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SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS TEMPORÁRIAS. CANTEIROS DE OBRAS dezembro/2015 1 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS TEMPORÁRIAS. CANTEIROS DE OBRAS José Osmar Signorelli Baldini [email protected] MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção Instituto de Pós-Graduação - IPOG Ribeirão Preto, SP, 04 de Junho de 2015 Resumo A construção civil é um mercado em alta e umas das atividades onde mais se registra acidentes de trabalho. As condições desfavoráveis de trabalho, somadas à velocidade com que uma obra se realiza e o pensamento equivocado do empregador com relação ao custo aplicado em segurança, dificultam a organização do canteiro de obras. As instalações elétricas, que são obrigadas a acompanhar o ritmo acelerado para suprir as necessidades da obra, sofrem alterações de forma precária, comprometendo a segurança dos trabalhadores. Os acidentes ocorrem apesar da construção, ao longo dos anos, vir se aprimorando, com diferentes métodos, novos equipamentos e o uso de novas tecnologias e materiais. Uma das justificativas pode ser a falta de mão de obra qualificada para atender toda a demanda da atividade. Percebe-se o descaso com essas instalações, que muitas vezes acabam gerando acidentes fatais. Os riscos elétricos decorrentes de instalações inadequadas devem ser extintos das obras, considerando-se que as “instalações temporárias” não significam “instalações improvisadas”. O objetivo deste trabalho é apresentar informações necessárias à realização de instalações elétricas temporárias em canteiros de obras visando à prevenção de acidentes de origem elétrica, através de medidas preventivas e de proteção contra contatos com eletricidade. Palavras-chave: Segurança em Instalações Elétricas. Canteiro de Obras. Segurança. Instalações Elétricas Provisórias (temporárias). 1. Introdução Impactado pelo acesso ao crédito e o crescimento da renda no Brasil, o setor da construção civil atravessa nestes últimos anos talvez o seu melhor momento na história, uma situação ainda sem data prevista para acabar. Em 2011, por exemplo, um estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra uma expectativa de crescimento para o segmento neste ano de 8,5% acima do percentual previsto para o Produto Interno Bruto (PIB), que é de 4,5%. Esse cenário levou a indústria da construção civil a contratar mais e mais funcionários. Com isso grande parte dos trabalhadores do Brasil atualmente se encontra em postos de trabalhos situados dentro de canteiros de obras. Com o aumento dos postos de trabalho aumenta também a preocupação com a saúde e a integridade física do trabalhador que, nestes locais de trabalho, sofrem muito com a falta de organização, planejamento, treinamento, entre outros problemas enfrentados pela construção civil. Dentre todas as partes de um canteiro de obras existe uma na qual a possibilidade de

SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS … em segurança, dificultam a organização do canteiro de obras. As instalações elétricas, que são obrigadas a acompanhar o ritmo acelerado

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SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS TEMPORÁRIAS. CANTEIROS DE OBRAS

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015

SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS TEMPORÁRIAS.

CANTEIROS DE OBRAS

José Osmar Signorelli Baldini – [email protected]

MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Ribeirão Preto, SP, 04 de Junho de 2015

Resumo

A construção civil é um mercado em alta e umas das atividades onde mais se registra

acidentes de trabalho. As condições desfavoráveis de trabalho, somadas à velocidade com que

uma obra se realiza e o pensamento equivocado do empregador com relação ao custo aplicado

em segurança, dificultam a organização do canteiro de obras. As instalações elétricas, que são

obrigadas a acompanhar o ritmo acelerado para suprir as necessidades da obra, sofrem

alterações de forma precária, comprometendo a segurança dos trabalhadores. Os acidentes

ocorrem apesar da construção, ao longo dos anos, vir se aprimorando, com diferentes

métodos, novos equipamentos e o uso de novas tecnologias e materiais. Uma das justificativas

pode ser a falta de mão de obra qualificada para atender toda a demanda da atividade.

Percebe-se o descaso com essas instalações, que muitas vezes acabam gerando acidentes

fatais. Os riscos elétricos decorrentes de instalações inadequadas devem ser extintos das

obras, considerando-se que as “instalações temporárias” não significam “instalações

improvisadas”. O objetivo deste trabalho é apresentar informações necessárias à realização de

instalações elétricas temporárias em canteiros de obras visando à prevenção de acidentes de

origem elétrica, através de medidas preventivas e de proteção contra contatos com

eletricidade.

Palavras-chave: Segurança em Instalações Elétricas. Canteiro de Obras. Segurança.

Instalações Elétricas Provisórias (temporárias).

1. Introdução

Impactado pelo acesso ao crédito e o crescimento da renda no Brasil, o setor da construção

civil atravessa nestes últimos anos talvez o seu melhor momento na história, uma situação

ainda sem data prevista para acabar. Em 2011, por exemplo, um estudo feito pelo

Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra uma

expectativa de crescimento para o segmento neste ano de 8,5% acima do percentual previsto

para o Produto Interno Bruto (PIB), que é de 4,5%. Esse cenário levou a indústria da

construção civil a contratar mais e mais funcionários. Com isso grande parte dos

trabalhadores do Brasil atualmente se encontra em postos de trabalhos situados dentro de

canteiros de obras.

Com o aumento dos postos de trabalho aumenta também a preocupação com a saúde e a

integridade física do trabalhador que, nestes locais de trabalho, sofrem muito com a falta de

organização, planejamento, treinamento, entre outros problemas enfrentados pela construção

civil. Dentre todas as partes de um canteiro de obras existe uma na qual a possibilidade de

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acontecer acidentes do trabalho e a gravidade com que ocorrem apresenta maior relevância, as

instalações elétricas.

A indústria da construção civil apresenta aspectos peculiares inerentes ao seu método

produtivo, o que interfere diretamente no controle dos riscos. Vale salientar o tamanho das

empresas, a diversidade das obras, a mudança constante do ambiente de trabalho e a

rotatividade de mão de obra entre as empresas (BARKOKÉBAS et al, 2003).

Quando se fala em instalações elétricas e segurança do trabalho são encontradas inúmeras

situações de risco à integridade do trabalhador que devem ser controladas. Estes riscos são

decorrentes do simples fato de que a corrente elétrica e a diferença de potencial elétrico são

invisíveis aos olhos dos trabalhadores e isso faz com que os riscos se tornem submissos no

trabalho causando os acidentes do trabalho com instalações elétricas.

Como descrito por Barkokébas et al (2004), o choque elétrico é responsável por apenas 6,78%

dos acidentes na construção civil, sendo que 50% destes são fatais. Dentre os principais

índices causadores de acidentes com instalações elétricas em canteiros de obra, podemos citar

a falta de mão de obra qualificada para a execução da instalação, a falta de projeto e

manutenção inadequada. Inseridos nessa problemática, os riscos elétricos decorrentes de

instalações inadequadas devem ser extintos das obras, considerando-se que as “instalações

temporárias” não significam “instalações improvisadas”.

De acordo com Alencar et al (2005), os riscos de acidentes envolvendo energia elétrica

tornam-se preocupantes devido a sua gravidade. Na ocorrência de acidentes por choque

elétrico, há uma probabilidade considerável de este vir a ser fatal.

Segundo Véras et al (2003), a cada ano cresce a preocupação das empresas com a segurança

do trabalhador nos canteiros de obras. O principal objetivo destas empresas é aumentar a

produtividade sem ter maiores custos no orçamento de seu produto final.

O simples fato das instalações elétricas de canteiro de obras serem uma instalação temporária

não quer dizer que esta dever ser feita sem projeto, sem atenção, sem profissional qualificado,

com dispositivos de segurança que não condizem com as normas vigentes ou muitas vezes

com “gambiarras” para solucionar problemas de fornecimento temporário de energia elétrica.

O projeto deste tipo de instalação, assim como todas outras instalações elétricas, deverá

possuir medidas de controle preventivas de forma a garantir a segurança e a saúde do

trabalhador.

As instalações elétricas provisórias, necessárias para a execução de obras de

construção civil, não devem ser tratadas de forma negligente. Provisório não quer

dizer precário. É preciso sempre levar em consideração a segurança dos

trabalhadores que se utilizam dessas instalações (SAMPAIO, 1998, p. 341).

Na implantação de um canteiro de obra são montadas instalações elétricas provisórias que tem

como finalidade ligar máquinas, equipamentos e iluminação do local da construção, sendo

desfeita ao término da obra.

Para evitar os acidentes, as instalações elétricas provisórias precisam ser feitas e mantidas de

forma segura por um profissional qualificado, sob a supervisão de um profissional legalmente

habilitado que será responsável pela elaboração do projeto das tais instalações elétricas, com

recolhimento da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

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Há necessidade na orientação da equipe sobre a utilização das instalações elétricas de modo

que não haja sobrecarga de fonte de energia, como não usar furadeira, lixadeira e britadeira na

mesma tomada, e sempre usar materiais resistentes a água.

Com a elaboração deste trabalho, pretende-se abordar informações necessárias para que a

implantação das instalações elétricas provisórias sejam feitas visando à prevenção de

acidentes de origem elétrica em canteiros de obras, para que os trabalhadores tenham mais

segurança e realizem um trabalho de melhor qualidade.

O trabalho visa, ainda, orientar sobre os procedimentos quando há utilização de equipamentos

elétricos, tipos de instalações, feitos através da identificação dos principais riscos de acidentes

por choque elétrico dentro de canteiros de obras, tendo como embasamento teórico as normas

da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), normas regulamentadoras (NR’s).

Apenas a compreensão teórica de como funcionam as instalações elétricas provisórias nos

canteiros de obras não faz com que sua utilização na prática seja verdadeiramente eficaz. Por

esse motivo, neste trabalho procura-se expor situações diversas dentro deste assunto em obras

reais.

2. Instalações elétricas provisórias

Para garantir a segurança dos trabalhadores, as instalações elétricas temporárias precisam ser

planejadas de forma correta e dimensionadas por profissionais qualificados. Um bom projeto

reduz riscos de acidentes e representa economia, porque muitos materiais e equipamentos

podem ser reaproveitados em instalações futuras. Atualmente existem sistemas portáteis

seguros desenvolvidos para a utilização em locais provisórios, podendo ser armazenados e

reutilizados por inúmeras vezes. Estes sistemas podem ser instalados pelo fabricante de

acordo com as necessidades de cada obra.

Na fase de planejamento, devem ser relacionados os equipamentos e instalações necessários à

execução da obra, listando as cargas elétricas requeridas. Dessa forma, obtém-se uma

estimativa do dimensionamento e do custo do quadro ou cabine de entrada da obra. Com esses

dados, é possível avaliar se a rede externa da concessionária tem capacidade para suportar as

cargas elétricas ou se haverá necessidade em solicitar reforço.

Além do planejamento, há a necessidade do treinamento. Os trabalhadores devem ser

informados sobre a origem dos riscos e perigos decorrentes do uso da eletricidade. Nesse

sentido, devem possuir noções das normas de execução de serviços onde envolve eletricidade

e também instruídos a relatar aos encarregados que encaminham aos eletricistas os serviços

solicitados. Recomenda-se que os eletricistas recebam instrução de apenas uma pessoa na

obra, de modo a organizar o serviço e planejar corretamente as etapas sem improvisações

2.1. Segurança em instalações e serviços em eletricidade

A Norma Regulamentadora número 10 (NR-10) - Segurança em Instalações e Serviços em

Eletricidade, é uma norma que tem por objetivo garantir a segurança e a saúde de todos os

trabalhadores, tanto os que trabalham diretamente com a energia elétrica quanto os que a

usam para o seu trabalho. Abrange a segurança em instalações elétricas nos locais de trabalho

e a segurança em serviços de eletricidade. (ABNT, 2004)

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Sua última atualização ocorreu em 2004, através da publicação da Portaria nº 598 do

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Essa publicação acarretou na mudança na forma

de projetar, executar e manter as instalações elétricas e de se realizar serviços de eletricidade.

No subitem 10.1.2, a norma delimita a sua abrangência nas atividades: se aplica às fases de

geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção,

montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados

nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos

competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis.

Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de

controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco,

de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho e que as medidas de controle adotadas

devem integrar-se às demais iniciativas da empresa, no âmbito da preservação da segurança,

da saúde e do meio ambiente do trabalho.

De acordo com Cunha (2010) as instalações elétricas nos locais de trabalho devem ser

adequadas às características do local, às atividades exercidas e aos equipamentos de

utilização. As medidas de proteção e componentes da instalação devem ser especificados de

acordo com as influências externas como: presença de água, corpos sólidos, competências das

pessoas que usam a instalação, resistência elétrica do corpo humano, natureza das matérias

processadas ou armazenadas, ou outro fator que possa potencializar o risco elétrico.

2.2. Choque elétrico.

O choque elétrico é a manifestação física que ocorre quando uma corrente elétrica flui através

do corpo humano (Figura 1). Os sintomas podem incluir desde uma leve sensação de

formigamento, a violentas contrações musculares, arritmia cardíaca ou danos aos tecidos. Para

os nossos propósitos podemos assumir que os danos aos tecidos causados por choque elétrico,

em sua grande maioria, estão sempre associados a queimaduras e danos ás paredes celulares.

Figura 1: Choque elétrico

Fonte: Fundacentro (2007)

Segundo a Fundacentro (2007), o choque elétrico é uma das principais causas de acidentes

graves e fatais. Isto se dá em decorrência da falta de projeto adequado, de dificuldades na

execução e na manutenção das instalações elétricas temporárias dos canteiros de obras. As

instalações elétricas, na maioria das vezes, são executadas por profissionais não qualificados,

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gerando com isso situações de extrema gravidade para a segurança dos trabalhadores, dos

equipamentos e das instalações.

Alencar (2003) descreve que as instalações elétricas provisórias são preparadas para a

utilização de máquinas e equipamentos, assim como a iluminação local da construção, sendo

desfeitas, posteriormente, no encerramento da obra. Estas instalações necessitam de execução

e manutenção corretas, para que ofereçam segurança aos operários que dela se utilizam.

Para Mantelli (2007), as instalações elétricas em canteiros de obras constituem fator de grande

importância para a segurança e saúde do trabalho. Apresentam reflexos no desempenho dos

processos de produção, devido à sua influência sobre a qualidade, a produtividade e a

competitividade. A instalação provisória nas obras é confundida com instalação precária

expondo os trabalhadores a situações de risco que podem resultar em acidentes, que muitas

vezes são fatais. A situação continua sendo negligenciada como um problema cultural, ainda

que a fiscalização aumente o cerco em relação a esta questão.

2.3.Tipos de proteção contra choques elétricos

Nos trabalhos envolvendo eletricidade, é preciso ter conhecimento do serviço a ser realizado e

saber quais as formas de se proteger contra os riscos de acidentes. Estes acidentes podem ser

caracterizados por contatos diretos ou indiretos, denominação essa que pela nova revisão da

NBR 5410 passa a ser proteção básica e proteção supletiva, respectivamente (ABNT, 2004).

De uma forma geral, o choque elétrico pode decorrer do contato com um equipamento ou

circuito energizado, por meio de um equipamento que armazena eletricidade (por exemplo,

capacitores) e de efeitos associados a descargas atmosféricas. Em qualquer situação, deve

sempre ser lembrado que a medida de proteção prioritária contra choques elétricos é a

desenergização elétrica. Os trabalhadores devem ser protegidos contra os perigos que possam

resultar de um contato com partes vivas da instalação, tais como condutores nus ou

descobertos, terminais de equipamentos elétricos etc. O choque também pode ser definido

como sendo dinâmico ou estático.

2.3.1. Proteção básica (Proteção contra contatos diretos)

Pela definição dada pela NBR 5410, proteção básica é o meio destinado a impedir o contato

com partes vivas perigosas em condições normais.

O contato direto é o contato da pessoa com as partes vivas da instalação, ou seja, partes que

normalmente estão energizadas para que a instalação funcione de modo correto. Esse contato

pode ocorrer por negligência ou desrespeito às instruções de segurança (Figura 2).

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Figura 2: Contatos diretos com a eletricidade

Fonte: Fundacentro (2007)

Existem quatro maneiras de evitar que os trabalhadores sofram acidentes por contato direto,

ou seja, afastando-os de rede elétrica, utilizando barreiras, isolando as partes energizadas ou

utilizando obstáculos.

Acidentes podem ser evitados não permitindo que os trabalhadores se aproximem de

redes elétricas desprotegidas e evitando que os equipamentos sejam instalados nas

proximidades das mesmas. Para isso, a instalação elétrica deve estar a uma distância

considerável e segura dos trabalhadores e suas atividades, evitando contatos

acidentais. É destinada a impedir os contatos acidentais, consistindo em instalar os

condutores energizados a uma altura/distância que fique fora do alcance do

trabalhador, das máquinas e dos equipamentos.

A Fundacentro (2007), a recomenda distanciar 5 metros, no mínimo, a rede elétrica da

atividade a ser executada pelo trabalhador. É necessário certificar-se de que o material

transportado e as ferramentas usadas pelo trabalhador fiquem afastados da rede

elétrica. O mesmo cuidado se deve ter na movimentação de andaimes, gruas, veículos

basculantes, porque há risco destes encostarem-se à rede elétrica.

Proteção por barreiras isolantes em locais onde as partes vivas da instalação poderão

ter o contato com o trabalhador durante certa atividade. São destinados a impedir

todos os contatos com as partes vivas da instalação elétrica, sendo que as partes vivas

devem estar no interior de invólucros ou atrás de barreiras. Para instalação de barreiras

ou invólucros, a rede elétrica deverá ser desligada.

A instalação de barreiras de forma adequada evita o contato dos trabalhadores com a

eletricidade, conforme indicado na Figura 3. Sugere-se que estejam sinalizadas de

forma que os trabalhadores entendam que existe risco elétrico naquele local.

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Figura 3: Barreiras

Fonte: Rousselet e Falcão (1999)

Isolação das partes vivas da instalação através de fitas isolantes, capas isolantes, ou

qualquer outro material que não conduza corrente elétrica. É destinada a impedir todos

os contatos com as partes vivas da instalação elétrica através do recobrimento total por

uma isolação que somente possa ser removida através de sua destruição. As isolações

dos componentes de uma instalação elétrica têm um papel fundamental na proteção

contra choques elétricos.

Colocação de grades, cercas, e outros obstáculos que não necessariamente são de

materiais isolantes, porém mantém trabalhadores não autorizados fora do alcance das

partes vivas da instalação. São destinados a impedir os contatos diretos acidentais com

partes vivas, sendo instalados em compartimentos cujo acesso é permitido somente a

pessoas qualificadas ou legalmente habilitadas, como por exemplo em cabines

primárias ou subestações.

2.3.2.Proteção supletiva (proteção contra contatos indiretos)

A proteção supletiva é o meio destinado a suprir a proteção contra choques elétricos quando

massas ou partes condutivas acessíveis tornam-se acidentalmente energizadas.

O contato indireto ocorre quando uma pessoa encosta em peças metálicas normalmente não

energizadas (massas), mas que podem tornar-se energizadas devido a um erro na instalação

elétrica ou defeitos de isolação. Canalizações metálicas e carcaças de equipamentos elétricos

podem ser armadilhas para o trabalhador se a rede elétrica ou os equipamentos não estiverem

devidamente aterrados (Figura 4). As principais maneiras de evitar o choque elétrico por

contato indireto são:

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Figura 4: Contatos indiretos com a eletricidade

Fonte: Fundacentro (2007)

Dispositivo DR (Dispositivo à corrente diferencial) – Dispositivo que monitora a

corrente que alimenta a carga e que volta para a fonte de alimentação, impedindo o

funcionamento do circuito se qualquer fuga de corrente ocorrer no percurso do

circuito, e se constitui no meio mais eficaz de proteção das pessoas e animais contra

choques elétricos. Estes dispositivos permitem o uso seguro e adequado da

eletricidade, reduzindo o nível de perigo às pessoas, as perdas de energia e os danos às

instalações, porém sem dispensar outros elementos de proteção (disjuntores, fusíveis

etc.). A sua aplicação é específica na proteção contra a corrente de fuga. Asseguram a

proteção contra tensões de contato perigosas provenientes de defeitos de isolamento

em aparelhos ligados à terra; contatos indiretos com o terra da instalação ou parte dela;

contatos indiretos com partes ativas da instalação; curto-circuito com a terra cuja

corrente atinge o valor nominal – “proteção contra incêndio”. É recomendado pela

NBR-5410 para locais úmidos ou com facilidade para fugas inesperadas de corrente

como o choque elétrico.

Aterramento – Ajuda na atuação dos sistemas de proteção atuando como caminho de

menor resistência a passagem de corrente elétrica aumentando a rapidez e precisão dos

dispositivos de proteção dos circuitos quando ocorrer qualquer energização

indesejada.

2.4. Efeitos fisiológicos causados pela eletricidade

Conforme a NIOSH (1998) a eletrocussão resulta quando um ser humano é exposto a uma

quantidade letal de energia elétrica. Para determinar como o contato com uma fonte elétrica

ocorre, as características da fonte elétrica antes do tempo do incidente devem ser avaliadas

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(pré-evento). Para que a morte ocorra, o corpo humano deve tornar-se parte de um circuito

elétrico ativo que possua uma capacidade de sobrestimular o sistema nervoso ou causar danos

aos órgãos internos. Os danos resultantes para o corpo humano e o tratamento médico de

emergência determinam o resultado da troca de energia (pós-evento).

A OSHA define os três fatores primários que afetam a severidade do choque que uma pessoa

recebe quando ela é parte de um circuito elétrico. Esses fatores são:

Quantidade de corrente que flui pelo corpo (medida em Ampères);

Caminho da corrente pelo corpo;

Duração do tempo que o corpo permanece no circuito.

Além desses fatores existem outros que podem afetar a severidade do choque elétrico no

corpo humano:

A tensão da corrente;

A presença de umidade no ambiente;

A fase do ciclo cardíaco quando ocorre o choque;

A saúde geral da pessoa antes do choque.

A tabela 1 traz os valores de corrente e os respectivos efeitos gerados no corpo humano

quando em contato com um sistema em 60 Hz. Os valores estão conforme a OSHA que é uma

agência federal do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos da América.

Intensidade da corrente Provável efeito no corpo humano

1 mA Nível de percepção. Sensação de ligeiro

formigamento. Perigoso sob determinadas

circunstâncias.

5 mA Sensação de choque leve, não dolorosa,

mas desagradável. O indivíduo médio

ainda pode largar, porém, as fortes reações

involuntárias aos choques podem

ocasionar ferimentos.

6-16 mA Choque doloroso, controle muscular é

perdido. Nesta faixa ocorre o limite de

largar.

17-99 mA Dor extrema, parada respiratória,

contrações musculares severas. O

indivíduo não pode largar. Possibilidade

de morte.

100-2000 mA Fibrilação ventricular. Contração

muscular e ocorrência de danos nervosos.

Morte provável.

>2000 mA Parada cardíaca, queimaduras severas.

Morte provável. Tabela 1 - Efeitos e sensações da corrente no corpo humano.

Fonte: OSHA

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Quando a corrente maior do que 16 mA passa através do antebraço, ela estimula a contração

involuntária dos músculos flexores e extensores. Quando os flexores mais fortes controlam, as

vítimas podem ser incapazes de liberar o objeto energizado que elas agarram no momento que

a corrente flui. Se a corrente superior a 20 mA continua a passar pelo peito por um tempo

prolongado, a morte pode ocorrer a partir de parada respiratória. Correntes de 100 mA ou

mais, até 2 A, podem causar fibrilação ventricular, provavelmente a causa mais comum de

morte por choque elétrico.

A NIOSH define que a fibrilação ventricular é o bombeamento irregular do coração devido à

contração descoordenada das fibras musculares do ventrículo que leva rapidamente à morte

por falta de oxigênio para o cérebro. A fibrilação é encerrada com uso de um desfibrilador,

que produz um pulso de choque no peito para restaurar o ritmo cardíaco. A ressuscitação

cardiopulmonar é usada como uma medida temporária para proporcionar a circulação de

algum sangue oxigenado para o cérebro até que um desfibrilador possa ser usado.

2.5. Riscos elétricos em canteiros de obras

Segundo Sampaio (1998), os riscos de choques elétricos nas obras podem se originar em

decorrência de diversas situações, onde se pode verificar a existência de erros, inicialmente na

concepção do projeto e também durante a execução e manutenção das instalações elétricas.

Entre essas situações, podem ser citadas:

Instalações mal projetadas e dimensionadas;

Contatos acidentais devido à falta de barreiras adequadas;

Falta de aterramento ou aterramento deficiente ou inadequado;

Utilização de equipamentos elétricos danificados;

Falta ou deficiência dos isolamentos de emendas de fios;

Falta de utilização de EPI’s e ferramentas adequadas;

Ligações inadequadas sem a utilização de plugues e tomadas;

Utilização de materiais de baixa qualidade;

Rompimento de fiações aéreas por caminhões e equipamentos;

Ligação errada de equipamentos;

Falta de sinalização e orientação;

Execução de manutenções em circuitos energizados;

Quedas de materiais e pessoas por obstrução em passagens e circulação pelos

condutores;

Incêndios e explosões devido a curto-circuito ou má conservação das instalações;

Acidentes provocados por equipamentos ou aparelhos deixados ligados no momento

de religamento de chaves;

Queda de trabalhador (eletricista) em decorrência da utilização de escadas inadequadas

ou por falta de cinto de segurança.

2.6. Locais de Risco Elétrico em Canteiros de obras

A prevenção de acidentes em um canteiro de obras pode ser garantida com a aplicação de

medidas simples, desde a organização da rede elétrica, da instalação e utilização de forma

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segura das redes e equipamentos de alta tensão, do emprego de elementos de proteção, até a

manutenção das instalações elétricas.

Dentro de um canteiro de obras existem partes da instalação onde se deve manter a atenção

para um possível acidente com energia elétrica. Na verdade, onde existe potencial elétrico ou

corrente elétrica há um risco de natureza elétrica e este risco deverá ser sempre controlado,

para que não ocorra acidentes com eletricidade. Neste sentido podemos dizer que dentre os

locais de maior risco de acidentes com energia elétrica temos:

Quadros de Distribuição, Terminal e Medição;

Dispositivos de Proteção e Manobra;

Instalações Aéreas;

Instalações Subterrâneas;

Plugs e Tomadas;

Iluminação Provisória;

Máquinas e Equipamentos;

Aterramento.

2.6.1.Quadros de Distribuição, Terminal e Medição

A distribuição de energia elétrica nos canteiros de obras da indústria da construção deve ser

feita através dos quadros elétricos de distribuição, para que a instalação possua seletividade e

consiga proteger todos seus condutores e evitar possíveis “gambiarras” na instalação. Estes

quadros devem ser construídos de forma a garantir a proteção dos componentes elétricos

contra impactos mecânicos, umidade e agentes corrosivos, e ter no seu interior o diagrama

unifilar atualizado do circuito elétrico, juntamente com a identificação dos circuitos

facilitando a interpretação da instalação elétrica. Os quadros são de grande importância para a

proteção mecânica dos dispositivos de manobra e contra contatos acidentais de trabalhadores

nos canteiros de obras. Devem ser instalados em locais visíveis, sinalizados e de fácil acesso,

não devendo, todavia, localizarem-se em pontos de passagem de pessoas, materiais e

equipamentos. Os quadros gerais de distribuição devem ser mantidos sempre trancados. Isso

impede que pessoas desavisadas tenham acesso aos comandos elétricos destes quadros ou os

utilizem para guardar alimentos, ferramentas ou objetos pessoas. As chaves devem

permanecer de posse do eletricista responsável (Figura 5).

Figura 5: Obstáculos executados com telas e alambrados

Fonte: Fundacentro (2007)

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2.6.2.Dispositivos de Proteção e Manobra

Os dispositivos de proteção e manobra mais utilizados atualmente são os disjuntores

termomagnéticos e chaves blindadas. Esses dispositivos tem a função de permitir a

interrupção de energia para executar manutenções de modo seguro, separar circuitos de

diferentes locais ou de utilizações distintas e proteger os equipamentos e as fiações dos

circuitos através dos fusíveis.

O disjuntor possui capacidade de desarme tanto por uma sobrecarga elétrica quanto por

sobrecarga térmica; já a chave blindada possui a proteção por fusíveis, atualmente pouco

utilizados, pois em uma sobrecarga térmica este não protegerá o circuito.

Os principais problemas encontrados nos dispositivos de proteção e manobra são o mau

estado de conservação, instalação de modo inadequado e acesso aos trabalhadores que não são

autorizados ao contato com estes dispositivos.

É muito comum que qualquer trabalhador em um canteiro de obras vá até o quadro de

distribuição para ligar ou desligar disjuntores e chaves elétricas sem a autorização para isso.

Assim, estes dispositivos em uma instalação temporária em canteiro de obras deverão ser

dotados de cadeados ou dispositivos que só permitam o acesso de pessoas autorizadas ao

contato com estes dispositivos, evitando acionamentos indesejados de máquinas e

equipamentos ou até mesmo de uma instalação que está em fase de manutenção.

O modo de instalação dos disjuntores termomagnéticos é muito importante para seu

funcionamento. Os disjuntores deverão ser instalados de forma a acionar seu mecanismo de

“liga” no sentido da fonte e este deverá sempre ser “armado” contra a ação da gravidade. Esta

forma se torna correta uma vez que ao desarmar um disjuntor termomagnético, dessa forma

instalado, o sistema de desarme atuará juntamente com a força da gravidade ajudando no

desarme. Se for instalado inversamente o disjuntor poderá ser religado somente com a força

da gravidade causando um “rearme” inesperado e consequentemente a chance de acontecer

um acidente aumenta.

2.6.3.Instalações Aéreas

Em alguns canteiros de obras será necessária a instalação de condutores elétricos aéreos. São

instalações de energia existentes em postes, levando em consideração a altura das máquinas

que irão transitar pelo local. Os cabos devem estar a uma altura mínima de 5 metros do solo

(Figura 8). Devem ser dispostas em locais onde não haja possibilidade de atrapalhar a

movimentação de trabalhadores, materiais e máquinas da indústria da construção civil, nem

sofrerem choques mecânicos provenientes de materiais, máquinas ou contatos acidentais com

trabalhadores.

Quando não for possível guardar distância segura entre trabalhador ou máquina e a rede

energizada, deverão ser instaladas barreiras de proteção com dimensões suficientes para

garantir proteção eficaz, bem como haver sinalização informando a existência de riscos

naquele local.

Em nenhum local abaixo dos cabos aéreos poderá ser feita queimas de materiais ou utilização

de altas temperaturas, pois estas podem danificar os cabos aéreos ou ionizar o ar podendo

causar curto-circuito por arcos elétricos (Figura 6).

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Figura 6:Redes em alturas elevadas (mínimo 5 metros) para a permitir a passagem de veículos e máquinas.

Fonte: Fundacentro (2007)

2.6.4.Instalações Subterrâneas

São instalações de energia embutidas no solo protegidas por meio de calhas ou eletrodutos.

As instalações elétricas subterrâneas devem ser devidamente sinalizadas, supervisionadas por

pessoal legalmente habilitado e garantir um espaçamento mínimo de 1,5m entre o local

escavado e a rede elétrica (Figura 7).

Figura 7: Exemplo de proteção de condutores com calha de madeira

Fonte: Fundacentro (2007)

2.6.5.Plugs e Tomadas;

O uso do conjunto plug e tomada para a ligação dos equipamentos elétricos ao circuito de

alimentação é obrigatório. Nestas ligações, a parte energizada deve ser sempre a tomada, a

fim de evitar à exposição de trabalhadores as partes vivas. Ambos precisam se proteger contra

penetração de umidade ou água. Máquinas ou equipamentos elétricos móveis só podem ligar

por intermédio deste conjunto de plug e tomada (Figura 8).

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Figura 8: Plugs e tomadas

Fonte: INMETRO

2.6.6. Iluminação Provisória

Esta iluminação prevê suprir as necessidades do canteiro de obras durante o seu período de

execução e devem ser ligados nos quadros terminais de distribuição onde a altura da fiação

deve ser no mínimo 2,50 metros a fim de evitar quaisquer contatos. Nos locais onde houver

movimentação de materiais, tais como escadas, área de corte e dobra de ferragem, carpintaria

etc., as lâmpadas devem estar protegidas contra impacto por luminárias adequadas. Nunca se

deve usar lâmpadas portáteis, a menos que elas possuam as proteções adequadas (Figura 9)

Figura 9: Proteção em lâmpada de iluminação em áreas de circulações e proteção em lâmpada portátil. Fonte: Fundacentro (2007).

2.6.7. Máquinas e equipamentos

As máquinas e equipamentos devem ser dotados de dispositivo de acionamento, parada e

bloqueio.

Na operação de máquinas de grande porte, devem ser tomadas medidas adicionais de

segurança, principalmente quanto ao contato com redes de distribuição de energia elétrica.

Noções básicas de eletricidade devem constar no treinamento dos operadores de máquinas e

equipamentos para a eliminação ou neutralização dos riscos elétricos.

Todas as operações com veículos, equipamentos e máquinas devem ser planejadas, evitando o

contato ou impacto com redes de distribuição de energia ou equipamentos elétricos

energizados.

Manutenções preventivas deverão ser realizadas nas instalações elétricas do interior das

maquinas e equipamentos com a finalidade de se evitar paradas inesperadas, curtos circuitos,

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perda de controle da máquina, problemas com aceleração e desaceleração de motores sem ser

acionados pelos trabalhadores.

2.6.8. Aterramento

É um procedimento de grande importância para o perfeito funcionamento da instalação

elétrica, principalmente, para a segurança dos trabalhadores.

O aterramento pode ser pela instalação de sistemas de hastes de aterramento, fitas,

condutores, barras ou chapas metálicas cravadas ou enterradas no solo, e por meio de

aproveitamento de estruturas ou elementos metálicos enterrados, nas proximidades do quadro

geral de distribuição.

Para que se possa ter certeza de que o sistema de aterramento é eficiente, deve-se medir a

resistência elétrica do solo com equipamento apropriado, cujo resultado precisa ser o menor

possível, ou até 2ohms. Caso esta medição não tenha como ser feita, convém que o solo esteja

preparado, a fim de diminuir sua resistência.

2.7. Manutenção

As instalações elétricas devem ser inspecionadas constantemente pelo trabalhador qualificado,

que deve mantê-las em boas condições de uso. Uma manutenção bem feita é uma das

principais medidas para evitar riscos de acidentes, e deve ser executada com a chave geral

desligada. Deve ser colocada uma placa de sinalização e um cadeado na chave geral,

proibindo que ela seja ligada quando a instalação elétrica estiver em manutenção. Os

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) a serem utilizados nos trabalhos com eletricidade

são: capacete, óculos de segurança, luvas isolantes para eletricista classe 0 (zero) e luva de

cobertura, cinto de segurança tipo sub-abdominal com talabarte, botinas de couro com solado

injetado sem componentes metálicos, além do uso de vestimenta adequada, calça comprida,

camisa ou camiseta (não pode ser manga regata) (Figura 10).

Figura 10: EPIs para trabalhos com eletricidade

Fonte: Fundacentro (2007)

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O eletricista deve ter os equipamentos necessários para saber se a instalação está energizada

ou não, e ferramentas com cabos cobertos com materiais isolantes (Figura 11). Na

manutenção de equipamentos elétricos, o eletricista deve estar seguro de não trocar o fio terra

(verde ou verde-amarelo) com o fio energizado em relação aos terminais do equipamento.

Caso contrário, a carcaça do equipamento ficará energizada. Todo equipamento elétrico que

apresente algum defeito deve ser imediatamente retirado e encaminhado para manutenção.

Caso permaneça no almoxarifado, deve ser etiquetado, indicando-se o defeito apresentado,

para que não seja entregue inadvertidamente a outro trabalhador. Para efetuar a troca de

fusíveis ou qualquer serviço em caixas de ligação, o eletricista deve ficar sobre um tapete de

borracha ou sobre um estrado de madeira, principalmente em lugares úmidos, além de usar

alicate com cabo de material isolante.

Figura 11: Equipamentos e ferramentas de trabalho

Fonte: Fundacentro (2007)

Um disjuntor ou fusível queimado deve ser substituído por outro do mesmo tipo e capacidade.

Nunca se deve colocar moedas, arames, papel de cigarros ou fazer ligações diretas, tão pouco

se deve colocar fusíveis no condutor neutro que passa pela chave faca, pois ele pode ser

interrompido pela queima do fusível.

Durante as manobras (liga-desliga) em chaves elétricas, nunca se deve ficar de frente para a

chave, sempre na lateral. Dessa forma, evita-se o risco de ser atingido por uma faísca ou arco

voltaico.

Na manutenção das instalações e equipamentos, atenção especial deve ser dada para as

sinalizações, pois elas são responsáveis em grande parte pela prevenção dos acidentes de

origem elétrica.

3. Considerações finais

A dificuldade de se aplicar as normas regulamentadoras nos canteiros de obras é uma questão

cultural, porque quase sempre o engenheiro responsável só está preocupado na produção e no

custo, sendo muitas vezes exigido pela alta administração para apresentar resultados.

Geralmente a construtora possui no quadro funcional somente um eletricista para executar

alterações, ampliações de redes internas e manutenção de todo o canteiro. Felizmente, esse

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profissional é um dos mais habilitados entre todos os profissionais de setor da indústria da

construção.

Coincidentemente, as empresas fabricantes de materiais elétricos vêm desenvolvendo

sistemas de instalações portáteis; que facilitam o trabalho do eletricista além de contribuir

para a organização e segurança do canteiro.

É comum observar que as instalações irregulares são feitas na maioria das vezes por

trabalhadores desabilitados, porém instruídos a solicitar ajuda do eletricista ao invés de mexer

nas instalações elétricas.

Pela experiência adquirida ao longo de muitos anos de trabalho, tanto em sala de aula como

em obras, tenho observado que as condições de segurança em geral dos canteiros de obras

melhoraram a partir da revisão da Norma Regulamentadora NR-18 e, especificamente com

referência às instalações elétricas, após a revisão da NBR 5410 e a publicação da nova NR-10,

além da atuação intensificada de Sindicatos e das Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs).

Mesmo existindo várias normas que determinam como executar instalações elétricas

adequadas e seguras, há situações em que nem sempre tais normas podem ser aplicadas. Para

estes casos, recomenda-se que o responsável técnico consulte a DRT e a empresa

concessionária de energia elétrica, se houver envolvimento com redes elétricas públicas, para

juntos definirem soluções seguras.

De uma forma geral, é imprescindível o treinamento através da NR-10, dos trabalhadores

envolvidos não somente na instalação, mas também nos serviços de manutenção e melhorar a

conscientização dos engenheiros e supervisores do serviço.

4. Referências

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