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Quarta-feira, 27 de março de 2013 | G1 Especial Segurança patrimonial Seguradoras reinventam produtos e serviços para mitigar riscos G2 Perfil da demanda por vigilância patrimonial * Concentração Fatia das empresas de segurança privada no total de vigilantes ocupados * 29% Indústrias 29% Administração pública 23% Bancos 8% Setor de serviços 8% Condomínios residenciais e empresariais 3% Outros 24,46% Participação das 5 maiores 41,20% Participação das 10 maiores 34,34% Outros R$ 18 bilhões é a receita estimada do setor em 2012 1.800 firmas de serviço de vigilância no país 3.600 negócios informais de vigilância Mercado de segurança patrimonial Brasil Empresas especializadas 1.500 Cursos de formação 216 Vigilantes 605 mil Valores tangíveis Fontes: DPF/Sisvip e Sesvesp. * Estado de São Paulo, 2011. Novas Enquanto aguardam regulamentação do adicional de periculosidade aos salários dos vigilantes, empresas fazem as contas do aumento de custos. Por Juan Garrido , para o Valor, de São Paulo O mercado brasileiro de segurança privada chegou ao patamar da maturidade. Um dos sinais dis- so é que o número de empresas se mantém estável há mais de dez anos. “Não há muita empre- sa nova no setor porque as difi- culdades de ingresso são gran- des em face da competição acir- rada”, diz João Palhuca, vice-pre- sidente do Sindicato das Empre- sas de Segurança Privada do Es- tado de São Paulo (Sesvesp), cu- jos estudos extrapolam as fron- teiras paulistas, abrangendo o Brasil todo. “Continuam em pé as compa- nhias mais capazes e com fôlego para acompanhar as tendências de um mercado cada vez mais exi- gente”, resume. Pelos números do Sesvesp, em maio de 2011 o Brasil tinha 1,5 mil empresas de segu- rança privada, que empregavam algo como 605 mil vigilantes (frente a 550 mil policiais das for- ças estaduais de segurança públi- ca). Desse total de empresas, 429 atuavam no Estado de São Paulo (29%) e empregavam 204 mil pes- soas. “As ações da segurança pri- vada servem de complemento às da segurança pública.” Pelos cálculos de Palhuca, o mercado de segurança privada teve uma expansão de 7% em 2012, na comparação com o ano anterior. Mas ele comenta que is- so não significa necessariamente aumento de faturamento ou crescimento do número de em- presas. “O que se registrou foi um volume maior de assinatura de contratos por conta das inaugu- rações de agências bancárias, fá- bricas, shoppings, escolas e, prin- cipalmente, lançamentos de pré- dios comerciais e de apartamen- tos”, diz, revelando que só o mer- cado imobiliário respondeu por um terço das contratações de no- vos serviços no período. “Soman- do tudo, acho que em 2012 o se- tor pode superar o movimento de 2011, de R$ 15 bilhões.” Em linha com essa previsão, o presidente da Associação Brasi- leira das Empresas de Vigilân- cia (Abrevis), José Jacobson Ne- to, espera que em 2012 o fatura- mento se situe entre R$ 15 bi- lhões e R$ 18 bilhões. Essa dife- rença de R$ 3 bilhões reflete simples cautela, diz ele, já que os balanços das empresas ainda não estão consolidados. “Acho que o movimento poderia ser ainda maior se o custo Brasil não fosse tão alto e a desonera- ção da folha de salário tivesse contemplado o nosso setor.” Por serem de mão de obra in- tensiva as empresas de segurança patrimonial têm 90% dos seus custos concentrados em salários dos vigilantes, encargos sociais e impostos. “Como é preciso des- contar também a taxa de admi- nistração e o investimento per- manente com treinamento de pessoal, sobra uma margem de lucro que raramente ultrapassa 2%”, diz Jacobson. “Se a empresa não fizer uma gestão de risco cui- dadosa, o custo Brasil pode cor- roer ainda mais essa margem.” Com esse pano de fundo, não é de admirar o barulho provocado no setor com a mudança na legis- lação, que instituiu um adicional de 30% de periculosidade sobre os salários dos vigilantes – em vi- gor desde dezembro passado, mas ainda não regulamentada pelo Ministério do Trabalho, se- gundo o que define o artigo 196 da CLT. “As empresas de vigilância terão que repassar o custo para os clientes, mas ninguém garante que vão absorver os 30% de uma tacada só”, teme Jacobson. Ele observa que enquanto a re- gulamentação não esclarece a abrangência da lei, o patronato do setor está tentando persuadir os trabalhadores de que só é pos- sível continuar concedendo 3% ou 4% ao ano, além do INPC. “Esse ganho real já vem sendo dado há alguns anos em Estados como São Paulo, mas no Piauí, por exemplo, isso não tem ocorrido.” Segundo Palhuca, da Sesvesp, com a lei dos 30% adicionais de periculosidade ainda indefinida, ignora-se se todos os tipos de vigi- lante vão ter esse benefício. “Será que o profissional desarmado, que fica em escolas e hospitais, por exemplo, vai ter o mesmo di- reito daquele segurança de banco armado, que corre risco de assal- to?”, pergunta. Ele acha mais pro- vável que os clientes das empresas de segurança não aceitem o re- passe enquanto não estiver defi- nida a situação. Palhuca relata que o perfil da clientela do setor é formado por bancos (30% do mercado), ór- gãos públicos (35%) e a reunião de indústria, comércio e servi- ços (outros 35%). Para o contra- to com um cliente ter amparo legal, conta ele, é obrigatória a regras elaboração de uma planilha com todos os custos, uma taxa de administração e uma mar- gem de lucro. “Quando aparece uma legislação extra como a dos 30% adicionais no salário, há um impacto negativo que causa grande instabilidade nas relações tanto com os emprega- dos como com os clientes.” Pelo lado das grandes em- presas de segurança patrimo- nial, as reações em face da nova lei variam um pouco de acordo com a visão de cada executivo. Foram ouvidas a espanhola Prosegur (52 mil funcionários e R$ 2,66 bilhões de faturamento em 2012), Protege (21 mil em- pregados e faturamento de R$ 1,3 bilhão) e Gocil (18 mil fun- cionários, sem informar fatura- mento). Para Mario Batista de Olivei- ra, diretor geral da Protege, está havendo uma pressão muito forte pelo lado laboral para que o adicional de periculosidade seja pago, com retroatividade, de dezembro para cá. “Estamos preocupados e ansiosos pela re- gulamentação, mas que as em- presas vão pagar a partir da re- gulamentação é ponto pacífico: não há como fugir disso.” O diretor geral da Prosegur, Alberto Minazzoli, por sua vez, esclarece que em algumas cate- gorias e/ou Estados já existe um adicional de risco de vida (que na nova lei é substituído pelo adicional de periculosidade), que varia caso a caso, podendo chegar a 30%. “Portanto não ne- cessariamente o impacto é tão expressivo”, afirma. “No entan- to, esse custo adicional não é viável sem repasse aos preços, podendo gerar uma redefini- ção ou cancelamento dos servi- ços de segurança, com desvan- tagem para todos: clientes, fun- cionários e empresas de segu- rança”, afirma. O presidente da Gocil, Washington Cinel, concorda com ganhos reais de salário pa- ra os vigilantes. “Mas de forma alinhada aos ganhos reais obti- dos pelas demais categorias profissionais do país”, diz. Ele também está preocupado com os custos que os serviços atingi- rão após a aplicação da regula- mentação. Cinel defende que o setor também seja beneficiado pela desoneração na folha de pagamento. Treinamento de mão de obra é ponto crítico para o setor De São Paulo A mão de obra é, de longe, o in- sumo mais importante na área de segurança privada. “Apesar da in- corporação crescente de novas tecnologias, o fator humano é o principal alvo dos investimentos das empresas do setor”, afirma José Jacobson Neto, presidente da Associação Brasileira das Em- presas de Vigilância (Abrevis). Segundo Jacobson, o universo das 1,5 mil empresas investe, em média, 1% de seu faturamento em treinamento e reciclagem. “Quem pensa que isso é pouco se engana”, aponta. Na média, 90% dos custos das empresas vão para salários, en- cargos sociais e impostos, e outra boa parte para taxa de administra- ção. “Sobra pouco, portanto, para margem de lucro e investimento.” Na visão de João Palhuca, vice- presidente do Sindicato das Em- presas de Segurança Privada do Es- tado de São Paulo (Sesvesp), o setor está no limite da ocupação da mão de obra. “O risco é mesmo de apa- gão, determinado pela remunera- ção mais atrativa que muitas ativi- dades fora da segurança privada estão oferecendo”, diz. Nas maiores empresas, além do treinamento, há espaço para ou- tros investimentos. Alberto Minaz- zoli, diretor geral da Prosegur, por exemplo, diz que as principais in- versões da empresa são em cons- trução ou reforma de bases opera- cionais, em modernização da frota e na compra de máquinas para processamento de cédulas. “O va- lor estimado do investimento para este ano é de R$ 100 milhões.” Na Protege, o diretor geral, Ma- rio Batista de Oliveira, informa que o investimento pesado da compa- nhia é em carros-fortes e equipa- mentos. “A manutenção e atualiza- ção de nossos veículos é uma preo- cupação constante”, diz. A frota atual é de 1,1 mil veículos. “Os car- ros-fortes são próprios, a gente só terceiriza uns 600 carros leves de apoio, para serviços de supervisão e vigilância.” Washington Cinel, presidente da Gocil, diz que a empresa investe constantemente em treinamento dos recursos humanos. “Mas o mais recente investimento pode ser visto em nossas novas instala- ções”, conta. A Gocil ocupa agora um prédio de seis andares, onde os clientes poderão conhecer o revo- lucionário conceito de CICC (Cen- tro Integrado de Comando e Con- trole), uma nova lógica de funcio- namento da segurança pública e privada, onde todas as forças se in- tegram e se tornam capazes de en- frentar as mais graves crises. “A Go- cil é a única empresa do setor a ter este serviço”, assegura Cinel. A atividade de segurança pri- vada no Brasil teve início em 1967. A primeira legislação, re- gulamentando por decreto uma ocupação até então tida como paramilitar, surgiu em 1969 em função do aumento de assaltos a bancos. As empresas foram limi- tadas a um número de 50 no Esta- do de São Paulo e até 1983 eram controladas pela Secretaria Esta- dual de Segurança Pública. A demanda aumentou ao longo dos anos e essa necessidade deixou de ser exclusiva das instituições fi- nanceiras para estender-se aos ór- gãos públicos e empresas particu- lares. O auge dos serviços de segu- rança privada aconteceu no final dos anos 70. A crescente procura exigia então uma normatização, pois o decreto já não comportava todos os aspectos da atividade. Após grande esforço junto ao Go- verno Federal o serviço foi regula- mentado por meio de legislação específica: a lei 7.102/83. Por essa regra, para poder ope- rar, as empresas de segurança privada precisam da autorização do Ministério da Justiça, além do Certificado de Segurança, um do- cumento emitido pela Polícia Fe- deral certificando que a empresa foi fiscalizada e está em condi- ções técnicas de prestar serviços. Quanto aos profissionais do seg- mento, esses devem ter, além do re- gistro em uma empresa do setor, o certificado de conclusão do curso de formação de vigilantes. Teorica- mente, isso impossibilita a existên- cia legal de autônomos. “Mas, na prática, os números da Polícia Fe- deral indicam que existem no Bra- sil duas empresas clandestinas pa- ra cada uma empresa legalizada”, afirma Palhuca, do Sesvesp. Segundo ele, a entidade traba- lha desde 2000 para que a legisla- ção do setor seja atualizada. (JG)

Segurança Patrimonial

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Edição especial do Jornal Valor Econômico sobre Segurança Patrimonial.

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Page 1: Segurança Patrimonial

Jornal Valor --- Página 1 da edição "27/03/2013 1a CAD G" ---- Impressa por lmmorresi às 26/03/2013@14:24:03

Enxerto

Jornal Valor Econômico - CAD G - ESPECIAIS - 27/3/2013 (14:24) - Página 1- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

Quarta-feira, 27 de março de 2013 | G1

Es p e c i a lSegurança patrimonial

S e g u ra d o ra sreinventam produtose serviços paramitigar riscos G2

Perfil da demandapor vigilância patrimonial *

ConcentraçãoFatia das empresas de segurança privadano total de vigilantes ocupados *

29%Indústrias

29%Administração

pública

23%Bancos

8%Setor de serviços

8%Condomíniosresidenciaise empresariais

3%Outros

24,46%Participação das

5 maiores

41,20%Participação

das 10 maiores

34,34% Outros

R$ 18 bilhõesé a receita estimada do setor em 2012

1.800 firmasde serviço de vigilância no país

3.600 negóciosinformais de vigilância

Mercado de segurançapatrimonial

BrasilEmpresasespecializadas

1.500

Cursosde formação

216Vigilantes

605 mil

Valores tangíveis

Fontes: DPF/Sisvip e Sesvesp. * Estado de São Paulo, 2011.

N ova s Enquanto aguardam regulamentação do adicionalde periculosidade aos salários dos vigilantes,empresas fazem as contas do aumento de custos.Por Juan Garrido , para o Valor, de São Paulo

O mercado brasileiro desegurança privadachegou ao patamar da

maturidade. Um dos sinais dis-so é que o número de empresasse mantém estável há mais dedez anos. “Não há muita empre-sa nova no setor porque as difi-culdades de ingresso são gran-des em face da competição acir-r a d a”, diz João Palhuca, vice-pre-sidente do Sindicato das Empre-sas de Segurança Privada do Es-tado de São Paulo (Sesvesp), cu-jos estudos extrapolam as fron-teiras paulistas, abrangendo oBrasil todo.

“Continuam em pé as compa-nhias mais capazes e com fôlegopara acompanhar as tendênciasde um mercado cada vez mais exi-g e n t e”, resume. Pelos números doSesvesp, em maio de 2011 o Brasiltinha 1,5 mil empresas de segu-rança privada, que empregavamalgo como 605 mil vigilantes(frente a 550 mil policiais das for-ças estaduais de segurança públi-ca). Desse total de empresas, 429atuavam no Estado de São Paulo(29%) e empregavam 204 mil pes-soas. “As ações da segurança pri-vada servem de complemento àsda segurança pública.”

Pelos cálculos de Palhuca, omercado de segurança privadateve uma expansão de 7% em2012, na comparação com o anoanterior. Mas ele comenta que is-so não significa necessariamenteaumento de faturamento oucrescimento do número de em-presas. “O que se registrou foi umvolume maior de assinatura decontratos por conta das inaugu-rações de agências bancárias, fá-bricas, shoppings, escolas e, prin-cipalmente, lançamentos de pré-dios comerciais e de apartamen-tos”, diz, revelando que só o mer-cado imobiliário respondeu porum terço das contratações de no-vos serviços no período. “Soman -do tudo, acho que em 2012 o se-tor pode superar o movimentode 2011, de R$ 15 bilhões.”

Em linha com essa previsão, opresidente da Associação Brasi-leira das Empresas de Vigilân-cia (Abrevis), José Jacobson Ne-to, espera que em 2012 o fatura-mento se situe entre R$ 15 bi-lhões e R$ 18 bilhões. Essa dife-rença de R$ 3 bilhões refletesimples cautela, diz ele, já queos balanços das empresas aindanão estão consolidados. “Achoque o movimento poderia ser

ainda maior se o custo Brasilnão fosse tão alto e a desonera-ção da folha de salário tivessecontemplado o nosso setor.”

Por serem de mão de obra in-tensiva as empresas de segurançapatrimonial têm 90% dos seuscustos concentrados em saláriosdos vigilantes, encargos sociais eimpostos. “Como é preciso des-contar também a taxa de admi-nistração e o investimento per-manente com treinamento depessoal, sobra uma margem delucro que raramente ultrapassa2%”, diz Jacobson. “Se a empresanão fizer uma gestão de risco cui-dadosa, o custo Brasil pode cor-roer ainda mais essa margem.”

Com esse pano de fundo, não éde admirar o barulho provocadono setor com a mudança na legis-lação, que instituiu um adicionalde 30% de periculosidade sobreos salários dos vigilantes – em vi-gor desde dezembro passado,mas ainda não regulamentadapelo Ministério do Trabalho, se-gundo o que define o artigo 196da CLT. “As empresas de vigilânciaterão que repassar o custo para osclientes, mas ninguém garanteque vão absorver os 30% de umatacada só”, teme Jacobson.

Ele observa que enquanto a re-gulamentação não esclarece aabrangência da lei, o patronatodo setor está tentando persuadiros trabalhadores de que só é pos-sível continuar concedendo 3%ou 4% ao ano, além do INPC. “Esseganho real já vem sendo dado háalguns anos em Estados como SãoPaulo, mas no Piauí, por exemplo,isso não tem ocorrido.”

Segundo Palhuca, da Sesvesp,com a lei dos 30% adicionais depericulosidade ainda indefinida,ignora-se se todos os tipos de vigi-lante vão ter esse benefício. “Seráque o profissional desarmado,que fica em escolas e hospitais,por exemplo, vai ter o mesmo di-reito daquele segurança de bancoarmado, que corre risco de assal-to?”, pergunta. Ele acha mais pro-vável que os clientes das empresasde segurança não aceitem o re-passe enquanto não estiver defi-nida a situação.

Palhuca relata que o perfil daclientela do setor é formado porbancos (30% do mercado), ór-gãos públicos (35%) e a reuniãode indústria, comércio e servi-ços (outros 35%). Para o contra-to com um cliente ter amparolegal, conta ele, é obrigatória a

re g ra selaboração de uma planilhacom todos os custos, uma taxade administração e uma mar-gem de lucro. “Quando apareceuma legislação extra como ados 30% adicionais no salário,há um impacto negativo quecausa grande instabilidade nasrelações tanto com os emprega-dos como com os clientes.”

Pelo lado das grandes em-presas de segurança patrimo-nial, as reações em face da novalei variam um pouco de acordocom a visão de cada executivo.Foram ouvidas a espanholaProsegur (52 mil funcionários eR$ 2,66 bilhões de faturamentoem 2012), Protege (21 mil em-pregados e faturamento de R$1,3 bilhão) e Gocil (18 mil fun-cionários, sem informar fatura-mento).

Para Mario Batista de Olivei-ra, diretor geral da Protege, estáhavendo uma pressão muitoforte pelo lado laboral para queo adicional de periculosidadeseja pago, com retroatividade,de dezembro para cá. “Estamospreocupados e ansiosos pela re-gulamentação, mas que as em-presas vão pagar a partir da re-gulamentação é ponto pacífico:

não há como fugir disso.”O diretor geral da Prosegur,

Alberto Minazzoli, por sua vez,esclarece que em algumas cate-gorias e/ou Estados já existe umadicional de risco de vida (quena nova lei é substituído peloadicional de periculosidade),que varia caso a caso, podendochegar a 30%. “Portanto não ne-cessariamente o impacto é tãoe x p r e s s i v o”, afirma. “No entan-to, esse custo adicional não éviável sem repasse aos preços,podendo gerar uma redefini-ção ou cancelamento dos servi-ços de segurança, com desvan-tagem para todos: clientes, fun-cionários e empresas de segu-r a n ç a”, afirma.

O presidente da Gocil,Washington Cinel, concordacom ganhos reais de salário pa-ra os vigilantes. “Mas de formaalinhada aos ganhos reais obti-dos pelas demais categoriasprofissionais do país”, diz. Eletambém está preocupado comos custos que os serviços atingi-rão após a aplicação da regula-mentação. Cinel defende que osetor também seja beneficiadopela desoneração na folha dep a g a m e n t o.

Treinamento de mão de obra é ponto crítico para o setorDe São Paulo

A mão de obra é, de longe, o in-sumo mais importante na área desegurança privada. “Apesar da in-corporação crescente de novastecnologias, o fator humano é oprincipal alvo dos investimentosdas empresas do setor”, afirmaJosé Jacobson Neto, presidenteda Associação Brasileira das Em-presas de Vigilância (Abrevis).

Segundo Jacobson, o universodas 1,5 mil empresas investe, emmédia, 1% de seu faturamento emtreinamento e reciclagem. “Quempensa que isso é pouco se engana”,aponta. Na média, 90% dos custosdas empresas vão para salários, en-cargos sociais e impostos, e outraboa parte para taxa de administra-

ção. “Sobra pouco, portanto, paramargem de lucro e investimento.”

Na visão de João Palhuca, vice-presidente do Sindicato das Em-presas de Segurança Privada do Es-tado de São Paulo (Sesvesp), o setorestá no limite da ocupação da mãode obra. “O risco é mesmo de apa-gão, determinado pela remunera-ção mais atrativa que muitas ativi-dades fora da segurança privadaestão oferecendo”, diz.

Nas maiores empresas, além dotreinamento, há espaço para ou-tros investimentos. Alberto Minaz-zoli, diretor geral da P r o s e g u r, porexemplo, diz que as principais in-versões da empresa são em cons-trução ou reforma de bases opera-cionais, em modernização da frotae na compra de máquinas para

processamento de cédulas. “O va-lor estimado do investimento paraeste ano é de R$ 100 milhões.”

Na Protege, o diretor geral, Ma-rio Batista de Oliveira, informa queo investimento pesado da compa-nhia é em carros-fortes e equipa-mentos. “A manutenção e atualiza-ção de nossos veículos é uma preo-cupação constante”, diz. A frotaatual é de 1,1 mil veículos. “Os car-ros-fortes são próprios, a gente sóterceiriza uns 600 carros leves deapoio, para serviços de supervisãoe vigilância.”

Washington Cinel, presidenteda Gocil, diz que a empresa investeconstantemente em treinamentodos recursos humanos. “Mas omais recente investimento podeser visto em nossas novas instala-

ções”, conta. A Gocil ocupa agoraum prédio de seis andares, onde osclientes poderão conhecer o revo-lucionário conceito de CICC (Cen-tro Integrado de Comando e Con-trole), uma nova lógica de funcio-namento da segurança pública eprivada, onde todas as forças se in-tegram e se tornam capazes de en-frentar as mais graves crises. “A Go-cil é a única empresa do setor a tereste serviço”, assegura Cinel.

A atividade de segurança pri-vada no Brasil teve início em1967. A primeira legislação, re-gulamentando por decreto umaocupação até então tida comoparamilitar, surgiu em 1969 emfunção do aumento de assaltos abancos. As empresas foram limi-tadas a um número de 50 no Esta-

do de São Paulo e até 1983 eramcontroladas pela Secretaria Esta-dual de Segurança Pública.

A demanda aumentou ao longodos anos e essa necessidade deixoude ser exclusiva das instituições fi-nanceiras para estender-se aos ór-gãos públicos e empresas particu-lares. O auge dos serviços de segu-rança privada aconteceu no finaldos anos 70. A crescente procuraexigia então uma normatização,pois o decreto já não comportavatodos os aspectos da atividade.Após grande esforço junto ao Go-verno Federal o serviço foi regula-mentado por meio de legislaçãoespecífica: a lei 7.102/83.

Por essa regra, para poder ope-rar, as empresas de segurançaprivada precisam da autorização

do Ministério da Justiça, além doCertificado de Segurança, um do-cumento emitido pela Polícia Fe-deral certificando que a empresafoi fiscalizada e está em condi-ções técnicas de prestar serviços.

Quanto aos profissionais do seg-mento, esses devem ter, além do re-gistro em uma empresa do setor, ocertificado de conclusão do cursode formação de vigilantes. Teorica-mente, isso impossibilita a existên-cia legal de autônomos. “Mas, naprática, os números da Polícia Fe-deral indicam que existem no Bra-sil duas empresas clandestinas pa-ra cada uma empresa legalizada”,afirma Palhuca, do Sesvesp.

Segundo ele, a entidade traba-lha desde 2000 para que a legisla-ção do setor seja atualizada. (JG)

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Jornal Valor --- Página 2 da edição "27/03/2013 1a CAD G" ---- Impressa por lmmorresi às 26/03/2013@14:24:43

G2 | Valor | Quarta-feira, 27 de março de 20 1 3

Enxerto

Jornal Valor Econômico - CAD G - ESPECIAIS - 27/3/2013 (14:24) - Página 2- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

Especial | Segurança patrimonial

Eventos esportivos Empresas terão que se adaptar aos padrões da Fifa

Copa do Mundo vai exigira formação de consórcios

EVANDRO MONTEIRO/VALOR

Mário Baptista de Oliveira: “Estamos formando consórcios. Não há concorrência. O que há é parceria”

Carlos Eduardo CheremPara o Valor, de Belo Horizonte

O ramo de segurança eletrônicadeve praticamente dobrar de ta-manho nos próximos três anos, noBrasil. E o motivo é o mesmo queprovocará impacto positivo emoutros setores: a realização, nopaís, da Copa das Confederações,em junho, e da Copa do Mundo,em 2014. As empresas da área têmmuito a comemorar. A estimativa éde que o faturamento global do se-tor chegue a R$ 1,8 bilhão, em2016. Em 2012, a receita foi deR$ 999,6 milhões, segundo a Asso-ciação Brasileira da Indústria Elé-trica e Eletrônica (Abinee).

“A Copa das Confederações e,principalmente, a Copa do Mundoestão sendo os grandes propulso-res desse crescimento sem parale-l o”, diz o diretor de segurança ele-trônica da Abinee, Marcos Mene-zes. “A expectativa para os próxi-mos anos é de um crescimentocontínuo. Estamos falando de con-tratos de 20, 25 anos”, afirma.

Menezes explica que, para seadaptar às exigências da Fifa, asempresas estão se adequando àsnormas e padrões utilizados emtodo o mundo. Com isso, abremchances de obter certificações in-ternacionais. A necessidade decumprir essas exigências cria umasituação nova: o trabalho conjun-to das empresas, diz ele.

“Temos um desafio pela frente”,diz o diretor-geral do Grupo Prote -ge, Mário Baptista de Oliveira. Ogrupo tem 28 bases operacionaisem 21 Estados, além de 21 mil em-pregados. É formado por sete em-presas que vão de segurança ele-trônica e patrimonial a transportee custódia de valores. Mesmo as-sim, segundo Oliveira, para seguiros requisitos da Fifa a empresa temde recorrer aos consórcios. “A de-manda é muito grande. Estamosformando consórcios. Não há ou-tro jeito. Não há concorrência. Oque há é parceria”, afirma Oliveira.“Um jogo vai demandar cerca de 2mil seguranças. Teremos diversasempresas que vão fornecer mão deobra durante esses eventos.”

O plano de segurança do Gover-

Jogos em junhocontarão com11 mil agentesRoberto RockmannPara o Valor, de São Paulo

Em junho, durante a realiza-ção da Copa das Confederações,a previsão é de que 11 mil profis-sionais de segurança estejam en-volvidos no evento, entre agentesde segurança patrimonial estewards (agente de segurançade grandes eventos, que farãosua estreia nas arenas esportivasbrasileiras). A missão deles serácuidar do conforto e da seguran-ça nos estádios que abrigarão osjogos do torneio realizado pelaFifa. Pela primeira vez, atuarão osstewards, agentes que vão traba-lhar dentro do perímetro do es-tádio para trazer conforto ao tor-cedor e trabalhar na resoluçãopacífica de conflitos. O que foração de polícia continuará exclu-sivamente responsabilidade dosórgãos de segurança pública.

A regulamentação dos stewardsé recente no Brasil. Uma portariapublicada, em 10 de dezembro de2012, traça as diretrizes da ativida-de. Esses agentes trabalharão,principalmente, dentro dos está-dios para orientar o espectadordurante a realização das partidas.Como o caráter é educativo, nãoportarão armas. O início da con-tratação dos stewards deverá serem abril, segundo empresários dosetor. “Os stewards serão contrata-dos por meio de uma empresa desegurança privada, credenciada naPolícia Federal. Todos os vigilantesdeverão ter concluído o curso deextensão em segurança para gran-des eventos e possuir carteira na-cional de vigilantes”, diz o gerentegeral de segurança do Comitê Or-ganizador Local (COL), Hilário Me-deiros. Para atuar no evento, serápreciso ter treinamento específico,sendo que cada um dos agentes in-teressados terá de passar por umcurso adicional de 50 horas aula.

“O treinamento será dado pe-las escolas de formação creden-ciadas pela Polícia Federal, queficarão responsáveis em elaboraro conteúdo de acordo com a por-taria publicada”, afirma Medei-ros. O início dos cursos está pre-visto para abril.

Não deverá haver integração di-reta entre os agentes uma vez que aoperação realizada por eles em ca-da sede será local. “A integraçãoocorrerá por meio da equipe daGerência Geral de Segurança doCOL, que coordenará as opera-ções”, destaca Medeiros. Cada está-dio possui características particu-lares, e é difícil estimar o contin-gente que irá trabalhar nas com-petições, mas, em média, se calculaque entre 1.250 e 2.100 profissio-nais de segurança trabalharão emcada arena.

Com a portaria editada em de-zembro, a expectativa é de queesse novo modelo de segurançacrie um paradigma no setor. Ostorcedores terão de validar ele-tronicamente seus ingressos naentrada dos estádios. Após o in-gresso serão inspecionados porstewards que, por meio de tecno-logia digital, vão analisar se al-guns dos que estão entrando têmhistórico de violência. Bem-suce-dida, a experiência poderá serusada em outros grandes eventosa serem feitos no país nos próxi-mos anos, como os Jogos Olímpi-cos de 2016 no Rio de Janeiro. “Aparte legal, o treinamento e a ex-periência que esses agentes terãoapós o evento certamente serãoum dos principais legados da Co-pa do Mundo da Fifa para esse emuitos outros grandes eventosque virão”, diz Medeiros.

Além dos agentes, uma outranovidade estará fora dos grama-dos brasileiros: os centros de co-mando e controle que serão insta-lados nas 12 cidades sede do jogo,sendo que no Rio de Janeiro e emBrasília funcionarão salas espe-ciais que integrarão as informa-ções das sedes coletando dados emuniciando os agentes em campo.O principal objetivo é viabilizar atomada de decisões de forma ágil eintegrada em situações de emer-gência, otimizando recursos eações. Os centros deverão reunirdiversas esferas: serviço de atendi-mento a emergências das PolíciasMilitar e Rodoviária Federal, Corpode Bombeiros, serviços de ambu-lâncias, além de salas de gerencia-mento de crises.

Seguradoras miram risco corporativo para crescerDenise BuenoPara o Valor, de São Paulo

O Brasil está vez mais exposto ariscos complexos à medida que aeconomia cresce e as empresas seexpandem internacionalmente.“Com o crescimento, as corpora-ções brasileiras passam a se inte-grar mais na economia global e,como consequência, enfrentammaiores riscos com a cadeia de su-primentos, com desastres naturaise com a falta de mão de obra quali-f i c a d a”, diz Angelo Colombo, CEOda filial brasileira da Allianz Glo-bal Corporate & Specialty (AGCS).

O grupo WEG, um dos maioresfabricantes mundiais de equipa-mentos eletro-eletrônicos, vê noseguro uma das formas de garantiro crescimento com consistência."Depois de identificado riscos eproduzida as políticas de gerencia-mento, definimos por meio doscomitês e comissões como será tra-tado o risco, se vamos absorver,compartilhar ou transferir, sejacom seguradoras ou parceiros emprojetos ou até com fornecedo-res", diz Vanderlei Moreira, geren-te global de riscos e seguros.

Isso obrigou seguradoras ecorretoras a reinventarem pro-dutos e serviços para mitigar ris-cos e agregar ainda mais segu-rança ao patrimônio dos clientes.O conceito de sustentabilidadepassou a ser o norte dos executi-vos de grandes riscos das segura-doras. "Quando uma fábrica so-fre um acidente como incêndio,todos perdem: bancos, fornece-dores, economia local e gover-nos. Apostar no gerenciamentode riscos é uma estratégia vence-dora, que traz ganho ao negócio

de todos os envolvidos”, argu-menta Wady Cury, diretor degrandes riscos do grupo segura-dor Bando do Brasil e Mapfre.

Para conquistar clientes e for-mar uma carteira rentável, as segu-radoras apostam em inovação,produtos acessíveis e estudos queas ajudem a surpreender nas co-berturas ofertadas. Segundo a “Al -lianz Risk Barometer 2013”, pes-quisa realizada pela AGCS, a para-lisação do negócio por falha na ca-deia de suprimentos, desastres na-turais, como enchentes, e incên-dios e explosões estão entre osprincipais riscos relatados pelos529 especialistas em seguros cor-porativos e industriais entrevista-dos em 28 países.

O grupo BB e Mapfre investiuem uma pesquisa de menor abran-gência, mas descobriu dados inte-ressantes. Escolheram 12 grandese médias clientes para visitar. Oprojeto gerou 67 ações de inspeto-ria e consultoria, com quase 420recomendações de prevenção emitigação de riscos. A surpresa foique 57% dos clientes implementa-ram as normas definidas pelo co-mitê gestor de riscos e segurança.“Basta apenas que elas sejam obe-decidas e recebam manutenção”,diz Cury. Os outros 16% não esta-vam implementadas de acordocom a legislação e apenas 10% pre-cisavam fazer investimentos pesa-dos em infraestrutura para se ade-quarem aos padrões mínimos exi-gidos pelas seguradoras.

Segundo Luciano Calheiros, di-retor de riscos corporativos da Li -b e r t y, a ideia é ajudar a sociedadea identificar e prevenir riscos. “Asseguradoras têm um histórico va-lioso das razões que levaram

companhias a perder tudo e que-remos usar essa experiência”, diz.Uma das ações é distribuir carti-lhas para diferentes nichos, comdicas simples de segurança paraclientes médios e pequenos. “Orisco de um restaurante é diferen-te do risco de uma loja de roupas.Queremos dar dicas sob medidapara cada segmento”, afirma.

Seguradoras e corretores suge-rem recomendações de prevenção,desde as mais simples, como sepa-ração de materiais tóxicos e infla-máveis, até o roteiro de trajeto pa-ra o transporte de um equipamen-

to de grande porte. “Se cumpridas,conseguimos seguradoras interes-sadas em aceitar o programa de se-guro desenhado sob medida, compreços e franquias acessíveis", con-ta Eduardo Marques, diretor dacorretora Marsh.

"Se a empresa se propõe acumprir parte das recomenda-ções, temos uma cláusula deter-minando um prazo para finalizaras melhorias. Caso não haja inte-resse da empresa em investir emsegurança, ficamos impossibili-tados de oferecer cobertura”, dizOtávio Bromati, diretor de res-

ponsabilidade civil da Zurich Se-guros no Brasil.

A Generali cresce pautada pelaestratégia de “pescar em rios commenos pescadores”, diz o CEO JoséRibeiro. Para ele riscos bem trata-dos e com boa subscrição são maisrentáveis do que aqueles onde háqueda substancial das taxas emfunção da concorrência. “O Brasiltem grande potencial de cresci-mento entre as medias e pequenasempresas, pois menos de 20% delascontam com seguro. O sucesso estáem ajudá-los a terem uma opera-ção mais sustentável”, diz.

A americana AIG persegue amesma estratégia. Pesquisa reali-zada pelo grupo revelou que dascerca de 27 milhões de pequenase médias empresas instaladas noBrasil, somente 20% têm seguro.“Por essas e outras o Brasil é umdos principais mercados domundo para o grupo, ao lado daC h i n a”, conta o CEO Jaime Calvo,que tem o desafio de sair de 0,5%em seguros patrimoniais para3,7% em 5 anos. Estão previstos15 produtos inovadores para se-rem lançados em 2013 para osclientes corporativos.

no Federal para os megaeventos,dividido em 15 áreas temáticas,tem custo estimado de R$ 1,17 bi-lhão. Desse total, cerca de trêsquartos (R$ 877,5 milhões) serãogastos com equipamentos. Estãosendo implantados 14 centros decomando e controle — dois delesnacionais, em Brasília e Rio de Ja-neiro, e o restante nas demais capi-tais que vão receber jogos.

Até equipamentos insuspeitos,que parecem ter pouco a ver comsegurança, podem entrar na contadas empresas da área, durante ascopas. “O sistema de som e ima-gem nos estádios, por exemplo,serve a mais de um propósito. Parainformação, para entretenimentoe, também, para a segurança. Numcaso de evacuação, ele é funda-mental”, afirma Menezes.

Essa situação, segundo o diretorda Abinee, faz com que os contra-tos com as concessionárias dos es-tádios, responsáveis pela infraes-trutura de segurança, possam va-riar de algo em torno de R$ 20 mi-lhões a R$ 60 milhões.

O diretor geral do Protegelembra que um jogo de futeboldemanda segurança antes, du-rante e depois. Em média, são 12horas de trabalho. Como essesprofissionais têm uma remune-ração média de R$ 30 por hora,cada um deles deve receber cercade R$ 360 por partida. Com 2 milempregados em cada jogo, so-mente com pessoal de segurançadeve ser gasto algo em torno deR$ 720 mil, numa partida.

O executivo lembra, porém,que a demanda não se restringeaos jogos de futebol. A Fifa aindaé responsável pela segurança noscampos oficiais de treinamento,nos centros de treinamento deseleções, nos hotéis onde as dele-gações ficarão hospedadas, noslocais utilizados para a realiza-ção de eventos subordinados eem seus escritórios. “O céu é o li-mite. O segmento de segurançapatrimonial tem a pretensão defirmar-se internacionalmentecom esses eventos”, diz Oliveira.

O diretor superintendente da

Gocil Segurança e Serviços, CésarLeonel Silva Neto, tem a mesmaopinião. “Atuar nas copas repre-sentaria muito para a empresa.Muito mais que retornos financei-ros, obteríamos atestados de qua-lidade superior”, diz ele. E a empre-sa já investe para tanto. “Construí -mos um novo centro integrado decomando e controle e estamos fa-zendo grandes investimentos emtreinamento de pessoal.”

Segundo o diretor de negóciosda NEC Brasil, Massato Taka-kuwa, os dois megaeventos tam-bém antecipam a utilização denovas tecnologias. “Elas podemser utilizadas, sobretudo nas are-nas, como as aplicações biomé-tricas”, diz o executivo. Segundoele, a impressão digital e o reco-nhecimento facial são “tecnolo -gias maduras”, que devem inte-grar o sistema de segurança.

Esses subsistemas de segurançaeletrônica, na avaliação de Taka-kuwa, podem representar 15% a20% dos gastos em segurança ele-trônica de um empreendimento.

DANIEL WAINSTEIN/VALOR

Wady Cury, do grupo BB e Mapfre: “Apostar no gerenciamento de riscos é uma estratégia vencedora, que traz ganho ao negócio de todos os envolvidos”

Page 3: Segurança Patrimonial

Jornal Valor --- Página 3 da edição "27/03/2013 1a CAD G" ---- Impressa por lmmorresi às 26/03/2013@14:24:55

Quarta-feira, 27 de março de 2013 | Valor | G3

Enxerto

Jornal Valor Econômico - CAD G - ESPECIAIS - 27/3/2013 (14:24) - Página 3- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

Page 4: Segurança Patrimonial

Jornal Valor --- Página 4 da edição "27/03/2013 1a CAD G" ---- Impressa por lmmorresi às 26/03/2013@14:25:39

G4 | Valor | Quarta-feira, 27 de março de 20 1 3

Enxerto

Jornal Valor Econômico - CAD G - ESPECIAIS - 27/3/2013 (14:25) - Página 4- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

Fonte: Secretaria de Segurança Pública de São Paulo

Ocorrências oscilamRoubo a banco no Estado de São Paulo, por trimestre

1º tri.

2008

3º tri. 3º tri. 3º tri. 3º tri.1º tri.

2009

1º tri.

2010

1º tri.

2011

1º tri.

2012

4º tri.

2012

30

40

50

60

70

80

90

60

34

80

66

Especial | Segurança patrimonial

Fonte: Abrablin

Barreira anti-violênciaOs números do setor de blindagem de veículos no Brasil

Produção anual

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*

70% é a participação de São Paulo no mercado de blindados

R$ 460 milhõesé quanto movimenta o mercado brasileiro por ano

34 é o número de empresas filiadas à Abrablin0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

388 686 1.1111.782

2.4973.601

4.6814.136

3.123 3.045 3.206 3.622

5.312

6.982 6.926 7.3328.106

4.275

Bancos Investimentos de R$ 8,3 bi por ano reduzem assaltos em 58% entre 2002 e 2011, segundo a Febraban

Aposta em tecnologia gera resultadoEduardo BeloPara o Valor, de São Paulo

Para um setor que vive da con-fiança alheia, segurança é ques-tão de sobrevivência. Isso temobrigado os bancos a investir R$8,3 bilhões por ano em todas asmodalidades de proteção ao pa-trimônio — próprio e dos clien-tes. Os resultados estão aparecen-do. De acordo com a FederaçãoBrasileira dos Bancos (Febraban)o aumento de 62,5% dos investi-mentos em segurança física — deR$ 3 bilhões em 2002 para R$ 8,3bilhões em 2011 — proporciona -ram redução de 58% no númerode assaltos no mesmo período, de1.009 para 422. O dado ganhamais consistência diante da ex-pansão do setor: o número deagências e postos de atendimen-to bancário cresceu 26% no perío-do — de 27,2 mil para 34,2 mil.

Os bancos temem as ações vio-lentas, mas estão ainda maispreocupados com o crime silen-cioso da fraude eletrônica. Só noano passado, o número de tenta-tivas de golpe pela internet cres-ceu 75%. De acordo com a Febra-ban, o setor empregou R$ 1,8 bi-lhão em 2012 na segurança ele-trônica e conseguiu baixar em 6%as perdas com fraudes eletrôni-cas em relação a 2011. Os crimi-

nosos virtuais obtiveram êxitoem 0,007% do total de operações,mas conseguiram lesar bancos eclientes em R$ 1,4 bilhão no anopassado. O volume de transaçõeseletrônicas aumentou 168% en-tre 2005 e 2011. O internet ban-king já responde por 24% dastransações totais.

Sempre arredios a comentarseus investimentos nessa área, osbancos têm adotado como práti-ca mais comum o aperfeiçoa-mento dos sistemas e equipa-mentos de confirmação de ope-rações eletrônicas, com destaquepara os tokens, aparelhos que re-cebem senhas eletronicamentede forma aleatória. Também cres-ce o uso do SMS token, no qual oprotocolo eletrônico segue dire-tamente para o telefone celulardo cliente. Com a vantagem deque o banco deixa de gastar como token tradicional.

A fim de melhorar a identifica-ção do cliente, o Itaú Unibancoestá testando a biometria — porleitura de digitais — para legiti-mar operações nos caixas e no au-toatendimento. A expectativa éque até o fim deste ano o processoesteja implantado e até o fim de2014 seja usado maciçamente,afirma Cesar Faustino, especialis-ta em segurança do banco. Com otempo, a leitura das digitais dos

clientes poderá ser empregadatambém nas transações via inter-net e, no futuro, para abrir a portado autoatendimento apenas paracadastrados ou impedir que umcliente regular seja barrado pelasportas giratórias, entre outrasinúmeras possibilidades.

O Itaú também tem se preocu-pado em educar o cliente paramais segurança nas transaçõeseletrônicas. Para isso, tem divul-gado dicas e informações em seusite — abertas mesmo para quemnão é cliente —, nas agências, noscanais de autoatendimento e pormeio de cartilhas, assim comofaz também a Febraban.

Na segurança física, os princi-pais investimentos do banco têm

como objetivo o desenvolvimentode novos tipos de alarme e o moni-toramento em tempo real dasagências, além de aperfeiçoar otreinamento das equipes de vigi-lância. O banco também vai am-pliar o emprego do security passem suas agências. O sistema con-trola a abertura de tesourarias ecofres sem chave por meio de sen-sores de movimento e de massacorporal. O sistema tem o controlede acesso, não um funcionário. As-sim, torna-se impossível a alguém,mesmo cadastrado, abrir um cofremediante a coação de alguém.

O treinamento de vigilantestem sido uma preocupação fre-quente no setor, revela RonaldoToneloto, gerente corporativo

comercial da Protege, empresade vigilância, segurança eletrôni-ca e transporte de valores queatende perto de 90% dos bancosexistentes no país. Segundo ele, oefetivo total, de 3.500 homens,passa todos os anos por algumprograma de aprimoramentodesenvolvido pela empresa, alémda reciclagem a cada dois anos,exigida pela Polícia Federal.

A Protege também tem investi-do em sistemas de vigilância ele-trônica. Entre as novas tecnolo-gias disponíveis está a câmera de360 graus de cobertura, que po-de substituir até quatro equipa-mentos convencionais no moni-toramento de agências ou no au-toatendimento, além de possuirimagem de melhor qualidade.

A empresa também já possuium sistema de videoanálise emque o software é capaz de perce-ber as exceções dentro de umarotina. Por exemplo, pessoas ouobjetos parados por tempo supe-rior ao padrão diante de um cai-xa eletrônico pode alertar a cen-tral de vigilância.

Com tecnologias trazidas do ex-terior e adaptadas para as necessi-dades brasileiras, a Protege já dis-põe também do gerador de nebli-na — ou máquina de fumaça. Oequipamento cria uma cortina defumaça não tóxica que impede a

visão e, portanto, a ação de bandi-dos. A detonação pode ocorrer re-motamente, da central de monito-ramento, ou de forma automática,quando, por exemplo, alguém ten-ta violar o cofre de um caixa auto-mático. A Febraban, aliás, conside-ra a onda de explosões de caixasautomáticos uma das principaispreocupações do setor e prometeauxiliar as autoridades na soluçãodo problema.

Visando a segurança eletrônica,o Banco do Brasil inaugurou no dia20 passado seu novo datacenter,em parceria com a Caixa Econômi-ca Federal — que detém 20% doempreendimento. Os investimen-tos foram de R$ 1,22 bilhão, sendoR$ 900 milhões em equipamentos.Outros R$ 2 bilhões devem ser in-vestidos em 15 anos. Segundo oBB, o novo banco de dados encon-tra-se no nível mais seguro existen-te hoje no mundo.

O banco lançou no ano passa-do, como teste, um aplicativopara smartphone, o BB Code. Oaplicativo, a base de código debarras e criptografia, é acionadopara sancionar operações via in-ternet. Ainda sem divulgação, oaplicativo já conta com a adesãode mais de 150 mil clientes. Obanco acredita que a meta de300 mil adesões até o fim desteano será facilmente batida.

Brasil lidera o ranking mundialde blindagem de automóveisRosangela CapozoliPara o Valor, de São Paulo

O Brasil tem hoje uma frota esti-mada de 118 mil carros blindadose só no ano passado mais de 10 mildesses veículos passaram a circularpelas cidades. Entre 2003 — quan -do eram apenas 20 mil blindados— e 2012, o salto foi de 490%. Essesnúmeros colocam o Brasil no topoda lista dos países com maior frotade blindados no mundo, passandoa Colômbia e se mantendo bem àfrente de países como Rússia, Mé-xico, África do Sul e Índia.

A violência urbana, o cresci-mento da economia e as novas tec-nologias de blindagem têm feitodeste um dos negócios que maiscresce no país. Entre 2010 e 2011, oaumento da frota foi de 10,5% e2012 deve fechar com alta superiora 5%, mantendo a tendência de in-cremento neste ano.

Nesse cenário, as empresas in-vestem em novas tecnologias,aperfeiçoamento e treinamentode mão de obra e melhoria do pro-cesso para ampliar uma carteira declientes dispostos a pagar caro pe-la segurança deles e da família. Ospreços de uma blindagem variamentre R$ 22 mil a R$ 70 mil. Essemercado já movimenta por anoem torno de R$ 460 milhões. Osnúmeros são da Associação Brasi-leira de Blindagem (Abrablin) quereúne 34 empresas ligadas ao ra-mo, que respondem por cerca de80% do mercado.

A blindagem de veículos, queantes se restringia a modelosmaiores e de luxo, hoje é aplicadatambém a veículos de pequeno emédio porte. Pesquisa feita pelaAbrablin dá conta que do total deusuários, 75% são executivos e em-presários; 9% são artistas; 7%, juí-zes; 6%, políticos, enquanto as de-mais ocupações respondem por3% do perfil do consumidor.

Para ampliar esse mercado, aD u Po n t lançou um produto ca-paz de ser aplicado em modelos

menores, como Honda New Civic,por exemplo. O novo produto seenquadra no nível I da normaNBR 15000 da Associação Brasi-leira de Normas Técnicas (ABNT)e atende aos padrões de seguran-ça para materiais de blindagem.“Os componentes do sistema ofe-recem proteção contra tiros dearmas calibre 38 e abaixo, aten-dendo assim a demanda dos con-sumidores por proteção contraos perigos dos grandes centrosu r b a n o”, informa a empresa.

A blindagem mais procuradano mercado, no entanto, continuasendo a de nível III-A, que suportaaté tiros de submetralhadoras, pis-tolas 9 milímetros e revólveres 44Magnum. “Esse nível de proteção éo mais adequado à atual realidadeenfrentada nos grandes centros,pois garante proteção contra asmaiores ameaças de armas curtasde fogo em mãos da criminalida-d e”, diz Christian Conde, presiden-te da Abrablin.

“O crescimento por esse tipode serviço começou a ganhar for-ça a partir do ano 2000. Hoje omercado tem cerca de 150 em-presas em todo o país”, acrescen-ta. O levantamento da Abrablinrevela que esse processo automo-tivo segue em alta no país. Os da-dos mais recentes da associaçãodemonstram que 4.275 veículosreceberam esse tipo de proteçãonos primeiros seis meses do anopassado, o equivalente a uma al-ta de 4,92% na comparação como mesmo período de 2011. A pes-quisa teve a participação de 34blindadoras associadas à entida-de, cinco a mais do que na pes-quisa anterior.

O levantamento também mos-tra que a blindagem automotivacresce cada vez mais fora do eixoRio – São Paulo. “O estado paulis-ta segue em primeiro, com a con-centração de 70% da produção deblindados. O Rio de Janeiro ocu-pa a segunda colocação, com12%”, afirma. Já Pernambuco é o

terceiro, com 4%, seguido peloPará, com 3%, e Paraná, com 2%.Os 9% restantes são distribuídosentre os estados do Amazonas,Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mi-nas Gerais, Paraíba, Piauí, RioGrande do Norte, Rio Grande doSul, Santa Catarina e Distrito Fe-deral. “Essa descentralização temsido sentida ano após ano, o querevela que a violência e a sensa-ção de insegurança acompa-nham brasileiros de todas as re-giões do país”, afirma Conde.

Nessa corrida pela segurança,as empresas investem constante-mente em tecnologia. “O Brasil éreconhecido mundialmente pelacompetência e tecnologia nessaárea. Várias multinacionais já seinstalaram no país e temos tam-bém empresas nacionais bastan-te competentes”, diz Conde.

Com uma fábrica instalada emMauá, no ABC Paulista, a ConceptBlindagens está entre as cincomaiores do país e é a blindadoraoficial da Au d i . A empresa adap-tou cerca de 500 carros no anopassado e no último triênio obte-ve aumentos significativos. “Nosúltimos três anos, crescemosbem acima da média por contade melhoria de processo e avan-ço tecnológico. Nosso negóciotem registrado crescimento en-tre 8% e 11% ao ano. Para 2013, noentanto, estamos prevendo au-mento baixo devendo ficar na ca-sa dos 3% em virtude da conjun-tura de mercado”, afirma FábioRovêdo de Mello, diretor da Con-cept Blindagens.

A Concept está entre as empre-sas que investem pesado em tec-nologia, sistema de controle, trei-namento de mão de obra e siste-ma de gestão. “Isso é fundamen-tal para otimização do processo.Desembolsamos cerca de R$ 2,2milhões por ano nessas áreas”, in-forma o diretor. A blindadoratambém tem como meta ampliaro seu quadro de funcionários nes-te ano. “Pretendemos contratar

cerca de sete profissionais totali-zando 69 colaboradores”, diz. Se-gundo o diretor, a maior partedos clientes da empresa vem dosetor corporativo. “Antes, o perfildos nossos clientes era de profis-sionais liberais e empresários,mas ultimamente a maior fatia écomposta pelo setor corporativo,principalmente, por aqueles exe-cutivos que vêm de outro país pa-ra o Brasil. A blindagem é comouma ferramenta complementarde segurança”, diz.

Segundo o executivo, dentrodo nível III há dois segmentos decarros que são blindados e repre-sentam 80% do mercado. São osveículos utilitários esportivos,como o Land Rover, por exemplo,e os sedãs. “Cerca de 45% do mer-cado é movimentando pelos uti-litários esportivos cuja blinda-gem sai por cerca de R$ 53 mil. Jáos sedãs Corolla, Passat, HondaCivic e outros nessa linha custamao redor de R$ 46 mil.

Há uma outra faixa que são osveículos da categoria Premiumque são o Audi, Mercedes, BMW,cujos preços variam entre R$ 55mil e R$ 70 mil a adaptação”, de-talha Rovêdo de Mello. Porém, aDuPont está investindo em blin-dagens do tipo I para carros demenor porte. A empresa praticapreços até 50% mais baixos —que oscilam entre R$ 22 mil eR$ 33 mil.

Pesquisas feitas pela DuPontdemonstram o desejo da classemédia em levar segurança paraas ruas e, principalmente, para afamília. “Nesse sentido, lança-mos um produto exclusivo parao mercado brasileiro, estenden-do a proteção de um blindado auma parcela maior de consumi-dores, donos de veículos de mé-dio porte e residentes nos gran-des centros urbanos”, informa.Para a DuPont, trata-se de recur-so importante para as famíliasque até então não contavam comqualquer tipo de proteção.

Insegurança nasestradas custaR$ 16 bi por anoCarmen Lígia TorresPara o Valor, de São Paulo

O prejuízo do Brasil com as mer-cadorias roubadas no transporterodoviário de cargas está perto deR$ 1 bilhão por ano, conforme esti-mativas de especialistas do setor,feitas a partir dos dados que sãocontabilizados nos órgãos de se-gurança pública. Além disso, 9%do valor do frete reflete custos comsegurança e gerenciamento de ris-co, algo como R$ 16 bilhões porano, pelas contas da Pamcary, ge-renciadora de riscos especializadaem transporte.

“Roubo de cargas é negócio dequadrilha organizada, porqueninguém rouba a carga de um ca-minhão se não tem receptador se-guro para ela”, diz Flávio Benatti,responsável pela sessão de cargasda Confederação Nacional dosTransportes (CNT). Há mais de 20anos o setor estuda e analisa aquestão, havendo gestões de diver-sas formas na área de legislação esegurança pública. A Lei Comple-mentar 121, sancionada em feve-reiro de 2006, é um exemplo. “Otexto prevê a criação de um siste-ma de inteligência para obtençãode dados cruzados nas diversasinstâncias de segurança pública,federal, estaduais e municipaismas ficou sem regulamentação,até hoje”, lamenta Benatti.

Para se proteger, e manter a ati-vidade em funcionamento, as em-presas adotam custosos procedi-mentos preventivos. “Além do cus-to, os esquemas de segurança obri-gam a paradas e desvios de rotaque impactam a otimização douso do transporte e, consequente-mente, redução da rentabilidadeda operação”, diz Benatti.

A região Sudeste é a mais afe-tada com a insegurança, concen-trando 76% das ocorrências, se-guida pela região Sul, com 9,4%,Nordeste 8,4% e Norte, com 1,8%.As cidades mais afetadas são SãoPaulo e Rio de Janeiro.

Segundo a Pamcary, que mo-nitora 6 milhões de viagens porano, com atendimento a 8 milocorrências, de mais de quatromil clientes, as capitais concen-tram mais da metade dos prejuí-zos com cargas roubadas dos es-tados. Em São Paulo, onde ocor-rem 65% dos prejuízos, 32% con-centram-se na capital. “O maiornúmero de ocorrências acontecenas áreas urbanas, mas o prejuí-

zo é maior nas ocorrências rodo-viárias”, diz Darcio Centoducato,diretor de Gerenciamento de Ris-co da Pamcary.

Manoel Sousa Lima Jr., presi-dente do Sindicato das Empresasde Transporte de Carga de SãoPaulo e Região (Setcesp), afirmaque o roubo de cargas é, de lon-ge, o mais grave problema do se-tor. “Essa é a verdadeira agoniadas empresas”, sintetiza. Segun-do ele, o bandido da linha defrente, que rende o motorista, éapenas o início da operação. Oesquema pesado é o que distri-bui as mercadorias até as lojas,onde são misturadas às lícitas.Ele destaca que a tecnologia derastreamento já permite à fiscali-zação comprovar o crime, no ca-so da ação policial no canal devenda. “Falta vontade política pa-ra a intervenção”, afirma.

Para o coronel Paulo RobertoSouza, assessor de segurança daNTC&Logística, que reúne trans-portadoras de todo o Brasil, nãohá uma resposta pública inte-grada. “As medidas são isoladas,sem amparo institucional am-p l o”, diz, destacando que não hálei que leva ao que ele chama de“perdimento de bens” dos crimi-nosos, o que poderia minar osistema criminoso de receptaçãode cargas roubadas.

Ele conta que há menos de dezanos houve uma tentativa de im-plantação no Brasil de algo simi-lar à Lei de Descomiso, da Argen-tina. No país vizinho, há a amea-ça de interdição e de auditoriageral dos estabelecimentos co-merciais pegos com um itemroubado em seu estoque. O pres-suposto é que se há um artigoroubado, tudo pode ser roubado,e isso vale para todas as filiais, emcaso de rede de lojas. A empresacorre o risco de ficar meses sempoder funcionar, sob auditoria.

Mesmo com resultados ani-madores na Argentina, de quedade 60% a 70% no roubo de cargadepois da aplicação da lei, a ava-liação prevalecente no Brasil é deque a lei argentina é muito dura.Em julho passado, uma alteraçãona legislação brasileira de lava-gem de dinheiro, prevista na Lei12.683, abriu espaço para o “per -dimento dos bens” pelo crime deroubo de cargas. “É algo no senti-do de coibir o roubo, mas aindamuito tímido, diante da gravida-de do problema”, diz Souza.

Page 5: Segurança Patrimonial

Jornal Valor --- Página 5 da edição "27/03/2013 1a CAD G" ---- Impressa por lmmorresi às 26/03/2013@14:26:18

Quarta-feira, 27 de março de 2013 | Valor | G5

Enxerto

Jornal Valor Econômico - CAD G - ESPECIAIS - 27/3/2013 (14:26) - Página 5- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

Especial | Segurança patrimonial

Vigilância Texto do Estatuto da Segurança Privada deve virar projeto de lei

Nova legislação endurececontra os clandestinos

César Silva: “Legislação antiga abre espaço para atividade clandestina”

Carlos OliveiraPara o Valor, de São Paulo

De empresários a vigilantes, háum consenso: a nova legislaçãoque vai regular a atividade noBrasil é esperada com expectati-va positiva, pois deverá sanearum mercado prejudicado pelaclandestinidade, pela concorrên-cia desleal e por abusos de ordemtrabalhista.

Em análise na Casa Civil da Pre-sidência da República, depois deum período de discussões no Mi-nistério da Justiça, o texto do novoEstatuto da Segurança Privada estábem próximo de se transformarem projeto de lei. Aprovado, elesubstituirá a lei 7.102, de 1983,considerada ultrapassada, e, a cur-to e médio prazos, promoverá im-portantes mudanças no mercadode vigilância, que em 2012 movi-mentou cerca de R$ 30 bilhões.

O projeto de lei considerará cri-me organizar, prestar ou oferecerserviços de segurança privadaclandestina. Os infratores estarãosujeitos a penas de dois a quatroanos de prisão, além de multa. A vi-gilância nas ruas, atribuição exclu-siva da polícia, deverá ser punidacom penas de três meses a doisanos de prisão.

“Entre os pontos fundamentaisdo texto em análise estão o comba-te ao serviço clandestino e a quali-ficação da mão de obra”, diz Ga-briel Sampaio, secretário substitu-to de assuntos legislativos do Mi-nistério da Justiça. Essas medidaspossibilitariam melhores salários,concorrência produtiva e maiorcredibilidade do negócio.

Abertura paraest rangeirascausa debatesDe São Paulo

Se o apoio do setor da segurançaprivada à punição de empresasclandestinas é unânime, a entradade grupos estrangeiros nesse ne-gócio ainda é um ponto sensível.

Hoje, apenas três empresas es-trangeiras estão em operação nopaís. Dessas, duas se instalaram an-tes de 1983, quando a lei 7.102 im-pediu o acesso das multinacionais.A gigante americana Brinks e a es-panhola Prosegur chegaram, res-pectivamente, em 1966 e 1981.

Uma terceira, a inglesa e lídermundial G4S, beneficiou-se re-centemente de uma autorizaçãodo Ministério da Justiça e com-prou a paulista Vanguarda Segu-rança, credenciando-se a dispu-tar as demandas do mercadobrasileiro, entre elas a segurançados estádios durante a Copa daFifa, no ano que vem, e os daOlimpíada do Rio, em 2016.

Nas estrangeiras, entretanto, aordem geral é não falar sobre o no-vo estatuto, muito menos sobreabertura de mercado. Mas algu-mas empresas nacionais e entida-des de classe comentam o tema.

Para César Leonel da Silva Neto,diretor superintendente da Gocil,as empresas estrangeiras, se vie-rem para o Brasil, poderão contri-buir com novas tecnologias, gerarempregos e promover a qualifica-ção profissional de seus funcioná-rios. “Se forem sérias, serão bem-vindas”, disse Silva Neto.

O caminho até uma eventualabertura do mercado é longo.Por enquanto o que se discute é oporcentual de participação do

capital estrangeiro nas empresasnacionais. Por ora, há sinais deque a futura legislação poderá li-mitar a participação estrangeiraem até 49% do capital social, co-mo sugere, por exemplo, a Asso-ciação Brasileira das Empresas deVigilância (Abrevis).

Marcos Paiva, presidente da As-sociação Brasileira das Empresasde Transporte de Valores (ABTV),lembra que, em 1983, com o paísainda em regime de exceção, o ar-tigo 11 da lei 7.102 proibiu a pre-sença de sócios estrangeiros, sus-tentando que a segurança privadaé uma atividade complementar àsegurança pública.

Paiva, um crítico do despachodo Ministério da Justiça que per-mitiu a entrada da G4S no merca-do brasileiro, crê que a futura le-gislação será favorável à abertura.“Isso vai acontecer. Não há proble-ma, elas não vão atrapalhar. É me-lhor trabalhar com uma multina-cional idônea do que com uma na-cional sem escrúpulos”, disse.

Enquanto a Brinks e a Prosegurevitam falar publicamente sobre oassunto, a G4S, responsável pela se-gurança da Olimpíada de Londrese recém-chegada ao Brasil, reveloualgumas de suas posições. De acor-do com um de seus diretores, quepreferiu falar ao Va l o r em off, a em-presa acredita que concorrênciacom normas claras e regulamentosiguais para todos só fazem bem pa-ra a economia e os negócios. Se-gundo o diretor, o grupo inglês en-trou no Brasil pela porta da frente,cumprindo todas as exigências le-gais e procedimentos determina-dos pela legislação. (CO)

Se o mercado formal da vigi-lância privada reúne cerca deduas mil empresas juridicamen-te constituídas e 700 mil vigilan-tes registrados, o lado clandesti-no do negócio chega a multipli-car esses números por dois.

“Como o contingente de vigi-lantes particulares armados émaior do que o das polícias fede-ral, civil e militar juntas, podemostemer o uso inadequado desse ar-mamento. Por isso apoiamos ocontrole do Estado sobre as ativi-dades clandestinas”, diz José Boa-ventura Santos, presidente da Con-federação Nacional dos Vigilantes.

Nessa mesma linha, João Palhu-ca, vice-presidente do Sindicatodas Empresas de Segurança Priva-da do Estado de São Paulo (Ses-vesp), diz que há pelo menos dezanos as empresas paulistas defen-dem uma nova legislação em subs-tituição à de 1983, “velha e feita emplena transição de regime políti-c o”. Para ele “uma lei baseada emconceitos modernos de tecnologiae de gestão poderá reparar a ima-gem distorcida que muitas vezes asociedade tem da atividade, porconta da clandestinidade”.

Segundo Palhuca, as clandesti-nas causam estragos tanto paraas empresas idôneas como paraseus próprios funcionários. “Elasnão pagam impostos, sua mão deobra é precária e fazem concor-rência desleal.”

César Leonel da Silva Neto, dire-tor superintendente da Gocil, umadas gigantes nacionais da seguran-ça privada, explica. “Defasada, a le-gislação antiga acabou abrindo es-paço para a atividade clandestina,

que agora deverá ser coibida ad-ministrativa e criminalmente, coma adoção de seguros e mecanismosde responsabilidade trabalhista.”

Muitas empresas que atuam nainformalidade, mais preocupadascom o faturamento do que com asegurança de seus clientes, negli-genciam o pagamento de salários,de benefícios e de verbas recisó-rias. É prática comum a empresadevedora se dissolver, abandonarseus funcionários e ressurgir tem-pos depois com outra razão social.

“A proposta na Casa Civil vai alémda mera atualização da lei, elabo-rada há 30 anos e voltada parauma realidade social totalmentedistinta da que vivemos hoje”, dizGabriel Sampaio.

A expectativa é de que o novo es-tatuto já esteja em vigência na Co-pa do Mundo. Sabe-se que o capi-tal social necessário para a abertu-ra de uma empresa de segurançapassará de R$ 100 mil para R$ 200mil. “Ainda é pouco, mas já é umf i l t r o”, disse Silva Neto, da Gocil.

NILANI GOETTEMS/VALOR

Page 6: Segurança Patrimonial

Jornal Valor --- Página 6 da edição "27/03/2013 1a CAD G" ---- Impressa por lmmorresi às 26/03/2013@14:27:13

G6 | Valor | Quarta-feira, 27 de março de 20 1 3

Enxerto

Jornal Valor Econômico - CAD G - ESPECIAIS - 27/3/2013 (14:27) - Página 6- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

Especial | Segurança patrimonial

Va re j o Objetivo das equipes de segurança em shoppings é reconhecer o ladrão antes que cometa o crime

Software identifica rosto de suspeitosANA PAULA PAIVA/VALOR

Luis Augusto Ildefonso, diretor de relações institucionais da Alshop: “O segredo da segurança é ter os melhores equipamentos e não revelar que os tem”

Roger MarzochiPara o Valor, de São Paulo

Não adianta usar bigode falso eperuca. Ao passar várias vezes emcertas áreas de um shopping, a câ-mera de segurança capta a ima-gem do rosto da pessoa e umsoftware de reconhecimento facialalerta a equipe de segurança sobreum suspeito que esteja avaliando oterreno para um possível assalto. Éo sistema que já está em funciona-mento em um shopping brasilei-ro, afirma o diretor de RelaçõesInstitucionais da Associação de Lo-jistas de Shoppings (Alshop), LuisAugusto Ildefonso. “O segredo dasegurança é ter os melhores equi-pamentos e não falar que os tem. Éa precaução, não o gerenciamentoda crise”, explica o executivo, aoevitar a identificação do centro co-mercial. O seu principal objetivo épegar o ladrão antes do assalto.

A evolução tecnológica é impor-tante para essa indústria, respon-sável por 18% do faturamento totaldo varejo do País, manter-se comouma ilha de segurança na cidade.Com 828 shoppings em todo opaís e um público mensal de 450milhões de consumidores, lenta-mente a segurança pública estreitalaços com os empreendimentosprivados para prevenir assaltos. Eespecialistas garantem que o equi-líbrio entre o uso da tecnologia, otreinamento de seguranças e a in-tegração com a polícia são os prin-cipais desafios para o setor enfren-tar a ousadia dos ladrões.

Um levantamento feito pelopesquisador criminal e consultorem segurança Jorge Lordello, combase em notícias de jornais, apontaque em 2010 foram divulgados 97assaltos em shoppings de todo oBrasil, sendo 49 em joalherias. Es-sas ocorrências caíram para 68 em

2011, 44 em 2012 e 18 até marçode 2013. Em sua opinião, esses cri-mes levaram os empresários a per-ceber que segurança é investimen-to e não custo. “De 2010 para cá, osshoppings passaram a fazer inves-timento tanto em equipamentoquanto em material humano, algobem superior ao que existia ante-riormente, movidos por ocorrên-cias que se repetiram”, explica.

Ildefonso, da Alshop, afirmaque hoje a segurança é a segundamaior rubrica de investimentosdos shoppings. O Shopping Eldo-rado, do grupo Ancar Ivanhoe,

aplica 20% de seu orçamento emsegurança. E, segundo o gerente desegurança do Eldorado, NelsonBarbosa Jr, o shopping recente-mente fez um investimento de R$1,5 milhão para adquirir uma novainfraestrutura e equipamentosmodernos de monitoramento. “Osresultados do shopping com rela-ção à segurança estão em níveispositivos, quando se leva em contaum público estimado em 1,2 mi-lhão pessoas/mês”, afirma. “Há umtrabalho muito forte em gestão deriscos, buscando a identificação ereduzindo a probabilidade de

concretização (de crimes).”O temor causado por esses cri-

mes levaram a Alshop a criar umFórum de Segurança em 2010 - oúltimo foi realizado no dia 20 demarço, em São Paulo. O setor rei-vindica dos governos estaduais acriação de delegacias especializa-das em ocorrência em shoppings,o que em São Paulo deve ser criadoem breve. “A ideia está sendo ama-durecida e deve acontecer rapida-mente em determinados estadosdo Brasil”, diz Ildefonso.

A segurança em shoppings é,em sua maioria, terceirizada.

Empreendimentos menores tra-balham com pessoal próprio. Jáa REP Centros Comerciais, donade shoppings como os de Horto-lândia e Valinhos, no interior deSão Paulo; Bay Market, no Rio; eMais Shopping – Largo 13, emSão Paulo mantêm grupo mistocom pessoal próprio no centrode comando e cargos de lideran-ça e vigilância terceirizada. “Es -tamos fazendo um levantamen-to de todos os pontos críticos,padronizando normas de proce-dimento, implantando planosde ações no entorno e dentro

dos shoppings. Trabalhamosmais na parte cultural, de proce-dimentos internos”, explica ocoordenador de segurança daREP, Raul Sacchi Neto.

Segundo ele, além das câmerasde monitoramento e de toda tec-nologia proporcionada, os lojis-tas dos shoppings da REP tam-bém podem acionar a central desegurança em caso de movimen-tos suspeitos, tudo interligadocom os seguranças que rondamos corredores. “Nosso desafio énão ter ocorrência, um assalto,um incêndio. Tudo tem de terplanejamento antecipado.”

Para o diretor de operações daVerzani & Sandrini, Ademar Pe-reira Barbosa, o principal desafiodos shoppings é conseguir oequilíbrio entre o treinamentode pessoal e tecnologia. “Quandohá tecnologia dando suporte aoelemento humano, forma-se umcojunto que tende se aproximarda perfeição”, diz o executivo.

Como a tecnologia avança, otreinamento do pessoal passa aser a chave para a segurança doshopping, que tem característi-cas sensíveis uma vez que traba-lha com um público diversifica-do. “O equilíbrio do homem desegurança é o grande desafio pa-ra criar um profissional comple-to, preparado em leis, em con-tenção de pessoas, e ao mesmotempo ser aquele agente gentilcom a vovó que está perdida.”

O consultor em segurança daGocil, Sergio Paulo Ehrlich, con-corda. “É a união do homem, dosistema de alarme e do processode atuação’, diz Ehrlich. “É a inte-ligência do shopping, que é dife-rente de uma indústria onde o se-gurança pode ostentar uma ar-ma. Se fizer isso num shopping,assusta o público”, diz.

Fonte: RAIS/MTE; * Percentual para todas as variáveis, exceto para idade, contabilizada em anos.

Perfil dos vigilantesMaioria dos ocupados nas empresas de segurança tem entre 35 e 45 anos

Idade - em % Sexo

21 a 24 anos

25 a 29 anos

30 a 34 anos

35 a 45 anos

46 ou mais

Escolaridade - em %

Fundamental incompleto

Fundamental completo

Médio incompleto

Médio completo

Superior incompleto

Superior completo

Pós-graduação

94,55%

Homem

5,45%

Mulher

Idade média: 36 anos

5,97

20,08

22,70

37,15

14,10

11,29

22,95

8,59

55,94

0,84

0,38

0,01

Proteção de dados impõeestratégia individualizadaInaldo CristoniPara o Valor, de São Paulo

A computação em nuvem, a mo-bilidade, o uso de dispositivos pes-soais no trabalho, as redes sociais eo fenômeno do big data (grandevolume de dados) tornam maiscomplexa a gestão da segurançados dados das empresas. É com ba-se nesse cenário que os fornecedo-res de software e serviços de tecno-logia da informação (TI) direcio-nam sua estratégia de negócios: apalavra de ordem é formatar paco-tes de ofertas diferenciados parasuprir as demandas dos clientes.

A Etek NovaRed Brasil não enfa-tiza apenas a proteção dos siste-mas contra invasões e violações.Nos projetos que desenvolve nosclientes, a integradora tambémajuda a definir os acessos que po-dem ser bloqueados ou controla-dos, como as redes sociais. Alémdisso, procura mostrar o papel re-levante que a segurança da infor-mação pode desempenhar comoum habilitador de negócio.

Com uma carteira de aproxima-damente 100 clientes ativos demédio e grande portes, a empresa

registrou no ano passado cresci-mento de 37% no Brasil. A expecta-tiva é de que a operação brasileirarepresente metade dos negóciosdo grupo na região – está presentena Argentina, Chile, Colômbia, Pe-ru, México e Estados Unidos – nospróximos três a cinco anos. O fatu-ramento do grupo, que foi de US$50 milhões no exercício passado.

A empresa tem parceria comgrandes fabricantes de produtospara segurança da informação,dos quais o principal é a Check -Po i n t . “Em 2012, adotamos a estra-tégia de diversificação de vendasde tecnologias e a intenção é que aárea de serviços seja o principal ha-bilitador de nossos negócios”, re-vela Alexandre Martinez, countrymanager da empresa.

A Safeway Consultoria, que sur-giu no mercado há cinco anos, de-senvolve projetos que contem-plam desde consultoria até a im-plantação de softwares e serviçosde auditoria. Umberto Rosti, CEOda empresa, afirma que é grande ademanda por sistemas de segu-rança com ênfase em continuida-de de negócios, gestão de vulnera-bilidades e de eventos e, principal-

mente, de gestão de identidade. Aimplantação de sistemas para ges-tão de identidade representou 27%do faturamento da companhia em2012. “É grande aceitação no mer-cado. Além disso, é a quarta priori-dade de investimentos das empre-sas”, revela, citando pesquisa doGartner. O principal parceiro daSafeway nesse projeto é a IBM.

A Arcom cuida da manutençãodos sistemas que fazem parte dacamada de borda da rede das em-presas, que inclui firewall, antiví-rus, detecção de intrusão, filtros dee-mail e filtros de web. Provedorade serviço gerenciados de seguran-ça, a Arcom pretende internacio-nalizar a operação a partir desteano. O plano consiste atender inloco os clientes da América Latinaque já são atendidos no Brasil.

Como exemplos, Carvalho citaa S u z a n o, que opera na Argenti-na, e o M a k r o, na Colômbia. Oprojeto prevê investimento de R$19 milhões. O quadro de 150 co-laboradores foi ampliado com acontratação de mais 15 pessoas,sendo que o chamado time dedelivey conta agora com um efe-tivo de 75 profissionais.

Programas biométricos limitam acessoDe São Paulo

A segurança física também éfundamental para assegurar a in-tegridade e inviolabilidade dos da-dos. Para esse tipo de aplicação sedestacam os softwares de controlede acesso, que utilizam recursostecnológicos cada vez mais sofisti-cados, como leitores biométricos ecartões de identificação, para pro-teger as instalações de empresas,datacenters, condomínios comer-ciais e até mesmo residenciais.

A abordagem nesse segmentodo mercado é um dos pilares daestratégia de negócios da S e n i o r.O software de Gestão de Acesso eSegurança representa 10% do fa-turamento da empresa e a ten-dência é ter uma participaçãomaior nos próximos anos. A re-

ceita registrada em 2011 foi de R$400 milhões, um crescimento de14% em relação a 2010. “A indús-tria de segurança está crescendo eos investimentos em soluções sãocontínuos”, observa Cacio Packer,gerente de produtos da empresa.

Nessa área, a Senior atua emparceria com diferentes fabrican-tes de hardware, como a SafranM o r p h o, que fornece os leitoresbiométricos e cartões de identifi-cação para validação de acessosautorizados. O foco são os clientesde médio e grande portes, princi-palmente indústrias, empresas detelecomunicações, energia, educa-ção, saúde, portos e recintos alfan-degados, que precisam gerenciarfluxo intenso de pessoas e veículosem suas instalações.

No mercado há 16 anos, a Well -

care Sistemas Inteligentes temaproximadamente 1 mil usuáriosdo W-Access, responsável por qua-se 70% do seu faturamento. Lança-do em 2008, o software permite aidentificação de usuários por meiodas tecnologias de biometria, ra-diofrequência (RFID) e NFC (NearField Communications) – no casodesta última, a identificação podeser feita a partir de cartão sem con-tato (contact less) ou aparelho ce-lular. A Ativas considera a seguran-ça um vetor para os seus negócios.Para a oferta de soluções no mode-lo de computação em nuvem, acompanhia possui um datacenterem Belo Horizonte (MG), dotadode requisitos de segurança físicaque incluem, entre outros, gestãode ativos, câmeras de segurança eportaria blindada. (IC)

Sistemas armazenam asimagens em espaço virtualPaulo VasconcellosPara o Valor, do Rio

A novidade em tecnologia de se-gurança de condomínios de altopadrão está nas nuvens. O sistemaque armazena no espaço virtual asimagens captadas pelos circuitosfechados de televisão acaba dechegar ao país. É o Teleview. Oequipamento importado dos Esta-dos Unidos grava e transmite ima-gens digitais em nuvem, em temporeal, com tecnologia IP.

Quem contrata tem acesso re-moto a qualquer hora, inclusivepelo celular, de qualquer lugar domundo. O produto vem incorpo-rado à outra modalidade de pres-tação de serviço: a assinatura de câ-meras e circuitos integrados, quedispensa investimento em equipa-mentos. Um pacote mensal custaR$ 119,00 por câmara. O Televiwe écomercializado pela Te l e a t l a n t i c ,líder de monitoramento eletrôni-co em São Paulo e Rio de Janeiro.

A novidade tecnológica pro-mete proteção contra as quadri-lhas organizadas que rendem osseguranças nas guaritas, assal-tam os moradores e na saída car-regam os equipamentos de gra-vação dos circuitos fechados deTV. “A dificuldade é conciliar pro-cessos, pessoas e tecnologia. Fal-ta capacitação profissional eaprimoramento nos processos”,diz Leandro Martins, CEO da Te-leatlantic. “Os condomínios con-tratam equipamentos de exce-lência, mas não preparam o fun-cionário. O próprio morador po-

de representar perigo ao condo-mínio se não se capacitar”, afir-ma Landejaine Maccori, coorde-nadora do Curso Superior de Tec-nologia em Gestão de Condomí-nio do Centro Universitário doDistrito Federal (UDF).

O perfil da segurança de condo-mínios começou a mudar há umadécada no rastro da sofisticação docrime organizado com a incorpo-ração crescente de tecnologia.Quase metade do mercado deequipamentos eletrônicos no Bra-sil é voltado à segurança. O setormovimentou só no ano passado R$4,2 bilhões. Os condomínios fo-ram responsáveis por algo em tor-no de R$ 300 milhões. A indústriacresce em torno de 10% ao ano,mas espera chegar a 13%, em 2013,de acordo com a Associação Brasi-leira das Empresas de Sistemas Ele-trônicos de Segurança (Abese).

Dados da entidade indicam queexistem em todo o país 1,3 milhõesde câmeras e mais de 700 mil imó-veis monitorados. A tecnologia in-corpora aparelhos com reconheci-mento facial ou digital. Softwaresde última geração leem as placasdos veículos na entrada das gara-gens. Os cuidados descem a deta-lhes como a instalação de elevado-res que só funcionam com a digita-ção de senhas. Um pacote básicocusta de R$ 5 mil a R$ 10 mil, maspode chegar a R$ 300 mil.

“Há situações em que o sistemamais complexo não basta, porque,segundo a polícia, em 90% dos ca-sos a informação vem de dentro. Is-so a tecnologia não tem como evi-

tar ”, diz Ana Carolina David, ge-rente de marketing e vendas daárea de monitoramento da Sie -mens. A empresa é líder do merca-do com 30 mil clientes no país. Oscondomínios de alto padrão cor-respondem a 10% da carteira deBuilding Technologies, braço daSiemens que lançou o VerticalTranquility – um sistema integra-do de comunicação que reúne re-cursos de monitoramento à dis-tância com controles independen-tes de guaritas e apartamentos li-gados à Central de Monitoramen-to Siemens. São Paulo e Rio são osmercados principais.

A Protege criou um grupo de en-genheiros e arquitetos com expe-riência em segurança para atenderas construtoras desde o início doprojeto de um condomínio. O gru-po treina vigilantes e aplica as tec-nologias mais avançadas, desde aidentificação biométrica de mora-dores e visitantes até o controle damovimentação dos elevadores. “Omaior desafio é a conscientizaçãodo condômino. O percentual derisco aumenta muito sem a partici-pação do morador”, afirma Ronal-do Tonelote, gerente corporativocomercial da Protege.

“O segredo é a adequação dossistemas certos a cada caso especí-fico. Para combater a insegurança,o investimento mais eficaz é aaposta no capital humano e na tec-n o l o g i a”, diz José Luis Rodrigues,diretor de vigilância ativa da Pro -s e g u r. Trinta e dois mil vigilantescompõem o quadro profissionalda empresa no Brasil.