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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
OS DESAFIOS DO EDUCADOR NA COMPREENSÃO E
ENFRENTAMENTO DAS PRÁTICAS DE VIOLÊNCIA MORAL ENTRE
JOVENS ESCOLARES
CONCEIÇÃO JOSÉ DE SANT’ANA
CAMPO MOURÃO
2011
1
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E
LETRAS DE CAMPO MOURÃO – FECILCAM PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
OS DESAFIOS DO EDUCADOR NA COMPREENSÃO E
ENFRENTAMENTO DAS PRÁTICAS DE VIOLÊNCIA MORAL ENTRE
JOVENS ESCOLARES
Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE sob a orientação da Professora Doutora Cristina Satiê de Oliveira Pátaro, do Departamento de Pedagogia da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão – FECILCAM.
CAMPO MOURÃO
2011
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SUMÁRIO
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ............................................................................... 3
2 TEMA .................................................................................................................... 3
3 TÍTULO.................................................................................................................. 3
4 JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO ............................................................. 3
5 PROBLEMATIZAÇÃO ........................................................................................... 5
6 OBJETIVOS .......................................................................................................... 5
6.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 5
6.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 6
7 REVISÃO BIBLIOGRAFICA .................................................................................. 6
7.1 Considerações sobre a violência ........................................................................ 6
7.2 Violência e formação moral ................................................................................ 7
7.3 Jovem, escola e a importância da atuação do educador ................................. 10
8 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO ................................................................................... 11
9 CRONOGRAMA DE AÇÕES ............................................................................... 13
10 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 14
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PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
PROFESSOR PDE: Conceição José de Sant’na
ÁREA PDE: Pedagogia
NRE: Campo Mourão
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Prof. Darcy José Costa - EFM
PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Equipe Pedagógica e Professores do
Ensino Médio (1° ano A) da Instituição de Ensino citada.
PROFESSOR ORIENTADOR IES: Cristina Satiê de Oliveira Pátaro
IES VINCULADA: Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão –
FECILCAM
2 TEMA DE ESTUDO
A atuação do pedagogo e a violência moral na escola.
3 TÍTULO
Os desafios do educador na compreensão e enfrentamento das práticas de
violência moral entre jovens escolares.
4 JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO
A demanda pedagógica das escolas no atual contexto social, tendo em vista
os princípios vinculados à Cidadania e aos Direitos Humanos, tornou-se um desafio
contemporâneo. Identificamos as diferentes formas de violência que se apresentam
nas relações entre os sujeitos que interagem no espaço escolar, provocando
sentimentos, às vezes conflitantes, entre medo e insegurança e posturas que
justificam tais atitudes agressivas como formas ou meios da busca da auto-
afirmação juvenil.
As grandes transformações sociais que interferem no comportamento juvenil
da sociedade contemporânea têm se mostrado cada vez mais evidentes no espaço
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escolar, afetando diretamente a ação pedagógica e as relações entre educandos e
entre educandos e educadores.
São muitas as variáveis que se manifestam interferindo diretamente na ação
docente e trazendo conseqüências significativas ao que deveria ser o foco principal
da escola: o processo de ensino e aprendizagem. Nesse trabalho, optamos por
colocar em foco a questão da violência moral presente nas relações entre os jovens
e entre os jovens e os educadores, buscando compreender suas manifestações,
implicações para o aproveitamento escolar e as possibilidades de trabalho diante
deste quadro, buscando recursos e meios didático-pedagógicos para redirecionar a
ação docente no sentido de reestabelecer entre os jovens sentimentos de amizade,
cortesia, respeito e convivência social.
Permeiam em muitos comentários da mídia, nos bastidores dos debates de
lideranças das políticas educacionais e também entre educadores, um conceito
generalizado, atribuindo a prática da violência escolar a indivíduos com pouca
empatia, oriundos de famílias desestruturadas e/ou portadores de distúrbios
psicossociais e/ou educativos, com pouco ou sem vínculos afetivos entre seus
membros, cujos pais ou responsáveis utilizam-se de artifícios agressivos na busca
de corrigir atitudes não desejadas, sendo permissivos ou indiferentes na educação
de limites e cumprimento de regras de convivência social, favorecendo o desvio de
caráter. A princípio, discordamos de que sejam tais problemas determinantes para
que um jovem venha a ser protagonista de práticas de violência na escola. Esse
conceito generalizado – de que todo jovem que não se enquadra nos padrões ditos
“normais” acaba por adotar atitudes violentas – induz a uma homogeneização na
visão que se tem dos jovens e, consequentemente, na postura docente,
padronizando comportamentos e ações defensivas e agressoras, estimulando
reações adversas.
Não estamos, com isso, negando a existência da violência. Pelo contrário, a
partir de nossa atuação no espaço escolar, e em especial na Escola Básica,
sabemos que ela é real, e está interferindo diretamente na aprendizagem, exigindo
atenção e cuidado por parte dos educadores. Nos últimos anos, é um fenômeno que
vem chamando a atenção, com a cumplicidade de grupos que se organizam
estabelecendo lideranças com princípios e normas próprias, estruturadas em função
de aniquilar e dominar outros que não se encaixam no perfil do grupo, ou por alguma
5
razão não se enquadram em suas regras. Neste caso as maiores vítimas são os
“diferentes”, os que procuram agir por padrões e normas de condutas pautadas pelo
respeito ao direto individual e pelo bem comum. Percebemos, também, que a
violência não está apenas no contexto escolar, mas em diferentes âmbitos da
sociedade; é no interior da escola, no entanto, que sua prática é evidenciada e
reforçada por posturas e atitudes geralmente não conscientes de educadores e
educandos.
5 PROBLEMATIZAÇÃO
O que o jovem entende por violência? Como o jovem vê a escola, a
sociedade, a família? Quando e como o aluno se torna vítima e/ou protagonista da
violência? O que levam adolescentes e jovens a utilizar-se dos artifícios da violência
física e moral, impondo-se aos demais? O que os motiva a atitudes violentas? Quem
são os protagonistas da violência na escola?
Como a escola se organiza ou regulamenta as relações e ações docentes e
discentes? Quais as possíveis interferências ou movimentos positivos que podem vir
a favorecer um clima harmonioso entre os sujeitos envolvidos no processo de
educação escolar? Como o professor, através de sua docência, pode
descaracterizar, superar ou alimentar atitudes violentas?
Esses são alguns dos questionamentos que se colocam como pano de fundo
para o presente projeto.
6 OBJETIVOS
6.1 Objetivo Geral
Desenvolver atividades reflexivas junto a docentes e estudantes, que
permitam compreender o fenômeno da violência, em especial da violência moral,
descaracterizando os pré-conceitos construídos em torno de tal problemática por
meio da ação pedagógica, de mudança de posturas, e do estabelecimento de
relações de confiança e respeito – não por autoritarismo, mas pelo exercício da
autoridade de direito e respeito às diferenças.
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6.2 Objetivos Específicos
Em vista de nosso objetivo geral, nossa proposta de intervenção tem como
objetivos específicos:
a) Compreender o fenômeno da violência moral na escola, e como este se
manifesta e é percebido entre os jovens e os educadores;
b) Provocar o surgimento de ações pedagógicas visando a superação de pré-
conceitos construídos em torno da problemática da violência e dos jovens;
c) Construir uma postura compartilhada em relação à violência moral, com valores
pautados em uma ética de conduta em que permita perceber o outro como
sujeito de direitos, iguais, porém diferentes;
d) Estabelecer ações articuladas de prevenção à violência, criando mecanismos
internos que permitam a manifestação dos alunos sobre violências sofridas, ou
que tenham presenciado, sem se expor correndo riscos de sofrer sanções.
e) Contribuir através da organização curricular o desenvolvimento de atitudes de
cooperação e solidariedade;
f) Mobilizar a comunidade escolar a construir posturas comuns com limites e
normas bem definidos, estabelecendo parâmetros comuns, levando em conta as
diferenças individuais e as tensões, tendo em vista o ensino e as transformações
almejadas.
7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
7.1 Considerações sobre a violência
Ao tratar da disciplina escolar Vasconcellos, nos mostra que os conflitos de
relações no interior da escola são reflexos da crise atual de sentidos e de limites,
pelo qual passa a sociedade contemporânea, completando:
Há uma desorientação geral hoje na sociedade: quer se superar o velho, mas não se sabe bem como é o novo. Há crise da racionalidade, crise dos projetos sociais, das utopias, do sentido para viver, crise da autoridade em nível mundial, mudanças no sistema de valores. Constata-se que as agencias produtoras de sentido (partidos, igrejas, família, escolas, ciência) estão em crise (VASCONCELLOS, 1994, p. 25).
De acordo com Aquino (2002), é fato que a violência escolar vem se
intensificando nos últimos anos. Embora o autor afirme que, em alguns casos, a
mídia parece encarar com olhar sensacionalista alguns episódios ocorridos no
7
interior da escola, não se pode negar que a prática da violência tem se feito presente
na sociedade como um todo; e a escola, como instituição social, não está alheia a
esta conjuntura.
Mas o que entendemos por violência? Esta é uma questão fundamental,
sobretudo quando nos remetemos à juventude. Isso porque diversos autores
apontam a visão negativa que tem sido associada aos jovens (DAYRELL, 2007;
ABRAMO, 2007), o que, em muitos casos, acaba por conduzir a um modelo
homogêneo de juventude que encara estes sujeitos como naturalmente rebeldes,
incompletos, incapazes, violentos. Diante disso, entendemos ser fundamental que a
escola e os educadores aproximem-se dos jovens reais, buscando romper com esta
visão homogênea e com estereótipos que, em última instância, podem trazer
consequências negativas ao processo de ensino e aprendizagem.
Ao colocarmos em foco a questão da violência, podemos verificar diferentes
campos de estudo que nos possibilitariam uma maior aproximação a este fenômeno.
Sabemos que a violência é um fenômeno multifacetado, e que poderia receber
diferentes enfoques, ainda que nosso olhar se voltasse apenas para o âmbito
escolar (PUPO, 2007; GUIMARÃES, 2005).
Nesse projeto, fazemos uso do termo “violência moral” para referenciar ações
como humilhação, ameaças, exclusão, xingamentos, dentre outros, que consistem
em pressões e efeitos de natureza psicológica presentes não apenas nas relações
entre os jovens na escola, mas também passiveis de serem identificados nas
próprias relações entre educandos e educadores (PUPO, 2007).
Diante de tais considerações, nosso projeto tem como um dos objetivos
verificar de que modo ocorrem as práticas de violência moral entre os jovens na
escola, e, mais do que isso, de que modo estes jovens compreendem, representam
e lidam com tal fenômeno. Entendemos que tal olhar se faz fundamental para o
desenvolvimento de ações pedagógicas efetivas no sentido de combater e superar
as atitudes de violência moral.
7.2 Violência e formação moral
A temática da violência nos remete a uma reflexão sociocultural de como
foram sendo construídas as relações sociais pela humanidade, sendo possível
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perceber que, desde os tempos mais remotos que o homem sempre buscou sua
auto-afirmação, sobrepondo-se a outros.
As características da violência podem ser de cunho psicológico, físico e/ou
moral, e se manifesta em diferentes contextos. Os mecanismos utilizados dependem
do cargo e/ou da representatividade social do autor que, entre outros objetivos,
visava à ampliação de territórios, riquezas, bem como o reconhecimento do poder
e/ou prestígio público. À medida que o ser humano amplia sua consciência de si
mesmo na relação com o grupo, percebe também a necessidade de regras e limites
para sua própria manutenção.
À medida que as regras de convivência vão se tornando mais claras e com
sentidos mais abrangentes, o direito à vida, a consciência do bem comum e a
dignidade da pessoa começam a assumir o centro da moral, da ética. No entanto, as
manifestações de violência, mesmo em meio às regras de convivência, continuam
presentes. De acordo com Tegami e Silva (1997), “[...] processo civilizador não baniu
a violência, apenas delimitou claramente sua esfera de ação e permitiu maior
autonomia dos indivíduos frente às regras de convivência social.” (TEGAMI; SILVA,
1997, p. 6).
Os autores ressaltam ainda ser fundamental e de suma importância
desenvolver ações socioeducativas de mediação dos conflitos em vista de
reestabelecer o diálogo e o respeito por si, pelo outro, pelo diferente, proporcionado,
em especial ao jovem, desafios e ações concretas em prol da vida e da paz.
Para os autores o processo de globalização e o desmantelamento do estado
pelas políticas neoliberais vêm se sobrepondo até mesmo sobre o valor da vida
humana. Nesse contexto, o prazer pessoal é colocado acima das necessidades de
outras pessoas, tornando os sujeitos cada vez mais individualistas, passando a ideia
de que o mais importante é a realização pessoal, independente do preço que outros
pagarão por isso.
Essas considerações nos levam a problematizar de que modo ocorre o
processo de desenvolvimento moral nos seres humanos, e quais seriam as
possibilidades de desenvolver, junto aos jovens, processos educativos que
fomentem os valores morais como justiça, solidariedade, igualdade, dentre outros.
Araújo e Aquino (2002) apontam possibilidades de trabalho voltados para a ética e a
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cidadania, compreedendo que a formação em valores pode auxiliar na superação de
ações de violência e injustiça.
Para La Taille (1992), o jovem, nos anos finais do Ensino Fundamental e
Médio, encontra-se na fase chamada por Piaget de maturação ou de evolução de
uma moral “heterônoma”, em que o sujeito depende da imposição de regras pelo
adulto, para uma moral “autônoma”, que indicaria a superação da necessidade de
normas impostas para uma estruturação pessoal de valores do que é certo e do
errado. Na moral autônoma, o jovem passa a ser capaz de colocar-se no lugar do
outro e de saber, a partir de sua própria consciência, quais as regras e os valores
morais a serem respeitados em cada situação.
A partir do final da adolescência, os jovens passam a questionar e a discutir
as regras que regem a vida em grupo, reelaborando e assumindo-as como de
utilidade social. Neste caso, os atos dos outros passam a ser julgados pela intenção,
sendo considerados piores aqueles atos que mais quebram os laços de confiança e
de solidariedade.
Na visão piagetiana, bem como dos que nele têm se inspirado, a educação
moral ou de valores jamais poderá se dar pela imposição de regras, mas pela
reflexão e construção coletiva dessas regras, com a ativa participação do jovem,
sendo importante não a interferência imposta, mas a ação mediadora do adulto,
cabendo, no caso da escola, a mediação do professor, a ação pedagógica
intencional. Dessa forma, quanto maior for o envolvimento do jovem na construção
das regras, mais eficaz será a reciprocidade e o respeito ao que fora estabelecido
como importante, passando a ser válido para si e para o outro. Para tanto, é
fundamental, portanto, que os jovens sejam ouvidos, compreendidos, e, no contexto
escolar, participem ativamente do processo pedagógico.
Ao referir-se à construção da personalidade moral, com base em autores da
psicologia, Pátaro ressalta que “[...] a personalidade moral pressupõe a formação da
consciência moral autônoma, que implica a capacidade de julgamento, de
compreensão e autorregulação diante das situações vivenciadas” (PÁTARO, 2011,
p.83). Comenta ainda que a construção da moral autônoma do sujeito “[...] é
constituída por ferramentas que auxiliam no processo de enfrentamento das
situações controversas” (idem, p. 84).
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Desta forma nos ajuda a perceber a importância do envolvimento do jovem, e
do quanto é fundamental levar em conta o que este percebe, como percebe e pensa
sobre sua realidade, valorizando seus sentimentos nessa construção das normas e
princípios, ajudando-o na busca de alternativas positivas e eficazes.
7.3 Jovem, escola e a importância da atuação do educador
As considerações expostas anteriormente nos impelem a pensar sobre a
importância de uma organização didático pedagógica que possa vir a contribuir para
a superação da violência escolar, dando suporte à ação docente com alternativas e
suportes metodológicos.
Araújo (1998; 1999) considera fundamental estabelecer critérios bem
definidos para que a escola possa ajudar os jovens a lidar com serenidade com as
diferenças, vendo como necessário romper com visões estatísticas ou mecanicistas
do ser humano em suas relações interpessoais e intrapessoais. O autor afirma que
as relações devem se dar de forma contínua e dialética, levando em conta as
diferentes dimensões do “sujeito psicológico” que interage na sua totalidade: nos
aspectos biológico, cognitivo, afetivo e sociocultural. Para Araújo, é necessário
considerar que o ser humano é um sistema, que estabelece inter-relações com
outros indivíduos e com os mundos interno e externo. Assim, o autor chama a
atenção para as relações professor-aluno, aluno-aluno e aluno-escola, que ocorrem
a partir da inter-relação entre as diferentes dimensões citadas, e que devem ser
consideradas no trabalho pedagógico.
Para Aquino (1996), em muitas circunstâncias da vida escolar, as atitudes de
violência expressada por alguns jovens pode representar uma forma de resistência
do aluno diante de posturas autoritárias de professores e/ou da escola, ou ainda, da
forma como são estruturadas as relações entre os diferentes seguimentos.
Vasconcellos (1994) traz interessante contribuição no que tange à realidade
da escola. Para o autor, a rebeldia ou o rebelar-se do aluno é constante, cabendo ao
professor assumir sua realidade de sala de aula, mediar os conflitos, antecipar-se
pedagogicamente. É necessário que o educador compreenda seu papel diante de
tais situações, e passe a encará-los, sem colocar a solução dos problemas em
outras pessoas. Assim, é necessário ao docente resgatar seu papel de autoridade
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educativa, legitimado socialmente, ressaltando que o exercício da autoridade
pedagógica do professor não é sinônimo de autoritarismo
Para Vasconcellos, a realidade de sala de aula é um espaço de confrontos
entre sujeitos/sujeitos e sujeitos com os saberes ali veiculados. A todo o momento,
diferentes tensões poderão surgir entre ternura e vigor, entre a diretividade do
professor e iniciativa do aluno, mas independente das situações em sala de aula, é
necessário um posicionamento do professor, uma convicção do seu papel enquanto
docente, diante de toda e qualquer situação de conflitos em sala de aula, atuando
como mediador do processo educativo.
Neste contexto, nos parece urgente uma intervenção pedagógica mediadora
para que a sala de aula resgate sua identidade referencial de ser um lugar em que
os saberes construídos historicamente contribuam para questionar o que está posto,
recriando as relações interpessoais e promovendo a maturidade ético-social,
proporcionando espaço para o diálogo, despertando sentimentos de tolerância e de
respeito entre as diferenças. Tais elementos colocam-se como fundamentais para
uma convivência de paz nos tempos em que a diversidade é realidade na sociedade
contemporânea.
É o professor sujeito primeiro na promoção da mediação, com o poder de
intervir, para que a sala de aula seja um lugar em que os saberes construídos
historicamente contribuam para questionar o que está posto, recriando as relações
interpessoais, promovendo a maturidade ético-social, o diálogo e o respeito entre as
diferenças.
8. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
O trabalho será realizado junto aos docentes e membros da equipe
pedagógica (orientação, coordenação, direção) que se dispuserem a participar,
vinculados a uma turma do 1° Ano “A” do Ensino Médio, do período matutino.
A intenção é constituir um espaço de estudo e discussão, para trocas de
experiências, planejamento e levantamento das problemáticas do colégio, em vista
dos objetivos gerais e específicos do trabalho aqui apresentado. Buscaremos
entender como são constituídas as relações entre os sujeitos envolvidos no
processo educativo do 1º Ano “A” - Ensino Médio do Colégio Estadual Professor
Darcy José Costa do município de Campo Mourão.
12
Para tanto, o projeto de intervenção prevê o desenvolvimento de encontros
semanais com duração de 2 horas, num total de 30 horas, como curso de extensão,
junto aos docentes do colégio.
A seleção da turma a qual este projeto será vinculado se deu, em um primeiro
momento, motivado pelos constantes questionamentos entre os docentes e demais
membros da comunidade escolar sobre as dificuldades de interação dos jovens
entre si, os conflitos, bem como na aquisição do conhecimento.
As ações a serem desenvolvidas pelo projeto de intervenção visam
compreender como os sujeitos envolvidos no processo de ensino aprendizagem
percebem a violência moral, evidenciando-se seus sentimentos, medos,
expectativas. Será também dado ênfase à construção das relações dos sujeitos no
contexto social da sala de aula, buscando, coletivamente, possíveis alternativas
pedagógicas de mediação para o comprometimento do jovem com a construção e o
cumprimento das regras em vista de um ambiente de sala de aula cooperativo e
solidário.
Para o conhecimento do como os envolvidos compreendem a realidade
escolar, será realizado um levantamento de dados junto aos estudantes e
professores, com relação à temática pesquisada, a fim de identificarmos os
problemas e potencialidades do contexto educativo em que está vinculada a turma
do 1º ano “A”. Este levantamento será realizado por meio de questionários abertos, a
serem respondidos por todos os estudantes e docentes, sob consentimento.
Pretendemos desenvolver esse trabalho em oito etapas:
1ª Etapa: Apresentação dessa proposta ao grupo potencialmente envolvido com
os alunos do 1º Ano “A”, aplicação do questionário aos que aderirem a nossa
proposta.
2ª Etapa: a ser desenvolvida em dois momentos: 1º) sensibilização sobre a
importância de um diálogo construtivo sobre a temática da violência, propondo
um “Novo Olhar” sobre a realidade através de palestra. 2º) Leitura reflexiva sobre
o contexto da Violência na sociedade contemporânea.
3ª Etapa: O olhar do jovem sobre a violência. 1º momento leitura dos resultados
do questionário respondido no inicio do trabalho; em um segundo momento
propor um “Olhar” reflexivo sobre a realidade buscando entender as demandas
emergentes das relações e o potencial educativo deste contexto.
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4ª Etapa: Reflexão sobre os sentimentos e a formação de valores na fase da
juventude; o jovem nas relações interpessoais e a estruturação dos conceitos de
moral e ética.
5ª Etapa: Fundamentos Psicológicos e Metodológicos da Mediação Dialético
Pedagógica.
6ª Etapa: Organização Pedagógica e Disciplinar na perspectiva da Mediação
Dialético Pedagógica.
7ª Etapa: Ética, democracia e formação em valores no contexto da sala de aula e
o processo de ensino e aprendizagem. Educar para a autonomia e
responsabilidade.
8ª Etapa: Levantamento final de dados, a fim de analisar os impactos do projeto
junto aos docentes, equipe pedagógica e estudantes.
A avaliação será desenvolvida durante todo o processo por registros dos
dados e relatórios das mudanças, tendo como parâmetros os dados iniciais.
9. CRONOGRAMA DE AÇÕES
Acreditamos que com cumprimento das ações propostas no cronograma
abaixo, poderemos obter resultados significativos para a professora pedagoga na
efetivação do Projeto de Intervenção na Escola Pública e consequentimente
possibilitando melhorias na práxis do professor, resultando em melhorias do ensino
aprendizagem, atingindo de forma positiva nosso alvo principal desse processo: o
aluno da Escola Pública.
J F M A M J J A S O N D
Apresentação da proposta do projeto à escola (Etapa 1)
X X
Levantamento e tabulação de dados junto aos docentes e estudantes (Etapa 1)
X X X
Elaboração de material didático para trabalho com os docentes
X X X
Grupo de estudos junto aos docentes e equipe pedagógica da escola (Etapas 2 a 7)
X X X X
Levantamento de dados finais, a fim de coletar informações sobre os impactos do projeto (Etapa 8)
X X
14
10 REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA
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