimentos entre os professores. Entendida dessa forma, a prática profissional implica então numa atuação coletiva dos professores sobre suas condições de trabalho, incitando-os a se colocarem em outro patamar de compromisso com o coletivo profissional e com a escola” (ALMEIDA, 1999, p. 45-46).

Cabe ressaltar que a melhoria do ensino e a efetividade do trabalho do

educador vão depender de uma série de mudanças globais da sociedade e,

professores bem preparados profissionalmente, engajados no trabalho grupal,

atuando de forma coletiva e interdependente, com vistas atingir os objetivos comuns

no processo educativo. Não basta introduzir inovações, urge primar pelo

envolvimento dos professores nos projetos da escola, numa ação curricular que se

forma no dia-a-dia e na construção coletiva no interior da escola. Só haverá melhoria

na educação quando se conseguir de fato a qualificação dos professores.

FORMAÇÃO CONTINUADA NA ESCOLA A PARTIR DAS NECESSIDADES E EXPECTATIVAS

Este estudo busca envolver gestores e professores de uma escola estadual

em um projeto de formação continuada centrado na própria escola partindo das

necessidades levantadas pelos professores a partir de sua prática pedagógica.

Para levantar as necessidades dos docentes acerca da formação continuada

foi escolhido como instrumento de pesquisa a aplicação de questionários

constituídos por perguntas que permitiram a reflexão sobre e na prática pedagógica

e a caracterização do profissional que faz parte da rede estudada.

A análise dos dados foram úteis no sentido de esboçar o perfil do professor.

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Para implementação do projeto foi proposto a criação de Grupo de Estudos,

que, apesar do interesse ser grande, nem todos os professores puderam participar,

pois os encontros aconteceram em período e/ou horário que muitos lecionavam em

outra escola ou estavam em sala de aula.

Nesses encontros foi realizado leituras e reflexões sobre vários textos, vídeos

e estudo da produção didática pedagógica sobre o tema formação continuada em

serviço e trabalho coletivo. Durante o grupo de estudo foi discutido temas como:

Gestão Democrática, Plano de Trabalho Docente, Projeto Político Pedagógico,

processo de ensino e de aprendizagem e problemas relacionados ao dia-a-dia da

escola – indisciplina, falta de interesse dos alunos, participação dos pais, entre

outros.

Primeiramente buscou-se embasamento teórico na literatura científica como

estratégia metodológica para compreensão do tema trabalhado, a formação de

professores no espaço escolar. Num segundo momento foi realizado pesquisa de

campo junto aos professores para verificação de como a formação continuada em

serviço tem sido realizada, com o propósito de analisar e refletir o papel do professor

na sociedade atual, suas condições de trabalho e seus reflexos na prática

pedagógica.

O trabalho em grupo foi valorizado, porque gerou novos conhecimentos,

ativou a criatividade, trouxe mais certezas, produziu melhores resultados de que o

trabalho individual e, a participação contribuiu muito para a formação, uma vez que,

para muitos professores, esses encontros são as únicas oportunidades de se

reunirem, traçarem metas e trocarem ideias com seus pares.

CONHECENDO A REALIDADE DA ESCOLA

Todo o desdobramento do trabalho de pesquisa aconteceu com gestores e

professores de uma instituição escolar, localizada mo município de Jaguariaíva. A

constituição e seleção do grupo participante da pesquisa se deu a partir do primeiro

encontro estabelecido com os professores, para a apresentação da proposta de

implementação da pesquisa.

Para analisar as concepções docentes acerca da formação continuada foi

escolhido como instrumento de pesquisa a aplicação de questionários constituídos

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por perguntas fechadas e abertas, que permitiram a análise de representações e a

caracterização do profissional que faz parte da rede estudada.

De acordo com Lakatos:

[...] O questionário é um instrumento desenvolvido cientificamente, composto de um conjunto de perguntas ordenadas de acordo com um critério predeterminado, que deve ser respondido sem a presença do entrevistador e que tem por objetivo coletar dados de um grupo de respondentes (MARCONI; LAKATOS, 1999, p. 100).

Os dados apresentados a seguir são resultados da aplicação de dois

questionários (principais questões).

As questões da primeira parte do questionário referem-se aos dados pessoais

dos professores da escola, apresentando a caracterização dos sujeitos, de acordo

com a tabela abaixo:

TABELA 1 – Caracterização dos participantes

Sexo dos professores 90 % dos professores são mulheres

Idade dos professores Encontram entre 25 a 49 anos

Formação acadêmica 80% licenciados e pós-graduados

20% bacharéis e acadêmicos

Tempo de profissão 20% mais de 20 anos

30% de 11 a 15 anos

40% de 5 a 10 anos

20% menos de 5 anos

Carga horária na escola 20% até 20 horas semanais

30% até 30 horas semanais

40% até 40 horas semanais

10% menos de 10 horas semanais

Regime de Trabalho 30% Quadro Próprio – QPM

70% Contratado – PSS

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Número de escolas que trabalho 20% - 1 escola

50% - 2 escolas

30% - 3 escolasHabilitação na disciplina 60% possuem habilitação

40% bacharéis e acadêmicos

Em relação a pergunta formação continuada e capacitação docente são sinônimos e suas definições foram consideradas as seguintes respostas:

“A capacitação denota tempo e espaço; formação continuada

tem conotação de continuidade, de reflexão-ação. Ocorre

independente do tempo”. Professor 1

“Defino formação continuada como possibilidade de estar

continuamente formando a aprendizagem e capacitação como

organização em tempo determinado”. Professor 2

“Formação continuada vai além da troca de experiências, é

uma extensão da sua formação inicial e leva a valorização

profissional e, capacitação melhora sua visão com relação a

prática e busca novidades para o dia-a-dia, troca de

experiências”. Professor 3

“Formação continuada promove atualização constante e

capacitação abrange um coletivo a partir de um tema não

dominante”. Professor 5

Diante das mudanças que ocorrem na sociedade contemporânea faz-se

necessário que o professor esteja em constante formação e PORTO salienta que a

formação continuada de professores e as práticas pedagógicas não podem ser

pensadas de forma desarticulada, pois:

[...] a formação continuada é importante condição de mudança das práticas pedagógicas, entendida a primeira, fundamentalmente, como processo crescente de autonomia do professor e da unidade escolar, e segunda, como processo de pensar-fazer dos agentes educativos e em particular dos professores, com o propósito de concretizar o objetivo educativo da escola (PORTO, 2000, p. 15).

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Quando indagados sobre o que eles esperam dos encontros bimestrais os professores responderam:

“Espero mais troca de ideias, como experiências em sala de

aula que deram certo ”. Professor 4

“Relato de experiências que vierem a contribuir para uma

prática pedagógica mais eficiente. Relatos de frustrações para

que haja retomada de conceitos”. Professor 5

“Proporcionar aos profissionais da educação por meio de

diversas atividades a aquisição e construção crítica de

conhecimentos e valores, contribuindo assim para que se

tornem competentes e qualificados como pessoa”. Professor 6

As respostas apresentadas pelos professores variaram, indicando níveis de

compreensão e experiência pedagógica diferenciadas. Diante do que foi posto é

necessário pensar uma nova organização que vise romper com a separação entre

concepção e execução, entre pensar e fazer, entre teoria e prática.

Nessa perspectiva, a educação permanente passa a ser um lugar de

aprendizado, discussão, troca e construção de novos saberes. Nóvoa (1992),

analisa as condições históricas de desenvolvimento da profissão docente e, observa

que os saberes dos professores não têm sido considerados saberes legítimos e

aponta esse fator como uma das causas das dificuldades que os professores têm

para falar sobre a sua prática.

[...] A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexibilidade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir na pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência (NÓVOA, 1992, p. 25).

Na questão o que lhe agrada e desagrada nos encontros de formação continuada, responderam:

Agrada: discussão e reflexão da realidade; interação; organização e distribuição de

tarefas; momento em que o coletivo se reúne para discutir e aprimorar.

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Desagrada: profissionais que não valorizam seus espaços de estudo; falta de

planejamento e má vontade do grupo; falta de respeito e seriedade com seus

colegas; falta de comprometimento de alguns professores.

Nesse item é perceptível a necessidade de reunião do coletivo para estudo e

reflexões e, que a escola precisa mudar, não podendo permanecer da forma em que

se apresenta, tanto no aspecto estrutural/organizacional quanto na maneira de lidar

com o conhecimento. O desenvolvimento organizacional, onde as inovações não

ocorrem sem que ocorram transformações na organização escolar:

[...] a formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada. Estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projectos própios, com vistas à construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional (NÓVOA, 1991, p. 25).

Sobre a pergunta o que deveria ser trabalhado nos encontros, teoria ou prática, responderam:

“Ambas: não podem estar dissociadas, nem sobrepostas.

Teoria é importante para direcionar a prática e a prática para

transformar a teoria”. Professor 1

“Teoria e prática são indissociáveis”. Professor 2

“Um pouco de cada: a demonstração da prática motiva a

pesquisa que leva a aprendizagem”. Professor 3

“As duas: pois a teoria ilumina a prática e a prática pode

transformar a teoria”. Professor 3

Teoria ou prática sempre foi tema de discussão no meio acadêmico, ou seja,

não existe prática sem o embasamento teórico sobre determinado assunto. Segundo

Libâneo:

[...] A reflexão sobre a prática não resolve tudo, a experiência refletida não resolve tudo. São necessárias estratégias, procedimentos, modo de fazer, além de uma sólida cultura geral, que ajudem a melhor realizar o trabalho e melhorar a capacidade reflexiva sobre o que e como mudar (LIBÂNEO, 2005, p. 76).

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No que se refere a questão que esses encontros de formação são necessários, todos foram unânimes em responder que sim e, apontam numa

direção única, que a formação continuada é imprescindível e necessária devido a

natureza da profissão docente.

Quando foram perguntados sobre se participariam dos encontros se fosse opcional, todos responderam que sim, por considerarem importante para aquisição

de novos conhecimentos e, por fazerem parte integrante do grupo.

Sobre a pergunta, quais modalidades de cursos de aperfeiçoamento você participou, sugiram as seguintes respostas: grupos de estudos, palestras, cursos e

seminários oferecidos pela mantenedora.

Na questão quais os motivos que levaram a participar dos cursos ofertados, responderam:

“Ampliar o conhecimento”. Professor 1

“Progressão na carreira”. Professor 3

“Melhorar a prática pedagógica”. Professor 5

Essas respostas mostram que o professor está interessado em adquirir

novos conhecimentos, seja por meio dos cursos ofertados pela mantenedora como

por meio de instituições de ensino superior. A formação dos profissionais de ensino

vem sendo motivo de discussão intensa, nos últimos anos em nosso país.

As discussões sobre a formação docente, entretanto, vêm sendo feitas, via

de regra, em torno de dois contextos: o dos cursos de formação e o da

atualização permanente. O primeiro, entendido no âmbito dos currículos

oferecidos pelos diferentes cursos; o segundo, entendido duplamente no

âmbito do aumento de escolaridade, por intermédio de outros cursos

(extensão, especialização, atualização, mestrado, doutorado) e/ou no

âmbito de políticas de atualização em serviço, por intermédio de ações

promovidas pelas diferentes secretarias de Educação (municipais e

estaduais) (ALVES, 2004, p. 8).

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Na questão abaixo estão as respostas sobre a diversidade de ações

formativas e a representatividade de cada uma na formação do professor (notas de

1 a 5):

TABELA 2: Ações Formativas

AÇÕES NOTAS1 2 3 4 5

Palestras XReuniões Pedagógicas XCursos XTroca de experiências XPós-graduação XLeituras XPesquisas XPráticas em sala de aula XVídeo conferência XTVs Educativas X

Pode-se observar que alguns fatores apareceram de forma mais significativa

como: cursos, reuniões pedagógicas, pós-graduação, práticas em sala de aula e,

são considerados importantes meios de atualização e troca de experiências

possibilitando a ampliação do universo cultural dos professores envolvidos.

Na questão quais fatores impedem a busca por uma melhor formação as

respostas dos professores foram:

“Disponibilidade de tempo” Professor 2

“Correria do dia-a-dia, diversas atividades a realizar” Professor

3

“Carga horária semana” Professor 4

“Distância entre as escolas” Professor 5

“Tempo e custo” Professor 6

Observa-se pelas respostas que os professores sentem dificuldades para

manter-se constantemente atualizados. Dentre os motivos destaca-se a baixa

remuneração dos professores que acaba obrigando muitos deles a assumirem uma

jornada dupla ou tripla, o que traz consequências para a qualidade do ensino; o

pouco tempo ou a falta de investimento na formação continuada, o que por

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consequência causa a desatualização; a dificuldade para o planejamento das aulas;

desgaste físico e mental, entre outros.

Para Libâneo, a “maior qualidade do ensino requer investimento prioritário na

profissionalização dos professores, implicando formação pré-serviço, a formação

continuada no trabalho, salários dignos e plano de carreira” (LIBÂNEO, 2007, p.

202).

Na questão sobre os projetos de formação continuada promovidos pela mantenedora estão contribuindo para a formação profissional e melhoria da prática pedagógica, a maioria dos professores considera que sim, pois são

momentos e espaços que proporcionam o desenvolvimento no processo

educacional, no entanto, necessita repensar os conteúdos, com mais autonomia

para que a escola possa se organizar com seus assuntos específicos em sua

prática diária.

Assim:

Além de uma formação inicial consistente, é preciso proporcionar aos professores oportunidades de formação continuada: promover seu desenvolvimento profissional é também intervir em suas reais condições de trabalho (BRASIL, 2002, p. 26).

Em seguida a tabela mostra as dificuldades apontadas pelos professores na

sala de aula, apontadas em ordem crescente e ficou evidente que a maior

dificuldade foi trabalhar com classes numerosas. Outra dificuldade encontrada é a

escolha da metodologia, usar recursos audiovisuais e manter-se atualizado.

TABELA 3: Dificuldades dos professores

1º Trabalhar com classes numerosas

2º Motivar os alunos

3º Escolha de metodologia

4º Dominar o conteúdo

5º Usar recursos audiovisuais

6º Manter-se atualizado

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7º Manter a disciplina em sala

8º Fazer as avaliações

9º Falta de interesse e participação dos pais

10º Outros

Finalmente a última questão relacionada ao tema de maior importância para melhorar sua prática pedagógica, notas de 1 a 10:

1º - Formação continuada

2º - Dominar o conteúdo da disciplina

3º - Interdisciplinaridade

4º - Avaliação

5º - Importância da leitura e escrita

6º - Desafios educacionais

7º - Uso de mídias

8º - Afetividade

9º - Linhas Pedagógicas

10º - Outros

No que diz respeito a formação continuada todos os professores pontuaram

a extrema necessidade de passarem por cursos/capacitações periódicas capazes de

oferecer uma atualização constante dos conteúdos e metodologias; destacaram que

a formação continuada introduz conhecimentos novos imprescindíveis para ampliar

o universo do professor.

Como destaca Silva:

[...] Defendemos uma proposta de que a formação continuada deve se dar com base na realidade da própria escola, em suas reais necessidades e seu projeto pedagógico. Não se pode pensar a perspectiva de uma nova escola sem colocar como meta primordial a formação continuada. Para tanto é necessário que a escola se constitua num espaço de crescimento do

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professor como destaca Nóvoa: “Não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequada formação de professores” (SILVA, 2002, p. 15).

Deste modo a formação continuada deve acontecer com uma organização

interna sólida e de forma contínua, priorizando a articulação das funções de ensino e

de aprendizagem.

O TRABALHO COM O GRUPO DE TRABALHO EM REDE - GTR

Concomitante a implementação do projeto na escola ocorreu o

desenvolvimento do Grupo de Trabalho em Rede– GTR, onde a participação do

grupo de professores que atuavam em diversas escolas públicas do Paraná trouxe

muita contribuição para o estudo.

O Grupo de Trabalho em Rede é uma oportunidade de capacitação que

possibilita a interação entre pessoas de lugares distintos e, por não estar atrelado ao

horário para participar, o professor tem autonomia para realizar as atividades em

casa, o que é um diferencial muito importante, devido a disponibilidade de tempo do

professor.

Junto aos professores participantes do GTR foram realizados três temáticas

para discussão do grupo: projeto, produção didático pedagógica sobre trabalho

coletivo e implementação do projeto. Durante um mês e meio as temáticas foram

apresentadas ao grupo envolvido permeando as discussões sobre a importância da

formação continuada para a atuação dos professores, o resultado foi muito bom, a

participação de todos foi muito efetiva, de forma bastante consistente e, o

crescimento profissional ficou assegurado.

O momento de trocas de experiências com os professores da rede estadual

no GTR contribuiu significativamente para a relação teoria/prática. Foi uma

experiência diferente, inovadora, pois, possibilitou a leitura dos relatos dos

professores de regiões e disciplinas de concurso diferentes, constatando que os

problemas e conflitos enfrentados na escola são os mesmos.

Analisando o GTR têm-se a oportunidade de conhecer esta comunidade,

entender as principais características dos profissionais da educação, quais são seus

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valores, qual o papel dos diferentes participantes, fazer uma associação das

características específicas, para entender o contexto amplo e como se relacionam.

No ambiente virtual os professores buscam complementar sua formação nos

espaços da grande rede dos grupos de estudos. Neste espaço a troca de

informações, questionamentos e discussões ficam enriquecidas com a diversidade

compostas pelos diferentes espaços de atuação dos professores participantes do

Grupo de Trabalho em Rede. Cada professor buscou junto aos seus colegas

relacionar as atividades e discussões na realidade de sua escola de atuação.

Nas falas dos professores participantes do GTR pode-se perceber que

fizeram análise, refletiram sobre a importância da formação continuada na

construção do educador, como mecanismo de fortalecer a prática pedagógica. A

participação de todos foi muito efetiva e, o crescimento profissional ficou

assegurado, bem como o interesse pela formação continuada.

As expectativas e o interesse do grupo de professores garantiram o sucesso

do GTR, e com isso criando subsídios para que o trabalho coletivo se efetive e a

escola melhore cada vez mais.

As experiências vivenciadas no GTR, propiciaram uma linha de entendimento

dos dilemas intelectuais, pois no cotidiano escolar assume-se funções burocráticas,

respondendo pela efetivação das políticas públicas da educação, entendida como

base de cidadania e instrumento de desenvolvimento de pessoas, cujas ideias

circulam por diferentes áreas do conhecimento, coerentes com valores humanos,

resgate do profissional, pois, como apontava Freire “[...] o diálogo é este encontro

dos homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando,

portanto, na relação eu-tu” (FREIRE, 2005, p. 91).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se verificar por meio do desenvolvimento do projeto que é possível a

efetivação da proposta de formação continuada em serviço na escola, sendo

necessário, acima de tudo o querer coletivo, o comprometimento com a educação, a

valorização das necessidades dos professores e da comunidade escolar como um

todo.

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A formação é fundamental para que as mudanças se efetivem na prática do

professor e na escola como um todo, tornando a escola um espaço de produção de

conhecimentos e consolidação da democracia.

Defender a escola como espaço privilegiado de formação contínua não

significa desconsiderar a formação inicial, outras instâncias de formação por meio

das IES, instituições culturais e científicas, e cursos oferecidos pela mantenedora

(sistema de ensino).

Os professores não precisam ser convencidos a implantar mudanças, mas

sim, estimulados a pensar sistematicamente sobre sua prática, necessidades e

possibilidades de estruturá-la de modo diferente. A formação continuada é um

processo de formação vivenciada pelos profissionais da educação concomitante ao

exercício de seu trabalho pedagógico.

A formação continuada passa a ser concebida como processo formativo, a

desenvolver-se com os professores na própria escola, e visa trabalhar com as

questões problemáticas com que eles defrontam no cotidiano, tornando a prática

pedagógica o núcleo do trabalho a ser desenvolvido no programa de formação.

Percebe-se que a formação continuada acontece num ritmo inconstante e

descontínuo e muitas vezes não atende as reais necessidades da instituição por ser

realizada para grupos grandes de diferentes escolas.

É preciso ver a formação em serviço como condição importante para que as

mudanças nas ações dos profissionais da educação se efetivem, mas para que isto

aconteça é fundamental que a organização da escola favoreça o trabalho coletivo e

articulado no princípio da gestão democrática visando ações que assegurem a

melhoria da educação ofertada pela escola.

Não se trata de criar novos momentos mas de valorizar os momentos que já

foram conquistados; de conscientização dos professores quanto a importância da

sua participação para que as mudanças se efetivem, não basta criticar, tem que

participar, é dialogando, discutindo os prós e contras, refletindo as contradições da

ação sobre a ação, que se (re) elabora outra ação buscando a melhoria, mas, para

que a transformação aconteça cada um tem que fazer a sua parte, não sendo

omisso.

Conclui-se que o caminho é lutar por uma organização escolar, que torne a

escola como instrumento de formação contínua dos professores que nela atuam, a

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partir da construção e democratização do saber, o que segundo Pimenta não

consiste:

[...] conceber previamente um tipo de organização ideal, mas de garimpar no já existente os elementos que, fortalecidos, apontar novas práticas, o que requer pesquisas, análises, observações e experimentações, conduzidas a partir da finalidade de colocar a escola como instância socializadora do saber [...] (PIMENTA, 1995, p. 23).

As tentativas de mudança reforçam a ideia de que há espaço para uma ação

gestora na perspectiva de uma escola democrática, na discussão junto a toda

comunidade escolar, numa vivência construída, conquistada em todas as instâncias

escolares. Portanto, “[...] caminhar juntos é, para o educador, a forma de crescer e

cumprir sua tarefa, de concretizar seu papel de militante como intelectual orgânico

com a função diretiva e organizada, isto é, educativa, intelectual.” (GRAMSCI, apud

RODRIGUES, 1997).

É preciso acreditar que mudanças acontecem, pois como diz Edgar Morin:

Na história, temos visto com frequencia, infelizmente, que o possível se torna impossível e podemos pressentir que as mais ricas possibilidades humanas permanecem ainda impossíveis de se realizar. Mas vimos também que o inesperado torna-se possível e se realiza; vimos com frequencia que improvável se realiza mais do que provável; saibamos, então, esperar o inesperado e trabalhar pelo improvável (MORIN, 2001, p. 92).

Acreditando que a formação continuada desenvolvida no espaço escolar é

possível, iniciar-se-á um movimento para sua efetivação e ela será o que os

educadores que nela atuam quiserem que ela seja, ou seja, a qualidade depende

dos envolvidos. Sem dúvida é preciso lutar para que este sonho (utopia) se realize,

não há caminho a ser indicado, o caminho se faz ao andar, cada escola constrói seu

caminho, no seu espaço e tempo, de acordo com sua realidade. As mudanças não

acontecem de uma para outra, é necessário tempos e esforços (lutas/movimentos)

e, é com essas lutas que se fazem as mudanças, mudanças essas que vão se

acumulando e fazendo história. Portanto, é sonhando, protestando, imaginando,

criando e agindo que se constrói uma escola diferente.

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“Reunir-se é um começo, permanecer juntos é um progresso e trabalhar juntos é sucesso”.

Henry Ford

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