20

SEM VESTÍGIO - perse.com.br · PDF filebolo como etiqueta de editoração. ... Você acha mesmo ... amor de pai e marido, agora sim entendo o motivo de ma

Embed Size (px)

Citation preview

SEM VESTÍGIO

DONNEFAR SKEDAR

SEM VESTÍGIO

2° Edição

ELEMENTAL EDITORAÇÃO

Copyright © Donnefar Skedar, 2011.

Donnefar Skedar,Sem Vestígio – 2° Edição – Abril 2015Edição Especial – 2° Edição – Dezembro 2013 Sem Vestígio © 2011Capa: Donnefar SkedarFoto da capa: José CarrizoRevisão de texto: Jhonata FerreiraDiagramação e Edição: Elemental Editoração Donnefar Skedar – São Paulo: Elemental Editoração, 2013. 1. Literatura 2. Romance 3. Drama 4. Português1. Título 2. Livro Digital Todos os direitos desta obra se reservam somente ao autor, qualquer forma de reprodução não autorizada por expresso pelo autor, será considerada crime con-forme previsto na lei dos direitos autorais.

Elemental Editoração é uma criação independente da qual apenas utiliza um sím-bolo como etiqueta de editoração. A mesma não é vista como editora ou algo do tipo, apenas age como um selo independente visando à divulgação do serviço editorial independente.

Mais informações podem ser adquiridas pelo e-mail: [email protected] ou no site:

Elemental EditoraçãoOleoduto, 628São Bernardo do Campo - SP09784-050http://www.elementaleditoracao.org

Todos que se sentem diferentes do mundo.

APRESENTAÇÃO

Em Agosto de 2011, foi finalizada a escrita de um trabalho intitulado “14”, no mês seguinte ele foi publicado de forma on-li-ne. Tempos depois o título foi alterado para “Sem Vestígio” e hoje final de 2013, o mesmo chega a sua 3° Edição sendo a mesma, comemorativa aos seus 2 anos de existência.

Nesta edição, além de conferir este Drama intrigante, você saberá um pouco mais sobre como foi escrito e a opinião do autor sobre a sua obra numa entrevista exclusiva da qual o autor revela notas nunca antes dita sobre este livro que está sendo bem aceito pelos leitores.

Por fim, descubra o que uma amizade sincera, pode signi-ficar após tantos anos.

PRÓLOGO

Na estrada velha por onde décadas passadas, eram uti-lizadas como ferrovias; e agora apenas cercada de flores e com um gramado agradável para caminhadas. Dois garotos cami-nhavam em direção aos antigos vagões que acabaram sendo utilizado por adolescentes locais para brincar ou passar o tem-po. Armando era um pouco mais alto que James, mas nada além que uns três centímetros. James sendo mais baixo; era magro, mas não ao ponto de mostrar os ossos de seu corpo, ele tinha uma massa muscular comum aos garotos de sua idade. A sua pele era clara e chegava a ficar vermelha quando o sol estava forte.

Com os cabelos cobrindo os olhos, ele caminhava ao lado do amigo fiel Armando, este por sua vez, um pouco mais alto e também mais forte, ele não era gordo, mas tinha a massa muscular maior que a do amigo. A sua pele um pouco

11

mais clara que a de James o fazia às vezes parecer um albino, mas era apenas nos dias frios que realmente a sua pele ficava branca como a neve. Seus olhos azuis davam ao seu rosto redondo, uma leve lembrança de um daqueles querubins de gesso. James não ficava atrás em mera semelhança, o diferen-cial de seus olhos serem verdes, o deixava com aparência de alguma tela pintada a óleo.

Cada passo dado; era como o caminhar para o descan-so eterno...

– Não sei o que farei quando chegar à nova cidade – disse Armando ao amigo.

– É, nem eu sei o que vou fazer aqui sem meu melhor amigo... – respondeu James abaixando a cabeça para que o amigo não fitasse seus tristes olhos.

– Talvez meu pai desista de ir embora hoje à noite. – Creio que ele não quer isso meu amigo, acho que

nenhum deles quer isso – lamentou James. – Você vai ficar bem? – perguntou Armando parando

já perto do vagão. – Se você estiver bem, então vai ficar tudo bem. Com um gesto tímido e incerto, Armando se aproxi-

mou do amigo para abraçá-lo fazendo aquela despedida ser a lição do que era a dor da perda. E em menos de cinco segun-dos; os amigos que havia crescidos juntos há quatorze anos, choraram enquanto se abraçavam.

12

Sem Vestígio

CAPÍTULO 01

Na sala estavam apenas seis pessoas; sendo elas, um juiz, um escrivão, dois advogados a esposa e seu ex-marido. Ali esta-va sendo encerrada a seção de uma separação com comunhão de bens, vinda de um casamento de cinco anos. A bela mulher loira e cheia de ouro; estava agora assinando o papel dado pelo seu advogado onde contava a afirmação da separação de seus bens conquistados junto a seu ex-marido Armando.

Armando por sua vez, também assinou o documento esperando que o juiz finalizasse aquela audiência.

– Desta forma, ficam cientes que ambos estão de acor-do, e finalizo dizendo que todos os bens conseguidos durante os cinco anos de casamento entre Armando Zie e Glória Zie, foram divididos em partes iguais – disse o juiz com seu olhar por cima de óculos pequenos. – Finalizo então esta audiência

13

deixando claro que ambos assinaram os documentos e estão livres para um futuro casamento, sem mais, podem se retirar.

Quando saíram da sala, Armando cumprimentou Gló-ria com certa rispidez na voz e logo foi para o estacionamen-to seguido de seu advogado.

– E então Armando, qual será o próximo passo agora que está livre? – perguntou o advogado parado na frente do seu carro.

– A liberdade deveria ser dada a todos que estão presos meu amigo – brincou ele abrindo a porta de seu carro Hon-da. – Vou até a casa de meu pai e logo viajarei para cidade de onde nunca deveria ter saído.

– Sim me recordo de seus sonhos. – Mamãe sempre quis que voltasse pra lá após a sua

separação, acho que isso é um mal da minha família. – O que, voltar sempre pra casa? – questionou o advo-

gado. – Não meu caro, a separação – disse Armando entran-

do em seu carro e buzinando para seu advogado que sorriu ao acenar com a mão.

Logo o Honda azulado estava fora do prédio judicial e Armando estava indo de encontro a seu pai, um dos únicos motivos para ele ter continuado na cidade de Panamá.

Enquanto dirigia, a sua mente apenas pensava no fu-turo; ele não trabalharia mais e embora estivesse agora com apenas vinte oito anos, ele já tinha ganhado o dinheiro ne-cessário para viver por uns cem anos. A conversa com seu pai seria o próximo passo difícil a ser tomado; a separação foi à primeira luta que Armando travou com a sua ex-espo-sa Glória. A mesma gananciosa; estava adiando a separação por alguns meses com medo de perder parte da empresa que Armando administrava. Sabendo do que ela queria, ele ra-pidamente fez a troca de sua parte na empresa pela casa que Glória morava após a separação.

Quando sentou no sofá junto ao pai que tomava um

14

Sem Vestígio

vinho seco, o que era de costume. Armando se deparou com uma imagem masculina de Glória, a sua frente estava mais um ganancioso e por mais que fosse seu pai, ele achava um absurdo as pessoas darem mais valor ao dinheiro do que a si mesmo.

A sua mente pensava apenas no após. Ele sabia que se parasse para refletir no que diria ao pai, ele jamais consegui-ria sair daquela sala.

– Então vai mesmo abrir mão da sua parte na empresa? – questionou o homem de cabelos grisalhos enquanto sabo-reava a sua taça de vinho.

– Já está feito papai – ele nem se quer notou qualquer diferença na feição do pai.

– Tem certeza que vale a pena se livra de algo impor-tante só para ficar livre de uma mulher? Você acha mesmo que agora ficara em paz com míseros cinquenta por cento de tudo que construiu durante este casamento?

– Pai, eu não preciso de dinheiro, tenho o suficiente para viver o resto da vida.

– Você não sabe o quanto custa caro ter minha idade nesta cidade, tudo fica cada vez mais caro com o passar dos anos meu filho.

– Você ainda é muito novo papai e se não vivesse neste luxo desnecessário, não reclamaria sobre dinheiro.

– Você ainda não amadureceu, sou um empresário e solteiro, as pessoas prezam por mim.

– Não papai, elas só ligam para seu dinheiro. – Isso só nos mostra que devemos ter sempre mais... – Não foi por isso que vim até aqui papai – cortou Ar-

mando ficando de pé olhando pela imensa janela de vidro. – Então seja direto, tenho uma reunião com meus só-

cios do Afeganistão e eles não podem esperar. – Trabalho, sempre o trabalho. Há quanto tempo não

temos uma conversa decente pai? – Estamos tendo um agora certo? – respondeu o ho-

15

Donnefar Skedar

mem bebendo mais um gole do vinho. – Não, não estamos e você sabe disto – Armando fitou

o pai por algum tempo, mas logo volto a olhar pela janela. – Vim dizer que agora estou livre, tanto da Glória quanto da empresa, e por este motivo estou indo embora de Panamá.

– Como assim “indo embora”. – Vou morar com a mamãe novamente – disse Arman-

do respirando fundo esperando a resposta. – Você ficou louco? Bateu com a cabeça? – o homem

de cabelos grisalhos, não estava mais olhando seu vinho seco, agora ele fitava as costas do filho em pé. – Está cometendo um grande erro se pensa que lá será feliz ou algo do tipo.

– Não penso nisso papai; tenho certeza que lá é o meu lugar, nunca deveríamos ter saído de lá.

– Você está sendo injusto com seu pai meu filho. Sem-pre dei o melhor a vocês, nunca deixei nada faltar durante toda a sua vida.

– Sim pai, você deixou faltar sim. Nunca tivemos o amor de pai e marido, agora sim entendo o motivo de ma-mãe ir embora e agora é a minha vez.

O homem olhou para o filho e depois encarou a sua taça e logo estava enchendo-a novamente e em seguida le-vantou-se indo em direção ao filho.

A sala era sofisticada; um sofá fundo e aconchegante cinza, uma estante com alguns livros grossos e ao lado uma espécie de bar, o resto da sala era livre e somente algumas poltronas fazia parte da mobília. As paredes eram enormes vidraças transparentes dando uma total visão do lado de fora da casa que fora totalmente planejada para isto.

Parando ao lado de Armando e olhando para a parte da piscina que estava metros abaixo, ele começou a falar que-brando o silencio.

– A sua mãe não foi embora por causa do meu egoísmo – disse ele oferecendo a sua taça ao filho. – Há muito tempo já estávamos pensando na separação. O único motivo; lem-

16

Sem Vestígio

bre-se que foi motivo e não escolha; era o fato de você está terminando seus estudos.

– Quer dizer que já estava tudo planejado? – pergun-tou Armando olhando o pai caminhar até o bar e pegar uma nova taça. – Vocês já estavam se separando?

– Sim, já não dormíamos juntos e apenas saímos juntos em reuniões onde você estava. Não foi por dinheiro que nos separamos – falou ele enchendo uma nova taça. – Eu sempre quis vir para esta cidade, mas a sua mãe sempre esteve presa aquele lugar, quando você começou na empresa, logo sabia que você estava caminhando com as próprias pernas e desta forma, estávamos pronto para a separação.

– Por que agora? – questionou Armando. – Porque só agora fico sabendo?

– Porque não quero que você parta ao encontro de sua mãe e escute outra versão. A sua mãe e eu já não nos amáva-mos, cabia apenas nossa separação. E se realmente você está decidido a voltar para aquela cidade, então que parta em paz.

– Tem certeza de suas palavras papai? – Você é meu único filho e ainda é filho homem, não

fico contente em perdê-lo, mas não posso te segurar aqui. – Não vou te abandonar papai, sempre que possível

vou vir visitá-lo, e sempre teremos contato. – Assim espero Armando, quero que você seja feliz

como estou sendo, mas não faça besteira, você é um garoto bonito e com dinheiro, por favor, tenha cuidado.

– Terei papai, terei. Os dois se fitaram por algum tempo e logo deram um

abraço fazendo os sentimentos serem compreendidos por seus corpos.

17

Donnefar Skedar

CAPÍTULO 02

Quando sentou na poltrona do voo 318; Armando olhou pela janela do avião e acabou se surpreendendo por uma única lágrima que surgiu no seu olho ao ver toda a cidade de Pana-má ficando para trás. Tudo o que a sua mente fez; foi passar o filme de seus últimos quatorze anos naquela cidade, foi ali que ele virou homem, foi ali que ele se casou e também ali que ele teve a chance de conquistar seu próprio dinheiro. E agora partia em busca de sua felicidade.

Após um longo cochilo, Armando foi surpreendido pelo alto-falante do avião que comunicava o tempo restante para a aterrissagem. Ele não sabia qual seria o grande passo. Fazia exato quatorze anos que ele não ia até a sua cidade na-tal e mais ou menos uns três anos que ele não tinha notícias de sua mãe, seria a maior surpresa e ele sabia que ela amaria

19

ao revê-lo e desta vez para ficar. Suas lembranças pareciam nítidas, mas eram de muitos anos atrás, muito antes de algo ser como era agora em sua vida.

Coisas que pareciam bestas, agora tomavam a sua men-te trazendo lembranças guardadas no fundo de uma mente que a pouco se preocupava apenas com seu emprego e com uma esposa que nem um filho lhe deu durante anos de casa-mento.

Ele sabia que o peso da antiga esposa estaria com ele durante um longo tempo. Armando então parou para pensar no que o fez se casar com Glória assim tão cedo, afinal ela era apenas uma secretaria muito competente, sim talvez este tenha sido o erro.

Cinco anos atrás e mais alguns meses, ele pensava ape-nas em usufruir seu grande potencial na empresa que agora passava a ser de seu pai e Glória, logo ele percebeu que isto já estava previsto de alguma forma. Glória era antes de ser a sua esposa, secretaria fiel de seu pai, um grande empresário que a apresentou para ser não só a sua secretaria como também a sua companheira.

Agindo por impulso e por se sentir solitário, já que a sua mãe havia ido embora, ele aceitou a proposta de ca-samento indicada pelo próprio pai. Segundo ele, Armando precisava de alguém para cuidar dele.

Durante os dois primeiros anos, Armando até se sentiu apaixonado por Glória, mas logo foi vendo o dinheiro subir à cabeça da companheira deixando-a egoísta até mesmo para o marido.

Seus pensamentos ficavam em, como seria se ele tives-se um filho, o que diria se não tivesse demorado tanto tempo para se separar e até mesmo como seriam esses últimos cinco anos se ele não estivesse casado.

Logo a sua visão foi surpreendida pelo pôr do sol de Montana e ele sabia que em pouco tempo estaria em Three Forks a sua cidade natal. Seus sentimentos foram completa-

20

Sem Vestígio