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Segundo Anderson (2008), uma nação será sempre uma comunidade soberana, imaginada e limitada. Será soberana porque o nacionalismo nasce justamente num momento em que o Iluminismo e a revolução começam a destruir a legitimação dos reinos dinásticos e de ordem divina. Será imaginada porque na medida em que uma nação consecutivamente se concebe como estrutura de camaradagem horizontal, independentemente das hierarquias e desigualdades existentes, ela estabelece a ideia de um ‘nós’ coletivo. Será limitada porque apresenta fronteiras finitas e nenhuma se imagina como extensão única da humanidade. Já para Stuart Hall (2006), a nação não é apenas uma entidade política, mas algo que produz sentidos, um sistema de representação cultural. Para este autor, as pessoas não são apenas cidadãs legais de uma nação: elas participam da ideia de nação tal como representada em sua cultura nacional. Nesse ponto de vista, a nação pode ser considerada uma “comunidade simbólica”, visto que as culturas nacionais são compostas não apenas de instituições culturais, mas também por símbolos e representações, o que explica o poder que uma nação tem para gerar um sentimento de identidade e lealdade. Com respeito à constituição de um sentimento nacionalista, Hall (2006) menciona que ao produzir sentidos sobre a nação com os quais as pessoas se identificam, a cultura de um país acaba criando uma identidade nacional e ao mesmo tempo uma sensação de nacionalismo. Segundo o

Segundo Anderson

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Page 1: Segundo Anderson

Segundo Anderson (2008), uma nação será sempre uma comunidade

soberana, imaginada e limitada. Será soberana porque o nacionalismo nasce justamente

num momento em que o Iluminismo e a revolução começam a destruir a legitimação

dos reinos dinásticos e de ordem divina. Será imaginada porque na medida em que uma

nação consecutivamente se concebe como estrutura de camaradagem horizontal,

independentemente das hierarquias e desigualdades existentes, ela estabelece a ideia de

um ‘nós’ coletivo. Será limitada porque apresenta fronteiras finitas e nenhuma se

imagina como extensão única da humanidade.

Já para Stuart Hall (2006), a nação não é apenas uma entidade política, mas

algo que produz sentidos, um sistema de representação cultural. Para este autor, as

pessoas não são apenas cidadãs legais de uma nação: elas participam da ideia de nação

tal como representada em sua cultura nacional. Nesse ponto de vista, a nação pode ser

considerada uma “comunidade simbólica”, visto que as culturas nacionais são

compostas não apenas de instituições culturais, mas também por símbolos e

representações, o que explica o poder que uma nação tem para gerar um sentimento de

identidade e lealdade.

Com respeito à constituição de um sentimento nacionalista, Hall (2006)

menciona que ao produzir sentidos sobre a nação com os quais as pessoas se

identificam, a cultura de um país acaba criando uma identidade nacional e ao mesmo

tempo uma sensação de nacionalismo. Segundo o autor, esses sentidos estão presentes

nas histórias contadas sobre a nação, conectando passado e presente com as imagens

que dela são construídas.

No sentido descrito acima por Stuart Hall, Anderson (2008) assegura que

representações como o jornal, o romance, o museu, os censos e os mapas constituem-se

em elementos significativos na expressão do espírito nacional. Dessas representações

Anderson destaca mais notadamente o jornal e o romance. Para o autor, o jornal

constitui-se num elemento recorrente nas práticas nacionais, tendo em vista que

pressupõe sempre a ideia de proximidade ao mesmo tempo que transmite notícias de

locais distintos em tempos variados. O romance, por seu turno, destaca-se na

construção coletiva de um passado comum e identificado. Com ele se tem uma espécie

de sustentação e solidez de uma comunidade, que naturaliza a história e o próprio tempo

Anderson assegura que por meio desses elementos representativos a nação se

converte numa comunidade sólida, recorrendo constantemente a uma história

previamente selecionada e possibilitando os governantes projetarem seus desejos e

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perspectivas. Apesar de todas as vicissitudes da história, esses elementos, que são

essenciais n caráter nacional, permanecem imutáveis, como um contínuo ao longo das

mudanças (HALL, 2008).

Pelas palavras de Hall (2006) e Anderson (2008) além dos recursos

editorias, e outros, é possível verificar que mediante o uso canções patrióticas

enfatizadas nas apresentações orfeônicas, Getúlio Vargas pretendia estampar a

identidade de um ‘Brasil brasileiro’, nacionalista; tal como estava fazendo Adolf Hitler

na Alemanha com a música dos grandes compositores nacionais e também Stalin com a

música dos compositores russos de notoriedade.