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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

OS DESAFIOS DO EDUCADOR NA COMPREENSÃO E

ENFRENTAMENTO DAS PRÁTICAS DE VIOLÊNCIA MORAL ENTRE

JOVENS ESCOLARES

CONCEIÇÃO JOSÉ DE SANT’ANA

CAMPO MOURÃO

2011

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E

LETRAS DE CAMPO MOURÃO – FECILCAM PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

OS DESAFIOS DO EDUCADOR NA COMPREENSÃO E

ENFRENTAMENTO DAS PRÁTICAS DE VIOLÊNCIA MORAL ENTRE

JOVENS ESCOLARES

Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE sob a orientação da Professora Doutora Cristina Satiê de Oliveira Pátaro, do Departamento de Pedagogia da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão – FECILCAM.

CAMPO MOURÃO

2011

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SUMÁRIO

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ............................................................................... 3

2 TEMA .................................................................................................................... 3

3 TÍTULO.................................................................................................................. 3

4 JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO ............................................................. 3

5 PROBLEMATIZAÇÃO ........................................................................................... 5

6 OBJETIVOS .......................................................................................................... 5

6.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 5

6.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 6

7 REVISÃO BIBLIOGRAFICA .................................................................................. 6

7.1 Considerações sobre a violência ........................................................................ 6

7.2 Violência e formação moral ................................................................................ 7

7.3 Jovem, escola e a importância da atuação do educador ................................. 10

8 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO ................................................................................... 11

9 CRONOGRAMA DE AÇÕES ............................................................................... 13

10 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 14

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PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

PROFESSOR PDE: Conceição José de Sant’na

ÁREA PDE: Pedagogia

NRE: Campo Mourão

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Prof. Darcy José Costa - EFM

PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Equipe Pedagógica e Professores do

Ensino Médio (1° ano A) da Instituição de Ensino citada.

PROFESSOR ORIENTADOR IES: Cristina Satiê de Oliveira Pátaro

IES VINCULADA: Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão –

FECILCAM

2 TEMA DE ESTUDO

A atuação do pedagogo e a violência moral na escola.

3 TÍTULO

Os desafios do educador na compreensão e enfrentamento das práticas de

violência moral entre jovens escolares.

4 JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO

A demanda pedagógica das escolas no atual contexto social, tendo em vista

os princípios vinculados à Cidadania e aos Direitos Humanos, tornou-se um desafio

contemporâneo. Identificamos as diferentes formas de violência que se apresentam

nas relações entre os sujeitos que interagem no espaço escolar, provocando

sentimentos, às vezes conflitantes, entre medo e insegurança e posturas que

justificam tais atitudes agressivas como formas ou meios da busca da auto-

afirmação juvenil.

As grandes transformações sociais que interferem no comportamento juvenil

da sociedade contemporânea têm se mostrado cada vez mais evidentes no espaço

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escolar, afetando diretamente a ação pedagógica e as relações entre educandos e

entre educandos e educadores.

São muitas as variáveis que se manifestam interferindo diretamente na ação

docente e trazendo conseqüências significativas ao que deveria ser o foco principal

da escola: o processo de ensino e aprendizagem. Nesse trabalho, optamos por

colocar em foco a questão da violência moral presente nas relações entre os jovens

e entre os jovens e os educadores, buscando compreender suas manifestações,

implicações para o aproveitamento escolar e as possibilidades de trabalho diante

deste quadro, buscando recursos e meios didático-pedagógicos para redirecionar a

ação docente no sentido de reestabelecer entre os jovens sentimentos de amizade,

cortesia, respeito e convivência social.

Permeiam em muitos comentários da mídia, nos bastidores dos debates de

lideranças das políticas educacionais e também entre educadores, um conceito

generalizado, atribuindo a prática da violência escolar a indivíduos com pouca

empatia, oriundos de famílias desestruturadas e/ou portadores de distúrbios

psicossociais e/ou educativos, com pouco ou sem vínculos afetivos entre seus

membros, cujos pais ou responsáveis utilizam-se de artifícios agressivos na busca

de corrigir atitudes não desejadas, sendo permissivos ou indiferentes na educação

de limites e cumprimento de regras de convivência social, favorecendo o desvio de

caráter. A princípio, discordamos de que sejam tais problemas determinantes para

que um jovem venha a ser protagonista de práticas de violência na escola. Esse

conceito generalizado – de que todo jovem que não se enquadra nos padrões ditos

“normais” acaba por adotar atitudes violentas – induz a uma homogeneização na

visão que se tem dos jovens e, consequentemente, na postura docente,

padronizando comportamentos e ações defensivas e agressoras, estimulando

reações adversas.

Não estamos, com isso, negando a existência da violência. Pelo contrário, a

partir de nossa atuação no espaço escolar, e em especial na Escola Básica,

sabemos que ela é real, e está interferindo diretamente na aprendizagem, exigindo

atenção e cuidado por parte dos educadores. Nos últimos anos, é um fenômeno que

vem chamando a atenção, com a cumplicidade de grupos que se organizam

estabelecendo lideranças com princípios e normas próprias, estruturadas em função

de aniquilar e dominar outros que não se encaixam no perfil do grupo, ou por alguma

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razão não se enquadram em suas regras. Neste caso as maiores vítimas são os

“diferentes”, os que procuram agir por padrões e normas de condutas pautadas pelo

respeito ao direto individual e pelo bem comum. Percebemos, também, que a

violência não está apenas no contexto escolar, mas em diferentes âmbitos da

sociedade; é no interior da escola, no entanto, que sua prática é evidenciada e

reforçada por posturas e atitudes geralmente não conscientes de educadores e

educandos.

5 PROBLEMATIZAÇÃO

O que o jovem entende por violência? Como o jovem vê a escola, a

sociedade, a família? Quando e como o aluno se torna vítima e/ou protagonista da

violência? O que levam adolescentes e jovens a utilizar-se dos artifícios da violência

física e moral, impondo-se aos demais? O que os motiva a atitudes violentas? Quem

são os protagonistas da violência na escola?

Como a escola se organiza ou regulamenta as relações e ações docentes e

discentes? Quais as possíveis interferências ou movimentos positivos que podem vir

a favorecer um clima harmonioso entre os sujeitos envolvidos no processo de

educação escolar? Como o professor, através de sua docência, pode

descaracterizar, superar ou alimentar atitudes violentas?

Esses são alguns dos questionamentos que se colocam como pano de fundo

para o presente projeto.

6 OBJETIVOS

6.1 Objetivo Geral

Desenvolver atividades reflexivas junto a docentes e estudantes, que

permitam compreender o fenômeno da violência, em especial da violência moral,

descaracterizando os pré-conceitos construídos em torno de tal problemática por

meio da ação pedagógica, de mudança de posturas, e do estabelecimento de

relações de confiança e respeito – não por autoritarismo, mas pelo exercício da

autoridade de direito e respeito às diferenças.

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6.2 Objetivos Específicos

Em vista de nosso objetivo geral, nossa proposta de intervenção tem como

objetivos específicos:

a) Compreender o fenômeno da violência moral na escola, e como este se

manifesta e é percebido entre os jovens e os educadores;

b) Provocar o surgimento de ações pedagógicas visando a superação de pré-

conceitos construídos em torno da problemática da violência e dos jovens;

c) Construir uma postura compartilhada em relação à violência moral, com valores

pautados em uma ética de conduta em que permita perceber o outro como

sujeito de direitos, iguais, porém diferentes;

d) Estabelecer ações articuladas de prevenção à violência, criando mecanismos

internos que permitam a manifestação dos alunos sobre violências sofridas, ou

que tenham presenciado, sem se expor correndo riscos de sofrer sanções.

e) Contribuir através da organização curricular o desenvolvimento de atitudes de

cooperação e solidariedade;

f) Mobilizar a comunidade escolar a construir posturas comuns com limites e

normas bem definidos, estabelecendo parâmetros comuns, levando em conta as

diferenças individuais e as tensões, tendo em vista o ensino e as transformações

almejadas.

7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

7.1 Considerações sobre a violência

Ao tratar da disciplina escolar Vasconcellos, nos mostra que os conflitos de

relações no interior da escola são reflexos da crise atual de sentidos e de limites,

pelo qual passa a sociedade contemporânea, completando:

Há uma desorientação geral hoje na sociedade: quer se superar o velho, mas não se sabe bem como é o novo. Há crise da racionalidade, crise dos projetos sociais, das utopias, do sentido para viver, crise da autoridade em nível mundial, mudanças no sistema de valores. Constata-se que as agencias produtoras de sentido (partidos, igrejas, família, escolas, ciência) estão em crise (VASCONCELLOS, 1994, p. 25).

De acordo com Aquino (2002), é fato que a violência escolar vem se

intensificando nos últimos anos. Embora o autor afirme que, em alguns casos, a

mídia parece encarar com olhar sensacionalista alguns episódios ocorridos no

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interior da escola, não se pode negar que a prática da violência tem se feito presente

na sociedade como um todo; e a escola, como instituição social, não está alheia a

esta conjuntura.

Mas o que entendemos por violência? Esta é uma questão fundamental,

sobretudo quando nos remetemos à juventude. Isso porque diversos autores

apontam a visão negativa que tem sido associada aos jovens (DAYRELL, 2007;

ABRAMO, 2007), o que, em muitos casos, acaba por conduzir a um modelo

homogêneo de juventude que encara estes sujeitos como naturalmente rebeldes,

incompletos, incapazes, violentos. Diante disso, entendemos ser fundamental que a

escola e os educadores aproximem-se dos jovens reais, buscando romper com esta

visão homogênea e com estereótipos que, em última instância, podem trazer

consequências negativas ao processo de ensino e aprendizagem.

Ao colocarmos em foco a questão da violência, podemos verificar diferentes

campos de estudo que nos possibilitariam uma maior aproximação a este fenômeno.

Sabemos que a violência é um fenômeno multifacetado, e que poderia receber

diferentes enfoques, ainda que nosso olhar se voltasse apenas para o âmbito

escolar (PUPO, 2007; GUIMARÃES, 2005).

Nesse projeto, fazemos uso do termo “violência moral” para referenciar ações

como humilhação, ameaças, exclusão, xingamentos, dentre outros, que consistem

em pressões e efeitos de natureza psicológica presentes não apenas nas relações

entre os jovens na escola, mas também passiveis de serem identificados nas

próprias relações entre educandos e educadores (PUPO, 2007).

Diante de tais considerações, nosso projeto tem como um dos objetivos

verificar de que modo ocorrem as práticas de violência moral entre os jovens na

escola, e, mais do que isso, de que modo estes jovens compreendem, representam

e lidam com tal fenômeno. Entendemos que tal olhar se faz fundamental para o

desenvolvimento de ações pedagógicas efetivas no sentido de combater e superar

as atitudes de violência moral.

7.2 Violência e formação moral

A temática da violência nos remete a uma reflexão sociocultural de como

foram sendo construídas as relações sociais pela humanidade, sendo possível

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perceber que, desde os tempos mais remotos que o homem sempre buscou sua

auto-afirmação, sobrepondo-se a outros.

As características da violência podem ser de cunho psicológico, físico e/ou

moral, e se manifesta em diferentes contextos. Os mecanismos utilizados dependem

do cargo e/ou da representatividade social do autor que, entre outros objetivos,

visava à ampliação de territórios, riquezas, bem como o reconhecimento do poder

e/ou prestígio público. À medida que o ser humano amplia sua consciência de si

mesmo na relação com o grupo, percebe também a necessidade de regras e limites

para sua própria manutenção.

À medida que as regras de convivência vão se tornando mais claras e com

sentidos mais abrangentes, o direito à vida, a consciência do bem comum e a

dignidade da pessoa começam a assumir o centro da moral, da ética. No entanto, as

manifestações de violência, mesmo em meio às regras de convivência, continuam

presentes. De acordo com Tegami e Silva (1997), “[...] processo civilizador não baniu

a violência, apenas delimitou claramente sua esfera de ação e permitiu maior

autonomia dos indivíduos frente às regras de convivência social.” (TEGAMI; SILVA,

1997, p. 6).

Os autores ressaltam ainda ser fundamental e de suma importância

desenvolver ações socioeducativas de mediação dos conflitos em vista de

reestabelecer o diálogo e o respeito por si, pelo outro, pelo diferente, proporcionado,

em especial ao jovem, desafios e ações concretas em prol da vida e da paz.

Para os autores o processo de globalização e o desmantelamento do estado

pelas políticas neoliberais vêm se sobrepondo até mesmo sobre o valor da vida

humana. Nesse contexto, o prazer pessoal é colocado acima das necessidades de

outras pessoas, tornando os sujeitos cada vez mais individualistas, passando a ideia

de que o mais importante é a realização pessoal, independente do preço que outros

pagarão por isso.

Essas considerações nos levam a problematizar de que modo ocorre o

processo de desenvolvimento moral nos seres humanos, e quais seriam as

possibilidades de desenvolver, junto aos jovens, processos educativos que

fomentem os valores morais como justiça, solidariedade, igualdade, dentre outros.

Araújo e Aquino (2002) apontam possibilidades de trabalho voltados para a ética e a

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cidadania, compreedendo que a formação em valores pode auxiliar na superação de

ações de violência e injustiça.

Para La Taille (1992), o jovem, nos anos finais do Ensino Fundamental e

Médio, encontra-se na fase chamada por Piaget de maturação ou de evolução de

uma moral “heterônoma”, em que o sujeito depende da imposição de regras pelo

adulto, para uma moral “autônoma”, que indicaria a superação da necessidade de

normas impostas para uma estruturação pessoal de valores do que é certo e do

errado. Na moral autônoma, o jovem passa a ser capaz de colocar-se no lugar do

outro e de saber, a partir de sua própria consciência, quais as regras e os valores

morais a serem respeitados em cada situação.

A partir do final da adolescência, os jovens passam a questionar e a discutir

as regras que regem a vida em grupo, reelaborando e assumindo-as como de

utilidade social. Neste caso, os atos dos outros passam a ser julgados pela intenção,

sendo considerados piores aqueles atos que mais quebram os laços de confiança e

de solidariedade.

Na visão piagetiana, bem como dos que nele têm se inspirado, a educação

moral ou de valores jamais poderá se dar pela imposição de regras, mas pela

reflexão e construção coletiva dessas regras, com a ativa participação do jovem,

sendo importante não a interferência imposta, mas a ação mediadora do adulto,

cabendo, no caso da escola, a mediação do professor, a ação pedagógica

intencional. Dessa forma, quanto maior for o envolvimento do jovem na construção

das regras, mais eficaz será a reciprocidade e o respeito ao que fora estabelecido

como importante, passando a ser válido para si e para o outro. Para tanto, é

fundamental, portanto, que os jovens sejam ouvidos, compreendidos, e, no contexto

escolar, participem ativamente do processo pedagógico.

Ao referir-se à construção da personalidade moral, com base em autores da

psicologia, Pátaro ressalta que “[...] a personalidade moral pressupõe a formação da

consciência moral autônoma, que implica a capacidade de julgamento, de

compreensão e autorregulação diante das situações vivenciadas” (PÁTARO, 2011,

p.83). Comenta ainda que a construção da moral autônoma do sujeito “[...] é

constituída por ferramentas que auxiliam no processo de enfrentamento das

situações controversas” (idem, p. 84).

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Desta forma nos ajuda a perceber a importância do envolvimento do jovem, e

do quanto é fundamental levar em conta o que este percebe, como percebe e pensa

sobre sua realidade, valorizando seus sentimentos nessa construção das normas e

princípios, ajudando-o na busca de alternativas positivas e eficazes.

7.3 Jovem, escola e a importância da atuação do educador

As considerações expostas anteriormente nos impelem a pensar sobre a

importância de uma organização didático pedagógica que possa vir a contribuir para

a superação da violência escolar, dando suporte à ação docente com alternativas e

suportes metodológicos.

Araújo (1998; 1999) considera fundamental estabelecer critérios bem

definidos para que a escola possa ajudar os jovens a lidar com serenidade com as

diferenças, vendo como necessário romper com visões estatísticas ou mecanicistas

do ser humano em suas relações interpessoais e intrapessoais. O autor afirma que

as relações devem se dar de forma contínua e dialética, levando em conta as

diferentes dimensões do “sujeito psicológico” que interage na sua totalidade: nos

aspectos biológico, cognitivo, afetivo e sociocultural. Para Araújo, é necessário

considerar que o ser humano é um sistema, que estabelece inter-relações com

outros indivíduos e com os mundos interno e externo. Assim, o autor chama a

atenção para as relações professor-aluno, aluno-aluno e aluno-escola, que ocorrem

a partir da inter-relação entre as diferentes dimensões citadas, e que devem ser

consideradas no trabalho pedagógico.

Para Aquino (1996), em muitas circunstâncias da vida escolar, as atitudes de

violência expressada por alguns jovens pode representar uma forma de resistência

do aluno diante de posturas autoritárias de professores e/ou da escola, ou ainda, da

forma como são estruturadas as relações entre os diferentes seguimentos.

Vasconcellos (1994) traz interessante contribuição no que tange à realidade

da escola. Para o autor, a rebeldia ou o rebelar-se do aluno é constante, cabendo ao

professor assumir sua realidade de sala de aula, mediar os conflitos, antecipar-se

pedagogicamente. É necessário que o educador compreenda seu papel diante de

tais situações, e passe a encará-los, sem colocar a solução dos problemas em

outras pessoas. Assim, é necessário ao docente resgatar seu papel de autoridade

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educativa, legitimado socialmente, ressaltando que o exercício da autoridade

pedagógica do professor não é sinônimo de autoritarismo

Para Vasconcellos, a realidade de sala de aula é um espaço de confrontos

entre sujeitos/sujeitos e sujeitos com os saberes ali veiculados. A todo o momento,

diferentes tensões poderão surgir entre ternura e vigor, entre a diretividade do

professor e iniciativa do aluno, mas independente das situações em sala de aula, é

necessário um posicionamento do professor, uma convicção do seu papel enquanto

docente, diante de toda e qualquer situação de conflitos em sala de aula, atuando

como mediador do processo educativo.

Neste contexto, nos parece urgente uma intervenção pedagógica mediadora

para que a sala de aula resgate sua identidade referencial de ser um lugar em que

os saberes construídos historicamente contribuam para questionar o que está posto,

recriando as relações interpessoais e promovendo a maturidade ético-social,

proporcionando espaço para o diálogo, despertando sentimentos de tolerância e de

respeito entre as diferenças. Tais elementos colocam-se como fundamentais para

uma convivência de paz nos tempos em que a diversidade é realidade na sociedade

contemporânea.

É o professor sujeito primeiro na promoção da mediação, com o poder de

intervir, para que a sala de aula seja um lugar em que os saberes construídos

historicamente contribuam para questionar o que está posto, recriando as relações

interpessoais, promovendo a maturidade ético-social, o diálogo e o respeito entre as

diferenças.

8. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

O trabalho será realizado junto aos docentes e membros da equipe

pedagógica (orientação, coordenação, direção) que se dispuserem a participar,

vinculados a uma turma do 1° Ano “A” do Ensino Médio, do período matutino.

A intenção é constituir um espaço de estudo e discussão, para trocas de

experiências, planejamento e levantamento das problemáticas do colégio, em vista

dos objetivos gerais e específicos do trabalho aqui apresentado. Buscaremos

entender como são constituídas as relações entre os sujeitos envolvidos no

processo educativo do 1º Ano “A” - Ensino Médio do Colégio Estadual Professor

Darcy José Costa do município de Campo Mourão.

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Para tanto, o projeto de intervenção prevê o desenvolvimento de encontros

semanais com duração de 2 horas, num total de 30 horas, como curso de extensão,

junto aos docentes do colégio.

A seleção da turma a qual este projeto será vinculado se deu, em um primeiro

momento, motivado pelos constantes questionamentos entre os docentes e demais

membros da comunidade escolar sobre as dificuldades de interação dos jovens

entre si, os conflitos, bem como na aquisição do conhecimento.

As ações a serem desenvolvidas pelo projeto de intervenção visam

compreender como os sujeitos envolvidos no processo de ensino aprendizagem

percebem a violência moral, evidenciando-se seus sentimentos, medos,

expectativas. Será também dado ênfase à construção das relações dos sujeitos no

contexto social da sala de aula, buscando, coletivamente, possíveis alternativas

pedagógicas de mediação para o comprometimento do jovem com a construção e o

cumprimento das regras em vista de um ambiente de sala de aula cooperativo e

solidário.

Para o conhecimento do como os envolvidos compreendem a realidade

escolar, será realizado um levantamento de dados junto aos estudantes e

professores, com relação à temática pesquisada, a fim de identificarmos os

problemas e potencialidades do contexto educativo em que está vinculada a turma

do 1º ano “A”. Este levantamento será realizado por meio de questionários abertos, a

serem respondidos por todos os estudantes e docentes, sob consentimento.

Pretendemos desenvolver esse trabalho em oito etapas:

1ª Etapa: Apresentação dessa proposta ao grupo potencialmente envolvido com

os alunos do 1º Ano “A”, aplicação do questionário aos que aderirem a nossa

proposta.

2ª Etapa: a ser desenvolvida em dois momentos: 1º) sensibilização sobre a

importância de um diálogo construtivo sobre a temática da violência, propondo

um “Novo Olhar” sobre a realidade através de palestra. 2º) Leitura reflexiva sobre

o contexto da Violência na sociedade contemporânea.

3ª Etapa: O olhar do jovem sobre a violência. 1º momento leitura dos resultados

do questionário respondido no inicio do trabalho; em um segundo momento

propor um “Olhar” reflexivo sobre a realidade buscando entender as demandas

emergentes das relações e o potencial educativo deste contexto.

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4ª Etapa: Reflexão sobre os sentimentos e a formação de valores na fase da

juventude; o jovem nas relações interpessoais e a estruturação dos conceitos de

moral e ética.

5ª Etapa: Fundamentos Psicológicos e Metodológicos da Mediação Dialético

Pedagógica.

6ª Etapa: Organização Pedagógica e Disciplinar na perspectiva da Mediação

Dialético Pedagógica.

7ª Etapa: Ética, democracia e formação em valores no contexto da sala de aula e

o processo de ensino e aprendizagem. Educar para a autonomia e

responsabilidade.

8ª Etapa: Levantamento final de dados, a fim de analisar os impactos do projeto

junto aos docentes, equipe pedagógica e estudantes.

A avaliação será desenvolvida durante todo o processo por registros dos

dados e relatórios das mudanças, tendo como parâmetros os dados iniciais.

9. CRONOGRAMA DE AÇÕES

Acreditamos que com cumprimento das ações propostas no cronograma

abaixo, poderemos obter resultados significativos para a professora pedagoga na

efetivação do Projeto de Intervenção na Escola Pública e consequentimente

possibilitando melhorias na práxis do professor, resultando em melhorias do ensino

aprendizagem, atingindo de forma positiva nosso alvo principal desse processo: o

aluno da Escola Pública.

J F M A M J J A S O N D

Apresentação da proposta do projeto à escola (Etapa 1)

X X

Levantamento e tabulação de dados junto aos docentes e estudantes (Etapa 1)

X X X

Elaboração de material didático para trabalho com os docentes

X X X

Grupo de estudos junto aos docentes e equipe pedagógica da escola (Etapas 2 a 7)

X X X X

Levantamento de dados finais, a fim de coletar informações sobre os impactos do projeto (Etapa 8)

X X

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10 REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA

AQUINO, Julio Groppa. Confrontos na Sala de Aula. São Paulo: Summus Editora, 1996, SP. ______.Diálogo com Educadores – O Cotidiano Escolar Interrogado. São Paulo: Moderna, 2002, SP. ARAUJO, Ulisses F. e AQUINO, Júlio Groppa. Os Direitos Humanos na Sala de Aula. São Paulo: Editora Moderna Ltda., 2002. SP. ARAÚJO, U.F. O déficit Cognitivo e a Realidade Brasileira. In: AQUINO, Julio Groppa. Diferenças e Preconceitos na Escola, Alternativas Teóricas e Práticas. São Paulo: Summus Editorial, 1998. ______. Respeito e autoridade na escola. In: AQUINO, J.G. Autoridade e Autonomia na Escola: Alternativas Teóricas e práticas. São Paulo, Summus, 1999. ALVES. Luiz Alberto Souza. Cultura Religiosa. Curitiba, 2009. ARNONI, M. E. B.; ALMEIDA, J. L. V. & OLIVEIRA, E. M. Mediação Dialética na Educação Escolar: teoria e prática. São Paulo: Edições Loyola, 2007. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Ética e Cidadania, Construindo Valores na Escola e na Sociedade. Brasília: 2007, DF. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Constituição República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. DF CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Campanha da Fraternidade 2009. Brasília: Edições CNBB. 2008. DF. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, Saberes Necessários à Prática Educativa. Rio de Janeiro: 20ª Edição, Paz e Terra, 2001. RJ ______.Pedagogia da indignação. São Paulo: Unesp Editora. 2000. GUIMARÃES, Áurea M. A Dinâmica da Violência Escolar, Conflitos e Ambigüidades. Campinas: Autores Associados, 2005. LA TAÍLLE, Yves de, 1951 – Piaget, Vigotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão / Yves de La Taílle, Marta Kohl de Oliveira, Heloysa Dantas. São Paulo: Summus, 1992. RIBEIRO, Maria Luisa Santos. Educação Escolar, que Prática é Essa? Polemicas de Nosso Tempo. Campinas: Ed. Autores Associados, 2001. SANTOS, Ruy Cezar do Espírito Santo. Pedagogia da Transgressão. Campinas: Papirus, 1996.

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